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NEGOCIAÇÃO: 
processo pelo qual as partes envolvidas no litígio, diretamente e sem a intervenção de uma terceira pessoa, buscam chegar a uma solução consensual.
A negociação é o caminho natural nas relações humanas para resolução de conflitos. Frequentemente em nossas vidas temos de negociar algumas questões. Tal situação se tornou tão comum que algumas vezes nem percebemos que estamos no meio de uma negociação, em vários momentos, sejam eles no convívio social e familiar, numa loja, na Universidade, no trânsito e no trabalho, formando uma relação contínua de propostas e contrapropostas.
A negociação envolve sempre o contato direto entre as partes ou entre seus representantes; NÃO há aqui um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro ou um juiz. 
A negociação é um processo bilateral de resolução de impasses ou de controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, através de concessões mútuas. 
Envolve a comunicação e a resolução extrajudicial de uma controvérsia.
Meta da Negociação: Buscar um acordo que satisfaça as necessidades de todos os envolvidos é a meta da negociação. Deve-se tentar chegar a uma solução equitativa que inclua os pontos de vista e interesses de todos os envolvidos. Desta maneira, todos considerarão o acordo como algo próprio e não como uma solução imposta. Enfim, todos sairão satisfeitos da negociação e com a intenção de cumprir com o combinado e com interesse em manter essa relação que tem um resultado tão vantajoso para todos.
VANTAGENS: 
· evitar as incertezas e os custos de um processo judicial; 
· privilegiar uma resolução pessoal, discreta, rápida;
· dentro do possível, preservar o relacionamento entre as partes envolvidas; 
QUANTO AO MOMENTO: 
a negociação pode ser prévia ou incidental, tendo por referencial o surgimento do litígio; 
QUANTO À POSTURA DOS NEGOCIADORES E DAS PARTES: 
pode ser adversarial (competitiva) ou solucionadora (pacificadora).
A Escola de Harvard tem­-se notabilizado por pregar uma técnica conhecida como principled negotiation ou negociação com princípios, fundada nos seguintes parâmetros:
1) Em primeiro lugar, é importante diferenciar o interesse - da posição. 
Normalmente as partes expõem sua posição, que não necessariamente coincide com seu interesse. 
Por falta de habilidade, não raras vezes, fala­-se em números, valores ou situações concretas, em vez de dizer o que se pretende ao final, permitindo que a barganha se dê quanto aos meios necessários a se atingir aquele fim.
2) Para isso, é preciso que ambas as partes (e seus negociadores) encarem o processo de negociação com uma solução mútua de dificuldades, na qual o problema de um é o problema de todos.
3) é preciso separar o problema das pessoas, de modo a deixar claro que uma divergência de opinião não deve afetar o sentimento pessoal ou o relacionamento, que sempre são mais valiosos.
Na busca da solução do problema, é preciso estar atento a três parâmetros: a percepção, a emoção e a comunicação. 
As atitudes dos negociadores, em relação a esses tópicos, podem ser assim sistematizadas:
1) PERCEPÇÃO: 
(i) coloque­-se no lugar do outro e procure entender seu ponto de vista; 
(ii) não presuma que o outro irá sempre o prejudicar; 
(iii) não culpe o outro pelo problema; 
(iv) todos devem participar da construção do acordo; 
(v) peça conselhos e dê crédito ao outro por suas ideias; 
(vi) não menospreze as demandas do outro; e 
(vii) procure dizer o que a outra parte gostaria de ouvir.
2) EMOÇÃO: 
(i) os negociantes sentem­-se ameaçados? a emoção pode levar as negociações a um impasse; 
(ii) identifique suas emoções e o que as está causando; 
(iii) deixe que o outro expresse suas emoções e evite reagir emocionalmente a seus desabafos - não as julgue como inoportunas; e 
(iv) gestos simples podem ajudar a dissipar emoções fortes.
3) COMUNICAÇÃO: 
(i) fale ao seu oponente; 
(ii) ouça o seu oponente; 
(iii) não planeje sua resposta enquanto o outro fala; 
(iv) seja claro na transmissão da informação; 
(v) utilize­-se da escuta ativa (active listening); 
(vi) repita e resuma os pontos colocados - mostre que está compreendendo; e 
(vii) compreender o oponente não significa concordar com ele.
Observando esses conceitos, será possível identificar o real interesse, desenvolver diversas opções e alternativas e criar soluções não cogitadas até então, por meio de um procedimento denominado “brainstorming”.
Importante, por último, ter sempre em mente que a negociação é apenas uma das formas de se compor o litígio, e normalmente é a primeira a ser tentada.
As partes devem ter sempre em mente o LIMITE DO QUE É NEGOCIÁVEL. 
É o que a Escola de Harvard denomina BATNA – Best Alternative to a Negotiated Agreement. (“Melhor alternativa para um acordo negociado”)
Se a negociação não sai como esperado, é possível, a qualquer momento, partir para outra forma alternativa ou mesmo para a jurisdição tradicional.
Por vezes, é preciso reconhecer que um dos interessados não está preparado para uma solução direta negociada ou parcial (por ato das partes) dos seus conflitos. 
Se: uma das partes simplesmente não colabora, não faz propostas razoáveis, inviabiliza qualquer chance de solução pacífica, lança mão de truques sujos, omite ou mente sobre dados concretos, simula poder para tomar decisões, utiliza técnica agressiva e constrangedora, faz exigências sucessivas e exageradas, ameaça etc.
É o momento de “SUBIR UM DEGRAU” na escada da solução das controvérsias e partir para a mediação.
MEDIAÇÃO
insere-se a figura de um terceiro, o qual, de alguma maneira, vai atuar no relacionamento entre as partes envolvidas de forma a tentar obter a pacificação do seu conflito.
ART. 1º P.Ú - LEI 13.140 de 26 de junho de 2015 – conceitua mediação:
Parágrafo único.  Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Processo por meio do qual os interessados buscam o auxílio de um terceiro imparcial que irá contribuir na busca pela solução do conflito.
A forma e os limites que vão pautar a atuação desse terceiro, vão indicar a modalidade da intermediação.
Esse terceiro não tem a missão de decidir. O PAPEL DO INTERVENTOR é ajudar na comunicação através da neutralização de emoções, formação de opções e negociação de acordos, sem propriamente interferir na substância destas.
“É a técnica mediante a qual as partes envolvidas no conflito buscam chegar a um acordo contando com a ajuda de um mediador, terceiro imparcial, que não tem poder de decisão.” (COLAIÁCOVO, Juan Luis, COLAIÁCOVO, Cynthia Alexandra. Negociação, mediação e arbitragem: teoria e prática: tradução do original por Adilson Rodrigues Pires. Forense. Rio de Janeiro. 1999. p. 66)
HISTÓRIA DA MEDIAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, a partir dos anos 90 do século passado, começou a haver um interesse pelo instituto da mediação, sobretudo por influência da legislação argentina editada em 1995.
No Brasil:
1) Primeira iniciativa legislativa - Projeto de Lei nº 4.827/98, oriundo de proposta da Deputada Zulaiê Cobra, tendo o texto inicial levado à Câmara uma regulamentação concisa. 
2) Na Câmara dos Deputados, já em 2002, o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e enviado ao Senado Federal, onde recebeu o  número PLC 94, de 2002. 
3) O Governo Federal, no entanto, como parte do Pacote Republicano, que se seguiu à Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004 (conhecida como “Reforma do Judiciário”), apresentou diversos Projetos de Lei modificando o Código de Processo Civil, o que levou à um novo relatório do P.L. 94. 
4) Foi aprovado o Substitutivo (Emenda nº 1-CCJ), ficando prejudicado o projeto inicial, tendo sido o substitutivo enviado à Câmara dos Deputados no dia 11 de julho de 2002. Em 1° de agosto, o projeto foi encaminhado à CCJC (Comissão de Constituição e Justiça), que o recebeu em 7 de agosto. Desde então, dele não se teve mais notíciaaté meados de 2013 quando voltou a tramitar, provavelmente por inspiração dos projetos que já tramitavam no Senado.
5) O CNJ com a Resolução nº 125, de 29 de Novembro de 2010, buscou disciplinar e incentivar os mecanismos alternativos de solução de conflitos (mediação e conciliação).
6) O Novo CPC (lei 13.105/15) trouxe a mediação para a realidade do ordenamento jurídico e em seguida a Lei 13.140/15.
UM LAPSO DE MAIS DE 15 ANOS – ENTRE O PROJETO (4.827/98) E A LEI (13.140/15)
NO PROJETO:
· A mediação prévia poderia ser judicial ou extrajudicial (art. 29). No caso da mediação judicial, o seu requerimento interromperia a prescrição e deveria ser concluído no prazo máximo de 90 dias
· A mediação incidental (art. 34), por outro lado, seria obrigatória, como regra, no processo de conhecimento, salvo nos casos: a) de ação de interdição; b) quando for autora ou ré pessoa de direito público e a controvérsia versar sobre direitos indisponíveis; c) na falência, na recuperação judicial e na insolvência civil; d) no inventário e no arrolamento; e) nas ações de imissão de posse, reivindicatória e de usucapião de bem imóvel; f) na ação de retificação de registro público; g) quando o autor optar pelo procedimento do juizado especial ou pela arbitragem; h) na ação cautelar; i) quando na mediação prévia não tiver ocorrido acordo nos cento e oitenta dias anteriores ao ajuizamento da ação.
· A mediação deveria ser realizada no prazo máximo de noventa dias e, não sendo alcançado o acordo, dar-se-ia continuidade ao processo. Assim, a mera distribuição da petição inicial ao juízo interromperia a prescrição, induziria litispendência e produziria os demais efeitos previstos no art. 263 do Código de Processo Civil. 
· Ademais, caso houvesse pedido de liminar, a mediação só teria curso após o exame desta questão pelo magistrado, sendo certo que eventual interposição de recurso contra a decisão provisional não prejudicaria o processo de mediação.
Resolução n° 125, foi editada com base nas seguintes premissas:
a) o direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal além da vertente formal perante os órgãos judiciários, implica acesso à ordem jurídica justa; 
b) cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação; 
c) a necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios; 
d) a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças; 
e) é imprescindível estimular, apoiar e difundir a sistematização e o aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais; 
f) a relevância e a necessidade de organizar e uniformizar os serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos, para lhes evitar disparidades de orientação e práticas, bem como para assegurar a boa execução da política pública, respeitadas as especificidades de cada segmento da Justiça;
Para cumprir tais metas, os Tribunais deveriam criar os Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, e instalar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania. 
A MEDIAÇÃO EM OUTROS PAÍSES
Na Antiguidade, a mediação era conhecida na Grécia, foi utilizada na China e também pela Civilização Romana.
Na CHINA desde a década de 50, é aplicada à resolução de conflitos familiares e, atualmente, consiste no principal meio de solução de conflitos utilizado no País através dos Comitês Populares de Conciliação e dos Tribunais de Conciliação.
Com a emigração dos chineses para os Estados Unidos da América e para a Europa, a mediação ganha espaço, à medida em que, a partir da década de 70, o instituto se consolida nos Estados Unidos, difundindo-se, posteriormente, para o Canadá e para alguns países da Europa.
No ano de 1913, nos Estados Unidos, foram nomeados mediadores na Secretaria de Trabalho para a função de comissários de conciliação. 
Em 1946, com o objetivo precípuo de resolver conflitos trabalhistas, criou-se o Serviço Federal de Mediação e Conciliação [Federal Mediation and Conciliation Service – FMCS], que consolidou a figura do mediador como profissional, o qual, nesse sentido, possuía mínimas oportunidades de atuação fora deste departamento.
Apenas a partir de 1970, os americanos passaram a ver de fato nos meios alternativos de solução de conflitos [Alternative Dispute Resolutions – ADR’s] uma saída para desafogar o Judiciário, que se encontrava com acúmulo de processos oriundos do movimento de acesso à justiça daquele país. Em 1974, o psicólogo e advogado Dr. Coogler desenvolveu estudos sobre a mediação como forma de resolução de quaisquer disputas.
O instituto da mediação teve sua fundamentação teórica na Universidade de Harvard, Cambridge-Boston.
Em 1976, foi apresentado um estudo com a intenção de ampliar o acesso à justiça denominado de multi-door courthouse – Tribunal de Muitas Portas, no qual um tribunal poderia receber demandas por programas distintos, pois além do processo judicial tradicional haveria os meios alternativos, tais como a arbitragem, a conciliação e a mediação. Apenas em último caso seria o problema resolvido pelo sistema judicial.
Um comitê ligado à Associação dos Advogados Americanos ajudou na instalação de programas de meios alternativos nos tribunais americanos. 
Na Superior Court of the Disctrict of Columbia (Washington), após o acompanhamento pelo período de 4 (quatro) anos, a partir de 1983, o programa foi aprovado, designando-se uma divisão daquela corte para priorizar os meios alternativos, inclusive mediação, fazendo-se um treinamento de pessoas para participar desses procedimentos.
“Inicialmente, apenas as causas de valor inferior a $5.000 (cinco mil dólares), small claims, foi atribuída a possibilidade de solução por métodos alternativos naquele programa. Foram tão bem resolvidas que, a partir de 1991, esse valor foi elevado para $25.000 (vinte e cinco mil dólares). No ano de 1998, 43% de todas essas causas foram resolvidas por mediação”.
Em 17 de agosto de 2001, foi aprovado e regulamentado na Conferência Anual de Comissários para Uniformização de Leis a Uniform Mediation Act, para aplicação em todos os estados americanos, pois na época havia mais de 2.500 (dois mil e quinhentos) estatutos espalhados pelo país. 
A mediação na FRANÇA é regulada pela lei nº 95.125, que passou a vigorar em 1995, e pelo Decreto nº 96.652, de 1996, tendo eles modificado o artigo 131 do Código de Procedimento Civil, criando, expressamente, a mediação.
Esta Lei tem a finalidade de incentivar o emprego da mediação e também a busca de um fundamento jurídico correto ao modo alternativo para solucionar litígios, assegurando, assim, a paz social, por meio de uma solução aceita ou até mesmo proposta pelas partes.
Importante aspecto da mediação na França é que tanto pode ser mediador um advogado como qualquer outro profissional, não sendo necessário que tenha conhecimentos específicos de direito.
A França possui duas espécies principais de mediação: a mediação institucional e a mediação cidadã. No primeiro tipo, os mediadores são escolhidos pelas instituições e no segundo os mediadores são formados dentro da sociedade, proposto por cidadãos.
A implantação da mediação na ARGENTINA adveio do Poder Judiciário, com o Ministro da Justiça, León Carlos Arslanian, que procurou iniciar um Programa Nacional de Mediação.
O primeiro decreto a dispor sobre o tema, o de nº 1.480/92, declarandoa mediação como um interesse nacional, de processo informal, voluntário e confidencial, especificando sua aplicação aos conflitos judiciais e extrajudiciais, sem abranger as causas de natureza penal.
O sucesso das experiências realizadas no país, acrescidas das práticas obtidas no exterior, levaram o Poder Executivo a remeter ao Congresso Nacional projeto de lei que disciplinava a mediação e a conciliação, que foi convertido na Lei nº 24.573, sancionada em 25 de outubro de 1995, e regulamentada pelo Decreto nº 91, de 26 de janeiro de 1998.
Exige o Registro de Mediadores da Argentina que o mediador seja portador de diploma de advogado e tenha treinamento adequado a área de atuação em que pretende atuar.
PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO: art. 2º da Lei 13.140/15
Confidencialidade - Os fatos, situações e propostas ocorridas durante a Mediação são sigilosos e privilegiados. Aqueles que participarem do processo devem obrigatoriamente manter o sigilo sobre todo conteúdo a ele referente, não podendo ser testemunhas do caso, respeitado o princípio da autonomia da vontade das partes, nos termos por elas convencionados, desde que não contrarie a ordem pública. (art. 14 e arts. 30 e 31 da lei 13.140/15 da confidencialidade e suas exceções)
Pressupostos desse princípio:
1- Local reservado: para que a confidencialidade da mediação seja preservada.
2- Tratamento exclusivo: não ser utilizada nenhuma informação proveniente da mediação para outras mediações ou outros processos litigiosos como a arbitragem ou processo judicial.
3- Caráter individual: não arrolar, indicar, contratar pessoas que tenham servido de testemunhas, consultores e peritos ou participado de mediação em qualquer processo judicial ou arbitral.
Imparcialidade - A imparcialidade do mediador é imprescindível, pois, é ele quem ajuda as partes a tomar contato com seus conflitos sem impor seu critério. Não tem poder legal para decidir, não emprega a palavra persuadir, tenta ajudar a solucionar a controvérsia, através de técnicas, sem centrar tudo na adjudicação da justiça, facilitando o esclarecimento da posição e o grau de participação das partes no conflito. Tudo isto o torna, abstratamente, um intermediário imparcial.
Voluntariedade - Na mediação, os mediandos devem agir movidos por sua própria vontade. O primeiro caso em que a mediação se torna impossível é o caso em que apenas uma das partes se encontra disponível e desejosa de encontrar uma solução compartilhada, ou mais aberta ao diálogo. (art. 2º § 2ºda lei 13.140/15)
Autodeterminação - A autodeterminação das partes relaciona-se com a voluntariedade. As pessoas envolvidas na questão optam conscientemente pela mediação como tipo de abordagem para administrar o conflito. Essa opção significa a conquista de direitos e o comprometimento com responsabilidades. (entre outros princípios...)
Sobre o mediador – a LEI 13.140/15 – TRABALHA OS ARTIGOS 4º a 13
A POSIÇÃO DO MEDIADOR: 
O mediador não pode procurar estabelecer compromisso com os disputantes nem conseguir nada das partes através da sua posição. Sua função é facilitar a análise em relação a metas e estratégias, interesses, valores e necessidades, clarificando-as e, mais tarde, ajudando a deduzir possíveis resultados fundamentados nestas análises.
LIMITAÇÕES DO MEDIADOR: 
Espera-se, por isso, que o mediador, ciente do dever decorrente de sua imparcialidade recuse mediar um conflito sempre que não se sentir “competente” para conduzir o processo, tendo em vista a influência que suas crenças, convicções e valores sociopolíticos possam imprimir na intervenção de seus movimentos, e que, de qualquer forma, possa resultar em prejuízo para as partes envolvidas.
A COMPETENCIA DO MEDIADOR: 
Por “competência” entende-se a qualificação necessária para satisfazer à expectativas das partes, aí compreendida a capacidade para mediar, em sentido técnico (capacitação e experiência) e subjetivo (imparcialidade).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONFLITOS
Aprofundando um pouco mais nosso conhecimento sobre os conflitos, devemos informar a você que os conflitos têm níveis importantes a serem observados. Podemos dividi-los: 
1) INTRAPESSOAL – é um conflito exclusivamente nosso e que, às vezes, existe porque nós o vivemos assim.
2) INTERPESSOAL: o conflito afeta a mim e a outra pessoa.
3) GRUPAL: o conflito pode afetar a três ou mais pessoas. 
4) INTERGRUPAL: o conflito afeta a um ou mais grupos de pessoas.
5) SOCIAL: o conflito afeta a sociedade inteira.
Espécies de conflitos
Tais espécies podem ocorrer de forma cumulativa em determinadas situações. São elas:
1: CONFLITOS DE VALORES: diferenças na moral, ideologia, religião.
2: CONFLITOS DE INFORMAÇÃO: informação distorcida, conotação negativa.
3: CONFLITOS ESTRUTURAIS: diferenças de posições políticas e econômicas.
4: CONFLITOS DE INTERESSES: contradições nas reivindicações de bens e interesses.
FINALIDADES DA MEDIAÇÃO
Restabelecimento da Comunicação entre as Partes
A meta inicial da mediação é fazer com que as partes possam voltar a ter uma comunicação eficiente, visando discutir os pontos relevantes da controvérsia e encontrar uma resposta amigável para o problema.
Desta forma, antes de se chegar ao acordo e por fim a controvérsia, o mediador deverá tentar eliminar as barreiras que impedem a comunicação entre as partes, pois em essência elas próprias devem ser capazes de superar o conflito, modificando o que antes era uma disputa para uma oportunidade de crescimento e uma mudança de conduta.
Preservação de Relacionamentos entre as Partes
A sentença pode levar ao fim de uma parte da controvérsia (questão jurídica), mas não pode garantir o fim do conflito (questão conflitual).
Demonstra-se assim, a importância da mediação, como técnica destinada a manter o bom relacionamento entre as partes mesmo depois de solucionada a controvérsia.
Prevenção de Conflitos
Um dos principais auxílios que a mediação tem a oferecer a população é a busca de se evitar o surgimento de disputas e, com o fortalecimento da comunicação entre as partes, se afastar de futuras divergências que venham a ocorrer sem a chance de diálogo entre os indivíduos.
No momento em que os cidadãos conseguem retornar ao diálogo, seus descontentamentos podem se tornar passíveis de conversação, negociação e composição, e eles atuam por conta própria na condução do caso discutido.
Inclusão Social
Nos termos do artigo 1º, inciso V da Constituição de 1988, a República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado democrático de direito com fundamento no pluralismo jurídico.
Da leitura deste dispositivo fica claro que os procedimentos de autocomposição são os métodos mais assemelháveis ao modelo de democracia pluralista.
É de suma importância o incentivo do cidadão na participação do processo de busca da real e efetiva democracia. Essa a razão que leva Rodolfo de Camargo Mancuso a afirmar que:
“O Estado-administrador pode (e mesmo deve) desempenhar sua tarefa de boa gestão da coisa pública em colaboração com os administrados, no contexto global da chamada democracia participativa estimulada em vários dispositivos da Constituição de 1988 [...] Mesmo na legislação infra-constitucional nota-se o incentivo à participação da comunidade [...]”
Todos os setores da sociedade precisam contribuir para que a distribuição de justiça seja eficiente. Eis por que incumbe ao cidadão a importante tarefa de colaborar para o exercício da jurisdição, reconhecendo também sua responsabilidade na busca da justiça e do consenso.
Pacificação Social
A mediação se difere das outras técnicas de composição de conflitos ao buscar as causas da demanda para dirimir a angústia dos envolvidos. 
A decisão imposta pelo sistema judicial, em um procedimento marcado pela litigiosidade, a disposição dos interessados pode ficar ainda mais comprometida, afastando-os cada vez mais da efetiva pacificação, uma vez que no final haverá um ganhador e um perdedor, e a probabilidade que a parte sucumbente não se conforme é grande, fulminando de plano uma efetiva pacificação.Daí porque Maria Berenice Dias e Giselle Groeninga entendem que
“faltam instrumentos ao judiciário para lidar com a esfera afetiva e psicológica dos afetos e desejos e com a esfera psicossocial (papéis e funções) dos vínculos desfeitos. Nesta sede é que a mediação pode dar sua melhor contribuição, pois vem resgatar o indivíduo e suas responsabilidades. Ajuda a entender o sentido dos direitos e deveres em nível legal e sua tradução para a esfera das relações familiares. À medida que estas ficam mais claras para as partes também se clarificam para o Estado, assim como as responsabilidades deste para com os indivíduos”.
“As pessoas, por meio da mediação, têm a oportunidade de distinguir o lado emocional e o lado econômico da situação. A mediação serve para diminuir o descompasso entre o nível jurídico da distribuição de direitos e deveres, o nível sócio-psicológico dos papéis e funções, bem como o desequilíbrio econômico e psicológico dos afetos. Contribuindo para a conscientização do par, resta facilitada a execução dos acertos finais, diminuindo a distância entre a sentença e o que é negociado entre as partes”.
 
É de se ressaltar que o cumprimento do acordo ajustado tem mais chance de ser efetivado do que a decisão imposta pelo juiz, em razão do ânimo das partes que é bem diferente quando o acordo se origina de sua vontade.
FERRAMENTAS DA MEDIAÇÃO
1) Escuta Ativa na mediação de conflitos
Durante a resolução de um conflito, é esperado que as partes estejam com as emoções afloradas. Geralmente, esses sentimentos negativos travam o diálogo. Nesse momento, o mediador deve praticar a escuta ativa. 
Isso significa prestar atenção não apenas nas palavras ditas pelas partes, mas também na linguagem não verbal, como gestos e expressões faciais. O mediador deve manter contato visual com os reclamantes a todo o momento, ainda que alguma das partes evite olhar diretamente. É importante não julgar a situação nem ou tirar conclusões precipitadas.
Outra dica é fazer perguntas para ter certeza de que todos captaram as informações corretamente. Por fim, entra em cena a empatia: o mediador coloca-se no lugar de cada uma das partes para compreender melhor suas opiniões e emoções. A habilidade de entender as nuances de cada conflito é imprescindível para o sucesso das técnicas de mediação de conflitos.
2) Parafraseamento como técnica de mediação
Depois de enxergar o conflito pelo ângulo das partes, o mediador parafraseia – ou seja, repete com outras palavras e com a maior clareza possível – todos os pontos de vista. Essa estratégia faz com que os participantes não vejam apenas os pontos negativos que os atingem. É preciso deixar claro que todos estão sendo afetados negativamente pela situação e que, da mesma forma, pode haver uma solução que seja justa para todos. 
Em um conflito entre sócios, por exemplo, pode haver uma percepção mútua de falta de engajamento. Cada um acredita que trabalha mais do que o outro, o que vai desgastando a relação. Nesse caso, é importante que as duas partes enumerem, com ajuda da mediação de conflitos se necessário, as tarefas que realizam em prol da empresa. É preciso ter em mente que algumas tarefas não produzem resultados imediatos, mas são importantes no longo prazo. Assim, o sócio que faz prospecção de clientes pode parecer menos engajado, enquanto aquele que cuida da operação parece sobrecarregado. 
Quando o conflito fica claro, o papel do mediador é atuar para que um reconheça o valor do outro e ajudar a construir uma solução conjunta, com mudanças em relação às tarefas, se necessário.
3) Rapport
O rapport é uma técnica que busca criar empatia entre as partes, baseada no tripé comunicação coordenada, atenção mútua e sentimento positivo. Também é usado para fazer com que os participantes estabeleçam vínculo com o mediador, confiando a ele o papel de intermediar as conversas. 
Uma das maneiras de criar essa confiança é o espelhamento: o mediador reproduz o comportamento de cada uma das partes, como linguagem utilizada e expressões faciais, com o objetivo de criar conexão. A ideia é transmitir aos envolvidos a percepção de que o mediador é parecido com cada um deles – que “é gente como a gente”. Essa similaridade fortalece o relacionamento, porque aumenta o grau de confiança na figura do mediador.
4) Brainstorming
A palavra brainstorming é usada com frequência no contexto da comunicação e do marketing. É uma técnica que consiste em uma sessão de conversa sobre uma determinada questão, em que todos os participantes contribuem espontaneamente com ideias. Dentro de uma mediação de conflitos, o propósito é o mesmo: fazer com que os participantes tenham o máximo de ideias possíveis para resolver a disputa. 
O brainstorming é fundamental quando há um impasse na solução do conflito. O mediador deve ter a sensibilidade de identificar o momento de realizar essa técnica. Caso as partes ainda estejam com o conflito aflorado, é possível que não haja engajamento suficiente. 
5) Caucus
O caucus é a realização de encontros privados com as partes como forma de organizar os argumentos sem a presença do outro interessado. É usada para avançar na negociação quando os ânimos estão muito exaltados. 
Não há um momento específico para realização do caucus. O mediador só deve usá-lo na impossibilidade de diálogo entre as partes. Durante essas conversas particulares, ele pode atuar para fortalecer o vínculo com os participantes, gerando mais confiança e aumentando as chances de sucesso.
CONCILIAÇÃO: 
Conciliar, se olharmos os dicionários, significa harmonizar-se, alcançar pacificação. A tentativa de conciliação prevê, portanto, a expressão maior do pacto social entre as partes. 
Do latim “conciliatio”, de “conciliare” (harmonizar, ajuntar), é o ato pelo qual duas ou mais pessoas se ajustam amigavelmente, pondo fim às suas divergências. 
Pode ser judicial ou extrajudicial. 
 Maria Helena Diniz (2005), ensinando que Conciliação é o:
“Encerramento da lide feito pelas partes, no processo por meio de autocomposição e heterocomposição daquela. É o método de composição em que um especialista em conflitos faz sugestões para sua solução entre as partes, não é adversarial e pode ser interrompida a qualquer tempo. Pressupõe transigência e é aplicável a todos os conflitos e alguns da esfera penal em pequenos delitos e contravenções.”
CARACTERÍSTICAS DA CONCILIAÇÃO:
Além da administração do conflito por um terceiro imparcial, este mesmo conciliador tem a prerrogativa de poder sugerir um possível acordo, após a avaliação das vantagens e desvantagens que tal proposição traria a ambas as partes.
CONCILIADOR: A participação ativa do conciliador, como instrumento de garantia de possibilidade de acordo, empenho e técnica, bem como tratamento respeitoso, farão com que as partes (diante da resposta rápida e eficiente através da conciliação) sejam vistas como o próprio fim da prestação jurisdicional. 
Amparo Legal: Em resposta aos anseios sociais e em atendimento ao mandamento constitucional contido no art. 98, I da Constituição Federal, o legislativo editou e aprovou a Lei 9.099/95. O Processo, nesses Juizados, orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.
UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE A CONCILIAÇÃO
 A conciliação no ordenamento jurídico brasileiro encontra seu início na Constituição de 1824, artigos 161 e 162, que estabeleceu a conciliação prévia como condição essencial de procedibilidade para todos os processos cíveis, repetindo o art. 48 e seguintes do Código de Processo Civil Francês. 
Concretizava o ideal maior de evitar a formação de litígios e promovia a harmonia entre os cidadãos.
No mundo contemporâneo ocorre a manutenção das relações interpessoais e negociais, que, com certeza, não passam por uma sentença. 
A referida autora (ANDRIGHI, 2011), cita como exemplo a concepção que, até o século XIX, a China desenvolveu acerca do papel do Poder Judiciário, longe de qualquer influência ocidental. 
“A busca da harmonia, fontedo equilíbrio do mundo e da felicidade dos homens, estava inserida na imagem que os chineses projetavam sobre a Justiça. Para eles, estando as relações sociais na base do equilíbrio principal, buscava-se que, em primeiro plano, as partes em conflito fossem conciliadas pela intervenção de um terceiro, ou procurassem, elas mesmas, um consenso. Toda a condenação, toda a sanção e toda a decisão da maioria deveriam ser evitadas. Todo o litígio deveria ser acabado, o que é muito mais que ser resolvido e decidido. A solução proposta pela transação deveria ser livremente aceita pelos envolvidos, porque, na medida em que privilegiava o sentimento de cada um quanto ao que considerava justo, ninguém poderia levar consigo o sentimento de ter sido prejudicado ou de ter perdido a causa”.
Os valores destacados, nestas situações, eram a educação e a persuasão, e não a autoridade e a coerção. 
A China de hoje está mudada, todavia muitas questões que, no Ocidente, são levadas aos tribunais continuam, na China, a serem resolvidas em âmbito não judicial. 
Segundo Andrighi (2011), a solução dos litígios, entre os chineses, passa muito mais pela responsabilidade política dos administradores do que pela autoridade dos integrantes do Poder Judiciário, pois, segundo pensam, o elevado número de processos em trâmite nos tribunais constitui prova da ineficiência dos administradores.
Assim, crise do Poder Judiciário jamais será debelada se antes não nos empenharmos em mudar a mentalidade do povo brasileiro
NATUREZA JURÍDICA E ESPÉCIES DE CONCILIAÇÃO
A conciliação tem natureza jurídica de transação.
Alguns doutrinadores subdividem a conciliação em algumas espécies, podendo ser extrajudicial ou judicial. 
A primeira é caminho facultativo, denominado de extra ou pré-processual, se instaura antes de intentada a ação. É uma alternativa que não afasta o processo, quando frutífera pode homologada pelo juiz, tão somente elimina a fase de conhecimento do processo podendo ser executada de plano, mas não exclui a possibilidade de ingresso nas vias judiciais. 
A segunda é praticada pela autoridade judiciária ou por alguém que a represente e esteja sob a sua tutela. É realizada dentro do processo, ou seja, ENDOPROCESSUAL. É o procedimento obrigatório realizado com o processo já iniciado e durante este, sendo a sua tentativa um dever do juiz (artigo 359, 694, 695, 696, 3º § 3º, 165, 335 cpc/15)
OS CONCILIADORES
Para atuar como mediador ou conciliador judicial é preciso ser graduado há pelo menos dois anos em qualquer área de formação, conforme o art. 11 da Lei n. 13.140, de 26 de junho de 2015. 
Os tribunais têm autonomia para definir outros critérios para aceitação de conciliadores e mediadores. 
É necessário que os interessados entrem em contato com o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) ou com os Centros de conciliação dos tribunais.
A Resolução n. 125/2010 do CNJ, a Lei da Mediação (2015) e o Código de Processo Civil (2015) determinam que o mediador judicial e o conciliador devem ter capacitação, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
O Código de Processo Civil (2015) prevê art. 165 § 2º figura do conciliador.
Ver demais artigos.
DIFERENÇAS ENTRE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO 
Na CONCILIAÇÃO, o terceiro envolvido propõe alternativas de resoluções, o que denota sua maior intervenção e responsabilidade para solucionar o conflito. 
Embora o acordo jamais possa ser imposto, a participação do conciliador na composição do litígio é mais efetiva, mostrando às partes envolvidas possibilidades de se chegar a um consenso. 
No que diz respeito à MEDIAÇÃO, nota-se um maior grau de empoderamento das partes que atuam de uma forma efetiva para solucionar o conflito, ficando a cargo do mediador o papel de facilitador da negociação. 
As partes estão autodeterminadas e são responsáveis pela composição do litígio, o que naturalmente facilita a elaboração, aceitação e posterior cumprimento do acordo firmado.
Deve o mediador deixar de externar sua opinião ou posicionamento sobre o assunto, pois isso poderia significar que estaria agindo de forma a dar razão a uma das partes, o que poderia comprometer severamente a mediação. 
Segundo o Guia de Mediação e Conciliação (2015) são estabelecidos diversos pontos de distinção entre a mediação e a conciliação, sugerindo‑se que: 
 
i)	a mediação visaria à “resolução do conflito” enquanto a conciliação buscaria apenas o acordo;
ii)	a mediação visaria à restauração da relação social subjacente ao caso enquanto a conciliação buscaria o fim do litígio;
iii)	a mediação partiria de uma abordagem de estímulo (ou facilitação) do entendimento enquanto a conciliação permitiria a sugestão de uma proposta de acordo pelo conciliador; 
iv)	a mediação seria, em regra, mais demorada e envolveria diversas sessões enquanto a conciliação seria um processo mais breve com apenas uma sessão; 
v)	a mediação seria voltada às pessoas e teria o cunho preponderantemente subjetivo enquanto a conciliação seria voltada aos fatos e direitos e com enfoque essencialmente objetivo; 
vi)	a mediação seria confidencial enquanto a conciliação seria eminentemente pública; 
vii)	a mediação seria prospectiva, com enfoque no futuro e em soluções, enquanto a conciliação seria com enfoque retrospectivo e voltado à culpa; 
viii)	a mediação seria um processo em que os interessados encontram suas próprias soluções enquanto a conciliação seria um processo voltado a esclarecer aos litigantes pontos (fatos, direitos ou interesses) ainda não compreendidos por esses; 
ix)	a mediação seria um processo com lastro multidisciplinar, envolvendo as mais distintas áreas como psicologia, administração, direito, matemática, comunicação, entre outros, enquanto a conciliação seria unidisciplinar (ou monodisciplinar) com base no Direito (p.36-7).
Conselho Nacional de Justiça (2010) e consolidada em resoluções e publicações diversas, pode‑se afirmar que a conciliação no Poder Judiciário busca:
i)	além do acordo, uma efetiva harmonização social das partes; 
ii)	restaurar, dentro dos limites possíveis, a relação social das partes; 
iii)	utilizar técnicas persuasivas, mas não impositivas ou coercitivas para se alcançarem soluções; 
iv)	demorar suficientemente para que os interessados compreendam que o conciliador se importa com o caso e a solução encontrada;
v)	 humanizar o processo de resolução de disputas; 
vi)	preservar a intimidade dos interessados sempre que possível; 
vii)	visar a uma solução construtiva para o conflito, com enfoque prospectivo para a relação dos envolvidos; 
viii)	permitir que as partes sintam‑se ouvidas; e 
ix)	utilizar‑se de técnicas multidisciplinares para permitir que se encontrem soluções satisfatórias no menor prazo possível (GUIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO, p.37)
 PROCEDIMENTO 
Analisadas a dimensão do conflito e as partes nele envolvidas, a conciliação pode apresentar-se como o método eficaz para a sua rápida solução, que, em geral, se desenvolve em apenas quatro etapas: 
(a) na primeira delas, o conciliador esclarece às partes acerca do procedimento e as implicações legais do alcance do acordo; 
(b) na segunda, as partes manifestam suas posições e o conciliador, ouvindo-as e questionando-as sobre os fatos, deverá identificar os pontos convergentes e divergentes da controvérsia, criando atalhos para a terceira etapa; 
(c) na terceira, são criadas as opções para a solução da lide, inclusive, se for o caso, com informações técnicas ou sugestões de terceiros, visando o consenso ou o fechamento do acordo; 
(d) na quarta e última, a redação do acordo/transação e sua assinatura.
Artigo 334 cpc – procedimento.
CONCILIAÇÃO NO SÉCULO XXI 
Assim, a utilização de técnicas adequadas na conciliação, como as ferramentas da mediação, pressupõe, na essência, que os profissionais não se afastem dos princípios norteadores do disposto no Código de Ética da Resolução 125 do ConselhoNacional de Justiça, de 29 de novembro de 2010, ressaltando‑se especialmente:
- Confidencialidade: tudo o que for trazido, gerado, conversado entre as partes durante a conciliação ou mediação fica adstrito ao processo.
- Imparcialidade: o conciliador/mediador não toma partido de nenhuma das partes.
- Voluntariedade: as partes permanecem no processo conciliatório se assim desejarem.
- Autonomia da vontade das partes: a decisão final, qualquer que seja ela, cabe tão somente às partes, sendo vedado ao conciliador e ao mediador qualquer imposição.
RESUMO
Você pode perceber que o maior ganho a ser obtido com a prática da negociação e da conciliação será a possibilidade das partes construírem a solução para os seus conflitos. Uma vez que o conciliador não atua como um juiz, impondo uma decisão, mas, sim, como um facilitador da discussão, ele irá colaborar para que a negociação termine em um acordo e as duas partes saiam vencedoras. A decisão consensual facilita e impulsiona atingir a pacificação e a harmonia social, porque valoriza a autonomia dos litigantes, resolvendo o conflito de forma adequada e satisfatória para todos os envolvidos.
ARBITRAGEM (Lei 9307/96)
Forma alternativa de resolução de conflitos, colocada ao lado da jurisdição. 
[...] a prática alternativa, extrajudiciária, de pacificação antes da solução de conflitos de interesses envolvendo os direitos patrimoniais e disponíveis, fundada no consenso, princípio universal da autonomia da vontade, através da atuação de terceiro, ou de terceiros, estranhos ao conflito, mais de confiança e escolha das partes em divergência.
Na arbitragem a intermediação é ativa, pois o árbitro, além de ouvir as versões das partes, tentar uma solução consensuada, interagir com essas partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso uma alternativa conciliatória não seja alcançada.
Na arbitragem, as partes maiores e capazes, divergindo sobre direito de cunho patrimonial, submetem o litígio ao terceiro (árbitro), que deverá, após regular procedimento, decidir o conflito, sendo tal decisão impositiva.
A crucial diferença entre a POSTURA do árbitro e a postura do mediador/ conciliador:
O árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao passo que o mediador pode apenas sugerir, admoestar as partes, tentar facilitar o acordo, mas não pode decidir a controvérsia. 
Em relação à conciliação, apesar da intermediação mais incisiva do terceiro, mesmo assim, o objetivo é fazer com que os interessados empreguem suas forças para uma solução amigável do conflito, enquanto que o árbitro pode ir além e, ultrapassada essa fase conciliatória, não se chegando ao acordo, pode impor uma solução.
Busca-se:
· um mecanismo mais ágil e adequado para a solução de conflitos, 
· fuga ao formalismo exagerado do processo tradicional.
· árbitro pode ser uma pessoa especialista na área do litígio apresentado, ao contrário do juiz, que nem sempre tem a experiência exigida para resolver certos assuntos que lhe são demandados.
CARACTERISTICA: substitutividade, existindo a transferência do poder de decidir para o árbitro.
QUANTO AO MOMENTO:
A arbitragem pode ser convencionada:
· antes (cláusula compromissória) do litígio - está inserida em um contrato, sendo redigida antes do início do conflito.
· depois (compromisso arbitral) do litígio, é um contrato próprio para escolher a arbitragem, redigido após o surgimento do conflito
A arbitragem consiste na solução do conflito por meio de um terceiro, escolhido pelas partes, com poder de decisão, segundo normas e procedimentos aceitos por livre e espontânea vontade das partes.
Em comparação à arbitragem, na jurisdição, monopólio do Estado e o instrumento ainda mais utilizado na solução dos conflitos no Brasil, não há limites subjetivos (de pessoas) ou objetivos (de matéria), ostenta a característica da coercibilidade e auto-executoriedade, o que não ocorre na arbitragem.
A arbitragem, é um degrau a mais em relação à conciliação, especificamente na intermediação ativa, pois o árbitro, além de ouvir as versões das partes, além de tentar uma solução consensual e de interagir com essas partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso uma alternativa conciliatória não seja alcançada.
Qual seria a distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado?
É certo que o legislador quis transferir ao árbitro praticamente todos os poderes que o juiz de direito detém. O legislador, na Lei n. 9.307/96, chega a afirmar textualmente, no art. 18, que o árbitro é juiz de fato e de direito e a sentença que ele proferir não fica sujeita a recurso ou à homologação pelo Poder Judiciário.
Esse dispositivo está em perfeita consonância com o art. 475-N, IV, do CPC, que diz ser a sentença arbitral um título executivo judicial.
Mas, voltemos ao poder do juiz e do árbitro.
Uma das características principais da jurisdição é a coercibilidade.
O juiz, no exercício de seu mister, tem o poder de tornar coercíveis suas decisões, caso não sejam cumpridas voluntariamente. Ele julga e impõe sua decisão.
O árbitro, assim como o juiz, julga. Ele exerce a cognição, avalia a prova, ouve as partes, determina providências, enfim, preside aquele processo. Contudo, não tem ele o poder de fazer valer suas decisões.
Em outras palavras, se uma decisão do árbitro não é voluntariamente adimplida, não pode ele, de ofício, tomar providências concretas para assegurar a eficácia concreta do provimento dele emanado.
Assim sendo, pelo sistema atual, em sendo descumprida uma decisão do árbitro, deve a parte interessada recorrer ao Poder Judiciário a fim de emprestar força coercitiva àquela decisão arbitral.
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A LEI DE MEDIAÇÃO E O NOVO CPC
 Temos que parte de mediação do Novo CPC está revogado pela Lei de Mediação (posterior e especial), no que as disciplinas não sejam conciliáveis, ilação que tem reflexos absolutamente substanciais, tudo a demandar a atuação do intérprete na conciliação dos diplomas normativo.
A lei de mediação, aprovada posteriormente ao Novo CPC, entrará em vigor antes (dezembro de 2015) daquele (março de 2016).
De inicio teremos então a lei de mediação vigorando, valendo, portanto, quanto as sessões de mediação, sendo que novo CPC ainda não terá entrado em vigor. Logo, os dispositivos da Lei de Mediação serão aplicados no Velho Processo (atual Código de Processo Civil de 1973), entre eles, a audiência de mediação obrigatória (artigo 27).
POR OUTRO LADO, após a entrada em vigor do NCPC basta cogitarmos da situação envolvendo a audiência de conciliação e mediação estipulada no artigo 334 do Novo CPC.
No ponto, o Novo CPC permite que a audiência do artigo 334 do Novo CPC não se realize mediante consenso das partes quanto ao desinteresse no consenso, manifestado antes da data aprazada para o ato (§§ 4o e 5o). É o consenso quanto ao dissenso.
Pois bem, no tocante à mediação, a disposição do Novo CPC é natimorta, pois a audiência de mediação, frente ao disposto na Lei de Mediação, não pode ser dispensada pelas partes, como se afere da leitura conjugada dos seus artigos 3o e 27.
Vejam, a possibilidade de dispensa da audiência de mediação pelas partes restou suprimida pela nova Lei de Mediação, no que esta torna obrigatória sua realização.
Vigente o Novo CPC, ao receber a petição inicial, o magistrado, exercendo o juízo de admissibilidade positivo, designará audiência de conciliação ou mediação.
Designada que seja audiência de mediação, as partes não poderão obstar sua realização mediante consenso, haja vista que a disciplina do inciso I do § 4o do artigo 334 não se aplicará mais à mediação, vez que subtraída da disciplina geral do Código pela existência de diploma especial e posterior (Lei de Mediação).
Evidentemente, esse fatiamento do Novo CPC pela Lei de Mediação acentua a diferença entre os institutos da conciliação e da mediação, submetendo-os a regramento processual diverso, quiçá com perda de sistematicidade do ordenamento processual.
 Isso já se fazia sensível no Novo CPC, quando, por exemplo, estabelececomo ato atentatório da justiça o não comparecimento na audiência de conciliação, silenciando quanto à mediação (artigo 334, 8o).
Portanto, ainda que NÃO fosse desejável, a Lei de Mediação alterou o Novo CPC, no concernente ao tema da mediação, relegando à desvalia as regras do Código quando incompatíveis com a Lei de Mediação.
Art. 334.  Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
§ 3o A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
§ 4o A audiência não será realizada:	
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
§ 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
§ 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.
§ 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
SOBRE O VIDEO:
MINUTOS:
3:40 – ABERTURA (como pretende ser chamado)
5:15 - discurso de abertura
11:35 – técnica – posições e interesses
11:43 - ouvir uma parte
14:57 – ouvir a outra parte
19:39 - Encerramento de coleta de informações
19:55 – resumo
21:50 - interesse/posição
22:30 – pauta – é isto?
23:05 – sessão individual (técnica)
23:52 – confidencialidade
25:07 – inversão de papeis (técnica)
26:28 – reconhecimento pela parte de que poderia fazer diferente
28:38 - término da sessão individual (luiza)
28:38 – início da sessão (renato)
Manutenção da relação de vizinhança
30:50 – inversão de papeis (ténica)
35:55 – retorno sessão conjunta (empoderamento/ progresso/ incentivo)
38:39 – termo de mediação
41:03 – sentimento em relação a comunicação
42:03 – leitura do termo
43:55 – agradecimento - encerramento
FORUM DE MULTIPLAS PORTAS OU TRIBUNAL MULTIPORTAS
No Brasil, temos um sistema civil e normativista, tradicionalmente, pretendendo que o Código de Processo Civil regesse todas as soluções de disputas no âmbito procedimental. Isso vem sendo demonstrado incabível.
O sistema procedimental hoje existente não é flexível e veloz o bastante para, adequadamente, cumprir com as garantias constitucionais existentes, como já esclarecemos em outros capítulos. A teoria da individualidade no processo e a ideia de restrição da ação às partes e ao pedido impedem o acesso universal e solidarista da jurisdição que se vê muitas vezes limitada a administrar o conflito que lhe é lhe apresentado não alcançando, a extensão que seria necessária para efetivamente resolver a questão. 
Por outro lado, decisões absolutamente intocáveis repetidas vezes tornam-se não cumpridas, impedindo a efetividade dos direitos reconhecidos. Percebe-se, portanto uma crise estrutural, não apenas por falta de recursos e inaptidões tecnológicas, mas também, por deficiências na formação dos operadores jurídicos em face da crescente complexidade dos temas enfrentados.
Um dos grandes desafios do Poder Judiciário, no século XXI, consiste em combater a posição singular de que para cada conflito de interesse só pode haver uma solução correta – a do magistrado, sendo mantida ou reformada em grau recursal, e se torna a “verdadeira solução” para o caso. A ideia de que o jurisdicionado, quando busca o Poder Judiciário, o faz no desejo de receber a solução de um terceiro para suas questões, vem, paulatinamente, sendo alterada para uma visão de um Estado que orienta as partes a resolverem, da forma mais consensual e amigável possível, seus próprios conflitos e, só em casos excepcionais, como último recurso, se decidirá no lugar das partes. 
Desta forma, tem se trabalhado a noção de que o Estado precisa preparar aquele que busca sua ajuda para utilizar, adequadamente, o sistema público de resolução de disputas bem como, sempre que possível, resolver seus próprios conflitos. Para transformar esta cultura de terceirização de resolução de conflitos, desde a década de 1990, no Brasil, foram criados diversos projetos em prol da autocomposição, em especial através da mediação e da conciliação (práticas já vistas em capítulos anteriores). Podemos dizer, que a autocomposição tornou-se um instrumento jurídico, visto que o acesso à justiça passou a se relacionar com a satisfação do usuário e não o mero acesso ao Judiciário.
Como já sabemos, alguns conflitos vão além da aplicação da norma jurídica aos fatos. Sendo assim, é fundamental o uso dos métodos adequados de resolução de conflitos. O processo jurisdicional é limitado àquela parte do conflito que é estabelecida nos autos, entretanto, os motivos que realmente geraram o processo ficam de lado. É por isso que só uma participação direta das partes possibilitará o encontro de uma solução que satisfaça os interesses de todos os envolvidos. 
É partindo destas colocações que surge a ideia de um Fórum de múltiplas portas ou Tribunal Multiportas como um instrumento para aprimorar o sistema de resolução de conflitos e ampliar o acesso à justiça. É preciso entender, e é importante reafirmar que esse Tribunal não objetiva apenas levar as demandas das pessoas à justiça, mas incluir estas em procedimentos que possam atender seus conflitos de forma mais eficiente. Vamos, então, entender o que é este Tribunal Multiportas ou Fórum de Múltiplas Portas.
Segundo Mallmann (2016), a ideia do Sistema Multiportas surgiu nos Estados Unidos, em 1976, a partir de uma conferência do professor da Faculdade de Direito de Harvard, Frank Sander. Para este acadêmico, havia uma insatisfação das pessoas que buscavam o Judiciário, em relação à insuficiência para atender as suas demandas.
Esse Tribunal pode ser descrito como um sistema de solução de litígios que prevê a integração de várias formas de resolução de conflitos em um único local, não apresentando apenas uma porta (processo judicial), mas várias alternativas, judiciais e extrajudiciais, que se adéquam de acordo com cada conflito. 
A principal característica desse sistema, segundo Mallmann (2016) está na sua fase inicial. A pessoa ao se apresentar com uma demanda no Fórum passa por uma triagem e com auxílio de um profissional que é o responsável pelo encaminhamento das ações, verifica qual é o procedimento mais adequado e recomendável para aquele caso e para as pessoas envolvidas, economizando tempo e dinheiro para todos.
Mesmo após a triagem e o encaminhamento para o mecanismo mais adequado ao que foi apresentado, pode haver uma nova avaliação e um novo encaminhamento para outra porta “mais apropriada”. Para a aplicação deste sistema nos Estados Unidos, segundo Mallmann (2016), foram estabelecidos cinco critérios para a escolha do mecanismo mais adequado. Foram eles:
a) A natureza e complexidade do conflito;
b) O relacionamento entre as partes;
c) O valor do pedido;
d) Os custos envolvidos na resolução da disputa;
e) A urgência na resolução do conflito e a necessidade de intervenção.
 
São vários os mecanismos de resolução ou tratamento de conflitos que podem ser considerados “portas” no Sistema Multiportas. Temosos tradicionais, em nossa cultura, que são a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem, que já foram vistos anteriormente, e aqueles chamados de híbridos ou alternativos não tradicionais. Vamos passar, brevemente, ao estudo destes mecanismos.
6.14. MECANISMOS HÍBRIDOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS OU MECANISMOS ALTERNATIVOS NÃO TRADICIONAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Ao lado dos clássicos mecanismos adequados de resolução de conflitos - negociação, mediação, conciliação, arbitragem – encontramos hoje, principalmente nos países de tradição anglo-saxônica (COMENTÁRIO) várias formas de resolução de conflitos não adjudicatórias (CONCEITO), que demonstram várias formas de entender o papel de um terceiro na relação e o controle das partes em relação a mesma.
Uma destas formas é a avaliação prévia independente (early neutral evaluation). Esta avaliação é um processo em que um profissional, geralmente um advogado e neutro em relação à disputa, escuta cada uma das partes que fala sobre o ocorrido de forma resumida e, após esta escuta, o profissional emite uma opinião em relação aos méritos de cada parte. Essa opinião serve para testar a credibilidade das provas e prever um possível resultado no tribunal, servindo, muitas vezes, para ser utilizada como um início de acordo ou negociações futuras.
O mini julgamento (mini trial) é uma simulação de uma sessão em um Tribunal, onde os advogados de cada parte apresentam seus argumentos a um painel constituído pelas partes, por uma terceira pessoa neutra, que auxilia as partes no esclarecimento do conflito e na avaliação dos méritos da questão. Nesta situação, não é formulada nenhuma decisão, mas as partes adquirem uma percepção mais real do problema, levando-as muitas vezes à celebração de um acordo. Quando, no lugar de um terceiro neutro, a situação é apresentada a um júri simulado, esse mini julgamento é chamado de tribunal de júri sumário (summary juri trial).
Na corte anexada à arbitragem (court annexed arbitration) é utilizada a arbitragem anexada ao juízo tradicional. As partes são incentivadas a participarem da arbitragem como mecanismo de tratamento de seu conflito.
A mediação-arbitragem (med-arb) é o resultado da combinação destes dois processos. As partes concordam em submeter o litígio a uma mediação e nos pontos em que não chegarem a um acordo elas aceitam que o mediador lhes imponha uma decisão quanto a estes pontos não consensuais. Em algumas versões, o mediador e o árbitro são pessoas diferentes. 
Na arbitragem-mediação (arb-med) ocorre o contrário. Segundo Mallmann (2016), primeiro é realizado o procedimento da arbitragem, sem, no entanto, anunciar a sentença para as partes. Em seguida, inicia-se a mediação.
 O ombudsman ou provedor é uma função criada nos países escandinavos. Consiste em um terceiro independente que se encarrega de tratar das queixas contra a Administração Pública. No entanto, esta função existe também em outros domínios. Pode ser uma pessoa nomeada por uma instituição com poderes para investigar, criticar e tornar pública sua recomendação, sem o poder de impor, anular, revogar ou modificar os atos da instituição. Na verdade, atua formulando observações e recomendações, buscando a satisfação das reclamações das pessoas interessadas.
Outra situação que merece destaque é a peritagem (expert determination). As partes nomeiam um perito (ou peritos) que analisa os fatos e emite uma decisão vinculativa ou uma simples avaliação, sem ter de cumprir todos os procedimentos típicos do judiciário.
É importante que você compreenda que não há hierarquia entre estes procedimentos e a concepção de multiportas não delimita o número de portas. Com isso, novos mecanismos podem ser desenvolvidos para realizar a satisfação das partes envolvidas e enriquecer a justiça. Encontramos em alguns países, segundo Mallmann (2016), a implementação de processos como o Divórcio colaborativo, em que as partes que estão em um processo de divórcio concordam em fazer uma tentativa para chegar a um acordo antes de recorrer ao tribunal. Todos os participantes, inclusive os representantes legais das partes assinam um acordo de confidencialidade e de boa-fé onde se comprometem a trocar informações completas. Neste mecanismo, os advogados das partes também assinam uma cláusula em que os proíbe de representar as partes, caso elas tenham de ir ao tribunal para resolver o litígio. Podem ser incluídos neste procedimento profissionais da área financeira e da saúde, conforme a necessidade da situação.
Outra “porta” que deve ser mencionada é a coordenação familiar ( Parenting Coordination). É um procedimento híbrido que trata da custódia dos filhos de pais separados. Este trabalho tem o objetivo de ajudar os pais a seguirem o que foi decidido em sentença pelo juiz e educar os pais sobre o resultado prejudicial do conflito entre eles para os seus filhos, tentando, desta forma, reduzir os traumas que possam ocorrer a partir destas separações.
No Brasil, já temos um projeto semelhante que passou a ser implementado em 2013 pelos Tribunais de Justiça, com o apoio do Conselho Nacional de Justiça. São as Oficinas de Parentalidade, que tem como objetivo transmitir técnicas apropriadas de comunicação na família, ensinamentos sobre as consequências do litígio para os filhos e informações legais sobre alienação parental, guarda compartilhada, convivência e alimentos.
Sempre é bom chamar a sua atenção para o fato de que em cada procedimento, seja tradicional ou não tradicional, há vantagens e desvantagens que devem ser consideradas em razão das características específicas de cada conflito.
6.15. SISTEMA MULTIPORTAS E O JUDICIÁRIO BRASILEIRO 
No ordenamento jurídico brasileiro, a primeira menção para a implementação de um sistema multiportas apareceu no ano de 2010, no artigo primeiro da Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça: 
“Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade.
Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão”.
Desta forma, observamos que à administração da justiça interessa a solução de conflitos de maneira mais satisfatória, abrindo mão, muitas vezes de situações exclusivamente positivadas, inserindo em seu lugar métodos interdisciplinares, atendendo não só os interesses juridicamente tutelados, mas também outros interesses que podem levar à paz social.
RESUMO
Como ficou claro, neste capítulo, a arbitragem é uma possibilidade de realização da justiça, mais rápida, sigilosa e menos onerosa, em todos os sentidos para os que dela participam. Como possibilidade de ser um procedimento de diminuição da quantidade de trabalho do Judiciário, promoverá neste, a melhora na qualidade de serviço prestada ao jurisdicionado, pelo tempo que os juízes terão para se dedicar aos processos. De acordo com Azevedo (2011), a mudança de paradigma a partir deste novo olhar sobre o processo, a partir da implementação de outros mecanismos de adequada resolução de conflitos, como os métodos híbridos, atinge os operadores do Direito. Estamos falando de processos menos adversariais e mais propensos a utilização criativa dos instrumentos que existem a disposição do ordenamento jurídico, usados de forma mais cooperativa e eficiente.
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NEGOCIAÇÃO:
 
 
processo pelo qual 
as partes
 
envolvidas no litígio, 
diretamente e sem a 
interven
ção
 
de uma terceira pessoa
, 
buscam chegar a uma solução 
consensual.
 
A negociação é o caminho natural nas relações humanas para resolução 
de conflitos. 
Frequentemente em nossas vidas temos de negociar 
algumas questões.
 
Tal situação se tornou tão comum que algumas vezes 
nem percebemos que estamosno meio de uma negociação, em vários 
momentos, sejam eles no convívio social e familiar, numa loja, na 
Universidade, no trânsito e no trabalho, 
formando uma relação contínua 
de propostas e contrapropostas
.
 
 
A negociação envolve sempre o 
contato direto
 
entre as partes ou entre seus 
representantes
; 
NÃO
 
há aqui um terceiro
, um neutro, um mediador, um árbitro 
ou um juiz. 
 
A negociação é um 
processo bilateral de resolução de impasses
 
ou de 
controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, 
através 
de concessões mútuas
. 
 
Envolve a 
comunicação
 
e a resolução extrajudicial de uma controvérsia.
 
Meta da Negociação
: 
Buscar um acordo que satisfaça as necessidades de 
todos os envolvidos é a meta da negociação
. Deve
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se tentar chegar a uma 
solução equitativa que inclua os pontos de vista e interesses de todos os 
envolvidos. Desta maneira, todos considerarão o acordo como algo 
próprio e não como uma solução imposta. Enfim, todos sairão satisfeitos 
da negociação e
 
com a intenção de cumprir com o combinado e com 
interesse em manter essa relação que tem um resultado tão vantajoso 
para todos.
 
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NEGOCIAÇÃO: 
processo pelo qual as partes envolvidas no litígio, diretamente e sem a 
intervenção de uma terceira pessoa, buscam chegar a uma solução 
consensual. 
A negociação é o caminho natural nas relações humanas para resolução 
de conflitos. Frequentemente em nossas vidas temos de negociar 
algumas questões. Tal situação se tornou tão comum que algumas vezes 
nem percebemos que estamos no meio de uma negociação, em vários 
momentos, sejam eles no convívio social e familiar, numa loja, na 
Universidade, no trânsito e no trabalho, formando uma relação contínua 
de propostas e contrapropostas. 
 
A negociação envolve sempre o contato direto entre as partes ou entre seus 
representantes; NÃO há aqui um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro 
ou um juiz. 
A negociação é um processo bilateral de resolução de impasses ou de 
controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, através 
de concessões mútuas. 
Envolve a comunicação e a resolução extrajudicial de uma controvérsia. 
Meta da Negociação: Buscar um acordo que satisfaça as necessidades de 
todos os envolvidos é a meta da negociação. Deve-se tentar chegar a uma 
solução equitativa que inclua os pontos de vista e interesses de todos os 
envolvidos. Desta maneira, todos considerarão o acordo como algo 
próprio e não como uma solução imposta. Enfim, todos sairão satisfeitos 
da negociação e com a intenção de cumprir com o combinado e com 
interesse em manter essa relação que tem um resultado tão vantajoso 
para todos.

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