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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II 7º ATIVIDADE DE GEOGRAFIA 2º SÉRIE ENSINO MÉDIO Após trabalharmos com o conceito de rede, as revoluções industriais e etapas do capitalismo, entraremos no conteúdo programático sobre globalização com essa atividade. Nas próximas semanas traremos as demais dimensões e contradições da globalização. GLOBALIZAÇÃO: PROCESSOS, TRANSFORMAÇÕES E CONTRADIÇÕES Tiago Nogueira Galinari. PARTE 1: A GLOBALIZAÇÃO COMO PROCESSO DE “ENCOLHIMENTO” DO MUNDO A partir do século XV, os europeus se lançaram ao mar em busca de conquistas, novos mercados e riquezas. O comércio de especiarias, o tráfico de pessoas escravizadas e o envio de riquezas das colônias para as suas respectivas metrópoles deram início a algo que ainda demoraria alguns séculos para se concretizar: a integração econômica do planeta. Na medida em que o capitalismo se tornava mundial, não somente a circulação de mercadorias ao redor do mundo aumentava, mas também a circulação de informações e de pessoas. Esta expansão do comércio e da comunicação global, iniciada há séculos atrás, são as bases do processo que, nas últimas décadas, passou a ser chamado de globalização. Durante as grandes navegações, as viagens das metrópoles para as suas colônias costumavam levar semanas ou meses. Isto, evidentemente, dificultava a circulação de pessoas, mercadorias e informações. Tais dificuldades estimularam o desenvolvimento de inovações cartográficas e náuticas. A partir da revolução científica (iniciada depois do fim da Idade Média) e, especialmente, a partir da Revolução Industrial (iniciada em meados do século XVIII), novos equipamentos e novas técnicas surgiram e se difundiram. As máquinas a vapor (inventadas no século XVIII) e a sua posterior utilização em barcos e locomotivas, o motor a combustão interna e os veículos automotores (inventados no século XIX) e o avião, primeiro a hélice e, posteriormente, a jato (inventados ao longo do século XX), fizeram com que as viagens se tornassem cada vez mais rápidas. Isto permitiu que o deslocamento de pessoas e mercadorias aumentasse exponencialmente. Algumas barreiras impostas pela natureza que impediam que o deslocamento superasse a velocidade dos ventos, ou dos passos e galopes dos animais, foram gradativamente superadas pelas técnicas de transporte que se aperfeiçoaram e se multiplicaram. Segundo o geógrafo Milton Santos, até a Revolução Industrial, prevalecia no mundo o meio natural. Isto porque, mesmo com todas as transformações da natureza realizada pelo homem, a natureza ainda impunha o seu ritmo sobre a vida da sociedade. Contudo, a partir do surgimento das máquinas a vapor e seus aperfeiçoamentos, a fabricação dos produtos não precisava mais se limitar à velocidade com que as mãos dos artesãos podiam trabalhar, pois as máquinas aceleraram o ritmo da produção. O mesmo ocorreu com os transportes. O ritmo dos deslocamentos, a partir de então, não se limitou mais àquele imposto pela natureza. Em substituição ao meio natural, o meio técnico ampliou-se em parte do mundo. As transformações espaciais iniciadas no final do século XVIII na Inglaterra alcançaram a Europa ocidental e os EUA durante o século XIX e, em seguida, atingiu parcialmente o restante do mundo. As cidades industriais, as ferrovias, as novas estradas de rodagem, as linhas de transmissão, enfim, as novas infraestruturas construídas deram aos lugares um novo ritmo; agora não mais imposto pela natureza, mas pelos homens (de negócio). Contudo, este “progresso técnico” alcançou desigualmente os países e as regiões. Até o início do século XX, na maior parte do mundo ainda prevalecia o meio natural. Da mesma maneira que as inovações dos meios de transportes ampliaram e agilizaram a circulação de pessoas e mercadorias, as inovações dos meios de comunicação facilitaram e aceleraram as trocas de informações. Durante grande parte do século XIX e início do século XX, o telégrafo elétrico se tornou o principal meio de comunicação a longa distância. O telefone teve seu uso disseminado ao longo do século XX e, de meados deste século em diante, a disseminação dos satélites de comunicação na órbita terrestre fez com que a transmissão e recepção de informações alcançassem todo o globo. Nas últimas décadas, a internet produziu uma popularização das comunicações globais como jamais visto. Atualmente, as mensagens podem ser enviadas de um lado do planeta e recebidas do outro lado quase instantaneamente. Esta é uma das características da globalização. Para dar suporte aos novos meios de transporte e telecomunicações e, consequentemente, para garantir a circulação que se tornou necessária para o capitalismo que se mundializava, sofisticadas redes técnicas foram instaladas e ampliadas. Nos últimos dois séculos e, mais aceleradamente, a partir da II Guerra Mundial (1939-1945), uma gigantesca e cada vez mais complexa infraestrutura vem sendo construída, transformando cada vez mais intensamente o espaço geográfico. Além de portos modernos, ferrovias, rodovias e aeroportos, se multiplicaram ao redor do mundo usinas produtoras e energia (hidrelétricas, termelétricas, nucleares etc.) e gigantescas linhas de transmissão de eletricidade, conectando diversos lugares. Para garantir o tráfego contínuo de informações via telégrafo, telefone e, mais recentemente, internet, grandes redes de comunicação tiveram que ser construídas. A instalação de redes de cabos ligando diferentes cidades, países e continentes foi estimulada pela necessidade de uma comunicação rápida e eficiente, num mundo onde os negócios se tornaram globais. Remonta ao século XIX, por exemplo, a instalação do primeiro cabo telegráfico submarino, ligando a Europa aos Estados Unidos. Já, no curso do século XX, as torres de transmissão e os satélites sofisticaram ainda mais os sistemas de telecomunicações. Atualmente, um emaranhado de cabos de fibra óptica conectam os mais remotos lugares, garantindo o fluxo de dados (de internet, por exemplo), atravessando oceanos e continentes. A partir da III Revolução Industrial, ocorrida depois da II Guerra Mundial, inaugurou-se uma nova fase de inovações que intensificou ainda mais a integração global e o ritmo das trocas informacionais (e comerciais). A partir da década de 1970, tornou-se sensível a ampliação do que Milton Santos chamou de meio técnico-científico-informacional. Além de representar a consolidação da globalização do capitalismo e da interação entre técnica e ciência, o meio técnico-científico- informacional cresceu num ritmo muito superior ao do meio técnico, cobrindo, atualmente, quase todo o mundo. A comunicação via satélites, por exemplo, já alcança praticamente todo o planeta. A circulação se tornou ainda mais importante e ajudou na construção de um mercado global. Os distintos objetos presentes nos diferentes lugares ao redor do planeta passaram a ter uma carga cada vez mais científica e informacional. As próprias pessoas se tornaram componentes do meio técnico-científico-informacional, tendo em vista que passaram a carregar consigo objetos que estão em constante conexão com o mundo virtual, com destaque para os smartphones, por exemplo. É importante lembrar que as transformações não foram sentidas apenas nas cidades. A agricultura que se modernizou, por exemplo, dependeu de maquinários, fertilizantes e de novas sementes, por isso foram disseminados nos espaços rurais objetos (técnico-científicos) produzidos a partir da engenharia mecânica, engenharia química, engenharia genética etc. A instalação e ampliação das redes técnicas contribuíram para “aproximar” os lugares: viagens que duravam meses, hoje são possíveis de serem realizadas em algumas horas; notícias que demoravam semanas para serem entregues, agora podem ser recebidas quase que instantaneamente depois do envio. Nestesentido, apesar das dimensões do planeta permanecerem as mesmas, o mundo parece ter encolhido. Além disso, alguns eventos passaram a repercutir simultaneamente em diversos lugares ao redor do mundo. A notícia sobre um escândalo ou sobre a eleição de um político em um determinado país, por exemplo, costuma afetar diversas bolsas de valores (de Tóquio a São Paulo) quase ao mesmo tempo. O geógrafo David Harvey chamou de compressão espaço-tempo esta forma como percebemos a globalização, ou seja, de aparente diminuição das distâncias e aceleração do tempo. Apesar de ser verdade que a integração global (ou seja, a globalização) só ter se concretizado nas últimas décadas, percebemos que este processo continua se aprofundando, na medida em que novas tecnologias são desenvolvidas e seu uso difundido. Como veremos mais adiante, este processo tem provocado muitas transformações e está repleto de contradições. Para refletir e exercitar: 1) De que maneira a imagem abaixo nos ajuda a entender a globalização? 2) Por que a ampliação do meio técnico, iniciada a partir da I Revolução Industrial, ocorreu de forma desigual e não abrangeu todo o mundo? 3) Escolha alguma novidade tecnológica popularizada nas últimas décadas e discuta sobre como ela se vincula à ideia de compressão espaço-tempo. Exercícios do ENEM e vestibular 1) (ENEM - 2015) No final do século XX e em razão da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa. [Santos. M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado).] Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral. b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais c) Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização dos postos qualificados d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal. e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego. 2) (FUVEST) Observe a imagem abaixo e responda as questões que seguem: Legenda 1 - Coréia 2 - Behring 3 - Suez 4 - Gibraltar 5 - Panamá 6 - Japão 7 - Oeste dos EUA 8 - Leste dos EUA 9 - Oeste da Europa 10 - Oriente Médio a) Considerando os fluxos de circulação marítima e aérea, apresente duas semelhanças e duas diferenças entre eles. b) Atualmente, o desenvolvimento das telecomunicações e da informática tem ampliado a importância de fluxos imateriais. Dentre esses, analise os fluxos financeiros e compare seus principais polos com os da rede aérea.