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1 FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE I (SIGMUND FREUD) 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 1 Biografia de Sigmund Freud ................................................................. 4 Vida pessoal ..................................................................................... 6 Freud e a psicanálise ......................................................................... 11 Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente (1ª Tópica) .................................................................................................................. 20 Os mecanismos de defesa ............................................................. 23 A fase oral ...................................................................................... 25 A fase fálica .................................................................................... 27 A fase genital .................................................................................. 30 Teoria Topográfica ............................................................................. 31 Conceituações sobre o Narcisismo .................................................... 33 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 35 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Sua contribuição é comparável à de Karl Marx na compreensão dos processos históricos e sociais. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise. O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática profissional. Enquanto teoria, caracteriza-se por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Freud publicou uma extensa obra, durante toda a sua vida, relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre a estrutura e o funcionamento da psique humana. A Psicanálise, enquanto método de investigação, caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. 4 A prática profissional refere-se à forma de tratamento — a Análise — que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse autoconhecimento. Atualmente, o exercício da Psicanálise ocorre de muitas outras formas. Ou seja, é usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada no trabalho com grupos, instituições. A Psicanálise também é um instrumento importante para a análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, a exacerbação da violência etc. Compreender a Psicanálise significa percorrer novamente o trajeto pessoal de Freud, desde a origem dessa ciência e durante grande parte de seu desenvolvimento. A relação entre autor e obra torna-se mais significativa quando descobrimos que grande parte de sua produção foi baseada em experiências pessoais, transcritas com rigor em várias de suas obras, como A interpretação dos sonhos e A psicopatologia da vida cotidiana, dentre outras. Compreender a Psicanálise significa, também, percorrer, no nível pessoal, a experiência inaugural de Freud e buscar “descobrir” as regiões obscuras da vida psíquica, vencendo as resistências interiores. Biografia de Sigmund Freud Sigmund Freud nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de 1856. A cidade em que Freud nasceu fazia parte do Império Austríaco (futuro Império Austro-Húngaro) e hoje se chama Příbor e faz parte do território da Tchéquia. O nome original de Freud era Sigismund Schlomo Freud (mudou seu nome para Sigmund em 1878). Freud foi o primeiro de oito filhos do casal de judeus formado por Jakob Freud e Amalia Nathansohn. Os outros filhos do casal, e irmãos de Freud, chamavam-se Julius, Anna, Regine, Marie, Esther, Pauline e Alexander. Quando ainda era uma criança pequena, os pais de Freud decidiram mudar-se para Viena, local onde Freud passou quase toda a sua vida. 5 Durante sua fase escolar, Freud ficou conhecido por ser um bom estudante, possuía boas notas, lia muito e tinha enorme facilidade para aprender idiomas. Os biógrafos de Freud falam que ele tinha ótimo desempenho em idiomas como francês, inglês, latim e grego, por exemplo. Em 1873, Freud concluiu o ensino médio e, com 17 anos, ingressou na Universidade de Viena. Início da carreira profissional Na Universidade de Viena, Freud estudava medicina e, a princípio, interessou-se pela bacteriologia. Tempos depois, Freud envolveu-se com pesquisas no laboratório de neurofisiologia, dedicando-se à dissecação de enguias macho para estudar o seu sistema reprodutivo. Depois se dedicou a estudos que faziam a comparação da estrutura do cérebro humano com a de outros animais. Em 1881, depois de quase nove anos de graduação, Freud conseguiu formar-se em medicina e, naquele ano, conseguiu um emprego no Hospital Geral de Viena. Freud continuou realizando suas pesquisas, que eram focadas no campo da neurologia, e logo começou a realizar palestras nessa área do conhecimento da medicina. O interesse de Freud voltava-se para as doenças psíquicas – chamadas na época de histeria. Freud considerava os tratamentos da época inadequados, pois associavam essas doenças a transtornos físicos. Um dos primeiros experimentos de Freud foi procurar tratar dores de cabeça e ansiedade por meio do uso de cocaína. Nessa época, drogas como cocaína e metanfetamina não eram proibidas e eram usadas indiscriminadamente por muitos. Freud chegou, inclusive, a autoadministrar cocaína como parte do seu experimento. Inicialmente, ele acreditava que a cocaína era um meio eficaz de combater a ansiedade, mas acabou abandonando esse tratamento quando passou a ter conhecimento das consequências do uso dessa substância. Outro estudo promovido por Freud nessa fase de sua vida está relacionado com a afasia, 6 distúrbio neurológico em que a pessoa tem grande dificuldade com a formulação e compreensão da linguagem. Em 1885, Freud foi a Paris para realizar estudos com Jean-Martin Charcot, um importante neurologista da época. Charcot era conhecido por tratar os seus pacientes por meio da hipnose.O que Freud aprendeu com Charcot teve enorme peso para que ele formulasse suas teorias anos depois. Vida pessoal Em 1882, Freud conheceu Martha Bernays, amiga de uma de suas irmãs. Pouco tempo depois, iniciaram um relacionamento e, com dois meses de namoro, ficaram noivos. Em 1886, Freud e Martha casaram-se e, ao longo de sua vida, tiveram seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna. Dois filhos de Freud, Ernst e Anna, tiveram grande sucesso em suas carreiras profissionais. O primeiro foi arquiteto, e a segunda seguiu os passos do pai e tornou-se psicanalista. 7 Problemas com o nazismo Com a ascensão do nazismo, na década de 1930, Freud começou a enfrentar alguns problemas. Em 1933, alguns dos seus livros foram queimados pelos nazistas na Alemanha. Isso aconteceu por conta do antissemitismo do nazismo, que associava as ideias de Freud à decadência do “mundo moderno”. Por conta dessa ocasião, Freud escreveu ironicamente para um amigo dizendo: “Que progresso estamos fazendo! Na Idade Média, teriam me queimado na fogueira. Agora eles se contentam em queimar meus livros” Em 1938, Freud foi obrigado a fugir da Áustria, por conta do Anschluss, nome como ficou conhecida a anexação da Áustria à Alemanha Nazista. Como era judeu, Freud acabou tendo que se mudar para Londres, na Inglaterra, local onde faleceu pouco mais de um ano depois. A princípio, Freud estava relutante da ideia de se mudar de Viena, mas se convenceu da necessidade de abandonar a Áustria depois que sua filha, Anna Freud, foi presa temporariamente pela Gestapo, a polícia política do nazismo. Tempos depois, quatro das irmãs de Freud foram mortas em campos de concentração. Morte Durante sua juventude, Freud adquiriu o hábito de fumar – primeiro cigarros, depois, charutos. Esse hábito acabou fazendo com que Freud adquirisse câncer de boca na década de 1920. Freud passou por mais de 30 intervenções cirúrgicas no combate à doença e acabou tendo que retirar parte de sua mandíbula, passando a viver nos seus últimos anos com uma prótese. O câncer na boca de Freud passou a causar-lhe dores intensas. Por essa razão, convenceu seu amigo, Max Schur, a aplicar-lhe doses excessivas de morfina, que o levaram à morte em 23 de setembro de 1939. As casas em que Freud viveu em Freiberg in Mähren, Viena e Londres foram transformadas em museus em homenagem ao seu legado. 8 Teorias de Freud Ao longo de sua carreira, Freud ficou conhecido por formular inúmeras teorias que influenciaram de maneira considerável o campo da psicologia. Vejamos algumas delas: Complexo de Édipo Freud continuou a dedicar-se ao estudo da mente humana e passou a se autoanalisar. Aplicando a psicanálise sobre si mesmo, ele conseguiu acessar memórias da sua infância, e essa autoanálise lhe permitiu formular a teoria do Complexo de Édipo. Freud realizou essa autoanálise após associar pesadelos e períodos depressivos que enfrentou com a morte de seu pai. No Complexo de Édipo, Freud argumentou que crianças do sexo masculino passam por uma fase em que se apaixonam pela sua mãe e, por isso, criam sentimentos hostis em relação a seus pais. Tempos depois, Carl Jung, famoso psicanalista influenciado por Freud, teorizou que isso também acontecia na relação de filhas com seus pais, o que ficou conhecido como Complexo de Electra. Freud também teorizou que, durante o Complexo de Édipo, o desejo sexual surge nas crianças e essa experiência se dá por meio de diferentes sintomas em meninos e meninas. Os meninos, segundo Freud, experimentam o “complexo da castração”, e as meninas experimentam a “inveja do pênis”. Essas teorias de Freud foram, posteriormente, bastante criticadas por outros psicanalistas. 9 Outras teorias Ao longo de sua carreira, Freud teorizou ideias a respeito da interpretação dos sonhos e do papel destes em retratar desejos que são reprimidos na mente humana ou memórias recentes que estão bloqueadas no inconsciente. A respeito do inconsciente, disse que a mente humana funciona como um iceberg, em que parte dos pensamentos é perceptível, e a outra parte, não. Com base nessa metáfora, formulou os conceitos de id, ego e superego. O id é o local da mente onde ficam os nossos impulsos e instintos. O ego é a parte lógica e racional da psique e é responsável pela tomada de decisões. O superego, por sua vez, é a parte da psique responsável pela repressão aos impulsos que são contrários às normas sociais. Obras Ao longo de sua carreira como psicanalista, Freud escreveu uma série de livros que são hoje um grande legado de sua obra. Dentre os livros escritos por Freud, podem ser destacados: A interpretação dos sonhos (1900); Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901); Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905); Cinco lições de psicanálise (1910); Além do princípio do prazer (1920); O futuro de uma ilusão (1927); O mal-estar na civilização (1930). Depois de ter contato com a hipnose como forma de tratamento, Freud procurou utilizá-la em seus pacientes. Isso aconteceu depois de ter aberto um consultório em Viena para tratar de “doenças nervosas”. O contato com a hipnose levou Freud a concluir, tempos depois, que as doenças mentais eram, de fato, causadas por distúrbios em uma parte que ele chamou de inconsciente. 10 Freud passou a defender a ideia de que a forma de tratar essas doenças deveria acontecer por meio das palavras. Inicialmente, Freud hipnotizava seus pacientes e os incentivava a falar sobre todos os seus traumas. Esse procedimento ficou conhecido como “cura pela palavra” e foi resultado da influência de um neurologista chamado Josef Breuer. Breuer era um dos mais importantes neurologistas de Viena, e o relato dele a respeito de uma de suas pacientes teve grande impacto em Freud. Essa paciente, que sofria de depressão, era Bertha Pappenheim, também conhecida como Anna O. Breuer hipnotizava sua paciente e a orientava a falar sobre os seus sintomas e traumas, tendo como resultado a melhora do quadro de Anna O. Após esse caso, Freud passou a aplicar a “cura pela palavra” em seus próprios pacientes. Ele os incentivava a falar sobre os traumas e anotava tudo o que era dito pelos seus pacientes. Com o tempo, começou a identificar que a parte consciente da mente humana não tinha acesso a todas as lembranças e grande parte dos pensamentos ficava reprimida no “inconsciente”. Assim, o tratamento por meio da psicanálise só seria de fato eficaz se fosse possível acessar os pensamentos e traumas do inconsciente, levando-os para a consciência do paciente. Os atendimentos realizados por Freud aconteciam em um apartamento localizado no mesmo prédio (Berggasse 19) que ficava sua casa. Freud colocava seus pacientes em um sofá (chamado de divã), em uma posição em que não havia contato visual com os pacientes. Os resultados foram mostrando-se satisfatórios, e Freud começou a ganhar popularidade. Esses resultados foram importantes porque conseguiram provar a teoria de Freud a respeito da existência do inconsciente na mente humana. 11 Freud e a psicanálise Em Cinco lições de psicanálise (1910a/1996), Freud relata a história de um movimento que se afastou no devido tempo e necessidade do saber médico que, então, se ocupava do tratamento dos distúrbios emocionais, tomando o que ele chama de rota absolutamente original (FREUD, 1910a/1996, p. 14). A partir dessa rota, interessou-se por tais distúrbios, apesar do desconhecimento e do desamparo que eles evocavam: “[...] diante da histeria, o médico não sabe, do mesmo modo, o que fazer” (FREUD, 1910a/1996, p. 15). Através destas palavras, Freud chama a histeria de transgressora da ciência médica, já que encarna em si o desamparo e algumas das impossibilidades dos tratamentosentão empregados. Ao relatar a história do que se configurou como a pré-psicanálise, a partir do tratamento empreendido por Breuer com Anna O, é deveras interessante quando ele afirma a não pretensão de Breuer em curar a paciente e, mesmo assim, acompanhá-la diariamente em seu sofrimento, não medindo esforços na busca pela origem de seus sintomas. Nessa busca incessante, e através do emprego da hipnose como método neste momento pré-psicanalítico, as conclusões a que chegaram os dois pesquisadores é de que tal origem tem a ver com as reminiscências, restos simbólicos de experiências carregadas de carga afetiva. Assim, se há um sintoma, há um desconhecimento em sua causa: um não saber. Freud (1910a/1996, p. 24) prossegue dizendo que os doentes sabiam de que se tratavam tais reminiscências e, uma vez abandonado o método hipnótico, só precisavam dizer, descoberta que fez quando Anna O. começou a chamar o método adotado de ‘limpeza de chaminé’: A esta força que detinha os desejos violentos do paciente, Freud (1910a/1996) deu o nome de recalque, mas em Estudos sobre a histeria 12 (1895/1996) a chamara de processos defensivos. Tais processos seriam incapazes, no entanto, de aniquilar os desejos violentos, e seu substituto (o sintoma), bem como a ideia recalcada, também traria consigo um tipo de sofrimento quando lançado à consciência. Assim, Freud conclui que a psicanálise desvendaria o trajeto de trás para frente, reconduzindo o sintoma para a ideia recalcada (FREUD, 1910a/1996, p. 28). Desse modo, para a psicanálise existem conteúdos escondidos, não sabidos, na vida mental do indivíduo. Esses conteúdos podem aparecer através da livre associação, método que desenvolveu em substituição à hipnose e que possibilitou a mudança do momento pré-psicanalítico para a psicanálise propriamente dita. Em Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, de 1912, Freud atribui à livre associação a função de preceito único do qual parte a técnica psicanalítica. Neste texto, ele também afirma que se deixar abandonar à memória inconsciente não é tarefa apenas do paciente, mas do analista, situando aí a implicação daquele que se propõe a esta práxis, contrapartida essencial ao início de toda análise. Afinal, a comunicação que ocorre entre o inconsciente do analista e do analisante permite a reconstrução das associações livres em conteúdos significantes. Isso só é possível, diz Freud no texto já referido, quando o analista não está sujeito às próprias resistências, ou ao menos, não se encontra por elas dominado. Através destas palavras podemos conceber a importância e a preocupação de Freud com a formação do analista, formação essa que começaria com a análise pessoal, somente a qual poderia preparar alguém para superar as próprias resistências, de modo a não permitir que elas interferissem no processo analítico. Denota, então, ser a formação do analista algo que principia a partir de uma experiência, a experiência analisante. Do contrário poderá selecionar e deformar os conteúdos apresentados, tanto através das associações do paciente, como também a partir dos sonhos, dos chistes e dos atos falhos que ele pode vir a manifestar. E o analista, para Freud (1910a/1996, p. 36), retomando as Cinco Lições, seria alguém com “[...] rigorosa fé no determinismo da vida mental [...]”, cujos conteúdos não se manifestam de forma arbitrária, mas estão agrupados de modo a dizerem algo sobre o sujeito: esse algo desconhecido. 13 As palavras de Freud nos conduzem a pensar a análise a partir daquele que analisa porque ele define a importância que adquire, para ser possível sustentar essa posição, uma fé que apenas nasce porque se vivenciou estes que buscamos, os conceitos fundamentais à psicanálise, enquanto experiência que apenas uma análise possibilita. Do contrário, a fé na psicanálise não seria em nada diversa da fé religiosa. Tratar-se-ia, desse modo, de um dogma, diante do qual as argumentações mais racionais apenas resvalariam. A necessidade para o analista desta rigorosa fé no determinismo da vida mental pode ser reconhecida em muitos outros textos em que Freud faz menção à técnica da psicanálise. Um deles é Análise terminável e interminável (1937a/1996), em que o autor discute os possíveis resultados de um tratamento mais breve e profilático. É na sétima parte deste artigo que ele afirma: Pensar a individualidade do analista, conforme pontuado no trecho acima, remete-nos imediatamente àquilo que em Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1912a/1996), Freud chama de a contrapartida do analista ao preceito único do qual parte a psicanálise – a associação livre. Quando deitamos nossa atenção para o que seria isso que o autor chama de ‘individualidade do analista’, pensamos de que maneira poderia essa individualidade influenciar num processo que, a priori, não existe na forma de uma relação dual. Assim, o eu do analista, não poderia influenciar nenhum aspecto, uma vez que todo aquele que se voltaria à escuta analítica não se deixaria influenciar pelas próprias questões e dificuldades. No entanto, quando pensamos dessa maneira, estamos nós, como também fazem os opositores da análise, orgulhando-nos dos atributos da nossa consciência, e assim, desconsideraríamos que existe uma força que não está exatamente sob o controle do que o eu considera apropriado ou inapropriado. Se a individualidade do analista pode apresentar-se como um dos fatores que oferece resistência ao tratamento, isso apenas é possível por um 14 posicionamento que, dominado por ideais, não está pronto para assumir a mudança radical que implica a abertura do inconsciente. Freud, ainda em Análise terminável e interminável (1937a/1996) prossegue dizendo que “[...] o relacionamento analítico se baseia no amor à verdade – isto é, no reconhecimento da realidade – e que inclui qualquer tipo de impostura ou engano” (FREUD, 1937a/1996, p. 265). A partir dessas palavras, Freud situa a psicanálise como a terceira das profissões impossíveis, junto com governar e educar. A impossibilidade da psicanálise sustenta-se no fato de que esta nunca se realizará de forma total, concluída e fechada, nunca se faz toda, portanto. De tal modo que ocupar este lugar implica deparar-se com uma tarefa que jamais é completada, ou seja, continuamente encarar o aspecto interminável que toda análise encerra. Há, portanto, sempre um resto, e esse resto faz parte da verdade que é a verdade do inconsciente, de modo que um analista qualifica- se especialmente a partir de sua análise pessoal, somente esta poderá lhe possibilitar Nota-se que esta frase retirada de Análise terminável e interminável (1937a/1996) faz eco àquela proveniente de Cinco lições de psicanálise (1910a/1996), sobre a necessidade de o analista possuir uma “[...] rigorosa fé no determinismo da vida mental” (FREUD, 1910a/1996, p. 36). Fé que, sem dúvida, animou Freud a permanecer no intento de tornar a psicanálise um método de investigação do inconsciente e uma prática clínica. Não obstante, certamente houve obstáculos ao caminho da psicanálise quando admitiu como objeto de estudo o campo que abarca o inconsciente. Apesar dos percalços, Freud construiu o percurso da psicanálise, concluindo que: 15 O primeiro obstáculo certamente apresenta-se a partir do desafio representado pela tentativa de ir além da hipnose, dificuldade que começa a se tornar presente na obra através do que identificamos como sendo o papel da transferência enquanto veículo da ação terapêutica. Freud começa a perceber a importância deste veículo já em Estudos sobre a histeria, quando se dedica às dificuldades que a hipnose encarnava. O método de Breuer não era efetivo com todos os pacientes, o que não só levou Freud a uma alteração da técnica como do que ele chama de ‘visão dos fatos’ (FREUD,1895[1893] /1996, p. 272). Assim, Freud começa a questionar-se e “[...] a tomar uma posição quanto à questão do que, afinal, caracteriza essencialmente a histeria e do que a distingue das outras neuroses” (idem). Assim, a partir do momento em que começa a investigar a base sexual das neuroses, Freud toma uma posição a partir da qual se tornou impossível continuar o percurso da psicanálise ao lado de Breuer. O momento de reflexão que encarna este capítulo dos estudos é bastante interessante. Freud exprime uma a uma as dúvidas e razões que o levaram a concluir que o método de Breuer não poderia ir além, já que “[...] não consegue afetar as causas subjacentes da histeria, assim, não consegue impedir que novos sintomas tomem o lugar daqueles que foram eliminados” (FREUD, 1895[1893]/1996, p. 277). Quando Freud afirma que a hipnose não podia ir além, ou seja, não podia chegar às causas da histeria, essa insatisfação demarca a virada de posicionamento que foi imprescindível para a transição entre esse momento pré- psicanalítico e o que se seguiu a ele. A virada aconteceu porque Freud notou que, em alguns pacientes, o método catártico não eliminava nem mesmo os sintomas que já se notavam, causadores de sofrimento. Essa inacessibilidade, Freud atribui às próprias características dos pacientes, admitindo que nem todos eram sugestionáveis e que isso só poderia dizer respeito às peculiaridades da 16 neurose, aquelas que ele veio a empreender tanto esforço em descobrir a razão de ser. A inacessibilidade não tira o valor do método hipnótico, mas impõe-lhe limites: “[...] um médico não pode atribuir- se a tarefa de alterar uma constituição como a da histérica” (FREUD, 1895[1893]/1996, p. 278). A citação acima demarca um entre tantos momentos de Psicoterapia da histeria em que Freud demonstra, à medida que o texto se constrói, que muitas reflexões acerca da posição do médico já vinham sendo por ele feitas. Mesmo tendo a medicina como base de formação, e mesmo neste momento ainda demonstrando sofrer forte influência dos ideais científicos médicos, o que Freud apresentava ia além da compreensão complacente e buscou atingir níveis profundos que, no decorrer do desenvolvimento da teoria, ele percebeu que existiam. Trata-se dos níveis inconscientes, daqueles conteúdos que precisam ultrapassar alguns obstáculos para que, só então, possam ser lançados à mão. Freud situa a ‘fé’ no determinismo da vida mental como um quesito sine qua non ao psicanalista. Não foi sem dificuldades que Freud adentrou as profundezas que abarcam o campo do inconsciente com vistas a tornar a psicanálise um método e uma prática clínica. Em Dois verbetes de enciclopédia (1923a[1922]/1996), Freud aponta: A partir do trecho acima, vemos Freud nos apresentar seu posicionamento quanto aos conceitos que considera fundamentais. À medida que avançarmos em nossa discussão, outros momentos que Freud nos oferece serão destacados, no sentido de possibilitar o acesso às definições acerca disso que buscamos, ou seja, quais os aspectos da psicanálise considerados por Freud como tendo sido fundantes deste campo. Esta citação destaca dois pontos que serão discutidos no próximo capítulo como sendo bases sobre as quais repousa o corpo teórico da psicanálise: a existência dos processos mentais inconscientes e o reconhecimento da teoria do recalque. No entanto, é importante salientar 17 que, quando procuramos quais seriam os elementos da psicanálise que seriam inegociáveis, o que buscamos não se trata de definições sentenciosas, mas de compreender que conceitos articulam-se de forma indissociável da experiência analítica, uma vez que é apenas através dela que a psicanálise pode se sustentar. Todos os pontos abordados por Freud no trecho acima podem ser encontrados pela primeira vez em Estudos sobre a histeria (1895[1893]/1996), momento em que ele salienta que uma das características essenciais da histeria é que, nela, o eu encontra-se subjugado pelos sintomas. Diante desta situação, ainda no mesmo texto, Freud lamenta a inexistência de uma terapia que chegue à raiz dessa subjugação e, diante da dificuldade em continuar empregando o método de Breuer, coloca a si mesmo a questão de ou desistir das pacientes inacessíveis à técnica, ou ampliá-la e ir além dela. Momento que é, talvez, aquele em que Freud começa a descolar-se do saber médico e pensar sobre a criação de algo totalmente novo, que se constitui como a psicanálise. Esse questionamento, que representa uma mudança de posição, interessa a esta pesquisa: “Assim, eu era obrigado a desistir da idéia de tratar tais pacientes, ou a me esforçar por promover essa ampliação de alguma outra forma” (FREUD, 1895[1893]/1996, p. 282). Que esforço é esse a que Freud se refere? O esforço que realizou uma mudança da medicina para a psicanálise. Mas o que parece importante a esta altura é que Freud já se refere neste texto tão introdutório, tão precoce no que diz respeito ao desenvolvimento da psicanálise, ao que se constituíram como pontos fundamentais à clínica psicanalítica, os mesmos aos quais faz menção em Cinco lições de psicanálise (1910a/1996) e em muitos outros textos bastante posteriores na obra e que também serão apresentados adiante. Em Psicoterapia da histeria (1895[1893] /1996), ele utiliza pela primeira vez o termo transferência, ainda que não conceituado, e também nesse momento tão inicial, faz as primeiras relações da transferência com a resistência e o recalque. Freud se apercebe da resistência justamente por ter que insistir em que as recordações dos pacientes viessem à tona, de modo que deveria haver ali um obstáculo que teria alguma relação com a força inicial que originou o sintoma, ou seja, o recalcamento: 18 E visto que essa insistência exigia esforços de minha parte, e assim sugeria a idéia de que eu tinha que superar uma resistência, a situação conduziu- me de imediato à teoria de que, por meio de meu trabalho psíquico, eu tinha de superar uma força psíquica nos pacientes que se opunha a que as representações patogênicas se tornassem conscientes (fossem lembradas). Uma nova compreensão pareceu abrir-se ante meus olhos, quando me ocorreu que esta sem dúvida deveria ser a mesma força psíquica que desempenhara um papel na geração do sintoma histérico e que, na época, impedira que a representação patogênica se tornasse consciente. Que espécie de força poder- se-ia supor que estivesse em ação ali, e que motivo poderia tê-la posto em ação? (FREUD, 1895[1893]/1996, p. 283) A citação acima nos permite inferir se Freud, tão cedo no desenvolvimento de sua teoria, ao afirmar que ele mesmo teria que realizar um trabalho psíquico a fim de superar a resistência dos pacientes, já percebia aquilo que recomenda nos artigos sobre a técnica, ou seja, a importância de ser o analista alguém conhecedor das próprias resistências, caminho trilhado apenas a partir da análise pessoal. Esta afirmação soa como mais um exemplo de uma mudança de posicionamento, de uma queda do discurso médico, necessária à possibilidade de assumir-se enquanto analista. Alguém que, por ter sabido de suas angústias e resistências, encontra-se apto a enfrentar aquelas que se apresentam, do lado do paciente, durante o tratamento, reconhecendo, também pela própria experiência analítica, a natureza aflitiva de tais conteúdos, “[...] capazes de despertar afetos de vergonha, autocensura, e dor psíquica [...]; eram todas de uma espécie que a pessoa preferiria não ter experimentado, que preferiria esquecer.” (FREUD, 1895[1893] /1996, p. 283). A força psíquica é representada pela aversão por parte do eu, que tira tais representações da cadeia de associação: “[...] o ‘não saber’ do paciente histérico seria, de fato, um ‘não querer saber’ – um não querer que poderia, em maior ou menor medida ser consciente” (FREUD, 1895[1893]/1996,p. 284). Foi a partir deste não querer saber que se alicerçaram as bases da psicanálise a partir do recalque, da resistência que resulta deste recalque e da transferência. Freud afirma que as representações inconscientes estão disponíveis desde que seja retirado um obstáculo, o que ele associa com a vontade do paciente, já que a 19 mudança exige muito trabalho (FREUD, 1895[1893]/1996, p. 292). O que Freud denomina como vontade do sujeito e complementa falando sobre o que há de trabalhoso em uma análise representa mais uma indicação que, já em 1895, havia no autor um reconhecimento, uma presença de compreensão de que a psicanálise não está para todos. Simultaneamente, quando nos apresenta a análise como algo que exige trabalho, importante dizer que é um trabalho que o paciente apenas pode realizar porque existe alguém pronto a receber seus frutos. Pode-se perceber que já existe, nesse momento do desenvolvimento da psicanálise, o embrião de conceitos sem os quais ela não existiria: como a crença no determinismo inconsciente e o recalcamento. Tais conceitos desenvolveram-se largamente no decorrer da obra freudiana. Em seus textos posteriores aos Estudos sobre a histeria, incluindo Cinco lições de psicanálise, podemos ver como eles ganham estatuto de fundamentos para a teoria psicanalítica e se configuram como parâmetros inegociáveis para seu campo. Tais parâmetros se fazem presentes tanto nos textos técnicos como nos metapsicológicos, e também naqueles que Freud destinou ao público leigo. Ver- se- á, no último capítulo, que também nos textos em que Freud se volta às aplicações da psicanálise ele estabelece, evidencia e denomina aquilo que considera como fundamental à psicanálise. Estrutura e dinâmica da personalidade Freud imaginava a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um sistema de energia: cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica. Isso significa, por um lado, que se grande parte da energia for necessária para a realização de determinado objetivo (ex. expressão artística) ela não estará disponível para outros objetivos (ex. sexualidade); por outro lado, se a pessoa não puder dar vazão à sua energia por um canal (ex. sexualidade), terá de fazê-lo por outro (ex. expressão artística). 20 Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas incorretamente de instintos). Segundo o autor, o ser humano possui duas pulsões inatas, a de vida (Eros) e a de morte. Essas duas pulsões opõem-se ao ideal da sociedade e, por isso, precisam ser controladas através da educação, considerando que a energia gerada pelas pulsões não é liberada de maneira direta. O ser humano é, assim, sexual e agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências naturais do homem. A situação de não poder dar vazão a essa energia gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido. Toda ação do homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar vazão à energia psíquica acumulada. Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente (1ª Tópica) O ser humano, no entanto, não se dá conta de todo esse processo de geração e liberação de energia. Para explicar esse fato, Freud descreve três níveis de consciência: O consciente, que abarca todos os fenômenos que em determinado momento podem ser percebidos de maneira consciente pelo indivíduo; O pré-consciente, refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles; O inconsciente, que diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se. (O termo subconsciente é muitas vezes usado como sinônimo, apesar de ter sido abandonado pelo próprio Freud.) Freud não foi o primeiro a propor que parte da vida psíquica se desenvolve inconscientemente. Ele foi, no entanto, o primeiro a pesquisar profundamente esse território. Segundo ele, os desejos e pensamentos humanos produzem muitas vezes conteúdos que causariam medo ao indivíduo, se não fossem armazenados no inconsciente. Este tem assim uma função importantíssima de 21 estabilização da vida consciente. Sua investigação levou-o a propor que o inconsciente é alógico (e por isso aberto a contradições); atemporal e aespacial (ou seja, conteúdos pertencentes a épocas ou espaços diferentes podem estar próximas). Os sonhos são vistos como expressão simbólica dos conteúdos inconscientes. Através da compreensão do conceito de inconsciente torna-se clara a compreensão da motivação na psicanálise clássica: muitos desejos, sentimentos e motivos são inconscientes, por serem muito dolorosos para se tornarem conscientes. No entanto esse conteúdo inconsciente influencia a experiência consciente da pessoa, por exemplo, através de atos falhos, comportamentos aparentemente irracionais, emoções inexplicáveis, medo, depressão, sentimento de culpa. Assim, os sentimentos, sonhos, desejos e motivos inconscientes influenciam e guiam o comportamento consciente. Modelo estrutural da personalidade (2ª Tópica) Freud desenvolveu mais tarde, (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas: 22 Id (em alemão: es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica, a libido. O id é formado pelas pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (Lustprinzip), ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer. Não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente. Ego (ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo, por intermédio do chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a supervisão/realidade/repressão do superego. Superego (Über-Ich, "super-eu", "além-do-eu"): É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) reprimir, através de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral, mesmo que irracional; e, (3) conduzir o indivíduo à perfeição, em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem 23 meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado, e a consciência (Gewissen), que determina o mal a ser evitado. Os mecanismos de defesa O ego está constantemente sob tensão, nas suas tentativas de harmonizar os impulsos do id no mundo exterior e adequando-os à repressão do superego. Quando essa tensão (normalmente sob a forma de medo) se tornagrande demais, ameaça a estabilidade do ego, que pode fazer uso dos mecanismos de defesa ou ajustamentos. Estas são estratégias do ego para diminuir o medo através de uma deformação da realidade - dessa forma o ego exclui da consciência conteúdos indesejados. Os mecanismos de defesa satisfazem os desejos do id apenas parcialmente, mas, para este, uma satisfação parcial é melhor do que nenhuma. Entre os mecanismos de defesa é preciso considerar, por um lado, os mecanismos bastante elaborados para defender o eu (ego), e por outro lado, os que estão simplesmente encarregados de defender a existência do narcisismo. Freud (1937) diz que mecanismos defensivos falsificam a percepção interna do sujeito fornecendo somente uma representação imperfeita e deformada. Freud descreveu muitos mecanismos de defesa no decorrer da sua obra e seu trabalho foi continuado por sua filha Anna Freud; os principais mecanismos são: Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido; Formação reativa consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados. Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas. 24 Regressão consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou. Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte da líbido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estágio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação por este. Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento socialmente aceito. Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assume uma característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor. Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionadas a terceiros. As fases do desenvolvimento psicossexual Uma importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da personalidade. Duas hipóteses caracterizam sua teoria: Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos das vida são os mais importantes para o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios psico-sexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as crianças também têm uma sexualidade. Freud descreve quatro fases distintas, pelas quais a criança passa em seu desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem satisfação; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma. A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal forma que uma nova fase pode iniciar sem 25 que os processos da fase anterior tenha se completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a vida da pessoa. A fase oral A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até aproximadamente dois anos de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome, mas inicialmente por ela. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais frustrações. Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. Assim, uma satisfação insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a dificuldades de aceitar novos objetos como fonte de prazer/dor em fases posteriores, aumentando assim a probabilidade de uma regressão. 26 A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Até então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade de morder. O principal objeto de ambas as fases, o seio materno, se torna, assim, um objeto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza a maior parte dos relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objetos. A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver em características da personalidade adulta: O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou poder, ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessoas ou de se integrar em grupos; O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram posteriormente como persistência e perseverança ou ainda como decisão; Morder é o protótipo da destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e tirania; Cuspir se transforma em rejeição e O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou introversão. O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho. A fase anal A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender o controle dos esfincteres sobre o ato de defecar e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da personalidade. O defecar imediato e 27 descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma tendência ao caos, aos descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais ao fato de a criança conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre dar (as fezes) e receber amor, e a pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe supervaloriza essas necessidades biológicas, a criança pode se desenvolver criativa e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela não corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se desenvolver como colecionadores, coletores ou avaros. A fase fálica A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis; nessa fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo. 28 Freud desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para ele, estes vivenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e ameaçadora.Segundo Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não partilhá-la mais com o pai; ao mesmo tempo ele teme que o pai se vingue, castrando-o. A solução para esse conflito consiste na repressão tanto do desejo libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para com o pai; em um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções, interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante passo na formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através da diminuição do medo) e o id (por o menino poder possuir a mãe indiretamente através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente satisfeitos. O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, contudo com mais possibilidades de solução. A menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pênis (al. Penisneid); ela sente-se castrada e culpa à própria mãe por tê-la privado de um falo. Por outro lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. 29 Freud usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de Electra", mas que foi rejeitado por Freud no texto "Sobre a Sexualidade Feminina" de 1931. A apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre uma identificação como ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações depende de diferentes fatores, como a relação entre os elementos masculinos e femininos na predisposição fisiológica da criança ou a intensidade do medo de castração ou da inveja do pênis. Além disso, a mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial, permanecendo sempre o principal objeto da libido. O período de latência Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se estende até a puberdade. Nessa fase a libido é desinvestida das fantasias e da sexualidade, tornando-as secundárias, mas reinvestida em outros meios como o desenvolvimento cognitivo, aprendizado, a assimilação de valores e normas sociais que se tornam as atividades principais da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego. 30 A fase genital A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo oposto, ou não (onde entra a questão da homossexualidade). Como se depreende da explanação anterior, a escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. Teoria do Trauma Durante muito tempo, o aspecto mais conhecido e discutido da obra de Freud era o da teoria da libido, que ele elaborou inspirado nos modelos da eletrodinâmica ou da hidrodinâmica vigentes na ciência da época. Assim, o conceito de libido, que Freud concebeu como sendo a manifestação psicológica do instinto sexual, recebeu sua origem na tentativa de explicar fenômenos, tais como os da histeria, que Freud explicava como sendo resultantes do fato de que a energia sexual era impedida de expandir-se através de sua saída natural e fluía, então, para outros órgãos, ficando restringida ou contida em certos pontos e manifestando-se através de sintomas vá- rios. Freud chegara à conclusão de que as neuroses, como a histeria, a neurose obsessiva, a neurastenia e a neurose de angústia (fobia), teriam sua causa imediata no aspecto “econômico” da energia psíquica, ou seja, num represamento quantitativo da libido sexual. Na neurastenia e na neurose de angústia, somente o represamento da libido sexual é o que estaria em jogo, enquanto nas demais neuroses traumáticas 31 outros acontecimentos da vida passada também seriam fatores causadores dos transtornos neuróticos. Partindo inicialmente da concepção inicial de que o conflito psíquico era resultante das repressões impostas pelos traumas de sedução sexual que realmente teriam acontecido no passado, e que retornavam sob a forma de sintomas, Freud postulou que os “neuróticos sofrem de reminiscências”, e que a cura consistiria em “lembrar o que estava esquecido”. Penso que, para certos casos, esta fórmula persiste na psicanálise atual como plenamente válida, porquanto é bem sabido que “a melhor forma de esquecer é lembrar” ou, dizendo de outra forma, “o sujeito não consegue esquecer daquilo que ele não consegue lembrar”. A diferença é que na época de Freud este relembrar visava unicamente a uma ab-reação, uma catarse por meio da verbalização dos fatos traumáticos e os respectivos sentimentos contidos nas lembranças, enquanto hoje os analistas vão, além disso, e objetivam uma ressignificação dos significados atribuídos aos traumas que o paciente está rememorando na situação psicanalítica. Assim, a necessidade de desfazer as repressões introduziu dois elementos essenciais à teoria e à técnica da psicanálise: a descoberta das resistências inconscientes e o uso das interpretações por parte do psicanalista. Teoria Topográfica A teoria anterior perdurou até 1897, quando então Freud deu-se conta de que a teoria do trauma era insuficiente para explicar tudo, e que os relatos das suas pacientes histéricas não traduziam a verdade factual; mas sim que eles estavam contaminados com as fantasias inconscientes que provinham de seus desejos proibidos e ocultos. Daí, ele propôs a divisão da mente em três “lugares” (a palavra “lugar”, em grego, é “topos”, daí teoria topográfica). A estes diferentes lugares ele denominou: Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente, sendo que o paradigma técnico passou a ser: “tornar consciente o que estiver no inconsciente”. 32 Em 1900, Freud publicou A interpretação de sonhos, no qual ele comprova que o conteúdo do sonho “manifesto” pode ser visto como um modo disfarçado e “censurado” da satisfação de proibidos desejos inconscientes. A propósito, essa fase teórica de Freud pode ser resumida com a sua afirmativa de que “todo sonho, e sintoma, tem um umbigo que conduz ao desconhecido do inconsciente”, sendo que, pode-se acrescentar, é a descoberta do significado simbólico dos sonhos e sintomas que inaugura a psicanálise como ciência propriamente dita. A partir do seu fracasso com a análise de “Dora” – escrito em 1901, mas que somente foi publicado em 1905, por razões de sigilo profissional –, Freud obrigou-se a fazer profundas reflexões, sendo que ele chegou a afirmar que, desde então, a técnica psicanalítica foi profundamente transformada. Pode-se dizer que as principais transformações que se processaram nessa época foram: a) a psicanálise deixou de ser uma detida investigação e busca de solução de, separadamente, sintoma por sintoma; b) a descoberta e a formulação do “princípio da multideterminação” dos sintomas; c) o próprio paciente é quem passou a tomara iniciativa de propor o assunto de sua sessão; d) o analista substituiu a atitude de comportar-se como um investigador ativo e diretivo por uma atitude mais compreensiva da dinâmica do sofrimento do analisando; e) abandono total da técnica da hipnose e da sugestão devido à percepção de Freud de que as elas encobriam a existência de “resistências”; f) estas últimas resultam de repressões, sendo que o retorno do reprimido manifesta-se pelo fenômeno da “transferência”; g) sobretudo, o “caso Dora” ensinou a Freud a existência e a importância de o analista reconhecer e trabalhar com a “transferência negativa”. Teoria Estrutural À medida que se aprofundava na dinâmica psíquica, Freud tropeçava com o campo restrito da teoria topográfica, por demais estática, e ampliou-a com a concepção de que a mente comportava-se como uma estrutura no qual distintas 33 demandas, funções e proibições, quer provindas do consciente ou do inconsciente, interagiam de forma permanente e sistemática entre si e com a realidade externa. Desta forma, mais precisamente a partir do trabalho O ego e o id (1923), ele concebeu a estrutura tripartite, composta pelas instâncias do id (com as respectivas pulsões), do ego (com o seu conjunto de funções e de representações) e do superego (com as ameaças, castigos, etc.). O paradigma técnico da psicanálise foi formulado por Freud como: “onde houver id (e superego), o ego deve estar”. Conceituações sobre o Narcisismo Embora não tenha sido formulado como uma teoria, os estudos de Freud sobre o narcisismo abriram as portas para uma mais profunda compreensão do psiquismo primitivo e constituíram-se como sementes que continuam germinando e propiciando inúmeros vértices de abordagem por parte de autores de todas correntes psicanalíticas. De acordo com o pensamento mais vigente entre os autores, pode-se dizer que, na atualidade, um importante paradigma da psicanálise atual pode ser formulado como “onde houver Narciso, Édipo deve estar”. (Grunberger, 1979). 34 Dissociação do Ego Aquele jovem Freud que ficara perplexo ao perceber uma dissociação da mente que se manifestava nas pacientes histéricas durante o transe hipnótico induzido por Charcot, foi aprofundando suas pesquisas sobre este fascinante enigma até que ele ficou convencido de que esta clivagem da mente em regiões conscientes e inconscientes não era específica e restrita às psicoses e neuroses, mas que ela ocorria com todos os indivíduos. Assim, desde os seus primeiros trabalhos com pacientes histéricas, Freud já falava de uma cisão interssistêmica da qual resultam núcleos psíquicos independentes. No entanto, é a partir de seu trabalho sobre Fetichismo (1927) e, de forma mais consistente, em Clivagem do ego no processo de defesa (1940), que escreveu ao apagar das luzes de sua imensa obra, é que Freud estudou a cisão ativa, intrassistêmica, que ocorre no próprio seio do ego e não unicamente entre as instâncias psíquicas. Com isso, Freud lançou novas sementes que possibilitaram aos pósteros autores desenvolverem uma concepção inovadora da conflitiva intrapsíquica, o que, creio, pode ser exemplificado com os trabalhos de Bion (1967) sobre a existência concomitante em qualquer pessoa da “parte psicótica e da parte não psicótica da personalidade” e cuja compreensão, por parte do psicanalista, representa um enorme avanço na técnica e na prática clínica. Diante do exposto, o gênio de Freud possibilitou que, entre avanços, recuos e sucessivas transformações, ele construísse os alicerces essenciais do edifício metapsicológico e prático da psicanálise, sempre estabelecendo inter- relações entre a teoria, a técnica, a ética e a prática clínica. 35 REFERÊNCIAS ANDRADE, A. C. B. A teoria de desenvolvimento Psicossexual: Sigmund Freud. Patos: Faculdades Integradas de Patos. BOCK, A. M. B. A Psicanálise. In: BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologias. São Paulo: Saraiva, 2002, p. COHEN, R. 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Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.V. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1905a). Os chistes e sua relação com o inconsciente in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.VIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1904[1903]). O método psicanalítico de Freud in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1905b). Tratamento psíquico ou anímico in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1910a). Cinco lições de psicanálise in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1910b). 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O interesse científico da psicanálise in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freudvol.XIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 37 FREUD, S. (1914a). A História do Movimento Psicanalítico in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1915a). O instinto e suas vicissitudes in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1917a[1916]). Conferência XXVII in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XVI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1917b[1916]). Conferência XVI in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XVI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. (1919b[1918]). Linhas de progresso da terapia psicanalítica in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol.XVII. 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