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Literatura_Brasileira_I_Impresso-36

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Neste bosque desgraçado
Mora o Ódio, e vil se nutre
Magra Inveja, negro Abutre
Esfaimado e tragador.
Não excita meus afetos
Cnidos, Pafos, nem Citera:
Vejo a Serpe, ouço a Pantera...
Oh! que objetos de terror.
De teu canto a graça pura,
E a ternura não consigo;
Pois comigo a doce Lira
Mal respira os sons de Amor.
Cruel seta passadora
Me consome pouco a pouco,
E no peito frio e rouco
A alma chora, e cresce a dor.
Surda morte nestes ares
Enlutada, e triste vejo,
E se entrega o meu desejo
Dos pesares ao rigor.
De teu canto a graça pura,
E a ternura não consigo;
Pois comigo a doce Lira
Mal respira os sons de Amor.
Dos heróis te despediste, 
Por quem Musa eterna soa;
Mas de flores na coroa
Inda existe o teu louvor.
O sujeito poético menciona 
as condições adversas para a 
criação poética: seu bosque é 
habitado pelo ódio e pela inveja. 
O poeta menciona 
localidades da antiga Grécia 
relacionadas à Afrodite, deusa do 
Amor (Cnidos, Pafos e Citera), 
que não basta para lhe suscitar a 
inspiração poética. Ao invés do 
amor, assombra-lhe o terror 
representado pela serpente e pela 
pantera. 
A seta de Eros, ou Cupido, 
atinge o poeta, que se vê tomado 
do sentimento amoroso. O 
sentimento do poeta é de dor, 
certamente por causa da não 
correspondência amorosa. 
A morte da mulher amada 
aparece como um espectro a 
rondar os ares, transformando o 
desejo amoroso em sofrimento. 
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