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Caderno de Doutrina (2)

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Débora Carmo

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SEMANA 07 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
 
 
Sumário 
META 1 .............................................................................................................................................................. 8 
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE III (ILICITUDE – CULPABILIDADE – TEORIA DO ERRO) ................. 8 
1. ILICITUDE ....................................................................................................................................................... 8 
1.1 Terminologias ........................................................................................................................................................... 9 
1.2 Relação entre a Tipicidade e a Ilicitude .................................................................................................................. 10 
1.3. Causas de Exclusão da Ilicitude ............................................................................................................................. 12 
1.3.1. Causas Legais de Exclusão da Ilicitude ............................................................................................................ 12 
1.3.2. Causas Supralegais de Exclusão da Ilicitude ................................................................................................... 34 
1.4. Excesso na Justificante .......................................................................................................................................... 35 
1.5. Excludente de Ilicitude e Indenização no Cível...................................................................................................... 37 
2. CULPABILIDADE ........................................................................................................................................... 37 
2.3. Funções da Culpabilidade ...................................................................................................................................... 39 
2.2. Elementos da Culpabilidade .................................................................................................................................. 40 
2.1.1. Imputabilidade ................................................................................................................................................ 43 
2.1.2. Potencial Consciência de Ilicitude ................................................................................................................... 46 
2.1.3. Exigibilidade de Conduta Diversa .................................................................................................................... 47 
3. TEORIA DO ERRO ......................................................................................................................................... 51 
3.1. Erro de Tipo (art. 20, CP) ....................................................................................................................................... 51 
3.2. Erro de Proibição ................................................................................................................................................... 58 
META 2 ............................................................................................................................................................ 65 
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO .......................................................................... 65 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 65 
2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO .......................................................................................... 67 
2.1 Poder Vinculado/Regrado ...................................................................................................................................... 67 
2.2 Poder Discricionário ............................................................................................................................................... 68 
2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial ................................................................................................... 69 
3. PODERES EM ESPÉCIE .................................................................................................................................. 70 
3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar) ..................................................................................................................... 71 
3.2 Poder Hierárquico .................................................................................................................................................. 75 
3.3 Poder Disciplinar .................................................................................................................................................... 78 
3.4 Poder de Polícia ...................................................................................................................................................... 80 
META 3 ............................................................................................................................................................ 97 
DIREITO CIVIL: FATOS JURÍDICOS, NEGÓCIO JURÍDICO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA .................................... 97 
1. FATOS JURÍDICOS ......................................................................................................................................... 97 
1.1 Fato Jurídico Lato Sensu ......................................................................................................................................... 98 
1.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu: .................................................................................................................... 98 
1.3 Ato Ilícito .............................................................................................................................................................. 100 
2. NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................................................... 100 
2.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana) ............................................................................................ 100 
2.2 Representação ...................................................................................................................................................... 111 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
 
 
2.3 Contagem dos prazos ........................................................................................................................................... 112 
3. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................................. 112 
3.1. Erro/Ignorância ................................................................................................................................................... 114 
3.2. Dolo ..................................................................................................................................................................... 116 
3.3 Coação .................................................................................................................................................................. 118 
3.4. Estado de perigo .................................................................................................................................................. 120 
3.5. Lesão .................................................................................................................................................................... 121 
3.6 Fraude contra credores ........................................................................................................................................124 
3.7 Simulação ............................................................................................................................................................. 126 
4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................................................................... 129 
4.1 Nulidade absoluta ................................................................................................................................................ 131 
4.2 Nulidade relativa ou Anulabilidade ...................................................................................................................... 134 
4.3 Efeitos da anulação: ............................................................................................................................................. 136 
5. PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................................... 137 
5.1 Prescrição ............................................................................................................................................................. 137 
5.2 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição ................. 139 
5.3 Prazos da Prescrição ............................................................................................................................................. 147 
5.4 Prescrição Intercorrente ....................................................................................................................................... 152 
6. DECADÊNCIA .............................................................................................................................................. 152 
META 4 .......................................................................................................................................................... 155 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: TEORIA E PRINCÍPIOS ....................................................................................... 155 
1. DA FUNÇÃO JURISDICIONAL ...................................................................................................................... 155 
1.1 Alguns Princípios Processuais ............................................................................................................................... 155 
2. JURISDIÇÃO ................................................................................................................................................ 163 
2.1. Conceito .............................................................................................................................................................. 163 
2.2. Equivalentes Jurisdicionais .................................................................................................................................. 164 
2.3. Características principais da jurisdição................................................................................................................ 167 
2.4. Princípios da jurisdição ........................................................................................................................................ 167 
2.5. Jurisdição contenciosa e voluntária .................................................................................................................... 169 
3. AÇÃO .......................................................................................................................................................... 169 
3.1 Conceito ............................................................................................................................................................... 169 
3.2 Teorias da Ação .................................................................................................................................................... 170 
3.3 Requisitos de admissibilidade do processo (pelo CPC/73 seriam as condições da ação) .................................... 171 
3.4 Elementos da Ação ............................................................................................................................................... 172 
3.5 Pressupostos Processuais ..................................................................................................................................... 173 
3.6 Preclusão .............................................................................................................................................................. 174 
4. COMPETÊNCIA ........................................................................................................................................... 175 
4.1 Generalidades ...................................................................................................................................................... 175 
4.2. Princípios ............................................................................................................................................................. 176 
4.3 Critérios determinativos da competência ............................................................................................................ 176 
4.4 Competência Absoluta E Relativa ......................................................................................................................... 179 
4.5 Modificação De Competência .............................................................................................................................. 180 
4.6 Prorrogação De Competência .............................................................................................................................. 181 
4.7 Derrogação De Competência ............................................................................................................................... 181 
4.8 Conexão ................................................................................................................................................................ 181 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
 
 
4.9 Continência ........................................................................................................................................................... 183 
4.10 Prevenção ........................................................................................................................................................... 183 
4.11 Conflito De Competência ................................................................................................................................... 184 
5. COOPERAÇÃO NACIONAL .......................................................................................................................... 185 
MEDICINA LEGAL: ANTROPOLOGIA FORENSE ............................................................................................... 187 
1. ANTROPOLOGIA FORENSE ......................................................................................................................... 187 
2. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................. 187 
2.1 Identidade ............................................................................................................................................................ 187 
2.2 Identificação ......................................................................................................................................................... 188 
2.3 Métodos de Identificação ..................................................................................................................................... 189 
3. IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL ................................................................................................................ 192 
3.1 Identificação Quanto à Espécie ............................................................................................................................192 
3.2 Identificação Quanto à Raça ................................................................................................................................. 194 
3.3 Identificação Do Sexo ........................................................................................................................................... 198 
3.4 Identificação Da Idade .......................................................................................................................................... 202 
3.5 Identificação Pela Estatura ................................................................................................................................... 204 
3.6 Identificação pela Arcada Dentária ...................................................................................................................... 205 
3.7 Outras Formas de Identificação ........................................................................................................................... 205 
3.8 Identificação Judiciária ......................................................................................................................................... 206 
3.8.1 Classificação / Tipos fundamentais ................................................................................................................ 208 
3.8.2 Elementos de identificação ............................................................................................................................ 212 
META 5 .......................................................................................................................................................... 214 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ........................................................... 214 
1. OBJETO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ................................................................................................ 214 
2. NATUREZA JURÍDICA DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. .......................................................................... 214 
3. COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS DE QUALQUER NATUREZA ...................................................................... 216 
4. QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS ........................................................................................... 218 
5. QUEBRA DE ESTAÇÃO RÁDIO BASE ........................................................................................................... 219 
6. MOMENTO DE DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA .............................................................. 223 
7. DA NECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO. .................................................................................................... 225 
8. REQUISITOS PARA A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: ................................................................................. 226 
9. SIGILO PROFISSIONAL DO ADVOGADO ..................................................................................................... 232 
10. ENCONTRO FORTUITO DE ELEMENTO PROBATÓRIO EM RELAÇÃO A OUTROS FATOS DELITUOSOS 
(SERENDIPIDADE): ......................................................................................................................................... 233 
11. PROCEDIMENTO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ................................................................................ 235 
11.1 Fundamentação da decisão judicial: .................................................................................................................. 235 
11.2. Duração da interceptação ................................................................................................................................. 236 
12. EXECUÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ......................................................................................... 239 
13. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ............ 242 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
 
 
14. INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES AMBIENTAIS ............................................................................. 243 
14.1 Cláusula de Reserva de Jurisdição ...................................................................................................................... 247 
14.2 Captação Ambiental Clandestina e Figura Criminosa Respectiva ...................................................................... 248 
14.3 Causa de Ausência de Tipicidade........................................................................................................................ 250 
META 6 – REVISÃO SEMANAL ........................................................................................................................ 255 
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE III (ILICITUDE – CULPABILIDADE – TEORIA DO ERRO) ............. 255 
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................ 256 
DIREITO CIVIL: FATOS JURÍDICOS, NEGÓCIO JURÍDICO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA .................................. 257 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: TEORIA E PRINCÍPIOS ....................................................................................... 258 
MEDICINA LEGAL: ANTROPOLOGIA ............................................................................................................... 259 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ........................................................... 260 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
 
 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 07 
META DIA ASSUNTO 
1 SEG DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte III 
2 TER DIREITO ADMINISTRATIVO: Poderes da Administração 
3 QUA DIREITO CIVIL: Fatos Jurídicos 
4 QUI 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: Teoria e Princípios 
MEDICINA LEGAL: Antropologia 
5 SEX LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Lei de Interceptação Telefônica 
6 
SÁB/DO
M 
[REVISÃO SEMANAL] 
 
 
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Equipe DD 
 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua 
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas. 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
8 
 
META 1 
 
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE III (ILICITUDE – CULPABILIDADE – TEORIA DO ERRO) 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CP: 
⦁ Art. 20 a 25 
⦁ Art. 26 a 28 
⦁ Art. 65 
⦁ Art. 73 e 74 
⦁ Art. 163 
⦁ Art. 213 
⦁ Art. 228 
 
OUTROS DIPLOMAS LEGAIS: 
⦁ Art. 37, Lei 9605/98 
⦁ Art. 45 e 46, Lei de Drogas 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CP: 
⦁ Art. 20 e 21 (importantíssimos!) 
⦁ Art. 25, §único (introduzido pelo Pacote Anticrime) 
⦁ Art. 26 
⦁ Art. 28, II e §1º 
⦁ Art. 73 e 74 (importantíssimos!) 
 
1. ILICITUDE 
 
É o segundo substrato do conceito analítico de crime, e consiste na relação de contrariedade entre 
o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico. Este é o conceito conferido segundo a 
finalismo. 
Para o autor Fernando Capez, é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual 
ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas. 
Ex.: Embora a conduta do oficial de justiça quando apreende determinado bem contra a vontade do 
dono em razão de mandado judicial consista em subtrair coisa alheia móvel, o que seria um fato típico, sua 
conduta não é contrária ao ordenamento jurídico por estar abarcada pelo estrito cumprimento do dever 
legal, causa excludente de ilicitude, de modo que não haverá crime. 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
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É possível dividir a ilicitude em: 
● Ilicitude formal: É a mera contradição entre o fato e o direito. A ilicitude é analisada diante de todo 
o ordenamentojurídico, não somente no âmbito penal. 
● Ilicitude material (substancial): É o conteúdo material do fato, ou seja, a violação de valores 
necessários para a manutenção da paz social. A contrariedade do fato em relação ao sentimento 
comum de justiça (injusto). É esse viés que permite a criação de causas supralegais de exclusão da 
ilicitude. 
Segundo o autor Mirabete a ilicitude consiste na lesão de determinado interesse vital aferido perante 
as normas de cultura reconhecidas pelo Estado. A ilicitude material se fundamenta em valores sociais, morais 
e políticos, sem um conceito específico, constituindo-se em ofensa às normas de cultura reconhecidas e 
aceitas pelo Estado, um comportamento antissocial. 
 
Em resumo, a ilicitude é o choque entre a conduta e o ordenamento jurídico. É o segundo elemento 
do conceito analítico do crime, conforme a teoria tripartida. 
 
 
 
1.1 Terminologias 
 
a) Antijuridicidade x Ilicitude 
Alguns doutrinadores utilizam o termo ANTIJURIDICIDADE como sinônimo de ilicitude (ou até em sua 
preferência). Contudo, segundo Francisco Assis de Toledo o termo é tecnicamente incorreto, vez que o crime 
é, na verdade, um fato jurídico. 
Fato jurídico pode ser natural ou voluntário. Os voluntários se dividem em lícito e ilícito. Dentre os 
ilícitos, temos os ilícitos penais, que se dividem em crime ou contravenção. 
Portanto, melhor utilizar ILICITUDE, que foi o termo adotado pelo CP. 
 
b) Injusto x Ilicitude 
A ilicitude e a tipicidade formam o INJUSTO. Dessa forma, ilicitude é uma parte do injusto. Mirabete 
ensina que o injusto é a ação valorada como antijurídica. 
 
c) Justificantes x Exculpantes 
 
Fato 
típico 
 
Antijurídico 
ou ilícito 
 culpável 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 07/30 
 
10 
 
 A JUSTIFICANTE corresponde a uma circunstância, legal ou supralegal, que exclui a ilicitude. Pode ser 
denominada ainda de excludentes da ilicitude, excludentes da criminalidade, causas justificativas, eximentes 
ou descriminantes. 
 Por sua vez, a EXCULPANTE trata da hipótese, legal ou supralegal, de exclusão da culpabilidade. 
Também é conhecida como causa dirimentes, de exculpação, de inculpabilidade. 
 
1.2 Relação entre a Tipicidade e a Ilicitude 
 
 
 
a) Teoria da Absoluta Independência do Tipo / do Tipo Avalorado / Tipo Meramente Descritivo (Von Liszt 
e Beling): o fato típico NÃO possui qualquer relação com a ilicitude. 
● O tipo é a mera descrição objetiva do fato em lei (tipo penal acromático). 
● Acaso a ilicitude deixe de existir, a tipicidade permanece. 
● Para André Stefan (Direito Penal. Vol.1), trata-se de elemento valorativamente neutro. 
● Sua concepção NÃO admitia o reconhecimento de elementos normativos ou subjetivos do tipo. 
 
b) Teoria Indiciária do Tipo / da Ratio Cognoscendi (Max Ernst Mayer): O fato típico é presumidamente 
ilícito, é um indício da ilicitude. 
☞ Teoria majoritária e adotada pelo CP. 
 
● A tipicidade deixa de ter função meramente descritiva, vindo a representar um indício da 
antijuridicidade. 
● Onde há fumaça, há fogo, no sentido de que a tipicidade faz presumir a não conformidade com o 
ordenamento jurídico, a ilicitude da conduta. 
● Praticando-se um fato típico, ele se presume ilícito. Essa presunção é relativa, pois admite prova em 
contrário, podendo ser afastada por uma excludente de ilicitude. 
● A tipicidade NÃO é valorativamente neutra ou descritiva, de modo que se torna cabível o 
reconhecimento de elementos normativos e subjetivos do tipo penal. 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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Essa teoria acarreta a inversão do ônus da prova no tocante às excludentes da ilicitude. Assim, para a 
acusação, basta provar que o fato é típico, cabendo à defesa alegar e provar as excludentes. 
Atenção! A adequação do fato típico e ilícito ocorrem de forma provisória até que possa ocorrer a 
apresentação de uma excludente de ilicitude. 
 
Veja a dica do Professor Marcelo Veiga: 
https://youtu.be/zyfFUuduvJ4 
 
Aprofundando para uma prova discursiva / oral: 
A doutrina garantista critica essa inversão do ônus da prova. Segundo Aury Lopes Jr, não se pode ter uma 
presunção contrária ao réu em razão do princípio da presunção de inocência, de modo que cabe à acusação 
demonstrar, não só o fato típico, mas a própria existência do crime. Ou seja: cabe à acusação demonstrar 
fato típico, ilicitude e culpabilidade. 
 
c) Teoria da Absoluta Dependência / da Ratio Essendi / da Identidade (Edmundo Mezger): O fato típico e 
ilícito seria um só elemento. A tipicidade não é só indício, é a essência da ilicitude, de modo que todo fato 
típico NECESSARIAMENTE é ilícito. 
 
● Origina-se, aqui, o “injusto penal”, que é o fato típico + ilícito, analisados em uma única ocasião. 
● O tipo possui função constitutiva da ilicitude, de tal forma que se o fato for lícito, será atípico. 
● A ilicitude faz parte da tipicidade, ou seja, é a fusão entre os dois substratos. 
Ex.: O tipo penal do homicídio não seria matar alguém, mas matar alguém fora das hipóteses de legítima 
defesa, estado de necessidade etc. 
 
d) Teoria dos Elementos Negativos do Tipo: O tipo penal é composto por elementos positivos e elementos 
negativos. Os positivos são explícitos (tipo penal), enquanto os elementos negativos estão implícitos (causas 
excludentes de ilicitude). Para que o comportamento do agente seja típico, não podem estar configurados 
os elementos negativos. 
 
● Face positiva: é chamada de tipicidade provisória (o que nós conhecemos como tipicidade). 
● Face negativa: é a ausência dos elementos negativos do tipo (o que nós conhecemos como causas 
excludentes da ilicitude). 
 
https://youtu.be/zyfFUuduvJ4
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Há aqui uma absoluta relação de dependência entre o fato típico e a ilicitude, pois, para que seja típico, 
não pode ser lícito, ou seja, deve também ser ilícito. Ex.: “matar alguém” = elemento positivo. No entanto, 
matar alguém só será crime se o agente não estiver amparado em uma excludente da ilicitude, pois, caso 
estivesse, incidiria um elemento negativo do tipo. 
 
Como dito, no Brasil adota-se a teoria indiciária, porém, mitigada a partir da reforma de 2008, em razão de 
dispositivos que privilegiam o “in dubio pro reo”, uma vez que, mesmo a defesa não provando cabalmente a 
excludente, em caso de dúvida, deve o magistrado decidir em favor do réu. 
 
1.3. Causas de Exclusão da Ilicitude 
 
 
1.3.1. Causas Legais de Exclusão da Ilicitude 
As causas excludentes de ilicitude também podem ser denominadas de descriminantes ou de justificantes. A 
causa excludente ilicitude torna a conduta compatível com a ordem jurídica, levando a concluir-se a 
conformidade do comportamento do agente com o ordenamento jurídico. 
 
a) Parte Geral do CP: 
→ Estado de necessidade 
→ Legítima defesa 
→ Estrito cumprimento de dever legal 
→ Exercício regular do direito 
 
Art. 23, CP - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
b) Parte Especial do CP: 
 
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Exemplos: 
→ Art. 128, I, CP 
→ Art. 146, §3º, I e II, CP 
 
c) Legislação Especial: 
Exemplos: 
→ Art. 303, Lei 7.565/86 
 
1. ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24, CP) 
 
Art. 24, CP - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar 
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável exigir-se. 
 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar 
o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderáser reduzida de um a dois terços. 
 
a) Conceito: 
Causa excludente de ilicitude que representa um choque entre dois interesses jurídicos colocados 
em perigo, sendo necessário sacrifício de um para salvar o outro de perigo atual, sendo este direito próprio 
ou alheio cujo sacrifício não era razoável exigir-se nessas circunstâncias. 
Se há dois bens em perigo de lesão, o estado permite que seja sacrificado um deles, pois, diante do 
caso concreto, a tutela penal não pode salvaguardar a ambos. Nesse caso, há sopesamento de bens diante 
de uma situação adversa. 
Ex.: Um pedestre joga-se na frente de um motorista, que, para preservar a vida humana, opta por 
desviar do seu veículo e colidir com outro que se encontrava estacionado nas proximidades. Entre sacrificar 
uma vida e um bem material, o agente fez a opção claramente mais razoável. Não pratica crime de dano, 
pois o fato embora típico, não é ilícito. 
 
b) Requisitos: 
 
(1) SITUAÇÃO DE PERIGO ATUAL: 
 
Perigo atual. 
→ Pode advir da natureza, do homem, de comportamento animal. 
 
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→ Possui destinatário indeterminado. 
→ Há discussão se perigo iminente também poderia ser englobado aqui. 
Masson diz que sim, valendo-se de analogia in bonan partem do art. 25. Sanches sustenta que não, 
haja vista o silêncio eloquente do legislador. Se a questão pedir conforme letra de lei, atual ou 
iminente é só na legítima defesa, sendo que estado de necessidade é atual. 
→ Para determinar se há uma situação de perigo ou não, leva-se em consideração uma pessoa do 
mesmo círculo social do autor (observador inteligente), sendo que os conhecimentos e informações 
dessa pessoa devem ser agregados ao juízo de um especialista em perigo. 
 
Quanto à existência do perigo, a doutrina classifica o estado de necessidade em: 
a) Estado de necessidade real: a situação de perigo existe efetivamente (exclui a ilicitude); 
b) Estado de necessidade putativo: a situação de perigo não existe, é imaginária (não exclui a ilicitude). 
Se o perigo não existe (é imaginário), o agente está diante de uma discriminante putativa (estado 
de necessidade putativo). Isso é importante porque o estado de necessidade putativo não exclui 
ilicitude. (descriminante putativa por erro de tipo ou erro de proibição). 
 
(2) PERIGO NÃO CAUSADO VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE 
 
O provocador do perigo NÃO pode beneficiar-se da excludente, salvo no caso em que tenha gerado 
involuntariamente. Em outras palavras, aquele que por sua vontade produz o perigo não poderá agir em 
estado de necessidade. 
 Há divergência no que tange a voluntariedade da provocação do perigo: 
1ª posição (Damásio): Somente o perigo causado dolosamente impede que seu autor alegue o estado 
de necessidade. 
2ª posição (Frederico Marques, Mirabete, Masson): Não apenas o perigo doloso, mas também o 
provocado por culpa impede a alegação do estado de necessidade, uma vez que a conduta culposa 
também é voluntária em sua origem. 
 
(3) INEVITABILIDADE DO DANO 
 
“Que não podia, de outro modo, evitar” 
A inevitabilidade do dano é inerente ao estado de necessidade. Ou seja: o agente não tem como 
evitar o dano sem que pratique a conduta abrangida pelo estado de necessidade. 
 
ATENÇÃO: Para que essa conduta esteja amparada pelo estado de necessidade, o indivíduo tem que, 
necessariamente, escolher a opção menos danosa, sob pena que agir em excesso. Ocorre que, normalmente, 
a opção menos danosa é simplesmente a FUGA do perigo, justamente para evitar a lesão a outro bem jurídico 
legítimo. 
 
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Isso porque, no estado de necessidade, há a exigência do commodus discessus (saída mais cômoda; 
saída mais fácil, fuga). 
→ No estado de necessidade, o objetivo é a eliminação da situação de perigo, e não a necessária 
afirmação da prevalência do meu direito. Assim, ao contrário da legítima defesa, em que o indivíduo 
sofre uma injusta agressão, no estado de necessidade há dois bens jurídicos lícitos/devidos em 
conflito, de modo que não é possível preservar ambos. Por isso, é necessário buscar a saída mais 
cômoda para os dois bens jurídicos em risco. 
→ Portanto, o commodus discessus é inerente à inevitabilidade do dano. Isso porque, se é possível 
evitar o dano fugindo/se afastando da fonte de perigo, é um dever fazê-lo. 
 
Ex.: O homicídio não é amparado pelo estado de necessidade quando é possível a lesão corporal. 
Configura-se, nesse caso, o excesso doloso, culposo ou escusável, dependendo das circunstâncias. 
 
(4) INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO 
 
Há divergência acerca da configuração do dever legal. A discussão perpassa sobre o alcance (ou não) 
do dever jurídico. Nesse contexto, para doutrina majoritária, em sentido amplo, se for o garantidor, mesmo 
que por relação contratual, NÃO pode alegar estado de necessidade (a depender da situação poderia até 
alegar inexigibilidade de conduta diversa, que afasta a culpabilidade). 
O sacrifício somente será inevitável quando, mesmo correndo risco pessoal, for impossível a 
preservação do bem. Em contrapartida, para quem não tem a obrigação de se arriscar, a inevitabilidade 
significa que, se houver algum perigo para o agente, já lhe será possível o commodus discessus. 
Ex.: Um bombeiro não pode alegar estado de necessidade como maneira de eximir-se do dever de 
enfrentar o perigo. 
 
(5) SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO 
 
→ Quando a ameaça for a direito próprio, haverá o estado de necessidade próprio. É o que ocorre 
quando o agente, por exemplo, subtrai pequena quantia de alimento para não morrer de fome (furto 
famélico) ou quando há um naufrágio e existem menos coletes salva-vidas do que o necessário e 
uma pessoa mata outra para ficar com um colete e se salvar. 
→ Quando a ameaça for a direito de terceiro, haverá estado de necessidade de terceiro. É o caso, por 
exemplo, da subtração de pequena quantidade de alimento para alimentar e salvar a vida do filho 
pequeno; o motorista que desvia o veículo em direção ao muro de uma casa, para evitar o 
atropelamento de uma criança que atravessou a rua correndo. 
 
Saliente-se que, no caso de defesa do direito de terceiro, é desnecessária a prévia autorização deste, 
já que a lei não exige esse requisito. Não precisa também haver ratificação posterior pelo terceiro. 
 
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No que concerne ao estado de necessidade, ensina Flávio Monteiro: 
O estado de necessidade de terceiro inspira-se no princípio da solidariedade 
humana. Tratando-se, porém, de bens disponíveis, alguns autores sustentam a 
necessidade da aquiescência do titular do direito exposto a perigo de lesão. Não 
procede o raciocínio, pois a vontade do terceiro em perigo, como dizia La Medica, 
não é tomada em consideração; é substituída pela vontade do agente, 
juridicamente superior. Sobremais, em muitos casos não há nem tempo para pedir 
a concordância do terceiro. (Direito Penal – Parte Geral. São Paulo: Editora Saraiva, 
2003, p. 315-6). 
 
(6) INEXIGIBILIDADE DO SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO 
 
É verificada a proporcionalidade entre o direito protegido e o sacrificado. 
A partir dessa ideia se desenvolvem duas teorias: 
 
● Teoria Diferenciadora: Se o bem jurídico sacrificado tiver um valor menor que o bem jurídico protegido, 
haverá estado de necessidade com excludente da ilicitude, denominado de estado de necessidade 
justificante. Por outro lado, se o bem sacrificado tiver o valor igual ou maior do que o bem protegido, a 
doutrina denominará esta situação de estado de necessidade exculpante, ou seja, haveria a exclusão da 
culpabilidade. Teoria adotada pelo Código Penal Militar (art. 39 e art. 45, §único). 
 
O BJ sacrificado tem menor valor que o BJ preservado – estado de necessidade justificante – excluia 
ilicitude. 
BJ sacrificado tem maior valor ou igual que o BJ preservado – estado de necessidade exculpante – exclui a 
culpabilidade. 
 
Obs: Embora ainda haja divergências doutrinárias, para teoria diferenciadora se o BJ sacrificado tem maior 
valor ou igual que o BJ preservado é estado de necessidade exculpante! É DIFERENTE da teoria unitária (que 
é a adotada pelo CP), onde prevalece que o bem jurídico sacrificado pode ser de igual ou menor valor para 
ser estado de necessidade justificante! 
 
De acordo com o autor Rogério Greco a teoria diferenciadora traça uma distinção entre o estado de 
necessidade justificante (que afasta a ilicitude) e o estado de necessidade exculpante (que elimina a 
culpabilidade), considerando-se os bens em conflito. Mesmo para a teoria diferenciadora, existe uma divisão 
interna quanto à ponderação dos bens em conflito. Para uma corrente, haverá estado de necessidade 
justificante somente nas hipóteses em que o bem afetado for de valor inferior àquele que se defende. 
Assim, haveria estado de necessidade justificante, por exemplo, no confronto entre a vida e o patrimônio, 
ou seja, para salvar a própria vida, o agente destrói patrimônio alheio. Nas demais situações, vale dizer, 
 
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quando o bem salvaguardado fosse de valor igual ou inferior àquele que se agride, o estado de necessidade 
seria exculpante. É a posição de Fragoso, quando aduz: “A legislação vigente, adotando fórmula unitária para 
o estado de necessidade e aludindo apenas ao sacrifício de um bem que, ‘nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se’, compreende impropriamente também o caso de bens de igual valor (é o caso do náufrago que, 
para reter a única tábua de salvamento, sacrifica o outro). Em tais casos subsiste a ilicitude da culpa 
(inexigibilidade de outra conduta), que a seu tempo examinaremos.” 
No mesmo sentido são os ensinamentos de Zaffaroni e Pierangeli, quando afirmam que “o estado de 
necessidade resultará de conformidade com o direito (justificante), quando a afetação do bem jurídico que 
causa a conduta do necessitado resulta de menor entidade que a lesão a um bem jurídico que corria perigo 
de sofrer.” 
 Em sentido contrário, posiciona-se Assis Toledo, quando afirma que, por causa da redação do art. 24 do 
código penal, somente poderá se cogitar de aplicação do estado de necessidade exculpante, e mesmo assim 
de natureza supralegal, quando o bem ofendido for de valor superior ao do agressor: “Em princípio, não nos 
parece ‘razoável’, para usar-se ao pé da letra a terminologia do art. 24 do código penal – permitir-se o 
sacrifício de um bem de maior valor para salvar-se o de menor valor. Assim, inaplicável a essa hipótese é a 
causa de exclusão do crime do art. 23, I, tal como a define o art. 24. Todavia, caracterizando-se, nessa mesma 
hipótese, o injusto, a ação típica e antijurídica, há que se passar ao exame da culpabilidade do agente, sem a 
qual nenhuma pena lhe poderá ser infligida. E, nesta fase, a nível do juízo de culpabilidade, não há dúvida de 
que o estado necessário, dentro do qual o bem mais valioso foi sacrificado, poderá traduzir uma situação de 
inexigibilidade de outra conduta, que se reputa, conforme sustentamos no título anterior, uma causa de 
exclusão da culpabilidade. 
 
● Teoria Unitária: O estado de necessidade é sempre causa excludente da ilicitude. O agente não precisa 
calcular o valor dos bens em conflito, basta que haja com razoabilidade. 
 
NÃO há estado de necessidade exculpante, mas apenas o estado de necessidade justificante, que é 
excludente da ilicitude e incidirá sempre que o bem sacrificado tiver valor igual ou menor que o bem jurídico 
protegido. Teoria adotada pelo CP. 
 
Sendo o bem sacrificado mais valioso do que o bem protegido, deverá o indivíduo responder pelo 
crime, mas haverá uma causa de redução de pena de 1/3 a 2/3, conforme o §2º do art. 24 estabelece. O 
dispositivo diz que embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. 
 
BJ sacrificado tem igual ou menor valor que o BJ preservado - estado de necessidade justificante. 
BJ sacrificado tem maior valor que o BJ preservado – hipótese de redução da pena. 
 
Vamos esquematizar? 
 
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TEORIA ESTADO DE 
NECESSIDADE 
EXCLUDENTE BEM 
PROTEGIDO 
BEM 
SACRIFICADO 
TEORIA 
DIFERENCIADORA 
Justificante Exclui a ilicitude Vale Mais Vale Menos 
Exculpante Exclui a 
culpabilidade 
Vale Igual 
Vale Menos 
Vale Igual 
Vale Mais 
TEORIA UNITÁRIA Justificante Exclui a ilicitude Vale Mais 
Vale Igual 
Vale Menos 
Vale Igual 
 
(7) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO JUSTIFICANTE 
 
→ Trata-se de requisito subjetivo. 
→ Exige do agente conhecimento da situação de fato justificante. 
→ A ação de estado de necessidade deve ser objetivamente necessária e subjetivamente conduzida 
pela vontade de salvamento. 
→ Exige a consciência e vontade de salvar de perigo atual direito próprio ou alheio 
 
FURTO FAMÉLICO 
É a subtração de algo por aquele que possui fome, podendo configurar estado de necessidade. Logo, o furto 
de um pão, por quem está com fome e não possui recurso financeiro para comprá-lo, em situação de 
urgência, pode vir a ser estado de necessidade. 
Requisitos: 
● Que o fato seja praticado para matar a fome; 
● Que seja o único e derradeiro recurso do agente; 
● Que haja a subtração de coisa capaz de diretamente mitigar a fome; 
● Hipossuficiência financeira 
 
c) Espécies: 
→ Quanto à titularidade: 
. Próprio; 
. De terceiro. 
→ Quanto aos elementos subjetivos do agente: 
. Real: existe efetivamente a situação de perigo; 
. Putativo: a situação de perigo foi fantasiada pelo agente (NÃO exclui a ilicitude) – 
descriminante putativa. 
→ Quanto ao terceiro que sofre a ofensa: 
. Defensivo: sacrifica-se direito do próprio causado do perigo; 
 
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. Agressivo: sacrifica-se direito de pessoa alheia à provocação do perigo. Gera 
responsabilidade civil, embora não seja ilícito penal. 
 
(1) ATENÇÃO: O estado de necessidade comunica-se no concurso de pessoas. 
 
Estado de necessidade em crimes habituais e permanentes 
O autor Rogério Sanches considera o questionamento sobre possibilidade de estado de necessidade diante 
de um crime habitual ou de um crime permanente. Segundo o autor, como a lei exige perigo atual, 
inevitabilidade do comportamento lesivo e não razoabilidade de sacrifício do direito ameaçado (art. 24, CP), 
não há como aplicar esses requisitos legais nos casos de crime permanente e crime habitual, pois no crime 
habitual, por exemplo, o sujeito não poderia exercer a medicina irregularmente em razão de um perigo atual. 
Contudo, poderá, eventualmente, o indivíduo se valer de uma inexigibilidade de conduta diversa, que é uma 
causa excludente da culpabilidade, não havendo em se falar em estado de necessidade em crime 
habitual ou permanente. 
 
Caiu na Prova Delegado – PCBA/2022 - Ainda no que se refere à Teoria do Crime, assinale a alternativa 
incorreta. 
a) Se o fato é cometido sob coação irresistível, só é punível o autor da coação 
b) O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se 
evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço 
c) Se o fato é cometido em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, 
só é punível o autor da ordem 
d) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente os meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem 
e) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo iminente, que não 
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujosacrifício, nas 
circunstâncias, era razoável exigir-se 
GAB: letra E - NÃO era razoável exigir-se 
 
 Sobre o tema, veja a dica do Professor Marcelo Veiga: 
https://youtu.be/LjQ2pYZKNMQ 
 
 
https://youtu.be/LjQ2pYZKNMQ
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2. LEGÍTIMA DEFESA 
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, 
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que 
repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de 
crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Inicialmente, é importante ressaltar que a legítima defesa é inerente à própria condição humana, 
enquanto decorrência do instinto defensivo do homem. Desse modo, o ordenamento jurídico não poderia 
criminalizar condutas praticadas nesse contexto, restando as legislações estabelecer condições, requisitos, 
limitações e efeitos jurídicos a esse instituto. 
 
Vejamos as lições do professor Galdino Siqueira nesse sentido: 
 
“Tão visceralmente ligada â pessoa se manifesta a defesa, isto é, a faculdade de 
repelir pela força o ataque no momento em que se produz, que CÍCERO, na sua 
oração —Pro Milone, a reputa como um direito natural derivado da necessidade —
non scnpta sed nata lex, proposição verdadeira, se considerarmos o substratum 
fisiológico e psicológico da defesa, como reação do instinto de conservação que 
brota e se desenvolve independente de qualquer regulamentação. ” 
 
É importante também observarmos que a autotutela (defesa de direitos com as próprias forças) é, 
em regra, VEDADA em nosso ordenamento jurídico. Contudo, em hipóteses excepcionais, considerando que 
o Estado não estará presente em todos os momentos para tutelar os direitos protegidos, admite-se a 
autotutela. Desse modo, veja que a legítima defesa nada mais é do que maneira específica e autorizada de 
exercer a defesa de direitos próprios ou de terceiros diante de injustas agressões. 
 
Segundo a doutrina, a legítima defesa possui dois elementos estruturantes: 
 
I. Ponderação de interesses protegidos pela norma: Na fórmula geral do interesse preponderante que 
fundamenta todas as causas de justificação, o interesse legítimo de proteger o bem jurídico do 
agredido se revela preponderante em relação ao interesse ilegítimo de ataque do agressor, desde 
que a defesa seja necessária e proporcional ao agravo sofrido. 
 
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II. Reafirmação da norma perante o injusto (princípio da afirmação do direito)1: Também chamada de 
princípio da prevalência do direito, posto ser desejável que o direito se afirme em face de agressões 
contra interesses individuais. 
 
Nesse contexto, pergunta-se: Qual é a natureza jurídica da legítima defesa? 
R.: Em nosso ordenamento jurídico, com previsão no artigo 25, Código Penal Brasileiro, é tratada 
como causa genérica de exclusão da ilicitude. 
Pergunta-se: Quais são os requisitos para a aplicação da legítima defesa? 
R.: A legítima defesa se desenvolve sob o binômio agressão / reação. Desse modo, pressupõe: 
 
Agressão Reação 
. Injusta; 
. Atual ou iminente; 
. Contra direito próprio ou de terceiros. 
. Uso dos meios necessários; 
. Uso moderado desses meios. 
. Conhecimento da situação de fato 
justificante (elemento subjetivo) – 
animus defendendi 
 
Assim, passamos a analisar cada um dos requisitos exigidos para a configuração da legítima defesa. 
 
(1) AGRESSÃO INJUSTA 
 
Nos dizeres do professor Cléber Masson, agressão é toda ação ou omissão humana, consciente e 
voluntária, que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem ou interesse consagrado pelo ordenamento jurídico. 
O termo agressão somente é utilizado para agressões humanas, afastando, portanto, ações 
praticadas institivamente por animais, salvo se o animal for utilizado como instrumento de ataques humanos. 
Ademais, possui destinatário certo. 
Pergunta-se: É possível a legítima defesa contra inimputáveis? 
R.: SIM, conforme posicionamento da doutrina majoritária. Veja que a conduta do inimputável, 
apesar de não haver culpabilidade, é típica e ilícita e, portanto, apta a ser repelida por legítima defesa. 
Registramos posicionamento em sentido contrário exarado pelo professor Nelson Hungria para quem os 
inimputáveis se equiparam a ataques realizados por animais e, quando repelidos, configurariam estado de 
necessidade e não legítima defesa. 
 
Pergunta-se: Seria possível a prática da legítima defesa contra uma omissão ilícita? 
 
1 ROXIN, Strafrecht, 1997, § 15, n. 106-109, p. 602-603. 
 
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R.: SIM, Mezger fornece o exemplo do carcereiro que tem o dever de liberar o recluso cuja pena já 
foi integralmente cumprida. Com a sua omissão ilícita, inevitavelmente agride um bem jurídico do preso, 
autorizando a reação em legítima defesa.2 
Ainda se exige que a agressão seja injusta. O conceito de injustiça se coaduna com a ideia de 
contrariedade ao direito. Assim, NÃO é necessário que a conduta se configure especificamente como crime, 
basta que ela seja praticada em desacordo com as normas jurídicas. 
A doutrina admite a legítima defesa contra condutas culposas e até mesmo contra condutas despidas 
de culpa, desde que revestidas de injustiça. Ex.: aquele que está sentado no banco de um ônibus e nota uma 
pessoa que acabara de escorregar caindo em sua direção, pode, se necessário, empurrá-la contra o chão para 
não ser atingido, exemplo citado na obra do professor Cleber Masson. 
 
Pergunta-se: Admite-se legítima defesa da honra? 
 R.: NÃO! O STF entendeu, no bojo do julgamento da ADPF 779, que a tese da legítima defesa da 
honra é inconstitucional! Assim, o STF entende que o acusado de feminicídio não pode ser absolvido, na 
forma do art. 483, III, § 2º, do CPP, com base na tese da “legítima defesa da honra”, de modo que é proibido 
que a defesa, a acusação, a autoridade policial ou o magistrado utilizem, direta ou indiretamente, a tese de 
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual 
penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri. 
 Nesse contexto, o STF decidiu que: 
(i) firmar o entendimento de que a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, 
por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, 
da CF), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, caput, da CF); 
(ii) conferir interpretação conforme à Constituição aos arts. 23, inciso II, e 25, caput e 
parágrafo único, do Código Penal e ao art. 65 do Código de Processo Penal, de modo a 
excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa e, por 
consequência, 
(iii) obstar à defesa, à acusação, à autoridade policial e ao juízo que utilizem, direta ou 
indiretamente, a tese de legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à 
tese) nas fases pré-processual ou processual penais, bem como durante o julgamento 
perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento; 
(iv) diante da impossibilidade de o acusado beneficiar-se da própria torpeza, fica vedado 
o reconhecimento da nulidade, na hipótese de a defesa ter-se utilizado da tese com esta 
finalidade. Por fim, julgou procedente também o pedido sucessivo apresentado pelo 
requerente, de forma a conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 483, III, § 
2º, do Código de Processo Penal, para entender que não fere a soberania dos vereditos 
 
2 MEZGER, Edniund. Tratado de derecho penal. Trad, espanhola Josè Arturo Rodrigues Mufloz. Madrid: Revista de 
Derecho Privado, 1955. t 1, p. 453PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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do Tribunal do Júri o provimento de apelação que anule a absolvição fundada em quesito 
genérico, quando, de algum modo, possa implicar a repristinação da odiosa tese da 
legítima defesa da honra. STF. Plenário ADPF 779/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
1º/8/2023 (Info 1105). 
(2) AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE 
 
Diferentemente do que ocorre em relação ao estado de necessidade, a legítima defesa autoriza que 
a agressão seja atual ou iminente. Não seria razoável exigir que o agente tivesse sua integridade ofendida 
para só então poder repeli-la. 
De outro modo, a agressão passada ou a agressão futura e remota NÃO autorizam a incidência da 
legítima defesa. No primeiro caso, justamente em razão de se configurar na verdade como vingança e, no 
segundo, por se configurar como fórmula que desestimularia as pessoas a buscarem auxílio das autoridades 
públicas quando sofrerem ameaças. 
Vejamos conceito de agressão atual ou iminente apresentada pelo professor Cleber Masson: 
→ Atual é a agressão presente, isto é, já se iniciou e ainda não se encerrou a lesão ao bem jurídico. Ex.: 
a vítima é atacada com golpes de faca. 
→ Iminente é a agressão prestes a acontecer, ou seja, aquela que se torna atual em um futuro imediato. 
Ex.: o agressor anuncia â vítima a intenção de matá-la, vindo à sua direção com uma faca em uma 
das mãos. 
DICA DD! Em caso de agressão futura, porém certa, configurando legítima defesa antecipada, a doutrina 
admite a configuração de excludente de culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. 
 
(3) AGRESSÃO CONTRA DIREITO PRÓPRIO OU DE TERCEIRO 
 
Observe que a legislação não exige que o bem defendido seja de propriedade do defensor 
autorizando que a defesa ocorre em relação a bens jurídicos de terceiros. Em relação aos bens jurídicos, é 
importante fazermos algumas observações: 
a) Bem jurídico. 
. Próprio ou de terceiros. 
. Não só a vida ou a integridade física são passíveis de proteção em legítima defesa. Toda a 
ordem de bens jurídicos pode ser tutelada e protegida pela legítima defesa. 
. É possível a legítima defesa contra-ataques a bens de pessoas jurídicas ou mesmo contra 
bens jurídicos do Estado. 
. É possível ainda a defesa, por meio de legítima defesa, inclusive contra-ataques atuais ou 
iminentes a fetos (nascituros). 
 
 
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● Pergunta-se: A conduta do sniper (atirador de elite) que atira no agressor que tem a vítima 
na condição de refém, é abrangida por excludente de ilicitude? 
R.: SIM. Veja que se enquadra perfeitamente nos requisitos que estamos analisando. Trata-se de 
agressão atual ou iminente contra direito de terceiro. Desse modo, majoritariamente a conduta do sniper 
que dispara contra o agressor que tem refém em sua posse sempre foi, doutrinariamente, tratada como 
legítima defesa. É justamente nesse sentido que a alteração legislativa milita, vejamos: 
 
“Art.25. [...] 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, 
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele 
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
” (NR) 
 
Desse modo, agora, expressamente o legislador optou por tratar a condição do agente de segurança 
pública que repele agressão atual ou iminente praticada por agressor que mantém a vítima na condição de 
refém. 
 
(4) MEIOS NECESSÁRIOS 
 
A repulsa a agressão deverá ser praticada se valendo dos meios necessários. Contudo, pergunta-se: 
O que são meios necessários? 
Os meios necessários são aqueles menos lesivos colocados à disposição do agente e que sejam 
capazes de repelir a agressão atual ou iminente. Observe assim os requisitos: 
 
Meio menos lesivo: 
. à disposição do agente que reage; 
. capaz de repelir a injusta agressão (deve ser eficiente). 
 
Desse modo, a análise deve ser feita a partir da situação concreta, pois a reação até pode ser 
desproporcional, quando o agente não possui outro meio menos lesivo apto a repelir a agressão que sofre. 
Acerca desse tema, curial a leitura de Bento de Faria: 
 
O homem que é subitamente agredido, não pode, na perturbação e na 
impetuosidade da sua defesa, proceder a operação de medir a sangue frio e com 
exatidão se há algum outro recurso para o qual possa apelar, que não o de infligir 
um mal ao seu agressor; se há algum meio menos violento a empregar na defesa, 
se o mal que inflige excede ou não o que seria necessário à mesma defesa. E preciso 
considerar os fatos como eles ordinariamente se apresentam, e reconhecer as 
 
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fraquezas inerentes à natureza humana, não se exigindo dela o que ela não pode 
dar, reconhecer mesmo as exigências sociais, que podem justificar o emprego de 
certos meios de defesa, suposto não seja absoluta a necessidade desse emprego.3 
 
Ex.: Rodolfo vai agredir Hugo com uma espada. Hugo tem à sua disposição, para repelir essa injusta 
agressão, uma metralhadora, um revólver, uma faca e suas habilidades físicas. Qual é o meio necessário? 
Deve ser o meio menos lesivo, dentre os capazes de repelir a injusta agressão. No exemplo, o meio menos 
lesivo está nas habilidades físicas de Hugo. Mas elas não são capazes de repelir a injusta a agressão. A faca 
também não é apta a repelir a injusta a agressão. Então, o meio necessário é o revólver, pois, embora é o 
meio menos lesivo entre os capazes de repelir a injusta agressão. 
OBS.: Inexistência do requisito “commodus discessus”. 
Observe que, ainda que o agente possa fugir da injusta agressão, essa conduta NÃO é exigida dele. A 
ordem jurídica não pode abranger situações ilícitas e não pode exigir de quem atacado a conduta de fugir. 
Desse modo, a doutrina se posiciona no sentido de não se exigir o que se convencionou chamar de commodus 
discessus. 
Em outras palavras: uma vez constatada a injusta agressão, o agredido pode rebatê-la, não se lhe 
exigindo a fuga do local, pois a lei não exige. Assim, na legítima defesa, o agredido não está obrigado a fugir 
ou mesmo a pedir socorro às autoridades. A lei penal apenas exige a utilização moderada do meio necessário 
para repelir a injusta agressão. 
 
COMMODUS DISCESSUS 
Não é requisito para a 
LEGÍTIMA DEFESA. 
É requisito para o ESTADO 
DE NECESSIDADE. 
 
Permanece divergência doutrinária sobre a provocação ou o desafio da vítima ter ou não condão de 
afastar a legítima defesa. Contudo, prevalece que a provocação ou o desafio não afastam, por si sós, a 
configuração da excludente de ilicitude. O STJ parece entender que a provocação pode ser seguida de uma 
conduta de defesa ou não, a depender: 
 
"Não há falar-se em incongruência na decisão do corpo de jurados que nega ter o 
réu agido em defesa própria, afastando a tese da legítima defesa, e, logo após, 
afirma que o réu praticara o delito sob o domínio de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima. A emoção provocada não impede que a 
ação posterior seja realizada sem estar o agente se defendendo" (STJ), AgR no 
AREsp 463482/SP. 
 
 
3 FARIA, Bento, Código penal brasileiro comentado. Rio de Janeiro: Dísíríbuidora Reoord, 1S61. v. II, p. 192 
 
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CAIU EM PROVA - Delegado – PCPR/2021: A exigência do meio necessário para configurar a legítima defesa 
não corresponde à exigência de ‘paridade de armas’ como meio para repelir uma agressão injusta (item 
correto). 
 
(5) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS 
 
O uso dos meios necessários deve ocorrer na estrita necessidade de repelir a injusta agressão, 
qualquer conduta que exceda o necessário para a defesa poderá ser tratada como excesso. Assim, o agente 
será responsabilizado caso aja com excesso, o qual poderá ser dolosoou culposo. 
Logicamente, não se exige que para essa análise cálculo matemático, até porque não é factível que 
se exija essa exatidão de pessoas que estarão submetidas a situação de estresse e nervosismo. Exige-se, no 
entanto, proporcionalidade no uso dos meios necessários de forma que não se desconstitua a ideia do 
instituto que é defender bens jurídicos da situação de risco. 
OBS.: Existia previsão no texto originário do pacote anticrime a esse respeito, contudo essa disposição 
não foi incluída no projeto aprovado. 
 
Legítima defesa x Estado de necessidade 
ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA 
Conflito entre vários bens jurídicos 
diante da mesma situação de perigo. 
Ameaça ou ataque a um bem jurídico. 
NÃO tem destinatário certo. Possui destinatário certo. 
O perigo decorre de fato humano, 
animal ou natureza. 
Há uma agressão humana e injusta. 
Os interesses em conflito são legítimos 
(é possível estado de necessidade x 
estado de necessidade). 
Ex: Náufragos disputando coletes salva-
vidas. 
Os interesses do agressor são ilegítimos 
(não é possível legítima defesa real de 
legítima defesa real). 
 
CAIU EM PROVA Delegado – PCRN/2021: Durante uma partida de futebol, Rogério agrediu Jonas com um 
soco, que lhe causou um leve ferimento no olho direito. No dia seguinte, Jonas vai tirar satisfação com 
Rogério e, no meio da discussão, saca uma arma de fogo e parte na direção de Rogério, que, então, retira de 
sua mochila um revólver que carregava legalmente e dispara contra Jonas, causando sua morte. 
Considerando a situação apresentada, com relação à morte de Jonas, Rogério não responderá por homicídio, 
pois agiu em legítima defesa, o que afasta a ilicitude de sua conduta (item correto). 
 
ATENÇÃO! ATAQUE DE ANIMAL: 
 
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→ Espontâneo: Configura perigo atual e estado de necessidade; 
→ Provocado por terceiro: Há agressão injusta, pois o animal foi usado como instrumento, sendo o 
revide legítima defesa. 
 
Espécies: 
→ Quanto à forma de reação: 
. Agressiva ou ativa: aquela em que a reação, contra a agressão injusta, configura um fato 
previsto em lei como infração penal; 
. Defensiva ou passiva: aquela em que a reação consiste em conter agressão, sem caracterizar 
fato típico. 
 
→ Quanto à titularidade do bem jurídico protegido: 
. Própria: o agente defende um bem jurídico de sua titularidade; 
. De terceiro: o agente defende um bem jurídico de outra pessoa. 
 
→ Quanto ao aspecto subjetivo de quem se defende: 
. Real: aquela em que estão presentes todos os requisitos do art. 25, CP. Exclui a ilicitude e, em 
consequência, o crime; 
. Putativa ou imaginária: o agente, equivocadamente, supõe presentes os requisitos da legítima 
defesa; 
. Subjetiva ou excessiva: aquela em que o agente, por erro escusável na apreciação da situação 
fática, excede os limites da legítima defesa. O agente poderá ou não responder pelo excesso, 
a depender do caso concreto; É o excesso derivado de erro de tipo escusável ou inevitável, a 
vítima exagera ao interpretar a realidade de forma equivocada, pensando em necessitar de 
meios mais gravosos do que realmente necessita. 
. Sucessiva: é o caso em que o sujeito que sofreu a agressão injusta, reage em legítima defesa, 
porém, com excesso na agressão. Como esse excesso é uma agressão injusta, o que 
inicialmente era agressor fará jus à legitima defesa, sendo possível, portanto, a legítima defesa 
sucessiva. 
 
PONTOS IMPORTANTES: 
(1) Estado de necessidade contra estado de necessidade 
É possível falar em estado de necessidade contra estado de necessidade – lembre-se da “tábua de 
salvação” em naufrágio para duas pessoas. Ambas podem lutar pela tábua para a sua sobrevivência, tirando, 
por exemplo, a vida da outra pessoa para proteger a sua – desde que não sejam causadoras dolosas do perigo, 
é claro, vez que possuem o mesmo interesse jurídico e direito de se proteger. 
 
(2) Erro na execução/aberratio ictus (art. 73, CP) x Estado de necessidade e legítima defesa 
 
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São compatíveis. Havendo erro na execução em razão de estado de necessidade ou legítima defesa, 
a vítima que foi acertada será considerada como se fosse a vítima virtual (pretendida do agente), incidindo 
as excludentes no caso. 
 
(3) Legítima defesa recíproca 
Diferentemente do estado de necessidade, NÃO é possível legítima defesa contra legítima defesa de 
uma pessoa para outra, vez que um dos requisitos é a agressão injusta, de modo que uma delas 
inevitavelmente estará agindo ilegitimamente. Excepcionalmente seria possível legítima defesa real x 
legítima defesa putativa, legítima defesa sucessiva ou legitima defesa putativa recíproca. Mas duas legítimas 
defesas reais, não. 
 
Relembrando que, a legítima defesa sucessiva é aquela que a vítima da agressão injusta, ao se defender, se 
excede nos meios, o que enseja ao agente que iniciou a agressão injusta a possibilidade de se defender, isto 
porque o excesso configura também agressão ilegítima! Na legitima defesa putativa é aquela suposta, em 
que o indivíduo imagina que estão configurados os requisitos da legítima defesa. 
 
Na verdade, NÃO cabe legítima defesa real contra nenhuma outra causa excludente de ilicitude real 
(vez que não será agressão injusta). 
OBS.: Contudo, conforme já visto, é possível o estado de necessidade bilateral. 
 
(4) Legítima defesa putativa recíproca 
É possível que haja uma legítima defesa putativa de uma legítima defesa putativa. Pode ser por 
exemplo, que ambos os indivíduos que já se ameaçaram mutuamente, suponham estar em uma situação de 
perigo atual ou iminente na presença do outro por um gesto como abrir a bolsa ou movimentos bruscos, e 
reagem como se estivessem em legítima defesa. 
 
(5) Legítima defesa culposa 
Não importa a postura subjetiva do agente em relação ao fato, mas somente a injustiça objetiva da 
agressão. É o caso, por exemplo, da legítima defesa real contra a legítima defesa putativa por erro de tipo 
evitável. Ex.: A confundindo B com um seu desafeto e sem qualquer cuidado de certificar-se disso, efetua 
diversos disparos em sua direção. Há uma agressão injusta decorrente de culpa na apreciação da situação de 
fato. Contra esse ataque culposo cabe legítima defesa real. 
 
(6) Legítima defesa contra quem age amparado por excludente de culpabilidade 
 É possível a ocorrência da legítima defesa pois, ainda que não haja culpabilidade, ocorre um fato 
típico e ilícito. Ex.: um inimputável por doença mental agride alguém sem tem capacidade de entender o 
caráter ilícito do fato. Independentemente de sua capacidade de entendimento da ilicitude, sua agressão é 
injusta, ensejando a legítima defesa. 
 
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(7) Legítima defesa em face de bens coletivos 
Em regra, NÃO admitem legitima defesa. É dever do Estado tutelar, não podendo o particular se sub-
rogar no lugar daquele. 
Claus Roxin: bens vitais ao funcionamento do Estado permitem a legítima defesa. 
 
(8) Legítima defesa contra multidão 
 1ª posição: É possível. A agressão é injusta, sendo irrelevante se destinada a alguém individualizado 
ou não. 
 2ª posição: Não é possível. Configura estado de necessidade, visto que a agressão na legitima defesa 
tem que ter destinatário certo. 
 
OBS.1: A defesa contra agressão produzida em caso de um ataque epiléptico NÃO pode ser justificada pela 
legítima defesa, mas seria caso de estado de necessidade. 
OBS.2: É possível legítima defesa contra pessoa jurídica. 
OBS.3: Se alguém desafia outrem e a pessoa aceita, nenhum dos dois estará em legítima defesa. 
OBS.4: Os bens jurídicos supraindividuais NÃO são suscetíveis de legítima defesa. 
 
Hipóteses de NÃO cabimento de legítima defesa: 
• Legítima defesa real contra legítima defesa real;• Legítima defesa real contra estado de necessidade real; 
• Legítima defesa real contra exercício regular de direito; 
• Legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal. 
É que em nenhuma dessas hipóteses possui agressão injusta!! 
 
Resumiremos as hipóteses de cabimento de legítima defesa: 
É CABÍVEL... 
Legítima defesa Agressão injusta de inimputável ou acobertado por outra excludente de 
culpabilidade. 
Legítima defesa real Legítima defesa putativa 
Legítima defesa putativa Legítima defesa putativa 
Legítima defesa putativa Legítima defesa real 
Legítima defesa real Legítima defesa putativa por erro de tipo evitável (culposa) 
Legítima defesa real Legítima defesa subjetiva (excesso derivado de erro de tipo inevitável) 
 
Espécies de excesso: 
 
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a) Doloso ou consciente: Quando o agente, ao se defender de uma injusta agressão, emprega meio que 
sabe ser desnecessário ou, mesmo sabendo da desproporção, atua com imoderação. 
Ex.: para se defender de um tapa, o sujeito mata a tiros seu agressor, caracterizando excesso doloso. 
Se constatado o excesso doloso, a consequência é a responsabilidade do agente pelo resultado, no 
exemplo citado o agente responderá pelo homicídio doloso. 
 
b) Culposo ou inconsciente: Não houve intensificação intencional, pois o sujeito imaginava-se ainda 
sofrendo o ataque, tendo o seu excesso decorrido de uma equivocada apreciação da realidade. 
 
c) Exculpante: Não deriva nem de dolo, nem de culpa, mas de um erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias (legitima defesa subjetiva). 
 
3. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 
 
Diz respeito à agressão a bens jurídicos pelos agentes públicos no exercício de suas atribuições (art. 
23, III, CP). Haveria incoerência caso o ordenamento jurídico impusesse um dever a alguém e o punisse 
criminalmente por isso. 
Trata-se, portanto, de uma causa de exclusão da ilicitude que consiste na prática de um fato típico 
em razão de o agente cumprir uma obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não. 
Ex.: o policial que priva o fugitivo de sua liberdade, ao prendê-lo em cumprimento de ordem judicial. 
 
O estrito cumprimento do dever legal beneficia os agentes públicos em geral, mas é possível que o particular 
também seja amparado pela excludente, desde que esteja cumprindo estritamente um dever legal. Ex.: 
advogado que omite informações, recusando-se a depor, em razão do segredo profissional estabelecido no 
EOAB. 
 
→ O dever legal abarca a lei em sentido amplo, ou seja, qualquer ordem ou comando advindos do 
Estado. 
→ Se o agente se exceder, responderá pelo excesso. Caberia, por exemplo, legítima defesa diante desse 
excesso. 
→ NÃO é compatível com os crimes culposos¸ uma vez que a lei não obriga ninguém a ser imprudente, 
negligente ou imperito. 
→ No concurso de pessoas, o estrito cumprimento do dever legal para um dos agentes se comunica 
aos demais que concorreram para o fato. 
→ O agente deve ter consciência que está agindo acobertado por excludente (elemento subjetivo). 
→ O autor Cláudio Brandão expõe que esse dever legal deve decorrer de norma de caráter geral, caso 
seja uma norma individualizada, pode haver a exclusão da culpabilidade por obediência hierárquica, 
em que o agente atua em razão de ordem não manifestamente ilegal. 
 
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→ O cumprimento do dever deve ser estrito, ou seja, não abrange excessos ou desvios. 
 
A teoria da tipicidade conglobante de Zaffaroni promove o esvaziamento do instituto. Isso porque, o estrito 
cumprimento do dever legal é analisado na tipicidade, uma vez que não se verifica a antinormatividade da 
conduta. 
Para a teoria da imputação objetiva de Roxin, o estrito cumprimento do dever legal também pode ser 
analisado na tipicidade, estando dentro do risco permitido. 
 
DICA DD! O policial que mata o criminoso em uma troca de tiros NÃO age em estrito cumprimento do dever 
legal. Não é dever de ninguém matar alguém. Nesse caso, o agente de segurança pública age em LEGÍTIMA 
DEFESA, própria ou de terceiros. 
 Não ocorre estrito cumprimento do dever legal na hipótese de policial matar criminoso em fuga. De 
acordo com o STJ, a lei proíbe a autoridade, seus agentes ou quem quer que seja, desfechar tiros contra 
pessoas em fuga (REsp 402.419/RO). Se esta fuga, contudo, estiver acoplada a uma agressão injusta, contudo, 
poderá a atuação do agente configurar legítima defesa. 
 
● Excesso no estrito cumprimento do dever legal: Tanto no excesso doloso como no excesso 
culposo na atuação em estrito cumprimento do dever legal, temos a ruptura dos limites do 
dever. 
Nessas hipóteses, o agente deixa de estar amparado pelo estrito cumprimento do dever legal porque 
ele se excede, ou seja, ele ultrapassa os limites impostos pela norma. 
Pergunta-se: Quais seriam as consequências imediatas dessa ruptura dos limites, ou seja, desse 
excesso praticado pelo agente? 
R.: Exclui a licitude da conduta, ou seja, se ele se excedeu, ele deixa de estar em estrito cumprimento 
do dever legal, deixando de estar amparado uma causa excludente da ilicitude. 
Além disso, se ele deixa de agir em estrito cumprimento do dever legal, o excesso acaba permitindo 
a legítima defesa da pessoa agredida em seu direito (da pessoa que sofreu o excesso). 
Ex.: ‘A’ atuando em estrito cumprimento do dever legal, configura uma conduta lícita, de modo que 
‘B’ (pessoa que está sofrendo os efeitos desse ato), não pode fazer nada, não pode repelir pois a conduta de 
‘A’ é lícita. Se ‘A’ se excede nos limites do estrito cumprimento do dever legal, sua conduta se torna ilícita, o 
que abre a possibilidade para ‘B’ repelir essa injusta agressão, repelir esse excesso. Assim, ‘B’ pode atuar em 
legítima defesa, pois ele está tendo seu direito agredido na medida em que a pessoa não está agindo em 
estrito cumprimento do dever legal (por causa do excesso). 
O estrito cumprimento do dever legal abarca o particular ou apenas funcionário público? 
Existe divergência doutrinária. Para grande parte o particular pode invocar esta excludente de ilicitude. Ex: 
Advogada que se nega a depor em juízo, sobre fatos confidenciais do cliente. Para o autor André Stefan como 
regra, aplica-se na conduta de agente público e, excepcionalmente, de particular. Como exemplo de dever 
 
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legal incumbido a particular costuma-se lembrar do dever dos pais quanto à guarda, vigilância e educação 
dos filhos. 
 
4. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
 
São as ações do cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei e 
condicionadas à regularidade do exercício desse direito. 
Exercício REGULAR de direito, ou seja, com proporcionalidade e observância de limites. Se houver 
excesso o agente deve ser responsabilizado. Ademais, deve, de fato, ser um “direito”, estando previsto direta 
ou indiretamente em lei. Conforme doutrina majoritária, NÃO pode ser baseado em costume (parte 
minoritária entende que seria possível). 
São requisitos: 
● Proporcionalidade 
● Indispensabilidade 
● Elemento subjetivo 
Também é necessário que o agente tenha consciência que está agindo acobertado por excludente. 
Ex.: 
. Lesões em práticas esportivas; 
. Prisão em flagrante realizada por particular (flagrante facultativo); 
. Intervenções médicas ou cirúrgicas (que também podem caracterizar estado de necessidade 
a depender da situação, quando a intervenção médica não foi autorizada pelo paciente, por 
exemplo); 
. Direito de castigo dos pais em relação aos filhos. 
 
A teoria da tipicidade conglobante de Zaffaroni promove o esvaziamento do instituto. Isso porque, o 
exercício regular do direito é analisado na tipicidade quando envolver atividades fomentadas pelo Estado, 
uma vez que não se verificaa antinormatividade da conduta. 
Assim, cabe a distinção: 
. Exercício regular do direito incentivado (pelo ordenamento jurídico): exclui a tipicidade (ex.: cirurgia 
médica emergencial). 
. Exercício regular do direito permitido (pelo ordenamento jurídico): é antinormativo, porém tolerado, razão 
pela qual exclui a ilicitude (ex.: cirurgia médica estética). 
 
Estrito cumprimento de dever legal x Exercício regular de direito 
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
 
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Compulsório: o agente é obrigado a 
cumprir o dever legal. 
 
 
Facultativo: o agente é autorizado a atuar 
pelo ordenamento jurídico, mas a ele 
pertence a opção entre exercer ou não o 
direito assegurado. 
 
Aprofundando para provas discursivas / orais: 
O estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito são considerados DESCRIMINANTES 
PENAIS EM BRANCO, vez que o conteúdo da norma permissiva (que impõe o dever ou permite a conduta 
como direito) precisa ser complementado por outra norma jurídica. Não está pré-definido no CP quais são 
os deveres legais ou os direitos que podem regularmente ser exercidos. Virão de outra fonte normativa. 
(Caiu na prova oral de Delegado SP) 
 Fenômeno semelhante ao que ocorre nas estudadas “leis penais em branco” em que o conteúdo definitivo 
da norma se deduz de outra norma jurídica, da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. Isto porque o 
complemento destas excludentes decorre de normas extrapenais. Por exemplo, o possuidor de um bem 
imóvel, turbado ou esbulhado em sua posse, tem direito assegurado pela legislação civil de, com sua “própria 
força”, praticar atos tendentes a se manter ou se reintegrar na posse do bem. A atitude de quem proceder 
dessa maneira não será considerada criminosa, por força do art. 23, III, do CP, combinado com o art. 1.210 
do CC. 
 
ATENÇÃO: OFENDÍCULOS 
a) Nomenclatura: 
Doutrina MAJORITÁRIA: ofendículos = ofensáculos = defesas pré-dispostas. 
Doutrina minoritária: diferencia ofendículos e ofensáculos de defesas pré-dispostas: 
- Defesas mecânicas pré-dispostas: Estariam ocultas e seriam ignoradas pelo agressor. Seriam 
engenhos, armadilhas ocultas, com o intuito de que o engenho funcionasse de forma oculta 
sem que o agressor tivesse conhecimento. Nesse sentido, se ela estiver oculta, ela não estaria 
abrangida pela causa de justificação. 
- Ofendículos: Estão aparentes e podem ser percebidos facilmente. 
 
b) Conceito: Os ofendículos são aparatos pré-ordenados para defesa do patrimônio. Meio que as pessoas 
utilizam para defender principalmente a propriedade e a inviolabilidade domiciliar (ex.: cacos de vidros 
nos muros, cerca elétrica, pontas de lanças no portão etc.). 
→ Devem ser visíveis, caso contrário, estará configurado excesso. 
 
c) Natureza jurídica: 
☞ Doutrina MAJORITÁRIA: Enquanto o ofendículo não é acionado, o indivíduo age em 
exercício regular de um direito. 
 
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☞ Porém, quando é acionado o aparato protetor, a fim de repelir a injusta agressão, o indivíduo 
agirá em legítima defesa preordenada. 
Doutrina minoritária: Diferencia objetos visíveis, que para esta são ofendículos e configuram 
exercício regular do direito, e objetos ocultos, que seriam “defesas mecânicas predispostas”, configurando 
legítima defesa. 
Nessa hipótese de ofendículo oculto, caso venha a agredir pessoa inocente, estaria configurada a 
descriminante putativa da legítima defesa putativa (exclui dolo e permite punição por culpa caso haja 
previsão legal). 
 
1.3.2. Causas Supralegais de Exclusão da Ilicitude 
 
(1) CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
a) Natureza jurídica: É uma causa supralegal de exclusão da ilicitude. 
 
Importante relembrar que se o consentimento do ofendido for elementar do crime, a análise é de tipicidade, 
não havendo que se falar em excludente de ilicitude. Um exemplo é o crime de violação de domicílio: Art.150 
do CP: entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de 
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. Nota-se a partir da leitura que o consentimento 
do ofendido é sua elementar (elementar é um elemento do tipo penal cuja ausência impede configuração do 
delito, impede a tipicidade formal, pois, se há consentimento, torna-se a conduta atípica). Se não for 
elementar do tipo, pode-se analisar se a hipótese de exclusão da ilicitude. 
 
b) Requisitos: 
i. Único titular / bem próprio; 
ii. Agente capaz de consentir; 
iii. Consentimento moral e que respeita os bons costumes; 
iv. A doutrina tradicional diz que deve ser expresso, mas não precisa ser formal (pode ter qualquer 
forma). A doutrina moderna admite também a tácita; 
v. Prévio ou simultâneo à conduta, não admitindo que seja posterior (caso seja, pode ser causa extintiva 
da punibilidade, como por exemplo a renúncia ou o perdão nas ações privadas); 
vi. Bem disponível; 
vii. O agente que comete o fato típico deve ter ciência desse consentimento (elemento subjetivo). 
 
OBS.1: É cabível em crimes culposos. Ex.: vítima de lesão corporal de trânsito concordou com o excesso 
de velocidade. 
OBS.2: Se a falta de consentimento da vítima for elemento do fato típico, o consentimento excluirá a 
própria tipicidade. 
 
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Exemplo: 
Artigo 213 do CP (Estupro) Artigo 163 do CP (Dano) 
O não consentimento do ofendido é 
elementar do tipo. 
O não consentimento do ofendido não é 
elementar do tipo. 
 
 
Conclusão: se o ofendido consente o 
fato deixa de ser típico. 
Conclusão: se o ofendido consente o fato 
típico deixa de ser ilícito. 
 
(2) ABORTO NECESSÁRIO OU TERAPÊUTICO (art. 128, I): 
. Quando há risco de vida para a gestante; 
. Doutrina majoritária entende que a natureza jurídica do aborto necessário é uma causa especial de 
estado de necessidade (Greco e Busatto). 
 
(3) ABORTO SENTIMENTAL OU HUMANITÁRIO (art. 128, II): 
. Quando resulta de estupro. 
 
(4) Art. 37, Lei 9605/98: 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
I - Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; 
II - Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora 
de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade 
competente; 
III – (VETADO) 
IV - Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. 
 
1.4. Excesso na Justificante 
 
Conforme previsão do art. 23, mesmo que esteja inicialmente acobertado pelas justificantes, o 
agente responderá pelo excesso doloso ou culposo. O excesso pode incidir em qualquer uma das 
excludentes de ilicitude. 
De acordo com a doutrina, esse excesso poderá ser: 
● Doloso: O sujeito, propositalmente, se propõe a ultrapassar os limites da justificante. Responderá 
dolosamente pelo crime, ainda que o início da reação tenha sido legítimo. Será observado o 
resultado. 
● Culposo: O sujeito reage à uma agressão injusta, e, ao se defender, extrapola os limites sem que esta 
fosse a sua intenção. Falta com seu dever objetivo de cuidado, agindo com imprudência, imperícia 
ou negligência. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/1998/Vep181-98.pdf
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Responderá culposamente pelo crime, caso haja previsão legal da modalidade culposa. 
 
● Acidental: Não decorre de um fato realizado pelo sujeito, e sim de caso fortuito ou força maior, de 
modo que do ponto de vista penal, é irrelevante. O código penal diz que o sujeito só responderá se 
agir com excesso doloso ou culposo, não abarcando acidental e nem podendo o agente responder 
por este, vez que não há dolo ou culpa. 
 
● Exculpante: Decorre de uma perturbação do estado anímico do agente,que lhe retira a capacidade 
de atuar racionalmente, geralmente pelo medo ou susto. Como não foi tratado pelo código penal e 
a doutrina diverge sobre sua consequência. Parte entende que o agente poderá responder se agiu 
culposamente. Outra parte, por sua vez, entende que, embora a conduta não esteja amparada pela 
excludente de ilicitude, é possível que sua culpabilidade seja afastada por inexigibilidade de conduta 
diversa, tendo em vista que o indivíduo está fora de si. 
 
● Extensivo (Impróprio): é o excesso que ocorre em razão do uso imoderado de meios necessários. 
Nesse caso, há o prolongamento da ação por tempo superior ao estritamente necessário (ou seja: 
a reação persiste mesmo depois de cessada injusta agressão). 
● Intensivo (Próprio): É a utilização de meios desproporcionais ou desnecessários durante a injusta 
agressão. Nesse caso, ao contrário do excesso extensivo, agressão ainda não cessou. 
Ex:. um lutador de muay thai que começa uma discussão com uma pessoa com força física muito 
inferior a dele, onde ele poderia facilmente conter, porém ao invés disso, saca uma arma de fogo e 
dispara até acabar as munições disponíveis. 
 
 Contudo, caiu em prova (PC-PR/2021) que, segundo parte da doutrina, mesmo o excesso de legítima 
defesa pode ser considerado não culpável, quando for determinado por medo, susto ou perturbação. Sobre 
o tema, Guilherme de Souza Nucci afirma que: 
Trata-se de uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade, não prevista 
expressamente em lei. Como vimos defendendo na possibilidade do 
reconhecimento de excludentes supralegais, o excesso exculpante seria o 
decorrente de medo, surpresa ou perturbação de ânimo, fundamentadas na 
inexigibilidade de conduta diversa. O agente, ao se defender de um ataque 
inesperado e violento, apavora-se e dispara seu revólver mais vezes do que seria 
necessário para repelir o ataque, matando o agressor. Pode constituir-se uma 
hipótese de flagrante imprudência, embora justificada pela situação especial por 
que passava. 
Tendo em vista que, na legítima defesa, a vítima desconhece as intenções do agressor bem como o 
alcance da agressão, não se pode exigir que reaja na mesma proporção da agressão. A pessoa agredida tem, 
 
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via de regra, seu estado psicológico-emocional alterado diante da situação que se impõe, o que deve ser 
sopesado pelo julgador. 
 
1.5. Excludente de Ilicitude e Indenização no Cível 
 
 A justificante reconhecida na esfera penal, geralmente, faz coisa julgada no cível, ou seja, afasta o 
direito à indenização para quem sofreu conduta típica e lícita. 
Nesse sentido, estabelece o Código de Processo Penal: 
 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato 
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
Contudo, há exceções. O direito à indenização subsiste nas hipóteses de: 
i. Estado de necessidade agressivo (sacrifício de bem pertencente a quem não causou o 
perigo); 
ii. Erro na execução quando da ação justificante que resulta em ofensa a bem jurídico de 
terceiro; 
iii. Justificante putativa (casos de erros sobre as causas de justificação: erro de tipo permissivo 
e erro de proibição indireto). 
 
2. CULPABILIDADE 
 
É o terceiro substrato do conceito analítico de crime e consiste no juízo de reprovação indispensável 
para configurar infração penal. 
Segundo o autor Pacelli, é “a valoração negativa dos princípios orientadores pelos quais o autor se 
deixou levar na formação de sua vontade e por isso o fato cometido por ele deve ser reprovado. Assim, 
culpabilidade é a reprovação da formação da vontade”. 
É possível dividir a culpabilidade em: 
● Culpabilidade formal: É o juízo abstrato de reprovabilidade realizado em relação ao provável autor 
de um fato típico e ilícito, se presentes os elementos da culpabilidade, no momento em que o 
legislador incrimina a conduta. Portanto, a culpabilidade formal serve para o legislador fixar os limites 
da pena atribuída a determinada infração penal. 
● Culpabilidade material: É o juízo realizado no caso concreto sobre um agente culpável que cometeu 
um fato típico e ilícito, destinado à aplicação pelo magistrado na fixação da pena concreta. 
 
● Pergunta-se: A culpabilidade é do autor ou é do fato? 
 
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R.: Prevalece, na doutrina, que o direito penal brasileiro adotou a culpabilidade do fato. O objeto da 
censura, de fato, é o agente, mas ele é censurado pelo que ele fez, e não pelo que ele é. Assim, a culpabilidade 
é do fato. 
 
Um pouquinho de doutrina para aprofundarmos 
COCULPABILIDADE: 
Conforme a teoria da coculpabilidade, criada por Zaffaroni, o Estado teria parcela de responsabilidade 
nos fatos realizados por criminosos que não tiveram acesso aos direitos fundamentais mínimos que 
deveria, como escola, saúde, afeto, oportunidades e assim terem trilhado o caminho do crime. 
NÃO há na legislação pátria previsão expressa dessa teoria, tratando-se de construção doutrinária. No 
entanto, segundo a doutrina, é possível aplicá-la por meio da atenuante genérica inominada do art. 66 do 
CP. 
Porém, é possível notar que tal preocupação vem sendo inserida de modo abstrato nos diplomas 
legais, como no art. 2º da lei 12.288/10, art. 227 da CF, art. 19, IV da Lei de Drogas, dentre outros. 
No STJ há uma divergência entre as turmas: 
6ª Turma: 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONDENAÇÃO. APELAÇÃO JULGADA. PRETENSÕES DE ABSOLVIÇÃO 
E DESCLASSIFICAÇÃO. VIA INADEQUADA. EXAME APROFUNDADO DAS PROVAS. TEORIA DA CO-
CULPABILIDADE DO ESTADO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ORDEM DENEGADA.1. Hipótese em que as instâncias 
originárias examinaram, com profundidade, os elementos de convicção produzidos nos autos da ação penal, 
concluindo pela condenação do paciente. Inviável atender a pretensão defensiva, de absolvição ou 
desclassificação da conduta, nesta via estreita do mandamus, em que vedado o revolvimento fático-
probatório.2. O Superior Tribunal de Justiça não tem admitido a aplicação da teoria da co-culpabilidade do 
Estado como justificativa para a prática de delitos. Ademais, conforme ressaltou a Corte estadual, sequer 
restou demonstrado ter sido o paciente prejudicado por suas condições sociais. 3. Habeas corpus denegado 
(HC 187.132/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 18/02/2013). 
5ª Turma: 
HABEAS CORPUS. ATENUANTE GENÉRICA. ART. 66 DO CÓDIGO PENAL. COCULPABILIDADE. NECESSIDADE DE 
REEXAME DE FATOS E PROVAS. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. A atenuante genérica prevista no art. 66 do 
Código Penal pode se valer da teoria da coculpabilidade como embasamento, pois trata-se de previsão 
genérica, que permite ao magistrado considerar qualquer fato relevante - anterior ou posterior à prática 
da conduta delitiva - mesmo que não expressamente previsto em lei, para reduzir a sanção imposta ao réu; 
2. No caso destes autos não há elementos pré-constituídos que permitam afirmar que a conduta criminosa 
decorreu, ao menos em parte, de negligência estatal, de modo que a aplicação do benefício pleiteado 
depende de aprofundado exame dos fatos e provas coligidos ao longo da instrução para que se modifique o 
entendimento da Corte de origem acerca da inaplicabilidade da atenuante. Tal providência, porém, não se 
coaduna com os estreitos limites do habeas corpus. 
 
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3. Habeas corpus não conhecido. (HC 411.243/PE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
07/12/2017, DJe 19/12/2017). 
 
COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS: 
Enquanto a coculpabilidade entende ser menos reprovável a conduta de quem não teve 
oportunidades, a coculpabilidade às avessas atribui uma maior reprovabilidade do comportamento do 
sujeitoque teve todas as oportunidades e faz uma crítica a impunidade destes e à seletividade do sistema 
penal. 
Não foi criada por Zaffaroni, e sim desenvolvida no Brasil por Gregori Moura. 
Possui duas críticas basilares. 
Primeiro, critica o abrandamento das penas no tocante aos delitos praticados por pessoas com alto 
poder econômico social. Ex.: extinção da punibilidade pelo pagamento do crédito tributário. 
Segundo, critica o fato de o Estado tratar de forma mais gravosa as condutas passíveis de serem 
cometidas principalmente ou até exclusivamente por parte de pessoas com menores condições. Ex.: Lei de 
Contravenções Penais: revogada mendicância. 
Assim, além de o Estado não fornecer a todos condições mínimas de ensino, saúde e educação de 
qualidade, criminaliza condutas decorrentes de tal exclusão social. 
Por isso, há uma coculpabilidade às avessas ao indivíduo que, a par de todas as oportunidades, decidiu 
ingressar no mundo do crime. 
Também não possui previsão legal, mas parte da doutrina entende que poderia ser considerada na 
fixação da pena base, como um maior grau de reprovabilidade na conduta do agente, de forma 
fundamentada, nas condições do art. 59 (mas como agravante não). 
 
2.3. Funções da Culpabilidade 
 
 A culpabilidade possui três sentidos, conforme aponta a doutrina: 
● Elemento da estrutura analítica do crime: Culpabilidade constitui um juízo de reprovação, de 
censura, que incide sobre o agente por ter atuado de forma contrária ao direito. A culpabilidade é 
estabelecida segundo a teoria normativa pura do finalismo e é formada por imputabilidade; potencial 
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. (trata-se do sentido estudado nesse ponto 
do material). 
● Exigência da responsabilidade penal subjetiva no Estado Democrático de Direito: Impede a 
responsabilidade penal objetiva, uma vez que a responsabilidade do agente deve ser fundada em 
uma conduta dolosa ou culposa devidamente demonstrada, afastando-se qualquer possibilidade de 
“dolo presumido”. Trata-se da análise do dolo na conduta (primeiro elemento do conceito analítico). 
● Medida da individualização da pena. Trata-se de elemento expressamente previsto no art. 59, CP, a 
ser aferido na primeira fase de dosimetria da pena, escolha do regime inicial (art. 33, §3º, CP), 
 
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substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44), entre outros momentos 
da fixação da pena. 
 
Confira a dica do Professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/-Sc2AUDZVu8 
 
 
2.2. Elementos da Culpabilidade 
 
1. Imputabilidade; 
2. Exigibilidade de conduta diversa; 
3. Potencial consciência da ilicitude. 
 
Vimos na primeira etapa da teoria do crime que esse conceito e esses elementos sofreram mudanças 
ao longo do tempo, certo? Aqui traremos apenas um resumo de revisão da parte mais afeta à culpabilidade, 
e dicas, em vídeo, do Professor Marcelo Veiga: 
 
SISTEMA PENAL CARACTERÍSTICAS 
 
CLÁSSICO 
(Franz von Liszt e Ernst von 
Beling) 
 
https://youtu.be/fznzJouOa5M 
 
Teoria da culpabilidade: psicológica 
A culpabilidade seria o vínculo psicológico entre o sujeito e o 
fato típico e ilícito. Esse vínculo pode ser representado tanto 
pelo dolo como pela culpa. 
 
Culpabilidade formada por: Imputabilidade (pressuposto) e 
dolo e culpa (espécies). 
 
Dolo: normativo (consciência atual da ilicitude) 
 
https://youtu.be/-Sc2AUDZVu8
https://youtu.be/fznzJouOa5M
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NEOCLÁSSICO 
 (Reinhart Frank) 
 
https://youtu.be/cQilh0qcOLE 
 
 
 
Teoria da culpabilidade: psicológico-normativa 
A culpabilidade seria o juízo de reprovabilidade que recai 
sobre o autor de um fato típico e ilícito que poderia ter sido 
evitado. 
 
Entra exigibilidade de conduta diversa. 
Reinhart Frank: Teoria da normalidade das circunstâncias 
concomitantes 
 
Elementos da culpabilidade: Imputabilidade, dolo e culpa e 
Exigibilidade de conduta diversa. 
 
Dolo: normativo (consciência atual da ilicitude). 
 
 
FINALISTA 
Adotado pelo CP. 
(Hans Welzel) 
 
https://youtu.be/cdVEeqdE_6U 
 
 
 
Teoria da culpabilidade: NORMATIVA PURA*. 
 
Entra “potencial consciência da ilicitude” (que antes integrava 
similarmente o dolo, mas era ATUAL). 
 
Elementos da culpabilidade: Imputabilidade, exigibilidade de 
conduta diversa e POTENCIAL consciência da ilicitude. 
 
Dolo: natural (só tem como elementos “vontade e 
consciência” e SAI da culpabilidade, passando a integrar a 
CONDUTA, no fato típico). 
 
 
https://youtu.be/cQilh0qcOLE
https://youtu.be/cdVEeqdE_6U
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A TEORIA NORMATIVA PURA da culpabilidade se subdivide em duas: extremada/estrita e limitada. Os 
elementos e as ideias em geral são as mesmas, mudando APENAS o tratamento no tocante às descriminantes 
putativas. 
🡺 Para a extremada, elas serão sempre excludentes da culpabilidade – sempre erro de proibição 
🡺 Para a limitada, podem excluir culpabilidade ou tipicidade. Pode ser erro de proibição ou erro de 
tipo. Teoria adotada pelo CP. 
 
Perspectiva limitada da culpabilidade: 
Se concebem como elementos da culpabilidade a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a 
potencial consciência da ilicitude. Sua diferença com a teoria normativa pura, em sua vertente estrita, 
restringe-se á natureza jurídica das descriminantes putativas sobre os fatos, ou seja, aquelas que decorrem 
da incorreta percepção da realidade pelo agente: 
🡺 O erro sobre os fatos, nas descriminantes putativas, é tratado como erro de tipo, um erro de tipo 
permissivo. Logo, o erro sobre os pressupostos fáticos, sobre a realidade, que faz o agente pensar 
estar acobertado por uma excludente de ilicitude, deve ser tratado como erro de tipo. É a chamada 
descriminante putativa por erro de tipo. Se inevitável, exclui a tipicidade. Se evitável, possibilita a 
punição da conduta a título de culpa, se a lei previr a modalidade culposa do delito; 
🡺 Em contrapartida, se o agente crê estar acobertado por uma causa excludente de ilicitude por 
errônea interpretação da norma, teremos uma descriminante putativa por erro de proibição, 
também chamado erro de proibição indireto. (também chamado de erro de permissão). Se a 
conduta for inevitável, há isenção de pena, por exclusão da culpabilidade. Se a conduta for evitável, 
a pena deve ser diminuída de um sexto a um terço. 
 
Aprofundando a temática (Cobrada em DPC BA e DPC GO) 
Os partidários da TEORIA FUNCIONALISTA da culpabilidade entendem que a culpabilidade é limitada pela 
finalidade preventiva da pena. Isso porque, constatada a desnecessidade da pena, o agente não será punido. 
Trata-se de proposta consistente em substituir a culpabilidade fundada em um juízo de reprovabilidade por 
necessidades reais ou supostas de prevenção. Pretende-se que, em vez de questionar se o autor do fato 
podia atuar de outro modo, pergunte-se: “em face das finalidades da pena, é necessário ou não torná-lo 
responsável pela violação do ordenamento jurídico?”. Fonte: Direito Penal - Parte Geral - Vol.1; 2017 - Cleber 
Masson. 
Os defensores da prevenção geral positiva como fim independente da pena, em geral, não questionam a 
função limitadora da pena que desempenha o princípio da culpabilidade, mas sim negam a sua função 
fundamentadora da pena. Ou seja, aceitam que a culpabilidade constitua o limite máximo da medida da pena 
- efeito limitador da culpabilidade -, atribuindo à prevenção a função de fundamentar e ao mesmo tempo 
limitar a pena. 
 
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De acordo com essa tendência, não é a culpabilidade individual, mas sim exclusivamente a necessidade de 
obter determinados fins com a imposição de uma pena o que justifica a sua aplicação.2.1.1. Imputabilidade 
É o conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a capacidade de discernir e 
compreender os seus atos. Ou seja, de atribuir responsabilidade por uma conduta típica e ilícita. 
A inimputabilidade exclui a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente, enquanto 
a semi-imputabilidade a reduz. 
Momento para análise: ação ou omissão. Teoria da atividade. 
 
a) Sistemas de imputabilidade: 
A imputabilidade é presumida em relação a todos os sujeitos, sendo excluída se demonstrada alguma causa 
de excludente de culpabilidade. Alguns critérios para se adotar na aferição da culpabilidade: 
 
● Biológico: Considera apenas o desenvolvimento mental ou idade, independente da capacidade de 
entendimento e autodeterminação. 
● Psicológica: Considera apenas a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente no 
momento da conduta, independentemente de sua condição mental. 
● Biopsicológico: Critério que combina os dois anteriores. Considera o desenvolvimento mental do 
agente e sua capacidade de entendimento no momento da conduta. Para esta teoria, considera-se 
inimputável aquele que, em razão da sua condição mental (doente mental, ou desenvolvimento 
mental incompleto), vai ser ao tempo da conduta inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. Logo, possui 3 requisitos para que 
pessoa seja considerada inimputável: 
1. Causal: exige-se a inexistência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado. 
2. Consequencial: o agente deve possuir a capacidade de entender (momento cognitivo) e da 
capacidade de querer (momento volitivo). Devendo entender o que faz e ser capaz de se 
determinar conforme seu entendimento; 
3. Cronológico: exige que a imputabilidade seja constada ao tempo do crime, ou seja, no momento 
da ação ou omissão do sujeito. (teoria da atividade). 
 
Obs: apesar do CP adotar em regra, o critério biopsicológico, também adota-se o biológico, pois, segundo a 
doutrina, referente à inimputabilidade dos menores de 18 anos. 
 
🡺 O inimputável, salvo se for menor de idade (procedimento específico), será denunciado e 
processado penalmente, mas não será condenado, e sim absolvido. Essa absolvição pode ser 
 
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própria (sem imposição de sanção), caso faça jus a ela, ou imprópria, quando todos os 
demais elementos forem preenchidos, mas o agente for inimputável (exceto pela idade), que 
acarretará a aplicação de uma sanção penal, denominada de MEDIDA DE SEGURANÇA, com 
natureza de tratamento. 
🡺 Já o semi-imputável, será condenado, mas a sua pena será REDUZIDA DE 1/3 A 2/3, podendo 
ser substituída, se necessário, por medida de segurança. 
 
Atenção! Jamais cumprirá as duas. Antes, isso até era possível, vez que o sistema adotado era o Duplo 
Binário, em que o semi-imputável cumpria inicialmente a pena diminuída e depois medida de segurança. 
Hoje, o Código adota o sistema VICARIANTE/UNITÁRIO, em que o agente deve cumprir ou uma, ou outra. 
 
b) Excludentes da imputabilidade: 
 
● Em razão de anomalia psíquica (art. 26, CP): Sistema biopsicológico. 
O agente pode ser inimputável ou semi-imputável, como vimos. 
● Em razão da idade do agente (art. 27, CP e 228 da CP): Sistema biológico. Se é menor de 18 anos é 
inimputável. Há, nesse caso, presunção absoluta de inimputabilidade. Não podem ser submetidos à 
justiça penal. Responderão pela prática de ato infracional análogo a crime perante o Juizado da 
Infância e Juventude. 
 
Súmula 74 STJ – Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu 
requer prova por documento hábil. (Qualquer documento hábil). 
 
Emancipação civil NÃO altera em nada a inimputabilidade penal do menor de 18 anos. 
Não esquecer da Súmula 711 do STF: “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Ou seja, se o 
agente iniciou a conduta menor, mas já era maior quando cessou, será considerado imputável, de modo que 
lhe será aplicada a justiça penal comum. 
 
● Embriaguez completa acidental: Sistema psicológico. 
A prova da inimputabilidade do maior de 18 anos ocorre mediante perícia médica. Trata-se do 
incidente de insanidade mental (processo penal), sendo analisada caso a caso, ou seja, em cada processo 
contra o agente deve haver uma nova perícia para verificar a imputabilidade. 
 
EMBRIAGUEZ 
ORIGEM GRAU 
 
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Acidental: 
. Caso fortuito: agente ignora o efeito. 
. Força maior: agente é obrigado a ingerir 
substância de que conhece o efeito. 
. Completa: Exclui a imputabilidade. 
. Incompleta: Diminui pena. 
Não acidental: 
. Voluntária: agente quer se embriagar 
(mas não quer cometer o crime). 
. Culposa: negligente (não queria nem se 
embriagar e nem cometer o crime). 
 
. Completa 
. Incompleta 
NENHUMA exclui a imputabilidade! 
Patológica: doentia. Pode se enquadrar no art. 26, sendo 
analisada com base nele. 
 
Preordenada: agente se embriaga para 
cometer crime. 
Teoria da actio libera in causa. 
. Completa 
. Incompleta 
NÃO exclui a imputabilidade e é agravante 
de pena. 
 
Caiu na Prova Delegado BA/2022! No que diz respeito à imputabilidade penal, assinale a alternativa 
incorreta. 
a) A paixão e a emoção não excluem a imputabilidade penal 
b) A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento 
c) É isento de pena o agente que, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento 
d) A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não exclui a 
imputabilidade penal 
e) Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas 
na legislação especial 
Gabarito: Letra “C” 
 
 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (teoria da ação livre da causa): Serve para justificar a punição de ato 
transitório revestido de inconsciência, decorrente de ato antecedente que foi livre na vontade, 
transferindo-se para este momento anterior a constatação da imputabilidade. A teoria busca analisar à 
 
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vontade no momento em que o agente ainda estava sóbrio, vez que “bebeu porque quis”. E até aqui tudo 
bem. 
Porém, o CP também a utiliza para a embriaguez voluntária ou culposa, em que o agente não tinha a 
intenção prévia de cometer crime e, sobre isso, temos três correntes: 
1ª Corrente: É responsabilidade penal objetiva, sendo inaceitável; 
2ª Corrente: É responsabilidade penal objetiva, mas necessária para proteger o interesse público; 
3ª Corrente: Não se trata de responsabilidade penal objetiva e seria até desnecessária sua utilização, 
vez que na embriaguez existe uma vontade residual, que fundamenta a responsabilidade penal. 
 
OBS.: Ainda que sejam de elevada intensidade, a emoção e a paixão NÃO excluem a imputabilidade penal. 
Contudo, o Código Penal, implicitamente, permite duas exceções a essa regra: I – coação moral irresistível, 
em face da inexigibilidade de conduta diversa; e II – estado patológico, no qual se constituem autênticas 
formas de doença mental. 
 
Caiu na prova Delegado PF/2021: A imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a alguém a 
responsabilidade pela prática de uma infração penal. (item correto). 
 
2.1.2. Potencial Consciência de Ilicitude 
Aferição se o sujeito possui condições decompreender que a sua conduta é reprovável. Conforme 
doutrina majoritária (Geraldo Prado e Masson), isso é feito com base na “valoração da esfera do profano”. 
Ainda que o agente desconheça o dispositivo em si, basta que na sua condição de leigo (profano) saiba 
identificar que sua conduta é ilícita. 
Enquanto na análise do fato típico ou da ilicitude se utiliza da figura do “homem médio”, para aferir 
culpabilidade se avalia a partir das condições do próprio agente. 
O que vai excluir a potencial consciência da ilicitude e, por ela, a culpabilidade, é o erro de proibição, 
se inevitável. Quando for evitável, haverá diminuição de pena. 
 
AUSÊNCIA 
Consciência da Ilicitude Potencial Consciência da Ilicitude 
ATENUANTE 
(art. 65 do CP – desconhecimento da 
ilicitude da conduta) 
ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL 
 
 
Atenção! Não devemos confundir a exigência de potencial consciência da ilicitude com a possibilidade de o 
agente alegar o desconhecimento da lei. A ignorância sobre o conhecimento de existência de lei não é causa 
de exclusão de culpabilidade. Nesse sentido, há previsão na LINDB que ninguém pode se escusar de cumprir 
a lei, alegando que não a conhece. Entretanto, a ignorância da lei é causa atenuante da pena, esta previsão 
 
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se encontra no art.65, II do Código Penal. Esta norma é aplicável aos crimes. Na lei de contravenções penais, 
porém, há previsão específica que no caso de ignorância ou errada compreensão da lei, quando escusáveis, 
a pena pode deixar de ser aplicada. 
 
2.1.3. Exigibilidade de Conduta Diversa 
 
De acordo com o autor Masson, a exigibilidade de conduta diversa “é o elemento da culpabilidade 
consistente na expectativa da sociedade acerca da prática de uma conduta diversa daquela que foi 
deliberadamente adotada pelo autor de um fato típico e ilícito”. Em suma, trata-se de situação em que o 
delito foi cometido em circunstâncias normais, em que o agente poderia se comportar em conformidade 
com o Direito, mas optou por transgredir a lei penal. Segundo esse elemento, não se deve punir condutas 
que não poderiam ser evitadas. 
Decorre da teoria desenvolvida por Reinhart Frank: Teoria da Normalidade das Circunstâncias 
Concomitantes. Significa dizer que as circunstâncias em que o agente atua devem acarretar a valoração da 
sua culpabilidade, com a possiblidade de exclusão em pontuais casos. Segundo Frank, a culpabilidade pode 
ser excluída se as circunstâncias representam um perigo para o autor ou terceira pessoa e a ação ilícita para 
salvá-lo. 
Situações em que é INEXIGÍVEL conduta diversa: 
(1) Coação moral irresistível; 
(2) Obediência hierárquica. 
 
OBS.: Se for coação física irresistível leva a exclusão da conduta e, consequentemente, do fato atípico. 
 
OBS2.: A inexigibilidade de conduta diversa é uma causa geral de exclusão de culpabilidade fundada na não 
censurabilidade de uma conduta, quando não se pode exigir do agente, em determinadas circunstâncias e 
com base nos padrões sociais vigentes, diferente ação ou omissão. 
 
a) Coação Moral Irresistível (art. 22, CP) 
 
O Código Penal não faz a diferenciação sobre o tipo de coação, embora existam duas com 
consequências jurídicas diversas: moral e física. A coação MORAL exclui a exigibilidade de conduta diversa (e 
consequentemente a culpabilidade). No caso de coação FÍSICA, não haverá conduta por falta de vontade, de 
modo que o fato sequer será típico. 
 
● Requisitos: 
o Ameaça do coator, ou seja, promessa de mal grave e iminente que o coagido não é obrigado 
a suportar e deve ser direcionada ao coagido ou alguém próximo a ele (se for um 
 
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desconhecido, em que pese não incida a coação moral irresistível, pode ser reconhecida 
causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa); 
o Inevitabilidade do perigo na posição em que se encontra o coagido; 
o Caráter irresistível da ameaça. 
 
● Consequência: Afasta a culpabilidade do coagido, mas NÃO gera impunidade, vez que será punível 
o autor da coação por autoria mediata do crime. Não há concurso de pessoas, vez que falta liame 
subjetivo. 
 
Se a coação for RESISTÍVEL, o coagido será culpável e responderá com o coator em concurso de 
agentes e apenas terá direito a uma atenuante genérica, sendo que para o coator incidirá agravante genérica 
(arts. 62 e 65 do CP). 
 
OBS.: O temor reverencial consiste no receio de decepcionar pessoa a quem se deve elevado respeito. NÃO 
se equipara à coação moral. NÃO há ameaça, apenas receio. 
 
c) Obediência Hierárquica (art. 22, CP) 
 
● Requisitos: 
o Ordem não seja manifestamente ilegal. A ordem é ilegal, mas com aparência de legalidade. 
o Oriunda de superior hierárquico; 
o Autoridade competente para emanar a ordem; 
o Decorrente de relação de Direito Público. A posição de hierarquia que autoriza o 
reconhecimento da excludente da culpabilidade somente existe no Direito Público; 
o Cumprimento estrito da ordem. O executor não pode ultrapassar, por conta própria, os limites 
da ordem que lhe foi endereçada, sob pena de afastamento da excludente. 
 
🡺 Consequência: Exclui a culpabilidade do executor subalterno. O fato permanece punível em 
relação ao autor da ordem. 
 
Ex. (Cleber Masson): “Imagine a hipótese de um Delegado de Polícia, com larga experiência em sua atividade, 
que determina a um Investigador de Polícia de sua equipe, recém ingressado na instituição, a prisão em 
flagrante de um desafeto, autor de um crime de roubo ocorrido há mais de uma semana, em relação ao qual 
não houve perseguição, fato desconhecido pelo subordinado. O subalterno, no caso, seja em face do restrito 
conhecimento do caso concreto, seja em respeito ao superior hierárquico, em quem muito confia, não pode 
ser responsabilizado, devendo o crime ser atribuído exclusivamente ao autor da ordem. 
 
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Caso a ordem seja MANIFESTAMENTE ILEGAL, responderão em concurso de pessoas e o subalterno terá 
direito a uma atenuante genérica e para o superior incidirá agravante genérica (arts. 62 e 65 do CP). Por 
outro lado, se a ordem for LEGAL, nenhum dos dois cometerá crime, mas agirão em estrito cumprimento do 
dever legal. 
 
d) Causas Supralegais de Exclusão da Culpabilidade: 
 
 Ainda que não seja situação de coação moral irresistível ou obediência hierárquica, admite-se no 
Brasil, tanto em sede doutrinária como jurisprudencial, o reconhecimento de causas supralegais excludentes 
da culpabilidade, sempre baseadas na inexigibilidade de conduta diversa, quando ficar demonstrado que, 
em determinada situação, não era razoável exigir do agente que se portasse de outra maneira. 
 
O entendimento que vem sendo adotado é que se trata de um rol exemplificativo de causas de exclusão de 
culpabilidade, o que dá abertura para consideração de causas supralegais. A exigibilidade de conduta diversa 
é o elemento que possibilita a discussão dessas causas supralegais, pois se trata de uma espécie de cláusula 
geral de exclusão de culpabilidade. O Direito Penal não pode punir, por não ser reprovável, qualquer conduta, 
se, em tais circunstâncias não se poderia exigir comportamento diverso do agente, não se limitando a 
obediência hierárquica e a coação moral irresistível. STJ, Resp 1782240/MG, Dje 16/12/2020. 
 
 Vejamos algumas hipóteses apontadas pela doutrina e jurisprudência: 
 
● Estado de necessidade exculpante: Situações razoáveis de sacrifício de bem de maior valor para 
proteger bem jurídico de menor valor. Isso porque, conforme visto, o CP adotou a teoria unitária. 
● Excesso intensivo exculpante: Em eventual excludente de ilicitude, que decorre de medo, susto, 
perturbação do ânimo. 
 
Ex.: mulher que, estando sozinha, tem sua casa invadida de madrugada em tentativa de roubo e utiliza arma 
do maridopara atirar contra os invasores e, assustada efetua o primeiro disparo, sendo que após atingir um 
deles, o outro foge e, ainda assustada, ela dispara novamente contra o atingido que já estava no chão; o 
sujeito morre e perícia constata que o óbito decorreu do primeiro disparo. 
 
● Legítima defesa preordenada: Como regra, não é admitida a legítima defesa futura, visto que a agressão 
deve ser atual. Todavia, a doutrina aponta a possibilidade do reconhecimento de inexigibilidade de 
conduta diversa. 
 
Ex. (Rogério Greco): um preso, que convive em um mesmo espaço na penitenciária com outro preso, 
é ameaçado de morte, sendo a referida ameaça concreta, uma vez que o ameaçador já matou outros presos; 
 
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se o preso ameaçado, apesar de vários pedidos, não consegue trocar de prisão, sabendo que morrerá em 
algum dia por homicídio cometido pelo ameaçador, conforme, inclusive, lhe afirmou outros presos durante 
o banho de sol, vier a matar o inimigo que lhe ameaçou. 
 
● Cláusula de consciência: Situação em que alguém, por motivo de consciência ou de crença, pratica fato 
criminoso, não violando direitos fundamentais individuais. Fica isento de pena. 
 
Ex.: pai testemunha de Jeová que não permite a transfusão de sangue do filho → parte da doutrina entende 
que, nesse exemplo, só isenta de pena se o filho permanecer vivo, pois se morrer há conflito e ele responde: 
liberdade de crença x vida. (É um tema divergente e complexo). 
 
A CEBRASPE a definiu da seguinte forma no espelho da prova de Delegado de Polícia Federal/2021: “A 
cláusula de consciência é uma causa supralegal de exclusão de culpabilidade, vinculada à inexigibilidade de 
conduta diversa, sendo corolário da liberdade de crença e da liberdade de consciência, asseguradas 
constitucionalmente, e manifesta-se em razão da prática de um ato ou omissão penalmente relevante, que 
não seria reprovável em razão do preceito constitucional.” 
 
● Desobediência civil: Ato de insubordinação, fundado na proteção de direitos fundamentais, desde que 
o dano causado não seja relevante. 
 
Ex.: invasões do MST, manifestações de presidiários visando à proteção de direitos humanos etc. 
 
● Conflito de deveres: Tem como fundamento a escolha do mal menor. 
 
Ex.: empresário que, visando a manter o funcionamento da empresa, deixa de recolher as contribuições 
previdenciárias em virtude da precária situação financeira → somente haverá a exclusão da culpabilidade se 
preenchidos dois requisitos4: 
o Graves dificuldades econômico-financeiras da empresa; 
o Extremo esforço de salvação da empresa por parte dos controladores, inclusive com sacrifício 
de bens e direitos particulares. 
 
Exemplo de causa supralegal de exclusão de culpabilidade, caso de situação financeira de sociedade 
empresária: 
 
“A alegada impossibilidade de repasse de tais contribuições em decorrência de 
crise financeira da empresa constitui, em tese, causa supralegal de exclusão de 
 
4 8ª T. ACR 200472050023548. J. 02.06.2006 
 
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culpabilidade - inexigibilidade de conduta diversa -, e, para que reste configurada, 
é necessário que o julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos 
concretos revelados nos autos, não bastando para tal a referência os indícios de 
insolvência da sociedade Esteves Lima, Quinta Turma, (DJ 07/05/2007 STJ, Resp 
888947/PB) 
“A demais, é irretocável o entendimento do acórdão de que a precária condição 
financeira da empresa e a falta de habilidade técnica do agravante para a 
elaboração das informações devidas ao Fisco não configuram, sem mais elementos 
que atestem que a sonegação dos tributos seria a única medida cabível para evitar 
mal maior, a inexigibilidade de conduta diversa. Tendo os juízes da origem 
concluído que não estaria comprovada causa de afastamento da responsabilidade 
criminal do agravante pelas condutas que praticou, a alteração dessa conclusão não 
tem lugar no mandamus. (STJ), AgRg no HC 468.165/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 02/06/2020, DJe 15/06/2020) 
 
3. TEORIA DO ERRO 
 
 Erro consiste na ausência de consciência acerca de um objeto juridicamente relevante. Ou seja: está 
em erro quem desconhece “algo” que é relevante para o Direito. 
 Essa ausência de consciência pode aparecer em dois momentos distintos: fato típico e culpabilidade. 
● Fato típico: consciência enquanto elemento cognitivo do dolo (lembrando que o dolo é formado 
pelo elemento cognitivo “saber” e elemento volitivo “querer”) → incide no ERRO DE TIPO. 
● Culpabilidade: exige a potencial consciência da ilicitude → incide NO ERRO DE PROIBIÇÃO. 
 
Atenção! Esse tema é de extrema importância e confunde muitos alunos, então, sempre que puder, revise. 
 
3.1. Erro de Tipo (art. 20, CP) 
 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, 
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 
O ERRO DE TIPO recai sobre os elementos constitutivos do tipo, podendo recair sobre as 
elementares, circunstâncias, justificantes ou qualquer dado agregado a determinada figura típica. Em regra, 
no erro de tipo, há a falsa percepção da realidade. 
O erro de tipo pode ser essencial ou acidental. 
 
a) ESSENCIAL: 
 
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Trata-se de falsa percepção da realidade que recai sobre dados principais do tipo, ou seja, sobre 
elemento fático ou normativo que corresponda a elementar do tipo. 
 
O erro impede o agente de saber que está cometendo um crime! 
 
O erro de tipo essencial subdivide-se em erro de tipo incriminador e erro de tipo permissivo. 
● Erro de tipo incriminador: a falsa percepção da realidade incide sobre situação fática prevista como 
elementar ou circunstância de tipo penal incriminador (daí o nome). 
Ex: O agente, em uma mesa de bar, subtrai o aparelho celular de outra pessoa acreditando ser o seu, 
por serem idênticos. Aqui, o agente incorreu em erro sobre o elemento “coisa alheia”, que é uma elementar 
do tipo penal. 
 
● Erro de tipo permissivo: o erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação, 
isto é, situação de fato descrita como requisito objetivo de uma excludente de ilicitude (tipo penal 
permissivo). 
Ex.: Antônio se depara com um sósia de seu inimigo que leva a mão à cintura, como se fosse sacar 
algum objeto; Antônio, ao ver essa atitude, pensa estar prestes a ser atingido por um revólver e, por esse 
motivo, saca de sua arma atirando contra a vítima, que nada possuía nas mãos ou cintura. No caso, Antônio, 
apreciando mal a realidade, acreditava estar diante de uma injusta e iminente agressão, o que configuraria 
legítima defesa. 
 
 O erro de tipo essencial pode ser: 
● Inevitável / Escusável / Invencível: Desculpável, imprevisível, qualquer pessoa erraria nas 
mesmas circunstâncias (com base na ideia de “homem médio”). Exclui dolo e culpa. 
● Evitável / Inescusável / Vencível: Indesculpável, imprevisível e inescusável. Faltou cuidado 
do agente na análise da situação. Exclui dolo, mas admite a punição por culpa, se prevista 
em lei. 
 
Atenção! O erro de tipo evitável ou inevitável NÃO pode recair sobre elementos subjetivos especiais diversos 
do dolo, integrantes do tipo subjetivo, mas só dos elementos descritivos ou normativos do tipo objetivo. 
 
 Note que o erro de tipo essencial sempre excluirá o dolo. Isso porque falta ao agente o elemento 
cognitivo do dolo, qual seja, o “saber”. No erro de tipo essencial, não há esse saber, essa consciência por 
parte do agente. 
 
ERRO INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL / INVENCÍVEL) ERRO EVITÁVEL (INESCUSÁVEL / VENCÍVEL) 
 
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Exclui o dolo – o agente não temconsciência do que faz 
(a consciência é um dos elementos do dolo; sem 
consciência não há dolo). 
 
Exclui Culpa – o resultado é imprevisível (a 
previsibilidade é elemento da culpa). 
 
EM REGRA: impunibilidade total do fato (fato atípico.) 
 
EXCEÇÃO: desclassificação para outro crime no qual se 
resta presente o dolo. 
 
Exclui o dolo – o agente continua não tendo 
consciência. 
 
Pune a culpa, se prevista em lei - o resultado era 
previsível, caso em que se pode punir a culpa. 
 
 
 
Confira a dica do Professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/NLWPkwXgl_U 
 
 
OBS1.: É possível haver erro de tipo em relação aos crimes omissivos impróprios, em que o dever 
de agir é um elemento constitutivo do tipo penal. Portanto, quando a falsa percepção da realidade recair 
sobre a existência do dever de agir para evitar o resultado, haverá erro de tipo. Ex.: o salva vidas avista 
banhista se afogando em águas rasas de uma praia e acredita que este está brincando. 
 
OBS2.: Ocorre delito putativo por erro de tipo quando o delito é imaginário ou erroneamente 
suposto, tendo em vista que só existe na cabeça do agente. No delito putativo por erro de tipo, a pessoa sabe 
que a conduta é criminosa e quer praticar o crime, mas, por erro nas circunstâncias fáticas, pratica um fato 
penalmente irrelevante. Ex.: Jovem acredita verdadeiramente que está grávida pois sua menstruação atrasou 
e, por ser uma gravidez indesejada, decide comprar remédios abortivos para praticar o autoaborto (art. 124, 
CP). Ocorre que, posteriormente, descobre que não havia gravidez alguma. 
Existem três espécies de delito putativo: 
• Delito putativo por erro de tipo; 
• Delito putativo por erro de proibição; 
 
https://youtu.be/NLWPkwXgl_U
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• Delito putativo por obra do agente provocador (também conhecido por delito de ensaio, de 
experiência ou crime de flagrante preparado). 
 
CAIU EM PROVA - Delegado – PCPR/2021: Z.Z. é um simplório dono de uma pequena e antiga padaria no 
bairro onde vive. De longa data, Z.Z. faz bolos enfeitados com escudos de times de futebol a pedido de alguns 
clientes mais conhecidos dele. Em certa ocasião, o departamento jurídico de um desses clubes propôs uma 
queixa-crime contra Z.Z., acusando-o de cometer crime contra registro de marca, conforme art. 189, inc. I, 
da Lei 9.279/1996 (Comete crime contra registro de marca quem: I - reproduz, sem autorização do titular, no 
todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir confusão), pois o escudo do time 
em questão era marca registrada. Como argumento de defesa adequado segundo a teoria do delito, Z.Z. 
poderia alegar que não cometeu crime porque sua conduta não seria culpável pelo erro sobre a ilicitude do 
fato. (item correto). 
 
b) ACIDENTAL: 
 
Recai sobre dados periféricos/secundários do tipo. São desvios causais previsíveis que não afastam 
a responsabilidade penal, pois, diferentemente do erro essencial, são irrelevantes para a configuração do 
dolo. 
 Se o agente fosse avisado, ele apenas “corrigiria” o problema e continua agindo ilicitamente. 
 
Dica para diferenciar erro essencial e acidental: 
No ERRO ESSENCIAL, se o agente for avisado sobre erro, ele faz o certo e NÃO COMETE 
CRIME. 
No ERRO ACIDENTAL, o agente, mesmo sabendo que está em erro, PRATICARIA O CRIME. 
 
O erro acidental pode recair: 
● Quanto à coisa / sobre o objeto: O agente representa equivocadamente a coisa visada. O alvo era 
um objeto específico e, por erro, acaba atingindo outro objeto. 
. NÃO exclui dolo e culpa; 
. NÃO isenta o agente de pena; 
. Adota a teoria da concretização; 
. O agente responde pelo crime praticado, ou seja, pelo objeto lesado, e não o visado. 
 
Ex.: quer furtar um relógio de ouro e acaba furtando um relógio falsificado. 
Pergunta-se: Como fica o princípio da insignificância quando o agente subtrai objeto de pequeno 
valor, visando bem de valor maior? Não é só o valor do bem que é avaliado na análise do princípio da 
insignificância. É preciso preencher todos os requisitos objetivos e subjetivos. 
 
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● Quanto à pessoa / error in personae (art. 20 §3º do CP): O agente representa equivocadamente a 
pessoa visada. Constitui um erro de identidade. NÃO há erro na execução, não há falha operacional, 
mas sim falha na representação da vítima. Há uma confusão quanto à pessoa certa. 
. NÃO exclui dolo e culpa; 
. NÃO isenta o agente de pena; 
. Adota a teoria da equivalência dos bens jurídicos; 
. O agente responde pelas qualidades da vítima pretendida (vítima virtual), e não da vítima real. 
 
Ex.: queria matar o pai, mas matou o tio que é muito parecido acreditando ser ele (assim, é possível 
parricídio de pai vivo). 
 
Erro sobre a pessoa 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da 
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Caiu na Prova Cespe Delegado ES/2022! Em caso de erro sobre a pessoa, são consideradas as características 
da vítima real, e não as da pessoa que seria o alvo da ação. (item incorreto) Considera-se a vítima virtual, isto 
é, aquela que o agente almejava atingir. 
 
CAIU NA PROVA DELEGADO DE POLÍCIA – GOIÁS AOCP/2022! 
Sobre a Teoria do Tipo (todos os itens corretos) 
- O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a 
um terço. (1/6-1/3) 
- O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
- O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime 
culposo, se previsto em lei. 
- É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, 
se existisse, tornaria a ação legítima 
● Na execução / aberratio ictus (art. 73 do CP): O agente representa corretamente a vítima, mas atinge 
pessoa diversa da pretendida por ACIDENTE ou ERRO no uso dos meios de execução. Normalmente, 
ocorre por erro de pontaria na hora de atirar. 
. NÃO exclui dolo e culpa; 
. NÃO isenta o agente de pena; 
. Adota-se a teoria da equivalência dos bens jurídicos (responde com base na vítima virtual) 
Pode possuir: 
 
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1. Resultado único / unidade simples: atinge só a pessoa diversa, razão pela qual o agente 
responde pelas qualidades da vítima pretendida (vítima virtual). 
2. Resultado duplo / unidade complexa: o agente atinge a pessoa desejada e também pessoa 
diversa por culpa no segundo, razão pela qual responde pelos dois crimes (doloso e 
culposo) em concurso formal próprio. Ex.: Quer matar A, mas, por erro de execução, além 
de matar A, atinge também B, causando-lhe lesões corporais. Nesse caso, responderá pelo 
homicídio de A em concurso com lesão corporal culposa de B. 
 
Erro na execução 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º 
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente 
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO 
Erro na representação da vítima 
pretendida 
Representa-se corretamente a vítima 
pretendida 
A execução do crime é correta – não há 
falha operacional 
A execução do crime é errada – existe falha 
operacional 
A pessoa visada não corre perigo (porque 
foi confundida com outra) 
A pessoa visada corre perigo 
 
Nos dois casos o agente responde pelo crime, considerando as qualidades da vítima 
virtual (teoria da equivalênciados bens jurídicos). 
 
ATENÇÃO: Embora, para fins penais, seja considerada a vítima pretendida, denominada vítima virtual, ela é 
irrelevante para fins processuais penais, que levará em consideração a vítima efetiva ou seja a vítima real. 
 
● Resultado diverso do pretendido / aberratio criminis (art. 74 do CP): O agente, por acidente ou 
erro na execução, provoca lesão em bem jurídico diverso do pretendido. 
. NÃO exclui dolo e culpa 
. NÃO isenta o agente de pena; 
Pode possuir: 
o Resultado único / unidade simples: Responde pelo crime efetivamente ocorrido a título de 
culpa, se houver previsão legal da modalidade culposa. Segundo Zaffaroni, só vai responder 
pela modalidade culposa do que efetivamente ocorreu se for menos grave que o resultado. 
Caso contrário, responderá por tentativa do outro. Ex.: queria matar alguém e, ao jogar 
 
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uma pedra, acertou uma janela. Nesse caso, não vai responder pelo crime de dano (que, 
inclusive, sequer comporta a modalidade culposa), mas por tentativa de homicídio. 
o Resultado duplo / unidade complexa: o agente atinge lesiona os dois bens jurídicos, razão 
pela qual responde pelos dois crimes em concurso formal. 
 
Resultado diverso do pretendido 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na 
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde 
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado 
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código 
 
Diferença entre Aberratio Ictus e Aberratio Criminis: 
No primeiro, apesar do erro, o agente atinge o mesmo bem jurídico pretendido (pessoa x pessoa), enquanto, 
no segundo, o agente atinge só o bem jurídico diverso ou também bem jurídico diverso do pretendido 
(pessoa x coisa). 
 
Art.73, do CP “aberratio ictus” Art.74, CP “aberratio criminis” 
 
Ambos são modalidades de ERRO NA EXECUÇÃO. 
 
O agente atinge o MESMO bem jurídico 
visado. 
O agente atinge bem jurídico DIVERSO do 
pretendido. 
O resultado provocado é o MESMO que o 
pretendido, mas atinge PESSOA DIVERSA. 
O resultado provocado (danificar patrimônio) 
é DIVERSO do pretendido (ceifar vida). 
Aqui, há relação pessoa x pessoa. Aqui, há relação coisa pretendida x pessoa 
atingida. 
 
● Sobre o nexo causal / dolo geral / erro sucessivo / aberratio causae: O agente provoca o resultado 
pretendido, com nexo causal diverso. Não há erro de execução, mas o resultado pretendido é 
alcançado por um nexo causal diverso do planejado (há desvio no curso causal). Ex: A jogou B da 
ponte, pensando que este morreria afogado, mas morreu de traumatismo craniano por bater a 
cabeça em uma pedra. 
 
NÃO se pode confundir o dolo geral com o erro sobre o nexo causal (aberratio causae). No erro sobre 
o nexo causal realiza-se UMA só conduta pretendendo o resultado, o qual é alcançado em virtude de um 
processo causal diverso daquele imaginado. No dolo geral, todavia, o sujeito realiza DUAS condutas. 
 
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. NÃO exclui dolo e culpa; 
. NÃO isenta o agente de pena; 
 
Pergunta-se: Como ficará a responsabilização do agente se o resultado provocado pelo nexo real 
incidir qualificadora? Como no caso do erro sucessivo, em que a asfixia é uma qualificadora do crime de 
homicídio? Nesse caso temos duas posições na doutrina: 
1ª Corrente: O agente responde pelo nexo pretendido, sob pena de caracterizar responsabilidade 
objetiva do agente. No exemplo acima, responderia por homicídio simples. 
2ª Corrente: O agente responde pelo nexo efetivamente produzido (aquele que produziu o 
resultado). No exemplo acima, responderia pelo homicídio qualificado pela asfixia. 
 
Segundo o autor Fernando Capez, a solução de tais casos se simplifica se forem feitas duas indagações: O 
agente quis matar? E efetivamente matou? Não importa se queria produzir o resultado por um meio e 
acidentalmente o produziu por outro. O que interessa é que ele desejou e realizou com êxito a sua vontade. 
Outro interessante exemplo é do sujeito, que, pretendendo matar a vítima, ministra veneno em sua bebida, 
no entanto, por um equívoco, em vez de veneno, coloca açúcar, meio ineficaz de matar uma pessoa normal. 
A vítima, no entanto, é diabética e vem a falecer. E agora, qual a solução? O autor quis matar? SIM! Acabou 
matando? SIM! Então responde por homicídio doloso consumado. É certo que ele errou na causa, mas tal 
erro revelou-se irrelevante, pois de um jeito ou de outro ele produziu o resultado pretendido. Mas o meio 
não era ineficaz? Não, tanto que a vítima morreu. Poder-se-ia objetar que o agente não sabia que a vítima 
era diabética, porém tal desconhecimento é irrelevante, pois o que interessa é que ele quis o resultado e 
agiu para produzi-lo. Daí por que o erro sobre o nexo causal (aberratio causae) é irrelevante. Não elimina o 
dolo, nem o resultado. 
 
3.2. Erro de Proibição 
 
Causa excludente da potencial consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade). A pena deve ser 
dosada na medida da culpabilidade. Se inevitável, exclui-se a culpabilidade e o agente não é punido. Se 
evitável, o agente é punido com a pena diminuída de um sexto a um terço. A pessoa sabe o que faz, mas 
imagina que não é contra a lei. 
 
Espécies de erro de proibição: 
a) Direto x Indireto x Mandamental: 
● Direto: o erro recai sobre o conteúdo da norma proibitiva, o agente acredita que a sua conduta é 
lícita/atípica. 
● Indireto: o erro recai sobre uma causa excludente de ilicitude. Ou seja, o agente supõe que seu 
comportamento, ainda que típico/ilícito, é amparado por alguma causa excludente de ilicitude. 
 
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● Mandamental: o erro recai sobre o conhecimento uma norma mandamental (que impõe um 
determinado comportamento). Pode ocorrer nos crimes omissivos próprios ou impróprios (o agente 
conhece a situação fática, mas acha que não está obrigado, por lei, a agir). 
 
b) Evitável x Inevitável: 
● Inevitável: O erro era imprevisível. Analisa-se o perfil subjetivo do agente no caso concreto 
(diferente do erro de tipo que é “homem médio”. Isenta o agente de pena, desaparecendo com a 
potencial consciência da ilicitude e, consequentemente, a culpabilidade. 
● Evitável: O erro do agente decorre de culpa, pois lhe era previsível. NÃO isenta de pena, mas pode 
servir como causa de diminuição. Permanece a potencial consciência de ilicitude. O quantum da 
diminuição é medido pelo grau de reprovabilidade. 
 
CAIU EM PROVA: Delegado – PCPA/2021! Mário, comerciante, emprestou determinada quantia para Eliseu. 
Um dia após a data ajustada para o pagamento, após ser informado por telefone de que Eliseu não teria o 
montante para quitar o empréstimo, Mário se dirige à casa do devedor e, clandestinamente, subtrai um 
notebook no valor da dívida, acreditando estar amparado por uma causa de justificação que tornaria a sua 
conduta lícita, qual seja, a dívida vencida. Considerando os fatos hipotéticos narrados, pode-se afirmar que 
Mário incorreu em erro de proibição indireto que, se escusável, exclui a culpabilidade do agente. (item 
correto). 
 
 
ERRO DE TIPO (art. 20, caput) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO (art. 21) 
 
 
erro jurídico-penal 
falsa percepção da 
realidade 
 
ERRO DE TIPO 
(interfere do dolo) 
 Essencial 
 
Inevitável - exclui dolo 
e culpa 
 
evitável - só exclui o 
dolo, pune por crime 
culposo, se previsto 
em lei 
 
Acidental - não 
excluem dolo ou 
culpa 
 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
(interfere na 
culpabilidade 
 
inevitável (exclui a 
culpabilidade) 
 
evitável (reduz a 
pena de 1/6 a 1/3 
 
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O agente possui falsa percepção da 
realidade/dos fatos. Não sabe o que faz. 
Oagente sabe o que faz, mas acredita ser 
lícito o seu comportamento, enquanto, na 
verdade, é proibido. 
Ex.: Alguém em uma reunião atrasado para 
outro compromisso, desatento, pega o celular 
de outra pessoa que era igual ao seu e leva 
consigo. Em tese, subtraiu para si, coisa alheia 
móvel, mas tinha falsa percepção sobre o 
elemento “coisa alheia”, pois pensava que era 
sua. 
Ex.: Holandês que faz uso de maconha no 
Brasil e imagina ser permitido aqui, como lá 
é. 
Se o erro é INEVITÁVEL/ESCUSÁVEL/ 
INVENCÍVEL/ DESCULPÁVEL: Exclui dolo e culpa. 
Não há fato típico. Exclui o CRIME. 
 
Se o erro é EVITÁVEL/INESCUSÁVEL/ 
VENCÍVEL/INDESCULPÁVEL: Exclui dolo e 
permite a punição por culpa quando previsto 
em lei. 
Se o erro é INEVITÁVEL/ESCUSÁVEL/ 
INVENCÍVEL/ DESCULPÁVEL: Exclui 
potencial consciência da ilicitude. Afasta a 
culpabilidade. Exclui a PENA. 
 
Se o erro é EVITÁVEL/INESCUSÁVEL/ 
VENCÍVEL/INDESCULPÁVEL: Diminui a pena 
(quantum com base na reprovabilidade). 
 
 Confira a dica do Professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/c5DSHKFbVKI 
 
 
ATENÇÃO: Descriminantes Putativas (erro de proibição indireto é uma espécie das descriminantes 
putativas). 
 
Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação 
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato 
 
https://youtu.be/c5DSHKFbVKI
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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é punível como crime culposo [CULPA IMPRÓPRIA, POR EXTENSÃO OU 
EQUIPARAÇÃO]. 
 
Caiu na Prova Delegado-BA/2022! No que diz respeito a aspectos relacionados à Teoria do Crime, assinale 
a alternativa incorreta. 
a) Responde pelo crime o terceiro que determina o erro 
b) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime 
culposo, se previsto em lei 
c) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime 
d) Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando 
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência 
e) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato 
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Há igualmente isenção de pena quando o erro deriva de culpa, 
ainda que o fato seja punível como crime culposo 
GAB E 
 
Caiu na Prova Delegado PC-AL/2023! No que diz respeito ao direito penal, julgue os itens a seguir. Caracteriza 
erro de proibição direto o fato de o agente supor ser lícita uma conduta que é proibida no ordenamento 
jurídico; diferentemente do delito putativo, que é caracterizado pelo fato de o agente praticar uma conduta 
que acredita ser proibida, mas que, na verdade, é um indiferente penal. (Item correto). 
 
As descriminantes putativas são excludentes de ilicitude imaginárias. Ou seja, ocorre quando a causa 
de exclusão da ilicitude existe apenas na MENTE do autor de um fato típico, NÃO existindo concretamente. 
Há 3 formas de o agente errar quanto às excludentes de ilicitude: 
(1) Erro relativo aos pressupostos de fato / à situação fática de uma causa de exclusão de 
ilicitude: O agente avalia mal a situação fática e acredita estar diante de um acontecimento 
que, se existisse, admitiria uma causa excludente de ilicitude (tornando sua ação legítima). 
 
Ex.: Homem chega em casa encontra outro homem mantendo conjunção carnal com sua esposa, a 
qual confiava muito e que começou a gritar na hora que o viu. Acreditando que fosse um estuprador, o 
marido atira e mata o outro, em uma situação de legítima defesa que não existia, que só existiu na cabeça 
dele, pois ele interpretou erroneamente a situação fática. Leva as mesmas consequências do erro de tipo. 
Já que a descriminante putativa por erro de tipo não é outra coisa se não erro de tipo essencial incidente 
sobre tipo permissivo. Assim, se o erro for evitável, o agente responderá por crime culposo, já que o dolo 
será excluído, se o erro for inevitável, excluirá dolo e culpa e não haverá crime. 
Confira a dica do Professor Marcelo Veiga: 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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https://youtu.be/cmjdF1C9m4c 
 
 
(2) Erro relativo à existência de causa de exclusão de ilicitude: O agente acredita que existe uma 
excludente de ilicitude quando, na realidade, não existe. Assim, aqui, ao contrário do erro 
quanto aos pressupostos fáticos, o indivíduo não avalia mal a realidade, mas acredita estar 
diante de uma situação que autorizaria a excludente de ilicitude. 
 
Ex.: Indivíduo que acha que pode matar a esposa que o traiu alegando a legítima defesa da honra (o 
que não existe no ordenamento jurídico pátrio). Essa discriminante é considerada um erro de proibição 
indireto e leva as mesmas consequências do erro de proibição. 
 
(3) Erro relativo aos limites de uma causa de exclusão da ilicitude 
 
Ex.: indivíduo acredita que pode atirar 10 vezes em legítima defesa, quando apenas 1 tiro era, na 
situação, suficiente para repelir a injusta agressão. Essa discriminante é considerada um erro de proibição 
indireto e leva as mesmas consequências do erro de proibição. 
 
Natureza jurídica: Depende da teoria da culpabilidade adotada. 
O Código Penal é finalista, sendo que o finalismo adota a teoria normativa pura da culpabilidade. 
Esta, é dividida por outras duas: teoria extremada ou limitada da culpabilidade. Estruturalmente, para elas, 
a culpabilidade possui os mesmos elementos. A única diferença está no tratamento das descriminantes. 
 
▪ Para a teoria extremada (ou estrita) da culpabilidade: O erro quanto às descriminantes putativas 
deverão sempre receber a mesma consequência jurídica do erro de proibição. É o que a doutrina 
chama de erro de proibição indireto (o agente sabe que a conduta é proibida, mas acredita estar 
acobertado por causa excludente de ilicitude). 
 
 
https://youtu.be/cmjdF1C9m4c
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▪ Para a teoria limitada da culpabilidade: O erro quanto às descriminantes putativas poderão receber 
o tratamento de erro de tipo, chamado pela doutrina de erro de tipo permissivo (excluindo o fato 
típico) ou erro de proibição (excluindo a culpabilidade), a depender da “espécie”: 
(i) Se o erro é sobre a situação fática: erro de tipo permissivo; 
(ii) Se o erro é sobre a existência ou limites de uma justificante: erro de proibição indireto. 
 
Para a doutrina majoritária, o Código Penal adotou a Teoria Limitada da 
Culpabilidade, conforme o item 19 da exposição de motivos do Código Penal. 
 
CAIU EM PROVA - Delegado de polícia – PCMS/2021! Influenciada pelo sistema finalista de Hans Welzel, a 
reforma da parte geral do Código Penal brasileiro, realizada em 1984, rompeu com a tradição jurídico-penal 
estabelecida até então, que trabalhava com a teoria limitada da culpabilidade, e passou a adotar a teoria 
extremada da culpabilidade, defendida pelo renomado professor da Escola de Bonn, deixando expresso tal 
opção no item 19 da Exposição de Motivo (item incorreto). 
 
Vamos complicar um pouquinho mais? 
Caso fossem adotados os sistemas clássico ou neoclássico, tanto o erro de proibição inevitável quanto 
EVITÁVEL, SEMPRE excluiriam a culpabilidade. Isso porque lá, a exigência era a consciência ATUAL da ilicitude 
(que integrava o dolo), então o agente DEVERIA ter consciência concreta da ilicitude da conduta no momento 
da prática para que fosse reconhecida sua culpabilidade. Com o finalismo é que se deixou de exigir a 
consciência atual para passar a exigir apenas a POTÊNCIAL consciência da ilicitude, possibilitando agora essa 
divisão em evitávelou inevitável. 
 
Além das modalidades de erro já citadas, é possível falar em: 
● Erro de subsunção: O agente conhece a ilicitude do fato, ou, nas circunstâncias podia conhecê-la, 
porém, supõe que seu fato se amolda a um tipo diverso. Recai sobre valorações jurídicas 
equivocadas. O agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento. 
. NÃO exclui dolo e culpa; 
. NÃO isenta o agente de pena; 
. O agente responde pelo crime, podendo o erro servir como atenuante. 
 
☠ Questão da prova oral do MPMG 2022. 
 
● Erro provocado por terceiro (art. 20, §2º, CP): No erro de tipo, o agente erra por conta própria. No 
erro determinado por terceiro, há terceira pessoa que induz o agente em erro. Consequência: 
. Quem determina o erro dolosamente responde por crime doloso; quem determina 
culposamente, crime culposo; 
 
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. Se foi previsto ou previsível, o agente será responsabilizado por culpa. 
 
● Erro de tipo psiquicamente condicionado (Zaffaroni): Sujeito que, embora capaz, pratica fato típico 
sem a capacidade psíquica necessária para conhecer os elementos exigidos pelo tipo objetivo no 
momento da conduta, por estar em um estado de erro de tipo psiquicamente condicionado, em razão 
de fenômenos psicopatológicos (como alucinações ou ilusões). 
 
 Ex: Lenhador muito cansado após incessantes horas de trabalho, sofre uma ilusão ótica que lhe faça 
perceber uma árvore em lugar de um homem e, ao decidir cortá-la, causa lesões ou morte. Mesmo realizando 
conduta típica, não se poderá falar de dolo, já que não se trata de uma conduta final de lesionar ou de matar 
e sim de cortar uma árvore. Neste caso estaremos diante de uma incapacidade de conhecer os elementos 
requeridos pelo tipo objetivo, proveniente de uma CAUSA PSICOPATOLÓGICA, que não deve ser confundida 
com a incapacidade de culpabilidade (inimputabilidade). 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson; 
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo; 
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha. 
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br 
 
 
 
http://www.dizerodireito.com.br/
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META 2 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
⦁ Art. 84, IV e VI, CF/88 
⦁ Art. 11 a 17, Lei 9784/99 
⦁ Art. 53 a 55, Lei 9784/99 
⦁ Art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99 
⦁ Art. 78, CTN 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CF/88 
⦁ Art. 84, IV, CF/88 
⦁ Art. 12, 13 e 14, Lei 9784/99 
⦁ Art. 78, CTN 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Para o adequado cumprimento de suas competências constitucionais, a legislação confere à 
Administração Pública competências especiais. Sendo prerrogativas ligadas às obrigações, as competências 
administrativas constituem verdadeiros poderes-deveres instrumentais para a defesa do interesse público. 
De acordo com o autor Rafael Oliveira: 
 
“Os poderes administrativos são prerrogativas instrumentais conferidas aos 
agentes públicos para que, no desempenho de suas atividades, alcancem o 
interesse público. Trata-se, em verdade, de poder-dever ou dever-poder, uma vez 
que o seu exercício é irrenunciável e se preordena ao atendimento da finalidade 
pública.” (OLIVEIRA, 2018, p. 311). 
 
Dessa forma, contemplamos que os poderes da administração funcionam como poderes-deveres. 
Assim, sempre que o Estado “pode” atuar para alcançar o interesse público, ele na verdade deve. Não são 
faculdades, mas instrumentos conferidos a Administração para alcançar o interesse da coletividade. 
Verifica-se que são PODERES INSTRUMENTAIS, “instrumentos necessários a alcançar o interesse 
coletivo”, ou seja, ela tem esse poder como forma/meio/instrumento de se alcançar as necessidades 
coletivas. 
 
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Diferença entre Poderes da Administração e Poderes do Estado (CARVALHO, 2017, p. 120): 
 
I- Poderes do Estado (poder orgânico): são centro de imputação do Poder estatal, 
que decorrem da tripartição dos poderes elaborada por Montesquieu (Executivo, 
Legislativo e Judiciário). Os poderes do Estado não são instrumentais, são poderes 
estruturais que realizam a atividade pública. 
II- Poderes da Administração (poder funcional): são as prerrogativas instrumentais 
conferidas aos agentes públicos para a realização do interesse público. 
 
Em face disto, os poderes da administração só serão legítimos enquanto busca alcançar o interesse 
coletivo, de modo que, se extrapolar o caráter da instrumentalidade, ocorrerá o chamado ABUSO DE PODER. 
Segundo o professor Matheus Carvalho, “o abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas – 
quando o ato administrativo é praticado fora dos limites legalmente impostos – ou de condutas omissivas – 
situações nas quais o agente público deixa de exercer uma atividade imposta a ele por lei, ou seja, quando 
se omite no exercício de seus deveres. Em ambos os casos, o abuso de poder configura ilicitude que atinge o 
ato dele decorrente.” (CARVALHO, 2017, p. 120) 
 
O abuso de poder se subdivide em: 
● Excesso de Poder: A autoridade pública atua fora dos limites de sua competência - VÍCIO DE 
COMPETÊNCIA. 
● Desvio de Poder: O agente público visa interesses individuais OU a autoridade busca o interesse 
público, mas NÃO respeita a finalidade da lei para determinado ato - VÍCIO NA FINALIDADE. 
 
Segundo ainda o professor Matheus Carvalho, o desvio de poder pode manifestar-se em duas 
situações (CARVALHO, 2017, p. 121): 
I- O agente público pratica um ato visando interesses individuais, de caráter 
pessoal, sem atentar para o interesse público. Nesse caso, há clara violação do 
princípio da impessoalidade; 
II- A autoridade pública pratica o ato respeitando a busca pelo interesse público, 
mas não respeitando a finalidade especificada por lei para aquele determinado ato. 
Exemplo: a exoneração é a perda do cargo de um servidor sem finalidade punitiva, 
enquanto a demissão tem essa finalidade. Não é lícito ao administrador exonerar 
um servidor subordinado que cometeu infração, porque foi desrespeitada a 
finalidade legal para a prática do ato. 
 
Assim, seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder ensejará a nulidade 
do ato administrativo. 
Vamos esquematizar? 
 
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ABUSO DE PODER 
EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER 
O excesso de poder é o extrapolamento da 
competência que foi atribuída ao Agente 
Público, ou seja, a atuação deste vai além do 
que lhe foi conferido 
O desvio de poder se manifesta quando o 
agente pratica o ato visando outra finalidade 
que não aquela prevista pela lei. O agente 
busca fins diversos daquele previsto na regra 
de competência. 
Vício de competência Vício de finalidade 
Vício sanável Vício insanável 
 
Caiu em prova Delegado MS/2021! A respeito do controle judicial da atividade administrativa, assinale a 
alternativa correta: Tem-se o abuso de poder todas as vezes que a autoridade pública pratica um ato 
extrapolando a competência legal ou visando a uma finalidade diversa daquela estipulada pela legislação. 
Ainda, o abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas ou omissivas, implicando na nulidade do ato 
administrativo. 
 
2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO 
2.1 Poder Vinculado/Regrado 
 
 Está presente quando a lei estabelece uma única solução possível diante de uma situação de fato, 
fixando todos os requisitos e não deixando margem de apreciação subjetiva. 
 Assim no Poder Vinculado, não há margem de escolha no caso concreto, pois todos os elementos do 
ato administrativo são vinculados. 
 Por exemplo,o agente público que faltar mais 30 dias no serviço ensejará na demissão. Assim, se o 
agente público falta 30 dias não será demitido, todavia, se faltar mais de 30 não poderá deixar de ser 
demitido, pois o critério definido em lei é objetivo, é vinculado. 
 
 “Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito Positivo – a lei – confere à 
Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando os 
elementos e requisitos necessários à sua formalização. Nesses atos, a norma legal 
condiciona a sua expedição aos dados constantes de seu texto. Daí se dizer que tais 
atos são vinculados ou regrados, significando que, na sua prática, o agente público 
fica inteiramente preso ao enunciado da lei, em todas as suas especificações.” 
(MEIRELLES, 2013, p. 125) 
 
 
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Elementos sempre vinculados dos atos administrativos: COMPETÊNCIA, FINALIDADE e FORMA. 
 
2.2 Poder Discricionário 
 
 Nesse caso, o administrador também está subordinado à lei, porém, há situações nas quais o próprio 
texto legal confere margem de opção/discricionariedade ao administrador, e esse tem o encargo de 
identificar a solução mais adequada para defender o interesse público. 
 Denota-se que existe uma margem de escolha, que deverá ocorrer dentro dos limites da lei, tendo 
como parâmetro o mérito administrativo – a escolha será feita com base na oportunidade e conveniência. 
Em outras palavras: essa margem de escolha conferida ao agente público é denominada de mérito 
(conveniência e oportunidade). Deve atender ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade. 
 
“A atuação é discricionária quando a Administração, diante do caso concreto, tem 
a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e conveniência e 
escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas para o Direito.” (PIETRO, 
2018, p. 292). 
 
 É possível verificar a atuação discricionária na aplicação de lei que utilize conceitos jurídicos 
indeterminados. Se, para a delimitação do conceito, houver necessidade de apreciação subjetiva/valoração, 
segundo conceitos de valor, haverá discricionariedade. Por exemplo, a expressão “passeata tumultuosa” é 
um conceito jurídico vago. Deste modo, cada administrador no caso concreto deverá observar se aquela 
passeata é tumultuosa. Outro exemplo que podemos citar é o poder que a Administração Pública possui de 
fechar espetáculos pornográficos. Nessa esteira, o conceito de pornografia é indeterminado. 
 
Obs.1: A redação legal ultrapassada ou insatisfatória não enseja discricionariedade, mas mera interpretação 
(CARVALHO, 2017, p. 123). 
 
Obs.2: Diferença entre poder discricionário e poder arbitrário: “discricionariedade é liberdade de ação 
administrativa, dentro dos limites permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato 
discricionário, quando autorizado é legal e válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido” (MEIRELLES, 
2013, p. 127). 
 
Elementos dos atos administrativos que podem ser discricionários: MOTIVO e CONTEÚDO/OBJETO. 
 
Obs.3: A autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro considera que o elemento FORMA também pode ser 
discricionário no caso de a lei prever mais de uma forma possível para praticar o mesmo ato. Além disso, 
também considera que a FINALIDADE pode ser discricionária se considerada em sentido amplo 
 
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(correspondendo ao interesse público), mas nunca se considerada em sentido restrito (resultado específico 
do ato que decorre da lei) (PIETRO, 2018, p. 294). 
 
2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial 
 
 O controle feito pelo Judiciário sob os atos administrativos limitar-se-á à análise da sua legitimidade, 
ou seja, verificar se aquele ato foi praticado dentro dos limites da lei (controle de legalidade). 
 Assim, em relação aos atos vinculados, o Poder Judiciário poderá examinar, em todos os seus 
aspectos, a conformidade do ato com a lei. Por outro lado, quanto aos atos discricionários, o controle judicial 
somente é possível quanto aos aspectos da legalidade, de modo que não pode haver interferência no 
mérito administrativo. Não pode adentrar na conveniência e oportunidade, mas somente verificar se está 
de acordo com a lei. 
 
Mérito Administrativo: É o aspecto do ato administrativo relativo à conveniência e 
oportunidade; só existe nos atos discricionários. Seria um aspecto do ato 
administrativo cuja apreciação é reservada à competência da Administração 
Pública. Dessa forma, o poder Judiciário não pode examinar o mérito dos atos 
administrativos (PIETRO, 2018, p. 297). 
 
STJ (RMS 20481): Em relação ao controle jurisdicional do processo administrativo, 
a atuação do Poder Judiciário circunscreve-se ao campo da regularidade do 
procedimento, bem como à legalidade do ato demissionário, sendo-lhe defesa 
qualquer incursão no mérito administrativo, a fim de aferir o grau de conveniência 
e oportunidade. 
 
A doutrina moderna não aceita que o Poder Judiciário analise o mérito 
administrativo, mas permite a verificação da validade dos atos discricionários à luz 
da legalidade, das normas e dos princípios constitucionais inspiradores da função 
administrativa (CARVALHO, 2017, p. 143). 
 
Obs.: No caso da discricionariedade proveniente dos conceitos jurídicos indeterminados, o limite do mérito 
para fins de averiguação de sua legitimidade é o princípio da razoabilidade e proporcionalidade. Isto porque, 
o princípio da razoabilidade é princípio constitucional, e se ele viola o referido, ele é ilícito 
(ilicitude/ilegitimidade). Atente-te para o fato que, no exercício do controle, o Judiciário deverá restringir-se 
à declaração da ilegalidade daquele ato, não devendo/podendo fazer substituir-se pela Administração. 
 
Teorias elaboradas para fixar limites ao exercício do poder discricionário (PIETRO, 2018, p. 300): 
 
 
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(1) Teoria do desvio de poder: o desvio ocorre quando a autoridade usa do poder discricionário para 
atingir fim diferente daquele que a lei fixou. Quando isso ocorre, fica o Judiciário autorizado a 
decretar a nulidade do ato; 
(2) Teoria dos motivos determinantes: quando a Administração indica os motivos que a levaram a 
praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros. Para apreciar esse aspecto, 
o Judiciário terá que examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato e as provas de sua 
ocorrência. 
 
CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS DISCRICIONÁRIOS: 
(1) O Administrador está livre para agir diante de competência discricionárias, mas nos devidos parâmetros 
do Direito, sem prejudicar ou desrespeitar os direitos dos Administrados. 
(2) A discricionariedade deve ser entendida de forma ampla, a abarcar não só a ideia de mérito 
administrativo, mas de conceitos indeterminados e a sua compreensão a partir de princípios. 
(3) O Poder Judiciário, quando chamado a emitir controle jurisdicional sobre atos administrativos, deve 
inicialmente verificar se os atos são discricionários ou vinculados. 
. Se vinculado – o controle se efetiva tendo por base a LEGALIDADE; 
. Se discricionário – Deve ser apreciada a correspondência da NORMA + MÉRITO. 
(4) Existe corrente doutrinária que entende que o Judiciário NÃO pode analisar os atos administrativos 
discricionários de forma ampla, pois são expedidos segundo juízo de discricionariedade e oportunidade do 
administrador e se refere ao mérito administrativo. Por isso, outro poder que não o próprio que expediu o 
ato pode apreciá-lo, em face da separação dos poderes. 
(5) É pacífico o entendimento de que o Judiciário NÃO pode apreciar o mérito dos atos administrativos; 
(6) Cresce na doutrina e jurisprudência o entendimento de que é possível ao Judiciário a análise dos atos 
discricionários para se evitar arbitrariedades,desde que NÃO seja modificado o mérito administrativo. 
(7) Há possibilidade de o Judiciário verificar, à luz da legalidade, a validade dos atos administrativos 
discricionários. 
 
Caiu em prova Delegado MS/2021! A respeito do controle judicial da atividade administrativa, assinale a 
alternativa correta. 
A discricionariedade pode estar presente tanto no momento da prática quanto no da revogação do ato 
administrativo (item considerado correto). 
Na atuação discricionária, o agente público não está subordinado aos limites impostos pela lei, pois lhe é 
conferida ampla margem de atuação, sempre em busca da solução que melhor atenda ao interesse público 
(item considerado incorreto). 
 
3. PODERES EM ESPÉCIE 
 
 
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PODER NORMATIVO PODER HIERÁRQUICO PODER DISCIPLINAR PODER DE POLÍCIA 
Refere-se à faculdade 
que tem o Chefe do 
Poder Executivo de 
expedir decretos que, 
em regra, possuem 
apenas a finalidade de 
explicar a lei. 
É uma decorrência da 
forma como se organiza a 
Administração Pública, 
havendo agentes ou 
órgãos cujas atuações se 
encontram subordinadas 
a outros agentes ou 
órgãos superiores. 
Autoriza a Administração 
Pública a aplicar penalidades 
aos servidores públicos e às 
demais pessoas sujeitas à 
disciplina administrativa. 
Dessa forma, somente está 
sujeito ao poder disciplinar 
aquele que possui algum 
vínculo específico com a 
Administração, seja funcional 
ou contratual. 
É destinado a disciplinar, 
restringir ou condicionar o 
exercício dos direitos 
individuais em prol dos 
interesses coletivos. 
 
3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar) 
 
É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar atos administrativos gerais para a 
fiel execução das leis. Contudo, esse poder vai além da edição de regulamentos, pois abarca outros atos 
normativos, como deliberações, instruções, resoluções. 
No exercício do poder regulamentar, o Estado não inova no Ordenamento Jurídico, criando direitos 
e obrigações, o que a Administração faz é expedir normas que irão assegurar a fiel execução da lei, sendo 
esta última inferior. 
Seu fundamento para a competência do Presidente encontra-se no art. 84, IV, da CF/88 estende-se, 
por simetria, a Governadores e Prefeitos. 
O Poder Normativo é uma consequência do caráter relativo do princípio da separação dos poderes 
que, segundo a doutrina do checks and balances, permite a cada Poder o exercício de funções atípicas de 
forma a controlar o outro Poder. 
Segundo o autor Rafael Oliveira, “o poder normativo da Administração Pública pode ser exercido 
basicamente por meio da delegação legislativa ou do próprio poder regulamentar. Enquanto a delegação 
legislativa possibilita a prática de ato normativo primário, com força de lei (ex.: medidas provisórias e leis 
delegadas, previstas, respectivamente, nos arts. 62 e 68 da CRFB), o poder regulamentar encerra uma 
atividade administrativa, de cunho secundário.” (OLIVEIRA, 2018, p. 313). 
Espécies de Regulamentos: 
 
“Primordialmente, saliente-se que Regulamento e Decreto são referências ao 
mesmo ato normativo. Isso porque o Regulamento é o ato normativo privativo do 
chefe do Poder Executivo e Decreto é a sua forma. Em outras palavras, pode-se 
 
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dizer que o Regulamento é expedido por meio de um Decreto.” (CARVALHO, 2017, 
p. 125). 
 
 São as duas as espécies de regulamento existentes no Ordenamento Jurídico brasileiro: 
regulamentos executivos e os regulamentos autônomos: 
 
a) Regulamentos Executivos: 
● O regulamento executivo é norma geral e abstrata. É geral porque não tem destinatários 
determinados ou determináveis, atingindo quaisquer pessoas que se ponham nas situações 
reguladas; é abstrata porque dispõe sobre hipóteses que, se e quando verificadas no mundo 
concreto, gerarão as consequências abstratamente previstas; 
● São editados para fiel execução de lei; 
● NÃO inovam no Ordenamento jurídico. 
 
b) Regulamentos Autônomos: 
● O regulamento executivo não se presta a detalhar a lei, mas sim substituem a Lei; 
● Os regulamentos autônomos podem inovar no Ordenamento Jurídico; 
● São considerados atos normativos primários, pois retiram sua força diretamente da Constituição e 
não se submetem à intermediação legislativa. 
 
Nesse sentido, preleciona o autor Matheus Carvalho (2019): 
 
“Os regulamentos autônomos são regulamentos que atuam substituindo a lei e têm 
o condão de inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias 
não disciplinadas em lei. São substitutos da lei e não facilitadores da lei, uma vez 
que são expedidos sem contemplar qualquer lei anterior.” 
 
 Os decretos autônomos se submetem ao controle de constitucionalidade direto. Assim, ao contrário 
do decreto meramente regulamentar (regulamento executivo), editado para detalhar a fiel execução da lei, 
o decreto autônomo (regulamento independente) está sujeito a controle de constitucionalidade. 
 Para a doutrina majoritária, “os regulamentos autônomos vedados no ordenamento jurídico 
brasileiro, a não ser pela exceção do art. 84, VI da CF”. Por outro lado, há doutrina trazendo como exemplos 
de regulamentos autônomos os artigos 103-B, §4º, I (CNJ) e art. 130-A, §2º, I (CNMP), ambos da Constituição 
Federal. Por isso, fique atento ao enunciado da questão, pois ambos os entendimentos podem ser 
considerados corretos na prova. 
 Ao lado dessas exceções supra, previstas expressamente na CF, Rafael Oliveira entende ser possível 
admitir outros casos não expressos de poder normativo, a partir do princípio da juridicidade. 
 
 
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Vamos esquematizar? 
REGULAMENTOS EXECUTIVOS REGULAMENTOS AUTÔNOMOS 
Explicita a lei para a sua fiel execução. Trata de questão ainda não prevista em lei. 
Art. 84, IV da CF. Art. 84,VI da CF – alterado com o advento da EC de 32. 
Art. 84. Compete privativamente ao 
Presidente da República: IV - sancionar, 
promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua 
fiel execução; 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da 
República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) 
organização e funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa nem criação 
ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções 
ou cargos públicos, quando vagos. 
NÃO inova na ordem jurídica. INOVA na ordem jurídica 
Ato normativo secundário. Ato normativo primário. 
Não Admite delegação. Admite delegação. 
 
REGULAMENTOS AUTÔNOMOS – CONTROVÉRSIAS: 
(Aprofundamento para subjetivas) 
● 1ª corrente: CONSTITUCIONALIDADE – Teoria dos Poderes implícitos: A 
administração tem a prerrogativa de suprir as omissões do legislativo por meio 
da edição de regulamentos que visem à concretização de seus deveres 
constitucionais. Hely Lopes. 
● 2ª corrente: INCONSTITUCIONALIDADE – Princípio da reserva de lei: A 
Administração só possui legitimidade para atuar se expressamente autorizada 
pelo legislador. Celso Antônio, Di Pietro, Carvalho Filho. 
 
 Por fim, destaca-se jurisprudência sobre o tema: 
 
É inconstitucional — por exorbitar os limites outorgados ao Presidente da 
República (CF/1988, art. 84, IV) e vulnerar políticas públicas de proteção a direitos 
fundamentais — norma de decreto presidencial, editado com base no poder 
regulamentar, que inova na ordem jurídica e fragiliza o programa normativo 
estabelecido pela Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). ADI 6.119/DF, 
ADI 6.139/DF, ADI 6.466/DF, ADI 6.134 MC/DF, ADI 6.675 MC/DF, ADI 6.676 MC/DF, 
ADI 6.677 MC/DF, ADI 6.680 MC/DF, ADI 6.695 MC/DF, ADPF 581 MC/DF e ADPF 
586 MC/DF. 
 
c) Regulamentos autorizados (delegados): Editados no exercício de função normativa delimitada em ato 
legislativo. 
 
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É legítima — desde que observados os respectivos limites de controle externo, a 
precedência das disposições legais (princípio da legalidade) e as prerrogativas 
próprias conferidas aos órgãos do Poder Executivo — a edição de atos normativos 
por tribunais de contas estaduais com o objetivo de regulamentar 
procedimentalmente o exercício de suas competências constitucionais. STF. ADI 
4.872/PR, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Gilmar 
Mendes, julgamento finalizado em 15.2.2023 (Info 1083). 
 
d) Regulamentos de necessidade: Produzidos em situação de emergência. 
 
Obs.1: Cuidado para não confundir Poder Regulamentar com Poder Regulatório! 
PODER REGULAMENTAR PODER REGULATÓRIO 
Competência privativa do chefe do executivo; Competência atribuída às entidades 
administrativas, com destaque para as agências 
reguladoras; 
Envolve a edição de normas gerais para fiel 
cumprimento da lei; 
Engloba o exercício de atividades normativas, 
executivas e judicantes; 
Conteúdo político. Conteúdo técnico. 
 
 Atenção à jurisprudência: 
 
O exercício da atividade regulatória da Agência Nacional de Transporte Terrestre 
(ANTT) — especialmente as disposições normativas que lhe conferem 
competência para definir infrações e impor sanções e medidas administrativas 
aplicáveis aos serviços de transportes — deve respeitar os limites para a sua 
atuação definidos no ato legislativo delegatório emanado pelo Congresso 
Nacional. STF. ADI 5.906/DF, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão 
Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 3.3.2023. 
 
Deslegalização 
Consiste na possibilidade do Poder Legislativo, através de lei, transferir para a Administração Pública a 
competência para editar normas sobre assuntos cuja complexidade e velocidade de transformação exigem 
uma nova dinâmica normativa, que possibilita inclusive, o exercício de discricionariedade técnica. A questão 
deixa de ser tratada pela lei e passa a ser tratada pelo ato administrativo. 
 
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Com efeito, consiste a deslegalização “na retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias, do domínio da 
lei (domaine de la loi) passando-as ao domínio do regulamento (domaine de lordonnance)” (MOREIRA NETO, 
Diogo de Figueiredo. Agências reguladoras, In: Mutações do direito administrativo, Rio de Janeiro: Ed. 
Renovar, 2007, p. 218) 
 
Considerações importantes: 
● O STF admite, desde que ocorra dentro dos parâmetros estabelecidos na lei. 
● A lei que promove a deslegalização deve definir os parâmetros dentro dos quais a administração 
deve atuar. 
● A deslegalização surge como instrumento de atuação para as agências reguladoras. 
 
3.2 Poder Hierárquico 
 
 É poder de estruturação interna da atividade pública (dentro da mesma pessoa jurídica), de modo 
que NÃO existe manifestação de hierarquia externa. Não se pode falar em hierarquia entre pessoas jurídicas 
de órgãos diferentes. 
 Trata-se, portanto, de relação de subordinação administrativa entre agentes públicos, que pressupõe 
o escalonamento vertical de funções no interior da organização administrativa. Ou seja, é o poder de 
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo 
a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal. 
 Verbos: ordenar, fiscalizar, orientar, avocar, delegar, anular, sustar. 
 
De acordo com o autor Matheus Carvalho: 
“A hierarquia é característica atinente à função administrativa do Estado, seja ela 
exercida tipicamente pelo Poder Executivo, ou pelos outros poderes estatais, de 
forma atípica. Sendo assim, não se fundamenta na hierarquia o exercício das 
funções jurisdicionais ou legislativas do Estado.” (CARVALHO, 2017, p. 130). 
 
 
Subordinação e vinculação 
 No âmbito da organização administrativa, existem relações de subordinação e de vinculação que não 
se confundem. A relação de subordinação decorre naturalmente da hierarquia existente no interior dos 
órgãos e das entidades administrativas, pois há hierarquia em toda e qualquer desconcentração 
administrativa, seja entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da 
Administração Indireta. Portanto, a subordinação tem caráter interno, não havendo que falar em 
subordinação nas relações interadministrativas. 
 Por outro lado, a relação de vinculação é encontrada entre entidades da Administração Indireta e os 
respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas, em razão da autonomia dessas entidades. 
 
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Assim, não existe hierarquia, mas apenas os controles previstos expressamente a legislação (vinculação). 
Trata-se de relação externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria e 
autonomia. 
 Em resumo: não existe hierarquia entre a Administração Direta e as entidades componentes da 
Administração Indireta (existe controle ministerial/finalístico/tutela). O poder hierárquico também não é 
exercido sobre os órgãos consultivos. 
 
Os órgãos administrativos consultivos, embora incluídos na hierarquia administrativa para fins 
disciplinares, fogem à relação hierárquica. 
 
🡺 NÃO há hierarquia nas funções típicas jurisdicionais e legislativa. 
 
O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos hierarquicamente 
superiores em relação aos seus respectivos subordinados, a saber: 
● Ordens, a serem cumpridas por todos os subordinados; 
● Controle ou fiscalização; verificação do cumprimento por parte dos subordinados das ordens 
administrativas e das normas vigentes; 
● Alteração de competências via delegação ou avocação; 
● Rever atos praticados pelos subordinados para anulá-los, quando ilegais, ou revogá-los por 
conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva legislação; 
● Resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa, conflitos 
positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados; 
● Disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a autoridade 
superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o contraditório, deverá aplicar 
as sanções disciplinares tipificadas na legislação. 
 
Delegação x Avocação: a hierarquia justifica as hipóteses de avocação e delegação de competência. 
 
a) Delegação: A delegação de atribuições, uma das manifestações do poder hierárquico, é o ato de conferir 
a outro servidor atribuições que, originalmente, eram de competência da autoridade delegante. 
● Extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. 
● O ato de delegação de competência, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, decorre 
do poder hierárquico, mas não precisa ser hierarquicamente subordinado. 
● Cláusula de Reserva: O agente delegante NÃO perde a competência delegada. 
● MS: Autoridade competente → Agente que praticou (Súmula 510 STF). 
 
Súmula n. 510, STF - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência 
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. 
 
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Com base nessa orientação, no julgamento do MS 24.732 MC/DF, o STF decidiu que 
o foro da autoridade delegante não se transmite a autoridade delegada. Assim, se 
o ato foi praticado pela autoridade delegada, qualquer medida judicial proposta 
contra este ato deverá respeitar o foro da autoridade delegada (Ricardo Alexandre, 
2019). 
 
● Nos termos propostos pela Lei nº 9.784, é vedada a delegação e avocação: 
✔ Casos de competência exclusiva definida em lei; 
✔ Para decisão de recurso administrativo; 
✔ Para edição de atos normativos.Método para gravar: CE (competência exclusiva); NO (normativos) RA (recurso) → CENORA 
 
b) Avocação: A avocação é fenômeno inverso ao da delegação e consiste na possibilidade de o superior 
hierárquico trazer para si temporariamente o exercício de competências legalmente estabelecidas para 
órgão ou agente hierarquicamente inferior. Destacamos que, ao contrário da delegação, não cabe avocação 
fora da linha hierárquica, uma vez que a utilização do instituto depende de um poder de vigilância e controle 
somente existente nas relações hierarquizadas. 
● O chefe chama para si, de forma temporária, a competência que seria de agente subalterno. 
● A avocação é medida excepcional. 
● A excepcionalidade da avocação nos permite concluir que ela sempre deverá ser temporária. 
 
É importante a leitura dos artigos 11 a 17 da Lei nº 9784/99, pois muitas vezes as provas cobram a 
literalidade dos artigos: 
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a 
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente 
admitidos 
 
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento 
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que 
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em 
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de 
competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes 
 
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: 
 
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I - a edição de atos de caráter normativo 
II - a decisão de recursos administrativos 
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
 
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. 
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites 
da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, 
podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. 
 
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. 
 
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta 
qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. 
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes 
devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a 
órgão hierarquicamente inferior. 
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais 
das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente 
em matéria de interesse especial. 
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá 
ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. 
 
Caiu em prova Delegado PR/2021! Acerca do desempenho de poder hierárquico no âmbito da 
Administração Pública, considere as seguintes afirmativas: 
1. A decisão de recursos administrativos poderá ser objeto de delegação, devendo o ato de delegação 
ser publicado em meio oficial. 
2. As decisões adotadas por delegação considerar-se-ão editadas pela autoridade a que se delegou a 
competência. 
3. O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. 
4. A delegação de competência administrativa pode dar-se de um órgão administrativo para outro que 
não lhe seja subordinado, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou 
territorial. 
(Itens considerados corretos: 2, 3 e 4). 
 
3.3 Poder Disciplinar 
 
“O Poder Disciplinar trata da atribuição pública de aplicação de sanções àqueles 
que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal interna. Com efeito, é o poder de 
 
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aplicar sanções e penalidades, apurando infrações dos, como é o exemplo daqueles 
particulares que celebraram contratos com servidores ou outros que são 
submetidos à disciplina da Administração, ou seja, a todos aqueles que tenham 
vínculo de natureza especial com o Estado o Poder Público. A função deste poder 
é sempre aprimorar a prestação do serviço público punindo a malversação do 
dinheiro público ou a atuação em desconformidade com a lei.” (CARVALHO, 2017, 
p. 130). 
 
Dessa forma, o Poder Disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições àqueles que 
possuem algum vínculo específico com a Administração, seja de natureza funcional ou contratual. 
 
Considerações importantes: 
● As sanções NÃO podem ser aplicadas a particulares, devendo existir um vínculo de natureza especial. 
● É um poder interno, não permanente e discricionário. Na verdade, é vinculado quanto ao dever de 
punir e discricionário quanto à seleção da pena aplicável. 
ATENÇÃO!!! Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para 
aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 
132 da Lei nº 8.112/90. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/09/2021. 
● A aplicação de qualquer uma dessas penalidades exige instauração de prévio processo administrativo 
com garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade da punição. 
● O Poder Disciplinar pode decorrer do Poder Hierárquico, haja vista tratar-se a hierarquia de uma 
espécie de vinculação especial, mas também pode decorrer dos contratos celebrados pela 
Administração Pública, sejam regidos pelo direito público ou pelo direito privado. 
● É um poder interno, sancionatório, por meio do qual a administração pública pode aplicar sanção às 
pessoas a este vinculado. 
 
O poder disciplinar é um poder sancionatório, mas nem toda sanção configura poder disciplinar, visto que o 
poder disciplinar decorre da existência de um vínculo especial entre o Estado e o sujeito que está sendo 
punido, do contrário estará diante da manifestação do poder de polícia. Logo: Estado punindo pessoas 
vinculadas a ele é manifestação do poder disciplinar, por outro lado, já o Estado punindo particulares não 
vinculados é manifestação do poder de polícia. 
Ex. sanção aplicada ao servidor público (vínculo específico) → poder disciplinar. 
Ex. aplicação de multa ao particular → (sem vínculo) manifestação do poder de polícia. 
 
Engloba duas situações: 
● Relações funcionais travadas com agentes públicas, independentemente da natureza do vínculo – 
legal ou negocial. 
 
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● Particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a administração, mas que não são 
considerados agentes públicos. Ex.: aplicação de multa contratual à empresa contratada pela 
Administração, sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca pública 
etc. 
 
STF: É impossível substituir o mérito administrativo pelo Poder Judiciário, estando o controle limitado à 
legalidade das sanções aplicadas. 
 
ATENÇÃO: É lição comum na doutrina que o poder disciplinar é exercido de forma discricionária. A afirmação 
deve ser analisada com bastante cuidado no que concerne ao seu alcance. Caso o indivíduo sob disciplina 
administrativa cometa infração, não restará qualquer opção ao gestor senão aplicar-lhe a penalidade 
legalmente prevista, ou seja, a aplicação da pena é ato vinculado. A discricionariedade, quando existente, é 
relativa à graduação da penalidade ou à escolha entre as sanções legalmente cabíveis, uma vez que no 
direito administrativo não predomina o princípio da pena específica (que corresponde à necessidade de 
prévia definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível). 
 
Súmula 650 do STJ – A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade 
para aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as 
hipótesesprevistas no artigo 132 da Lei 8.112/1990. 
 
Caiu em prova Delegado BA/2022! No que se refere aos Poderes da Administração Pública, assinale a 
alternativa que apresenta disposição sobre o Poder Disciplinar. 
É o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e 
demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa (item considerado correto). 
 
3.4 Poder de Polícia 
 
a) Conceito: O poder de polícia consiste na prerrogativa que tem o Estado de restringir, frenar, limitar a 
atuação do particular em razão do interesse público. É fruto da compatibilização do interesse público em 
face do privado. 
 
 Tenha em mente que o poder de polícia não é um poder interno, decorre da supremacia do interesse 
público, não dependendo para sua manifestação de nenhum vínculo especial (ao contrário do que exige o 
poder disciplinar). 
 
Definição: art. 78 CTN - Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
 
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prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente 
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
 
Caiu em prova Delegado ES/2022! No exercício do poder de polícia, o município poderá estabelecer os 
horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais situados em seu território – (item considerado 
correto). 
 
b) Natureza dos Atos: É poder negativo, mas em alguns casos também é positivo. Ex: Exigência para o 
proprietário conferir função social à propriedade. 
 
Pode-se citar alguns exemplos que demonstram a dimensão da multiplicidade de situações em que 
o poder de polícia é empregado: 
✔ Apreensão de mercadoria estragada em depósito alimentício; 
✔ Suspensão de atividades lesivas ao meio ambiente; 
✔ Fiscalização exercida sobre pessoas físicas ou jurídicas pelos conselhos de fiscalização profissional; 
✔ Apreensão de mercadoria ilegal na alfândega; 
✔ Interdição de um estabelecimento que viole normas sanitárias; 
✔ Aplicação de uma multa a restaurante que infringiu normas ligadas à proteção da saúde pública; 
✔ Lavratura de auto de infração contra empresa que violou normas relativas à vigilância sanitária; 
✔ Demolição de edifício particular que ameaçava ruir; i) Expedição de porte de arma de fogo. 
 
c) Sentidos do Poder de Polícia: 
(1) Sentido amplo: compreende toda e qualquer atuação estatal restritiva à liberdade e propriedade; 
(2) Sentido restrito: diretamente relacionada ao exercício da função administrativa. 
Pode ser: 
● Preventiva. Ex.: quando trata de disposições genéricas e abstratas como, por exemplo, as 
portarias e regulamentos que se materializam nos atos que disciplinam horário para 
funcionamento de determinado estabelecimento, proíbem desmatar área de proteção 
ambiental, soltar balões, entre outros. 
● Repressiva: ao praticar atos específicos observando sempre a obediência à lei e aos 
regulamentos, como por exemplo, dissolver passeata tumultuosa, apreender revistas 
pornográficas, aplicação de multa etc. 
● Fiscalizadora: quando previne eventuais lesões, como, por exemplo, vistoria de veículos, 
fiscalização de pesos e medidas entre outros. 
 
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A atuação pode ensejar obrigações negativas (não fazer) ou positivas (fazer). 
 
d) Polícia Judiciária x Administrativa (questão dissertativa da prova de Delegado da PF/2018) 
● Judiciária – incide sobre as pessoas, infrações criminais. 
⋅ Não se exaure em si mesma; 
⋅ Incide sobre os próprios indivíduos; 
⋅ Predominantemente repressiva. 
● Administrativa – incide sobre bens e direitos, infrações administrativas e se manifesta na edição de 
atos administrativos. 
⋅ Exaure-se em si mesma; 
⋅ Incide sobre bens e direitos; 
⋅ Eminentemente preventiva. 
 
Caiu em prova Delegado RJ/2022! Conforme art. 144, § 4.º, da CF, “às polícias civis, dirigidas por 
delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. Em face desse dispositivo e do regime 
jurídico do poder de polícia, é correto afirmar que delegados de Polícia de carreira podem exercer polícia 
administrativa (item considerado correto). 
 
Caiu em prova Delegado GO/2022! A Polícia Judiciária, embora seja atividade administrativa, prepara a 
atuação da função jurisdicional, enquanto a Polícia Administrativa, de caráter mais fiscalizador, é 
atividade da Administração que se exaure em si mesma (item considerado correto). 
 
Vamos esquematizar? 
POLÍCIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA 
JUDICIÁRIA 
Incide sobre as pessoas, trata de infrações 
criminais. 
● Não se exaure em si mesma; 
● Incide sobre os próprios indivíduos; 
● Predominantemente repressiva. 
ADMINISTRATIVA 
Incide sobre bens e direitos, trata de infrações 
administrativas e se manifesta na edição de 
atos administrativos. 
● Exaure-se em si mesma; 
● Incide sobre bens e direitos; 
● Eminentemente preventiva. 
 
PODER DE POLÍCIA X PODER DAS POLÍCIAS (PODER POLICIAL) 
(STJ, HC 830.530-SP, julgado em 27/9/2023) 
 
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Poder de Polícia Poder das Polícias ou Poder Policial 
“Conceito de direito administrativo previsto no art. 
78 do Código Tributário Nacional e explicado pela 
doutrina como "atividade do Estado consistente em 
limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do interesse público". (PODER DE POLÍCIA 
ADMINISTRATIVA). 
“É típico dos órgãos policiais, é marcado pela 
possibilidade de uso direto da força física para fazer 
valer a autoridade estatal, o que não se verifica nas 
demais formas de manifestação do poder de polícia, 
que somente são legitimadas a se valer de 
mecanismos indiretos de coerção, tais como multas 
e restrições administrativas de direitos.” (PODER DE 
POLÍCIA JUDICIÁRIA). 
 
PODER DE POLÍCIA X FUNÇÃO DE POLÍCIA 
(Diogo de Figueiredo Moreira) 
Poder de Polícia Função de Polícia 
Exercício pelo legislador e compreende a criação de 
limites e condições às liberdades e aos direitos; 
Exercida pelo administrador, restringindo-se à 
aplicação da lei. 
 
SUPREMACIA GERAL X SUPREMACIA ESPECIAL 
. Supremacia Geral: O exercício do poder de polícia tem por destinatários todos os particulares que se 
submetem à autoridade estatal. 
. Supremacia Especial: Quando os administrados travam relações jurídicas específicas com o Estado. 
 
* Inicialmente, entendia-se que essas relações de sujeição especial ficavam excluídas do Direito, sendo 
desnecessário observar o devido processo legal. A doutrina moderna entende que se aplica o princípio da 
legalidade a tais relações, mas de forma mais flexível, reconhecendo-se maior liberdade à atuação 
administrativa. 
* A distinção entre supremacia geral e especial é usada para definir poder de polícia (geral) e disciplinar 
(especial). 
 
e) Ciclos do Poder de Polícia x Delegação do Poder de Polícia 
O Poder de Polícia compreende 4 ciclos: 
(1) Ordem de Polícia 
(2) Consentimento de Polícia 
(3) Fiscalização de Polícia 
(4) Sanção de Polícia 
 
 
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(1) ORDEM DE POLÍCIA: é o preceito legal básico que dá validade à limitação prevista, para que não se 
pratique ato que lesionará o interesse público ou para que não deixe de fazer algo que evitará a lesão 
ao interesse público. Ex: Código de Trânsito Brasileiro que contém normas genéricas e abstratas para 
a obtenção da Carteira Nacional deHabilitação. 
 
(2) CONSENTIMENTO DE POLÍCIA: é o ato administrativo que confere anuência ao exercício de atividade 
ou ao uso de propriedade. 
Pode ser: 
⋅ Licença: ato vinculado; 
⋅ Autorização: ato discricionário. 
 
Classificação das licenças ou autorizações: 
▪ Licença ou autorização por operação: O ato se esgota com a sua emissão, sem estabelecer relação 
jurídica permanente entre particular e Estado. Ex: Licença para construir edifício; 
▪ Licença ou autorização operativa (ou de funcionamento): estabelece relação jurídica especial e 
duradoura entre o particular e o Estado. Ex: Emissão da carteira corporifica a vontade o Poder 
Público. 
 
(3) FISCALIZAÇÃO DE POLÍCIA: é a verificação se as ordens de polícia estão sendo cumpridas (se não 
está sendo exercida uma atividade vedada ou se uma atividade consentida está sendo executada 
dentro dos limites estabelecidos). Ex: Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar 
se há respeito à velocidade estabelecida em lei. 
 
(4) SANÇÃO DE POLÍCIA: é a fase em que, verificada afronta à ordem de polícia, é aplicada a pena de 
polícia. Ex: aplicação das multas de trânsito. 
 
Obs.: LEGISLAÇÃO (ORDEM DE POLÍCIA) e FISCALIZAÇÃO são as únicas fases que sempre existirão num ciclo 
de polícia; O CONSENTIMENTO nem sempre estará presente, pois há atos que, embora sem consentimento, 
são aplicados por previsão legal. 
 
Limites ao poder de polícia: princípio da legalidade; princípio da proporcionalidade (necessário, 
adequado e proporcional em sentido estrito); núcleo essencial dos direitos individuais; o limite do limite 
(limitação de liberdades públicas) 
 
O poder de polícia pode ser delegado? 
 
 
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O Poder de Polícia é considerado atividade típica de Estado e, portanto, somente pode ser exercido pelas 
pessoas jurídicas de direito público componentes da Administração Direta ou da Administração Indireta. 
Nesse sentido, para o STJ e doutrina amplamente majoritária, as atividades de ordem de polícia e de 
aplicação de sanções derivam de indiscutível poder coercitivo do Estado e, justamente por isso, NÃO 
poderiam ser delegadas a pessoas jurídicas de direito privado. Por outro lado, as atividades de 
consentimento e fiscalização (2º e 3º ciclos do Poder de Polícia) seriam compatíveis com a natureza de uma 
sociedade de economia mista, sendo, em tese, passíveis de delegação. 
 No entanto, embora a doutrina seja praticamente uníssona no sentido de que somente os ciclos de 
fiscalização e consentimento do Poder de Polícia podem ser delegados às pessoas jurídicas de direito privado 
integrantes da Administração Pública, em entendimento do Plenário do STF, no bojo (RE) 633782, com 
repercussão geral reconhecida (Tema 532), a Corte fixou a seguinte tese: “É constitucional a delegação do 
poder de polícia, por meio de lei, à pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração 
Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de 
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial”. 
 
“Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é 
constitucional a delegação da atividade de policiamento de trânsito à Empresa de 
Transporte e Trânsito de Belo Horizonte – BHTrans, INCLUSIVE QUANTO À 
APLICAÇÃO DE MULTAS. A decisão se deu na sessão virtual encerrada em 23/10, 
no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 633782, com repercussão geral 
reconhecida (Tema 532). O relator destacou que, no julgamento do RE 658570, o 
STF decidiu que o poder de polícia não se confunde com segurança pública. Assim, 
seu exercício não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais. Segundo ele, a 
fiscalização do trânsito com aplicação de sanções administrativas constitui mero 
exercício de poder de polícia. "Verifica-se que, em relação às estatais prestadoras 
de serviço público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não 
há razão para o afastamento do atributo da coercibilidade inerente ao exercício 
do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade para a qual aquelas 
entidades foram criadas", concluiu.” Fonte: site do STF. 
 
 Nesse sentido, para o STF, além da fiscalização e do consentimento, no âmbito do ciclo de polícia, a 
sanção também poderia ser delegada! 
 
● Poder de Legislar – Indelegável; 
● Fiscalização – Delegável; 
● Atos de consentimento – Delegável; 
● Aplicar sanções – Delegável (STF). 
 
http://stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4005451&numeroProcesso=633782&classeProcesso=RE&numeroTema=532
http://stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4005451&numeroProcesso=633782&classeProcesso=RE&numeroTema=532
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DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA: LIMITES E POSSIBILIDADES 
(Aprofundamento para subjetivas) 
1ª Corrente (majoritária): Impossibilidade de delegação do poder de polícia a particulares, o que NÃO impede 
o exercício privado de atividades materiais acessórias, prévias ou posteriores ao poder de polícia. Celso Antônio, 
Marçal Justen. 
2ª Corrente: Possibilidade de delegação de fiscalização e consentimento aos particulares, integrantes ou não 
da administração indireta. Diogo de Figueiredo. 
3ª Corrente: Pode haver delegação do poder de polícia para entidades de direito privado que integram a 
Administração Pública. Cláudio Brandão; 
4ª Corrente: Pode delegar, desde que preenchidos três requisitos: 
i. Delegação feita por lei, NÃO se admitindo via contrato; 
ii. Apenas a fiscalização pode ser delegada; 
iii. Entidades privadas delegatárias devem integrar a Administração indireta, não sendo lícita a 
delegação às entidades privadas em geral. Carvalho Filho. 
 
STF: É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado 
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem 
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial, inclusive quanto 
à aplicação de SANÇÃO. 
 
STJ: Possibilidade de delegação da FISCALIZAÇÃO e CONSENTIMENTO de polícia para empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
 
O ordenamento jurídico reconhece a possibilidade de exercício de poderes públicos, inclusive de autoridade, 
por particulares em alguns casos, como comandantes de aeronaves, atividade de notários, instâncias da justiça 
desportiva. 
 
O autor Rafael Oliveira entende possível a delegação a particulares, desde que respeitados os seguintes 
requisitos: 
i. Exercida preponderantemente por entidades de direito público e, excepcionalmente, por entidades de 
direito privado. 
ii. Princípio da legalidade (juridicidade): a delegação deve ser por norma constitucional ou legal, que deve 
fixar o exercício e limites para a função delegada; 
iii. Conteúdo da delegação: apenas podem ser delegadas atividades instrumentais ou técnicas, sendo 
vedada a transferência regular das atividades punitivas ou vinculadas à soberania; 
iv. Obediência à razoabilidade e proporcionalidade; 
 
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v. Respeitar direitos e garantias dos administrados. 
 
DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA: FUNDAMENTOS DO ENTENDIMENTO DO STF 
(Aprofundamento para subjetivas) 
A tese da indelegabilidade do poder de polícia as pessoas jurídicas de direito privado, fundamenta-se em 
quatro pilares argumentativos: 
(i) ausência de autorização constitucional; 
(ii) indispensabilidade da estabilidade do serviço público para o seu exercício; 
(iii) impossibilidade de delegação da prerrogativa da coercibilidade, atributo intrínseco ao poder de polícia, 
por ser atividade típica de Estado, e 
(iv) incompatibilidade da função de polícia com finalidadelucrativa. 
 
No julgamento, o STF afastou todos os pilares acima, de modo a permitir a delegação do Poder de Polícia para 
as Pessoas Jurídicas de Direito Privado nos moldes fixados na tese de repercussão geral, como se vê a partir de 
agora. 
(i) ausência de autorização constitucional; 
Não se sustenta a lógica da indelegabilidade por ausência de permissivo constitucional. É que o regime jurídico 
híbrido das estatais prestadoras de serviço público em regime de monopólio é plenamente compatível com a 
delegação, nos mesmos termos em que se admite a constitucionalidade do exercício delegado de atividade de 
polícia por entidades de regime jurídico de direito público. 
[...] tem-se como possível o exercício de uma função de Estado (poder de polícia) por uma pessoa jurídica 
integrante da Administração Pública indireta prestadora de serviço público. 
 
(ii) indispensabilidade da estabilidade do serviço público para o seu exercício; 
[...] vale lembrar que nem todos os servidores estatutários possuem estabilidade. Os ocupantes de cargos em 
comissão não possuem tal garantia, sendo, inclusive, demissíveis ad nutum. Além deles, os servidores em 
estágio probatório também não contam com a estabilidade até o término do período de prova. Todavia, essas 
peculiaridades não deslegitimam a prática atos derivados do poder de polícia. 
 
(iii) impossibilidade de delegação da prerrogativa da coercibilidade, atributo intrínseco ao poder de polícia, 
por ser atividade típica de Estado; 
Em relação às estatais prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, 
não há razão para o afastamento do atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob 
pena de esvaziamento da finalidade para a qual aquelas entidades foram criadas. 
 
(iv) incompatibilidade da função de polícia com finalidade lucrativa. 
 
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As estatais prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado não exploram atividade econômica em 
regime de concorrência. A razão é óbvia: a atuação típica do Estado não se dirige precipuamente ao lucro. É 
dizer, se a entidade exerce função pública típica, a obtenção de lucro não é o seu fim principal. 
A possibilidade de ocorrem abusos de poder no exercício do poder de polícia delegado. É certo que eventuais 
abusos não decorrem, exclusivamente, da atuação de pessoas jurídicas de direito privado, mas também de 
pessoas jurídicas de direito público. Fato é que os abusos devem ser, constantemente, apurados e reprimidos 
pelo Estado, de modo a diminuir a sua incidência. 
 
ATENÇÃO!!! Cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente 
indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. Os atos de consentimento, de fiscalização e de 
aplicação de sanções podem ser delegados a estatais que, à luz do entendimento desta Corte, possam ter um 
regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública. 
 
Caiu em prova Delegado RJ/2022! Conforme art. 144, § 4.º, da CF, “às polícias civis, dirigidas por delegados 
de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a 
apuração de infrações penais, exceto as militares”. Em face desse dispositivo e do regime jurídico do poder 
de polícia, é correto afirmar que a polícia judiciária não se confunde com a polícia administrativa, embora 
ambas decorram do exercício do poder de império tipicamente estatal, indelegável a entidades privadas 
(item considerado incorreto). 
 
f) Atributos do Poder de Polícia: 
 
1. DISCRICIONARIEDADE: Consiste na liberdade conferida pelo legislador ao administrador para 
escolher o melhor momento de atuação ou a sanção mais adequada. Porém, o poder de polícia 
também pode se manifestar por atos vinculados. Ex: Licenças para construir. 
 
Tema relevante: discricionariedade dos atos administrativos e Doutrina Chenery → Por essa teoria, o 
Judiciário não pode anular um ato administrativo sob o argumento de que a AP não se valeu da melhor 
metodologia técnica. Surgiu do julgamento do caso SEC (CVM americana) x Chenery Corp. pela Suprema 
Corte norte-americana. O fundamento para tanto é que em temas envolvendo questões técnicas e 
complexas, os Tribunais não possuem a qualificação necessária para concluir se os critérios adotados pela 
AP são corretos ou não. Somente a própria AP é que tem um corpo técnico competente para tanto. Tal 
doutrina foi recentemente usada pelo STJ para deferir pedido de suspensão de segurança contra decisão 
judicial que havia suspendido o reajuste de tarifas do transporte público (Ag. Int. na SLS 2.240/SP). 
 
Cuidado em uma prova discursiva! 
 
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Para a doutrina tradicional, encampada por Hely Lopes Meirelles, uma das características do poder de polícia 
é a discricionariedade. De fato, entende-se que a discricionariedade é a regra apresentada nos atos 
decorrentes do exercício do poder de polícia. Ou seja, a princípio, os atos de polícia são praticados pelo 
agente público, no exercício de competência discricionária, podendo definir a melhor atuação nos limites e 
contornos autorizados pela lei. (Leve isso com você para a prova objetiva!) 
No entanto, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário, porque ele também pode se 
manifestar por atos vinculados, como, por exemplo, as licenças para construção. Nesses casos, a lei 
estabelece requisitos objetivos para a concessão da licença e, uma vez cumpridos os requisitos legais, o 
particular terá direito subjetivo à concessão do alvará pleiteado, sem que o agente público tenha qualquer 
margem de escolha. Ante o exposto, contemplamos que o poder de polícia pode se manifestar tanto por atos 
vinculados quanto por atos discricionários. 
Nas palavras do professor Ricardo Alexandre: A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da 
autoridade pública sobre a conveniência e oportunidade do exercício do poder de polícia. No entanto, 
embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a regra, em algumas situações o exercício do poder de 
polícia é vinculado, não deixando margem para que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de 
opção. A título de exemplo, comparemos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização, 
respectivamente. No caso do alvará de licença, o ato é vinculado, o que significa que a licença não poderá 
ser negada quando o requerente preencher os requisitos legais para sua obtenção. (Direito Administrativo 
Esquematizado). 
 
2. AUTOEXECUTORIEDADE: Prerrogativa da administração de implementar seus atos sem a 
participação do Judiciário. O contraditório é diferido, pois em caso excepcional, a Administração 
pode praticar ato de polícia para impedir prejuízo à coletividade, conferindo direito de defesa após 
a prática do ato. 
 
Obs.: Alguns atos de polícia NÃO possuem o atributo, a exemplo da multa que não é adimplida e a respectiva 
cobrança ocorre por execução fiscal. 
 
EXECUTORIEDADE X EXIGIBILIDADE 
. Executoriedade (executoriedade propriamente dita ou direta): o Administrador utiliza meios diretos de 
coerção para implementar a vontade administrativa. 
. Exigibilidade (executoriedade indireta): meios indiretos de coerção. 
 
É necessário previsão legal expressa para reconhecer a autoexecutoriedade? 
▪ 1ª corrente: Depende de lei ou do caráter emergencial da medida. Di Pietro, Celso Antônio, José 
dos Santos Carvalho Filho. 
 
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▪ 2ª corrente: A executoriedade é regra e só pode ser afastada por expressa vedação legal. Hely 
Lopes, Diogo de Figueiredo. 
 
A autoexecutoriedade NÃO significa arbitrariedade, pois a atuação administrativa sempre deverá 
observar a juridicidade (regras e princípios no ordenamento jurídico).💣 TEMA RELEVANTE: A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em 
que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia 
 
Um dos atributos do poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa que a 
Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e 
decisões, sem precisar de prévia autorização judicial. A Administração, contudo, 
pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o 
Poder Judiciário determine essa providência ao particular. Ex: diante de uma 
irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o 
estabelecimento. Se ela, em vez de executar esta ordem diretamente, ajuíza ação 
pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal ação não pode ser 
julgada extinta por falta de interesse de agir. A autoexecutoriedade não retira da 
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe 
assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas 
pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma. 
REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017. 
 
3. COERCIBILIDADE (OU EXIGIBILIDADE): Impõem restrições ou condições a serem cumpridas pelos 
particulares. Há atos que são despidos de coercibilidade, a exemplo da licença solicitada pelo 
particular. 
 
g) Prazo para aplicar penalidades: 
 
 As sanções decorrentes do poder de polícia devem respeitar um prazo prescricional de 5 (cinco) anos. 
Neste sentido, a Lei nº 9.873/99, em seu art. 1°, define que: 
 
"Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e 
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em 
vigor, contados da data da pratica do ato ou, no caso de infração permanente ou 
continuada, do dia em que tiver cessado". 
 
 
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Verifica-se, portanto, que o ente estatal deve respeitar o prazo quinquenal de prescrição para 
aplicação de sanções de polícia, tendo início a contagem do prazo com a prática do ato lesivo pelo particular 
ou da cessação da conduta continuada que configure infração de caráter permanente, ressalvadas a situação 
de o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, uma vez que, nestes casos, a 
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. 
 Se não houver lei estadual ou municipal prevendo o prazo prescricional da sanção de polícia, este 
prazo será de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32. 
 
A legislação de cada ente deverá prever o prazo prescricional da sanção de polícia. 
No âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei n.º 9.873/99. Caso 
não haja lei estadual ou municipal sobre o assunto, deverá ser aplicado o prazo 
prescricional de 5 anos por força, não da Lei n. 9.873/99, mas sim do art. 1º do 
Decreto 20.910/32; As disposições contidas na Lei n.º 9.873/99 não são aplicáveis 
às ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, pois o 
seu art. 1º é expresso ao limitar sua incidência ao plano federal. Assim, inexistindo 
legislação local específica, incide, no caso, o prazo prescricional previsto no art. 1º 
do Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1409267/PR, Rel. Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 16/03/2017 
 
Ademais, cumpre ressaltar que a legislação prevê a possibilidade de prescrição intercorrente, trienal, 
diante da inércia da Administração Pública no julgamento do processo administrativo. Corroborando ao 
exposto, dispõe o art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99. 
 
"Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três 
anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício 
ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da 
responsabilidade funcional de corrente da paralisação, se for o caso". 
 
Obs.: Qual é o prazo para aplicação de sanções administrativas pelo Tribunal de Contas da União? De acordo 
com o STF, o prazo é quinquenal: 
 
Com exceção do ressarcimento de valores pleiteados pela via judicial decorrentes 
da ilegalidade de despesa ou da irregularidade de contas, as sanções 
administrativas aplicadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) são 
prescritíveis, aplicando-se os prazos da Lei 9.873/1999. 
Em regra, as ações de ressarcimento ao erário submetem-se à prescrição, salvo 
aquelas fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei 8.429/1992 (vide Tema 
897 RG). Isso inclui todas as demandas que envolvam a pretensão estatal de ser 
 
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ressarcido pela prática de qualquer ato ilícito, seja de natureza civil, administrativa 
ou penal, ressalvadas as exceções constitucionais (CF/1988, art. 5º, XLII e XLIV) e, 
como dito, a prática de ato doloso de improbidade administrativa (excluindo-se os 
atos ímprobos culposos, que se submetem à regra prescricional). 
Nesse contexto, a jurisprudência desta Corte repele a imprescritibilidade de 
pretensões punitivas do TCU, de modo que a aplicabilidade de suas sanções 
administrativas sofre os efeitos fulminantes da passagem de tempo, de acordo com 
os prazos previstos em lei. No caso, é regulada integralmente pela Lei 9.873/1999, 
que estabelece o prazo de cinco anos da ação punitiva da Administração Pública 
federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar 
infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de 
infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. STF. MS 36.990 
AgR/DF, relator Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento em 28.3.2023 
 
h) Poder de polícia delegável e indelegável: 
 
 Nos dizeres dos autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a doutrina tem dividido os meios de 
atuação da polícia administrativa em dois grupos: Poder de Polícia Originário e Poder de Polícia Delegado. 
Conforme os autores: 
● Poder de Polícia Originário: É aquele exercido pelas pessoas políticas do Estado (União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios), alcançando os atos administrativos provenientes de tais pessoas; 
● Poder de Polícia Delegado: É aquele executado pelas pessoas administrativas do Estado, integrantes 
da chamada Administração Indireta. Diz-se delegado porque esse poder é recebido pela entidade 
estatal a qual pertence. 
 
Obs.: Considerações sobre a multa de trânsito (sua aplicação decorre do exercício do Poder de Polícia) 
● Aplicação da multa: natureza autoexecutória, podendo a Administração impor penalidade 
pecuniária ao administrado, sem a necessidade de recorrer ao Judiciário. 
● Cobrança da multa: Acaso NÃO paga no vencimento, a cobrança da multa NÃO é dotada de 
autoexecutoriedade, devendo a Administração valer-se de instrumentos próprios para viabilizar a 
cobrança. 
 
Veja a jurisprudência sobre o tema: 
 
STF/2015: As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito? 
SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm 
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor 
multas. O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas 
 
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municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição 
de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF. 
Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015. (Info 793) 
Atente-se às jurisprudências relevantes sobre o Poder de Polícia: 
É legítimo o poder de polícia conferido à ANATEL para fiscalizar as atividades de 
radiodifusão. STF. Plenário. ADI 4039/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento 
virtual finalizado em 24.6.2022.(Info 1060) 
A guarda municipal, por não estar entre os órgãos de segurança pública previstos 
no art. 144 da CF, não pode exercer atribuições das polícias civis e militares; a sua 
atuação deve se limitar à proteção de bens, serviços e instalações do município. 
As guardas municipais não possuem competência para patrulhar supostos pontos 
de tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos da 
prática de tal crime ou ainda investigar denúncias anônimas relacionadas ao tráfico 
e outros delitos cuja prática não atinja de maneira clara, direta e imediata os bens, 
serviços e instalações municipais. A Constituição Federal de 1988 não atribui à 
guarda municipal atividades ostensivas típicas de polícia militar ou investigativas de 
polícia civil, como se fossem verdadeiras “polícias municipais”. O papel das guardas 
municipais é tão somente o de proteção do patrimônio municipal, nele incluídos os 
seus bens, serviços e instalações. STJ. 6ª Turma.REsp 1977119-SP, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 16/08/2022. (Info 746) 
 A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do Poder Executivo faça a sua 
regulamentação. Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de 
legislação estadual que estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo 
apresentar a regulamentação de disposições legais. Exemplo: Art. 9º O Chefe do 
Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da Administração Pública 
Estadual no prazo de 90 dias. Essa previsão é inconstitucional. STF. Plenário. ADI 
4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021. (Info 1037) 
Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas 
sem a regular aprovação estatal. STJ. 2ª Turma. REsp 1846075-DF, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020. (Info 671) 
O termo “bombeiro civil” pode ser utilizado pelos profissionais de empresas 
privadas atuantes no ramo. STJ. 1ª Turma. REsp 1.549.433-DF, Rel. Min. Benedito 
Gonçalves, julgado em 09/04/2019. (Info 648) 
A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em 
que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia. Um dos atributos do 
poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa que a Administração Pública 
pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de 
 
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prévia autorização judicial. A Administração, contudo, pode, em vez de executar o 
próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine 
essa providência ao particular. (...) A autoexecutoriedade não retira da 
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe 
assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas 
pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma. 
REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017. 
 
 
Jurisprudência em teses STJ: EDIÇÃO N. 82: PODER DE POLÍCIA 
 
1) A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em 
que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão da 
inafastabilidade do controle jurisdicional. 
 
2) O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas por 
Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é quinquenal, 
conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo inaplicáveis as 
disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à Administração 
Pública Federal Direta e Indireta. 
 
3) Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a 
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração 
ambiental. (Súmula n. 467/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - 
TEMA 324) 
 
4) A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede ao 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA 
interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda 
que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o licenciamento 
seja do município ou do estado. 
 
5) Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da 
licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já 
que não se confunde a competência para licenciar com a competência para 
fiscalizar. 
 
 
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6) O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de 
polícia para impor sanções administrativas relacionadas à transgressão dos 
preceitos ditados pelo Código de Defesa do Consumidor art. 57 da Lei n. 8.078/90. 
 
7) O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal CEF 
por infração às normas do Código de Defesa do Consumidor, independentemente 
da atuação do Banco Central do Brasil. 
 
8) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da 
delegação do poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo, 
não podendo ser considerada relação de trabalho e, por consequência, não está 
incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista. 
 
9) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia 
mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório. 
 
10) É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento 
quando notório o exercício do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente 
municipal, sendo dispensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização. 
 
11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas 
intrinsecamente ao serviço prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa 
de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de 
Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a 
regularidade desses equipamentos. 
 
12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores 
Mobiliários decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores 
Mobiliários CVM, visto que os efeitos da Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata 
e se prolongam enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de 
beneficiária de incentivos fiscais. 
 
13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de 
Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm 
natureza jurídica de taxa, tendo em vista que o seu pagamento é compulsório e 
decorre do exercício regular de poder de polícia. 
 
 
 
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Referências Bibliográficas: 
 
Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo 
Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo 
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo descomplicado. 
Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/ 
 
 
 
 
http://www.dizerodireito.com.br/
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META 3 
 
DIREITO CIVIL: FATOS JURÍDICOS, NEGÓCIO JURÍDICO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CÓDIGO CIVIL 
⦁ Art. 104 ao 211ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
⦁ Art. 104 e 104 
⦁ Art. 110 e 112 
⦁ Art. 113 (inovação legislativa em 2019!) 
⦁ Art. 121 a 125 
⦁ Art. 127, 128 e 131 
⦁ Art. 136 e 137 
⦁ Art. 138 a 157 (muito importante!) 
⦁ Art. 166 e 167 
⦁ Art. 169, 171, 178 e 179 
⦁ Art. 186 a 188 
⦁ Art. 197, 198 e 199 
⦁ Art. 204 a 211 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 150-STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação. 
Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos 
inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência. 
Súmula 154-STF: Simples vistoria não interrompe a prescrição. 
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores. 
 
1. FATOS JURÍDICOS 
 
FATO: qualquer ocorrência. 
FATO NÃO JURÍDICO: é um fato ou acontecimento a que o direito NÃO atribui efeitos. 
 
 Ordinários 
 Fato Jurídico Stricto Sensu 
 
 
 
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FATO JURÍDICO Extraordinários 
LATO SENSU 
 Atos lícitos 
 Fatos humanos 
 Atos ilícitos 
Atos ilícitos 
stricto sensu 
 Atos ilícitos lato sensu 
Atos 
antijurídicos 
 Ato jurídico stricto sensu 
ATOS Negócio jurídico 
LÍCITOS 
 Ato lícito = ato jurídico lato sensu 
 Ato-fato jurídico 
 
1.1 Fato Jurídico Lato Sensu 
 
 Fato jurídico lato sensu é o fato humano ou da natureza que tem o condão de criar, modificar ou 
extinguir direitos. 
 
 - Os fatos jurídicos lato sensu são divididos em: 
 
a) Fato natural ou fato jurídico stricto sensu: é todo acontecimento natural que produz efeitos na órbita 
do direito podendo ser: 
∘ Ordinário. Ex: Prescrição, nascimento com vida, usucapião etc. 
∘ Extraordinário (imprevisível). Ex: Catástrofe inesperada. 
 
b) Fato humano ou fato jurídico: é o fato que ocorre em decorrência da vontade humana. 
 
1.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu: 
 
 Atos lícitos (ato jurídico lato sensu): fatos humanos que estão em harmonia com o ordenamento 
jurídico. Podem ser: 
a) Ato jurídico (stricto sensu) 
b) Negócio jurídico 
c) Ato-fato jurídico 
 
 
 
 
 
 
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a) Ato jurídico stricto sensu: vontade humana na realização do ato + efeitos predeterminados pela lei. 
É comportamento humano, voluntário e consciente, que por ser desprovido de autonomia e 
liberdade negocial, produz os efeitos previamente determinados na lei. 
 
● Ex.: fixação do domicílio voluntário – o domicílio voluntário pressupõe o animus 
manendi (intenção de permanecer). Uma vez fixado o domicílio voluntário, as 
consequências, normalmente processuais, resultam da lei. 
 
b) Negócio jurídico: vontade humana + composição de interesses. - Os efeitos do negócio jurídico 
resultam da vontade humana. 
● Ex: contratos, testamento, promessa de recompensa 
 
Semelhança entre os dois institutos - ambos resultam da vontade humana. Ou seja, a vontade 
humana é o fato gerador, é a mola propulsora. É premissa que haja a manifestação de vontade para que 
ocorra o ato jurídico e o negócio jurídico. 
Diferença entre os institutos - está nos efeitos. 
 
c) Ato fato jurídico 
Trata-se de um fato humano a que a lei atribui efeito jurídico, independentemente de ter existido 
vontade humana em praticá-lo. Diferencia-se do ato jurídico stricto sensu, pois neste, apesar dos efeitos 
também já virem predeterminados, há VONTADE do praticante em obter tais efeitos, ao contrário do ato-
fato jurídico, em que não se procurou a implementação de tais efeitos. 
 Portanto, a singularidade do ato-fato jurídico é que nele não se leva em conta a vontade dirigida à 
prática do ato-fato e sim as consequências que ele produz. Não está dizendo que não há manifestação de 
vontade no ato-fato jurídico. Há manifestação de vontade, mas ela não é tida como relevante pelo 
ordenamento jurídico. 
 
Caiu na prova Delegado – PCRR (2022) A descoberta de um tesouro é um exemplo de ato-fato jurídico. (item 
correto). Logo, ato-fato jurídico são os atos humanos a cujo suporte fático se dá entrada, como fato jurídico, 
no mundo jurídico, sem se atender, portanto, à vontade dos agentes (Pontes de Miranda). 
 
 O efeito prático de não se levar em conta a vontade dirigida à prática do ato-fato: o ato-fato não se 
aplica o regime de incapacidade. A incapacidade busca a proteção daquele que não tem discernimento para 
manifestar à vontade. Se não se leva em conta a vontade dirigida à prática do ato-fato, não se aplica o regime 
de incapacidade ao ato-fato jurídico. 
 
 O ato-fato aplica-se a duas situações diferentes: 
 
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(1) Acontecimentos ou fatos socialmente aceitos - Ex.: garoto que vai de ônibus sozinho para a escola 
e compra uma bala na cantina. Nesse caso, não se aplica o regime de incapacidade, de modo que o 
ato jurídico é válido porque estamos diante da teoria do ato-fato. 
 
(2) Pode ser que a teoria do ato-fato resulte da lei. – Ex.: garota de 13 anos que se apropria de uma 
concha na areia da praia. Ela adquire a propriedade sobre a concha por meio do instituto da ocupação 
(art. 1263, CC). 
 
1.3 Ato Ilícito 
 
a) Atos ilícitos stricto sensu: No ato ilícito stricto sensu ocorre a violação dos limites formais impostos pelo 
legislador. Ou seja: corre uma violação frontal ao direito positivo. 
· Esse é o ato ilícito do art. 186, CC. 
· Ex: Se alguém pratica um esbulho possessório, praticará um ato ilícito stricto sensu, pois há 
violação frontal ao direito positivo. 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. 
 
b) Atos antijurídicos: No ato antijurídico ocorre a violação dos limites axiológico-normativos impostos pelo 
ordenamento jurídico. 
· Limites axiológicos lembram valores, princípios. Logo, no ato antijurídico, o sujeito não viola a 
norma, mas sim exerce o direito em desarmonia com os valores ou princípios do sistema. 
· Esse é o abuso de direito do art. 187, CC. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
2. NEGÓCIO JURÍDICO 
 
É toda emissão de vontade em harmonia com o ordenamento jurídico, com o objetivo de criar, 
modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. Em resumo, é VONTADE + CONTEÚDO LÍCITO + 
COMPOSIÇÃO DE INTERESSES. 
 
2.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana) 
 
 
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(1) Elementos essenciais de existência do negócio jurídico 
(2) Elementos essenciais de validade do negócio jurídico 
(3) Elementos naturais e acidentais do negócio jurídico 
 
(1) Plano da existência: relativo ao ser, à estruturação do negócio jurídico; 
 No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos 
mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, 
portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos de existência): São eles: 
● Partes – Para o NJ existir, deve haver um sujeito. Ex.: Se houver uma conta corrente fantasma 
em favor de alguém já falecido, como não há sujeito, o negócio será considerado inexistente. 
● Manifestação da vontade - A manifestação de vontade pode ser expressa ou tácita (≠ 
presumida). 
● Objeto - Se não há objeto materialmente existente, inexiste negócio jurídico. 
● Forma - é o modode exteriorização da vontade. 
 
 Portanto, não havendo algum desses elementos, o negócio jurídico é inexistente 
 
 
(2) Plano da validade: Análise dos requisitos em conformidade com a ordem jurídica, para afirmar a aptidão 
do negócio para produzir efeitos. Abrange os seguintes elementos: 
 
● Manifestação da vontade exteriorizada conscientemente, de forma livre e desembaraçada, de 
boa fé. 
● Agente capaz 
☞ O agente deve ser capaz e legitimado para a prática do negócio jurídico. 
● Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: 
☞ O objeto deve ser possível no plano fático. Se o negócio implicar em prestações 
impossíveis, seja uma impossibilidade física ou jurídica, também deverá ser declarado 
nulo. 
☞ A impossibilidade inicial do objeto não invalida o NJ se for relativa ou se cessar antes de 
realizar a condição a qual está subordinado. 
● Forma prescrita ou não defesa em lei: Embora o Código Civil preveja a liberdade de formas, 
quando a lei prescrever determinada forma como requisito de validade, o negócio será solene 
ou formal. 
☞ Ex. NJ sobre bem imóvel acima de 30 salários-mínimos exige escritura pública! 
 
LEITURA ESSENCIAL! 
 
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Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - Agente capaz; 
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela 
outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, 
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. 
 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for 
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. 
 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, 
senão quando a lei expressamente a exigir. 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, escritura pública é essencial à validade 
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou 
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior 
salário-mínimo vigente no País. 
 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, este é da substância do ato. 
 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a 
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha 
conhecimento. 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
 
 Art.110 - RESERVA MENTAL: É uma proposital divergência entre a vontade interna e a vontade 
declarada, assim, o indivíduo reserva mentalmente o que quer; a manifestação da vontade não coincide com 
a real vontade do sujeito. Poder ser: 
● Conhecida: O outro contratante sabe da reserva mental e adere a ela. Esse ato é equiparado à 
simulação. 
● Desconhecida: O outro contratante desconhece a reserva mental. O ato é existente e subsiste, ou 
seja, não é capaz de anular o negócio jurídico. 
 
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 Assim, o negócio jurídico que não se enquadrar nesses elementos de validade será, por regra, nulo 
de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade. Eventualmente, o negócio pode ser também 
anulável (nulidade relativa ou anulabilidade), como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou 
acometido por vício do consentimento. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua 
validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção. 
 
 ATENÇÃO: A respeito da manifestação de vontade ou consentimento, os arts. 112, 113 e 114 trazem 
três regras fundamentais quanto à interpretação dos contratos e negócios jurídicos em geral, que merecem 
ser destacadas: 
 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos 
do lugar de sua celebração. 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído 
pela Lei nº 13.874, de 2019) 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do 
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de 
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; 
e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
V - Corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão 
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
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das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua 
celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de 
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas 
previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
 
Art. 113 - BOA-FÉ: O caput do art. 113 consagra que os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo 
com a boa-fé objetiva e os usos do lugar de sua celebração. 
 
Enunciado JDC409: Os negócios jurídicos devem ser interpretados não só conforme 
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as 
práticas habitualmente adotadas entre as partes. 
 
 #NOVIDADELEGISLATIVA: O art. 113 recebeu dois parágrafos por força da Lei da Liberdade Econômica (Lei 
13.874/2019), que prestigiando a livre iniciativa e o princípio da autonomia privada, trouxe outros critérios 
para a interpretação dos negócios jurídicos em geral. Assim, conforme o novo § 1º do art. 113 do Código 
Civil, a interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
∘ For confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio, sendo vedado e 
não admitido o comportamento contraditório da parte (venire contra factum proprium non potest); 
∘ Corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio, o que já está 
previsto no caput do comando; 
∘ Corresponder à boa-fé, o que igualmente já se retira da norma anterior; 
∘ For mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; 
∘ Corresponder à qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das 
demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as 
informações disponíveis no momento de sua celebração. 
 
Em uma interpretação sistemática entre os arts. 112 e 113, o código contemplou o princípio da confiança, 
dada a ascensãoprincipiológica que há de se conferir à boa-fé objetiva. 
 
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: É expressamente vedado pactuar 
regras de interpretação e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: De acordo com o Código Civil, os negócios 
jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. A interpretação do negócio jurídico deve lhe 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
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atribuir o sentido que, entre outros, corresponder à boa-fé e for mais benéfico à parte que não redigiu o 
dispositivo, se identificável. 
 
CAIU EM CONCURSO! CEBRASPE – PCES/2022 – Delegado de Polícia: De acordo com as disposições da 
legislação civil em vigência acerca de negócios jurídicos, assinale a opção correta. 
(a) A manifestação de vontade não subsiste se o autor houver feito reserva mental. 
(b) O ato de confirmação dispensa a substância do negócio jurídico celebrado, bastando a vontade expressa 
de mantê-lo. 
(c) São anuláveis os negócios jurídicos cujas declarações de vontade tenham emanado de erro substancial 
passível de ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
(d) São dois os requisitos para a validade do negócio jurídico: agente capaz e objeto lícito, possível e 
determinado. 
(e) A invalidade do instrumento induz a do negócio jurídico. 
 
Resposta: A alternativa ‘C’ está correta. 
 
(3) Plano da Eficácia: Exige que o negócio seja existente e válido. 
 
 No plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e 
deveres das partes envolvidas, motivo pelo qual abrange os elementos acidentais dos negócios jurídicos. 
 
 Elementos acidentais são aqueles que podem ou não constar do NJ. Quando inseridos no negócio 
jurídico, resultam da manifestação de vontade. São eles: CONDIÇÃO, TERMO, MODO ou ENCARGO: 
 
A) CONDIÇÃO: A lei exige dois requisitos para a condição: 
1) Voluntariedade – Só existe condição se o evento futuro e incerto subordina a eficácia do negócio 
em razão da vontade das partes. 
 
2) Evento futuro e incerto 
 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da 
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e 
incerto. 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem 
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que 
 
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privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma 
das partes. 
 
Caiu na prova Delegado AL/2023! A cláusula condicional, que deriva exclusivamente da vontade das partes, 
condiciona o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. (ITEM CORRETO) 
 
As condições podem ser: 
 
a) Condições próprias x impróprias 
∘ Condições próprias – resulta da convenção entre as partes 
∘ Condições impróprias – resulta da lei/natureza do negócio jurídico 
 
b) Condições invalidantes x inexistentes 
∘ Condições invalidantes: contaminam o negócio jurídico. A invalidade da condição compromete 
também a validade do negócio jurídico. Quando a condição é desconstituída, o negócio jurídico 
também é desconstituído. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 
∘ Condições inexistentes: cai a condição (se desconstitui) e o NJ permanece válido e eficaz como se a 
condição jamais tivesse sido pactuada. 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e 
as de não fazer coisa impossível. 
 
Cuidado! Pegadinha típica de prova objetiva! 
 
As condições física ou juridicamente impossíveis suspensivas - são invalidantes (art. 123, CC) 
As condições física ou juridicamente impossíveis resolutivas - são inexistentes (art. 124, CC) 
OBS.: As condições ilícitas (aquelas que atingem valores fundamentais), seja suspensiva ou 
resolutiva, são sempre invalidantes. 
 
c) Condições suspensivas x resolutivas: 
∘ Condições Suspensivas: O evento futuro e incerto subordina o INÍCIO DA EFICÁCIA do negócio 
jurídico, ou seja, ele somente começa a ter eficácia quando ocorrer a condição; até a ocorrência da 
 
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condição suspensiva, o negócio jurídico ficará impedido de começar a produzir efeitos. 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, 
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 
 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente 
esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a 
condição, se com ela forem incompatíveis. 
 
Obs.: Não corre prescrição se estiver pendente condição suspensiva! 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
 
a) Condições Resolutivas: O evento futuro e incerto CONDICIONA A PERSISTÊNCIA OU A PERMANÊNCIA 
DA EFICÁCIA do negócio jurídico, ou seja, o negócio jurídico já produz efeitos quando é celebrado com 
condição resolutiva, mas será resolvido caso ocorra a condição. Assim, quando acontece a condição, o 
negócio jurídico cessa, resolve-se. 
 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o 
negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele 
estabelecido. 
 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o 
direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou 
periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto 
aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição 
pendente e conforme aos ditames de boa-fé. 
 
Atenção! As condições podem ser: 
a) Causais: dependem de um acontecimento fortuito, ou seja, do acaso, sobre o qual a vontade das 
partes não tem controle. Ex: João promete dar R$ 500,00 a Pedro, se chover amanhã. 
b) Potestativas: são aquelas que ficam subordinadas à vontade de uma das partes. Podem ser: 
- Puramente potestativas: sua ocorrência depende exclusivamente da vontade da pessoa. Ex: João 
promete dar R$ 500,00 a Pedro se ele (João) decidir vestir seu terno azul amanhã. 
A condição puramente potestativa é ilícita e invalida todo o negócio jurídico (art. 123, II). 
- Meramente ou simplesmente potestativas: são aquelas sujeitas ao arbítrio de uma das partes e 
também a fatores externos, que escapam ao seu controle. 
 
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Ex: dar-te-ei mil reais no dia em que puder viajar para o Japão. Como não está sujeita ao arbítrio 
exclusivo de uma das partes, é válida. (Fonte: Dizerodireito). 
 
 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo 
implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, 
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a 
efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou 
resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. 
 
Atenção a jurisprudência sobre o tema! 
 
É válido o negócio jurídico firmado por Diretor-geral de Clube de Futebol, por 
aplicação da Teoria da aparência, quando atuar em nome e no interesse do clube, 
em negócio jurídico que lhe gerou proveito econômico,ainda que não tenha 
poderes para representá-lo. REsp 1.902.410-MG, Rel. Ministro Paulo de Tarso 
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 28/2/2023, DJe 
3/3/2023 
 
Pode ser válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade de exigir, "tão 
logo fosse de seu interesse", a transferência da propriedade de imóvel. 
 O art. 122 do CC/2002 (correspondente ao art. 115 do CC/1916) proíbe as 
condições puramente potestativas, assim compreendidas como aquelas que 
sujeitam a eficácia do negócio jurídico ao puro arbítrio de uma das partes, 
comprometendo a seriedade do acordo e depondo contra a boa-fé objetiva. 
No caso, a estipulação assinalada mais se assemelha a termo incerto ou 
indeterminado do que, propriamente, a condição potestativa. E mesmo admitindo 
tratar-se de condição, seria de rigor verificar quem ela beneficiava (credor e 
devedor), não havendo falar, por isso, em falta de seriedade na proposta ou risco à 
estabilidade das relações jurídicas. Ademais, foi estatuída em consideração a uma 
circunstância fática alheia à vontade das partes: o resultado de uma determinada 
ação judicial (usucapião), havendo, assim, interesse juridicamente relevante a 
justificar sua estipulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.990.221-SC, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 03/05/2022 (Infos 735 e 745). 
 
B) TERMO – O termo é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que a eficácia desse negócio 
 
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fique subordinada à ocorrência de EVENTO FUTURO E CERTO. Pode ser: 
 
a) Legal x convencional x de graça 
∘ Legal - Estabelecido em lei; 
∘ Convencional - Estabelecido pelas partes; 
∘ De graça - É o termo judicial, ocorre usualmente nos acordos formalizados judicialmente, 
quando o magistrado estabelece o prazo para pagamento. 
 
b) Inicial ou final 
∘ Inicial - corresponde ao início da vigência do NJ - (Corresponde à lógica da condição suspensiva). 
∘ Final - corresponde ao término da vigência do NJ - (Corresponde à lógica da condição resolutiva). 
 
c) Certo ou incerto 
∘ Certo - datas pré pactuadas. Sabe-se que irá ocorrer e quanto irá ocorrer 
∘ Incerto- essa classificação do termo certo ou incerto não se refere à questão se irá ou não ocorrer 
pois é da essência do termo que se saiba que ele efetivamente irá ocorrer. Refere-se ao quando, 
ao momento em que o termo irá se concretizar. 
 
d) Essencial ou não essencial 
∘ Termo Essencial - é aquele cuja inobservância afasta a utilidade da prestação para o credor, de 
modo que a obrigação tem que ser cumprida naquela data. Exemplo do vestido de noiva a ser 
entregue na data do casamento. Obviamente, trata-se de termo essencial, porque não interessa 
à noiva receber o vestido uma semana após o casamento. 
∘ Termo não essencial - o seu descumprimento não elide, não afasta a utilidade da prestação para 
o credor, de modo que a obrigação pode ser cumprida posteriormente. Ex.: interessa ao locador 
receber o aluguel ainda que atrasado. 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. 
 
CONDIÇÃO TERMO 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio 
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se 
não verificar, não se terá adquirido o direito, a 
que ele visa. 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, 
mas não a aquisição do direito. 
De acordo com o art. 125 (condição suspensiva), 
como a condição é evento futuro e incerto, não 
O evento é futuro e certo, razão pela qual, ainda 
que não tenha havido a consumação do termo 
 
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há aquisição do direito visado no período de 
pendência. 
inicial, já há aquisição do direito, havendo 
apenas a suspensão do exercício. 
 
C) ENCARGO - O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus 
relacionado com uma liberalidade. O encargo só acontece nos negócios jurídicos gratuitos. Geralmente, 
tem-se o encargo na doação, testamento e legado. 
 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo 
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como 
condição suspensiva. 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir 
o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
 
● Regra - o encargo ilícito ou impossível é inexistente, não interferindo na eficácia do NJ (até porque o 
encargo, em regra, é não suspensivo), salvo se a ilicitude for motivo determinante da liberalidade 
(caso em que se invalida o NJ) 
● Exceção - se a ilicitude for motivo determinante da liberalidade, o encargo será inválido (e não 
inexistente). Ou seja, tanto o encargo como o NJ serão desconstituídos. 
· Ex.: o sujeito deixa 300 mil em favor de um amigo boêmio com o encargo de que o amigo 
boêmio utilize o dinheiro para construir uma casa de prostituição. Fica claro que o ilícito 
“construção da casa de prostituição” é o motivo determinante da liberalidade. Nesse caso, o 
encargo será invalidante (cai o encargo e cai o testamento). 
 
DICA DD: O encargo pode ser estipulado em favor do próprio instituidor, de um terceiro o da coletividade 
(encargo de interesse geral). No contrato de doação, havendo estipulação de encargo de interesse geral, o 
Ministério Público terá legitimidade para exigir o seu cumprimento, depois da morte do doador, se este 
não tiver feito (art. 553 do CC). 
 
Vamos esquematizar? 
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO (ÔNUS) 
O negócio depende de evento 
futuro e incerto. 
O negócio depende de evento 
futuro e certo. 
Liberalidade + ônus. 
Identificado pelas conjunções 
“se” ou “enquanto”. 
Identificado pela conjunção 
“enquanto”. 
Identificado pelas conjunções 
“para que” e “com o fim de”. 
 
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Suspende (condição 
suspensiva) ou resolve 
(condição resolutiva) os 
efeitos do negócio jurídico. 
Suspende (termo inicial) ou 
resolve (termo final) os 
efeitos do negócio jurídico. 
NÃO suspende nem resolve a 
eficácia do negócio. 
Não cumprido o encargo, 
cabe revogação da libera-
lidade. 
A depender do encargo, será 
possível exigir o seu 
cumprimento. 
Suspende a aquisição e o 
exercício do direito. 
NÃO suspende a aquisição, 
mas suspende o exercício do 
direito. 
NÃO suspende a aquisição 
nem o exercício do direito. 
 
 
2.2 Representação 
 
Está relacionada à incapacidade, servindo como instrumento jurídico por meio do qual alguém se 
manifesta juridicamente em nome de outra pessoa. Pode ser: 
● Legal: Nessa hipótese, a lei estabelecerá quais são os limites de atuação do representante. Tutela, 
curatela, pais representando filhos; 
● Convencional: Se aperfeiçoa com a procuração. O instrumento escrito estabelecerá quais são esses 
poderes. 
 
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado. 
 
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus 
poderes, produz efeitos em relação ao representado. 
 
O negócio jurídico será anulável em duas hipóteses: 
1) NJ que o representante celebrar consigo mesmo 
2) NJ que haja conflito de interesses e terceiro tinha conhecimento de tal circunstância. – prazo 
decadencial de 180 dias contados da conclusão do NJ ou cessação da incapacidade. 
 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico 
que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo 
mesmo. 
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o 
negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido 
subestabelecidos. 
 
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Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em 
nome do representado, a suaqualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, 
não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. 
 
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de 
interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de 
quem com aquele tratou. 
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da 
cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação 
prevista neste artigo. 
 
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas 
normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste 
Código. 
 
2.3 Contagem dos prazos 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os 
prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo 
até o seguinte dia útil. 
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou 
no imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4 º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos 
contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do 
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do 
credor, ou de ambos os contratantes. 
 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, 
salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
 
3. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
 Temos 2 espécies de defeitos: 
 
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● Vícios de consentimento - tem como característica básica a divergência entre a vontade declarada e 
a vontade interna. 
● Vício social - há divergência entre a vontade declarada e o ordenamento jurídico. (vontade externa). 
 
 O vício de consentimento se subdivide em 5 espécies: 
1.1. Erro 
1.2. Dolo 
1.3. Coação 
1.4. Estado de perigo 
1.5. Lesão 
 
VÍCIOS DE VONTADE VÍCIOS SOCIAIS 
ERRO FRAUDE CONTRA CREDORES 
DOLO SIMULAÇÃO 
COAÇÃO 
LESÃO 
ESTADO DE PERIGO 
 
OBS.: Todos os vícios de consentimento/vontade geram a ANULABILIDADE do negócio jurídico. Não 
geram a nulidade!!! 
 
CAIU NA DISCURSIVA – DELEGADO DE POLÍCIA – GOIÁS (2023) 
Sobre o dolo enquanto defeito do negócio jurídico, responda: 
a)O que é dolo? 
b) Quais são suas consequências jurídicas? 
c) No que consiste o dolo enantiomórfico e quais são seus efeitos? 
R.: Como se sabe, o dolo é um dos vícios do consentimento no negócio jurídico –juntamente com o erro, a 
coação, o estado de perigo e a lesão–, que consiste no artifício ou expediente astucioso, empregado para 
induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro. 
À luz do Código Civil, o dolo só provoca a anulabilidade do negócio jurídico quando tenha influenciado de 
modo determinante na sua celebração (for a sua causa) e observado o prazo decadencial de quatro anos 
para pleitear-se a anulação. Trata-se do chamado dolo principal (substancial), que recai sobre aspecto 
essencial do negócio jurídico, de tal modo que se possa afirmar que o negócio não teria sido celebrado se 
não tivesse ocorrido a indução maliciosa em erro. 
Por outro lado, caso o dolo não seja a causa para o negócio jurídico –o ato seria realizado pela parte, embora 
de outro modo–, tem-se o dolo acidental, que não ocasiona a anulabilidade do negócio, mas somente a 
satisfação das perdas e danos a favor do prejudicado. 
 
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Por fim, o dolo enantiomórfico, também denominado de bilateral, é a situação na qual ambas as partes agem 
dolosamente, um tentando prejudicar o outro mediante o emprego de artifícios ardilosos. Nesse caso, se 
ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar 
indenização, haja vista que ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza 
 
 
 
 
3.1. Erro/Ignorância 
 
O erro é a falsa percepção sobre a pessoa, o objeto ou o próprio negócio que se pratica. 
Exige-se a espontaneidade, ou seja, o erro parte do próprio declarante (não pode ser induzido). Isso 
porque, se a outra parte induz o declarante em erro, nós deixamos de ter erro e passamos ter dolo. Se quem 
induz a parte em erro for um terceiro (ex.: um corretor), teremos dolo de terceiro (art. 148, CC). 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência 
normal, em face das circunstâncias do negócio. 
 
Enunciado JDC12: Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o 
erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança. 
 
 Para invalidar o negócio jurídico, o erro deve ser substancial, de modo que o erro meramente 
acidental não ensejará a anulação. O erro substancial é aquele que recai sobre elementos decisivos à 
celebração do negócio jurídico. Ou seja: é aquele sem o qual o negócio jurídico não teria sido praticado. 
 
· Exemplo de erro substancial: sujeito supõe que o relógio é de ouro, quando, na verdade, era de 
outro material muito inferior. Esse é um erro substancial, pois certamente ele não teria adquirido 
o relógio por um preço tão alto se soubesse que não era de ouro. 
 
· Exemplo de erro não substancial: eu compro um veículo de luxo usado que vale 140 mil reais e eu 
incido em erro sobre a rádio AM/FM que vale aproximadamente 100 reais. Eu não deixaria de 
comprar o veículo se soubesse que a rádio era AM/FM. 
 
O art. 139 traz as hipóteses em que o erro é substancial: 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
 
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I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma 
das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único 
ou principal do negócio jurídico. 
 
CONCLUSÃO: O erro, para invalidar o NJ, precisa ser: 
∘ Substancial 
∘ Espontâneo 
∘ Perceptível pela outra parte 
 
Art. 140 - Falso motivo 
● Em regra, o motivo não tem relevância jurídica, por se tratar de elemento subjetivo, elemento 
psíquico. 
● Exceção: art. 140, CC - O art. 140 prevê a anulação do negócio jurídico quando o falso motivo for a 
razão determinante de forma expressa, a ponto de viciar a manifestação de vontade. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como 
razão determinante. 
 
Considerações importantes: 
 
∘ Essa manifestação expressa do falso motivo não precisa ser necessariamente escrita, pode ser verbal. 
∘ A manifestação expressa do falso motivo pode se dar na fase contratual ou pré-contratual. 
∘ A exigência de estar expresso decorre justamente do fato de que o motivo é subjetivo. 
 
· Ex.: eu faço doação em favor de fulano porque este salvou a vida do meu filho. Depois, descobre-se 
que fulano não foi quem salvou a vida do meu filho. Temos um falso motivo que pode invalidar o 
contrato de doação. 
· Conclusão - o falso motivo, se estiver expresso como razão determinante para a celebração do 
negócio jurídico, pode invalidar o NJ. 
 
Art. 141 - transmissão errônea da vontade por meios interpostos. 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos 
mesmos casos em que o é a declaração direta. 
 
 
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 O dispositivo incide quando o declarante não se encontrana presença do declaratário. O fato de 
haver meios interpostos não afasta a aplicação da sistemática do erro. 
 Esse meio interposto pode se dar de duas formas: 
● Por interposta pessoa (figura do núncio ou mensageiro) 
● Por meio de comunicação (e-mail, fax, whatsapp, telégrafo). 
 
Art. 142 a 144 - inspiram-se no princípio da conservação dos atos e dos negócios jurídicos. 
 
NÃO viciará o negócio jurídico: 
∘ Quando, havendo erro na indicação da pessoa, puder identificar a coisa ou pessoa cogitada pelo 
contexto 
∘ Quando a pessoa a quem se dirigir a manifestação de vontade se oferecer para executar o NJ de 
acordo com a vontade real do manifestante 
∘ Quando houver erro de cálculo – autoriza apenas a retificação, mas não a anulação. 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração 
de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, 
se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a 
quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante. 
 
3.2. Dolo 
 
Espécies de dolo: 
 
● Dolos Malus: É má intenção de induzir o outro a erro, é requisito para a caracterização do dolo, para 
anular o negócio jurídico, é a vontade de obter vantagem indevida para si ou para outrem. 
 
● Dolo bonus: Dolo tolerável das atividades negociais. Ex: utilizado em técnicas publicitárias. 
 
● Dolo principal - é aquele que recai sobre elementos decisivos à celebração do NJ. Se não houvesse 
o dolo, o NJ não teria sido praticado. 
 No dolo principal, há a indução ao erro por terceira pessoa, parte ou não do negócio jurídico. Há o 
induzimento malicioso do contraente a erro, ou seja, a pessoa está sendo induzida a ter uma falsa percepção 
da realidade. 
 
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 Como o dolo recai sobre a substância da relação jurídica, se ele fosse conhecido, o negócio jurídico 
não seria feito. É causa de anulabilidade. 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
 
ATENÇÃO: ERRO X DOLO: 
Erro: O agente percebeu sozinho mal os fatos; 
Dolo: A percepção errônea dos fatos foi induzida por outrem. 
 
● Dolo acidental – recai sobre elementos desimportantes, não decisivos. Não há vício de 
consentimento, pois o negócio jurídico seria realizado de qualquer forma (mesmo conhecendo a 
realidade como um todo). Não acarreta a anulação do NJ, mas somente obriga a perdas e danos 
 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental 
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. 
 
● Dolo negativo ou omissão dolosa 
 Pode gerar ou dolo principal ou acidental, estando relacionado à boa-fé objetiva e dever de 
informação. Só anula o negócio jurídico se influenciar de modo relevante sobre o mesmo; 
 O silêncio intencional da outra parte pode acarretar a anulação do NJ. Ex.: O sujeito vende um 
apartamento e não diz que todos os dias de madrugada o vizinho ensaia com a sua banda de rock. Esse 
silêncio intencional configura dolo por omissão, pois o sujeito omitiu uma informação determinante à 
celebração do contrato. 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes 
a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão 
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
 
● Dolo de terceiro: É necessário diferenciar: 
∘ Se a pessoa que se aproveitou tinha conhecimento (houve conluio) – NJ pode ser anulado (o CC 
não previu expressamente a responsabilidade solidária nesse caso). 
∘ Se a pessoa que se aproveitou não tinha conhecimento – NJ deve subsistir, devendo o terceiro 
responder por perdas e danos da parte enganada. 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a 
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso 
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as 
perdas e danos da parte a quem ludibriou. 
 
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CUIDADO! PEGADINHA! - O dispositivo diz que se a parte sabe ou deveria saber, o NJ será anulado. 
Imagine que o examinador coloque dolo de terceiro acidental. Nesse caso, ainda que a outra parte saiba 
ou devesse saber do dolo acidental do terceiro, não haverá invalidade, mas apenas perdas e danos devidos 
pelo terceiro como por quem se aproveitou. 
 
 
 
● Dolo do representante 
∘ Se for representante legal – o representado só responde na medida do proveito que teve (em 
homenagem à vedação ao enriquecimento sem causa) 
∘ Se for representante convencional – há responsabilidade solidária entre representante e 
representado, pois, agiu com culpa in eligendo. 
 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado 
a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo 
for do representante convencional, o representado responderá solidariamente 
com ele por perdas e danos. 
 
 
● Dolo bilateral ou dolo recíproco: É o dolo de ambas as partes. Ninguém pode alegá-lo, nos termos 
do art. 150; (também denominado de ENANTIOMÓRFICO): 
 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para 
anular o negócio, ou reclamar indenização. 
 
3.3 Coação 
 
É a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que lhe é prejudicial. 
Ressalta-se que a coação deve ser suficiente para acarretar FUNDADO TEMOR DE DANO à sua pessoa, 
família ou bens. 
a) Requisitos para a coação invalidar o negócio jurídico 
● A ameaça deve ser a causa determinante da realização do negócio jurídico; 
● A ameaça deve ser grave, ou seja, deve ser uma ameaça séria capaz de incutir temor na vítima: O 
mero temor reverencial NÃO enseja anulação; 
● A ameaça deve ser injusta, porque se a ameaça for feita por um exercício regular de direito, não há 
qualquer invalidade do negócio jurídico. Inclusive, prevê o CC/02 que não se considera coação a 
ameaça do exercício normal de um direito (artigo 153); 
 
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● A ameaça de dano deve ser eminente e atual à pessoa, familiares e amigos íntimos; 
● A ameaça deve ser proporcional entre os bens. 
 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao 
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua 
família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a 
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam 
influir na gravidade dela. 
 
 
b) NÃO se considera coação: 
● Exercício legal do direito - Ex.: ameaça do exercício do direito de ação 
● Temor reverencial – há uma relação especial de deferência, respeito. Há um impulso em não 
desagradar. Ex.: Líder religioso e fiéis; patrão e empregados; filhos e pais. 
☞ O simples temor reverencial não gera coação! Entretanto, se restar comprovado que o 
empregador se valeu da sua posição de superioridade hierárquica para impor ao empregado 
uma situação desvantajosa, obviamente haverá coação! 
 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, 
nem o simples temor reverencial. 
 
c) Coação física x moral: 
● Coação Física (vis absoluta) - não há manifestação de vontade. Consequentemente, o negócio 
jurídico é inexistente. Ex.: hipótese emque a pessoa, de maneira forçosa, coloca a digital do 
analfabeto no instrumento. Não houve nenhuma manifestação de vontade. 
● Coação Moral (vis compulsiva): há manifestação de vontade, mas viciada. A consequência é a 
anulabilidade do negócio jurídico. Ex.: Manda o analfabeto colocar a digital pois, se não fizer, vai 
matar suas filhas. 
 
d) Coação determinada por terceiro: 
● Se o beneficiário sabia ou devesse saber - O negócio será anulado se o beneficiário em tal caso, 
responderá solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos. 
● Se o beneficiário não sabia ou não tivesse como saber - o negócio é mantido e o terceiro responde 
sozinho pelo perante o prejudicado. 
 
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Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou 
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá 
solidariamente com aquele por perdas e danos. 
 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a 
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da 
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
 
PEGADINHA DE PROVA! 
 
Dolo de terceiro - a lei não prevê solidariedade passiva entre o terceiro que agiu com dolo e a parte contrária 
que sabia do erro (art. 148). 
Coação de terceiro - a lei prevê solidariedade passiva entre terceiro que coagiu e a parte contrária que sabia 
da coação (art. 154). 
 
Obs.: não há analogia entre o art. 148 e o art. 154 pois solidariedade não se presume!!! 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: Vicia o negócio jurídico a coação exercida 
por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá 
solidariamente com aquele por perdas e danos 
 
3.4. Estado de perigo 
 
⮚ DICA – lembrar de “estado de necessidade” do Direito Penal 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade 
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, 
assume obrigação excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o 
juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
 
 
 No estado de perigo, alguém assume uma obrigação excessivamente onerosa diante da necessidade 
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte ** 
 
 
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** A expressão grave dano conhecido pela outra parte consiste no dolo de 
aproveitamento, que é premissa para a caracterização do estado de perigo. 
 
 Ex: promessas exorbitantes de recompensa. A pessoa tem um filho num incêndio e oferece 2 milhões 
de recompensa para quem salvar o filho. O terceiro realiza o salvamento e exige os 2 milhões. Nesse caso, 
ele alegará estado de perigo, pois assumiu obrigação excessivamente onerosa diante uma necessidade de 
salvar pessoa de sua família de um grave dano conhecido pela outra parte. 
Enunciado JDC148: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se por analogia o 
disposto no §2° do art. 157. 
 
Art. 157, § 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
 Obs.: O perigo putativo não afasta a incidência do estado de perigo!!! Ex.: Imagine que o sujeito 
supõe ter um filho sequestrado. Ele tem um imóvel de 3 milhões e o pedido de recompensa é de 500 mil 
reais. Então, diante da suposição de sequestro, ele vende o imóvel que vale 3 milhões por 500 mil reais. 
(Lembrando que isso só funciona se o comprador também supõe a situação de perigo, para que haja o dolo 
de aproveitamento). No entanto, o filho não havia sido sequestrado. 
 Nesse caso, cabe estado de perigo? O perigo putativo descaracteriza o instituto? R.: Cabe a alegação 
de estado de perigo! Isso porque, no perigo putativo, o vício de consentimento é tão intenso quanto no 
perigo real. 
 
 Caiu na prova Delegado PC-RO (2022)! Para salvar um filho, Pedro assumiu obrigação excessivamente 
onerosa perante Carlos, que já conhecia a situação. Nessa situação hipotética, o negócio é viciado por 
configurar estado de perigo. (Item correto) 
 
3.5. Lesão 
 
É o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações do negócio jurídico, em face 
do abuso, da necessidade econômica ou inexperiência de um dos contratantes. 
A lesão é uma balança desequilibrada e se inspira no princípio do equilíbrio econômico dos contratos. 
 
Requisitos da lesão: 
● Requisito Objetivo: É a desproporção manifesta - Relaciona-se com o desequilíbrio exagerado, 
manifesto, desproporcional 
 
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☞ Essa desproporção manifesta deve ser congênita à celebração do contrato/deve ocorrer no 
momento da declaração da vontade. Ou seja: na lesão, o contrato já nasce desequilibrado 
(art. 157, §1, CC). 
☞ No caso de desproporção manifesta superveniente, o instituto aplicável não é a lesão e sim 
a onerosidade excessiva dos arts. 478 a 480, CC, podendo acarretar a revisão do contrato, 
mas não a anulação. 
● Requisito subjetivo: É necessidade ou inexperiência - É desnecessário o agente induzir a vítima à 
prática do ato, nem requer a intenção de prejudicar. Basta que o agente se aproveite dessa situação 
de inferioridade da vítima e aufira lucro desproporcional e anormal. 
 
☞ Premente necessidade não é sinônima de necessidade econômica, mas sim de necessidade 
contratual. Ex.: Imagine um sujeito milionário que percebe que perdeu a chave de casa, e 
tem uma reunião em 1 hora. O chaveiro, percebendo o nervosismo do sujeito, cobra 1000 
reais. O sujeito é rico e foi vítima de lesão diante de uma necessidade contratual, pouco 
importando se esses 1000 reais é ou não um valor alto para o sujeito. 
 
☞ A inexperiência não significa necessariamente falta de cultura ou falta de escolaridade. É 
preciso analisar a inexperiência à luz do caso concreto. 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao 
tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
Enunciados JDC: 
Enunciado149: Em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a verificação 
da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do negócio jurídico 
e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir 
as regras do art. 157, § 2º, do Código Civil de 2002. 
 
Enunciado 150: A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de 
aproveitamento. 
Enunciado 290: A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando 
verificada, na formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações 
 
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assumidas pelas partes, não se presumindo a premente necessidade ou a 
inexperiência do lesado. 
Enunciado 291: Nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do Código Civil, pode 
o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio jurídico, deduzindo, desde 
logo, pretensão com vista à revisão judicial do negócio por meio da redução do 
proveito do lesionador ou do complemento do preço. 
Enunciado 410: A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve 
necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática 
de negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda 
que estipule contratos costumeiramente, não tenha conhecimentoespecífico 
sobre o negócio em causa. 
 
 Quais as principais diferenças entre lesão e estado de perigo? 
 
ESTADO DE PERIGO LESÃO 
● Em ambos há prestações desproporcionais e excessiva onerosidade. 
● Em ambos o contrato nasceu desequilibrado. 
O que está em jogo é a vida ou integridade física 
· Salvar a si próprio ou outra pessoa 
· De grave dano 
O que está em jogo é uma necessidade contratual 
ou inexperiência. 
· Premente necessidade 
· Inexperiência 
Exige o dolo de aproveitamento (a outra parte tem 
que ter ciência) 
Independe de dolo de aproveitamento (Enunciado 
150, CJF) (cai mt em prova!!) 
Aplica-se a negócios jurídicos em geral. 
 
Aplica-se exclusivamente a contratos bilaterais. Isso 
porque, na parte final do art.157, diz que essa 
proporção se dá necessariamente no cotejo entre 
prestações recíprocas e só temos prestações 
recíprocas nos contratos bilaterais. 
 
CAIU EM CONCURSO! IBFC – PCBA/2022 – Delegado de Polícia: Lúcia, por inexperiência, adquire de Beatriz 
um veículo pelo quadruplo do valor de mercado. Acerca no negócio jurídico descrito, assinale a alternativa 
correta. 
a) Lúcia poderá pleitear a anulação do negócio jurídico, visto que restou caracterizada a fraude contra 
credores. 
b) Tendo em vista que restou caracterizada a simulação no caso narrado, o negócio jurídico é anulável no 
prazo decadencial de cinco anos. 
c) O prazo prescricional para pleitear a anulação do negócio jurídico é de três anos. 
 
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d) No caso narrado restou caracterizar a lesão, que ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, 
ou por inexperiência, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
e) Diante do narrado, é possível dizer que houve coação por parte de Beatriz. 
 
Resposta: A alternativa ‘D’ está correta. 
 
3.6 Fraude contra credores 
 
É vicio social e consiste na prática de um ato de disposição patrimonial pelo devedor, com o propósito 
de prejudicar os credores, em razão da diminuição ou esvaziamento do patrimônio daquele. O sujeito declara 
exatamente a vontade que quer declarar, os seus efeitos jurídicos, embora não sejam ocultos, acarretam 
prejuízo a credor. 
 Segundo o STJ5, A ocorrência de fraude contra credores exige: 
a) A anterioridade do crédito; 
b) A comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni) - Só há prejuízo aos credores se o 
ato de disposição patrimonial gerar insolvência ou agravar eventual insolvência pré-
existente. 
c) Ato jurídico praticado tenha levado o devedor à insolvência. 
d) O conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia 
fraudis ou consilium fraudis). 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os 
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando 
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos 
seus direitos. 
§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. 
§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a 
anulação deles. [anterioridade do crédito] 
 
DICA DD: A expressão “transmissão gratuita” não se restringe à doação. É preciso interpretar de forma 
ampla, no sentido de que qualquer ato de liberalidade que induza o devedor à insolvência atrai a incidência 
do art. 158, do CC. Ex.: renúncia à herança. 
 
 
5 STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1294462/GO, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF 5ª Região), 
julgado em 20/03/2018 
 
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Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, 
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro 
contratante. 
 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o 
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em 
juízo, com a citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar 
o preço que lhes corresponda ao valor real. 
 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o 
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada 
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. 
 
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento 
da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre 
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias 
de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. 
 
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários 
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou 
à subsistência do devedor e de sua família. 
 
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em 
proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. 
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos 
preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará 
somente na anulação da preferência ajustada. 
 
OBS.: Não pode a fraude contra credores ser reconhecida em sede de embargos de terceiros. 
 Fundamentos: 
∘ A via adequada para o reconhecimento da fraude contra credores é a ação pauliana; 
∘ Os embargos de terceiro não têm natureza dúplice; 
∘ Economia processual. 
 
Súmula 195, STJ - Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude 
contra credores. 
 
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*ATENÇÃO: NÃO SE CONFUNDE COM FRAUDE À EXECUÇÃO: 
 
FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO 
Instituto de direito material Instituto de direito processual 
Atos praticados pelo devedor, proprietário de bens ou 
direitos, a título gratuito ou oneroso, para prejudicar 
credor futuramente. 
Ato cometido em fraude à execução é válido, 
porém ineficaz perante o credor. 
Requisitos: 
a) Eventus damni (objetivo): A alienação tenha conduzido 
a uma diminuição do patrimônio do devedor, piorado ou 
criado situação de insolvência. 
b) Consilium fraudis (subjetivo): Intenção do devedor em 
praticar a sua insolvência (redução patrimonial até a 
insolvência). 
Dispensa prova do consilium fraudis sendo a 
intenção fraudulentamente presumida. 
O ato de disposição for posterior à propositura da ação, 
mas anterior à citação. 
O ato de disposição patrimonial se dá na 
pendência de ação judicial (depois da 
citação) 
Anulação: Requer propositura de AÇÃO PAULIANA OU 
REVOCATÓRIA, em que o bem retorna ao patrimônio do 
devedor depois de julgada procedente a ação. 
Pode ser declarada no processo, com eficácia 
ex tunc. 
 
3.7 Simulação 
 
Na simulação, o sujeito declara exatamente a vontade que queria declarar, entretanto para essa 
declaração a lei reserva um determinado efeito jurídico, não pretendido pelo sujeito. Há divergência 
intencional entre a vontade e a celebração. 
 Em outras palavras: na simulação, há uma situação de mera aparência negocial criada 
intencionalmente pelas partes em conluio. 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se 
válido for na substância e na forma. 
 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
 
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§ 2º Ressalvam-se os direitosde terceiros de boa-fé em face dos contraentes do 
negócio jurídico simulado. 
 
a) Requisitos da simulação: 
● Declaração de vontade enganosa; 
● Conluio com o declaratário; 
● Objetivo de enganar terceiro (Atenção! A expressão “enganar” é mais apropriada do que a expressão 
“prejudicar”, pois na simulação inocente não há objetivo de prejudicar terceiro). 
 
b) Simulação absoluta x relativa: 
● Simulação absoluta: O negócio jurídico é totalmente distinto do que está expresso, em que as partes 
criam um negócio jurídico destinado a não gerar efeito nenhum. 
☞ Ou seja: há apenas o negócio jurídico simulado (que é o NJ aparente). As partes declaram 
que estão celebrando o NJ X, quando, em verdade, não estão celebrando negócio algum. 
● Simulação relativa ou dissimulação: O negócio jurídico esconde um outro negócio jurídico, cujo efeito 
é proibido por lei. 
☞ Ou seja: há um negócio simulado (negócio aparente, aquele declarado pelas partes), mas há 
também o negócio dissimulado (negócio que as partes efetivamente pretendem celebrar). 
 
* ATENÇÃO: O negócio jurídico simulado é nulo, mas o negócio jurídico dissimulado pode ser 
válido, desde que preenchidos os requisitos substanciais e formais de validade deste. 
Caiu na prova Delegado AL/2023! Haverá simulação no negócio jurídico quando os instrumentos particulares 
forem antedatos ou pós-datados. (ITEM CORRETO) 
c) Simulação maliciosa x inocente: 
● Simulação maliciosa: tem por objetivo atingir interesses juridicamente protegidos de terceiro. É a 
regra!!! 
 
● Simulação inocente - não há o atingimento de interesses juridicamente protegidos de terceiros. Ex.: 
O sujeito, que é solteiro e não tem herdeiros necessários, é um artista famoso e tem uma namorada 
em sigilo. Gostaria de fazer uma doação para a namorada, mas, se fizer, o relacionamento vem à 
tona. Então, fazem uma compra e venda que busca esconder a doação. O único objetivo é preservar 
o sigilo do relacionamento, não havendo o atingimento de nenhum interesse juridicamente 
protegido de terceiros. 
 
Enunciados pertinentes: 
Enunciado JDC152: Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante. 
 
 
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Enunciado JDC 153: Na simulação relativa, o negócio jurídico (aparente) é nulo, mas 
a dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros. 
 
Enunciado JDC293: na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico 
dissimulado não decorre tão-somente do afastamento do negócio jurídico 
simulado, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais e 
formais de validade daquele. 
 
Enunciado JCD294: Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, 
pode ser alegado por uma das partes contra a outra. 
 
Enunciado JDC578: Sendo a simulação causa de nulidade do negócio jurídico, sua 
alegação Enunciado prescinde de ação própria. 
 
Atenção Jurisprudência sobre o tema! 
 
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da 
partilha de bens do casal gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a 
ex-cônjuge. Na análise do vício da simulação, devem ser considerados os seguintes 
elementos: a consciência dos envolvidos na declaração do ato simulado, 
sabidamente divergente de sua vontade íntima, a intenção enganosa em relação a 
terceiros, e o conluio entre os participantes do negócio danoso. No caso concreto, 
ficou demonstrado que as circunstâncias evidenciam seguramente a ocorrência de 
simulação no negócio jurídico envolvendo a compra e venda de um imóvel em 
prejuízo à meação da ex-esposa. STJ. 3ª Turma. REsp 1969648-DF, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 18/10/2022 (Info 754). 
 
A nulidade de negócio jurídico simulado pode ser reconhecida no julgamento de 
embargos de terceiro. Como negócio jurídico simulado é nulo, o reconhecimento 
dessa nulidade pode ocorrer de ofício, até mesmo incidentalmente em qualquer 
processo em que for ventilada a questão. Logo, é desnecessário o ajuizamento de 
ação específica para se declarara nulidade de negócio jurídico simulado. STJ. 3ª 
Turma. REsp 1927496/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/04/2021 (Info 
694). 
 
CAIU EM CONCURSO 
→ FUMARC – PCMG/2021 – Delegado de Polícia: A. é casado com S. pelo regime da comunhão universal de 
bens. A. tornou-se amante de M. e deseja doar para ela um apartamento de propriedade dele, no valor de 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
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R$1.000.000,00. Combinou com seu amigo F. a outorga de escritura de compra e venda, porque assim S. 
concordaria com a alienação. F. nada pagaria e assumiu a obrigação de transferir em doação o imóvel para 
M. As duas escrituras públicas foram lavradas na mesma data, porém, em tabelionatos de notas diferentes. 
Os dois negócios jurídicos noticiados são 
(A) anuláveis por fraude contra credores. 
(B) nulos por simulação. 
(C) nulos por vício de forma. 
(D) válidos porque aplicável o princípio da conversão substancial. 
Resposta: A alternativa ‘B’ está correta. 
 
CEBRASPE – PCES/2022 – Delegado de Polícia: De acordo com as disposições do Código Civil, é nulo o 
negócio jurídico 
(a) quando uma parte, em estado de perigo, se comprometer a cumprir prestação excessiva. 
(b) firmado por agente relativamente incapaz na data da celebração. 
(c) celebrado com lesão a uma das partes, obrigando-a a dever manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
(d) celebrado com engano (dolo) provocado por uma das partes. 
(e) que seja resultado de simulação. 
Resposta: A alternativa ‘E’ está correta. 
 
 
4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
A invalidade é gênero que tem como espécies: 
✔ Nulidade – nulidade absoluta 
✔ Anulabilidade – nulidade relativa. 
 
NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE 
1. Viola interesse público. 1. Viola interesse particular 
 
2. Pode ser suscitada por qualquer interessado, 
pelo MP e deve ser reconhecida de ofício pelo 
juiz 
Exceção: casamento. No caso de nulidade do 
casamento, precisa de ação própria. 
2. Art. 133: só pode ser suscitada pelo interessado. 
(Não pode o MP e não pode o juiz de ofício) 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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3. É irratificável (art. 169, 1ª parte). Ou seja, não 
é passível de confirmação. 
3. É ratificável (art. 172), ou seja, ela é passível de 
confirmação. A ratificação convalida um negócio jurídico 
anulável. 
4. Efeitos ex tunc. A sentença que reconhece a 
nulidade absoluta produz efeitos ex tunc. 
 
4. Quanto aos efeitos, temos controvérsia: 
1° - continua defendendo a produção de efeitos ex nunc 
(art. 177, 1ª parte). 
2° - o reconhecimento da anulabilidade também produz 
efeitos ex tunc. Defende que a produção de efeitos ex nunc 
é insuficiente para a proteção da livre manifestação de 
vontade (art. 182, CC). 
 
OBS.: INEXISTÊNCIA/NEGÓCIO JURÍDICO INEXISTENTE 
 Para doutrina majoritária, como não há previsão legal quanto à inexistência do negócio jurídico, a 
teoria da inexistência não foi adotada expressamente pela novel codificação. Isso se justifica em razão do 
art. 104 do CC/02, que trata diretamente do plano da validade, de modo que, implicitamente, o plano da 
existência estaria inserido no plano da validade do negócio jurídico. 
 São inexistentes os negócios jurídicos que não apresentam os elementos que formam o suporte 
fático: partes, vontade, objeto e forma. 
 O negócio jurídico inexistente não gera efeitos no âmbito jurídico, pois não preencheu os seus 
requisitos mínimos, constantes do seu plano de existência. 
 
CAIU EM CONCURSO → FUMARC – PCMG/2021 – Delegado de Polícia: X. elaborou contrato escrito de 
locação de imóvel cujo proprietário é D., que sequer conhece X. D. foi indicado como sendo locador e sua 
assinatura foi grosseiramente falsificada por X. Os fatos relatadosrevelam que o negócio jurídico: 
I. é inexistente. 
II. tem existência material. 
III. é ineficaz. 
IV. tem existência material e eficácia. 
 
São CORRETAS apenas as assertivas: 
(A) I e III. 
(B) I e IV. 
(C) II e III. 
(D) II e IV. 
Resposta: A alternativa ‘A’ está correta. 
 
 
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4.1 Nulidade absoluta 
 
As hipóteses de nulidade absoluta estão previstas no art. 166 e 167 do CC. Veja: 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua 
validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se 
válido for na substância e na forma. 
 
Conforme Enunciado n. 537, da VI Jornada de Direito Civil, há a preservação dos negócios jurídicos 
para as partes que agiram de boa-fé: “A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, 
excepcionalmente, negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por 
interesses merecedores de tutela”. 
 
a) Hipóteses que acarretam a nulidade do negócio jurídico 
● Inciso I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz – menores de 16 anos 
∘ NJ celebrado por absolutamente incapaz - nulo 
∘ NJ celebrado por relativamente incapaz – anulável 
 
● Inciso II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto 
 
● Inciso III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
∘ Regra- o motivo não tem repercussão jurídica. 
∘ Exceção – o motivo será causa de nulidade absoluta, desde que: 
(1) Ilícito 
(2) Determinante 
(3) Comum a ambas as partes. 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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 O motivo determinante constitui nas razões subjetivas que levam determinada pessoa a realizar uma 
conduta. Quando o motivo é ilícito e comum a ambas as partes, ele acaba integrando o próprio conteúdo do 
contrato. Passa a ser objeto dele. 
· Ex. (1): mútuo para jogo proibido. 
· Ex. (2): Locação para casa de prostituição 
· Ex. (3): Doação para recompensar a prática de ato ilícito. 
 Exemplos de motivo com relevância jurídica: 
· Art. 137, CC/02 - Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo 
determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
· Art. 140, CC/02 - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão 
determinante. 
 
● Inciso IV e IV 
 O art. 166, IV prevê nulidade se o NJ não observar a forma prescrita em lei. Trata-se da inobservância 
da forma. Forma é o meio pelo qual se exterioriza a vontade. Em alguns casos, como no da fiança (art. 819, 
CC), o legislador exige forma escrita. Em alguns casos, a vontade deve ser exteriorizada por instrumento 
público ou particular. 
 O art. 166, V prevê nulidade se não observar a solenidade. Entende-se essa solenidade como 
solenidade que não envolva veículo pelo qual as partes exteriorizam a vontade. (O veículo pelo qual a 
vontade é externada entra no inciso IV.). 
 
● Inciso VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
 É da essência da fraude à lei que haja uma aparência de licitude. Ou seja: o ato praticado em fraude 
à lei encontra aparente resguardo em determinada regra positivada. Porém, mediante interpretação 
sistemática, é possível constatar que tal ato atinge outros interesses protegidos pelo sistema. Dessa forma, 
só é possível constatar a fraude à lei mediante interpretação sistemática. 
 Obs.1: Não há violação frontal ao ordenamento jurídico. Se houver, será ato ilícito. 
 Obs.2: É diferente de abuso de direito – em que não há vedação em lei, mas também não há 
expressamente uma autorização prevista em regra jurídica. Trabalha-se com a ideia de lacuna. 
 
● Inciso VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
∘ Primeira parte: nulidade expressa ou textual. (O rol não é taxativo). 
∘ Segunda parte: “Quando a lei proíbe a prática sem cominar sanção” – nulidade implícita ou virtual. 
O legislador vai dizer que “não pode”, “não deve”, mas não diz textualmente se a hipótese de 
nulidade ou anulabilidade. 
b) Legitimidade 
● Qualquer interessado 
● Ministério Público 
 
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● Juiz de ofício 
 
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer 
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer 
do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo 
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. 
 
c) Prazo para requerer a nulidade 
Trata-se de vício não convalidável, razão pela qual o negócio jurídico não é suscetível de 
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo (o ato nulo é imprescritível). 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce 
pelo decurso do tempo. 
 
Enunciado 536, CJF. Se alguém ingressa com pedido de nulidade do contrato 
combinado com perdas e danos, o reconhecimento de nulidade é imprescritível, 
mas a pretensão de perdas e danos pode esbarrar na consumação da prescrição. 
 
d) Conversão do ato nulo 
 Trata-se de uma medida sanatória por meio da qual são aproveitados os elementos materiais de um 
negócio jurídico nulo, convertendo-o em outro negócio jurídico válido e de fins lícitos. Há uma 
recategorização do negócio jurídico com base no princípio da Conservação dos atos e negócios jurídicos. 
 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, 
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam 
querido, se houvessem previsto a nulidade. 
 
Requisitos: 
● Nulidade do NJ celebrado 
● Pluralidade de possibilidades – as partes optaram pelo negócio jurídico “A” em detrimento de 
inúmeros outros 
● Compatibilidade de vontades 
 
Espécies: 
● Conversão material ou substancial – Gera alteração na substância na natureza do NJ celebrado (art. 
170, CC/02) 
 
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● Conversão formal – Para a doutrina, não representa verdadeira conversão porque não há mudança 
na qualificação jurídica, não gera alteração na substancia do negócio, mas somente na forma. 
 
CESPE/2020 – Caso um negócio jurídico nulo contenha premissas que sustentem outro negócio, este poderá 
subsistir desde que seja verificado que o desejo inicial das partes ficará preservado. Item correto. 
 
4.2 Nulidade relativa ou Anulabilidade 
 
São atos com vícios que admitem a confirmação, expressa ou tácita, resguardando-se os direitos de 
terceiros. 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - Por incapacidade relativa do agente; 
II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude 
contra credores. 
 
a) São causas gerais de anulabilidade: 
● Incapacidade relativa 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela 
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um 
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. 
 
● Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude.b) Legitimidade 
 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se 
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente 
aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. 
 
 Somente às partes e interessados poderão suscitar a anulabilidade, não sendo possível ao juiz 
conhecê-la de ofício ou ao Parquet suscitá-la quando tiver de intervir no processo. 
● Somente a pessoa juridicamente interessada poderá promover a anulação negocial; 
● O juiz não pode conhecer a anulabilidade de ofício, nem o Ministério Público pode suscitá-la. 
 
 
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c) Ratificação pelas partes 
 A anulabilidade é passível de ratificação, de confirmação, que se opera sempre com efeitos ex tunc 
na mesma relação jurídica. 
 
Essa ratificação pode ser expressa ou tácita. 
● Ratificação expressa - as próprias partes confirmam o ato anulável. Tem previsão nos arts. 172, 173 
e 176. 
 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a 
vontade expressa de mantê-lo. 
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, 
será validado se este a der posteriormente. 
 
● Ratificação tácita - pode se dar de duas maneiras: art. 174 e 178, do CC: 
∘ Art. 174: se mesmo depois de ciente do vício, a parte cumpre a prestação, total ou parcialmente, 
ela está ratificando tacitamente o ato. 
∘ Art. 178: deixa transcorrer o prazo decadencial (de 4 anos, em regra). 
 
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em 
parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. 
 
d) Prazo decadencial 
 
 O negócio existe e gera efeitos concretos até que sobrevenha a declaração de invalidação, que deve 
ser pleiteada, em regra, no prazo decadencial de 4 anos. 
● Regra: 04 (quatro) anos, nos termos do art. 178, do CC/02; 
● Se a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-lhe a anulação, 
considerar-se-á que o prazo será de dois anos, contados a partir da data da conclusão do ato ou do 
negócio jurídico (art. 179, CC). 
 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do 
negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em 
que se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
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Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer 
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da 
conclusão do ato. 
 
CAUSAS GERAIS DE ANULABILIDADE CAUSAS ESPECÍFICAS DE ANULABILIDADE 
Art. 178, CC/02 - Prazo decadencial de 4 anos. 
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado 
de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o 
negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a 
incapacidade. 
Regra – prazo especial estabelecido na lei 
 
Silêncio legal – prazo de 2 anos, art. 179, CC/02 
 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado 
ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da 
data da conclusão do ato. 
4.3 Efeitos da anulação: 
 
 Anulado o NJ (nulidade ou anulabilidade), temos status quo antes, salvo se houver impossibilidade 
do status quo antes. Não sendo possível o status quo antes, perdas e danos. 
 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que 
antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o 
equivalente. 
 
● Invalidade do instrumento: 
 
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que 
este puder provar-se por outro meio. 
 
● Redução do negócio jurídico: Na redução do NJ, não há mudança na qualificação jurídica – é, 
inclusive, da essência da redução, que não haja mudança da qualificação jurídica, e sim mera 
limitação interpretativa. Ex.: Um contrato tem 50 cláusulas e duas delas são nulas. Isso não gera 
invalidade por completo do contrato. É possível que o contrato seja interpretado à luz das 48 
cláusulas remanescentes. 
 
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio 
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da 
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a 
da obrigação principal. 
 
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5. PRESCRIÇÃO 
 
 A diferença essencial entre prescrição e decadência resulta da distinção entre direito subjetivo e 
direito potestativo. A prescrição está associada aos direitos subjetivos e a decadência está associada aos 
direitos potestativos. 
 Assim, em havendo prazo fixado para o exercício da escolha (direito potestativo), esse prazo tem 
natureza decadencial, ao passo que o prazo do credor para exigir a prestação escolhida tem natureza 
prescricional, pois estamos diante de um direito subjetivo. 
 
5.1 Prescrição 
 
a) Conceito e natureza jurídica 
 
 Prescrição é a extinção de uma pretensão, pelo seu não exercício no prazo legal, originada em virtude 
do descumprimento de um dever legal, acarretando a violação de um direito subjetivo. 
A pretensão nasce da violação do direito subjetivo. 
 Tem natureza Jurídica de Fato jurídico em sentido estrito! 
 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
 
b) Requisitos da prescrição: 
● Existência de pretensão exercitável 
● Inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício. 
● Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo. 
● Ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do 
curso prescricional. 
 
c) Prescrição das exceções – art. 190, CC/02: 
 
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. 
 
● Exceções propriamente ditas - são aquelas que só podem ser arguidas como matéria de defesa. (É 
normalmente a regra). Exemplos: exceção de coisa julgada, exceção de litispendência, exceção de 
pagamento. Ninguém vai alegar coisa julgada, litispendência ou pagamento se não for cobrado, se 
não for demandado. 
 
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● Exceções impróprias - as exceções impróprias são aquelas que poderiam e deveriam ter sido arguidas 
por meio de ação autônoma. 
 
 Só se aplica o art. 190 às exceções impróprias, porque nelas temos uma tese defensiva que resulta 
de uma pretensão que deveria ter sido exercida por meio de ação autônoma. Se ela não foi exercida dentro 
do prazo prescricional, o sujeito não pode alegar aquela pretensão como matéria de defesa. 
 
 Portanto, são as exceções impróprias que prescrevem no mesmo tempo que a pretensão. 
 
Enunciado 415, CJF - O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções 
impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas 
(independentes/autônomas) são imprescritíveis. 
 
 
d) Renúncia da prescrição 
 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo 
feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a 
renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a 
prescrição. 
 
Considerações importantes: 
● A renúncia da prescrição não pode prejudicar terceiro 
● Titulares de direitos indisponíveis não podem renunciar a prescrição que se opera aseu favor. 
● A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita - Exemplo de renúncia tácita: depois de já 
consumada a prescrição, o devedor exerce conduta incompatível com a vontade de ver a prescrição 
reconhecida. 
● É vedada a renúncia antecipada da prescrição - Ou seja, só admite a renúncia da prescrição depois de 
consumado o prazo prescricional. 
 
e) Prazo e Legitimidade 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. 
 
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte 
a quem aproveita. 
 
 Os prazos prescricionais são prazos legais, ou seja, estão sempre previstos em lei, de modo que eles 
NÃO PODEM ser alterados pela vontade das partes. 
 
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Os prazos prescricionais estão estabelecidos no art. 205, art. 206 e em leis extravagantes. 
Art. 205, CC/02 – prazo geral (10 anos) 
Art. 206, CC/02 – prazos especiais (1, 2, 3, 4 e 5 anos) 
Leis extravagantes – princípio da especialidade. 
 
CESPE/2020 - As partes podem alterar, por acordo, os prazos de prescrição, inclusive mediante renúncia 
expressa ou tácita. Item incorreto. 
 
Em regra, o prazo prescricional começa a fluir quando se consuma a lesão ao direito subjetivo. Ex.: crédito 
que vence no dia 5 e não é pago, o prazo prescricional começa a fluir a partir do dia 6, quando se consuma 
a lesão ao direito subjetivo de crédito. 
 
Enunciado 14, CJF - 1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da 
pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo (consumação da lesão 
ao direito subjetivo); 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce 
imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer. 
 
 A prescrição pode ser alegada e reconhecida: 
● A qualquer tempo 
● Em qualquer grau de jurisdição (pela parte a quem aproveita) 
● De ofício (matéria de ordem pública) 
 
STJ - Em sede de REsp e RE, é possível conhecer de ofício a prescrição mesmo 
quando não alegada pela parte 
 
ATENÇÃO! Prazo prescricional e direitos da personalidade: Os direitos da personalidade são imprescritíveis, 
ou seja, podem ser exercidos a qualquer tempo. No entanto, eventuais reflexos patrimoniais decorrentes 
dos direitos da personalidade, prescrevem. 
 
Súmula 149 do STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas 
não o é a de petição de herança”. 
 
⬥ Perceba que petição de herança é reflexo patrimonial. 
 
5.2 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição 
 
 
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(1) Impedimento da prescrição - o prazo sequer se inicia. 
 
(2) Suspensão da prescrição - o prazo se inicia, se suspende e, quando retorna, leva-se em conta o 
período anteriormente transcorrido. 
 
(3) Interrupção da prescrição - o prazo se inicia, se interrompe e, quando retorna, volta do zero, ou seja, 
não se leva em conta o período anteriormente transcorrido. 
 
(1) CAUSAS DE IMPEDIMENTO OU SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO: 
 As causas de impedimento e de suspensão são as mesmas, diferenciando-se apenas quanto ao 
momento da ocorrência (arts. 197 a 201, do CC). Assim, haverá impedimento ou suspensão dependendo do 
momento em que essas causas venham se concretizar. 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
I - Entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; 
II - Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. 
 
● Inciso I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal: 
 
 É incontroverso que a regra também se aplica à união estável (enunciado 296, do CJF), pois o objetivo 
da regra é preservar a paz familiar e, na medida em que a união estável é elegida ao status de família, nos 
mesmos moldes do casamento (art. 226, CF/88). 
 
Enunciado 296 - Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da 
união estável. 
 
A separação de fato por tempo razoável mitiga a regra do art. 197, I, do Código 
Civil. O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os 
cônjuges, na constância da sociedade conjugal”. Se os cônjuges estão separados há 
muitos anos,não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC. Mesmo não estando 
prevista no rol do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por 
tempo razoável, também pode ser considerada como causa de dissolução da 
sociedade conjugal e, em assim sendo, não tem o condão de impedir a natural 
fluência do prazo prescricional da pretensão de partilha de bens de ex-cônjuges. 
Caso concreto: a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 anos da 
separação de fato e da partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está 
 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/876e8108f87eb61877c6263228b67256?categoria=4&subcategoria=36&criterio-pesquisa=e
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/876e8108f87eb61877c6263228b67256?categoria=4&subcategoria=36&criterio-pesquisa=e
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fulminada pela prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1660947-TO, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 05/11/2019 (Info 660). 
 
 
A ação de reconhecimento e dissolução de união estável é imprescritível, contudo, a pretensão de 
partilha de bens é passível de prescrição. Eventuais direitos patrimoniais prescrevem no prazo previsto no 
art. 205 do CC , qual seja, dez anos. 
 
● Inciso II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
 Logo, se houver o atingimento da maioridade, emancipação e adoção (adoção nas hipóteses em que 
é cumulada com a destituição do poder familiar), por exemplo, o prazo volta a fluir. 
 Conclusão: o prazo volta a fluir nas seguintes hipóteses: 
1) Atingimento da maioridade 
2) Emancipação 
3) Adoção com a destituição do poder familiar 
 
● Inciso III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; 
II - Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. 
 
● Inciso I - contra os incapazes de que trata o art. 3º 
 
 Prazo prescricional e absolutamente incapazes: 
 Não corre prescrição contra absolutamente incapaz, de modo que, ainda que haja inércia do 
assistente ou representante legal, não haverá consumação da prescrição em detrimento do absolutamente 
incapaz. 
 Perceba que não corre prescrição contra o incapaz, mas, a princípio, corre a favor, pois o objetivo é 
a proteção dos absolutamente incapazes. 
 
 Prazo prescricional e relativamente incapazes: 
 Os relativamente incapazes atuam no cenário jurídico por meio de seus respectivos assistentes. A 
pessoa jurídica, por sua vez, atua por meio de seu representante legal. 
 Assim, pode ser que a inércia do assistente dê causa a uma prescrição de uma pretensão do 
relativamente incapaz, assim como pode ser que a inércia do representante legal dê causa à consumação da 
prescrição de uma pretensão da pessoa jurídica. 
 
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 O art. 195, CC prevê responsabilidade civil nesses casos. Ou seja, se houver desídia do representante 
legal ou do assistente dando origem à prescrição, os prejudicados têm pretensão ressarcitória em face 
daqueles que atuaram de maneira negligente. 
 Trata-se de responsabilidade civil subjetiva do assistente ou representante legal, devendo 
demonstrar dolo ou culpa. 
 
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus 
assistentes ou representantes legais, quederem causa à prescrição, ou não a 
alegarem oportunamente. 
 
● Inciso II - Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios 
 
 É pacífico o entendimento de que a regra também se aplica no caso do Distrito Federal 
 
● Inciso III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. 
 
 Essa regra é aplicada tanto para civil quanto para militar, desde que o sujeito esteja servindo nas 
Forças Armadas em tempo de guerra 
 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - Pendendo condição suspensiva; 
II - Não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
 
● Inciso I - Pendendo condição suspensiva 
 Entenda: Se ainda há pendência da condição suspensiva, não há sequer aquisição do direito visado. 
E se não há sequer aquisição do direito visado, não há lesão ao direito subjetivo, de modo que não temos os 
pressupostos mínimos para que o prazo prescricional comece a fluir. 
 
● Inciso II - Não estando vencido o prazo 
 Não corre prescrição se não estiver vencido o prazo, justamente porque, se o prazo não está vencido, 
não há consumação da lesão ao direito subjetivo. 
 
● Inciso III - pendendo ação de evicção. 
 Entenda como funciona a evicção: O sujeito é vítima de furto ou roubo de um veículo. O meliante 
transfere o carro para o A, que transfere para o B, que transfere para o C, que transfere para o D. O evictor 
é o verdadeiro proprietário que foi vítima do furto. O evictor irá mover ação em face do evicto, que é o último 
da cadeira sucessória (suposto atual proprietário). 
 
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 Assim, enquanto houver a pendência dessa ação do evictor contra o evicto, não há prazo de 
prescrição fluindo entre evicto e alienante, porque há uma flagrante relação de prejudicialidade. É flagrante 
a relação de prejudicialidade entre a ação movida pelo evictor em face do evicto e a eventual ação ou 
pretensão movida pelo evicto em face do alienante. 
 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição 
antes da respectiva sentença definitiva. 
 
 É premissa, à aplicação do dispositivo, que haja inquérito policial ou ação penal em curso. E, uma vez 
instaurado IP ou deflagrada ação penal, aquele prazo prescricional no cível que teria começado a fluir vai se 
suspender. 
 
O Código Civil prevê a suspensão do prazo prescricional para a ação de reparação 
civil (ação de indenização) se o fato estiver sendo apurado no juízo criminal. Veja: 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, 
não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Segundo a 
jurisprudência do STJ, só deve ser aplicado o art. 200 do CC se já foi instaurado 
inquérito policial ou proposta ação penal. Se o fato não será apurado no juízo 
criminal, não há sentido do prazo prescricional da ação cível ficar suspenso, até 
mesmo porque ficaria para sempre suspenso, já que, se não há ação penal, não 
haverá nunca sentença penal. STJ. 3ª Turma. REsp 1180237-MT, Rel. Min. Paulo de 
Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012 (Info 500). 
 
Atenção ao Info 767 STJ sobre o tema: 
A fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de 
crimes dos quais se venha a ser posteriormente absolvido tem início com o 
trânsito em julgado da sentença na ação penal. AREsp 1.192.906-SP, Relator 
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por maioria, julgado em 14/3/2023. 
 
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: Quando a ação se originar de fato que 
deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, ainda 
que não tenha sido instaurado inquérito policial ou proposta ação penal. 
 
Prazo prescricional e sucessão 
 Na sucessão, há a mudança subjetiva em um dos polos da relação obrigacional sem alteração nos 
demais elementos da relação jurídica. Nesse sentido, temos que: 
● A prescrição continua a correr contra o novo sucessor. 
 
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● Não há extinção da relação jurídica existente. Há apenas mudança subjetiva no polo da relação 
obrigacional. 
 
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu 
sucessor. 
 
 E se o sucessor for pessoa absolutamente incapaz? 
 Exemplo: Imagine que o prazo de prescrição aplicável é de 5 anos. Na iminência de se consumar o 
prazo de prescrição, o credor falece. O credor transfere imediatamente o seu direito de crédito a H1, H2 e 
H3, sendo que H1 tem 12 anos de idade, ou seja, é absolutamente incapaz. A suspensão do prazo 
prescricional em relação a H1 beneficia H2 e H3? 
 R.: Aplica-se por analogia o art. 201, parte final, do CC. Na medida em que a herança é indivisível, a 
suspensão da prescrição operada em favor de H1 beneficia H2 e H3. Assim, o prazo volta a fluir quando H1 
atingir os 16 anos, porque não corre prescrição contra ABSOLUTAMENTE incapaz, mas corre prescrição 
contra relativamente incapaz. 
 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só 
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. 
 
(2) CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO 
 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-
se-á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o 
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; 
III - por protesto cambial; 
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso 
de credores; 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito pelo devedor. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a 
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. 
 
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. 
 
a) Considerações importantes: 
 
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● A prescrição só pode ser interrompida uma vez. 
● A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. 
● Em regra, a extinção do processo sem resolução de mérito não afasta o efeito interruptivo da 
prescrição. 
● Na hipótese prevista pelo inciso VI: 
☞ Quem interrompe a prescrição é o próprio devedor. (≠ dos incisos I a V, nos quais é o credor 
que sai do estado de inércia e interrompe a prescrição). 
☞ Pedido do devedor de prazo para analisar se existe mesmo o débito não pode ser 
considerado como ato que interrompe a prescrição (STJ, Inf. 619) 
 
Caiu na prova Delegado AL/2023! A interrupção da prescrição pode ocorrer mediante ato extrajudicial que 
importe reconhecimento inequívoco do direito pelo devedor. (ITEM CORRETO) 
 
b) Interrupção do prazo (§único): 
● Se a interrupção/ causa interruptiva é extraprocessual - aplicaremos a primeira parte do dispositivo. 
É a chamada interrupção de eficácia instantânea. Ex.: É o caso do protesto cambial, por exemplo: fez 
o protesto, interrompeu, o prazo já começa a fluir por inteiro imediatamente. 
 
● Interrupção por processo judicial (última parte do dispositivo) - a causa interruptiva se prolonga por 
toda a relação processual. 
 
c) Efeitos da interrupção da prescrição: 
● A interrupção por um credor solidário ou contra um devedor solidário aproveita/ prejudica os demais 
(art. 204, §1º); 
● Interrupção contra herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, 
salvo quando se tratar de direitos ou obrigações indivisíveis (art. 204, §2º, CC); 
● Interrupção contra o devedor principal prejudica o fiador (art. 204, §3º, CC). 
 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credornão aproveita aos outros; 
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, 
não prejudica aos demais coobrigados. 
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como 
a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus 
herdeiros. 
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não 
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações 
e direitos indivisíveis. 
§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
 
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Vamos esquematizar? 
CAUSAS IMPEDITIVAS CAUSAS SUSPENSIVAS CAUSAS INTERRUPTIVAS 
São as mesmas, apenas se diferenciam quanto ao momento 
da ocorrência. 
1) Relacionadas a aspectos objetivos. 
2) Interrompem o prazo e fazem recomeçar 
desde o início. 
3) Somente 1 vez. 
4) Extensão aos demais devedores/credores: 
● Regra – não se estende aos demais 
devedores/credores. 
● Exceção – se entende aos demais credores 
e devedores se for obrigação solidária 
(seja divisível ou indivisível – art. 204, 
CC/02). 
● Exceção – se for causa interruptiva contra 
herdeiro de devedor, para que a 
interrupção se estenda aos demais 
devedores, a obrigação tem que ser 
solidária e indivisível. 
 
5) Termo inicial: 
● Data do ato que interrompeu 
● Data do último ato do processo que a 
interrompeu. 
Obsta o início do prazo (nem 
começa a fluir) 
Incide com o prazo 
prescricional já em curso 
1) Estão relacionadas a aspectos subjetivos entre as 
partes 
2) Suspende o prazo e volta a fluir da onde parou, levando 
em conta o período anterior. 
3) Sem limites de vezes 
 
4) Extensão aos demais credores e devedores: 
● Regra – Não se estendem aos demais credores ou 
devedores, mesmo no caso de obrigação solidária. 
● Exceção – se estendem aos demais credores ou 
devedores se for obrigação solidária indivisível – 
art. 201, CC/02. 
 
A Lei da Pandemia (Lei nº 14.010/20), também conhecida como Lei do Regime Jurídico Emergencial 
e Transitório, estabeleceu uma janela de paralisação, ao determinar que os prazos prescricionais não 
correriam desde sua entrada em vigor até o dia 30 de outubro de 2020. 
 
Lei 14.010/202, Art. 3º. “Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou 
suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de 
outubro de 2020. 
§ 1º Este artigo não se aplica enquanto perdurarem as hipóteses específicas de 
impedimento, suspensão e interrupção dos prazos prescricionais previstas no 
ordenamento jurídico nacional. 
§ 2º Este artigo aplica-se à decadência, conforme ressalva prevista no art. 207 da 
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) 
 
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5.3 Prazos da Prescrição 
 
Código em mãos! 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo 
menor. 
 
Art. 206. Prescreve: 
§ 1º Em um ano: 
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo 
no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado 
o prazo: 
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é 
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, 
ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros 
e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; 
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a 
formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da 
assembléia que aprovar o laudo; 
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os 
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação 
da sociedade. 
 
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data 
em que se vencerem. 
 
§ 3º Em três anos: 
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; 
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou 
vitalícias; 
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, 
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; 
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
V - a pretensão de reparação civil; 
 
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VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, 
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; 
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do 
estatuto, contado o prazo: 
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; 
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço 
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou 
assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; 
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; 
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do 
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; 
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no 
caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 
 
§ 4 º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação 
das contas. 
 
§ 5 º Em cinco anos: 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público 
ou particular; 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores 
e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da 
cessação dos respectivos contratos ou mandato; 
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 
 
PRAZOS PRESCRICIONAIS PREVISTOS NO CC/02 
 
 
 
 
10 ANOS 
Prazo geral - quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
 
(+) prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas 
médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de 
seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora. (STJ, Inf. 673/2020) 
 
(+) Prazo prescricional para a repetição de indébito por cobrança indevida de valores 
referentes a serviços de telefonia fixa não contratados (STJ, Inf. 651/2019) 
 
 
 
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no 
próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; 
 
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1 ANO 
 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele 
 
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, 
pela percepção de emolumentos, custas e honorários; 
 
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação 
do capital de sociedade anônima,contado da publicação da ata da assembléia que aprovar 
o laudo; 
 
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, 
contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 
 
(+) Prazo prescricional para o importador pleitear indenização do transportador marítimo 
em razão de extravio, perda ou avaria da carga transportada (STJ, Inf. 688/2021) 
 
2 ANOS A pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 ANOS 
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; 
 
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; 
 
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, 
em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; 
 
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
 
V - a pretensão de reparação civil ** 
 
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o 
prazo da data em que foi deliberada a distribuição; 
 
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto 
 
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, 
ressalvadas as disposições de lei especial; 
 
 
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IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de 
seguro de responsabilidade civil obrigatório. 
 
** Obs.: Prazo prescricional na responsabilidade contratual é de 10 anos e na 
responsabilidade extracontratual é de 3 anos (STJ, Inf. 632/2018) 
 
4 ANOS A pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. 
 
 
5 ANOS 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou 
particular; 
 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e 
professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação 
dos respectivos contratos ou mandato; 
 
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 
 
(+) Prazo para cobrar dívida de empresa com o plano de saúde materializada em boleto 
bancário (STJ, Inf. 657/2019) 
 
 
 
Jurisprudência sobre o tema: 
 
(INFO 772 STJ) É de 10 anos o prazo prescricional aplicável à pretensão de 
restituição de valores de benefícios previdenciários complementares recebidos por 
força de decisão liminar posteriormente revogada, tendo em vista não se tratar de 
hipótese de enriquecimento sem causa, de prescrição intercorrente ou de 
responsabilidade civil. REsp 1.939.455-D,F Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda 
Seção, por maioria, julgado em 26/4/2023. 
 
(INFO 772 STJ) O termo a quo do prazo prescricional da pretensão de restituição de 
valores de benefícios previdenciários complementares recebidos por força de 
decisão liminar posteriormente revogada é a data do trânsito em julgado do 
provimento jurisdicional em que a confirma, pois esse é o momento em que o 
credor toma conhecimento de seu direito à restituição, em que não mais será 
possível a reversão do aresto que revogou a decisão precária. REsp 1.939.455-D,F 
Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, por maioria, julgado em 26/4/2023. 
 
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É trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de indenização fundada em 
atos ofensivos praticados após a rescisão do contrato de trabalho. AREsp 
1.192.906-SP, Relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por maioria, julgado em 
14/3/2023 
O termo inicial do prazo de prescrição da pretensão ao recebimento de honorários 
advocatícios contratados sob a condição de êxito da demanda judicial, no caso em 
que o mandato foi revogado por ato unilateral do mandante antes do término do 
litígio, é a data do êxito da demanda, e não a da revogação do mandato. STJ. 4ª 
Turma. REsp 1777499-RS, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 22/11/2022 (Info 
759). 
 
Se o autor alega que a celebração do contrato lhe causou prejuízos porque a outra 
parte praticou ilícito concorrencial, o prazo prescricional de 3 anos se inicia com 
a celebração do ajuste Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito 
concorrencial, uma vez verificada inexistência de decisão do CADE sobre a 
formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002 
- e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso. STJ. 4ª 
Turma. REsp 1971316-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 
(Info 756). 
 
CESPE/2021 - De acordo com a jurisprudência do STJ acerca da responsabilidade civil, julgue o item 
subsequente. Ação de responsabilidade civil decorrente de inadimplemento contratual ou extracontratual 
sujeita-se, em regra, ao prazo prescricional trienal. Item incorreto. 
 
CEBRASPE – PCES/2022 – Delegado de Polícia: Em janeiro de 2020, João, com 70 anos de idade, foi vítima 
de estelionato praticado por José. A ação penal foi oferecida pelo Ministério Público (MP) sem a 
representação de João, motivo pelo qual o juízo criminal extinguiu a ação penal, com base no inciso IV do § 
5.º do art. 171 do Código Penal, alegando ilegitimidade do MP. Nessa situação hipotética, tendo a sentença 
penal transitado em julgado em janeiro de 2021, João poderá ingressar em juízo para obter a reparação civil 
do dano até janeiro de 
 
(a) 2026, visto que o prazo prescricional de 5 anos começa a fluir do trânsito em julgado da sentença penal. 
(b) 2023, haja vista o prazo prescricional de 3 anos, a contar da ocorrência do evento danoso. 
(c) 2024, visto que o prazo prescricional de 3 anos começa a fluir do trânsito em julgado da sentença penal. 
(d) 2025, em razão do prazo prescricional de 5 anos, a contar da ocorrência do evento danoso. 
(e) 2023, em razão do prazo prescricional de 2 anos, a contar do trânsito em julgado da sentença penal. 
Resposta: A alternativa ‘C’ está correta. 
 
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5.4 Prescrição Intercorrente 
 
A prescrição intercorrente é aquela que ocorre no curso do processo (seja de execução ou em fase 
de cumprimento de sentença). A prescrição intercorrente observa o procedimento previsto no art. 921, III e 
art. 921, §§1º e 4º do CPC. 
Antes do CPC/15, a súmula 150 do STF dispunha que a execução prescreve no mesmo prazo da 
prescrição da pretensão. 
Recentemente, em 27/06/2022, foi aprovada a Lei nº 14.382/2022 que alterou a redação do art. 206-
A (inserido pela MP nº 1.040 de 2021), trazendo disposição análoga à já contida na súmula150 do STF. 
Vejamos: 
 
ATENÇÃO PARA NOVIDADE LEGISLATIVA! 
 
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da 
pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção 
da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei nº 
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela 
Lei nº 14.382, de 2022) 
 
 
6. DECADÊNCIA 
 
a) Conceito 
 O direito potestativo já nasce com o prazo dentro do qual ele deve ser exercido. Isso significa dizer 
que prazo decadencial integra a própria estrutura, a própria definição do direito potestativo. Por isso, a 
consumação da decadência gera a perda do direito potestativo (e não a perda da pretensão como ocorre 
na prescrição). Até porque não há pretensão no caso de direitos potestativos. 
 Portanto, a decadência é a extinção de um direito potestativo pelo seu não exercício no prazo 
previsto em lei. 
● Direito potestativo corresponde a um estado de sujeição; 
● O não exercício do direito potestativo no prazo legal ou contratual leva à decadência. 
 
b) Inaplicabilidade das normas relativas à prescrição 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as 
normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 
 
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art921
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art921
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art14
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Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus 
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a 
alegarem oportunamente. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - Contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
 
 Em regra, as causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição não se aplicam à 
decadência. No entanto, o próprio dispositivo prevê exceções: 
 
(1) O art. 198, I prevê que não corre prazo de prescrição contra absolutamente incapaz. Então, também 
não corre prazo decadencial contra absolutamente incapaz. 
 
(2) O art. 195, do CC prevê a possibilidade de ajuizar ação ressarcitória em face do assistente, em caso 
de darem causa à prescrição. A mesma regra se aplica à decadência! 
 
☞ Obs.: Essa mesma regra do art. 195 abrange tanto o relativamente incapaz, quanto pessoa 
jurídica! Ou seja, a pessoa jurídica também tem pretensão ressarcitória em face do seu 
representante legal que foi desidioso e der causa à consumação da prescrição e decadência. 
c) Espécies de decadência: 
● Decadência legal – decorre da lei 
● Decadência convencional – acordada entre as partes 
 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por 
lei. 
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la 
em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. 
 
Caiu na prova Delegado AL/2023! A decadência convencional deve ser alegada pela parte a quem aproveita 
em qualquer grau de jurisdição, podendo o juiz suprir a alegação. (ITEM INCORRETO) 
 
Veja as diferenças: 
 
 PRAZO DECADENCIAL LEGAL PRAZO DECADENCIAL CONVENCIONAL 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art3
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MOMENTO Norma de ordem pública – pode ser 
alegado em qualquer grau de jurisdição 
Pode ser alegado em qualquer grau de 
jurisdição 
ALTERAÇÃO NÃO pode ser alterado PODE ser alterado pelas partes 
RENÚNCIA Irrenunciável – não cabe renúncia. 
Enseja nulidade (art. 209, CC) 
Cabe renúncia após a consumação 
EX OFFICIO Cabe reconhecimento de ofício pelo juiz NÃO cabe reconhecimento de ofício pelo 
juiz. 
 
Referências Bibliográficas: 
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. 
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB. 
André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado. 
 
 
 
 
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META 4 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: TEORIA E PRINCÍPIOS 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CPC 
• Arts. 16 a 69 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CPC 
• Art. 43 
• Art. 44 
• Art. 46 
• Art. 47 
• Art. 49 
• Art. 51 
• Art. 53 (muito importante!) 
• Art. 54 (muito importante!) 
• Art. 55 (muito importante!) 
• Art. 56 
• Art. 68 
• Art. 62 
 
1. DA FUNÇÃO JURISDICIONAL 
 
1.1 Alguns Princípios Processuais 
 
a) Devido Processo Legal: funciona como um princípio-base ou superprincípio, norteador de todos os demais. 
A Carta Magna dispõe, em seu art. 5º, LIV, da CF/88 que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal”. Subdivide-se em: 
• Devido processo legal substancial (ou material): forma de controle de conteúdo das decisões 
(razoabilidade e proporcionalidade), para evitar abusividades; 
• Devido processo legal formal (processual): diz respeito ao conjunto de garantias processuais 
mínimas. 
 
b) Contraditório: tradicionalmente, é formado pelo binômio informação e possibilidade de reação. As partes 
devem ser devidamente comunicadas de todos os atos processuais, para que possam se manifestar em juízo, 
caso desejem. 
 
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ATENÇÃO! Em algumas hipóteses, o contraditório pode ser diferido, a exemplo do que ocorre nas tutelas de 
urgência, situações de extrema urgência, nas quais a decisão judicial precede informação e possibilidade de 
reação da parte adversa. Um exemplo para ilustrar diz respeito à concessão de tutela antecipada para 
cobertura de planos de saúde. 
 
c) Motivação das decisões: de acordo com esse princípio, todas as decisões judiciais precisam ser motivadas, 
exceto os despachos, pois não possuem conteúdo decisório. Está previsto no art. 93, IX, da Constituição 
Federal. 
A motivação não é dirigida apenas às partes, mas é também uma prestação de contas dada à população 
sobre o exercício do poder jurisdicional. 
 
O CPC trouxe de forma inovadora a busca por esse princípio, conforme art. 489, §1º, o qual dispõe que: 
 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar 
sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto 
de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento. 
 
• Princípio da fundamentação (art. 11) e validade da fundamentação per relationem: 
A motivação por meio da qual se faz remissão ou referência às alegações de uma das partes, a precedente 
ou a decisão anterior nos autos do mesmo processo é chamada pela doutrina e jurisprudência de motivação 
ou fundamentação per relationem ou aliunde. Também é denominada de motivação referenciada, por 
referência ou por remissão. Veja: 
(...) MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM. LEGITIMIDADE JURÍDICO-CONSTITUCIONALDESSA TÉCNICA DE MOTIVAÇÃO. (...) Esta Corte já firmou o entendimento de que a 
técnica de motivação por referência ou por remissão é compatível com o que 
dispõe o art. 93, IX, da Constituição Federal. Não configura negativa de prestação 
 
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jurisdicional ou inexistência de motivação a decisão que adota, como razões de 
decidir, os fundamentos do parecer lançado pelo Ministério Público, ainda que em 
fase anterior ao recebimento da denúncia. (AI 738982 AgR, Relator Min. Joaquim 
Barbosa, Segunda Turma, julgado em 29/05/2012) 
O art. 489, § 1º, do CPC/2015 previu uma série de exigências para a fundamentação das decisões 
judiciais. Diante disso, alguns autores sustentaram que, a partir da entrada em vigor desse novo diploma, 
teria sido proibida a motivação per relationem. Essa não foi, contudo, a conclusão adotada pelo STJ. Para o 
Tribunal, mesmo com o novo CPC, continua sendo possível esta técnica de motivação: 
(...) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem assim a do Supremo 
Tribunal Federal, admitem a motivação per relationem, pela qual se utiliza a 
transcrição de trechos dos fundamentos já utilizados no âmbito do processo. Assim, 
descaracterizada a alegada omissão e/ou ausência de fundamentação, tem-se de 
rigor o afastamento da suposta violação do art. 489 do CPC/2015, conforme pacífica 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (...) 
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1440047/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 
11/06/2019. 6 
 
d) Isonomia: Está pautada na ideia de “paridade de armas”, a fim de manter equilibrada a disputa judicial 
entre as partes. No entanto, alguns sujeitos processuais possuem tratamento diferenciado no processo, seja 
pela qualidade de parte ou pela natureza do direito discutido, a exemplo da assistência judiciária gratuita. 
 
ATENÇÃO! Outra hipótese de tratamento diferenciado diz respeito às prerrogativas da Fazenda Pública no 
processo civil, a exemplo do prazo em dobro para se manifestar, isenção do recolhimento de custas, vedação 
à concessão de liminar em algumas matérias, justificáveis pelos interesses da coletividade e burocracia 
inerente à atividade estatal. 
Necessário destacar que decorre da isonomia a previsão no art. 12 do NCPC, que estabelece que os 
juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou 
acórdão. 
 
e) Publicidade dos atos processuais: o processo, para ser devido, precisa ser público. 
Está previsto nos art. 5º, LX e art. 93, IX e X, da Constituição Federal. O referido princípio possui duas 
funções: proteger as parte de julgamentos arbitrários e permitir o controle público das decisões. 
 
6 (CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio da fundamentação (art. 11) e validade da fundamentação 
per relationem. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73e0f7487b8e5297182c5a711d20bf
26>. Acesso em: 19/04/2023) 
 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73e0f7487b8e5297182c5a711d20bf26
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Não é um direito absoluto, pois sofre restrições por razões de interesse público ou para preservar a 
intimidade das partes. 
CPC. Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença 
somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério 
Público. 
 
Segundo Fredie Didier Jr., publicidade é direito fundamental e tem, basicamente, duas funções: 
· proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos (e, nesse sentido, é conteúdo do devido 
processo legal, como instrumento a favor da imparcialidade e independência do órgão jurisdicional); 
· permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente sobre o exercício 
da atividade jurisdicional. 
 
O autor também pondera que o princípio possui duas dimensões: 
 
· dimensão interna: publicidade para as partes do processo; 
 
· dimensão externa: a publicidade pode ser restringida quando houver razões que justifiquem a 
preservação da intimidade ou razões de interesse público. Sofre restrições com relação a defesa da 
intimidade ou em razão de interesse social, conforme art. 5º, LX, da CF, bem como nas situações 
dispostas no art. 189 do CPC. 
Essa restrição é apenas em relação a terceiros, tendo em vista que as partes e os advogados 
habilitados não se submetem a tais impedimentos. Desta forma, o art. 189, § 1°, do CPC dispõe que 
nos processos que tramitem em segredo de justiça, somente as partes e os seus procuradores 
poderão consultar os autos do processo e pedir certidões. 
 
f) Instrumentalidade das formas: busca aproveitar o ato viciado, ainda que praticado em desrespeito à forma 
legal, desde que: 
• o ato tenha preenchido a sua finalidade; 
• NÃO haja prejuízo à parte contrária ou ao processo. 
Esse princípio pode ser encontrado nos seguintes dispositivos do CPC: 
 Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, 
salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, 
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. 
 
 
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Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o 
ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
 
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que 
não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a 
fim de se observarem as prescrições legais. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não 
resulte prejuízo à defesa de qualquer parte. 
 
g) Razoável duração do processo: busca preservar a celeridade processual. No entanto, deve haver uma 
harmonização, haja vista que o operador do Direito NÃO pode sacrificar direitos fundamentais das partes 
com o escopo de obter a celeridade processual. 
 
h) Princípio da boa-fé e lealdade processual: a boa-fé é regra de conduta que deve nortear o comportamento 
das partes. Nesse sentido, diante da prática de ato que macule o processo, o NCPC tutela mecanismos para 
coibir a litigância de má-fé. A exemplo: 
 
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do 
processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá 
decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da 
litigância de má-fé. 
 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação 
de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a 
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando 
injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua 
responsabilização por crime de desobediência. 
 
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável 
quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções. 
A boa-fé objetiva surgiu inicialmente no Direito Civil, mas a sua aplicação foi expandida para todos 
os demais ramos do Direito, inclusive para os ramos do chamado “Direito Público”, como é o caso do Direito 
Administrativo. Assim, por exemplo, de acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios (venire contra factum 
proprium) é aplicada ao poder público. Em suma, a boa-fé objetiva deve estar presente em toda e qualquer 
relaçãojurídica. 
 
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É possível a aplicação da boa-fé objetiva no Processo Civil? SIM, com certeza. Nesse sentido, e dada 
a relevância do referido princípio para o Direito Processual Civil, passa-se a alguns esclarecimentos, 
amparados na obra do Professor Fredie Didier Jr. (Curso de direito processual civil, 13ª ed.). 
De acordo com o autor, o princípio possui fundamento na Constituição, mais precisamente no 
princípio do devido processo legal (STF RE 464.963-2/GO) e estabelece que os sujeitos do processo devem 
comportar-se de acordo com a boa-fé, entendida como uma norma de conduta (boa-fé objetiva). Tem como 
objetivo não frustrar a legítima confiança da outra parte. Uma das importantes funções da boa-fé objetiva é 
impedir que a parte exerça o seu direito de forma abusiva. Por isso, diz-se que a boa-fé objetiva serve como 
limitação contra os abusos de direito. 
Além disso, é importante destacar que o princípio da boa-fé processual não é destinado somente às 
partes. Pelo contrário, os destinatários da norma são todos aqueles que de qualquer forma participam do 
processo, o que inclui, não apenas as partes, mas também o próprio juiz. 
Por fim, o autor aponta os seguintes exemplos como sendo aplicação da boa-fé objetiva no processo 
civil: 
Ex.1: a impossibilidade de a parte recorrer contra uma decisão que já havia manifestado sua aceitação. Isso 
seria venire contra factum proprium. 
Ex.2: a impossibilidade de a parte requerer a invalidação de um ato cujo defeito foi ela própria quem deu 
causa. Isso também seria venire contra factum proprium. 
Ex.3: se o réu exerce seu direito de defesa de forma abusiva, o juiz poderá, como sanção, conceder a tutela 
provisória ao autor. O réu, nesse caso, violou a boa-fé objetiva. 
Ex.4: se a parte interpõe recurso com intuito manifestamente protelatório, significa que violou o princípio da 
boa-fé processual, podendo ser multada por litigância de má-fé. 
Veja o que diz o CPC/2015: 
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé. 
Confira o que diz a doutrina: 
Enunciado 375-FPPC: O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo 
com a boa-fé objetiva. 
 
Enunciado 376-FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao 
órgão jurisdicional. (Dizer o Direito) 
 
• Boa fé objetiva e nulidade de algibeira 
A 'nulidade de algibeira' ocorre quando a parte se vale da 'estratégia' de não alegar a nulidade logo depois 
de ela ter ocorrido, mas apenas em um momento posterior, se as suas outras teses não conseguirem ter 
êxito. Dessa forma, a parte fica com um trunfo, com uma “carta na manga”, escondida, para ser utilizada 
mais a frente, como um último artifício. 
 
 
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Esse nome foi cunhado pelo falecido Ministro do STJ Humberto Gomes de Barros. Algibeira = bolso. Assim, a 
“nulidade de algibeira” é aquela que a parte guarda no bolso (na algibeira) para ser utilizada quando ela 
quiser. 
Tal postura viola claramente a boa-fé processual e a lealdade, que são deveres das partes e de todos aqueles 
que participam do processo. Por essa razão, a “nulidade de algibeira” é rechaçada pela jurisprudência do STJ. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1372802-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/3/2014 (Info 539). 
 
ATENÇÃO: duplo grau de jurisdição é princípio explícito na Constituição? O duplo grau de jurisdição prevê 
a possibilidade de reapreciação das decisões judiciais pelos Tribunais Superiores, sobretudo em grau de 
recurso, e NÃO é princípio expresso na Constituição, mas alguns autores entendem ser um desdobramento 
da ampla defesa com todos os meios e recursos a ela inerentes. Embora NÃO conste na CF/88, consta 
expressamente no Pacto São José da Costa Rica. 
 
i) Primazia do julgamento do mérito: dispõe sobre a possibilidade de sanar eventuais falhas processuais que 
não maculem o processo, para buscar o julgamento do mérito, fundado na boa-fé objetiva. Nesse sentido, o 
art. 4º do CPC prevê que as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, 
incluída a atividade satisfativa. 
Como exemplo, é possível citar a concessão de prazo para o recorrente trazer peças eventualmente 
ausentes no recurso, antes de o relator inadmiti-lo por ausência de tais peças: 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
(..) 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o 
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada 
a documentação exigível. 
 
O princípio NÃO é absoluto, pois eventuais falhas que maculem o processo irremediavelmente não 
poderão ser sanadas. 
 
ATENÇÃO! Segundo decidiu o STF no ARE 953221 AgR/SP, tal previsão do artigo 932, parágrafo único, CPC 
não se aplica para o caso em que o recorrente não ataca todos os fundamentos da decisão recorrida, pois, 
nesta hipótese, seria necessária a complementação das razões do recurso, o que não é permitido. Assim, o 
parágrafo único do artigo 932 só tem aplicação nos casos em que seja necessário sanar vícios formais. 
 
j) Proibição da decisão surpresa: o juiz NÃO pode proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida (art. 9º, NCPC), SALVO algumas hipóteses legalmente previstas, a exemplo da tutela de 
urgência. 
 
 
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· Observe-se que o que não se pode proferir é decisão contra uma das partes sem que seja ouvida. 
Contudo, é possível que se profira decisão a favor da parte sem que seja ouvida. Seria o caso de 
improcedência liminar, em que o juiz julga de plano, sem provocar a parte contrária. 
· As exceções do art. 9º tratam de decisões provisórias, ou seja, decisões que podem ser revistas 
posteriormente. Apenas decisões definitivas não podem ser tomadas sem ouvir a outra parte. Logo, 
conclui-se que o rol do art. 9º é exemplificativo, havendo outros exemplos de decisões provisórias 
concedidas sem a oitiva do réu. 
 
k) Princípio da Cooperação: depreende-se que o processo é produto de uma atividade cooperativa 
triangular, composta pelo juiz e pelas partes, que exige uma postura ativa, de boa fé e isonômica de todos 
os atores processuais e, especificamente, do juiz, exigindo-se a atuação como agente colaborador do 
processo, e não mero fiscal de regras, visando à tutela jurisdicional específica, célere e adequada. Sobre o 
tema:7 
 
“Observação importante que merece ser feita é que a cooperação prevista no 
dispositivo em comento deve ser praticada por todos os sujeitos do processo. Não 
se trata, portanto, de envolvimento apenas entre as partes (autor e réu), mas 
também de eventuais terceiros intervenientes (em qualquer uma das diversas 
modalidades de intervenção de terceiros), do próprio magistrado, de auxiliares da 
Justiça e, evidentemente, do próprio Ministério Público quando atue na qualidade 
de fiscal da ordem jurídica”. 
 
l) Princípio da vedação à decisão surpresa: inscrito nos artigos 9º e 10 do CPC, o princípio estabelece que o 
Magistrado está impedido de decidir com base em fundamento a respeito do qual não tenha dado às partes 
a oportunidade de se manifestarem, ainda que se trate de matéria de ordem pública, cognoscível de ofício. 
O referido postulado jurídico objetiva evitar prejuízos a qualquer das partes com base em fatos por elas ainda 
desconhecidos e não debatidos, impondo-se a efetivação do contraditório substancial com a intimação 
prévia para manifestação sobre o vício identificado pelo Magistrado, garantindo-se às partes a possibilidade 
de influenciar a convicção do Magistrado. 
 
CPC. Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
 
7(BUENO, Celso Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Editora Saraiva. pág. 45). 
 
 
 
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II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; 
III - à decisão prevista no art. 701 . 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
Fique de olho na jurisprudência: 
Não há ofensa ao princípio da não surpresa (art. 10 do CPC) quando o magistrado, 
diante dos limites da causa de pedir, do pedido e do substrato fático delineado nos 
autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão no ordenamento jurídico posto, 
aplicando a lei adequada à solução do conflito, ainda que as partes não a tenham 
invocado (iura novit curia) e independentemente de oitiva delas, até porque a lei 
deve ser do conhecimento de todos, não podendo ninguém se dizer surpreendido 
com a sua aplicação (STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.799.071/PR, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 15/8/2022). 
Assim, esse princípio não é absoluto e sua aplicação não é automática e irrestrita 
(STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.778.081/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado 
em 21/2/2022). 
Desse modo, não há ofensa ao art. 10 do CPC/2015 se o Tribunal dá classificação 
jurídica aos fatos controvertidos contrários à pretensão da parte com aplicação da 
lei aos fatos narrados nos autos (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.889.349/RJ, Rel. 
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/11/2021). 
Não ofende o art. 10 do CPC/2015 o provimento jurisdicional que dá classificação 
jurídica à questão controvertida apreciada em sede de embargos de divergência. 
STJ. 1ª Seção. EDcl nos EREsp 1.213.143-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado 
em 8/2/2023 (Info 763). 
2. JURISDIÇÃO 
 
2.1. Conceito 
 
A jurisdição pode ser compreendida como o PODER-DEVER Estatal de APLICAR O DIREITO objetivo ao 
caso concreto, para resolver com DEFINITIVIDADE uma situação de crise jurídica e gerar a PACIFICAÇÃO 
SOCIAL. O poder jurisdicional é o que permite o exercício da função jurisdicional e se materializa por meio da 
atividade jurisdicional. 
 
a) É um poder estatal atribuído a um terceiro imparcial: o juiz decide, colocando sua vontade no lugar 
da vontade dos sujeitos conflitantes. É exemplo de heterocomposição. 
 
 
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OBS.: não confundir IMPARCIALIDADE com NEUTRALIDADE. O juiz não é neutro. Neutro é o que não tem 
valor, nem positivo, nem negativo. Imparcialidade é condição de ser terceiro. O juiz não é parte. A 
despeito de não ser neutro, o juiz deve ficar em pé de igualdade. 
 
b) A jurisdição pressupõe uma atividade processual prévia que lhe confia legitimidade: não deve ser 
exercida instantaneamente, pois depende de um processo anterior que a legitime; 
 
c) Atua de forma imperativa: a jurisdição é um poder, é manifestação de império; 
 
d) As decisões são insuscetíveis de controle externo: a atividade jurisdicional só pode ser controlada 
pela própria jurisdição. Não pode ser controlada por nenhuma outra função estatal, apenas 
internamente, como, por exemplo, mediante recursos. O juiz decide com base no que o legislador 
determina, portanto, não há desarmonia entre os poderes. A coisa julgada é indiscutível, inclusive 
para a própria jurisdição. 
 
2.2. Equivalentes Jurisdicionais 
 
São formas alternativas de solução de conflitos e funcionam como técnica de tutela de direitos, pois resolvem 
conflitos ou certificam situações jurídicas. 
 
a) Autotutela: É o sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvidas em função do exercício da 
força pela parte vencedora. Não é admitida de forma ampla e irrestrita, salvo nas hipóteses legalmente 
previstas. Ex: legítima defesa e desforço imediato no esbulho. 
Atenção! É possível, no entanto, rever a autotutela pelo Poder Judiciário, ante o princípio da inafastabilidade 
da jurisdição. 
 
b) Autocomposição: trata-se de solução negocial do conflito. A solução não é imposta, mas sim produto de 
atividade negocial 
São espécies: 
• Transação: há sacrifício recíproco de interesses; no tocante à transação, necessário destacar a 
mediação e conciliação: 
· Conciliação: um terceiro oferece soluções fundadas no sacrifício recíproco dos interesses das 
partes; 
· Mediação: o terceiro NÃO faz propostas, mas possibilita um diálogo entre as partes, a fim de 
que elas resolvam o conflito entre si. 
• Renúncia: o titular de pretenso direito abdica; 
• Submissão: o sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima a sua resistência. 
 
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c) Arbitragem: as partes escolhem um terceiro de sua confiança, responsável pela solução do conflito, e a 
decisão desse terceiro será impositiva. Pode ser realizada de duas formas: 
• Cláusula compromissória: é uma convenção entre as partes que estabelece que eventuais conflitos 
futuros serão dirimidos pela arbitragem; 
• Compromisso arbitral: é convenção de arbitragem para solucionar conflito que já existe, ainda que 
não haja cláusula compromissória prévia. 
 
A decisão arbitral é: 
· título executivo judicial; 
· não depende de homologação judicial. 
· insuscetível de controle do mérito pelo poder judiciário. 
· não pode ser revisada, mas pode ser invalidada, caso tenha defeito FORMAL, no prazo de 90 dias. 
 
Além disso: 
· o árbitro não tem o poder de executar suas decisões, pois a execução é feita pelo poder judiciário. 
· não pode haver cláusula de arbitragem nos contratos de adesão, pois ela deve ser voluntária. 
· recurso contra sentença arbitral: embargos de declaração. 
 
 
APROFUNDAMENTO: JUSTIÇA MULTIPORTAS 
 
Conciliação, mediação e arbitragem 
A conciliação, mediação e arbitragem eram tradicionalmente chamadas de métodos alternativos de solução 
dos conflitos. Com o advento do CPC/2015, contudo, a doutrina afirma que elas não devem mais ser 
consideradas uma “alternativa”, como se fosse acessório a algo principal (ou oficial). 
Segundo a concepção atual, a conciliação, a mediação e a arbitragem integram, em conjunto com a jurisdição, 
um novo modelo que é chamado de “Justiça Multiportas”. 
Conceito: a ideia geral da Justiça Multiportas é, portanto, a de que a atividade jurisdicional estatal não é a 
única nem a principal opção das partes para colocarem fim ao litígio, existindo outras possibilidades de 
pacificação social. Assim, para cada tipo de litígio existe uma forma mais adequada de solução. A jurisdição 
estatal é apenas mais uma dessas opções. 
Como o CPC/2015 prevê expressamente a possibilidade da arbitragem (art. 3º, §1º) e a obrigatoriedade, 
como regra geral, de ser designada audiência de mediação ou conciliação (art. 334, caput), vários 
doutrinadores afirmam que o novo Código teria adotado o modelo ou sistema multiportas de solução de 
litígios (multi-door system). 
 
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Vejamos como Leonardo Cunha, com seu costumeiro brilhantismo, explica o tema: “Costumam-se chamar 
de ‘meios alternativos de resolução de conflitos’ a mediação, a conciliação e a arbitragem (Alternative 
Dispute Resolution - ADR). 
Estudos mais recentes demonstram que tais meios não seriam ‘alternativos’: mas sim integrados, formando 
um modelo de sistema de justiça multiportas. Para cada tipo de controvérsia, seria adequada uma forma de 
solução, de modo que há casos em que a melhor solução há de ser obtida pela mediação, enquanto outros, 
pela conciliação, outros, pela arbitragem e, finalmente, os que se resolveriam pela decisão do juiz estatal. 
Há casos, então, em que o meio alternativo é que seria o da justiça estatal. A expressãomultiportas decorre 
de uma metáfora: seria como se houvesse, no átrio do fórum, várias portas; a depender do problema 
apresentado, as partes seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação, ou da arbitragem, 
ou da própria justiça estatal. 
O direito brasileiro, a partir da Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça e com o Código de 
Processo Civil de 2015, caminha para a construção de um processo civil e sistema de justiça multiportas, com 
cada caso sendo indicado para o método ou técnica mais adequada para a solução do conflito. O Judiciário 
deixa de ser um lugar de julgamento apenas para ser um local de resolução de disputas. Trata-se de uma 
importante mudança paradigmática. Não basta que o caso seja julgado; é preciso que seja conferida uma 
solução adequada que faça com que as partes saiam satisfeitas com o resultado.” (CUNHA, Leonardo 
Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 13ª ed., Rio de Janeiro: Forense, p. 637). 
 
Vantagens 
Marco Aurélio Peixoto e Renata Peixoto, citando a lição de Rafael Alves de Almeida, Tânia Almeida e Mariana 
Hernandez Crespo apontam as vantagens do sistema multiportas: 
a) o cidadão assumiria o protagonismo da solução de seu problema, com maior comprometimento e 
responsabilização acerca dos resultados; 
b) estimulo à autocomposição; 
c) maior eficiência do Poder Judiciário, porquanto caberia à solução jurisdicional apenas os casos mais 
complexos, quando inviável a solução por outros meios ou quando as partes assim o desejassem; 
d) transparência, ante o conhecimento prévio pelas partes acerca dos procedimentos disponíveis para a 
solução do conflito. (PEIXOTO, Marco Aurélio Ventura; PEIXOTO, Renata Cortez Vieira. Fazenda Pública e 
Execução. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 118). 
 
Origem da expressão 
A origem dessa expressão “Justiça Multiportas” remonta os estudos do Professor Frank Sander, da Faculdade 
de Direito de Harvard, que mencionava, já em 1976, a necessidade de existir um Tribunal Multiportas, ou 
“centro abrangente de justiça”. 
 
 
 
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2.3. Características principais da jurisdição 
 
a) Substitutividade: o Estado substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto, a 
fim de promover a pacificação social. 
 
CAIU NA PROVA - Delegado de Polícia Federal, 2021: 
A respeito da jurisdição, da competência e do poder geral de cautela no processo civil, julgue o item 
subsequente. 
As características da jurisdição incluem substituir, no caso concreto, a vontade das partes pela vontade do 
juiz, o que, por sua vez, resolve a lide e promove a pacificação social. (a assertiva foi considerada 
INCORRETA) 
 
b) Lide: segundo Carnelutti, é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. 
 
c) Inércia: o movimento inicial da jurisdição é condicionada à provocação do interessado. Note que 
a inércia diz respeito ao início do processo, pois uma vez provocada pelo interessado com a 
propositura da demanda, a jurisdição já não será mais inerte, aplicando-se a regra do IMPULSO 
OFICIAL. 
➢ Há algumas exceções à inércia, com a possibilidade de atuação de ofício do magistrado, a 
exemplo do inventário (art. 610 NCPC) e exibição de testamento (art. 626 NCPC). 
d) Definitividade ou imutabilidade: 
As decisões jurisdicionais tendem à imutabilidade, não podendo mais ser discutidas. O objetivo é o de 
evitar a eternização dos conflitos, como consequência da segurança jurídica. 
 
ATENÇÃO! Embora a definitividade seja característica da jurisdição, apenas decisões de mérito transitadas 
em julgado são imutáveis. As decisões sobre jurisdição voluntária, por exemplo, não fazem coisa julgada. 
e) Imperatividade: a decisão proferida pelo Estado é imperativa e de observância compulsória, obriga 
o litigante. Podem ser adotados mecanismos de coerção para obrigar seu cumprimento. 
f) Inafastabilidade: a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça 
a direito (CF, art. 5º, XXXV). 
g) Indelegabilidade: a jurisdição não pode ser delegada, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural. 
Só pode ser exercida pelo Judiciário. 
 
2.4. Princípios da jurisdição 
 
a) Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem dela se encontre 
legitimamente investido. Assim, atos 
 
https://www.tecconcursos.com.br/concursos/delegado-de-policia-federal-2021
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processuais praticados por quem não é investido legitimamente são considerados inexistentes, 
e inclusive caracterizam crime tipificado no Código Penal. No Brasil, admitem-se duas formas de 
investidura originária: concurso público (art. 91, I, da CF) e através do quinto constitucional (art. 94 da CF). 
 
b) Territorialidade ou aderência: o juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do 
território nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio 
território. 
 
c) Indelegabilidade: a atividade jurisdicional não pode ser delegada. Ressalte- se que a carta precatória 
não constitui delegação de competência, já que é expedida justamente porque o juízo 
deprecante não possui competência para realizar aquele ato. 
 
ATENÇÃO: HÁ EXCEÇÃO À INDELEGABILIDADE? Embora seja a regra, é possível excepcionar a 
indelegabilidade em algumas hipóteses: 
• Na expedição de carta de ordem pelo Tribunal; 
• Na delegação da função executiva dos julgados dos Tribunais aos juízes de primeiro grau. Nessa 
hipótese, a delegação NÃO é completa, porque atinge somente os atos materiais de execução, e o 
Tribunal mantêm-se como o único órgão competente para proferir decisões que digam respeito ao 
mérito da execução. 
 
d) Inafastabilidade: o art.5º, XXXV, da CF/88 preleciona que o Estado não pode negar decisão, uma vez 
provocado (Non liquet). O aludido princípio pode ser entendido em algumas acepções: 
• relação entre jurisdição e solução administrativa de conflitos: não há obrigatoriedade de 
provocação prévia da Administração para, só então, buscar o judiciário. 
Exceção: 
• Justiça Desportiva (art. 217, §1º, CF/88): exige-se o exaurimento prévio do processo 
administrativo na Justiça Desportiva; 
• Habeas Data: Só é cabível se houver recusa das informações pela autoridade administrativa. 
• Acesso à ordem jurídica justa: 
· acesso ao processo, com o mínimo possível de obstáculos; 
· acesso dos necessitados econômicos, a exemplo da assistência judiciária gratuita; 
· tutela jurisdicional coletiva, em especial a Lei de Ação Civil Pública e o Código de Defesa do 
Consumidor (“Molecularização dos conflitos”); 
 
e) Juiz Natural: ninguém será processado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, da CF/88). 
 
 
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2.5. Jurisdição contenciosa e voluntária 
 
A jurisdição contenciosa pode ser compreendida como a jurisdição propriamente dita, pois se 
trata da atuação da vontade concreta da lei. Já a jurisdição voluntária ou integrativa é conceituada como 
a administração pública de interesses privados para integrar e fiscalizar a vontade das partes. 
 
 JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
Objetiva a composição de litígios Objetiva a integração da vontade, para 
torna-la apta a produzir efeitos 
Há lide Ausência de lide, porque as vontades são 
convergentes 
Existem partes Existem interessados 
A decisão faz coisa julgada material e 
formal 
A decisão faz coisa julgada apenas formal 
O juiz segue estrita legalidade O juiz pode decidir com base em juízo de 
equidade. 
Há os efeitos da revelia Não há os efeitos da revelia 
Princípio do dispositivo Princípio do inquisitivo: 
- o juiz pode dar início de ofício a algumas 
demandas de jurisdição voluntária; 
- maiores poderes instrutórios parao juiz, 
que pode produzir provas mesmo contra a 
vontade das partes; 
- o juiz pode decidir contra a vontade de 
ambas as partes; 
Caráter Jurisdicional Caráter administrativo 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
Lourenço, Haroldo. Processo Civil Sistematizado, (6ª edição). Grupo GEN, 2021. 
Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil (13th edição). Editora Saraiva, 2022 
 
 
3. AÇÃO 
 
3.1 Conceito 
 
 
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“A ação é o poder de exigir do Estado um determinado provimento jurisdicional. Do ponto de vista 
constitucional, a ação é uma garantia constante do art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal, segundo o 
qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito”. A ação é, 
portanto, um instituto ligado ao direito processual constitucional, método particular de exame do processo 
a partir dos princípios, garantias e regras constantes da Constituição Federal. Por esse prisma 
constitucional, a ação pode ser vista, a princípio, como uma garantia de acesso aos órgãos jurisdicionais.”8 
 
Conforme ensina o professor Marcus Vinicius Gonçalves “É a ação que tira o Estado da sua 
originária inércia e o movimenta rumo à tutela ou provimento jurisdicional. É exercida contra o Estado, 
porque dirigida a este, e não à parte contrária. É verdade que o adversário do autor é sempre o réu, mas o 
direito de ação não é dirigido contra este, mas contra o próprio Estado, porque serve para movimentá-lo”.9 
 
3.2 Teorias da Ação 
 
I. Teorias civilista (clássica ou imanentista) – Savigny: o direito material e o direito de ação se confundem, 
de modo que NÃO existe direito de ação sem existir o direito material. O direito de ação seria mero 
procedimento. 
 
II. Teoria concretista – Adolf Wach: o direito de ação corresponderia ao direito a um sentença favorável. O 
direito de ação é independente do direito material, mas só possui o direito de ação quem possui o direito 
material. Portanto, só haveria direito de ação nas hipóteses em que a pretensão do autor fosse acolhida. 
Obs.: Wach desenvolveu suas ideias a partir das ações declaratórias. 
 
III. Teoria abstrata - Degenkolb (Alemanha), Plosz (Hungria) e Alfredo Rocco (Itália): ação é tratada com 
total autonomia do direito material, por isso considerada abstrata. Assim, haverá o direito de ação 
independentemente do resultado da sentença, pelo simples fato de alguém ter provocado o Poder Judiciário. 
 
III. Teoria eclética – Liebman: O direito de ação seria autônomo e independente do 
direito material, mas não seria universal e incondicionado. Só seria considerado seu titular o autor que, 
em concreto, tem direito a um julgamento de mérito, o que só ocorrerá se preenchidas as chamadas 
condições da ação. A ação seria, portanto, direito a julgamento de mérito. 
Para Liebman, o direito de ação é visto como o direito de ter uma sentença de mérito, no caso do 
preenchimento das condições da ação. 
 
 
8 Marcato, Antonio C. Código de Processo Civil Interpretado. Grupo GEN, 2022 
9 Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. (13th edição). Editora Saraiva, 2022 
 
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3.3 Requisitos de admissibilidade do processo (pelo CPC/73 seriam as condições da ação) 
 
Conforme disposto na obra do professor Haroldo Lourenço, as condições da ação têm como 
finalidade precípua otimizar a atividade jurisdicional, evitando o desperdício de tempo e atividade 
jurisdicional, assim, objetivam evitar a propositura de ações totalmente descabidas e infundadas e, durante 
o processo, evitar a prática de atos desnecessários, claramente incabíveis.10 
A petição inicial pode ser indeferida se faltar quaisquer das condições (art. 330, CPC), bem como pode 
a sua falta ser reconhecida em qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 485, CPC), desde que se observe 
o contraditório. 
 
a) Interesse de agir: o interesse processual ou interesse de agir se refere sempre à utilidade que o 
provimento jurisdicional pode trazer ao demandante. 
Duas concepções são adotadas para verificação da presença ou não do interesse de agir: bipartida 
(engloba utilidade e necessidade); tripartida (engloba utilidade, necessidade, adequação). 
· Utilidade: presente toda vez que o provimento puder propiciar ao demandante o resultado 
favorável pretendido; 
· Necessidade: deve ser encarada como a última forma de solução de conflitos, na hipótese 
de não haver meios de satisfação voluntários; 
· Adequação: consiste no ajuizamento da demanda correta para a solução do conflito de 
interesses, o demandante deverá ir a juízo em busca de um provimento jurisdicional 
adequado para a tutela do direito supostamente lesado ou ameaçado. 
 
b) Legitimidade da parte: é a aptidão para conduzir um processo em que se discuta determinada 
situação jurídica. 
• Legitimidade ordinária: o legitimado está em juízo defendendo, em nome próprio, direito próprio, 
portanto, coincidem o legitimado e o titular da relação jurídica discutida; 
• Legitimidade extraordinária: ocorre quando o legitimado está em nome próprio defendendo 
interesse alheio, não havendo coincidência entre o legitimado e o titular da relação discutida. 
 
Principais características da legitimidade extraordinária 
· É excepcional em nosso sistema, somente sendo possível mediante autorização do 
ordenamento jurídico. 
· O legitimado extraordinário atua na qualidade de parte. 
· Pode ocorrer tanto no polo ativo quanto no polo passivo. 
 
10 Lourenço, Haroldo. Processo Civil Sistematizado, (6ª edição). Grupo GEN, 2021. 
 
 
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· O legitimado extraordinário somente poderá dispor do direito discutido quando autorizado 
expressamente pela lei, tendo em vista que tal direito não lhe pertence. 
· O legitimado extraordinário arcará com os efeitos da sucumbência, ficando, assim, responsável 
pelas custas e honorários advocatícios. Pode ser sujeito passivo de medidas processuais, como 
litigância de má-fé e de astreintes. 
 
No tocante à diferença entre substituição, sucessão e representação processual, é importante 
conhecer da tabela a seguir: 
 
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL SUCESSÃO PROCESSUAL REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL 
Atua em nome próprio na 
defesa de direito alheio 
Passa a atuar em nome próprio 
na defesa de direito próprio 
Atua em nome alheio na defesa 
de direito alheio 
É parte no processo e pode ser 
parte na demanda 
É parte no processo e pode ser 
parte na demanda 
É parte no processo, mas não é 
parte na demanda 
 
• Formas de verificação de condição da ação 
Para a TEORIA DA ASSERÇÃO (prevalente no STJ, tema 939 – Repetitivo), as condições da ação 
devem ser demonstradas in status assertionis, ou seja, em abstrato, da maneira em que foram 
apresentadas ao juiz na petição inicial. O juiz verificará se elas estão preenchidas considerando 
verdadeiro aquilo que consta da inicial, em abstrato. 
Já para a TEORIA DA EXPOSIÇÃO OU COMPROVAÇÃO, as condições da ação devem ser examinadas 
em concreto, com todos os dados possíveis fornecidos pelo autor à luz do direito material e 
eventualmente refutados pelo réu e pelas provas constantes dos autos. 
 
3.4 Elementos da Ação 
De acordo com Marcus Vinicius Rios Gonçalves, os elementos da ação a constituem e a identificam e 
permitem que seja analisada se ela é idêntica a outra (hipótese em que haverá litispendência ou coisa 
julgada), se é semelhante a outra (hipótese em que haverá conexão ou continência), ou se é diferente. 
Os elementos da ação são três: partes, pedido e causa de pedir. 
 
a) PARTES: é quem solicita a tutela jurisdicional (autor) e em face de quem ela é postulada (réu). 
Os representantes legais não têm qualidade de parte. A parte será o incapaz, não o representante.

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