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Questões Objetivas - Filosofia-30

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intenção   de   punir   ou   controlar   as   pessoas,  mas   também  de   torná-las  mais   úteis   à
sociedade (é isso que se vê, sobretudo, nas escolas ou instituições operárias).
 
 
6. (Interbits 2012) TEXTO I:
 Elimine até 3 kg por mês comendo bolo!
É isso mesmo! Um estudo israelense comprovou que comer bolo no café da manhã
acelera o metabolismo e ajuda a perder os quilinhos a mais.
Revista Ana Maria. nº 820. 29/06/2012, p. 20.
 
TEXTO II:
“Se fizéssemos uma história do controle social do corpo, poderíamos mostrar que, até o
século  XVIII   inclusive,   o   corpo   dos   indivíduos   é   essencialmente   a   superfície   de
inscrição de suplícios e de penas; o corpo era feito para ser supliciado e castigado. Já
nas instâncias de controle que surgem a partir  do século XIX, o corpo adquire uma
significação totalmente diferente; ele não é mais o que deve ser supliciado, mas o que
deve ser formado, reformado, corrigido, o que deve adquirir aptidões, receber um certo
número de qualidades, qualificar-se como corpo capaz de trabalhar.”
FOUCAULT, M. Conferência V. In: A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro:
Nau, 2002, p. 119.
Vivemos em um tempo em que o corpo se tornou extremamente valorizado, devendo
estar de acordo com certos padrões de beleza e de bem estar. Segundo Michel Foucault,
filósofo que analisou esse tipo de transformação, essa valorização do corpo significa:
a) a realocação do poder, que se torna um poder polimorfo e polivalente, capaz de tornar
os corpos individuais úteis e hábeis à sociedade. A isso está relacionado o surgimento
de uma série de saberes e de ciências sobre o homem.
b) a valorização hedonista do corpo, como uma forma de alienação das mentes. Cada
vez mais a sociedade perde seu potencial transformador da ordem vigente.
c) a valorização positiva da ética do bem-estar. As novas preocupações com os corpos
têm como objetivo  melhorar   a  vida  dos  cidadãos  e   isso   traz  consigo  uma série  de
benefícios   à   sociedade,   como,   por   exemplo,   o   aumento  da   expectativa   de   vida  da
população.
d) a perda dos ideais iluministas racionalistas. Com a valorização do corpo, há também
uma desvalorização do conhecimento intelectual, que é cada vez mais prejudicado. Não
por acaso, há um pragmatismo perigoso nas tomadas de decisões privadas.
e) um problema de ordem moral. A valorização do homem capaz de trabalhar coloca em
questão a ética cristã da caridade. Nesse processo, há uma transformação que torna a
sociedade mais secular e descrente da religião.
 
Resposta: A
Somente  a   alternativa   [A]  está  correta.  Michel  Foucault   relaciona  a  valorização  do
corpo com a realocação do poder na modernidade,  resultando não somente em uma
nova forma de se relacionar com o corpo, mas também uma série de saberes sobre ele.
Nesse contexto, torna-se interesse tanto do Estado quanto das pessoas que seus corpos
sejam úteis e bem cuidados.
 
 
7. (Enem   2010)  A   lei   não   nasce   da   natureza,   junto   das   fontes   frequentadas   pelos
primeiros   pastores:   a   lei   nasce  das   batalhas   reais,   das   vitórias,   dos  massacres,   das
conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas,
das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está
amanhecendo.
FOUCAULT.  M. Aula  de  14 de  janeiro  de 1976.   In. Em defesa da sociedade.  São
Paulo: Martins Fontes. 1999
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao
poder e à organização social.
Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades
modernas é
a) combater ações violentas na guerra entre as nações.
b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma
nação.
d)   estabelecer   princípios   éticos   que   regulamentam   as   ações   bélicas   entre   países
inimigos.
e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.
 
Resposta:E
A Lei reflete a vontade dos vitoriosos; ela não é natural. Portanto, a Lei é reflexo da
força,  da  vitória  e  das   imposições  dos  mais   fortes,  seja  nas  disputas   internas  a  um
Estado, seja a nível internacional, que envolve as disputas e os interesses de diversos
Estados.
 
8. (Enem (Libras)  2017) O momento histórico das disciplinas  é o momento  em que
nasce   uma   arte   do   corpo   humano,   que   visa   não   unicamente   o   aumento   das   suas
habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação
que   no   mesmo   mecanismo   o   torna   tanto   mais   obediente   quanto   é   mais   útil,   e
inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o
corpo,   uma   manipulação   calculada   de   seus   elementos,   de   seus   gestos,   de   seus
comportamentos.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes,
1987.
Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em
a) declínio cultural.
b) segregação racial.
c) redução da hierarquia.
d) totalitarismo dos governos.
e) modelagem dos indivíduos.
 
Resposta:E
Para Foucault, as formas de poderes existentes na sociedade impõem modificações nos
modos de agir dos indivíduos, a partir da coação de seus corpos, transformando-os em
corpos   úteis   e   passíveis   de   sujeição.   Desse   modo,   incorporam-se   características
disciplinadoras nos corpos através do controle e do adestramento que mede, corrigi e
hierarquiza corpos em um processo que modela indivíduos.
 
9. (Uema 2015) Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-modernidade, comenta
as ideias de Michel Foucault, nas quais “[…] as sociedades modernas apresentam uma
nova organização do poder que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova
organização, o poder não se concentra apenas no setor político e nas suas formas de
repressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida social […] [e] o poder
fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. Assim, em vez de se
deter  apenas  no macropoder  concentrado no Estado,   [os]  micropoderes  se  espalham
pelas mais diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede
imensa de pessoas, por exemplo: os pais, os porteiros, os enfermeiros, os professores, as
secretarias, os guardas, os fiscais etc.”
Fonte:  COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia:  história  e grandes temas.  São
Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos
micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir
a) o ideal de igualdade entre os homens.
b) o total direito político de acordo com as etnias.
c) as normas estabelecidas pela disciplina social.
d) a repressão exercida pelos menos instruídos.
e) o ideal de liberdade individual.
 
Resposta:C
Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática social expressa
por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma “coisa” que uns
tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o filho, o rei e seus súditos, o presidente e
seus governados, etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os pares: o
filho que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam
dispositivos legais para fiscalizar o presidente, etc. Deste ponto de vista, poder não se
restringe ao governo,  mas espalha-se pela  sociedade em um conjunto de práticas,  a
maioria   delas   essencial   à  manutenção   do  Estado.  O   poder   é   uma   espécie   de   rede
formada por mecanismos e dispositivos que se espraiam por todo cotidiano – uma rede
da qual ninguém pode escapar. Ele molda nossos comportamentos, atitudes e discursos.
Compreender   o  Estado   como  portador   do  poder   é   um equívoco,   pois   além  de   ser
dispendioso, o poder externo não é capaz de dar conta dos corpos individuais, este poder
não permeia a vida e não é capaz de controlar os indivíduos.Os micro poderes atuam de
forma capilar e moldam por meio dos instrumentos do Estado as reações, domesticando
os indivíduos, hierarquizando-os, normatizando comportamentos em suas relações. Isto
ocorre   desde   as   relações   mais   simples   até   as   relações   mais   complexas,   criando
condições para estabelecer uma disciplina social ampla.
 
10. (Uem   2012)   “O   pensamento   de   Foucault   gira   em   torno   dos   temas   do   sujeito,
verdade,   saber  e  poder.  É  um pensamento  que   leva  à  crítica  de  nossa sociedade,  à
reflexão  sobre  a   condição  humana.   […] Não há  verdades  evidentes,   todo saber   foi
produzido em algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo pode ser criticado,
transformado, e, até mesmo destruído. Foucault considera que a filosofia pode mudar
alguma coisa no espírito das pessoas. […] Seu pensamento vem sempre engajado em
uma tarefa política ao evidenciar novos objetos de análise, com os quais os filósofos
nunca haviam se preocupado.  Entre  eles   se  destacam:  o nascimento  do hospital;   as
mudanças   no   espaço   arquitetural   que   servem  para  punir,   vigiar,   separar;   o   uso   da
estatística   para   que   governos   controlem   a   população;   a   constituição   de   uma   nova
subjetividade pela psicologia e pela psicanálise; como e por que a sexualidade passa a
ser alvo de preocupação médica e sanitária; como governar significa gerenciar a vida
(biopoder)   desde   o   nascimento   até   a   morte,   e   tornar   todos   os   indivíduos   mais
produtivos, sadios, governáveis.”
(ARAÚJO,   I.   L.   Foucault:   um   pensador   da   nossa   época,   para   a   nossa   época.
In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 225.)

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