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Prévia do material em texto

Povo, Cultura
e Religião
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
AUTORES
Paulino Augusto Peres de Souza: Possui graduação em História, pela FAFIPA 
(Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras do Paraná). É especialista em Di-
dática e Tecnologia na Educação pela FATECIE (Faculdade de Tecnologia e Ciências do 
Norte do Paraná). É mestrando na UNESPAR de Campo Mourão (Universidade Estadual 
do Paraná) do programa de Pós-Graduação ProfHist. Atualmente é tutor do Núcleo de 
Educação à Distância na UNIFATECIE (Centro Universitário de Tecnologia e Educação do 
Norte do Paraná) e professor na Escola Fatecie Max e Colégio Fatecie Premium, desde 
2015, ministrando as disciplinas de História e Sociologia. Pesquisador nas áreas de Educa-
ção, Ensino, Tecnologia e Religião.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
• Graduação em História pela Fafipa (Faculdade Estadual de Educação, Ciências e 
Letras do Paraná) de Paranavaí.
• Pós-graduação em Didática e Tecnologia na Educação pela FATECIE (Faculdade 
de Tecnologia e Ciência do Norte do Paraná).
• Mestrando em Ensino de História pela UNESPAR de Campo Mourão.
• Link do Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0165285728983866
Nathalia Barbosa Limeira: Possui graduação em Filosofia pela Universidade 
Estadual de Maringá (2004), graduação em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de 
Maringá (2015) e mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2011). 
Possui especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pelo Centro Universitário 
de Maringá (2007) e EAD e as Novas Tecnologias, pela mesma instituição (2015). Atuou 
entre 2006 e 2007 como diretora do centro de educação infantil Paidéia. Atuou como 
professora da rede estadual de educação (SEED) ministrando aulas de Filosofia para o 
ensino médio, entre 2008 a 2013. Entre os anos de 2009 a 2011 atuou no Programa Mais 
Educação, realizado em Maringá, em parceria com o Sesi (Serviço Social da Indústria) e 
a prefeitura de Maringá, ministrando aulas para os anos iniciais do ensino fundamental. 
Nessa mesma época, atuou como tutora do curso de Pedagogia a distância, oferecido pela 
Universidade Estadual de Maringá, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil. Entre 
2012 a 2015, foi professora mediadora do curso de Pedagogia, pelo Centro Universitário 
de Maringá. Na ocasião, atuou ministrando aulas para os cursos de EAD na graduação e 
na pós-graduação. Atuou ainda nesse período no Programa de Excelência na Educação 
Básica, programa desenvolvido pela UniCesumar, que atende, em média, 24 cidades. Entre 
os anos de 2013 a 2015 atuou como professora tutora no curso de Pedagogia, modalidade 
EAD, pela Sociedade Educacional Leonardo Da Vinci (atualmente incorporada a Króton). É 
embaixadora, desde 2014, da Khan Academy no Brasil, através do Instituto Lemann. Atuou 
como professora do curso presencial de Pedagogia na UNIFAMMA (União de Faculdades 
Metropolitanas de Maringá), entre os anos de 2015 e 2016. Nessa mesma época, assumiu 
a coordenação pedagógica da educação infantil do colégio Criarte. Em 2017 foi professora 
formadora do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), promovido pela 
Universidade Estadual de Maringá. Atualmente é professora da rede Marista de Solidarieda-
de, professora dos cursos de pós-graduação no UniCesumar e bolsista pela Universidade 
Estadual de Maringá, retornando à atuação de tutora do curso de Pedagogia a distância, 
desde 2017.
Marcos Roberto Mantovani: Técnico em Hospitalidade pelo SENAC (Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial) desde 1988. Docente no SENAC entre 1989 e 2000. 
Graduado em História (1997), Mestre em Educação (2005), ambos pela UEM (Universidade 
Estadual de Maringá). Atuou como docente e coordenador do Curso Superior de Tecnologia 
em Gastronomia da UniCesumar, de 2004 a 2013. Nessa mesma instituição coordenou 
também duas pós-graduações - Docência em Gastronomia e Gestão em Gastronomia. 
Atualmente é coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Fadep, 
na cidade de Pato Branco, Paraná, onde leciona nas áreas de Tecnologia de Produção de 
Alimentos e Bebidas, História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Educação no Ensino 
Superior.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
O homus religiosus existe? A religião é o ópio do povo? Deus está morto? É possível 
compreender as formas elementares da vida religiosa? Aqui tentaremos responder essas 
perguntas.
Nesta disciplina você encontrará:
Na Unidade I vamos estudar, primeiramente, o que é religião e sobre seus vários 
conceitos e como, através dela, o ser humano se abriu ao transcendente.
Já na Unidade II você irá conhecer os conceitos fundamentais do fenômeno re-
ligioso, compreender como é a dinâmica das estruturas religiosas e discutir as correntes 
teóricas da religião.
Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito das manifestações históricas e 
contemporâneas através das religiões históricas orientais e ocidentais e discutir as tendên-
cias atuais sobre os novos movimentos religiosos.
Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com o tema 
Pluralismo, tolerância e diálogo inter-religioso por meio da compreensão do processo do 
pluralismo religioso e discutir a importância e urgência da tolerância. 
Aproveitamos para reforçar o convite a você, para, junto conosco, percorrer esta 
jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados 
em nosso material. 
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional!
 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Conceito de Religião
UNIDADE II ................................................................................................... 22
Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
UNIDADE III .................................................................................................. 40
Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
UNIDADE IV .................................................................................................. 59
Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
6
Plano de Estudo:
● Religião: conceituação
● Mas o que é religião?
● Abertura do ser humano ao transcendente
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o amplo sentido de religião
● Discutir a religião como um fenômeno cultural
● Compreender a existência da diversidade religiosa
UNIDADE I
Conceito de Religião
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
7UNIDADE I Conceito de Religião
INTRODUÇÃO
O fenômeno da religiosidade e da transcendência é algo que sempre instigou estu-
diosos das mais diversas áreas; compreender o incompreensível, o que não é metafísico. 
As mais remotas civilizações já cultuavam esse fenômeno e, no decorrer de toda a epopeia 
humana, até os dias atuais, a religião está associada às obras, conquistas, guerras e or-
ganizações sociais. Enfim, esse fenômeno em toda sua diversidade, constituiu e, muitas 
vezes, designou os rumos de diferentes povos.
Sobre um prisma antropológico para as relações humanas e, dentre elas a religião, 
é possível se aprofundar nessas relações como elas se dão nas suas diferenças culturais, 
históricas, econômicas, políticas e psicológicas.
Neste sentido, é necessário um esvaziamento dos valores pré-concebidos pelo 
pesquisador ou estudioso das religiões. Esses valores construídos na sua própria formação 
cultural e do saber antropológico, antes de ser um conjunto de conceitos, fundamenta a 
intervenção do pesquisador, e deve ser entendido como um exercício de buscar uma com-
preensão do novo.
Para Leenhardt (1987), o perigo desse processo é a perda da identidade do próprio 
antropólogo, ou seja, o pesquisador perder-se no referencial do outro pesquisado. Evitando 
isso,o pesquisador vive um dilema de se prender em seus valores éticos, o que, no caso, 
acaba por provocar uma situação de conflito interno, tendo como desafio se entregar a uma 
realidade diferente da sua, sem, contudo, que isso ameace seus valores pessoais.
No entanto, esse processo pode ser convertido na capacidade que lhe permita 
desenvolver seu próprio processo de reflexão, tendo por meio deste um desafio paradig-
mático imposto pela linha de pesquisa ou pela ciência escolhida para trilhar esse caminho 
investigativo.
Vencido esses desafios, nossa proposta nesta unidade é chegar à busca da signifi-
cação religiosa como parte da construção humana que busca um sentido para sua existên-
cia, uma significação que atravessa outras dimensões do ser, seja no universo cultural, da 
afetividade ou mesmo espiritual.
8UNIDADE I Conceito de Religião
1. RELIGIÃO: CONCEITUAÇÃO
Verificamos a religião dentro de um aspecto universal da cultura humana, ele está 
associado a outro fenômeno muito próximo, que é a magia. Basicamente todas as popula-
ções mundiais demonstram ter um conjunto de crenças e poderes sobrenaturais de alguma 
espécie.
Se as sociedades comumente desenvolvem normas de comportamento para ga-
rantir o bom funcionamento social, precavendo-se de problemas, estabelecendo controle 
sobre as relações humanas, verificamos que nas normas religiosas, a base está na incer-
teza da vida e, se tornam mais evidentes nos momentos de crise, enfermidades, morte, 
nascimento etc.
Utilizando dos cultos, rituais, sejam públicos ou privados, os homens, por meio de 
oferendas, cantos, sacrifícios e danças, tentam dominar ou mesmo conquistar coisas que 
fazem parte do universo, mas que não estão sujeitas a tecnologia.
Lembramos aqui também que, de acordo com Marconi e Presotto (2001), a religião 
é tão antiga quanto a humanidade, sendo observada já no Período Paleolítico Superior, 
com o homem de Neandertal, que enterrava seus mortos, com oferendas, demonstrando, 
assim, a crença no sobrenatural.
Para Mello (2008), quanto ao conceito de religião, muitas têm sido as definições 
apresentadas, muitos foram os estudos até agora, no entanto está longe de se chegar a um 
consenso.
9UNIDADE I Conceito de Religião
A Antropologia cultural já detém um bom lastro, conseguindo relacionar uma série 
de outros tópicos que se coadunam com a religião. No entanto é preciso tomar cuidado 
para que não ocorra um isolamento da religião, isso deve ocorrer somente como recurso 
metodológico e didático. Para Mello (2008, p. 390):
Não é fácil separar o parentesco da vida política nem econômica dos povos 
de pequena escala. Nas sociedades modernas torna-se bem mais fácil isolar 
as atividades, mas mesmo assim, sabe-se que no casamento, por exemplo, 
encontram-se aspectos jurídicos (contrato celebrado entre os cônjuges), 
aspectos religiosos (o matrimônio como casamento) e políticos, só para citar 
três setores da cultura. Essa inter-relação é mais evidente ainda entre os 
povos segmentares ou de pequena escala.
Significa entender que mesmo que o padrão religioso seja um fenômeno universal, 
existe, sem sombra de dúvida, uma grande variante no padrão comportamental.
De acordo com Marconi e Presotto (2001, p. 162),
Frazer, Durkheim, Marett, Mauss, Spencer, Lowie, Malinowski, Lévi-Strauss, 
Evans-Pritchard entre outros realizaram estudos analíticos e comparativos 
sobre religião. Os dados acumulados sobre as crenças e práticas são inúme-
ros de enfoques variados. Uns preocupando-se com o sobrenatural, com os 
sistemas de relação e ação, com função e origem da religião; outros, dando 
maior importância ora às crenças, ora às práticas.
Assim como Mello (2008) havia apontado anteriormente, muito longe está de se 
chegar a um consenso, no entanto, como vimos, vários enfoques acabam criando uma 
variedade de tópicos que podem ser estudados, aprimorando e ampliando, assim, o enten-
dimento desse fenômeno.
Existem alguns teóricos que diferenciam a religião e a magia, já para outros os 
comportamentos são mágicos religiosos, em outros termos: fundem magia e religião, como 
apontam Beals e Hoijer (1969, p. 589), “a religião é uma crença em seres sobrenaturais, 
cujas as ações relativas ao homem podem ser influenciadas a até dirigidas”.
Já Hoebel e Frost (1981), consideram a religião como a crença em seres sobrena-
turais e os consequentes modo e comportamento em virtude dessa crença.
Sendo assim, as crenças em poderes sobrenaturais ou misteriosos associam-se 
à veneração e sentimentos de respeito que são expostos em atividades públicas, também 
podendo ser reservados.
Chamamos a atenção para a consideração de Evans-Pritchard (1978, p. 153):
os fatos da religião primitiva devem ser explicados não em si mesmos, mas 
em relação com outros fatores, ou seja, com “aqueles que com ele formam 
um sistema de ideias e práticas e outros fenômenos sociais que se associam”. 
Não é, portanto, um fato isolado, dentro da cultura. Liga-se à organização 
social, política, econômica, atividades de lazer, estéticas, etc.
Sendo assim, notamos que a religião, de fato, é formada por um complexo sistema 
de crenças e práticas, na qual todas as sociedades detêm a sua visão de universo.
10UNIDADE I Conceito de Religião
2. MAS O QUE É RELIGIÃO?
O que é Religião? Religião é uma fé, uma devoção a tudo que é considerado sagra-
do. É um culto que aproxima o homem das entidades a quem são atribuídos poderes so-
brenaturais. É uma crença em que as pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas 
ou na fé para superar o sofrimento e alcançar a felicidade. Religião é também um conjunto 
de princípios, crenças e práticas de doutrinas religiosas, baseadas em livros sagrados, que 
unem seus seguidores numa mesma comunidade moral, chamada Igreja. 
Todos os tipos de religião têm seus fundamentos. Algumas se baseiam em diversas 
análises filosóficas, que explicam o que somos e porque viemos ao mundo. Outras se so-
bressaem pela fé e outras em extensos ensinamentos éticos. Religião, no sentido figurado, 
significa qualquer atividade realizada com rígida frequência. Exemplo: ir para a academia 
todos os dias, para ele é uma religião.
Cristianismo: vem da palavra Cristo, que significa Messias, pessoa esperada, o 
redentor. É uma doutrina que acredita que Deus é o criador do universo e de toda a vida 
do planeta. O Cristianismo é um desdobramento do Judaísmo. Todas as formas de cris-
tianismo obedecem às mesmas escrituras, veneram o Deus de Israel e consideram Jesus 
como o Cristo, Filho de Deus e Salvador da humanidade. O cristianismo tem na Bíblia o 
livro sagrado dos cristãos e na Igreja o local da pregação dos ensinamentos de Cristo, por 
meio de seus Sacerdotes. As principais religiões ligadas ao Cristianismo são o Catolicismo, 
a Ortodoxa e o Protestantismo.
11UNIDADE I Conceito de Religião
Catolicismo: é a religião dos cristãos, uma vertente do cristianismo, formado pela 
Igreja Católica Apostólica Romana, que tem seu centro no Vaticano e reconhece a autori-
dade suprema do Papa. O catolicismo é uma doutrina que, além do culto a Jesus, enfatiza 
o culto à Virgem Maria e a diversos Santos. A religião católica ou catolicismo tem a Bíblia 
como seu Livro Sagrado, e por meio dela transmite os ensinamentos do Evangelho de Cris-
to. O crucifixo é o símbolo maior do catolicismo, pois simboliza a cruz na qual Jesus Cristo 
morreu. O catolicismo é uma doutrina que acredita na preparação dos fiéis para a salvação 
de sua alma, que, após a morte, subirá ao paraíso, onde gozará o descanso eterno.
Religião ortodoxa: é uma doutrina que teve sua origem no cristianismo, com a divi-
são da Igreja Católica em Católica do Ocidente e Ortodoxa do Oriente. A Igreja Ortodoxa é, 
portanto, um ramo da Igreja Católica com pequenas diferenças em seus dogmas. A religião 
ortodoxa ou Igreja Católica Ortodoxa se define como a correta e verdadeira Igreja criada 
por Jesus Cristo, e que se manteve fiel à verdade, transmitidadesde os Apóstolos até os 
dias de hoje. A Igreja Ortodoxa é formada por várias igrejas autônomas e Patriarcados auto-
céfalos, em que a autoridade suprema é uma junta governante, o Santo Sínodo Ecumênico. 
A unidade tem origem na doutrina, na fé, nos cultos e sacramentos. 
Protestantismo: é uma religião que adotou as doutrinas desenvolvidas na Europa, 
no século XVI, como resultado dos movimentos para reformar a Igreja Católica. O protes-
tantismo é um dos ramos do cristianismo que surgiu do movimento que rejeitou a autoridade 
romana e estabeleceu reformas nacionais em vários países do norte da Europa, como o 
Luteranismo, na Suécia e parte da Alemanha, o Calvinismo, na Escócia e em Genebra, 
e o Anglicanismo, na Inglaterra. Protestantes seriam, então, aquelas igrejas oriundas da 
Reforma, que, apesar de surgirem posteriormente, obedecem aos princípios gerais do 
movimento reformista.
Judaísmo: é a religião dos judeus. É a mais antiga das religiões monoteístas do 
mundo. O judaísmo acredita na existência de um único Deus, que criou o universo. De 
acordo com algumas correntes do Judaísmo, Jesus Cristo foi um bom professor e para 
outros foi um falso profeta. Ao contrário do Cristianismo, o Judaísmo não vê Jesus como 
Filho de Deus, enviado para salvar o ser humano. Por esse motivo, os crentes no Judaísmo 
esperam até hoje pelo enviado de Deus para salvação do povo.
O judaísmo é um modo de vida, associando a uma combinação de fé e convicções 
religiosas. O judaísmo é uma religião da família e grande parte da fé judaica é baseada nos 
ensinamentos recebidos no lar. O Torá ou Pentateuco é considerado o livro sagrado dos 
judeus. Os cultos judaicos são realizados nas sinagogas e são comandados por um rabino. 
12UNIDADE I Conceito de Religião
O símbolo sagrado é o Menorá, um candelabro com sete braços, que representa a luz e 
inspiração divina que se propagam no mundo.
Islamismo: Islã é uma palavra árabe que significa submissão, aqueles que obede-
cem a Alá. Seus seguidores são chamados de islâmicos (aqueles que se submetem) ou 
ainda de muçulmanos (aqueles que seguem). O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé, 
nascido em Meca, por volta de 570, na Arábia Ocidental. O que aceita a fé do islamismo é 
chamado de muçulmano. O livro sagrado é o Corão (Recitação), onde a palavra de Deus 
foi revelada ao profeta Maomé. Seus templos são chamados de mesquitas.
13UNIDADE I Conceito de Religião
3. A ABERTURA DO SER HUMANO AO TRANSCENDENTE
Para compreendermos esse processo, é necessário que compreendamos a con-
dição humana na natureza, sua forma de ver e de agir, primeiramente como parte dela (a 
natureza) e, posteriormente, de sua ação sobre ela (cultura). São dois momentos distintos, 
no primeiro, o homem natural tem uma condição muito próxima a de outros animais, sendo 
ele nada mais que um elemento da natureza em que está contido como elemento integrado. 
No segundo momento é que se criaram todas as condições de transformação que esse 
mesmo homem acaba por impor na natureza. Nesse momento, ele deixa de ser parte inte-
grada e se transforma em elemento que impõe ações, inclusive de compreensão e domínio 
dessa natureza.
De acordo com Pannenberg (2008), o entorno caracteriza a sua alteridade. Ele 
converte a natureza bruta em cultura e substitui
no processo da história, criações culturais por outras. Pode-se dizer que a 
linguagem e a razão expõem o sentido da realidade, marcando a peculiari-
dade biológica do ser humano, como também da cultura de um modo geral. 
Linguagem e razão orientam o ser humano a transcender o estado de natu-
reza, logo elas estão em estreita relação com a cultura no seu sentido mais 
profundo, mostrando-se fundamentais para todos os domínios da cultura 
(PANNENBERG, 2008, p. 11).
Conforme visto, é possível dizer que a vida em grupo, por si só, não explica o 
traço humano, mas sim o conceito de cultura, considerando, assim, os hábitos, sistemas de 
aprendizagem, os materiais, entre outros elementos produzidos no contexto cultural.
14UNIDADE I Conceito de Religião
Para Pannenberg (2008), a cultura transcende a si mesma em um movimento 
espiritual, abrindo espaço para o dado religioso. Nesse caso, a “transcendência da cultura” 
ocorre a partir do momento em que o ser humano tem a possibilidade ou a capacidade de 
participar de realidades que irão extrapolar o mundo concreto, tendo acesso a um universo 
do simbólico, caracterizado pelo inexprimível.
Pannenberg (2008) considera importantes a história e a questão simbólica quando 
se fala de cultura. Segundo esse autor, é o espaço em que a religião passa ter seu lugar na 
formação da cultura.
Seria importante analisarmos o papel da linguagem na formação da cultura:
essa forma, a linguagem, o mito, a arte e a religião constituem partes do 
universo simbólico do ser humano. Ao indivíduo cabe ir contribuindo para a 
atualização dos dados da cultura, mas mesmo assim, ele não tem um domí-
nio completo do acontecer cultural, uma vez que as instituições já são dadas 
como valores de antepassados (MIRANDA, 2012, p. 68).
Como percebemos, segundo esse contexto, é possível identificar a superioridade 
da sociedade agindo sobre o indivíduo, ou seja, unitariamente somos resultados dos pro-
cessos da memória e sua reprodução do coletivo.
Nesse processo, cito o mito como gênero que detém uma grande influência no 
processo de formulação cultural, levando em conta que ele traz embutido em si uma racio-
nalidade própria e alicerça o sentido para uma ordem social cósmica.
Segundo Pannenberg (2008), a cultura é, assim, criada e criadora, ela possui uma 
força supraindividual que transcende o ser humano como indivíduo. Então, como expõe o 
autor, o acervo histórico da cultura seria o elemento chave para a compreensão do homem 
sobre a realidade.
O indivíduo chega à realidade, a lê e a interpreta. Dessa forma a experiência 
efetiva da realidade, feita na comunidade e nos confrontos com os dados 
passados, possibilita a atualização da cultura. É um contexto em que se pode 
falar de jogo cultural, funda-se o espaço onde os indivíduos fazem a inter-
pretação do mundo comum e, ao mesmo tempo constroem a sua identidade 
pessoal (PANNENBERG, 2008, p. 26).
Compreendemos que a representação simbólica contextualizaria a superação dos 
limites, das angústias, dos males e outros elementos que causam sofrimento presente na 
natureza. Isso gera uma espécie de “ordem” para as coisas, ou melhor dizendo, funda a 
ordem do mundo, tendo como pano de fundo o pleno sentido de tudo.
Quando o homem funda a cultura, ele tem por finalidade o domínio da natureza que 
o rodeia. Faz isso para superar os limites que os atingia. Quando a cultura transcende, abre 
espaço para o pensamento religioso. Este, por sua vez, traz embutido em si a necessidade 
humana da superação da sua finitude, ou seja, do seu relacionamento com a morte.
15UNIDADE I Conceito de Religião
De acordo com Pannenberg (2008), a dimensão religiosa entra na cultura quando 
o ser humano não mais se contenta com sua vida meramente física e mortal. É o momento 
em que ele se vê como ser religioso e como ser espiritual.
Nessas condições, esse homem se sente dotado de liberdade e vontade, sendo ele 
capaz de se lançar livremente em busca de respostas muito mais profundas acerca de sua 
existência.
Reafirmamos aqui, como ponto fundamental, a experiência e a tomada de cons-
ciência da realidade em que o homem vive. Para Pedrosa de Pádua (2010), dentro dessa 
consciência, o homem, ao tratar da “realidade simbólica”, não se conforma com um mero 
“estar” no mundo, mas se preocupa também em dominar e melhorar o seu entorno. Logo, 
a ação humana é um exercício de interpretação, por meio da qual dá sentido às coisas 
existentes ao seu redor.
Esse processo interpretativo tem por origem a imaginação, ação que dá condições 
capazes de transformar a realidade física e (re)significá-la, dando a ela um sentido mais 
vivencial.De acordo com Pedrosa de Pádua (2010), a partir da imaginação uma pedra deixa 
de ser pedra para se transformar, com a técnica, num machado, que, por sua vez, pode 
ser imaginado como capaz de cortar árvores, que, por sua vez, podem ser utilizadas para 
construir canoas, casas, represas, arcos e flechas e tantos outros utensílios para os grupos 
humanos.
Assim, a imaginação consegue desenvolver sempre novas realidades, partindo de 
algo já existente. Vejamos um exemplo disso na fundamentação de Lévi-Strauss (2010), 
que acrescenta a ideia de uma ordenação de elementos básicos que podem ser percebidos 
na forma de oposições binárias (o cru e o cozido, o dia e a noite, o bem e o mal).
Nessa ideia de Lévi-Straussiana, observamos que a lógica de tal princípio é univer-
salista, partindo da ideia de que a representação da realidade é independente, seja qual a 
forma que venha a tomar, pois tem sempre a mesma fundamentação.
O real é imutável e o que aparece como particular e próprio de uma cultura é fruto 
da interpretação desse real (LÉVI-STRAUSS, 2010). Portanto, tal ideia, que não tem muita 
ligação ou a mesma configuração do estruturalismo de Lévi-Strauss, pode também ser vista 
e interpretada pela Fenomenologia da Religião na sua concepção de uma essência própria 
da religiosidade, que atravessa, inclusive, o processo histórico e cultural.
16UNIDADE I Conceito de Religião
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade pudemos verificar quão difícil e amplo pode ser o significado de 
religião. Sobre um prisma antropológico para as relações humanas e, dentre elas a religião, 
é poder aprofundar nessas relações como elas se dão nas suas diferenças culturais, histó-
ricas, econômicas, políticas e psicológicas.
Nesse sentido, é necessário um esvaziamento dos valores pré-concebidos pelo 
pesquisador ou estudioso das religiões. Esses valores construídos na sua própria formação 
cultural e do saber antropológico, antes de ser um conjunto de conceitos que fundamenta 
a intervenção do pesquisador, deve ser entendido como um exercício de buscar uma com-
preensão do novo. Verificamos a religião dentro de um aspecto universal da cultura humana, 
ele está associado a outro fenômeno muito próximo que é a magia. Basicamente, todas as 
populações mundiais demonstram ter um conjunto de crenças e poderes sobrenaturais de 
alguma espécie.
Para compreendermos esse processo, é necessário que compreendamos a con-
dição humana na natureza, sua forma de ver e de agir, primeiramente como parte dela (a 
natureza) e, posteriormente, de sua ação sobre ela (cultura).
Verificamos que a “transcendência da cultura” ocorre a partir do momento em que 
o ser humano tem a possibilidade ou a capacidade de participar de realidades que irão 
extrapolar o mundo concreto, tendo acesso a um universo do simbólico, caracterizado pelo 
inexprimível.
Compreendemos que quando o homem funda a cultura ele tem por finalidade o do-
mínio da natureza que o rodeia. Faz isso para superar os limites que o atingia. É justamente 
quando a cultura transcende, que abre espaço para o pensamento religioso. Este, por sua 
vez traz, embutido em si a necessidade humana da superação da sua finitude, ou seja, do 
seu relacionamento com a morte.
Esse processo interpretativo tem por origem a imaginação, ação que dá condições 
capazes de transformar a realidade física e (re)significá-la, um sentido mais vivencial.
Sendo assim, notamos que a religião, de fato, é formada por um complexo sistema 
de crenças e práticas, em que todas as sociedades detêm a sua visão de universo.
17UNIDADE I Conceito de Religião
SAIBA MAIS
Os povos islâmicos espalhados pelo mundo são confundidos com os árabes, mas árabe 
é uma etnia, um povo que surgiu na península arábica, já o islamismo é uma religião, 
que surgiu no meio do povo árabe, no século VII d.C. Portanto, é possível ser islâmico 
sem, necessariamente, ser árabe.
Fonte: os autores.
REFLITA
“Sempre que a moralidade se baseia na teologia, sempre que o correto se torna de-
pendente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser 
justificadas e estabelecidas”
(Ludwig Feuerbach).
18UNIDADE I Conceito de Religião
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 1
Título: Introdução ao Estudo Comparado das Religiões
Autor: Aldo Natale Terrin
Editora: Paulinas
Sinopse: Faltava, na bibliografia brasileira, um livro de introdução 
amplo, objetivo e sério sobre a diversidade religiosa que hoje se 
observa no mundo globalizado, encarando não apenas os fatos 
religiosos em si, por meio da história e na pluralidade de suas 
expressões culturais, mas procurando analisar a significação que 
possa ter cada uma das manifestações religiosas do passado e 
do presente, numa perspectiva humanista e cristã é o que nos 
proporciona essa introdução ao estudo comparado das religiões.
LIVRO 2
Título: O que é religião? A visão das ciências sociais
Autor: Donizete Rodrigues
Editora: Santuário
Sinopse: O livro foi articulado de forma a ser uma espécie de 
manual sobre os principais conceitos de religião oferecidos pelas 
ciências humanas e sociais. A obra traz, de forma objetiva, as 
respostas para a pergunta: o que é religião? Alia a simplicidade à 
erudição, citando obras de pensadores clássicos e contemporâ-
neos que, de forma notável, vão esclarecendo o texto, tornando-o 
didático, de fácil e prazerosa leitura.
LIVRO 3
Título: Religiosidade no Brasil
Autor: João Baptista Borges Pereira
Editora: Edusp
Sinopse: Os artigos que compõem este livro versam sobre a diver-
sidade religiosa brasileira, que expressa a realidade sociocultural 
brasileira. Os ensaios foram publicados na Revista USP, integran-
do o dossiê Religiosidade no Brasil, que se esgotou rapidamente, 
número temático que reuniu estudiosos de várias partes do país. 
Esta coletânea reproduz integralmente o dossiê da Revista, acres-
cida de artigos que não constaram na edição original por vários 
motivos, como os textos de Augustin Vernet, Suzana Ramos Cou-
tinho Bornholdt e de João Baptista Borges Pereira. O organizador 
do livro aponta que esse painel inclui desde religiões étnicas até as 
autoproclamadas religiões universais, passando pelas rotuladas 
religiões etnicizadas, características de um país de imigração.
19UNIDADE I Conceito de Religião
LIVRO 4
Título: Protestantismo Tupiniquim
Autor: Gedeon de Freire Alencar
Editora: Recriar
Sinopse: Dez anos depois da primeira edição muita coisa mudou. 
Mas muitas permaneceram iguais. Ou piores. O campo religio-
so protestante é cada vez mais plural e emblemático. Cada dia 
mais difícil estabelecer algum padrão de avaliação, uma tipologia 
minimamente razoável que dê conta das idiossincrasias internas 
do grupo. Na atualidade são quantitativamente fortes, qualitativa-
mente diversos, teologicamente misturados e sociologicamente 
difusos. Bem tupiniquins, aliás. Um século atrás era fácil delimitar 
o mundo protestante, porque era pequeno e homogêneo. Agora, 
não mais. Conquanto, continuo convencido que minha tipologia 
do Protestantismo Tupiniquim ainda é válida. Continuo firme em 
minhas hipóteses, por isso mesmo: hipóteses.
FILME/VÍDEO
Título: Lutero: gênio, rebelde, liberador
Ano: 2003
Sinopse: Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Jo-
seph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao 
monastério, mas logo fica atormentado com as práticas adotadas 
pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma igreja suas 
95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que 
se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses e 
desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e con-
tradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia 
sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles 
permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg
FILME 2
Título: O Nome da Rosa
Ano: 1986
Sinopse: Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um 
monge franciscano, eAdso von Melk (Christian Slater), um novi-
ço, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de 
Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a 
Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada 
por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de 
Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante 
intrincado, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do 
Demônio. William de Baskerville não partilha dessa opinião, mas 
antes que ele conclua as investigações, Bernardo Gui (F. Murray 
Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para 
torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assas-
sinatos em nome do Diabo. Como não gosta de Baskerville, ele é 
inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente 
influenciados. Ests batalha, junto com uma guerra ideológica entre 
franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos 
assassinatos é lentamente solucionado.
 Link: https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ
20UNIDADE I Conceito de Religião
FILME 3
Título: As Aventuras de Pi
Ano: 2001
Sinopse: Se você não assistiu este filme cheio de efeitos espe-
ciais incríveis e que foi super premiado, talvez não faça ideia de 
que ele fala de religiões sim. Na história, o garoto Pi é em muitos 
momentos exposto a três religiões e decide abraçar todas elas: o 
cristianismo, o islamismo e o hinduísmo. A primeira surge por con-
ta de uma brincadeira feita na igreja; a segunda por curiosidade; 
e a terceira por sua herança indiana, e o menino decide ter todas 
porque vê coisas interessantes nas três.
FILME 4
Título: Homens e Deuses
Ano: 2010
Sinopse: Se você busca um filme sobre a religião muçulmana, 
essa é uma boa pedida. O filme Homens e Deuses conta a história 
de um grupo de monges trapistas que vivem entre a população 
muçulmana na Argélia. Eles passam por uma guerra civil e pre-
cisam decidir entre permanecer com a comunidade ou fugir dos 
terroristas.
WEB
Link: https://www.youtube.com/user/canalcaiofabio/videos
Canal do Youtube: Caio Fábio
Apresentação: se você está atrás de um canal que trata a religião de forma crítica, 
esse canal é de Caio Fábio, destaque na religiosidade brasileira desde a década de 1980. 
Durante essas décadas vem gerando surpresa por suas opiniões que, muitas vezes, diver-
gem dos líderes religiosos tradicionais.
21
Plano de Estudo:
● Elementos constitutivos do fenômeno
● Teorias da religião
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os principais fundamentos do fenômeno religioso
● Compreender como é a dinâmica das estruturas religiosas
● Discutir as correntes teóricas da religião
UNIDADE II
Conceitos Fundamentais 
do Fenômeno Religioso
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
22UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
INTRODUÇÃO
O que constitui a religião? Para uns a religião é fé, outros afirmam ser algo que o 
religa ao divino, há aqueles estudiosos que dizem ser totem e tabu. Diante tantas formas 
de pensar a religião não sabemos se podemos ser considerados um homus religiosus, mas 
sabemos que somos construídos pela religiosidade
Responder o que é religião é um tanto quanto complexo pela abrangência do tema. 
No entanto, nesta unidade, nossa meta é trazer para você como é constituída uma religião, 
suas normas, seus cultos, objetos e locais sagrados. Também que são os responsáveis 
pelos cultos religiosos e a função da religião. Em seguida discutiremos um tema fundamen-
tal para compreender a religiosidade. As teorias da religião vão nos fornecer dados para 
compreendermos de maneira psicológica e sociológica o fenômeno em si.
23UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO FENÔMENO
Quando analisamos o fenômeno religioso, é mister observar dois elementos, a 
crença e o ritual. Um deve complementar o outro, ou seja, a crença, na verdade, precisa 
ser complementada com a prática.
Vejamos o significado de cada um desses dois elementos. Comecemos pela cren-
ça ou fé. Tal ato consiste em um sentimento de respeito, confiança, reverência, submissão 
frente ao sobrenatural, ao desconhecido. Como expõem Marconi e Presotto (2001, p. 193):
Pode-se dizer que é o desejo de aceitar qualquer coisa, provocada por algo 
misterioso, mas sem demonstração ou prova tangível. Seria a aceitação vo-
luntária de uma ordem e coisas que não pode ser provada pela lógica ou pelos 
sentidos. O indivíduo reconhece e aceita a superioridade do sobrenatural.
Podemos afirmar que as crenças religiosas se baseiam na existência de seres 
supremos, de algo superior, algo que seja sobre-humano, o que é de suma importância 
para o apelo emocional, mas também intelectual.
O outro elemento que nos referimos no início se trata do ritual ou da prática. É uma 
manifestação dos sentimentos comungados por um ou vários indivíduos, seja em qualquer 
meio, através de uma ação:
Embora de caráter religioso ou mágico, não é tão persistente quanto o culto. 
Consiste em um tipo de atividade padronizada, em que todos agem mais ou 
menos do mesmo modo, e que se volta para um ou vários deuses, para seres 
espirituais ou forças sobrenaturais, com uma finalidade qualquer (MARCONI; 
PRESOTTO, 2001, p. 163).
24UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Dessa maneira, verifica-se um comportamento tradicional em que podemos notar, 
de maneira explícita ou implícita, ideias, crenças, sentimentos e atitudes comungadas pelos 
praticantes.
Para Mair (1972), em todas as sociedades ágrafas ou de tecnologia simples há 
sempre um conjunto de crenças relacionadas a diferentes práticas, rituais que variam de 
uma cultura para outra. II - Povo cultura e religião
O importante em se ressaltar e discutir nos dois elementos apontados, é que am-
bos se ligam ao sobrenatural, ou seja, tudo aquilo que foge aos sentidos concretos da 
humanidade, que escapa à compreensão do homem, à sua possibilidade de observação é 
compreendido como “sobrenatural”. Dessa maneira, tal manifestação não obedece às leis 
naturais ou da física, portanto se posicionando em uma outra dimensão.
Para Geertz (1989), o sobrenatural pode ser considerado o cerne da religião, a 
base dos sistemas religiosos. Não há como comprová-los cientificamente ou por meios 
mecânicos.
Os seres imaginados pelo homem são muitos, como exemplo:
A. Seres – deuses, anjos, santos, demônios, fadas etc.;
B. Entidades – espíritos, almas;
C. Forças – Espírito Santo, mana;
D. Almas dos mortos ou espectros.
De acordo com Mair (1972), os seres espirituais são considerados bons (anjos), 
maus (demônios), neutros (duendes). Residem nos mais diferentes lugares: céu, inferno, 
montanhas, florestas etc.
No caso das forças ou poderes sobrenaturais, de maneira geral, não pessoal, estão 
no universo, sendo invisíveis e independentes de seres sobrenaturais determinados. Já a 
questão das almas dos mortos ou espectros, são
Liberadas do corpo após a morte, interessam-se pelos vivos e continuam 
sendo membros da sociedade. Podem ser benéficas ou maléficas e possuí-
rem muitas funções e característica dos espíritos, mas diferem deles quanto 
à origem e afinidade com os seres vivos e, assemelham- se a estes nos 
sentimentos, emoções, apetites e comportamentos (MARCONI; PRESOTTO, 
2001, p. 164).
Se nos atentarmos, muitas das ações praticadas e a forma como ocorrem se apro-
ximam da maneira como os seres vivos efetuam em seu dia a dia, nos parecendo uma 
repetição em outro plano.
25UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
O Sobrenatural, em geral, está associado ao Culto. Esse ato, na verdade uma série 
de atos, está contido na comunicação ou na veneração dos seres sobrenaturais. O culto 
em si consiste em um conjunto de rituais, de crenças e divindades, associados a objetos, 
lugares específicos, oficiantes e crentes. O culto podevariar em sua organização, em sua 
estrutura e na realização, no tempo e espaço. Em geral, cultuam-se espíritos antepassa-
dos. Dentro dos cultos podemos identificar objetos sagrados que fazem parte do ato; os 
objetos, por sua vez, podem ser adorados, venerados ou utilizados no processo ritual, 
compreendendo imagens, objetos rituais, máscaras etc. Como apontam Marconi e Presotto 
(2001, p. 165), eles podem ser:
A. Objetos – são representações de uma divindade, um espírito, um deus, 
através da escultura, da pintura, do desenho, etc. Podem ser antropomórficas 
(forma humana), zoomórficas (forma animal), antropozoomórficas (forma 
humana e animal) ou amorfas, ou seja sem forma determinada. Ex: deuses 
egípcios, orixás de Candomblé, ídolos de sociedades tribais, etc.
B. Objetos rituais – englobam tanto objetos de uso comum (armas, uten-
sílios, roupas) utilizados nos cultos, quando especialmente confeccionados 
para determinados rituais (tambores, bastões, vasos, etc.). Ex: atabaques, 
colares, trajes de Umbanda, indumentárias, etc.
C. Máscaras - incluem tanto as de cabeça quanto as de todo corpo, usadas 
como disfarce nos mais diversos rituais. Simbolizam autoridade, prestígio ou 
tem efeitos medicinais. Podem ser simples ou artisticamente ornamentadas, 
tomar diferentes formas e representar homens, animais ou seres sobrenatu-
rais. Ex: dança do cervo (México), palhaços de Folia de Reis (Brasil).
 Tais imagens ou mesmo os objetos dos rituais podem ser compreendidos como 
morada temporária das entidades sobrenaturais, logo, recebem o tratamento cerimonial 
específico.
Verificamos também nos cultos diferentes forma de rituais, estes são atos religiosos 
e podemos defini-los como o canto, a dança, a reza, a oferenda de coisas, sacrifícios. 
Esses atos podem aparecer em três formas principais: oração, oferenda e manifestações:
A. Oração ou prece – invocação oral dirigida a seres sobrenaturais, feita 
pelos adeptos do culto, guiada ou não pelos oficiantes. Pode ser de louvação, 
petição, súplica, agradecimento ou propiciatória (para apaziguar a ira dos 
deuses). É uma técnica básica de relacionamento com o sobrenatural: atitude 
de subordinação. Realiza-se em determinado momento, sendo acompanhada 
de prostrações, posturas específicas (ajoelhada, sentado, de pé, curvado), 
de movimentos (danças, palmas, sapateados) e de música. Pode ser simples 
ou elaborada, curta ou longa, casual ou formalizada, específica ou geral. As 
canções podem substituir as orações faladas.
B. Oferenda – consiste em ofertar alguma coisa aos seres sobrenaturais: 
fruto de colheitas, parte da caça, da pesca ou da coleta; objetos de valor 
(jóias, armas, utensílios), flores, comidas, bebidas, etc. Animais e até seres 
humanos, são muitas vezes, sacrificados seus corpos oferecidos às divinda-
des. No caso de animais, pode se oferecer: apenas o sangue e a gordura; 
26UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
toda carne; preparada e cozida, colocada em um lugar especial; o animal 
totalmente queimado em um altar; o animal vivo.
C. Manifestações – consistem em uma série de atos ou movimentos rítmicos 
(danças, mímicas, dramatizações), procissões, geralmente acompanhadas 
de cantos e música (MARCONI; PRESOTTO, 2001, p. 166).
 Frisamos que nem todas as vezes a comunidade geral pode participar dos cultos, 
nesses momentos somente os oficiantes é que participam, em outros é aberto a todos os 
membros. Outros elementos podem ser sujeitos a regras específicas, ligados a idade ou ao 
sexo. Como no caso de mulheres ou crianças não poderem participar ou mesmo estar no 
local do culto. Essas regras variam e se fundamentam dentro de cada dogma em específico. 
Pode ter a ver com proibições justificadas, mas também pode ter ligação com o tipo de rito.
Os ritos são cerimônias com determinadas funções e podem ser propiciatórios, de 
passagem ou transição e de iniciação.
Os ritos propiciatórios estão ligados à súplica e à benevolência dos seres espiri-
tuais. De acordo com Mair (1972), realiza-se uma cerimônia no sentido de levar as forças 
sobrenaturais a atender às necessidades de dada população.
Por esse rito podemos citar como exemplo o sucesso na colheita, abastecimento 
de alimentos em geral, questões ligadas à saúde e sobrevivência, a chuva em períodos de 
estiagem, início de atividades coletivas, como a pesca etc.
Um outro rito muito importante e que tem grande impacto na vida dos crentes é o 
de passagem ou transição. Segundo Geertz (1989), se trata de um complexo de rituais e 
é realizado por ocasião da passagem dos indivíduos de um estado social para outro. Tra-
duzindo, quando ocorre uma importante mudança no status social. Relacionamos quatro 
tipos, expostos no quadro a seguir:
Quadro 1 - Passagem e/ou transição
• Nascimento – ritual realizado quando a criança nasce, a fim de purificar a mãe e 
o filho, tornando-o forte, rico e para obter proteção dos espíritos; receber um nome.
• Puberdade – prática dedicada aos jovens que atingem a fase da puberdade, ou 
seja, quando estão aptos à procriação. O ritual pode incluir danças, isolamento, 
proibições, jejuns, missões (caça). Há ritos de passagem para ambos os sexos.
 • Matrimônio – atividade socialmente aprovada, relativa ao casamento. Inclua sua 
promulgação e todas as festividades próprias do casamento.
27UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
• Morte – ritual realizado por ocasião da morte de alguém. Quanto mais elevado o 
status de uma pessoa mais demorada e prolongada será a cerimônia ou funeral. 
Há choros, danças, cantos, lamentações, escarificações no corpo (para ressusci-
tar o morto), comida, bebidas etc.
Fonte: Geertz (1989, p. 122).
Um outro rito também, não menos importante, é o de iniciação, nesse tipo de ceri-
mônia vários são os motivos, desde a passagem de idade para a vida adulta, quando são 
promovidas festividades que podem durar dias ou semanas, incluindo atividades variadas, 
comidas etc. Nele o homenageado deve mostrar destreza, maturidade, capacidade etc. 
Existem, ainda, outros motivos, como mudança de status dentro do grupo.
Um tema que devemos citar aqui dentro dos ritos é sobre os métodos utilizados no 
culto, dentre eles podemos citar o Ordálio e a adivinhação.
Ordálio é um método ritual que comprova um testemunho. Segundo Mair (1972, p. 
198), o mestre religioso recorre a poderes sobrenaturais a fim de saber se uma acusação 
é verdadeira ou falsa:
Para obter uma resposta ele submete o litigante a testes físicos (veneno, 
fogo), muitas vezes perigosos, que podem ferir ou matar o trapaceiro. Se ele 
sair ileso, está comprovada sua inocência. O teste, às vezes, é administrado 
em um animal, em vez de em um ser humano.
Já no método da adivinhação, o chefe religioso utiliza a adivinhação para conseguir 
um veredicto ou juízo, um conhecimento prévio sobre o futuro ou o desconhecido. Como 
apontam Marconi e Presotto (2001), o adivinho estuda as evidências (incompletas) apre-
sentadas em várias manifestações ou sinais. Segundo os autores são dois os métodos 
utilizados:
1. Quando o adivinho manipula diferentes objetos como ossos, couros, bú-
zios, conchas, vísceras de animais ou de pessoas mortas;
2. Quando ele se transforma em veículo do ser espiritual, falando e seu 
nome. Ex.: interpretação dos sonhos entre os índios Xavantes (MARCONI; 
PRESOTTO, 2001, p. 168).
Esses métodos apresentados são praticados exclusivamente pelos oficiantes, 
estes são, na verdade, como se fossem profissionais de determinado conhecimento sobre-
natural, aptos para falar em nome de ou invocar os espíritos e todos os rituais que sejam 
necessários. São eles: sacerdotes, chefes religiosos, especialistas, oráculos (peritos) etc.
Para melhor compreender o perfil de cada um dos oficiantes, preparamos o quadro 
resumo das funções:
28UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Quadro 2 - Funções na religião
A. Sacerdote – indivíduo preparado e consagrado desde a infância. Oscargos que 
ocupa são hereditários ou acidentais. Nesse caso, um incidente qualquer, por exem-
plo, uma doença pode ser um indicativo de que o indivíduo foi escolhido pelos espí-
ritos. A função do sacerdote requer longos anos de aprendizagem e de experiência 
para conhecer ao máximo crenças, rituais e adquirir certo grau de aptidão. Todos po-
dem exercer, assim, essa função de ministro religioso, cuja autoridade sobrenatural 
lhe foi conferida através do culto.
B. Reis adivinhos – pessoas que não só realizam cultos, mas também são objetos 
de culto, por serem considerados semideuses. Sua vida, alimentação, sono e outras 
atividades pessoais são reguladas por diferentes rituais, sendo que, muitas vezes, 
nem a morte pode ser natural.
C. Chefes ou ministros religiosos – indivíduos com qualificações para lidar com o sobre-
natural, recebendo bom preparo sobre rituais e crenças, mas que não são sacerdotes. 
Precisam ter aptidão e habilidades especiais e isolar-se, durante certo tempo, das ati-
vidades de produção alimentícia.
D. Especialistas – são os peritos em algumas atividades (caça, pesca, horticultura, agri-
cultura, construções de canoas, habitações, guerra etc.) e responsáveis pelos rituais 
necessários ao bom empreendimento delas.
E. Oráculos – são pessoas capacitadas para obter o conhecimento de agentes sobre-
naturais. Frequentemente são associados a determinado culto, mas são consultados 
inclusive por indivíduos de outros cultos.
Fonte: Marconi e Presotto (2001)
Esses oficiantes, em geral, permanecem em lugares específicos e podem, em 
grande parte dos casos, permanecer nos santuários, onde também é sua moradia. Os 
santuários são construções consideradas sagradas, onde se realizam cultos, rituais e ceri-
mônias. Esses locais tanto podem ser vazios ou comportar elementos constitutivos, desde 
mobiliário específico, objetos de culto, constituindo morada fixa ou temporária dos deuses 
e dos espíritos. Além dos santuários podemos também destacar os lugares sagrados, que 
podem compreender acidentes geográficos, vistos como morada dos espíritos ou deuses, 
e servem de peregrinação para os crentes. Como exemplos podemos citar: rios, lagos, 
picos, montanhas etc. Esses lugares são visitados em ocasiões especiais, na celebração 
de cerimônias, rituais, orações etc.
29UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Raymond Firth (1974, p. 258) complementa nossa compreensão da função social 
da religião afirmando que consistem em:
a. em elemento forte e positivo na composição e organização da vida social;
b. No estabelecimento da autoridade para a crença e para a ação;
c. Na provisão de significação para a ação social, fornecendo padrões e 
ordem [...] e permitindo a interpretação em termo de fins últimos;
d. A expressão de conceitos e criação estética e de imaginação;
e. Em força e ajustamento social.
Quando observamos o fenômeno religioso de forma geral, podemos afirmar que 
ele reforça e mantém os valores culturais, ressaltando que esses mesmos valores estão 
ligados ao comportamento ético e moral.
De acordo com Marconi e Presotto (2001), sustenta e incute normas particulares 
de comportamento culturalmente aprovadas, exercendo, até certo ponto, poder coercitivo.
Além disso, podemos dizer também que auxilia na conservação de conhecimentos 
a serem transmitidos, através das cerimônias, levando em conta os procedimentos e nor-
mas de conduta de uma sociedade, que são fundamentais em determinadas culturas. 
30UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
2. TEORIAS DA RELIGIÃO
Nossa intenção neste tópico não é a de discutir todas as teorias apresentadas até 
os dias atuais sobre o fenômeno religioso. No entanto apresentaremos um breve esboço 
do que consideramos mais substancial. Trataremos de duas linhas teóricas, a psicológica 
e a sociológica. As teorias psicológicas, segundo Mello (2008), de alguma forma procuram 
explicar o fenômeno religioso a partir dos sentimentos. Em geral, tem um caráter mais 
intelectualista e sofrem a influência da psicologia associacionista, como na maneira como 
explicita Evans-Pritchard (1978).
Para Mello (2008, p. 395) “Figuram na relação apresentada das teorias psicológicas 
apresentadas por Evans-Pritchard, entre outras as seguintes: a escola do mito natural de 
tradição alemã, a crença em fantasma de Spencer, o animismo de Marret e a contribuição 
de Lowie”. Desta maneira, para quem pretende se aprofundar nessa corrente teórica, os 
autores citados, são hoje o que temos de mais importante na compreensão do fenômeno 
religioso na atualidade. 
Preparamos um quadro em que estão reunidas as essências das teorias de cada 
autor:
31UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Quadro 3 - Teorias psicológicas
A. Mito natural – Criada por Müller, cronologicamente, a primeira a ser anunciada. 
Sustenta que o homem primitivo possuía uma tendência para personificar e venerar fe-
nômenos naturais: sol, lua, estrelas, rios, estações do ano, aurora, raio, trovão, chuva 
etc. O homem não teria criado religião, mas a beleza e a magnitude dos fenômenos da 
natureza despertaram nele sentimentos em relação ao infinito, à crença em divindades 
com poderes de dirigir a natureza. A gênese da crença seria o medo do sobrenatural. 
B. Animismo (alma) – desenvolvida por Tylor, significa a crença em seres espirituais 
ou espíritos pessoais que animam a natureza. A necessidade de compreender sonhos, 
alucinações, sono, vida e morte, levou o homem a acreditar na existência de um “eu” 
com propriedades espirituais e dotado de poderes sobrenaturais. Esses seres, essen-
cialmente etéreos, são conhecidos como almas, fantasmas, assombrações, espíritos 
de plantas e animais, gênios, espectros, fadas, demônios, anjos, deuses etc. Trans-
cendem a matéria. A base do animismo é o conceito de alma que, embora intangível, 
significa a força vital que anima o corpo. Quando o homem dorme, a alma vagueia; 
quando ela não volta, ele morre.
C. Animatismo (mana, poder) – Marret e outros entenderam que havia crenças na exis-
tência de um poder impessoal ou “força espiritual”, não oriunda de qualquer forma de 
ser. Essas forças (semelhantes ao maná dos povos da Oceania) são atributos essen-
ciais de objetos vegetais, animais e de pessoas, e conferem-lhes capacidade e proprie-
dade superiores aos demais de sua espécie. Não consiste em uma força vital e nem 
na obra dos espíritos, mas no poder de fazer coisas excepcionais, incomuns. O maná 
transcende o natural; está acima do âmbito das coisas ordinárias, comuns. É, portanto, 
sobrenatural.
D. Manismo (manes, espírito dos mortos) – Para Spencer, o culto aos mortos (fantas-
mas, sombras) e a veneração de seus espíritos é que deram origem à religião.
E. Magia – Frazer entendeu que o homem, não sendo capaz de controlar o modo má-
gico do mundo ao seu redor, acreditou na existência de forças desconhecidas, com 
poderes acima dos seus. Através do culto, aproximou-se delas.
F. Totemismo (totem) – Frazer, Goldenweiser e outros interpretaram o totemismo como 
a adoração da natureza. Eram atribuídas aos animais, plantas e objetos qualidades 
espirituais. A crença de que alguns grupos descendem de um antepassado comum – 
animal, vegetal ou mineral – deu origem a uma atitude de reverência para seus repre-
sentantes.
Fonte: Marconi e Presoto (2001, p. 171-172).
Com base no Quadro 3, pontuamos que as teorias de Tylor e Spencer são se-
melhantes, pois admitem que o homem primitivo é racional, mesmo que seu estágio de 
32UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
desenvolvimento não se aproxime ao nosso quanto ao processo de raciocínio. Mello (2008, 
p. 396) reforça que:
Spencer acreditava que a primeira ou as primeiras ações religiosas conheci-
das pelo homem tenham sido as de fantasmas, enquanto para Tylor acredita-
va que teria sido a noção de almas. Para ambos, tais noções teriam nascido 
da própria consciência humana, frente aos fenômenos do sonho, da morte,da vida, das transformações naturais, todo esse conjunto teria despertado 
aos sentimentos do sagrado e da outra dimensão da vida.
Se atentarmos para a teoria de Frazer, ela é muito semelhante ao que pregava 
Auguste Comte, apontando para o progresso da humanidade em três estágios, sendo: 
estado teológico, metafísico e positivo ou científico, daí reforçando a teoria positivista de 
Comte. Segundo Mello (2008), Frazer acredita que a humanidade universalmente passou 
por três estágios diversos: o primeiro dominado pela magia, o segundo, pela religião e 
finalmente, a ciência.
Se por um lado Frazer não traz novos elementos, por outro ele discute algo que 
torna o entendimento entre magia, religião e ciência, em um nível de discussão da qual ele 
afirma que tanto a magia quanto a ciência realizam operações técnicas, ao contrário da re-
ligião, que tem por fundamento um mundo que vai mais além e não obedece determinados 
critérios, ou seja, a religião exige de seus cultores uma atitude de medo e temor, respeito e 
dedicação. Já no caso da magia e ciência, os preceitos ou as leis são invariáveis.
Uma das teorias do quadro que nos chama a atenção é a de Marret, invertendo a 
ordem da explicação do fato religioso, como expõe Mello (2008, p. 398):
Para Marret a religião primitiva tivera início não na doutrina ou na crença, 
mas a doutrina teria nascido da ação. A religião selvagem não é tão pensada 
quanto dançada, como se percebe, Marret deu a prioridade do rito sobre o 
mito, exatamente ao contrário que se tinha feito até então.
Logo, por essa teoria, o estado animístico existiu em um momento ou estado an-
terior, mesmo antes de as pessoas interpretarem que ali existia um poder oculto. Por sua 
vez, a percepção desse magnetismo é que levou ao sentimento de sagrado, delegado às 
pessoas ou às coisas.
2.1 Teorias Sociológicas
As teorias sociológicas são, na verdade, uma metodologia explicativa que divergem 
das teorias psicológicas, pelo fato de que a religião é entendida e vista como um fenômeno 
social.
Segundo Mello (2008), entre os principais teóricos dessa linha estão Durkheim, 
Fustel de Coulanges e R. Smith, e seus seguidores são Marcel Mauss e Radcliffe-Brown.
33UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
O que caracteriza estas teorias são as interpretações sociais, de acordo com o que 
observa Evans-Pritchard (1978, p. 389):
Notemos que Durkheim não está dizendo aqui, como fazem os autores emo-
cionalistas, que os ritos são levados a efeito para liberar estados emocionais 
exaltados. São os ritos que produzem tais estados. Eles podem, portanto, 
neste aspecto, ser comparados aos ritos expiatórios como os de luto, nos 
quais as pessoas procuram afirmar a sua fé e cumprir um dever para com 
a sociedade sem que estejam sob qualquer tensão emocional; está, enfim, 
pode estar completamente ausente da ocasião.
Verificamos a posição durkheimiana, apontada por Evans-Pritchard, mas é preciso 
esclarecer que essa postura, na verdade, vem de Fustel de Coulanges, mestre de Durkheim. 
Baseado nisso, Mello (2008) revela que Coulanges procura mostrar que a antiguidade clás-
sica teve como amálgama o culto de ancestrais.
Dessa maneira, podemos compreender que esses antepassados se assemelhavam 
a deidades que traziam unido o grupo familiar ou da linhagem de descendência.
Mello (2008) indica que, para Coulanges, esse culto é que explicava a normas e 
cerimônias de casamento, o incesto, a monogamia, a proibição do divórcio etc. Comple-
mentando essa linha de pensamento:
O princípio da família antiga não é apenas a geração. Isso pode ser provado 
pelo fato de a irmã não ser na família o mesmo que o irmão; também o filho 
emancipado ou a filha casada deixam de fazer parte da família por comple-
to; enfim, muitas disposições importantes nas leis gregas e romanas, que 
teremos ocasião de examinar mais adiante, nos induzem a pensar assim. 
(COULANGES, 1961, p. 54 apud MELLO, 2008, p. 34 ).
Como pudemos analisar, Coulanges demonstra o papel importante que é dirigido 
pelo pensamento e ação religiosa dentro do dia a dia na vida social. Basicamente o autor 
demonstra que, apesar de racional, o homem é guiado por questões ligadas a determinados 
valores.
Para Mello (2008), Coulanges, Robertson Smith e Durkheim tiveram um ponto em 
comum: acreditavam que a religião surgiu da natureza mesma, da sociedade,
Smith chegou a afirmar que os ritos estavam conectados com os mitos; mas 
os mitos não explicavam os ritos, e sim o oposto. Ver a religião como um fato 
social, como propunham esses autores, pé vê-la independente das mentes 
individuais, é reconhecer-lhes uma existência ou preexistência aos indivíduos 
(MELLO, 2008, p. 400).
Traduzindo, os sujeitos, ou melhor, os indivíduos, quando nascem, encontram uma 
religião já pronta, juntamente com seus dogmas, sua cosmovisão, seus rituais, seus cultos. 
Dessa maneira, a religião se impõe ao indivíduo, sendo parte importante de uma realidade 
social posta. Fica mais evidente ainda se observarmos o seu peso em sociedades menores, 
ela passa a ter um caráter muito mais abrangente.
34UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Em resumo, se nos concentrarmos nas discussões das teorias sociológicas de 
Coulanges, Durkheim, R. Smith, Marcel Mauss e Radcliffe-Brown, elas se firmam entre o 
sagrado e o profano:
R. Smith e depois Durkheim refutam o argumento de que a religião teria se 
originado das crenças em seres sobrenaturais. Para eles a religião iniciou-se 
a partir dos ritos e cerimônias (cantos e danças) que, intensificando as emo-
ções, levaram os participantes ao êxtase. Essas emoções, difundidas entre 
os presentes, fizeram com que eles acreditassem estar tomados por poderes 
sobrenaturais (MARCONI; PRESOTTO, 2001, p. 173).
Portanto, sobre essa visão, a religião consiste em sentimento de solidariedade de 
expressão na crença coletiva, e age como uma maneira muito eficiente de fortalecer os la-
ços sociais. Mello (2008) aponta que crenças e rituais simbolizam a sociedade e distinguem 
o sagrado do profano.
Para complementar esse entendimento entre sagrado e profano, Marconi e Presotto 
(2001, p. 173) lembram que, para Durkheim,
Sagrado – refere-se ao incomum, ao extraordinário, ao sobrenatural; gera 
atitudes de medo, de circunspecção, de sensação do desconhecido; Profa-
no – significa o cotidiano, o natural, o comum; implica atitude de aceitação, 
familiaridade, do conhecido.
Na verdade, atualmente os estudiosos, principalmente os antropólogos, tentam 
aproximar as duas correntes, psicológicas e sociológicas, no intuito de encontrar uma teoria 
central que agregue as duas contribuições.
SAIBA MAIS
A Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esfera espiritual inerente ao 
homem, do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta questio-
namentos fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois da 
morte? Como se explica o mal? Estas e outras perguntas, ideias e postulados religiosos 
são estudados por esta disciplina. Há uma infinidade de religiões, compostas de distin-
tas modalidades de adoração, mitologias e experiências espirituais, mas geralmente 
os estudiosos se concentram na pesquisa das principais vertentes espirituais, como o 
Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, pois elas oferecem um sistema lógico e ela-
borado sobre o comportamento do planeta e de todo o Universo, enquanto as orientais 
normalmente se centram em uma determinada filosofia de vida.
Os filósofos têm como objetivo descobrir se o olhar espiritual sobre o Cosmos é real-
mente verdadeiro. Em suas pesquisas o filósofo da religião adota como instrumentos 
teóricos a metodologia histórico-crítica comparativa, que contrapõe as mais diversas 
35UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
religiões, espacial e temporalmente, para perceber suas semelhanças e o que as dis-
tingue, logrando assim visualizar o núcleo central doseventos religiosos; a filológica, 
que realiza a investigação dos vários idiomas, comparando-os e buscando expressões 
usadas para se referir ao sagrado, estabelecendo assim o que elas têm em comum; e a 
antropológica, que resgata o passado espiritual dos povos ancestrais e dos contempo-
râneos, seus institutos, suas convicções, seus ritos e seus valores. Cabe à Filosofia da 
Religião realizar uma correta associação destes distintos métodos, para assim perceber 
claramente o que é essencial nas religiões.
Em todas as religiões vigentes no Ocidente há algo em comum, a fé em Deus. A Divin-
dade é vista como um Ser sem corpo e eterno, criador de tudo que há, extremamente 
generoso e perfeito, todo-poderoso, ou seja, onipotente, conhecedor de tudo, portanto 
onisciente, presente em toda parte, melhor dizendo, onipresente.
Esta é a imagem teísta de Deus, aquela que proclama sua existência. São Tomás de 
Aquino defende pelo menos cinco argumentos a favor da presença de Deus no Univer-
so, entre eles o ontológico, o cosmológico e o do desígnio. Estas ideias foram renovadas 
pelos pensadores modernos Alvin Plantinga e Richard Swinburne, que tornaram estes 
conceitos mais complexos. A compreensão de Deus pode ser racional, portanto do âm-
bito da Teologia Natural, ou percebida do ponto de vista da fé, constituindo a Teologia 
Revelada.
Anteriormente ao século XX, a trajetória filosófica ocidental procurava explicar alguns 
ângulos das tradições pagãs, do judaísmo e do Cristianismo, ao passo que no Oriente, 
em práticas espirituais como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo, não é fácil perceber 
até que ponto uma pesquisa é de natureza religiosa ou filosófica. Não é fácil para esta 
disciplina delimitar um objeto de estudo adequado, do ponto de vista religioso. Segundo 
estes filósofos, mesmo que se alcance uma caracterização correta de Deus, ainda resta 
encontrar uma razão para se pretender sua existência. Embora na Idade Média tenham 
surgido muitas teorias que se pretendem capazes de provar que Deus existe, a partir 
do século XVIII houve uma guinada na mentalidade humana, e muitos dos argumentos 
defendidos na era medieval perderam sua validade. Assim, muitos filósofos religiosos 
têm suas próprias prevenções contra a cultura religiosa popular, como Kant e Feuer-
bach, o qual estimulou o estudo das religiões do ângulo social e antropológico destas 
convicções espirituais, caminho seguido até hoje por grande parte dos filósofos desta 
disciplina. 
Fonte: Santana (2016, on-line).
36UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
REFLITA 
“Deus não tem nenhuma religião” (Mahatma Gandhi).
“Deus nos deu asas, mas as religiões inventaram gaiolas” (Ruben Alves).
“Não se pode ofender, ou fazer guerra, ou assassinar em nome da própria religião ou 
em nome de Deus” 
(Papa Francisco).
37UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos nesta unidade, podemos compreender que as crenças religiosas se 
baseiam na existência de seres supremos, de algo superior, algo que seja sobre-humano, 
isso é de suma importância para o apelo emocional, mas também intelectual.
O fenômeno da religião na verdade está associado ao sobrenatural, ou seja, tudo 
aquilo que foge aos sentidos concretos da humanidade, que escapa à compreensão do 
homem, à sua possibilidade de observação é compreendido como “sobrenatural”. Desta 
maneira, tal manifestação não obedece às leis naturais ou da física, portanto se posicionan-
do em uma outra dimensão.
O Sobrenatural, em geral, está associado ao Culto. Esse ato, na verdade, uma 
série de atos, estão contidos na comunicação ou na veneração com os seres sobrenaturais. 
O culto em si consiste em um conjunto de rituais, de crenças e divindades, associados a 
objetos, lugares específicos, oficiantes e crentes. O culto pode variar em sua organização, 
em sua estrutura e na realização, no tempo e espaço. Em geral cultuam-se espíritos ante-
passados.
Verificamos também nesta unidade a respeito das teorias da religião, em que 
existem duas correntes: a teoria psicológica e a sociológica. A primeira compreende a 
religião, tomando por base os sentimentos, levando em conta que esse fenômeno impreg-
na o pensamento e as emoções das pessoas. Na segunda corrente, a sociológica, seus 
fundamentos divergem do pensamento psicológico, tomando por referencial o fato de que 
a religião é vista e compreendida como um fenômeno tipicamente social. O fato é que, na 
atualidade, as duas correntes se coadunam para formular uma teoria mais centralizada.
 
38UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Dossel Sagrado: Elementos para uma teoria sociológica da 
religião
Autor: Peter L. Berger
Editora: Paulus
Sinopse: Este livro traz uma análise que mostra como esclarecer 
a frequente relação irônica entre religião e sociedade. É uma im-
portante contribuição à sociologia da religião.
LIVRO 2
Título: Religião e Repressão
Autor: Rubem Alves
Editora: Edições Loyola
Sinopse: A maravilha do “sentimento religioso” – a possibilidade 
de admirar-se genuinamente diante do mistério da vida – só é 
possível ser alcançada quando são deixadas para trás as grades 
opressoras dos discursos dogmáticos das religiões. É especifi-
camente sobre essas prisões ideológicas que trata esta obra de 
Rubem Alves.
FILME/VÍDEO
Título: Dois papas
Ano: 2019
Sinopse: Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio 
(Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido 
a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony 
Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada 
para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para 
visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa, debatendo 
não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiari-
dades da personalidade de cada um.
39
Pl
Plano de Estudo:
● Manifestações religiosas históricas
● As religiões Orientais e Ocidentais
● Novas religiões sobre uma nova perspectiva
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as divisões das religiões historicamente importantes e abrangentes.
● Discutir as tendências atuais sobre os novos movimentos religiosos.
UNIDADE III
Manifestações Religiosas 
Históricas e Contemporâneas
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
40UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
INTRODUÇÃO
Como verificamos até o momento, as manifestações religiosas estão presentes 
desde os primórdios, já com os homens das cavernas. Nossa discussão nesta unidade 
vem apresentar as principais manifestações religiosas universais e suas estruturas básicas. 
Veremos as religiões Ocidentais e Orientais. Compreenderemos também as religiões divi-
didas em três categorias: as religiões primais, religiões nacionais e religiões mundiais Em 
seguida faremos uma discussão sobre os dias atuais e as tendências religiosas que estão 
em ascensão.
41UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
1. MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS HISTÓRICAS
Ao abordarmos esse tema, se torna muito difícil resumir as manifestações históri-
cas pela grande quantidade e influência que tiveram em sua sociedade à época e traços 
culturais que nos influenciam até os dias atuais. De qualquer forma, vamos tentar organizar 
nossa atenção em grandes correntes religiosas mundiais que consideramos fundamentais.
É preciso compreender, em primeiro lugar, as religiões, juntamente com o tipo de 
sociedade. Para Geertz (1989), as ciências da religião tentam dividir as religiões em três 
categorias, que, de certa forma, coincidem com três tipos distintos de sociedade.
São elas: as religiões primais, religiões nacionais e religiões mundiais. A primais 
são aquelas que os estudiosos costumam chamar de religiões primitivas, verificadas em 
culturas ágrafas, como ocorre com povos tribais na América,na Ásia, África, Polinésia. 
Sua marca mais característica, segundo Mello (2008), é a crença numa miríade de forças, 
deuses e espíritos que controlam a vida cotidiana. Também o culto dos antepassados e 
ritos de passagem desempenham um papel importante. Em geral, de acordo com Gaarder, 
Hellern e Notaker (2005), a comunidade religiosa não se separa a vida social e o sacerdócio 
normalmente é sinônimo de liderança política da tribo.
No caso das religiões nacionais, encontramos uma grande quantidade de religiões, 
inclusive, já extintas em alguns casos, que historicamente fizeram ou fazem parte do 
contexto social e cultural dessas nações, como exemplo: egípcia, grega, assírio-libanesa, 
germânica etc. De acordo com Geertz (1989, p. 112),
42UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
É típico das religiões nacionais adotar o politeísmo, uma série de deuses 
organizados em um sistema de hierarquia e funções especializadas. Elas 
têm um sacerdócio permanente, encarregado dos deveres rituais em templos 
construídos para esse fim. Há sempre uma mitologia bem desenvolvida, o 
culto sacrificial é básico, e os deuses é que escolhem o líder da nação.
Pelos traços apresentados, podemos nos recordar imediatamente o que aprende-
mos na escola sobre a civilização grega, ou mesmo egípcia, sua mitologia, política. Toda a 
organização social e todo perfil cultural daquelas civilizações estavam diretamente ligadas 
à religião. Percebe-se que somos influenciados, até hoje, pela tradição da cultura Clássica.
Por fim, as religiões mundiais, que pretendem ter uma validade global, ou seja, 
uma validade para todas as pessoas. Podem ser chamadas também de religiões univer-
sais. Conforme Mello (2008), a principal característica das religiões universais, surgidas no 
Oriente Médio, é o monoteísmo: elas têm somente um Deus.
Nesse modelo de religião há como ponto principal a relação do indivíduo com Deus, 
ao que se refere inclusive, além da obediência aos preceitos filosóficos, à possibilidade de 
salvação. Gaarder, Heellern e Notaker (2005) explicam que o papel do sacrifício é bem 
menos proeminente nelas do que nas religiões nacionais, ao passo que o da oração e 
meditação é mais importante.
Essas religiões têm um grande peso e tradição histórica e foram fundadas por 
profetas, como Buda, Moisés, Lao-Tsé, Jesus, Maomé.
Para Gaarder, Heellern e Notaker (2005, p. 41),
Devemos ressaltar que os limites entre esses tipos de religião são fluidos. As 
religiões nacionais muitas vezes constituem evoluções que acompanharam o 
desenvolvimento geral da sociedade (ao passar de uma sociedade tribal para 
Estado Nacional). Assim também certas religiões mundiais emergiram das 
religiões nacionais, como um protesto contra determinados aspectos de seu 
culto e de suas concepções religiosas.
Como exemplo podemos citar o Catolicismo, uma religião universal, que surgiu dos 
protestos contra o culto religioso romano, tendo por seu mártir Jesus, que, na verdade era 
Judeu, mas que funda o início de uma nova religião da qual se congregam elementos do 
judaísmo e do nacionalismo romano. 
Há várias formas de religião e são muitos os modos que vários estudiosos utilizam 
para classificá-las. Porém há características comuns às religiões que aparecem com maior 
ou menor destaque em praticamente todas as divisões. A primeira dessas características 
é cronológica, pois as formas religiosas predominantes evoluem através dos tempos, nos 
sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade. Outro modo é classificá-las de acordo 
com sua solidez de princípios e sua profundidade filosófica, o que irá separá-las em religiões 
com e sem Livros Sagrados. 
43UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Pessoalmente, como estudiosos do assunto, preferimos uma classificação que leva 
em conta essas duas características, e divide as religiões nos seguintes quatro grandes 
grupos:
PANTEÍSTAS MONOTEÍSTAS
POLITEÍSTAS ATEÍSTAS
Nessa divisão há uma ordem cronológica. As religiões Panteístas são as mais 
antigas, dominando em sociedades menores e mais “primitivas”. Tanto nos primórdios da 
civilização mesopotâmica, europeia e asiática, quanto nas culturas das Américas, África e 
Oceania.
As religiões Politeístas por vezes se confundem com as Panteístas, mas surgem 
num estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais a sociedade se 
torna complexa, mais o Panteísmo vai se tornando Politeísmo.
Já as Monoteístas são mais recentes e, atualmente, as mais disseminadas. O 
Monoteísmo, quantitativamente, ainda domina mais de metade da humanidade.
Embora possa parecer estranho, existem religiões Ateístas, que negam a existên-
cia de um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais 
diversas. Essas religiões geralmente surgem como uma reação a um sistema religioso 
Monoteísta ou pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confunde com o Panteísmo, 
embora possua características exclusivas.
Essa divisão também traça uma hierarquia de rebuscamento filosófico nas reli-
giões As Panteístas, por serem as mais antigas, não têm Livros Sagrados ou qualquer 
estabelecimento mais sólido do que a tradição oral, embora, na atualidade, o renascimento 
panteísta esteja mudando isso. Já as politeístas, muitas vezes, possuem registros de suas 
lendas e mitos em versão escrita, mas nenhuma possui uma revelação propriamente dita. 
Isto é um privilégio do Monoteísmo. Todas as grandes religiões monoteístas possuem sua 
Revelação Divina em forma de Livro Sagrado.
As Ateístas também possuem seus livros guias, mas, por não acreditarem num 
Deus pessoal, não têm o peso dogmático de uma revelação divina, sendo vistas, em geral, 
como tratados filosóficos.
Vejamos alguns quadros comparativos:
44UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Quadro 1 - Épocas de surgimento e predomínio
 
 
PANTEÍSMO:
As mais antigas, remontando à pré-história, em que tinham predomi-
nância absoluta. Também presentes em muitos dos povos silvícolas 
das Américas, África e Oceania.
 
 
POLITEÍSMO:
Surgem num estágio posterior de desenvolvimento social, tendo sido 
predominantes na Idade Antiga em todo o velho mundo, mesmo nas 
civilizações mais avançadas das Américas pré-colombianas.
 
MONOTEÍSMO:
Mais recentes, surgindo a partir do último milênio a.C. e predominan-
do da Idade Média até a atualidade.
 
 
ATEÍSMO:
Surgem a partir do século V a.C., tendo vingado somente no Oriente. 
No Ocidente ressurge somente após a renascença, numa forma mais 
filosófica que religiosa.
 
Neo PANTEÍSMO:
Embora possuam representantes em todos os períodos históricos, 
popularizam-se ou surgem a partir do século XVIII.
Fonte: XR (s.d.).
Quadro 2 - Base literária
 
PANTEÍSMO:
Próprias de culturas ágrafas, não possuem, em geral, qualquer forma 
de base escrita, sendo transmitidas por tradição oral.
 
POLITEÍSMO:
Nas sociedades letradas, possuem, frequentemente, registros lite-
rários sobre seus mitos e, mesmo nas ágrafas, possuem tradições 
icônicas mais elaboradas.
 
 
MONOTEÍSMO:
Possuem Livros Sagrados definidos e que padronizam as formas de 
crença, servindo como referência obrigatória e trazendo códigos de 
leis. São tidos como detentores de verdades absolutas.
 
 
ATEÍSMO:
Possuem textos básicos de conteúdo predominantemente filosófico, 
não possuindo, entretanto, força dogmática arbitrária, ainda que sen-
do também revelado por sábios ou seres iluminados.
 
Neo PANTEÍSMO:
Seus textos são, em geral filosóficos, embora possuam mais força 
doutrinária, não incorrendo, porém, em dogmas arbitrários.
Fonte: XR (s.d.).
45UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Quadro 3 - Mitologia
 
 
PANTEÍSMO:
Deus é o próprio mundo, tudo está interligado num equilíbrio ecossistê-
mico e místico. Crê-se em espíritos e, geralmente, em reencarnação. É 
comum também o culto aos antepassados.Procura-se manter a harmo-
nia com a natureza e o mundo comumente é tido como eterno.
 
 
POLITEÍSMO:
Diversos deuses criaram, regem e destroem o mundo. Se relacionam 
de forma tensa com os seres humanos, não raro hostil. As lendas dos 
deuses se assemelham a dramas humanos, havendo contos dos mais 
diversos tipos.
 
MONOTEÍSMO:
Um Ser transcendente criou o mundo e o ser humano, há uma relação 
paternal entre criador e criaturas. Na maioria dos casos, um semideus se 
rebela contra o criador, trazendo males sobre todos os seres. Messias 
são enviados para conduzir os povos, profetiza-se um evento renovador 
violento no final dos tempos, quando a ordem será restaurada pela di-
vindade.
ATEÍSMO: O Universo é uma emanação de um princípio primordial “vazio”, um 
Não-Ser. Crê-se na possibilidade de evolução espiritual por meio de um 
trabalho íntimo. Crê-se em diversos seres conscientes, dos mais varia-
dos níveis e, geralmente, em reencarnação.
Neo PANTEÍSMO: Acredita-se, em geral, no Monismo, uma substância única que permeia 
todo o Universo em um Ser único. São, em geral, reencarnacionistas e 
evolutivas. A desatribuição de qualidades do Ser supremo por vezes as 
confunde com o Ateísmo.
Fonte: XR (s.d.).
Quadro 4 - Símbolos
 
PANTEÍSMO:
Utilizam, no máximo, totens e alguns outros fetiches, é comum o uso 
de vegetais, ossos ou animais vivos ou mortos.
 
POLITEÍSMO:
Surgem os ídolos zoo ou antropomórficos na forma de pinturas e es-
culturas em larga escala. A simbologia icônica se torna complexa em 
alguns casos, resultando em formas de escrita ideográfica.
 
MONOTEÍSMO:
O Deus supremo geralmente não possui representação visual, mas os 
secundários sim. Utilizam símbolos mais abstratos e de significados 
complexos.
 
 
ATEÍSMO:
O Não-Ser supremo não pode ser representado, mas há muitas retra-
tações dos seres iluminados. Há vários símbolos representativos da 
natureza e metafísica do Universo.
46UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
 
 
Neo PANTEÍSMO:
Diversos símbolos e mitos de diversas outras religiões são resgata-
dos e reinterpretados, também não há representação específica do 
Ser Supremo, mas pode haver de outros seres elevados.
Fonte: XR (s.d.).
Quadro 5 - Rituais
 
PANTEÍSMO:
Geralmente ligados à natureza e ocorrendo em contato com esta. É co-
mum o uso de infusões de ervas, danças, oráculos e cerimônias ao ar 
livre.
 
 
POLITEÍSMO:
Passam a surgir os templos, embora, em geral, não abandonem total-
mente os rituais ao ar livre. Em muitos casos ocorrem os sacrifícios hu-
manos, oráculos e as feitiçarias de controle ambiental.
 
 
MONOTEÍSMO:
Geralmente restritas aos templos, as hierarquias ritualistas são mais rí-
gidas, não há oráculos pessoais, mas sim profecias generalizadas com 
base no livro sagrado. Não há rituais de controle ambiental.
 
 
ATEÍSMO:
Embora ainda comuns nos templos, são também frequentes fora des-
tes. Desenvolvem-se técnicas de concentração, meditação e purificação 
mais específicas, baseadas, antes de tudo, no controle dos impulsos e 
emoções.
 
Neo PANTEÍSMO:
Em geral baseados no uso de “energias” da natureza. Não mais têm in-
fluência nos processos civis, sendo restritos a curas, proteção contra 
ameaças físicas e extrafísicas.
Fonte: XR (s.d.).
Quadro 6 - Exemplos 
 
PANTEÍSMO:
Religiões silvícolas, xamanismo, religiões célticas, druidismo, amazô-
nicas, indígenas norte americanas, africanas etc.
POLITEÍSMO: Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo, Mitologia Nórdica, Religião Azte-
ca, Maia etc.
MONOTEÍSMO: Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, 
Sikhismo.
 
ATEÍSMO:
Orientais: Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Jainismo.
Ocidentais: Filosofias Neo Plantônicas, Ateísmo Filosófico (Não Reli-
gioso)
 
Neo PANTEÍSMO:
Espiritismo Kardecista, Racionalismo Cristão, Neo Gnosticismo, Teo-
sofia, Wicca, “Esotéricas” etc.
Fonte: XR (s.d.).
47UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
2. AS RELIGIÕES ORIENTAIS E OCIDENTAIS
Antropólogos, principalmente, e outros estudiosos das religiões tentaram classificar 
as religiões mundiais em dois tipos: orientais e ocidentais. Nessa tentativa, consideraram 
ocidentais: o judaísmo, o islã e o cristianismo. No caso das religiões orientais, seriam 
consideradas: o hinduísmo, o budismo e o taoísmo. Vejamos no Quadro 7 algumas carac-
terísticas:
Quadro 7 - Características religiosas orientais e ocidentais
 OCIDENTAL ORIENTAL
 
 Visão histórica
Visão linear da história, isto é, a 
história tem um começo e um
fim; o mundo foi criado num certo 
ponto e um dia irá terminar.
Visão cíclica da história, isto é, a 
história se repete num ciclo eter-
no e o mundo dura de eternidade 
a eternidade.
 
 
Conceito de Deus
Deus é criador; Ele é todo-pode-
roso e é único. O monoteísmo é 
tipicamente ocidental.
O divino está presente em tudo. 
Ele se manifesta em muitas divin-
dades (politeísmo) ou como uma 
força impessoal que permeia tudo 
e a todos (panteísmo)
 
 
Noção de humanidade
Há um abismo entre Deus e o ser 
humano, entre o criador e a cria-
tura. O grande pecado é o homem 
desejar se transformar em Deus 
em vez de se sujeitar à vontade 
de Deus.
O homem pode alcançar a união 
com o divino mediante a ilumina-
ção súbita e o conhecimento.
48UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
 
 
Salvação
Deus redime o ser humano do pe-
cado, julga e dá a punição. Existe 
a noção de vida após a morte, no 
céu ou no inferno.
A salvação é se libertar do eterno 
ciclo da reencarnação da alma e 
do curso da ação. A graça vem 
por meio de atos de sacrifício ou 
do conhecimento místico
 
Ética
O fiel é um instrumento da ação 
divina e deve obedecer à vontade 
de Deus, abandonando o pecado 
e a passividade diante do mal.
Os ideais são passividade e a fuga 
do mundo.
Culto Orar, pregar, louvar Meditação, sacrifício
Fonte: Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 42).
Apesar de classificados e identificados seus principais fundamentos, as religiões 
mais tradicionais e universais são fruto da própria dinâmica que tiveram origem, deram 
sentido e espaço para mudanças. Nelas vemos uma adequação com o meio de vida nas 
sociedades mais complexas e urbanas.
Essas são respostas práticas de que o papel da religião nas sociedades acompa-
nha e sofre com os processos de mudança cultural e nela está envolvida uma nova visão 
sobre valores, regras, normas que vêm de encontro com a visão de mundo das pessoas.
Neste sentido, percebe-se que mesmo tais religiões históricas, mantendo-se em 
seus principais fundamentos, na atualidade, dividem com as novas religiões seus mem-
bros, que fortalecem um movimento contínuo da renovação do fenômeno religioso. Vamos 
debater este tema a seguir.
2.1 Novas Religiões sobre uma Nova Perspectiva
Se nos atentarmos aos processos avançados da industrialização e da tecnologia, ao 
avanço da ciência na atualidade, notamos novas tendências e novas explicações religiosas. 
Mesmo que as religiões se mantenham vivas, percebemos cada vez mais, principalmente 
nos meios urbanos e sociedades complexas, áreas cada vez maiores da vida social e 
cultural escapando às influências religiosas.
Para Gaarder, Hellern e Notaker (2005), além dos princípios religiosos terem per-
dido influência na vida social, também os conceitos éticos ensinados pelas religiões não 
afetam mais as questões sociais. Esse processo é conhecido por secularização.
Notamos no nosso dia a dia que esses fatos têm favorecido novos comportamentos 
e efeitos diversos sobre as pessoas. Alguns ainda mantêm sua crença religiosa, no entanto, 
é visível que há uma linha divisória entre a religião e a ciência. Alguns mantém a fé e 
49UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
ao mesmo tempo a consciência científica, outros ainda podem se revelar como ateus ou 
agnósticos:
Será que somos menos religiosos hoje do que éramos cinquenta anos atrás? 
Não é fácil responder. Na Europa, durante muito tempoa religião pareceu de-
sempenhar um papel menos influente na vida das pessoas. Porém, na esteira 
da descristianização, apareceram novos movimentos religiosos (GAARDER; 
HELLERN; NOTAKER, 2005, p. 272).
Fica claro que estão ocorrendo mudanças profundas e inevitáveis, e que, portanto, 
mesmo que a religião ainda seja um fenômeno muito presente, ela também passa por um 
processo de mudanças, inclusive estruturais. Percebe-se que, atualmente, a luta não é 
somente pelo processo de descristianização, mas também contra uma série de diferentes 
tendências religiosas, algumas muito em voga, como o esoterismo. “Tornou-se comum falar 
de uma ‘nova espiritualidade’. Por exemplo, na Dinamarca há mais líderes em tempo integral 
dentro de vários movimentos religiosos novos do que padres na Igreja cristã dinamarquesa” 
(GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2005, p. 272).
A nova espiritualidade engloba tendências e reestabelece uma nova roupagem, 
muitas vezes a antigas religiões, como novas companhias missionárias do hinduísmo e 
do budismo. A cada dia verificamos novas seitas cristãs e também seitas que não são 
cristãs, mas que adotam, para si, um conjunto de conceitos de várias religiões, inclusive 
de religiões de muita tradição, como o próprio judaísmo. Em outros casos ainda um novo 
modelo de esoterismo muito parecido com antigas religiões que misturam rituais de magia, 
mas ao mesmo tempo conceitos de ciência moderna.
Porém é mister que não nos apeguemos às denominações, mas sim no cerne 
central de novas tendências religiosas, as tendências esotéricas e os movimentos alterna-
tivos. De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), parte do contexto histórico desses 
novos movimentos foi a revolução da juventude da década de 1960, quando foram lançadas 
bases para novos grupos religiosos, também um renovado interesse pelo esoterismo e os 
movimentos hoje conhecidos por alternativos. Vejamos no Quadro 8 alguns elementos que 
aparecem nos novos movimentos religiosos:
50UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Quadro 8 - Tendências religiosas/esotéricas
Normalmente foram fundados por alguém com forte personalidade, que teve uma re-
velação da divindade e se sente chamado a liderar a Igreja. Pode ser uma “figura mes-
siânica” a quem as pessoas recorrem em épocas de crise espiritual, cultural ou políti-
ca. Também podem ser como em vários elementos inspirados no hinduísmo, um guru 
(mestre religioso) que exige a completa obediência e devoção aos seus discípulos. O 
guru não é necessariamente divino, mas representa o divino.
Os novos movimentos religiosos afirmam que são universais e aplicáveis a todos, e 
veem em si como a “religião das religiões”. Costumam afirmar que é na verdade a 
síntese de todas as grandes religiões do mundo – e transformaram Moisés, Jesus, 
Maomé, Krishna e Buda em seus precursores. Com frequência, a ideia é de que as 
velhas religiões já esgotaram seus papéis, pois cada uma em si só, contém somente 
uma fração da verdade.
Dá-se realce à experiência interior, considerada mais importante que o dogma ou as 
formalidades externas. Usualmente há nesses movimentos um elemento de revolta 
contra o status quo religioso ou contra a liderança religiosa. Eles desafiam as normas 
correntes e as práticas religiosas estabelecidas, e em casos extremos chegam até a 
infringir a lei. A experiência interior, segundo eles, propicia uma libertação total, que 
promove a tranquilidade, a harmonia e a felicidade.
O indivíduo pode encontrar a si mesmo. É justamente isso que a moderna sociedade 
precisa; é a solução para todos os problemas internos e externos. Alguns grupos res-
saltam que não se trata de religião, mas de uma forma de conhecimento e compreen-
são total e repentina. É uma questão de alcançar a experiência interior correta.
Os membros do movimento costumam manifestar um fervor na fé e um zelo religioso 
tais que são levados a devotar todas as suas energias à seita ou movimento. O indiví-
duo pode deixar sua casa – para viver em uma pequena comuna – assumir um novo 
nome ou abandonar seu emprego, seus estudos etc.
Fonte: Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 275).
Como vimos no quadro, as novas religiões mantêm, de certa forma, uma seme-
lhança com as grandes e tradicionais religiões mundiais, expondo seus conceitos, cultos e 
organização. 
Ainda é importante compreender que as religiões podem experimentar trocas e a 
essas trocas chamamos sincretismo. Historicamente é conhecido o surgimento de novas 
religiões no decorrer dos tempos, se levarmos em conta que as grandes religiões mundiais 
sofreram mudanças profundas, divisões, tendo como resultado, em muitas delas, o sur-
gimento de novas religiões totalmente distintas de sua raiz de origem. Em outros casos, 
51UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
somente houve o surgimento de novas igrejas, novas comunidades, mantendo-se o dogma 
central.
O fato que nos chama a atenção, no entanto, é o sincretismo religioso. Gaarder, 
Hellern e Notaker (2005, 274) nos revelam que “Uma característica típica das diversas 
orientações religiosas novas que vem surgindo é o que se conhece por sincretismo: a seita 
ou comunidade religiosa contém elementos de várias religiões diferentes”.
Se formos buscar na história, veremos que não há nada de muito novo. Como 
exemplo podemos citar a época do Império Romano que, em função sua expansão, acabou 
colocando em contato várias culturas diferentes que fizeram surgir novas religiões que 
tinham o mesmo procedimento, citado anteriormente, portanto, sincretismo também.
Mas uma coisa que nos chama a atenção é justamente a característica dos novos 
grupos – a exigência de que o indivíduo se entregue por inteiro, rompendo qualquer laço 
com sua vida anterior.
Para Mello (2008), a pessoa morre em sua antiga vida e renasce dentro da nova 
seita. Não basta ser simpatizante. Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), com fre-
quência o indivíduo deve doar tudo que possui e muitos já se viram destituídos de tudo 
depois de um encontro com um desses novos movimentos religiosos.
A seita inicia apresentando questões existenciais bastante conhecidas, principal-
mente as que afetam as pessoas em um limiar da vida adulta, e o diagnóstico é quase 
sempre certeiro. Essas seitas anunciam e apontam as coisas erradas nessa sociedade 
moderna e que, portanto, não se vive uma vida autêntica. Para alcançar a plenitude é 
preciso preencher o vazio e a falta de sentido para a existência.
Numerosos membros, dizem eles, estavam desestruturados pelo álcool 
ou pelas drogas quando foram recrutados. Mas há algo capaz de trazer 
uma renovação de tudo: a nova religião. Basta apenas aderir a ela e se 
comprometer. Se depois disso o novato tenta voltar para sua vida anterior, 
seus “padrinhos” na seita podem dificultar extremamente as coisas para ele 
(GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2005, p. 276).
Note que se lembrarmos das discussões da Unidade II, veremos uma condição 
em que a teoria psicológica e sociológica se coadunam para poder explicar o processo de 
crença e de fé, como ocorre nesse indivíduo. Logo, uma teoria central seria emergencial 
para a compreensão desses novos grupos religiosos.
Outra expressão religiosa se expressa em tendências esotéricas. Se formos buscar 
na raiz da palavra e o que ela engloba, perceberemos que esoterismo é tão abrangente 
quanto o termo religião. Nela concentra-se astrologia, espiritismo, ufologia, parapsicologia, 
variadas formas de magia, clarividência, teosofia e antroposofia.
52UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Esse fenômeno vem crescendo substancialmente desde as últimas décadas do 
século passado, no mundo todo, explicando, em partes, a generalização da secularização. 
Mesmo que essas tendências esotéricas não levem necessariamente à criação de novos 
organismos religiosos, a crença em ideias ocultistas exercem grande poder sobre o com-
portamento humano, tomando, muitasvezes, uma grande parte de sua filosofia de vida.
Como sabemos, o esoterismo não é um fenômeno novo, pelo contrário, foi uma das 
primeiras formas, juntamente com a religião propriamente dita, observada nos primeiros 
grupos humanos. Ela se manterá quase que em um paralelo e convivendo com as religiões 
desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e chegando renovada até os dias atuais.
Dentre as tendências esotéricas, podemos citar três mais evidentes: astrologia, 
espiritismo e a ufologia. Vejamos a seguir cada uma delas no quadro resumo:
Quadro 9 - Expressões esotéricas
Astrologia – tradição esotérica mais significativa na história europeia. Também a mais 
difundida das tendências ocultistas de hoje. Suas raízes se encontram na Mesopotâmia 
de 2000 a.C. Foi refinada depois dentro das culturas babilônica, grega e romana, e teve 
sua idade de ouro no início da época moderna, do século XIV ao XVI. Sua crença se 
resume no fato de que há uma correlação entre a posição dos astros e a vida humana 
individual. Hoje, assim como no período medieval, muitas pessoas acreditam que sua 
vida e personalidade – até mesmo o curso dos acontecimentos mundiais – são influen-
ciadas pelas posições relativas das estrelas e planetas no céu. De particular relevância 
é o mapa astral, isto é, aspecto celestial no momento do nascimento.
Espiritismo – é a crença num mundo dos espíritos e na possibilidade de os vivos entra-
rem em contato com os espíritos dos mortos. Realizam-se sessões durante as quais os 
chamados médiuns afirmam transmitir mensagens de um espírito. Isto também pode 
ser feito por meio da chamada “escrita automática” ou “psicografia”, em que um espírito 
controla a caneta do médium e dessa forma se comunica com os vivos. A ideia de que 
os mortos continuam a viver e que se pode estabelecer contato com eles é bastante an-
tiga, e teve representação especialmente clara nas religiões que chamamos de primais.
53UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Ufologia – uma tendência mais moderna dentro do esoterismo é a crença na existência 
de seres inteligentes em outros sistemas solares. Esses seres visitariam continuamen-
te nosso planeta em discos voadores ou OVINIs (Objetos Voadores não Identificados, 
expressão do jargão dos pilotos americanos; em inglês a sigla é UFOs, Unidentied 
Flying Objects). Muitas pessoas dizem que já viram seres do espaço – ou seja, que 
tiveram um encontro imediato de terceiro grau. Outras relatam que entraram em conta-
to com seres do espaço sideral durantes sessões espíritas. Essa crença se tornou tão 
forte, em especial nos Estados Unidos, que deve ser considerada um novo movimento 
religioso. Existem igrejas dirigidas aos OVINIs também em outras partes do mundo. 
George Adamski é um profeta que viaja pelo mundo contando suas conversas com 
seres de Vênus. Ele crê que o mundo esteja à beira de uma guerra atômica e que al-
gumas pessoas serão salvas e levadas para uma outra estrela do universo, em uma 
visão moderna da história da Arca de Noé. Os livros de Erich von Däniken se concen-
tram mais no passado e, segundo sua teoria diversos enigmas históricos só podem ser 
explicados se aceitarmos que a Terra foi visitada por astronautas de civilizações mais 
adiantadas vindas do espaço sideral.
Fonte: Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 277-280).
Outra categoria trata-se dos movimentos alternativos. Muito profuso desde meados 
dos anos 60 do século passado, muitos movimentos podem ser considerados neste rol, e 
ele surge como uma reação às igrejas estabelecidas, à ciência oficial e ao status quo. O 
ponto de vista que pregam muitas vezes é deveras impactante e apresentamos no Quadro 
10 algumas das características mais evidentes:
Quadro 10 - Expressões religiosas alternativas
Profunda desconfiança do materialismo – uma reação ao ponto de vista materialista e 
também à ciência aplicada, que levou ao acúmulo de armas atômicas e a ameaça am-
biental na Terra. O materialismo é prejudicial ao corpo e à mente, ano nosso ambiente 
físico e a nossa cultura como um todo.
Dá-se ênfase a valores espirituais mais profundos, muitos inspirados pela filosofia orien-
tal. Mais e mais pessoas estão se voltando para o carma e a reencarnação, ou para a 
interação entre o yin e yang, de maneira totalmente independente. Da mesma forma, o 
interesse pela meditação e pela ioga cresceu bastante nas últimas décadas – mais ou 
menos isolado de seu contexto religioso. Os astrólogos creem que estamos rumando 
para uma “nova era” (a Era de Aquário), a qual se caracterizará por uma orientação 
muito mais espiritual. Tais ideias, originalmente enraizadas num contexto religioso, per-
mitem-nos falar de uma nova “espiritualidade universal”.
54UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Muitas pessoas estimuladas também por um novo conhecimento. Várias ciências tradi-
cionais entraram em crise neste século, entre elas a física clássica e a física materialis-
ta. Contudo, em geral as conclusões que as pessoas tiram desse “novo conhecimento” 
vão muito além do que os especialistas achariam aceitável. O movimento da “Nova 
Era”, que surgiu na Califórnia, acredita que todo nosso processo científico de pensa-
mento está prestes a passar por uma “mudança de paradigma”, isto é, uma mudança 
fundamental para a própria natureza do pensamento científico.
Fonte: Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 280-281).
Além dos citados, muitas outras tentativas são observadas para se encontrar novas 
alternativas ou novos canais para o pensamento da saúde e da medicina. De acordo com o 
que é observado na mídia atual, a medicina tradicional ou acadêmica pode ser substituída 
pela homeopatia ou ainda a naturopatia. Como exemplos concretos verificamos o grande 
grau de procura e de interesse pela acupuntura, análise da aura, curas espirituais, entre 
outros.
Também muito comum dentro dos movimentos alternativos é o interesse pela pa-
rapsicologia, área que se dedica ao estudo dos fenômenos extrassensoriais, dentre elas a 
telepatia. De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), em várias regiões do mundo 
a parapsicologia é hoje uma disciplina científica séria, mas também é ponto pacífico para 
muita fraude.
Outros movimentos alternativos buscam no holismo (do grego Holos, “total”, “intei-
ro”), se crê que essa será uma nova visão científica, em que o todo afeta as partes.
Cada órgão dentro do indivíduo é parte de um sistema ecológico, e nosso planeta 
tem uma relação orgânica com o resto do universo (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 
2005). Frisamos que essa também não é uma tendência totalmente nova, pois já existia de 
certa maneira na Antiguidade. 
O que fica claro em todos esses modelos apresentados é que os movimentos alter-
nativos têm foco central baseado na mudança, na forma de pensar. Principalmente buscam 
uma nova forma ou um novo estilo de vida, compreendendo que os modelos de vida na 
atualidade estão errados e em desacordo com o que deveria ser.
55UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
SAIBA MAIS
Aprender sobre religião nos desmascara os preconceitos religiosos. Muitos líderes re-
ligiosos no Brasil, por exemplo, criticam as religiões de matriz africana, acusando-as 
de serem demoníacas. Esses mesmos líderes parecem não atribuir o mesmo caráter 
demonificado ao personagem Thor dos filmes da Marvel. Ora, tanto os orixás da um-
banda e candomblé quanto Thor, que foi inspirado na mitologia nórdica, são e/ou foram 
expressões religiosas. Entretanto, Thor, um personagem europeu, nórdico e loiro, não 
sofre um processo de demonização sofrido pelos orixás negros da umbanda. Aqueles 
que demonizam Ogum e Iemanjá desprezam o fato que essas divindades exigiam de 
seus seguidores sacrifícios animais, enquanto Thor exigia sacrifícios humanos. 
Fonte: os autores.
REFLITA 
“A Religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência” 
(Friedrich Schleiermacher).
56UNIDADE III Manifestações ReligiosasHistóricas e Contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Nessa unidade foi possível verificar que as ciências da religião tentam dividir as 
religiões em três categorias e, de certa forma, coincidem com três tipos distintos de socie-
dade, as religiões primais, religiões nacionais e religiões mundiais. A primais são aquelas 
que os estudiosos costumam chamar de religiões primitivas.
Em seguida estudamos as religiões nacionais, das quais encontramos uma grande 
quantidade de religiões, inclusive já extintas em alguns casos, que historicamente fizeram 
ou fazem parte do contexto social e cultural dessas nações.
Por fim, as religiões mundiais, que pretendem ter uma validade global, ou seja, uma 
validade para todas as pessoas. Podem ser chamadas também de religiões universais. 
Notamos também no decorrer da unidade que a modernidade tem favorecido novos 
comportamentos e efeitos diversos sobre as pessoas. Alguns ainda mantêm sua crença 
religiosa, no entanto é possível observar uma linha divisória entre a religião e a ciência. 
Assim, percebemos uma nova tendência para os fenômenos religiosos, dos quais dividimos 
em três categorias: o sincretismo, o esoterismo e movimentos alternativos.
Compreendemos que parte do contexto histórico desses novos movimentos foi a 
revolução da juventude da década de 1960, quando foram lançadas bases para novos 
grupos religiosos, também um renovado interesse pelo esoterismo e os movimentos hoje 
conhecidos por alternativos.
Essas abordagens nos abrem espaço para, na próxima unidade, debatermos sobre 
o pluralismo religioso. Vamos aos estudos então.
57UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: O futuro da religião na sociedade Global
Autor: Alberto Silva Moreira, Irene Dias de Oliveira (Orgs.)
Editora: Paulus.
Sinopse: O tema gerador deste livro é a necessidade de um olhar 
multicultural para o futuro que a sociedade global reserva à religião. 
O debate sobre o presente e as tendências que se prospectam 
para o fenômeno religioso, no acelerado processo de globalização 
em que vivemos, envolve pesquisadores do mundo inteiro que, 
desde as especificidades de cada ciência e de cada país ou região, 
procuram compreender um fenômeno de alcance global.
LIVRO 2
Título: Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente
Autor: Edward W. Said
Editora: Cia das Letras
Sinopse: Neste livro, de 1978, um clássico dos estudos culturais, 
Edward W. Said mostra que o “Oriente” não é um nome geográfico 
entre outros, mas uma invenção cultural e política do “Ocidente” 
que reúne as várias civilizações a leste da Europa sob o mesmo 
signo do exotismo e da inferioridade.
FILME/VÍDEO 
Título: A Cruzada
Ano: 2005
Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que 
guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita 
de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um 
conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter 
a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também à essa 
meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título 
de nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, 
Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado 
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa Si-
bylla (Eva Green), a irmã do rei.
58
Plano de Estudo:
● A pluralidade no contexto religioso
● O diálogo inter-religioso
● Tolerância e Ética
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o processo do pluralismo religioso
● Discutir a tolerância e o diálogo inter-religioso
UNIDADE IV
Pluralismo, Tolerância e Diálogo
Inter-Religioso
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
59UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
INTRODUÇÃO
Desde o iluminismo, vemos uma sociedade que busca pela liberdade de expressão, 
por um estado laico e que foge cada vez mais aos dogmas religiosos. Por outro lado, essa 
mesma sociedade não abandona a espiritualidade, pelo contrário, com o pluralismo vieram 
novas ideias e novos ideais, dentre eles a derrubada do monopólio religioso em prol de 
novas tendências religiosas. 
Nesta unidade iremos discutir esse tema e também sobre os desafios do diálogo 
inter-religioso, a posição dos direitos humanos frente às perspectivas das grandes religiões 
e também sobre a tolerância religiosa, na busca de uma ética universal nesse sentido.
60UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
1. A PLURALIDADE NO CONTEXTO RELIGIOSO
Nossa sociedade está em constantes transformações sociais. Já no fim da idade 
média e início da modernidade o mundo vinha passando por grandes mudanças que afeta-
ram nossas vidas, fazendo com que nossa história seja escrita com novos episódios, dentre 
eles o pluralismo religioso, uma vez que vivemos em uma grande diversidade religiosa.
Podemos afirmar que a modernidade nos encaminhou para um fenômeno social 
que desencadeou o processo de pluralidade, transformando o comportamento dos homens 
na sociedade.
Historicamente, desde o advento do iluminismo cultural europeu do século XVIII, a 
sociedade ocidental recebeu novas compreensões e esclarecimentos para tratar os proble-
mas sociais fora dos vieses da igreja. Com a razão dominando o cenário, novas perspectivas 
surgem em diversos setores da sociedade que iniciam o processo de secularização:
O movimento iluminista depositava uma imensa fé na capacidade de a huma-
nidade utilizar-se da razão e assim progredir. Advogar que, utilizando-se da 
razão, os seres humanos podiam melhorar sua condição levou ao surgimento 
de um grande interesse por parte de certos setores da sociedade na divul-
gação de conhecimentos científicos e práticos (QUINTANEIRO; OLIVEIRA; 
OLIVEIRA, 2003, p. 15).
No processo do iluminismo percebemos os primeiros sinais do pluralismo, uma 
vez que se pregava a diversidade do conhecimento, englobando os temas, educacionais, 
políticos, filosóficos etc. Nesse termo, a liberdade toma os sentimentos dos indivíduos, 
inclusive de questionar os argumentos e os principais dogmas religiosos. Para Sanches 
(2010, p. 39),
61UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
[...] na sociedade moderna o grande passo para o pluralismo em geral foi jus-
tamente o processo de secularização entendido como ruptura do monopólio 
de interpretação possuído pela Igreja católica romana.” A pluralidade passou 
a ser uma das características do homem moderno. Na modernidade cada 
pessoa faz uso da visão que melhor convém diante de problemas existentes 
no mundo. A pluralidade é a manifestação da riqueza do pensamento huma-
no. É a aceitação da multiplicidade do pensar de pessoas ou grupo social que 
por sua vez tem a liberdade de expressar o que pensa. 
Sanches (2010, p. 41) compreende de tal forma esse processo de transformação 
social que afirma:
A ruptura do monopólio religioso não traz apenas mudanças para o campo 
religioso, mas, sobretudo, altera as representações da realidade. O ser hu-
mano moderno, ao olhar o mundo, já não absolutiza a dimensão religiosa e, 
portanto, observa a realidade fora dos limites impostos pelo modelo religioso 
medieval. Se antes o seu olhar era unívoco, agora ele é plural. 
Uma vez que a razão se coloca em evidência, vai aos poucos substituindo o pensa-
mento mítico. Da mesma maneira, o clero vai, aos poucos, recuar com o que considerava 
até então como heresia. Assim, no processo de avanço da modernidade, a pluralidade 
segue o caminho oposto da doutrina, ou seja, passa a agregar e englobar vários conceitos, 
sejam eles científicos ou não.
No decorrer da modernidade, verificamos a expansão do pluralismo religioso, uma 
vez que o estado está sendo secularizado e se tornando laico. Por assim dizer, se o estado 
é laico, também é possível a abertura para novas posturas, inclusive religiosas, ou seja, 
uma sociedade sem restrições, aberta para suas escolhas. Emoutras palavras, um estado 
laico visa, em última instância, um órgão governamental democrático e livre, derrubando, 
inclusive, o monopólio religioso. Todo esse processo leva indelevelmente a um novo para-
digma social que tem por objetivo a pluralidade religiosa e a liberdade do indivíduo.
Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 283) afirmam que:
o Brasil vive no momento um apogeu de liberdade religiosa, ou seja, as reli-
giões nunca foram tão livres como agora.” [...] tal liberdade conduz o processo 
de pluralização religiosa a ser independente de qualquer monopólio religioso. 
No cenário de uma sociedade plural, os indivíduos são livres para manifestar 
suas crenças sem precisar esconder sua identidade religiosa. 
Analisemos que, se por um lado a secularização se separa do mundo sagrado, 
não quer dizer que exista a ausência da religião. Pelo contrário, ela é manifestada como 
resultado próprio da liberdade do indivíduo, provinda de uma natureza humana. Em última 
análise, o pluralismo religioso é uma manifestação do homem que, em sua dinâmica social, 
busca um sentido para vida. Como confirma Panasiewicz (2010, p. 113):
A religião é a busca de construir um mundo com sentido transcendental 
independente do sentido dado pela racionalidade. Ela brota de onde emer-
gem os desejos, as fantasias, os sonhos e as utopias. Ela é a expressão da 
religiosidade do ser humano.
62UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
 Portanto, estamos falando de um paradigma social muito atual, visto que o plura-
lismo religioso corrobora para os preceitos de liberdade humana e também corresponde 
às necessidades espirituais do homem moderno. Uma das vertentes atuais do pluralismo 
religioso é o trânsito religioso:
que desencadeou um posicionamento focado numa mentalidade secular, 
revelando uma transição na busca do sagrado e a satisfação pessoal. Por 
não haver uma solidez na composição religiosa do indivíduo, ele migra-se 
para outra religião consequentemente mudando seus rituais e a maneira de 
conceber o sagrado. Na visão de Vilhena (2005) “Conforme as circunstâncias 
e as necessidades sociais, novos ritos podem ser criados ou resignificados” 
(GOMES; SOUZA, 2013, p. 5).
Podemos citar que, no Brasil, já há algumas décadas está ocorrendo de forma 
linear o trânsito religioso. Vejamos o que nos mostram os dados do recenseamento do 
IBGE de 2010:
Censo Demográfico 2000 mostrou acentuada redução do percentual de pes-
soas da religião católica romana, o qual passou a ser de 73,6%, o aumento 
do total de pessoas que se declararam evangélicas, 15,4% da população, e 
sem religião, 7,4% dos residentes. Observou-se, ainda, o ligeiro crescimento 
dos que se declararam espíritas (de 1,1%, em 1991, para 1,3% em 2000) e 
do conjunto de outras religiosidades que se elevou de 1,4%, em 1991, para 
1,8% em 2000. Fontes: Diretoria Geral de Estatística, Recenseamento do 
Brasil 1872/1890; e IBGE, Censo Demográfico 1940/1991 (IBGE, 2010, p. 
89-90).
É possível, portanto, observar, nesse contexto da globalização, pautado na se-
cularização, novos grupos religiosos buscando se apresentar nos mais diversos meios 
midiáticos, o que incentiva no indivíduo a busca por se engajar em um novo grupo religioso, 
sempre com propostas inovadoras, atraentes e que vem de encontro com os anseios, as 
angústias e os problemas existenciais deste homem contemporâneo.
De acordo com o que afirma Sanches (2010, p. 64), “A melhor religião é aquela 
que te faz melhor”. A viabilidade do trânsito religioso é decorrente das transformações nas 
religiões para se adequarem às necessidades do homem moderno.
Ou seja, as pessoas em um mundo individualista, secular, pluralista, buscam cada 
vez mais se identificar com uma religiosidade que as satisfaça, deixando, muitas vezes, as 
religiões de seus antepassados, gerando uma renovação, inclusive na compreensão da 
estrutura das religiões.
Se, por um lado, verificamos essa migração, por outro, nossa análise se mantém 
inalterada quanto as teorias da religião que explicam tanto o fenômeno quanto os motivos 
sociais e psicológicos que levam às pessoas a manterem viva a necessidade da religiosi-
dade.
63UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
1.1 O Diálogo Inter-Religioso
 Ao mesmo tempo em que vivemos um mundo plural, temos, por outro lado, o grande 
desafio da humanidade que é a compreensão, o respeito, o entendimento e a convivência 
com seres tão diferentes em suas mais diversas concepções culturais e, consequentemen-
te, religiosas também. Como apontam Gomes e Souza (2013, p. 6):
São muitas as maneiras onde a intolerância e o preconceito se resultam em 
prática egoísta e etnocêntrica. A falta do diálogo inter-religioso faz com que os 
indivíduos de uma religião vivam de maneira a pensar que somente sua reli-
gião deve ser aceita na sociedade e a do outro deve ser negada. O resultado 
não é outro se não uma barreira que obstrui a interlocução.
A importância do diálogo inter-religioso nos sugere a construção de uma sociedade 
que, pelo fato de ter sua liberdade de escolha ilimitada, tenha justeza e que, ao mesmo 
tempo, valorize a diversidade, inclusive religiosa, e o direito à preservação da identidade 
das religiões.
Como expõe Tillich (1968 apud TEIXEIRA, 2012, p. 173),
O diálogo verdadeiro não se dá através do abandono da tradição religiosa, 
mas de seu aprofundamento mediante a oração, o pensamento e a ação.” 
No diálogo inter-religioso não é preciso esconder a identidade religiosa para 
se aproximar do outro. Não é necessário negar a tradição religiosa para se 
dialogar, pois esse diálogo tem como princípio a alteridade.
 Uma sociedade que está apta ao pluralismo deve se mostrar pronta a dar suporte 
a novos caminhos, proporcionando ambientes preparados para a tolerância e que haja um 
ambiente de respeito recíproco. Conforme afirma Pontifício (apud TEIXEIRA, 2012): “O 
verdadeiro diálogo inter-religioso acontece quando se respeita em profundidade o ‘enigma’ 
da pluralidade religiosa em sua diferença irredutível e irrevogável”.
Na verdade, mitos são os desafios da pluralidade religiosa, manter, nesse sentido, 
o diálogo inter-religioso pode levar a algumas deliberações que se concentram em fatores 
importantes para um movimento ecumênico, solidificando, assim, ações e o compromisso 
da igreja com a justiça social e como meio de tentar resgatar a ética no meio social, bus-
cando, inclusive, a superação da violência. Importante frisar também que nesse processo 
do diálogo inter-religioso, como as religiões são muito heterogêneas, a participação da 
maioria, seja originalmente ou representada por associações, devem discutir ações no qual 
não podem faltar os fundamentos de liberdade, e respeito em uma sociedade laica.
Esse contexto, a respeito de uma sociedade laica, traz à tona a discussão sobre os 
direitos humanos fundamentais.
Onde reside o fundamento dos direitos humanos fundamentais? Em outras pala-
vras: qual a base que sustenta a existência e indispensabilidade desses direitos? Existe um 
64UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
pressuposto, universalmente válido, capaz de levar-nos à conclusão de que toda e qualquer 
pessoa é titular de direitos humanos fundamentais? A resposta é de difícil elaboração e 
deve colher as mais diversas contribuições históricas. 
Antes de apontarmos qual o fundamento dos direitos humanos fundamentais, veja-
mos, em breve síntese, a contribuição religiosa a respeito. As maiores religiões e sistemas 
filosóficos da Humanidade parecem corroborar as ideias difundidas, ao menos em parte, 
pelo sistema internacional de Direitos Humanos. Assim acontece com o Cristianismo, o 
Judaísmo, o Islamismo, o Budismo, as religiões e tradições Afro- Brasileiras.
No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, prega-se a fraternidade, a universalida-
de do gênero humano, a solidariedade com os órfãos, os pobres, os viajantes, os mendigos, 
os homens fracos,as mulheres e as crianças. Condena-se a opressão e estatui-se o direito 
de rebelar-se contra ela. Aliás, existe uma Declaração Islâmica Universal dos Direitos do 
Homem, de origem não-governamental, cuja introdução afirma que o Islã deu à humanida-
de, há 14 séculos, um código ideal dos direitos humanos. 
De certa forma, há uma semelhança entre a visão do islamismo sobre o ser humano 
e as visões cristã e judaica. É verdade, no entanto, que a ausência de laicidade no siste-
ma islâmico não combina com a ideia de democracia, do contrário, assemelha-se muito 
mais a uma concepção totalitária, que não separa religião de política. Entretanto, se há 
contribuições desse segmento religioso, elas não podem ser desconsideradas, sobretudo 
porque a noção de dignidade da pessoa humana, assim como um sistema universal eficaz 
de proteção dos direitos humanos, somente pode ser alcançada mediante a participação de 
todos os grupos sociais existentes.
Já no cerne do judaísmo/cristianismo, percebe-se que o homem e a mulher recebe-
ram uma posição de destaque na ordem da criação, ficando incumbidos de dominar sobre 
todas as demais criaturas, justamente por terem sido criados à imagem e à semelhança 
divina. Após a criação do céu, terra e água e também de todos os animais irracionais, Deus 
criou um ser capaz de admirar sua criação de maneira racional, concedendo-lhe o privilégio 
de governar sobre as demais criaturas. Ao homem restou a incumbência de nomear os ani-
mais, soando perfeitamente nítida a superioridade que lhe foi atribuída por Deus. Tal relevo 
foi apontado pelo salmista (Salmo 8), que chegou a mencionar que o homem seria “pouco 
menos do que um deus”. Tais fatores, aliados à figura da fé monoteísta, ou seja, a crença 
em um Deus único e transcendente, superior ao homem, imortal, não sujeito às paixões 
humanas, anterior a tudo, foi, conforme constata o ilustre jurista Fábio Konder Comparato 
65UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
(2006), a maior contribuição do povo da Bíblia à humanidade: a justificativa religiosa da 
preeminência do ser humano no mundo surgiu com a afirmação da fé monoteísta.
A grande contribuição do povo da Bíblia à humanidade, uma das maiores, aliás, de 
toda a história, foi a ideia da criação do mundo por um Deus único e transcendente. Os deu-
ses antigos, de certa forma, faziam parte do mundo, como super-homens, com as mesmas 
paixões e defeitos do ser humano. Lahweh, muito ao contrário, como criador de tudo o que 
existe, é anterior e superior ao mundo. O conhecimento de ser criado à imagem de Deus e 
possuir muitas de suas características motivaram a projeção de uma imagem própria, em 
permanente construção e evolução, no sentido de que: todos os seres humanos, apesar 
das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual 
respeito, como únicos entes no mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a 
beleza (COMPARATO, 2006). 
Uma vez que todos, sem qualquer exceção, foram criados à imagem e semelhança 
divina, nenhum indivíduo pode se afirmar superior aos demais, seja por critérios de gênero, 
etnia, classe social, grupo religioso ou nação, de modo que é essa igualdade de essência 
da pessoa que forma o núcleo do conceito universal de direitos humanos (COMPARATO, 
2010).
O Jurista João Baptista Herkenhoff (2002) esclarece que o traço de união indisso-
ciável entre Cristianismo e Direitos Humanos resulta de que o valor do homem diante de 
Deus não está nem na cor de sua pele, nem no seu sexo, nem no seu estatuto social, nem 
muito menos na sua riqueza, mas no fato de que, em Cristo, ele é aceito como filho de um 
mesmo Deus. 
A partir dessa constatação, o jurista Ingo Wolfgang Sarlet (2009) sustenta que a 
criação do ser humano, à imagem e semelhança divina, foi um passo para que o valor 
próprio intrínseco de cada pessoa constituísse o pressuposto pelo qual ninguém poderia 
ser transformado em mero objeto ou instrumento, tese profundamente trabalhada por 
Immanuel Kant. Entretanto, concordamos com a advertência do jurista no sentido de não 
parecer correto reivindicar – no contexto das religiões professadas pelo ser humano ao 
longo dos tempos – para a religião cristã a exclusividade de uma concepção de dignidade 
da pessoa humana (SARLET, 2009). Nesse sentido, a semente dos Direitos Humanos tam-
bém pode ser sentida no Budismo, que pregou a igualdade essencial de todos os homens 
e a prevalência dos atos de virtude, visando a plena realização da natureza humana e a 
formulação de uma sociedade perfeita e pacífica.
66UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
O Taoísmo, fundado por Lao-Tseu, que morreu cerca de 5 séculos antes de Jesus 
Cristo, alicerça sua base na existência de um ser que é o princípio de todas as coisas, 
um Ser inominado, designado como “Tao”, ou, “mãe de todas as coisas”, diferentemente 
de outras religiões e filosofias, que designam o princípio ou Deus do gênero masculino 
(HERKENHOFF, 2002). Em síntese, essa religião prega que o mundo é instável e está 
em permanente evolução, e as pessoas devem seguir seu curso em liberdade, buscando 
afastar-se do tumulto, aproximando-se do chamado ritmo universal, valorizando, sobretudo, 
o respeito às pessoas e a liberdade de cada um (HERKENHOFF, 2002).
Os povos africanos, por seu turno, conseguiram o milagre de manter até hoje 
sua identidade, superando a violência e a brutalidade de sua transposição forçada para 
o Continente Americano, até hoje sentida, seja pelo racismo institucionalizado, seja pelo 
gradual genocídio, pela mortandade dos jovens, vítimas, quase sempre, da intolerância e 
preconceito racial de que padecem. O povo negro transformou o grito de sofrimento em 
grito de resistência. As religiões africanas expressam o sentido de respeito à dignidade 
da pessoa humana, a ideia de uma transmissão cultural de geração a geração, fatores 
intimamente ligados à cultura de existência dos Direitos Humanos.
A igualdade apregoada em todas as religiões expostas forma o núcleo essencial 
dos direitos humanos fundamentais, mas não é exatamente o seu fundamento. Demonstrar 
a contribuição religiosa a respeito da igualdade teve, no entanto, uma finalidade: esclarecer 
que, embora a dogmática religiosa tenha especial relevância, o fundamento de validade do 
direito em geral e, em especial, dos direitos humanos, segundo a tendência moderna, não 
deve ser procurado na esfera sobrenatural da revelação religiosa, como antes já aconteceu.
Segundo os ensinamentos do Professor Fábio Konder Comparato (2006), “se o 
direito é uma criação humana, o seu valor deriva, justamente, daquele que o criou. O que 
significa que esse fundamento não é outro, senão o próprio homem”. Isso não significa 
que as contribuições religiosas sejam meros dados históricos. Elas indicam o caminho 
para encontrarmos o correto fundamento dos direitos humanos. Uma das mais importantes 
declarações históricas sobre os direitos humanos, redigida em 1948 e certamente influen-
ciada por todos os documentos que a precederam, também influenciados pelas raízes 
filosóficas e religiosas de tempos passados, tem início com a assertiva de que “todos os 
seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos” (art. 1º), espírito absorvido 
pela Constituição Federal de 1988 (2008), que elegeu a dignidade da pessoa humana com 
um dos fundamentos do Estado Brasileiro (art. 1º, inciso III). 
67UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
Essa tal dignidade, que será estudada de maneira mais detalhada na próxima 
Seção, consiste, em apertada síntese propositalmente incompleta, na “qualidade intrínseca 
e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e 
consideração por parte do Estado e da comunidade” (SARLET, 2009, p. 67).
Vale dizer, em miúdas palavras, que é em razão de possuir dignidade que cada 
pessoa é titular de direitoshumanos fundamentais. Cada um de nós distingue-se do outro 
por sua personalidade, mas todos os homens, sem exceção, são dotados de dignidade. 
A dignidade irradia efeitos como a capacidade inventiva do homem. Discorrendo sobre 
ela com absoluta maestria, Fábio Konder Comparato (2006) explica que: os pássaros 
constroem seus ninhos, desde a primeira fase de sua evolução como espécie, com uma 
técnica basicamente sempre igual a si mesma. Na espécie humana, ao contrário, não há 
técnicas imutáveis nem tampouco limitadas em numerus clausus: a evolução é constante-
mente dirigida pela aptidão inventiva do ser humano, que põe livremente os fins e inventa 
os meios mais aptos a alcançá-los. O chimpanzé serve-se habitualmente de seixos como 
instrumento ou ferramenta; mas nunca ninguém viu esse primata fabricar um instrumento 
por ele especialmente inventado, a fim de conseguir certo resultado na vida pacífica ou em 
combate com outros animais.
A razão humana, como reflexo da dignidade, “não se limita, apenas, à racionalidade 
lógica ou geométrica” (COMPARATO: 2006). Somos seres emotivos, sensíveis, e isso está 
intimamente ligado à nossa capacidade expressional, que também é um desdobramento da 
racionalidade. O homem contém uma característica essencial chamada razão axiológica. 
Tal razão axiológica consiste na capacidade que cada ser humano tem de valorar as coisas, 
apreciando valores na esfera ética, estética e religiosa, o que foge, obviamente, de uma 
percepção puramente lógica, mas, pelo contrário, é predominantemente emotiva (COMPA-
RATO: 2006).
Isso permite que o homem valore as normas e julgue-as segundo sua racionalida-
de. É por este caminho que, percebendo a dignidade de cada ser humano e sua necessária 
proteção, os direitos humanos fundamentais são identificados e defendidos. Mas, afinal, 
no que consiste a dignidade da pessoa humana? Com efeito, dizer simplesmente que a 
dignidade é a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano, que o faz 
merecedor de respeito por parte do Estado, não nos leva muito longe. 
Fica difícil, sem um estudo aprofundado, manusear esse conceito na esfera do 
direito e das realizações jurídicas. É primordial, portanto, que passemos ao estudo, ainda 
que pontual, do que é a dignidade da pessoa humana e qual sua importância na defesa dos 
direitos humanos fundamentais. 
68UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
2. TOLERÂNCIA E ÉTICA
Duas questões são importantes dentro do processo do pluralismo e do diálogo 
inter-religioso, uma delas é a tolerância e a outra é aquilo que se prega dentro de todo 
dogma religioso, que é um comportamento ético. Sem esses dois elementos, no mundo 
atual, fica difícil pensar em pluralismo religioso, tampouco em diálogo inter-religioso.
A tolerância, ou seja, o respeito pelas pessoas que têm pontos de vista diferentes, 
deveria ser o tema recorrente e o foco principal dentro de qualquer estudo que se faça 
sobre manifestações culturais, inclusive e sobretudo a religiosidade.
Como expõem Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 17),
Não significa necessariamente o desaparecimento das diferenças e das 
contradições, ou que não importa no que você acredita, se é que acredita 
em alguma coisa. Uma atitude tolerante pode perfeitamente coexistir com 
uma sólida fé de converter os outros. Porém, a tolerância não compatível 
com atitudes como zombar das opiniões alheias ou se utilizar da força e de 
ameaças. 
A tolerância, portanto, não limita o direito de fazer a pregação dos conceitos que 
cada um acredita, no entanto que ela não infrinja os limites de respeito pelas outras formas 
religião, o que fere a liberdade de escolha de cada um, e também da coexistência pacífica.
Os registros históricos têm uma longa lista de muitos exemplos de fanatismo e 
intolerância, basta nos lembrarmos de casos bem recentes, como o antissemitismo nazista 
ou mesmo do Estado islâmico, que jorram notícias todos os dias na mídia.
69UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
Já houve na história religiões em guerra umas contra outras, basta nos lembrar-
mos das cruzadas na Idade Média, milhares de pessoas já foram também perseguidas 
no mundo em nome da religião e, infelizmente, mesmo com todos os avanços do mundo 
contemporâneo, não conseguimos de todo superar isso.
A tolerância não significa aceitar tudo como se fosse comum ou correto, no entanto 
devemos compreender que cada um tem direito de defender seus pontos de vista, e estes 
não podem, por sua vez, violar os direitos humanos básicos.
Neste ponto tocamos em uma questão delicada, mas importante, que é a Ética. 
Lembrando que dentro das religiões pode estar a resposta para o desafio de pessoas mais 
éticas e que pratiquem a tolerância.
Como aponta Mello (2008), as religiões, com frequência, não fazem distinção entre 
o plano ético e o plano religioso. Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 34), mais além, nos 
explicam que:
Os costumes da tribo, as regras ou princípios morais da casta são tão religiosos 
quanto os sacrifícios e orações. Entre os dez mandamentos de que Moisés deu 
aos judeus havia os que tratavam de religião – “Não terás outros deuses diante 
de mim” – e os relativos a ética – “Não matarás”. Incluem-se cinco pilares dos 
muçulmanos tanto o orar a Deus como o de dar esmola aos pobres. 
Portanto, não há distinção entre ética e religião, se, dentro do conceito do sagrado, 
o homem é uma criação divina, significa dizer que o homem é responsável perante Deus 
por todos os seus atos, sejam eles políticos, morais, sociais ou rituais.
De acordo com Geertz (1989), nas sociedades em que coexistem várias religiões 
e vários pontos de vista, consideram vincular a ética exclusivamente à religião. Ou seja, 
fora isso, a própria sociedade deve ter sua linha de conduta ética bem clara, sendo que 
algumas precisam ser reforçadas juridicamente. No entanto a religião tem o poder de tornar 
mais brando o comportamento do ser humano, uma vez que serve também como forma de 
controle social em várias sociedades e em geral das pessoas que são engajadas dentro de 
suas seitas.
Podemos citar como pioneira a sociedade Romana, que, de forma sistemática, 
criou um arcabouço legal que pudesse ser usado por todos os povos, independente de qual 
religião fosse o cidadão.
Gaarder, Hellern e Notaker (2005, p. 35) nos explicam que:
O direito romano se tornou a base para todos os sistemas legais subse-
quentes nos Estados seculares modernos [...] Hoje muitos países aceitam a 
Declaração dos Direitos Humanos, proclamada pelas Nações Unidas, como 
uma afirmação ética comum, seja qual for a religião ou perspectiva geral do 
país.
70UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
Mesmo tendo essas bases legais, afirmamos que dentro de cada movimento, de 
cada seita, se encontra o início para a discussão de um pluralismo mais pleno em de-
terminados lugares que não conquistaram isso, e também para um tão sonhado diálogo 
inter-religioso que pode levar a humanidade a um estado de paz mas duradouro.
SAIBA MAIS
As cinco religiões mais praticadas no mundo são o cristianismo, o islamismo, o hin-
duísmo, as religiões chinesas — taoísmo e confucionismo — e o budismo. Todas elas 
nasceram na Ásia. 
Fonte: os autores.
REFLITA
“Religião significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acre-
dita ou do qual se sente dependente. Essa relação se expressa em emoções especiais 
(confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e ética)” 
(C. P. Tiele).
71UNIDADE IV Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta unidade e foi possível compreender que o pluralismo re-
ligioso é um fenômeno que surgiu na modernidade, responsável pela desestruturação de 
algumas bases religiosas, até então historicamente fechadas, que abriram precedentes 
para as transformações não somente religiosas, mas também em um contextosocial. Por-
tanto o pluralismo religioso, historicamente, desbanca o monopólio e valoriza a pluralidade, 
seja ela religiosa, científica ou filosófica. O fato é que esse fenômeno mudou a forma das 
pessoas conhecerem o mundo em que viviam, tendo a liberdade de escolha como princípio 
básico.
Verificamos que a pluralidade e a modernidade abrem espaço ao novo e nos convi-
da a um desafio cada vez maior, mediante toda a dinâmica social que se percebe por meio 
das revoluções tecnológicas e a maneira de viver das pessoas.
Essas mudanças, por fim, deixam claro que é preciso rever nossos conceitos, a 
nossa cosmovisão religiosa e, assim, fazer uma nova releitura do mundo, sem, contudo, 
perder as referências da nossa identidade. O que o(a) espera, portanto, é uma complexida-
de da qual não temos como fugir.
72
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Pluralismo Religioso Contemporâneo
Autor: Roberlei Panasiewicz
Editora: Paulus
Sinopse: À luz da reflexão teológica de Claude Geffré, o autor in-
vestiga a identidade cristã e particularmente a católica, em diálogo 
com as tradições religiosas.
LIVRO 2
Título: As formas elementares da vida religiosa
Autor: Émile Durkheim
Editora: Paulus
Sinopse: O presente texto compõe-se de três livros: questões pre-
liminares: definição do fenômeno religioso e da religião elementar 
o totemismo como religião elementar as crenças elementares: as 
crenças propriamente totêmicas a origem das crenças totêmicas 
a noção de alma a noção de espíritos e de deuses as principais 
atitudes rituais: o culto negativo e suas funções o culto positivo os 
ritos piaculares e a ambiguidade da noção de sagrado.
FILME/VÍDEO
Título: A paixão de Cristo
Ano: 2004
Sinopse: As últimas 12 horas da vida de Jesus de Nazaré (James 
Caviezel). No meio da noite, Jesus é traído por Judas (Luca Lionello) 
e é preso por soldados no Monte das Oliveiras, sob o comando de 
religiosos hebreus, que eram liderados por Caifás (Matti Sbragia). 
Após ser severamente espancado pelos seus captores, Jesus é 
entregue para o governador romano na Judeia, Poncio Pilatos 
(Hristo Shopov), pois só ele poderia ordenar a pena de morte para 
Jesus. Pilatos não entende o que aquele homem pode ter feito de 
tão horrível para pedirem a pena máxima e eram os hebreus que 
pediam isto. Pilatos tenta passar a decisão para Herodes (Luca de 
Domenicis), governador da Galileia, pois Jesus era de lá. Herodes 
também não encontra nada que incrimine Jesus e o assunto volta 
para Pilatos, que vai perdendo o controle da situação enquanto 
boa parte da população pede que Jesus seja crucificado. Tentando 
acalmar o povo e a província, que detesta, Pilatos vai cedendo sob 
os olhares incriminadores de Claudia (Claudia Gerini), sua mulher, 
que considera Jesus um santo.
73
REFERÊNCIAS
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75
CONCLUSÃO GERAL
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao fim de uma discussão que perpassou os limites 
da fé e da religiosidade.
Verificamos que o ser humano é necessariamente um ser que sensitivamente se 
conecta com a natureza de maneira diferente de outros animais, ou seja, ele pode interpre-
tar e sentir fenômenos naturais e traduzi-los em fenômenos simbolicamente considerados 
sobrenaturais, sagrados.
Enfim, a discussão se a religião é mesmo uma necessidade humana, se é uma 
condição de existência do homem, um fator de domínio e controle social, vai muito além do 
que discutimos, aliás é somente o início de discussões muito mais aprofundadas.
Verificamos a abertura do ser humano ao transcendente, também discutimos o que 
fundamenta a religiosidade. Na sequência verificamos como se dá o fenômeno religioso em 
seus diversos modelos catalogados por estudiosos.
Compreendemos como cada religião se fundamenta, seus ritos, enfim, como se 
processa no interior de cada religião a dinâmica da transcendência, do divino, do sagrado.
Verificamos as principais religiões do mundo, no contexto histórico, e percebemos 
que na atualidade novas tendências religiosas aparecem, sendo que muitas delas trazendo 
de volta antigas religiões, muitas vezes unidas em uma só denominação. O fator substan-
cialmente importante foi perceber que mesmo com a modernidade e a mudança no dia a 
dia das pessoas, a tecnologia, o individualismo, enfim, não diminuiu a necessidade das 
pessoas pela busca espiritual. Pelo contrário, vimos que o ser humano continua, assim 
como em um passado distante, na busca de respostas interiores, místicas, como era com 
seus antigos antepassados.
Por fim, compreendemos que toda essa revolução, provocada pelo pluralismo 
religioso, lança as bases para um estado laico, mas que, por outro lado, aponta para um 
grande desafio que é a tolerância, mesmo em tempos modernos, e que indica a neces-
sidade constante para umdiálogo inter-religioso. Espero que este material possa ter lhe 
ajudado a compreender melhor essa temática e que sirva de base para novos estudos e 
aprofundamento de novas pesquisas.
 Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!

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