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[Digite texto] 2019 APOSTILA UROANÁLISE E LÍQUIDOS ORGÂNICOS Prof. Me. Edvaldo Ferreira da Silva 2 2 UROANÁLISE INTRODUÇÃO À UROANÁLISE O papel do sistema urinário na regulação dos processos do corpo é vital. A urina é importante na remoção de uma variedade de dejetos produzidos pelo corpo. Esses produtos, se não removidos, podem causar danos ao organismo. A presença de doenças pode causar mudanças na: Quantidade de urina formada; Cor da urina; Aparência; Odor; Presença de células na urina; Constituição química da urina. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário é um sistema excretório constituído de: 2 Rins; 2 Ureteres; Bexiga Urinária; Uretra O sistema urinário filtra os resíduos metabólicos presentes no sangue e os remove do organismo através de um conjunto de tubos. O sangue é filtrado nos rins, dois órgãos do tamanho de um punho fechado e formato de um grão de feijão, que estão localizados um de cada lado da coluna vertebral. Um conjunto de arteríolas (aferentes e eferentes) direcionam o sangue até os rins e coletam este sangue, após a filtragem. Conectados aos rins, os ureteres são tubos que transportam a urina do rim para a bexiga urinária, onde esta é armazenada. A uretra é o canal pelo qual a urina vai ser transportada para fora do organismo. ANATOMIA FISIOLÓGICA DOS RINS O rim possui 3 grandes partes; a) A Córtex Renal, ou camada externa; b) A Medula Renal, ou porção central; c) A Pelve Renal, cavidade do rim que recebe a urina dos túbulos renais e o sítio onde o ureter penetra no rim. A unidade funcional do rim é o NÉFRON. Cada rim possui aproximadamente um milhão de néfrons, cada um dos quais é capaz de formar urina. O rim não é capaz de regenerar novos néfrons. 3 3 NÉFRON Cada néfron possui dois componentes principais: a) Glomérulo (capilares glomerulares) – unidade filtrante do rim; b) Um conjunto de túbulos associados, no qual o líquido filtrado é convertido em urina no seu trajeto até a pelve renal. Fonte: https://edisciplinas.usp.br/mod/book/view.php?id=2433235&chapterid=19357 GLOMÉRULO O glomérulo é composto por uma rede de capilares sanguíneos e está localizado no córtex renal. Nos glomérulos, a água e moléculas pequenas como a glicose, sal e uréia são filtrados (retirados) do sangue, enquanto que células sanguíneas e moléculas maiores, como proteínas, permanecem dentro dos capilares. O fluido formado, que contém essas moléculas, é chamado de Filtrado Glomerular. CÁPSULA DE BOWMAN É a camada de células que envolvem cada glomérulo e que age como um funil para direcionar o filtrado para o túbulo renal. TÚBULO RENAL O túbulo renal é a estrutura através da qual o filtrado glomerular passa para ser concentrado. O túbulo renal possui 3 grandes porções: 1) O TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL – a porção do túbulo mais próxima do glomérulo que coleta o filtrado da Cápsula de Bowman; 2) A ALÇA DE HENLE – a longa porção mediana do túbulo (em forma de grampo de cabelo); 3) O TÚBULO CONTORCIDO DISTAL – drena a urina formada para um tubo coletor. https://edisciplinas.usp.br/mod/book/view.php?id=2433235&chapterid=19357 4 4 FUNÇÃO RENAL As funções básicas dos rins são: 1) Filtração; 2) Reabsorção; 3) Secreção; 4) Excreção. URINA FORMAÇÃO DA URINA A formação e a excreção de urina é a principal via através da qual o organismo excreta água e fica livre de resíduos. Três processos estão envolvidos na formação da urina: 1) A filtração de refugos, sais e excesso de líquido do sangue; 2) A reabsorção de água e solutos do filtrado e; 3) A secreção de íons e outras substâncias químicas na urina. COMPOSIÇÃO DA URINA A composição varia de acordo com a hora do dia, estado físico, dieta e saúde do indivíduo. Os três maiores componentes são: Água; Ureia; Cloreto de sódio Outros componentes podem ser encontrados na urina. Ex: creatinina, carboidratos, aminoácidos, pigmentos biliares, peptídeos, ácido úrico, etc. LIMIAR RENAL A concentração do sangue acima da qual uma substância não excretada normalmente pelos rins aparece na urina. Ex: Glicose (alto limiar renal) – 160 mg/dL VOLUME URINÁRIO A quantidade de urina formada diariamente depende: a) Idade; b) Ingestão de água; c) Metabolismo; d) Pressão sanguínea; e) Dieta; f) Balanço hormonal. 5 5 Adultos saudáveis excretam uma média de 1.500ml de urina por dia. Valores entre 600 ml a 2.000 ml de urina em 24 horas são considerados normais. POLIÚRIA: Volume superior a 2.000 ml de urina em 24 horas; OLIGÚRIA: Volume inferior a 600 ml de urina em 24 horas; ANÚRIA: Volume inferior a 100 ml de urina em 24 horas. DOENÇAS QUE AFETAM O RESULTADO DA URINÁLISE Resultados de análises de urina anormais podem ser encontrados em: Desordens do trato urinário; Quando doenças em outras partes do corpo afetam a função renal ou composição da urina. INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) A urina armazenada na bexiga é normalmente estéril. As infecções do trato urinário (ITU) mais comuns ocorrem na uretra. Se deixadas sem tratamento, a infecção pode ascender à bexiga, causando Cistite. Em casos severos, o rim pode ficar envolvido. A Pielonefrite é uma inflamação da pelve renal, geralmente causada por bactérias. DOENÇAS RENAIS Podem resultar do acúmulo de produtos tóxicos no sangue como ureia, ácido úrico e creatinina. Se a função renal é perdida subitamente, a morte pode ocorrer em poucos dias se o tratamento não for administrado. Uma forma de tratamento é a Diálise. São exemplos comuns de doenças renais: Glomerulonefrite; Rim Policístico; Necrose Tubular; Pielonefrite; Cistite. OUTRAS DOENÇAS COM RESULTADOS DE URINÁLISES ANORMAIS Algumas doenças sistêmicas (que não estão localizadas no sistema urinário) podem causar resultados de uroanálises anormais. Entre elas estão: Diabetes Mellitus; Hipertensão; Aterosclerose; Doenças Autoimunes (Ex: Lúpus Eritematoso) 6 6 ESTUDO DIRIGIDO 1. Nomeie os órgãos do sistema urinário 2. A presença de doenças podem causar quais alterações na urina de um paciente? Dê ao menos três alterações. 3. Descreva o néfron. 4. Defina: a) Cápsula de Bowman b) Córtex Renal c) Cistite d) Túbulo Contornado Distal e) Glomerulonefrite f) Glomérulo g) Alça de Henle h) Medula Renal i) Túbulo Contornado Proximal j) Pielonefrite k) Necrose Tubular l) Urina 5. Quais são as funções do rim. 6. Quais são os três processos envolvidos na formação da urina? 7. Qual a composição da urina. 8. Em que parte do rim é formada a urina? 9. Defina Limiar Renal. Dê um exemplo. 10. A quantidade de urina formada diariamente depende de quais fatores? 11. Defina os termos POLIÚRIA, OLIGÚRIA e ANÚRIA. 12. Quais doenças podem afetar o resultado da Uroanálise? 7 7 COLETA E PRESERVAÇÃO DA URINA TIPOS DE AMOSTRAS DE URINA A amostra preferida pra a maioria dos exames de rotina da urina é a PRIMEIRA AMOSTRA DA MANHÃ. Essa amostra é normalmente mais concentrada e usualmente tem um pH ácido, o que ajuda a preservar quaisquer células presentes. A amostra de urina pode ser colhida pela técnica do jato médio ou do jato médio “limpo”. JATO MÉDIO: É aquela em que o paciente colhe a parte mediana da micção, desprezando o início e o final da mesma; JATO MÉDIO “LIMPO”: É requerida para culturas. Para certos testes, uma amostra de urina de um período é necessária. Por exemplo: para um teste de Diabetes, a glicose é pesquisada na urina em intervalos específicos após o paciente ter ingerido uma bebida especial com uma quantidade de glicose conhecida. O médico pode ordenar um exame de urina de 24 horas. Esses testes são feitos para checar o funcionamento do rim e os resultados sãoquantitativos e expressos em unidades por 24 horas. Proteína, creatinina, ureia, urobilinogênio e cálcio são exemplos de componentes que podem ser medidos em urinas de 24 horas. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA “LIMPA” Esta amostra de urina é necessária para testes de pesquisa da presença de bactérias a maioria dos hospitais e centros médicos fornecem ao paciente um kit de higiene. Esta amostra só pode ser colhida no centro médico. Motivo: Evitar contaminação. É utilizada a técnica do Jato Médio ´´Limpo´´, onde deve ser dado ao paciente material de assepsia apropriado e um recipiente estéril. No material de assepsia não devem ser utilizados bactericidas fortes. Mulheres: recomenda-se o uso de gaze absorvente estéril e, em seguida, água estéril e deve-se dar ênfase à separação dos lábios da vagina; Homens: lavar com uma solução antisséptica fraca. Dar ênfase à retração do prepúcio, nos casos em que não tiver sido feita circuncisão. 8 8 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE URINA TIPO I Colher a primeira urina da manhã; Homens: desprezar o primeiro jato, colhendo o restante da micção; Mulheres: fazer, antes da coleta do material, uma higiene íntima e desprezar o primeiro jato; Crianças: fazer antes uma higiene íntima, e depois colocar o saquinho coletor. Esse coletor pode ficar na criança entre 30 minutos e 1 hora. Após esse tempo repetir a higiene intima e recolocar novamente o coletor; Enviar para o laboratório o mínimo de 50 a 100 mL para exame PROCEDIMENTO PARA COLETA DE URINA 24 HORAS Geralmente coleta-se das 08h00 horas da manhã de um dia até as 08h00 horas da manhã do dia seguinte. Informações ao Paciente: Desprezar a primeira urina do dia; Coletar a amostra seguinte (2ª amostra) e todas as outras urinas durante 24 horas, inclusive a primeira do dia seguinte; Enviar para o laboratório toda a urina. OBSERVAÇÃO. Usar recipientes rigorosamente limpos, preferencialmente e usar os frascos fornecidos pelo laboratório, ou comprados na farmácia. VOLUME URINÁRIO Em geral a quantidade de urina eliminada nas 24horas, em adultos, varia entre 600 e 1.500 mL. Normalmente 2/3 da urina são eliminadas durante o dia e 1/3 durante a noite. Define-se como NOCTÚRIA quando há inversão dessa proporcionalidade OLIGÚRIA: quando o volume da urina emitida é inferior a 600 mL em 24 horas; ANÚRIA: o volume urinário não ultrapassa a 100 mL em 24 horas; POLIÚRIA: é a emissão de mais de 2.000 mL de urina em 24 horas. CONSERVAÇÃO DA AMOSTRA DE URINA O método de conservação mais usado é a REFRIGERAÇÃO, capaz de evitar a decomposição bacteriana da urina pelo período de uma noite. A refrigeração da amostra pode provocar aumento da densidade na medição por urodensímetro, bem como a precipitação de fosfatos e uratos amorfos, que podem prejudicar a análise microscópica do sedimento. É preciso deixar que a amostra volte à temperatura ambiente antes da análise química com fitas reativas; isso corrigirá a densidade e poderá dissolver alguns dos uratos amorfos. 9 9 ALTERAÇÕES NA URINA NÃO CONSERVADA Os problemas criados pela conservação podem ser considerados pouco importantes se levarmos em conta as alterações que ocorrem quando a urina não é conservada. As amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de uma hora, sem conservantes, podem apresentar as seguintes alterações: 1) Aumento do pH decorrente da degradação da ureia e sua conversão em amônia por bactérias produtoras da urease; 2) Diminuição da glicose em decorrência de glicólise (quebra de glicose) e de sua utilização pelas bactérias; 3) Diminuição das cetonas em decorrência de volatização (evaporação); 4) Diminuição da bilirrubina por exposição à luz; 5) Diminuição do urobilinogênio por sua oxidação e conversão em urobilina; 6) Aumento do nitrito em decorrência da redução do nitrato pelas bactérias; 7) Aumento do número de bactérias; 8) Aumento da turvação, causado pela proliferação bacteriana e possível precipitação de material amorfo (sem forma definida); 9) Desintegração das hemácias e dos cilindros, particularmente na urina alcalina diluída; 10) Alterações na cor devidas à oxidação ou à redução de metabólitos. 10 10 ESTUDO DIRIGIDO 1. Por que a primeira urina da manhã é a amostra adequada para a uroanálise de rotina? 2. Descreva a coleta adequada para a realização de uma uroanálise de rotina. 3. Qual o procedimento para uma coleta de urina de 24 horas? Qual a finalidade deste exame? 4. Por que não se deve coletar uma amostra para urocultura em casa? 5. Defina: a) Anúria:______________________________________________________ b) Poliúria:_____________________________________________________ c) Oligúria:_____________________________________________________ d) Noctúria:_____________________________________________________ e) Amostra de urina ao acaso:______________________________________ 6. Para a realização de um exame de Urina Tipo I qual seria a melhor forma de conservar a amostra caso a mesma não seja analisada imediatamente? Justifique a sua resposta. 7. Cite ao menos três alterações que podem ocorrer em uma amostra de urina não conservada e explique o que ocorre em cada uma. 8. ´´O paciente despreza toda a primeira urina da manhã, colhe a próxima amostra e anota o horário da primeira coleta, guardando em um recipiente adequado todas as amostras seguintes...´´ Com base nesta breve informação é correto afirmar que este procedimento é realizado em: a) Urina Tipo I b) Urina 24 horas c) Urocultura d) Este procedimento não é utilizado. e) Este procedimento é utilizado em todas as coletas. 9. O volume urinário apresenta significado clínico em uma coleta de URINA TIPO I? Justifique sua resposta. 10. ́ ´Às vezes pode vir a ser necessário determinar se uma amostra biológica é realmente urina. Existem algumas substâncias presentes na urina que podem auxiliar nesta confirmação. ´´ Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta substâncias que confirmam se uma amostra realmente é urina: a) Glicose e proteínas b) Ácido úrico e aminoácidos c) Proteínas e ureia d) Ureia e creatinina e) Creatinina e vitaminas 11 11 URINA TIPO I (ELEMENTOS ANORMAIS DO SEDIMENTO URINÁRIO – EAS) EXAME FÍSICO INTRODUÇÃO Uma uroanálise de rotina consiste em três partes: 1) EXAME FÍSICO 2) EXAME QUÍMICO 3) EXAME MICROSCÓPICO O exame físico da urina inclui a observação da cor e da aparência da urina e a medição da gravidade especifica (densidade). É a mais fácil e rápida parte da urinálise de rotina e pode ser feita ao mesmo tempo em que a urina é preparada para outros procedimentos. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA URINA Anormalidades nas características físicas da urina podem fornecer pistas significativas de doenças renais ou metabólicas. Todavia, variações em características como cor e aparência (transparência) nem sempre refletem mudanças patológicas. Algumas vezes, essas variações são produzidas pelo manuseio da amostra; como por exemplo, a temperatura de armazenamento da amostra. ODOR DA URINA Urina fresca, recém-emitida, tem um odor característico e aromático (sui generis), mas não desagradável. Mudanças no odor da urina são dadas pela dieta, doença ou a presença de microrganismos. Ex: carnes, medicamentos, etc. Se a urina é deixada sem refrigeração por horas, bactérias podem degradar a ureia formando amônia; o odor resultante é similar a amoníaco. Uma urina recém-emitida que tem o odor fétido, pungente, sugere ITU (Infecção do trato urinário). COR DA URINA A cor da urina normal é amarelada. Variações na cor podem ser causadas por dieta, medicações, atividades físicas e doenças. URINA AMARELA: O pigmento que produz a cor normal amarela a âmbar é o UROCROMO. Conforme variaa concentração da urina, assim varia a cor da amostra. 12 12 URINA VERMELHA: A cor anormal mais vista é a vermelha ou vermelho pardo da urina. A urina vermelho-turva pode ser causada pela presença de hemácias denominado HEMATÚRIA. URINA AMARELO-PARDO OU VERDE-PARDO: Bilirrubina ou pigmentos biliares podem causar uma urina amarelo – pardo ou verde – pardo. Essas urinas podem ter uma espuma amarelo esverdeada quando agitadas. Bilirrubina pode estar presente na urina de pacientes com hepatite. APARÊNCIA DA URINA (ASPECTO) Uma urina límpida na maioria das vezes tem um exame microscópico de sedimento normal. A causa de turbidez em urina geralmente torna-se evidente durante o exame microscópico. Urina fresca normal é geralmente límpida, logo após a sua emissão. Assim que a urina atinge a temperatura ambiente ou após refrigeração, pode tornar-se turva. Dependendo do pH da urina, essa turbidez pode ser causada por cristais de uratos amorfos ou fosfatos. Turbidez em uma urina fresca, recém-emitida, pode ser um indicativo de doença. Gorduras ou lipídios fazem com que a urina tenha um aspecto opalascente (leitoso). URINAS NORMAIS Aparência (Aspecto) LEVEMENTE TURVA: muco (mulheres), pó de talco, células epiteliais escamosas; TURVA: cristais de oxalato de cálcio, ácido úrico, fosfatos amorfos e uratos amorfos. URINAS ANORMAIS Aparência (Aspecto) VERMELHO TURVO: células vermelhas sangüíneas; TURVO OU ENEVOADA: Leucócitos, bactérias, leveduras, lipídios. GRAVIDADE ESPECÍFICA A gravidade específica da urina indica a concentração de sólidos como ureia, fosfatos, cloretos, proteínas e açucares que estão dissolvidos na urina. A densidade é um indicador da função renal. É usada para determinar a habilidade do rim em concentrar ou reabsorver água e produtos químicos essenciais. Urinas mais escuras são normalmente mais concentradas que amostras pálidas. Pacientes que estão desidratados têm uma urina altamente concentrada. A densidade pode ser medida: URODENSÍMETRO; REFRATÔMETRO; FITAS REAGENTES. 13 13 EXAME QUÍMICO INTRODUÇÃO Os resultados do exame químico da urina fornecem informações sobre o metabolismo de carboidratos do paciente, função renal e hepática e equilíbrio ácido-básico. Em algumas situações, o resultado do exame químico da urina pode ser crítico para o diagnóstico. As análises químicas normalmente incluem pH, proteínas, bilirrubinas, sangue, nitritos, cetonas, urobilinogênio, glicose, leucócitos e densidade. MÉTODOS DE ANÁLISE QUÍMICA DA URINA As Tiras Reagentes vem a ser uma das técnicas mais amplamente utilizadas na detecção de substâncias químicas na urina e são disponíveis em uma variedade de tipos. As tiras reagentes foram desenvolvidas para serem usadas uma só vez e descartadas. Instruções detalhadas de uso estão inseridas em cada embalagem. Essas instruções devem ser seguidas à risca para se obterem resultados acurados. MÉTODO MANUAL Os testes são feitos mergulhando rapidamente as tiras em uma urina recente, bem homogeneizada. O excesso de urina é removido por tocar a borda do recipiente da urina com a tira assim que é retirada da urina. As mudanças de cor das almofadinhas de reagentes devem ser comparadas visualmente com a cor da escala fornecida junto com as tiras. PRINCÍPIOS DOS TESTES QUÍMICOS DAS TIRAS REAGENTES DENSIDADE A densidade da urina reflete a habilidade do rim em concentrar a urina. Na desidratação, a urina está concentrada; a diluição da urina verifica-se quando há grande ingestão de líquidos e quando o rim não tem capacidade para concentrar a urina por motivo de doença renal; Poliúria (excreção de volume excessivo de urina) ocorre no diabetes. pH O pH é a medida do grau de acidez ou alcalinidade da urina. pH abaixo de 7.0 indica URINA ÁCIDA; pH 7.0 indica URINA NEUTRA; pH acima de 7.0 indica URINA ALCALINA. Normalmente, a urina recém-emitida pode ter um pH de 5,5 a 8,0. O pH da urina pode mudar de acordo com dieta, medicações, doenças renais e doenças metabólicas, como diabetes mellitus. 14 14 PROTEÍNAS A condição na qual está presente uma quantidade aumentada de proteínas na urina é chamado de PROTEINÚRIA. Esse é um importante indicador de doença renal, mas também pode ser causado por outras condições, como infecção do trato urinário (ITU). GLICOSE A presença de glicose detectável na urina é denominada GLICOSÚRIA, o que indica que a glicose sanguínea ultrapassou o limiar renal da glicose. O reagente da tira é especifico para a glicose. A glicose geralmente aparece na urina de pacientes com diabetes. CETONAS Quando o organismo metaboliza gorduras de forma incompleta, são excretadas cetonas na urina, uma condição chamada de CETONÚRIA. A cetonúria pode estar presente em diabetes sem controle, desnutrição ou jejum prolongado. Como as cetonas evaporam na temperatura ambiente, a urina deve ser bem tampada e refrigerada, se não for testada rapidamente. BILIRRUBINAS Bilirrubina é um produto da degradação da hemoglobina. Quando está presente na urina, pode ser indicativo de doença hepática, obstrução do conduto biliar ou hepatite. SANGUE (HEMÁCIAS) A presença de sangue na urina pode indicar infecção do trato urinário ou sangramento nos rins. Essa condição é denominada HEMATÚRIA. UROBILINOGÊNIO Quando a bilirrubina está no intestino é convertida pela ação bacteriana em urobilinogênio, que é altamente solúvel, sendo excretado pela urina e pelas fezes. Grandes quantidades de urobilinogênio aparecem nos estados hemolíticos e em algumas doenças hepáticas. NITRITOS As bactérias Gram Negativas produzem enzimas que convertem os nitratos urinários em nitritos. Um teste positivo de nitritos é indicativo de possível infecção bacteriana do trato urinário (ITU). Exemplos de microrganismos que frequentemente causam ITU são Escherichia coli, Klebsiella, Proteus e Pseudomonas. LEUCÓCITOS A presença de leucócitos na urina pode indicar infecção ou inflamação do trato urinário. A intensidade da cor na tira reagente é proporcional ao número de leucócitos presentes. 15 15 ESTUDO DIRIGIDO 1. Com relação ao exame físico, qual a importância dos seguintes parâmetros avaliados na Urina Tipo I: a) Cor:___________________________________________________________ b) Odor:__________________________________________________________ c) Aspecto:________________________________________________________ 2. O que pode alterar a coloração da urina? Dê ao menos 3 causas. 3. O que pode alterar o aspecto da urina? Dê ao menos 3 causas. 4. O que pode alterar o odor da urina? Dê ao menos 3 causas. 5. Qual a importância do exame químico da urina? 6. O que dá a urina a sua cor normal? 7. Com relação aos princípios dos testes das tiras reagentes, explique a importância dos parâmetros abaixo: a) Densidade b) pH c) Glicose d) Proteína e) Corpos Cetônicos (Cetonas) f) Bilirrubina g) Urobilinogênio h) Hemácias/Hemoglobina i) Leucócitos j) Nitrito 8. Descreva o procedimento para se realizar o exame químico na Urina Tipo I. 9. Que fatores podem influenciar na geração de resultados errôneos na análise química da Urina Tipo I? Dê ao menos 3 fatores. 16 16 SEDIMENTOSCOPIA (EXAME MICROSCÓPICO DA URINA) INTRODUÇÃO A interpretação do sedimento urinário requer tempo, habilidade e experiência. Elementos formados, importantes como células, cilindros, microrganismos, leucócitos, hemácias, etc, devem ser claramente identificados para se obter um diagnóstico precoce de doença renal ou do trato urinário. A identificação dos sedimentos será realizada em uma lâmina especial denominada CÂMARA DE NEUBAUER, onde hemácias e leucócitos serão diferenciados e quantificados. ELEMENTOS FORMADOS EXISTENTES NA URINA O sedimentode urina centrifugada contém todos os materiais não solúveis que se acumulam na urina no processo de filtração glomerular e durante a passagem do líquido através dos túbulos renais e do trato urinário inferior. ELEMENTOS ORGANIZADOS E ELEMENTOS NÃO-ORGANIZADOS (INORGÂNICOS) O Sedimento Não-Organizado ou Inorgânico, como seu próprio nome indica, trata-se de elementos formados de matéria inorgânica, como exemplo os cristais presentes na urina. ELEMENTOS ORGANIZADOS Dentre os elementos organizados estão presentes: ERITRÓCITOS (hemácias): São observados como discos opacos, refratores da luz quando vistos em grande aumento. Encontra-se em pequenas quantidades na urina. A presença de grandes números de células vermelhas na urina é denominada HEMATÚRIA e é uma condição anormal, indicando doença ou trauma. O resultado da contagem diferencial de hemácias é emitido em células/ml, contando-se a área lateral da Câmara de Neubauer (os 4 campos laterais da câmara) e multiplicando o resultado por 250. LEUCÓCITOS (células brancas do sangue): Uma pequena quantidade de leucócitos pode estar presentes na urina. Em grande ampliação, os leucócitos aparecem como esferas granulares. Os leucócitos que se encontram degenerados são chamados de Piócitos. Os leucócitos estão aumentados em todas as doenças do trato urinário. O resultado é semelhante ao das hemácias, por ml/urina. CÉLULAS EPITELIAIS: São descritos vários tipos de células, de acordo com o local em que foram produzidas, mas nem sempre é possível precisar a sua origem exata. O resultado, normalmente, é expresso em cruzes (+ raras, ++ presentes, +++ abundantes). 17 17 CILINDROS: Os cilindros formam-se quando as proteínas precipitam-se e formam gel nas luzes dos túbulos renais. Quando aparecem na urina, eles refletem as formas e os diâmetros das luzes onde se originaram. Podem ser classificados como: a) Cilindro Hialino: São transparentes, incolores e podem ser melhor visualizados com a luz reduzida. Formam-se nos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores. Números aumentados de cilindros hialinos não implicam em doença renal, uma vez que estão aumentados após exercícios físicos, por exemplo. Porém, também encontram-se aumentados na glomerulonefrite aguda, na doença renal crônica, na insuficiência cardíaca congestiva e na nefropatia diabética. b) Cilindros Celulares: Podem ser Eritrocíticos (quando houver em seu interior a presença de hemácias), Leucocitários (presença de leucócitos), Epiteliais (presença de células epiteliais). c) Cilindros Granulosos: São de significado patológico, aparecendo geralmente nas nefrites agudas e crônicas. Os cilindros granulosos são provavelmente compostos, em proporções variadas, de células epiteliais em degeneração, de leucócitos ou eritrócitos em degeneração, proteínas plasmáticas e gorduras (lipídios). d) Cilindros Céreos: Constituem uma etapa posterior aos cilindros granulosos. São chamados céreos por seu aspecto e brilho muito semelhantes ao da cera. Surgem provavelmente na fase final da dissolução dos grânulos dos cilindros granulosos. Sua presença significa obstrução localizada do néfron e oligúria. Aparecem com grande frequência na inflamação e degeneração tubular e na insuficiência renal crônica. Os fatores que favorecem a formação de cilindros incluem; Diminuição do fluxo urinário (estase); pH baixo; Elevada concentração de proteínas. OUTRAS ESTRUTURAS BACTÉRIAS: A urina normal é isenta de bactérias, sendo que se pode contaminar pela passagem na uretra. As bactérias aparecem em urinas fermentadas e em processos infecciosos em geral. LEVEDURAS: Podem ocorrer por contaminação, ou serem causadas por processos patológicos, como diabetes. Normalmente diferenciam-se das hemácias por possuírem brotamento e serem refringentes. FILAMENTOS DE MUCO: De aspecto viscoso, às vezes impregnadas de cristais, geralmente indicam processos inflamatórios. 18 18 ELEMENTOS NÃO-ORGANIZADOS CRISTAIS De uma maneira geral, os cristais na urina têm um significado clínico limitado. Fosfatos, uratos e oxalatos são especialmente frequentes e aparecem no sedimento urinário normal. A formação de cristais é influenciada pelo pH, Densidade e Temperatura da urina. Cristais, quando presentes, devem ser reportados e identificados, pois podem indicar desordem metabólica. CRISTAIS ENCONTRADOS EM URINA ÁCIDA NORMAL URATOS AMORFOS: Finos grânulos, sem forma definida. O sedimento pode ficar rosado no frasco de urina, mas no microscópio aparecerá amarelado; ÁCIDO ÚRICO: Podem ser amarelo-escuro, com vários formatos: irregulares, em cachos ou rosetas. Os cristais de ácido úrico podem ser vistos em pacientes com Gota. OXALATO DE CÁLCIO: Cristais octaédricos, incolores, altamente refringentes. Eles aparecem em forma de envelope, tendo um ´´X´´no meio do cristal, e podem varia de tamanho. CRISTAIS ENCONTRADOS EM URINA ALCALINA NORMAL FOSFATOS AMORFOS: Podem aparecer como massas granulares, incolores e amorfas no sedimento urinário; FOSFATO TRIPLO (FOSFATO DE AMÔNIO-MAGNÉSIO): Cristais incolores em forma de prismas de 3 ou 6 lados, altamente refringentes. Os cristais são muitas vezes descritos como tendo a forma de ´´tampa de caixão´´; FOSFATO DE CÁLCIO: Prismas estrelados, ocasionalmente feixes ou grandes placas transparentes; CARBONATO DE CÁLCIO: esferas ou halteres incolores, sempre finos. CRISTAIS ENCONTRADOS EM URINA ANORMAL CISTINA: placas incolores, refringentes e hexagonais, geralmente com lados desiguais; TIROSINA: agulhas finas, dispostas em feixes ou em grupos, geralmente de cor amarelada. A presença desses cristais indica doença ou lesão hepática; 19 19 LEUCINA: parecem com esferas de óleo, que são refringentes e de cor marrom amarelada. Sua presença indica doença ou lesão hepática; COLESTEROL: são cristais incolores, placas planas com cantos chanfrados. Esses cristais não estão presentes em urinas normais; SULFONAMIDAS: quando vistos, assemelha-se a agulhas em feixes, com estrias, assimétricos, de cor amarela acastanhada. São raros devido à crescente solubilidade das drogas contendo sulfas atualmente usadas. EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO URINÁRIO PREPARO DA AMOSTRA PARA ANÁLISE 1) Utilizar um tubo de centrifuga cônico; 2) Colocar 10 ml de urina no tubo; 3) Centrifugar por 5 minutos à velocidade de 2.000rpm; 4) Desprezar 9 ml do sobrenadante; 5) Homogeneizar a amostra (1 ml) com o sedimento, para que esse seja suspenso no tubo; 6) Colocar lamínula sobre a câmara de Neubauer; 7) Com um capilar, aliquotar a amostra homogeneizada e colocar uma gota na câmara para a análise do sedimento; 8) Examinar primeiro com a objetiva de menor aumento (10X) e luz reduzida para localizar elementos que estão presentes em menor número. Exemplo: cilindros. 9) Passar para a objetiva de 40X e proceder com a análise diferencial. ANÁLISE DIFERENCIAL CONTAGEM POR QUADRANTES LATERAIS LEUCÓCITOS Contar os leucócitos presentes nos 4 quadrantes laterais e somar todos. Multiplicar o resultado obtido por 250 e emitir o valor em leucócitos/ml HEMÁCIAS Repetir o procedimento realizado na contagem dos leucócitos e emitir o valor em hemácias/ml. CONTAGEM POR QUADRANTE CENTRAL Contar leucócitos e hemácias no quadrante central, somar os resultados obtidos em cada contagem e multiplica-los por 1.000. Emitir os resultados em ml.