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ASSEPSIA, ANTISSEPSIA E ESTERILIZAÇÃO: Definir antissepsia, assepsia e esterilização: Antissepsia: processo que utiliza agentes químicos para realizar a destruição ou inibição do crescimento de microorganismos infecciosos de uma superfície animada (pcte e equipe médica) /crescimento de agentes infecciosos da pele e/ou mucosas do pcte ou equipe médica. Assepsia: manobras realizadas com o intuito de manter o doente e o ambiente cirúrgico livre de germes. Esterilização: o processo realizado em uma superfície inanimada para eliminação completa de qualquer forma de vida. Agentes usados na antissepsia: As características de um bom antisséptico são: ( *) Espectro de ação> tem que ser amplo, abrangendo, de preferencia, até esporos bacterianos resistentes. (*) Ação imediata (*) Longo efeito residual> tempo efetividade da ação antisséptica após a primeira aplicação. (*) Baixa toxicidade> para minimizar as chances de irritar os tecidos orgânicos com os quais entra em contato. (*) Baixo custo. Os principais antissépticos são: Álcool etílico ou isopropílico 70%: -Atua por desnaturação proteica. -Tem baixo custo e ação rápida (bcts, fungos, micobacts e vírus). -Efeito residual praticamente nulo e baixo espectro de ação. -Comprometimento da eficácia na presença de matéria org (fezes, sangue e muco). Gluconato de Clorexidina: -Ruptura da parede celular. -Amplo espectro (gram + e - ). -Não é afetado na presença de matéria org. -Ação mais lenta que a do álcool. -Longo efeito residual ( até 6h). Iodofórmicos(polivinil-pirrolidona, isodene-povidona): -Oxidação e substituição dos componentes celulares por substituição por Iodo livre. -Amplo espectro de ação. -Inicio de ação idem ao da clorexidina. -Baixo efeito residual. -Ação neutralizada na presença de matéria org. -Significativa irritação da pele. Assepsia centrifuga: Lembrar que a assepsia do campo operatório pode ser realizada de duas formas: Resumo: a área deve ser limpa de dentro pra fora, em movimentos circulares cada vez maiores. Na região abdominal deve ser dada bastante atenção à região umbilical. - Helicoidal: Do centro para as extremidades começando com linhas compactas e terminando com linhas esparsas (centrífuga). - Divisão em quadrantes e aplicação do degermante da borda para a extremidade. Condutas que devem ser tomadas em casos de contaminação por HIV e Hepatite B: HIV: - Em pele íntegra: Lavagem com água e sabão. - Em lesão cutânea: Retirar proteção imediatamente; Lavar com água e sabão; Álcool isopropílico 70% ou álcool iodado; Notificação imediata ao CCIH; Teste anti-HIV Elisa até 48h e repetido em 1, 3, 9 e 12 meses; Uso de zidovudina (AZT) + lamivudina (3TC) + indinavir ou nelfinavirde acordo com a CCIH até 48h. VHB -todo profissional da saúde deve ser vacinado contra hepatite B. -fonte HbsAg-positiva: iniciar HBIG nos primeiro 7 dias potencializada se associada à administração de vacina nas primeiras 24h em região muscular não deltoidiana. A HBIG é usada em profissionais não vacinados ou vacinados com responsividade imunológica inadequada. Preparação do ambiente cirúrgico para portadores de DIC: Manter rotina sob calma e controle; presença de equipe experiente, evitando a presença de profissionais em formação; Paramentação adequada, máscara, gorro com proteção do pescoço, óculos de segurança, luvas duplas, avental e perneira impermeáveis e sapatos de borracha; Solicitação de material verbal e entrega em bandeja; uso único de materiais perfuro-cortantes; Eletrocoagulação em indicação formal; Assepsia da equipe no pós-operatório. FERIDAS ACIDENTAIS: Descrever ferida(10 passos) Passos : 1. Solução de continuidade (horizontal, longitudinal, transversal, etc.) de pele, 2. Localizada em região bláblá, 3. Planos atingidos (tecido celular subcutâneo, muscular, fáscia, téc. ósseo) ( de fora para dentro), 4. Com bláblá de profundidade e bláblá de extensão, 5. Bordos: irregulares ou regulares, 6. Com/sem sangramento, 7. Com/sem perda de substância, 8. Limpa, potencialmente contaminada, contaminada ou infectada, 9. Com/sem corpo estranho, 10. Diagnóstico da ferida: HD: ferida bláblá em região bláblá. A. Escoriações ou abrasões: camadas superficiais da pele( epiderme e derme), arranhões/destacamento da pele. B. Punctórias: forma de ponto, objetos de conformação puntiforme. ( picada de cobra, pregos). C. Incisas: lineares, bordos regulares, exposição do subcutâneo à musculoaponeurose, feita por objetos cortantes. D. Contusas: objetos rombos, bordos irregulares, retraídas e traumatizadas, acometimento de tecidos moles, pode apresentar hemorragias e edemas(pedaços de madeira, pedras). E. Pérfuro-cortante: perfuração + corte (punhal) F. Pérfuro-contusa: perfuração + contusão, PAF, orifício de entrada: grosseiramente regular e circular, orifício de saída: forma estelar irregular; pode ter trajeto em fundo-de-saco. G. Corto-contusa: corte + contusão, lâminas semi-afiadas, bordos grosseiramente regulares. ( faca cega, enxada, lança) H. Lácero-contusa: contusões associadas às lacerações, pele rasgada .(couro cabeludo). Tratamento ferida acidental(6 passos) 1- Coibir hemorragia vultuosa 2- Campo de infiltração + infiltração anestésica 3- Exploração digital (no abdome: laparotomia exploradora; no tórax: Rx torácico para verificar ocorrência de pneumotórax e hemotórax)(Não se deve explorar digitalmente o espaço pleural) 4- Assepsia rigorosa com SF 5- Regularização de bordos, exérese de tecidos desvitalizados, hemóstase rigorosa 6- Fechamento primário ou secundário .Sutura ou curativo, dependendo da ferida. 7-Profilaxia de infecções(tratamento correto, antibióticos e tétano) Complicações Hematoma: coleção sanguinolenta no subcutâneo, geralmente em resultado de um hemostasia inadequada. Seroma: acúmulo de soro e linfa ao nível do espaço morto da ferida operatória, indolor, sem sinais flogísticos, em áreas onde ouve algum descolamento. Abcesso: infecções com sinais clássicos resultando em coleção de pus. Celulite: inflamação do tecido celular subcutâneo. Diferenciar ferida limpa, potencialmente contaminada , contaminada e infectada. - Ferida limpa: Feita em condição asséptica sem sinais de inflamação. Não atinge trato respiratório, genito-urinário, digestório. - Ferida potencialmente contaminada: Sem contaminação significativa. Tempo inferior às 6h entre a lesão e o atendimento. Atinge trato respiratório, digestório ou genito-urinário, porém em condições controladas. - Ferida contaminada: Tempo superior às 6h entre a lesão e o atendimento. Presença de contaminantes, mas sem processo infeccioso local e cirurgias em que a técnica asséptica não foi respeitada devidamente. - Ferida infectada/ suja: microorganismos presentes antes da lesão. Intensa reação inflamatória e/ou destruição de tecidos podendo haver pus. . Apresentam evidências do processo infeccioso, como tecido desvitalizado, exsudação purulenta e odor característico. CICATRIZAÇÃO: Descrever cicatrização: Cicatrização é o processo de formação de tecido conjuntivo fibroso para reconstituir um tecido lesado limitando o dano. Ela depende da magnitude da lesão e do grau de infecção. Está dividida em 3 fases: Fase precoce (hemostasia e inflamação), Fase intermediária (proliferação e contração da ferida) e Fase final (maturação do colágeno). Fase precoce: - Hemostasia: envolve a estabilização da ferida, por meio da promoção do reparo inicial da lesão tecidual, processo que envolve vasoconstricção por 5 a 10 minutos diminuindo a perda sanguínea(vasoconstricção); exposição de tromboplásticos; início do processo de coagulação com a atividade plaquetária (cascata de coagulação e complementos); histamina e serotonina liberadas pelos macrófagos perivasculares aumentam a permeabilidade vascular, o que facilita a saída deplasma para o local da ferida. - Inflamação: após 24h do inicio da lesão , neutrófilos, monócitos e macrófagos chegam ao local lesionado , realizando o controle do crescimento bacteriano e a remoção do tecido necrótico. Manifestação do sintomas clássicos, hiperemia, rubor , dor e edema. Tem duração de 4-5 dias. Neutrófilos polimorfonucleares iniciam a limpeza da ferida, posteriormente os leucócitos mononucleares (monócitos ) continuam a limpeza e se transformam em macrófagos. Os sinalizadores bioquímicos e celulares são norepinefrina e serotonina: vasoconstricção e histamina e prostaglandinas causam vasodilatação. Os macrófagos são as células dominantes na fase inflamatória, eles secretam fatores de crescimento que estimulam a angiogênese e a fibroplasia , dando inicio a fase de granulação/proliferação. Fase de Proliferação: Formação do tecido de granulação, composto por fibroblastos e rede capilar bastante densa; Síntese de matriz extracelular (SFA) e colágeno; Epitelização (formação de uma camada epitelial delgada e sensível; migração de células da borda para o centro estimulada por fatores de crescimento). Até 21 dias. Há tb a formação de novos capilares que irão estimular o crescimento e fornecer ntrs ao tecido neoformado. - Contração da ferida: Transformação de fibroblastos em miofibroblastos, que aproximam as margens da ferida. - Maturação do colágeno (Resolução e remodelamento): Destruição do colágeno antigo e formação de um novo colágeno mais forte. Diminuição do estímulo da síntese. Continua por até 2 anos. Descrever : queloide, cicatriz hipertrófica e úlcera de marjolin. As duas cicatrizes têm a mesma fisiopatologia, que é a síntese exagerada de colágeno associada à degradação diminuída dele. Queloide: é a cicatriz que cresce além das margens da ferida origina, raramente regredindo com o tempo. Não podem ser prevenidas; atualmente, não possuem tratamentos eficazes e são refratárias a intervenção médica e cirúrgica. Hipertrófica: são cicatrizes elevadas que permanecem nos limites da ferida original e com frequência regridem espontaneamente. Podem ser prevenidas. Úlcera de marjolin: são feridas cronicamente inflamadas que não fecham. Apresentam aspecto irregular, elevado acima da superfície e com descoloração branco-perolada. Podem indicar uma condição de carcinoma espinocelular e serem resultantes de queimaduras. Cicatrização retardada em idosos: Redução da renovação de células epidérmicas; Aumento da fragilidade capilar; Redução da vascularização; Redução do fluxo sanguíneo para a área lesada; Alteração do estado nutricional; Alteração no grau de hidratação; Redução da resposta imune; Redução da massa da derme e do tecido subcutâneo. Tipos de cicatrização de feridas • Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A formação de tecido de granulação não é visível. Exemplo: ferimento suturado • Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de tecido com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e Epitelização. • Terceira intenção: designa a aproximação das margens da ferida (pele e subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando há presença de infecção na ferida, que deve ser tratada primeiramente, para então ser suturada posteriormente. CURATIVOS: Diferença de curativo seco e curativo úmido Curativo seco: Utilizado em feridas cirúrgicas limpas, com sutura direta. A troca é , geralmente, diária até a total impermeabilização da linha de sutura (24-48h). Curativo Úmido: -Acelera o processo cicatricial (promove condições adequadas para a migração e mitose das células epiteliais);as terminações nervosas são mantidas úmidas , diminuindo a dor; previne a desidratação tecidual e a morte celular; promove a necrólise e a fibrinólise. Diferença de limpeza fisiológica para limpeza mecânica Limpeza fisiológica: realizada com solução fisiológica 0,9% é indicada para hidratar a ferida e acelerar a cicatrização, evitando o traumatismo direto da ferida. Limpeza Mecânica: provoca traumatismo do tecido em cicatrização, retardando o processo. Como fazer curativos de feridas agudas (primeira e segunda intenção) e crônicas Finalidade do curativo em geral: Remover o excesso de exsudação, permitir a troca de gases, fornecer isolamento térmico, ser impermeável a bactérias, estar isento de partículas contaminadoras, permitir a retirada sem provocar traumas, manter alta umidade para feridas agudas. - Curativo de ferida aguda de primeira intenção: Assepsia rigorosa com soro fisiológico; enxugar com gaze; cobrir com gaze seca e esparadrapo ou atadura de crepom. - Curativo de ferida aguda de segunda intenção: Degermação da área circunjacente; Exploração e debridamento (sob anestesia) de tecido desvitalizado; lavagem rigorosa com SF; cobertura com gaze seca e esparadrapo, atadura de crepom ou atadura elástica. - Curativo de ferida crônica: Retirada do curativo anterior; lavagem com SF; debridamento ,mecânico ou químico ,se necessário; cobrir com curativo a depender da característica da ferida; enfaixamento rígido, elástico ou inelástico. ANESTESIA LOCAL E LOCORREGIONAL: Bloqueio digital Punção na base do dedo com infiltração de 2,5ml de lidocaína 2% sem vasoconstrictor nas faces lateral e medial do dedo introduzindo a agulha em direção palmar ou plantar. Esperar 5min antes de iniciar o procedimento. Dose toxica lidocaína Lidocaína 2% com vasoconstrictor: 10mg/kg Lidocaína 2% sem vasoconstrictor: 7mg/kg SUTURAS E FIOS: Vantagens e desvantagens suturas continuas e pontos separados Pontos simples: Vantagens : Nas suturas interrompidas, cada nó é uma entidade separada, e o rompimento de um ponto não envolve a estrutura dos outros; menos corpo estranho no interior do ferimento; pontos menos isquemiantes do que os da sutura cont; São fáceis de serem colocadas e possuem a capacidade de ajustar-se a tensão em cada sutura, de acordo com a tensão nas margens; Um ganho mais rápido em força de tensão é obtido com as suturas simples interrompidas; Estatisticamente, as suturas simples interrompidas são mais fortes que as contínuas. Desvantagens: Mais trabalhosos; mais demorados; levam mais material. Pontos contínuos: Vantagens: Mais rápidos e mais práticos; As suturas contínuas usam menos material, o que minimiza a quantidade de material de sutura nos nós e diminui o tempo de cirurgia; As suturas contínuas também fazem um melhor selamento ao ar e água; De maneira geral, as suturas interrompidas são preferidas quando se quer mais tensão, mobilidade dos tecidos e distensibilidade. Desvantagens: aumento de volume de material deixado nas feridas ou de material sepultado; Menor controle da tensão e a possibilidade de rompimento; O comprometimento de um interfere na sutura inteira; Devido à forma helicoidal, as suturas contínuas têm uma tendência de reduzir a microcirculação das bordas das feridas.( Este fato prolonga a fase destrutiva da cicatrização aumentando a formação de edema.) Fios de sutura: Nylon pra pele; vicril ou poligliconato pra fáscia e categute pra órgãos internos. DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS: Diferenciar cristaloide de colóide Solução cristalóide: Solutos eletrolíticos e não eletrolíticos que penetram em todos os compartimentos corporais. Solução colóide: Solução com substâncias de alto peso molecular que se mantém exclusivamente no plasma. Reposição hidroeletrolítica: Etapas: balanço hídrico, necessidades diárias e prescrição. ND: Água: Idosos, cardip. nefrop. = 30mL/Kg/dia;Maioria dos adultos = 35-40 mL/Kg/dia; Atletas = 50 mL/Kg/dia. Calorias: POI = 100g deglicose; 1º DPO = 200g de glicose; 2º DPO em diante = 300g de glicose. Eletrólitos: Na⁺ = 1-1,5 mEq/Kg/dia; K⁺ = 1 mEq/Kg/dia (*nunca repor no POI) Hidratação: SG 5% (500mL) = 25 g de glicose; SF 0,9% (500mL). Reposição: • 1 ampola de Glicose 50% = 5g de glicose; • 1 ampola de NaCl 10% = 17,5 mEq de Na; • 1 ampola de NaCl 20% = 35 mEq de Na; • 1 ampola de KCl 10% = 13 mEq de K; • 1 ampola de KCl 19,1% = 25 mEq de K. Obs: nunca ultrapassar 10% de concentração de glicose no soro e acrescentar 7 gotas/minuto em cada fase para obter a velocidade total de gotejamento. Prescrição: 1) Dieta 2) Soluções parenterais. 3) Cuidados gerais 4) Sinais vitais.