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5 “is” da Geriatria Dra. Tamires Ribeiro Dutra Assis Residência em Clínica Médica PG em TIA Especializando em Cardiologia Clínica Instabilidade postural Síndrome de imobilidade Incontinências Incapacidade cognitiva Iatrogenia Impõem desafios no cotidiano do idoso e afetam diretamente sua qualidade de vida. Para diminuir parte dos impactos, é essencial que a família e os profissionais de atendimento ao idoso estejam cientes sobre essas questões. Adaptar a rotina de cuidados aos idosos, visando garantir a identificação dos primeiros sinais de uma dificuldade. Encontrar as melhores soluções para um tratamento personalizado, efetivo e que ajude a evitar o agravamento. É um meio de familiares e profissionais reconhecerem os desafios de modo completo, podendo auxiliar o idoso com mais empatia. Tem etiologia multifatorial e se associam a múltiplas comorbidades e desfechos negativos. Uma pode ser fator de risco ou consequência da outra. As síndromes geriátricas não são quadros esperados no processo de envelhecimento (senescência), mas sim associados a doenças (senilidade), e interferem na funcionalidade, isto é, no grau de autonomia e de independência, que são avaliados pela capacidade de execução das atividades de vida diária (AVDs) e atividades instrumentais de vida diária (AIVDs). Dos 5 para os 9 “is • Inicialmente, eram denominadas como os 5 “Is”: • incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incontinência esfincteriana e iatrogenia. • Posteriormente, as alterações nas percepções sensoriais levaram ao acréscimo da incapacidade comunicativa. Os aspectos familiares, por serem capazes de alteração do bem-estar biopsicossocial, foram incluídos na insuficiência familiar. A multifatorialidade das questões nutricionais no idoso levaram aos estudos da insuficiência nutricional, bem como da insônia. Incapacidade cognitiva Processo de envelhecimento Lentificação cognitiva global, sem comprometimento da autonomia e da independência do idoso Perda nas funções executivas Dificuldade de realização simultânea de várias tarefas, o processo de aprendizagem e o resgate das informações As principais etiologias da incapacidade cognitiva abrangem os chamados 4 “Ds”: • Demência - irreversível • Delirium - reversível • Depressão - reversível • Doença mental - irreversível Entre os principais fatores de risco para a incapacidade cognitiva, destacam-se: • Idade avançada; • Estado civil (solteiros ou viúvos); • Baixa escolaridade; • Tempo de institucionalização; • Desnutrição; • Dependência para a realização das atividades básicas de vida diária. Exames clínicos complementares: avaliação hematológica, glicemia, função renal, hepática e da tireoide, vitamina B12, e exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética). Demência •Síndrome associada à doença cerebral, em geral de natureza crônica ou progressiva, na qual há comprometimento de múltiplas funções corticais. •Desenvolvimento insidioso, déficit na fala e linguagem variável na retenção, nominação, fluência e compreensão. Delirium •Estado de confusão mental agudo. •Desenvolvimento agudo, caracterizado por alteração da atenção, da consciência e da cognição de caráter flutuante, precipitado por condições ou eventos de base em indivíduos vulneráveis. •Maior risco de prejuízo de orientação, de atenção, de fala e de linguagem. Depressão •Caracterizada, principalmente, por humor deprimido, anedonia, insônia ou hipersonia, ganho ou perda de peso acima de 5%, redução da capacidade de concentração, agitação ou lentificação psicomotora, fadiga associada a aspectos genéticos, a eventos vitais, como luto e abandono, e a doenças incapacitantes. Doença mental -esquizofrenia -parafrenia -oligofrenia •Síndrome de desenvolvimento agudo, caracterizada por alteração da atenção, da consciência e da cognição. •Caráter flutuante, precipitado por condições ou eventos de base em indivíduos vulneráveis. •Exemplos na clientela idosa: esquizofrenia, oligofrenia e parafrenia. 4 D ’ s D A I N C A P A C I D A D E C O G N I T I V A Instrumentos de avaliação Miniexame do estado mental Um dos exames utilizados com a finalidade de avaliar a função cognitiva para fins de rastreio, mas não diagnóstico. Os itens avaliados são: Orientação; Memória Imediata; Atenção e Cálculo; Memória de Evocação e Linguagem. A análise dos escores depende da escolaridade do paciente. Teste de fluência verbal Avaliação de identificação do maior número de palavras possíveis em um período preestabelecido. Linguagem, memória semântica e funções executivas. Avaliação da funcionalidade por meio da avaliação das AVDs > índices de Katz e de Barthel ; Escala de Lawton para a avaliação das AIVDs INSTRUMENTO DESCRIÇÃO AVALIAÇÃO A pontuação máxima é de 30 pontos. Geralmente é aplicado para a pessoa com suspeita de quadro demencial. Considera-se como normal o paciente que alcança mais de 25 pontos. Suspeita-se de perda cognitiva leve quando o escore está entre 21 e 24 pontos, moderada, entre 10 e 20 e grave menor ou igual a 9. Após, agrega-se a escolaridade. Para indivíduos altamente alfabetizados desconfia-se de uma possível demência se a pontuação for menor que 24. Para pessoas com ensino fundamenta (baixa/média na escolaridade) a suspeita deve ser aguçada se o resultado for menor que 18. E para analfabetos, inferior a 14 pontos. Instabilidade postural Processo de envelhecimento Declínio físico no idoso, principalmente motor, muscular e sensitivo Comprometimento do desempenho da execução das AVDs Limitação e diminuição do controle postural, causando quedas Os principais fatores de risco de quedas em idosos incluem aqueles inerentes diretamente ao paciente (intrínsecos) e os ambientais (extrínsecos): Intrínsecos: • idade avançada; •sexo feminino; •comorbidades (articulares, hipertensão arterial, artrose, má circulação, cardiopatias, doença de Parkinson, incontinências, insônia, déficit visual e auditivo, depressão); •hipotensão postural; •uso de medicamentos (sedativos, anti-hipertensivos, polifarmácia com cinco ou mais medicamentos); •percepção negativa de saúde; •uso de dispositivo auxiliar de marcha (muletas, por exemplo); •déficit cognitivo; • incapacidade funcional para AVD; •história de quedas; •síndrome do medo de cair. Extrínsecos: •superfícies escorregadias; •objetos no chão (obstáculos); •aspectos estruturais (escadas e superfícies irregulares); •má iluminação; •ausência de cuidador. Instrumentos de avaliação INSTRUMENTO DESCRIÇÃO AVALIAÇÃO Escala de equilíbrio de Berg Pontuação máxima de 56. Cada item apresenta uma escala ordinal de 5 alternativas que variam de 0 a 4 pontos. Total: 56 pontos. Equilíbrio estático e dinâmico. Escala de mobilidade e equilíbrio de Tinetti (índice ou teste de Tinetti) 16 itens: 9 para o equilíbrio do corpo e 7 para a marcha. A contagem para cada exercício varia de 0 a 1 ou de 0 a 2. Equilíbrio e anormalidades na marcha. Teste Timed Up and Go O paciente fica sentado em uma cadeira normal (45cm de altura) com sua parte traseira encostada na cadeira. Instrui-se a ficar em pé; andar tão rapidamente quanto possível e com segurança por 3m em uma linha reta no chão; retornar para a cadeira, sentando-se na posição inicial. Equilíbrio e marcha. • Até 10 segundos – desempenho normal para adultos saudáveis. Baixo risco de quedas; • Entre 11 e 20 segundos – Normal para idosos frágeis ou com debilidade, mas que se mantêm independentes na maioria das atividades de vida diária. Baixo risco de quedas; • Entre 21 e 29 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para a prevenção de queda. Risco de quedas moderado; • Maior ou igual a 30 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para a prevenção de queda. Alto risco para quedas. Imobilidade Mobilidade: movimento ou deslocamentono espaço pela independência do indivíduo. Quando limitado, caracteriza-se como o processo de imobilidade > inatividade musculoesquelética. A classificação da gravidade da imobilidade é importante para prever a necessidade iminente de um cuidador. Seu estágio mais avançado é conhecido como síndrome de imobilização ou da imobilidade completa e torna o idoso completamente dependente. Como comorbidades comuns da síndrome de imobilização ou da imobilidade, destacam-se o delirium, a demência, as quedas, a fragilidade, a incontinência e a iatrogenia, já reconhecidos como outras síndromes geriátricas. Fatores de risco: • idade avançada; • sexo feminino; • baixa escolaridade; • insuficiência familiar; • contenção física; • baixa renda familiar; • ausência de cuidador; • doenças musculoesqueléticas prévias, principalmente sarcopenia; • sedentarismo; • internação hospitalar; • fratura, principalmente de fêmur; • incapacidade cognitiva. Instrumentos de avaliação Análise da capacidade funcional por meio da execução das AVDs, pela aplicação do índice de Katz ou da escala de Lawton (instrumentais). A classificação mais específica considera a capacidade do idoso em deambular, transferir, sentar, mudar de decúbito e movimentar os membros 0 – independente em todas as seis funções; 1 – independente em cinco funções e dependente em uma função; 2 –independente em quatro funções e dependente em duas funções; 3 – independente em três funções e dependente em três funções; 4 – independente em duas funções e dependente em quatro funções; 5 – independente em uma função e dependente em cinco funções; 6 – dependente em todas as seis funções. I — é capaz de permanecer sentado sem apoio e de se levantar da cadeira sem auxílio. Necessita de suporte para deambulação, mas consegue fazer transferência sem ajuda; II — é capaz de permanecer sentado sem suporte e de movimentar os braços, mas não é capaz de movimentar as pernas com eficácia, de levantar da cadeira e permanecer em pé sem auxílio; III — é capaz de movimentar os membros, mas não é capaz de permanecer sentado sem suporte. É capaz de rolar na cama sem ajuda; IV — não é capaz de sustentar o corpo na posição sentada. É capaz de movimentar os membros com dificuldade, mas não é capaz de rolar na cama sem auxílio; V — não é capaz de sustentar o corpo na posição sentada nem de movimentar braços e pernas (imobilidade completa). Incontinência esfincteriana • A palavra continência descreve a capacidade normal no acúmulo de eliminações fisiológicas (fezes e urina), com controle consciente sobre o tempo e o lugar para desprezá-las. • Os fatores associados foram sexo feminino, idade de 70 anos ou mais, cor da pele amarela/parda/indígena e pouca escolaridade. Há ainda associação com incapacidade funcional, depressão, déficit cognitivo e autopercepção de saúde péssima/ruim. • A incontinência aguda ou transitória frequentemente, pode ser resolvida com o controle das causas que a predispõem. • A incontinência persistente ou estabelecida pode ter aparecimento súbito, apresentando quadro agudo, mas de difícil controle, ou se desenvolver de forma gradual, sem se conhecer a causa que a precipita, frequentemente evoluindo com severidade. Para o controle e a prevenção, precisam ser considerados os sinais e sintomas de cada tipo de incontinência. As intervenções variam de acordo com cada tipo de classificação, a qual se baseia no desenvolvimento e na etiologia dos sintomas: ACRÔNIMO DIURESE NAS CAUSAS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA AGUDA D •Depressão •Delirium I •Infecção U •Uretrite R •Restrição da mobilidade E •Excesso de fezes S •Substâncias E •Excesso de urina CLASSIFICAÇÃO DIURESE NAS CAUSAS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA CRÔNICA Incontinência de urgência •+ comum; perda involuntária de urina associada ao sentimento urgente de necessidade de urinar. Incontinência por estresse ou esforço •perda involuntária da urina; a pressão intravesical excede a pressão uretral máxima, devido à elevação da pressão intra- abdominal e à ausência da contração do detrusor; descreve a perda da urina durante exercícios ou em situações de espirro ou riso. Incontinência urinária funcional •há perda involuntária da urina associada à incapacidade ou falta de vontade de usar o banheiro; relacionada às perdas cognitivas e físicas e a fatores psicológicos e ambientais que influenciam o uso do toalete. Incontinência por sobrefluxo, transbordamento ou overflow •+ comum em pacientes homens devido aos problemas de próstata; relacionado a alguma obstrução do canal uretral que leva ao esvaziamento incompleto da bexiga e à consequente presença de volume residual. Incontinência mista •combinação de mais de um tipo de incontinência anteriormente descrito; em geral, associação entre as incontinências de urgência e estresse. CLASSIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA FECAL Incontinência fecal por sobrefluxo •desconforto pélvico com eliminação de fezes semilíquidas, várias vezes ao dia, podendo simular um quadro de diarreia; Incontinência fecal funcional •é incapaz de chegar ao banheiro por limitação física, cognitiva, psíquica ou ambiente desconfortável; Incontinência fecal secundária •associada a alguma doença do colo ou reto; Incontinência fecal retoesfincteriana •causada por lesões neuromusculares das estruturas sensitivo-motoras Instrumentos de avaliação INSTRUMENTO COMO É APLICADO AVALIAÇÃO Kings’s Health Questionnaire Questionário aplicado pelo profissional de saúde. Avalia somente a incontinência urinária. •0–100: quanto maior, pior a qualidade de vida do paciente incontinente. International Consulation on Incontinence Questionnaire-Short Form Questionário auto ou aplicável pelo profissional de saúde. Avalia somente a incontinência urinária. •1–3: incontinência leve; •4–6: incontinência moderada; •7–9: incontinência grave; •10: incontinência muito grave. Pad Test Protocolo aplicado pelo profissional de saúde. Avalia somente a incontinência urinária. •Incontinência urinária: leve, moderada e severa. Incontinence Severity Index Questionário aplicado pelo profissional de saúde. Avalia ambas as incontinências. •1–2: incontinência leve; •3–6: incontinência moderada; •7–10: incontinência grave; •11–12: incontinência muito grave. Fecal Incontinence Quality of Life Scale Questionário aplicado pelo profissional de saúde. Avalia somente a incontinência fecal. •1–4 pontos cada variável: vida, comportamento, depressão e constrangimento. Incapacidade comunicativa Há o comprometimento de um ou mais dos subsistemas funcionais: • Visão • Audição • Produção/motricidade orofacial Trata-se, portanto, da perda ou da restrição da participação social (funcionalidade), que compromete a capacidade de execução das decisões tomadas e afeta diretamente a independência do indivíduo. A perda de audição começa com perdas de percepção das frequências altas (detecção dos sons agudos) e da discriminação da fala. Apresenta início gradual e pouco perceptível e evolui para perdas auditivas mais acentuadas. O déficit visual corresponde ao comprometimento cumulativo e progressivo da acuidade visual, ou seja, a capacidade de discriminação de formas e contrastes, além do reconhecimento da distância entre dois pontos no espaço. Na oromotricidade são compreendidas as alterações da voz, da fala e da mastigação/deglutição. As disfunções surgidas no sistema estomatognático geralmente estão associadas a alterações dos dentes, dos ossos faciais, dos órgãos fonoarticulatórios e do controle neurológico das fibras musculares. SUBSISTEMA FATORES DE RISCO PARA INCAPACIDADE COMUNICATIVA Audição •Idade avançada •Desordens genéticas •Hipertensão arterial •Diabetes melito •Doença metabólica ou de ordem sistêmica •Excesso de ruído no ambiente ao longo do tempo •Dieta de má qualidade ao longo dos anos •Uso de tabaco e álcool Visão •Idade •Retinopatia diabética •Doenças oculares (glaucoma, catarata)•Sexo masculino •Exposição ao sol •Má alimentação Motricidade orofacial •Hipofuncionalidade dos órgãos fonoarticulatórios •Uso de próteses mal adaptadas •Mudanças de hábitos alimentares Instrumentos de avaliação SUBSISTEMA TESTE AVALIAÇÃO Visão Teste de Snellen •A 5-6m do examinador, se o indivíduo conseguir soletrar as letras da fileira 8, é definida acuidade visual normal, representada como 6/6 ou 20/20 (capacidade de enxergar nitidamente a 6m ou a 20 pés). O paciente com diminuição da acuidade visual não conseguirá soletrar essa fileira, e a quantificação do comprometimento depende da fileira com menor tamanho de letras que o paciente consegue enxergar com nitidez, ou seja, o déficit é maior quando o paciente possui dificuldade para soletrar as fileiras com letras maiores. Cada fileira é marcada por uma estimativa de acuidade visual, por exemplo: uma AV 20/40 quer dizer que o indivíduo enxerga com nitidez a uma distância de 20 pés o que uma pessoa com acuidade normal enxergaria a 40 pés. Audição Teste do sussurro •O examinador, de pé, fora do alcance do campo visual, a uma distância equivalente ao comprimento do braço estendido do paciente (60cm), sussurra em um ouvido por vez um conjunto de três letras/números (“5, B, 6”), enquanto e massageia o trágus da orelha contralateral do idoso. Motricidade facial Clínico •Fala e voz: capacidade, controle e coordenação da produção sonora. •Fonação: intensidade e qualidade vocal. •Ressonância: grau de nasalidade. •Articulação: precisão articulatória e fonatória e coordenação motora. •Prosódia: ritmo e velocidade da fala espontânea. Iatrogenia Se refere a qualquer alteração patológica causada a um paciente, sendo práticas evitáveis e não necessariamente intencionais, causados por efeitos adversos ou complicações decorrentes da prática de profissionais ou equipes de saúde ou de outros tratamentos. Por omissão: quando os profissionais atribuem as queixas da pessoa idosa ao próprio processo de envelhecimento e deixam de cuidar de condições tratáveis. Por excesso: quando se pretende tratar todos os problemas de uma só vez. Fatores de risco: • Idade avançada • Número de comorbidades • Complexidade das patologias • Uso de múltiplos medicamentos • Tempo de internação • Gravidade da doença no momento da internação • Limitações cognitivas e funcionais Principais situações que podem envolver a iatrogenia em idosos Iatrofarmacogenia — relacionada ao uso de medicamentos, à polifarmácia, à interação medicamentosa e ao desconhecimento das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento; Internação hospitalar — traz riscos de declínio funcional, subnutrição, imobilidade, lesão por pressão e infecção hospitalar; Iatrogenia da palavra — associada à comunicação de más notícias; Iatrogenia do silêncio — dificuldade de ouvir adequadamente o paciente e sua família; Subdiagnóstico — tendência a atribuir as queixas do idoso à idade; Cascata propedêutica — solicitação de exames de forma desnecessária, extensiva e sem justificativa ou indicação precisa; Distanásia — prolongamento artificial da vida sem perspectiva de reversibilidade, com sofrimento para o paciente e sua família; Prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica — impõe ao idoso o risco desnecessário; Iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras — excesso de “equipe interdisciplinar”. Tríade iatrogênica: caracterizada como a prescrição de, pelo menos, um medicamento potencialmente inapropriado e polifarmácia > a presença de possíveis interações e as reações adversas associadas ao uso de medicamentos. enalapril e metformina — risco aumentado de hipoglicemia; ácido acetilsalicílico (AAS) e enalapril — diminuição da eficácia do anti- hipertensivo; hidroclorotiazida e AAS — diminuição da eficácia do diurético e possível nefrotoxicidade; enalapril e furosemida — hipotensão postural; cálcio x hidroclorotiazida — risco aumentado de hipercalcemia; digoxina e omeprazol — toxicidade digitálica; amitriptilina e ibuprofeno — risco aumentado de sangramento; alprazolam e omeprazol — toxicidade benzodiazepínica; diclofenaco e ibuprofeno — risco de hemorragia. Insuficiência familiar O baixo suporte social da família gera prejuízo na interdependência, nas relações afetivas e no bem-estar físico e psicológico do idoso. O processo psicossocial de construção complexa fundado na conexão familiar prejudicada e no seu baixo apoio social caracteriza a insuficiência familiar. A composição e o risco psicossocial familiar devem ser investigados: • indicadores de violência domiciliar, abuso e maus-tratos contra a pessoa idosa, bem como lesões corporais; • negligência com a higiene pessoal ou com os cuidados em saúde; • discordâncias entre a história do paciente e a do cuidador; • internações frequentes por não adesão ao tratamento de doenças crônicas; • ausência do familiar na consulta ou recusa à visita domiciliar. • Instrumentos também podem auxiliar na avaliação da funcionalidade familiar: APGAR DOMÍNIOS DESCRIÇÃO Adaptation Adaptação Recursos familiares oferecidos quando se faz necessária a assistência Partnership Companheirismo Reciprocidade nas comunicações familiares e na solução de problemas Growth Desenvolvimento Disponibilidade da família para mudanças de papéis e desenvolvimento emocional Affection Afetividade Intimidade e interações emocionais no contexto familiar Resolve Capacidade resolutiva Decisão, determinação ou resolutividade em uma unidade familiar Insuficiência nutricional O processo de envelhecimento é acompanhado por diversas alterações, como o aumento progressivo na deposição da gordura corporal e sua redistribuição, com uma diminuição na região dos membros e um maior acúmulo na região abdominal. Em geral, essa deposição ocorre de forma mais precoce nos homens, provavelmente por volta da meia-idade, e mais tardia nas mulheres, devido à menopausa. Embora a obesidade seja um agravo nutricional associado à alta incidência de doenças crônicas nos idosos, a desnutrição é a maior associação com a incapacidade funcional, o aumento no número de internações, a redução da qualidade de vida, a maior suscetibilidade às infecções e, consequentemente, o aumento da mortalidade. A insuficiência nutricional trata-se da dieta desbalanceada, insuficiente ou excessiva, de absorção ou uso precário dos medicamentos. Não necessariamente o aumento de peso signifique boa nutrição, já que boa parte dos idosos obesos apresenta desnutrição. Fatores de risco: • presença de doenças crônicas (obesidade, distúrbios tireoidianos, hipertensão arterial, diabetes mellitus); • alcoolismo; • mudanças sensoriais, principalmente relacionadas com a incapacidade comunicativa; • dor; • uso de medicamentos (antidepressivos, broncodilatadores, anti-hipertensivos); • problemas de mastigação; • questões socioeconômicas; • morar sozinho; • dificuldade de transporte; • incapacidade cognitiva, principalmente demências e depressão. Instrumentos de avaliação Índice de massa corporal (IMC) — cálculo referente à razão entre o peso e a altura ao quadrado (peso/altura2). Os valores normais estão entre 22 e 27kg/m2, sendo abaixo de 22kg/m2 sugestivo de desnutrição e acima de 27kg/m2, obesidade; Exames laboratoriais — principalmente hemograma completo, ureia, creatinina, albumina, glicose e eletrólitos; Miniavaliação nutricional (MAN) — avaliação nutricional indicada para pacientes com 65 anos ou mais. Abrange avaliação antropométrica, global, dietética e autoavaliação. Os escores com valores maiores ou iguais a 24 indicam bom estado nutricional, entre 17 e 23,5 apontam risco nutricional, e desnutrição quando menores que 17. Insônia Os requisitos e os padrões de sono mudam ao longo da vida, mas problemas do sono em idosos não fazem parte normal do envelhecimento. Atualmente, não existe umpadrão-ouro para a quantidade de sono normal no idoso, mas tem como base a percepção do paciente e o impacto no status funcional. Perda da efetividade da regulação circadiana > no processo de envelhecimento, acontecem modificações típicas no padrão de sono: a quantidade de tempo nos estágios mais profundos do sono diminui e há um aumento de despertares durante o sono e na quantidade de tempo total acordado durante a noite. Distúrbio na quantidade e na qualidade do sono que prejudica o funcionamento normal de uma pessoa. Classificação da insônia Quanto: • à duração — transitória ou aguda, presente em algumas noites e associada a circunstâncias adversas da vida e ao estresse; de curta duração, que pode persistir por tempo inferior a três semanas; crônica, também chamada de longo prazo, cuja duração pode ultrapassar três semanas; ou intermitente associada a distúrbios psiquiátricos, como distúrbios de ansiedade; • ao tipo — insônia inicial (dificuldade em iniciar o sono), insônia de manutenção (interrupções do sono com vários despertares durante a noite) e insônia de final de noite (acorda muito antes do horário de despertar e não consegue dormir mais, apesar da insistência); • às causas — psicofisiológica, que pode ocorrer por fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes. Os principais distúrbios do sono no idoso são sonolência excessiva (hipersonia), dificuldade em iniciar ou manter o sono (insônia) e comportamentos estranhos ou não comuns durante o sono (parassonias). Fatores de risco que interferem na qualidade do sono no idoso: • gênero (sexo feminino); • doenças articulares; • noctúria; • incontinência urinária; • dor; • hábitos e ambiente de sono; • menopausa e pós-menopausa; • medicamentos; • falta de exercícios físicos; • estresse; • falta de engajamento social; • distúrbios do sono (síndrome das pernas inquietas e problemas respiratórios); • falta de luz solar; • hospitalização; • alterações no ambiente do sono; • estressores psicossociais agudos ou recorrentes. Instrumentos de avaliação • Polissonografia • Diário/Automonitoramento do sono • Controle de estímulos ou Terapia de restrição do sono • Atividade física aeróbica