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PINTURA I INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE I 1.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE I APRESENTANDO OS MATERIAIS O grafite é um dos materiais do desenho que encontram maior popularidade, tanto entre os estudantes de arte, como entre os profissionais, em virtude da facilidade do manejo, em relação aos outros materiais. Existem algumas variedades de grafite, que podem ser usados de acordo com a intensidade desejada, em formatos pequenos ou de grande dimensão, para confeccionar obras de arte ou simplesmente, para trabalhos convencionais nas escolas. ESTÃO CLASSIFICADOS DE ACORDO COM A DUREZA DAS MINAS • Os mais duros, da gama dos H, são utilizados geralmente, no desenho técnico. • Os mais macios, que vão do HB, às gamas mais altos, do B (mais oleosos), são usados nos desenhos artísticos: HB, B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B, 7B, 8B, 9B, entre outros. • Ainda temos como importante aliada em nosso trabalho, a borracha, que serve de instrumento para trabalhar a qualidade da linha e o tom. A régua também tem seu papel importante, facilitando o trabalho de linhas retas. • O papel, suporte mais utilizado para o desenho, é extremamente importante, pois de acordo com as suas texturas e gramaturas, teremos diferentes resultados em nossos trabalhos; para cada tipo de desenho, um tipo diferente de papel. TIPOS DE GRAFITES 1.1 - GRADAÇÃO • O primeiro passo para se conseguir um bom resultado nos exercícios de desenho, é ter um controle do lápis. Ele deve ficar no meio da mão para facilitar a mobilidade da mesma e a flexão dos dedos, controlando melhor a pressão que se exerce sobre a superfície do papel, para desenvolver uma tabela em escala de tons de acordo com a gradação de cada grafite. Os grafites das gamas B, são os mais utilizados para o desenho artístico. 2B 4B 6B 8B 1.2 - TRAÇO E LINHA • Para se conseguir bons resultados nos desenhos, é necessário antes de tudo, haver uma familiaridade com os traços, fazendo com a linha, efeitos visuais que podem ser obtidos para conseguir um traçado espontâneo, dominando assim os movimentos da mão, permitindo que se alcance o êxito desejado. • Desenvolver diferentes hachuras. LINHAS RETAS PERPENDICULARES LINHAS RETAS HORIZONTAIS E VERTICAIS LINHAS CURVAS LINHAS DIAGONAIS 1.3 - LUZ E SOMBRA • O estudo da luz e da sombra nos permite uma aproximação maior dos elementos que conferem um realismo ao desenho, pois comparando os tons e matizes, podemos determinar os tons mais claros e mais escuros no desenho, por meio de valores progressivos, com suaves transições entre um sombreado e outro. Portanto, mais claro onde há mais luz, e mais escuro onde tem pouca luz. • Aplicar os recursos de luz e sombra, observando o(s) objeto(s) colocado(s) à sua frente, levando-se em conta a direção da luz no local (ambiente) e no(s) objeto(s). • O professor poderá colocar sobre uma mesa central um vaso ou outro elemento para o desenho de observação. 2.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE E BORRACHA 2.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE E BORRACHA II A borracha não é um material utilizado apenas para apagar o que se deseja retirar do desenho, mas é utilizada para fazer luz no desenho. Após o sombreamento de um desenho a borracha poderá apagar uma determinada região e fazer ali um ponto de luz, ou seja, um ponto de brilho em um vaso por exemplo. Existem variados tipos de borracha à venda no mercado, umas mais macias outras mais duras, portanto, ela é um instrumento muito versátil, que tem inúmeras utilidades dentro do desenho, pois com ela podemos obter inúmeros efeitos. 2.1- LUZ E SOMBRA COM A UTILIZAÇÃO DA BORRACHA. • Faça sombra com diferentes grafites em cada quadrado. • Em seguida faça testes utilizando a borracha, com riscos, pontos de luz, etc. Teste a borracha Riscos finos com a borracha. Pontos de luz com a borracha. 2.2 - LUZ E SOMBRA – NATUREZA MORTA • Desenvolver através do desenho de observação uma natureza morta e dar os efeitos de luz e sombra com o lápis e em seguida o uso da borracha a fim de proporcionar pontos de luz nos objetos, produzindo diferentes tonalidades e efeitos diversos. O professor poderá montar em cima de uma mesa central uma natureza morta para os alunos observarem, com vasos, flores, taças, formando uma composição. 2.3 - PAISAGEM • Desenvolver uma paisagem. Estruturar o desenho de uma paisagem, em seguida inserir efeitos de claro e escuro com o lápis e efeitos com a borracha. Caso o professor deseje poderá fornecer outras referências como ambientes de residências, como cozinha, sala, quarto, banheiro, etc. As paisagens podem ser rurais (fazendas, sítios, etc.), naturais (naturezas com árvores, flores, florestas, etc.), marítimas (praias, ilhas, etc.), urbanas (cidades). 3.DESENHO COM GIZ PASTEL SECO 3.DESENHO COM GIZ PASTEL SECO 3.1 - APRESENTANDO OS MATERIAIS • Existem qualidades diferentes de giz pastel: o seco e o oleoso, além de uma ampla gama de cores, que podem conferir ao desenho um rico cromatismo, além de efeitos e acabamentos muito pictóricos. Os pastéis secos têm textura aveludada, são aplicados por fricção, provocando um efeito esfumaçado e até fusões e gradações tonais opacas. O poder de pigmentação desses pastéis possibilita pintar com cores claras sobre outras mais escuras. Também necessitam de fixação, pois o pigmento fica solto sobre o papel. Pode-se usar um fixador específico para fixar desenhos com giz pastel sobre papel, ou verniz. GIZ PASTEL SECO 3.1 - TESTE DOS MATERIAIS • O giz pastel é um material como outro qualquer de desenho, que no entanto tem suas particularidades: é quebradiço e maleável, permite fusões e esfumados de alta qualidade, permitindo efeitos dos mais diversos. A linha, o ponto e o sombreamento são os métodos mais comuns que podemos utilizar no uso do giz pastel. As gamas de tons são conseguidas com a sobreposição de traços: quanto maior o número de traços, mais escuro o tom, • Testar em uma folha de papel as cores do giz, bem como a intensidade percebendo claros e escuros, com maior ou menor pressão. 3.2 - VOLUME: APLICAÇÃO EM SÓLIDOS • O professor poderá colocar sobre a mesa para observação, sólidos geométricos e fazer com que o aluno observe os volumes, através do desenho e em seguida das sombras feitas com o giz pastel seco. Efeitos de traços e linhas podem ser justapostos, sobrepostos, cruzados e simples, modificando apenas a maneira de segurar o giz. 3.3 - DESENHO DE FRUTAS - PASTEL SECO • O professor monta uma composição com frutas sobre a mesa e através da observação o aluno desenha e faz as sombras, neste caso utilizando o esfumaçado e criando sombras com o auxílio de agentes modificadores como: algodão, pedaços de pano, dedos, etc. Pode-se sobrepor cores diferentes, e depois, com o auxílio dos dedos, fazera fusão até conseguirmos o efeito desejado de dégradé. 4.DESENHO COM GIZ PASTEL OLEOSO 4.DESENHO COM GIZ PASTEL OLEOSO APRESENTANDO OS MATERIAIS • Os pastéis oleosos têm consistência oleaginosa e proporcionam um traço mais expressivo, embora menos maleável que o dos pastéis secos. Seus traços são brilhantes, pastosos e fortes, fundindo-se no papel quando densos, mas não tem a mesma capacidade de cobertura que a dos pastéis secos, além de que, não se pode misturar cores fortes sobre cores claras, pois haverá uma sobreposição e não uma mistura. GIZ PASTEL OLEOSO 4.1 - TESTE DOS MATERIAIS • Os pastéis oleosos são uma inovação recente, que se tornou popular entre os artistas por ser muito útil para esboços coloridos e trabalhos pouco detalhados. Por terem aglutinante de consistência gordurosa, as pequenas barras coloridas são mais fortes e menos quebradiças que os pastéis secos. • Em uma folha de papel, fazer exercícios de misturas ópticas utilizando hachuras paralelas, cruzadas ou por sobreposição de cores, esfregando a barra na superfície do papel. 4.2 – VOLUME - APLICAÇÃO EM SÓLIDOS • Ao observar os sólidos sobre a mesa, o aluno utiliza traços e linhas que podem ser justapostos, sobrepostos, cruzados e simples, variando as cores. 4.3 - DESENHO DE FRUTAS COM PASTEL OLEOSO • O professor deve pedir que o aluno escolha uma fruta para desenhar individualmente e fazer as hachuras com o pastel oleoso; em seguida observa uma composição de frutas sobre a mesa e repete a mesma técnica, desenhando as frutas e aplicando uma combinação de tons claros e escuros, para conseguir o degradê desejado. • O professor poderá entregar dois papéis de texturas diferenciadas para aplicação de cada exercício. 5.DESENHO COM CARVÃO 5.DESENHO COM CARVÃO APRESENTANDO OS MATERIAIS • O carvão é o material mais antigo que se ouve falar no campo do desenho, um pedaço de madeira carbonizada que permite riscar a superfície do papel com um traço forte de cor preta. A sua comercialização é feita em barras cilíndricas, barras quadradas, em lápis e em pó. Trata-se de um meio de desenho muito instável e pouco aderente, razão pela qual se deve passar um fixador, assim que se acaba um trabalho, para que haja maior fixação do mesmo. TIPOS DE CARVÃO 5.1 - TESTE DOS MATERIAIS • Existem diversas maneiras no uso do carvão: utilizando a largura da barra, sua ponta em forma chanfrada, barra na posição longitudinal, etc. Iniciantes no desenho, tem no carvão, um grande aliado, pois além de ser muito versátil, é de fácil manuseio. • Fazer um desenho testando o material, utilizando a ponta chanfrada, traços diferentes, controlando a variedade e intensidade do mesmo, conseguindo assim, os mais diversos efeitos. 5.2 - CARVÃO X TEXTURAS – DIFERENTES PAPÉIS • Um detalhe que muito importante é a qualidade e as características do papel, suporte do desenho. Existe uma variedade muito grande de papéis, próprios para o desenho, o que nos auxilia muito na escolha do mais adequado. Para o uso do carvão, temos no papel Vergê, um grande aliado, pois sua textura especial possibilita desenhar com mais desenvoltura e também obter resultados bem satisfatórios. Quanto mais rugoso o papel, mais intensidades terão os traços, pois mais partículas ficarão impregnadas na folha. • Utilizar vários tipos de papéis, secos ou umedecidos com pincel e água para verificar os efeitos causados pela técnica de utilização do carvão. 5.3 – OBJETOS DO COTIDIANO: • O professor monta uma composição com objetos do nosso cotidiano que sejam de fácil aceitação para o aluno e ele desenha observando os mesmos com a técnica do carvão. • Em cada exercício poderá utilizar diversos tipos de papéis e utilizar também a técnica de esfumar com o algodão ou os dedos, para obter o claro-escuro. • Exemplos: Tênis, bota, lata amassada, guarda-chuva, boné, chapéu, etc. 6.DESENHO COM LÁPIS DE COR 6.DESENHO COM LÁPIS DE COR APRESENTANDO OS MATERIAIS • Os lápis de cor são materiais facilmente encontrados, além de ter uma gama de variedades. São fabricados de maneira semelhante à dos lápis grafite; a mina é composta de pigmento, um recheio, geralmente giz, talco ou caulim, além de um aglutinante normalmente goma de celulose. Os lápis de cor são usados da mesma maneira que o lápis grafite, com a diferença do colorido que produzem e ainda a suavidade de degradés delicados, proporcionando um acabamento delicado e acetinado. LÁPIS DE COR 6.1 - TESTE DOS MATERIAIS • A técnica do lápis de cor se condiciona à intensificação progressiva de tons, matizes e contrastes, sobrepondo-se camadas de cor, ou ainda pintando do mais claro para o mais escuro, fator esse que possibilita conseguir um controle mais eficaz de valores e tendências. • Testar as cores e possibilidades do lápis de cor, em seguida a utilização de pintura linear ou hachuras. 6.2 - SOBREPOSIÇÃO (FRUTA). • Os lápis de cor possibilitam inúmeras misturas, inclusive, fazendo a sobreposição de camadas de cor. Para que o efeito seja satisfatório, é necessário que a sobreposição não seja muito carregada, evitando o fechamento dos poros do papel e ainda que as cores que serão utilizadas sejam compatíveis entre si. • Desenhar uma fruta e utilizar cores claras na base do desenho e por cima, dar os efeitos desejados, aplicando as cores mais fortes. 6.3 - LUZ E SOMBRA (NATUREZA MORTA) • Para se conseguir o efeito de luz e sombra, é necessário que a mão esteja firme, possibilitando traços precisos. O ideal é que os lápis estejam com pontas finas. • Em seguida desenhar observando a composição de uma natureza morta (vasos e flores ou frutas) aplicando camadas de cores, das mais claras para as mais escuras, com a finalidade de conseguir efeitos de luz e sombra. 7.DESENHO COM LÁPIS DE COR AQUARELÁVEL 7.DESENHO COM LÁPIS DE COR AQUARELÁVEL • Os lápis de cor têm algumas características que nos possibilitam desenvolver várias técnicas, desde as mais básicas às mais complexas, levando-se em conta a sua variedade de cores e texturas de minas. Além do lápis de cor comum, temos o lápis aquarela (requer o uso de água), a técnica apresenta um desenho aquarelado. 7.1 - TESTE DOS MATERIAIS • As características encontradas nos lápis de cor possibilitam reunir recursos básicos do desenho, assim como encontrar possíveis efeitos com os lápis aquarelados. • Testar os lápis de cor com hachuras ou preenchimentos de superfície e em seguida utilizar um pincel com água para aquarelar obtendo as diversas nuances. Amarelo Azul Rosa Vermelho Verde Preto 7.2 - SOBREPOSIÇÃO • Desenhar com lápis de cor e aquarelar uma natureza morta e em seguida sobrepor tons e aquarelar novamente, obtendo variados efeitos dos suaves aos mais fortes ou efeitos sem mudanças bruscas de cor. 7.3 - PAISAGEM • Desenhar uma paisagem com água (mar, cachoeira, rio, etc.) com a técnica do lápis de cor aquarelado. • Criar através desta técnica uma água com tom homogêneo, com uma direção a ser seguida pela pincelada (a mesma pincelada num mesmo sentido) e deixar partes em branco para demonstrar o brilho da água. 8.DESENHO COM NANQUIM HACHURAS 8.DESENHO COM NANQUIM HACHURAS APRESENTANDO OS MATERIAIS • A tinta nanquim foi desenvolvida pelos chineses há mais de dois mil anos, e é constituída de nano partículas de carvão suspensas em uma solução aquosa. Embora os chineses antigos tivessem descoberto que era possível estabilizar a tinta nanquim pela mistura de uma cola (goma arábica) na solução com pó de carvão e água, hoje é possível entender que, ao se ligarem à superfície das nano partículas de carvão, as moléculas de cola impedem sua agregação. • Além da tinta, podemos usar os mais variados tipos de pincéis, canetas de pena, canetas mais modernas de nanquim, para dar um acabamento mais aprimoradoao desenho. TINTA NANQUIM 9.DESENHO COM TINTA NANQUIM II (AGUADA) 9.1.TESTE DOS MATERIAIS : TÉCNICA AGUADA • Para todas as técnicas que envolvem aguadas, é necessário ter conhecimento da utilização dos pincéis e dos tipos de pincéis existentes, os quais proporcionarão variados tipos de linhas. A aguada permite o claro-escuro e o degradee. • Testar em uma folha de papel a tinta nanquim com diferentes tipos e tamanhos de pincéis, no papel seco e em seguida em um papel úmido, elaborando os mais diversos tipos de linhas e sombras. 9.2.PERSPECTIVA II • A perspectiva com 2 pontos de fuga é denominada de oblíqua, e se caracteriza pelo fato de que as linhas verticais sempre são paralelas entre si. As outras linhas, vão sempre convergir para os pontos de fuga. • Desenhar a fachada de uma casa, usando os 2 pontos de fuga, (no caso ela vai ficar na esquina) e os efeitos de claro-escuro serão obtidos posteriormente ao desenho com a utilização da aguada em suas diversas nuances. 9.3.PAISAGEM APLICANDO A PERSPECTIVA • O efeito de profundidade em um desenho é conseguido através da perspectiva, pois ela nos proporciona o efeito perfeito que precisamos através da linha do horizonte e dos pontos de fuga. • Elaborar um desenho, usando 2 pontos de fuga, de maneira que se forme uma paisagem , em seguida dar os efeitos de claro-escuro com a aguada e suas nuances. 10.DESENHO COM TÉCNICA MISTA 10.DESENHO COM TÉCNICA MISTA • Alguns artistas utilizam-se da técnica mista para criar suas obras de arte. A técnica permite utilizar os mais variados materiais. No desenho contemporâneo podem aparecer técnicas mistas, como é o caso da obra de arte que ilustra esta atividade. • O artista é Paulo Lara, paulista do interior de São Paulo, formado em Arquitetura e Urbanismo, Artista Plástico autodidata, que tem direcionado a sua arte, de uma maneira alegre, colorida, nos proporcionando trabalhos de uma leveza e descontração, sob um olhar, uma nova perspectiva à medida que vai sendo construída. 10.1.DESENHO CONTEMPORÂNEO • Construir um desenho contemporâneo, utilizando uma nova perspectiva do olhar, utilizando os materiais giz pastel seco, giz pastel oleoso, carvão, lápis de cor e nanquim. ALGUNS MATERIAIS USADOS NA TÉCNICA MISTA 1 Edith Lotufo* Cor e Comunicação Introdução à Teoria da Cor O mundo que nos cerca se apresenta em uma infinidade de cores. Definimos os objetos em nossa volta por suas formas, tamanhos e cores. Assim poderiamos supor que a cor fosse uma propriedade do objeto, como tamanho e forma. A cor, no entanto, apenas parece uma propriedade dos objetos. Ela de fato existe apenas nos sentidos do observador. O elemento que faz a cor aparecer é a luz. Pedrosa define este fato: “A cor não tem existência material: é apenas sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz – mais precisamente, é a sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão” (Pedrosa, 2002, p.17). As cores são estímulos que chegam ao nosso olho a partir de ondas elétromagnéticas contidas na luz branca. Os objetos possuem propriedades materiais que absorvem, refratam e refletem os raios luminosos da luz que incide sobre eles. Os estímulos que causam as sensações cromáticas são dividios em dois grupos: as cores-luz e as cores-pigmento. Estudamos os fenômenos das cores nestas duas grandes áreas. A cor luz Luz colorida está presente no espectro solar. Da mesma forma que a luz branca pode ser refratada em seus componentes coloridos, as cores luz podem ser justapostas, fazendo a sínetese aditiva, tendo como resultado novamente a luz branca. As cores luz podem ser reduzidas nas primárias azul, vermelho e verde que, quando sobrepostas de duas em duas, pruduzem as cores secundárias luz cyan (azul e verde), magenta (vermelho e azul) e amarelo (vermelho e verde), já a soma das três primárias luz produz a luz branca. A síntese aditiva significa a adição máxima de luminosidade. (O sistema RGB designa as cores luz nos programas de computação, sendo red, green e blue). ______________________ * Edith Lotufo, formada e licenciada em Educação Artística/Comunicação Visual pela Universidade de Kassel, Alemanha, especialista em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás e mestre em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás. Citações de livros em alemão foram traduzidas pela autora deste texto. Goiânia, 2008, revisto em 2016. Este texto foi produzido para a disciplina Cor e Comunicação do Curso de Design da PUC Goiás. 2 As radiações solares abrangem uma imensa área, mas a visão humana apenas alcança uma faixa muito pequena que se localiza entre os raios infravermelhos e ultravioletas. O estímulo vermelho corresponde a ondas com cerca de 700 nm (nanometros) enquanto o violeta a aproximadamente 400 nm. Os conhecimentos a cerca das ondas eletromagnéticas com seus comprimentos distintos para produzir o estímulo correspondente a cada cor são amplamente utilizados na reprodução tecnológica de imagens na fotografia, cinema, televisão e mídia eletrônica em geral. Conhecer os efeitos da cor luz sobre objetos e ambientes também é muito importante na iluminação de palcos de teatro e de eventos e na intervenção com luz em qualquer ambiente projetado ou ocupado pelo homem. Com a oferta recente de lâmpadas coloridas e equipamentos que iluminam espaços, alternando as cores em determinados ritmos, a cor luz faz cada vez mais parte do nosso ambiente, levando, muitas vezes, a usos exagerados sem o uso de critérios de conforto visual e ambiental. A cor pigmento Cor pigmento são todas as cores que enxergamos a partir da reflexão da luz sobre os objetos e ambientes. O que define essas cores são as substâncias dos materiais contidas na superfície dos objetos e sua capacidade de absorver, refratar e refletir os raios luminosos da luz que incide sobre eles. Depende da composição quimica dos materiais, quais componentes da luz absovem e quais refletem. As cores primárias pigmento, quando misturadas entre si, produzem o preto. A síntese subtrativa pode ser entendida como um acréscimo de pigmento que faz com que a tinta ou a cor dos objetos perde a capacidade de refletir a luz. Na presença simultânea das três cores primárias pigmento os objetos se apresentam como pretos. Na mistura de cyan com amarelo obtemos o verde, o magenta com o cyan forma o azul violeta e amarelo e magenta produzem o vermelho alaranjado. (No computador trabalhamos com as cores pigmento no sistema CMY, cyan, magenta e yellow) Enquanto na natureza os objetos e materias contam com substâncias ou propriedades que produzem os estímulos coloridos quando expostos à luz, na representação do mundo por artistas, são os pigmentos das tintas e dos materias sintéticos que criam e recriam imagens e objetos. No início da expressão do homem através da pintura existia uma limitada oferta de pigmentos encontradas na natureza. Atualmente as possibilidades de produzir e reproduzir estímulos coloridos se tornou quase infinita. A indústria gráfica é uma das áreas onde a gestão da côr é de extrema importância. Além da produção das imagens o processo de reprodução das mesmas exige conhecimentos amplos da cor pigmento nas diferentes tintas de impressão e sua aplicação sobre os mais diversos suportes. 3 Em todas as áreas artesanais e industriais de produção de objetos são os pigmentos e componentes quimicos acrescentados aos materiais que vão definir como os produtos irão absorver ou refletir a luz e produzir os estímulos cromáticos desejados. Conhecer as cores pigmento a os sistemas de gestão e controle de qualidade da cor é parte importante de muitas profissões, no caso do designer uma necessidade básica. Definição das Cores As tentativas de elaborar teorias da cor sempre resultaram em grandes polêmicas. Quando os primeiros estudos dos fenômenos físicos da cor eram desenvolvidos, os cientistas não dispunhamde instrumentos de medição como os existentes hoje. A percepção da cor envolve aspectos fisiológicos que diferem de pessoa para pessoa e a cor enquanto sensação ainda depende de muitos fatores psicológicos, históricos, culturais e sociais, também muito individualizados. Mesmo com toda tecnologia que podemos utilizar hoje, são poucas as pessoas que se dedicam à cor de forma sistemática. A maioria das pessoas utiliza a intuição para combinar e harmonizar as cores. Os profissionais de criação, no entanto, não podem usar as cores de forma aleatória, correndo risco de ver projetos fracassarem. É necessário utilizar metodologias capazes de aproximar os resultados de um projeto dos objetivos definidos. A cor constitui um dos elementos mais complexos a ser estudado neste contexto. Modelos de representação das dimensões das cores As dificuldades de definição das cores se iniciam nos modelos abstratos de representação de suas características e dimensões. Diferentes modelos espaciais foram desenvolvidos por diversos cientistas que defendem seus pontos de vista e criticam fortemente a visão de teóricos que os antecederam ou de colegas contemporâneos. Muitos cientistas se dedicam à elaboração de teorias da cor. Cada autor, porém, parte de pressupostos teóricos de distintas áreas de conhecimento como física, filosofia, estética, psicologia, quimica e outras, observando os fenômenos a partir de interesses específicos. Assim os resultados apresentados em diferentes livros que podemos consultar coincidem em parte e divergem muito em outros. Autores mais recentes são adeptos de uma ou outra teoria, o que faz com que a literatura sobre a cor apresente conteúdos contraditórios. Uma das principais diferenças encontra-se na definição das cores do spectro solar e, em consequência, da definição de cores primárias e secundárias. Os diferentes círculos cromáticos, que são representações das cores pigmento, 4 divididos em cores primárias, secundárias e terciárias, divergem nos livros de teoria da cor principalmente nas cores vermelho e azul versus magenta e ciano. Todas as definições derivadas, como contrastes de cores, sofrem alterações a partir destes pontos de partida distintos. As cores primárias luz foram definidas em 1802 por Thomas Young como sendo o azul, o vermelho e o verde, também chamados de azul violeta, vermelho alaranjado e verde, os componentes da síntese aditiva. As cores primárias pigmento eram indicadas como sendo o amarelo, vermelho e azul. De acordo Guimarães (2002, p.65) Goethe antecipou a definição das cores primárias pigmento, hoje aceitas pela maioria dos autores, quando ele substituiu o vermelho pelo púrpura e o azul pelo azul-esverdeado. Mas foi em 1936 que a Agfa e a Kodak padronizaram os nomes destas cores como magenta, cyan (ou ciano) e amarelo, as cores primárias da síntese subtrativa. As cores primárias são definidas como irredutiveis, o que quer dizer que não podem ser formadas pela soma de outras cores. Isso se aplica tanto na cor luz quanto na cor pigmento. Cores primárias luz são cores secundárias pigmento e as cores secundárias luz são as primárias das cores pigmento. Os esquemas representativos deste princípio mostram as relações de complementariedade entre as cores. As características das cores pigmento Trabalhamos basicamente com três dimensões com denominações que variam de autor para autor: o matiz/croma, o brilho/luminosidade e a saturação. Matiz são chamadas as cores representadas no círculo cromático, onde as cores aparecem em seu maior grau de pureza, sem adição de branco ou de preto. Não importa o número de cores representado nestes cículos, todos partem do princípio da produção de varações tonais obtidas a partir da mistura de duas cores primárias. O sistema CMY usado como base na computação gráfica ajuda a compreender as características dos matizes, sendo tons produzidos a partir de duas cores primárias e destas uma está presente com 100%. Brilho e luminosidade são expressões que denominam as qualidades claro e escuro das cores, características que se referem à mudança dos matizes ou a qualquer tonalidade obtida em direção ao branco ou ao preto. Todas as cores podem aumentar sua luminosidade, quando acrescentamos branco na mistura de tintas ou aplicando uma retícula (pontos que produzem cores mais claras por espaçamento maior ou menor na impressão). Já as cores se tornam menos luminosas quando acrescentamos preto na tinta ou aplicamos uma retícula preta (de diversas porcentagens) sobre a cor na impressão. Guimarães (2002) chama este processo de atenuação acendente e descentente. O termo luminosidade pode causar uma certa confusão de definições, uma vez que podemos dizer que o amarelo tem mais luminosidade do que o azul violeta, esta característica, no entanto, não é considerada aqui. 5 Saturação significa que os matizes estão em sua máxima força ou crominância. Dessaturar uma cor significa aproximá-la gradativamente a um tom de cinza que é obtido acrescentando porcentagens de sua cor complementar e ao mesmo tempo reduzindo a sua parte de cromacidade. Guimarães (2002, p.72) mostra este processo numa escala de um a dez. Enquanto a mistura das cores complementares produz cinza escuro, a cor dessaturada ao máximo mostra-se como cinza médio. As três dimensões com suas múltiplas variações dificilmete podem ser visualizadas em representações bidimensionais. Essa dificuldade levou diversos estudiosos da cor ao longo de séculos a trabalhar com formas geométricas tridimensionais como pirâmedes, esferas e cubos, localizando cada tom obtido pelas misturas com branco, preto e entre si em um determinado ponto de raios, arestas e camadas. O sistema mais complexo utilizado até hoje foi criado por Munsell em 1915 em forma de um tronco de árvore. Ele é um sistema de ordenamento de cores que possibilita um arranjo tridimensional de cada tonalidade num espaço cilíndrico de três eixos, permitindo especificar uma determinada cor através de três dimensões. A árvore de Munsell é utilizada ainda hoje em todas as áreas de projeto que aplicam cores ou serviu de base para outros sistemas e infográficos. Contrastes de cores Até aqui tratamos das característcas que cada cor apresenta isoladamente e suas posições em sistemas de representação. Para usar as cores adequadamente precisamos nos ocupar de suas interrelações, de como as cores se comportam numa mescla ou combinação, situações onde uma cor interfere na expressão da outra. O que ajuda nesta investigação são os contrastes de cores definidos por diversos autores. Leonardo da Vinci, Goethe, Chevreul, Hoelzel, Itten, Pedrosa e outros estudaram estas relações entre as cores exaustivamente. Chevreul (1786-1889) descreveu em seus estudos sete formas de contrastes que foram adotados por Adolf Hoelzel e depois por seu aluno Itten (1987), que mostra exemplos de cores de forma sistematizada em seu livro “Kunst der Farbe”. De acordo Parramón (1993) o contraste aparece quando comparamos duas cores ou tonalidades com diferenças perceptíveis. Estas diferenças podem ser mínimas ou extremas, formando um contraste “duro” ou suave. Nem todos os autores concordam hoje com o termo contraste para as relações e polarizações entre as cores. Apresentamos em seguida um resumo dos sete contrastes de cores exemplificados por Itten (1987), complementando sua descrição a partir de outros autores. 6 O contraste da cor em si ou contraste de matizes O contraste entre as cores ou matizes na sua maior força de expressão é um contraste muito simples e forte. Em alguns esquemas de combinação de cores são usados triangulos equiláteros para relacionar três cores ou matizes. Combinar as cores primárias e secundárias resulta no maior contraste possível entre os matizes. Este contraste é usado para brinquedos, em festas populares e em produções de forte impacto visual. O contraste pode ser reduzido, combinando as cores usadas com tonalidades obtidas a partir delas, clareadas ou escurecidas. Já um fundo escuro aumenta a luminosidade das cores eaumenta ainda mais o contraste do conjunto. Contraste claro-escuro De acordo Itten (1987) claridade e escuridão são de fundamental importância para a vida humana e para toda natureza. O preto e o branco são sempre citados entre as cores, apresar de não fazerem parte dos matizes, por isso são definidas como sensações “acromáticas”, que não tem “cromacidade”. Branco e preto é o maior contraste claro-escuro que podemos produzir, tons intermediarios são todos os tons de cinza possíveis. A capacidade de diferenciar tons de cinza ou outras tonalidades depende das condições do olho de cada pessoa reagir a estímulos. O limite de percepção de tonalidades pode ser ampliado através de treino. Acrescentado branco ou preto aos matizes podemos aumentar e reduzir sua luminosidade. Uma composição muito usada é a monocromática, quando uma única cor contrasta com tonalidades da sua modulação com branco e preto, formando um contraste claro-escuro simples. Contraste quente-frio O contraste quente-frio é descrito de forma muito semelhante pelos autores. Guimarães (2000) fala de polaridades entre as cores e cita a cor e temperatura com um princípio facilmente observável. Quando separamos as cores quentes e frias no círculo cromático definimos os azuis e verdes enquanto frias e os laranjas e vermelhos como quentes. Nossas referências neste caso são as sensações experimentadas na nossa vivência com a natureza. A similaridade com o mundo natural onde água e ar são relacionados com o esfriamento e o fogo e o sol com o aquecimento, são conceitos universais. A posição de cada cor depende, porém, de seu entorno. Assim um verde amarelado pode passar a sensação de quente entre os azuis e um violeta pode passar uma sensação de frio entre os vermelhos. As sensações frio/quente associadas às cores podem ser comprovadas em laboratório. Diversos testes científicos foram feitos mostrando que a sensação têrmica pode variar em três graus dependendo das cores dos ambientes. (Itten, 1987). Um outro fenômeno é atribuído às cores frias e quentes. Percebemos num 7 quadro ou numa fotografia as cores frias como mais distantes e as quentes como mais próximas. Itten associa ao caráter do contraste frio – quente outros pares em oposição: sombrio – ensolarado, transparente – opaco, acalmante – excitante, aéreo – terroso, leve – pesado, úmido – sêco. Contraste complementar Cores complementares são cores pigmento que no cículo cromático estão em oposição de 180°. A mistura de cores complementares resulta em cinza escuro. Itten define as características das cores complementares como um “par estranho. Elas são opostas, se provocam mutuamente, ampliam sua força luminosa enquanto vizinhos e se destrõem na mistura para o cinza – como fogo e água. Sempre só existe uma cor que é complementar de uma outra.” (Itten, 1987) Em termos de harmonia de cores pode-se dizer que as cores complementares representam o equilíbrio que a fisiologia do nosso olho busca constantemente. Quando olhamos por alguns segundo para uma determinada cor e desviamos o olhar em seguida para um plano branco percebemos a forma vista anteriormente num estímulo luminoso de sua cor complementar. Como por outro lado duas cores complementares representam um contraste máximo, podemos amenizar esta oposição de cores usando duas duplas de complementares ou uma cor com uma complementar dividida, o que significa substituir a cor complementar por suas duas cores vizinhas no círculo cromático. Um outro recurso de harmonização das cores complementares é o uso simultâneo de tonalidades resultantes de sua mistura, aumentando a luminosidade destes tons, acrescentando pequenas quantidades de branco. O contraste simultâneo Chamamos de contraste simultâneo o fato do nosso olho “pedir” a cor complementar ao estímulo visual recebido. Diferentes testes com cores tentam visualizar este mecanismo que é um dos fenômenos mais complexos e intrigantes da percepção da cor. Goethe criou o termo “cor fisiológica” para reforçar sua teoria de que cor é em primeiro lugar um fenômeno da percepção humana, visão central da polêmica criada por ele contra as teorias de Newton, baseadas nas leis da física. Albers explica as interações das cores assim: “Na percepção visual a cor quase nunca é percebida como aquilo que é na verdade, quer dizer, o que ela é fisicamente. Assim a cor é o meio mais instável da arte” (apud Gekeler, 2000). Gekeler explica alguns aspectos do contraste simultâneo assim: “Quando impulsos de diferentes cores vizinhas encontram nosso olho, elas se influenciam mutuamente... O olho tem a tendência de reforçar os contrastes. Neste caso a área maior 8 influncia a menor. A mudança das cores se dá em três direções (que podem ocorrer de forma combinada).1. Diferças aumentadas entre as cores no círculo cromático ou no spectro do que na observação isolada de cada cor. 2. Diferenças aumentadas de claridade. A mesma cor aparece mais escura num fundo claro do que num fundo escuro. Isso é válido também para os tons de cinza. 3. Uma cor levemente dessaturada parece mais viva num fundo cinza, enquanto num fundo de cor saturada ela parece mais dessaturada.” (2000, p.48) O efeito do contraste simultâneo pode aumentar a vibração de composições de forma interessante, mas pode, também, causar interferências desagradáveis aos trabalhos. Conhecer estes fenômenos torna possível evitar perturbações indesejáveis entre as cores. O contraste de qualidade A qualidade da cor é um termo que significa seu grau de limpeza ou saturação. O contraste de qualidade acontece no uso concomitante de cores saturadas e dessaturadas. Os matizes são os tons de maior saturação. Como vimos anteriormente tons vivos podem ser “rompidos” ou dessaturados de diversas formas. Acrescentando gradativamente cinza a um matiz obtemos tons menos vivos, mas que ainda mostram a origem das cores que os geraram. Uma outra forma de dessaturar a cor é a mistura com pequenas quantidades de sua complementar. Todas as combinações que associam tons rompidos entre si ou em contraste com as respectivas cores saturadas são escalas cromáticas elaboradas, menos vibrantes, mais calmas e reflexivas. O contraste de quantidade As observações deste contraste dão respostas às dúvidas de como lidar com as diferentes luminosidades dos matizes. Foi Goethe quem sugeriu uma proporção numérica para definir a luminosidade das cores. É claro que não podem ser valores absolutos, porque as expressões das cores variam muito, dependendo das tintas e dos suportes utilizados. Itten(1987) utiliza os valores de luminosidade de Goethe, que são os seguintes: Amarelo : laranja : vermelho : violeta : azul : verde 9 : 8 : 6 : 3 : 4 : 6 Junto com a proporção de luminosidade das cores, Goethe criou uma relação dos espaços que as cores podem ocupar, marcando a força de expressão pela sua luminosidade. Assim 1/4 de amarelo corresponde a 3/4 de violeta, enquanto 1/3 de laranja equivale a 2/3 de azul. O par verde e vermelho se equilibra numa proporção de 1/2 para 1/2. Na aplicação destas proporções pode-se supor que o resultado de trabalhos que usam as quantidades das cores indicadas, seja equilibrado na presença de diferentes cores. Por outro lado o contraste de quantidade é muito usado para realçar uma determinada cor justamente pela pequena quantidade usada no meio de muitas 9 outras cores. Assim uma pequena quantidade de uma cor quente, num fundo com presença predominante de cores frias, pode chamar a atenção para uma mensagem, atraindo o olhar exatamente para este pequeno intruso num ambiente contrário. Conclusão A tentativa de resumir princípios de uma teoria da cor é uma tarefa ingrata. Não seria de muita utilidade reproduzir verdades e receitas, mesmo que possamos encontró-las em alguns livros, a respeito de um tema tão complexo. É intenção deste texto mostrar que é necessário fazer a leitura sobre diferentes aspectos da teoria da cor de forma crítica,sempre levando em conta o contexto histórico em que o autor se encontra, a qual área de conhecimento pertence e qual linha teórica segue. Conhecer os fenômenos que envolvem as cores pode aguçar a percepção, auxiliar nas decisões do uso consciente de cores, mas ainda não é um subsídio suficiente para resolver os problemas de uso das cores em projetos de comunicação visual e de design. O uso adequado das cores ainda depende da compreensão da dinâmica da percepção psicológica das cores e dos significados atribuídos a eles. Falar da simbologia e dos significados das cores estrapolaria, porém, a intenção deste texto, mas são aspectos que devem ser necessariamente estudados caso a caso e de forma muilidisciplinar. Aspectos históricos, geográficos, sociais e culturais e preferências individuais podem ser abordados em termos de exemplos, mas raramente podem ser formulados enquanto conceitos amplamente aplicáveis. Devemos desenvolver diferentes metodologias de pesquisa, para tentar aproximarmos das maneiras de como as cores são percebidos e sentidos por determinados grupos de pessoas. Testes e pesquisas de associações e de preferência e rejeição de determinado público alvo em relação às cores podem ajudar na elaboração de projetos e nas tomadas de decisão. Bibliografia: ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo: EDUSP, 1980. CHIJIIWA, Hideaki. Color Harmony. Massachusetts: Rockport Publishers, 1986. CRAIG, James. Produção Gráfica. São Paulo: Nobel, 1987. DOYLE, Michael E. Color Drawing. New York: John Wiley & Sons, 1999 DREW, John e MEYER, Sarah. Color Management. Mies/Suiça: Roto Vision, 2005 FARINA, Modesto. A psicodimâmica das cores em comunicação. 4a Ed. São Paulo,1990. GEKELER, Hans. Handbuch der Farbe. Koeln: DuMont, 2000. GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação. São Paulo: Ed.ANNABLUME, 2002. HELLER, Eva. Wie Farben wirken (Como as cores atuam). Hamburg: Rowohlt, 1989. ____ Psicologia das cores. Barcelona:Ed.Gili,2012. HICKETHIER, Alfred. Ein-mal-eins der Farbe (Guia da cor). Ravensburg: Otto Maier, 1969 ITTEN, Johannes. Kunst der Farbe (Arte das cores). Ravensburg: Otto Maier, 1987. 10 KÜPPERS, Harald. Das Grundgesetz der Farbenlehre (A lei básica da teoria da cor). Köln: Dumont, 1997. ____ Harmonielehre de Farben (Teoria da harmonia das cores). Köln: DuMont, 2000. LORENZO. Produção Gráfica. São Paulo: SENAC, 2000. PARRAMÓN, José M. Das grosse Buch der Farben (O grande livro das cores). Stuttgart: Ed. Michael Fischer, 1993 PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2000. RIBEIRO, Milton. Planejamento visual gráfico. 7a Ed., Brasília: Linha Gráfica Editora, 1998. 47 2.PINTURA COM GUACHE I MONOCROMIA 48 2.PINTURA COM GUACHE I MONOCROMIA APRESENTANDO OS MATERIAIS • A tinta guache é uma mistura de aglutinante (goma arábica) com pigmento branco, que resulta numa tinta opaca de grande poder de cobertura. É constituída por pigmentos coloridos, moídos em pó, aglutinados com um pigmento plástico (médium) e pigmento branco opaco. • A tinta é tornada opaca pela adição de pigmentos inertes, como por exemplo: gesso-cré ou blanc fixe. Seu grau de opacidade varia com a quantidade de pigmento adicionado à cor, geralmente o suficiente para evitar que a textura do papel apareça através da pintura, fazendo com que não tenha a luminosidade das aquarelas transparentes. TINTA GUACHE 2.1.TESTE DOS MATERIAIS: TIPOLOGIA DOS PINCÉIS • Existem pincéis de todos os formatos e tamanhos, sendo eles de pêlos ou cerdas. Os pincéis de cerdas: • São os fios colhidos do porco ou javali, facilmente identificados pela finalização da extremidade em duas ou mais pontas. Determinamos a origem das cerdas de animais que se protegem das variações climáticas por meio de uma camada de gordura ou do próprio couro. • Os pincéis de pêlos: • São fios colhidos de animais que utilizam o volume de pelos para a proteção das variações climáticas. São identificados pela sua forma cilíndrica e finalização cônica. • Com essa característica, exploramos a ponta para pinceladas precisas e desenhos diferenciados, de acordo com o formato do pincel. 49 TIPOS DE PINCÉIS • Desenvolver linhas diferenciadas com os mais variados tipos de pincéis, utilizando a tinta guache. 2.2 PINTURA GUACHE MONOCROMIA COM COR PRIMÁRIA ADICIONANDO BRANCO (NATUREZA MORTA). • A monocromia é uma técnica que emprega vários tons de uma mesma cor no desenho. É a harmonia obtida através da adição gradativa de branco ou preto a uma única cor primária, com a finalidade de clarear ou escurecer. • O clareamento com adição de branco, nos apresenta uma escala de intensidade, quando se adiciona o preto, temos uma escala de valor. • Desenhar uma natureza morta aplicando apenas uma cor primária (a escolher) para adicionar o branco. 50 2.3.PINTURA GUACHE MONOCROMIA COM COR PRIMÁRIA ADICIONANDO PRETO (NATUREZA MORTA) • Fazer o mesmo desenho anterior, com a técnica da monocromia adicionando neste momento o preto. 2.4. PINTURA GUACHE MONOCROMIA COM COR SECUNDÁRIA • Quando fazemos monocromia com cor secundária, vamos adicionar para clarear ou escurecer as cores que deram origem a essa cor. • Fazer o mesmo desenho anterior, com a técnica da monocromia usando uma cor secundária, podendo adicionar as duas cores que deram origem a essa cor, obtendo escalas de tons diferenciados. 51 3.PINTURA COM GUACHE II POLICROMIA 52 3.PINTURA COM GUACHE II POLICROMIA A tinta guache pode ser apresentada em diversos modelos: em tubos, potes grandes e pequenos, sendo encontrada com facilidade em papelarias. A consistência da tinta guache é mais pastosa, mais densa e opaca e é facilmente dissolvida em água. Para tirar melhor proveito do guache, temos que procurar um equilíbrio na mistura de água e tinta. 3.1.PINTURA COM GUACHE POLICROMIA (NATUREZA MORTA) • A policromia é o emprego de várias cores, formando um tom harmônico e agradável. • Desenhar uma natureza morta e pintar com tinta guache, usando policromia. 3.2.PINTURA COM GUACHE POLICROMIA (PAISAGEM) • Pintar uma paisagem utilizando a policromia. 53 4.PINTURA COM AQUARELA I 54 4.PINTURA COM AQUARELA I APRESENTANDO OS MATERIAIS • A aquarela é uma técnica de pintura, na qual os pigmentos se encontram suspensos ou dissolvidos em água e além de ter a facilidade de ser solúvel, são fixados com goma-arábica ou resinas plásticas. • O papel é de extrema importância na técnica de aquarela, razão pela qual é preciso dedicar-lhe uma atenção especial, estudando suas características mais importantes. • De acordo com a técnica da aquarela é possível, se necessário, umedecer, molhar o papel a fim de obter um efeito mais aguado. • Os suportes utilizados na aquarela são muito variados, embora o mais comum seja o papel com elevada gramatura e com fibras de algodão na sua composição. • É importante o uso de tintas de boa qualidade, pois existem pigmentos concentrados que permitem uma cor forte e transparente ao mesmo tempo. Nesta técnica não se pode esquecer de deixar o branco do papel como brilho, como cor luz, pois se deve iniciar uma aquarela pelos tons mais claros aos mais escuros e muitos artistas usaram e abusaram da aquarela para expressar o espetáculo da natureza. TINTA AQUARELA 55 4.1TESTE DOS MATERIAIS • A tinta aquarela é encontrada nos mais diversos formatos: em tubos, líquida, em pastilhas, e pode ser usada nos mais diversos tipos de pinturas em papéis. Neste exercício deve-se experimentar a tinta adicionando mais ou menos água e em folhas de papéis diversos. 4.2 COMPOSIÇÃO • Quando falamos em composição, podemos observar que é uma união de vários elementos isolados que, quando juntos, vão resultar em um todo destacado das partes. • Geralmente uma composição tem em cada umadas formas de expressão artísticas um tipo de manifestação. • Podemos descrever uma composição de acordo com o ritmo, proporção, harmonia, equilíbrio, etc,entre outras características que lhe são peculiares. • Criar uma composição com flores, através da técnica aquarela, de maneira que seja uma produção harmônica. 56 5.PINTURA COM AQUARELA II 57 5.PINTURA COM AQUARELA II • A tinta aquarela é produzida por pigmentos moídos e juntados a adesivos, com adição de agentes umedecedores e outros que preservam a tinta, facilitando a sua diluição e a uniformidade do fluxo. • A tinta aquarela, como é solúvel em água, torna-se um material menos complicado de se lidar em relação à química. • Os melhores pincéis para a pintura com aquarela, são os de pelo de zibelina ou de esquilo, pois absorvem grandes quantidades de água e podem proporcionar um controle maior nas aguadas. 5.1 PAISAGEM MARÍTIMA • Além dos elementos já citados acima, alguns outros também são importantes numa composição: forma, proporção, estrutura, equilíbrio, ritmo e movimento, profundidade. Numa composição, não podemos deixar de levar em conta esses elementos, pois para o equilíbrio da obra, eles devem estar associados e alguns deles, organizados de maneira conjunta, para que sejam bem distribuídos no papel. • Elaborar uma paisagem, levando-se em conta a proporção e o equilíbrio da composição. 5.2 PAISAGEM RURAL • Criar uma paisagem rural, umedecer toda a folha antes de aplicar a técnica da aquarela, para se conseguir um efeito mais delicado na paisagem. 58 6.PINTURA COM ACRÍLICA I MONOCROMIA 59 6.PINTURA COM ACRÍLICA I MONOCROMIA APRESENTANDO OS MATERIAIS • O acrílico é uma tinta sintética solúvel em água que pode ser usada em camadas espessas ou finas, sobre tela ou em tipos diferentes de papéis. • A tinta acrílica possui uma secagem muito rápida, ao contrário da tinta óleo que demora a secar completamente em trabalhos com camadas espessas. Possui um odor menos intenso e não causa tantos danos a saúde por não possuir metais pesados, como o cobalto da pintura a óleo. • A tinta acrílica possui uma praticidade, já que não depende de secantes, e tem como diluente a água, ou seja, não é nociva ao pintor e seca rápido e a matriz cromática é ampla, tornado-a muito popular entre artistas contemporâneos. TINTA ACRÍLICA 6.1 TESTE DOS MATERIAIS • É importante escolher uma tinta acrílica de boa qualidade, pois apresentará uma boa fixação e brilho. • Testar a tinta acrílica fazendo traços com pincéis de vários tipos e tamanhos, procurando efeitos diversos adicionando água para diluir. 6.2 PINTURA COM TINTA ACRÍLICA I MONOCROMIA • Desenhar e pintar com tinta acrílica, com uma cor primária adicionando o branco, construindo uma natureza morta monocromática. 60 6.3 PINTURA COM TINTA ACRÍLICA MONOCROMIA • Desenhar e pintar a mesma natureza morta com uma cor secundária adicionando para clarear ou escurecer, as cores que deram origem a essa cor. 6.4 PREPARAÇÃO DE FUNDO PARA PINTURA EM TELA • Mesmo com todos os recursos que temos hoje na confecção de telas com produtos anti-mofo, anti-fungos, etc...existem várias técnicas de preparação de tela para pintura, • Nesta aula o aluno irá utilizar um dos métodos de preparação de tela para ser utilizado na Aula nº 7 e na Aula nº 10, ou seja, confeccionar duas telas por aluno. Método de preparação de telas: • Primeiramente escolher um tecido, geralmente um pedaço de algodão. • Lixar a tela delicadamente para remover algum nó ou relevo no tecido. • Prender a tela em um chassi de madeira (quadro de madeira) esticando bem o tecido. • Pincelar camadas de tinta acrílica branca, de maneira que a mesma fique mais lisa e sem defeitos. Esperar secar entre uma camada e outra. • Próxima etapa realizar a pintura sobre a tela preparada. EXEMPLOS DE TELAS 61 7.PINTURA COM ACRÍLICA II POLICROMIA 62 7.PINTURA COM ACRÍLICA POLICROMIA • A pintura com tinta acrílica nos oferece o recurso da fácil elaboração de telas, pela rapidez da secagem e do brilho que tem como acabamento final. • Na policromia usamos várias cores de tinta na mesma pintura, por isso é importante selecionar as cores desejadas. 7.1 DESENHO PRÉVIO A GRAFITE NO SUPORTE TELA • Desenhar na tela (já preparada na aula anterior) uma natureza morta ou um motivo escolhido pelo aluno. • O desenho prévio permite que o aluno preencha corretamente o espaço da tela, podendo apagar com a borracha se estiver algo errado e adequar corretamente o desenho antes de iniciar a pintura. 7.2 PINTURA COM ACRÍLICA - POLICROMIA • Selecionar as cores que serão utilizadas para a pintura policromática (várias cores). Realizar a pintura durante a aula e deixar o quadro secar em ambiente arejado. 63 8.PINTURA COM ACRÍLICA ABSTRATO 64 8.PINTURA COM ACRÍLICA ABSTRATO ENTENDENDO O ABSTRATO • O termo abstrato é usado para designar algumas obras de arte do século XX. O artista tem a liberdade de exercitar o grau de abstração com uma dimensão que lhe é peculiar, isto quer dizer, que os artistas podem criar em suas pinturas formas e cores que não estão relacionadas com as formas e cores dos objetos, ou seja, quando observamos uma obra abstrata, não identificamos de imediato um objeto ou uma cena. 8.1 COMPOSIÇÃO ABSTRATA SOBRE PAPEL. • Desenhar sobre uma folha de papel de maior gramatura, uma composição abstrata. 8.2 COMPOSIÇÃO ABSTRATA COM ACRÍLICA SOBRE PAPEL. • Pintar a composição abstrata com tinta acrílica sobre papel. • Mostrar exemplos de artistas abstratos. Yellow Red Blue ( Wassily Kandinsky) Acesso à Internet em08/2010 Site da imagem: wertheroo.blogspot.com 65 9.PINTURA COM TÉCNICA MISTA I (COLAGEM) 66 9.PINTURA COM TÉCNICA MISTA I COLAGEM ENTENDENDO A TÉCNICA • Consideramos como mista, a técnica onde podemos trabalhar com os mais diversos tipos de materiais de pintura, além de outros alternativos. Podemos combinar tintas, carvão, com colagens de diversos tipos de papéis, telas, e outros materiais considerados alternativos, como: couro, botões, cortiça, fios, estopa, etc. A técnica mista pode ser utilizada em telas, papéis, cartazes, cortiça, enfim, nos mais variados tipos de suportes. • A colagem é uma técnica muito usada na pintura abstrata, e consiste em misturar às tintas, lápis grafites ou lápis de cor, outros elementos que serão incorporados ao desenho e à pintura que está sendo elaborado. 9.1 COMPOSIÇÃO SOBRE PAPELÃO • Cada aluno receberá um pedaço de Papelão nº 15 (ou outro suporte mais rígido), tamanho de uma folha A4, neste papelão desenhar uma composição com lápis grafite. 9.2 COMPOSIÇÃO COM TÉCNICA MISTA SOBRE PAPELÃO. • Pintar o desenho preparado anteriormente e iniciar a pintura com várias técnicas: guache, aquarela, acrílica, carvão, giz pastel seco, giz pastel oleoso, lápis de cor e em seguida iniciar a colagem de materiais diversos como: tecidos TNT, botões, papéis, fitas, estopa, couro, espuma, entre outros. 67 10.PINTURA COM TÉCNICA MISTA II CONTEMPORÂNEA Artista - Paulo Lara Título da Obra - A Praça Técnica Mista (acrílica e caneta permanente sobre tela) MATERIAIS QUE PODEMOS USAR NA TÉCNICA MISTA 68 10.PINTURA COM TÉCNICA MISTA II CONTEMPORÂNEA SOBRE A ARTE CONTEMPORÂNEA: A arte contemporânea não é um termo para designar tudo o que é produzido no momento, mas sim aquilo que nos propõe um pensamento sobre a própria arte ou uma análise crítica da prática visual., Essa arte nos leva a interrogar e também atribuir novos significados quando nos apropriamos de imagens, não só daquelas que fazem parte da historia da arte, mas também das que estão no nosso cotidiano. O belo contemporâneo que temos hoje, não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardasda primeira metade deste século, mas sim propõe que possamos questionar a linguagem e sua leitura. O artista contemporâneo sabe que é indispensável passar ao espectador uma imagem de qualidade da sua linguagem, expressar adequadamente sua ideia mostrando com maestria a sua obra de arte. Podemos citar o artista Paulo Lara, que utiliza uma técnica mista de tinta acrílica com caneta permanente, usando efeitos de luz e sombra e a cor como elementos essenciais na sua obra, sendo que as figuras geralmente distorcidas nascem no próprio desenho sob uma nova perspectiva. 10.1 DESENHO PRÉVIO DE PAISAGEM URBANA SOBRE TELA. A liberdade do artista proporciona a criação de novas técnicas e a possibilidade de alterar a percepção do mundo. • Desenhar na tela (já preparada anteriormente na Aula nº 6) com lápis grafite, sob a sua perspectiva, de acordo com o seu olhar criador, uma paisagem urbana. • A pintura será feita em tela com técnica mista: tinta acrílica e caneta permanente. • Pintar o desenho feito na tela com tinta acrílica e utilizar caneta permanente para delinear os desenhos, conforme a técnica do artista representado. Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo Elizangela Aparecida da Silva* Fernanda Rodrigues Oliveira Letícia Scarabelli Maria Lorena de Oliveira Costa Sâmyla Barbosa Oliveira Orientadora: Profa. Vera Lucia Lins Sant’Anna** “Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer”. Picasso. Resumo O presente artigo apresenta o histórico da arte, vista como uma ciência que, para ser reconhecida institucionalmente, percorreu um longo caminho, a importância de se trabalhar as Artes Visuais dentro da sala de aula, fazendo uma reflexão sobre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança através das diferentes linguagens artísticas presentes nas Artes Visuais, identificando e mostrando como a criança se desenvolve na aprendizagem através das Artes Visuais (pintura, desenho, arte tridimensional (modelagem), recorte e colagem). Neste trabalho, usamos aportes teóricos ligados a Artes Visuais, Arte e Educação, Psicologia (desenvolvimento infantil), Educação, Documentos Legais que abordam a questão do ensino da Arte para a criança e, no contexto atual de um mundo globalizado, a questão da Mídia como divulgadora e influenciadora da produção artística. Palavras-chave: Artes Visuais; Cognitivo; Interação Social; Afetivo. *Alunas do Curso de Pedagogia da PUC Minas. **Mestre em Educação e Doutora em Ciências da Religião. Professora e pesquisadora da PUC Minas. Introdução O presente artigo aborda o histórico da Arte, que pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional. O ensino no Brasil, que passou por diversos métodos, na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, apresenta concepções sobre a importância das artes visuais baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Caracteriza as diferentes linguagens presentes nas Artes Visuais no processo de aprendizagem como: desenho, uma das manifestações que tem a função de atribuição de significação ao que se expressa e se constrói; pintura, que pode ser definida como a arte da cor; arte tridimensional (modelagem), em que se procura explorar aquilo que a rodeia através do tato, da manipulação dos objetos aguçando sua curiosidade; recorte e colagem, que propiciam à criança dos primeiros anos Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral 95 escolares o aperfeiçoamento de conteúdos de coordenação motora, criatividade e desenvolvimento da sensibilidade, noções de espaço e superfície. E, no contexto atual de um mundo globalizado, é tratada a questão da Mídia como divulgadora da produção artística. Todas essas questões foram observadas e analisadas em uma escola da rede particular, da região centro-sul de Belo Horizonte, fazendo uma relação com os teóricos estudados e apresentados no artigo. Trajeto das artes visuais até a escola: Uma abordagem teórica A arte, numa perspectiva histórica, pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional. O ensino de Arte no Brasil, ao longo do tempo, passou por diversos métodos, na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, desde a colonização com os jesuítas, impondo a separação entre a retórica e a manufatura e negando a cultura indígena, passando pelo século XIX com a negação do barroco em favor do neoclássico. Já no século XX, havia uma grande preocupação com o ensino de Arte que até então se resumia ao ensino do desenho, este visto como um importante meio para formação técnica. A disciplina Desenho, apresentada sob a forma de Desenho Geométrico, Desenho do Natural e Desenho Pedagógico, era considerada mais por seu aspecto funcional do que uma experiência em arte. (BRASIL, 2000, p. 25). Em meados da segunda metade do século XX, a pedagogia experimental sinalizava um novo lugar para arte na educação. No momento em que a criança conquista seu lugar como sujeito, com características próprias, deixando de ser apenas um projeto de adulto, o desenho infantil passa ser objeto de estudo cognitivo. Com a Semana da Arte Moderna em 1922, os modelos de educação técnica voltada para o trabalho, com forte identificação ao estudo do desenho clássico e do desenho geométrico, começaram a ser contestados, passando a valorizar a expressão infantil. No início dos anos 30, também começaram a ganhar espaço no Brasil escolas especializadas em artes para crianças e adolescentes. No final dos anos 40, o ensino de arte conquista mais espaços fora dos muros da escola com as “Escolinhas de Arte” implantadas em vários pontos do país. Este movimento visava a um ensino de arte pautado na livre expressão, como um rumo alternativo na busca de uma identidade ainda desconhecida. Segundo Ana Mae Barbosa, a Escolinha de Arte, em parceria com o governo, promoveu vários cursos de formação de professores, com “uma enorme influência multiplicadora, chegando a haver 32 Escolinhas no país” (BARBOSA, 2003). Nos anos 70, a apresentação dos programas reflete influência da tendência tecnicista. O ensino de arte é fortemente influenciado pelas ideias de Lowenfeld e Herbert Read, o que levará ao espontaneismo, ao laissez-faire, na maioria das escolas. A Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 é tecnicista e incita à profissionalização; o trabalho pedagógico fragmentou-se para tornar o sistema educacional efetivo e produtivo. Através dessa lei, foi instituída no currículo a Educação Artística, reunindo todos os tipos de linguagem tornando o ensino de artes polivalente. A promulgação da lei, sem prever anteriormente a formação dos professores e sua qualificação, enfraqueceu a qualidade de ensino, ao invés de promover melhorias nas condições já existentes. (BEMVENUTI, 1997, p. 44). Em 1973, criaram os cursos superiores em Educação Artística, uma formação com duas opções, a licenciatura curta em dois anos e a licenciatura plena em quatro anos. Com cursos de curta duração e um currículo abrangente que propunha conhecimentos de música, artes plásticas e teatro, os professores conheciam superficialmente as linguagens e conduziam o ensino sem uma concepção Silva, E. A. da; Oliveira, F. R.; Scarabelli, L; Costa, M. L. de O.; Oliveira, S. B.; Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral 96 filosófica adequada, sem a essência do ensino de arte. Com ausência de formação continuada consistente, conhecimentos básicos de arte, os professores sentem-se despreparados, inseguros e sem capacidade e disposição de tempo para aprofundar seus conhecimentos, nem para explicitar, discutir e praticar um planejamento mais consistente de educação e arte, e passam a apoiar-se nos livros didáticosde Educação Artística produzidos desde o final da década de 70. Nas escolas, a arte ocupa apenas o lugar de relaxamento, lazer, sendo ignorada como área de conhecimento. Com a nova LDB (lei nº 9.394/96), é extinta a Educação Artística e entra em campo a disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de conhecimento. O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu § 2º, dispõe que: § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Essa mudança não foi apenas nominal, mas de toda a estruturação que envolve o tratamento de uma área de conhecimento. De atividades esporádicas de cunho mais próprio de relaxamento e recreação, passa-se ao compromisso de construir conhecimentos significativos em arte. Artes visuais, como um conjunto de manifestações artísticas, compreendem todo o campo de linguagem e pensamento sobre olhar e sentido do ser humano. As Artes que normalmente lidam com a visão como seu meio principal de apreciação costumam ser chamadas de Artes Visuais. Porém as artes visuais não devem ficar restringidas apenas ao visual, pois, através dessas manifestações artísticas (desenho, pintura, modelagem, recorte colagem entre outros), há vários significados que o artista deseja passar. Segundo Panofsky (1989), uma obra de arte deve ser definida como um “objeto feito pelo homem que exige ser esteticamente experenciado”. As Artes Visuais são linguagens, por isso são uma forma muito importante de expressão e comunicação humanas, isto justifica sua presença na educação infantil. O ensino de Arte aborda uma série de significações, tais como: o senso estético, a sensibilidade e a criatividade. Atualmente, algumas ações estão interferindo qualitativamente no processo de melhoria do ensino e aprendizagem de Arte. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte destacam que: Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na transição para o século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela abrangência e por envolver ações que, sem dúvida, estão interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de arte. Trata-se de estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, complementando a formação artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico- artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica. (PCN, 2000, p. 31). Podemos destacar a “Proposta ou Metodologia Triangular” difundida e orientada por Ana Mae Barbosa, que vem se afirmando por sua maior abrangência cultural. Essa proposta pedagógica integradora tem por base trabalhar três vertentes do conhecimento em arte: o fazer artístico, a leitura da imagem e a contextualização histórica. Outra ação que está interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de Arte se refere a estudos sobre a educação estética do cotidiano, complementando a formação estético-artística dos alunos. Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo 97 Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral Caracterização das diferentes linguagens nas artes visuais no processo de aprendizagem A criança, desde bebê, se interessa pelo mundo de forma peculiar. Emitindo sons, movimentando o corpo, “rabiscando” as paredes da casa e desenvolvendo atividades rítmicas, ela interage com o mundo sem precisar ser estimulada para tal. Fazer arte reúne processos complexos em que a criança sintetiza diversos elementos de sua experiência. No processo de selecionar, interpretar e reformar, mostra como pensa, como sente e como vê. A criança representa na criação artística o que lhe interessa e o que ela domina, de acordo com seus estágios evolutivos. Uma obra de arte não é a representação de uma coisa, mas a representação da relação do artista com aquela coisa. [...] Quanto mais se avança na arte, mais se conhece e demonstra autoconfiança, independência, comunicação e adaptação social. (ALBINATI, 2009, p. 4). Assim sendo, a arte propicia à criança expressar seus sentimentos e ideias, colocar a criatividade em prática, fazendo com que seu lado afetivo seja realçado. Tendo essa observação voltada para o âmbito escolar, vemos claramente como as artes visuais são essenciais na interação social da criança e como os professores podem desfrutar desse recurso para isso. Além de utilizar as artes visuais para trabalhar o afetivo e a interação social da criança, o professor pode utilizá-las no auxílio da motricidade infantil que deve ser bem trabalhada desde a infância para que, futuramente, ela possa sentir a diferença desse recurso na sua vida pessoal, escolar e profissional. Sendo assim, o presente artigo destaca cinco tipos de linguagens nas artes visuais que são utilizadas com as crianças no cotidiano escolar. São elas: desenho, pintura, modelagem, recorte/colagem e mídia (informática). Desenho O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas através das quais a função de atribuição da significação se expressa e se constrói. Desenvolve-se concomitantemente às outras manifestações, entre as quais o brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973). Figura 1 Fonte: Simone Villani A criança, inicialmente, vê o desenho como simplesmente uma ação sobre uma superfície, sentindo prazer em “rabiscar”, explorar e descobrir as cores e novas superfícies. Essa é a chamada fase da garatuja. Com as novas experiências de mundo que a criança adquire, as garatujas vão evoluindo, ganhando formas definidas com maior ordenação. O papel não é mais apenas uma superfície para os rabiscos infantis. Ele passa a ser uma superfície na qual a criança expressará o que vive diariamente, ou seja, expressará a alegria, a tristeza, os passeios que mais interessaram, a dinâmica familiar (inclusive Silva, E. A. da; Oliveira, F. R.; Scarabelli, L; Costa, M. L. de O.; Oliveira, S. B.; Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral 98 os conflitos vividos dentro de casa). Segundo Cunha, “devemos lembrar que os registros resultam de olhares sobre o mundo. Se o olhar é desinteressado e vago, as representações serão opacas e uniformes. (Referencial Curricular Nacional, 1999, p. 12)”. [...] a criança desde bebê mantém contato com as cores visando explorar os sentidos e a curiosidade dos bebês em relação ao mundo físico, tendo em vista que, nesse período, descobrem o mundo através do conhecimento do seu próprio corpo e dos objetos com que eles têm possibilidade de interagir. (CUNHA, 1999, p. 18). Desenhar, além de ser algo prazeroso para a criança, é extremamente importante no cotidiano escolar. De acordo com o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil: Por meio de diferentes gestos em um plano vertical (ou pelo menos inclinado), a criança aprende a segurar corretamente o giz e o lápis. Para que a criança adquira um traço regular, precisará trabalhar com certa rapidez, sobre uma grande superfície colocada a sua altura. A criança que não domina bem seu gesto será solicitada a trabalhar, sobretudo, com o ombro e o cotovelo: fará então desenhos grandes. Somente mais tarde, quando os movimentos altura do ombro e do cotovelo tornarem-se desenvolvidos, faremos diminuir as proporções dos desenhos, exigindo assim da criança um trabalho mais específico do punho e dos dedos.” (1998, p. 106). O professor pode explorar superfícies diferentes como lixa, papelão, papel branco, madeira, chão, entre outros, para ajudar no desenvolvimento motor da criança. No ato de desenhar, a criança expressa seu lado afetivo com a manifestação orgânica da emoção, a criança usa o papel e o lápis para expressar os seus sentimentos no desenho, a sua relação com a família,os amigos, a escola. Através dos traços feitos pela criança, até mesmo pelas cores usadas, o professor consegue perceber o que está acontecendo com ela, e que pode estar levando-a ao fracasso escolar. Com o avançar do desenho infantil, a criança também desenvolve melhor o seu cognitivo, já que ela, primeiro, representa o que vê para depois representar o que está gravado (fotografado) na memória, ou seja, ela aprende a sair do plano palpável para o plano abstrato. O que ajudará muito na iniciação matemática, futuramente, com as tão “temidas continhas” que são trabalhadas de forma tátil para depois ser retratadas de forma abstrata. Dessa forma, o desenho passa a ter uma significação muito mais ampla na educação infantil e, assim, merece ser tratado como mais que simples rabiscos, sendo valorizado como um auxiliador importante no desenvolvimento da criança. Pintura A pintura pode ser definida com a arte da cor. Se no desenho o que mais se utiliza é o traço, na pintura o mais importante é a mancha da cor. Ao pintar, vamos colocando sobre o papel, a tela ou a parede cores que representam seres e objetos, ou que criam formas. (COLL; TEBEROSKY, 2004, p. 30). A pintura trabalhada com as crianças tem objetivos que vão além do simples prazer em manipular mãos e pincéis. Através do contato com diversos materiais disponíveis para a manipulação com as tintas, cola, álcool, entre outros, as crianças podem expressar sentimentos diversos na superfície trabalhada, além de desenvolver, assim como o desenho, sua habilidade motora que, futuramente, na sua alfabetização, será fundamental no desenvolver das letras. Pintar é, antes de tudo, uma arte que deve ser usada também na Educação Infantil como fator de desenvolvimento motor, afetivo e social da criança. Interpretar obras, recriar Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo 99 Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral imagens, pintar por observação são atividades que mostram possibilidades de transformações, de reconstrução, de reutilização e de construção de novos elementos, formas, texturas, etc. Figura 2 Fonte: Simone Villani A relação que a criança estabelece com os diferentes materiais se dá, no início, por meio da exploração sensorial e da utilização em diversas brincadeiras. Tudo isso influenciará na sua criatividade e imaginação. Uma característica essencial da pintura é o que se pode ou não fazer com ela através do jogo de cores. A criança não constitui um conceito de cor olhando simplesmente algo colorido, mas durante repetidas ações de comparar, nomear, transformar, enfim, falar das relações entre as cores que são apenas três básicas (azul, vermelho, amarelo), que formam todas as outras. Percebendo isso, o lado sensível e imaginário da criança pode ser aguçado, ajudando-a a se formar como um ser completo, criativo, concentrado. Arte Tridimensional Durante sua vida, a criança procura explorar aquilo que a rodeia através do tato, da manipulação dos objetos aguçando sua curiosidade. Cabe ao professor explorar essa curiosidade, buscando desenvolver atividades que instiguem essas caracteristicas. Um bom aliado são as atividades artísticas que envolvem a modelagem ou, na atualidade, a arte tridimensional (por apresentar altura, largura e profundidade). Segundo Cunha: [...] ao invés do professor simplesmente disponibilizar materiais, as crianças devem ser desafiadas a explorar os materiais em todas as suas possibilidades, como numa atividade banal com o lápis de cor e papel. Podemos transformar essas propostas simplistas e comuns em uma proposta instigadora e fonte de descobertas, além de conhecermos as hipóteses das crianças sobre o que vamos trabalhar.(1999, p. 57). A Arte tridimensional, ou modelagem, é uma atividade basicamente sensorial. Podemos trabalhá-la usando massas de biscuit caseiras, argila em barro, jornal, terra, massinha, gesso e até mesmo massa comestível. Através da modelagem, a criança tem a possibilidade de melhorar sua motricidade e ampliar sua capacidade de criatividade, pois a modelagem pode ser usada em vários aspectos da aula ou em qualquer outro ambiente em que a criança esteja. As diferentes formas de expressão permitem ainda à criança comunicar com os pares e os adultos as experiências vividas e os conhecimentos adquiridos. Elas têm o privilégio de aprender através das suas comunicações e experiências concretas. Promove-se o desenvolvimento intelectual da criança através de uma focalização sistemática na representação simbólica. Arte significa ter mais linguagens significativas, diferentes formas de ver e representar o mundo. A modelagem propicia para a criança o ato de se expressar livremente, promovendo a habilidade na coordenação motora. As Artes Visuais, em geral, podem ser usadas também como interdisciplinaridade, ou seja, com outros conteúdos de outras disciplinas como, por exemplo, o jornal que, depois de lido, pode ser reciclado, transformado em um novo papel que será reutilizado na escola. Trabalha-se, então, a sustentabilidade. Silva, E. A. da; Oliveira, F. R.; Scarabelli, L; Costa, M. L. de O.; Oliveira, S. B.; Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 - Semestral 100 Pela modelagem também conseguimos perceber o quanto é importante a criança expressar os seus sentimentos, fazendo com que os educadores reflitam sobre a utilização da modelagem para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança. Mídia, arte e educação Dizer que estamos no mundo da informação e na era da informática já virou clichê. Na verdade, o que vemos é que os meios de comunicação garantiram uma forma de que o acesso à informação fosse possível a todas as camadas sociais. Aqui não entraremos na discussão sobre a qualidade e veracidade da informação, o que nos interessa realmente é entender minimamente qual a influência da mídia como veiculo de divulgação e de produção artística. Com alguns cliques em um teclado, somos capazes de ver por uma tela de computador obras de Da Vinci, Picasso, Monet. Sem sequer sairmos de casa, entramos em contato com séculos de história e culturas, desde as manifestações artísticas mais clássicas até as contemporâneas. Um universo de possibilidades se abre. A imagem na tela do computador ou da televisão, os impressos, os jornais, as revistas e os catálogos são hoje os grandes divulgadores da arte. As novas formas de produção artística que brotam das novas tecnologias impressionam com suas cores, formas e movimento. São editorações gráficas, web designs, montagens de fotografias, vídeos. É a arte visual se atualizando e se modificando, sem, contudo, abandonar a grande razão da existência da arte que é a expressão de ideias e sentimentos. A tecnologia não veio para nos afastar dos ideais artísticos, embora seja o que aconteça em alguns casos. É possível e necessário ver nos avanços tecnológicos uma forma segura de produção e resgate do fazer artístico aliado às novas exigências sociais. No processo de educação realizam-se, ainda, dois movimentos: um primeiro, em que é feita a mediação entre o social, a prática construída e o indivíduo, no qual se forma a base dos pensamentos individual e coletivo e é quem possibilita a continuidade do processo histórico da cultura; e em segundo, que se caracteriza pela mediação que a palavra e a imagem fazem entre o pensamento individual e o social e pela possibilidade que cada um tem de ser sujeito, de reelaborar produzindo o novo, revelando como a educação se envolve na tensão entre o individual e o social (MELO; TOSTA, 2008, p. 55). Como mediadora desse processo de interação, entra a escola, local privilegiado da construção e reprodução cultural, cumprindo o papel de tecer as relações necessárias entre o conhecimento do clássico e do novo, como uma ponte entre os sujeitos e o mundo artístico. Recorte e colagem O recorte e a colagem são