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Branca de Neve e os Sete Anões

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Prévia do material em texto

Clássicos
Recontados
Tatiana
Belinky
ILUSTRAÇÕES	DE	FRANZ	RICHTER
Branca	de	Neve
Irmãos	Grimm
	
	
Ao	Ricardo	Gouveia,	meu	filho,
e	ao	David	Gonçalves	Nordon,	meu	“sobrinheto”,
meus	agradecimentos	pela	preciosa	colaboração.
Era	uma	vez	uma	rainha	que,	no	 inverno,	para	ver	cair
os	 flocos	 de	 neve,	 sentou-se	 para	 costurar	 diante	 da
janela,	 cuja	 moldura	 era	 de	 ébano.	 Enquanto
costurava	e	olhava	pela	janela,	ela	furou	o	dedo	com	a
agulha,	 e	 três	 gotas	 de	 sangue	 caíram	 sobre	 o	 tecido
branco.	 Como	 o	 vermelho	 ficou	muito	 bonito	 sobre
aquela	 alvura,	 ela	pensou:	 “Gostaria	de	 ter	uma	 filha
que	fosse	branca	como	a	neve,	de	faces	coradas,	lábios
vermelhos	 como	 o	 sangue	 e	 cabelos	 negros	 como	 o
ébano	da	janela”.
Nove	meses	depois,	ela	teve	uma	filha	exatamente
assim:	branca	como	a	neve,	de	faces	coradas,	com	os
lábios	vermelhos	como	o	sangue	e	de	cabelos	negros
como	o	ébano,	sendo	por	isso	chamada	de	Branca	de
Neve.	 Infelizmente,	 a	 rainha	 morreu	 assim	 que	 a
menina	nasceu.
Depois	de	algum	tempo,	o	rei	se	casou	novamente
com	 uma	 mulher	 que	 era	 muito	 bela,	 mas	 tão
orgulhosa	e	arrogante	que	não	suportava	que	ninguém
fosse	mais	bonita	que	ela.	Essa	mulher	tinha	um	lindo
espelho	mágico,	no	qual	se	olhava	e	perguntava:
–	 Espelho,	 espelho	 meu,	 surge	 do	 espaço
profundo	e	diz-me	se	há	no	mundo	alguém	mais	bela
que	eu!
–	 Rainha,	 você	 é,	 com	 certeza,	 a	 mais	 bela!	 –
respondia	o	espelho.
E	ela	se	dava	por	satisfeita,	pois	o	espelho	só	falava
a	 verdade.	 Entretanto,	 Branca	 de	 Neve	 estava
crescendo	 e	 se	 tornando	 cada	 vez	 mais	 bonita.	 Aos
sete	anos,	ela	era	tão	linda	quanto	o	dia	e	mais	bonita
que	 a	 rainha.	 Quando	 Branca	 de	 Neve	 completou
quinze	 anos,	 a	 rainha	 perguntou	 novamente	 ao
espelho:
–	 Espelho,	 espelho	 meu,	 surge	 do	 espaço
profundo	e	diz-me	se	há	no	mundo	alguém	mais	bela
que	eu!	E	o	espelho	respondeu:
–	Você	era	a	mais	bela.	Mas	agora	Branca	de	Neve	é
ainda	mais	bela!
A	 rainha	 ficou	 com	 muita	 raiva.	 Desde	 esse	 dia,
sempre	que	olhava	para	a	menina	seu	coração	pulava
no	peito,	tamanha	era	a	inveja	que	sentia.
Inveja	 e	 orgulho	 cresceram	 mais	 e	 mais	 no	 seu
coração,	como	uma	erva	daninha,	não	 lhe	dando	paz
nem	de	dia	nem	de	noite.	A	rainha	chamou	então	um
caçador	e	lhe	ordenou:
–	Leve	a	menina	para	a	floresta;	não	a	quero	mais
diante	 de	 mim.	 Mate-a	 e	 me	 traga	 como	 prova	 o
coração	dela.
O	 caçador	 a	 obedeceu	 e	 levou	 Branca	 de	 Neve
para	a	floresta.	Mas,	quando	estava	prestes	a	perfurar
o	 peito	 da	 menina	 com	 a	 faca,	 Branca	 de	 Neve
começou	a	chorar.
–	Oh,	meu	caro	caçador!	Por	favor,	deixe-me	viver!
Prometo	que	vou	correr	floresta	adentro	e	nunca	mais
voltarei.
Ela	era	tão	linda	que	o	caçador	teve	dó.
–	Corra	então,	pobre	menina	–	disse	ele.
“Logo,	 os	 animais	 selvagens	 vão	 devorá-la”,	 pensou	 ele,	 e	 foi
como	 se	 uma	 pedra	 saísse	 de	 cima	 de	 seu	 peito,	 já	 que	 não
precisaria	matar	 a	menina.	 Só	 lhe	 faltava	 agora	 um	 coração	 para
levar	à	rainha.
Quando	um	pequeno	javali	passou	ao	seu	lado,	ele	o	matou	de
um	só	golpe	e	 retirou	o	coração	do	animal	para	 levar	 à	 rainha.	O
cozinheiro	teve	de	prepará-lo	e	a	perversa	rainha	o	comeu,	certa	de
que	havia	comido	o	coração	de	Branca	de	Neve.
Sozinha	 no	 meio	 da	 floresta,	 Branca	 de	 Neve	 estava	 tão
assustada	que	não	sabia	o	que	 fazer.	Correu	por	entre	espinhos	e
animais	selvagens,	que	não	lhe	fizeram	mal	algum.
Ela	 correu	 até	 onde	 seus	 pés	 aguentaram.	 No	 fim	 da	 tarde,
numa	 clareira,	 encontrou	 uma	 casinha,	 onde	 entrou	 para
descansar.	 Tudo	 era	 pequeno,	 porém	muito	 limpo	 e	 organizado.
Sobre	a	mesa,	havia	uma	toalha	branca	e	sete	pequenos	pratos	com
sete	 pequenos	 garfos,	 facas,	 colheres	 e	 canecas.	 Havia	 também
sete	pequenas	camas,	cobertas	com	lençóis	e	cobertores	de	lã.
Branca	 de	Neve	 estava	 tão	 faminta	 e	 sedenta	 que	 comeu	 um
pouco	das	verduras	e	dos	pães	de	cada	prato	e	bebeu	um	gole	de
vinho	 de	 cada	 caneca.	 Em	 seguida,	 como	 estava	muito	 cansada,
deitou-se	 nas	 caminhas	 uma	 a	 uma,	 até	 que	 acomodou-se	 na
última	que	era	a	maior	de	todas.
Ela	rezou	e,	cansada,	adormeceu.
Já	 estava	 escuro	 quando	 os	 donos	 da	 casa	 retornaram:	 eram
sete	 anões	que	 escavavam	as	montanhas	 à	procura	de	ouro.	Eles
acenderam	 sete	 pequenas	 velas	 e	 viram	 que	 alguém	 estivera	 no
chalé,	 pois	 as	 coisas	 não	 estavam	 exatamente	 como	 eles	 haviam
deixado.
–	 Quem	 sentou	 na	 minha	 cadeira?	 –	 perguntou	 o	 primeiro
anão.
–	E	quem	comeu	do	meu	prato?	–	perguntou	o	segundo.
–	Quem	comeu	do	meu	pão?	–	perguntou	o	terceiro.
–	E	quem	comeu	das	minhas	verduras?	–	perguntou	o	quarto.
–	Quem	usou	o	meu	garfo?	–	perguntou	o	quinto.
–	E	quem	usou	a	minha	faca?	–	perguntou	o	sexto.
–	Quem	bebeu	do	meu	vinho?	–	perguntou	o	sétimo.
O	 primeiro	 olhou	 ao	 redor	 e	 viu	 que	 seu	 lençol	 estava
amarrotado.
–	Quem	foi	que	se	deitou	na	minha	cama?	–	perguntou	ele.
Os	outros	foram	olhar	suas	camas	e	disseram:
–	Alguém	se	deitou	na	minha	cama	também!
O	sétimo	encontrou	Branca	de	Neve	e	chamou	os	outros	para
vê-la.	Eles	vieram	correndo	com	suas	velas.
–	Oh,	céus!	Oh,	céus!	Que	linda	menina!
Não	 tiveram	 coragem	 de	 acordá-la	 e	 deixaram-na	 dormir	 lá
mesmo.	 O	 sétimo	 anão,	 por	 sua	 vez,	 teve	 de	 dormir	 com	 seus
companheiros,	uma	hora	na	cama	de	cada	um.
Ao	 despertar,	 Branca	 de	 Neve	 ficou	 assustada	 ao	 ver	 os	 sete
anões.	 Eles	 foram	muito	 amáveis	 e	 lhe	 perguntaram	 seu	 nome	 e
como	ela	havia	chegado	até	lá.	Branca	de	Neve	contou	tudo	o	que	a
madrasta	havia	tentado	fazer	contra	ela.
–	 Se	 você	 tomar	 conta	 da	 nossa	 casa,	 cozinhar,	 arrumar	 as
camas,	 lavar,	costurar	e	mantiver	 tudo	 limpo	e	arrumado,	poderá
ficar	conosco	e	nada	lhe	faltará.
–	Sim	–	respondeu	ela.	–	Eu	aceito	de	todo	o	coração.
Os	 anões	 saíam	 para	 trabalhar	muito	 cedo	 e	 só	 voltavam	 ao
cair	da	noite.	A	menina	ficava	sozinha	o	dia	todo.	Por	isso,	os	anões
lhe	avisaram:
–	Cuidado	com	a	 sua	madrasta,	 logo	ela	 saberá	que	você	está
aqui.	Não	a	deixe	entrar!
Mas	a	rainha,	achando	que	havia	comido	o	coração	de	Branca
de	 Neve,	 acreditava	 ser	 novamente	 a	 mais	 bela	 de	 todas	 e	 foi
perguntar	ao	espelho,	que	respondeu:
–	Aqui,	 no	 castelo,	 a	mais	bela	 é	 você,	 rainha!	Mas	Branca	de
Neve	 continua	 sendo	 a	mais	 bela!	 Ela	 está	 na	 floresta,	morando
com	sete	anões.
A	 rainha	 ficou	 chocada,	 pois	 aquele	 espelho	 nunca	 mentia.
Assim,	ela	pôde	concluir	que	o	caçador	a	enganara	e	que	Branca	de
Neve	ainda	estava	viva.
A	rainha	pensou	no	que	poderia	fazer	para	se	livrar	da	menina,
pois	 a	 inveja	 não	 a	 deixaria	 descansar	 nunca.	 Decidida,	 usou	 de
magia	para	disfarçar	o	rosto	e	se	vestiu	como	uma	velha	vendedora
de	 lãs,	 fitas	e	cordões	para	 roupas.	Estava	 tão	perfeita	que	nunca
seria	reconhecida.
Então	a	madrasta	foi	para	a	 floresta,	à	procura	da	casinha	dos
Sete	Anões.
Andou,	 andou	 até	 avistar	 a	 casinha	 branca,	 da	 qual	 se
aproximou	anunciando:
–	Vendo	coisas	bonitas,	tudo	bem	barato,	bem	baratinho!
–	 Bom	dia,	minha	 boa	 senhora!	O	 que	 tem	 aí	 para	 vender?	 –
perguntou	Branca	de	Neve,	da	janela.
–	Coisas	boas,	coisas	bonitas!	Cordões	de	corpete	de	todas	as
cores!	–	disse	a	rainha	disfarçando	a	voz	e	mostrando	um	cordão
de	seda	brilhante.
“Acho	que	vou	deixar	esta	senhora	entrar”,	pensou	a	menina	e
acabou	comprando	um	dos	cordões.
Branca	de	Neve	passou	o	cordão	pelos	 furos	do	corpete,	mas
não	conseguia	arrumá-lo	em	volta	da	cintura.
–	 Ó	 menina,	 mas	 que	 falta	 de	 jeito!	 Deixa	 que	 eu	 aperto	 o
corpete	para	você.
Sem	 suspeitar	 de	 nada,	 Branca	de	Neve	 se	 colocou	diante	 da
senhora	 e	 permitiu	 que	 ela	 passasse	 o	 cordão.	 Mas	 a	 rainha
apertou	tão	rápido	e	com	tanta	força	que	a	menina	perdeu	o	fôlego
e	caiu	como	se	estivesse	morta.
“Agora,	sou	eu	a	mais	bela!”,	pensou	a	rainha	e	saiu	correndo.
Pouco	 depois,	 os	 anões	 chegaram	 e	 ficaram	 assustados	 aoencontrar	sua	querida	Branca	de	Neve	caída	no	chão,	imóvel.	Eles
a	 sentaram	 e,	 vendo	 que	 o	 cordão	 estava	 muito	 apertado,	 o
cortaram.	Ela	pôde	respirar	e	logo	recuperou	a	fala.
–	A	vendedora	era	a	sua	madrasta!	–	exclamaram	eles	ao	ouvir	a
história.	 –	 Nunca	 mais	 deixe	 ninguém	 entrar	 quando	 não
estivermos	aqui.
Assim	 que	 chegou	 ao	 castelo,	 a	 rainha	 perguntou	 ao	 espelho
quem	era	a	mais	bela.	E	o	espelho	respondeu:
–	 Aqui	 no	 castelo	 a	mais	 bela	 é	 você,	 rainha!	Mas,	 Branca	 de
Neve	continua	sendo	a	mais	bela!
Ao	 ouvir	 isso,	 a	 rainha	 sentiu	 a	 inveja	 crescer	 novamente
dentro	dela:	Branca	de	Neve	ainda	estava	viva!	Dessa	vez,	a	rainha
precisaria	pensar	em	algo	que	realmente	acabasse	com	a	menina	e,
usando	de	feitiçaria,	preparou	um	lindo	pente	e	o	envenenou.
A	 rainha	 usou	 a	 magia	 para	 se	 disfarçar	 de	 modo	 diferente,
colocou	outras	roupa	e	uma	peruca,	e	partiu	para	a	floresta.	Diante
da	casinha,	bateu	na	porta	e	anunciou:
–	Pentes	baratinhos,	muito	baratinhos!	Quem	quer	comprar?
Branca	 de	 Neve	 olhou	 pela	 janela	 e	 mandou	 que	 ela	 fosse
embora,	pois	não	podia	deixar	ninguém	entrar.
–	 Mas	 acho	 que	 ao	 menos	 você	 pode	 ver,	 não?	 –	 sugeriu	 a
rainha,	mostrando	o	pente	envenenado.
Era	 tão	bonito	que	Branca	de	Neve	 ficou	encantada	e	acabou
comprando.
–	Agora,	deixe-me	pentear	você	–	propôs	a	rainha.
Branca	de	Neve	não	suspeitou	de	nada	e	deixou	que	a	mulher	a
penteasse.	Entretanto,	mal	a	rainha	colocou	o	pente	na	cabeça	da
menina,	a	jovem	caiu	no	chão,	desmaiada.
–	 Agora	 acabou,	 ó	 modelo	 de	 beleza	 perfeita!	 –	 disse,
sarcástica,	a	rainha	antes	de	fugir.
Por	sorte,	já	era	quase	fim	do	dia,	e	os	anões	estavam	voltando
para	 casa.	 Ao	 verem	 a	 menina	 caída	 no	 chão,	 imediatamente
suspeitaram	da	rainha.	Um	dos	anões	retirou	o	pente	envenenado
dos	cabelos	de	Branca	de	Neve,	que,	 voltando	a	 si,	 contou	o	que
havia	acontecido.	Mais	uma	vez,	os	anões	lhe	recomendaram	que
não	deixasse	ninguém	entrar.
A	rainha,	então,	perguntou	novamente	ao	espelho	quem	era	a
mais	bela,	e	a	resposta	foi	exatamente	a	mesma!
–	Aqui,	no	castelo,	a	mais	bela	é	você,	 rainha!	Mas,	Branca	de
Neve	continua	sendo	a	mais	bela!
A	rainha	tremeu	de	raiva	ao	ouvir	aquilo	e	jurou	que	Branca	de
Neve	morreria.
Assim,	ela	foi	para	um	quarto	secreto	do	castelo	e	lá	preparou
uma	maçã	 envenenada.	 A	 fruta	 parecia	 muito	 saborosa,	 metade
amarela,	 metade	 vermelha.	 Todos	 teriam	 vontade	 de	 comê-la.
Entretanto,	quem	dela	mordesse	um	só	pedaço	morreria.
Agora	disfarçada	como	uma	bela	jovem	vendedora	de	frutas,	a
rainha	 encheu	 uma	 cesta	 com	 maçãs	 e	 foi	 para	 a	 floresta.
Chegando	à	porta	da	casinha	dos	anões,	anunciou:
–	Quem	quer	comprar	maçãs	cheirosas	e	fresquinhas?
–	Não	posso	deixar	ninguém	entrar.	Os	anões	me	proibiram!	–
respondeu	a	menina.
–	Para	mim,	tanto	faz.	Logo,	logo	terei	vendido	todas	as	maçãs.
Vamos,	você	pode	ficar	com	uma.
–	Não,	não	posso	aceitar	nada	–	disse	Branca	de	Neve.
–	Você	tem	medo	de	que	esteja	envenenada?	Não	se	preocupe.
Veja,	 eu	 vou	 cortar	 a	 maçã	 pela	 metade.	 Você	 pega	 esta	 metade
vermelha,	e	eu	pego	a	metade	amarela.
A	maçã	havia	sido	preparada	com	muito	cuidado,	de	modo	que
só	 a	 metade	 vermelha	 ficasse	 envenenada.	 Assim,	 como	 estava
morrendo	de	 vontade	 de	 comer	 a	maçã,	 ao	 ver	 que	 a	 vendedora
comera	a	outra	metade	 sem	qualquer	problema,	Branca	de	Neve
não	 resistiu	 e	 pegou	 a	 sua	 metade.	 Entretanto,	 mal	 mordeu	 um
pedaço,	a	menina	caiu	morta	no	chão.
–	 Branca	 de	 Neve,	 de	 lábios	 vermelhos	 como	 sangue	 e	 de
cabelos	negros	como	ébano!	–	disse	a	 rainha	e	deu	uma	risada.	–
Dessa	vez,	os	anões	não	conseguirão	despertá-la!
Quando	perguntou	ao	espelho	quem	era	 a	mais	bela,	ouviu	a
tão	esperada	resposta:
–	Rainha,	você	é	a	mais	bela	de	todas	as	mulheres,	com	certeza!
E	 assim	 o	 coração	 invejoso	 da	 rainha	 descansou,	 ao	 menos
tanto	quanto	um	coração	invejoso	pode	descansar.
Quando	chegaram	em	casa,	os	 anões	 encontraram	Branca	de
Neve	 caída	 no	 chão.	 Ela	 não	 respirava	 e	 parecia	 morta.	 Eles
tentaram	 reanimá-la,	 a	 levantaram,	 procuraram	 por	 algo
envenenado,	a	 lavaram	com	água	e	vinho	e	pentearam	os	cabelos
dela,	mas	nada	funcionou.	A	pobre	menina	estava	morta.
Então,	eles	a	colocaram	em	um	caixão	da	mais	fina	madeira,	a
cobriram	de	flores,	se	sentaram	ao	redor	dela	e	choraram	por	três
longos	dias.
Pretendiam	enterrá-la,	mas	ela	parecia	ainda	estar	viva,	com	a
face	 corada	 e	 os	 cabelos	 sedosos	 e	 brilhantes.	 Não	 tiveram
coragem	 de	 enterrá-la.	 Assim,	 mandaram	 fazer	 um	 caixão	 de
cristal	 para	 que	 ela	 pudesse	 ser	 vista	 por	 todos	 e	 escreveram	 o
nome	dela	sobre	ele	em	letras	douradas,	registrando	também	que
era	a	filha	de	um	rei.	Levaram	o	caixão	para	um	lugar	tranquilo	da
floresta,	onde	um	dos	anões	sempre	ficaria	de	guarda.	Seus	amigos
da	 floresta	 também	 vieram	 chorar	 sua	 morte;	 primeiro,	 uma
coruja,	depois,	um	corvo	e,	por	fim,	uma	pomba.
Branca	de	Neve	ficou	muito,	muito	tempo	ali	e	não	mudou	em
absolutamente	 nada.	 Parecia	 dormir,	 pois	 a	 pele	 continuava
branca	 como	 a	 neve,	 as	 faces	 continuavam	 rosadas,	 os	 lábios,
vermelhos	como	o	sangue,	e	os	cabelos,	negros	como	o	ébano.
Aconteceu,	porém,	que	um	príncipe	veio	à	casinha	dos	anões
pedir	 para	 pernoitar,	 pois	 chovia	 muito	 e	 ele	 não	 conseguiria
regressar	 ao	 seu	 palácio.	 Pela	manhã,	 passeando	 pela	 floresta,	 o
príncipe	encontrou	a	bela	Branca	de	Neve	em	seu	caixão	de	cristal.
Perdidamente	 apaixonado,	 o	 príncipe	 pediu	 aos	 anões	 que	 lhe
dessem	o	caixão.
–	Dou	o	que	quiserem	em	troca!
–	Não	vamos	nos	 separar	de	Branca	de	Neve	nem	por	 todo	o
ouro	do	mundo!	–	responderam	os	anões.
–	Por	 favor,	 então	me	ofereçam	o	caixão	com	a	minha	amada
como	um	presente,	pois	não	poderei	mais	viver	sem	ver	Branca	de
Neve.	Vou	honrá-la	como	o	meu	maior	tesouro.
Os	 anões	 se	 compadeceram	 e	 deram	 o	 caixão	 ao	 príncipe
doente	de	amor.
O	príncipe	mandou	que	seus	criados	levassem	o	caixão	sobre
os	 ombros	 com	muito	 cuidado.	 No	meio	 do	 caminho,	 um	 deles
tropeçou	em	uma	raiz	de	árvore,	e	o	choque	fez	com	que	a	tampa
do	caixão	se	quebrasse	e	Branca	de	Neve	caísse	ao	chão.	O	pedaço
de	 maçã	 pulou	 de	 sua	 garganta,	 e	 a	 jovem	 acordou.	 O	 príncipe
estendeu	a	mão	para	Branca	de	Neve	e	a	sentou	em	uma	pedra.
–	Onde	estou?	Quem	é	você?	–	perguntou,	assustada.
–	 Está	 comigo,	 um	 príncipe	 que	 ama	 você	mais	 que	 tudo	 no
mundo	–	disse	ele,	 cheio	de	alegria,	 e	 lhe	contou	o	que	ocorrera.
Venha	comigo	para	o	palácio	de	meu	pai	e	seja	minha	esposa.
Branca	de	Neve	também	se	apaixonou	pelo	príncipe	e	aceitou
o	 pedido	 dele.	 O	 casamento	 foi	 marcado.	 Apesar	 de	 tudo,	 a
madrasta	também	foi	convidada	para	a	cerimônia	e,	depois	de	se
arrumar	com	seu	mais	belo	vestido,	perguntou	ao	espelho:
–	Espelho,	espelho	meu,	diga-me	se	há	no	mundo	alguém	mais
bela	do	que	eu!
–	Ó	minha	rainha,	de	seu	reino	é	a	mais	bela.	Mas	a	mais	linda
de	todas	é	a	dona	da	festa.
A	 perversa	mulher	 praguejou	 e	 partiu	 para	 o	 casamento.	 Ela
não	poderia	ficar	sem	ver	a	jovem	princesa.
Ao	entrar	no	salão	real,	 foi	anunciada	pelos	clarins.	Branca	de
Neve	 levantou-se	 e	 olhou	 para	 a	 rainha	 com	 carinho;	 afinal	 ela
também	 tinha	 sido	 sua	mãe.	Quando	 viu	 a	 linda	mulher	 em	que
Branca	de	Neve	se	transformara,	o	coração	da	madrasta	endureceu
de	raiva	e	de	inveja,	e	ela	caiu	no	chão	morta.
Branca	de	Neve	chorou	muito	e	mandou	que	levassem	a	rainha
de	 volta	 ao	 seu	 reino	 e	 que	 a	 enterrassem	 com	 seu	 espelho,	 seu
único	amigo.
O	 príncipe	 e	 sua	 linda	 princesa,	 de	 cabelos	 negros	 como	 o
ébano,	 faces	 rosadas,	 lábios	 vermelhos	 como	 o	 sangue	 e	 pele
branca	como	a	neve,	foram	felizes	para	sempre.
Obra	conforme	o	Acordo	Ortográfico	da	Língua	Portuguesa
	
©2013	Tatiana	Belinky
	
Autor:	Irmãos	Grimm
Adaptação:	Tatiana	Belinky
Ilustrações:	Franz	Richter
Projeto	gráfico:	estação	design
Conversãoem	epub:	{kolekto}
	
Direitos	de	publicação:
©	2013	Editora	Melhoramentos	Ltda.
	
1.ª	edição	digital,	agosto	de	2013
ISBN:	978-85-06-07329-2	(digital)
ISBN:	978-85-06-07293-6	(impresso)
	
Obra	baseada	na	edição	publicada	em	1946	para	a	Coleção	Biblioteca	Infantil,	da	Editora
Melhoramentos.
	
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