Buscar

LEGÍTIMA DEFESA


Prévia do material em texto

1 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
LEGÍTIMA DEFESA
Legítima defesa: trata-se de uma das excludentes da ilicitude. Está prevista no art. 
25 do CP. 
CP
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também 
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a 
vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
O parágrafo único foi uma novidade trazida pelo Pacote Anticrime. É de grande relevância 
para a prova.
O estado de necessidade ocorre diante de um perigo atual decorrente de ação humana, 
comportamento animal, natureza, força maior, caso fortuito etc. Porém, a legítima defesa 
ocorre diante de uma agressão injusta, e somente o ser humano pode praticar uma agres-
são injusta (comportamento humano). 
É possível haver legítima defesa (defesa própria) e legítima defesa de terceiros (quando 
a injusta agressão ocorrer em face de outras pessoas – terceiros). 
Requisitos:
a) Agressão injusta;
b) Agressão atual ou iminente;
c) Agressão a direito próprio ou de terceiro;
d) Uso moderado dos meios necessários;
e) Conhecimento da situação de fato justificante (elemento subjetivo).
a) Agressão injusta: Comportamento humano voluntário que possa lesar ou expor a 
perigo um determinado bem jurídico. 
a.1) Conduta comissiva ou omissiva: Este comportamento humano, causador da 
agressão injusta, pode ser decorrente de uma omissão. Logo, a injusta agressão pode ser 
uma conduta comissiva ou omissiva.
2 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
Exemplo, agente da PF cumprindo mandado de prisão. Durante a condução do indivíduo 
para a delegacia, o agente obtém a informação de que a pessoa conduzida não é a correta, 
uma pessoa errada foi presa, e esse agente deverá soltá-la imediatamente. No entanto, se 
ele decidir não libertar imediatamente o indivíduo, pratica ação injusta mediante conduta 
omissiva: omissão da prática de soltura. Se o cidadão quebrar as algemas e fugir estará aco-
bertado pela legítima defesa em virtude da agressão injusta do agente da PF, configurada 
por conduta omissiva. 
a.2) Conduta dolosa ou culposa: 
Exemplo: um sujeito corre no parque sem se atentar às pessoas que estão à sua frente. 
Ele está sendo negligente no dever objetivo de cuidado. Se uma pessoa, ao observar que vai 
sofrer uma agressão injusta do corredor, vier a empurrá-lo, não responderá por lesão corpo-
ral, pois está acobertada pela legítima defesa. 
a.3) Pode ser emanada de um inimputável:
Exemplo: um menor assalta um policial com arma de fogo. Caso o policial reaja em legí-
tima defesa contra esse inimputável está agindo corretamente. A inimputabilidade do agente 
não exclui a agressão injusta. 
b) Agressão atual ou iminente: Não pode ser agressão pretérita ou agressão futura. 
Deve ser uma agressão atual ou iminente (prestes a acontecer).
Se a agressão injusta tiver sido pretérita, no passado, não há legítima defesa, sob pena 
de regulamentação do direito da vingança. 
Não há legítima defesa antecipada (futura, remota). Exemplo: A promete que semana 
que vem irá matar B. No dia seguinte, B mata A pensando estar acobertado pela legítima 
defesa. Porém, não está. A legítima defesa não abrange agressão futura, prometida, ainda 
que injusta.
Há entendimento doutrinário no sentido de que a agressão futura, apesar de não ser 
hipótese de legítima defesa, encontra-se acobertada pela inexigibilidade de conduta diversa, 
configurando uma excludente de culpabilidade, pois não seria possível exigir conduta distinta 
daquele que foi ameaçado de morte. Essa doutrina não é amplamente aceita. 
5m
10m
3 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
c) Agressão a direito próprio ou de terceiro:
A agressão de direito próprio se chama “legítima defesa própria”. 
Legítima defesa de terceiro ocorre quando a agressão é praticada contra direito de ter-
ceiro. É possível agir em legítima defesa de terceiro. 
• É possível que a legítima defesa atinja o titular do bem jurídico protegido.
• É possível legítima defesa de pessoas jurídicas, particulares ou públicas. Não há 
impedimento à legítima defesa de pessoa jurídica.
• É possível legítima defesa do feto. É possível atuar contra a mãe que pretende come-
ter aborto. 
d) Uso moderado dos meios necessários: Este requisito, previsto no art. 25, consiste 
em dois pressupostos: 
d.1) uso moderado: uso moderado dos meios necessários.
Exemplo: A está na iminência de esbofetear B. B segura a mão de A, a fim de evitar a 
agressão e dá um leve empurrão. B fez uso dos meios necessários de forma moderada. 
Exemplo: “A” está na iminência de esbofetear “B”. “B” segura a mão de “A”, e profere inú-
meros socos em seu rosto. “B” usa os meios necessários, mas não o faz moderadamente, e 
sim de forma imoderada. Bastava segurar ou empurrar para repelir a injusta agressão. Assim, 
“B” cometeu um excesso!
d.2) uso dos meios necessários: são meios proporcionais:
Exemplo: “A” está na iminência de esbofetear “B”. “B” saca uma arma de fogo e mata “A”. 
Isso não é legítima defesa. Inicialmente, a agressão era injusta. No entanto, ao se defender 
da agressão injusta, “B” faz uso de meio desproporcional e desnecessário. 
e) Conhecimento da situação de fato justificante: é o elemento subjetivo. 
Exemplo: “A” é um atirador e decide matar seu desafeto. Após, descobre que seu desa-
feto também estava apontando a arma, e estava prestes a atirar. “A” estava diante de uma 
agressão injusta iminente, mas não está acobertado pela legítima defesa, pois não tinha 
conhecimento da situação. 
15m
4 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
A legítima defesa requer a presença do elemento subjetivo, qual seja, o conhecimento da 
situação que justifica a ação. Só haverá legítima defesa quando o agente souber que está 
agindo acobertado, quanto tiver ciência da injusta agressão. 
No exemplo acima, “A” não está acobertado pela legítima defesa. Deverá responder pelo 
crime de homicídio. 
Espécies de legítima defesa:
Legítima defesa própria e legítima defesa de terceiro:
• Própria: o autor visa proteger bem jurídico próprio. 
• De terceiro: o autor visa proteger bem jurídico alheio. Exemplo: “A” vê um estuprador 
agarrando uma moça e levando-a para o meio do mato. Ele pode intervir em defesa da 
moça, em legítima defesa de terceiro. 
Legítima defesa agressiva e legítima defesa defensiva: 
Não se pode confundir com estado de necessidade agressivo e estado de necessidade 
defensivo. São conceitos distintos. 
O estado de necessidade agressivo é quando, para proteger bem jurídico próprio diante 
de perigo atual, acaba por atingir bem jurídico de terceiro inocente. Já no estado de necessi-
dade defensivo, o agente se protege de perigo atual (ou protege um terceiro) atuando contra 
bem jurídico do causador do perigo. 
Legítima defesa agressiva ou ativa: para proteger bem jurídico agredido, a reação con-
figura um fato previsto em lei como infração penal.
É quando o agente pratica um fato típico. 
Exemplo: assaltante estava prestes a matar “A”. “A” atira em defesa da própria vida e 
mata o assaltante; ele praticou um fato típico, descrito no art. 121 do CP, crime de homicídio. 
Há fato típico, resultado, nexo causal e tipicidade do homicídio. Entretanto, ao analisar a ili-
citude, percebe-seque o agente está acobertado pela legítima defesa, o que torna esse fato 
típico lícito. 
Nesta legítima defesa, o ofendido pratica um fato típico lícito. 
Legítima defesa defensiva ou passiva: Para proteger bem jurídico agredido, a reação 
apenas impede a agressão, sem praticar um fato típico.
20m
5 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
Para se defender o agente não pratica nenhum fato típico. 
Exemplo: assaltante estava prestes a matar “A”. “A” acelera o carro e atravessa o sinal 
vermelho. Não há fato típico na conduta de “A”. Ele não precisou “cometer um crime” para 
se defender. 
Legítima defesa recíproca: seria a legítima defesa real contra outra legítima defesa real. 
Essa figura não existe. Não há essa possibilidade jurídica, pois somente há legitima defesa 
real se um dos agentes estiver praticando uma agressão injusta. 
Para haver legítima defesa real é preciso existir uma agressão injusta. Exemplo: “A” pra-
tica agressão injusta contra “B”. “B”, acobertado pela legítima defesa, pratica uma agressão 
lícita contra “A”. 
Para que um dos agentes esteja acobertado pela legítima defesa, o outro, necessaria-
mente, deve estar praticando uma agressão injusta.
Esse ponto é muito cobrado em provas de concurso, pois o “estado de necessidade recí-
proco” é possível. Mas essa possibilidade não se encontra na legítima defesa real. 
Legítima defesa real vs legítima defesa real: Não é juridicamente possível!!
Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária, quando o agente analisa a 
situação fática e imagina estar acobertado pela legítima defesa, mas a situação de perigo 
imaginada não era real. 
Exemplo: dois desafetos se cruzam em um beco escuro, “A” havia ameaçado matar “B”, 
que passou a andar armado. Ao se cruzarem em um beco escuro “B” coloca a mão dentro 
da jaqueta de couro e retira um objeto metálico. “A”, acreditando se tratar de uma arma de 
fogo, dispara contra “B”. Ao chegar perto, “A” percebe que não era uma arma de fogo, e sim 
um isqueiro, que era um símbolo da amizade deles. “B” desejava reatar a amizade com “A”.
Nesse contexto, “A” não sofria agressão injusta, mas interpretou que sim, que estava 
acobertado pela legítima defesa. É caso de legítima defesa putativa. 
A legítima defesa real exclui a ilicitude. Já a legítima defesa putativa não exclui a ilici-
tude, pode excluir o fato típico ou a culpabilidade (objeto de estudo da teoria limitada, que 
não está prevista no edital do concurso de agente da PF). 
A legítima defesa, se for real, exclui a ilicitude. 
25m
30m
6 www.grancursosonline.com.br
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br
Legítima Defesa
DIREITO PENAL (PARTE GERAL)
A
N
O
TA
ÇÕ
E
S
A legítima defesa putativa não exclui a ilicitude, mas torna o agente isento de pena. 
No exemplo acima, “A” não será responsabilizado pelo homicídio de “B”, pois está isento de 
pena. “A” apenas matou “B” por acreditar que estava diante de uma agressão injusta imi-
nente, supôs ação fática em erro justificável pelas circunstâncias (outra pessoa no lugar de 
“A” faria o mesmo). 
Exemplo: “B” ameaça “A”. Eles se cruzam em um beco escuro. “B” simplesmente abre os 
braços. “A” pensa que “B” está abrindo os braços para matá-lo. Na cabeça de “A” ele estava 
em uma agressão injusta iminente. Mas, na verdade “B” apenas queria abraçar “A”. É dife-
rente do exemplo acima. Se “A” tivesse sido um pouco mais cuidadoso e menos imprudente, 
não teria matado “B”. 
Nesta situação, “A” não está isento de pena, será responsabilizado pela forma cul-
posa do crime de homicídio. “Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato 
é punível como crime culposo”. Esse fato é chamado pela doutrina de “culpa imprópria”. 
Descriminantes putativas: constam na primeira parte do § 1º. A segunda parte consiste 
na descrição da culpa imprópria. 
Art. 20, § 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro 
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
35m
���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo. 
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

Continue navegando