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ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 1.1. Objetivos da disciplina 1.2. Introdução 1.3. Características literárias 2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 2.1. O estudo sistemático da Bíblia Sagrada 2.2. Sobre as Epístolas Gerais 2.3. Livros que compõem as Epístolas Gerais 2.4. Características de uma carta 2.5. O contexto das Epístolas Gerais 2.6. A canonicidade das Epístolas Gerais 2.7. Características dos Livros Canônicos 2.8. Testes para a canonicidade 2.9. Panorama geral das Epístolas Gerais 3. EPÍSTOLA AOS HEBREUS 3.1. Um livro diferenciado 3.2. Autoria 3.3. Datação 3.4. Local de escrita 3.5. Destinatários 3.6. A motivação do escritor 3.7. Propósitos da carta 3.8. Tema central 3.9. Teologia 3.10. Princípios de interpretação 3.11. Esboço geral 4. EPÍSTOLA DE TIAGO 4.1. Autoria 4.2. Informações do autor 4.3. Datação 4.4. Local da escrita 4.5. Público alvo 4.6. Propósito da carta 4.7. Estrutura literária 4.8. A ligação entre Tiago e os evangelhos 4.9. Tema da carta 4.10. A teologia de Tiago 4.11. Esboço geral do livro 5. PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO 5.1. Autoria 5.2. Datação 5.3. Local de escrita e público alvo 5.4. Perspectiva teológica 5.5. Esboço 6. SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO 6.1. Autoria 6.2. Local de escrita 6.3. Destinatários 6.4. A motivação de Pedro 6.5. O propósito de Pedro 6.6. Fundamentos teológicos 6.7. Tema da carta 7. PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO 7.1. Autoria 7.2. Datação 7.3. Local de escrita 7.4. Destinatários 7.5. Gênero literário 7.6. Estilo do autor 7.7. Objetivos do autor 7.8. Perspectivas teológicas 7.9. Tema 7.10. Esboço 8. SEGUNDA EPÍSTOLA DE JOÃO 8.1. Autoria 8.2. Datação 8.3. Local de escrita 8.4. Destinatários 8.5. Aspecto teológico 8.6. Tema 8.7. Esboço 9. TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO 9.1. Autoria 9.2. Datação 9.3. Local de escrita 9.4. Destinatário 9.5. A teologia da epístola 9.6. Tema 9.7. Esboço 10. EPÍSTOLA DE JUDAS 10.1. Autoria 10.2. Datação 10.3. Local de escrita 10.4. Destinatários 10.5. Tema 10.6. Teologia 10.7. Esboço INTRODUÇÃO Objetivos da disciplina O primeiro grande objetivo do estudo desta disciplina é nos certificarmos de quais são as cartas que compõem e compreendem as Epístolas Gerais. Isso é fundamental para aqueles que buscam estudar a Palavra do Senhor com afinco, uma vez que a própria Bíblia Sagrada possui diversas divisões que, quando identificadas, facilitam a compreensão do texto. A. Antigo Testamento a. Pentateuco b. Livros Históricos c. Livros Poéticos d. Livros Proféticos i. Profetas Maiores ii. Profetas Menores B. Novo Testamento a. Evangelhos b. Cartas Paulinas c. Epístolas Gerais d. Histórico e. Profético O segundo grande objetivo é compreender o porquê do título “Epístolas Gerais”. Tal esforço permite ao estudante ter uma compreensão mais profunda dos livros como um todo. A bíblia precisa ser observada em seu propósito maior, isto é, desde o macro (o livro) até o micro (os capítulos e versículos) para uma interpretação correta, ampla e profunda. O terceiro grande objetivo é conhecer os aspectos gerais de cada uma das epístolas e suas implicações para a vida dos cristãos. Isso é essencial para que haja uma interpretação ampla e correta das escrituras fundamentada nas verdades doutrinárias e espirituais da Palavra do Senhor. O quarto grande objetivo do estudo desta disciplina é aplicar corretamente os ensinos das Epístolas Gerais à realidade atual. Para o cristão, não basta apenas conhecer as escrituras no campo da intelectualidade, mas sim colocá-los em prática. Introdução A maior parte do Novo Testamento é composta por cartas. Por esse motivo, torna-se importante ao estudante de teologia compreender tanto as característica quanto a aplicabilidade deste método literário. Características literárias O texto das Epístolas Gerais pertence ao gênero literário de Carta. Algumas características desse estilo são importantes de serem notadas: É um método extremamente eficaz: de fato, as cartas são tão úteis que ainda hoje são amplamente utilizadas. Seu emprego pelos apóstolos se deu por duas razões: a distância entre o remetente e os destinatários e as limitações de comunicação da época. De fato, a utilização das cartas foi tão eficaz que, mesmo depois do período apostólico, os pais da igreja continuaram fazendo uso desse método. Um bom exemplo ilustrativo é o de Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna e Clemente de Roma. A maioria dessas cartas é chamada de “circunstanciais” uma vez que eram escritas visando a resolução de problemas específicos, a exemplo das epístolas Paulinas. Após plantar uma igreja, o apóstolo Paulo estabelecia e colegiado de obreiros e seguia sua viagem missionária. Assim sendo, a única maneira que possuía para resolver problemas que surgisse nas comunidades era por meio de cartas. Há duas divisões das epístolas do Novo Testamento: ● Cartas Paulinas: são primariamente epístolas pastorais onde o apóstolo Paulo trata de assuntos ministeriais. ● Epístolas Gerais: foram escritos por meio dos quais os apóstolos se comunicaram com as igrejas. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O estudo sistemático da Bíblia Sagrada Existem pontos fundamentais cuja observação se torna essencial durante a elaboração de qualquer estudo sistemático da Bíblia Sagrada. Assim sendo, antes de dar início ao estudo das cartas específicas estaremos dando uma olhada nas seguintes questões: O que significa o termo “Epístolas Gerais”? Quem primeiro utilizou o termo? Em que situação? Qual era o período histórico? A primeira pessoa a fazer uso do termo Epístolas Gerais para fazer referência a esse grupo de cartas do Novo Testamento foi o grande historiador Eusébio de Cesaréia (265-340), que ficou conhecido como o maior historiador eclesiástico durante os primeiros séculos do cristianismo. Sobre as Epístolas Gerais Também chamadas de “Epístolas Católicas” ou “Epístolas Universais”, esse conjunto de cartas possui uma característica interessante: são destinadas a todos os cristãos. Primeira e Segunda aos Coríntios apresenta problemas pontuais e culturais, específicos da realidade daquele povo em especial. No caso das Epístolas Gerais, isso não acontece. Nelas os assuntos tratados são mais abrangentes, buscando alcançar todos os cristãos. Ainda que alguns textos tratem de grupos específicos, a carta em si é endereçada à igreja como um todo. Livros que compõem as Epístolas Gerais ● Epístola de Hebreus ● Epístola de Tiago ● Primeira epístola de Pedro ● Segunda epístola de Pedro ● Primeira epístola de João ● Segunda epístola de João ● Terceira epístola de João ● Epístola de Judas Característica de uma carta As Epístolas Gerais apresentam as seguintes características: ● Possuem um autor; ● Possuem um destinatário; ● Possuem uma saudação; ● Possuem um conteúdo; ● Possuem uma despedida; Isso aponta para uma grande verdade: relacionamento. Esse ponto é fundamental, pois não podemos enxergar essas cartas apenas como um tratado teológico. É, sim, um tratado, mas não se pode perder de vista o lado afetivo do texto. As epístolas são escritos relacionais, isto é, demonstram a preocupação de uma pessoa em corrigir falhas e fortalecer a fé de um irmão. Ao estudar o conteúdo das cartas, devemos nos atentar a três pontos: ● Considerar seu gênero literário; ● Considerar seu contexto histórico; ● Considerar seu contexto teológico; Devemos considerar que três coisas influenciaram os autores das epístolas gerais:1. A Tradição Judaica: não há como dissociar os escritos do Novo Testamento da tradição e da cultura judaica. 2. A Literatura Apocalíptica: este tema diz respeito às expectativas escatológicas, isto é, o desejo da vinda de Cristo. 3. A Filosofia Popular Helenística: o pregar do Novo Testamento exige certo conhecimento de filosofia, porque havia influências da filosofia helenística na mentalidade dos autores. O contexto das Epístolas Gerais Ao buscar compreender o contexto em que as Epístolas Gerais foram escritas, deve-se atentar a dois pontos: 1. O contexto político: inicialmente, o governo do período em questão mostrava- se tolerante e, em alguns aspectos, até mesmo simpático ao cristianismo. Isso acabou por permitir a atitude de submissão da igreja em relação às autoridades que permitiu que o cristianismo fosse colocado no mesmo nível que o judaísmo. Nos final dos anos 60 d.C., entretanto, a situação mudou drasticamente por causa da diferença de fé entre os cristãos e judeus. Há, então, uma má compreensão da igreja por causa de algumas doutrinas do cristianismo (o Deus invisível, o Cristo ressurreto, o julgamento divino). O ponto alto da perseguição que começou entre os judeus acontece durante o período do reinado de Nero, que intensifica a opressão sobre os cristãos. 2. O contexto eclesiástico: além da influência externa da política, a igreja também possui seus dramas internos relacionados à doutrina, manutenção da disciplina, santidade e fervor. A natureza do problema externo é a maneira como os cristãos se relacionam com as pessoas fora da fé, a do problema interno, a preservação da fé e a resolução dos conflitos originários do crescimento da igreja para além dos limites geográficos de Jerusalém. Nesse contexto, surgem as seguintes perguntas: 1. O gentio é salvo somente pela fé ou é necessário observar a lei? 2. O gentio deve circuncidar-se para ser salvo? 3. Qual a relação entre salvação pela fé e o comportamento ético-moral se o gentio não precisa observar a lei? 4. Qual a relação entre fé e obras? 5. Como tratamos as heresias que estão entrando nas igrejas? A canonicidade das Epístolas Gerais Antes de qualquer coisa, deve-se compreender o que significa afirmar que algo é ou não é canônico. Cânon é uma palavra de origem grega que significa literalmente uma vara, isto é, um instrumento de medida. O Cânon é, portanto, um meio pelo qual se avalia a autoridade e validade de alguma coisa. Trata-se da regra de fé, isto é, são os livros inspirados pelo Espírito Santo. É por esse motivo que esses escritos possuem autoridade normativa para os cristãos. A canonicidade também significa a garantia do cumprimento do que está escrito. Na condição de palavra de Deus, o texto revela a própria natureza de Deus, e um de Seus aspectos é a imutabilidade, a perfeição e a fidelidade para cumprir com o que foi prometido. Vale ressaltar que, por “inspirados”, compreendemos que o livro possui o sopro do Espírito Santo, que confere direção quanto à sua escrita. Assim sendo, as Epístolas Gerais são cartas orientadoras que conduzem a igreja no caminho que Deus deseja que ela siga. Características dos Livros Canônicos 1. São normativos para a igreja, isto é, estabelecem normas para os cristãos, determinando a direção que deve ser seguida. 2. Os livros que compõem a Bíblia Sagrada são possuidores de uma autoridade única, inspirada por Deus. 3. São destinados a todos os cristãos. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:16,17) Testes para a canonicidade 1. Apostolicidade: o livro deve, necessariamente, ter sido escrito por um apóstolo ou alguém diretamente ligado a um no trabalho e na comunhão; 2. Universalidade: deveria gozar de ampla aceitação em todas as igrejas da época; 3. Conteúdo: o teor doutrinário deveria concordar com a totalidade da escritura e os outros ensinos previamente apresentados. 4. Inspiração: deveria demonstrar nítidas evidências de influência do Espírito Santo sobre o autor; Panorama geral das Epístolas Gerais Hebreus A Superioridade de Cristo Tiago A Fé e as Obras I Pedro Como Vencer no meio do Sofrimento II Pedro Crescendo em Cristo até Sua Volta I João A Comunhão e a Confiança dos Filhos de Deus II João Os Falsos Mestres III João Exortações e Elogios Judas A Apostasia EPÍSTOLA AOS HEBREUS Um livro diferenciado A carta aos Hebreus é bastante singular, diferenciando-se de todos os outros livros que compõem o Novo Testamento pelos seguintes motivos: 1. Começa como um tratado, isto é, um estudo formal, acadêmico e criterioso. Nesse caso, Hebreus começa como um tratado teológico. 2. Continua como sermão, apresentando um discurso com características práticas a respeito de verdades com base no Antigo Testamento, mas com uma visão superior. 3. Conclui-se como uma carta, apresentando um alto grau de relacionamento para com o leitor. Autoria Este é, sem dúvidas, o tema mais debatido do livro de Hebreus: a carta trata- se de um texto anônimo. Há várias suposições acerca de sua autoria, mas ninguém sabe ao certo a identidade do escritor. Hebreus difere-se das demais cartas por não revelar quem de fato foi responsável por sua escrita ou para quem ela é endereçada. A principal dificuldade de se resolver a questão se dá por causa da falta de uma saudação inicial. Por causa disso, diversas figuras na história do cristianismo já surgiram com hipóteses para responder a pergunta da autoria: Clemente de Alexandria sugeriu Lucas, Orígenes sugeriu Clemente de Roma, Tertuliano atribui-a a Barnabé, Calvino aponta para Lucas ou Clemente de Roma, Lutero, para Apolo, Jerônimo e Agostinho creditam a escrita a Paulo e outros supõe que o autor tenha sido Silvano ou Silas. Datação ● Primeira sugestão: entre 50 e 60 d.C. Essa visão defende que o público alvo da carta é a segunda geração de cristãos. No texto, é possível perceber certo nível de esfriamento espiritual no meio da igreja, o que aponta para uma geração de cristãos mais distante do período apostólico. ● Segunda sugestão: escrito em 64 d.C. Essa visão aponta pros sinais de perseguição presentes na carta para defender que tenha sido escrita durante o domínio de Nero. Nessa hipótese, a carta seria destinada aos cristãos italianos espalhados pelo império. ● Terceira sugestão: antes de 70 d.C. Essa posição defende que o fato de o autor combater os rituais do templo implica um período anterior à destruição de Jerusalém. ● Quarta sugestão: escrito em 96 d.C. Essa posição, entretanto, apresenta algumas falhas: a epístola foi aproveitada na carta do bispo Clemente de Roma, deste ano, significando que não poderia datar desse mesmo ano. Hebreus supõe um período avançado do cristianismo (Hb 9:9; 13:10), porém o Templo ainda estava de pé durante a escrita da carta. O trecho do capítulo 13:7 mostra-nos que os “antigos mestres” já haviam morrido, indicando uma geração mais avançada de cristãos. Enfim, o autor combate um esfriamento espiritual, deixando claro que as perseguições já estão ocorrendo (Hb 10:25-27). Ficamos, portanto, com a suposição mais provável: entre 64 e 67 d.C., o período em que começa a guerra na Judéia que antecede a destruição do Templo. Local de escrita “Saudai a todos os vossos chefes e a todos os santos. Os da Itália vos saúdam.” (Hebreus 13:24) O trecho destacado do livro de Hebreus pode apresentar dois significados dependendo da maneira comose encara o texto: 1. “Os da Itália” são pessoas que saíram da Itália e, por meio da carta, saúdam seus conterrâneos. 2. “Os da Itália” são moradores da Itália que saúdam os destinatários da carta. A resposta mais provável é a segunda opção, significando que o autor da carta encontrava-se em Roma durante a escrita do texto. Destinatários Existem algumas divergências nas opiniões acerca do público alvo de Hebreus, mas não podemos duvidar de que a carta foi escrita para cristãos judeus. A hipótese mais antiga e bem aceita aponta que os destinatários seriam judeus palestinos, em especial a igreja de Jerusalém: 1. Em toda a carta não se percebem alusões ao paganismo. Há, entretanto, um forte combate à supervalorização dos costumes judaicos. 2. Temos que considerar que havia milhares de cristãos judeus que criam na Lei e eram zelosos por ela. 3. Quando se lê Hebreus, percebe-se no tom da fala uma clara preocupação do autor para com a possibilidade desses irmãos voltarem a se submeter aos rituais do Templo. 4. Jerusalém se tratava de um ponto estratégico. Sendo lida em Jerusalém, a carta poderia ser enviada às demais comunidades cristãs. 5. Existem aqueles que combatem esse ponto de vista com base em Hb 6:10. Essa visão acredita que esse texto está reconhecendo as doações do público- alvo aos irmãos espalhados pelo mundo. Uma vez que a igreja de Jerusalém era uma comunidade pobre, seria pouco provável que ela tivesse condições de fazer doações às outras igrejas. Essa teoria, entretanto, não se sustenta porque a pobreza não é prova de ausência de caridade. A motivação do escritor Percebemos no texto uma espécie de urgência emergencial por parte do autor, um ar de que algo muito sério está para acontecer. Há também um tom de advertência para o povo contra o “pecado que tão de perto nos rodeia”. Percebe-se por meio das admoestações do autor que os destinatários estão sob o risco de se tornarem vacilantes na fé, uma vez que o entusiasmo do primeiro momento do cristianismo parecia haver passado. Propósito da carta O principal propósito da carta é firmar os cristãos judeus em sua fé em Cristo, protegendo-os da apostasia e do retorno ao judaísmo. O autor percebe a necessidade e expor a real natureza do cristianismo como a religião final e perfeita, apresentando a majestade de Cristo e colocando-O na posição de superior a tudo. Ele estimula os cristãos a permanecerem firmes em sua confissão de fé, instigando-os a resistir aos incentivos à apostasia. O autor apresenta um Cristo Supremo. São três propósitos principais: 1. Demonstrar a superioridade de Cristo 2. Estimular a perseverança dos fiéis 3. Advertir contra a apostasia Tema central A superioridade de Cristo. O autor demonstra que Cristo é superior a Moisés, Josué, Arão e Melquisedeque. Cristo é Filho de Deus, Ele é superior aos homens que vieram antes dEle e aos anjos, Suas criaturas. Teologia Quando observamos a teologia de Hebreus, podemos dizer que do capítulo 1:1 ao 10:18 temos a exposição da superioridade do Novo Testamento em relação ao Antigo. Cristo é também apresentado como Criador de todas as coisas. Por meio dEle tudo que se fez foi feito. O Cristo criador aparece em Hebreus para mostrar sua superioridade perante as criaturas (Hb 1:1-14). O autor também apresenta Cristo como Filho de Deus e, portanto, superior a Moisés (Hb 3:1-19; 4:14), Arão (Hb 7:1-21), Melquisedeque (Hb 5:4; 7:11). Além disso, o sacrifício de Cristo é mais precioso que todos os sacrifícios do Antigo Testamento. A carta possui também uma recomendação à perseveração (Hb 10:32 a 12:13) e previne os leitores contra a apostasia (Hb 13:9-17). Princípios de interpretação Para uma melhor interpretação do livro, deve-se atentar a três pontos: 1. Deve-se considerar seu objetivo primordial: levar os homens à presença de Deus. Este é o alvo principal do autor: fazer com que os homens reconheçam Cristo como soberano de tudo e todos; 2. Para permanecer na presença de Deus, os homens devem ser santos, isto é, devem ser santificados pelo Espírito Santo (Hb 12:14); 3. O povo de Israel é considerado o símbolo da obra de Cristo sobre a Nova Aliança; Esboço geral DIVISÃO DOUTRINA ADVERTÊNCIA ESTÍMULO Caps. 1 e 2 Comparação com os anjos (1) Não negligenciar a salvação (2:1-4) Somos parte da família de Deus (2:5-19) Caps. 3 a 4:13 Comparação com Moisés (3:1-6) Não rejeitar o repouso que Cristo oferece (3:7-19) A palavra e Deus é viva e eficaz (4:12,13) Caps. 4:14 a 7:28 Comparação com o sacerdócio de Arão (4:11 - 5:11) Crescei no conhecimento da palavra de Deus (5:12 - 6:8) Tende confiança nas promessas divinas (6:9-20) Caps. 8:1 a 10:18 Comparação com o antigo concerto (8:1 - 10:18) Não rejeite o sacrifício de Cristo (10:26-31) Chegue-se a Deus com confiança (10:19-25) Caps. 10:32 a 13:25 O caminho da fé (10:32-39; 11) Não rejeite o caminho da fé (12:12-19) Somos filhos de Deus (12:1-11) Exortações Gerais Maneira de viver - doutrina certa (13:1-25) EPÍSTOLA DE TIAGO A Epístola de Tiago é o livro mais prático do Novo Testamento, apontando enfaticamente para o comportamento correto de um cristão frente aos desafios de sua vida em todas as esferas. Isso não significa que não devemos dar o devido valor que ela merece. Toda teologia tem que desembocar na prática da vida cristã. Esta carta funciona, portanto, como um manual do cristão. Autoria “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.” (Tiago 1:1) Há quatro Tiagos descritos no Novo Testamento: 1. Tiago, o Maior: também conhecido como filho de Zebedeu e Boanerges, isto é, filho do trovão. Era irmão do apóstolo João e participou do grupo dos três discípulos mais íntimos de Jesus 2. Tiago, o Menor: filho da outra Maria, não há muitas informações disponíveis acerca deste Tiago. 3. Tiago, filho de Alfeu: um dos 12 apóstolos de Jesus. Citado em: Mateus 10; Marcos 3; Lucas 6 e Atos 1. 4. Tiago, irmão do Senhor: responsável por dirigir a Igreja nascente em Jerusalém. Acredita-se que este seja o irmão de Jesus atos 15:12; 21:18; gálatas 2:9,12. Este seria o autor da carta de Tiago. Informações do autor Inicialmente, Tiago não foi crente em Jesus durante Seu ministério público. Podemos observar, entretanto, que, em 1Co 15:7, Paulo vai dar testemunho de que Tiago testemunhou a ressurreição de Cristo. Atos 1:14 apresenta-nos Tiago convertido. Atos 21:17-26 descreve-o como zeloso para com a Lei e, no concílio em Jerusalém, Tiago defende Paulo (Atos 15:12-21). Datação Percebe-se claramente no texto um tom de preocupação com o esfriamento da fé. O fervor parecia ter passado, portanto a escrita se dá numa fase pós-apostólica. Presume-se que a carta tenha sido escrita em 62 d.C., ano de seu martírio. Existem, entretanto, estudiosos que recuam esta data, colocando-a entre 45 e 50 d.C. com base nos seguintes pontos: 1. A ausência da controvérsia judaizante; 2. A presença de um tom mais judaico, prova implícita de sua escrita anterior ao avanço do cristianismo; Local da escrita Uma vez que afirmamos que a epístola foi escrita por Tiago, meio irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém, presume-se que ela tenha sido escrita em Jerusalém e, a partir daí, tenha sido espalhada. Público alvo “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.” (Tiago 1:1) Em linhas gerais, Tiago destina sua carta às 12 tribos de Israel que estavam dispersas. Claro que há aqui um ponto de discussão: seria essa uma linguagem metafórica para se referir à igrejado Senhor? “Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje,” (Tiago 2:2) A expressão “ajuntamento” pode ser traduzida também como “sinagoga”. É possível, portanto, que o texto esteja se referindo a um local judaico. Há também a possibilidade de o termo fazer referência a uma assembléia de culto ao Senhor. Tiago também faz uso da expressão Senhor dos exércitos (Tiago 5:4), um termo tipicamente judaico. É claro, entretanto, que é possível que este seja um uso mais amplo, sem uma relação tão forte com a terminologia judaica. Há também, nos textos de Hb 2:8-13 e Hb 4:11-12, referências que dão ênfase ao Antigo Testamento. Hb 2:19 também enfatiza a monoteísmo, algo que, segundo os defensores dessa visão, é tipicamente judaico. A expressão “12 tribos de Israel” empregada por Tiago pode ter sido figurada tendo em vista as passagens de 1 Pedro 1:1, 2:11; Hebreus 11:13, 13:14 e Filipenses 3:20. Além de tudo, o texto de Tiago omite dois assuntos importantes: a escravatura e a idolatria, dois temas que não existiam entre os judeus, portanto ficamos com a sugestão de que a epístola tinha judeus cristãos em mente. Propósito da carta A Epístola apresenta pelo menos três grandes propósitos: 1. A necessidade de animar e confortar os cristãos que estão atravessando grandes perseguições e terríveis tentações; 2. O desejo de instruir as assembleias cristãs, pois elas estavam sofrendo em relação à ordem. O livro combate o mal do tratamento diferenciado para membros por causa de nível monetário ou status social; 3. Combater a tendência do divórcio entre fé e obras, uma vez que as evidências da fé são as obras. Fomos chamados para as boas obras, que são nossos frutos dignos de arrependimento; Estrutura literária Em primeiro lugar, é interessante observarmos que, na carta, não há um diálogo entre o autor e o destinatário. A carta utiliza-se de um estilo proverbial judaico: há grande semelhança entre Tiago e provérbios. Aparentemente, Tiago não cita o evangelho diretamente, porém há uma semelhança muito forte entre a epístola e os evangelhos. Além disso, a epístola apresenta alto grau de combate aos males que afrontam os cristãos. O nome de Jesus é mencionado no capítulo 1:1 a 2:1, embora os evangelhos em si não sejam citados. Por repetidas vezes, o autor faz uso da expressão Senhor para se referir a Cristo, colocando-o na posição de soberano. A ligação entre Tiago e os evangelhos O evangelho está entranhado em toda a carta que Tiago escreve. Alguns paralelos que podemos destacar são os seguintes: Tiago 1:22 Mateus 7:24, 27 Tiago 3:18 Mateus 5:9 Tiago 4:11 Mateus 7:1 Tiago 5:2 Mateus 6:19 Tiago 5:12 Mateus 5:24-47 Tiago 2:8 Mateus 22:36 Tema da carta O tema da carta de Tiago gira em torno da conduta cristã na vida diária, demonstrando as verdades da religião pura, afastada de todo tipo de imundícia. Tiago nos diz que é o dever do cristão assistir órfãos e viúvas, isto é, os necessitados. É nosso dever reproduzir a natureza de Cristo, uma vez que somos Seus seguidores e Sua Vida está em nós por causa do Novo Nascimento. A verdadeira religião é, portanto, amar a Deus acima de todas as coisas. A teologia de Tiago Tiago reúne a ética do Antigo Testamento com a ética cristã do Novo Testamento. É nessa união que se manifesta historicamente a origem do cristianismo, que tem inicia-se no judaísmo. Tiago vai fundir a Lei e Cristo, deixando claro que, em israel, como na igreja, a moral se baseia nos ensinamentos de Jesus. Cristo é o cumprimento da Lei, a igreja deve manifestar esses princípios na vida prática, uma moral fundamentada no amor ao próximo. A aparente contradição entre Tiago e Paulo é resolvida da seguinte maneira: Tiago fala de uma Fé que é acompanhada de obras. Não há contradição, uma vez que uma visão complementa a outra. Paulo combate o fato de que as pessoas supervalorizam a Lei, Tiago, o oposto: o não demonstrar das evidências da conversão. Esboço geral do livro Alegria nas Tribulações 1:2-4 Oração Pedindo Sabedoria 1:5-8 Distinção entre Provas e Tentações 1:911 A Obediência à Palavra 1:19-27 Amar sem ser Parcial para com os Ricos 2:1-13 As Obras como Prova de Fé 2:14-26 A Sabedoria 3:1-4.10 Evitando a Calúnia 4:11 A Confiança sem Base 4:13-17 A Paciência 5:1-11 A Honestidade 512 A Atitude de Coletividade, Incluindo a Oração pelos Doentes e a Mútua Confissão de Pecados 5:13-18 Recuperação de Crentes que Errarem 5:19,20 PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO Autoria “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia;” (1 Pedro 1:1) “Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi brevemente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes. A vossa co-eleita em babilônia vos saúda, e meu filho Marcos. Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz seja com todos vós que estais em Cristo Jesus. Amém.” (1 Pedro 5:12-14) Alguns estudiosos acreditam que a primeira carta de Pedro não tenha sido escrita como uma carta, mas sim como um sermão ou liturgia batismal que, depois, tornou-se epístola. O problema é que essa tese isso nega que a carta tenha sido escrita pelo apóstolo Pedro enquanto repetidas expressões dentro do texto afirmam a autoria de Pedro. Além do mais, a verdade da autoria de Pedro é respaldada pela tradição da igreja. Datação A data mais sugerida é de 63 d.C., pouco antes do martírio de Pedro em Roma. O tema leva a crer que a escrita se localiza nesse período, retratando tanto a situação de perseguição quanto a necessidade de se manter a fé. Local de escrita e público alvo “A vossa co-eleita em babilônia vos saúda” (1 Pedro 5:13) Acredita-se que o termo “babilônia” faça referência à degeneração moral de Roma, uma vez que não há relatos de que Pedro esteve na Babilônia geográfica. Além disso, Pedro destina a carta a forasteiros (1:1) entre os gentios (2:12), tratando do problema da idolatria (4:3). Além do mais, o texto fala da ignorância religiosa (1:14), a vida frívola herdada pelos pais (1:18) e características de um povo pagão e gentio (2:1). Todos esses fatos apontam para um público de gentios convertidos. Perspectiva teológica Do ponto de vista teológico, Pedro vai tratar do batismo com uma ênfase bastante acentuada e direta, e com razão: o batismo é uma forma de demonstrar o renascimento do cristão, é um presente de Deus e um dever do justo. Um privilégio divino do batismo é, para nós, uma responsabilidade. ● 1 Pedro 1:3 - 2:3 - Trata de forma direta o batismo; ● 1 Pedro 2:4-10 - Apresenta a igreja como casa e como povo de Deus; ● 1 Pedro 2:18-25 - Trata sobre a maneira correta de se tratar os servos; ● 1 Pedro 4:12-5:11 - Reanima os irmãos frente às perseguições; ● 1 Pedro 1:3 - 23 - Apresenta a igreja como uma comunidade unida por meio do batismo; ● 1 Pedro 3:1 - Disserta sobre a obediência à Palavra; ● 1 Pedro 1:19-21, 2:2-25, 3:18-22 - Apresenta trechos que formam uma tríade de hinos cristocêntricos; ● 1 Pedro 2;5-10 - Apresenta a igreja como sacerdócio real, responsável por levar pessoas a Cristo; ● 1 Pedro 2:21 - Trata sobre a natureza do que significa ser cristão, isto é, ser a continuidade do ministério de Jesus Cristo na Terra; ● 1 Pedro 3:7 - Versa sobre a vida matrimonial; ● 1 Pedro 3:21-25 - Ensina que o cristão deve se importar com o sofrimento dos escravos; ● 1 Pedro 1:1, 2:11 - Ensina-nos que a igreja vive como minoria neste mundo, mas que logo ela será retirada dele;● 1 Pedro 2:13-17 - Apresenta o cristão como alguém que deve fazer o bem até mesmo a pessoas hostis; ● 1 Pedro 3;8 - O cristão é chamado a herdar bênçãos; ● 1 Pedro 1:7; 2:11 - Os sofrimentos e o cristão como peregrino na Terra; ● 1 Pedro 1:7; 5:10 - A consumação escatológica e a igreja; Esboço Saudação 1:1-2 Louvor pela Herança Celeste dos Crentes Perseguidos 1:3-12 Exortação sobre a Santidade 1:13-21 Exortação quanto ao Amor Mútuo 1:22-25 Exortação ao Avanço quanto à Salvação 2:1-10 Exortação quanto à conduta cristã numa sociedade não cristã 2:11 - 4:19 Exortação à Humildade no seio da Igreja e à Resistência diante da Perseguição 5:1-11 Conclusão Silvano tinha a função de, como amanuense, saudações e bênção final (3:12-14) SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO Autoria “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:” (2 Pedro 1:1) Pedro se apresenta com seu nome, especificando-se como servo e apóstolo. O trecho de 2 Pedro 1:16 fortalece ainda mais essa certeza. Já tendo escrito a primeira carta, essa é datada de pouco tempo depois, entre 63 e 64 d.C.. 2 Pedro 3:15-16 demonstra-nos que Pedro escreve num período em que Paulo se torna conhecido entre os irmãos. Além disso, Pedro busca preparar a igreja contra os falsos mestres que se instaurariam em seu meio. Pedro deixa um pouco o tema de perseguição para focar objetivamente no perigo das heresias, pois o período herético estava se aproximando. Local de escrita Não é revelado, ao contrário da primeira carta. Tudo isso nos leva a crer, entretanto, que o autor permanecia em Roma. Destinatários A expressão utilizada no capítulo 1:1 traz à tona uma ideia de mesma honra, mesma graça, referindo-se a um povo que era considerado de segunda classe, isto é, os gentios. O autor enfatiza que, em Cristo, não há mais diferença entre as pessoas. São todos servos do mesmo Cristo, detentores da mesma fé. O trecho de 2 Pedro 3:1 indica que a carta tenha sido escrita aos mesmos destinatários da primeira, recobrando seu ânimo. A motivação de Pedro Esta carta está fortemente associada à primeira. Durante o intervalo entre uma e outra, parece ter havido uma mudança circunstancial nas pessoas. A primeira carta preparava os cristãos para a perseguição, a segunda combate o surgimento dos falsos profetas. Houve uma mudança, mas uma carta complementa a outra pois tratam de aspectos comuns da igreja da época. Pedro também adverte que a motivação de que o alvo dos falsos mestres eram os novos convertidos, pois eram estrategistas que se programavam para perverter os recém-chegados. Pedro quer se dirigir a esse grupo, isto é, aos novos convertidos, para encorajá-los a permanecer firme na verdadeira fé. A motivação de Pedro é mostrar a urgência deste assunto, porque ele tem ciência de que vai morrer logo e crê que Jesus está voltando, assim como ainda está. Ele pode vir a qualquer momento. O propósito de Pedro Pedro reconhece, identifica e percebe a chegada de mestres heréticos que buscam corromper a verdadeira doutrina. Além de desonrarem a Deus, essas heresias afrouxam a moralidade da comunidade fiel. Quando Cristo é tirado do centro, logo segue o afrouxamento moral. Por meio da verdadeira doutrina, somos fortalecidos e só por Ele podemos nos livrar da influência maligna da natureza pecaminosa. Outro propósito é estabelecer uma polêmica contra esses falsos mestres, isto é, um trabalho de prevenção, pois ele sabe que não estará vivo quando eles chegarem. Ele avisa e previne o povo contra os falsos mestres. Aí encontramos o propósito maior de Pedro: fortalecer o conhecimento da verdadeira fé cristã contra as falsas doutrinas que logo surgirão no meio da igreja. Fundamentos teológicos ● 2 Pedro 1:1-2 - a justiça de Deus como base para se obter a fé; ● 2 Pedro 1:4 - a depravação da raça humana caída; ● 2 Pedro 1:4,5 - a libertação dos eleitos da queda e os efeitos da libertação por meio do conhecimento de Deus pela fé; ● 2 Pedro 1:5-11 - a libertação da queda é preservada pela fé e resulta no estilo de vida cristão; ● 2 Pedro 2:4-9 - a condenação dos que procedem impiedosamente; ● 2 Pedro 3:10-13 - a volta de Jesus; ● 2 Pedro 1:19-21 - a profecia é vontade divina, não humana; ● 2 Pedro 3:8-9 - a demora da vinda de Cristo, mas isso é a oportunidade ao homem de buscar salvação; ● 2 Pedro 1:3-4 - a santidade; ● 2 Pedro 2:10-18 - o combate aos falsos mestres; ● 2 Pedro 1:4 - o conhecimento de Deus para produzir a santificação; ● 2 Pedro 1:8-11 - a busca constante da disciplina cristã; ● 2 Pedro 1:20-21 - o Espírito Santo; ● 2 Pedro 3:14 - devemos estar alicerçados no Senhor; Tema da carta O verdadeiro conhecimento da fé cristã contra os falsos mestres e a sua negação da parousia, isto é, a manifestação de Deus por meio de Jesus Cristo. Introdução/Saudação 1:1,2 O verdadeiro conhecimento da fé cristã 1:3-21 Mestres falsos 2:1-22 A parousia e a dissolução final 3:1-18 Conclusão/Doxologia 3:18 PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO Autoria A partir do século XVI, a influência da teologia liberal tem duvidado da autoria de João. Ainda assim, não há motivos para creditar a carta a alguém além do próprio apóstolo João. Datação Uma vez que João é o autor, sua primeira carta deve ter sido escrita na mesma época que seu relato do evangelho, muito provavelmente por volta de 95 d.C. Local de escrita Afirma-se que o local de escrita da carta tenha sido nas imediações da Ásia Menor, mais precisamente em Éfeso. Destinatários João escreve para os membros da comunidade cristã de Éfeso, buscando espalhar a carta para os cristãos da Ásia Menor sob seu cuidado. O autor trata os leitores de maneira íntima, o que corrobora com o fato de que João era responsável pela igreja de Éfeso.. Gênero literário O escrito não possui a forma externa de carta: o autor não nomeia a si mesmo. não apresenta o destinatário e nem conclui com uma saudação. Porém, o grau de pessoalidade do texto e o fato de João ser pastor da igreja de Éfeso dispensa a necessidade desses fatores. Estilo do autor João tem um pensamento importante para desenvolver, apresentando-o por meio de tese e antítese e enfatizando o lado dogmático e moral de sua mensagem. Ele ainda enfatiza a verdade de Deus por meio da luz e do amor. O autor também destaca Cristo como a manifestação do amor de Deus através do qual o pecador pode se reconciliar com Deus João também afirma que os filhos de Deus devem submeter-se uns aos outros e a Deus. Além disso, ele Intercala as mensagens com avisos prevenindo a igreja contra os hereges, seu ponto principal da epístola. Objetivos do autor João vai tratar principalmente de advertir a igreja contra as heresias. Ele próprio está sendo alvo destes ataques, portanto enfrenta as heresias veementemente. A principal heresia presente na comunidade da época é o gnosticismo, que pregava um conhecimento secreto de Deus. Os gnósticos acreditavam que a matéria é inerentemente má. Além disso, diziam que Cristo não era o mesmo que o Jesus humano, habitando o corpo do Jesus homem apenas a partir do batismo até o período da crucificação. Perspectivas teológicas Esta epístola de João serviu muito como base para os debates teológicos que seguiram os primeiros séculos do cristianismo, pois o gnosticismo continuou forte no seio da igreja. O texto faz distinção entre o verdadeiro e falso conhecimentos, afirmando que o conhecimentode Deus que podemos ter é dom dEle, de forma que não devemos nos gloriar. Mais importante que o conhecimento é a fé que vence o mundo. A prática do amor entre os irmãos é a prova do verdadeiro conhecimento de Deus, e isso faltava aos gnósticos. João também enfatiza a unidade da pessoa de Cristo e a verdade da encarnação. Os gnósticos fundamentavam seu conhecimento na mitologia, mas as verdades da Bíblia baseiam-se na experiência e no testemunho dos apóstolos. Tema A verdadeira fé cristã em contraste com a heresia do gnosticismo. Esboço Prólogo 1:1-4 A conduta reta 1:5 - 2:6 O amor cristão 2:7-17 O Cristo manifestado em carne 2:18-28 O critério da conduta reta novamente 2:19 - 3:10 O amor mútuo cristão 3:10-24 O cristo manifestado em carne 3:24-4:6 O mútuo amor cristão 4:7-5:3 O critério da conduta reta 5:4-21 SEGUNDA EPÍSTOLA DE JOÃO Autoria O autor apresenta-se como presbítero, isto é, ancião, uma pessoa digna e honrada. O apóstolo João desfrutava de grande respeito, principalmente na comunidade de Éfeso. Conclui-se, portanto, que João seja esse presbítero. Datação Provavelmente a carta data do final do primeiro século. Local de escrita O apóstolo João continuava seu trabalho em Éfeso durante a escrita desta epístola. Destinatários “O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade,” (2 João 1:1) Esta carta tem sido motivo de algumas discussões e debates pela forma como João dirige-se aos destinatários. O mais provável é que, por senhora eleita, ele esteja se referindo à igreja de forma ampla. Aspecto teológico Esta carta é bastante semelhante à primeira, parecendo uma confirmação dos ensinamentos de sua predecessora. João traz a exortação à caridade fraterna e mais uma vez alerta a igreja contra as heresias, condenando os falsos mestres como inimigos da fé. Tema A epístola vai tratar do amor cristão e a verdadeira doutrina em face das heresias. Esboço Introdução/Saudação 1-3 Exortação ao amor cristão 3-6 Advertência contra as doutrinas falsas e contra o acolhimento dado a falsos mestres 7-11 Conclusão / esperança de uma futura visita, e outra saudação 12 e 13 TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO Autoria A autoria desta carta também é creditada ao apóstolo João. Datação Provavelmente o final do primeiro século. Local de escrita Éfeso. Destinatário Aqui, João dirige-se a um homem chamado Gaio, dando a entender que tinha certo grau de relacionamento com essa pessoa e exercia autoridade ministerial sobre ela. Gaio era, provavelmente, líder de alguma comunidade cristã. A teologia da epístola A epístola apresenta três pontos fundamentais: 1. Vai ponderar os leitores sobre a hospitalidade de mestres estranhos; 2. Quer impedir a influência de falsos mestres; 3. Busca a fidelidade frente aos desafios das heresias; Tema A carta trata de uma disputa eclesiástica: uma guerra para proteger a igreja dos falsos mestres. Esboço Introdução / Saudação 1 Elogio a Gaio por sua hospitalidade para com pregadores cristãos itinerantes 2 a 8 Condenação de rebeldia de Diótrefes contra a autoridade apostólica de João e se recusa de acolher pregadores cristãos itinerantes 9 a 11 Elogio a Demétrius, provável portador da epístola e enviado de João 12 Conclusão / expectativa de uma vida futura e saudações finais 13 a 15 EPÍSTOLA DE JUDAS Autoria “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo:” (Judas 1:1) Podemos destacar alguns pontos: O autor se apresenta como Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago. Devemos considerar que o autor faz questão de apresentar-se como irmão de Tiago, utilizando-se dessa figura para fortalecer o que será dito na carta. Isso nos leva a crer que esse Tiago era alguém conhecido, provavelmente o mesmo autor da Epístola de Tiago. “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Marcos 6:3) “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1 Coríntios 9:5) Datação Eusébio de Cesareia relata que dois netos de Judas foram convocados pelo imperador Domiciano, que reinou entre 81 e 92 d.C., para serem questionados acerca de sua descendência davídica. Podemos presumir a partir disso que Judas já estava morto, portanto podemos supor que a escrita esteja entre 65 e 80 d.C. Local de escrita Eusébio sugere que a carta tenha sido escrita num espaço judaico. Alguns outros eruditos, entretanto, têm sugerido que a escrita da carta pode ter se dada durante uma viagem missionária. Destinatários Alguns estudiosos entendem que a carta foi escrita para uma comunidade especial de cristãos gentios. Há, entretanto, quem acredite que as referências ao Antigo Testamento e o fato de o texto incluir destaques apocalípticos judaicos evidenciam que a carta tenha sido escrita para judeus cristãos. A segunda opção é mais provável, mas com um adendo: a carta não é direcionada a um grupo específico, mas a judeus cristãos de todos os lugares, por isso a carta fica entre as epístolas gerais. Tema A advertência sobre os falsos mestres na igreja. Teologia 1. Vai combater de forma veemente as heresias; 2. Vai deixar claro que a carta visa deixar clara a direção que a igreja deve tomar; 3. Vai admoestar os cristãos a manter-se na tradição apostólica; 4. Apresenta um conteúdo extremamente cristocêntrico; 5. Há a exaltação do monoteísmo e da trindade; 6. Apresenta Cristo como criador e redentor; legislador e juiz; 7. Apresenta Cristo como Deus da graça e da glória; Deus da misericórdia e Deus da majestade; Deus do amor e do julgamento; Deus da paz e do poder; Deus da salvação e da destruição; Deus do tempo e da eternidade; 8. Judas prega uma vida devota e piedosa, colocando Deus em primeiro lugar; 9. Não basta crer, pois a fé saudável é acompanhada de boas obras; 10. Vai abordar um aspecto escatológico; Esboço Introdução/Saudação 1-2 Penetração de falsos mestres 3,4 Caráter ímpio e julgamento futuro dos falsos mestres 5-16 Resistência contra os falsos mestres 17-23 Conclusão/Bênção final 14,15