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Memorial de Formação

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO 
GRANDE DO NORTE 
ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E 
TECNOLÓGICA - DocentEPT 
 
 
 
 
 
 
JEFFERSON GOMES LIMA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEMORIAL DE FORMAÇÃO: HISTÓRIA DE UM MÚSICO 
APAIXONADO PELA EDUCAÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MARCELINO VIEIRA/ RN 
2023
 
JEFFERSON GOMES LIMA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEMORIAL DE FORMAÇÃO: HISTÓRIA DE UM MÚSICO APAIXONADO 
PELA EDUCAÇÃO. 
 
 
Trabalho Final de Curso - Memorial de Formação - 
apresentado ao Curso de Especialização em Docência 
para a Educação Profissional e Tecnológica - 
DocentEPT, do Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 
Campus Natal Zona Leste, como requisito parcial 
para a obtenção do título de Especialista. 
 
Orientador (a): Prof (a)Me. Edilma Costa Negreiros 
Vasconcelos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCELINO VIEIRA/RN 
2023 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na publicação pelo Bibliotecário-Documentalista 
Ezequiel da Costa Soares Neto CRB15/613 
Biblioteca Sebastião Názaro do Nascimento (BSNN) / Campus Zona Leste – IFRN 
 
Silva, Jefferson Gomes Lima. 
S586m Memorial de formação: história de um músico 
apaixonado pela educação. / Jefferson Gomes Lima Silva, -- 
2023. 
20 f. ; 20 x 30cm. 
 
Monografia (Curso de Especialização em Docência para 
a Educação Profissional e Tecnológica - DocentEPT). Campus 
Zona Leste - Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Rio Grande do Norte, Natal (RN), 2023. 
Orientadora: Profª. Me. Edilma Costa Negreiros 
Vasconcelos. 
 
 
1. Educação 2. Educação Profissional 3. Educação a 
Distância 4. Curso Profissionalizante I. Título. 
 
 
CDU: 37.012:78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os colaboradores desta 
instituição, aos professores e aos tutores minha eterna 
gratidão.
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar, agradeço а Deus, que fez com que meus objetivos fossem 
alcançados, durante o período de estudos. 
Ao meu ex-professor Durval Cessetti, que me incentivou nos momentos difíceis e me 
acolheu quando eu mais precisei, a ele serei eternamente grato. 
A minha orientadora, professora Edilma Costa Negreiros Vasconcelos, pois sem ela não 
teria concluído este memorial. 
Aos professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram apresentar um 
melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso. 
A todos que participaram, direta ou indiretamente, do desenvolvimento deste trabalho 
memorial, enriquecendo o meu processo de aprendizado. 
A todos os alunos da minha turma, pelo ambiente amistoso no qual convivemos e 
solidificamos os nossos conhecimentos, o que foi fundamental na elaboração e conclusão de 
curso. 
A instituição de ensino que foi, essencial no meu processo de formação profissional, 
pela dedicação, e por tudo o que aprendi ao longo do curso.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem 
aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo 
e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”. 
(Paulo Freire) 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 07 
2 NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA...................................... ..................... 08 
3 REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA 
PROFISSIONAL NA EPT.............................................................................. 
 
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 15 
 REFERÊNCIAS................................................................................................. 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
O memorial é um gênero formativo que possibilita ao autor da escrita registrar sua 
trajetória de vida e seus percursos de formação, fazendo uma reflexão e autorreflexão acerca 
destes. De acordo com Araújo, Gaspar e Passeggi (2011), o memorial de formação é um tipo 
de escrita de si, uma narrativa descritiva e reflexiva sobre uma trajetória de vida e de formação, 
em outras palavras, o autor deverá demonstrar a habilidade de articular as experiências de sua 
prática pedagógica às suas experiências de formação, destacando neste caso, é claro, os 
momentos significativos da pós-graduação. 
 Ele se configura como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista e é 
apresentado ao Curso de Especialização em Docência para a Educação Profissional e 
Tecnológica - DocentEPT, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio 
Grande do Norte, Campus Natal, Zona Leste. 
Neste memorial, apresento uma descrição dos fatos mais relevantes da minha trajetória 
na educação, onde estão contidas, as memórias e reflexões da aprendizagem em todo o meu 
processo formativo, desde o ensino fundamental até a graduação. Enfatizo aqui as lutas e 
desafios do curso e o início de uma nova etapa em minha vida. Também estão presentes 
reflexões sobre a ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO 
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – Docente EPT. 
Sobre essa última questão, é importante enfatizar que o processo de ensino e 
aprendizado ainda é um desafio no que diz respeito à gestão de tempo, produção de textos e 
pesquisa, assiduidade nas aulas remotas, síncronas e assíncronas. Ou seja, nessa proposta de 
ensino, mais do que nunca, fui desafiado a ser protagonista no processo de construção da minha 
aprendizagem, o que possibilitou novas reflexões, e é isso que venho abordar neste trabalho. 
Sendo assim, o memorial está organizado em quatro partes: a primeira parte, que 
constitui a própria introdução e apresenta o referido trabalho; a segunda parte, que trata da 
minha trajetória escolar e acadêmica, enfatizando aspectos relevantes da minha vida pessoal e 
profissional que moldaram a pessoa que sou hoje; a terceira parte que descreve e analisa o curso 
de Especialização em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica – Docente EPT, 
buscando refletir sobre suas contribuições na minha vida profissional; e, por último, a quarta 
parte, a qual são as considerações finais, tratando exatamente das conclusões a que cheguei ao 
final deste trabalho. 
 
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2 NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA 
 
Na narrativa autobiográfica, o autor e o espectador estão reunidos na mesma figura, o 
que me fez refletir e me enxergar como sujeito ativo do meu próprio processo. Freitas e Galvão 
(2007) explicam que as narrativas autobiográficas possibilitam perceber como se dá o processo 
de construção profissional dos sujeitos pesquisados ou até mesmo dos pesquisadores. Neste 
contexto, apresento a seguir uma narrativa do meu caminho percorrido até aqui. 
Meu nome é Jefferson Gomes Lima Silva, tenho 35 anos e sou natural de Carpina, 
Pernambuco, sou filho de Alana Gomes de Lima, e de Severino João da Silva. Sou Bacharel 
em Música, com ênfase em piano, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte — UFRN. 
Meu orientador durante a graduação foi o competente pianista e professor Durval Cersetti. 
Iniciei meus estudos musicais no Conservatório Pernambucano de Música, CPM, antes de me 
tornar aluno da UFRN. No CPM, fui orientado pelo professor Levi Guedes. 
Também tive a oportunidade de participar ativamente de masterclasses com renomados 
pianistas do Brasil e do exterior, incluindo nomes como Michael Gurt, Jamie Gurt, Mônica 
Kato, MiguelProença, Ilya Ramlav, Edson Bandeira de Melo, José Henrique Martins, Eduardo 
Monteiro e Sylvia Thereza. 
Lembro-me de que minha infância foi bastante desafiadora do ponto de vista financeiro 
e familiar, uma vez que meu pai era alcoólatra, o que acabou deixando traumas e lacunas que 
eu jamais consigo esquecer. O vício do meu pai, talvez tenha maior culpa por não ter uma 
família perfeita. Eu era apenas uma criança, e cresci, olhando minha mãe ser agredida por anos 
pelo meu pai, e hoje carregamos uma cicatriz causada pelo vício e pela brutalidade que meu pai 
tinha. 
Quando fui entendendo todo aquele processo dentro de casa, percebi que não queria 
aquela situação para minha vida. Até hoje, carrego esse trauma e me pergunto: “Serei um bom 
pai” porque eu me recuso ser como meu pai era. Minha única saída era estudar, e tentar mudar 
toda essa história, qual muitos imaginavam ser minha única. 
 Sempre vivemos no interior, em uma cidade muito aconchegante, onde Comecei a 
estudar na Escola Municipal Padre Machado, que ficava na rua do sol, na cidade de Carpina. 
Ingressei com seis anos na 1ª série e fiz até a 5ª série na mesma escola. Lembro-me de um 
incidente durante minha infância: com apenas seis anos, subi no telhado e não consegui descer, 
sendo necessário que minha mãe viesse me resgatar. 
 
 
10 
 
Falando em minha mãe: ela sempre enfatizou a importância dos estudos em nossas 
vidas, explicando que somente por meio da educação poderíamos melhorar não apenas 
financeiramente, mas também como indivíduos. Ela sempre foi minha maior incentivadora em 
relação aos estudos. 
 Pois bem, não me lembro das minhas vivências relacionadas ao ensino fundamental nos 
anos iniciais, pois devido à vida que tínhamos em casa, com brigas, agressões, o alcoolismo, 
isso me fez perder um pouco da memória de criança e lembrar apenas da nossa fase difícil com 
meu pai. 
Ao entrar no ensino fundamental II, lembro-me de que não tinha muito interesse pelos 
estudos. Foi na 6ª série que enfrentei minha primeira reprovação por faltas, devido às condições 
financeiras que tínhamos em casa, sem contar, que por diversas vezes chegamos a passar fome, 
ou até mesmo, sem o próprio material escolar, isso foi algo que me desmotivou profundamente, 
embora eu tenha sido o responsável por essa reprovação. 
Dois anos se passaram sem que eu estudasse, devido à minha reprovação. No entanto, 
decidi recuperar o tempo perdido, uma vez que já havia reprovado dois anos e meus sonhos 
estavam cada vez mais distantes. Foi então que optei por cursar a III e IV fases do EJA 
(Educação de Jovens e Adultos), que equivalem ao ensino fundamental II, onde não tinha muita 
perspectiva de vida, queria apenas estudar para no futuro ter orgulho de mim, e dizer: “eu 
venci”. 
Segundo PAIVA (1973): educação de jovens e adultos é toda educação destinada 
àqueles que não tiveram oportunidades educacionais em idade própria ou que tiveram de forma 
insuficiente, não conseguindo alfabetizar-se e obter os conhecimentos básicos necessários. 
(PAIVA, 1973, p.16) 
Foi durante o ensino fundamental II que percebi a importância dos estudos, ao refletir 
sobre o prejuízo que causei a mim mesmo ou que foi causado pelas diversidades familiares que 
passei. De maneira geral, os alunos que procuram a EJA para retomar seus estudos são pessoas 
que procuram a escola com a aspiração de galgar melhores possibilidades na vida, sendo a EJA 
uma oportunidade para isso. 
Enquanto meus amigos concluíam o ensino básico e avançavam, terminei ficando 
estagnado, foi nesse momento, que decidi que queria ser alguém na vida, alguém que pudesse 
servir de exemplo para outras pessoas. Neste período de reflexão que me perguntei: 
 'O que eu quero ser na vida?' Comecei a compreender que, sem educação, não chegaria a lugar 
algum. Assim, concluí o ensino fundamental II, e ingressei no ensino médio na modalidade 
 
11 
 
EJA, foi nesse período que decidi nunca mais largar os estudos. 
Lembro-me que ao chegar no ensino médio na modalidade EJA (Educação de Jovens e 
Adultos), passei a ser bem pontual comigo mesmo, e sempre pensei que no final do ensino 
médio era apenas uma porta para trilhar outros caminhos, onde eu poderia me formar e parar 
com os estudos, ou continuar estudando, entretanto, agora numa vida acadêmica. 
Foi com o EJA que conseguir trilhar uma vida de dedicação nos estudos, onde percebi 
que essa modalidade era muito mal vista, e são grande parte, marginalizados muitas das vezes 
pela própria escola e marcados por uma história de entradas e saídas de cursos anteriores, por 
motivos que variam desde os de ordem pessoal, ordem social e econômica, mas também por se 
sentirem excluídos dentro da própria realidade de ensino e aprendizagem na escola. 
Lembro das aulas em que, por diversas vezes, os professores acreditavam que, daquela 
turma, sairiam apenas formados, sem muita perspectiva. Isso porque muitos alunos do EJA 
procuram essa modalidade para poder concluir o ensino médio. Dessa modalidade, por diversas 
vezes, somos desacreditados pela própria escola, onde a escola deveria ser nosso ponto de apoio. 
Mesmo com toda a falta de atenção da escola, decidi trilhar meu próprio caminho, onde 
passei a estudar e buscar conhecimentos além das aulas; isso porque percebia, que por diversas 
vezes, o conteúdo ministrado não era suficiente para sanar as dúvidas. Poucos professores dessa 
época estavam realmente dispostos a dar aulas; no entanto, um me chamou atenção: o professor 
de literatura, Josias. Era nítida a sua preocupação em ensinar e realmente fazer com que o aluno 
tivesse interesse em ir além do ensino médio. 
Mesmo sendo muito fechado e ríspido em sala de aula, isso porque ele não tolerava 
bagunça durante a aula, muito menos que os alunos faltassem com respeito, isso me fez criar 
uma paixão e seriedade pela educação ainda maior. Entretanto, com toda a escassez da escola, 
da modalidade do ensino EJA, ele me mostrou que não era a escola ou uma modalidade que 
poderia dizer onde eu iria chegar, e quais caminhos eu poderia trilhar, e que tudo dependia de 
mim mesmo. 
Os jovens e adultos pouco escolarizados trazem consigo um sentimento de 
inferioridade, marcas de fracasso escolar, como resultado de reprovações, do não 
aprender. A não-aprendizagem, em muitos casos, decorreu de um ato de violência, 
porque o aluno não atendeu às expectativas da escola. Muitos foram excluídos da 
escola pela evasão (outro reflexo do poder da escola, do poder social); outros a 
deixaram em razão do trabalho infantil precoce, na luta pela sobrevivência (também 
vítimas do poder econômico). (SANTOS, 2003, p. 74) 
 
Em 2008 concluí meu ensino médio e posso afirmar que foi uma felicidade incrível, 
apesar de ser na modalidade EJA, em que as pessoas atribuem ser fácil de certa forma, sem 
valor. Mas foi de uma felicidade tão gigantesca me formar que jamais esquecerei este dia. Nesse 
 
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mesmo período, mas antes de concluir, já tinha escolhido a música para minha vida, e assim, 
no ano de 2004, consegui ser aprovado no Conservatório de música, que fica na capital 
Pernambucana. 
A música sempre esteve muito presente em minha vida, e isso vem desde do meu pai, 
que mesmo alcoólatra, era um bom instrumentista. Mal sabia eu que a música estava enraizada 
dentro de mim. Quando comecei a estudar música, decidi que teria como amigo o piano, e, por 
anos e até hoje, ele é o meu querido amigo, o qual nunca me abandonou por nada. Talvez você 
não tenha conhecimento disso: mas o piano é o único instrumento que você não precisa de outra 
companhia para tocar/estudar. 
Geralmente é assim, estudamos horas por semanas, buscando, muitas vezes, um nível 
satisfatório musical. Já com o ensino médio concluído, decidi estudar para o vestibular em 
música e assim ingressar no meio acadêmico. O ano era 2013, quando consegui minha tão 
sonhada aprovação em uma universidade pública, no cursoque sonhei e desejei. 
 Imagina só, um aluno pardo, filho de dona Alana, professora desempregada, conseguir 
entrar em uma Universidade Pública, ainda mais vindo de uma modalidade do ensino médio 
pouco valorizada e escassa. Pois, lembro que naquela época, alguns professores não tinham 
comprometimento com os alunos da EJA. Para grande maioria dos docentes na época, era só 
mais uma turma, que estava lá, apenas para se formar e conseguir o segundo grau. Para tristeza 
deles, naquele grupo tinha um jovem, que passou a acreditar que mesmo o EJA, o poderia levar 
para um lugar melhor. 
A aprovação no bacharelado em música na Universidade Federal De Pernambuco-
UFPE. Foi uma das minhas maiores conquistas. Lembro da minha primeira aula até hoje, ao 
chegar, no departamento de música, sendo recepcionado pelos professores e colegas de curso. 
Foi então que conheci meu ex-orientador, um docente que aparentava ser simpático e ministrava 
boas aulas. Na época, ele estava em estágio probatório, recém-empossado na universidade. 
Com o passar dos anos, comecei a perceber suas indiferenças com alguns estudantes, a 
maioria de origem pobre. Em contrapartida, aqueles com maior condição financeira recebiam 
tratamento diferenciado. Acredito que a educação deve ser acessível a todos, mas nem todos 
sabem como educar. 
Durante minha graduação na UFPE, alguns alunos começaram a desistir do curso devido 
a atitudes e palavras prejudiciais proferidas pelo referido docente. Inicialmente, acreditei que 
esses alunos estavam interpretando mal a situação, mas logo percebi que estava errado. Em 
algum momento, comecei a enfrentar os mesmos problemas com meu orientador, a quem 
 
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sempre respeitei profundamente. 
Sempre fui alguém que respeitava todos os professores, e mesmo diante das atitudes 
negativas do meu ex-orientador, mantive o respeito por ele. No entanto, esses três anos foram 
os mais difíceis da minha vida, e não consegui concluir o curso. Lembro-me de algumas 
palavras que ele proferiu, como 'Por que você não escolhe outro curso? Você não tem potencial 
para o bacharelado.' Essas palavras me deixavam frustrado, pois, em vez de me incentivar, 
apenas me desmotivaram, levando-me a crises de ansiedade e, eventualmente, à desistência do 
curso, foi extremamente frustrante. 
Deixar para trás algo que sempre busquei com excelência, desistir porque alguém que 
deveria me apoiar estava me rejeitando, foi uma experiência muito dolorosa. Nesse período, 
afastado dos estudos acadêmicos, passei por um profundo período de reflexão, questionando 
meu próprio potencial e se eu realmente tinha vocação para ser um futuro professor de piano. 
Decidi, então, trabalhar como motorista Uber por um tempo, mas estava inquieto por não estar 
seguindo minha verdadeira paixão, que era concluir minha graduação e seguir minha jornada 
como professor de piano. 
Foi durante esse período que me tornei pai, uma dádiva maravilhosa, minha esposa 
estava grávida, com seis meses de gestação. Tivemos que correr contra o tempo para comprar 
o enxoval do bebê, que se chamaria Klara Sophie. Em 16 de maio de 2018, ela nasceu e trouxe 
alegria às nossas vidas, fazendo-me esquecer temporariamente todas as dificuldades que 
enfrentei na universidade, onde lutei tanto para ingressar. 
Em 2019, decidi fazer um novo vestibular e foi quando conheci meu orientador atual, o 
Professor Durval Cersetti, a quem sou profundamente grato até hoje. Durante todo o processo 
do vestibular, ele me acolheu muito bem, sempre me incentivando, me fazendo acreditar que 
eu poderia recuperar o que ficou para trás. Simplesmente o melhor orientador que já conheci. 
Esse docente me fez renascer e vivenciar as melhores experiências em uma das melhores 
universidades do país: a Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte-UFRN. 
Tive que mudar de estado sozinho, deixando minha família em nossa cidade natal 
Carpina-Pernambuco. Não foi fácil, mas foi necessário. Durante esse período, amadureci muito 
como homem e como pessoa, e fiquei focado nos estudos. Não tinha a opção de trabalhar para 
sustentar minha família, pois estava em outro estado, sem emprego, sem nada. Mais uma vez, 
o Professor Durval Cersetti me estendeu a mão. 
Ele me proporcionou uma bolsa, que, embora modesta, representou o início de algo 
melhor. Conforme os semestres passavam, consegui outras bolsas, o que me permitiu enviar 
 
14 
 
algum dinheiro para casa. Chegamos ao ano de 2020, e foi nesse período que comecei a 
experimentar a educação a distância. Foi um ano em que o mundo enfrentou emergências e 
isolamento total devido ao temido vírus COVID-19. Desde então, continuamos nossos estudos 
de forma remota, ou seja, por meio da educação a distância. 
No início, não foi fácil, era uma modalidade relativamente nova para mim, e eu estava 
acostumado com aulas presenciais, nunca tendo tido contato com o ensino digital. Foi um 
período de adaptação, no qual eu, que antes tinha preconceitos em relação à educação a 
distância, gradualmente mudei minha percepção. Gradualmente, fui me entregando à 
modalidade e enxergando com outros olhos. 
Consegui me formar de forma remota, obtendo meu diploma acadêmico. A educação a 
distância me cativou a ponto de eu me tornar aluno do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, 
no curso de Especialização, e também me matricular em uma nova graduação, cursando 
Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 
Isso me fez perceber que muitos cursos oferecidos na modalidade EAD, como o curso 
de Especialização em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica – DocentEPT, e o 
curso de Licenciatura em Música Popular Brasileira, dificilmente poderiam alcançar um público 
tão diversificado e amplo se não fossem oferecidos de forma EAD. Isso tornou muito mais 
acessível para estudantes que desejavam frequentar uma especialização ou até mesmo cursar 
uma graduação, mas que, devido à distância, não conseguiam fazê-lo. 
Decidi fazer uma pós-graduação que me ajudasse a compreender melhor a prática 
docente em cursos técnicos ou até mesmo como docente de graduação, embora ainda não fosse 
um docente propriamente dito. Procurei por editais de cursos ministrados de forma remota, mas, 
na maioria deles que participei, não fui selecionado. Para minha surpresa, na minha 
última tentativa foi justamente essa seleção para Pós-Graduação Docent EPT, e eu nem sabia 
que se tratava de fato, após ser selecionado, decidi ler o Projeto Pedagógico e percebi o 
quão importante seria para mim. Foi desafiador fazer essa pós-graduação à distância, pois entrei 
nela sem muito conhecimento sobre o que realmente me esperava. Conforme o tempo passava 
e as atividades eram desenvolvidas, compreendi a importância de ter disciplina e, acima de 
tudo, paixão pelo que fazemos. Hoje, estou a um passo de me tornar especialista em docência 
na educação profissional e tecnológica. 
 
 
 
 
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3 REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA 
PROFISSIONAL NA EPT 
 
Refletir sobre um percurso de formação acadêmica exige a explicitação de um processo 
que se desenrola ao longo do tempo. É, portanto, um esforço de compreensão histórica, e ao 
longo do tempo, todo conhecimento foi de extrema importância. 
A pós-graduação em docência para educação profissional e tecnológica visa 
proporcionar oportunidades a um número crescente de pessoas, melhorando a qualidade do 
ensino e da aprendizagem, pois a formação deve ser um processo contínuo. 
 
De acordo com Freire (2002), a prática pedagógica só se torna viável com a formação 
docente, que deve ser um processo contínuo. Segundo o autor, ensinar exige 
consciência do inacabamento, predisposição à mudança, aceitação do diferente e 
humildade pedagógica (FREIRE, 2002, p. 55). 
 
 Isso implica reconhecer, tanto individualmente quanto coletivamente, os desafios do 
trabalho na docência e, a partir das potencialidades dosenvolvidos, avançar em práticas 
pedagógicas coerentes com as concepções e princípios do programa. 
Com essa visão e o desejo constante de aprofundar meus conhecimentos, permitindo 
uma atuação mais eficaz no âmbito profissional, iniciei a Especialização em Docência para a 
educação profissional e tecnológica. Além disso, o aprendizado não ocorre apenas durante as 
aulas. Durante esse período de Pós-Graduação, tive contato com diversas pessoas em diferentes 
estágios de suas carreiras e pudemos trocar experiências e conhecimentos. 
Essas trocas são muito valiosas e influenciam no futuro. O curso de pós-graduação 
amplia ainda mais a preparação e qualificação. Pode ser um grande diferencial e destaque para 
futuras oportunidades. Hoje, estou apto a auxiliar qualquer docente a compreender os princípios 
que norteiam a metodologia de ensino EPT. Compreendo a importância da inclusão na educação 
profissional e sei como aprimorar a prática docente na Pós-Graduação DocetEPT. 
 
Segundo Libâneo (2004, p. 75), o professor é um profissional cuja atividade principal 
é o ensino. Sua formação inicial visa proporcionar os conhecimentos, as habilidades 
e as atitudes requeridas para conduzir o processo de ensino e aprendizagem nas 
escolas'. Dessa forma, esse conjunto de requisitos profissionais que tornam alguém 
um professor ou uma professora é denominado profissionalidade. A conquista da 
 
16 
 
profissionalidade pressupõe a profissionalização e o profissionalismo. 
 
Durante o curso de pós-graduação em EPT, os conteúdos apresentados pelos professores 
foram amplos e enriquecedores, contribuindo para que as leituras e escritas me permitissem 
compreender vários aspectos relacionados à EPT, uma modalidade educacional prevista na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que prepara para o exercício de profissões, 
permitindo que o cidadão se insira e atue no mundo do trabalho e na sociedade. 
Vale mencionar que esta especialização, com ênfase na Educação Profissional e 
Tecnológica (EPT), foi estruturada em três módulos, cada um com suas respectivas disciplinas 
e conteúdos amplos e enriquecedores. Nesse contexto, não é possível analisar todas elas, mas 
vou refletir sobre alguns pontos considerados relevantes para a minha formação profissional, 
que serão aplicados na Educação Básica, área em que estou trabalhando, e que poderão ser 
aproveitados em uma futura atuação no ensino da Educação Profissional. 
Todos os componentes curriculares oferecidos no Módulo I oportunizaram a discussão 
sobre o processo de ensino-aprendizagem aplicado na docência na Educação Profissional e 
Tecnológica (EPT) e estimularam a produção e difusão de conhecimento sobre a EPT como 
campo de estudos, bem como promovem a Educação a Distância como estratégia educativa, 
especialmente na Educação Profissional e Tecnológica... 
A seguir, irei discorrer sobre três disciplinas que chamaram muito minha atenção no 
Módulo I. A disciplina Epistemologia da Educação Profissional e Tecnológica me fez refletir 
sobre como promover o desenvolvimento de competências do docente da Educação Profissional 
e Tecnológica, conforme descrito no perfil do egresso, em especial, a inserção no campo de 
estudo 'Educação Profissional', por meio de sua epistemologia, didática, metodologia e práxis. 
 
Tais saberes, de acordo com Tardif (2002), correspondem aos discursos, objetivos, 
conteúdos e métodos a partir dos quais a instituição apresenta os saberes sociais. 
Conforme o autor, o saber pode ser entendido como a 'Epistemologia da prática 
profissional, como o estudo do conjunto de saberes utilizados realmente pelos 
profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas 
tarefas' (TARDIF, 2002, p. 255). 
 
A disciplina Educação de Jovens e Adultos e Teorias de Aprendizagem para a Educação 
Profissional e Tecnológica; visando promover Educação de Adultos: princípios andragógicos e 
hematológicos; abordagens e teorias educacionais na atualidade para a Educação Profissional; 
concepções de aprendizagem na Educação Profissional: teoria da aprendizagem social (ou 
 
17 
 
cognição situada), conceituação na ação (Didática Profissional), teoria ator-rede, sócio-
interacionismo no contexto da Educação Profissional, epistemologia da prática ou 
epistemologias pessoais, inteligências múltiplas, aprendizagem significativa. 
 
 Segundo Ghedin (2012, p 23), “O processo de aprendizagem é controlado pelo sujeito 
à medida que tem acesso às informações que se relacionam com os saberes que já 
possui”. Podendo ser qualquer proposta direcionada a conseguir que alguém aprenda, 
ou determinada por uma ideia de aprendizado consciente, ou inconsciente. 
 
Por fim, e não menos importante: Didática em Educação Profissional e Tecnológica; A 
disciplina visa desenvolver as competências básicas para a docência na Educação Profissional 
e Tecnológica. Exercitar instrumentos e métodos pedagógicos na docência da EPT. Dominar os 
procedimentos básicos de planejamento e avaliação na Educação Profissional. 
Pensar em didática é pensar em ensino, pensar em ensino nos remete às práticas 
desenvolvidas pelos seres humanos ao longo da sua evolução. Então, a grosso modo, podemos 
dizer que os elementos que constituíram o campo da didática existem desde as necessidades 
humanas de aprender e ensinar algo. Isso porque a vida em sociedade demanda práticas 
educativas que favoreçam a própria organização e manutenção da sociedade Para Libâneo: 
 
Na Pedagogia Tradicional a Didática é uma disciplina normativa, um conjunto de 
princípios e regras que regulam o ensino. A atividade de ensinar é centrada no 
professor, que expõe e interpreta a matéria. Às vezes, são utilizados meios como a 
apresentação de objetos, ilustrações, exemplos, mas o meio principal é a palavra, a 
exposição oral (LIBÂNEO,1994, p 64). 
 
Refletindo nessa assertiva de uma pedagogia tradicional e na profissão de professor em 
um contexto atual, me vejo como um futuro profissional em busca de novas “didáticas” que 
supere essa didática tradicional e busque uma prática voltada para o aluno, para a sua realidade 
e que busque estratégias (entre elas o ensino à distância) que alcance esse aluno. Essa, e outras 
reflexões, a disciplina de didática me proporcionou no decorrer do curso. 
Então, nessa perspectiva, eu me pergunto: o que vai me tornar um especialista 
em DocentEPT? São, e foram, os conhecimentos e discussões que aprofundamos na Pós-
DocentEPT. Conhecimentos esses, das mais variadas temáticas, que me proporcionaram 
ampliar e aprofundar o repertório de conhecimentos que eu já tinha, além da pesquisa pessoal 
para o Trabalho Final De Curso, que quer dizer muito sobre você no final das contas. 
 
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O memorial de formação, como vimos anteriormente, é um gênero discursivo onde o 
autor registra, a partir da escrita reflexiva e autoreflexiva, aspectos de sua formação profissional 
intercalados com as vivências e experiências da vida cotidiana. Dessa forma, ao se analisar as 
experiências expostas no decorrer deste memorial posso afirmar que cada disciplina, cada 
leitura realizada, cada atividade desenvolvida completava o conteúdo anterior, somando 
conhecimentos de forma linear com uma sequência cronológica, resultando em uma 
aprendizagem significativa, que me estimulava a repensar a minha prática em sala de aula. 
A autobiografia seria, então, o limite máximo dessa busca, enquanto, como as cartas, 
opera com uma objetivação do eu que fala, que se oferece ao olhar do outro ao mesmo 
tempo, em que olha para si. Procurei ser o mais sensato possível e tentar fazer com o que o 
leitor tenha clareza sobre meu memorial, trazendo algumas lembranças durante minha 
trajetória escolar, relatando sobre minhas reprovações durante o ensino fundamental II e a 
vontade de conhecer mais sobre a educação, depois de dois anos de reprovações. 
Percebi,ao escrever este memorial, que relembrar minhas vivências, é motivo de 
superação. As reprovações durante meu ensino fundamental, me deram amino para ir além do 
que eu imaginava. Chegar a concluir o ensino médio na modalidade do EJA, de fato, marcou 
muito minha vida. Nesse sentido, produzir essa escrita foi um exercício no qual eu não tinha 
noção dos perigos, sejam eles, em função do autoelogio, seja em função da necessidade de 
rememorar as experiências vividas. Na verdade, foi um exercício que proporcionou, ao mesmo 
tempo, prazer e/ou dor, todavia, as circunstâncias o exigirem. 
Ter a oportunidade de apresentar minha trajetória em um memorial proporcionou-me 
uma análise sobre a caminhada percorrida até aqui, bem como suas consequências e vitórias. 
Por outro lado, percebo que os conhecimentos construídos ao longo da Especialização em 
docência para educação profissional e tecnológica enriqueceu minha formação profissional 
como professor e futuro docente do EPT, ao proporcionar conhecimentos e ferramentas que 
foram essenciais na minha formação profissional e que me despertaram para novas 
possibilidades de ensino. 
Diante dessas reflexões, percebo que os conhecimentos construídos ao longo da 
Especialização em EPT enriqueceu minha formação profissional como futuro professor da 
 
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Educação Profisional e Tecnóloga, que me proporcionar conhecimentos e ferramentas que 
foram essenciais na minha formação profissional e que me despertaram para novas 
possibilidades de ensino com a utilização de novas metodologias. 
Mas, é importante entender que, por se tratar de algo que contribuiu com a minha 
formação profissional e pessoal, foi necessário se dedicar e ter tempo para fazer isso da melhor 
maneira possível. Encerro minhas considerações finais com uma citação de Paulo Freire: 
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o 
mundo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
ARAÚJO, M. F.; GASPAR, M. M. G. de S.; PASSEGI, M. da C. Memorial – gênero textual 
(Auto) biográfico. In: ANAIS do VI SIGET – Anais do SILEL, n. 1, 2011,Uberlândia. 
Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais, Uberlândia: EDUFU, 2013. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª. 
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São 
Paulo: Unesp, 2000. 
GHEDIN, Evandro. Teorias Psicopedagógicas Do Ensino-Aprendizagem. Universidade 
Estadual de Roraima. 2012. Disponível em: . Acesso em: 04 jul. 2023. 
LIBÂNEO José carlos, Didatica. Ed. Cortez, São Paulo, 2004 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Ed. Cortez, São Paulo, 1994. 
PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de jovens e adultos. Rio de 
Janeiro: Edições Loyola, 1973 
SANTOS, M. L. L. (2003). Educação de jovens e adultos: marcas da violência na 
produção poética. Passo Fundo: UPF. 
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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