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Tema 6:Violência no Brasil Definição A violência no Brasil é uma questão de saúde pública. Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência é o: “[…] uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade que possa resultar em ou tenha alta probabilidade de resultar em morte, lesão, dano psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação.” Tipos de violência A OMS classifica a violência em três categorias: Violência autoinfligida: praticada contra si mesmo. Exemplos: automutilação e suicídio. Violência interpessoal: contra outra pessoa, pode ser doméstica (intrafamiliar) ou comunitária, praticada no ambiente social contra conhecidos ou desconhecidos. Exemplos: feminicídio e abuso sexual infantil, que, na maioria dos casos, ocorrem em ambiente familiar, são violências interpessoais intrafamiliares; o estupro, o homicídio e o latrocínio (roubo seguido de morte) são violências interpessoais comunitárias. Violência coletiva: caracterizada pela dominação social, territorial, política e econômica no nível macro. Exemplos: atuação do crime organizado por meio de facções e milícias. A violência interpessoal comunitária é a que se desdobra em mais modalidades, pois se desenvolve em consonância com a complexidade da própria sociedade, por isso, pode ser desencadeada em diversas frentes: violência política violência de gênero violência no trânsito violência no campo, entre outras Causas da violência Antecedentes históricos No Brasil, a violência é um fenômeno histórico que persistiu em todos os arranjos sociais, mesmo após diversas mudanças políticas. No período colonial (1540-1822), a Coroa portuguesa valia-se da violência para escravizar indígenas e negros bem como para manter a centralidade política e a unidade territorial em uma colônia tão vasta. Durante os períodos de ditadura (Estado Novo de 1937-1945 e Golpe Militar de 1964-1985), a violência também foi utilizada como mecanismo de repressão política, mecanismo esse que não foi completamente desmontado após a redemocratização, pois algumas de suas práticas foram mantidas e ainda hoje reverberam, por exemplo, na crescente letalidade policial. Causas da violência Atualmente Os pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques e Roberta Astolfi, apontam que, tratando-se do tráfico de drogas, existe uma relação direta entre competição e violência. A disputa de mercados por facções rivais somada à ampla circulação de armas e à atuação de governos fracos politicamente geram aumento na violência em determinados territórios, como o que ocorre hoje nos estados do Norte e Nordeste, para onde o PCC tenta expandir-se em confronto com a Família do Norte. A desigualdade social é um dos fatores que agravam quadros de violência. Os homicídios concentram-se em bairros pobres e atingem, em proporção muito maior, a população pobre. A situação é ainda mais preocupante quando se conjugam a desigualdade e o racismo. A estigmatização da figura do negro como potencial suspeito faz com que a possibilidade de um jovem negro morrer vítima de homicídio seja 23,5% maior que a de um jovem não negro. A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, cerca de 70 são negras Outro fator preponderante para o aumento da violência é o paradoxo impunidade versus punição. O Brasil tem uma das maiores populações carcerárias do mundo, mais de 40% dos presos não foram a julgamento. No entanto, o encarceramento em massa está vinculado a delitos que não são contra a vida, principalmente relacionados a drogas e a furtos. A circulação de armas também incide nos indicadores de violência. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, a cada 1% de armas a mais circulando, há um crescimento de 2% no número de homicídios no país. Dados da violência no Brasil Em 2018 houve 57.956 homicídios no Brasil, uma taxa de 27,8 mortes violentas por 100 mil habitantes, patamar inferior ao ano de 2014. A diminuição nos índices de homicídio ocorreu em todas as regiões e houve queda de letalidade em 23 estados e no Distrito Federal. Essa tendência de queda confirmou-se em 2019. Quanto ao perfil das vítimas, no Brasil os homicídios são a principal causa de morte de jovens do sexo masculino, isto é, da faixa etária entre 15 e 29 anos, grupo que compôs 53,3% do total de homicídios em 2018. Dados da violência A desigualdade racial também é perceptível nos indicadores sociais de violência. Em 2018, pretos e pardos foram 75,7% das vítimas de homicídio. Essa assimetria confirma-se também no assassinato de mulheres, pois 68% das mulheres assassinadas no Brasil, em 2018, eram negras. A redução do número de homicídios ocorrida entre 2017 e 2018 concentrou-se na população não negra. Se comparado ao período que vai de 2008 a 2018, a taxa de homicídio de negros aumentou 11,5%, enquanto a taxa de homicídio de não negros diminuiu 12,9%. Outro dado importante é que a maior parte das vítimas de homicídio é composta por homens solteiros e de baixa escolaridade. Consequências da violência No Brasil, a morte violenta figura entre as principais causas de óbito de pessoas jovens, entre 18 e 24 anos, do sexo masculino. Isso significa, em médio e longo prazo, uma mudança demográfica, já que a expectativa de vida da população brasileira está aumentando enquanto a natalidade está diminuindo e a população jovem é o grupo mais atingido por mortes violentas. Os altos índices de mortes violentas, que figuram na casa das dezenas de milhares, números absolutos equivalentes ou maiores aos de países em situação de guerra, também sobrecarregam o sistema público de saúde como uma epidemia. A sociabilidade violenta é, em essência, antipolítica. Argumentações, discussões, conversas são substituídas por coação, medo, insegurança, especialmente onde ocorrem violências coletivas, marcadas pelo controle e domínio territoriais. Aumento do índice de assassinatos no Brasil O Brasil teve uma alta de 5% nos assassinatos em 2020 na comparação com 2019, após dois anos consecutivos de queda. Os dados apontam que: •Houve 43.892 assassinatos em 2020, o que significa 2.162 mortes a mais que em 2019 •A região Nordeste foi a principal responsável pela alta no país: 20% de aumento •O Ceará foi o destaque negativo, com um aumento de 81% nas mortes •14 estados apresentaram alta de assassinatos no período •4 estados tiveram altas superiores a 15%: Paraíba, Piauí, Maranhão e Ceará •A maior queda se deu na região Norte: -11% •O Pará foi o estado com a maior diminuição de mortes: - 19% Para Bruno Paes Manso, do NEV-USP, variações bruscas nos indicadores, como as ocorridas nos estados do Nordeste principalmente, não costumam estar ligadas necessariamente a questões estruturais, como nível de educação da população, desigualdade, renda, entre outros fatores que costumam produzir efeitos de médio e longo prazo. "Essas mudanças acentuadas podem ser mais bem compreendidas quando observados fatores circunstanciais em cada estado, como por exemplo: a dinâmica do mercado criminal e as decorrentes disputas entre grupos armados locais e a força política da autoridade estadual e sua capacidade de implementar políticas de redução da violência e de controlar os excessos e crimes praticados pela polícia", afirma. Referências https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/violencia-urbana-no-brasil.htm https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2021/02/12/brasil-tem-aumento-de-5percent- nos-assassinatos-em-2020-ano-marcado-pela-pandemia-do-novo-coronavirus-alta-e-puxada-pela- regiao-nordeste.ghtml Reportagem Band News: https://www.youtube.com/watch?v=o_wYIO9IXYg https://www.ced.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/82/2020/07/025.387-100120-TVC-proj-enem-na%CC%83o-tira-ferias-Joa%CC%83o-Saraiva.pdf https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/violencia-urbana-no-brasil.htm https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2021/02/12/brasil-tem-aumento-de-5percent-nos-assassinatos-em-2020-ano-marcado-pela-pandemia-do-novo-coronavirus-alta-e-puxada-pela-regiao-nordeste.ghtml https://www.youtube.com/watch?v=o_wYIO9IXYg https://www.ced.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/82/2020/07/025.387-100120-TVC-proj-enem-na%CC%83o-tira-ferias-Joa%CC%83o-Saraiva.pdf Material Complementar Filmes: Cidade de Deus e Tropa de Elite 1 e 2. Nexo Jornal: Sérgio Adorno- Violência no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=Gj2odAHhPA4 Thomas Hobbes (1588–1676) -sustentava que a associação humana era resultante do temor individual à violência, sendo esta uma característica do estado natural. Para Hobbes, o direito ilimitado de cada indivíduo a saciar os seus desejos gera a “guerra de todos contra todos”, a violência generalizada, sendo esta a “condição natural da humanidade”. O medo da morte violenta, que Hobbes considerava o pior dos males, faz com que os indivíduos suspendam as hostilidades individuais e estabeleçam um pacto social, pela renúncia dos indivíduos aos seus direitos ilimitados, tendo como o objetivo paz social, que será arbitrada por um soberano –– que pode ser um indivíduo ou uma assembleia – com poderes absolutos. Para Karl Marx (1818–1883), a violência é oriunda de determinadas relações sociais de produção: a luta de classes. A violência revolucionária contra os dominantes e as estruturas de dominação é percebida como positiva por Marx (por colocar fim à opressão de uma classe social por outra). Por outro lado, reconhece a violência praticada pelas classes dominantes como forma de manutenção da dominação. No modo de produção capitalista, o Estado é concebido como a agência que garante a dominação de classe da burguesia sobre o proletariado, tendo o Exército e a Polícia o recurso à violência ou sua ameaça para a manutenção dos seus interesses. https://www.youtube.com/watch?v=Gj2odAHhPA4 Obrigada!
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