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242 parte Iv – reCoMpensando pessoas Recompensas financeiras e não financeiras As recompensas podem ser classificadas como: fi- nanceiras e não financeiras. As recompensas financei- ras podem ser diretas e indiretas. A Figura 2 dá uma ideia resumida a respeito disso. •» Recompensa financeira direta: consiste no pa- gamento em forma de salários, bônus, prêmios e comissões. Salário é a retribuição em dinheiro ou equivalente paga pelo empregador ao funcionário em função do cargo que exerce e dos serviços que presta durante determinado período. O salário é percebido como a contraprestação do serviço no cargo ocupado. Pode se referir ao mês ou à hora trabalhada. Os empregados horistas recebem o cor- respondente ao número de horas efetivamente tra- balhadas no mês (excluindo-se o descanso semanal remunerado – DSR) multiplicado pelo valor do sa- lário por hora. Os empregados mensalistas recebem o valor do seu salário mensal. O uso do salário horá- rio para o pessoal direto facilita o cálculo dos custos de produção: as horas trabalhadas são computadas nos custos diretos de produção, enquanto as horas não trabalhadas (DSR e férias) e os encargos sociais vão para os custos indiretos de produção. Como os mensalistas são definidos como pessoal indireto (não relacionado diretamente com o processo pro- dutivo), os seus salários e encargos sociais vão para o orçamento de despesas da organização. •» Recompensa financeira indireta: é o salário indireto decorrente de cláusulas da convenção coletiva do trabalho e do plano oferecido pela organização de benefícios e serviços sociais. In- clui férias, gratificações, gorjetas, adicionais (pe- riculosidade, insalubridade, adicional noturno, adicional de tempo de serviço, etc.), participação nos resultados, horas extraordinárias, bem como o correspondente monetário aos serviços e bene- fícios sociais oferecidos pela organização (como alimentação subsidiada, transporte subsidiado, seguro de vida em grupo, etc.). A soma da recompensa direta e indireta é a re- muneração. Assim, ela abrange todas as parcelas do salário direto, como todas as decorrências do salário indireto. Em outros termos, a remuneração é tudo o que o empregado aufere como consequência do tra- balho que realiza em uma organização. A remunera- ção é gênero e o salário é espécie. fIgura 2 Os diversos tipos de recompensas. Recompensas organizacionais Diretas Indiretas Oportunidades de desenvolvimento Reconhecimento e autoestima Segurança no emprego Qualidade de vida no trabalho Orgulho da empresa e do trabalho Promoções Liberdade e autonomia no trabalho DSR (para horistas) Férias Gratificações Gorjetas Horas extras 13o salário Adicionais Decorrências financeiras dos benefícios concedidos Salário direto Prêmios Comissões Financeiras Não financeiras CapÍtULo 9 – reMUneraÇão 243 dICa: vendo o conjunto, e não as partes As recompensas não financeiras oferecidas pela orga- nização, como oportunidades de crescimento, investimen- tos em treinamento, orgulho, autoestima, reconhecimen- to, segurança no emprego, etc., afetam a satisfação das pessoas com o sistema de remuneração. Daí, a necessidade de considerar todas as recompensas no conjunto total. salário nominal e salário real Na verdade, o salário representa a principal forma de recompensa dada pela organização. Existe o salário nominal e o salário real. O salário nominal represen- ta o valor em dinheiro fixado em contrato individual pelo cargo ocupado. Em uma economia inflacionária, quando o salário nominal não é atualizado periodi- camente, sofre erosão e consequente perda de poder aquisitivo. O salário real representa a quantidade de bens que o funcionário pode adquirir com o volume de dinheiro que recebe mensalmente e corresponde ao poder aquisitivo. O poder aquisitivo é a quantidade de mercadorias que pode ser adquirida com o salário. A mera reposição do valor real não significa aumen- to salarial: o salário nominal é alterado para atualizar e proporcionar o salário real equivalente em período anterior. Daí a distinção entre reajuste do salário (re- composição do salário real) e aumento real do salário (acréscimo do salário real). Há também o salário mínimo, que é a menor re- muneração permitida por lei para trabalhadores de um ramo de atividade econômica. Sua fixação signi- fica uma intervenção do Estado no mercado de tra- balho ou o resultado de negociações coletivas entre sindicatos de empregados e de empregadores.3 Assim, o salário pode ser considerado sob vários aspectos: •» É o pagamento de um trabalho ou de alguma ati- vidade. •» Constitui a medida do valor de um indivíduo na organização. •» Coloca a pessoa em uma hierarquia de status na or- ganização. •» Define o padrão de vida do funcionário. •» Representa um investimento para a organização que produz retorno. O salário é o núcleo das relações de intercâmbio entre as pessoas e as organizações. As pessoas aplicam tempo e esforço nas organizações e, em decorrência, recebem a remuneração, que representa a troca entre direitos e res- ponsabilidades recíprocos entre empregado e emprega- dor. A administração salarial é o processo de administrar o programa de remuneração da empresa. dICa: vários conceitos de remuneração •» Remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas dadas aos funcionários e decorrentes do seu emprego.4 •» Remuneração é a função de RH que lida com as recompensas que as pessoas recebem em troca do desempenho das tarefas organizacionais.5 •» Remuneração inclui retornos financeiros e serviços tangíveis, além de benefícios aos empregados como parte das relações de emprego.6 •» Remuneração é o pacote de recompensas quantifi- cáveis que um empregado recebe pelo seu trabalho. Inclui três componentes: remuneração básica, incen- tivos salariais e remuneração indireta/benefícios.7 •» Remuneração é um processo de troca: de um lado as expectativas de trabalho por parte da organização e, de outro, a recompensa que uma pessoa recebe pelo seu trabalho. tipos de salário Existem três tipos de salário: por unidade de tempo, por resultado e o salário-tarefa. 1. Salário por unidade de tempo: pago de acordo com o tempo que a pessoa fica à disposição da em- presa. A unidade de tempo pode ser dimensionada em uma hora, semana, quinzena ou mês. Daí os no- mes horistas ou mensalistas. 2. Salário por resultado: refere-se à quantidade ou ao número de peças ou obras produzidas pela pessoa. Abrange os sistemas de incentivos (comissões ou porcentagens) e prêmios de produção (gratificações por produtividade ou pelos negócios efetuados). 3. Salário por tarefa: é uma fusão dos dois tipos ante- riores: a pessoa está sujeita a uma jornada de traba- 244 parte Iv – reCoMpensando pessoas lho ao mesmo tempo que o salário é determinado pela quantidade de peças produzidas. Significados do salário O salário é uma contraprestação pelo trabalho de uma pessoa à organização. Em troca do dinheiro – ele- mento simbólico e intercambiável –, a pessoa empe- nha parte de si mesma, de seu esforço e de sua vida, comprometendo-se a uma atividade cotidiana e a um padrão de desempenho na organização. Para as pessoas, o trabalho é considerado um meio para atingir um objetivo intermediário, que é o salário. Segundo a teoria da espectância, o salário permite alcançar muitos objetivos finais desejados pelo indivíduo. Na prática, o salário constitui a fonte de renda que proporciona o poder aquisitivo de cada pessoa. E o poder aquisitivo define o padrão de vida e a satisfação da sua hierarquia de necessidades in- dividuais. O contracheque que o funcionário recebe da organização é o mais importante elemento para o seu poder de compra. O volume de dinheiro que a pessoa ganha serve também como indicador de po- der e prestígio, o que influencia seus sentimentos de autoestima. Em suma, a remuneração afeta as pes- soas sob o ponto de vista econômico, psicológico esociológico.8 Para a organização, o salário representa, a um só tempo, um custo e um investimento. Custo porque o salário reflete no preço do produto ou serviço final. Investimento porque representa a aplicação de dinhei- ro em um fator de produção – o trabalho – como um meio de agregar valor e obter retorno maior no curto ou médio prazo. A proporção de salários e encargos sociais em re- lação ao valor do produto ou serviço da organização depende do seu ramo de atividade. Quanto mais au- tomatizada a produção (tecnologia de capital inten- sivo), menor a participação dos salários nos custos de produção. Por outro lado, quanto maior o índice de manufatura (tecnologia de mão de obra intensi- va), maior será a incidência dos salários e encargos nos custos de produção. Em qualquer dos casos, os salários sempre representam para a organização um respeitável volume de dinheiro que precisa ser muito bem administrado. Daí a necessidade de administra- ção dos salários. exerCíCIO: salário como fonte de satisfação das necessidades humanas Relembrar a hierarquia de necessidades de Mas- low, a teoria dos dois fatores de Herzberg e a teoria da espectância, que são três importantes modelos teóricos de motivação, e utilizar os três modelos para demonstrar como o salário pode satisfazer direta ou indiretamente as necessidades humanas. composição dos salários Os salários dependem de vários fatores internos (organizacionais) e externos (ambientais) que os con- dicionam fortemente. A definição dos salários é com- plexa e envolve decisões múltiplas, pois os fatores internos e externos são inter-relacionados e exercem efeitos diferenciados sobre os salários. Esses fatores atuam independente ou harmonicamente uns com os outros, no sentido de elevar ou rebaixar os salários. Geralmente, as decisões a respeito dos salários são to- madas levando em conta todo o conjunto dos fatores internos e externos, que forma o composto salarial, como mostra a Figura 3. Situação do mercado de trabalho Conjuntura econômica (inflação, recessão, custo de vida, etc.) Sindicatos e negociações coletivas Legislação trabalhista Situação do mercado de clientes Concorrência no mercado Tipo dos cargos na organização Política de RH da organização Política salarial da organização Desempenho e capacidade financeira da organização Competitividade da organização Capacidade de pagar Fatores internos (organiza- cionais) Fatores externos (ambientais) Composição dos salários fIgura 3 Composto salarial. CapÍtULo 9 – reMUneraÇão 245 vOltandO aO CasO IntrOdutórIO: a preocupação de Rafael Rafael não é um gerente acomodado. Pelo contrá- rio, é um rapaz com espírito empreendedor e que quer crescer a todo custo. Mas a companhia não o ajuda, pois impõe sempre uma porção de trâmites e papelório que mais atrapalham do que ajudam no seu trabalho. Rafael gostaria de ter mais responsabilidade, mais autoridade e assumir mais riscos no seu trabalho. Conhece os ob- jetivos organizacionais que precisa alcançar e colabora com todas as forças para que eles sejam atingidos. Mas tem plena consciência de que seus objetivos pessoais – como enfrentar riscos e desafios, ter mais autoridade e responsabilidade, crescer pessoal e profissionalmente – são continuamente frustrados. Por vezes, tem a nítida impressão de que está na empresa errada. desenHo do sIstema de RemuneRação A remuneração é um assunto complexo, pois depende de inúmeros fatores. Há uma variedade de políticas e procedimentos de remuneração. A construção do pla- no de remuneração requer cuidados, pois provoca forte impacto nas pessoas e no desempenho da organização pelos efeitos e consequências.9 O desenho do sistema de remuneração oferece dois desafios principais: de um lado, deve capacitar a organização a alcançar seus ob- jetivos estratégicos e, de outro lado, deve ser moldado e ajustado às características únicas da organização e do ambiente externo que a envolvem.10 critérios para construção de um plano de remuneração Nove critérios são básicos na construção de um plano de remuneração:11 •» Equilíbrio interno versus equilíbrio externo: o pla- no de remuneração deve ser percebido como justo na organização ou como justo em relação ao salário do mesmo cargo em outras organizações? A equidade in- terna obedece ao princípio da justiça distributiva, que fixa os salários de acordo com as contribuições ou os insumos que os colaboradores trocam com a organi- zação. O salário representa o mais importante deles, apesar da importância dos benefícios não monetários. Nessa perspectiva psicossociológica, as pessoas estão sempre comparando o que oferecem para a organiza- ção com o retorno que dela recebem e comparando essa equação de insumo/resultado com a dos colegas dentro e fora da organização. O modelo de justiça distributiva salienta que as pessoas ficam satisfeitas quando percebem que são pagas equitativamente em relação aos colegas com trabalho similar. Por outro lado, a equidade externa obedece ao modelo do merca- do de trabalho, que fixa os salários conforme as ocupa- ções similares de outras organizações do mesmo ramo de atividade. A equidade externa alinha os salários da organização com os do mercado de trabalho. A orga- nização precisa balancear os dois tipos de equilíbrio para manter consistência em sua estrutura salarial. •» Remuneração fixa ou remuneração variável: a re- muneração pode ser paga em uma base fixa – por meio de salários mensais ou por hora – ou variar conforme critérios previamente definidos, como metas e lucros da organização. A maioria das organizações paga seus colaboradores na base de salários mensais, pois isso reduz riscos tanto para o empregador quanto para o colaborador. Outras optam por valores flexíveis para cargos elevados, como presidentes e diretores (em função dos resultados operacionais) e vendedores (na base de comissões de vendas). A Apple adota a remu- neração flexível para obter vantagens para a empresa e para os funcionários, pois eles preferem salários bai- xos em troca de ações da companhia. Claro, muitos deles ficaram milionários ou bilionários desde a déca- da de 1980. Os gerentes de lojas da Walmart trabalha- ram durante anos em troca de salários baixos e ações da companhia e não se arrependeram. Ficaram ricos. •» Desempenho ou tempo de casa: a remuneração pode enfatizar o desempenho e remunerá-lo de acordo com as contribuições individuais ou grupais ou pode enfatizar o tempo de casa do funcionário. A remuneração contingencial por desempenho pode adotar salário por produção (ganho baseado nas unidades produzidas) e comissões de vendas. Muitas empresas usam prêmios por sugestões de redução de custos, bônus pelo atendimento perfeito ao cliente ou pagamento de mérito baseado nas avaliações do desempenho. Algumas oferecem remuneração con- tingencial por tempo de casa, que proporciona um salário em função do cargo acrescido de um valor adicional em função dos anos de trabalho na casa. A progressão de salários também pode ocorrer nas promoções. Na verdade, a cultura organizacional é que vai definir qual será a ênfase a escolher. Na 3M, em que predomina a cultura de inovação, a remu- 246 parte Iv – reCoMpensando pessoas neração enfatiza o desempenho e a contribuição das pessoas aos resultados finais. •» Remuneração do cargo ou remuneração das competências: a compensação pode focalizar como um cargo contribui para os valores da organização ou como as competências da pessoa contribuem para a organização. O sistema tradicional privilegia o salário pela contribuição do cargo e não pelo ocu- pante, o cargo representa a unidade da análise para a determinação da estrutura salarial. É o cargo e não o seu ocupante que interessa. A política salarial basea- da nos cargos funciona bem quando os cargos não mudam, a tecnologia é estável, a rotatividade é bai- xa, os funcionários recebem treinamento intensivo para aprender as tarefas,os cargos são padronizados no mercado e as pessoas desejam crescer por meio de promoções na carreira. Já o sistema de remune- ração se baseia nas competências que as pessoas de- vem possuir para serem aplicadas a uma variedade de tarefas e situações.12 A remuneração aumenta na medida em que a pessoa adquire competências e se torna capaz de desempenhar atividades complexas com sucesso. A remuneração baseada no indivíduo é indicada quando a força de trabalho é educada e possui capacidade e vontade de aprender novas ta- refas, a tecnologia e a estrutura organizacional mu- dam, as oportunidades para mobilidade vertical são limitadas, a participação e o espírito de equipe são encorajados e os custos de rotatividade e absenteís- mo em termos de perdas de produção são elevados.13 •» Igualitarismo ou elitismo: a remuneração pode in- cluir o maior número possível de colaboradores sob o mesmo sistema de remuneração (igualitarismo) ou pode estabelecer diferentes planos conforme os níveis hierárquicos ou grupos de funcionários (eli- tismo). No sistema igualitário, todos os colaborado- res participam do mesmo sistema de remuneração e os planos de participação nos resultados fixam a mesma porcentagem para todos, do topo até a base da organização. Já o sistema elitista é utilizado por organizações mais antigas, bem estabelecidas no mercado e pequena competição. O elitismo reforça a tradicional hierarquia da organização. A tendência atual se move para os sistemas igualitários que dão pouca importância aos níveis hierárquicos, propor- cionando flexibilidade e encorajando maior rela- cionamento entre subordinados e gerentes e maior cooperação entre os colaboradores. •» Remuneração abaixo ou acima do mercado: os funcionários podem ser remunerados em um nível percentual abaixo ou acima do mercado. Essa escolha afeta os custos da organização e a satisfação dos colaboradores. A decisão de pagar abaixo do mercado é comum em organizações pequenas, jovens e não sindicalizadas, que ope- ram em áreas economicamente pouco desenvol- vidas e que apresentam elevada proporção de mulheres e minorias em sua força de trabalho. A decisão de pagar acima do mercado é comum em organizações que procuram reter e motivar seus colaboradores e minimizar custos de rotativida- de e absenteísmo. •» Prêmios monetários ou não monetários: o pla- no de remuneração pode enfatizar colaboradores motivados por recompensas monetárias – como salários e prêmios salariais – ou recompensas não monetárias como trabalhos mais interes- santes ou segurança no emprego. Os prêmios monetários são dados em dinheiro e reforçam a responsabilidade e o alcance individual de obje- tivos, enquanto os não monetários reforçam o comprometimento com a organização. Os prê- mios monetários predominam nas organizações que atuam em mercados voláteis com pouca segurança no emprego e que valorizam mais as vendas do que o serviço ao cliente, e entre aque- las que acentuam um clima interno competitivo em vez do comprometimento do colaborador no longo prazo. Os prêmios não monetários são in- tangíveis e incluem trabalho interessante e agra- dável, desafios e reconhecimento público. Certos prêmios não monetários podem ser transforma- dos em dinheiro no futuro (aquisição de ações da companhia ou planos de aposentadoria). •» Remuneração aberta ou remuneração confi- dencial: os funcionários podem ter acesso aber- to à informação sobre a remuneração de colegas e como as decisões salariais são tomadas (remu- neração aberta) ou esse conhecimento é evitado entre os funcionários (remuneração confiden- cial). As organizações variam quanto à maneira como comunicam os níveis de remuneração aos colaboradores. O salário aberto tem duas van- tagens sobre o salário confidencial: quando os salários são secretos, as pessoas se sentem mais sub-recompensadas do que realmente são e os ge- rentes precisam se cercar de cuidados para evitar vazamentos nas informações. Já o salário aberto força os gerentes a defenderem publicamente suas decisões; o custo de uma decisão errada é CapÍtULo 9 – reMUneraÇão 247 maior e leva os gerentes a serem menos inovado- res. A remuneração aberta é mais bem-sucedida nas organizações com grande envolvimento dos funcionários e uma cultura igualitária que pro- mova confiança e comprometimento. •» Centralização ou descentralização das decisões salariais: as decisões sobre remuneração podem ser tomadas em um órgão central ou podem ser de- legadas a executivos de unidades organizacionais. No sistema centralizado, as decisões são tomadas e controladas geralmente no departamento de re- lações humanas (DRH). No sistema descentraliza- do, as decisões são delegadas a gerentes de linha. A centralização é apropriada quando a organização considera prudente atribuir a responsabilidade a especialistas pelos registros e controles, pesquisas salariais e administração de benefícios para enfren- tar desafios legais e trabalhistas. A Monsanto des- centralizou sua função de remuneração em mea- dos de 1986, como parte de um esforço para dar maior autonomia às suas quatro unidades opera- cionais. A filosofia é corporativa, mas os padrões de desempenho e incentivos variam de uma unidade para outra. A unidade fabril mede o desempenho do funcionário por critérios como produtividade, segurança e custos, enquanto o grupo de vendas usa critérios como volume de vendas e novas ven- das. Como os gerentes de unidade são bem equipa- dos para avaliar seus funcionários em base diária, o papel do órgão de remuneração foi alterado para a definição de políticas e diretrizes básicas. Os profis- sionais de RH da Monsanto solicitam insumos so- bre remuneração de gerentes e colaboradores para monitorar as políticas e diretrizes básicas. vOltandO aO CasO IntrOdutórIO: a preocupação de Rafael Além disso, Rafael se acha pouco recompensado pelo que faz. Seu salário não faz justiça às contribui- ções que proporciona à empresa. Acha que algo está errado, mas não sabe exatamente em quê e como. Olhando os salários ao redor, Rafael não visualiza nenhuma distorção ou discrepância. Seus colegas ganham exatamente como ele. Seus diretores ga- nham proporcionalmente mais e seus subordinados proporcionalmente menos. A lógica do sistema é perfeita. Há uma fria proporcionalidade matemáti- ca nos salários internos da empresa. Mas isso não o satisfaz. conceIto de admInIstRação de saláRIos Administração de salários é o conjunto de nor- mas e procedimentos utilizado para estabelecer e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização. Como a organização é um conjunto integrado de cargos em diferentes níveis hierárquicos e em diferentes setores de atividades, a administração salarial é um assunto que envolve a organização como um todo e que repercute em to- dos os níveis e setores. Uma estrutura salarial é um conjunto de faixas salariais relacionada com os di- ferentes cargos existentes na organização. Para es- tabelecer e manter estruturas salariais equitativas e justas, torna-se necessário estabelecer duas formas de equilíbrio:14 fIgura 4 Critérios para definir a construção de um plano de remuneração. Equilíbrio interno Equilíbrio externo Remuneração fixa Remuneração variável Ênfase no desempenho Ênfase no tempo de casa Remuneração do cargo Remuneração das competências Igualitarismo Elitismo Remuneração abaixo do mercado Remuneração acima do mercado Prêmios monetários Prêmios não monetários Remuneração aberta Remuneração confidencial Decisões centralizadas Decisões descentralizadas 248 parte Iv – reCoMpensando pessoas objetivos da administração de salários O sistema de remuneração é desenhado para vários objetivos simultâneos:15 •» Atrair e reter talentos na organização. •» Engajar e desenvolver talentos na organização. •» Motivar e alcançar comprometimento do pessoal. •» Aumentar a produtividade e a qualidade no trabalho. •» Controlar custos laborais. •» Proporcionar tratamento justo eequitativo a todas as pessoas. •» Cumprir com a legislação trabalhista. •» Ajudar no alcance dos objetivos organizacionais. •» Proporcionar um ambiente de trabalho amigável e impulsionador. •» Garantir a competitividade e a sustentabilidade da organização. Alguns sistemas privilegiam algum ou alguns des- ses objetivos em detrimento de outros, como mostra a Figura 6. Política de RH da organização Política salarial da organização Avaliação de cargos Classificação de cargos Equilíbrio interno Pesquisa salarial Equilíbrio externo Estruturas salariais 1. Equilíbrio interno: consistência interna entre os salários em relação aos cargos dentro da organi- zação. O equilíbrio interno exige uma estrutura salarial justa, balanceada e bem dosada. 2. Equilíbrio externo: consistência externa dos sa- lários em relação aos mesmos cargos de outras organizações que atuam no MT. O equilíbrio ex- terno exige uma estrutura salarial compatível com o mercado. O equilíbrio interno é alcançado por meio de in- formações obtidas pela avaliação e classificação de cargos, que geralmente são baseadas em um programa prévio de descrição e análise de cargos. O equilíbrio externo é alcançado por meio de informações externas obtidas pela pesquisas de salários. Com essas informa- ções internas e externas, a organização pode traçar sua política salarial – como parte de sua política de gestão de pessoas (GP) – para normatizar os procedimentos de remuneração das pessoas. A política salarial é um aspecto particular das polí- ticas de GP da empresa. Política salarial da Hewlett-Packard Política salarial da Astra-Merck •» Ajudar a HP a continuar a atrair pessoas criativas e entusiastas que contribuam para o seu sucesso •» Remunerar como as empresas líderes do mercado •» Refletir a contribuição sustentada e relativa de cada unidade ou divisão da HP •» Ser uma empresa aberta e receptiva •» Assegurar tratamento justo e digno •» Ser inovadora, competitiva e equitativa quanto à remuneração •» Proporcionar comprometimento e responsabilida- de e incrementar o trabalho em equipe •» Balancear os interesses imediatos com os objeti- vos estratégicos •» Premiar o desempenho excelente •» Promover justiça equitativa •» Apresentar simplicidade •» Ser competitiva e pagar acima do nível do percen- til 75 no mercado de concorrentes fIgura 5 A composição da estrutura salarial. fIgura 6 Comparação entre objetivos de dois sistemas de remuneração.16