Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sociologia, Administração e Extensão Rurais Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz de Souza Lima Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Globalização da Economia e o Triple Bottom Line • Discorrer acerca das alterações no mercado global em função da globalização/mundia- lização da Economia e do estabelecimento e evolução da questão da sustentabilidade organizacional por meio do triple bottom line, bem como das ações daí derivadas. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Introdução; • Globalização/Mundialização da Economia; • Efeitos da Globalização/Mundialização da Economia; • Mercados Regionais, Nacionais e Globais; • Desenvolvimento Sustentável e o Triple Bottom Line; • Nosso Futuro Comum e a Encíclica Papal Laudato Si. UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Introdução Esta Unidade apresenta e discorre sobre a globalização da Economia e o triple bottom line, baseando-se nos preceitos da globalização/mundialização da Eco nomia, da sustentabilidade organizacional e do triple bottom line. Apresenta ainda questões que levam à reflexão da importância das organizações neste cenário do século XXI. No Brasil, há inúmeras entidades ou organizações inseridas neste novo conceito econômico onde as transações organizacionais ultrapassam as tradicionais fronteiras geográficas dos países por este novo fenômeno social, da globalização/mundia lização da Economia. Globalização/Mundialização da Economia O que explica essa reação em cadeia é a crescente interdependência dos países, decorrente do atual processo de internacionalização do capital, da produção, da in- formação, do conhecimento e dos cuidados com o meio ambiente. A expansão do comércio, tendo como pano de fundo o novo cenário montado após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a divisão do Planeta em duas esferas de influência, a norte-americana e a soviética, ocorreu em 1947, quando foi assinado o Acordo Geral de Tarifas de Comércio (GATT), do qual se originaria, em 1995, a Organização Mundial do Comércio (OMC). O processo de integração informacional se acentuou a partir da década de 1990, especialmente no setor de telecomunicações. As trocas de informações (dados, voz e imagens) se tornaram quase instantâneas, encurtando distâncias e agilizando negócios. Segundo estudo recente do Banco Mundial, entre 1950 e 2018, o “volume” total das transações comerciais saltou de 61 bilhões de dólares para 12 trilhões de dólares. O fim abrupto da antiga União Soviética e do chamado bloco socialista, no início da década de 1990, precisamente em 1991, acentuou o processo de globalização/ mundialização da economia, agregando estabanadamente a economia desses paí- ses à esfera capitalista. Muito menos traumática, porém tão ou mais impactante, foi a abertura gradual e organizada do gigantesco mercado que envolvia a economia chi- nesa, promovida desde o fim da década de 1970 pelas reformas econômicas então comandadas pelo líder chinês Deng Xiaoping. Um capítulo importante da globalização/mundialização da economia foi a cria- ção dos blocos econômicos regionais, em especial a União Europeia, que a partir de 1992 eliminou barreiras à circulação de mercadorias, capitais e mão de obra entre os países-membros. E no dia 1º de janeiro de 2002 colocou em circulação a sua moeda comum: o euro, integrando monetariamente as primeiras doze nações do Continen- te em um momento de extrema relevância para o estabelecimento da união e do bem comum entre as nações europeias. 8 9 No entanto, no início do ano de 2020 o Reino Unido deixou o bloco em um episódio conhecido pelo termo Brexit, colocando em xeque a união dos europeus e o próprio destino do Reino Unido. Você sabia? Que a saída definitiva do Reino Unido da União Europeia, em 31 de janeiro de 2020, após três anos e meio de muita discussão, foi apelidada de Brexit? É originada na língua inglesa resultante da junção das palavras British e exit. A globalização/mundialização da Economia consiste no fenômeno contem- porâneo no qual os bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias se movimentam através das fronteiras geográficas. Em outras palavras, a globalização/mundialização da Economia consiste na in- terdependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimen- tos sociais: Organizações Não Governamentais (ONG) e entidades filantrópicas etc. Sobre os termos globalização, que vem da língua inglesa – ou a expressão the globe –; e mundialização, que vem da língua francesa, ou a expressão le monde. Efeitos da Globalização/Mundialização da Economia A “explosão” de investimentos juntamente com a expansão do comércio permitiu notável intensificação do fluxo de capitais entre os países. Os grandes grupos empre- sariais ampliaram suas operações, estabelecendo filiais em quase todos os continen- tes. Para custear essa expansão, os grandes grupos buscaram recursos no mercado financeiro, que se tornou uma instância onipresente no novo cenário global. Sob o impacto da ideologia neoliberal e sua teoria do “Estado mínimo”, preconiza- das por organismos globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), governos de dezenas de países privatizam empresas estatais, desobrigando-se de atividades como a geração de energia, a distribuição de água e o tratamento de esgoto, a coleta de lixo e as telecomunicações. E reduziram subsídios e gastos sociais. Novo modelo produtivo a globalização/mundialização da Economia modifi- cou profundamente o funcionamento das empresas, governos e ONG. Por causa das fusões, aquisições e redefinições do processo produtivo e, em alguns setores que exigiam maior emprego de mão de obra, em virtude da migração das unida- des fabris para os países em desenvolvimento, grandes conglomerados reduziram substancialmente o quadro de trabalhadores. Ao mesmo tempo, a informatização e 9 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line automação das empresas, o emprego intensivo das telecomunicações e a agilização dos transportes, a descentralização e a terceirização de várias atividades levaram a produtividade humana às alturas. A globalização/mundialização da Economia é uma tendência intrínseca do capitalismo. As principais críticas que lhe são feitas se referem ao fato de privilegiar uma minoria em detrimento da imensa maioria. Segundo alguns dos seus críticos como, por exemplo, o economista norte-ameri- cano e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph E. Stiglitz, a glo balização/mundialização da Economia, tal como vem ocorrendo, acentua as de- sigualdades entre ricos e pobres no interior dos países e entre nações ricas e pobres em escala global. Stiglitz foi diretor do Banco Mundial e teceu duras críticas ao FMI e a outras instituições por colocarem os interesses de Wall Street e da comunidade financeira à frente dos interesses das nações mais pobres. A globalização/mundialização da Economia resumidamente tem gerado os se- guintes efeitos sobre a sociedade mundial: • Rápida disseminação das informações; • Aumento do nível de conhecimento; • Comparação de valores, crenças e costumes; • Adaptação e assimilação de culturas; • Surgimento de novas necessidades pessoais; • Aumento da consciência de direitos; • Abertura de mercados econômicos; • Maior variedade de oferta de produtos; • Necessidade de preservação das individualidades pessoais e nacionais. Mercados Regionais, Nacionais e Globais As empresas de grande porte, espalhadas por diversos países, conhecidas como multinacionais ou transnacionais começaram a moldar os novos padrões de compe- tição e alianças. O seu desenvolvimento maior, a partir da década de 1950, marcou o início de uma nova fase do capitalismo mundial. Países com grandes mercados internos, caso típico do Brasil, possuem muitas em- presas de grande porte que operam apenas em território nacional. Seu desempenho, no entanto, é frequentemente influenciado pelas multinacionais. A partirda Segunda Guerra Mundial se iniciou na economia mundial o movi- mento de internacionalização do capital, os quais configuraram o que se chamou de globalização/mundialização da Economia. 10 11 Junto ao fenômeno da globalização/mundialização da Economia se instalou um forte ambiente concorrencial, que abrangeu empresas e países. Considerando alguns dos países economicamente mais desenvolvidos, como Estados Unidos da América (EUA), Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá – que pertencem ao Grupo dos Sete (G7) e à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) –, pode-se dizer que a maior parte dos pro- dutos que cada uma dessas nações fabrica, outro país em qualquer parte do mundo tem também possibilidades de fabricar. Assim, a competência produtiva, por si só, não é mais o fator distintivo por excelên- cia como acontecia, por exemplo, com os EUA ao final da Segunda Guerra Mundial. O ambiente concorrencial contemporâneo levou a uma série de consequências, uma das quais é o aparecimento de medidas protecionistas por parte das autorida- des governamentais, pressionadas pelos fabricantes locais. Essas medidas costumam aumentar de intensidade quando as empresas estrangeiras começam a conquistar fatias significativas do mercado doméstico, quando a balança comercial mostra de- terioração ou, ainda, quando o alto nível de desemprego local começa a preocupar as autoridades. O nível de desemprego tem, aliás, se mantido em patamares inquietantes em al- guns países desenvolvidos e no Brasil, desde que se manifestou a recessão mundial nas décadas de 2000 e 2010. Você sabia? Que o G7 é o fórum dos sete países mais industrializados do mundo e a Federação Russa, que participa das reuniões, mas não das discussões econômicas? Tem como objetivo coor- denar a política econômica e monetária mundial. São seus membros: Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia (este apenas participante das reuniões). Já a OCDE reúne países que, juntos, produzem dois terços de todos os bens e servi- ços do mundo. É um fórum para discussão, consulta e coordenação da política eco- nômica e social, que produz estatísticas e publicações em diversas áreas. São seus membros: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia. A Comissão Europeia também participa dos trabalhos da OCDE. Mesmo os EUA, país tradicionalmente defensor do livre comércio, não escapou da onda protecionista. Em parte, o auxílio estadunidense à reconstrução da Europa Ocidental e do Japão visava justamente assegurar uma economia mundial de livre comércio. O crescimento econômico dessas regiões, aliado à supervalorização do dólar norte-americano no início da década de 1980 (prejudicando sobremaneira as exportações estadunidenses), fez com que contínuos déficits aparecessem na balança comercial norte-americana de manufaturados. De um pequeno superávit médio durante toda a década de 1970, esse déficit aumentou a partir de 1982, 11 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line quase atingindo 150 bilhões de dólares por volta de 1990. Esse valor subiu das décadas de 2000 e 2010 para, respectivamente, 1 trilhão e 10 trilhões de dólares norte-americanos. Provavelmente, o governo desempenhará um papel muito diferente na emergente Era Hightech (alta tecnologia), menos vinculado aos interesses da economia e mais alinhado aos interesses da economia social. Moldar uma nova parceria entre o go- verno e o terceiro setor para reconstruir a economia social poderia ajudar a restaurar a vida cívica em cada nação. Alimentar os poderes, fortalecer serviços básicos de assistência à saúde, educar os jovens da nação, construir moradias a preços aces- síveis e preservar o meio ambiente encabeçam a lista das prioridades urgentes nos próximos anos. No caso do Brasil, a partir da década de 2000, a economia apontou para um cres- cimento da ordem de 2%, levemente superior ao desempenho na década de 1990. O começo da década de 2010 aumentou a confiança de consumidores e empresários nos rumos da Economia. Para ganhar a credibilidade da comunidade financeira inter- nacional e dos investidores e para evitar qualquer possibilidade de descontrole infla- cionário, o atual governo do Brasil decidiu baixar a taxa de juros para 4,25% anuais. O término da Segunda Guerra Mundial mostrou claramente a necessidade da reconstrução, não só física, mas também política e econômica, dos países que foram atingidos indiretamente pelo conflito, os que hoje são chamados de “Terceiro Mun- do”, ou seja, os países pobres. A integração dos países e das economias passou a ser o alvo da Modernidade, ou seja, o “Norte” das nações, a eliminação das rivalidades e o desejo de união. Enfim, o reinício com novas propostas. As negociações globais representam um percentual cada vez maior das atividades mercadológicas no mundo empresarial e das atividades dos indivíduos, dos colabora- dores, dos executivos espalhados pelos países afora. Os negócios internacionais têm importância crescente na atividade econômica de grande parte das nações. Esses negócios assumiram, no final do século XX, destaque muito maior do que se imagi- nava, principalmente com a globalização da economia. A atuação das organizações em nível internacional vem sofrendo grandes alterações, em função de uma série de aspectos que caracterizam o novo mercado globalizado. Assim, entre os diversos tipos de empresas internacionalizadas, pode-se apresen- tar um modelo de transição nas atividades das companhias caracterizado por alguns aspectos básicos, tais como: • Redes internacionais de contatos; • Criação de uma mentalidade claramente internacionalizada; • Busca de novos conhecimentos; • Envio de executivos a outros países para obtenção de maior conhecimento e cultura. 12 13 A importância da globalização/mundialização da Economia é tão grande e se faz presente de maneira tão intensa no dia a dia das pessoas e das empresas que não chega a causar espanto, pela facilidade de penetração dos produtos nas economias do mundo. A intensificação da globalização/mundialização da Economia pode ser verifi- cada, de maneira muito clara, no crescimento “explosivo” do número de empresas nacionais e multinacionais voltadas para o mercado internacional. O pioneirismo da Europa bem-aceito pela União Europeia (UE) foi seguido, anos depois, pelo surgimento de outros blocos econômicos. Na América, à Associação LatinoAmericana de Livre Comércio (ALALC) e ao Grupo Andino, que foram as primeiras “associações de países”, seguiram-se Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), Mercado Comum do Sul (Mercosul), Acordo de Livre Comér cio da América do Norte (Nafta), Mercado CentroAmericano e Comunidade do Caribe (Caricom). Na África, o Mercado Meridional. Na Ásia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). No Pacífico, a Cooperação Econômi ca da Ásia e do Pacífico (Apec). A abertura do Brasil para o comércio internacional, a partir da década de 1990, mostrou claramente que os resultados têm sido de grande valia para processo de estabilização da economia brasileira e que, na atual conjuntura, o que se almeja é exportar ainda mais. Há muito que fazer nesse sentido, conforme demonstrado a seguir: • Analisar friamente a necessidade de financiamento aos clientes do exterior; • Criar realmente uma política de país exportador, com apoio comercial à altura das necessidades; • Mapear os focos produtivos, incentivando também o pequeno e o médio fabri- cante, os quais estão distantes dos grandes centros; • Reverter rapidamente os resultados das privatizações dos portos para os custos dos produtos exportados; • Melhorar a prestação de serviços complementares às exportações; • Mudar a cultura dasempresas com relação ao comércio internacional; • Cobrar maior agilidade nas decisões por parte dos órgãos intervenientes, de modo a eliminar burocracias que somente prejudicam o progresso do comércio exterior brasileiro e outras mais que ainda estão incrustadas. O êxito da atividade exportadora se pauta pelo atendimento a uma série de re- quisitos e, em alguns casos, requer treinamento específico e apoio de profissionais especializados para as organizações nesse novo cenário. O fenômeno da globalização/mundialização da Economia exige que o gestor contemporâ- neo pense localmente ou regionalmente, porém, aja ou atue de forma nacional e global. 13 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Desenvolvimento Sustentável e o Triple Bottom Line O conceito de desenvolvimento sustentável está diretamente ligado ao processo de mudança que se acentua atualmente no mundo em virtude da exploração de recursos e, como consequência, a nítida degradação da natureza e os reais temores sobre o legado que a geração atual deixará para as gerações futuras. Há inúmeros indícios de que o processo econômico, baseado no crescimento ilimitado e no livre mercado, encontrou finalmente os seus limites e que o atual crescimento econômico dentro dos atuais padrões pode levar a Terra à destruição, inclusive da raça humana. Os desafios atuais do desenvolvimento sustentável estão ligados à crença da so- brevivência e convivência humana pacífica no planeta Terra, bem como da dúvida se essa crença ainda é viável. Portanto, surgem argumentos sobre uma racionalida- de antiecológica. A Figura 1 apresenta o conceito do triple bottom line (tripé da sustentabilida- de), que integra os três vetores da sustentabilidade, ou seja, econômico, ambiental e social: Gestão ambiental Responsabilidade social Desenvolvimento econômico Sustentabilidade Figura 1 – Triple bottom line Consiste no desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Portanto, trata-se do desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. O desenvolvimento sustentável é o conceito que norteia as discussões atuais sobre proteção do meio ambiente. Foi definido em 1987, no relatório Nosso futuro comum, da Organização das Nações Unidas (ONU), e propõe atender às necessida- des do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras acatarem às próprias necessidades. A Figura 2 exemplifica a aplicação do conceito do triple bottom line (tripé da sustentabilidade), conforme os seus três vetores: 14 15 Responsabilidade social Gestão ambiental Desenvolvimento econômico Sustentabilidade Maximização do retorno do capital ao investidor e empreendedor (lucratividade no longo prazo) Preservação de recursos naturais, ecoe�ciência e energia renovável Cidadania; geração de emprego; engajamento das partes interessadas. Figura 2 – Exemplifi cação do triple bottom line O desenvolvimento sustentável pressupõe, portanto, a utilização de formas mais racionais de exploração da natureza, baseadas em “tecnologias não predatórias” que preservem o equilíbrio ecológico. Esse estudo alerta também para o vínculo estreito entre pobreza e degradação ambiental. A partir da década de 1970 se tornaram cada vez mais numerosas as iniciativas para transformar materiais usados em novos produtos, um processo estimulado pela crescente preocupação com o meio ambiente. Especialistas alertam para o fato de que é preciso, inicialmente, diminuir a quan- tidade de lixo. Didaticamente, tratam-se dos “três erres”: • Redução; • Reutilização; • Reciclagem. O primeiro “erre” é realizado por meio do consumo consciente (de produtos com embalagens retornáveis, por exemplo). O segundo, pelo reaproveitamento de mate- riais que possam ter nova utilidade. O terceiro, pelo reenvio do lixo não orgânico ao processo produtivo, para a fabricação de novos produtos. As sociedades pressionam as indústrias a aliar a exploração econômica à preservação ambiental, incentivando atividades como a coleta seletiva de lixo e a reciclagem. Nosso Futuro Comum e a Encíclica Papal Laudato Si No ano de 1983, o secretáriogeral da ONU – Javier Pérez de Cuéllar – convidou a médica, mestre em Saúde Pública e ex-primeira ministra da Noruega, para compor e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD). 15 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Brundtland foi a escolhida em virtude de que a sua visão em saúde ultrapassava as barreiras do mundo médico para os assuntos ambientais e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida a CMMAD, publicou o relatório Nosso futuro comum, que trazia o conceito inovador sobre o desenvolvimento sustentável no âmbito do discurso público. O conceito que norteia as discussões atuais sobre proteção do meio ambiente é o de desenvolvimento sustentável, que foi definido em 1987, no mencionado relató- rio, propondo atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras acatarem às próprias necessidades. Pressupõe, portanto, a utilização de formas mais racionais de exploração da natureza, baseadas em tec- nologias não predatórias que preservem o equilíbrio ecológico. Esse estudo alerta também para o vínculo estreito entre pobreza e degradação ambiental. A Figura 3 apresenta a ilustração do relatório Nosso futuro comum, publicado no Brasil em 1987 pela Editora da Fundação Getúlio Vargas (FGV): Figura 3 – Relatório Nosso futuro comum Fonte: Divulgação | Editora da FGV Já a Figura 4 apresenta a doutora Gro Harlem Brundtland, política, diploma- ta e médica norueguesa, e uma líder internacional em desenvolvimento sustentável e saúde pública. Foi membro do Partido dos Trabalhadores da Noruega desde a sua juventude. 16 17 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, foi o primeiro grande evento da ONU que discutiu as questões ambientais. Figura 4 – Gro Harlem Brundtland Fonte: senado.gov.br Realizado no período da Guerra Fria, o encontro não chegou a definir políticas efetivas por causa das divergências entre os países dos blocos capitalista – liderados pelos EUA – e socialista – encabeçados pela União das Repúblicas Socialistas So- viéticas (URSS). Um dos poucos resultados efetivos foi à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Ainda assim, o Fórum colocou em pauta questões importantes, tal como a proposta de repasse de parte do Pro duto Interno Bruto (PIB) das nações ricas para os países pobres, como forma de auxiliá-los na resolução de problemas ambientais. Em 1982 ocorreu novo encontro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Nairóbi, no Quênia, durante o qual se constatou não ter havido avanços consideráveis desde a Conferência de Estocolmo. A reunião se limitou a avaliar o plano de ação aprovado dez anos antes, sem definir uma política global. O debate ambiental ganhou impulso em 1992, com a Conferência das Na ções Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, no Brasil. O evento, que ficou conhecido como ECO92 ou Rio92, fez novo balanço tanto dos problemas existentes quanto dos progressos realizados e elaborou docu- mentos importantes que continuam a ser referências para as discussões. Duas convenções foram aprovadas nesse momento: uma sobre biodiversidade e outra sobre mudanças climáticas. Outro resultado positivo foi a assinatura da Agenda 21, um plano de ação com metas para a melhoria das condições ambientais do Planeta. Grande número de organizações não governamentais participou da ECO92 e realizou, de forma paralela, o Fórum Global, que aprovou a Declaração do Rio (ou Carta da Terra). Segundo esse documento, os países ricos têm maior responsabilidade 17 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Linena preservação do Planeta. E, se os avanços tecnológicos em curso não forem sufi- cientes para assegurar a integridade da biosfera, será necessário diminuir o padrão de produção e consumo, especialmente nessas nações. Como estava previsto na Convenção sobre Mudanças Climáticas, assinada du- rante a ECO92, deveria ocorrer uma nova reunião internacional para debater a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da temperatura do Planeta. Esse encontro ocorreu no ano de 1997, em Quioto, no Japão, onde líderes de 160 nações assinaram um tratado que ficou conhecido como Protocolo de Quioto, pre- vendo, entre 2008 e 2012, uma redução de 5,2% (em relação aos níveis de 1990) nas emissões dos gases causadores do efeito estufa, considerados, de acordo com a maio- ria das investigações científicas, como causa antropogênica do aquecimento global. Em julho de 2001, representantes de 178 países reunidos em Bonn, na Alemanha, aprovaram a regulamentação do Protocolo de Quioto. Outro fórum mundial foi realizado em 2002, em Johanesburgo, na África do Sul. Com o nome de Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, como também ficou conhecido, integrou o conjunto de iniciativas da ONU para reduzir a pobreza. Outras questões importantes foram discutidas, tais como o fornecimento de água e saneamento, energia, saúde, agricultura e biodiversidade. Sua pauta previa a implementação da Agenda 21 por meio de parcerias entre governos e sociedade civil. A meta era avaliar as ações tomadas em defesa do meio ambiente e discutir novas estratégias de desenvolvimento que não comprometam o patrimônio ecológico do Planeta. No evento não fica definido nenhum compromisso das nações desenvolvidas com o cancelamento das dívidas dos países mais pobres, uma questão considerada essen- cial para a redução da pobreza e a consequente defesa do meio ambiente. Um dos poucos progressos obtidos refere-se ao abastecimento de água. Os países concor- dam com a meta de reduzir pela metade o número de pessoas que não têm acesso a água potável nem a saneamento básico. Outro acordo assumido prevê a recuperação, dos estoques de peixes por meio do controle da pesca oceânica, para que as espécies possam reproduzir-se antes de serem capturadas. Os demais itens da Agenda 21, ainda que adotados, ficaram sem definição de metas ou prazos. Novamente com realização na Cidade do Rio de Janeiro, dessa vez no ano de 2012, a Rio+20 – ou Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentá vel – reuniu um total de 193 representantes de países. Um dos poucos progressos obtidos refere-se ao abastecimento de água. Em setembro de 2015, ocorreu, em Nova Iorque, na sede da ONU, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU defini- ram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de 18 19 uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM – os Objetivos do Milênio – e não deixar ninguém para trás. Os oito ODM são os seguintes: • Redução da pobreza; • Atingimento do Ensino Básico universal; • Igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; • Redução da mortalidade na infância; • Melhora da saúde materna; • Combate ao vírus da imunodeficiência humana (HIV)/síndrome da imunodefici- ência adquirida (Aids), a malária e outras doenças; • Garantia da sustentabilidade ambiental; • Estabelecimento de uma parceria mundial para o desenvolvimento. A ONU está organizando um novo evento a ser realizado em 2030, em lugar ainda a ser definido. A Agenda 2030, como o evento está sendo chamado, consiste em uma declaração de ODS e as suas metas com uma seção sobre meios de imple- mentação e de parcerias globais e um arcabouço para acompanhamento e revisão. O conjunto de objetivos e metas demonstram a escala e a ambição desta nova Agen da Universal. Os ODS aprovados foram construídos sobre as bases estabelecidas pelos ODM, de maneira a completar o trabalho destes e responder a novos desafios. São inte- grados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do triple bottom line, ou seja, econômica, social e ambiental. Aprovados na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Susten tável (de 25 a 27 de setembro 2015), a implementação dos ODS será um desafio, o que requererá uma parceria global com a participação ativa de todos, incluindo governos, sociedade civil, setor privado, Academia, mídia e Nações Unidas. Todas as ações do Pnuma estão alinhadas com os ODS, tendo em mente a necessidade da finalização do trabalho no âmbito dos ODM, visando “não deixar ninguém para trás” no processo de desenvolvimento sustentável. Os cinco P da Agenda 2030 são os seguintes: • Pessoas: erradicar a pobreza e a fome de todas as maneiras e garantir a digni- dade e igualdade; • Prosperidade: garantir vidas prósperas e plenas, em harmonia com a natureza; • Paz: promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas; • Parcerias: implementar a Agenda por meio de uma parceria global sólida; • Planeta: proteger os recursos naturais e o clima do nosso planeta para as ge- rações futuras. 19 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), que foi realizada em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015, possibilitou a adoção de um novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças. O Acordo de Paris foi ratificado e aprovado pelos representantes dos 195 países presentes. O compromisso está di- retamente ligado no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2 °C acima dos níveis pré-industriais e de possibilitar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. O secretário-geral da ONU, em uma cerimônia em Nova Iorque, no dia 22 de abril de 2016, abriu o período para assinatura oficial do Acordo, pelos países signa- tários. Esse período se encerrou em 21 de abril de 2017. Cada governo deve construir e oficializar os seus próprios compromissos, a partir das chamadas Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (iNDC, na sigla em inglês). Por meio das iNDC, cada nação deve apresentar a sua contribui- ção de redução de emissões dos gases de efeito estufa, seguindo o que cada governo considera viável a partir do cenário social e econômico local. No entanto, o governo do presidente Donald Trump retirou os EUA do Acordo do COP21, alegando que essa adesão prejudicaria a economia norte-americana, bem como a redução do nível de emprego no País. Por sua vez, dedicada totalmente à questão da mudança climática, do meio am- biente e da pobreza, a nova Encíclica do Papa Francisco – Laudato Si (Louvado Seja), a primeira de sua inteira responsabilidade – teve grande impacto nas negocia- ções sobre o clima junto à COP21. O texto da Encíclica Laudato Si se inscreve e baliza o contexto da realização da COP21 da ONU em Paris. Veja a máxima Encíclica Laudato Si: “O mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor” (PAPA FRANCISCO). A seguir, as críticas de comportamento presentes na Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco: • Da visão consumista do homem; • À cultura do descarte; • Aos efeitos sociais e ambientais das mudanças climáticas; • À problemática da água; • À perda da biodiversidade; • À deterioração da qualidade de vida humana e degradação social; • À separação entre a degradação social e ambiental; • Aos que acham que a redução da natalidade é a solução dos problemas; 20 21 • Ao antropocentrismo ensimesmado, não relacional (o homem em si mesmo); • À ineficácia das relações e discussões políticas; • Ao paradigma tecnocrático; • Ao relativismo prático (excesso de materialidade). A seguir, as propostas de mudanças e conversõesda humanidade presentes na Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, visando ao “bem comum”: • Apontamento da sociedade global para um outro estilo de vida mais simples; • Educação para a aliança entre a humanidade e o ambiente; • Conversão ecológica do homem; • Concepção do “bem comum”; • Diálogo e união com as diferenças, principalmente entre a Religião e Ciência; • Resgate da visão sistêmica do mundo (onde todos pertencem à Casa Comum, ou seja, todos habitam o planeta Terra); • Cuidado com os espaços comuns da Casa Comum; • Importância da justiça intergeneracional (a geração atual precisa deixar um lega- do digno às gerações futuras); • Diálogo inter-religioso e fraterno; • Ecologia cultural e a prática dos princípios do “bem comum”. O clima recebe influência de fatores naturais e do impacto provocado por algumas atividades humanas. As grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, apre- sentam o chamado clima urbano, resultante da poluição industrial e da emissão de monóxido de carbono (CO) dos automóveis. Os gases formam nuvens que permane- cem perto da superfície, retendo parte da radiação infravermelha, responsável pelo aumento da temperatura, e formando “ilhas de calor”. O problema não se restringe às grandes cidades e atinge até mesmo ecossistemas intactos. As cidades também são mais sujeitas a enchentes, já que o solo impermeabilizado não absorve com rapidez a água da chuva. Outra característica do clima dos centros urbanos são as inversões térmicas, que resultam no agravamento da poluição do ar. O fenômeno ocorre no inverno, quando as camadas atmosféricas próximas da super- fície estão mais frias que as camadas superiores, o que dificulta a dispersão dos gases. As alterações climáticas graves são provocadas ainda pelo desmatamento. A der- rubada e queima das florestas aumentam a temperatura do ar e deixam a superfície devastada sem condições de reter a energia do Sol nem de gerar fluxos ascendentes de ar. Assim, as nuvens não se formam e não chove, o que prejudica a agricultura e ameaça a vegetação restante. O excesso de gases, como o gás carbônico (CO2), o metano, o óxido nitroso e os clorofluorcarbonos, além do vapor de água e sua concentração na atmosfera provocam o fenômeno conhecido como efeito estufa. Os gases acumulados formam 21 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line uma espécie de carapaça de proteção que impede a saída e troca de calor com a atmosfera, aumentando a temperatura média da Terra. Especialistas calculam que, nos próximos 100 anos, a temperatura média da superfície terrestre poderá aumen- tar até 3,5 °C. Além disso, há outros efeitos já percebidos: elevação do nível do mar, tempestades e chuvas mais frequentes e ressecamento do solo. Para evitar que as mudanças climáticas causadas pela ação do homem prejudi- quem todo o Planeta, o Brasil e outros 154 países assinaram, durante a ECO-92, a Convenção Climática, em vigor desde maio de 1994. Inventário nacional sobre a emissão de gases poluentes, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, estima a participação brasileira em 3% das emissões mundiais de CO2, sendo 1% referente ao setor energético e 2% a outros fatores, como florestas, queimadas e rebanhos bovinos. O setor energético brasileiro emite cerca de 70 milhões de tone- ladas de carbono por ano, o que faz do País o 17º produtor mundial da substância. No entanto, esse cálculo ainda não é definitivo, pois não se sabe exatamente quanto de CO2 é provocado pelas queimadas e o efeito da emissão de gás metano, pelo re- banho bovino. O gás, produzido pelo gado durante a digestão, é um dos causadores do efeito estufa. Quando tais valores forem agregados ao cálculo, o Brasil estará entre os dez maiores poluidores do mundo. Em julho de 1999, o governo brasileiro criou a Comissão Interministerial de Mudança do Clima, com o objetivo de articular as ações decorrentes da Conven ção da ONU sobre o tema. Assessora também as decisões brasileiras nas negocia- ções internacionais. Em 1997 foi realizada, em Quioto, no Japão, a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, com a presença de representantes de mais de 160 países. Foram estabelecidos prazos e metas para que as nações desenvolvidas pro- movam a redução das emissões de CO2. As disputas e divergências entre as nações desenvolvidas, no entanto, têm impedido que essas metas sejam cumpridas. O Senado brasileiro ratificou, por unanimidade, em junho de 2002, o Protocolo de Quioto, que prevê a redução progressiva de 5% na emissão de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo efeito estufa, entre os anos de 2008, 2012 e 2016, em comparação ao nível de 1990. No mês seguinte, a ratificação entrou em vigor. Em julho de 2001, em Bonn, na Alemanha, um acordo envolvendo 178 países, entre os quais o Brasil, definiu as regras para a implementação do Protocolo de Quioto. Entre as principais decisões está a adoção dos “sumidouros”, um mecanismo pelo qual os países que não cumprirem as metas de emissão de poluentes do Proto- colo devem investir na preservação de florestas, que absorvem CO2. A proposta dos sumidouros foi criticada por parte dos ambientalistas, considerando que as potências econômicas não se esforçariam para atingir a meta de reduzir em 5,2% as emissões por considerar mais fácil investir em proteção florestal. Desde 1999 está em curso na Amazônia um megaprojeto internacional de 80 milhões de dólares envolvendo mais de 300 pesquisadores do mundo inteiro para estudar, principalmente, a relação entre o ecossistema tropical e o efeito estufa. 22 23 Denominado Experimento de Grande Escala da BiosferaAtmosfera na Ama zônia (LBA, em inglês), está ainda em fase de cálculo, mas o último congresso, re- alizado em agosto, em Manaus, AM, concluiu que a absorção de gás carbônico pela floresta tropical é menor do que se pensava anteriormente. Esse estudo em florestas tropicais é pioneiro no mundo, pois só existem trabalhos semelhantes em ecossis- temas temperados. Mesmo sem encerrar as pesquisas, o estudo já esclareceu uma polêmica científica: se o balanço entre o gás carbônico absorvido pela floresta Ama- zônica e aquele produzido pela fotossíntese seria negativo ou positivo. Atualmente, sabe-se que a floresta absorve mais do que produz CO2. Outra novidade da reunião em Bonn, na Alemanha, foi a criação de um fundo de 530 milhões de dólares anuais para auxiliar os países menos desenvolvidos a se adaptar às mudanças. Os EUA, res- ponsáveis por 25% das emissões mundiais de gases estufa, não assinaram o acordo acertado em Bonn, o que deverá diminuir seu alcance. O Brasil tem quase a metade de seu território coberta pela floresta Amazônica, a principal reserva biológica do Planeta. Maior país tropical do mundo, apresenta grande variedade de paisagens, como a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica. O Litoral possui manguezais, restingas, serras e dunas. O relevo brasileiro é de baixa altitude, e o ponto mais alto é o Pico da Neblina, no Amazonas, com 3.014 metros. O País tem também uma das maiores reservas hidrográficas do mundo. Toda essa diversidade biológica, no entanto, vem sendo ameaçada pela ocupação desordenada do solo e pelo mau gerenciamento dos recursos naturais. No Período Colonial, o País teve grande parte da Mata Atlântica devastada por causa da extração de pau-brasil e da agricultura canavieira no Nordeste. Atualmente, a derrubada de florestas, as queimadas, a destruição dos ecossistemas e a poluição dos rios estão entre os fatores que ameaçam a biodiversidade brasileira. Os sistemas urbanos também vêm apresentando problemas ambientais em virtu- de, principalmente, da grande densidade populacional e da ocupação desordenada do solo. ONG têm criado mecanismos para combater os avanços desses problemas. A ONG Fundação S.O.S. Mata Atlântica e o Projeto de Apoio ao Manejo Flo restal Sustentável na Amazônia (Promanejo), do governo federal, são exemplos de iniciativas que atuam naconservação do patrimônio natural, histórico e cultural de uma região, buscando seu desenvolvimento sustentável. A extensão territorial faz do Brasil o quinto maior país do mundo. Com 8.514.205 quilômetros quadrados, que representam 1,6% da superfície do Globo Terrestre. O Brasil está localizado na porção Centro-Oriental do Continente Sul-Americano. Banhado a Leste pelo Oceano Atlântico, o País possui 23.102 quilômetros de fron- teiras, sendo 7.367 quilômetros marítimos e 15.735 quilômetros terrestres. Com exceção do Chile e do Equador, todos os países da América do Sul fazem fronteira com o Brasil. Assim, as geotecnologias são de fundamental importância para servir estrategica- mente e para ajudar na preservação ambiental no Brasil, podendo monitorar todo o território nacional, visando fomentar o triple botton line. 23 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Em Síntese A globalização/mundialização da Economia consiste no fenômeno contemporâneo no qual os bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias se movimentam através das fron- teiras geográficas. Em outras palavras, a globalização/mundialização da Economia consiste na inter- dependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimentos sociais (ONG, entidades filantrópicas etc.). A partir da década de 1970, a questão ambiental sob enfoque econômico se tornou cada vez mais criticada e analisada pelos atores do mundo globalizado: governos, em- presas e entidades ligadas ao meio ambiente. A questão ambiental remete à necessidade do estabelecimento de uma gestão am- biental adequada aos novos paradigmas, portanto, constitui-se em um processo irrever- sível estimulado pela crescente preocupação da sociedade como um todo, dos governos e das organizações contemporâneas com o meio ambiente. De modo que há crescente necessidade de o gestor contemporâneo compreender e apli- car os conceitos ligados ao triple bottom line (tripé da sustentabilidade), o qual esti- pula ações concretas, visando ao “bem comum”, para os seguintes fatores: economia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Banco Mundial (World Bank) https://bit.ly/3aTVoVC Governo brasileiro sobre a Conferência Rio+20 da ONU https://bit.ly/2UL7Y3J Leitura Pensamento Verde – A Situação do Meio Ambiente no Brasil https://bit.ly/2Rh6oo3 A ONU e o meio ambiente https://bit.ly/3dU3Rdf Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Apresenta os indicadores de desenvolvimento sustentável. https://bit.ly/3dXD6EF Governo brasileiro – Acordo de Paris https://bit.ly/2x04scO 25 UNIDADE Globalização da Economia e o Triple Bottom Line Referências ALVES, A.; BONHO, F. T. Contabilidade do terceiro setor. São Paulo: Sagah, 2019. ANDRADE, R. Serviço social, gestão e terceiro setor. São Paulo: Saraiva, 2015. CABRAL, E. H. de S. Terceiro setor: gestão e controle social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. OLIVEIRA, A. de; ROMÃO, V. Manual do terceiro setor e instituições religiosas. São Paulo: Atlas, 2014. PAES, J. E. S. (Coord.). Terceiro setor e tributação. Rio de Janeiro: Forense, 2011. SCHEUNEMANN, A. V.; RHEINHEIMER, I. Administração do terceiro setor. Curitiba, PR: Intersaberes, 2013. SLOMSKI, V. et al. Contabilidade do terceiro setor. São Paulo: Atlas, 2012. TACHIZAWA, T. Organizações não governamentais e terceiro setor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 26
Compartilhar