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CPF: 860.542.154-18
PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Penal 
(Ponto 2) 
Inquérito Policial 
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2 
SUMÁRIO 
 
1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 3 
1.1. INQUÉRITO POLICIAL ................................................................................................. 3 
2. LEGISLAÇÃO ANOTADA ............................................................................................... 34 
3. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 43 
4. QUESTÕES ................................................................................................................... 48 
5. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 56 
 
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3 
1. DOUTRINA (RESUMO) 
1.1. INQUÉRITO POLICIAL 
1.1.1. CONCEITO 
 
O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela 
polícia investigativa, objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de 
elementos de informação quanto à autoria e à materialidade da infração penal, a fim 
de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
 
1.1.2. NATUREZA JURÍDICA 
 
O inquérito policial é um procedimento administrativo. 
 
OBSERVAÇÃO: Como o inquérito policial é mera peça informativa, eventuais vícios 
dele constantes não têm o condão de contaminar o processo penal a que der origem. 
 
1.1.3. FINALIDADE 
 
O inquérito policial tem dupla finalidade: 
 
- Preservadora: a existência prévia de um inquérito policial 
inibe a instauração de um processo penal infundado, 
temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando 
custos desnecessários para o Estado; 
- Preparatória: fornece elementos de informação quanto à 
autoria e à materialidade do delito, para que o titular da ação 
penal ingresse em juízo, além de servir para acautelar meios de 
prova que poderiam desaparecer com o decurso do tempo. 
 
OBSERVAÇÃO: O inquérito policial exerce papel fundamental em relação à decretação 
de medidas cautelares pessoais, patrimoniais ou probatórias no curso da investigação 
policial e, também, é útil para fundamentar eventual absolvição sumária (CPP, art. 
397). 
 
1.1.4. VALOR PROBATÓRIO 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
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4 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
“Elementos de informação” não é sinônimo de “prova”. Elementos de 
informação são aqueles colhidos na fase investigatória, sem a necessária participação 
dialética das partes (art. 155 do CPP). Por outro lado, provas são os elementos de 
convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial e, por conseguinte, com 
a necessária participação dialética das partes, sob o manto do contraditório (ainda que 
diferido) e da ampla defesa. 
Tendo em conta que os elementos de informação não são colhidos sob a 
égide do contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem valor 
probatório relativo, e, de forma isolada, não podem os elementos de informação 
servir de fundamento para um decreto condenatório, mas podem, de forma 
subsidiária, influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa 
quando complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do 
contraditório em juízo. 
 
1.1.5. CARACTERÍSTICAS 
A. Procedimento escrito 
 
De acordo com o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito policial serão, 
num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas 
pela autoridade. 
 
OBSERVAÇÃO: Apesar de o CPP não fazer menção à gravação audiovisual de 
diligências realizadas no curso do inquérito policial, sempre que possível, o registro dos 
depoimentos do investigado, do indiciado, do ofendido e das testemunhas será feito 
pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, 
inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações (art. 405, 
§1º, do CPP). 
 
B. Procedimento dispensável 
 
O inquérito policial é peça meramente informativa. Portanto, se o titular da 
ação penal (Ministério Público ou ofendido) dispuser desse substrato mínimo 
necessário para o oferecimento da peça acusatória, o inquérito policial será 
perfeitamente dispensável. 
 
C. Procedimento sigiloso 
 
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Se o inquérito policial objetiva investigar infrações penais, coletando 
elementos de informação quanto à autoria e à materialidade dos delitos, de nada 
valeria o trabalho da polícia investigativa se não fosse resguardado o sigilo necessário 
durante o curso de sua realização. Portanto, por natureza, o inquérito policial está sob 
a égide do sigilo externo, nos termos do art. 20 do CPP, que dispõe que a autoridade 
assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
 
ATENÇÃO! A despeito do art. 20 do CPP e mesmo em se tratando de inquérito sigiloso, 
tem prevalecido o entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do 
procedimento investigatório, caso a diligência realizada pela autoridade policial já 
tenha sido documentada. Porém, em se tratando de diligências que ainda não foram 
realizadas ou que estão em andamento, não há que falar em prévia comunicação ao 
advogado, nem ao investigado, na medida em que o sigilo é inerente à própria eficácia 
da medida investigatória. É o que se denomina de sigilo interno (Súmula Vinculante nº 
14). 
 
D. Procedimento inquisitorial 
 
O inciso XXI do art. 7º do Estatuto da OAB, incluído pela Lei 13.245/2016, 
prevê que o advogado tem direito de assistir a seus clientes investigados durante a 
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou 
depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e 
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, 
inclusive, no curso da respectiva apuração apresentar razões e quesitos. 
Diante da nova redação conferida à Lei 8.906/94, indaga-se se ainda é possível 
afirmar que o inquérito policial é um procedimento inquisitorial. 
Prevalece que sim. Com efeito, ante a impossibilidade de aplicação de uma 
sanção como resultado imediato das investigações criminais, como ocorre, por 
exemplo, em um processo administrativo disciplinar, não se pode exigir a observância 
do contraditório e da ampla defesa nesse momento inicial da persecução penal. Ora, 
se não há necessidade de um defensor no curso de um processo administrativo 
disciplinar, do qual pode resultar a aplicaçãode sanções relativamente severas (v.g., 
suspensão, exoneração, perda de função, etc.), é de se estranhar a obrigatoriedade de 
defensor durante a realização de um interrogatório policial, do qual jamais será 
possível a aplicação imediata de uma sanção. 
Além disso, as atividades investigatórias estão concentradas nas mãos de uma 
única autoridade (Delegado de Polícia, no caso do inquérito policial; Ministério Público, 
em se tratando de um procedimento investigatório criminal), que deve conduzir a 
apuração de maneira discricionária, colhendo elementos quanto à autoria e à 
materialidade do fato delituoso. Logo, não há oportunidade para o exercício do 
contraditório ou da ampla defesa. 
 
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E. Procedimento discricionário 
 
A fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária (e 
não arbitrária) pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de 
acordo com as peculiaridades do caso concreto. 
 
F. Procedimento oficial 
 
Incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou federal) a presidência do inquérito 
policial. Vê-se, pois, que o inquérito policial fica a cargo de órgão oficial do Estado, nos 
termos do art. 144, § 1º, I, c/c art. 144, § 4º, da CF. 
Nesse sentido, é o que dispõe a Lei 12.830/2013: 
 
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações 
penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza 
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
§1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, 
cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito 
policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como 
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da 
autoria das infrações penais. 
 
G. Procedimento oficioso 
 
Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública 
incondicionada, a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito policial de 
ofício, independentemente de provocação da vítima e/ou qualquer outra pessoa. 
No caso de crimes de ação penal pública condicionada à representação e de 
ação penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial está condicionada 
à manifestação da vítima ou de seu representante legal. Porém, uma vez demonstrado 
o interesse do ofendido na persecução penal, a autoridade policial é obrigada a agir de 
ofício, determinando as diligências necessárias à apuração do delito. 
 
H. Procedimento indisponível 
 
De acordo com o art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá mandar 
arquivar autos de inquérito policial. 
Se, diante de uma circunstância fática, o delegado percebe que não houve 
crime, não deve iniciar o inquérito policial, mas, uma vez iniciado, deve levá-lo até o 
final, não podendo arquivá-lo. E, no relatório, não poderá fazer considerações acerca 
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da existência de excludentes de ilicitude ou de culpabilidade, cabendo-lhe 
simplesmente relatar as diligências investigatórias realizadas e apontar a tipificação do 
fato apurado. 
 
I. Procedimento temporário 
 
Apesar de o art. 10, § 3º, do CPP permitir que a autoridade policial possa 
requerer ao juiz a devolução dos autos para ulteriores diligências, quando o fato for de 
difícil elucidação e o indiciado estiver solto, o princípio constitucional da duração 
razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) impede que o inquérito policial tenha seu 
prazo de conclusão prorrogado indefinitivamente. 
 
1.1.6. FORMAS DE INSTAURAÇÃO 
1.1.6.1. Crimes de ação penal pública incondicionada 
 
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial pode ser 
instaurado das seguintes formas: 
 
- De ofício (CPP, art. 5º, I). 
 
Por força do princípio da obrigatoriedade, caso a autoridade policial tome 
conhecimento do fato delituoso a partir de suas atividades rotineiras, deve instaurar o 
inquérito policial independentemente da provocação de qualquer pessoa. A peça 
inaugural será uma portaria. 
 
- Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público 
(CPP, art. 5º, II). 
 
Quanto à possibilidade de a autoridade judiciária requisitar a instauração de 
inquérito policial, vários doutrinadores sustentam que não se coaduna com a adoção 
do sistema acusatório pela CF, sob pena de evidente prejuízo a sua imparcialidade. O 
correto seria encaminhar as informações acerca da prática de ilícito penal ao MP. 
Quanto à requisição feita pelo Ministério Público, a autoridade policial está 
obrigada a instaurar o inquérito policial por força do princípio da obrigatoriedade, que 
impõe às autoridades o dever de agir diante da notícia da prática de infração penal. 
 
OBSERVAÇÃO: Em se tratando de requisição ministerial manifestamente ilegal (v.g., 
para investigar crime prescrito ou conduta atípica), deve a autoridade policial abster-se 
de instaurar o inquérito policial, comunicando sua decisão, justificadamente, ao órgão 
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do Ministério Público responsável pela requisição, assim como às autoridades 
correcionais. 
 
- Requerimento do ofendido ou de seu representante legal 
(art. 5º, II, CPP). 
 
Prevalece o entendimento no sentido de que ao delegado incumbe verificar a 
procedência das informações a ele trazidas, evitando-se, assim, a instauração de 
investigações temerárias e abusivas. Assim, convencendo-se que a notitia criminis é 
totalmente descabida, sem respaldo jurídico ou material, como, por exemplo, quando 
entender que o fato é manifestamente atípico ou que a punibilidade esteja extinta, 
deve a autoridade policial indeferir o requerimento do ofendido para instauração de 
inquérito policial. 
 
- Notícia oferecida por qualquer do povo (art. 5º, § 3º, CPP). 
 
Trata-se de mera faculdade do cidadão, não tendo ele o dever de noticiar a 
prática de infração penal. 
 
OBSERVAÇÃO: As autoridades públicas, notadamente aquelas envolvidas na 
persecução penal, por força do princípio da obrigatoriedade, têm o dever de noticiar 
fatos possivelmente criminosos, sob pena de responderem administrativamente e de 
incorrerem no delito de prevaricação, caso comprovado que a inércia se deu para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal (CP, art. 319). 
 
- Auto de prisão em flagrante delito. 
 
A despeito de não constar expressamente do art. 5º do CPP, o auto de prisão 
em flagrante é, sim, uma das formas de instauração do inquérito policial, funcionando 
o próprio auto como a peça inaugural da investigação. 
 
1.1.6.2. Crimes de ação penal pública condicionada e de ação penal de iniciativa 
privada 
 
Nos crimes de ação penal pública condicionada, a deflagração da persecutio 
criminis está subordinada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da 
Justiça (CPP, art. 5º, § 4º). 
Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa privada, o Estado fica 
condicionado ao requerimento do ofendido ou de seu representante legal (CPP, art. 
5º, § 5º). No caso de morte ou ausência do ofendido, o requerimento poderá ser 
formulado por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). 
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OBSERVAÇÃO: Em relação aos crimes de ação penal públicacondicionada e de ação 
penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial também poderá se dar 
em virtude de auto de prisão em flagrante, cuja lavratura estará condicionada ao 
requerimento da vítima ou de seu representante legal. 
 
ATENÇÃO! O requerimento é condição de procedibilidade do próprio inquérito policial, 
sem o qual a investigação sequer poderá ter início. 
 
1.1.7. NOTITIA CRIMINIS 
 
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da 
autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em: 
a) Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea). 
Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por 
meio de suas atividades rotineiras. É o que acontece, por exemplo, quando o delegado 
de polícia toma conhecimento da prática de um crime por meio da imprensa. 
b) Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada). 
Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal 
por meio de um expediente escrito. É o que acontece, por exemplo, nas hipóteses de 
requisição do Ministério Público, representação do ofendido, etc. 
c) Notitia criminis de cognição coercitiva. 
Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por 
meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante. 
 
1.1.7.1. Delatio criminis 
 
A delatio criminis é uma espécie de notitia criminis, consubstanciada na 
comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade 
policial, e não pela vítima ou seu representante legal. 
 
1.1.7.2. Notitia criminis inqualificada 
 
Também conhecida como “delação apócrifa”, “notícia anônima” ou “denúncia 
anônima”, a notitia criminis inqualificada não autoriza, por si só, a propositura de ação 
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos 
de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas 
podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente 
descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. 
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ATENÇÃO! Em caso de denúncia anônima, a autoridade policial deve: a) realizar 
investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; b) sendo 
confirmado que possui aparência mínima de procedência, instaura-se IP; c) instaurado 
o IP, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova (que não seja a 
interceptação telefônica, pois esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos 
contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o 
crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado (STF, HC 
106.152, em 29/03/2016). 
 
OBSERVAÇÃO! O STF entende que os documentos apócrifos somente poderão dar azo 
à persecução penal quando forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando 
constituírem eles próprios o corpo do delito (Inf. 629 – jun/11). 
 
1.1.8. INDICIAMENTO 
1.1.8.1. Conceito 
 
Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma 
pessoa. De acordo com o art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/13, o indiciamento, privativo do 
delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica 
do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. 
 
OBSERVAÇÃO: Por força da simplicidade que norteia a própria investigação das 
infrações de menor potencial ofensivo, tendo em vista a possibilidade de incidência 
das medidas despenalizadoras previstas na Lei 9.099/95 e tendo em conta que a 
imposição de pena restritiva de direitos ou multa nas hipóteses de transação penal não 
constará de certidão de antecedentes criminais (Lei 9.099/95, art. 76, § 6º), entende-
se que é inviável o indiciamento em sede de termo circunstanciado. 
 
1.1.8.2. Momento 
 
A condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em flagrante 
ou até o relatório final do delegado de polícia. Logo, uma vez recebida a peça 
acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se trata de ato próprio da 
fase investigatória. 
 
OBSERVAÇÃO: O indiciamento, após o recebimento da denúncia, configura 
constrangimento ilegal, pois esse ato é próprio da fase inquisitorial (STJ, RHC 60.445, 
em 26/04/2016). 
 
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1.1.8.3. Pressupostos 
 
Para que haja indiciamento é indispensável a presença de elementos 
informativos suficientes que apontem a autoria e a materialidade do delito. 
 
OBSERVAÇÃO: O indiciamento funciona como um poder-dever da autoridade policial, 
já que, presentes elementos informativos apontando na direção do investigado, não 
resta à autoridade policial outra opção senão seu indiciamento. 
 
1.1.8.4. Desindiciamento 
 
O indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem 
elementos mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao 
investigado o direito de ser ouvido e de apresentar documentos. Nesta hipótese, a 
jurisprudência tem admitido a possibilidade de impetração de habeas corpus, a fim de 
sanar o constrangimento ilegal daí decorrente, buscando-se o desindiciamento. 
 
1.1.8.5. Atribuição 
 
O indiciamento é o ato privativo do Delegado de Polícia. Portanto, se a 
atribuição para efetuar o indiciamento é privativa da autoridade policial (Lei 
12.830/13, art. 2º, § 6º), não se afigura possível que o juiz, o Ministério Público ou uma 
Comissão Parlamentar de Inquérito requisitem ao delegado de polícia o indiciamento 
de determinada pessoa. 
 
1.1.9. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
1.1.9.1. Prazo para conclusão 
 
De acordo com o art. 10, caput, do CPP, o inquérito deverá terminar no prazo 
de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar 
a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante 
fiança ou sem ela. 
 
OBSERVAÇÃO: Para Avena, Tourinho Filho, Renato Brasileiro e parcela expressiva da 
jurisprudência, da expressão “a partir do dia”, conclui-se que os prazos previstos no 
art. 10 do CPP são processuais, independentemente de o indiciado estar preso ou 
solto. Assim, devem ser contados na forma do art. 798, § 1º, excluindo-se o dia do 
começo e incluindo-se o dia do final. Além disso, não se iniciam e não se finalizam em 
dias não úteis. Por outro lado, Nucci, Nestor e Mirabete defendem que, se o indiciado 
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está preso, o prazo de 10 dias é material, devendo ser contado na forma do art. 10 do 
CP, incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia do final, independentemente 
de tais datas recaírem ou não em dia útil. Já, se o indiciado está solto, o prazo de 30 
dias é processual, devendo ser contado na forma do art. 798, § 1º, do CPP. 
 
Segundo o art. 10, § 3º, do CPP, quando o fato for de difícil elucidação e o 
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, 
para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
No tocante ao indiciado preso, a maioria da doutrina entende que, se há 
elementos para a segregação cautelar do agente (prova da materialidade e indícios de 
autoria), também há elementos para o oferecimento da peça acusatória, sendo 
inviável, por conseguinte, a devolução dos autos do inquéritopolicial à autoridade 
policial para realização de diligências complementares. 
Existem outros prazos definidos em leis especiais para a conclusão do 
Inquérito Policial. Para facilitar, confira a tabelinha: 
 
 PRESO SOLTO 
JUSTIÇA ESTADUAL 
(art. 10 do CPP) 
10 30+30 
JUSTIÇA FEDERAL 
(art. 66 da Lei nº 5.010/66) 
15 + 15 30 + 30 
LEI DE DROGAS 
(art. 51 da Lei nº 11.343/06) 
30 + 30 90 + 90 
ECONOMIA POPULAR 
(art. 10 da Lei nº 1.521/51) 
10 10 
INQUÉRITO MILITAR 
(art. 20 CPPM) 
20 40 + 20 
 
1.1.9.2. Relatório 
 
O relatório é uma peça elaborada pela autoridade policial, de conteúdo 
eminentemente descritivo, em que deve ser feito um esboço das principais diligências 
levadas a efeito na fase investigatória, justificando-se até mesmo a razão pela qual 
algumas não tenham sido realizadas. 
Deve a autoridade policial abster-se de fazer qualquer juízo de valor no 
relatório, já que a opinio delicti deve ser formada pelo titular da ação penal. 
 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
13 
OBSERVAÇÃO: A Lei de Drogas prevê expressamente que a autoridade policial relatará 
sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à 
classificação do delito, indicando a quantidade e a natureza da substância ou do 
produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, 
as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (Lei 
11.343/06, art. 52, I). Mesmo nesse caso de drogas, é de bom alvitre esclarecer que o 
Ministério Público não fica vinculado à classificação provisória formulada pela 
autoridade policial, pois é ele o titular da ação penal. 
 
1.1.9.3. Destinatário dos autos do inquérito policial 
 
Pela leitura do art. 10, § 1º, do CPP, percebe-se que, uma vez concluída a 
investigação policial, os autos do inquérito policial devem ser encaminhados 
primeiramente ao Poder Judiciário e, somente depois, ao Ministério Público. 
Contudo, a doutrina moderna sustenta que o § 1º do art. 10 do CPP não foi 
recepcionado pela CF/88, pois a necessidade de remessa inicial dos autos ao Poder 
Judiciário viola o sistema acusatório. 
Este, porém, não é o entendimento do STF, que, afirmando a recepção do § 1º 
do art. 10 do CPP pela CF/88, decidiu ser inconstitucional lei estadual que preveja a 
tramitação direta do IP entre a Polícia e o MP (ADI 2.886, 03/04/2014). 
Por outro lado, em decisão mais recente, o STJ decidiu que, enquanto a 
Resolução nº 63/2009 do CJF não for declarada inconstitucional, é legal a portaria 
editada por Juiz Federal que estabelece a tramitação direta de IP entre a PF e o MPF. 
Por força dessa Resolução, atualmente, no âmbito da JF, se o DPF pede a dilação do 
prazo para as investigações ou apresenta o relatório final, o IP não precisa ir para o Juiz 
Federal e depois ser remetido ao MPF. O caminho é direto entre a PF e o MPF, sendo o 
próprio membro do Parquet quem autoriza a dilação do prazo (5ª T, RMS 46.165, em 
19/11/2015). 
 
OBSERVAÇÃO: A Resolução nº 063/2009-CJF também foi impugnada no STF por meio 
da ADI nº 4.305, mas não há previsão de julgamento. 
 
1.1.9.4. Providências a serem adotadas após a remessa dos autos 
 
Uma vez recebidos os autos do inquérito policial, são duas as possibilidades: 
a) Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa privada. 
Dispõe o art. 19 do CPP que, nos crimes em que não couber ação pública, os 
autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, no qual aguardarão a 
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao 
requerente, se o pedir, mediante traslado. Na prática, todavia, os autos acabam sendo 
remetidos ao Ministério Público, para que analise se há elementos de informação 
quanto a eventual crime de ação penal pública. 
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b) Em se tratando de crime de ação penal pública. 
Os autos do inquérito policial são remetidos ao Ministério Público, ao qual se 
abrem cinco possibilidades: 
 
- Oferecimento da denúncia; 
- Arquivamento dos autos do inquérito policial; 
- Requisição de diligências; 
 
OBSERVAÇÃO: O Delegado de Polícia não é obrigado a atender requisições 
manifestamente ilegais. Aliás, ao tratar do poder de requisição ministerial, a própria CF 
faz referência à indicação dos fundamentos jurídicos de sua manifestação. Nesse caso, 
fazendo-o de maneira fundamentada, incumbe ao Delegado se recusar a cumprir 
requisições manifestamente ilegais, comunicando a ocorrência ao respectivo 
Procurador-Geral de Justiça para as providências funcionais pertinentes. 
 
- Declinação de competência; 
- Conflito de competência. 
 
1.1.10. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Pela redação original do art. 28 do CPP, entendia-se que o arquivamento do 
inquérito policial era um ato complexo, pois envolvia prévio requerimento formulado 
pelo órgão do Ministério Público e posterior decisão da autoridade judiciária 
competente. Veja: 
 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de 
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a 
atender. 
 
Ocorre que a Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime) mudou referida sistemática, 
disciplinando, desta feita, que o arquivamento do inquérito policial prescindia de 
apreciação judicial. Com efeito, a novel legislação retirou do juiz o papel de 
controlador do arquivamento do inquérito policial, alterando o art. 28 do CPP para 
ordenar que o membro do Ministério Público, ao ordenar o arquivamento do inquérito 
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policial ou de quaisquer peças informativas da mesma natureza, encaminhe o 
procedimento para a instância de revisão ministerial para fins de homologação. 
Assim, arquivamento do inquérito policial passou, com a nova lei, a ser 
analisado única e exclusivamente no âmbito do Ministério Público, devendo ato 
normativo interno da instituição estabelecer qual é o órgão ministerial que analisará os 
arquivamentos ordenados pelos membros. 
Além disso, a lei trouxe a obrigação de o órgão ministerial dar ciência à vítima, 
ao investigado e à autoridade policial sobre a decisão de arquivamento. Confira o 
dispositivo legal: 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão 
do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à 
autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de 
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. 
 
ATENÇÃO! No entanto, vale destacar que a Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime) foi 
publicada no dia 24/12/2019, com uma vacatio legis de 30 (trinta) dias de duração. Na 
véspera de sua entrada em vigor, no dia 22/02/20, o Min. Luiz Fux, no bojo da ADI 
6.300 6.305 6.299 e 6.298, decidiu suspender até o julgamento do mérito da ação 
penal, além de outros dispositivos da novel legislação, o novo art. 28 do CPP que 
versam sobre o arquivamento do inquérito policial. O fundamento principal é que o 
STF precisa discutir a constitucionalidade desses dispositivos antes quese implemente 
a sua efetivação. Assim, para fins de provas de concursos, vale a redação anterior do 
art. 28 sem a alteração promovida pela lei anticrime. Vamos ficar atentos aos próximos 
passos do STF. 
 
1.1.10.1. Fundamentos do arquivamento 
 
O CPP não dispõe sobre as causas que dão ensejo ao arquivamento do 
inquérito policial. Assim, a doutrina afirma que o arquivamento do IP deve ser 
requerido nas mesmas hipóteses de rejeição da inicial acusatória, previstas no art. 395 
(inépcia da inicial, ausência de pressupostos ou condições da ação e ausência de justa 
causa) e com base nas causas que autorizam a absolvição sumária, previstas no art. 
397 (excludentes de culpabilidade ou de ilicitude, atipicidade e causas extintivas da 
punibilidade). 
Em tese, aspectos relativos à culpabilidade do agente e à ilicitude da conduta 
são irrelevantes no momento do oferecimento da denúncia. No entanto, parte da 
doutrina, por motivo de economia processual e para não submeter um “inocente” ao 
constrangimento de responder a um processo penal, defende a possibilidade de 
arquivamento do IP quando houver absoluta certeza quanto à existência de uma causa 
de exclusão da culpabilidade ou de uma causa de exclusão da ilicitude. Vale destacar 
que, em se tratando de inimputabilidade por doença mental ao tempo do fato, a 
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denúncia deve ser ajuizada para fins de aplicação de medida de segurança. E, em se 
tratando de inimputabilidade decorrente da menoridade penal, não há que se falar em 
ação penal, mas, sim, em ação socioeducativa. 
 
1.1.10.2. Coisa julgada na decisão de arquivamento 
 
Hipóteses em que haverá coisa julgada formal: 
 
a) Ausência de pressupostos processuais ou condições para o 
exercício da ação penal; 
b) Ausência de justa causa para o exercício da ação penal. 
 
Hipóteses em que haverá coisa julgada formal e material: 
 
a) Atipicidade da conduta delituosa; 
b) Existência manifesta de causa excludente da ilicitude; 
 
ATENÇÃO! O STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de 
ilicitude pode ser reaberto. Assim, para a Suprema Corte, esse arquivamento não faz 
coisa julgada material. 
O STJ, por sua vez, entende que o arquivamento do inquérito policial baseado em 
excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não pode ser 
reaberto. 
 
c) Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade; 
d) Existência de causa extintiva da punibilidade. 
 
OBSERVAÇÃO: Se a extinção da punibilidade é declarada com base em certidão de 
óbito falsa, a decisão não está protegida pelo manto da coisa julgada material. Para os 
Tribunais, não há que falar em revisão criminal pro societate, sendo perfeitamente 
possível o oferecimento de denúncia, porquanto a decisão declaratória que, com base 
em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade pode ser revogada, já que não 
gera coisa julgada em sentido estrito. 
 
1.1.10.3. Arquivamento implícito 
 
Se o MP deixa de se manifestar expressamente sobre todo o conteúdo do IP, 
omitindo da denúncia crimes e/ou criminosos que foram foco da investigação, haveria 
o que se chama de “arquivamento implícito”. Contudo, tal modalidade de 
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arquivamento não é admitida pelo STF por ausência de previsão legal (1ª T, HC 
104.356, 19/10/2010). 
 
1.1.10.4. Arquivamento indireto 
 
Se o membro do MP deixar de oferecer a denúncia por entender que o crime 
não é de sua atribuição, ele deve requerer a remessa dos autos ao órgão competente. 
A isso se dá o nome de “arquivamento indireto”. 
 
OBSERVAÇÃO: Se o juízo originário discordar do Promotor e se julgar competente, 
deverá invocar, por analogia, o disposto no art. 28 do CPP (redação atual, não alterada 
pela Lei Anticrime), remetendo os autos ao PGJ. 
 
1.1.10.5. Arquivamento originário 
 
Se a ação penal for da competência originária do Procurador Geral, e este 
requer o arquivamento do IP, fala-se em arquivamento originário. Nesta hipótese, é 
inviável a aplicação do art. 28 CPP (redação atual, não alterada pela Lei Anticrime), mas 
é possível um recurso administrativo ao Colégio de Procuradores (art. 12, XI, da Lei 
8.625/93 - LONMP). 
 
1.1.10.6. Arquivamento provisório 
 
Ocorre na hipótese de ausência de uma condição de procedibilidade, como no 
caso de representação da vítima nos crimes de ação penal pública condicionada a essa 
representação. Se a vítima se retrata antes do oferecimento da denúncia (art. 25 do 
CPP), caberá o arquivamento, que perdurará até que ela se arrependa e volte a 
representar. Se for ultrapassado o prazo para tanto e a vítima não representar, o 
arquivamento se torna definitivo. 
 
1.1.10.7. Arquivamento em crimes de ação penal de iniciativa privada 
 
Sabendo-se quem é o autor do crime, o pedido de arquivamento deve ser 
acolhido como forma de renúncia tácita, o que causa a extinção da punibilidade. 
Por outro lado, sendo desconhecida a autoria, não há que se falar em 
renúncia tácita, hipótese em que há de se admitir o pedido de arquivamento do 
inquérito policial feito pelo ofendido. 
 
1.1.11. ACORDO DE NÃO-PESERCUÇÃO PENAL (ANPP) 
1.1.11.1. Previsão normativa 
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Outra grande novidade trazida pela Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime) foi a 
possibilidade de o Ministério Público celebrar ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
(ANPP) com o investigado. Na verdade, essa foi a primeira vez que o instituto foi 
expressamente previsto por meio de lei em sentido estrito, porém o ANPP já estava 
presente em nosso ordenamento jurídico desde 2017 por meio da Resolução nº 181 
do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que foi alterada logo em seguida 
pela Resolução nº 183/18. 
Trata-se de mais um mecanismo de justiça penal consensual que vem a somar 
a institutos já conhecidos como transação penal, suspensão condicional do processo, 
suspensão condicional da pena, colaboração premiada, entre outros. 
O sistema brasileiro tem encampado a consensualidade no direito penal, que 
pode redundar na redução das sanções ou, no extremo, na própria concessão do 
perdão. Essa consensualidade, em qualquer caso, sempre estará condicionada à 
apreciação judicial. 
Trata-se, portanto, de uma "consensualidade escalonada", em que, primeiro, 
ocorre a colaboração, e, em um segundo momento, a sua avaliação. Foi a Lei nº 
12.850/2013, ao dispor sobre as organizações criminosas, que traçou os contornos de 
um verdadeiro acordo, celebrado por ocasião da colaboração premiada. 
Este instituto acaba por mitigar nitidamente o princípio da obrigatoriedade da 
ação penal, o qual estabelece que, estando presentes os requisitos e as condições 
legais, o Ministério Público está obrigado a promover a competente ação penal contra 
o agente infrator, não existindo margem de conveniência e oportunidade na sua 
atuação. 
 
1.1.11.2. (In)constitucionalidade 
 
Antes da edição da Lei nº 13.964/19, vários eram os argumentos favoráveis e 
contrários à constitucionalidade da Resolução nº 181/17 do CNMP. Para facilitar a 
compreensão, podemos esquematizar da seguinte forma: 
 
INCONSTITUCIONAL CONSTITUCIONAL 
Viola a competência privativa da União 
para legislar sobre direito penal e 
processual penal, pois cria medida 
despenalizadora e, tal como na Lei nº 
9.099/95, este campo deveria estar 
restrito à legalidadeestrita. Com efeito, 
o direito de punir pertence ao Estado 
(em sentido amplo), e não ao Ministério 
Público. 
Assim, somente o Poder Legislativo, por 
Não viola, pois o STF já tem 
jurisprudência consolidada no sentido 
que as resoluções do CNJ e CNMP 
possuem caráter normativo primário, ou 
seja, estes órgãos podem expedir atos 
regulamentares com comandos 
abstratos (MC-ADC nº 12/DF, rel. Min. 
Carlos Britto, j. 16.02.16). 
Além disso, não se trata de “processo”, 
mas de fase administrativa anterior à 
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meio de lei em sentido estrito, poderia 
estabelecer situações nas quais o MP 
poderia deixar de mover a competente 
ação penal. 
instauração de qualquer relação 
processual. 
Ademais, o STF, antes mesmo da Lei nº 
13.964/19, já havia reconhecido a 
constitucionalidade da audiência de 
custódia, cuja previsão normativa está 
na Resolução nº 213/15 do CNJ. 
O art. 130-A da CF, que trata da 
competência do CNMP, restringe sua 
atribuição à esfera administrativa, não 
sendo-lhe facultado interferir na 
atividade-fim do membro do MP (vide 
Enunciado nº 6/09 do CNMP: Os atos 
relativos à atividade-fim do Ministério 
Público são insuscetíveis de revisão ou 
desconstituição pelo Conselho Nacional 
do Ministério Público). 
A resolução nº 181/17 respeita as 
previsões contidas no art. 130-A, § 2º, I e 
II, da CF, que estabelece que cabe ao 
CNMP o controle da atuação 
administrativa do MP, cabendo-lhe zelar 
pela autonomia funcional e 
administrativa, podendo expedir atos 
regulamentares no âmbito de sua 
competência, bem como zelar pela 
observância do art. 37 da CF. 
A persecução penal é direito 
fundamental da vítima que, preenchidos 
os requisitos legais, tem o direito de ver 
o investigado ser denunciado, 
processado e condenado (art. 5º, LIX da 
CF). Além disso, causa prejuízos ao 
investigado, uma vez que é hábil a lhe 
impor sanções de que tem nítido caráter 
de sanção penal, ampliando o poder 
punitivo estatal, sem que seja respeitado 
o devido processo legal. 
O ANPP também pode ser depreendido 
como um direito fundamental do 
investigado, possuindo amparo no art. 
5º, § 2º da CF, que estabelece que os 
direitos e garantias expressos na CF não 
excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacional em que a RFB seja 
parte. Além disso, resguarda princípios 
constitucionais caros, como a celeridade, 
proporcionalidade e eficiência (art. 5º, 
LXXVIII e LIV, e art. 37, caput, da CF). 
 
Certo é que, antes da decisão do STF sobre a constitucionalidade do ANPP por 
meio de resolução do CNMP, o legislador acabou por normatizar tal instituto no CPP 
por meio da Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime). Assim, considerando os argumentos que 
foram levantados acima, não subsistem mais fundamentos para questionar a 
constitucionalidade do ANPP. 
Inclusive, o instituto foi um dos que passaram incólumes pela decisão do Min. 
Luiz Fux, no bojo da ADI 6.300, 6.305, 6.299 e 6.298, que decidiu suspender 
cautelarmente, até o julgamento do mérito da ação penal, diversos dispositivos 
oriundos da Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime). Assim, o ANPP está em pleno vigor. 
Além disso, continua em vigor a Resolução nº 181/17, alterada pela Resolução 
nº 183/17 do CNMP. No entanto, deve ser compatibilizado com o novo art. 28-A do 
CPP, prevalecendo as regras do referido diploma adjetivo penal quando houver 
conflito de normas. Ao final deste ponto iremos tratar das principais diferenças entre o 
art. 28-A da Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime) e a Resolução nº 181/17 do CNMP. 
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1.1.11.3. Requisitos de admissibilidade 
 
Isso posto, vamos estudar o art. 28-A do CPP, que diz em seu caput: 
 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o 
investigado confessado formal e circunstancialmente a prática 
de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena 
mínima inferior a 4 anos, o Ministério Público poderá propor 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL, desde que necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as 
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do 
crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito 
diminuída de 1/3 a 2/3, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do 
art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser 
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, 
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada 
pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível 
com a infração penal imputada. 
 
Uma primeira questão a ser destacada é a diferença entre o caput do 
dispositivo, que diz respeito aos requisitos de admissibilidade do ANPP, e seus incisos, 
que versam sobre as condições ajustadas entre o Ministério Público e o investigado. 
Com efeito, perceba que o artigo já inicia dizendo “não sendo o caso de 
arquivamento”. Assim, deduz-se que o ANPP somente pode ser formulado na etapa 
investigativa quando já estiverem presentes, no mínimo, indícios de autoria e a prova 
da materialidade, substratos básicos da denúncia. 
Isso porque, em não havendo elementos mínimos de convicção no sentido de 
imputar a prática de uma infração penal ao agente, a providência correta a ser adotada 
é o arquivamento, e não a propositura do ANPP. 
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Um questionamento que surge é: pode o acordo ser oferecido na audiência 
de custódia? 
Nos termos do CPP, na audiência de custódia não é discutido o mérito, mas 
tão somente aspectos relativos à legalidade da prisão. Assim, em princípio, não seria 
possível. 
Porém, existem vozes doutrinária que dizem ser possível pela economicidade 
e celeridade processual: não seria razoável deixar de aproveitar a oportunidade da 
audiência de custódia para celebrar o acordo. 
A questão ainda não foi enfrentada pela jurisprudência, mas RENATO 
BRASILEIRO traz uma interessante solução: o acordo não precisa ser celebrado no 
mesmo ato – audiência de custódia -, mas poderia ser realizado na mesma 
oportunidade. Isso significa que o acordo não vai ser realizado formalmente no mesmo 
ato, nem constar do termo de audiência, mas o Ministério Público poderá, após 
encerrada, aproveitar o deslocamento do preso ao fórum para, logo após, propor o 
acordo caso estejam presentes os requisitos. 
Mais uma questão se mostra relevantíssima: o acordo poderá ser celebrado 
depois de iniciada a ação penal, nas infrações que já estavam em trâmite quando da 
entrada em vigor da Lei nº 13.964/19? 
 
5ª turma do STJ: sim, desde que a denúncia não tenha sido 
recebida. (REsp. 1.664.039) 
6ª Turma do STJ: sim, o limite temporal seria o trânsito em 
julgado da condenação relativa ao fato pretérito. (AgRg no HC 
575.395RN) 
STF: Sim,desde que não recebida a denúncia. (HC 191464 Rel. 
Roberto Barroso) 
 
Continuando, é exigida a confissão formal e circunstanciada da infração 
penal. Isso quer dizer que é necessária uma confissão inequívoca, registrada 
formalmente, acompanhada de defesa técnica e que explicite claramente como foi 
praticado o crime/contravenção, sob pena de descabimento do acordo. 
Perceba que, diversamente do que ocorre com a atenuante do art. 65, III, d do 
Código Penal, aqui o legislador exigiu a confissão circunstanciada, que, ao nosso ver, 
exige que não sejam agregados elementos que excluem o crime ou isentam de pena. 
Destarte, vale aguardar como os tribunais superiores irão enfrentar o tema 
em caso de confissão qualificada, que é aquela hipótese em que o agente confessa o 
crime, mas agrega circunstâncias que excluem o crime ou isentam de pena. Vale 
lembrar que, no caso da confissão enquanto atenuante (art. 65, III, d do Código Penal) 
a jurisprudência dominante no STJ é pela possibilidade de sua configuração mesmo na 
hipótese qualificada, desde que utilizada na formação do convencimento do órgão 
julgador (Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do 
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do 
Código Penal). STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015. 
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22 
O art. 28-A do CPP não repetiu a previsão do art. 18, § 13º, da Resolução nº 
181/17, alterada pela Resolução nº 183/17 do CNMP, a qual ordena que a confissão 
será registrada pelos meios ou recursos de gravação audiovisual, destinados a obter 
maior fidelidade das informações. 
Inobstante, como não existe incompatibilidade entre a referida previsão 
normativa e o art. 28-A do CPP, entendemos que, neste ponto, a Resolução nº 181/17 
alterada pela Resolução nº 183/17 do CNMP acaba por complementar o CPP, estando 
em plena harmonia com os objetivos do ANPP. 
Em seguida, o legislador, atento aos prejuízos que poderiam ser ocasionados à 
política criminal em razão do uso indiscriminado do benefício, aplicou a seguinte 
vedação: prática de infração penal sem violência ou grave ameaça. Assim, ficam de 
fora crimes como lesão corporal dolosa (art. 129 do Código Penal), constrangimento 
ilegal (art. 146 do Código Penal), ameaça (art. 147 do Código Penal), entre outros. 
Andou bem o legislador nesse sentido, ao nosso ver. Note também que o legislador 
não restringiu a hipótese de violência ou grave ameaça à pessoa, de sorte que, a priori, 
também violência ou grave ameaça empregada contra a coisa também se inclui como 
hipótese de negativa de oferta do benefício. 
Noutro giro, como não poderia deixar de haver, temos o critério referente ao 
quantum de pena: pena mínima inferior a 4 anos. Algo que vai ser muito explorado 
em provas é fato do legislador ter optado por objetivar a pena no seu patamar 
MÍNIMO, e não MÁXIMO. O legislador também deixou em aberto o tipo de pena 
(reclusão ou detenção). Pegadinhas previsíveis, por isso tenha muita atenção. 
Serão consideradas para a aferição da pena mínima as causas de aumento de 
pena e de diminuição aplicáveis ao caso concreto (art. 28-A, § 1º, do CPP). 
Por fim, o legislador deixou um papel em branco para o Ministério Público ter 
margem de analisar se a proposta de ANPP no caso concreto atende aos anseios da 
política criminal, razão fundamental que levou o legislador a positivar o instituto em 
nosso ordenamento jurídico. O legislador disse que o ANPP só pode ser celebrado 
desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Assim, 
cumpre ao MP analisar se, naquele caso concreto, o ANPP atende aos anseios de 
justiça social, não promovendo a impunidade, bem como prestando uma resposta à 
sociedade em razão do ilícito causado. 
Logicamente, o membro ministerial não poderá fundamentar a negativa da 
proposta com fundamento na gravidade em abstrato do delito praticado, pois esses 
elementos já foram sopesados pelo legislador nos critérios de admissibilidade do 
benefício. Cumpre ao MP, neste caso, fundamentar concretamente o porquê de, 
mesmo presentes os demais requisitos de admissibilidade, irá negar o oferecimento da 
proposta. 
Note-se que o legislador falhou ao prever que o ANPP deve ser necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do “crime”, o que passa a falsa impressão de 
que as contravenções penais não poderiam ser objeto de acordo. Porém, trata-se de 
um pequeno deslize do legislador que, no mesmo dispositivo também falou em prática 
de “infração penal” sem violência ou grave ameaça. Ora, se cabe ANPP no caso de 
prática de crime, com muito mais razão, também, é possível em caso de contravenção 
penal. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
23 
Esquematizando os REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE POSITIVOS: 
 
a) Opinio delicti acusatória do membro do MP (indícios de 
autoria e prova da materialidade); 
b) Confissão formal e circunstanciada; 
c) Infração penal sem violência ou grave ameaça; 
d) Pena mínima inferior à 4 anos; 
e) Proposta seja necessária e suficiente à reprovação e 
prevenção do crime. 
 
Complementando os requisitos de admissibilidade positivos, o § 2º do art. 28-
A traz hipóteses as quais, se presentes, não é possível propor o ANPP. São os 
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVOS a seguir listados: 
 
I - Se for cabível transação penal de competência dos Juizados 
Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - Se o investigado for reincidente ou se houver elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada 
ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais 
pretéritas; 
III - Ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução 
penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; 
IV - Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica 
ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
 
O art. 28-A do CPP não repetiu a previsão que havia na Resolução nº 181/17 
do CNMP acerca da vedação expressa de acordo nos crimes hediondos ou 
equiparados. Aqui repousam as mais intensas críticas doutrinárias e que certamente 
será objeto de apreciação pelos tribunais superiores, uma vez que, segundo se 
argumenta, a sua aplicação a crimes hediondos e assemelhados violariam os objetivos 
do instituto. 
Para exemplificar, seguem quatro situações: 
 
1) Art. 171, caput, do CP: Pena mínima abstrata inferior a 4 
anos – ANPP cabível em tese; 
2) Art. 157, caput, do CP: Crime cometido mediante violência 
ou grave ameaça – ANPP incabível (art. 28- A, caput, do CPP); 
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24 
3) Art. 330 do CP: Cabível transação penal – ANPP incabível (art. 
28-A, § 2º, I, do CPP); 
4) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido: Crime 
hediondo – ANPP cabível (em tese, salvo se o MP entender ser, 
no caso concreto, a medida insuficiente para a reprovação e 
prevenção do crime – art. 28-A, caput, do CPP). 
 
O artigo 28-A, também, não veda – como faz a Resolução 181/2017 – o 
acordo nos casos em que o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou a 
parâmetro econômico diverso definido pelo respectivo órgão de revisão. Neste ponto, 
entendemos que está superada a resolução do CNMP, não havendo referido limite 
objetivo como requisitode admissibilidade do ANPP. 
Além disso, enquanto a Resolução 181/2017 se referia às hipóteses do 76, § 
2º, da Lei nº 9.099/95, o art. 28-A do CPP vedou expressamente o ANPP se o 
investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações 
penais pretéritas. 
Por fim, o artigo 28-A do CPP passou a prever como vedação ao acordo ter 
sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do 
processo. A Resolução 181/17 se referia apenas à transação penal. 
Quanto ao inciso IV, se a vítima for homem, poderá ser celebrado o acordo? 
É um tema que certamente será enfrentado pela jurisprudência, mas que, segundo a 
doutrina majoritária, o acordo também não poderá ser oferecido. 
 
1.1.11.4. Condições 
 
Ultrapassada a etapa referente à aferição dos requisitos de admissibilidade 
pelo membro do MP, o órgão irá analisar a formulação da proposta. Os incisos do art. 
28-A trazem uma série de possibilidades de CONDIÇÕES AJUSTADAS entre MP e autor 
do fato, cumulativa e alternativamente: 
 
a) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
b) renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do 
crime; 
c) prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito 
diminuída de 1/3 a 2/3, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal); 
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25 
d) pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do 
art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser 
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, 
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo delito; ou 
e) cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada 
pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível 
com a infração penal imputada. 
 
Essas condições podem ser ajustadas de forma cumulativa ou alternativa. 
Assim, pode ser acordada apenas a reparação do dano à vítima, ou então a reparação 
do dano cumulada com prestação de serviços à comunidade, por exemplo. 
 
1.1.11.5. Ajuste 
 
A primeira pergunta se faz pertinente neste tópico: o ANPP constitui direito 
subjetivo do investigado, faculdade ou obrigatoriedade do MP? 
O ANPP assemelha-se a um termo de ajustamento de conduta (TAC), mas no 
campo criminal, por meio do qual o MP e o investigado convencionam o não exercício 
da ação penal em troca da aceitação pelo investigado, assistido por seu defensor, de 
obrigações de fazer, não fazer ou dar. 
Tratando-se de modalidade de justiça negocial, assemelha-se aos princípios e 
postulados básicos da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Portanto, tal como já pacificado pelo STJ e STF no caso de transação penal e 
do sursis processual, também o ANPP deve ser encarado como poder-dever do 
Ministério Público, e não um direito público subjetivo do investigado. 
A respeito da obrigatoriedade, vale ressaltar o voto do então Ministro do STF, 
Ayres Britto, em julgado que tratava de suspensão condicional do processo, e que pela 
natureza do instituto pode ser aqui utilizado, advertiu que: 
 
"não há que se falar em obrigatoriedade do Ministério Público 
quanto ao oferecimento do benefício da suspensão condicional 
do processo. Do contrário, o titular da ação penal seria 
compelido a sacar de um instrumento de índole tipicamente 
transacional, como é o sursis processual. O que desnaturaria o 
próprio instituto da suspensão, eis que não se pode falar 
propriamente em transação quando a uma das partes (o órgão 
de acusação, no caso) não é dado o poder de optar ou não por 
ela." (HC 84.342/RJ, 1ª Turma). 
 
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26 
Nesse sentido é também a lição de Ada Pellegrini Grinover, Antônio 
Magalhães Gomes Filho, Antônio Scarance Fernandes e Luiz Flávio Gomes: 
 
“(...) Pensamos, portanto, que o "poderá" em questão não 
indica mera faculdade, mas um poder-dever, a ser exercido 
pelo acusador em todas as hipóteses em que não se 
configurem as condições do § 2º do dispositivo” (in Juizados 
Especiais Criminais. 5a ed. RT, 2005, p. 153 ); 
 
Entender o ANPP como obrigatoriedade seria o mesmo que “estabelecer-se 
um autêntico princípio da obrigatoriedade às avessas” (Renee do Ó Souza e Patrícia 
Eleutério Campos Dover. Algumas respostas sobre o acordo de não persecução penal, 
in Acordo de não persecução penal, organizadores Rogério Sanches Cunha e outros, 
Salvador, Juspodivm, 2017, p. 123). 
No ANPP, no espaço de discricionariedade regrada (poder-dever) que lhe 
concede a legislação e a própria concepção do instituto sob o foco, o MP poderá se 
negar a formular proposta ao investigado, pois deverá ponderar previamente e 
fundamentar se o acordo “é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do 
crime” (condição subjetiva e cláusula aberta de controle), no caso concreto. 
O ajuste das condições deverá ser feito entre Ministério Público, investigado e 
defensor (art. 28, § 3º, do CPP), que poderá ser advogado constituído ou defensor 
público. Assim, é imprescindível para a formalização do acordo a presença da defesa 
técnica, sob pena de ser questionada a sua legalidade e voluntariedade. 
Realizado o acordo, é dever do investigado informar ao Ministério Público 
eventual mudança de endereço, número de telefone ou e-mail, e comprovar 
mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de notificação ou 
aviso prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar 
imediatamente e de forma documentalmente eventual justificativa para o não 
cumprimento do acordo, nos termos do art. 18, § 8º, da Resolução nº 181/17, alterada 
pela Resolução nº 183/17 do CNMP. 
 
1.1.11.6. Controle judicial 
 
O acordo, uma vez formalizado, deverá ser submetido a controle pelo poder 
judiciário (art. 28, § 5º a §8º do CPP). Essa foi uma das principais alterações trazidas 
pela Resolução nº 183/18, que alterou a Resolução nº 181/17 do CNMP. Na redação 
original da última norma, não havia controle judicial, sendo o ANPP analisado apenas 
internamente dentro do próprio Ministério Público. 
Aqui juiz não poderá se imiscuir nos critérios de conveniência e oportunidade 
que levaram o Ministério Público à celebração do acordo, pois, assim agindo, violaria 
nitidamente o sistema acusatório. No caso, cumpre ao poder judiciário verificar apenas 
se o acordo obedeceu aos ditames legais, bem como à voluntariedade do investigado, 
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27 
ou seja, se ele não foi induzido, coagido, pressionado ou mesmo enganado com os 
termos do acordo, e se a medida é proporcional, como vamos esclarecer adiante. 
A voluntariedade é conferida pelo juiz por meio de uma audiência judicial 
designada especialmente para essa finalidade, na qual, também, o defensor será 
ouvido para o mesmo fim. É uma das novidades trazidas pelo art. 28-A do CPP que não 
estava regulamentado pela Resolução nº 181/17 do CNMP. 
Segundo o art.3º-B, XVII (que está suspenso) cumpre ao juiz das garantias 
conhecer do acordo de não persecução penal. Assim, enquanto não foi decidida a 
constitucionalidade do juiz das garantias, cumpre ao juiz natural da futura e eventual 
ação penal conhecer do ANPP. 
O art. 28, § 5º, diz que, caso o juiz verifique que as condições do acordo foram 
inadequadas, insuficientes ou abusivas, devolverá os autos ao MP para que seja 
reformulada a proposta. 
Uma primeira observação se faz necessária sobre esse dispositivo: ao 
contrário do que inicialmente se compreende do art. 28, § 4º, o qual diz que o juiz, 
para análise de homologação do ANPP, realizará um juízo de legalidade e 
voluntariedade. Assim, como já dissemos, o juiz não poderá se imiscuir na celebração 
do acordo, adicionando ou removendo condições, sob hipótese de perder sua 
imparcialidade e se deslocar para um dos pratos da balança. 
Porém, o juízo de legalidade, neste caso, não se restringe à legalidade estrita, 
sendo facultado ao juiz analisar a proporcionalidade da medida, recusando a 
homologação na hipótese em que as condições do acordo forem inadequadas, 
insuficientes ou abusivas. 
A segunda observação diz respeito à independência funcional do membro do 
Ministério Público: caso o juiz, sob os referidos fundamentos, recuse-se a homologar o 
acordo, e não estando de acordo o órgão ministerial em reformulá-lo, deve o MP se 
insurgir contra a decisão por meio de recurso em sentido estrito (RESE), com 
fundamento no art. 581, XXV, do CPP, também acrescentado pela Lei nº 13.964/19. 
Já se o membro do MP acabar por se conformar com a decisão judicial que 
não homologou o acordo, deverá apresentar a denúncia pertinente ao caso concreto 
ou complementar as investigações (art. 28-A, § 8º, do CPP), por meio de requisição de 
instauração de inquérito policial ou instauração de Procedimento Investigatório 
Criminal (PIC) no âmbito do próprio MP. 
Lembre-se de que o arquivamento não é uma possibilidade, pois, nesta etapa, 
a opinio delicti do membro do MP já avançou no sentido de que estão presentes 
indícios de autoria e a prova da materialidade delitiva (vide início do tópico). O 
complemento das investigações, no caso, deverá ter por objetivo robustecer ainda 
mais os elementos de informação que já foram colhidos. 
Lembrando que, antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não 
corre enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal, na 
forma do art. 116, IV, do Código Penal (acrescentado pela Lei nº 13.964/19). 
 
1.1.11.7. Execução do acordo 
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28 
 
Caso o juiz verifique a legalidade, voluntariedade e proporcionalidade do 
acordo, irá homologá-lo judicialmente e devolver os autos ao MP para que inicie sua 
execução perante o juízo da execução penal (art. 28, § 6º, do CPP). 
Atenção para esse detalhe: o acordo segue um rito extrajudicial até a sua 
celebração. Após formalizado o ajuste, todo o trâmite segue o rito judicial, desde sua 
homologação, como mesmo após, em que o membro do MP receberá os autos e 
executará as condições perante o juiz da execução penal. 
Atenta à relevante necessidade de o processo penal prestar satisfações à 
vítima do delito, a novel legislação ordenou que esta deverá ser intimada da 
homologação do acordo, bem como de seu descumprimento (art. 28-A, § 9º, do CPP). 
A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, salvo se for verificado que o 
investigado já celebrou, nos 5 anos anteriores ao cometimento da infração, um ANPP, 
nos termos do art. 28-A, § 2º, III, do CPP. Nesse caso, a celebração do acordo poderá 
constar da certidão pra efeito de negar a possibilidade do investigado celebrar um 
novo ANPP (art. 28, § 12º, do CPP). 
 
1.1.11.8. Cumprimento do acordo 
 
Uma vez cumpridos em todos os termos o ANPP, o resultado será a extinção 
da punibilidade (art. 28-A, § 13º, do CPP). 
As normas que regem o instituto do ANPP possuem natureza mista, pois 
compostas por normas de caráter penal (material) e processual penal. A norma versa, 
em sua essência, sobre direito processual, mas também afeta diretamente o direito de 
punir do Estado, uma vez que o cumprimento do acordo resulta na extinção da 
punibilidade, possuindo também nítido conteúdo penal. 
Quando a lei tem essa característica (norma mista ou híbrida), não incide o 
art. 2º do CPP (tempus regit actum), mas os princípios que regem a aplicação da lei 
penal no tempo e que proíbem a retroatividade da lei, salvo se mais benéfica. 
Já que a lei trouxe uma situação mais benéfica ao réu, criando causa extintiva 
da punibilidade, consequentemente, entendemos que deve retroagir aos delitos 
cometidos antes de sua entrada em vigor, desde que haja confissão policial 
(pressuposto de qualquer acordo). 
Assim, cumpridos todas as condições objetivas e subjetivas do instituto, pode 
haver proposta de ANPP. Existe uma grande discussão sobre o instituto: qual seria o 
marco final para a celebração do ANPP? 
O art. 28-A do CPP aponta que “não sendo o caso de arquivamento”, o que 
leva a crer que a fase processual para o oferecimento seria aquele prévio ao 
oferecimento da denúncia. Ocorre que, em relação à transação penal (art. 76 da Lei nº 
9.099/95), outro instrumento similar de justiça consensual, os tribunais superiores já 
entenderam que seria possível, excepcionalmente, sua oferta mesmo após o 
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29 
recebimento da denúncia quando se verificarem, posteriormente, a presença dos 
requisitos legais (STJ - HC 495.148 DF 2019/0054498-4). 
Já outra parte da doutrina entende de forma contrária, caminhando no 
sentido da literalidade legal e apontado o recebimento da denúncia como marco 
temporal máximo para a celebração do acordo. 
 
1.1.11.9. Resumo das principais diferenças entre o art. 28-A do CPP e a Resolução nº 
181/17 alterada pela Resolução nº 183/17 do CNMP 
 
Art. 28-A do CPP Resolução nº 181/17 do CNMP 
Não prevê a celebração do ANPP na 
mesma oportunidade da audiência de 
custódia. 
Prevê. 
Não há mais vedação expressa de acordo 
nos crimes hediondos ou equiparados. 
Existe vedação. 
Não veda – como fazia a Resolução 
181/2017 – o acordo nos casos em que o 
dano causado for superior a vinte 
salários mínimos ou a parâmetro 
econômico diverso definido pelo 
respectivo órgão de revisão. 
Existe vedação. 
Vedou expressamente o ANPP se o 
investigado for reincidente ou se houver 
elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou 
profissional, exceto se insignificantes as 
infrações penais pretéritas. 
Mesmas vedações da transação penal: 
Art. 76 § 2º Não se admitirá a proposta 
se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração 
condenado, pela prática de crime, à pena 
privativa de liberdade, por sentença 
definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado 
anteriormente, no prazo de cinco anos, 
pela aplicação de pena restritiva ou 
multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do 
agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, ser necessária e 
suficiente a adoção da medida. 
Prevê expressamente, como condição 
para a homologação do acordo, a 
necessidade da realização de audiência, 
Não prevê a necessidade de realização 
de audiência judicial para fins de 
homologação do acordo. 
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30 
na qual o juiz deverá verificar a sua 
voluntariedade, por meio da oitiva do 
investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade. 
 
 
Confira a íntegra de ambas as legislações, com as alterações e diferenças em 
destaque: 
 
Resolução nº 181/17 alterada pela 
Resolução nº 183/17 do CNMP 
Art. 28-A do CPP 
Art. 18. Não sendo o caso de 
arquivamento, o Ministério Público 
poderá propor ao investigado acordo de 
não persecução penal quando, cominada 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e 
o crime não for cometido com violência 
ou grave ameaça a pessoa, o investigado 
tiver confessado formal e 
circunstanciadamente a sua prática, 
mediante as seguintes condições, 
ajustadas cumulativa ou 
alternativamente: 
I – reparar o dano ou restituir a coisa à 
vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
II – renunciar voluntariamente a bens e 
direitos, indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou 
proveito do crime; 
III – prestar serviço à comunidade ou a 
entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima 
cominada ao delito, diminuída de um a 
dois terços, em local a ser indicado pelo 
Ministério Público; 
IV – pagar prestação pecuniária, a ser 
estipulada nos termos do art. 45 do 
Código Penal, a entidade pública ou de 
interesse social a ser indicada pelo 
Ministério Público, devendo a prestação 
ser destinada preferencialmente àquelas 
entidades que tenham como função 
proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados 
Art. 28-A. Não sendo caso de 
arquivamento e tendo o investigado 
confessado formal e circunstancialmente 
a prática de infração penal sem violência 
ou grave ameaça e com pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério 
Público poderá propor acordo de não 
persecução penal, desde que necessário 
e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime, mediante as 
seguintes condições ajustadas 
cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à 
vítima, exceto na impossibilidade de 
fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e 
direitos indicados pelo Ministério Público 
como instrumentos, produto ou proveito 
do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a 
entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a 
dois terços, em local a ser indicado pelo 
juízo da execução, na forma do art. 46 
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser 
estipulada nos termos do art. 45 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 (Código Penal), a entidade 
pública ou de interesse social, a ser 
indicada pelo juízo da execução, que 
CPF: 860.542.154-18
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pelo delito; 
V – cumprir outra condição estipulada 
pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a 
infração penal aparentemente praticada. 
§ 1º. Não se admitirá a proposta nos 
casos em que: 
 I – for cabível a transação penal, nos 
termos da lei; 
II – o dano causado for superior a vinte 
salários mínimos ou a parâmetro 
econômico diverso definido pelo 
respectivo órgão de revisão, nos termos 
da regulamentação local; 
III – o investigado incorra em alguma das 
hipóteses previstas no art. 76, § 2º, da 
Lei nº 9.099/95; 
IV – o aguardo para o cumprimento do 
acordo possa acarretar a prescrição da 
pretensão punitiva estatal; 
V – o delito for hediondo ou equiparado 
e nos casos de incidência da Lei nº 
11.340, de 7 de agosto de 2006; 
VI – a celebração do acordo não atender 
ao que seja necessário e suficiente para 
a reprovação e prevenção do crime. 
§ 2º. A confissão detalhada dos fatos e as 
tratativas do acordo serão registrados 
pelos meios ou recursos de gravação 
audiovisual, destinados a obter maior 
fidelidade das informações, e o 
investigado deve estar sempre 
acompanhado de seu defensor. 
§ 3º. O acordo será formalizado nos 
autos, com a qualificação completa do 
investigado e estipulará de modo claro 
as suas condições, eventuais valores a 
serem restituídos e as datas para 
cumprimento, e será firmado pelo 
membro do Ministério Público, pelo 
investigado e seu defensor. 
 § 4º. Realizado o acordo, a vítima será 
comunicada por qualquer meio idôneo, e 
tenha, preferencialmente, como função 
proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados 
pelo delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado, 
outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e 
compatível com a infração penal 
imputada. 
§ 1º. Para aferição da pena mínima 
cominada ao delito a que se refere o 
caput deste artigo, serão consideradas as 
causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto. 
§ 2º. O disposto no caput deste artigo 
não se aplica nas seguintes hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de 
competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou 
se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, 
reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais 
pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 
(cinco) anos anteriores ao cometimento 
da infração, em acordo de não 
persecução penal, transação penal ou 
suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de 
violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões 
da condição de sexo feminino, em favor 
do agressor. 
§ 3º. O acordo de não persecução penal 
será formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do Ministério 
Público, pelo investigado e por seu 
defensor. 
§ 4º. Para a homologação do acordo de 
não persecução penal, será realizada 
audiência na qual o juiz deverá verificar 
a sua voluntariedade, por meio da oitiva 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
32 
os autos serão submetidos à apreciação 
judicial. 
§ 5º. Se o juiz considerar o acordo 
cabível e as condições adequadas e 
suficientes, devolverá os autos ao 
Ministério Público para sua 
implementação. 
§ 6º. Se o juiz considerar incabível o 
acordo, bem como inadequadas ou 
insuficientes as condições celebradas, 
fará remessa dos autos ao procurador-
geral ou órgão superior interno 
responsável por sua apreciação, nos 
termos da legislação vigente, que poderá 
adotar as seguintes providências: 
I – oferecer denúncia ou designar outro 
membro para oferecê-la; 
II – complementar as investigações ou 
designar outro membro para 
complementá-la; 
III – reformular a proposta de acordo de 
não persecução, para apreciação do 
investigado; 
 IV – manter o acordo de não 
persecução, que vinculará toda a 
Instituição. 
§ 7º. O acordo de não persecução 
poderá ser celebrado na mesma 
oportunidade da audiência de custódia. 
§ 8º. É dever do investigado comunicar 
ao Ministério Público eventual mudança 
de endereço, número de telefone ou e-
mail, e comprovar mensalmente o 
cumprimento das condições, 
independentemente de notificação ou 
aviso prévio, devendo ele, quando for o 
caso, por iniciativa própria, apresentar 
imediatamente e de forma documentada 
eventual justificativa para o não 
cumprimento do acordo. 
§ 9º. Descumpridas quaisquer das 
condições estipuladas no acordo ou não 
observados os deveres do parágrafo 
anterior, no prazo e nas condições 
do investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade. 
§ 5º. Se o juiz considerar inadequadas, 
insuficientes ou abusivas as condições 
dispostas no acordo de não persecução 
penal, devolverá os autosao Ministério 
Público para que seja reformulada a 
proposta de acordo, com concordância 
do investigado e seu defensor. 
§ 6º. Homologado judicialmente o 
acordo de não persecução penal, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério Público 
para que inicie sua execução perante o 
juízo de execução penal. 
§ 7º. O juiz poderá recusar 
homologação à proposta que não 
atender aos requisitos legais ou quando 
não for realizada a adequação a que se 
refere o § 5º deste artigo. 
§ 8º. Recusada a homologação, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério 
Público para a análise da necessidade 
de complementação das investigações 
ou o oferecimento da denúncia. 
§ 9º. A vítima será intimada da 
homologação do acordo de não 
persecução penal e de seu 
descumprimento. 
§ 10. Descumpridas quaisquer das 
condições estipuladas no acordo de não 
persecução penal, o Ministério Público 
deverá comunicar ao juízo, para fins de 
sua rescisão e posterior oferecimento de 
denúncia. 
§ 11. O descumprimento do acordo de 
não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo 
Ministério Público como justificativa 
para o eventual não oferecimento de 
suspensão condicional do processo. 
§ 12. A celebração e o cumprimento do 
acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes 
criminais, exceto para os fins previstos 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
33 
estabelecidas, o membro do Ministério 
Público deverá, se for o caso, 
imediatamente oferecer denúncia. 
§ 10. O descumprimento do acordo de 
não persecução pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo 
membro do Ministério Público como 
justificativa para o eventual não 
oferecimento de suspensão condicional 
do processo. 
§ 11. Cumprido integralmente o acordo, 
o Ministério Público promoverá o 
arquivamento da investigação, nos 
termos desta Resolução. 
§ 12. As disposições deste Capítulo não 
se aplicam aos delitos cometidos por 
militares que afetem a hierarquia e a 
disciplina. 
§ 13. Para aferição da pena mínima 
cominada ao delito, a que se refere o 
caput, serão consideradas as causas de 
aumento e diminuição aplicáveis ao caso 
concreto. 
no inciso III do § 2º deste artigo. 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo 
de não persecução penal, o juízo 
competente decretará a extinção de 
punibilidade. 
§ 14. No caso de recusa, por parte do 
Ministério Público, em propor o acordo 
de não persecução penal, o investigado 
poderá requerer a remessa dos autos a 
órgão superior, na forma do art. 28 
deste Código. 
 
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34 
2. LEGISLAÇÃO ANOTADA 
 
OBSERVAÇÃO: As alterações no CPP trazidas pela Lei Anticrime (Lei nº 13.964/19) e 
que foram suspensos pelo STF (ADI 6.300, 6.305, 6.299 e 6.298, Min. Luiz Fux, em 
22/01/20) não foram trazidos nesta legislação anotada, mas tão apenas os dispositivos 
que estão em vigor. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Título II 
Do Inquérito Policial 
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. 
* A regra é que a atribuição da polícia judiciária se estabeleça pelo critério territorial, 
ou seja, pelo local da consumação da infração. 
* Caso o IP seja presidido por delegado pertencente à circunscrição distinta, não 
haverá nulidade do IP e da AP, pois a CF não consagra o princípio do delegado natural. 
* STJ: A autoridade policial pode empreender diligências em circunscrição diversa, 
independentemente da expedição de precatório e requisição (HC 44.154, 27.03.06). 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades 
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
* Este parágrafo consagra a possibilidade de inquéritos não policiais. 
* A lavratura do auto de prisão não é atribuição exclusiva da autoridade policial. 
* Plenário: O MP dispõe de competência para promover, por autoridade própria e por 
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e 
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do 
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional 
de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em 
nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, 
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado 
democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, 
necessariamente documentados (SV 14), praticados pelos membros dessa Instituição 
(RE 593727, em 14/05/2015 - Repercussão geral). 
* STF - Pleno: É possível o oferecimento de ação penal com base em provas colhidas 
no âmbito do IC conduzido por membros do MP (AP 565, 08.08.13). 
* Súmula 234 do STJ. A participação de membro do MP na fase investigatória criminal 
não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
* Súmula 397 do STF. O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o 
regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito. 
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
Princípio da oficiosidade 
CPF: 860.542.154-18
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
35 
I – de ofício; 
* Se o delegado de polícia, mesmo ciente da ocorrência de um crime sujeito à ação 
penal pública incondicionada, não instaura o IP, estará sujeito à responsabilização 
disciplinar e, conforme o caso, até mesmo penal por prevaricação (art. 319 do CP), se 
evidenciado que a omissão visou à satisfação de interesse ou sentimento pessoal. 
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a 
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1º O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível: 
* O CPP não disciplina expressamente a respeito do prazo para requerer a instauração 
do IP. Diante da lacuna, a doutrina afirma que deve ser aplicado analogicamente o art. 
38 do CPP, que trata do prazo para o oferecimento da queixa e da representação. 
Portanto, é de 6 meses, a partir do conhecimento da autoria, o prazo para requerer a 
instauração do IP. 
* A deficiência ou a ausência de alguns desses elementos é mera irregularidade. 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de 
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá 
recurso para o chefe de Polícia. 
* O delegado tem o direito de fazer um juízo de tipicidade acerca dos fatos. Assim, se 
entender que o fato é atípico, não está obrigado a acatar o requerimento do ofendido 
ou de quem tenha legitimidade para representá-lo, não tendo tais pessoas direito 
líquido e certo a manejar MS. 
* Prevalece que o delegado não pode deixar de instaurar o IP arguindo a aplicação do 
princípio da insignificância, pois este é matéria a ser apreciada privativamente pelo 
MP. 
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infraçãopenal 
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará 
instaurar inquérito. 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não 
poderá sem ela ser iniciado. 
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a 
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
* A instauração do IP sem a observância desta formalidade gera constrangimento 
ilegal ao indiciado, possibilitando o manejo de HC visando ao trancamento do IP. Já a 
vítima pode impetrar MS com o mesmo objetivo. 
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
36 
* O rol previsto neste artigo é exemplificativo. 
* IMPORTANTE: Atenção para a implantação, no nosso sistema jurídico, da CADEIA DE 
CUSTÓDIA (conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar 
a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para 
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte), 
novidade trazida pela Lei nº 13.964/19 (Lei Anticrime) que acrescentou o art. 158-A ao 
art 158-F no CPP. Tratam-se de dispositivos com viés extremamente autoexplicativos e 
didáticos, trazendo pormenorizadamente conceitos e o passo a passo do 
procedimento da cadeia de custódia, cuja leitura na lei seca é suficiente para provas de 
concursos. 
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
* O art. 1º da Lei 5.970/73 permite, nos casos de acidente de trânsito, a remoção de 
pessoas e/ou veículos da via pública, independentemente de prévia análise pericial. 
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
criminais; 
* Os objetos aqui referidos não se resumem aos instrumentos do crime. 
* O delegado pode restituir coisas apreendidas, desde que não haja dúvida quanto ao 
direito do reclamante. Se houver dúvida ou se a coisa for apreendida em poder de 
terceiro de boa-fé, apenas o juiz poderá resolver sobre a restituição (art. 120 do CPP). 
* Havendo condenação, os instrumentos do crime, desde que consistam em coisas 
cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, e o produto do 
crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a 
prática do fato criminoso serão confiscados em favor da União (art. 91 do CP). 
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
* A intimação de testemunhas e a sua inquirição, por exemplo, enquadram-se nesta 
previsão. 
IV – ouvir o ofendido; 
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III 
do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 testemunhas 
que lhe tenham ouvido a leitura; 
* No que for aplicável, deve ser observado o disposto em relação ao interrogatório 
judicial. Assim, apesar de este inciso prever que a oitiva do indiciado será realizada nos 
moldes do interrogatório judicial, isto somente se dará no que for compatível com a 
inquisitoriedade do IP. Assim, em regra, a obrigatoriedade da presença do advogado, a 
possibilidade de reperguntas e a entrevista preliminar não têm aplicação no IP. 
* STF: Não é possível a condução coercitiva para interrogatório (APF 395/DF e ADPF 
44/DF). Caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para 
interrogatório, a conduta poderá acarretar a responsabilidade disciplinar, civil e penal 
do agente ou da autoridade, a ilicitude das provas obtidas e a responsabilidade civil do 
Estado. 
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
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37 
* Sobre o crime de desobediência: Não há crime de desobediência, por ausência de 
dolo, nas situações em que alguém descumpre ordem de funcionário público (membro 
do Poder Judiciário ou do Ministério Público, Delegado de Polícia, parlamentar 
integrante de CPI etc.), em razão de considerá-la idônea a provocar sua 
autoincriminação ou de qualquer modo prejudicá-lo. 
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias; 
* Se o crime deixar vestígios, a autoridade policial não poderá negar a realização do 
exame de corpo de delito. 
* Atenção à Lei nº 13.721/18, que alterou o CPP para acrescentar o parágrafo único ao 
art. 158 e prever prioridades na realização de exame de corpo de delito: 
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
* A identificação criminal é gênero, do qual são espécies a identificação datiloscópica e 
a identificação fotográfica. 
* O art. 5º da Lei 12.037/09 prevê, além da identificação pelo processo datiloscópico, a 
identificação fotográfica. 
* A folha de antecedentes, por ser providência policial, contém apenas a relação de IP 
já instaurados em relação ao indivíduo, não contendo dados relativos a processos 
criminais. 
* STJ: É indevida a manutenção na folha de antecedentes criminais de dados 
referentes a processos nos quais foi reconhecida a extinção da pretensão punitiva 
estatal. Assim, os dados deverão ficar apenas registrados no âmbito do Poder 
Judiciário e disponibilizados para consultas justificadas de juízes criminais (RMS 
29.273, 20.09.12). 
IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime 
e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do 
seu temperamento e caráter; 
* Todas essas condições vão ajudar a aferir eventual qualificadora, algum privilégio, 
eventual causa de isenção de pena ou qualquer outra circunstância que venha a 
interferir na fixação da pena. 
X – colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa. 
* Acrescido pela Lei 13.257/2016. 
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos 
fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
* STF: O investigado não está obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos, 
pois ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo. Além disso, o 
investigado sequer está obrigado a comparecer ao local da reprodução simulada dos 
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38 
fatos, não cabendo, pois, condução coercitiva. E a simples ausência do investigado a 
esta diligência, por si só, não permite a decretação da sua prisão preventiva (RHC 
64.354). 
* Na fase do IP, não é necessária a intimação do indiciado e de seu advogado para 
acompanhar a reconstituição. 
Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do 
Título IX deste Livro. 
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
Prazo para encerramentodo IP 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso 
em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando 
estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
* Se o indiciado estiver solto, o prazo de 30 dias será contado a partir do recebimento, 
pela autoridade policial, da requisição do Juiz ou do MP, da representação do ofendido 
nos crimes de ação penal condicionada ou do requerimento do ofendido nos crimes de 
ação penal privada. 
* A Polícia Federal tem o prazo de 15 dias para encerrar o IP quando o indiciado 
estiver preso, podendo ser prorrogado por mais 15 dias (art. 66 da Lei 5.010/66). Como 
não há previsão relativa ao indiciado solto, aplica-se analogicamente o art. 10 do CPP, 
ou seja, o prazo será de 30 dias, podendo ser prorrogado pelo juiz. 
* Tratando-se de apuração de crime de tráfico de drogas, o prazo de encerramento do 
IP será de 30 dias se o indiciado estiver preso ou de 90 dias se solto estiver. Em ambos 
os casos, admite-se a prorrogação pelo dobro, mediante autorização judicial com 
prévia oitiva do MP (art. 51 da Lei 11.343/2006). 
* Tratando-se de apuração de crime contra a economia popular, o IP deve ser 
encerrado em 10 dias improrrogáveis, não importando se o indiciado está preso ou 
solto (art. 10, § 1º, da Lei 1.521/51). 
* O IP Militar tem prazo de conclusão de 20 dias improrrogáveis, caso o indiciado 
esteja preso, ou de 40 dias, prorrogáveis por mais 20, se solto (art. 20 do CPPM). 
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos 
ao juiz competente. 
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido 
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade 
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
* Se o indiciado estiver preso, o juiz não poderá prorrogar o prazo de encerramento do 
IP. Neste caso, o juiz deverá encaminhar os autos do IP ao MP, para que este adote as 
providências que julgar cabíveis, sob pena de imediata soltura do indiciado. 
Lembrando que uma das providências a ser adotada pelo MP é requisitar a realização 
de novas diligências ao delegado, mas, neste caso, o indiciado será solto. 
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39 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, 
acompanharão os autos do inquérito. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de 
base a uma ou outra. 
* O IP é peça dispensável se a opinio delicti se formou por meio de outros elementos 
de informação (art. 39, § 5º, CPP). 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I – fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e 
julgamento dos processos; 
II – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
III – cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
IV – representar acerca da prisão preventiva. 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 
159 do CP, e no art. 239 do ECA, o membro do Ministério Público ou o delegado de 
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da 
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 horas, conterá: 
I – o nome da autoridade requisitante; 
II – o número do inquérito policial; e 
III – a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. 
* Art. 13-A incluído pela Lei 13.344/2016. 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico 
de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão 
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de 
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios 
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização 
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. 
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de 
cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. 
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I – não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que 
dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II – deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não 
superior a 30 dias, renovável por uma única vez, por igual período; 
III – para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a 
apresentação de ordem judicial. 
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no 
prazo máximo de 72 horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. 
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade 
competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou 
CPF: 860.542.154-18
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40 
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como 
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos 
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. 
* Art. 13-B incluído pela Lei 13.344/2016. 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
* Em caso de indeferimento, tem-se admitido o cabimento de recurso administrativo 
ao Chefe de Polícia, por analogia ao art. 5º, § 2º, do CPP. 
* STJ: As diligências solicitadas pelas partes não podem ser negadas pela autoridade 
policial se ficar comprovada a inexistência de prejuízo ao procedimento investigatório 
e se for necessária para o deslinde da causa (HC 69.405, em 23.10.07). 
ATENÇÃO! NOVIDADE TRAZIDA PELA LEI ANTICRIME (Lei nº 13.964/19) 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, 
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a 
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado 
poderá constituir defensor. 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de 
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de 
defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para 
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a 
representação do investigado. 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º (VETADO). 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares 
vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os 
fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e daOrdem. 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
* Revogado tacitamente pelo art. 5º do CC. 
* No Processo Penal, somente há necessidade de curador no incidente de insanidade 
mental (art. 149, § 2º, do CPP). 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à 
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia. 
CPF: 860.542.154-18
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
41 
* Esta norma é completada pelo art. 47 do CPP, segundo o qual, se o MP julgar 
necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos 
elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades 
ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. 
Princípio da Indisponibilidade 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
* Se, diante de uma circunstância fática, o delegado percebe que não houve crime, não 
deve iniciar o IP, mas, uma vez iniciado, deve levá-lo até o final, não podendo arquivá-
lo. E, no relatório, não poderá fazer considerações acerca da existência de excludentes 
de ilicitude ou culpabilidade, cabendo-lhe simplesmente relatar as diligências 
investigatórias realizadas e apontar a tipificação do fato apurado. 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
* Súmula 524 do STF. Arquivado o IP, por despacho do juiz, a requerimento do 
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. 
* Excludente de ilicitude – arquivamento do IP – coisa julgada material: o STJ 
entende que a decisão que determina o arquivamento do IP, a pedido do MP, com 
base em excludente de ilicitude, faz coisa julgada material (6ª T, REsp. 791.471, em 
25/11/2014). Contudo, o STF entende que a decisão que determina o arquivamento do 
IP, a pedido do MP, com base em excludente de ilicitude, não faz coisa julgada 
material (1ª T, HC 95.211, em 10/03/2009; 2ª T, HC 125.101, em 25/08/2015). 
* Existência de manifesta causa excludente de culpabilidade – arquivamento do IP – 
coisa julgada material: é a posição da doutrina. 
* Extinção da punibilidade – arquivamento do IP – coisa julgada material: o STJ 
entende que a decisão que determina o arquivamento do IP, a pedido do MP, com 
base na extinção da punibilidade (exceção: certidão de óbito falsa), faz juízo de mérito, 
razão pela qual faz coisa julgada material (6ª T, REsp. 791.471, em 25/11/2014). 
* Atipicidade do fato – arquivamento do IP – coisa julgada material: tanto o STF como 
o STJ entendem que a decisão que determina o arquivamento do IP, a pedido do MP, 
com base em atipicidade do fato, faz coisa julgada material, mesmo que proferida por 
juiz incompetente, sob pena de reformatio in pejus indireta (Plenário, Inq. 2.934, 
22/02/2011; 6ª T, REsp. 791.471, em 25/11/2014). 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão 
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato 
ou exigido pelo interesse da sociedade. 
* Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
42 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a 
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a 
instauração de inquérito contra os requerentes. 
* Parágrafo único alterado pela Lei 12.681/2012. 
* Esta vedação não abrange informações prestadas pelo delegado ao Poder Judiciário 
ou ao MP (art. 13, I, CPP). 
* STJ: Afora as condenações definitivas, quaisquer outras informações de inquérito em 
curso só serão certificadas se requisitadas por magistrado, membro do MP, autoridade 
policial ou agente do Estado, em pedido devidamente motivado, explicitando o uso do 
documento. 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e 
somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 dias, será decretada 
por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do 
órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no art. 89, 
III, do Estatuto da OAB (Lei nº 4.215/63). 
* Este dispositivo, em face do disposto no art. 5º, LXII e LXIII, e no art. 136, § 3º, IV, da 
CF, não foi recepcionado pela CF/88 (Tourinho Filho, Mirabete, Nucci e Nestor). 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição 
policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja 
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de 
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a 
autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra 
circunscrição. 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade 
policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, 
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração 
penal e à pessoa do indiciado. 
 
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43 
3. JURISPRUDÊNCIA 
 
STF: O Poder Judiciário não está vinculado à compreensão do Ministério Público 
Federal a respeito da persistência, ou não, dos fundamentos que ensejaram a 
instauração de inquérito, podendo, sendo o caso, arquivá-lo. Pet 9.338, Rel. Min. 
Edson Fachin, Plenário, j. 11.02.2022 
 
STF: Segundo a jurisprudência da Corte, a simples menção ao nome de autoridades 
detentoras de prerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados por testemunhas 
ou investigados, seja na captação de diálogos travados por alvos de censura telefônica 
judicialmente autorizada, assim como a existência de informações, até então, fluidas e 
dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência para o 
juízo hierarquicamente superior. Para que haja a atração da causa para o foro 
competente, é imprescindível a constatação da existência de indícios da participação 
ativa e concreta do titular da prerrogativa em ilícitos penais. Todavia, a hipótese 
retratada nos autos não se coaduna com o entendimento jurisprudencial suso 
mencionado por não se tratar de simples menção a detentor de prerrogativa de foro, 
nem, muito menos, de encontro fortuito de provas. O surgimento de indícios de 
envolvimento do paciente já no início da persecutio criminis tornou impositiva a 
remessa do caso para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o que, por não ter 
ocorrido opportune tempore, maculou os elementos de prova arrecadados em seu 
desfavor. HC 189.115, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 26.11.2021 
 
STJ: Conforme a Súmula Vinculante 14/STF, “é direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementosde prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Não ofende o princípio da 
ampla defesa a negativa de acesso ao conteúdo de medidas investigativas em curso 
que ainda não foram documentadas e cujo sigilo, no momento, é imprescindível à sua 
efetividade, especialmente na hipótese em que a autoridade já declarou que, 
encerradas as investigações e documentados os seus resultados, será franqueado ao 
recorrente e à sua defesa técnica o integral acesso aos elementos de informação 
necessários para o exercício do direito de defesa. AgRg no RHC 136.624, Rel. Min. Felix 
Fischer, 5ª Turma, j. 13.04.2021 
 
STF: Tratando-se de investigação de prefeito com foro por prerrogativa de função no 
Tribunal de Justiça, não se exige – diferentemente do que ocorre no âmbito da 
investigação de autoridades com foro no STF – prévia autorização do Tribunal para 
abertura do inquérito policial, sendo necessário, porém, a ciência e a supervisão pelo 
Tribunal para que a investigação não seja contaminada por vício de nulidade absoluta. 
AgRg no HC 184.648, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, j. 15.09.2021 
 
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44 
STF: A decisão de arquivamento de inquérito policial lastreada na atipicidade do fato 
toma força de coisa julgada material, qualidade conferida à decisão judicial contra a 
qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável. Se o Juiz-Auditor e o Ministério 
Público acordaram em arquivar o inquérito policial militar por entender atípica a 
conduta, mesmo diante de provas novas, inviável a reabertura do feito por meio de 
correição parcial. HC 173.594, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, j. 03.05.2021 
 
STF: Recurso da PGR. Trancamento de inquérito que tramita há mais de dez anos sem 
qualquer conclusão. Possibilidade. Embora o prazo legal para a conclusão do inquérito 
seja impróprio, é irrazoável e inadmissível investigação, despida de qualquer 
complexidade, perdurar por mais de uma década. HC 166.633, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, 2ª Turma, j. 18.12.2020 
 
STF: Alegada nulidade da investigação penal pelo fato de a polícia judiciária estadual 
haver recebido cooperação da Polícia Federal. Inocorrência. Mútua assistência técnica 
entre a Polícia Federal e as polícias estaduais, além do fornecimento recíproco de 
dados investigatórios e o intercâmbio de informações entre referidos organismos 
policiais: medidas que se legitimam em face do modelo constitucional de federalismo 
cooperativo. RHC 116.000, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, j. 30.10.2014 
 
STJ: Compete ao Superior Tribunal de Justiça autorizar investigação contra 
desembargador pela prática, em tese, de ilícito penal. O indeferimento prematuro da 
instauração de inquérito deve ocorrer apenas em situações excepcionalíssimas de 
patente atipicidade da conduta ou em caso de flagrante ilegalidade. QO na Pet 1.442, 
Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, j. 16.12.2020 
 
STJ: Na fase pré-inquisitorial não há lugar para o exercício de contraditório. Somente 
poderá haver contraditório após a eventual instauração do inquérito, ainda assim, de 
forma mitigada. Em consequência, não há ofensa ao devido processo legal (CF, art. 5º, 
incs. LIV e LV), no indeferimento de pedido de nulidade de julgamento em curso de 
agravo regimental, interposto pelo Ministério Público contra decisão do Relator, que 
indeferiu a instauração de inquérito, para citação ou intimação da defesa do possível 
implicado para oferecer eventual impugnação. Logo, não há nulidade no julgamento 
ou nos votos já proferidos, devendo o ato judicial ter normal seguimento. QO na Pet 
1.442, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, j. 16.12.2020 
 
STF: De acordo com o Plenário desta Corte, é nulo o indiciamento de detentor de 
prerrogativa de foro, realizado por Delegado de Polícia, sem que a investigação tenha 
sido previamente autorizada por Ministro-Relator do STF. Diversa é a hipótese em que 
o inquérito foi instaurado com autorização e tramitou, desde o início, sob supervisão 
de Ministro desta Corte, tendo o indiciamento ocorrido somente no relatório final do 
inquérito. Nesses casos, o indiciamento é legítimo e independe de autorização judicial 
prévia. Em primeiro lugar, porque não existe risco algum à preservação da 
competência do Supremo Tribunal Federal relacionada às autoridades com 
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45 
prerrogativa de foro, já que o inquérito foi autorizado e supervisionado pelo Relator. 
Em segundo lugar, porque o indiciamento é ato privativo da autoridade policial (Lei nº 
12.830/2013, art. 2º, § 6º) e inerente à sua atuação, sendo vedada a interferência do 
Poder Judiciário sobre essa atribuição, sob pena de subversão do modelo 
constitucional acusatório, baseado na separação entre as funções de investigar, acusar 
e julgar. Em terceiro lugar, porque conferir privilégio de não poder ser indiciado 
apenas a determinadas autoridades, sem razoável fundamento constitucional ou legal, 
configuraria uma violação aos princípios da igualdade e da república. Em suma: a 
autoridade policial tem o dever de, ao final da investigação, apresentar sua conclusão. 
E, quando for o caso, indicar a autoria, materialidade e circunstâncias dos fatos que 
apurou, procedendo ao indiciamento. Inq 4.621, Rel. Min. Roberto Barroso, decisão 
monocrática de 23.10.2018 
 
STJ: Nos termos do art. 10 do Código de Processo Penal, a contagem do prazo de 10 
dias para conclusão do inquérito e de 5 dias para oferecimento da denúncia não tem 
início com a execução da prisão temporária, mas com a prisão preventiva. Além disso, 
não há excesso de prazo se a denúncia é oferecida em tempo razoável, e, tampouco, 
na decisão que prorroga o prazo para conclusão do inquérito policial, considerado o 
grande número de investigados e a complexidade dos fatos em apuração. AgRg na 
Cautelar Inominada Criminal 36, Corte Especial, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 
18.11.2020 
 
STF: O arquivamento do inquérito pelo Poder Judiciário sem prévio requerimento do 
titular da ação penal, longe de configurar ofensa ao sistema acusatório, concretiza sim 
poder-dever do magistrado, que, na fase pré-processual da persecução penal, atua 
como juiz de garantias. Se é possível coarctar a persecução penal desde seu 
nascedouro, também se mostra legítimo impedir que investigações perdurem 
indeterminadamente ou prossigam a despeito da inexistência de justa causa para sua 
continuidade. Ainda que o prazo regimental de 60 (sessenta) dias para a conclusão do 
inquérito não seja peremptório (art. 230, caput e § 1º, do RISTF), ele consiste em 
parâmetro necessário que não se pode perder de vista ao se apreciar, caso a caso, a 
legitimidade da prorrogação das investigações, notadamente após a Emenda 
Constitucional nº 45/2004, que consagrou, no rol dos direitos fundamentais, a duração 
razoável do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da CRFB/88). Inq 4.391, Rel. Min. Dias 
Toffoli, 2ª Turma, j. 21.09.2020 
 
STJ: A investigação criminal sobre a atuação de um advogado não confere, por si só, 
legitimidade processual ao CFOAB para atuar em juízo em nome próprio na defesa de 
seus interesses. Pedido de Tutela Provisória 2.852, Rel. Min. Og Fernandes, Corte 
Especial, j. 21.10.2020 
 
STJ: As atribuições da Polícia Federal não se confundem com as regras de competência 
constitucionalmente estabelecidas para a Justiça Federal (artigos 108, 109 e 144, § 1º, 
da CF/88), sendo possível que uma investigação conduzida pela Polícia Federal seja 
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46 
processada perante a Justiça Estadual. RHC 66.741, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j. 
20.09.2016 
 
STF: O inquérito policial é peça meramente informativa, não suscetível de 
contraditório, e sua eventual irregularidade não é motivo para decretação de nulidade 
da ação penal. HC 83.233, Rel. Min. Nelson Jobim, 2ª Turma, j. 04.11.2003 
 
STF: O inquérito policial não constitui pressuposto legitimador da válida instauração, 
pelo Ministério Público, da persecutio criminis in judicio. Precedentes. O Ministério 
Público, por isso mesmo, para oferecer denúncia, não depende de prévias 
investigações penais promovidas pela Polícia Judiciária, desde que disponha, para 
tanto, de elementos mínimos de informação, fundados em base empírica idônea, sob 
pena de o desempenho da gravíssima prerrogativa de acusar transformar-se em 
exercício irresponsável de poder, convertendo o processo penal em inaceitável 
instrumento de arbítrio estatal. HC 80.405, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, j. 
03.04.2001 
 
STF: A decisão que determina o arquivamento de inquérito policial, a pedido do 
Ministério Público e determinada por juiz competente, que reconhece que o fato 
apurado está coberto por excludente de ilicitude, não afasta a ocorrência de crime 
quando surgirem novas provas, suficientes para justificar o desarquivamento do 
inquérito, como autoriza a Súmula 524/STF. HC 95.211, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª 
Turma, j. 10.03.2009 
 
STF: A determinação de elaboração de laudo pericial na fase do inquérito, sem prévio 
oferecimento de quesitos pela defesa, não ofende o princípio da ampla defesa. 
Posterior juntada e oportunidade de manifestação da defesa e oferecimento de 
quesitos. AI 658.050 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 2ª Turma, j. 12.04.2011 
 
STF: O prazo de que trata o art. 10, caput, do CPP é impróprio, não prevendo a lei 
qualquer consequência processual, máxime a preclusão, se a conclusão do inquérito 
ocorrer após trinta dias de sua instauração, estando solto o réu. O tempo despendido 
para a conclusão do inquérito assume relevância para o fim de caracterizar 
constrangimento ilegal, apenas se o paciente estiver preso no curso das investigações 
ou se o prazo prescricional tiver sido alcançado nesse interregno e, ainda assim, 
continuarem as investigações. HC 107.382, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, j. 
26.04.2011 
 
STF: Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não 
existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, 
requisitar ao delegado de polícia o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, 
requisição dessa natureza é incompatível com o sistema acusatório, que impõe a 
separação orgânica das funções concernentes à persecução penal, de modo a impedir 
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47 
que o juiz adote qualquer postura inerente à função investigatória. HC 115.015, Rel. 
Min. Teori Zavascki, 2ª Turma, j. 27.08.2013 
 
STF: Arquivamento de inquérito policial. “Novas pesquisas”. Possibilidade de 
reabertura das investigações, se de outras provas houver notícia. Contrario sensu, a 
reabertura não pode decorrer da simples mudança de opinião ou reavaliação da 
situação. É indispensável que haja novas provas ou, ao menos, novas linhas de 
investigação em perspectiva. Impossibilidade de reabrir inquérito para aprofundar 
linhas de investigação que já estavam disponíveis para exploração anterior. O 
arquivamento da investigação, ainda que não faça coisa julgada, é ato sério que só 
pode ser revisto por motivos igualmente sérios e surgidos posteriormente. Rcl 20.132 
AgR-segundo, Rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, j. 23.02.2016 
 
STF: O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade 
própria e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados 
os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob 
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva 
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham 
investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os 
incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no 
Estado Democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, 
necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros 
dessa instituição. RE 593.727, Rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, Plenário, j. 
14.05.2015 
 
STF: A titularidade da ação penal pública e a atribuição para requerer o arquivamento 
do inquérito policial (art. 28 do CPP) não significam que todo e qualquer requerimento 
de instauração de inquérito formulado pela PGR deva ser incondicionalmente atendido 
pelo STF. Ao Poder Judiciário, na sua precípua função de garantidor de direitos 
fundamentais, cabe exercer rígido controle de legalidade da persecução penal. Inq 
3.847, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 07.04.2015 
 
STF: Contrariamente ao que ocorre quando o arquivamento se dá por atipicidade do 
fato, a superveniência de novas provas relativamente a alguma excludente de ilicitude 
admite o desencadeamento de novas investigações. HC 87.395, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Plenário, j. 23.03.2017 
 
STJ: É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. 
RHC 98.056, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, j. 04.06.2019 
 
 
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48 
4. QUESTÕES 
 
1. Durante o inquérito, o advogado: 
a) pode assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena 
de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele 
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, mas não pode apresentar razões e 
quesitos. 
b) não precisa apresentar procuração para examinar autos sujeitos a sigilo, desde que 
ainda não conclusos à autoridade. 
c) pode ter delimitado, pela autoridade competente, o acesso aos elementos de prova 
relacionados a diligências em andamento e ainda não documentadas nos autos, 
quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade 
das diligências. 
d) pode examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir a investigação, 
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, 
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, mas não pode copiar 
peças e tomar apontamentos por meio digital. 
 
2. Concluído o Inquérito Policial pela polícia judiciária, o órgão do Ministério Público 
requer o arquivamento do processado. O Juiz, por entender que o Ministério Público 
do Estado de Santa Catarina não fundamentou a manifestação de arquivamento, 
com base no Código de Processo Penal, deverá: 
a) encaminhar o Inquérito Policial à Corregedoria-Geral do Ministério Público. 
b) indeferir o arquivamento do Inquérito Policial. 
c) remeter o Inquérito Policial ao Procurador-Geral de Justiça. 
d) indeferir o pedido de arquivamento e remeter cópias ao Procurador-Geral de Justiça 
e ao Corregedor-Geral do Ministério Público. 
e) remeter o Inquérito Policial à polícia judiciária para prosseguir na investigação. 
 
3. Conforme o Código de Processo Penal, certos requisitos, sempre que possível, 
deverão constardo requerimento de instauração de inquérito policial, EXCETO: 
a) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos. 
b) a narração do fato, com todas as suas circunstâncias. 
c) a classificação da infração penal em tese cometida. 
d) as razões de convicção ou de presunção de ser o indiciado o autor da infração. 
e) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
 
4. A investigação de uma infração penal: 
CPF: 860.542.154-18
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
49 
a) poderá ser conduzida pelo Ministério Público, conforme recente decisão do STF, 
mas apenas nos casos relacionados ao foro por prerrogativa de função. 
b) poderá ser realizada por meio de inquérito policial, presidido por delegado de 
polícia de carreira ou promotor de justiça, conforme recente decisão do STF. 
c) poderá ser realizada por meio de inquérito policial que será presidido por delegado 
de polícia de carreira, sob o comando e a fiscalização direta e imediata do promotor de 
justiça, conforme recente decisão do STJ. 
d) poderá ser conduzida pelo Ministério Público, conforme recente decisão do STF. 
e) deverá ser sempre promovida em autos de inquérito policial, presidido por um 
delegado de polícia de carreira, salvo em casos de infração cometida por vereadores, 
cuja investigação será presidida pelo Presidente da Câmara Municipal. 
 
5. A autoridade policial foi informada da descoberta de um cadáver, com perfurações 
por toda a região abdominal, às margens de uma rodovia. Próximo ao local, havia 
também uma faca com marcas de sangue e garrafas de bebida alcoólica. 
Em face dessa situação, e considerando-se o disposto no CPP, a autoridade policial 
deverá: 
a) oficiar ao Poder Judiciário a fim de que se efetue a retirada do corpo do local. 
b) dirigir-se ao local e providenciar que o estado e a conservação das coisas não sejam 
alterados até a chegada de peritos criminais. 
c) determinar de imediato a higienização da faca para proceder a reprodução simulada 
dos fatos. 
d) requerer autorização judicial para que a área seja isolada e para o deslocamento de 
peritos criminais. 
e) pedir autorização judicial para abertura do inquérito policial. 
 
6. Salvo exceções expressamente previstas em leis especiais, o prazo para a 
conclusão do inquérito policial cujo indiciado estiver preso, que tramita junto à 
Polícia Civil (Estadual) e à Polícia Federal é, respectivamente, de: 
a) 10 dias; 10 dias. 
b) 10 dias, prorrogáveis por mais 10 dias; 15 dias. 
c) 10 dias; 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias. 
d) 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias; 10 dias. 
e) 5 dias; 10 dias. 
 
7. Em relação ao exercício do direito de defesa no inquérito policial, a autoridade 
policial poderá negar ao defensor, no interesse do representado, ter acesso aos: 
a) elementos de prova cobertos pelo sigilo. 
b) termos de depoimentos prestados pelas vítimas, se entender pertinente. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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c) elementos de prova que entender impertinentes. 
d) elementos de prova, caso o investigado já tenha sido formalmente indiciado. 
e) elementos de provas ainda não documentados em procedimento investigatório. 
 
8. O inquérito policial: 
a) é imprescindível para a propositura da ação penal, mas não pode subsidiar com 
exclusividade a prolação de sentença condenatória. 
b) não pode ser retomado, se anteriormente arquivado por decisão judicial que 
reconheceu a atipicidade do fato, a requerimento do Promotor de Justiça, ainda que 
obtidas provas novas. 
c) deve terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, prazo que, se 
excedido, levará a constrangimento ilegal sanável pela via do habeas corpus, com 
prejuízo de prosseguimento do procedimento. 
d) pode ser instaurado de ofício para apuração de crime de ação penal pública 
condicionada. 
e) não pode ser objeto de trancamento pela autoridade judiciária. 
 
9. Julgue os itens a seguir, a respeito do inquérito policial e das disposições 
preliminares do Código de Processo Penal. 
I - Aos processos em curso, a lei processual penal será aplicada imediatamente, 
mantendo-se, todavia, os atos praticados sob a égide da lei anterior. 
II - Caso tome conhecimento da existência de novas provas, a autoridade policial 
poderá determinar o arquivamento do inquérito e proceder a novas diligências. 
III - Ocorrendo o arquivamento do inquérito por falta de fundamentos para a denúncia, 
a autoridade policial poderá dar continuidade à investigação se tiver notícia de outras 
provas. 
IV - A autoridade policial poderá manter o indiciado incomunicável por até cinco dias 
se essa medida for indispensável à investigação. 
Estão certos apenas os itens: 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
10. Com relação às características do inquérito policial (IP), assinale a opção correta. 
a) O IP, por consistir em procedimento indispensável à formação da opinio delicti, 
deverá acompanhar a denúncia ou a queixa criminal. 
CPF: 860.542.154-18
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51 
b) Não poderá haver restrição de acesso, com base em sigilo, ao defensor do 
investigado, que deve ter amplo acesso aos elementos de prova já documentados no 
IP, no que diga respeito ao exercício do direito de defesa. 
c) É viável a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial responsável pelas 
investigações, embora o IP seja um procedimento de natureza inquisitorial. 
d) Não se admite a utilização de elementos colhidos no IP, salvo quando se tratar de 
provas irrepetíveis, como fundamento para a decisão condenatória. 
e) A autoridade policial não poderá determinar o arquivamento dos autos de IP, salvo 
na hipótese de manifesta atipicidade da conduta investigada. 
 
11. A respeito de garantias e prerrogativas legais na condução da persecução penal, 
assinale a opção correta. 
a) De acordo com o STJ, a prerrogativa legal da intimação pessoal do defensor dativo 
no processo penal pode ser renunciada expressamente pelo profissional. 
b) Para o STF, a autoridade policial pode indiciar autoridade pública com prerrogativa 
de foro independentemente de previa autorização do órgão judicante competente no 
qual tramita o inquérito policial. 
c) O STF entende que a entrada forçada de agentes estatais em domicílio, sem 
mandado judicial e no período noturno, é lícita somente quando amparada em 
fundadas razões de flagrante delito previamente justificadas. 
d) De acordo com o STJ, a teoria do juízo aparente não serve à ratificação de atos 
decisórios emanados por autoridade posteriormente considerada incompetente em 
razão da matéria. 
 
12. Aldo, delegado de polícia, recebeu em sua unidade policial denúncia anônima 
que imputava a Mauro a prática do crime de tráfico de drogas em um bairro da 
cidade. A denúncia veio acompanhada de imagens em que Mauro aparece 
entregando a terceira pessoa pacotes em plástico transparente com considerável 
quantidade de substância esbranquiçada e recebendo dessa pessoa quantia em 
dinheiro. Em diligências realizadas, Aldo confirmou a qualificação de Mauro e, a 
partir das informações obtidas, instaurou IP para apurar o crime descrito no art. 33, 
caput, da Lei n.º 11.343/2006 — Lei Antidrogas —, sem indiciamento. Na sequência, 
ele representou à autoridade judiciária pelo deferimento de medida de busca e 
apreensão na residência de Mauro, inclusive do telefone celular doinvestigado. 
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
a) A instauração do IP constituiu medida ilegal, pois se fundou em denúncia anônima. 
b) Recebido o IP, verificados a completa qualificação de Mauro e os indícios suficientes 
de autoria, o juiz poderá determinar o indiciamento do investigado à autoridade 
policial. 
c) Em razão do caráter sigiloso dos autos do IP, nem Mauro nem seu defensor 
constituído terão o direito de acessá-los. 
d) Como não houve prisão, o prazo para a conclusão do IP será de noventa dias. 
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52 
e) Deferida a busca e apreensão, a realização de exame pericial em dados de telefone 
celular que eventualmente seja apreendido dependerá de nova decisão judicial. 
 
13. Nos literais e expressos termos do art. 13 do CPP, incumbe à autoridade policial, 
entre outras funções: 
a) providenciar o comparecimento do acusado preso, em Juízo, mediante prévia 
requisição. 
b) manter a guarda de bens apreendidos e objetos do crime até o trânsito em julgado 
da ação penal. 
c) fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e 
julgamento dos processos. 
d) cumprir as ordens de busca e apreensão e demais decisões cautelares que tenha 
requisitado. 
e) servir como testemunha em ações penais quando arrolada por qualquer das partes. 
 
14. Foi encaminhado ao Ministério Público inquérito policial que apurou apropriação 
de R$ 1 milhão por funcionário público em razão de seu cargo. O parquet, então, 
solicitou ao juiz o arquivamento do inquérito, por ter constatado vício no 
procedimento investigatório. Apesar de entender que as provas constantes no 
inquérito policial eram boas, o juiz atendeu ao pleito do Ministério Público e 
homologou o arquivamento do inquérito. O Estado ficou inconformado com essa 
decisão. 
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta. 
a) O juiz poderá rever seu ato, desde que o Estado, na condição de vítima, requeira o 
desarquivamento do inquérito no prazo de 120 dias; 
b) Cabe ao Estado apresentar ação penal privada subsidiária da pública em razão da 
teratologia do requerimento ministerial homologado.; 
c) Por se tratar de inquérito policial, o Estado, na condição de vítima, tem direito 
líquido e certo ao desarquivamento; 
d) Cabe ao magistrado fundamentar discordância do arquivamento e remeter a peça 
ao procurador-geral de justiça, que poderá oferecer a denúncia; 
e) O Estado pode impetrar mandado de segurança para impugnar a decisão judicial que 
acolheu o pedido do parquet de arquivamento do inquérito. 
 
15. Com relação às características do inquérito policial (IP), assinale a opção correta. 
a) O IP, por consistir em procedimento indispensável à formação da opinio delicti, 
deverá acompanhar a denúncia ou a queixa criminal. 
b) Não poderá haver restrição de acesso, com base em sigilo, ao defensor do 
investigado, que deve ter amplo acesso aos elementos de prova já documentados no 
IP, no que diga respeito ao exercício do direito de defesa. 
CPF: 860.542.154-18
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c) É viável a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial responsável pelas 
investigações, embora o IP seja um procedimento de natureza inquisitorial. 
d) Não se admite a utilização de elementos colhidos no IP, salvo quando se tratar de 
provas irrepetíveis, como fundamento para a decisão condenatória. 
e) A autoridade policial não poderá determinar o arquivamento dos autos de IP, salvo 
na hipótese de manifesta atipicidade da conduta investigada 
 
16. Em relação ao acordo de não persecução penal, a legislação vigente estabelece: 
a) A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal, mas 
não de seu descumprimento. 
b) É cabível acordo de não persecução penal, mesmo se o agente tiver se beneficiado, 
nos cinco anos anteriores ao cometi- 
mento da infração penal, em transação penal ou suspensão condicional do processo. 
c) Para aferição da pena mínima cominada ao delito, não devem ser consideradas as 
causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso. 
d) Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas 
no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que 
seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu 
defensor. 
e) É cabível acordo de não persecução penal para infração penal praticada sem 
violência ou grave ameaça, com pena mínima igual ou inferior a quatro anos. 
 
17. Os acordos penais ou processuais já eram conhecidos do sistema de justiça 
criminal brasileiro, mas assumiram um destaque notável a partir da amplitude que se 
deu ao instituto da colaboração premiada. O formato consensual traz para o processo 
penal a possibilidade de uma atuação resolutiva que afasta uma perspectiva 
demandista. O resultado disso é um nítido empoderamento do Ministério Público. 
No entanto, o Magistrado, até então protagonista no modelo de processo penal 
conflitivo, continua com papel relevante na sistemática do acordo de não persecução 
penal. Nesse particular, compete ao juiz de direito do processo de conhecimento: 
a) formalizar e fiscalizar o acordo, zelando pelo seu integral cumprimento; 
b) veicular a proposta, quando o Ministério Público deixar de fazê-la de forma 
imotivada; 
c) homologar o acordo e declarar a extinção da punibilidade do fato, após seu integral 
cumprimento; 
d) especificar outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do 
investigado; 
e) reduzir a pena pecuniária até a metade, nas hipóteses de ser a única condição 
aplicável. 
 
18. Jairo foi preso em flagrante de posse de um rádio transmissor durante operação 
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policial que combatia o tráfico de drogas. Autuado em flagrante por infração ao Art. 
35 da Lei nº 11.343/2006, Jairo foi apresentado para audiência de custódia, tendo o 
Ministério Público oferecido acordo de não persecução penal, mediante condições 
que especificou. Devolvidos os autos ao Ministério Público para reanálise da 
proposta, nela insistiu o Parquet. Não concordando o juiz com a manifestação do 
acusador, pode o magistrado: 
a) decretar a prisão preventiva e determinar que o Promotor de Justiça da Vara 
competente por distribuição ofereça denúncia; 
b) decretar a prisão preventiva e devolver os autos ao Ministério Público para que seja 
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor; 
c) decretar a prisão preventiva e devolver os autos ao Ministério Público para a análise 
da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia; 
d) recusar a homologação e devolver os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia; 
e) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça. 
 
19. Acerca do inquérito policial, com base no Código de Processo Penal, nas normas 
processuais penais especiais e na jurisprudência atualizada do Superior Tribunal de 
Justiça, assinale a afirmativa correta. 
a) A Lei nº 11.343/2006 (Lei de Tóxicos) prevê o prazo de 30 (trinta) dias, 
improrrogáveis, para a conclusão do inquérito policial, caso o indiciado esteja preso. 
b) Nos crimes previstos na Lei nº 11.101/2005 (Lei de Falências), o prazo para 
oferecimento da denúncia regula-se peloCódigo de Processo Penal, salvo se o 
Ministério Público, estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação 
da exposição circunstanciada de que trata o Art. 186 da Lei nº 11.101/2005, devendo, 
em seguida, oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias. 
c) Como regra geral, o prazo para a conclusão do inquérito policial é de 10 (dez) dias, 
caso o indiciado esteja preso, e de 20 (vinte) dias, se o indiciado estiver solto. 
d) A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal 
acarreta seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
 
20. Considere as seguintes assertivas sobre a investigação preliminar e suas 
correlatas medidas investigatórias. 
I - O indiciamento, ato privativo do delegado de polícia, deve se dar de modo 
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, 
a materialidade e as suas circunstâncias. 
II - A busca pessoal independerá de mandado nas hipóteses de fundada suspeita de 
que a pessoa esteja na posse de objetos que constituam o corpo de delito ou 
quandodeterminada no curso de busca domiciliar judicialmente autorizada. 
III - Segundo a Lei nº 9.296/96, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, 
ópticos ou acústicos poderá ser autorizada pelo juiz, para investigação ou instrução 
criminal, de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público. 
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55 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e II. 
e) I, II e III. 
 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
56 
5. GABARITO COMENTADO 
 
1. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
De acordo com o art. 7º, XXI, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), o advogado tem 
direito a apresentar razões e quesitos. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
De acordo com o art. 7º, § 10, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), o advogado precisa 
apresentar procuração nos autos sujeitos a sigilo. 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
Conforme art. 7º, § 11, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB). 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
De acordo com o art. 7º, § 10, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), o advogado pode 
copiar peças e tomar apontamentos por meio digital. 
 
2. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
De acordo com o art. 28 do CPP. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
ATENÇÃO! Essa questão poderá vir a se tornar desatualizada após o julgamento do STF 
sobre a constitucionalidade de diversos dispositivos da Lei Anticrime, em especial 
sobre o novo art. 28 que foi suspenso liminarmente! 
 
3. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
De acordo com o art. 5º, § 1º, do CPP. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
 
4. D. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
CPF: 860.542.154-18
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A alternativa está incorreta, pois limita a possibilidade apenas aos casos relacionados 
ao foro por prerrogativa de função. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
A presidência do inquérito policial cabe exclusivamente ao delegado de polícia. Não há 
precedentes no STF conferindo essa atribuição ao Ministério Público. 
ALTERNATIVA C: INCORRETA 
O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público (art. 129, VII, 
CF) não pode ser confundido com comando do inquérito policial, cuja presidência é 
exclusiva da autoridade policial. 
ALTERNATIVA D: CORRETA 
O STF entende que “o MP dispõe de competência para promover, por autoridade 
própria e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados 
os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob 
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva 
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham 
investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os 
incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no 
Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, 
necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros 
dessa Instituição.” (RE 593.727, em 14/05/2015 – Repercussão geral). 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
De acordo com o art. 2º, § 1º, da Lei 12.830/2013, a investigação criminal pode se dar 
por meio de um inquérito policial ou de outro procedimento previsto em lei. 
 
5. B. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
ALTERNATIVA B: CORRETA 
De acordo com o art. 6º, I, do CPP. 
ALTERNATIVA C: INCORRETA 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
 
6. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
De acordo com o art. 10 do CPP e art. 66 da Lei 5.010/66, respectivamente. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
CPF: 860.542.154-18
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58 
 
7. E. 
ALTERNATIVAS A, B, C, D: INCORRETAS 
Mesmo em caso de sigilo, a autoridade policial não poderá negar ao defensor, no 
interesse do representado, acesso aos elementos de prova que já estejam 
documentados (Súmula Vinculante 14 do STF). 
ALTERNATIVA E: CORRETA 
De acordo com a Súmula Vinculante 14 do STF (É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, que digam respeito ao exercício do direito de defesa). 
 
8. B. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
Uma das características do inquérito policial é ser dispensável, ou seja, sua instauração 
não é necessária para a propositura da ação penal. 
ALTERNATIVA B: CORRETA 
Tanto o STF como o STJ entendem que a decisão que determina o arquivamento do IP, 
a pedido do MP, com base em atipicidade do fato, faz coisa julgada material, mesmo 
que proferida por juiz incompetente, sob pena de reformatio in pejus indireta 
(Plenário, Inq. 2.934, 22/02/2011; 6ª T, REsp. 791.471, em 25/11/2014). 
ALTERNATIVA C: INCORRETA 
O constrangimento ilegal causado pelo decurso do prazo não prejudica o 
prosseguimento do inquérito, mas sim a manutenção da prisão. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
De acordo com o art. 5º, § 4º, do CPP. 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
Não confundir arquivamento com trancamento. 
O arquivamento do inquérito policial é ato complexo, que envolve prévio 
requerimento formulado pelo órgão do Ministério Público, e posterior decisão da 
autoridade judiciária competente. Já o trancamento ocorre no bojo de ação de habeas 
corpus ou mesmo por meio da técnica de habeas corpus de ofício, consubstanciada na 
tutela concedida por tribunal, independentemente de provocação específica, como 
órgão responsável para tornar efetivas as garantias fundamentais centradas no núcleo 
duro de direito processual penal constitucional. 
 
ATENÇÃO! Essa questão poderá vir a se tornar desatualizada após o julgamento do STF 
sobre a constitucionalidade de diversos dispositivos da Lei Anticrime, em especial 
sobre o novo art. 28 que foi suspenso liminarmente! 
 
CPF: 860.542.154-18
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59 
9. B. 
INTEM I: CORRETO 
De acordo com o art. 2º do CPP. 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
ITEM II: INCORRETO 
A questão tentou levar a erro o candidato em dois aspectos. Primeiramente, nos 
termos do art. 18 do CPP, quem determina o arquivamento do Inquérito Policial é a 
autoridade judiciária, e não a autoridade policial. Em segundo lugar, se existem 
notícias de outras provas para a elucidação do crime e o inquérito policial ainda se 
encontra em curso, não cumpriria arquivá-lo, mas, sim, dar continuidade às 
investigações. Isso porque o inquérito policial deve ser arquivado somente na hipótese 
de falta de base para o oferecimento da denúncia, após esgotadas as diligências 
investigatórias. 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
ITEM III: CORRETO 
De acordo com a explanação do ITEM II. Neste item a banca examinadora formulou a 
assertiva de acordo com os ditames dos arts. 17 e 18 do CPP. 
ITEM IV: INCORRETO 
Segundo entendimento pacificado na doutrina e na jurisprudência, o art. 21 do CPP 
não foi recepcionado em face do disposto no art. 5º, LXII e LXIII, e no art. 136, § 3º, IV, 
da CF. 
CPP, Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos 
autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada 
por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do 
órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 
89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de 
abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966) 
CF, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
CPF: 860.542.154-18
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
60 
CF, Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o 
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou 
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a 
paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por 
calamidades de grandes proporções na natureza. 
§ 3º Na vigência do estado de defesa: 
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. 
 
10. B. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA. 
O IP é procedimento dispensável. 
ALTERNATIVA B: CORRETA. 
Súmula Vinculante nº 14 e art. 7º, XIV, da lei 8.906/94. 
ALTERNATIVA C: INCORRETA. 
Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do 
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
ALTENARTIVA D: INCORRETA. 
Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
ALTERNATIVA E: INCORRETA. 
Art. 17 do CPP – O inquérito é um procedimento indisponível para a autoridade 
policial. 
ATENÇÃO! Essa questão poderá vir a se tornar desatualizada após o julgamento do STF 
sobre a constitucionalidade de diversos dispositivos da Lei Anticrime, em especial 
sobre o novo art. 28 que foi suspenso liminarmente! 
 
11. A. 
ALTERNATIVA A: CORRETA. 
STJ – RCH 44.684-SP. “A intimação do defensor dativo apenas pela impressa oficial não 
implica reconhecimento de nulidade caso este tenha optado expressamente por esta 
modalidade de comunicação dos atos processuais, declinando da prerrogativa de ser 
intimado pessoalmente”. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA. 
Em relação às autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função junto ao STF, 
a instauração do inquérito policial e indiciamento dependerão de prévia autorização 
do Ministro Relator, conforme art. 21, XV, do Regimento Interno do Supremo Tribunal 
Federal. 
ALTERNATIVA C: INCORRETA. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
61 
A própria Constituição Federal ressalva 3 hipóteses que permitem a entrada do 
domicílio pela autoridade sem autorização do morador e sem mandado judicial. São 
elas o flagrante delito, desastre e para prestar socorro (art. 5 º, XI, da CF). 
ALTERNATIVA D: INCORRETA. 
STF - 31.629- PR. “A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de 
primeiro grau de jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, 
não traduz em usurpação de competência desta Corte Superior”. 
 
12. D. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA. 
Apesar de a delação ser anônima, veio acompanhada de imagens, o que dá elementos 
indiciários que permitem a instauração de inquérito policial, sem a necessidade de 
diligências complementares. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA. 
O indiciamento é ato privativo do delegado de polícia, conforme o art. 2º, § 6º da lei 
12.830/16. 
ALTERNATVA C: INCORRETA. 
Súmula Vinculante nº 14 e art. 7º, XIV, da lei 8,906/94. O indiciado não tem acesso, 
mas o seu defensor sim. 
ALTERNATIVA D: CORRETA. 
Art. 51 da Lei 11.343/06. 
ALTERNATIVA E: INCORRETA. 
A busca em apreensão em domicílio com autorização judicial já abrange o acesso a 
dados de telefone celular, sem necessidade de nova autorização judicial. (STJ – RHC 
77.232/SC) 
 
13. C. 
(A) INCORRETA. “O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, 
devendo o poder público providenciar sua apresentação” (art. 399, § 1º). 
(B) INCORRETA. Não está no rol de suas atribuições. 
(C) CORRETA. Literalidade do art. 13, inciso I do CPP; 
(D) INCORRETA. Art. 13, II – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo 
Ministério Público; III – cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades 
judiciárias; 
(E) INCORRETA. Não está no rol de suas atribuições 
Art. 6ºLogo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: 
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I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 
28.3.1994) 
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV – ouvir o ofendido; 
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do dispostono Capítulo III 
do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas 
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias; 
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime 
e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do 
seu temperamento e caráter. 
X – colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I – fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e 
julgamento dos processos; 
II – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
III – cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
IV – representar acerca da prisão preventiva. 
 
14. D. 
(A) INCORRETA. Inexistente prazo na legislação processual penal, a situação sob análise 
não é de oferecimento de denúncia após o desarquivamento de inquérito, mas de 
reabertura de inquérito. Para que ocorra o desarquivamento de inquérito, basta que 
haja notícia de novas provas, nos termos do art. 18 do Código de Processo Penal, 
enquanto não se extinguir a punibilidade pela prescrição; 
(B) INCORRETA. No caso em tela não houve inércia do MP de modo que não é cabível 
ação penal privada subsidiária; 
(C) INCORRETA. Não há direito líquido e certo de desarquivamento do inquérito. 
Convém registrar, ainda, que para desarquivar basta a notícia de provas novas e, 
ressalta-se, há situações em que o arquivamento gera coisa julgada material, 
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impossibilitando a reabertura; 
(D) CORRETA. Em que pese a redação da questão encontrar-se mal redigida, é provável 
que não haja anulação. Não raramente, o examinador não correlaciona o enunciado 
com as assertivas. Assim, em que pese a questão nos informar que não houve 
discordância entre o titular da ação penal e o juízo competente, considerando o item 
isoladamente, a assertiva deveria ser assinalada em conformidade com o art. 28 do 
CPP; 
(E) INCORRETA. A jurisprudência do STJ tem entendido ser incabível o manejo do 
mandado de segurança por parte da vítima, para questionar decisão que determinou o 
arquivamento de inquérito policial (ou que indeferiu o desarquivamento), seja devido 
ao fato de ela não possuir natureza jurisdicional, seja devido ao fato de que o titular da 
ação penal pública incondicional é o Ministério Público, não sendo cabível o eventual 
oferecimento de ação penal privada subsidiária sem a prova de sua inércia. 
Precedentes: AgRg no RMS 27.518/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta 
Turma, julgado em 20/2/2014, DJe 27/2/2014; RMS 45.938/PE, Rel. Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 16/6/2015, DJe 26/6/2015; RMS 15.169/SP, 
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 18/11/2014, DJe 18/12/2014 e 
AgRg no RMS 34.264/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta Turma, 
julgado em 21/8/2014, DJe 28/8/2014. 
 
15. B. 
(A) INCORRETA. O IP é procedimento dispensável. 
(B) CORRETA. Súmula Vinculante nº 14 e art. 7º, XIV da lei 8.906/94. 
(C) INCORRETA. Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades 
policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer 
motivo legal. 
(D) INCORRETA. Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as 
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
(E) INCORRETA. Art. 17 do CPP – O inquérito é um procedimento indisponível para a 
autoridade policial. 
 
16. D. 
(A) INCORRETA. 
CPP, Art. 28-A (...) § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não 
persecução penal e de seu descumprimento. 
(B) INCORRETA. 
CPP, Art. 28-A (...) § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da 
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e 
(C) INCORRETA. 
De acordo com o art. 28-A, § 6º c/c § 13: 
CPP, Art. 28-A (...) § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se 
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto. 
(D) CORRETA. 
CPP, Art. 28-A, § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as 
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao 
Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância 
do investigado e seu defensor. 
(E) INCORRETA. 
CPP, Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado 
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá 
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas 
cumulativa e alternativamente. 
 
17. C. 
(A) INCORRETA. 
A atribuição para formalizar a proposta é do Ministério Público, de acordo com o art. 
28-A, § 3º, do CPP: 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e 
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de 
não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção 
do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado 
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. 
Já a fiscalização do cumprimento ocorre perante a vara de execução penal, de acordo 
com o art. 28-A, § 6º, do CPP: 
art. 28-A, § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo 
de execução penal. 
(B) INCORRETA. 
Não existe referido autorizativo legal. O acordo uma vez formalizado, deverá ser 
submetido a controle pelo poder judiciário (art. 28, § 5º a § 8º, do CPP). Aqui juiz não 
poderá se imiscuir nos critérios de conveniência e oportunidade que levaram o 
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65 
Ministério Público à celebração do acordo, pois, assim agindo, violaria nitidamente o 
sistema acusatório. No caso, cumpre ao poder judiciário verificar apenas se o acordo 
obedeceu aos ditames legais, bem como a voluntariedade do investigado, ou seja, se 
ele não foi induzido, coagido, pressionadoou mesmo enganado com os termos do 
acordo, e se a medida é proporcional. 
(C) CORRETA. 
De acordo com o art. 28-A, § 6º c/c § 13: 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os 
autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução 
penal. 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente 
decretará a extinção de punibilidade. 
(D) INCORRETA. 
Não existe previsão legal nesse sentido. 
Art. 28-A, § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições 
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público 
para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e 
seu defensor. 
(E) INCORRETA. 
Não existe previsão legal nesse sentido. 
 
18. D. 
Conforme art. 28-A, § 7º c/c § 8º do CPP: 
Art. 28-A (...) 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos 
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a 
análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da 
denúncia. 
 
19. B 
(A) INCORRETA 
Lei nº 11.343/06 - Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) 
dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, 
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia 
judiciária. 
(B) CORRETA 
CPF: 860.542.154-18
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66 
Art. 187. (...) § 1º O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do 
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, salvo se o 
Ministério Público, estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação 
da exposição circunstanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, 
oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias. 
(C) INCORRETA 
CPP, Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido 
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta 
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 
dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
(D) INCORRETA 
Súmula 234 do STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase 
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o 
oferecimento da denúncia. 
 
20. D 
ITEM I: CORRETO 
Lei nº 12.830/13 - Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo 
delegado de polícia. 
(...) 
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, 
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e 
suas circunstâncias. 
ITEM II: CORRETO 
CPP - Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de 
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for 
determinada no curso de busca domiciliar. 
ITEM III: INCORRETO 
Não existe a possibilidade de determinação de ofício pelo juiz: 
Lei nº 9.296/96 - Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser 
autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a 
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: 
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e 
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações 
criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações 
penais conexas.

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