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Direito Penal - Parte Geral - Ponto 5 (29-04-2023)

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Questões resolvidas

Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima defesa uma contra a outra. Afinal, a legítima defesa pressupõe que tenha havido uma agressão injusta. Quem agride outro injustamente não está em legítima defesa. E quem se defende, por outro lado, estará amparado pela excludente. Crime de rixa – todos agentes estão cometendo, uns contra os outros, agressões injustas. Não se fala, em tese, em legítima defesa para qualquer deles. Da mesma forma, não é possível legítima defesa real x estado de necessidade real / estrito cumprimento do dever legal real / exercício regular de direito real, já que a legítima defesa exige agressão injusta e as demais excludentes de ilicitude, se reais, são comportamentos permitidos por lei. HIPÓTESES ADMISSÍVEIS: a) legítima defesa sucessiva; b) legítima defesa real x legítima defesa putativa; c) legítima defesa putativa x legítima defesa putativa ou legítima defesa putativa recíproca; d) legítima defesa real x legítima defesa subjetiva (ou excessiva). DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA: Estado de necessidade vs. Legítima defesa. Embate entre titulares de dois ou mais bens jurídicos, em situação de perigo vs. Embate entre o titular de um bem jurídico e um agressor, que age de maneira ilegítima. Perigo atual vs. Agressão humana - atual ou iminente. Perigo sem destinatário certo vs. Agressão com destinatário certo. Agente em estado de necessidade volta-se contra pessoa, animal ou coisa vs. Agente em legítima defesa se volta contra pessoa. Agente do fato necessário deve evitar a situação de perigo vs. Agente agredido não está obrigado a evitar o perigo (fugir), podendo revidar contra o agressor.

a) legítima defesa sucessiva; b) legítima defesa real x legítima defesa putativa; c) legítima defesa putativa x legítima defesa putativa ou legítima defesa putativa recíproca; d) legítima defesa real x legítima defesa subjetiva (ou excessiva).

Qual a diferença entre culpabilidade formal e material?

a) Culpabilidade formal: censurabilidade em abstrato. Culpabilidade material: censurabilidade concreta, dirigida a determinado agente culpável que praticou um fato típico e antijurídico.
b) Culpabilidade formal: censurabilidade concreta. Culpabilidade material: censurabilidade em abstrato.
c) Culpabilidade formal: censurabilidade dirigida a determinado agente culpável. Culpabilidade material: censurabilidade em abstrato.

Quais são as teorias de acessoriedade relacionadas à participação no crime?
Teoria da acessoriedade mínima: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado, pelo menos, um fato típico.
Teoria da acessoriedade limitada ou média: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado, pelo menos, um fato típico e antijurídico.
Teoria da acessoriedade extrema ou máxima: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado um fato típico, antijurídico e culpável.
Teoria da hiperacessoriedade: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado um fato típico, antijurídico, culpável e efetivamente punível.

6. Analise a opção CORRETA.
a) O excesso exculpante na legítima defesa busca eliminar a antijuridicidade, vale dizer, o fato, embora típico, deixa se ser ilícito.
b) No que se refere ao instituto do estado de necessidade, para que se possa diferenciar o estado de necessidade justificante e exculpante, pode-se destacar as denominadas teorias unitária e diferenciadora, sendo que para a unitária, todo estado de necessidade é justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
c) Para que se possa reconhecer o instituto consentimento do ofendido, doutrina enumera alguns requisitos que deverão ser preenchidos pelo agente, dentre eles que o ofendido seja capaz de consentir; que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja indisponível, que o consentimento tenha sido dado posteriormente à conduta do agente.
d) A estrutura da culpabilidade na concepção finalista preconizada por Welzel ficaria com o seguinte conteúdo, qual seja, a imputabilidade; dolo e culpa e exigibilidade de conduta diversa.

No que se refere ao conceito de antijuridicidade e às hipóteses de sua exclusão, assinale a opção CORRETA.
a) Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão proferida nos autos do procedimento de medidas protetivas de urgência, adentra no imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor.
b) A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender-se ao coautor se for de seu conhecimento a situação justificadora.
c) Age em legítima defesa aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou conta de seu automóvel, invade carro de terceiro estacionado nas proximidades e dele retira um extintor, sem autorização do proprietário.
d) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal.
e) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, conforme os valores dos bens em conflito.

Quanto à exclusão de ilicitude, é CORRETO afirmar que:
a) O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente.
b) O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é punível a título de dolo ou culpa.
c) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade.
d) No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o agente responde pelo fato criminoso.

Espécie de legítima defesa que a doutrina afirma ser inexistente, pois a situação fática não é reconhecida como legítima defesa e não exclui a ilicitude de ação:

a) Legítima defesa própria.
b) Legítima defesa putativa.
c) Legítima defesa de terceiro.
d) Legítima defesa em proteção a quem consente com a agressão de terceiro a bem indisponível.
e) Legítima defesa recíproca.

A alternativa ‘a’ trata da aberratio ictus, a alternativa ‘b’ trata da aberratio criminis e a alternativa ‘c’ trata de erro de tipo, não de erro de proibição. A letra ‘d’ está correta justamente por trazer uma descriminante putativa por erro de proibição (sinônimo de erro de proibição indireto – atenção com as nomenclaturas).
O erro de tipo, se inevitável, exclui o dolo e a culpa, tornando o fato atípico, mas, se evitável, permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Art. 20, § 3º do CP. Consideram-se as condições da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
O erro de proibição, se inevitável, exclui a culpabilidade; se evitável é causa de diminuição de pena. Art. 21 do CP.
B.
D.
A.
C.

O que caracteriza o erro de proibição indireto no contexto do Código Penal?
Trata-se de erro de proibição indireto, que ocorre quando o agente atua conhecendo a tipicidade de sua conduta, porém supõe estar ela acobertada por alguma excludente da ilicitude.
Aplica-se, no caso, a norma do art. 21 do CP.
A. O agente atua conhecendo a tipicidade de sua conduta, mas supõe estar ela acobertada por alguma excludente da ilicitude.
B. O agente atua sem conhecimento da tipicidade de sua conduta.
C. O agente atua sem saber que sua conduta é ilícita.

O que caracteriza a autoria mediata?
Autoria mediata é a modalidade de autoria em que o autor realiza indiretamente o núcleo do tipo, valendo-se de pessoa sem culpabilidade ou que age sem dolo ou culpa.
A. O autor realiza diretamente o núcleo do tipo.
B. O autor realiza indiretamente o núcleo do tipo.
C. O autor não realiza o núcleo do tipo.

O que é o excesso punível de acordo com o art. 23, Parágrafo único?

a) O agente responderá pelo excesso doloso ou culposo.
b) A lei prevê a punição pelo excesso, que pode decorrer do dolo ou da culpa.
c) Surgiram também o excesso exculpante e acidental.

Quais são as fases da culpabilidade e suas teorias?

a) Teoria Psicológica Da Culpabilidade.
b) Tem como expoentes Franz von Liszt e Ernst von Beling.
c) Concebe a culpabilidade como a relação psíquica entre o autor da conduta e o resultado praticado.

1.6.4. AUTORIA Várias teorias buscam explicar o conceito de autor. São elas:

a) Teoria subjetiva ou unitária – não distingue autor e partícipe. Todo aquele que concorre para o crime, de qualquer forma, é autor; pouco importa se realiza ou não o verbo núcleo do tipo. Fundamenta-se na teoria da equivalência dos antecedentes (qualquer colaboração para o resultado é considerada causa).
b) Teoria extensiva – também não distingue autor e partícipe. Porém, reconhece a existência de graus de responsabilidade, que permitem diminuir a pena. Também encontra fundamento na teoria da equivalência dos antecedentes. É complementada pela teoria subjetiva da participação, que, ante a necessidade de distinguir autor e partícipe, se baseou no plano subjetivo para dizer que autor é quem atua com vontade de ser autor do seu próprio crime (animus auctoris) e é partícipe quem atua com vontade de participar no crime alheio (animus socii).
c) Teoria objetiva ou dualista (conceito restrito de autor) - Distingue autor de partícipe. Essa teoria se subdivide em:

O que é a autoria mediata de acordo com o texto apresentado?

a) Alguém que se vale de uma pessoa inculpável para a execução de um crime.
b) Aquele que pratica pessoalmente a figura típica.
c) Aquele que contribui dolosamente para o resultado do crime, mesmo sem realizar o verbo núcleo do tipo.
d) Aquele que age sem dolo ou culpa, sendo o executor do crime um mero instrumento.

5. Considerando as causas excludentes da ilicitude, é CORRETO afirmar que:

a) o estado de necessidade putativo ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe encontrar-se em estado de necessidade ou quando, conhecendo a situação de fato, supõe por erro quanto à ilicitude, agir acobertado pela excludente.
b) Há estado de necessidade agressivo quando a conduta do sujeito atinge um interesse de quem causou ou contribuiu para a produção da situação de perigo.
c) De acordo com o art. 25, do Código Penal, os requisitos da legítima defesa são: a agressão atual ou iminente e a utilização dos meios necessários para repelir esta agressão.
d) O rol completo das hipóteses de excludentes de ilicitudes elencadas no art. 23 do Código Penal são: a legítima defesa, o estado de necessidade e o estrito cumprimento do dever legal.
e) Legítima defesa subjetiva é a repulsa contra o excesso.

No que se refere ao conceito de antijuridicidade e às hipóteses de sua exclusão, assinale a opção CORRETA.

a) Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão proferida nos autos do procedimento de medidas protetivas de urgência, adentra no imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor.
b) A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender-se ao coautor se for de seu conhecimento a situação justificadora.
c) Age em legítima defesa aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou conta de seu automóvel, invade carro de terceiro estacionado nas proximidades e dele retira um extintor, sem autorização do proprietário.
d) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal.
e) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, conforme os valores dos bens em conflito.

Quanto à exclusão de ilicitude, é CORRETO afirmar que:

a) O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente.
b) O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é punível a título de dolo ou culpa.
c) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade.
d) No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o agente responde pelo fato criminoso.

Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa CORRETA.
a) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se apenas a sua idade ao tempo do crime.
b) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas sempre voluntária.
c) A legislação penal brasileira adotou o critério biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade, independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
d) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
e) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.
a) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se apenas a sua idade ao tempo do crime.
b) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas sempre voluntária.
c) A legislação penal brasileira adotou o critério biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade, independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
d) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
e) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.

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Questões resolvidas

Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima defesa uma contra a outra. Afinal, a legítima defesa pressupõe que tenha havido uma agressão injusta. Quem agride outro injustamente não está em legítima defesa. E quem se defende, por outro lado, estará amparado pela excludente. Crime de rixa – todos agentes estão cometendo, uns contra os outros, agressões injustas. Não se fala, em tese, em legítima defesa para qualquer deles. Da mesma forma, não é possível legítima defesa real x estado de necessidade real / estrito cumprimento do dever legal real / exercício regular de direito real, já que a legítima defesa exige agressão injusta e as demais excludentes de ilicitude, se reais, são comportamentos permitidos por lei. HIPÓTESES ADMISSÍVEIS: a) legítima defesa sucessiva; b) legítima defesa real x legítima defesa putativa; c) legítima defesa putativa x legítima defesa putativa ou legítima defesa putativa recíproca; d) legítima defesa real x legítima defesa subjetiva (ou excessiva). DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA: Estado de necessidade vs. Legítima defesa. Embate entre titulares de dois ou mais bens jurídicos, em situação de perigo vs. Embate entre o titular de um bem jurídico e um agressor, que age de maneira ilegítima. Perigo atual vs. Agressão humana - atual ou iminente. Perigo sem destinatário certo vs. Agressão com destinatário certo. Agente em estado de necessidade volta-se contra pessoa, animal ou coisa vs. Agente em legítima defesa se volta contra pessoa. Agente do fato necessário deve evitar a situação de perigo vs. Agente agredido não está obrigado a evitar o perigo (fugir), podendo revidar contra o agressor.

a) legítima defesa sucessiva; b) legítima defesa real x legítima defesa putativa; c) legítima defesa putativa x legítima defesa putativa ou legítima defesa putativa recíproca; d) legítima defesa real x legítima defesa subjetiva (ou excessiva).

Qual a diferença entre culpabilidade formal e material?

a) Culpabilidade formal: censurabilidade em abstrato. Culpabilidade material: censurabilidade concreta, dirigida a determinado agente culpável que praticou um fato típico e antijurídico.
b) Culpabilidade formal: censurabilidade concreta. Culpabilidade material: censurabilidade em abstrato.
c) Culpabilidade formal: censurabilidade dirigida a determinado agente culpável. Culpabilidade material: censurabilidade em abstrato.

Quais são as teorias de acessoriedade relacionadas à participação no crime?
Teoria da acessoriedade mínima: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado, pelo menos, um fato típico.
Teoria da acessoriedade limitada ou média: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado, pelo menos, um fato típico e antijurídico.
Teoria da acessoriedade extrema ou máxima: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado um fato típico, antijurídico e culpável.
Teoria da hiperacessoriedade: Para a punição do partícipe, o autor deve ter praticado um fato típico, antijurídico, culpável e efetivamente punível.

6. Analise a opção CORRETA.
a) O excesso exculpante na legítima defesa busca eliminar a antijuridicidade, vale dizer, o fato, embora típico, deixa se ser ilícito.
b) No que se refere ao instituto do estado de necessidade, para que se possa diferenciar o estado de necessidade justificante e exculpante, pode-se destacar as denominadas teorias unitária e diferenciadora, sendo que para a unitária, todo estado de necessidade é justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
c) Para que se possa reconhecer o instituto consentimento do ofendido, doutrina enumera alguns requisitos que deverão ser preenchidos pelo agente, dentre eles que o ofendido seja capaz de consentir; que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja indisponível, que o consentimento tenha sido dado posteriormente à conduta do agente.
d) A estrutura da culpabilidade na concepção finalista preconizada por Welzel ficaria com o seguinte conteúdo, qual seja, a imputabilidade; dolo e culpa e exigibilidade de conduta diversa.

No que se refere ao conceito de antijuridicidade e às hipóteses de sua exclusão, assinale a opção CORRETA.
a) Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão proferida nos autos do procedimento de medidas protetivas de urgência, adentra no imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor.
b) A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender-se ao coautor se for de seu conhecimento a situação justificadora.
c) Age em legítima defesa aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou conta de seu automóvel, invade carro de terceiro estacionado nas proximidades e dele retira um extintor, sem autorização do proprietário.
d) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal.
e) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, conforme os valores dos bens em conflito.

Quanto à exclusão de ilicitude, é CORRETO afirmar que:
a) O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente.
b) O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é punível a título de dolo ou culpa.
c) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade.
d) No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o agente responde pelo fato criminoso.

Espécie de legítima defesa que a doutrina afirma ser inexistente, pois a situação fática não é reconhecida como legítima defesa e não exclui a ilicitude de ação:

a) Legítima defesa própria.
b) Legítima defesa putativa.
c) Legítima defesa de terceiro.
d) Legítima defesa em proteção a quem consente com a agressão de terceiro a bem indisponível.
e) Legítima defesa recíproca.

A alternativa ‘a’ trata da aberratio ictus, a alternativa ‘b’ trata da aberratio criminis e a alternativa ‘c’ trata de erro de tipo, não de erro de proibição. A letra ‘d’ está correta justamente por trazer uma descriminante putativa por erro de proibição (sinônimo de erro de proibição indireto – atenção com as nomenclaturas).
O erro de tipo, se inevitável, exclui o dolo e a culpa, tornando o fato atípico, mas, se evitável, permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Art. 20, § 3º do CP. Consideram-se as condições da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
O erro de proibição, se inevitável, exclui a culpabilidade; se evitável é causa de diminuição de pena. Art. 21 do CP.
B.
D.
A.
C.

O que caracteriza o erro de proibição indireto no contexto do Código Penal?
Trata-se de erro de proibição indireto, que ocorre quando o agente atua conhecendo a tipicidade de sua conduta, porém supõe estar ela acobertada por alguma excludente da ilicitude.
Aplica-se, no caso, a norma do art. 21 do CP.
A. O agente atua conhecendo a tipicidade de sua conduta, mas supõe estar ela acobertada por alguma excludente da ilicitude.
B. O agente atua sem conhecimento da tipicidade de sua conduta.
C. O agente atua sem saber que sua conduta é ilícita.

O que caracteriza a autoria mediata?
Autoria mediata é a modalidade de autoria em que o autor realiza indiretamente o núcleo do tipo, valendo-se de pessoa sem culpabilidade ou que age sem dolo ou culpa.
A. O autor realiza diretamente o núcleo do tipo.
B. O autor realiza indiretamente o núcleo do tipo.
C. O autor não realiza o núcleo do tipo.

O que é o excesso punível de acordo com o art. 23, Parágrafo único?

a) O agente responderá pelo excesso doloso ou culposo.
b) A lei prevê a punição pelo excesso, que pode decorrer do dolo ou da culpa.
c) Surgiram também o excesso exculpante e acidental.

Quais são as fases da culpabilidade e suas teorias?

a) Teoria Psicológica Da Culpabilidade.
b) Tem como expoentes Franz von Liszt e Ernst von Beling.
c) Concebe a culpabilidade como a relação psíquica entre o autor da conduta e o resultado praticado.

1.6.4. AUTORIA Várias teorias buscam explicar o conceito de autor. São elas:

a) Teoria subjetiva ou unitária – não distingue autor e partícipe. Todo aquele que concorre para o crime, de qualquer forma, é autor; pouco importa se realiza ou não o verbo núcleo do tipo. Fundamenta-se na teoria da equivalência dos antecedentes (qualquer colaboração para o resultado é considerada causa).
b) Teoria extensiva – também não distingue autor e partícipe. Porém, reconhece a existência de graus de responsabilidade, que permitem diminuir a pena. Também encontra fundamento na teoria da equivalência dos antecedentes. É complementada pela teoria subjetiva da participação, que, ante a necessidade de distinguir autor e partícipe, se baseou no plano subjetivo para dizer que autor é quem atua com vontade de ser autor do seu próprio crime (animus auctoris) e é partícipe quem atua com vontade de participar no crime alheio (animus socii).
c) Teoria objetiva ou dualista (conceito restrito de autor) - Distingue autor de partícipe. Essa teoria se subdivide em:

O que é a autoria mediata de acordo com o texto apresentado?

a) Alguém que se vale de uma pessoa inculpável para a execução de um crime.
b) Aquele que pratica pessoalmente a figura típica.
c) Aquele que contribui dolosamente para o resultado do crime, mesmo sem realizar o verbo núcleo do tipo.
d) Aquele que age sem dolo ou culpa, sendo o executor do crime um mero instrumento.

5. Considerando as causas excludentes da ilicitude, é CORRETO afirmar que:

a) o estado de necessidade putativo ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe encontrar-se em estado de necessidade ou quando, conhecendo a situação de fato, supõe por erro quanto à ilicitude, agir acobertado pela excludente.
b) Há estado de necessidade agressivo quando a conduta do sujeito atinge um interesse de quem causou ou contribuiu para a produção da situação de perigo.
c) De acordo com o art. 25, do Código Penal, os requisitos da legítima defesa são: a agressão atual ou iminente e a utilização dos meios necessários para repelir esta agressão.
d) O rol completo das hipóteses de excludentes de ilicitudes elencadas no art. 23 do Código Penal são: a legítima defesa, o estado de necessidade e o estrito cumprimento do dever legal.
e) Legítima defesa subjetiva é a repulsa contra o excesso.

No que se refere ao conceito de antijuridicidade e às hipóteses de sua exclusão, assinale a opção CORRETA.

a) Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão proferida nos autos do procedimento de medidas protetivas de urgência, adentra no imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor.
b) A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender-se ao coautor se for de seu conhecimento a situação justificadora.
c) Age em legítima defesa aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou conta de seu automóvel, invade carro de terceiro estacionado nas proximidades e dele retira um extintor, sem autorização do proprietário.
d) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal.
e) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, conforme os valores dos bens em conflito.

Quanto à exclusão de ilicitude, é CORRETO afirmar que:

a) O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente.
b) O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é punível a título de dolo ou culpa.
c) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade.
d) No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o agente responde pelo fato criminoso.

Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa CORRETA.
a) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se apenas a sua idade ao tempo do crime.
b) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas sempre voluntária.
c) A legislação penal brasileira adotou o critério biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade, independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
d) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
e) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.
a) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se apenas a sua idade ao tempo do crime.
b) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas sempre voluntária.
c) A legislação penal brasileira adotou o critério biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade, independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
d) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
e) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.

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CPF: 860.542.154-18
PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Parte Geral 
(Ponto 5) 
Ilicitude. Culpabilidade. Concurso de 
Pessoas. 
CPF: 860.542.154-18
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Direito Penal – Parte Geral 
(Ponto 5) 
Ilicitude. Culpabilidade. Concurso de 
Pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 4 
1.1. ILICITUDE (OU ANTIJURIDICIDADE) ........................................................................... 4 
1.2. CULPABILIDADE ....................................................................................................... 19 
1.3. ERRO DE TIPO .......................................................................................................... 38 
1.4. ERRO DE PROIBIÇÃO ................................................................................................ 41 
1.5. DESCRIMINANTES PUTATIVAS ................................................................................. 42 
1.6. CONCURSO DE PESSOAS .......................................................................................... 43 
2. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 58 
3. QUESTÕES ................................................................................................................... 60 
4. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 73 
 
 
 
 
 
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1. DOUTRINA (RESUMO) 
1.1. ILICITUDE (OU ANTIJURIDICIDADE) 
 
CRIME 
Fato típico Antijurídico Culpável 
 
1.1.1. CONCEITO DE ILICITUDE 
Contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico. 
 
Observação: Quer se adote a teoria causalista, quer se adote a teoria finalista 
(tripartite ou bipartite), a ilicitude é o segundo substrato do crime. 
 
Para que o crime exista é necessário que a conduta tenha gerado um resultado 
com ajuste, formal e material, a um tipo penal. Ex.: se “A” mata “B”, pratica um fato 
típico, pois a conduta se encaixa no tipo penal previsto no art. 121 do CP. 
Em seguida, é necessário verificar se esta violação típica é ou não permitida 
pelo ordenamento jurídico. Se não houver permissão, haverá ilicitude; se, porém, o fato 
não for contrário ao ordenamento, não haverá ilicitude do comportamento, 
desaparecendo, portanto, o próprio crime. É o que ocorre, por exemplo, se “A” tiver 
matado “B” em legítima defesa, atitude contemplada pela lei. Logo, embora o fato seja 
típico, não será ilícito. E, não sendo ilícito, não configura crime. 
O que é ilicitude formal e ilicitude material? 
 
• Ilicitude formal - contrariedade da conduta com o 
direito. 
• Ilicitude material - contrariedade da conduta com todo o 
ordenamento jurídico, causando lesão a um bem jurídico 
tutelado. 
 
Na análise da relação entre a tipicidade e a ilicitude, no Brasil, predomina o 
entendimento de que a tipicidade é indício da ilicitude (ratio cognoscendi). Se ocorrer 
um fato típico, ele se presume ilícito (presunção relativa). Portanto, o ônus da prova 
sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude é da defesa. 
 
1.1.2. CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (DESCRIMINANTES/ JUSTIFICANTES/ 
EXIMENTES) 
O CP traz quatro causas (genéricas) de exclusão de ilicitude no art. 23: 
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Exclusão da ilicitude 
Art. 23 Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - estado de necessidade. 
II - legítima defesa. 
III - estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito. 
 
Temos ainda causas específicas, como o aborto necessário (art. 128, I, CP): 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário 
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aponta-se, também, a existência de uma causa supralegal de exclusão da 
ilicitude (não prevista expressamente em lei): o consentimento do ofendido. Para que 
afaste a ilicitude, deve ser prévio ou ao menos concomitante à conduta. 
Para valer a excludente, é preciso que o agente tenha conhecimento de que 
age sob o seu amparo? Se considera o elemento subjetivo? 
Ex.: sujeito invade residência alheia. Ao fazê-lo, mesmo sem saber, acabou se 
salvando de ser atacado por um animal feroz que estava solto naquele local. 
Existem duas teorias a respeito: 
 
Teoria objetiva 
Não é necessário. As excludentes são objetivas. É uma teoria 
adotada, em regra, pelos causalistas, que veem a tipicidade de 
modo objetivo (sem dolo e culpa) e também a ilicitude. No 
exemplo anterior, o agente não responderia por invasão de 
domicílio (Magalhães Noronha). 
Teoria subjetiva 
(amplamente 
majoritária) 
O elemento subjetivo deve ser considerado. É a teoria mais 
compatível com o finalismo. No exemplo anterior, o agente 
responderia por invasão de domicílio (Damásio, Mirabete). 
 
1.1.2.1 ESTADO DE NECESSIDADE 
 
É o sacrifício de um bem jurídico para salvar outro (próprio ou de terceiro), de 
perigo atual e inevitável. A noção de estado de necessidade remete à ideia de 
sopesamento de bens ante uma situação adversa de risco de lesão. Ex.: ocorre um 
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naufrágio, e há apenas uma boia. A pessoa que ataca outra para ficar com a boia e salvar 
a própria vida não será responsabilizada criminalmente. 
 
Estado de necessidade 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de 
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, 
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar 
o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá 
ser reduzida de um a dois terços. 
 
1.1.2.1.1. TEORIAS SOBRE O ESTADO DE NECESSIDADE 
1.1.2.1.1.1. TEORIA UNITÁRIA (ADOTADA PELO CP) 
O estado de necessidade é sempre causa de exclusão da ilicitude e incidirá 
quando o bem sacrificado for de valor igual ou inferior ao do bem protegido. 
É o que se extrai do art. 24, caput (“cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável exigir-se”) e do § 2º (“embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito 
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços”). 
Assim, se o bem sacrificado for de valor igual ou inferior ao do bem protegido,será reconhecida a excludente de ilicitude. 
Se o bem sacrificado for de valor superior ao do bem protegido, haverá crime, 
mas é possível a diminuição da pena, de 1/3 a 2/3 (art. 24, § 2º, do CP). 
 
1.1.2.1.1.2. TEORIA DIFERENCIADORA 
Para esta teoria, o estado de necessidade pode ser tanto uma causa de exclusão 
da ilicitude quanto da culpabilidade. 
Se o bem sacrificado for de valor igual ou inferior ao do bem protegido, 
incidirá a excludente de ilicitude (estado de necessidade justificante). Ex.: arromba a 
porta de um prédio para, nele, ingressar e proteger-se de um furacão. 
Se o bem sacrificado for de valor superior ao do bem protegido, não lhe sendo 
exigível outro comportamento, estará excluída a culpabilidade (estado de necessidade 
exculpante). Na essência, é caso de inexigibilidade de conduta diversa. 
Obs. O CPM, em seu art. 39 e 45, p.ú., adotou a teoria diferenciadora. 
 
1.1.2.1.2. ESPÉCIES 
 
Próprio O agente defende bem próprio. 
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De terceiro O agente defende bem de terceiro. 
 
Defensivo 
Volta-se contra a pessoa, coisa ou animal que produziu o perigo. 
Neste caso, inexiste a obrigação de reparar o dano. 
Agressivo 
Volta-se contra a pessoa, coisa ou animal que não produziu o perigo. 
Neste caso, há obrigação de reparar o dano gerado a terceiro que 
não criou a situação de perigo. O causador do dano tem ação 
regressiva contra o causador do perigo. 
 
Real Ocorre quando a situação de perigo efetivamente existe. 
Putativo 
A situação de perigo é imaginária (não exclui a ilicitude - ver tópico 
“descriminantes putativas”, em item posterior). 
 
Justificante 
É o adotado pelo art. 24 do CP. Significa que o agente do fato 
praticado em estado de necessidade deve escolher salvar o bem 
jurídico de maior valor ou qualquer deles, se de valores idênticos. 
Trata-se de excludente de ilicitude. Ex.: matar pitbull de propriedade 
de alguém para desvencilhar-se de um ataque do animal (patrimônio 
x vida). 
Exculpante 
Significa que o agente do fato praticado em estado de necessidade 
pode escolher salvar o bem jurídico de menor valor, desde que ocorra 
inexigibilidade de conduta diversa. Trata-se de causa supralegal de 
exclusão da culpabilidade. Ex.: afirma-se que Camões, num naufrágio, 
teria salvado os manuscritos de “Os Lusíadas”, deixando morrer sua 
companheira. Não poderia ser absolvido com base numa excludente 
de ilicitude, pois o ordenamento jurídico não ampara tal conduta. 
Porém, a depender do caso concreto, pode-se considerar não ser 
exigível que o agente tivesse conduta diversa, afastando-se a 
culpabilidade. 
 
1.1.2.1.3. REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE 
a) Perigo atual 
Atual é o perigo imediato, que está ocorrendo no momento presente, gerado 
por fato humano ou comportamento de animal. 
Há duas correntes sobre o tema: 
• Abrange apenas o perigo atual, como diz a lei (Nucci). 
• Abrange o perigo atual e o iminente, ou seja, aquele que 
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está prestes a ocorrer (Flávio Monteiro de Barros). 
b) Perigo causado involuntariamente 
Não faz jus ao estado de necessidade o próprio agente que “provocou por sua 
vontade” o perigo. 
Se o agente causou o perigo dolosamente, não faz jus ao estado de 
necessidade. Ex.: João ateia fogo num ônibus de propósito. Caso se volte contra os 
ocupantes para fugir das chamas, não poderá se valer da excludente. 
Mas, e se o agente causou o perigo culposamente, há estado de necessidade? 
Três correntes: 
1) Sim. O legislador quis impedir apenas aquele que causou o perigo 
intencionalmente, de má-fé (Damásio). 
2) Não. Se a pessoa agiu levianamente, não faz jus (Nelson Hungria). 
3) É preciso verificar o caso concreto. Não é justo, por exemplo, punir quem, 
por imprudência, colocou a própria vida em perigo e danifica propriedade alheia para se 
salvar. (Nucci) 
c) Perigo e lesão inevitáveis 
É imprescindível que tanto a situação de perigo quanto a lesão praticada pelo 
agente para salvar o bem jurídico sejam inevitáveis. Havendo a possibilidade de evitar o 
perigo ou a lesão, não se configura o estado de necessidade. Ex.: ocorre um naufrágio, 
e o agente é um exímio nadador, estando perto da orla da praia. Não precisa retirar a 
boia de terceiro para se salvar. 
d) Perigo a bem jurídico próprio ou de terceiro 
É necessário que o agente atue para proteger um bem jurídico, próprio ou 
alheio. Não se configura estado de necessidade se o agente buscar tutelar um interesse 
que não goza de proteção jurídica. 
e) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo 
O § 1º do art. 24 estabelece que “não pode alegar estado de necessidade quem 
tinha o dever legal de enfrentar o perigo”. 
Prevalece que a expressão “dever legal” do art. 24 abrange todos os casos em 
que há o dever jurídico de enfrentar o perigo (art. 13, § 2º, “a”, “b” e “c” do CP). 
Ex.: bombeiro não pode alegar estado de necessidade para fugir do perigo, 
deixando de salvar pessoas em um incêndio. Mas isso não pode ser levado às últimas 
consequências. Ninguém é obrigado a sacrificar a própria vida para salvar outrem. É 
preciso que haja a possibilidade de agir no caso concreto. 
f) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado 
Trata-se de ponderação entre o bem protegido e o bem sacrificado, sob o 
prisma da proporcionalidade, devendo ser analisada pelo juiz no caso concreto. 
Pela teoria unitária, somente incidirá a excludente de ilicitude se o agente 
sacrificar um bem para proteger outro de valor maior ou igual (estado de necessidade 
justificante). Ex.: agente invade residência alheia para se proteger de um furacão ou de 
um tiroteio. 
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Se o bem sacrificado tiver valor superior ao do bem protegido, não incidirá a 
excludente de ilicitude, podendo ocorrer a hipótese do art. 24, § 2º, do CP (causa de 
diminuição de pena). 
 
Observação: Lembrar da existência da teoria diferenciadora (vista acima). 
 
Observações Finais: 
 
• 1. Não se tem admitido estado de necessidade em crimes 
habituais e permanentes. 
• 2. O furto famélico, se preenchidos determinados 
requisitos, é considerado exemplo de conduta praticada 
sob a excludente de ilicitude do estado de necessidade. 
• 3. É possível estado de necessidade x estado de 
necessidade. 
 
1.1.2.2. LEGÍTIMA DEFESA 
É a defesa contra agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou de 
terceiro, mediante o emprego dos meios necessários. 
 
Legítima defesa 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-
se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão 
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Atenção! A inclusão do parágrafo único no art. 25 do CP, trata, em tese, de nova 
modalidade de excludente de ilicitude na modalidade legítima defesa. 
Dizemos em tese, pois, na prática, o caput do art. 25 dispensa a especificação 
realizada em seu recém-publicado parágrafo único, tendo em vista que tal situação 
já se considerava contida nos seus termos fundamentais, se feita uma análise ampla 
do instituto da legítima defesa. 
Acreditamos quea inclusão feita pelo Pacote Anticrime tem razões muito mais 
políticas que jurídicas, já que uma das promessas de campanha do atual Presidente 
da República foi justamente o envio do projeto de lei prevendo que agentes de 
segurança pública envolvidos em operações de “Garantia de Lei e de Ordem” não 
fossem punidos por atos definidos como legítima defesa. 
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Como podemos perceber, ao fim e ao cabo, “o agente de segurança pública que 
repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de 
crimes” – parágrafo único do art. 25 do CP - é exatamente “quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, 
a direito de outrem” – art. 25, caput, do CP. 
Assim, a essência da legitima defesa permanece a mesma, mudando apenas a sua 
fundamentação legal, que, em se tratando de agentes de segurança pública, passa a 
ser o parágrafo único do art. 25 do CP e não mais o seu caput. 
 
1.1.2.2.1 REQUISITOS DA LEGITIMA DEFESA 
a) Agressão injusta 
Agressão é a conduta humana (comissiva ou omissiva) que atinge ou coloca em 
perigo um bem jurídico. Entende-se que agressão injusta é a agressão ilícita, ou seja, 
contrária ao direito, mas não necessariamente típica. 
Portanto, em princípio, se o agente, para se defender de um ataque 
espontâneo de um animal, volta-se contra ele, não podemos falar em legítima defesa 
(por ausência de conduta humana), mas sim em estado de necessidade. Porém, se o 
animal for instado por alguém a atacar, é possível haver legítima defesa, porque, neste 
caso, houve conduta humana configuradora de agressão injusta. 
Além disso, prevalece o entendimento de que é possível legítima defesa contra 
agressão injusta de inimputável, já que a justiça ou injustiça da conduta independe da 
consciência do agressor. 
Por fim, discute-se se a agressão injusta comporta tanto a modalidade dolosa 
quanto a culposa, prevalecendo a posição que admite as duas. Porém, registre-se que 
há corrente no sentido de que somente se admite o ataque doloso e dirigido a 
destinatário certo, pois o culposo, sem destinatário determinado, caracteriza perigo 
atual, permitindo a descriminante do estado de necessidade, e não da legítima defesa 
(Luiz Regis Prado). 
b) Agressão atual ou iminente 
Atual é a agressão que está ocorrendo em momento presente. Iminente é a 
agressão que está em vias de ocorrer. Não se admite legítima defesa contra agressão 
passada e nem contra a futura e incerta. 
 
Observação: Legítima defesa antecipada – se dá quando a agressão injusta é futura, 
porém certa. 
 
c) Uso moderado dos meios necessários 
Consiste na proporcionalidade entre o ataque e a defesa. 
Meio necessário é o menos lesivo dentre aqueles existentes à disposição do 
agente, apto a repelir o ataque. 
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O meio necessário deve ser usado com moderação, ou seja, na extensão 
suficiente a repelir o ataque, sem excesso. 
d) Proteção a direito próprio ou de terceiro 
A legítima defesa pode ser invocada para proteção de qualquer bem jurídico 
(vida, integridade física, patrimônio), do próprio agente ou de terceiro. 
É possível a legítima defesa da honra? 
Tema controvertido. 
Entendemos que sim, a honra é um bem jurídico e pode ser tutelada por meio 
da legítima defesa. Ex.: determinar que o segurança retire alguém que está ofendendo 
verbalmente outra pessoa, ou até mesmo machucando o agressor. 
Porém, é preciso que os requisitos da legítima defesa estejam presentes. Não 
se pode admitir que alguém mate outra pessoa para proteger a própria honra, pois há 
uma desproporcionalidade entre bens jurídicos envolvidos (vida x honra). 
Da mesma forma, não se pode reconhecer que atua em legítima defesa da 
honra, por exemplo, o marido que mata a esposa adúltera (ou vice-versa) para proteger 
sua honra (no júri, às vezes, a defesa alega a existência de violenta emoção após injusta 
provocação da vítima ou inexigibilidade de conduta diversa). 
Para defender terceiro, é preciso que haja anuência? 
 Ex.: pessoa vê outra sendo assaltada. Para intervir, precisa que a vítima do 
assalto concorde? Duas posições: 
1C- Não precisa de autorização (Aníbal Bruno). 
2C- Depende da natureza do bem jurídico. Se o bem for indisponível, não 
precisa de autorização. Se for bem disponível, precisa (Francisco de Assis Toledo). 
 
Observação! Diferentemente do estado de necessidade, não é preciso que a conduta 
praticada em legítima defesa seja inevitável. Em outras palavras, no estado de 
necessidade, espera-se que a pessoa evite o perigo. Já, na legítima defesa, isso não é 
necessário. 
 
Se a pessoa pode fugir ou enfrentar o perigo, caso opte por fugir, ocorre o 
denominado commodus discessus (saída mais cômoda). Na legítima defesa, a vítima não 
é obrigada a adotar o commodus discessus. Já, no estado de necessidade, sim, ou seja, 
deve evitar o perigo. 
 
Observação! Não existe legítima defesa presumida (ex.: não se presume que atua em 
legítima defesa quem mata invasor do domicílio). É preciso verificar os requisitos no 
caso concreto. 
 
1.1.2.2.1.1. LEGÍTIMA DEFESA E ERRO NA EXECUÇÃO 
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No âmbito da legítima defesa, pode ocorrer a hipótese de aberratio ictus ou 
erro na execução, cuja previsão encontra-se no art. 73 do CP. 
 
Erro na execução 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º 
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente 
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
Ex.: vítima, ao repelir injusta agressão, para se defender do algoz que pretendia 
matá-la, efetua um disparo contra ele, mas erra o tiro e atinge terceiro inocente. 
Subsiste a legítima defesa, pois a reação deve ser considerada como se praticada contra 
o real agressor, desprezando-se as características da vítima efetiva. 
 
1.1.2.2.1.2. LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA OU EXCESSIVA 
É a hipótese em que o agente, por erro escusável, se excede na legítima defesa 
(excesso exculpante). Ou seja, qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias de fato, 
também se excederia. É uma causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa, 
que exclui, portanto, a culpabilidade. 
Quando se configura o excesso, o sujeito, até então agressor, passa a poder se 
defender, pois, contra ele está sendo praticada uma agressão injusta. 
 
1.1.2.2.1.3. LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA 
Hipótese na qual o agente, por erro, acredita estar agindo em legítima defesa. 
Trataremos melhor disso no tópico “descriminantes putativas”. 
 
1.1.2.2.2. HIPÓTESES INADMISSÍVEIS 
 
Legítima defesa 
real 
X 
Legítima defesa real 
Estado de necessidade real 
Estrito cumprimento de dever legal real 
Exercício regular de direito real 
 
Legítima defesa real x legítima defesa real (legítima defesa simultânea ou 
recíproca) - Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima 
defesa uma contra a outra. Afinal, a legítima defesa pressupõe que tenha havido uma 
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agressão injusta. Quem agride outro injustamente não está em legítima defesa. E quem 
se defende, por outro lado, estará amparado pela excludente. 
Crime de rixa – todos agentes estão cometendo, uns contra os outros, 
agressões injustas. Não se fala, em tese, em legítima defesa para qualquer deles. 
Da mesma forma, não é possível legítima defesa real x estado de necessidade 
real / estrito cumprimento do dever legal real / exercício regular de direito real, já que 
a legítima defesa exige agressão injusta e as demais excludentes de ilicitude, se reais, 
são comportamentos permitidos por lei. 
 
1.1.2.2.3. HIPÓTESES ADMISSÍVEIS 
a) legítima defesa sucessiva 
É a reação do agressor contra o excesso (abuso) da vítima que atua em legítima 
defesa. Ex.: “A” inicia a subtração da carteira de “B”. Este, para defender seu patrimônio, 
empurra “A”, mas começa a agredi-lo incessantemente (excesso). “A” pode empregar 
força física contra “B”, para se defender. 
b) legítima defesa real x legítima defesa putativa 
Ex.: “A” coloca a mão no bolso para pegar o celular. “B” pensa que ele vai pegar 
uma arma e, para se defender, saca um revólver (legítima defesa putativa). “A”, para se 
defender de “B”, usa o celular como instrumento contundente, atingindo a cabeça de 
“B” (legítima defesa real). 
c) legítima defesa putativa x legítima defesa putativa ou legítima defesa 
putativa recíproca 
Ex.: “A” e “B”, inimigos mortais, se encontram. Cada um coloca a mão no bolso. 
Cada um pensando que sofreria um ataque com arma de fogo agarra o outro, e entram 
em luta corporal. Contudo, “A” pegaria apenas um celular, e “B”, um lenço. 
d) legítima defesa real x legítima defesa subjetiva (ou excessiva) 
Ver tópico “legítima defesa subjetiva” acima. 
 
1.1.2.2.4. DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA 
 
Estado de necessidade Legítima defesa 
Embate entre titulares de dois ou mais 
bens jurídicos, em situação de perigo. 
Embate entre o titular de um bem 
jurídico e um agressor, que age de 
maneira ilegítima. 
Perigo atual. Agressão humana - atual ou iminente. 
Perigo sem destinatário certo. Agressão com destinatário certo. 
Agente em estado de necessidade volta-se 
contra pessoa, animal ou coisa. 
Agente em legítima defesa se volta 
contra pessoa. 
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Agente do fato necessário deve evitar a 
situação de perigo. A fuga é preferível. 
Agente agredido não está obrigado a 
evitar o perigo (fugir), podendo revidar 
contra o agressor. 
 
1.1.2.3. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
É justificante que compreende a prática de uma conduta, realizada por 
cidadãos comuns, autorizada por lei, tornando lícito um fato típico. Afinal, se a própria 
lei permite certa conduta, não faria sentido considerá-la também ilícita. 
A conduta pode ser autorizada tanto pela lei penal quanto por lei de outra 
natureza. Ex.: mulher estuprada tem o direito de abortar – autorização prevista no CP 
(art. 128, II); o possuidor de boa-fé pode exercer o direito de retenção pelo valor das 
benfeitorias necessárias e úteis – autorização prevista no CC/02 (art. 1.219). 
A proporcionalidade, a indispensabilidade e o conhecimento do agente, quanto 
ao seu atuar permitido pela lei, são requisitos desta justificante. 
 
Observação! Para a teoria da tipicidade conglobante, o exercício regular de direito 
migra da ilicitude para a tipicidade, sendo causa de sua exclusão. 
 
Lesão nos esportes – desde que observadas as regras regulamentares, as lesões 
causadas constituem exercício regular de direito, já que o Estado incentiva a prática 
esportiva. Ex.: boxe, MMA etc. 
Porém, o excesso derivado do descumprimento das normas regulamentares é 
punível, a título de dolo ou culpa. Ex.: lutador é nocauteado, e juiz intervém para parar 
a luta. O outro atleta empurra o juiz e continua atacando o lutador desmaiado. 
Execução da prisão em flagrante por qualquer um do povo: – é exercício 
regular do direito. O Estado incentiva o cidadão a atuar em seu lugar. 
 
Observação: Estupro de marido contra esposa – no passado, já se afirmou que seria 
exercício regular de direito. Esse entendimento não encontra mais qualquer tipo de 
amparo. É crime! 
Observação 2: Súmula 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante 
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”. 
 
1.1.2.3.1 OFENDÍCULOS 
São aparatos ou animais utilizados com o fim de proteger um interesse jurídico 
de ataques futuros. Ex.: cerca, cerca elétrica, arames, cacos de vidro colados em cima 
do muro, lanças na parte de cima dos portões etc. 
Devem ser visíveis, tendo por objetivo proteger determinado interesse jurídico, 
e não lesionar terceiros. Ademais, devem respeitar os requisitos do art. 25 (moderação). 
Do contrário, permitem punição pelo excesso, doloso ou culposo. Por exemplo: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
15 
 
armadilha montada com fuzil que dispara ao abrir a porta / cerca eletrificada com 
voltagem suficiente para eliminar a vida de qualquer pessoa que toque nela - meios 
imoderados. 
Qual a natureza jurídica dos ofendículos? Duas correntes: 
 
Exercício regular de 
direito 
Trata-se de um direito legítimo do titular do bem jurídico. 
Essa posição dá enfoque no momento em que o 
ofendículo é colocado e ainda não foi acionado. 
Legítima defesa 
preordenada 
Ao funcionar, repelindo agressão injusta, o ofendículo 
configura a legítima defesa. 
 
1.1.2.4. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 
É a prática de uma conduta determinada pela lei (que deve ser entendida em 
seu sentido amplo, englobando, portanto, lei em sentido estrito, atos administrativos 
emitidos em estrita correspondência à lei, cumprimento de decisões judiciais, etc.), 
tornando lícito um fato típico, pois, não raras vezes, o agente público, no desempenho 
de suas atividades, é obrigado a intervir de forma lesiva sobre determinados bens 
jurídicos. Essa intervenção, dentro dos limites aceitáveis, estará justificada pelo estrito 
cumprimento do dever legal. 
Apesar de debate doutrinário, prevalece que tal excludente pode ser invocada 
não só por funcionário público ou particular no exercício de função pública, mas 
também por particular quando atua no cumprimento de dever legal. Ex.: advogado que 
se recusa a depor sobre fatos que tomou conhecimento no exercício da função não 
comete falso testemunho (Lei 8.906/1994, art. 7º, XIX). 
O estrito cumprimento de dever legal é incompatível com delitos culposos, pois 
não há determinação legal para a atuação imprudente, negligente ou imperita. Contudo, 
no caso concreto, é possível que a conduta culposa esteja amparada pelo estado de 
necessidade. Ex.: policial conduz viatura em alta velocidade para salvar uma pessoa em 
perigo iminente, danificando outro veículo no trajeto. 
O estrito cumprimento de dever legal se comunica aos demais agentes 
envolvidos no fato. 
 
Observação! Para a teoria da tipicidade conglobante, o exercício regular de direito 
exclui a tipicidade, assim como no estrito cumprimento. 
 
Vejamos as principais diferenças entre estrito cumprimento de dever legal e 
exercício regular de direito: 
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16 
 
Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de direito 
O estrito cumprimento de dever legal 
envolveum mandamento, um dever, 
como o nome já diz. 
O exercício regular de direito envolve uma 
faculdade do agente, que pode ou não agir. 
O estrito cumprimento do dever legal 
tem origem na lei. 
A expressão “direito” abrange qualquer 
fonte do direito (leis, regulamentos, 
decretos etc.). 
 
1.1.2.5. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
Trata-se de causa supralegal de exclusão da ilicitude, significando que um bem 
jurídico disponível possa ser perdido, se houver concordância do seu titular. 
 
Observação: Quando o dissentimento integrar o próprio tipo penal, como sua 
elementar, o consentimento do ofendido exclui o próprio fato típico. Ex.: a violação 
de domicílio (art. 150 do CP) tem por fundamento justo o dissenso do proprietário. 
Se este concorda que entrem em sua casa, não há fato típico. 
Atenção! Não há óbice ao reconhecimento do consentimento do ofendido em se 
tratando de crimes culposos, pois a vítima pode aceitar a conduta descuidada do 
agente e seja por esta atingida. 
 
1.1.2.5.1. REQUISITOS DO CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
a) Consentimento livre e válido (sem coação, vício ou fraude) 
Se a vítima foi forçada ou enganada a consentir, não há a excludente. 
b) Consentimento inequívoco 
A doutrina tradicional exige que o consentimento seja explícito. Porém, vários 
autores têm exigido apenas que seja inequívoco, podendo ser explícito ou implícito. Ex.: 
dono de pomar vê pessoas retirando frutas e simplesmente aquiesce, quer falando para 
continuarem, quer deixando de tomar qualquer atitude. 
Seja como for, não existe consentimento presumido. 
c) Capacidade do ofendido para consentir 
Em princípio, coincide com a maioridade civil (18 anos). Contudo, a depender 
do interesse, é possível em se tratando de idade menor. Ex.: concorda que o amigo fique 
com um jogo de videogame velho. 
d) Disponibilidade do bem 
Tem-se entendido que não pode ser reconhecida a excludente se o bem jurídico 
for indisponível, pois sobre estes incide o interesse do Estado na sua tutela. 
Por tal razão, afirma-se que é ilícita a conduta de quem pratica eutanásia, pelo 
fato de o bem jurídico vida ser indisponível. 
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17 
 
Observação: Para a doutrina moderna a integridade física é bem jurídico disponível 
em caso de lesão corporal leve e que não contrarie a moral e aos bons costumes (ex. 
tatuagem, piercing). 
 
e) Consentimento anterior ou concomitante ao ato 
O consentimento não pode ser dado posteriormente. Ex.: sujeito furta celular 
da vítima. Vítima resolve não tomar atitude, porque estava querendo um aparelho novo. 
Ainda assim, não fica afastado o crime de furto. 
 
1.1.3. EXCESSO NAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
 
Excesso punível 
Art. 23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, 
responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
 
A lei prevê a punição pelo excesso, ou seja, um atuar que extrapola os limites 
da inicial situação de legalidade, e que pode decorrer do dolo (consciência e vontade) 
ou da culpa (inobservância do dever de cuidado). 
Por construção doutrinária e jurisprudencial, surgiram também o excesso 
exculpante e acidental. 
 
Doloso 
Também chamado de excesso voluntário. O agente, 
deliberadamente, se excede no modo ou no uso do meio escolhido 
para a reação. Ex.: agente aborda vítima no trânsito e pede que 
entregue o celular. A vítima acelera o carro e atinge o assaltante, que 
cai desmaiado. Em seguida, intencionalmente, dá ré no veículo para 
passar com este sobre o corpo do bandido. Responderá pelo excesso 
doloso. 
Culposo 
Também chamado de excesso involuntário. O agente, por 
imprudência, negligência ou imperícia, exagera no meio ou no uso do 
meio escolhido para a reação. Responderá o agente pelo resultado 
causado, a título de culpa. 
Exculpante 
É o excesso que decorre de medo, perturbação de ânimo ou surpresa 
no ataque, encontrando fundamento na inexigibilidade de conduta 
diversa. É uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade por 
inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: pessoa atacada fica apavorada 
e acaba reagindo com excesso. 
Acidental 
É o excesso decorrente de acidente, caso fortuito ou força maior. É 
irrelevante ao direito penal. Ex.: vítima atira para cima com arma de 
fogo e o agressor sai correndo, desequilibrando-se e batendo a 
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cabeça na calçada, vindo a falecer. Sendo o excesso acidental, não 
pode o agente responder a título de dolo nem culpa. 
 
Fala-se, ainda, em excesso intensivo (próprio) e extensivo (impróprio). 
 
Intensivo 
(próprio) 
É o exagero (o verdadeiro excesso), dado o limite temporal da defesa. 
Ocorre durante a agressão. O agente não atua de forma moderada, 
deixando de utilizar o meio necessário e utilizando outro inadequado 
ou exagerado para reagir à agressão. 
Extensivo 
(impróprio) 
É a superação do limite temporal para a atuação do agente. Depois 
de cessada a agressão, ou seja, já ultrapassada a situação de agressão 
injusta (atual ou iminente), o agente reage. Uma vez que não estão 
presentes os requisitos legais da excludente de ilicitude, responderá 
o agente pelo delito praticado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.2. CULPABILIDADE 
1.2.1. CONCEITO 
Último elemento do crime a ser estudado, a culpabilidade é o juízo de 
reprovação social que incide sobre o fato típico e ilícito. É juízo relativo à necessidade 
de aplicação da sanção penal. Lembrem-se: 
- Teoria causalista – culpabilidade integra o conceito de crime. Dolo e culpa estão 
na culpabilidade (crime = fato típico + antijurídico + culpável). 
- Teoria finalista tripartite - culpabilidade integra o conceito de crime. Dolo e 
culpa estão no fato típico (crime = fato típico + antijurídico + culpável). 
- Teoria finalista bipartite – culpabilidade não integra o conceito de crime, sendo 
apenas um pressuposto de aplicação da pena. Dolo e culpa estão no fato típico (crime = 
fato típico + antijurídico). 
Atenção! A culpabilidade possui três funções: 
1. Fundamento da Pena: se o fato não é culpável, a pena não será aplicada. Ex: no 
perdão judicial. 
2. Limite da Pena: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas 
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade” (art. 29 do CP). 
3. Fator de Graduação da Pena ou Circunstância Judicial: o juiz deverá analisar a 
culpabilidade, dentre outros critérios, para (art. 59 do CP): 
- Estabelecer a pena aplicável 
- Fixar a quantidade de pena aplicável 
- Determinar o regime inicial de cumprimento de pena 
- Analisa a possível substituição da pena privativa de liberdade. 
Qual a diferença entre culpabilidade formal e material? 
Culpabilidade 
formal 
Censurabilidade em abstrato. Serve de norte para o legislador 
cominar os limites mínimo e máximo da sanção penal. 
Culpabilidade 
material 
Censurabilidade concreta, dirigida a determinado agente 
culpável que praticou um fato típico e antijurídico, servindo 
como fundamento para o juiz fixar a pena no caso concreto. É viés 
positivado no art. 59, caput, do CP. 
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1.2.2. FASES DA CULPABILIDADE ESUAS TEORIAS 
1.2.2.1. Teoria Psicológica Da Culpabilidade 
Tem como expoentes Franz von Liszt e Ernst von Beling (séc. XIX). Coaduna-se 
com a visão causalista do crime. A teoria causalista submete o direito penal às regras 
inerentes às ciências naturais, orientadas pelas leis da causalidade. 
Para os clássicos, a conduta é o movimento corporal voluntário que produz 
modificações no mundo exterior. A conduta é elemento do fato típico, ao passo que o 
dolo e a culpa estão na culpabilidade, sendo suas espécies. 
O pressuposto fundamental do terceiro substrato do crime é a imputabilidade, 
compreendida como a capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito do fato 
e determinar-se conforme tal entendimento. 
A teoria psicológica concebe a culpabilidade como a relação psíquica entre o 
autor da conduta e o resultado praticado, na forma de dolo ou culpa. 
Para a Teoria Psicológica, o dolo é composto por: 
• Elemento cognitivo: consciência da conduta + resultado + nexo causal. 
• Elemento volitivo: vontade na prática da conduta e na produção do resultado. 
• Elemento normativo: consciência da ilicitude (dolo normativo). 
Fato típico Antijurídico Culpável 
Conduta (sem análise 
de finalidade) 
Resultado 
Nexo causal 
Tipicidade 
 
Pressuposto da culpabilidade: 
Imputabilidade 
Espécies de culpabilidade: 
Dolo/culpa (dolo normativo, pois 
contém a consciência da ilicitude) 
Atenção: dolo e culpa são espécies e 
não elementos da culpabilidade, como 
na teoria psicológico-normativa. 
1.2.2.2. Teoria Psicológico-Normativa Ou Normativa Da Culpabilidade 
Defendida por Reinhart Frank (1907). Coaduna-se com a visão neokantista ou 
neoclássica do crime. 
A culpabilidade deixa de ser somente um vínculo psicológico entre o autor e o 
fato, abrangendo, também, um juízo de reprovação ou de censura (elemento normativo 
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21 
 
- inicialmente chamado de normalidade das circunstâncias concomitantes e atualmente 
denominado inexigibilidade de conduta diversa). 
Para entender melhor a nomenclatura, lembre-se do elemento normativo do 
tipo quando analisamos crimes em espécie: é normativo porque exige uma valoração do 
julgador no caso concreto (ex.: no crime de concussão, a vantagem exigida deve ser 
indevida – elemento normativo). 
Reinhard Frank afirmava que o juízo de censura somente seria admissível caso o 
agente atuasse no estado normal das circunstâncias envolvendo a conduta. Por outro 
lado, circunstâncias anormais, afastariam a culpabilidade. 
A culpabilidade passa a conter três elementos: imputabilidade + dolo e culpa + 
exigibilidade de conduta diversa. 
O dolo era normativo: abrangia, em seu bojo, a consciência atual da ilicitude do 
caráter do fato (é preciso analisar a sua ocorrência para confirmar o dolo). 
Fato típico Antijurídico Culpável 
Conduta 
Resultado 
Nexo causal 
Tipicidade 
 Elementos da Culpabilidade: 
> Imputabilidade 
Atenção: a imputabilidade deixa de ser um 
pressuposto da culpabilidade e passa a ser 
um dos seus elementos. 
> Dolo/culpa (dolo normativo, composto 
da consciência atual da ilicitude) 
Atenção: dolo e culpa são elementos e não 
espécies da culpabilidade. 
> Exigibilidade de conduta diversa 
1.2.2.3. Teoria Normativa Pura Da Culpabilidade Ou Extremada Da 
Culpabilidade 
A teoria surge em meados do século XX. A concepção de culpabilidade sofre 
profundas modificações com o finalismo de Welzel. 
Na concepção finalista, a conduta passa a ser vista como comportamento 
humano consciente e voluntário, dirigido a uma finalidade. 
Quanto à culpabilidade, a maior alteração da teoria foi retirar o dolo e a culpa 
do terceiro substrato do crime, transferindo-os para a conduta, elemento integrante 
do fato típico. Desta forma, a culpabilidade é chamada de normativa pura, pois 
dissociada dos elementos psicológicos (dolo e culpa). 
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No finalismo, a culpabilidade tem função primordial como substrato do crime, e 
pode ser conceituada como o juízo de censura ou de reprovabilidade que incide sobre o 
fato típico e ilícito. 
Integram a culpabilidade: imputabilidade + potencial consciência da ilicitude + 
exigibilidade de conduta diversa. 
O dolo passa a ser natural, ou seja, sem a consciência da ilicitude (elemento 
normativo que caracteriza o dolo normativo). Ademais, este último elemento - que no 
sistema clássico era atual e integrante do dolo -, passa a ser potencial, tornando-se item 
autônomo da culpabilidade. 
Fato típico Antijurídico Culpável 
Conduta (com finalidade – 
dolo /culpa) 
Resultado 
Nexo causal 
Tipicidade 
 Imputabilidade 
Exigibilidade de conduta 
diversa 
Consciência potencial da 
ilicitude 
1.2.2.4. Teoria Limitada Da Culpabilidade X Teoria Extremada Da Culpabilidade 
Há que se destacar que a teoria normativa pura pode ser dividida em duas 
vertentes, que se baseiam nas mesmas premissas e divergem apenas no que concerne 
ao tratamento das descriminantes putativas (hipóteses de erro sobre os pressupostos 
fáticos, sobre a existência ou limites das excludentes de ilicitude). Assim, no tocante à 
natureza jurídica das descriminantes putativas, temos: 
Teoria Extremada da Culpabilidade Teoria Limitada da Culpabilidade 
Todas as descriminantes putativas têm 
natureza jurídica de erro de proibição. 
Assim, sempre são excludentes de 
culpabilidade, na forma legal. 
É a teoria unitária do erro. 
As descriminantes putativas têm 
natureza jurídica de erro de tipo, quando 
o engano recair sobre os pressupostos do 
fato; ou de erro de proibição, quando o 
erro recair sobre a existência ou os limites 
de uma causa putativa de exclusão da 
ilicitude. 
Apesar de toda a discussão doutrinária a respeito do tema, é possível afirmar, a 
partir do tratamento do erro (de tipo e de proibição), que CP adotou a teoria limitada 
da culpabilidade. Veja o item 19 da Exposição de Motivos do Código: 
Item 19. Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas 
"descriminantes putativas". Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada pela 
culpabilidade, que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma 
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23 
 
causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código 
vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1º). 
Aprofundaremos o tema a seguir. 
1.2.2.5. Teoria Da Coculpabilidade 
De acordo com Eugenio Raul Zaffaroni, coculpabilidade é a corresponsabilidade 
social do Estado no cometimento de determinados delitos, praticados por cidadãos que 
possuem menor âmbito de autodeterminação, diante das circunstâncias do caso 
concreto, principalmente no que se refere a condições sociais e econômicas do agente, 
o que ensejaria menor reprovação social. 
Assim, a teoria da coculpabilidade depende da análise, no caso concreto, da 
evidência de que o Estado deixou de prestar a devida assistência ao agente. 
A teoria da coculpabilidade é rechaçada pelos Tribunais Superiores quando 
colocada como hipótese de exclusão da culpabilidade: 
“(...) Não há, no ordenamento jurídico, qualquer previsão que permita a exclusão da 
culpabilidade do réu pela coculpabilidade do Estado. A tese da coculpabilidade do 
Estado olvida do princípio do livre-arbítrio e mascara que a miséria ou o abandono 
social pode eventualmente predispor ao crime,mas não o engendra mecanicamente. 
(...) (TRF 3ª Região, 5ª T. - Apelação criminal - 41715 - 0001115-46.2009.4.03.6006, j. 
13/09/2010). 
“(...) A teoria da coculpabilidade atribui ao Estado parte da responsabilidade pelos 
delitos praticados por determinados agentes, que praticam crimes por não terem 
outras oportunidades, em razão de problemas e desigualdades sociais. Segundo essa 
teoria, não haveria exclusão da culpabilidade do agente, mas tais circunstâncias 
poderiam ser ponderadas pelo magistrado na dosimetria da pena, com base no 
artigo 66, do CP. (...)“ (TRF 3ª Região, 5ª T., Apelação Criminal 66572 - 0005577-
85.2015.4.03.6119, j. 22/08/2016). 
Percebe-se, assim, que tais circunstâncias externas não excluem a culpabilidade, 
mas poderiam servir como causa atenuante de pena, derivada da divisão da 
responsabilidade entre o sujeito e a sociedade, que arca com parcela da culpa por ter 
contribuído com a infração. 
Logo, em tese, a teoria poderia ser aplicada no ordenamento brasileiro, 
funcionando como atenuante inominada ou forma de diminuição da pena base, à luz 
das circunstâncias judiciais previstas nos arts. 66 e 59. Veja a redação dos artigos: 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, 
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
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bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime. 
O STJ entende possível, em tese, a adoção da teoria. Neste sentido: 
ATENUANTE GENÉRICA. ART. 66 DO CÓDIGO PENAL. COCULPABILIDADE. 
NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS. WRIT NÃO CONHECIDO. 
1. A atenuante genérica prevista no art. 66 do Código Penal pode se valer da teoria 
da coculpabilidade como embasamento, pois trata-se de previsão genérica, que 
permite ao magistrado considerar qualquer fato relevante - anterior ou posterior à 
prática da conduta delitiva - mesmo que não expressamente previsto em lei, para 
reduzir a sanção imposta ao réu; 2. No caso destes autos não há elementos pré-
constituídos que permitam afirmar que a conduta criminosa decorreu, ao menos em 
parte, de negligência estatal, de modo que a aplicação do benefício pleiteado 
depende de aprofundado exame dos fatos e provas coligidos ao longo da instrução 
para que se modifique o entendimento da Corte de origem acerca da inaplicabilidade 
da atenuante. Tal providência, porém, não se coaduna com os estreitos limites do 
habeas corpus. 3. Habeas corpus não conhecido. (HC 411.243/PE, Rel. Min. Jorge 
Mussi, 5ª T., j. 07/12/2017, DJe 19/12/2017) 
Todavia, a jurisprudência, em geral, não tem contemplado a teoria: 
Não procede a pretendida valoração favorável ao condenado por omissão estatal na 
adequada persecução criminal do tráfico, pois coculpabilidade não é admitida na 
jurisprudência e porque pretensão de aproveitamento da torpeza própria. (STJ, HC 
63251 / ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., j. 03/06/2014). 
A teoria da coculpabilidade não pode ser erigida à condição de verdadeiro prêmio 
para agentes que não assumem a sua responsabilidade social e fazem da 
criminalidade um meio de vida. Ora, a mencionada teoria, "no lugar de explicitar a 
responsabilidade moral, a reprovação da conduta ilícita e o louvor à honestidade, 
fornece uma justificativa àqueles que apresentam inclinação para a vida delituosa, 
estimulando-os a afastar da consciência, mesmo que em parte, a culpa por seus atos" 
(STJ, HC 213482 / SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª T., j. 17/09/2013). 
Coculpabilidade às avessas – A teoria é bem explicada por Grégore Moreira, na 
obra “do princípio da coculpabilidade no direito penal”. 
Observando a dominação de uma pequena parcela social exercida sobre a 
camada menos favorecida, chegou-se à conclusão que, ao contrário do que defende 
Zaffaroni, o sistema penal atual aplica o princípio da coculpabilidade às avessas. 
A presença da coculpabilidade às avessas pode ser vista sob duas formas: 
a) tipificação de condutas dirigidas a pessoas marginalizadas. Como exemplos, 
podem ser citados os arts. 59 (vadiagem) e 60 (mendicância – revogado pela lei 
11.983/2009), da Lei de Contravenções Penais. Dispõe o artigo 59: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
25 
 
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o 
trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover 
à própria subsistência mediante ocupação ilícita: Pena - prisão simples, de quinze dias 
a três meses. 
Percebam que se trata de um crime discriminatório, direcionado, justamente, 
àquelas pessoas que a coculpabilidade busca resguardar; 
 b) aplicação de penas mais brandas aos crimes contra o sistema financeiro e 
tributário, como por exemplo, as hipóteses de extinção da punibilidade pelo pagamento 
da dívida nos crimes contra a ordem tributária. 
Reconhecidas tais premissas e a partir do conceito da coculpabilidade comum, 
quanto melhor a condição socioeconômica e cultural do agente, menor a 
corresponsabilidade do Estado, logo maior seria a reprovabilidade social de sua 
conduta. Indivíduos que “têm tudo”, com total gozo de seus direitos fundamentais, e 
que mesmo assim optam por delinquir, mereceriam uma punibilidade maior que o 
normal. No entanto, a aplicação de tal entendimento configuraria analogia in malam 
partem, sendo a teoria utilizada apenas para reforçar a crítica social e trazer um 
tratamento mais benéfico aos mais desfavorecidos socialmente. 
1.2.2.6. Teoria Da Vulnerabilidade (Culpabilidade Pela Vulnerabilidade) 
A teoria da coculpabilidade sofreu críticas por presumir que a pobreza é causa 
da criminalidade. O próprio Zaffaroni reconheceu a insuficiência da teoria. 
Buscando contornar esse problema, a teoria da vulnerabilidade prega a redução 
da culpabilidade para pessoas em situação de vulnerabilidade, como aquelas 
socialmente excluídas, advindas de família não estruturada, etc. 
A principal diferença é que na teoria da vulnerabilidade, a redução da 
culpabilidade não guarda relação, necessariamente, com aspectos financeiros. A 
reprovabilidade seria tanto menor quanto maior fosse a vulnerabilidade. 
1.2.3. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 
Seja adotando a teoria extremada ou a teoria limitada da culpabilidade (caso do 
CP), os elementos da culpabilidade são: imputabilidade, potencial consciência da 
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
Observação: As causas que excluem a culpabilidade são chamadas exculpantes, 
dirimentes ou eximentes. 
Existem, conforme veremos a seguir: 
- Causas que excluem a Imputabilidade. 
- Causas que excluem a Potencial consciência da ilicitude. 
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- Causas que excluem a Exigibilidade de conduta diversa. 
1.2.4. IMPUTABILIDADE PENAL 
É a capacidade mental, inerente à pessoa de, ao tempo da ação ou omissão, 
entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se conforme esse entendimento. 
A imputabilidade é composta por dois elementos que devem estar 
simultaneamente presentes para que determinado indivíduo seja responsabilizado 
pelos seus atos. São eles: 
Elemento intelectivo: é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato,a 
higidez psíquica que faz o agente ter consciência do caráter ilícito do fato. 
Elemento volitivo: pelo qual o agente domina sua vontade. É a capacidade de 
comportar-se de acordo com esse entendimento. 
1.2.4.1. Sistemas de aferição de inimputabilidade 
Biológico 
(etiológico) 
Basta a presença de uma das causas legais para se considerar o 
agente inimputável. Preocupa-se apenas com a causa, 
independentemente de retirar a capacidade de entendimento e de 
comportar-se de acordo com esse entendimento. 
Em outros termos, basta, para a inimputabilidade, a presença de um 
problema mental, representado por uma doença mental ou, então, 
por desenvolvimento mental incompleto ou retardado. É irrelevante 
que o sujeito tenha, no caso concreto, se mostrado lúcido ao tempo 
da prática da infração penal para entender o caráter ilícito do fato e 
determinar-se de acordo com esse entendimento. O decisivo é o 
fator biológico, a formação e o desenvolvimento mental do ser 
humano. 
Esse sistema, no Brasil, é adotado no caso dos menores de 18 anos – 
presunção absoluta (art. 228 da CF e 27 do CP). 
Psicológico 
 
É o oposto do anterior. Não se preocupa com a causa, pouco importa 
se o indivíduo apresenta algum tipo de deficiência mental; mas, sim 
se o agente, no momento da conduta, tinha ou não capacidade de 
entendimento e determinação. 
Esse sistema é adotado pelo art. 28, §1º, do CP, que trata da 
embriaguez completa por caso fortuito ou força maior. 
Biopsicológico 
(ou misto) 
É preciso que uma das causas previstas em lei, além de estar 
presente no momento da infração penal, como consequência retire 
totalmente a capacidade de entender ou a capacidade de 
comportar-se de acordo com esse entendimento. 
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Sistema adotado como regra no Brasil (art. 26 do CP). 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
1.2.4.2. Causas que excluem a imputabilidade 
São causas que geram a inimputabilidade do agente: 
a) Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica (art. 26, caput, CP); 
b) Inimputabilidade em razão da idade (art. 27, CP); 
c) Inimputabilidade em razão da embriaguez acidental e completa se 
proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, §1º, CP). 
1.2.4.2.1. Inimputabilidade por anomalia psíquica em razão de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
Art. 26 do CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento. 
Adoção do sistema biopsicológico: Desta maneira, o doente mental pode ser 
considerado imputável caso a sua anomalia psíquica não se manifeste de maneira a 
comprometer sua capacidade de autodeterminação. 
A expressão doença mental deve ser entendida em seu sentido amplo, ou seja, 
é qualquer enfermidade que venha a debilitar a função psíquica de determinado agente. 
Exige-se laudo médico (perícia) para a comprovação da doença ou do desenvolvimento 
mental incompleto. 
Consequência Jurídica: O inimputável será denunciado e processado, porém, ao 
final da marcha processual, deverá ser absolvido com imposição de medida de 
segurança (por isso denominada de absolvição imprópria). 
 Já no caso de semi-imputabilidade, haverá responsabilidade penal, ou seja, 
condenação. No entanto, aquele que não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato fará jus a redução de pena de 1/3 a 2/3 ou, a critério do juiz, ter sua pena 
substituída por medida de segurança (sistema vicariante ou unitário). 
Art. 26, Parágrafo único, do CP - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
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incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Inimputabilidade Semi-imputabilidade 
Afasta a culpabilidade Não afasta a culpabilidade 
Absolvição imprópria Condenação 
Aplicação de medida de segurança 
Aplicação de pena reduzida de 1/3 a 2/3 
ou medida de segurança substitutiva 
Observação: Silvícolas (índios) – há posição no sentido de que serão imputáveis (se 
plenamente integrados à civilização), semi-imputáveis ou inimputáveis (conforme 
estejam parcial ou totalmente desvinculados da civilização). Outros afirmam que a 
condição de silvícola não retira a imputabilidade, podendo afastar tão somente a 
potencial consciência da ilicitude ou a exigibilidade de conduta diversa. 
1.2.4.2.2. Inimputabilidade em razão da idade 
Art. 228 da CF: São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos 
às normas da legislação especial. 
Art. 27 do CP: Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando 
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial 
Adota-se o critério biológico: por razões de política criminal, há presunção 
absoluta de inimputabilidade. Leva-se em conta, apenas, o desenvolvimento mental do 
acusado, independentemente de ele ter, ao tempo da ação ou omissão, capacidade de 
entendimento e autodeterminação. 
A idade do agente deve ser verificada no momento da conduta (art. 4º CP – teoria 
da atividade). Porém, em se tratando de crime permanente, a imputabilidade deve ser 
aferida no momento da cessação da prática delituosa. 
Contudo, o menor não é absolvido, mas, sim, submetido às regras do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990). 
Observação: No âmbito do direito constitucional, e tendo em vista o aumento de 
crimes violentos cometidos por menores de 18 anos, discute-se se a norma do art. 
228 da CF é ou não clausula pétrea. 
1.2.4.2.3. Inimputabilidade por embriaguez completa acidental ou fortuita 
Para compreensão da embriaguez completa acidental, causa de exclusão da 
culpabilidade, é preciso examinar o conceito e as espécies de embriaguez. 
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1.2.4.2.3.1. Conceito de embriaguez 
Trata-se de intoxicação aguda e transitória, provocada pelo álcool ou por 
substância de efeitos análogos (entorpecentes, alucinógenos etc.). Repercute no 
psiquismo da pessoa, podendo afetar sua capacidade cognitiva ou volitiva. 
A embriaguez comporta as seguintes fases: 
a) Fase do macaco – Euforia, excitação (embriaguez incompleta). 
b) Fase do leão – Depressão, irritabilidade (embriaguez completa). 
c) Fase do porco – Sono, estado de dormência (embriaguez completa). 
1.2.4.2.3.2. Espécies de Embriaguez 
Art. 28 do CP: Não excluem a imputabilidade penal: 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos. 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da 
omissão,a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento. 
A. Embriaguez não acidental 
Comporta duas espécies: 
- Dolosa ou voluntária – O agente quer se embriagar. Ex.: comemoração com 
amigos em bar, deliberadamente resolve se inebriar. 
- Culposa – O agente se embriaga por falta de cuidado, imprudentemente. Ex.: 
pessoa que não é acostumada a beber acaba exagerando por descuido. 
Consequência - não excluem a culpabilidade (art. 28, II, do CP). Aplica-se a teoria 
da actio libera in causa (ver abaixo). 
B. Embriaguez acidental (caso fortuito ou força maior) 
É causada por um acidente. Advém de caso fortuito ou força maior. 
Ex.: agente cai em um tonel de bebida, ou não sabe que determinada substância 
possui efeito inebriante, ou é obrigado a ingerir bebidas alcoólicas. 
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Consequência – Se for completa, a embriaguez acidental exclui a imputabilidade 
acarretando absolvição (isenção de pena) (art. 28, § 1º, do CP). 
- Se incompleta, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 28, § 2º do CP). 
C. Embriaguez patológica 
A doutrina trata como uma doença mental (ex.: demência alcoólica). 
Consequência - agente tratado como doente mental, podendo receber medida 
de segurança ou pena reduzida (art. 26 do CP). 
D. Embriaguez preordenada 
O sujeito se embriaga para cometer o crime, para criar coragem. 
Consequência - Responde pelo crime, e a embriaguez constitui agravante 
genérica. Aplica-se a teoria da actio libera in causa (ver abaixo). 
Circunstâncias agravantes 
Art. 61 do CP - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime: (...) 
II - ter o agente cometido o crime: (...) 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
1.2.4.2.3.3. Teoria da “actio libera in causa” 
É preciso entender a razão de o CP autorizar a punição do autor de um crime em 
estado de embriaguez (voluntária e preordenada, ainda que completa) já que, no 
momento da conduta, o agente ébrio não tem capacidade de entendimento e 
autodeterminação. O fundamento encontra-se na teoria da actio libera in causa. 
A teoria da actio libera in causa (ação livre na causa) tem aplicação nas hipóteses 
em que o agente, conscientemente, coloca-se em estado de embriaguez. 
Na prática do delito, a embriaguez pode ter retirado do agente a capacidade de 
compreender o caráter ilícito do fato ou de se comportar conforme esse entendimento, 
mas o entendimento e a autodeterminação existiam quando ele começou a se 
embriagar (a ação foi livre na causa). Por isso, a consciência e a vontade devem ser 
projetadas para o momento da prática da infração. 
Antes da prática da infração Momento da prática da infração 
Agente sóbrio começa a se 
embriagar, com ação livre na causa 
(actio libera in causa) 
 Agente já embriagado 
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Consciência e vontade presentes 
 
 
Consciência e vontade (projetadas) 
A doutrina vem afirmando que a actio libera in causa deve ser interpretada 
restritivamente (apenas nos casos em que o agente, ao se embriagar, tem o desejo de 
praticar o crime ou, pelo menos, vislumbra tal possibilidade). Em outras palavras, é 
preciso que o dolo ou a culpa estejam presentes no momento em que o agente se 
embriaga. Se estiverem ausentes na origem, não haveria o que se projetar para o 
momento do fato, e a punição do agente constituiria responsabilidade penal objetiva 
(sem dolo nem culpa). 
Ato antecedente – momento da 
embriaguez 
Ato transitório – momento do resultado 
Agente tem previsão do resultado. O 
agente quer o resultado: 
Responderá por crime doloso. O dolo é 
direto. 
Agente tem previsão do resultado e 
assumiu o risco de produzi-lo: 
Responderá por crime doloso. O dolo é 
eventual. 
Agente previu o resultado. No entanto, 
acredita poder evitar o resultado: 
Responderá pelo crime na modalidade 
culposa. A culpa é consciente. 
Agente não previu o resultado, que, no 
entanto, era previsível: 
Responderá pelo crime na modalidade 
culposa. A culpa é inconsciente. 
O resultado não foi previsto pelo agente 
(absolutamente imprevisível): 
Fato atípico. 
1.2.4.3. Quadro resumo da embriaguez 
Não acidental 
(voluntária/culposa) 
Não exclui a culpabilidade (art. 28, II, do CP). 
Acidental completa Exclui a culpabilidade (isenta de pena: art. 28, § 1º, do CP). 
Acidental incompleta Redução de pena de 1/3 a 2/3 (art. 28, § 2º, do CP). 
Patológica 
Tratada como doença mental. Pode gerar inimputabilidade 
ou semi-imputabilidade (art. 26 do CP). 
Preordenada 
Não exclui a culpabilidade, e ainda configura agravante 
genérica (art. 61, II, l, do CP). 
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1.2.4.4. Emoção e paixão 
Art. 28 do CP - Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão 
Emoção - É um sentimento súbito, passageiro, provocando alteração 
momentânea. 
Paixão - Sentimento que surge lentamente, duradouro. 
Não excluem a imputabilidade penal. 
Observação: Violenta emoção – pode funcionar como atenuante ou causa de 
diminuição de pena. Em cada caso, os requisitos são diferentes, vejam: 
Atenuante (art. 65, III, “c”) Causa de diminuição de pena 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre 
atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
c) cometido o crime (...) sob a INFLUÊNCIA 
de violenta emoção, provocada por ato 
injusto da vítima; 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
§ 1º Se o agente comete o crime (...) sob 
o DOMÍNIO de violenta emoção, logo 
em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 
sexto a um terço. 
1.2.5. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
Não se confunde com o conhecimento da lei. A lei se presume conhecida com a 
publicação no D.O. (teoria da ficção jurídica). O CP positiva, em seu art. 21, que o 
desconhecimento da lei é inescusável. 
A consciência da ilicitude diz respeito à ciência que se espera, de qualquer 
pessoa, do que é ilícito ou injusto; ou seja, é a aptidão para reconhecer que seu 
comportamento não encontra respaldo no direito. 
A aferição da potencial consciência da ilicitude, contenta-se, contudo, com a 
percepção de um leigo. É uma valoração paralela na esfera do profano. 
Profano é aquele não conhecedor da ciência do Direito. Sua noção do que é lícito 
ou ilícito, advém de sua experiência de vida, que é influenciada pelo meio social, por 
valores culturais, religiosos, etc. Sua valoração do que é permitido ou proibido é 
paralela, ou seja, feita na sua esfera de leigo. 
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Ademais, basta o conhecimento potencial da ilicitude. Ou seja, não importa se o 
agente sabia ou não da ilicitude do seu comportamento, mas, sim, se ele detinha a 
possibilidade (potencialidade) de compreender o caráter ilícito do fato. 
 Se o agente não tem consciência, sequer potencial da ilicitude, mesmo que 
pratique um fato típico e antijurídico, será absolvido por ausência de culpabilidade. 
1.2.5.1. Causa que exclui a consciência potencial da ilicitude: Erro de proibição 
inevitável ou escusável 
Erro sobre a ilicitude do fato [erro de proibição] 
Art. 21 do CP - O desconhecimentoda lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
1.2.5.1.1. Conceito de Erro de proibição 
O erro de proibição pode ser definido como a falsa percepção do agente acerca 
do caráter ilícito do fato típico por ele praticado - que valora, equivocadamente, acerca 
da reprovabilidade de sua conduta. 
O agente conhece a existência da lei penal, mas desconhece ou interpreta mal o 
seu conteúdo. Nucci traz o exemplo de um soldado que se perdeu do batalhão por dias 
e depois mata um inimigo, sem saber que a guerra já havia terminado. 
1.2.5.1.2. Espécies de erro de proibição e consequências 
O erro de proibição pode ser escusável ou inescusável. O critério para definir qual 
deles é o perfil subjetivo do agente, e não a figura do homem médio. 
A. Erro escusável ou inevitável ou invencível 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 do CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; 
Nesta espécie, o agente não sabe que o que faz é proibido, nem tinha como 
alcançar a possibilidade de tal compreensão. 
Haverá a exclusão da culpabilidade, em face da ausência da potencial 
consciência da ilicitude, gerando a absolvição própria (sem medida de segurança). 
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B. Erro inescusável ou evitável ou vencível 
Neste caso, o erro poderia ter sido evitado pelo agente caso ele tivesse 
empregado maior diligência acerca da compreensão do caráter ilícito do fato. 
O agente será condenado, podendo o juiz reduzir a pena de 1/6 a 1/3. 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 do CP – (...); se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
O próprio art. 21 traz conceito do que se considera um erro evitável: 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
1.2.5.1.3. Modalidades de erro de proibição 
Em todas essas espécies, os efeitos são os previstos no art. 21 do CP. 
Erro de proibição direto: Agente se engana sobre o conteúdo da norma 
proibitiva (porque ignora a existência de uma norma penal incriminadora; porque não 
conhece completamente o seu conteúdo; ou porque não entende seu âmbito de 
incidência). Ex.: pensa que não é crime portar drogas para consumo próprio. 
Erro de proibição indireto (descriminante putativa por erro de proibição): 
Agente sabe que a conduta é típica, mas acredita que está amparado por uma norma 
permissiva (equivoca-se quanto à existência da norma permissiva ou quanto aos seus 
limites). Exemplo: pensa que está autorizado a matar a mulher adúltera, amparado na 
legítima defesa da honra (não existe). 
Erro de proibição mandamental – É o erro de direito que incide nos crimes 
omissivos impróprios (art. 13, §2º do CP). Neste caso, o garantidor, diante da situação 
de perigo, acredita, erroneamente, estar autorizado a não agir para evitar o resultado, 
assim o fazendo. 
1.2.6. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
Critério desenvolvido por Frank. Refere-se à expectativa social de um 
comportamento diverso daquele adotado pelo autor do fato típico e ilícito. 
Pela Teoria da Normalidade das Circunstâncias Concomitantes alguém só pode 
ser considerado culpado se praticar o crime em circunstâncias normais. 
1.2.6.1. Causas que excluem a exigibilidade de conduta diversa 
A) Coação moral irresistível 
A coação pode ser física ou moral, e apenas esta é relacionada à culpabilidade. 
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Coação física (vis absoluta) – a coação física, se irresistível exclui a própria 
conduta (ex.: agente segura bombeiro e o impede de realizar salvamento). 
Coação moral (vis compulsiva) - consiste no emprego de grave ameaça. Pode ser 
resistível ou irresistível. 
A coação moral resistível configura atenuante genérica. Mas, nesta hipótese, 
coator e coagido agem em concurso de pessoas. 
Art. 65 do CP - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir (...). 
A coação moral irresistível é causa excludente da culpabilidade. O coagido 
pratica fato típico e ilícito, mas, pelo medo causado pela ameaça do coator, a sua 
vontade é viciada, causando a exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta 
diversa. Não há concurso de agentes entre coator e coagido. 
Art. 22 do CP (1ª parte) – “Se o fato é cometido sob coação irresistível (...) só é punível 
o autor da coação (...)”. 
São requisitos da coação moral irresistível: 
a) Ameaça ou promessa de um mal grave; 
b) Irresistibilidade da coação. Movido pelo medo, o coacto sucumbe à vontade 
do coator; 
c) Ameaça contra o coato ou contra pessoas por quem ele nutre relação de afeto 
(se for contra terceiros desconhecidos, pode-se configurar a excludente supralegal da 
inexigibilidade de conduta diversa); 
d) Inevitabilidade do perigo pelo coato (não há outra alternativa viável). 
Exemplo – Agente ingressa na casa do gerente do banco e domina a sua família, 
exigindo o dinheiro do cofre da agência, sob ameaça de matar seus entes queridos. O 
gerente que pega o dinheiro do banco não responde pelo crime. O agente é o coator, o 
gerente é o coato, e a vítima é o banco (além dos familiares). 
Prevalece que deve haver, no mínimo, três pessoas envolvidas. Contudo, há 
posição admitindo, excepcionalmente, a caracterização da excludente quando há 
somente duas partes: o coator e o coato. 
Consequências da coação moral irresistível: 
Coagido 
(coato) 
Pratica fato típico e ilícito, mas fica excluída a culpabilidade, em 
razão da inexigibilidade de conduta diversa. 
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36 
 
Coator 
É o chamado autor mediato, pois se vale de instrumento (pessoa 
sem culpabilidade) para a prática da infração penal. 
Responderá pelo crime praticado pelo coagido, com a incidência da 
agravante do art. 62, II, do CP (“a pena será ainda agravada em 
relação ao agente que: (...) II - coage ou induz outrem à execução 
material do crime”). 
Responderá também pelo crime praticado contra o coagido (tortura, 
art. 1º, I, “b”, da lei 9.455/97 ou pelo constrangimento ilegal, art. 
146 do CP). 
B) Obediência hierárquica 
Art. 22 do CP (2ª parte) “Se o fato é cometido (...) em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico (...) só é punível o autor (...) da 
ordem”. 
Afasta-se a culpabilidade do agente que apenas cumpre uma ordem (não 
evidentemente ilegal) emanada do seu superior hierárquico. 
Requisitos para exclusão da culpabilidade por obediência hierárquica: 
a) Relação de direito público: ordem emanada de superior hierárquico; 
É necessário que haja um vínculo de direito público entre superior hierárquico e 
o funcionário subalterno. Relações privadas não caracterizam a dirimente. A 
subordinação doméstica (pai e filho), escola (professor e aluno) ou eclesiástica (padre e 
fiel) não estão abrangidas. 
b) Ordem não manifestamente (evidentemente) ilegal; 
A ordem emanada do superior deve ser dotada de aparente legalidade. Se a 
ordemfor legal, não há crime. Se a ordem for manifestamente ilegal, ambos 
responderão pela infração penal em concurso de pessoas. 
Na análise da legalidade ou ilegalidade da ordem considera-se o perfil subjetivo 
do agente executor e não as características comuns do homem médio. 
c) Estrito cumprimento da ordem. 
Se o subordinado extrapolar a ordem, responderá criminalmente. 
Consequências da obediência hierárquica e distinções: 
Se a ordem for legal – o subordinado atua em estrito cumprimento do dever 
legal, causa que exclui a ilicitude (art. 23, III do CP). Não há exculpante. 
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37 
 
Se a ordem não for manifestamente ilegal – o subordinado atua amparado pela 
obediência hierárquica, ficando excluída a culpabilidade, pela inexigibilidade de 
conduta diversa (art. 22 do CP). 
Se a ordem for manifestamente ilegal – em princípio, o superior hierárquico e o 
subordinado responderão pelo delito, em concurso de pessoas. Para o superior incidirá 
a agravante descrita no art. 62, III, 1ª parte do CP; para o subalterno, aplica-se a 
atenuante genérica do art. 65, III, “c”, do mesmo diploma. 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
c) cometido o crime (...) em cumprimento de ordem de autoridade superior. 
1.2.6.2. Causas supralegais de exclusão da culpabilidade pela inexigibilidade de 
conduta diversa (dirimentes supralegais) 
Tem-se admitido a existência de causas supralegais que tornam a conduta 
inexigível (inexigibilidade de conduta diversa), fora das hipóteses de coação moral 
irresistível e da obediência hierárquica, já que é impossível que o legislador preveja 
todas as situações em que é inexigível, do agente, conduta diversa. Exemplo: 
APELAÇÃO-CRIME. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. 
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE. 
ABSOLVIÇÃO. (...) Culpabilidade. Inexigível conduta diversa do apelante que, em 
procura de veículo furtado, em localidade conhecida como ponto de tráfico, portava 
arma no interior de seu veículo. As particularidades e peculiaridades do caso 
concreto permitem concluir pela incidência do instituto da inexigibilidade de 
conduta diversa. Ressalte-se que o réu é primário, não respondendo a qualquer 
outro expediente criminal. APELO PROVIDO, POR MAIORIA. (AP Crime nº 
70053577607, 3ª Câmara Criminal, TJRS, Rel. Diógenes Vicente Hassan Ribeiro, J. 
09/05/2013). 
1.2.7. QUADRO GERAL: ELEMENTOS DA CULPABILIDADE E EXCLUDENTES 
CULPABILIDADE 
Imputabilidade Potencial consciência da 
ilicitude 
Exigibilidade de 
conduta diversa 
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Doença mental ou 
desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado. 
Embriaguez completa 
acidental. 
Menoridade. 
Erro de proibição 
invencível (escusável ou 
Inevitável). 
Coação moral 
irresistível. 
Obediência hierárquica. 
Rol taxativo Rol taxativo Rol exemplificativo 
1.3. ERRO DE TIPO 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 do CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, 
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
O erro é a falsa representação da realidade ou o falso conhecimento de 
determinado objeto. Para o Código Penal, tanto o erro quanto a ignorância têm 
tratamento idêntico. Qualquer das hipóteses pode ensejar o instituto do erro. 
1.3.1. Conceito de erro de tipo 
O erro de tipo é a falsa representação da realidade em relação a elementos 
constitutivos do tipo penal. 
Ex.: caçador atira contra arbusto imaginando que há ali um animal. No entanto, 
atinge uma criança que estava brincando no bosque. Neste caso, há erro quanto ao 
elemento “alguém” elementar do crime de homicídio (art. 121 do CP); 
1.3.2. Espécies de erro de tipo e seus efeitos 
O erro de tipo pode ser: 
Erro de tipo essencial Recai sobre elemento essencial, constitutivo do tipo penal 
(como no exemplo do caçador). Pode ser incriminador 
(exemplo dado) ou permissivo (veremos adiante). 
Erro de tipo acidental Recai sobre elemento secundário, acessório do tipo penal 
(ex.: pretende furtar uma carteira, leva um celular). Nunca 
afasta a responsabilidade criminal, como veremos. 
Efeitos do erro de tipo essencial: 
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Como o dolo deve abranger todos os elementos do tipo, o erro de tipo essencial, 
seja escusável ou inescusável, sempre afasta o dolo, já que o sujeito não atua com a 
vontade necessária para praticar a conduta penal incriminadora. 
A culpa poderá ou não subsistir, a depender da espécie de erro. Vejamos: 
Escusável, invencível, 
inevitável 
O erro não poderia ter sido evitado. Portanto, afasta o 
dolo e também a culpa. O fato será atípico. 
Inescusável, vencível, 
evitável 
É aquele tipo de erro que poderia ter sido evitado pelo 
agente se tivesse empregado mais diligência. Afasta o 
dolo, mas não a culpa. No entanto, o agente será 
punido desde que o crime por ele praticado comporte 
a modalidade culposa. 
1.3.2.1. Erro determinado por terceiro (espécie de erro de tipo essencial) 
Art. 20, § 2º, do CP - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Se terceiro (agente provocador) faz com que alguém incida em erro e pratique o 
crime, deve, por ser autor mediato, responder pelo delito, a título de dolo ou culpa, se 
prevista em lei. O provocado incide em erro de tipo; fica impune em caso de erro 
escusável e responde por crime culposo (se houver previsão legal nesse sentido), em 
caso de erro inescusável. Ex.: se o provocador engana alguém para lhe entregar um 
celular de outrem, dizendo que é seu, o provocado não responde pelo furto, pois estava 
em erro sobre a elementar “coisa alheia”, e não há furto culposo. 
1.3.2.2. Espécies de erro de tipo acidental 
Por recair em elementos secundários do delito (e não elementos constitutivos 
do tipo), no erro acidental o art. 20 do CP é inaplicável, seja para excluir o dolo ou para 
permitir a punição por culpa. Vejamos as suas espécies, incluindo os chamados “crimes 
aberrantes” (aberratio ictus, criminis e causae). 
Sobre o objeto 
(error in objecto) 
Hipótese não está prevista no CP. Ex.: sujeito entra em loja e 
subtrai um celular velho, pensando ser um novo. A punição se dá 
considerando o objeto efetivamente subtraído. 
Sobre a pessoa 
(error in persona) 
Art. 20, § 3º, do CP – “O erro quanto à pessoa contra a qual o 
crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa 
contra quem o agente queria praticar o crime”. 
Obs. No erro quanto a pessoa não há erro de execução, que é 
perfeita. O equívoco do agente é quanto à vítima do crime. 
Ex.: Agente dispara contra a vítima que acabara de tocar a 
campainha, pensando que era seu irmão, seu desafeto. 
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Descobre, então, que era o vizinho. Será punido considerando as 
condições e qualidades da vítima contra quem queria praticar o 
crime (chamada vítimavirtual – no exemplo, seu irmão), e não da 
vítima efetiva/real (o vizinho). Logo, no exemplo, incidirá a 
agravante do art. 61, II, “e”, do CP (crime praticado contra irmão). 
Na execução 
(aberratio ictus) 
Art. 73 do CP – “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios 
de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia 
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse 
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 
3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a 
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 
70 deste Código”. 
Aqui há um desvio no ataque, um erro de pontaria. Ex.: 
Assaltante ingressa na residência e, tentando matar a vítima, erra 
o tiro e atinge o seu comparsa. Responderá considerando as 
condições e qualidades da pessoa contra quem queria praticar 
o crime (no exemplo, o morador), e não da vítima real 
(comparsa). 
Aqui o agente erra o ataque/golpe, enquanto, no caso anterior 
(erro quanto à pessoa), o golpe é perfeito, porém o agente se 
equivoca quanto à pessoa. O erro traz duas possibilidades: 
- Aberratio ictus de resultado único – O agente atinge somente 
a pessoa diversa da pretendida. Será punido considerando as 
condições e as qualidades da vítima virtual (conforme exemplo 
acima). 
- Aberratio ictus com unidade complexa ou resultado duplo – O 
agente atinge também a pessoa diversa da pretendida. Será 
punido considerando o concurso formal de crimes (art. 70 do CP). 
Ex.: assaltante, tentando matar a vítima, erra o tiro e atinge a 
vítima e também o seu comparsa. 
Resultado 
diverso do 
pretendido 
(aberratio 
criminis ou 
aberratio delicti) 
 
Art. 74 do CP – “Fora dos casos do artigo anterior, quando, por 
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado 
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado 
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”. 
Erro ou desvio no crime. O agente, por acidente ou erro na 
execução (portanto espécie de erro na execução), atinge um bem 
jurídico diverso do pretendido. Ex.: lança um tijolo para destruir 
o carro da vítima (dano), mas acaba atingindo uma pessoa (lesão 
corporal). Consequência: o agente responderá pelo resultado 
diverso do pretendido, a título de culpa (desde que punível a 
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modalidade culposa). No exemplo, o agente responderia por 
lesão corporal culposa. 
Se o agente provocar também o resultado pretendido, 
responderá pelos dois crimes, em concurso formal. 
Erro sucessivo ou 
erro sobre o nexo 
causal (aberratio 
causae ou dolo 
geral) 
É o erro quanto ao meio de execução do delito. Não há previsão 
legal, é criação doutrinária. Ex.: Sujeito esgana a vítima. 
Acreditando, equivocadamente, que ela morreu asfixiada, ateia 
fogo em seu corpo, provocando a morte por conta das 
queimaduras. 
Consequência: o agente é punido pelo crime de homicídio 
consumado. 
Nucci: “O agente pode ter dado um tiro na vítima e, crendo-a 
morta, atirou-a ao rio, quando ocorre a morte por afogamento. 
Não se pode qualificar o homicídio por conta de a morte ter 
decorrido de asfixia, pois o dolo do agente não abrangeu tal 
circunstância; porém, é um visível homicídio doloso consumado”. 
1.4. ERRO DE PROIBIÇÃO 
Art. 21 do CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
É um erro que recai sobre a ilicitude do fato (regra de conduta). O agente acredita 
que está agindo licitamente, mas não está. 
1.4.1. Espécies de erro de proibição e suas consequências 
O erro de proibição pode ser: 
Inevitável / escusável 
Agente não sabia e não teria condições de saber o caráter 
ilícito do fato. Falta de consciência potencial da ilicitude. É 
causa de exclusão da culpabilidade. 
Evitável / inescusável 
Agente não conhecia o caráter ilícito do fato, mas teria 
condições de saber. Falta de consciência atual da ilicitude. É 
causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3. 
O tema “erro inevitável ou evitável” foi tratado no tópico acima e as espécies de erro de 
proibição constam do tópico de potencial consciência da ilicitude. 
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1.5. DESCRIMINANTES PUTATIVAS 
Descriminantes putativas 
Art. 20, § 1º, do CP - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não 
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime 
culposo 
Descriminante – é causa de exclusão da ilicitude. 
Putativa – imaginária, fantasiada. 
Na descriminante putativa o agente imagina que o seu agir está amparado por 
uma excludente de ilicitude (ex.: legítima defesa), mas, na verdade, a causa não existe 
concretamente. 
As descriminantes putativas retratam qual espécie de erro? 
As descriminantes, quando associadas ao erro, podem ser de três espécies: 
Erro relativo à 
existência da 
causa 
excludente de 
ilicitude 
Agente acredita que existe determinada causa excludente de 
ilicitude, quando não existe. 
Ex.: agente mata pessoa gravemente enferma pensando que a 
eutanásia está prevista como causa excludente de ilicitude. 
Configura erro de proibição (indireto), também chamado 
descriminante putativa por erro de proibição. As consequências 
estão previstas no art. 21 do CP: se inevitável - exclui a 
culpabilidade; se evitável – diminui a pena. 
Erro quanto aos 
limites da causa 
excludente de 
ilicitude 
Ex: agente pensa que está autorizado a matar alguém em razão da 
legítima defesa da sua honra. 
Configura erro de proibição (indireto), também chamado 
descriminante putativa por erro de proibição. As consequências 
estão previstas no art. 21 do CP: se inevitável - exclui a 
culpabilidade; se evitável – diminui a pena. 
Erro quanto aos 
pressupostos 
fáticos da causa 
excludente de 
ilicitude 
Agente pensa existir uma situação de fato que faria incidir a 
excludente de ilicitude que, na verdade, não existe. 
Ex.: desafeto do agente coloca a mão no bolso. Agente pensa que 
ele vai sacar uma arma e, para se defender, mata-o antes. 
Descobre, então, que seu desafeto iria apenas pegar um lenço. 
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A descriminante putativa quanto aos pressupostos fáticos de uma 
causa de exclusão da ilicitude tem natureza jurídica de erro de tipo 
ou de erro de proibição? 
A questão é polêmica. Existem duas correntes a respeito do tema 
e depende de qual teoria da culpabilidade é adotada: 
- Teoria limitada da culpabilidade ou restritiva: Há erro de tipo 
(erro de tipo permissivo). 
Consequências: se o erro for inevitável, exclui o dolo e a culpa, 
isentando o agente de pena; se evitável, fica excluído o dolo, mas 
o agente responde a título de culpa, se esta modalidade estiver 
prevista em lei (é o caso peculiar da culpa imprópria). 
É a teoria adotada pelo CP, pois a exposição de motivos do CP 
menciona expressamente a teoria limitada (item 19). 
- Teoria extremada da culpabilidade ou normativa pura: Há erro de 
proibição (errode proibição indireto). 
Consequências: caso seja inevitável, afastará a culpabilidade; caso 
o erro seja evitável não se afasta a culpabilidade, mas o agente faz 
jus à diminuição de pena de 1/6 a 1/3. 
Obs. A corrente consagra a teoria unitária do erro quanto às 
descriminantes putativas. 
 
1.6. CONCURSO DE PESSOAS 
1.6.1. CONCEITO E PREVISÃO LEGAL 
Concurso de pessoas é a reunião de duas ou mais pessoas para a prática de uma 
infração penal, concorrendo de forma relevante para a realização do evento e agindo 
com identidade de propósitos. 
O estudo da coautoria e da participação só tem importância quando a infração 
penal é classificada como monossubjetiva ou de concurso eventual, nas quais a 
adequação típica se dá de forma indireta, ou seja, pela norma de extensão pessoal do 
art. 29 do CP, eis que, se o concurso de pessoas for elementar de determinado tipo penal 
(ex: art. 288 do CP - associação criminosa), a adequação típica ocorrerá diretamente. 
ATENÇÃO! Ainda que o estudo da coautoria e da participação só tenha 
importância quando na ocorrência de infração penal de concurso eventual, ou seja, nos 
casos de crimes monossubjetivos ou unissubjetivos, quando o tipo penal exige apenas 
um agente realizando a conduta típica, é importante que saibamos compreender o 
outro lado da mesma moeda. 
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Assim, os crimes plurissubjetivos, em que o próprio tipo penal exige a 
pluralidade de agentes, são aqueles em que há concurso necessário, que são 
classificados em: 
a) de condutas paralelas – as ações possuem o mesmo objetivo (ex: art. 288 do 
CP – associação criminosa); 
b) de condutas divergentes ou contrapostas – as ações são realizadas de uns 
contra os outros (art. 137 do CP - rixa); 
c) de condutas convergentes – as ações dos dois agentes se encontram (art. 235 
do CP - bigamia). 
 
TÍTULO IV 
DO CONCURSO DE PESSOAS 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 
um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
Circunstâncias incomunicáveis 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. 
1.6.2. REQUISITOS DO CONCURSO 
a) pluralidade de agentes e de condutas – se só houver 1 agente, 
evidentemente, não há concurso. A pluralidade pode ocorrer em forma de autoria ou 
de participação. 
b) relação de causalidade jurídica entre as condutas e o resultado – é preciso 
que as condutas tenham relevância causal e jurídica em relação ao resultado, em 
conformidade com a teoria da equivalência dos antecedentes causais. Ou seja, a 
conduta dos agentes deve ter eficiência causal, devendo haver uma relação de causa e 
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efeito entre a conduta colaborativa de cada agente e a realização do resultado. Conduta 
colaborativa é o aspecto objetivo do concurso de pessoas. 
Atenção! Como regra, a pluralidade de condutas colaborativas dos agentes deve 
ocorrer ANTES da consumação da infração. Isso porque, se a conduta colaborativa 
ocorrer DEPOIS da consumação da infração, haverá a configuração de um delito 
autônomo, como ocorre nos casos dos crimes do art. 180 (receptação), do art. 348 
(favorecimento pessoal) e do 349 (favorecimento real), todos do CP. 
Excepcionalmente, admite-se que tenha havido concurso de pessoas, ainda que 
a conduta colaborativa ocorra DEPOIS da consumação da infração, mas se houver prévio 
ajuste entre os sujeitos. Assim, podemos afirmar que “não é admissível a coautoria após 
a consumação do crime, salvo se comprovada a existência de ajuste prévio” (STJ HC 
39.732/RJ, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, 6ª T., j. 26/06/2007. 
c) identidade de infração penal – é preciso que haja o reconhecimento da prática 
da mesma infração para todos. O Código Penal adota, como regra, a teoria monista (ver 
a seguir). 
d) liame subjetivo – deve existir um vínculo psicológico entre os agentes, isto é, 
devem estar reunidos na consecução do resultado. Assim, o aspecto subjetivo do 
concurso de pessoas se baseia no princípio da convergência de vontade, pois deve existir 
homogeneidade no vínculo subjetivo entre os agentes. Ex.: empregada deixa a porta da 
casa aberta para que alguém entre e subtraia bens. Um sujeito se aproveita da situação 
e efetivamente pratica o furto. Tal sujeito será autor do furto e a empregada será 
partícipe, pois prestou auxílio material. Mas, atenção, não é necessário o ajuste prévio 
(pactum sceleris), mas sim a consciência e a vontade de colaborar para a realização do 
ato criminoso. 
Mnemônico para os requisitos do concurso de agentes: PRIL 
Observação: Na falta de um dos requisitos acima, não haverá concurso de 
pessoas. Ex.: a falta de liame subjetivo entre os agentes poderá configurar a autoria 
colateral ou incerta. 
1.6.3. TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE AGENTES 
Existem basicamente três teorias sobre o concurso de pessoas: 
Teoria 
monista 
(monística, 
unitária ou 
igualitária) 
O crime, mesmo praticado por vários agentes, é único 
e indivisível; respondem por ele todos aqueles que 
concorreram para a sua prática. Ex.: dois sujeitos se unem 
para praticar um furto; enquanto um ingressa na casa e 
subtrai os bens, o outro vigia do lado de fora. Respondem 
ambos pelo furto (art. 155). 
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É a teoria adotada no Brasil, 
como regra, e consagrada no art. 29 do 
CP: 
Art. 29 – “Quem, de qualquer modo, concorre para o 
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade”. 
Teoria 
pluralista 
(cumplicidade 
do delito distinto, 
autonomia da 
cumplicidade) 
Por esta teoria, atribui-se a cada agente uma conduta 
própria, cominando-se um delito autônomo para cada um. 
Adotada excepcionalmente pelo Código Penal. 
Ex1.: Aborto, art. 124 – “Provocar aborto em si mesma 
ou consentir que outrem lho provoque” / Art. 126 – “Provocar 
aborto com o consentimento da gestante”. A gestante que 
consente que alguém provoque nela o aborto responde pelo 
art. 124; já o médico que trabalha numa clínica de aborto e 
faz nela o procedimento (por exemplo) responde pelo crime 
do art. 126. 
Ex2.: Corrupção, art. 333 (corrupção ativa) - “Oferecer 
ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício” / Art. 
317 (corrupção passiva) - “Solicitar ou receber, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, 
ou aceitar promessa de tal vantagem”. O particular que 
oferece vantagem ao funcionário responde pelo art. 333; já o 
funcionário público que recebe a vantagem incorre no art. 
317. 
Teoria 
dualista ou dualística 
Essa teoria separa os coautores (que respondem por 
um crime) dos partícipes (que respondem por outro crime). 
1.6.4. AUTORIA 
Várias teorias buscamexplicar o conceito de autor. São elas: 
a) Teoria subjetiva ou unitária – não distingue autor e partícipe. Todo aquele 
que concorre para o crime, de qualquer forma, é autor; pouco importa se realiza ou não 
o verbo núcleo do tipo. Fundamenta-se na teoria da equivalência dos antecedentes 
(qualquer colaboração para o resultado é considerada causa). 
b) Teoria extensiva – também não distingue autor e partícipe. Porém, reconhece 
a existência de graus de responsabilidade, que permitem diminuir a pena. Também 
encontra fundamento na teoria da equivalência dos antecedentes. É complementada 
pela teoria subjetiva da participação, que, ante a necessidade de distinguir autor e 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
47 
 
partícipe, se baseou no plano subjetivo para dizer que autor é quem atua com vontade 
de ser autor do seu próprio crime (animus auctoris) e é partícipe quem atua com 
vontade de participar no crime alheio (animus socii). 
c) Teoria objetiva ou dualista (conceito restrito de autor) - Distingue autor de 
partícipe. Essa teoria se subdivide em: 
c.1) Teoria objetivo-formal - Autor é quem pratica o núcleo do tipo (o verbo), 
ou seja, quem pratica a conduta descrita no tipo; partícipe é aquele que concorre para 
a pratica da infração penal sem praticar as ações do verbo nuclear, prestando auxílio 
material ou moral. O partícipe é punido em razão da norma de extensão temporal do 
art. 29 do CP. 
Nessa visão, o autor intelectual (aquele que traça os planos da conduta 
criminosa) é partícipe, enquanto que aqueles que o executam são os autores. 
Ex.: Três agentes praticam um roubo (art. 157) – Um aponta a arma (grave 
ameaça), outro recolhe bens (subtração) e o outro fica no carro aguardando. Os dois 
primeiros são autores, o último é partícipe. 
Ex2.: Dois agentes praticam um furto (art. 155) – Um subtrai os bens, outro 
vigia a rua para avisar se aparecer a polícia – O primeiro é autor de furto, o segundo 
é partícipe. 
A Teoria objetivo-formal é a mais aceita pela doutrina, e pela jurisprudência 
tradicional. Consta da exposição de motivos do Código Penal. 
Obs: Contudo, na famosa ação penal 470 (mensalão) alguns ministros do STF 
se filiaram a teoria do domínio do fato, que também ganhou força com a edição da lei 
12.850/13, art. 2º §3º. (ver abaixo). 
c.2) Teoria objetivo-material – Autor é aquele que colabora objetivamente de 
forma mais relevante para o resultado, e não necessariamente quem pratica o núcleo 
do tipo. Partícipe é aquele que colabora de forma menos relevante para o resultado, 
mesmo que pratique o núcleo do tipo. 
c.3) Teoria do domínio do fato ou objetivo-normativa ou objetivo-subjetiva 
(criada em 1939, por Hans Welzel) – Autor não é somente aquele que realiza a figura 
típica, mas também aquele indivíduo que detém o controle finalístico sobre o domínio 
do fato, ou seja, aquele que tem a capacidade de fazer continuar e de impedir a 
conduta penalmente ilícita, independentemente da realização do verbo núcleo do 
tipo. Partícipe é aquele que contribui dolosamente, de qualquer modo, para o 
resultado do crime, desde que não que realize o verbo núcleo do tipo, e nem detenha 
o domínio sobre o fato. Em suma, o partícipe só possui o domínio da vontade de sua 
própria conduta. É mero colaborador no crime alheio. 
Esta teoria, portanto, amplia o conceito de autor, abrangendo mesmo aquele 
que não pratica o verbo núcleo do tipo (como o autor intelectual e o autor mediato). 
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48 
 
Importante ressaltar que a teoria só é aplicável para crimes dolosos, pois é a 
única forma de conduta em que se admite o controle finalístico sobre o fato 
criminoso. 
Para Roxin, o domínio do fato pode ocorrer de 3 formas: 
- domínio da ação (autoria imediata) – é autor quem tem o domínio da ação, 
isto é, quem pratica pessoalmente a figura típica (é o autor propriamente dito). 
- domínio da vontade (autoria mediata) – também é autor quem tem o 
domínio da vontade de um terceiro, que é utilizado como instrumento na prática do 
crime. Esse domínio da vontade pode ocorrer por força de: 
> erro ou coação – o autor leva terceiro a uma falsa percepção da 
realidade, vindo este a praticar o fato criminoso; ou constrange outrem a 
praticar o fato criminoso. 
> aparatos organizados de poder (domínio da organização) – Roxin inclui 
como autor o chefe (“homem de trás”) de organização criminosa (estrutura 
hierarquizada e desvinculada da ordem jurídica), que detém poder 
praticamente absoluto sobre os demais (executores), que funcionam como 
peças descartáveis, fungíveis, no cumprimento das ordens do líder. 
- domínio funcional do fato (autoria funcional) – é autor aquele que pratica 
uma conduta relevante na realização do plano global, mesmo que não esteja descrita 
no tipo penal. 
Obs.: A teoria do domínio do fato tem a finalidade de distinguir autores e 
partícipes. Não significa que, pelo fato de alguém estar em situação de comando, 
automaticamente deva responder pelas condutas ilícitas praticadas pelos 
subordinados. 
1.6.4.1. AUTORIA MEDIATA 
O Código Penal não disciplinou expressamente a autoria mediata. Cuida-se, 
assim, de construção doutrinária. 
Autor mediato é aquele alguém, sujeito de trás, que se vale, para a execução da 
infração penal, de uma pessoa inculpável (sem imputabilidade penal, potencial 
consciência da ilicitude ou quando inexigível conduta diversa) ou que atua sem dolo ou 
culpa. O autor imediato, ou seja, o executor do crime, é mero instrumento do autor 
mediato. 
Há mera pluralidade de pessoas, sem concurso de agentes, se inexistir vínculo 
subjetivo entre o autor imediato e autor mediato. Somente ao autor mediato pode ser 
atribuída a prática do crime. 
São situações que admitem a autoria mediata: 
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49 
 
a) uso de inimputável (menoridade, embriaguez ou doença mental) como 
executor de determinado crime (art. 62, III); 
b) coação moral irresistível (art. 22); 
c) obediência hierárquica (art. 22); 
d) erro de tipo inevitável / escusável, provocado por terceiro (art. 20, § 2º); 
e) erro de proibição inevitável, provocado por terceiro (art. 21, caput). 
Algumas hipóteses específicas envolvendo autoria mediata: 
- Autoria mediata e crime próprio – Crime próprio é aquele que exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo. É possível a autoria mediata em crime próprio, desde 
que o autor mediato tenha a qualidade especial exigida. 
- Autoria mediata e crime de mão própria – Crime de mão própria é aquele que 
somente pode ser praticado pelo próprio agente, diretamente. São incompatíveis com 
a autoria mediata. 
- Autoria mediata e crime culposo – São incompatíveis, porque o resultado 
naturalístico não é voluntário. 
Observação 1: A teoria da autoria por determinação surge para possibilitar a 
punição do autor mediato nos casos em que é impossível a aplicação da autoria mediata. 
Para Zaffaroni, não é o autor do fato, mas responde pela determinação para o crime por 
exercer, sobre o fato, domínio equiparado à autoria. Trata-se de um tipo especial de 
concorrência. 
Observação 2: A Teoria da autoria de escritório é oriunda da doutrina alemã e 
intimamente relacionada com a teoria do domínio do fato, constituindo-se em autoria 
mediata particular ou autoria mediata especial. É autor de escritório o agente que 
transmite a ordem a ser executada por outro autor direto, dotado deculpabilidade e 
passível de ser substituído a qualquer momento por outra pessoa, no âmbito de uma 
organização ilícita de poder. Ex.: o líder do PCC dá ordens a serem seguidas por seus 
comandados. Ele é o autor de escritório, com poder hierárquico sobre seus “soldados”. 
1.6.4.2. AUTORIA COLATERAL OU APARELHADA OU COAUTORIA IMPRÓPRIA 
Consiste na hipótese em que dois ou mais agentes atuam para a consecução do 
mesmo resultado, mas desconhecendo a conduta um do outro. Não agem em concurso 
de pessoas, pois ausente o liame subjetivo. Assim, se eventual perícia for capaz de 
determinar a eficácia da conduta de cada agente para o resultado lesivo cada um só será 
responsável pelo resultado que der causa. 
Algumas hipóteses envolvendo autoria colateral: 
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50 
 
a) “A” e “B”, dois atiradores, cada um escondido em um prédio em lados distintos 
de determinada avenida, aguardam a passagem da vítima. Quando a vítima passa, os 
dois atiram e a atingem, causando a sua morte. Respondem os dois por homicídio 
consumado; 
b) Se “A” atinge a vítima e “B” erra o tiro. “A” responde por homicídio consumado 
e “B” por homicídio tentado; 
c) Se um atinge a vítima e o outro erra o tiro, mas não se sabe qual deles efetuou 
cada disparo. Aplica-se a regra do in dubio pro reo, respondendo ambos por homicídio 
tentado; 
d) Se “A” atinge e mata a vítima e “B” atinge o cadáver. “A” responde por 
homicídio consumado e “B” não responde pelo homicídio (crime impossível por absoluta 
impropriedade do objeto); 
e) Se um atinge e mata a vítima e o outro atinge o cadáver, mas não se sabe qual 
deles efetuou cada disparo. Aplica-se a regra do in dubio pro reo, e nenhum responde 
pelo homicídio (crime impossível por absoluta impropriedade do objeto). 
Autoria incerta – Ocorre no caso da autoria colateral, quando não se sabe qual 
dos autores provocou o resultado. No exemplo dos atiradores, caso só um dos disparos 
atinja a vítima, não se sabendo quem o fez, surge a autoria incerta. Aplica-se o in dubio 
pro reo e, mesmo com a morte da vítima, os dois atiradores responderão pela tentativa 
de homicídio. 
1.6.4.3. AUTORIA DE RESERVA 
Nessa modalidade, um dos agentes (executor de reserva) acompanha a 
realização do crime, ficando à disposição para intervir caso isso seja necessário. Ex.: dois 
indivíduos abordam a vítima e anunciam o roubo, enquanto o executor de reserva fica 
parado do outro lado da rua, armado, vendo se precisará ou não agir. Responderá pelo 
crime, como coautor ou partícipe, a depender de sua atuação. 
1.6.4.4. COAUTORIA SUCESSIVA 
Ocorre na hipótese em que um agente adere a uma conduta delitiva já iniciada 
por outrem. 
Um sujeito inicia a prática delitiva; antes da consumação, sem prévio ajuste, 
outro agente ingressa e, colabora para o resultado. Nucci traz um exemplo: “(...) ‘A’ 
espanca ‘B’, deixando-o no chão, chega ‘C’ e lhe desfere uma paulada. Ambos 
respondem por coautoria sucessiva pelo crime de lesões corporais graves”. 
1.6.4.5. COAUTORIA EM CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA 
É possível coautoria em crime próprio? 
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51 
 
Sim! Seja na hipótese em que todos os agentes detêm a qualidade especial 
exigida pelo tipo (ex.: no crime de peculato, todos são funcionários públicos), ou na 
hipótese em que apenas um dos agentes detém a qualidade especial, a qual é 
transmitida para os demais (ex.: no crime de peculato, um dos agentes é funcionário 
público e pratica o crime com outro sujeito que não é; a condição de funcionário público, 
elementar do delito, comunica-se ao outro - art. 30 do CP). 
É possível coautoria em crime de mão própria? 
Em regra, não, pois o crime de mão própria somente pode ser praticado pelo 
próprio agente. Porém, é possível a participação. Ex.: terceiro induz a testemunha a 
prestar depoimento falso (ver mais detidamente no tópico “falso testemunho”, em item 
futuro). 
Há exceção em uma hipótese: cabe coautoria em crime de mão própria, 
consistente na hipótese de falsa perícia (art. 342) firmada por dois profissionais. 
1.6.5. PARTICIPAÇÃO 
1.6.5.1. CONCEITO E FORMAS 
O partícipe não pratica diretamente a conduta típica. Presta conduta acessória; 
colabora para a prática do crime por auxilio, induzimento ou instigação. 
- Auxílio - É a participação material. O agente presta assistência ao autor na 
execução da empreitada criminosa, mas sem realizar a conduta descrita no núcleo do 
tipo Ex.: fornece a arma para o comparsa praticar o roubo. 
- Induzimento ou instigação – É a participação moral. No induzimento, o agente 
faz nascer na mente do outro a ideia de praticar o crime. Na instigação, o agente reforça 
na mente do outro uma ideia já existente. 
1.6.5.2. NATUREZA JURÍDICA DA PARTICIPAÇÃO 
A participação é uma hipótese de adequação típica de subordinação 
mediata/indireta. 
Em princípio, a conduta do partícipe seria atípica (ex.: quem dá a arma para que 
o comparsa elimine a vida da vítima não está, ele próprio, praticando o verbo “matar”). 
Porém, aplica-se a norma de extensão espacial e pessoal do artigo 29 do CP (“quem, de 
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade”), passando a ficar abrangida também a conduta do partícipe. 
1.6.5.3. TEORIAS DE ACESSORIEDADE 
A participação, sendo uma conduta acessória, depende da existência da conduta 
principal, praticada pelo autor. A acessoriedade da conduta do partícipe está consagrada 
no art. 31 do CP. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
52 
 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. 
Existem 4 teorias acerca da acessoriedade: 
Teoria da 
acessoriedade mínima 
Para a punição do partícipe, o autor deve ter 
praticado, pelo menos, um fato típico. 
Teoria da 
acessoriedade limitada 
ou média 
(prevalece no 
Brasil) 
Para a punição do partícipe, o autor deve ter 
praticado, pelo menos, um fato típico e antijurídico. 
Ex.1: “A” empresta a arma para “B”, de 17 anos, que 
mata “C”. “A” é partícipe de homicídio, pois “B” praticou 
um fato típico e antijurídico, apesar de não ser culpável. 
Ex.2: “A” empresta a arma para “B”, que mata “C” 
em legítima defesa. “A” não é partícipe de homicídio, pois 
“B” não praticou um fato antijurídico. 
Teoria da 
acessoriedade extrema 
ou máxima 
 
Para a punição do partícipe, o autor deve ter 
praticado um fato típico, antijurídico e culpável (no 
exemplo 1, “A” não seria partícipe, porque o autor, “B”, não 
é culpável, porém “A” seria autor mediato). 
Teoria da 
hiperacessoriedade 
Para a punição do partícipe, o autor deve ter 
praticado um fato típico, antijurídico e culpável, bem 
como efetivamente punível. 
Para facilitar a memorização: 
Teoria da 
acessoriedade: 
Para o partícipe ser punido, o autor precisa ter 
praticado: 
Mínima Fato típico. 
Média 
(limitada) 
Fato típico + antijurídico. 
Máxima 
(extrema) 
Fato típico + antijurídico + culpável. 
Hiper Fato típico + antijurídico + culpável + punível. 
O Código Penal não sinalizou qual a teoria por ele adotada, podendo ser 
excluídas, contudo, a teoria da acessoriedade mínima e da hiperacessoriedade diante 
da sistemática do diploma penal substantivo. 
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53 
 
Resta, então, ao intérprete optar pela teoria da acessoriedade limitada e 
máxima, a depender do tratamento conferido à autoria mediata. A doutrina nacional 
inclina-se a adotar a teoria da acessoriedade limitada, porém, comumente, não a 
confronta com a autoria mediata, motivo pelo qual se tem que a teoria da acessoriedade 
máxima se mostra mais coerente, já que o instituto da autoria mediata é aceito 
praticamente de maneira unânime entre os penalistas, sendo ele totalmente 
incompatível com a acessoriedade limitada. 
1.6.5.4. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA 
Art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser 
diminuída de um sexto a um terço. 
É causa de diminuição de pena. Ex.: motorista leva os comparsas para o local e 
vai embora. Pode, em tese, fazer jus ao benefício, pois se trata de participação de menor 
importância (há pouca relevância causal de sua participação). 
Observação 1: não existe coautoria de menor importância. 
Observação 2: para o STJ aquele agente que fica, por exemplo, esperando 
dentro de veículo automotor, do lado de fora da agência bancária, para garantir a 
fuga dos comparsas, não é partícipe, mas sim coautor do fato. 
1.6.5.5. PARTICIPAÇÃO EM CADEIA, PARTICIPAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO OU 
PARTICIPAÇÃO MEDIATA 
Ocorre na hipótese em que alguém auxilia, induz ou instiga outra pessoa a 
induzir, instigar ou auxiliar um terceiro a praticar o crime. 
1.6.5.6. PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA 
Várias pessoas, sem vínculo subjetivo, induzem, instigam ou auxiliam o autor a 
praticar o crime. 
Ex.: “A” induz “B” a matar “D”. Pouco depois, “C” encontra “B” e o instiga a matar 
“D”. 
Observe que a participação sucessiva deve ter relevância causal para o resultado. 
Se a participação posterior for inócua, porque o agente já estava totalmente decidido, 
não será punida. 
1.6.5.7. PARTICIPAÇÃO NEGATIVA, CONIVÊNCIA OU CONCURSO ABSOLUTAMENTE 
NEGATIVO 
Entende-se majoritariamente que a conivência ocorre nos casos em que o agente 
não tem qualquer vínculo com a conduta criminosa: não induziu, não auxiliou e não 
instigou, tampouco é garantidor, ou seja, não tem o dever de agir para impedir o 
resultado; mesmo que possa, não está obrigado a evitar o resultado. Ex.: pessoa vê um 
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furto ocorrendo e nada faz. Não há participação, mas simples conivência. O agente não 
será responsabilizado pelo crime. 
1.6.5.8. PARTICIPAÇÃO DOLOSA EM CRIME CULPOSO E PARTICIPAÇÃO CULPOSA 
EM CRIME DOLOSO 
Não é possível um partícipe atuar com dolo enquanto os coautores atuam com 
culpa. Também não é possível um partícipe atuar com culpa enquanto os coautores 
atuam com dolo. Existindo vários coautores e partícipes, o elemento subjetivo deve ser 
o mesmo (teoria monista). 
Mas veja bem: como observa Nucci, é possível existir participação culposa em 
ação dolosa, bem como participação dolosa em ação culposa. Contudo, nesse caso 
existem dois delitos. Quem colaborou culposamente na ação dolosa alheia responde por 
crime culposo, ao passo o autor será punido por crime doloso. 
Ex.: funcionário público, por culpa, concorre para a realização dolosa de crime 
alheio contra a administração (art. 312, § 2º, CP). O funcionário responde por peculato 
culposo, enquanto o outro deverá ser punido pelo crime doloso cometido. 
1.6.6. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (PARTICIPAÇÃO EM CRIME MENOS 
GRAVE OU DESVIO SUBJETIVO DE CONDUTA) 
Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de 
ter sido previsível o resultado mais grave. 
Hipótese em que o agente (coautor ou partícipe) quis praticar delito diverso 
daquele buscado pelos demais. 
Ex.: Dois sujeitos combinam um furto em residência. Enquanto “A” permanece 
do lado de fora vigiando, “B” ingressa no imóvel. “B” se depara com um morador e o 
mata com uma faca encontrada na cozinha. O partícipe, que permaneceu fora da casa, 
responde pelo furto, o outro pelo latrocínio. Neste caso, como não há unidade de 
desígnios, não haverá concurso de pessoas. 
No entanto, se “A” puder prever o resultado mais grave, responderá pelo furto, 
mas com pena aumentada até metade. 
1.6.6. AGRAVANTES E ATENUANTES RELACIONADAS AO CONCURSO DE PESSOAS 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais 
agentes; 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
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III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou 
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa. 
 
Circunstâncias atenuantes 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
1.6.7. PUNIÇÃO DO AUTOR E DO PARTÍCIPE 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
O juiz pode aplicar a pena de acordo com a conduta de cada agente. Veja que a 
pena do partícipe não é necessariamente menor que a do autor. 
1.6.8. COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO 
Coautoria: Prevalece que é possível em crimes culposos. Ex.: dois operários se 
unem para arremessar um bloco pesado para outro prédio, sobre a via pública. 
Descuidados, deixam o bloco cair, vindo a ocorrer a morte de transeunte. 
Participação: Prevalece que não é possível em crimes culposos. O tipo do crime 
culposo é aberto, fruto de “imprudência, negligência ou imperícia” (art. 18, II, do Código 
Penal). Quem auxilia, instiga ou induz outrem a ser imprudente, é, ele próprio, 
imprudente (Nucci). 
Há quem entenda que é possível. Quem pratica a conduta típica (ex.: acelera o 
veículo em velocidade incompatível com a via, vindo a matar alguém), é autor; quem 
auxilia, instiga ou induz (ex.: fica incitando o motorista a acelerar) é partícipe (Rogério 
Greco). 
1.6.9. COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO NOS CRIMES OMISSIVOS 
Lembrete: 
Crimes omissivos próprios se configuram com a omissão, que está descrita no 
próprio tipo penal. Ex.: Omissão de socorro (art. 135 – “Deixar de prestar assistência, 
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, 
nesses casos, o socorro da autoridade pública”). 
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56 
 
Crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão) são aqueles em que há 
o dever de agir, nos termos do art. 13, § 2º, do CP. Aqui, o agente responde por um 
crime comissivo, por ter se omitido. 
Admitem coautoria? O tema é controvertido. Em suma: 
1ª corrente – É possível (Nucci). Exemplo de coautoria em crime omissivo 
próprio: “A” e “B”, em comum acordo, deixam de prestar assistência a pessoa em perigo. 
Seriam coautores do crime de omissão de socorro. 
Exemplo de coautoria em crime omissivo impróprio – Os pais da criança, de 
comum acordo, decidem não a alimentar. Responderãopelo crime de homicídio por 
omissão, porque tinham o dever jurídico de evitar o resultado. 
2ª corrente – Não é possível. Cada um dos agentes responde isoladamente. 
É possível participação em crimes omissivos? 
Embora também haja controvérsia, prevalece que é possível. 
Exemplo de participação em crime omissivo próprio – “A”, por telefone, 
incentiva “B” a deixar de prestar assistência a pessoa em perigo. “A”, que não está no 
local e prestou o auxílio moral, é partícipe no crime de omissão de socorro; “B”, que 
deixou de prestar a assistência, é autor do referido crime. 
Exemplo de participação em crime omissivo impróprio – O pai da criança, 
induzido por um vizinho, decide não a alimentar. O pai da criança responderá pelo crime 
de homicídio por omissão, porque tinha o dever jurídico de evitar o resultado. O vizinho 
será partícipe. 
Observação: Participação em crime omissivo é diferente de participação por 
conduta omissiva (ou participação por omissão). A participação por omissão só é 
possível quando o omitente, além de poder agir para evitar o resultado, tiver, também, 
o dever de agir, por se enquadrar em algumas das hipóteses do art. 13, § 2 º, do CP. 
1.6.10. CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. 
Não se comunicam, salvo quando elementares do crime: 
- Circunstâncias de caráter pessoal – elemento ligado ao agente, mas não 
inerente a ele. Ex.: confissão espontânea, torpeza ou futilidade do motivo etc. 
- Condições de caráter pessoal – elemento inerente à pessoa do agente. Ex.: ser 
menor de 21 anos na data do fato, ser reincidente etc. 
“O pessoal não se comunica”. 
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Comunicam-se: 
 - Circunstâncias e as condições de caráter objetivo: São elementos ligados ao 
fato (ex.: emprego de veneno no crime de homicídio, uso de arma de fogo no crime de 
roubo etc.). Assim, se “A” e “B” praticam um roubo em comum acordo, estando um 
deles portando uma arma de fogo, os dois responderão pela respectiva causa de 
aumento de pena. 
Nota: É preciso que o agente tenha, pelo menos, previsibilidade da existência da 
circunstância ou condição que não provocou diretamente, do contrário se configuraria 
responsabilidade objetiva. 
- Elementares do crime: integram o próprio tipo penal. Comunicam-se aos 
demais, sejam objetivas ou subjetivas. Ex.: “matar” e “alguém” são elementares do 
crime de homicídio. Da mesma forma, se um funcionário público e um particular se 
unem para praticarem peculato, a condição pessoal (ser funcionário público) se 
transmite ao coautor particular (denominado extraneus). 
1.6.11. CASOS DE IMPUNIBILIDADE 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. 
De fato, apenas se dá a punição com os atos executórios. Não são puníveis atos 
meramente preparatórios. 
“Salvo disposição em contrário”: Por vezes, o legislador antecipa a punição, 
punindo atos preparatórios. Exemplo: art. 288 do CP à “Associarem-se 3 (três) ou mais 
pessoas, para o fim específico de cometer crimes”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. JURISPRUDÊNCIA 
 
Latrocínio. Agente que participou do roubo pode responder por latrocínio 
ainda que o disparo que matou a vítima tenha sido efetuado pelo correu. Aquele que 
se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde 
pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua 
participação se revele de menor importância. Ex: João e Pedro combinaram de roubar 
um carro utilizando arma de fogo. Eles abordaram, então, Ricardo e Maria quando o 
casal entrava no veículo que estava estacionado. Os assaltantes levaram as vítimas para 
um barraco no morro. Pedro ficou responsável por vigiar o casal no cativeiro enquanto 
João realizaria outros crimes utilizando o carro subtraído. Depois de João ter saído, 
Ricardo e Maria tentaram fugir e Pedro atirou nas vítimas, que acabaram morrendo. 
João pretendia responder apenas por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II) alegando 
que não participou nem queria a morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o 
art. 29, § 2º do CP. O STF, contudo, não acatou a tese. Isso porque João assumiu o risco 
de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no qual as 
vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo. (Info 855-STF. 2017). 
 
(..) 2. Deve-se reconhecer a nulidade absoluta de sentença que, em 
descompasso com os limites traçados pela exordial acusatória, condena o réu por fatos 
não narrados na denúncia. A sentença incongruente padece de vício irremediável, na 
medida em que compromete as garantias de direito de defesa, devido processo legal e 
ainda usurpa o monopólio da ação penal, concedido constitucionalmente ao Ministério 
Público. Precedentes. 3. Não são enquadráveis como notórios, ao ponto de prescindir 
de maior substrato probatório, fatos que demandam tarefa intelectiva do autor para 
serem compreendidos e aceitos, como é o caso de irregularidades relacionadas a 
complexo procedimento licitatório. 5. Deve ser refutada imputação centrada, 
unicamente, na posição de um dado agente na escala hierárquica governamental, por 
inegável afinidade com o Direito Penal Objetivo. 6. Não se admite a invocação da 
teoria do domínio do fato com vistas a solucionar problemas de debilidade probatória 
ou a fim de arrefecer os rigores para a caracterização do dolo delitivo, pois tais 
propósitos estão dissociados da finalidade precípua do instituto. 7. Não tendo o órgão 
acusatório se desincumbido do ônus probatório, de forma necessária e suficiente, e não 
tendo logrado demonstrar, de modo conclusivo, a autoria delitiva, a absolvição é medida 
que se impõe. 8. Apelação provida, a fim de, preliminarmente, declarar a nulidade 
parcial da sentença condenatória, por afronta ao princípio da correlação, e no mérito, 
absolver o réu, por ausência de provas de ter concorrido para o delito (art. 386, V, do 
CPP). (AP 975, Rel.: Min. Edson Fachin, 2ª T., j. 03/10/2017); 
 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. Não se pode invocar a teoria do 
domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova. O diretor-geral da 
empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no 
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Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais. Diante 
disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a 
ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). A denúncia aponta que, na condição de 
diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder de determinar, de decidir, 
e de fazer com que seus empregados contratados executassem o ato, sendo responsável 
pelo delito. O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode 
invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, 
citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime 
fiscal que teria sido supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele 
nem trabalha de forma fixa. Em matéria de crimes societários, a denúncia deve 
apresentar, suficiente eadequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes, 
de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na 
estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada 
apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª T.. HC 136250/PE, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, j. 23/5/2017 (Informativo 866-STF.2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. QUESTÕES 
 
1. No que se refere às causas de exclusão de ilicitude e à prescrição, julgue o seguinte 
item. 
Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real contra legítima 
defesa putativa. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
2. No que se refere às causas de exclusão de ilicitude e à prescrição, julgue o seguinte 
item. 
Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um 
desconhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do 
agressor com um guarda-chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo 
estando o desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em 
excesso intensivo. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
3. Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, 
policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor do delito se evadira 
por rodovia federal em um veículo cuja placa e características foram informadas. O 
veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em um ponto de bloqueio 
montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acreditavam estar na 
rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida 
arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no 
crime. Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item. 
Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado como obrigatório, 
hipótese em que a ação de prender e as eventuais consequências físicas dela advindas 
em razão do uso da força se encontram abrigadas pela excludente de ilicitude 
denominada exercício regular de direito. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
4. De acordo com o CP, constituem hipóteses de exclusão da antijuridicidade: 
a) O estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade. 
b) A insignificância da lesão e a inexigibilidade de conduta diversa. 
c) A legítima defesa putativa e o estrito cumprimento do dever legal. 
d) O estado de necessidade e a coação moral irresistível. 
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e) O exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa. 
 
5. Considerando as causas excludentes da ilicitude, é CORRETO afirmar que: 
a) o estado de necessidade putativo ocorre quando o agente, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe encontrar-se em estado de necessidade ou 
quando, conhecendo a situação de fato, supõe por erro quanto à ilicitude, agir 
acobertado pela excludente. 
b) Há estado de necessidade agressivo quando a conduta do sujeito atinge um interesse 
de quem causou ou contribuiu para a produção da situação de perigo. 
c) De acordo com o art. 25, do Código Penal, os requisitos da legítima defesa são: a 
agressão atual ou iminente e a utilização dos meios necessários para repelir esta 
agressão. 
d) O rol completo das hipóteses de excludentes de ilicitudes elencadas no art. 23 do 
Código Penal são: a legítima defesa, o estado de necessidade e o estrito cumprimento 
do dever legal. 
e) Legítima defesa subjetiva é a repulsa contra o excesso. 
 
6. Analise a opção CORRETA. 
a) O excesso exculpante na legítima defesa busca eliminar a antijuridicidade, vale dizer, 
o fato, embora típico, deixa se ser ilícito. 
b) No que se refere ao instituto do estado de necessidade, para que se possa diferenciar 
o estado de necessidade justificante e exculpante, pode-se destacar as denominadas 
teorias unitária e diferenciadora, sendo que para a unitária, todo estado de necessidade 
é justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado 
pelo agente. 
c) Para que se possa reconhecer o instituto consentimento do ofendido, doutrina 
enumera alguns requisitos que deverão ser preenchidos pelo agente, dentre eles que o 
ofendido seja capaz de consentir; que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente 
seja indisponível, que o consentimento tenha sido dado posteriormente à conduta do 
agente. 
d) A estrutura da culpabilidade na concepção finalista preconizada por Welzel ficaria 
com o seguinte conteúdo, qual seja, a imputabilidade; dolo e culpa e exigibilidade de 
conduta diversa. 
 
7. Imagine que João e Pedro, ambos enfermeiros, são desafetos de longa data. Em 
determinado dia em que João estava concentrado, aplicando uma injeção em um 
paciente de nome José, Pedro aproxima-se sorrateiramente e desfere facada contra 
João, com o fim de provocar lesão. Posteriormente, descobre-se que João, no 
momento em que recebeu o golpe desferido por Pedro, estava inoculando em José 
poderoso veneno, intencionalmente, a fim de matá-lo – posto que fora “contratado” 
por familiares de José para tirar-lhe a vida. A ação criminosa de João foi interrompida 
pelo golpe de Pedro. Em suma: sem saber que José estava a sofrer atentado contra a 
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vida, Pedro acabou salvando-o e, ao mesmo tempo, executou seu plano de ofender a 
integridade física de João, que sofreu lesão leve. Diante dessa hipótese, é CORRETO 
afirmar que: 
a) À luz estritamente do quanto determina o texto do CP, não se exige prévia ciência da 
situação de risco do direito para que se considere a ação de Pedro praticada em legítima 
defesa, com o que ficaria afastada a ilicitude de sua conduta. 
b) Pedro atuou circunstanciado por erro acerca de causa de justificação, em defesa 
putativa de bem jurídico de terceiro, com o que deve ser aplicada a pena do crime 
culposo de lesão corporal. 
c) A doutrina historicamente divergiu acerca da necessidade do animus defendendi na 
legítima defesa, mas hoje a questão está pacificada, no sentido de se exigi-lo, com o que 
a ação de Pedro estaria acobertada pela legítima defesa. 
d) A corrente doutrinária que defende a desnecessidade de animus defendendi para a 
caracterização da legítima defesa foi expressamente adotada pelo texto que reformou 
a parte Geral do CP em 1984, com o que é considerada ilícita a conduta de Pedro. 
 
8. No que se refere ao conceito de antijuridicidade e às hipóteses de sua exclusão, 
assinale a opção CORRETA. 
a) Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão 
proferida nos autos do procedimento de medidas protetivas de urgência, adentra no 
imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor. 
b) A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito 
cumprimento do dever legal pode estender-se ao coautor se for de seu conhecimento a 
situação justificadora. 
c) Age em legítima defesa aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou 
conta de seu automóvel, invade carro de terceiro estacionado nas proximidades e dele 
retira um extintor, sem autorização do proprietário. 
d) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal. 
e) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode 
funcionarcomo causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, conforme os valores 
dos bens em conflito. 
 
9. Quanto à exclusão de ilicitude, é CORRETO afirmar que: 
a) O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um 
bem jurídico de terceiro inocente. 
b) O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é 
punível a título de dolo ou culpa. 
c) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade. 
d) No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o 
agente responde pelo fato criminoso. 
 
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10. Espécie de legítima defesa que a doutrina afirma ser inexistente, pois a situação 
fática não é reconhecida como legítima defesa e não exclui a ilicitude de ação: 
a) Legítima defesa própria. 
b) Legítima defesa putativa. 
c) legítima defesa de terceiro. 
d) Legítima defesa em proteção a quem consente com a agressão de terceiro a bem 
indisponível. 
e) Legítima defesa recíproca. 
 
11. Estado de necessidade é o sacrifício de um bem jurídico para salvar, de perigo atual 
e inevitável, outro bem jurídico, próprio ou de terceiros. A noção de estado de 
necessidade remete à ideia de sopesamento de bens ante uma situação adversa de 
risco de lesão. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
12. Para o Estado de necessidade Exculpante, o agente do fato praticado em estado 
de necessidade pode escolher salvar o bem jurídico de menor valor. Trata-se de causa 
de exclusão da ilicitude. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
13. João ateia fogo num ônibus de propósito. Após incendiar o ônibus, fica preso no 
mesmo junto com os ocupantes. Nesse caso, João, para salvar sua vida, se volta contra 
os ocupantes do ônibus para fugir das chamas. Nesse caso, João está agindo em Estado 
de Necessidade. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
14. A depender do caso, a defesa de alguém contra um animal pode configurar Estado 
de Necessidade ou legítima defesa. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
15. Se a pessoa pode fugir ou enfrentar o perigo, caso opte por fugir, ocorre o 
denominado “commodus discessus” (saída mais cômoda). Na legítima defesa e no 
estado de necessidade, a vítima não é obrigada a adotar o commodus discessus. 
( ) Certo 
( ) Errado 
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16. É a hipótese em que o agente, por erro escusável, se excede na legítima defesa 
(excesso exculpante). Ou seja, qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias de fato, 
também se excederia. É uma causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa, 
que exclui, portanto, a culpabilidade. Isso configura: 
a) Legítima defesa subjetiva 
b) Legítima defesa objetiva 
 
17. É possível que haja legítima defesa real x legítima defesa real. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
18. A reação do agressor contra o excesso (abuso) da vítima que atua em legítima 
defesa se chama Legítima defesa agressiva. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
19. Desde que observadas as regras regulamentares, as lesões causadas constituem 
exercício regular de direito, já que o Estado incentiva a prática esportiva. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
20. Consiste na superação do limite temporal para a atuação do agente. Depois de 
cessada a agressão, ou seja, já ultrapassada a situação de agressão injusta (atual ou 
iminente), o agente reage. Uma vez que não estão presentes os requisitos legais da 
excludente de ilicitude, responderá o agente pelo delito praticado. Isso representa o 
excesso: 
a) Intensivo 
b) Extensivo 
 
21. Considerando a distinção doutrinária entre culpabilidade de ato e culpabilidade de 
autor, julgue o seguinte item: 
Tratando - se de culpabilidade pelo fato individual, o juízo de culpabilidade se amplia à 
total personalidade do autor e a seu desenvolvimento. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
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22. No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próximo item. 
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato 
de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, 
considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial 
consciência sobre a ilicitude do fato). 
( ) Certo 
( ) Errado 
23. De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os pressupostos 
fáticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo permissivo. 
( ) Certo 
( ) Errado 
24. Acerca da parte geral do direito penal e seus Institutos, julgue o item seguinte. 
Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por desconhecimento 
invencível de algum elemento do tipo quanto a conduta do agente que age 
acreditando estar autorizado a fazê-lo ensejam como consequência a exclusão do dolo 
e, por conseguinte, a do próprio crime. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
25. Com relação ao erro no Direito Penal, é CORRETO afirmar: 
a) Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa 
que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o 
crime contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que almejava. No caso de 
ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do 
concurso formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio criminis. 
b) O agente que, objetivando determinado resultado, termina atingindo resultado 
diverso do pretendido, responde pelo resultado diverso do pretendido somente por 
culpa, se for previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o resultado 
almejado e também resultado diverso do pretendido, responderá pela regra do 
concurso formal, restando configurada a aberratio causae. 
c) Mãe que, a fim de cuidar do machucado de seu filho, aplica sobre o ferimento ácido, 
pensando tratar-se de pomada cicatrizante, age em erro de proibição. 
d) Fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata posseiro que a invade, 
pensando estar nos limites de seu direito, atua em erro de proibição indireto. 
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26. De acordo com o Estatuto Penal brasileiro, são elementos da culpabilidade a 
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta 
diversa. 
Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa CORRETA. 
a) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, 
considerando-se apenas a sua idade ao tempo do crime. 
b) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa 
ou incompleta, mas sempre voluntária. 
c) A legislação penal brasileira adotou o critério biopsicológico como aquele de aferição 
da imputabilidade, independentemente da idade do infrator ao tempo do fato. 
d) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente 
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento, poderá ser imposta pena como sanção, porém com redução de 1 (um) a 
2/3 (dois terços). 
e) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou 
da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena. 
27. Para Welzel,a culpabilidade é a reprovabilidade de decisão da vontade, sendo uma 
qualidade valorativa negativa da vontade de ação, e não a vontade em si mesma. O 
autor aponta a incorreção de doutrinas segundo as quais a culpabilidade tem caráter 
subjetivo, porquanto um estado anímico pode ser portador de uma culpabilidade 
maior ou menor, mas não pode ser uma culpabilidade maior ou menor. Essa definição 
de culpabilidade está relacionada: 
a) ao conceito material de culpabilidade. 
b) à teoria psicológica. 
c) à teoria normativa pura, ou finalista. 
d) à teoria psicológico-normativa, ou normativa complexa. 
28. Não aceitando o término do casamento, Felinto manteve Isaura por uma hora e 
meia sob a mira de um revólver. Durante esse tempo, o Delegado Moraes negociou a 
rendição de Felinto. Aos prantos, repetia que liberaria a ex-mulher, contudo efetuaria 
disparo contra a sua cabeça, pondo fim à própria vida, pois não viveria sem sua amada. 
Passados mais alguns minutos, decidiu liberar Isaura. Ainda transtornado e de arma 
em punho, dirigiu-se à saída do local onde estava acuado pelos policiais e, 
inesperadamente, ao invés de se entregar, apontou o revólver aos integrantes do 
grupo tático, gritando que efetuaria um disparo. Nesse momento, vendo uma ameaça 
em Felinto, pois estava prestes a atirar contra os policiais, o Delegado Moraes efetuou 
disparo mortal. Em seguida, ao se aproximar do corpo da vítima, verificou que a arma 
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de Felinto não estava municiada. Visando a evitar qualquer responsabilização penal, 
a defesa técnica de Moraes deverá suscitar que ele atuou em contexto de 
a) erro de tipo permissivo invencível. 
b) erro determinado por terceiro. 
c) erro de tipo incriminador invencível. 
d) legítima defesa própria. 
e) erro de proibição invencível. 
29. No que concerne à exigibilidade de conduta diversa e hipóteses de sua exclusão, é 
CORRETO afirmar que a: 
a) embriaguez proveniente de caso fortuito é hipótese de inexigibilidade de conduta 
diversa. 
b) exclusão da culpabilidade pela obediência hierárquica exige ordem não 
manifestamente ilegal. 
c) coação moral resistível é considerada causa supralegal de inexigibilidade de conduta 
diversa. 
d) coação irresistível. física ou moral, conduz á inexigibilidade de conduta diversa. 
e) exigibilidade de conduta diversa é elemento da culpabilidade criado pelas teorias 
funcionalistas. 
30. De acordo com o Código Penal, aquele que pratica o fato em estrita obediência a 
ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico: 
a) responde criminalmente como partícipe de menor importância. 
b) não comete crime, pois tem a ilicitude de sua conduta afastada. 
c) não é punido criminalmente. 
d) responde criminalmente como partícipe. 
e) responde criminalmente como coautor. 
31. No Direito Penal brasileiro, o erro: 
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade 
subjetiva em todas as suas formas. 
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime 
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c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de 
aplicação da pena. 
d) proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica 
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável. 
32. (Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa disser 
respeito aos pressupostos fáticos da excludente, estamos diante de: 
a) Excludente de antijuridicidade. 
b) Erro de tipo. 
c) Erro de proibição. 
d) Excludente de culpabilidade. 
 
33. A doutrina entende por aberratio delicti: 
a) o erro sobre a pessoa, no qual o agente, por engano de representação, atinge outra 
pessoa no lugar da vítima desejada. 
b) o desvio do golpe que ocorre quando o agente por inabilidade ou acidente não acerta 
a vítima visada, mas outra pessoa. 
c) o erro sobre a ilicitude do fato. 
d) uma das hipóteses de resultado diverso do pretendido, no qual o agente por 
inabilidade ou acidente atinge bem jurídico diverso do pretendido. 
e) o resultado que agrava especialmente a pena. 
34. A actio libera in causa se caracteriza: 
a) quando o agente, nos limites do livre arbítrio que rege a conduta humana, pratica o 
crime de forma livre e consciente. 
b) quando o agente, por impossibilidade de conhecer a ilicitude de sua conduta, pratica 
fato tipificado como crime. 
c) quando o agente, em estado de embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força 
maior, que enseja a diminuição de pena, pratica fato definido como crime. 
d) quando o agente, em estado de embriaguez completa, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, que enseja isenção de pena, pratica fato definido como crime. 
e) quando o agente comete o crime em estado de embriaguez não proveniente de caso 
fortuito ou força maior. 
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35. Joaquim, pretendendo matar a própria esposa, arma-se com um revólver e fica 
aguardando a saída dela da academia de ginástica. Analise as hipóteses a seguir. 
I. Se Joaquim errar o disparo e atingir e matar pessoa diversa que passava pelo local 
naquele momento, sem atingir a esposa, responderá por homicídio doloso, agravado 
pelo fato de ter sido cometido contra cônjuge (art. 61, II, “e”, do CP). 
II. Se Joaquim errar o disparo e atingir e matar pessoa diversa que passava pelo local 
naquele momento, sem atingir a esposa, responderá por homicídio doloso, mas sem a 
incidência da agravante de ter sido o crime cometido contra cônjuge (art. 61, II, “e”, do 
CP). 
III. Se Joaquim atingir e matar a esposa, mas, simultaneamente, em razão do único 
disparo, por erro, também atingir e matar pessoa diversa que passava pelo local naquele 
momento, responderá por homicídio doloso, agravado pelo fato de ter sido o crime 
cometido contra cônjuge (art. 61, II, “e”, do CP), em concurso formal. 
IV. Se Joaquim atingir e matar a esposa, mas, simultaneamente, em razão do único 
disparo, por erro, também atingir e matar pessoa diversa que passava pelo local naquele 
momento, responderá por homicídio doloso, agravado pelo fato de ter sido o crime 
cometido contra cônjuge (art. 61, II, “e”, do CP), em concurso material. 
 
Estão corretas apenas 
a) I e III. 
b) I e IV. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
36. Mário, comerciante, emprestou determinada quantia para Eliseu. Um dia após a 
data ajustada para o pagamento, após ser informado por telefone de que Eliseu não 
teria o montante para quitar o empréstimo, Mário se dirige à casa do devedor e, 
clandestinamente, subtrai um notebook no valor da dívida, acreditando estar 
amparado por uma causa de justificação que tornaria a sua conduta lícita, qual seja, a 
dívida vencida. Considerando os fatos hipotéticos narrados, pode-se afirmar que 
Mário incorreu em 
a) erro de proibição direto que, se escusável, exclui a ilicitude do fato. 
b) erro de proibição direto que, caso inescusável, subsiste a culpabilidade, mas a pena 
deve ser diminuída de um sexto a um terço. 
c) erro de proibição indireto que, se escusável, exclui a culpabilidade do agente. 
d) erro de proibição indireto que, caso inescusável, subsiste a culpabilidade, mas a pena 
deve ser diminuída de um sexto a dois terços. 
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e) erro de tipo que, se escusável, exclui o dolo e a culpa, tornando o fato atípico. 
37. Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item seguinte. 
A imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela 
prática de uma infração penal. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
38. Sobre a Teoria do Tipo, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) Se o fato criminoso é cometido sob coação irresistível, a pena do agente será reduzida 
em dois terços. 
b) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá 
diminuí-la de um sexto a um terço. 
c) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
d) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite 
a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
e) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. 
39. De acordo com o CP (Código Penal), a embriaguez completa e fortuita é 
a) atenuante de pena. 
b) causa de isenção de pena. 
c) causa de diminuição de pena. 
d) excludente da ilicitude. 
e) indiferente na imputabilidade penal. 
40. Todo indivíduo age numa circunstância determinada e com um âmbito de 
autodeterminação também determinado. A sociedade nunca tem a possibilidade de 
brindar a todos os homens com as mesmas oportunidades. Em consequência, há 
sujeitos que têm um menor âmbito de autodeterminação, condicionado desta 
maneira por causas sociais. Assim, ao considerar que essas pessoas que têm um menor 
âmbito de autodeterminação tendem ao crime por carências sociais; a reprovação 
pela prática da infração penal deve ser dirigida conjuntamente ao Estado e ao agente, 
se verificada, no caso concreto, tal desigualdade de oportunidade de vida. O texto 
precedente apresenta a ideia central da teoria denominada 
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a) normalidade das circunstâncias concomitantes. 
b) coculpabilidade. 
c) tipicidade conglobante. 
d) elementos negativos do tipo. 
e) imputação objetiva. 
41. João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de 
Ana, também maior e capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e 
hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram 
a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando 
enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre os 
três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os 
três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. 
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente. 
De acordo com a teoria objetivo-subjetiva, o autor do delito é aquele que tem o 
domínio final sobre o fato criminoso doloso. 
( ) Certo 
( ) Errado 
42. Mesmo texto base da questão 41. 
Para que fique caracterizado o concurso de pessoas, é necessário que exista o prévio 
ajuste entre os agentes delitivos para a prática do delito. 
( ) Certo 
( ) Errado 
43. Mesmo texto base da questão 41. 
Na situação considerada, configurou-se a autoria imprópria decorrente do concurso 
de pessoas. 
( ) Certo 
( ) Errado 
44. Mesmo texto base da questão 41. 
Como as ações paralelas de João, Pedro e Ana — agentes diversos — lesionaram o 
mesmo bem jurídico, constata-se a ocorrência da autoria colateral, haja vista que o 
resultado foi previamente planejado em conjunto. 
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( )Certo 
( ) Errado 
45. A, B e C são atores. Pelo fato de B obter o papel de personagens de maior destaque, 
secretamente A o inveja e despreza. No intuito de livrar-se de B, A troca as balas de 
festim por munição real do revólver de C, que, ao disparar em cena de novela contra 
B, causa sua morte. Nesse caso, 
a) segundo a teoria objetivo-material, C poderá ser enquadrado na autoria imprópria 
em relação ao homicídio de B. 
b) com base na teoria objetivo-formal, A poderá ser considerado autor mediato do 
homicídio de B. 
c) conforme a teoria do domínio do fato, C seria considerado partícipe do homicídio de 
B. 
d) A e C agiram em autoria colateral, sendo que A será considerado mandante e C 
responderá culposamente. 
e) houve autoria incerta, e A e C responderão por tentativa de homicídio, pois, quanto 
à tentativa, existia certeza, mas, quanto à ocorrência do resultado, havia dúvida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. GABARITO COMENTADO 
 
1. Errado. 
Importante saber a diferenciação entre legítima defesa sucessiva e legítima defesa 
recíproca. A primeira, tratada na assertiva, diz respeito à sucessão de uma legítima real 
sobre a outra, em decorrência do excesso da primeira. A modalidade recíproca é 
tecnicamente inviável, pois não podem existir duas agressões igualmente injustas e 
simultâneas entre si. O mais próximo que se chega desse conceito é quando há leg. def. 
real X leg. def. putativa, sendo que esta última não é efetivamente uma causa de 
exclusão da ilicitude. 
 
2. Errado. 
Não se trata de excesso intensivo (que ocorre durante a agressão), mas sim extensivo 
(ocorre depois da agressão). 
 
3. Errado. 
A excludente de ilicitude correta na questão seria o estrito cumprimento de dever legal, 
não de exercício regular de direito. Isto porque a lei obriga os agentes públicos a agir 
dentro dos deveres que impõe aos mesmos, como é o caso em que um policial tem o 
dever legal de prender alguém em flagrante quando acaba de praticar infração penal. 
 
4. A. 
O Código Penal prevê expressamente as seguintes excludentes de ilicitude genéricas: 
estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício 
regular de direito. 
 
5. A. 
Está correta a assertiva. De fato, o estado de necessidade putativo (imaginário) ocorre 
quando o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
encontrar-se em estado de necessidade ou quando, conhecendo a situação de fato, 
supõe por erro quanto à ilicitude, agir acobertado pela excludente. 
 
6. B. 
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A teoria unitária (adotada pelo CP) prevê que o estado de necessidade é sempre causa 
de exclusão da ilicitude. Para a teoria diferenciadora, o estado de necessidade pode ser 
justificante (exclui a ilicitude) ou exculpante (exclui a culpabilidade). 
 
7. A. 
O Código Penal não traz como requisito a existência do elemento subjetivo (ciência de 
que atua em legítima defesa). Nesse sentido: “CP, art. 25 - Entende-se em legítima 
defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, 
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Existe posição doutrinária nesse sentido 
exigindo o animus defendendi. 
 
8. B. 
A excludente de ilicitude consistente no estrito cumprimento do dever legal pode se 
estender ao coautor e ao partícipe. 
 
9. C. 
a) INCORRETA. 
A questão narra o estado de necessidade agressivo. Diz-se que o estadode necessidade 
será defensivo quando a conduta do agente se dirige exclusivamente ao produtor da 
situação de perigo. 
b) INCORRETA. 
Contraria o art. 23, parágrafo único, do CP. 
c) CORRETA. 
A teoria unitária é adotada pelo art. 23 do CP e preconiza que todo estado de 
necessidade é justificante, pois tem a finalidade de eliminar a ilicitude de um fato típico. 
A teoria unitária não adota a distinção entre estado de necessidade justificante e estado 
de necessidade exculpante, pois para ela todo estado de necessidade é justificante 
(teoria diferenciadora é, porém, adotada pelo CPM). 
d) INCORRETA. 
Contraria os artigos 20, §1º, e 23, parágrafo único, ambos do CP. 
 
10. E. 
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a) INCORRETA. 
A legítima defesa pode ser invocada para proteção de qualquer bem jurídico (vida, 
integridade física, patrimônio), do próprio agente ou de terceiro. 
b) INCORRETA. 
É admitida a legítima defesa putativa, hipótese na qual o agente, por erro, acredita estar 
agindo em legítima defesa. 
c) INCORRETA. 
A legítima defesa pode ser invocada para proteção de qualquer bem jurídico (vida, 
integridade física, patrimônio), do próprio agente ou de terceiro. 
d) INCORRETA. 
Segundo Francisco de Assis Toledo, o consentimento para a legitimação da legítima 
defesa de terceiro, depende da natureza do bem jurídico. Se o bem for indisponível, não 
precisa de autorização. Se o bem for disponível, precisa de autorização. Já para Aníbal 
Bruno, não há necessidade de autorização, seja qual for a natureza do bem. No caso 
apresentado na questão, apesar de não ser necessário, houve consentimento, o que 
legitima a ação defensiva. 
d) CORRETA. 
Legítima defesa real x legítima defesa real (legítima defesa simultânea ou recíproca) - 
Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima defesa uma 
contra a outra. Afinal, a legítima defesa pressupõe que tenha havido uma agressão 
injusta. Quem agride outro injustamente não está em legítima defesa. E quem se 
defende, por outro lado, estará amparado pela excludente. 
 
11. Certo. 
Retirada do nosso ponto, faltou só mencionar o exemplo. Ex.: ocorre um naufrágio, e há 
apenas uma boia. A pessoa que ataca outra para ficar com a boia e salvar a própria vida 
não será responsabilizada criminalmente. 
 
12. Errado. 
Para o Estado de necessidade Exculpante, o agente do fato praticado em estado de 
necessidade pode escolher salvar o bem jurídico de menor valor. Trata-se de causa de 
exclusão da ilicitude. Na verdade, é uma causa supralegal da culpabilidade. 
 
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13. Errado. 
Se o agente causou o perigo dolosamente, não faz jus ao estado de necessidade. Ex.: 
João ateia fogo num ônibus de propósito. Caso se volte contra os ocupantes para fugir 
das chamas, não poderá se valer da excludente. 
 
14. Certo. 
“Portanto, em princípio, se o agente, para se defender de um ataque espontâneo de um 
animal, volta-se contra ele, não podemos falar em legítima defesa (por ausência de 
conduta humana), mas sim em estado de necessidade. Porém, se o animal for instado 
por alguém a atacar, é possível haver legítima defesa, porque, neste caso, houve 
conduta humana configuradora de agressão injusta.” 
 
15. Errado. 
Se a pessoa pode fugir ou enfrentar o perigo, caso opte por fugir, ocorre o denominado 
“commodus discessus” (saída mais cômoda). Na legítima defesa, a vítima não é 
obrigada a adotar o commodus discessus. Já, no estado de necessidade, sim, ou seja, 
deve evitar o perigo. 
 
16. A. 
O caso retrata claramente a legítima defesa subjetiva conforme visto no presente ponto. 
 
17. Errado. 
Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima defesa uma 
contra a outra. Afinal, a legítima defesa pressupõe que tenha havido uma agressão 
injusta. Quem agride outro injustamente não está em legítima defesa. E quem se 
defende, por outro lado, estará amparado pela excludente. 
 
18. Errado. 
A reação do agressor contra o excesso (abuso) da vítima que atua em legítima defesa é 
a legítima defesa sucessiva, não agressiva. 
 
19. Certo. 
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Desde que observadas as regras regulamentares, as lesões causadas constituem 
exercício regular de direito, já que o Estado incentiva a prática esportiva. 
 
20. B. 
O excesso Extensivo Consiste na superação do limite temporal para a atuação do agente. 
Depois de cessada a agressão, ou seja, já ultrapassada a situação de agressão injusta 
(atual ou iminente), o agente reage. Uma vez que não estão presentes os requisitos 
legais da excludente de ilicitude, responderá o agente pelo delito praticado. 
 
21. Errado. 
A culpabilidade pelo fato (direito penal do fato) não considera a personalidade do 
agente, isto é feito pelo direito penal do autor, vedado em nosso ordenamento jurídico. 
Vale apenas o fato praticado pelo agente, não sua personalidade. 
 
22. Certo. 
Justificativa do CESPE: De acordo com a doutrina, “Segundo a teoria causal, o dolo 
causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir no dolo, juntamente 
com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, um elemento de 
natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato)”. 
 
23. Errado. 
Para os adeptos da teoria extremada da culpabilidade, qualquer caso de descriminante 
putativa, incluindo o erro sobre os pressupostos fáticos de descriminante trazido na 
questão, é caso de erro de proibição. 
 
24. Errado. 
É preciso delimitar com cuidado as duas situações trazidas na questão. No 1º caso, de 
agir imprudentemente por desconhecimento invencível (escusável) de elemento do 
tipo, temos erro de tipo escusável, com exclusão do dolo. No 2º caso, do agente que age 
acreditando estar autorizado a fazê-lo, temos um caso de erro sobre a existência de 
causa de exclusão de ilicitude, o que implica em erro de proibição indireto, ou 
descriminante putativa por erode proibição. Neste caso, por ser erro de proibição, não 
há exclusão do dolo, mas sim da culpabilidade (somente quando inescusável, o que a 
questão sequer menciona). Aprofundando, caso fosse o caso de erro quanto aos 
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78 
 
pressupostos fáticos da excludente de ilicitude, aí sim também teríamos a potencial 
exclusão do dolo, com base na teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP. 
 
25. D. 
A alternativa ‘a’ trata da aberratio ictus, a alternativa ‘b’ trata da aberratio criminis e a 
alternativa ‘c’ trata de erro de tipo, não de erro de proibição. A letra ‘d’ está correta 
justamente por trazer uma descriminante putativa por erro de proibição (sinônimo de 
erro de proibição indireto – atenção com as nomenclaturas). 
 
26. D. 
a) INCORRETA. 
Pois a idade não é o único fator para análise de inimputabilidade. 
b) INCORRETA. 
Pois a embriaguez voluntária nunca afasta a imputabilidade penal (art. 28, II, CP). 
c) INCORRETA. 
Não leva em consideração a aplicação excepcional do critério biológico quando o agente 
é menor de 18 anos. 
d) CORRETA. 
É a situação da semi-imputabilidade (art. 26, pú, CP). 
e) INCORRETA. 
Embriaguez voluntárianunca a fasta a imputabilidade penal. 
 
27. C. 
A assertiva C está correta, pois a teoria normativa pura ou finalista indica a culpabilidade 
como juízo de reprovação, enquanto a vontade, acompanhada de dolo ou culpa, 
encontram-se na tipicidade. As teorias psicológica e psicológica-normativa indicam a 
culpabilidade como abrangente do dolo e da culpa (causalismo e neokantismo). Já o 
conceito material de culpabilidade tem relação com a responsabilidade subjetiva como 
limitação ao poder de punir. 
 
28. A. 
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79 
 
Erro de tipo permissivo é sinônimo de descriminante putativa por erro de tipo. Os 
policiais sabem as situações em que cabe legítima defesa (pressupostos de existência) e 
os seus limites, sendo o caso de erro quanto aos pressupostos fáticos de excludente de 
ilicitude, que culmina, pela teoria limitada da culpabilidade, na aplicação da regra do 
erro de tipo. 
 
29. B 
a) INCORRETA. 
É caso de exclusão de imputabilidade. 
b) CORRETA. 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, 
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou 
da ordem. 
c) INCORRETA. 
A coação deve ser irresistível. 
d) INCORRETA. 
A coação física irresistível exclui a conduta. 
e) INCORRETA. 
A exigibilidade de conduta diversa foi criada com a teoria psicológico-normativa de 
Frank, apoiada no neokantismo, trazendo um elemento normativo para a culpabilidade. 
 
30. C. 
Estamos diante de uma das hipóteses das excludentes da culpabilidade, mais 
precisamente a inexigibilidade de conduta diversa. 
Art. 22 do CP - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a 
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da 
coação ou da ordem. 
 
31. B. 
Art. 20, § 3º do CP. 
a) INCORRETA. 
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80 
 
O erro de tipo, se inevitável, exclui o dolo e a culpa, tornando o fato atípico, mas, se 
evitável, permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
c) INCORRETA. 
Art. 20, § 3º do CP. Consideram-se as condições da pessoa contra quem o agente queria 
praticar o crime. 
d) e e) INCORRETAS. 
O erro de proibição, se inevitável, exclui a culpabilidade; se evitável é causa de 
diminuição de pena. Art. 21 do CP. 
 
32. B. 
Prevalece ser a teoria adotada pelo Código Penal, já que a exposição de motivos do 
Código Penal, de maneira expressa, fez menção à teoria limitada da culpabilidade no 
item 19. 
Consequências: se o erro for inevitável, exclui o dolo e a culpa, isentando o agente de 
pena; se evitável, fica excluído o dolo, mas o agente responde a título de culpa, se esta 
modalidade estiver prevista em lei (culpa imprópria). 
 
33. D. 
CP, art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução 
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o 
fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código. 
Aberratio criminis ou aberratio delicti - Erro ou desvio no crime. O agente, por acidente 
ou erro na execução, atinge um bem jurídico diverso do pretendido. Ex.: lança um tijolo 
para destruir o carro da vítima (dano), mas acaba atingindo uma pessoa (lesão corporal). 
Consequência: o agente responderá pelo resultado diverso do pretendido, a título de 
culpa (desde que punível a modalidade culposa). No exemplo, o agente responderia por 
lesão corporal culposa. Se o agente provocar também o resultado pretendido, 
responderá pelos dois crimes, em concurso formal. 
 
34. E. 
A teoria fundamenta-se no princípio segundo o qual “a causa da causa também é a causa 
do que foi causado”, isto é, para aferir-se a imputabilidade penal no caso da embriaguez, 
despreza-se o tempo em que o crime foi praticado. De fato, nesse momento o sujeito 
estava privado da capacidade de entendimento e de autodeterminação porque, por 
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vontade própria, embriagou-se, livre de qualquer coação. Por esse motivo, considera-se 
como marco da imputabilidade penal o período anterior à embriaguez. 
De acordo com o item 21 da Exposição de Motivos do Código Penal de 1940: 
Ao resolver o problema da embriaguez (pelo álcool ou substância de efeitos análogos), 
do ponto de vista da responsabilidade penal, o projeto aceitou em toda a sua plenitude 
a teoria da actio libera in causa ad libertatem relata, que, modernamente, não se limita 
ao estado de inconsciência preordenado, mas se estende a todos os casos em que o 
agente se deixou arrastar ao estado de inconsciência. 
35. A. 
I. CORRETA. Consideram-se as qualidades e condições da vítima virtual, não efetiva: 
CP, art. 73 – “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como 
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, 
aplica-se a regra do art. 70 deste Código”. 
II. INCORRETA. 
(Vide assertiva anterior). 
III. CORRETA. 
Aberratio ictus com resultado duplo. Parte final do art. 73. 
IV. INCORRETA. 
(Vide assertiva anterior). 
 
36. C. 
Trata-se de erro de proibição indireto, que ocorre quando o agente atua conhecendo a 
tipicidade de sua conduta, porém supõe estar ela acobertada por alguma excludente 
da ilicitude. Aplica-se, no caso, a norma do art. 21 do CP (“O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço.”). 
 
37. Certo. 
Trata-se da imputabilidade, um dos elementos do terceiro substrato do crime, a 
culpabilidade. Segundo Fernando Capez, a imputabilidade é a capacidade de entender 
o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, o agente 
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deve ter condições físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando 
um ilícito penal. 
 
38. A. 
O art. 22 do CP aduz que se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita 
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o 
autor da coação ou da ordem. As demais alternativas se verificam verdadeiras com uma 
simples leitura dos artigos 20 e 21 do CP. 
 
39. B. 
Veja a redação do art. 28, §1º, do CP: É ISENTO DE PENA o agente que, por embriaguez 
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse fato. 
 
40. B. 
Veja que o texto trata da Teoria da Coculpabilidade, de Eugenio Raúl Zaffaroni, tal qual 
expomos no nosso material. Dominar a teoria (e suas variantes) garante diversas 
questões objetivas, dissertativas e até mesmo questionamentos de provas orais. 
 
41. Certo. 
A teoria objetivo-subjetiva é sinônimo da teoria do domínio do fato. 
 
 
42. Errado. 
Embora exija-se liame subjetivo entre coautores e partícipes, não é necessário o ajuste 
prévio.Basta a adesão voluntária antes da consumação. 
 
 
43. Errado. 
Autoria imprópria é a mesma coisa que autoria colateral, que não é propriamente 
concurso de agentes, por falta de liame subjetivo. É o exemplo dos dois atiradores que 
acertam a vítima sem saber da conduta do outro. 
 
 
44. Errado. 
Houve legítima coautoria/concurso de agentes, não autoria colateral, estando incorreta 
pelos mesmos motivos da questão anterior (existência de liame subjetivo). 
 
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45. B. 
Autoria mediata é a modalidade de autoria em que o autor realiza indiretamente o 
núcleo do tipo, valendo-se de pessoa sem culpabilidade ou que age sem dolo ou culpa. 
 
 
 
 
 
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