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Prof. Barbieri Ciência dos Materiais UNIDADE I Uma parte da matéria do universo que está presente no nosso dia a dia. São substâncias (objetos) cujas propriedades as tornam utilizáveis em estruturas, máquinas, dispositivos ou produtos consumíveis etc. O que são materiais? Fonte: Shackelford (2008), p. 3. Metálicos Cerâmicos Poliméricos Compósitos Cobre Ferro fundido Ligas de aço Porcelana Vidros Tijolos RefratáriosLouças Polietileno Epóxi Fenólicos Grafite-epóxi Carbeto de cobalto e Tungstênio Ciência dos materiais: área da atividade humana associada à geração, à investigação e à aplicação de conhecimentos que relacionem: Composição (elemento químico); Propriedades (mecânicas, elétricas, térmicas etc.); Estrutura dos materiais (cristalinos) em aplicações de novos produtos. Ciência dos materiais Fonte: Shackelford (2008), p. 466. Produto Processo Propriedades Estrutura Por questões de conveniência, a maioria dos materiais para engenharia é dividida em quatro categorias básicas principais: Materiais metálicos; Materiais poliméricos; Materiais cerâmicos; Materiais compostos. Tipos de materiais Metálicos Compósitos Poliméricos Cerâmicos Fonte: autoria própria Ligação metálica: elementos com valência 1, 2 ou 3 (compartilhamento dos elétrons livres). Microestrutura cristalina. Dúcteis (alta plasticidade), rígidos (alto módulo de elasticidade) e tenazes (resistentes a impactos). Encruáveis (endurecem por deformação a frio). Bons condutores de calor e eletricidade. Materiais metálicos Temperáveis (ligas ferrosas) e endurecíveis por precipitação (ligas não ferrosas). Ativos quimicamente (sensíveis à corrosão). Propagação de discordâncias muito mais fácil. Ex.: aços, ligas de alumínios, ligas de titânios. Materiais metálicos Fonte: Smith (2015), p. 62. Fonte: Callister (2008), p. 48. Fonte: Shackelford (2008), p. 3. Platinite Invar Aço inox Latão Solda Ouro 18 quilates Amálgama Bronze Magnálio Metais na Tabela Periódica: Materiais metálicos Fonte: Shackelford (2008), p. 4. Elementos metálicos Ligações covalentes nas cadeias (compostos orgânicos baseados em carbono, hidrogênio e outros elementos não metálicos). São constituídos por moléculas muito grandes (macromoléculas). Baixa temperatura de fusão. Microestrutura amorfa ou pouco cristalina. Baixa densidade e boa razão resistência/peso. Maus condutores de calor e bons isolantes elétricos. Podem ter boa resistência química e ótima fabricabilidade. Baixa resistência à deformação (podem ser extremamente flexíveis). Ex.: termoplásticos, termofixos, elastômeros. Materiais poliméricos Fonte: Callister (2008), p. 312. Fonte: acervo pessoalFonte: Shackelford (2008), p. 7. Polímeros na Tabela Periódica: Materiais poliméricos Fonte: Shackelford (2008), p. 7. Constituídos por não metais e H Ligação iônica: combinação de metais (valência 1, 2 ou 3) com não metais (valência 5, 6 ou 7). Estrutura cristalina (complexa) ou vítrea. Alta rigidez, alta dureza e frágeis (ligações fortes). Alto ponto de fusão e baixo coeficiente de dilatação térmica (ligações fortes). Não encruáveis nem maleáveis. Quimicamente estáveis. Propagação de discordâncias quase impossível. Isolantes elétricos e maus condutores de calor. Ex.: vidros, cerâmicas, carbonetos etc. Materiais cerâmicos Fonte: Shackelford (2008), p. 6. Fonte: Shackelford (2008), p. 5. Fonte: Shackelford (2008), p. 5. Cerâmicos na Tabela Periódica: Materiais cerâmicos Fonte: Shackelford 2008 pg. 5Os cerâmicos são constituídos por metais + não metais (Si e Ge) Fonte: Shackelford (2008). Combinação de dois ou mais materiais cujas propriedades são diferenciadas das dos constituintes. Formados por dois materiais em nível macroscópico. Constituídos por mais de um tipo de material (matriz e reforçador). Enorme gama de propriedades. Excelentes rigidez e resistência específicas. Fibras e matriz cerâmica resistem a altas temperaturas. Baixa densidade. Excelente resistência mecânica. Ex: fibras de carbono, Kevlar, matriz de epóxi etc. Materiais compósitos Fonte: acervo pessoal Fonte: Shackelford (2008), p. 8. Propriedade é uma peculiaridade do material em termos do tipo e da intensidade da resposta a um estímulo específico que lhe é imposto. As propriedades importantes dos materiais sólidos podem ser agrupadas em: Mecânicas: relacionam deformações de uma carga ou força aplicada. Ex.: módulo de elasticidade e resistência. Elétricas: o estímulo de um campo elétrico. Ex.: condutividade elétrica e constante dielétrica. Térmicas: o comportamento térmico de um sólido pode ser representado em termos da capacidade calorífica e da condutividade térmica. Ex.: transformação da fase sólida em líquida. Magnéticas: mostram a resposta de um material à aplicação de um campo magnético. Ex.: condução magnética. Deteriorativas: indicam a reatividade química dos materiais. Ex.: corrosão. Propriedades dos materiais Quais os critérios que um engenheiro deve adotar para selecionar um material para um determinado fim? Em primeiro lugar, o engenheiro deve caracterizar quais as condições de operação a que será submetido o referido material e levantar as propriedades requeridas para tal aplicação, saber como esses valores foram determinados e quais as limitações e as restrições quanto ao uso deles. A segunda consideração na escolha do material se refere ao levantamento sobre o tipo de degradação que o material sofrerá em serviço. E, finalmente, a consideração talvez mais convincente é provavelmente a econômica. Muitas vezes é necessário reduzir uma combinação ideal de propriedades em benefício da outra. Seleção de materiais Como definir qual o melhor material com propriedades requeridas para para-brisas? 1. Deve ser transparente: permitir que se observe através dele. 2. Deve ser impermeável à água: para não ser atingido pela chuva. 3. Deve ser tenaz o suficiente para resistir à quebra devido a pequenos impactos. 4. Custo: não pode alterar de modo significativo o preço do carro. 5. Deve suportar várias temperaturas. Que material utilizar? Resposta: vidro. Seleção de materiais Fonte: acervo pessoal Uma peça de engenharia, de geometria complexa, deve ser produzida a baixo custo. Ela deve possuir alta rigidez e alta tenacidade. Para atender a esses requisitos, o material adequado que um engenheiro seleciona é o: a) Cerâmico. b) Metal. c) Polímero. d) Compósito. e) Biomaterial. Interatividade Uma peça de engenharia, de geometria complexa, deve ser produzida a baixo custo. Ela deve possuir alta rigidez e alta tenacidade. Para atender a esses requisitos, o material adequado que um engenheiro seleciona é o: a) Cerâmico. b) Metal. c) Polímero. d) Compósito. e) Biomaterial. Resposta Em materiais sólidos, os átomos são mantidos por ligações. O comportamento e as propriedades dos materiais: dependem do arranjo geométrico dos átomos (estrutura cristalina); dependem da natureza do componente (elemento químico); dependem das interações que existem entre os átomos que constituem os sólidos (ligação química). Propriedades dos sólidos Fonte: autoria própria Composição Estrutura Propriedades Comportamento O átomo é constituído por: Núcleo prótons (p) (carga +) nêutrons (n) (sem carga) Eletrosfera elétrons (é), carga (-) e é distribuída em 7 camadas ou níveis energéticos. Estrutura do átomo Fonte: autoria própria Fonte: Feltre (2005), p. 65. 2 8 18 32 32 18 2 M N O P Q K L camada elétrons K L M N O P Q 2 8 18 32 18 32 2 Próton Nêutron Elétron Teoria eletrônica da valência Valência é a capacidade de um átomo se ligar a outros. Ex.: H (monovalente), O (bivalente), C (tetravalente). Gases nobres inertes oito elétrons na última camada eletrônica (octeto eletrônico). Demais átomosprocuram perder ou ganhar elétrons na última camada até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre regra do octeto. Regra do octeto: tendência de todos os átomos adquirirem estabilidade (equilíbrio) na última camada, ou seja, de adquirir oito elétrons no nível mais externo. Ligação química Fonte: Feltre (2005), p. 69. A ligação iônica ocorre em: Metal e ametal. Metal e hidrogênio. Ocorre, geralmente, entre metais e ametais com de eletronegatividade > 1,7. Metais possuem 1, 2 e 3 elétrons na sua última camada e estão dispostos a perdê-los. Não metais possuem 5, 6 e 7 elétrons na última camada e estão dispostos a receber elétrons para satisfazer a regra do octeto. Ligação iônica (caracterizada pela transferência de elétrons) Fonte: Shackelford (2008), p. 23. Átomo de sódio (Na) Átomo de cloro (CI) A ligação covalente ocorre em: Ametal e ametal. Metal e hidrogênio. Hidrogênio e hidrogênio. Ocorre, geralmente, entre ametais e hidrogênio ou ametais entre si com de eletronegatividade < 1,7. Ocorre, geralmente, entre metais e ametais com de eletronegatividade > 1,7. Ligação covalente (caracterizada pelo compartilhamento de elétrons) Fonte: acervo pessoal A ligação metálica ocorre em: Metal e metal. A teoria do octeto não explica a ligação metálica. Ocorre entre metais e possui como principal característica elétrons livres em torno de cátions e átomos neutros no retículo (mar de elétrons). Melhor cristalinidade (estrutura bem organizada). Ligação metálica (nuvens de elétrons livres) Fonte: Feltre (2005), p. 110. Maneira como os átomos e as moléculas estão arranjados espacialmente. Rede geométrica 3D: rede cristalina. Esferas sólidas com diâmetros definidos (raios atômicos) vizinhos mais próximos que se tocam. Três são as estruturas cristalinas mais comuns em metais: cúbica de corpo centrado, cúbica de face centrada e hexagonal compacta. Estrutura cristalina: definição Fonte: autoria própria Célula unitária: é o menor agrupamento de átomos representativo de uma determinada estrutura cristalina específica. A célula unitária é escolhida para representar a simetria da estrutura cristalina. Estruturas cristalinas são formadas por unidades básicas e repetitivas denominadas células unitárias. Estrutura cristalina: célula unitária Fonte: adaptado de: Smith (2010), p. 61. Fonte: autoria própria Cúbico (a=b=c e α=β==90º) Triclínico (a≠b≠c e α≠β≠≠90º) Tetragonal (a=b≠c e α=β==90º) Romboédrico (a=b=c e α=β=≠90º) Ortorrômbico (a≠b≠c e α=β==90º) Hexagonal (a1=a2=a3≠c e α=β=90º e =120º) Monoclínico (a≠b≠c e α=β=90º e ≠90º) R. Caram - 9 Números de átomos inteiros dentro e pertencentes à célula unitária: apenas 1/8 de cada átomo preenche o vértice de cada átomo em uma célula unitária cúbica. Parâmetros de rede: são grandezas utilizadas para descrever a célula unitária de uma estrutura cristalina. Compreende três comprimentos a, b, c. São medidos em Angströms (Å) ou nanômetros (nm). Fator de empacotamento atômico: é dado pela razão entre o volume dos átomos e o volume da célula. Estrutura cristalina: parâmetros de caracterização z y x x a z a a y Fonte: Callister (2002), p. 27. Fonte: Callister (2002), p. 27. Os átomos podem ser agrupados dentro do sistema cúbico em 3 diferentes tipos de repetição: Cúbico simples. Cúbico de corpo centrado. Cúbico de face centrada. Estrutura cristalina: parâmetros de caracterização Fonte: autoria própria Cúbico simples (CS) Número de átomos inteiros na estrutura CS: 1/8 de átomo em cada vértice: 8 x 1/8 = 1 átomo. Parâmetro de uma célula de uma estrutura simples: equivalente a 2 raios (a = 2R) da célula. Estrutura cristalina: sistemas cristalinos cúbicos a = 2R (parâmetro de rede) Essa é a razão por que os metais não cristalizam na estrutura cúbica simples (devido ao baixo empacotamento atômico). Fator de empacotamento: Ex.: polônio somente. Fonte: Smith (2010), p. 62. Fonte: Smith (2010), p. 62. Cúbico de Corpo Centrada (CCC) Número de átomos inteiros na estrutura CCC: 1/8 de átomo em cada vértice: 8 x 1/8 = 1 + 1 = 2 átomos. Parâmetro de uma célula de uma estrutura simples: a2 + a2 + a2 = (4R)2. Estrutura cristalina: sistemas cristalinos cúbicos Fator de empacotamento: Ex.: Fe (ferrítico), Na, K, Cr, Ta, Mo, V, W etc. Dedução do parâmetro de rede utilizando a lei de Pitágoras. Fonte: Smith (2010), p. 63. Fonte: Smith (2010), p. 63. Cúbico de Face Centrada (CFC) Número de átomos inteiros na estrutura CFC: 1/8 de átomo em cada vértice: 8 x 1/8 = 1 + 6 x 1/2 = 4 átomos. Parâmetro de uma célula de uma estrutura simples: a2 + a2 = (4R)2. Estrutura cristalina: sistemas cristalinos cúbicos Fator de empacotamento: Ex.: Fe (austenítico) Al, Cu, Ag, Au, Pb, Pd, Ni, Pt etc. Dedução do parâmetro de rede utilizando a lei de Pitágoras. Fonte: Smith (2010), p. 65. Fonte: Smith (2010), p. 65. A célula unitária é a menor parte representativa da estrutura cristalina, a partir da qual podem ser avaliados parâmetros característicos dos cristais. Um desses parâmetros é o Fator de Empacotamento Atômico (FEA). O FEA representa: a) A quantidade de espaço vazio dentro da célula unitária. b) A quantidade de espaço ocupado pelos átomos constituintes da célula unitária. c) A razão entre o raio atômico e o comprimento da aresta da célula unitária. d) A razão entre o comprimento da aresta e o comprimento da diagonal maior da célula unitária. e) A razão entre o volume de um único átomo e o volume da célula unitária. Interatividade A célula unitária é a menor parte representativa da estrutura cristalina, a partir da qual podem ser avaliados parâmetros característicos dos cristais. Um desses parâmetros é o Fator de Empacotamento Atômico (FEA). O FEA representa: a) A quantidade de espaço vazio dentro da célula unitária. b) A quantidade de espaço ocupado pelos átomos constituintes da célula unitária. c) A razão entre o raio atômico e o comprimento da aresta da célula unitária. d) A razão entre o comprimento da aresta e o comprimento da diagonal maior da célula unitária. e) A razão entre o volume de um único átomo e o volume da célula unitária. Resposta Fonte: acervo pessoal A determinação das propriedades mecânicas é muito importante na escolha do material para uma determinada aplicação, bem como para o projeto e a fabricação do componente. As propriedades mecânicas definem o comportamento do material quando sujeitos a esforços mecânicos, pois elas estão relacionadas à capacidade do material de resistir ou transmitir esses esforços aplicados sem romper e sem se deformar de forma incontrolável. Tal comportamento é função direta de quatro fatores básicos ligado às características do material: Intensidade das ligações químicas entre átomos. Tipo de arranjo dos átomos (estrutura cristalina). Natureza. Quantidade de defeitos desse arranjo. Propriedades mecânicas Essa deformação pode ser explicada pelos movimentos atômicos na estrutura cristalina do material. Dentro da região de comportamento elástico, a deformação elástica é resultado de uma pequena elongação da célula unitária na direção da tensão de tração ou uma pequena contração na direção da compressão deformação é reversível. aplica carga retira carga tensão tração compressão Propriedades mecânicas: deformação elástica Fonte: Vlan Vlack (1998), p. 136. Sem deformação Deformação por tração Deformação por compressão Essa deformação pode ser explicada pelos movimentos atômicos na estrutura cristalina do material. Dentro da região de comportamento elástico, a deformação plástica é resultado de uma pequena elongação da célula unitária na direção da tensão de tração ou uma pequena contração na direção da compressão deformação é irreversível. aplica carga retira carga (mantém) tensãotração compressão Propriedades mecânicas: deformação plástica Fonte: Vlan Vlack (1998), p. 136. A deformação plástica ocorre por movimentação das linhas de discordância e também causa multiplicação de discordâncias. Propriedades mecânicas: deformação plástica Fonte: Callister (2002), p. 110. Plano de escorregamento Linha da discordância Tensão aplicada O material é deformado sem fratura ou perda da estrutura cristalina Como determinar as propriedades mecânicas? A determinação das propriedades mecânicas é feita por meio de ensaios mecânicos. Utilizam-se, normalmente, corpos de prova (amostra representativa do material) para o ensaio mecânico, já que, por razões técnicas e econômicas, não é praticável realizar o ensaio na própria peça, que seria o ideal. Usam-se normas técnicas para o procedimento de medidas e confecção do corpo de prova para garantir que os resultados sejam comparáveis. Normas técnicas: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ASTM – American Society for Testing Materials. Aisi – American Iron and Steel Institute. SAE – Society of Automotive Engineers. Propriedades mecânicas É uma das propriedades mais importantes na construção. Em um ensaio de tração, um corpo de prova é submetido a um esforço que tende a alongá-lo ou esticá-lo até a ruptura. Os esforços ou as cargas são medidas na própria máquina e, normalmente, o ensaio ocorre até a ruptura do material. Propriedades mecânicas: resistência à tração Fonte: Smith (2010), p. 162. Célula de carga Corpo de prova Extensômetro Travessão móvel Geralmente, o ensaio é realizado em um corpo de prova de formas e dimensões padronizadas, para que os resultados obtidos possam ser comparados ou, se necessário, reproduzidos. Materiais metálicos: ensaio de tração à temperatura ambiente: NBR 6152. Propriedades mecânicas: resistência à tração Fonte: autoria própria Fonte: Smith (2010), p. 162. Corpo de prova com secção circular (parte útil) cabeça PP Corpo de prova com secção retangular PP (parte útil) Zona de concordância raio de concordância Ø ℓ ℓ Propriedades mecânicas: resistência à tração Fonte: Adaptado de: Callister (2002), p. 88. σ (MPa) σLR σLE σf Deformação plástica uniforme Deformação plástica não uniforme α = E ε Região plástica Deformação plástica total Região elástica Deformação específica | (%) Δε = L – L0 Ruptura REGIÃO ELÁSTICA REGIÃO PLÁSTICA LIMITE DE RESISTÊNCIA LIMITE DE RUPTURA LIMITE DE ESCOAMENTO E = σ/ε T e n s ã o , σ Deformação, ε Tenacidade em impacto Charpy O ensaio Charpy é realizado em pêndulo de impacto. O martelo do pêndulo, com uma borda de aço endurecido de raio específico, é liberado de uma altura predefinida, causando a ruptura do corpo de prova pelo efeito da carga instantânea. A altura de elevação do martelo após o impacto dá a medida da energia absorvida pelo corpo de prova. Propriedades mecânicas: ensaio Charpy Fonte: Callister (2002), p. 144. Escala Ponteiro Posição final Posição inicial Martelo de impacto Apolo Todas as dimensões em mm Charpy tipo A Charpy tipo B Charpy tipo C Raio = 0,25 10 810 10 510 10 510 2 1.0 45º 152 6,25 6,35 6,45 55 FOFO e fundidos sob pressão Por definição, dureza é uma propriedade mecânica que fornece uma medida da resistência à deformação plástica de um material. Está relacionada entre uma carga aplicada e a área da deformação plástica produzida. Propriedades mecânicas: ensaio de dureza Fonte: Shackelford (2008), p. 141. Ensaio Penetrador Vista lateral Vista superior Carga Fórmula para o número Índice de dureza Brinel Microdureza Vickers Microdureza Knoop Rockwell e Rockwell superficial Esferas de aço com 1/16, 1/8, 1/4 e 1/2 pol. de diâmetro e cone de diamante Esfera com 10 mm em aço ou carbeto de tungstênio Forma da impressão Pirâmide de diamante Pirâmide de diamante D d 136º d bb = 7,11 bt = 4,00 120º b d1 d1 t P P P 150 kg 60 kg 100 kg 15 kg 30 kg 45 kg Rockwell Rockwell superficial H = – P A Em que: H = dureza P = carga aplicada sobre a amostra A = área do objeto penetrante Fratura é a separação de um corpo em dois ou mais pedaços em resposta a uma tensão. Envolve três etapas: formação de trinca, propagação e fratura. Pode assumir dois modos: Dúctil: a deformação plástica continua até uma redução na área para posterior ruptura (é observada em materiais CFC). Frágil: não ocorre deformação plástica, requerendo menos energia que a fratura dúctil que consome energia para o movimento de discordâncias e imperfeições no material (é observada em materiais CCC e HC). Propriedades mecânicas: fratura Fonte: autoria própria O material se deforma substancialmente antes de se fraturar. O processo se desenvolve de forma relativamente lenta à medida que a trinca se propaga. Esse tipo de trinca é denominado estável porque ela para de se propagar a menos que haja um aumento de tensão aplicada no material. Propriedades mecânicas: fratura dúctil Fonte: Callister (2002), p. 131. O material se deforma pouco antes de fraturar. O processo de propagação de trinca pode ser muito veloz, gerando situações catastróficas. A partir de um certo ponto, a trinca é dita instável porque se propagará mesmo sem aumento da tensão aplicada sobre o material. Propriedades mecânicas: fratura frágil Fonte: Callister (2002), p. 131. O ensaio de tração consiste em aplicar uma carga a um corpo de prova, geralmente, até sua ruptura e analisar a resposta obtida. Em relação ao ensaio de tração é correto afirmar que: a) A proporcionalidade entre tensão e deformação ocorre apenas durante a deformação elástica. b) O rompimento completo do corpo de prova é necessário para validar as propriedades obtidas. c) O ponto de tensão de escoamento é, aproximadamente, equivalente ao ponto em que ocorre a ruptura do corpo de prova. d) A deformação é proporcional à tração aplicada ao longo de todo o ensaio. e) A deformação na região plástica segue a Lei de Hooke. Interatividade O ensaio de tração consiste em aplicar uma carga a um corpo de prova, geralmente, até sua ruptura e analisar a resposta obtida. Em relação ao ensaio de tração é correto afirmar que: a) A proporcionalidade entre tensão e deformação ocorre apenas durante a deformação elástica. b) O rompimento completo do corpo de prova é necessário para validar as propriedades obtidas. c) O ponto de tensão de escoamento é, aproximadamente, equivalente ao ponto em que ocorre a ruptura do corpo de prova. d) A deformação é proporcional à tração aplicada ao longo de todo o ensaio. e) A deformação na região plástica segue a Lei de Hooke. Resposta T E N S Ã O Descarga Carga DEFORMAÇÃO 0 0 Fonte: acervo pessoal Transformação de fase: serve para alterar as microestruturas e, como consequência, as propriedades mecânicas dos materiais (removendo ou adicionando tensões com o intuito de modificar a dureza, a ductilidade etc.). Como ocorre? Transformações de fase são induzidas por meio de alterações de temperatura → tratamentos térmicos (aumento ou diminuição da temperatura). Diagrama de fases: transformação de fase Fonte: Callister (2002), p. 305. Quando um metal funde, diz-se que ele sofre uma transformação (mudança) de fase, ou seja, a fase sólida se transforma na fase líquida. As mudanças de fase nos metais puros ocorrem isotermicamente, isto é, a fusão tem uma temperatura fixa e definida (a chamada temperatura de fusão). As mudanças de fases em ligas ocorrem em faixas de temperatura. Podem-se iniciar a uma temperatura e não se completar até que alguma temperatura mais alta seja alcançada, permanecendo a liga em um estado “pastoso” (composto de líquido e sólido misturados). Diagrama de fases: transformação de fase Fonte: acervo pessoal O método mais eficaz já desenvolvido para se atingiro estudo das transformações de fase é o uso de diagramas de fases (ou diagramas de equilíbrio). Por que estudar diagramas de fases? Eles relacionam: temperatura, composição química e quantidade das fases em equilíbrio. Diagramas de fases são como “mapas” que mostram quais fases são as mais estáveis nas diferentes composições e temperaturas. Diagrama de fases: por que estudar diagramas de fases? Diagrama de fases com mais de um componente pode ser de dois tipos, em função da nucleação ou não de uma segunda fase: Sistemas isomorfos: apenas uma fase no estado sólido. Sistemas anisomorfos: duas fases sólidas são observadas. Diagrama de fases: sistemas isomorfos e anisomorfos Fonte: Smith (2012), p. 231. Sistema binário isomorfo Isomorfo: quando a solubilidade é completa. Ex.: sistema Cu-Ni Sistema binário anisomorfo Anisomorfo: quando a solubilidade não é completa Ex.: sistema pb-sn A B A B Somente uma fase sólida (alfa) Mais que uma fase sólida (alfa + beta) → % B (peso) → % B T e m p e ra tu ra T e m p e ra tu ra T Tf B Tf A L L Lα α α α L β βL β α Para que haja miscibilidade entre dois metais, é preciso que eles satisfaçam todas estas condições: Seu tamanho não seja diferente de 15%. Tenham a mesma estrutura cristalina. Tenham eletronegatividade similar (mais próximas). Tenham a mesma valência. Exemplo: sistema Cu-Ni. Diagrama de fases: regra de Hume-Rothery O diagrama de fases de um sistema binário em equilíbrio fornece: As fases presentes. A composição dessas fases. As proporções de cada fase. Para ligas monofásicas, a composição de uma dada fase é a própria composição da liga naquele ponto do diagrama trivial. Para ligas bifásicas, deve-se traçar uma linha horizontal, a linha de amarração, na temperatura desejada e determinar a interseção dessa reta com as fronteiras entre as fases regra da alavanca. Diagrama de fases: equilíbrio Um diagrama binário indica as fases presentes, por exemplo, em todas as ligas possíveis dos dois metais níquel (Ni) e cobre (Cu), em todas as temperaturas de 1000 a 1600 ºC. Diagrama de fases: sistema binário e isomorfo Temperatura de fusão Cu Temperatura de fusão Ni Fonte: Callister (2002), p. 172. É possível determinar as composições das fases de um diagrama e suas proporções, conhecendo a temperatura e a composição da liga em estudo. Pontos A e D se encontram em uma região monofásica, tira-se a fase diretamente do gráfico (trivial). Ponto B se encontra em uma região bifásica, sendo obrigado a estimar a fração de cada fase pela regra da alavanca. Diagrama de fases: sistema binário e isomorfo: regra da alavanca C0=35%Ni (Ta:1320,Td:1190 e Tb:12500C Fonte: Callister (2002), p. 172. Fonte: Callister (2002), p. 172. A linha isotérmica (linha de amarração) conecta as fases em equilíbrio: Regra da alavanca Diagrama de fases: sistema binário e isomorfo: regra da alavanca Fonte: Callister (2002), p. 172. Sistema binário eutético: É o ponto representativo da reação eutética, segundo a qual, no resfriamento, uma fase líquida se solidifica isotermicamente, produzindo um agregado de duas fases sólidas (constituinte eutético), de composições diferentes entre si e diferentes da composição original. Diagrama de fases: sistema binário e anisomorfo Fonte: Shackelford (2008), p. 202. Fase α da reação eutética, Linha da reação eutética Ponto eutéticoFase β da reação eutética É possível determinar as composições das fases de um diagrama e suas proporções, conhecendo a temperatura e a composição da liga em estudo. Regra da alavanca Diagrama de fases: sistema binário e anisomorfo: regra da alavanca Para liga de 40% Sn- 60% Pb a 220 ºC, determine: a) Tipos de fases: b) Composição das fases: c) A proporção relativa de cada fase: Fonte: Callister (2002), p. 179. Sistema binário eutetoide: É o ponto representativo de reação eutetoide, segundo a qual, no resfriamento, uma fase sólida se transforma em duas outras fases sólidas de composições diferentes da composição original. Diagrama de fases: sistema binário e anisomorfo Fonte: Shackelford (2008), p. 203. Linha da reação eutética Ponto eutetoide Ponto eutético Linha da reação eutetoide Resfriamento Aquecimento Sistema binário eutetoide: aço Aço é a denominação genérica para ligas de ferro-carbono com teores de carbono de 0,008 a 2,11%, contendo outros elementos residuais do processo de produção e podendo conter outros elementos de liga propositalmente adicionados. O carbono forma uma solução sólida intersticial com o ferro, isto é, os átomos de carbono se colocam nos interstícios da estrutura cristalina do ferro. Diagrama de fases: aço Ligado ao carbono, o comportamento das variedades alotrópicas do ferro e a solubilidade do carbono nele variam de forma característica, dependendo da temperatura e do teor de carbono. Fonte: Smith (2012), p. 81. Diagrama ferro-carbono (Fe-C): exemplo de sistema eutético (A) e eutetoide (B). Diagrama de fases: diagrama ferro-carbono (Fe-C) Reações do estado sólido do ferro-carbono Reação eutética: a 1148 °C ocorre a reação eutética do diagrama Fe-C: L (4,3% C) <=> (2,11% C) + Fe3C (6,7% C) Reação eutetoide: a 727 °C ocorre a reação eutetoide do diagrama Fe-C: (0,76% C) <=> α (0,022% C) + Fe3C (6,7% C) Fonte: Smith (2012), p. 204. Aço Ferro fundido Microestruturas do aço: Ferro = ferrita = 0,022% de C Ferro = austenita = 2,11% de C Ferro = ferrita = 0,09% de C Fe3C (cementita) = 6,7% de C Austenita = 2,01% de C Perlita = 0,76% de C δ Os aços possuem três reações: eutetoide, hipoeutetoide e hipereutetoide. Diagrama de fases: microestrutura de um aço Aço eutetoide ~ 0,76% C Microestrutura: perlita Resfriamento lento até temperatura ambiente Fonte: Smith (2012), p. 267. Aços hipoeutetoides: < 0,76% C (menor) Microestrutura: ferrita pró-eutetoide + perlita Resfriamento lento até temperatura ambiente Aços hipereutetoides > 0,76% C (maior) Microestrutura: perlita + cementita pró- eutetoide Resfriamento lento até temperatura ambiente A microestrutura de um aço carbono eutetoide é constituída na temperatura ambiente de: a) Ferrita e perlita. b) Perlita e cementita. c) Austenita e perlita. d) Ferrita. e) Perlita. Interatividade A microestrutura de um aço carbono eutetoide é constituída na temperatura ambiente de: a) Ferrita e perlita. b) Perlita e cementita. c) Austenita e perlita. d) Ferrita. e) Perlita. Resposta Fonte: acervo pessoal ATÉ A PRÓXIMA!