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04 Atitudes (Psicologia social)

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introdução
Todos os dias, quando você abre as pági-
nas de um jornal, quando conversa com um 
amigo, quando liga a televisão ou acessa a 
internet, ou simplesmente quando caminha 
pela rua e observa o ambiente a sua volta, 
lida com uma imensa diversidade de infor-
mações, as quais são, de alguma forma, per-
cebidas, analisadas e organizadas, fazendo 
com que o mundo tenha sentido e a existên-
cia humana seja menos caótica, imprevisível 
e inexpressiva.
A fim de compreender melhor o espa-
ço, você tenta achar uma regularidade, um 
padrão nos objetos do mundo e, a todo ins-
tante, tenta organizar avaliativamente esses 
objetos em termos de aprovável ou desapro-
vável, favorável ou desfavorável, desejável 
ou indesejável, sem necessariamente ter a 
atenção voltada para isso. Por exemplo, o 
que você pensa sobre a utilização do exér-
cito no combate à violência e ao tráfico de 
drogas nas favelas brasileiras? Você acha que 
o sistema de cotas raciais deve ser implan-
tado nas universidades? Qual é sua opinião 
sobre produtos reciclados? Qual é sua posi-
ção frente a “fastfood”? Aborto? Japoneses? 
Comercialização de produtos “piratas”? Bolo 
de chocolate? Guerra do Iraque? Dietas de 
emagrecimento? Rio de Janeiro? Música 
eletrônica? Eutanásia? Flamengo? Pelo sim-
ples fato de ler essas perguntas, é possível 
que você classifique algumas situações ou 
objetos, colocando -se contra ou a favor.
É por meio desse processo contínuo 
de compreensão das coisas em termos de 
bom ou ruim, apropriado ou inapropriado, 
conveniente ou inconveniente, que você 
assume uma “posição” frente ao mundo o 
cerca. Essa “posição” é chamada de atitu-
de. Formalmente, “atitude é uma tendência 
psicológica que é expressa pela avaliação 
de uma entidade em particular com algum 
grau de favor ou desfavor” (Chaiken, Wood 
e Eagly, 1996, p. 269).
As atitudes exercem influência sobre 
o comportamento e sobre a maneira de ver 
o mundo. O conhecimento das atitudes de 
outras pessoas permite saber como elas pen-
sam, sentem ou reagem a certos eventos. É 
possível que você se identifique com pessoas 
que mantêm atitudes parecidas com as suas, 
bem como pode evitar certas situações ou 
objetos que trazem resultados indesejáveis. 
De fato, é bem difícil pensar em uma socie-
dade sem atitudes.
Alguns dos principais problemas já 
enfrentados pela humanidade têm suas 
raízes nesse fenômeno psicológico. Adolf 
Hitler provavelmente odiava os judeus e 
outras minorias não arianas, homossexuais 
e comunistas. Além disso, ele utilizava mé-
todos muito persuasivos e eficientes para 
8
atitUDes e mUDança De atitUDes
elaine rabelo neiva 
túlio gomes Mauro
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
172 tOrres, neiva & cOLs.
difundir suas atitudes e conquistar legiões 
de seguidores. Suas atitudes políticas insti-
garam a guerra mais sangrenta da história, 
e suas atitudes raciais levaram diretamente 
aos horrores do holocausto nazista. No en-
tanto, apesar das ideias e ações de certos 
grupos serem repugnantes à compreensão, 
as atitudes dessas pessoas as direcionavam 
para o que elas consideravam a coisa certa 
a ser feita, como acontece atualmente em 
várias questões delicadas, como atentados 
de extremistas religiosos, alguns conflitos 
geopolíticos, dentre outras. Isso ilustra algo 
em comum entre Adolf Hitler, Osama Bin 
Laden, George Bush e você: todos possuem 
atitudes, e estas influenciam nosso compor-
tamento de muitas maneiras complexas. 
(Chaiken, Wood e Eagly, 1996; Gilbert, Fiske 
e Lindzey, 1998).
Tal como outros construtos psicológi-
cos, as atitudes não podem ser observadas 
diretamente, mas sim inferidas de respos-
tas observáveis. Tais respostas são eliciadas 
por um estímulo proveniente de uma enti-
dade específica, denominada de objeto da 
atitude, ou objeto atitudinal, o qual pode 
ser qualquer coisa passível de discrimina-
ção ou de retenção pela mente do indiví-
duo (Chaiken, Wood e Eagly, 1996). Sendo 
assim, podem se constituir objetos de ati-
tudes: pessoas (presidente da república, 
seus pais, John Lennon), objetos (óculos, 
computador), grupos (partidos políticos, 
grupos étnicos), lugares (Brasília, China), 
organizações (Petrobrás, Globo), conceitos 
(democracia, qualidade de vida), ideologias 
(catolicismo, capitalismo), comportamentos 
(uso de preservativos, comportamentos pró 
ambientais), eventos (mudança organiza-
cional), produtos (alimentos, programas de 
computador), dentre outros.
Respostas favoráveis em relação ao 
objeto atitudinal indicam uma atitude 
positiva do indivíduo frente ao mesmo. 
Imagine, por exemplo, um aluno do ensino 
médio que considera a matemática sua ma-
téria favorita, se esforça para não faltar às 
aulas, sente -se motivado a resolver proble-
mas e equações, afirma ser esta a matéria 
mais importante, busca referências comple-
mentares e sente enorme satisfação em rea-
lizar as tarefas de casa. É possível inferir 
que tal aluno mantém uma atitude positiva 
frente à matemática. Respostas desfavorá-
veis, por sua vez, indicam uma atitude ne-
gativa frente ao objeto atitudinal. Pode -se 
inferir que um indivíduo apresenta uma 
atitude negativa frente ao cigarro se este 
tem uma sensação desagradável ao fumar, 
procura se afastar de pessoas que estão fu-
mando, acha que fumar é inapropriado e 
tenta convencer seus amigos fumantes a 
largar o cigarro.
Para que uma atitude seja formada, é 
necessário que o indivíduo entre em contato 
com um objeto em particular e emita uma 
resposta avaliativa. Uma atitude não pode 
ser formada sem que o indivíduo tenha um 
mínimo de informação sobre o objeto. Uma 
pessoa não pode formar uma atitude frente 
a sushi, por exemplo, se ela não tem a mí-
nima ideia do que seja isso (se ela em sua 
vida nunca viu, ouviu falar ou leu a respeito 
de sushi). A partir do momento em que a 
pessoa experimenta essa comida, ela se tor-
na capaz de responder avaliativamente e de 
formar uma atitude frente a esse objeto. O 
leitor pode questionar, no entanto, se é pos-
sível a formação de atitudes sem que haja 
o contato direto com o objeto. A resposta 
é: claro que sim! Muitos nunca lutaram em 
uma guerra, ou foram ao Egito, ou pularam 
de paraquedas, porém, dispõem de infor-
mações sobre esses objetos para que pos-
sam responder avaliativamente sobre eles e, 
consequentemente, formarem uma atitude. 
É totalmente plausível que uma pessoa for-
me uma atitude frente a sushi, sem nunca 
tê -lo experimentado, por meio das informa-
ções que ela tem sobre esse objeto: é uma 
comida de origem japonesa, feita com arroz 
avinagrado, algas marinhas, frutos do mar e 
peixes geralmente crus.
Atitude é um construto psicológico que 
assume uma posição de destaque em psico-
logia social por ser um dos mais antigos e 
estudados. De fato, esse campo já foi defi-
nido como o estudo das atitudes (Thomas e 
Znaniecki, 1918 apud Fazio e Olson, 2003). 
Segundo Ajzen (2001), esse construto conti-
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
PsicOLOGia sOciaL: PrinciPais temas e vertentes 173
nua a ser atualmente o maior foco de teoria 
e pesquisa nas ciências sociais e comporta-
mentais. O objetivo deste capítulo é, pois, 
descrever o construto atitudes de maneira 
ampla, contextualizando cada tópico com 
os principais resultados de pesquisa nos 
últimos anos. O capítulo tem início com a 
conceituação e a descrição da estrutura das 
atitudes. Em seguida, apresenta -se uma dis-
cussão acerca da relação entre atitudes e 
comportamentos, seus atributos, caracterís-
ticas, processo de formação e mudança de 
atitudes. Por fim, é apresentada uma síntese 
do capítulo e conclusões acerca desse cam-
po de estudo.
conceituação de atitude
O termo atitude muitas vezes é utilizado de 
forma indiscriminada do significado que este 
assume na linguagem cotidiana: um grave 
equívoco, que, infelizmente, tem sido obser-
vado na literatura acadêmica. Segundo Brei 
(2002), em análise pelo dicionário, a pala-
vra atitude foi inicialmente utilizada como 
um termo técnico, no campo daarte, para 
traduzir a disposição de uma figura em está-
tua ou desenho. Tinha o sentido de postura 
dada à imagem ou à figura, por exemplo, 
“atitude da mulher na imagem ou no retra-
to”, etc.
Segundo o dicionário Aurélio (Holan-
da, 1986), na linguagem coloquial, o termo 
atitude pode se remeter a:
1. Posição do corpo, porte, jeito, postura.
2. Modo de proceder ou agir; comportamen-
to, procedimento.
3. Afetação de comportamento ou procedi-
mento.
4. Propósito, ou maneira de se manifestar 
esse propósito.
5. Reação ou maneira de ser em relação 
a determinada(s) pessoa(s), objeto(s), 
situação(ões), etc.
Na linguagem cotidiana, Brei (2002) 
afirma que a ambiguidade do termo atitude 
vem de sua origem latina, que une dois ter-
mos actus (ação) e aptitudo (aptidão).
A distinção entre o termo do dia a dia 
e o conceito formal de atitude é de suma im-
portância, tanto para a compreensão teóri-
ca desse fenômeno quanto para a produção 
empírica nesse campo, uma vez que uma 
definição imprecisa adotada pelo pesquisa-
dor pode influenciar a escolha do tipo de 
medida a ser empregada e a interpretação 
dos resultados obtidos.
No contexto das ciências sociais, o ter-
mo atitude remete a um construto psicológi-
co em torno do qual, apesar de seu notável 
desenvolvimento teórico e empírico, ainda 
persistem várias controvérsias acerca de sua 
definição. Analisando a multiplicidade de 
definições de atitude, é possível selecionar 
entre elas algumas que merecem especial 
atenção, tanto por seus pontos em comum 
quanto por suas particularidades. São desta-
cadas cinco conceituações, principalmente 
por seu valor histórico.
A história da pesquisa em atitudes é 
longa. Tem sua origem no século passado. 
Seus antecedentes estão nos estudos so-
bre “atitudes motrizes” de Fere (1888), de 
Langen (1889) e de Munstergerg (1890 
apud Solozábal, 1981). As definições que 
se originaram a partir dos estudos de 1920 
geraram muitas implicações para as me-
didas e para seu desenvolvimento teórico. 
Dentre elas, pode -se citar Allport (1935) e 
Thurnstone (1931).
Allport (1935, p. 19) define atitude 
como “um estado mental e neurológico de 
prontidão, organizado por meio da expe-
riência, exercendo uma influência diretiva 
ou dinâmica sobre a resposta do indivíduo 
a todos os objetos e situações com que se 
relaciona.” Essa definição considera a ati-
tude como um todo apto a reagir de uma 
certa maneira, dando ênfase às implicações 
comportamentais que podem ser extensas a 
todas as situações ou objetos com que se re-
laciona (Alpport, 1935).
Para Thurnstone (1931), a atitude é 
um afeto pró ou contra um objeto psicológi-
co. A partir dessa definição, várias medidas 
psicológicas de atitudes foram construídas.
INDEX BOOKS GROUPS
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174 tOrres, neiva & cOLs.
Doob (1947, conceitua atitude como 
uma resposta implícita e geradora de im-
pulsos, considerada socialmente significati-
va na sociedade do indivíduo. Observa -se, 
nessa análise, uma posição behavorista e a 
não inclusão do comportamento ostensivo, 
sem negar a influência da atitude sobre o 
mesmo.
Para Smith, Bruner e White (1956), 
a atitude é uma predisposição para experi-
mentar uma classe de objetos de certas for-
mas, com afeto característico; ser motivado 
por essa classe de objetos e agir em relação 
a tais objetos de maneira característica.
Triandis (1971, definiu atitude como 
uma ideia carregada de emoção que predis-
põe um conjunto de ações a um conjunto 
particular de situações sociais.
Segundo Olson e Zanna (1993), atitu-
des têm sido definidas como:
•	 Avaliação: “tendência psicológica que é 
expressa pela avaliação de uma entidade 
particular com algum grau de favorabilida‑
de ou desfavorabilidade” (Eagly e Chaiken, 
1993, p. 1).
•	 Afeto: “o afeto associado com um objeto 
mental” (Greenwald, 1989, p. 432).
•	 Cognição: “um tipo especial de conheci-
mento, notamente conhecimento cujo con-
teúdo é avaliativo ou afetivo” (Krugglanski, 
1989, p. 298).
•	 Predisposições comportamentais: “o estado 
de uma pessoa que a predispõe a uma res-
posta favorável ou desfavorável quanto 
a um objeto, pessoa ou ideia” (Triandis, 
1991, p. 485).
Enfim, segundo alguns autores, há 
uma concordância geral de que a atitu-
de representa uma avaliação sumária de 
um objeto psicológico capturado em seus 
atributos dimensionais como bom -ruim, 
nocivo -positivo, prazeroso -desagradável, 
gostável -não (Ajzen e Fishbein, 2000; 
Eagly e Chaiken, 1993; Petty et al., 1997). 
Contudo, pesquisas recentes mostram que 
julgamentos avaliativos diferem e mui-
to de julgamentos não avaliativos. Alguns 
autores sugerem que alguns objetos indu-
zem reações avaliativas, outros sugerem a 
necessidade dos indivíduos em se engajar 
em respostas avaliativas. Alguns indivíduos 
possuem maior necessidade de avaliar que 
outros e, por isso, produzem mais atitudes 
(Petty e al., 1997).
Outra questão central está na ideia de 
que as atitudes são disposições para avaliar 
objetos psicológicos, e isso implica em uma 
única atitude sobre um objeto. Os estudos 
sugerem que as atitudes mudam, mas não 
há uma substituição, e sim uma sobreposi-
ção da antiga atitude. Exemplos seriam: ati-
tudes duais, duas diferentes atitudes frente 
a um mesmo objeto no mesmo contexto, 
uma atitude implícita ou habitual e outra 
explícita (McConnnel et al., 1997); avalia-
ções diferentes do mesmo objeto em con-
textos diferentes podem ser consideradas 
evidências de atitudes múltiplas frente ao 
mesmo objeto ou atitudes frente a diferen-
tes objetos psicológicos; atitudes contexto-
-dependentes: muitos autores afirmam que 
as inconsistências entre atitudes e compor-
tamentos se devem à existência de múlti-
plas atitudes deste tipo frente a alvos sociais 
(McConnnel et al, 1997).
Observa -se que as definições apresen-
tadas divergem em palavras utilizadas, mas 
tendem a caracterizar as atitudes sociais 
como variáveis não observáveis, porém di-
retamente inferíveis de observações e como 
sendo integradas a partir dos seguintes 
componentes: cognitivo, afetivo e compor-
tamental.
Contudo, como também é possível 
ver pelas definições apresentadas, conceito 
e estrutura estão muito interligados, cons-
tatando -se que, também quanto à estrutura, 
não existe um acordo entre os teóricos. A 
estrutura interna envolve a discussão sobre 
quantos componentes fazem parte da atitu-
de. Esse enfoque inclui algumas tendências 
principais: bicomponente (afeto e cognição), 
unicomponente (afeto) e tricomponente 
(afeto, cognição e comportamento).
Em uma primeira fase do estudo das 
atitudes, a abordagem multicomponentes 
foi mais comum entre os pesquisadores. 
É a visão da atitude como constituída de 
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
PsicOLOGia sOciaL: PrinciPais temas e vertentes 175
sentimento, pensamento e ação. Tal distin-
ção vem desde os filósofos gregos. Depois, 
passou -se a enfatizar a visão unidimensio-
nal e, posteriormente, a definição tripartite 
voltou a ser mais aceita (Triandis, 1991).
Mensuração das atitudes
Vários instrumentos têm sido utilizados 
para se medir as atitudes. Os métodos mais 
comuns são as medidas de autodescrição, as 
medidas fisiológicas e as técnicas observa-
cionais.
Medidas autodescritivas
Uma grande quantidade de escalas auto-
descritivas têm sido desenvolvidas com o 
propósito de se medir as atitudes. As escalas 
mais comuns são:
•	 Escalas Likert (e “Tipo Likert”): as escalas 
Likert contêm uma série de afirmativas 
sobre um objeto. Os respondentes devem 
indicar seu nível de concordância ou 
discordância com cada afirmativa, em 
termos de uma escala de 5 pontos (p. ex., 
concordo fortemente, concordo, indife-
rente, discordo, discordo fortemente). As 
escalas tipo Likert apresentam variações 
no número de pontos ou na ancoragem 
(p. ex., 100% das vezes, sempre, ocasio-
nalmente, etc).
•	 Escalas de diferencial semântico: aqui 
os respondentes avaliam um objeto em 
termos de vários itens bipolares, desenha-
dos paramedir três dimensões: nível de 
favorabilidade (bom -ruim), poder (fraco-
-forte) e atividade (ativo -passivo).
•	 Escala de Thurstone: as escalas de Thurstone 
contêm uma série de afirmativas que já 
foram avaliadas previamente em termos 
de favorabilidade, e apenas pedem que o 
respondente marque as afirmativas com 
as quais ele concorda.
•	 Escala de Guttman: as afirmativas na 
escala de Guttman são ordenadas em 
uma hierarquia, de forma que a concor-
dância com uma afirmativa implica que 
o respondente também concorda com 
as afirmativas que estão em um nível 
inferior da hierarquia.
•	 Escala de distância social: essas escalas 
são usadas para medir as atitudes com 
relação a diferentes grupos nacionais, 
raciais e étnicos. Quando são utilizadas, 
os respondentes indicam sua inclinação 
para ter vários níveis de contato com 
diferentes grupos -alvo.
Pelo fato de algumas vezes as pessoas 
não estarem dispostas a revelar suas verda-
deiras atitudes, as escalas autodescritivas 
nem sempre nos dão as melhores informa-
ções. Assim, para reduzir a inadequação 
dessas escalas, pesquisadores desenvolve-
ram várias técnicas alternativas. Uma des-
sas técnicas, a bogus pipeline (Jones e Sigall, 
1971) refere -se a dizer aos participantes 
que foram conectados a uma máquina com 
eletrodos e que essa máquina irá medir suas 
respostas verdadeiras por meio do monito-
ramento de mudanças fisiológicas (embora 
a máquina não possa fazer isso).
Medidas fisiológicas
As medidas fisiológicas baseiam -se no fato de 
que, uma vez que as respostas emocionais 
são acompanhadas de reações fisiológicas, 
medidas como a resposta galvânica de pele, 
eletromiograma e dilatação pupilar podem 
ser utilizadas para se avaliar as atitudes. O 
problema com essas medidas é que, embora 
elas possam demonstrar se uma pessoa está 
tendo uma reação emocional frente a um 
objeto, elas não podem indicar a intensida-
de ou a direção dessa reação.
técnicas observacionais
Finalmente, as técnicas observacionais para a 
medição das atitudes variam de pouco estru-
turadas e informais até técnicas altamente 
estruturadas e formais. Uma técnica pouco 
estruturada e informal, a observação parti-
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
176 tOrres, neiva & cOLs.
cipante, funciona ao fazer com que o obser-
vador participe ativamente nas atividades 
do experimento. Uma técnica mais estrutu-
rada, a Análise do Processo Interativo (IPA) 
de Bales (1950), é usada para avaliar como 
as pessoas interagem em pequenos grupos. 
No IPA, o observador avalia as verbalizações 
dos membros do grupo em termos de 12 ca-
tegorias criadas para medir as orientações 
sociais -emocionais e de tarefa.
coMPonentes das atitudes
A perspectiva mais proeminente de estudo 
da estrutura interna das atitudes é o mode-
lo de três componentes, segundo o qual as 
respostas eliciadas por um objeto atitudinal 
podem pertencer a três classes: cognitiva, 
afetiva ou comportamental. A categoria cog-
nitiva é composta por pensamentos, cren-
ças, percepções e conceitos acerca do objeto 
atitudinal. A categoria afetiva, por sua vez, 
traz sentimentos e emoções associadas ao 
objeto da atitude. Por fim, a categoria com-
portamental engloba ações, ou intenções 
para agir.
O esquema abaixo ilustra as três clas-
ses de resposta frente ao refrigerante Coca-
-cola. A constatação do fato de que a Coca-
-cola é um refrigerante que possui cafeína 
corresponde a uma representação cognitiva 
do objeto Coca -cola, assim como a identi-
ficação de sua logomarca (letras cursivas 
brancas sob um fundo vermelho ou preto), 
a constatação de que esta é uma bebida 
gaseificada de cor escura, de origem norte-
-americana, comercializada geralmente em 
garrafas ou latas em bares, restaurantes, 
mercados e etc. Quando o objeto atitudinal 
é de alguma forma qualificado, ou a este é 
associado alguma avaliação ou juízo de va-
lor, essa resposta pertence a categoria afe-
tiva. “Eu gosto de Coca -cola”, “Coca -cola é 
saborosa e refrescante”, “me sinto satisfeito 
quando bebo Coca -cola” são exemplos de 
respostas afetivas. A constatação de uma 
inclinação para ação em direção ao objeto 
atitudinal, como a decisão de comprar Coca-
-cola, representa uma resposta pertencente 
à categoria comportamental.
O modelo de três componentes descre-
ve a estrutura interna das atitudes de uma 
maneira muito conveniente, pois distingue 
claramente as categorias de resposta por 
suas definições e parece exaurir o universo 
de possibilidades de respostas atitudinais 
(seria difícil pensar em uma resposta frente 
a um objeto atitudinal que não se encaixe em 
uma das três categorias – cognitiva, afetiva 
e comportamental!) (Fazio e Olson, 2003). 
Apesar de ser o modelo mais difundido, as 
pesquisas empíricas apresentam resultados 
conflitantes referentes à validação desse 
modelo, principalmente quanto à validade 
discriminante (a análise fatorial não neces-
sariamente distingue as três categorias de 
resposta como três fatores independentes).
Figura 8.1
estrutura tricomponentes da atitude.
Componente cognitivo
Coca‑cola tem cafeína
Componente afetivo
Eu gosto de Coca‑cola
Componente comportamental
Vou comprar Coca‑cola
Coca‑cola
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
PsicOLOGia sOciaL: PrinciPais temas e vertentes 177
Por outro lado, alguns teóricos argu-
mentam que sentimentos e emoções podem 
preceder crenças sobre o objeto atitudinal 
e que, portanto, as respostas atitudinais 
são exclusivamente de natureza afetiva. 
Conforme essa perspectiva, conhecida como 
mono -componente ou unicomponente, o 
aspecto avaliativo da atitude é enaltecido, 
sendo esta frequentemente mensurada por 
meio de escalas bipolares representando o 
grau de favorabilidade/desfavorabilidade 
do indivíduo frente ao objeto atitudinal. 
Outros teóricos assumem uma perspectiva 
bicomponente, segundo a qual as respostas 
atitudinais pertencem a duas categorias ape-
nas: cognitiva e afetiva. Essa tendência se 
consagrou principalmente em virtude da de-
finição de Thurnstone (1931), que originou 
medidas de atitudes usadas até o presente 
momento. Em virtude de se mencionar os 
componentes da atitude, faz -se necessário 
abordar cada um deles nos tópicos seguin-
tes do texto, enfatizando principalmente os 
resultados de pesquisas empíricas.
o componente cognitivo
Considere a seguinte situação: um funcioná-
rio constata que a empresa onde ele trabalha 
passará por uma mudança. Segundo Lines 
(2005, p. 11), “para que haja uma carga afe-
tiva pró ou contra um objeto social definido, 
faz -se necessário que se tenha alguma re-
presentação cognitiva desse objeto”. Dessa 
forma, o funcionário buscará saber, por 
exemplo, do que se trata a mudança, quais 
são seus objetivos, suas causas, seu alcance, 
certamente se lembrará de situações de mu-
dança organizacional já vividas por ele, por 
outras pessoas, fará comparações e etc.
No dizer de Rosenberg e colaborado-
res (1960), as cognições incluem percep-
ções, conceitos e crenças acerca do objeto 
da atitude e são normalmente eliciadas por 
perguntas verbais na forma oral ou escrita.
A representação cognitiva de um ob-
jeto atitudinal é um elemento indispensá-
vel para que a pessoa forme uma atitude 
em relação ao mesmo. Nesse caso específi-
co, o funcionário tem percepções, crenças 
e conceitos acerca da mudança dentro da 
empresa, resultante de informações, cons-
tatações pessoais e experiências vivenciadas 
anteriormente, que formam uma significa-
ção de mudança dentro dessa organização. 
Estes fatores determinam afetos favoráveis 
ou desfavoráveis em relação à mudança or-
ganizacional.
Sapp (2001) argumenta que as cren-
ças não são formadas em isolamento de 
crenças acerca de objetos substitutos, ou 
seja, as pessoas avaliam os atributos de um 
objeto em relação aos atributos de objetos 
que elas percebem como possíveis substi-
tutos. No exemplo anterior, o funcionário 
busca, simultaneamente, informações acer-
ca da mudança organizacional por qual está 
passandosua empresa e outros tipos de mu-
dança que sua empresa já tenha passado, ou 
casos de mudanças em outras organizações, 
ou enfrentadas por pessoas conhecidas, etc. 
Dessa forma, a compreensão da consistência 
lógica de crenças sobre objetos em compara-
ção a crenças acerca de objetos substitutos 
é muito importante para a predição de ati-
tudes frente ao objeto. Sapp (2001) inves-
tigou a consistência lógica de um conjunto 
de crenças de indivíduos japoneses sobre 
comer carne proveniente de três países e o 
efeito das inconsistências lógicas do conjun-
to de crenças para produtos substitutos na 
estimativa das atitudes frente ao consumo 
de carne. Seus resultados foram os de que 
os indivíduos usam objetos substitutos para 
melhorar a consistência de suas crenças so-
bre determinado objeto. Então, os estudos 
sugerem que o aspecto cognitivo de um ob-
jeto atitudinal depende em larga escala do 
aspecto cognitivo de objetos similares.
o componente afetivo
Segundo Triandis (1971, p. 11), o compo-
nente afetivo “é a forma como uma pessoa 
se sente em relação a um objeto atitudinal, 
sendo geralmente determinada pela associa-
ção prévia do objeto de atitude com estados 
agradáveis ou desagradáveis”.
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178 tOrres, neiva & cOLs.
Para Fishbein (1963), o componente 
afetivo é definido como sentimento pró ou 
contra um determinado objeto social. Este 
autor argumenta que
as crenças e os comportamentos associa-
dos a uma atitude são apenas elementos 
pelos quais se pode medir a atitude, não 
sendo, porém, parte integrante dela. Sen-
do a atitude uma variável interveniente 
é, como tal, inferível de um fato, mas 
não diretamente observável. (Fishbein, 
1963, p. 36)
O componente afetivo tem conotação 
avaliativa e representa um sentimento po-
sitivo ou negativo vinculado a um objeto, 
determinando uma atitude. É o caso dos 
funcionários que formam atitudes positivas 
ou negativas em relação à mudança organi-
zacional como efeito do teor de suas crenças 
a respeito da mesma. Essas atitudes podem 
ser observadas por afirmações verbais, escri-
tas ou faladas, de gosto ou não do sujeito 
em relação ao objeto da atitude (“mudança 
é uma coisa boa para todos na empresa”, 
“estou inseguro em relação a essa mudan-
ça” e etc.).
Os componentes das atitudes foram 
estudados por Aikman, Crites e Fabrigar 
(2006) no contexto de atitudes frente à co-
mida. Esses autores concebem as atitudes 
como julgamentos avaliativos globais sobre 
determinado objeto, os quais podem com-
preender diferentes tipos de informações 
(cognitivas, afetivas, etc). Por exemplo, uma 
atitude levemente positiva em relação a ba‑
con (+1 em uma escala bipolar de +4 a –4) 
pode refletir um sentimento ou avaliação 
positiva frente ao sabor do alimento (+4) 
e uma percepção negativa de seus benefí-
cios à saúde ( -3). Dessa forma, os autores 
conduziram um estudo com o objetivo de 
investigar que tipo de informação contribui 
para a aversão ou preferência das pessoas 
pelos alimentos.
A pesquisa teve um caráter explorató-
rio, no qual os participantes indicaram a im-
portância das características das comidas e 
as reações emocionais frente uma variedade 
de alimentos para a determinação de suas 
atitudes. A análise fatorial identificou cinco 
bases informacionais das atitudes frente a 
comida:
1. Afeto positivo (ex.: estimulante, prazero-
so, refrescante, vívido, etc.) α= 0,92.
2. Afeto negativo (depressivo, envergonha-
do, culpado, enauseado, etc.) α= 0,87.
3. Qualidades sensoriais gerais (aparência, 
cor, sabor, odor, etc.) α= 0,84.
4. Qualidades sensoriais específicas (cremo-
so, gorduroso, molhado, salgado, doce, 
etc.) α= 0,78.
5. Qualidades cognitivas abstratas (saudável, 
leve, seguro, etc) α= 0,75.
A regressão dos cinco fatores com os 
diversos tipos de comida avaliados indicou 
que afeto positivo, afeto negativo e qualida-
des sensoriais gerais são importantes pre-
ditores de atitudes frente à comida. Esses 
resultados indicam que as pessoas formam 
suas atitudes frente à comida com base em 
crenças acerca das qualidades sensoriais da 
comida (componente cognitivo) e afetos 
atribuídos à comida (componente afetivo).
o componente comportamental
Segundo Newcomb, Turner e Converse 
(1965), as atitudes humanas são propiciado-
ras de um estado de prontidão, que, se ati-
çado por uma motivação específica, resulta-
rá em um determinado comportamento. Já 
os autores Katz e Stotland (1959) veem nas 
atitudes a própria força motivadora da ação. 
Essa afirmativa é muito controversa, já que a 
relação entre atitude e comportamento não 
possui uma grande base empírica (Ajzen e 
Fishbein, 2000; Ajzen, 2001).
Newcomb, Turner e Converse (1965) 
representam da seguinte forma o papel das 
atitudes na determinação do comporta-
mento:
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PsicOLOGia sOciaL: PrinciPais temas e vertentes 179
Observa -se, na representação de 
Newcomb, Turner e Converse (1965), que 
as atitudes sociais criam um estado de pre-
disposição à ação que, quando combinado 
com uma situação específica desencadean-
te, resulta em comportamento. Contudo, tal 
afirmativa pode ser questionada por alguns 
estudos na área.
Outra teoria que aborda a questão da 
atitude e do comportamento é a teoria da 
ação racional de Fishbein e Ajzen (1975) e 
a teoria da ação planejada de Ajzen (1988). 
Outras informações sobre a relação entre 
comportamento e atitude serão apresenta-
das posteriormente.
Enfim, pode haver uma relação entre 
atitudes e comportamento, mas esta nem 
sempre é a melhor preditora do comporta-
mento em questão. Vários fatores situacio-
nais e culturais se apresentam em algum 
grau como preditores de comportamento. 
A relação entre atitudes e comportamento 
será discutida mais adiante.
a visão unicomponente
Nesta concepção unitária, a atitude foi con-
ceituada como uma quantidade de afeto a 
favor ou contra algum objeto. Devido a essa 
concepção, os autores concluíram que a me-
lhor forma de medi -la seria pela localização 
do sujeito em uma dimensão bipolar afetiva 
ou avaliativa frente a um objeto.
A atitude é vista como uma variável la-
tente ou subjacente que se presume influen-
ciar ou guiar o comportamento. Essa visão 
leva à implicação de que as atitudes não são 
idênticas às respostas exteriorizadas. Assim, 
as atitudes não podem ser observadas dire-
tamente, mas inferidas a partir do compor-
tamento. A Figura 8.3 representa a noção 
das atitudes pela visão unicomponente:
Festinger (1957) foi um dos primeiros 
psicólogos sociais a investigar empiricamen-
te o impacto das atitudes no processamento 
de informação. Ele desenvolveu a hipótese 
de seletividade, que propõe que, antes de 
Figura 8.2
influência das atitudes sobre o comportamento.
Experiências 
pessoais
Atitudes atuais 
da pessoa
Situação atual
Comportamento
Figura 8.3
Os componentes da atitude.
Reproduzido de Eagly e Chaicken (1993).
Resposta cognitiva
Resposta afetiva
Respostas 
comportamentais
Estímulo Atitude
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	Parte II - 
O indivíduo
	8. 
Atitudes e mudança de atitudes

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