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Síntese - O cúrriculo como narrativa etnica e racial

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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES
Pró-Reitoria de Ensino – Coordenadoria de Graduação
Centro de Ciências Humanas
Curso Pedagogia
PROFA. JACQUELINE ARAUJO CORRÊA MENDES
DISCIPLINA: CURRÍCULO
PERÍODO: 6º PEDAGOGIA
NOME DO ACADÊMICO(A): PALOMA CRISTINA E VICTÓRIA STHEFANE
SÍNTESE: O CURRÍCULO COMO NARRATIVA ÉTNICA E RACIAL
A teorização crítica sobre o currículo esteve inicialmente concentrada na analíse da dinâmica de classe, da qual as chamadas “teorias de reprodução”. 	Ela se tornou logo evidente, porém as relações de desigualdade e de poder na reprodução e no currículo não podiam ficar restritas à classe social, na teoria crítica deveria levar em conta também as desigualdades educacionais centradas nas relações de gênero, raça e etnia. Primordialmente, era importante explicar as inter-relações entre as diferentes dinâmicas de hierarquia social, e não somente soma-las.
Essas teorias focalizadas nas dinâmicas, também se concentravam em questões de acesso ao currículo e a educação, o foco era analisar fatores que levavam ao fracasso escolar das crianças e jovens pertencentes à esse grupo. Porém, muitas dessas analises se concentravam nos mecanismos sociais e institucionais, que supostamente estavam na raiz desse fracasso, sendo que não procuravam qual tipo de conhecimento estava sendo passado nesse currículo para esses grupos. Nessa perspectiva não havia nada de “errado” e isolavam essa hipótese.
A partir de analises pré-estruturalistas e estudos culturais, o próprio currículo passou a ser problematizado sendo racialmente inadequado. A partir daí, nas análises mais recentes os conceitos raça e etnia se tornam problematizados. A identidade étnica e racial desde o começo é uma questão de saber e poder. A raça está ligada às relações de poder que opõe o homem branco europeu as populações dos países colonizados. Em geral, o termo raça é baseado em caracteres físicos, como a cor da pele, e o termo “etnia” para características mais culturais, como a religião, língua, modos de vida etc.
A problemática distinção é grande, em certas analises, raça é considerado o termo geral abrangendo a “etnia” enquanto em outras é o contrário. Dada à essas dificuldades, grande parte da literatura simplesmente utiliza os dois termos de forma equivalente. Na teoria social contemporânea inspirada pelo pós-estruturalismo, raça e etnia podem ser considerados como construtos culturais fixos, definitivamente estabelecidos. Na teoria social contemporânea, a diferença tal como identidade é um processo relacional, elas só existem numa relação de mútua dependência. 
O vínculo entre identidade, conhecimento e poder é de suma importância para o fortalecimento das raças e etnias nos currículos, principalmente nos livros didáticos e paradidáticos, que possuem uma vasta exposição de ambas.
Essas narrativas dispostas nos livros trazem a celebração dos mitos da origem nacional, implicando em uma separação, pois tratam a identidade dominada (raça e etnias) como exóticas ou folclóricas. O currículo, como consequência, conserva o caráter colonial da representação racial, gerando como um tema transversal, o que deveria ser uma temática central de conhecimento, poder e identidade, uma representatividade da classe. 
O conhecimento não pode ser separado dos demais, visto que os indivíduos são seres sociais e precisam compreender essa relação, trazendo então a necessidade da desconstrução do texto racial do currículo e a hegemonia que o constitui.
Sobre a perspectiva crítica, a busca por estratégias de desconstrução das narrativas no currículo, além de estudos culturais e pós coloniais deve ser realizada para que o currículo se torne multicultural. Assim, lida com as diferenças como questões políticas e históricas, questionando-as, tornando então o currículo político. 
Um currículo crítico, baseado nas teorias sociais também não tornaria a construção racial étnica de forma simplista, por exemplo, como um preconceito individual, pois o racismo faz parte de uma gama de fatores que não deve ser resumido a atitudes individuais. O currículo crítico, ao contrário de centrar-se no racista, deve colocar em foco as discussões institucionais e históricas do racismo, não deixando de lado as atitudes individuais e a formação social desse sujeito, onde precisam ser questionados e criticados por tais atos.
Por conseguinte, o autor traz que o racismo além de ser algo institucional e estrutural, também é psíquico, pois é a soma de fatores da subjetividade, baseado em sentimentos irracionais. Um currículo anti-racista deve basear-se na psicologia profunda sobre e do racismo. 
Na análise tradicional, o currículo constitui em uma falsa verdade, onde a identidade desses povos era inferiorizada e distorcida pelo racismo.  Na crítica cultural, já não se baseia em verdade e falsidade, mas em representatividade, o que também existe uma dependência com as relações de poder. A partir disso, um currículo crítico que tivesse preocupação com o racismo, deveria ter como centro das estratégias levantadas a noção de representatividade, definida pelos estudos culturais, onde haveria uma preocupação política sobre como essa identidade é construída.
O currículo, portanto, deveria evitar a abordagem essencialista das questões étnicas e raciais, como biológicas, mas deve- se questionar às formas do essencialismo cultural, o que não reduz a identidade étnica e racial, mas concebe-a como expressão de alguma propriedade cultural dos diferentes grupos. Aqui, a identidade é vista como fixa e absoluta, o que para uma perspectiva de currículo crítico a identidade deveria ter uma concepção histórica, contingente e relacional.  A identidade étnica e racial não pode ser entendida intrinsecamente sem a história e a representatividade.
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