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LAZER, EDUCAÇÃO FÍSICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 3 ABERTURA Olá! O esporte vem sendo utilizado ao longo do tempo de diversas formas, desde propaganda política em tempos de ditadura a aliado no combate à violência, na promoção da saúde e na formação de atletas. Além de aumentar as possibilidades de prática (profissional e não profissional), esse fenômeno passou a sofrer um processo de mercantilização, e as modalidades de esporte mais praticadas se relacionam diretamente à cultura esportiva em que se inserem. É dever do Estado assegurar o direito constitucional de acesso às atividades esportivas e de lazer a toda a população, independentemente da condição socioeconômica ou da necessidade especial de qualquer natureza ou faixa etária. Políticas públicas efetivas desenvolvem e emancipam essas atividades para a comunidade usufruí-las, aumentando a qualidade de vida. Nesta aula, você vai conhecer mais sobre o esporte profissional e amador no Brasil. Além disso, vai compreender por que é importante criar políticas públicas de incentivo para a população ter acesso ao esporte e ao lazer e suas possibilidades. Bons estudos. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil REFERENCIAL TEÓRICO Políticas públicas desenvolvem o esporte com projetos que possibilitam sua prática e acesso, alcançando o maior número de pessoas possível e efetivando uma melhor qualidade de vida para todas as camadas sociais. Com programas de incentivo ao esporte, as pessoas não precisam se deslocar tanto nem gastar muito dinheiro para praticar atividades físicas, e assim a adesão é maior. O efeito disso é uma sociedade mais saudável, que desfruta mais dos benefícios das atividades físicas no dia a dia. No capítulo "Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil", base teórica desta aula, compreenda como as políticas públicas que incentivam o esporte e o lazer contribuem com diversas possibilidades de desenvolvimento do esporte entre diferentes parcelas da população. Por fim, conheça o esporte em duas vertentes: profissional e amador. Ao final deste estudo, você será capaz de: • Reconhecer a situação do esporte profissional e amador no Brasil. • Identificar o papel das políticas de incentivo ao esporte. • Descrever possibilidades de incentivo ao esporte e ao lazer pela legislação brasileira. Boa leitura. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a situação do esporte profissional e amador no Brasil. > Identificar o papel das políticas de incentivo ao esporte. > Descrever possibilidades de incentivo ao esporte e ao lazer a partir da legislação brasileira. Introdução O esporte vem se convertendo em um elemento central no desenvolvimento das sociedades modernas. De fato, recebe uma atenção crescente junto às políticas públicas e ao meio científico-acadêmico. Ele tem disputas e regras próprias dentro da estrutura social, e uma dessas disputas internas, isto é, dentro do próprio esporte, é a distinção entre amadorismo e profissionalismo. As políticas públicas de incentivo ao esporte visam a garantir direitos sociais, buscando progressivamente reduzir as desigualdades. Todavia, mais do que ofe- recer programas e atividades, uma política pública precisa criar condições para que o lazer passe a ser um valor indispensável na vida das pessoas, mudando sua qualidade de vida e fazendo-as buscar esse direito junto ao poder público. Neste capítulo, vamos explicar como as políticas públicas relacionadas ao esporte são fundamentais para o acesso e o desenvolvimento de diferentes modalidades, em diferentes populações de esporte e lazer. Além disso, des- creveremos como se constitui o esporte amador e profissional no Brasil. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil Vanessa Dias Possamai Esporte profissional e amador no Brasil O esporte que conhecemos hoje surgiu a partir dos processos sociopolíticos que a Inglaterra vivenciou nos séculos XVII e XVIII (LE GOFF; TRUONG, 2006; ROWE; GILMOUR, 2009). Composto por organizações esportivas, regras e um corpo técnico, surgiu com a modernidade. Diante disso, a sistematização do esporte moderno está relacionada aos países europeus, instituída pela padronização das manifestações esportivas por meio de regulamentações que determinaram sua institucionalização. O esporte contemporâneo difere na natureza e na finalidade das práticas corporais não sistemáticas realizadas na Antiguidade e nos jogos populares (MASCARENHAS, 2009). As principais diferenças estão relacionadas à ética do jogador, às regras e à configuração da partida (DUNNING, 2010). Por um lado, é utilizado como estratégia de educação, controle físico e preparação de li- deranças; por outro lado, como forma de controle da transferência de classes populares. Sua essência e sistematização foram estabelecidas pela primeira vez no Reino Unido e rapidamente expandidas para outros países (MELO, 2008). Duas esferas compõem o esporte por meio de suas manifestações: o sentido da prática e a modalidade da prática. O sentindo da prática diz a respeito às razões da prática e aos valores por ela transmitidos. Já o significado da prática vem das condições sociais, culturais e históricas dos indivíduos relevantes que influenciam o conceito de atividades por meio do “efeito de apropriação” (BOURDIEU, 1990). Por ser um fenômeno de comunicação e renovação cultural, o esporte decorre das características de seus praticantes, por isso difunde valores e, portanto, contribui para a formação do homem. Esses valores são diferenciados com base na consciência prática. Por exemplo, a atividade de comunicar isolamento, comparação objetiva e competição é diferente da ativi- dade de comunicar tolerância, autoestima e cooperação. Essa diferença ocorre entre esportes de alto rendimento e esportes de lazer. O esporte de alto desempenho é baseado na comparação direta e na análise objetiva do desempenho, e é alcançado por meio da apreciação dos resultados. Essas características indicam uma prática que busca a melhoria contínua do desempenho esportivo e atlético, exigindo grande dedicação dos praticantes, condições estruturais e materiais de treinamento que constituam o ambiente profissional (BRACHT, 2003). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil2 Como o ambiente profissional envolve não só o interesse pela vitória, mas também a busca por lucros financeiros, para facilitar sua compreensão e seu consumo, é necessária uma incorporação cultural universal das prá- ticas, por meio da homogeneização de regras e normas do esporte de alto rendimento. Esse processo é denominado mundialização do esporte (GEBARA, 2002) e promove certa hegemonia cultural, facilitando a difusão dos valores próprios. Deve-se destacar, principalmente, o racionalismo, a quantificação, a burocratização e a igualdade de chances. Devido às características apontadas, os valores transmitidos pelo esporte de alto rendimento são (BRACHT, 2003; KUNZ, 1994): � sobrepujança ao adversário; � segregação; � comparações objetivas; � busca por melhor rendimento e vitória; � representação; � supervalorização do vencedor; � desvalorização do perdedor; � comércio e consumo do esporte; � disciplina; � racionalidade técnica; � concorrência. Assim, indivíduos que aceitam o alto rendimento como a única forma de manifestação do esporte, ao incorporarem seus valores, pautam-se na vitória e na sobrepujança ao adversário como o ponto central da prática esportiva (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2011). Já o esporte como atividade de lazer não é homogêneo e se caracteriza pelo não profissionalismo. Nele, encontram-se tanto práticas que derivam do alto rendimento quanto outras, que dele divergem em relação ao sentido das ações (STIGGER; SILVEIRA, 2004). Essas práticas se expandem de manei- ras diferentes, expressando o valor dominante do esporte profissional ou da reconstrução esportiva por meio dos desejos dos praticantes (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil3 Lazer, conforme Dumazedier (1976), um dos primeiros autores a definir o termo, trata-se de um conjunto de ocupações às quais as pessoas podem se entregar de livre vontade, seja para repousar ou para se divertir. Visa à recreação e ao entretenimento, ou mesmo visando a desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após se desocupar das obrigações profissionais, familiares ou sociais. O esporte como lazer, na forma ressignificada, transmite valores como a autovalorização e o reconhecimento de capacidades individuais (KUNZ, 1994; OLIVEIRA, 2002). Impacta positivamente a autoimagem e os conceitos de vida, proporcionando vivência coletiva, desempenho social, prazer na vivência esportiva que nada tem a ver com a insatisfação dos demais participantes, resistência à transcendência e vontade de cooperar, ênfase no jogo e coope- ração, sem competição. Além disso, há uma mudança no conceito de prática esportiva, pois os participantes não seguem as regras (o que acontecerá nos esportes de alto rendimento e levará ao isolamento e à comparação das habilidades pessoais), mas uma atividade que é moldada para atender aos objetivos, às expectativas e às capacidades dos participantes. O processo é realizado por meio da adaptação ao ambiente, às regras e aos materiais envolvidos na prática, bem como à forma como o grupo de prática ou o iniciador da atividade conduz a atividade. Além da experiência, os valores veiculados também são destacados por meio da comunicação e da busca de consenso no grupo, possibilitando a participação do maior número de pes- soas e criando um ambiente propício à integração interpessoal. Essa relação preza pelo comportamento de construir o próprio esporte de uma nova forma, transformando a prática esportiva e privilegiando a integração interpessoal e o comportamento cooperativo (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2011). A segunda manifestação do esporte está relacionada às diversas modali- dades esportivas que se caracterizam por regras e normas de ação próprias e compõem universos diferentes. As modalidades esportivas são formas de disputa autônomas quanto a suas determinações legais e, em alguns casos, a sua história. Muitas delas têm entidades reguladoras próprias (federações, associações, confederações e ligas) que normatizam a prática. Exemplos de modalidades esportivas incluem o futebol, o boxe, a natação e o badminton. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil4 Qualquer prática esportiva se expressa por meio de um sentido (uma razão de ser, transmitindo valores) e de determinada modalidade (mesmo que as regras adotadas sejam adaptadas em relação às formalizadas por entidades normativas da modalidade em questão ou criadas pelos praticantes). Porém, não existem vários tipos de esportes, mas várias formas de manifestação do fenômeno esporte. Ao se referir a uma determinada modalidade esportiva, não é possível mencioná-la como um esporte, mas como parte dele. A mesma modalidade pode ser tratada sob valores, contextos e sentidos diferen- tes, embora mantendo suas características específicas (CAPELA; TAVARES, 2014). E um mesmo sentido pode ser adotado para diferentes modalidades. Por exemplo, é possível jogar vôlei sob normas do alto rendimento ou entre amigos, em um clube, como lazer. Da mesma forma, a natação pode se ex- pressar por meio de uma competição federada com árbitros profissionais, bem como na piscina de um clube em um final de semana. De qualquer forma, é necessário que o sentido adotado para a prática esportiva seja adequado ao ambiente onde ela ocorre e que seus valores sejam transmitidos de forma consciente pelos participantes e promotores da atividade. A Figura 1 ilustra a composição das formas de manifestação do esporte quanto ao sentido da prática. Figura 1. Formas de manifestação do esporte quanto ao sentido da prática. Fonte: Adaptada de Marques, Almeida e Gutierrez (2007). ESPORTE ALTO RENDIMENTO LAZER ALTO RENDIMENTO RESSIGNIFICADO Fenômeno sociocultural com diversas formas de manifestação Ambiente profissional Ambiente amador Normas formais do alto rendimento, num ambiente não profissional. Adaptação da prática às intenções, necessidades e possibilidades dos participantes. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil 5 Atualmente, nota-se que algumas manifestações se transformaram em lucrativo produto de consumo no mercado do esporte e lazer no país, ma- nipuladas pelo processo de mercadorização de bens culturais. A cultura brasileira também está relacionada à alta procura, por exemplo, pelo futebol que foi disponibilizado para a comercialização e deturpação dos sentidos/ significados que os norteiam como arte, esporte e lazer, campos de conhe- cimento teorizados pela educação física e que podem ser refletidos pelos profissionais dessa área também por esse viés, ao se pensar em políticas públicas de esporte e lazer. O esporte como amador e profissional O amadorismo e o profissionalismo nos esportes estão relacionados às inten- cionalidades subjacentes a essas práticas, que são atribuídas pelos indivíduos durante o processo de esportivização. De forma geral, o primeiro enfatiza a perspectiva de lazer, tendo no prazer e no divertimento seus principais objetivos, enquanto o segundo enfatiza a perspectiva do trabalho, tendo na busca de resultados e em um meio de sobrevivência seus objetivos principais. Segundo Stigger (2002), antigamente o esporte dividido como amador e profissional tinha distintos sentidos: um estava relacionado ao refúgio das classes superiores inglesas (amadorismo) e o outro estava relacionado a classes mais baixas, que necessitavam compensar o que deixavam de ganhar quando a ele se dedicavam. A crise entre amadorismo e profissionalismo, ocorrida em vários esportes, é uma das chaves para a compreensão do pro- cesso de democratização dessa prática, inicialmente reservada a amadores, mas posteriormente democratizada e transformada em espetáculo de massa. Segundo Kasznar e Graça Filho (2002), o esporte amador é considerado a base do esporte de um país, pois é a partir dele que surge o esporte profis- sional. As crianças, os adolescentes ou os adultos que praticam o esporte, seja na escola, no meio social ou visando ao alto rendimento (sem remune- ração), pertencem ao esporte amador. Assim, o esporte profissional depende diretamente do amador, tendo em vista que, para que uma atleta se torne profissional, ele depende de seu próprio empenho (KASZNAR; GRAÇA FILHO, 2002). Todavia, visando à profissionalização, o desenvolvimento de atletas amadores depende de diversos fatores, como infraestrutura, orientação e suporte adequados (TOLEDO, 2005). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil6 O Brasil, segundo a Constituição de 1988, é um país de moderado desen- volvimento econômico, de modo que grande parte dos recursos públicos é alocada para outras áreas que não educação, esporte e cultura (BRASIL, 2001). Diante disso, antigamente, o esporte amador necessitava de apoio de instituições privadas, como clubes, academias e instituições privadas de ensino, para se desenvolver, tornando-se somente restrito às classes média e alta, que conseguiam arcar com as mensalidades. Atualmente, porém, já é observado um aumento da promoção dessa prática em instituições públicas, organizações não governamentais ONGs, entre outros espaços que incentivam a prática do esporte amador (STAREPRAVO, 2021). Entretanto, hoje ainda é difícil distinguir o atleta profissional do amador, independentemente do tipo de modalidade. Por exemplo, não basta um jogador participar de um campeonato em que se aplicam as regras oficiais da modalidade: informações sobre a entidade promotora da disputa, idade dos jogadores, frequência dos treinos, obrigação de seguir as orientações dos dirigentes e o momento do sacrifício do atleta são os elementos básicos que determinam sua condição (SOUZA; VAZ; SOARES,2008). O esporte é um universo amplo, uma totalidade com várias formas de manifestações, e por isso seu entendimento não pode ser reduzido a uma única forma de expressão; é preciso considerar seus diferentes contextos (STIGGER, 2002). Isto é, o esporte se expressa, primeiramente, de acordo com o sentido que lhe é dado e sob as regras da modalidade esportiva em questão. Afirmações deterministas como “esporte é saúde”, “esporte não é saúde”, “esporte é segregação”, “esporte é integração” são insuficientes, pois qualquer ação esportiva tem que ser contextualizada. O papel das políticas de incentivo ao esporte O esporte e o lazer no Brasil ganharam ênfase nas últimas décadas do século XX e nas primeiras décadas do século XXI por sua constituição histórica, seu reconhecimento social e, sobretudo, pelos valores culturais que emanam, acrescidos de formação ética para a cidadania. Com a promulgação da Cons- tituição Federal de 1988, o esporte passou a figurar como um direito social. Além de ser garantido pelo texto constitucional, deve ser assegurado aos cidadãos brasileiros por meio de uma ação ativa (positiva) do poder pú- blico, cuja representação está centrada na figura do gestor público, ou seja, no exercício de sua função (PINTOS, 2018). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil 7 No que diz respeito às políticas públicas de esporte e lazer, o padrão histórico dominante é seletivo, fragmentado, excludente e setorizado. Mais recentemente, o poder público começou a desenvolver uma ação direta para a garantia dos direitos ao esporte e lazer, especialmente a garantia de lazer, quebrando com a tutela do Estado sobre o esporte brasileiro. A garantia dos direitos sociais, buscando a redução progressiva das desigualdades, torna-se um investimento garantido pelo Estado, o setor estatal não governamental e o setor corporativo. O compromisso compartilhado envolveu, pelo Estado, a regulamentação do lazer e da prestação de condições mínimas para a acessibilidade do lazer; por entidades não governamentais e corporativas, o desenvolvimento de políticas, programas e projetos de lazer; para comuni- dades e famílias, o dever de participar e colaborar com as ações desenvolvidas pelos diferentes setores (PINTO, 2008). Diversos fatores fazem o Brasil não ser somente reconhecido como o país do futebol, mas como o país de todos os esportes, valorizando as políticas públicas de esporte e lazer por meio da qualificação e do acesso aos espaços públicos, bem como garantindo programas sistemáticos. É possível fazer todos praticarem esporte nas escolas, nas ruas, nas praças, nas fábricas, no campo, em casa, em todos os lugares. Ganhar campeonatos e medalhas, em diferentes modalidades, poderá ser consequência disso, mas o objetivo central será formar cidadãos e cidadãs críticos e conscientes. Para que haja uma maior valorização e aumente o interesse da população no esporte e no lazer, é necessário que o Estado (esferas federal, estadual e municipal), a escola, a empresa, a entidade de classe, a ONG e, em especial, as entida- des gestoras do esporte e lazer entendam seu papel. A atuação e como vão atender a sociedade é algo que deve ser pensando por todos (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2011). Atualmente, nota-se uma fragilização das condições de vida da maioria da população brasileira, que, destituída de seus direitos, obedece às normas e aos valores impostos pelos modelos econômicos. É por essa razão que programas, projetos e ações sociais devem ser valorizados, com a intenção de minimizar os efeitos da conjuntura apontada e, quiçá, superá-los. Nesse sentindo, o esporte, para ser desenvolvido, necessita de incentivos públicos e privados, em que a maioria dos recursos públicos é destinada ao desenvol- vimento do esporte educacional, social e não profissional. Os investimentos privados estão voltados para o esporte de rendimento e profissional, mas há entidades educacionais e esportivas privadas que também fomentam o esporte educacional e social (CUNHA et al., 2010). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil8 Diante disso, são elementos fundamentais para que ocorram maior en- volvimento e maior permanência no esporte de crianças e adolescentes em programas e projetos (PINTOS, 2018): � acessibilidade à diversidade de experiências nos campos do lazer e do esporte; � exercício da cidadania; � prioridade de acesso às pessoas em situação de vulnerabilidade social; � articulação do lazer e do esporte com outras esferas sociais, sobretudo com o trabalho; � percepção do potencial educativo de todas as ações no campo do lazer e do esporte; � consideração da dimensão lúdica e da diversidade. A legislação de incentivo ao esporte pode contribuir para o desenvolvi- mento e acesso às práticas esportivas da população em geral por meio de políticas públicas que vão além de desenvolver programas esportivos para a sociedade. Para que sejam colocadas em prática essas políticas, é preciso que ocorra um mapeamento do espaço social onde serão desenvolvidas a fim de compreender a intersubjetividade dos agentes envolvidos: o Estado, sujeito ativo da política pública, e a sociedade, destinatária da política esportiva (STAREPRAVO; SOUZA; MARCHI JUNIOR, 2011). Por outro lado, é preciso que essas políticas públicas sejam acompanhadas a fim de verificar sua efetivação e seus efeitos na sociedade. Deve-se, então, analisar o sentindo da norma ou do decreto que lhes deu origem e verificar que estejam sendo garantidas na prática para a população. Com isso, avaliar política pública é tarefa que permite não apenas revelar as contradições existentes entre as determinações legais e a operacionalização das ações e dos programas governamentais, mas também combater o desperdício e canalizar recursos públicos para projetos mais eficientes (ATHAYDE; MASCA- RENHAS; SALVADOR, 2015). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil 9 O controle social aparece inscrito na Constituição de 1988 com o sentido de participação da população na elaboração, implementação, fiscalização e avaliação dos resultados alcançados pelas políticas públicas. Para isso, precisa ser tratado como um processo contínuo e em permanente cons- trução. A avaliação das políticas públicas deve ser um instrumento de atuação do Estado e da sociedade em conjunto. Nesse processo, a participação popular tanto na avaliação quanto na formulação das políticas públicas de esporte e lazer é fundamental para reverter o enfraquecimento do esporte como direito social constitucionalmente tutelado (WERLE, 2010). A história do esporte e do lazer acompanha a história da sociedade e, no caso do Brasil e do esporte, conta com forte presença do Estado brasi- leiro em suas questões. Além dos aspectos legais ocorridos no século XX, o processo de urbanização vivido pela sociedade brasileira no mesmo período criou necessidades e levou a população a reivindicar, junto aos governantes, políticas públicas de esporte e lazer (PINTOS, 2018). A participação popular das políticas públicas de esporte e lazer visa a (MELO, 2008): � priorizar a participação ativa da população; � valorizar as manifestações esportivas de nossa cultura, buscando ampliá-las qualitativamente; � efetivar a apropriação de sua prática, de sua assistência e de seu conhecimento; � garantir o esforço de mobilização, organização e capacitação da po- pulação em busca da cogestão entre grupos comunitários e o poder público, na prática de lazer e, consequentemente, da autonomia. Todavia, é importante ressaltar que, apesar dos avanços que vêm ocor- rendo na área do esporte e lazer, nos anos recentes o Brasil tem prezado mais fortemente pelo esporte de alto rendimento, tendência desencadeada pela Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016, ambos mega- eventos esportivos realizados no país. O papel do Estado, apesar de apontar para todos os três âmbitos de desenvolvimento do esporte, tem direcio- nado esforços e políticasapenas para o de rendimento. Mais precisamente, se observarmos as políticas implementadas visando à captação de verbas para o desenvolvimento de projetos e equipes esportivas, visualizaremos leis que embasam o referido argumento (BONALUME, 2011). Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil10 Possibilidades de incentivo ao esporte e ao lazer a partir da legislação brasileira A falta de acesso universal e igualitário às práticas de esporte e lazer nos municípios brasileiros é um problema social. Diante desse cenário, Melo (2008) sugere que a reflexão sobre esporte e lazer parta do princípio de que são práticas imersas e articuladas com um conjunto de valores, normas, hábitos e formas de viver, que são dinâmicas e, por vezes, conflituosas. Políticas públicas precisam criar, estruturar e gestar democraticamente sistemas complexos de esporte que direcionam o funcionamento das entidades esportivas, aproxi- mando e relacionando as manifestações esportivas (educacional, de lazer e de alto-rendimento) e fomentando a prática esportiva com a estruturação e manutenção de espaços, a aquisição e conservação de equipamentos e a elaboração e execução de programas esportivos para todos. O objetivo é garantir os direitos do cidadão e atender às demandas da população brasi- leira, conforme consta nas leis brasileiras e na compreensão do conceito de política pública (CAPELA; TAVARES, 2014). A Constituição Federal de 1988 introduziu os princípios de organização política que permitiram avançar para um modelo mais universalista e iguali- tário, fortalecendo as políticas sociais (BRASIL, 1988). As alterações realizadas na Constituição indicaram para uma maior responsabilidade dos municípios em relação à formulação e implementação de políticas sociais, embora sem anunciar claramente que meios serão para isso utilizados. No contexto do esporte e do lazer, identifica-se que a Constituição Federal de 1988 é o marco da ampliação desses direitos, pois, até então, não havia registro claro na legislação que expressasse esse entendimento (STAREPRAVO, 2009). Apesar de o esporte ser reconhecido como um direito humano, nem sempre é considerado prioridade, tornando-se um direito muitas vezes esquecido (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2011). Seu potencial como ferramenta para o desenvolvimento sustentável do ser humano ainda precisa ser plenamente assimilado pelo Estado e pela sociedade. Dessa maneira, o envolvimento de todos os setores da sociedade no desenvolvimento do esporte é um rico objeto de análise de políticas públicas. Nesse sentido, o orçamento público como ferramenta de análise de políti- cas públicas tem grande importância para as sociedades contemporâneas, pois é instrumento que codifica as escolhas alocativas em valores, consequência de um processo de negociação entre os poderes constituídos (SILVA; SANTOS; AVILA, 2013). De fato, trata-se de um vetor interpretativo da sociedade polí- Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil 11 tica, uma vez que indica quais serão os setores beneficiados com os gastos e investimentos previstos (ATHAYDE; MASCARENHAS; SALVADOR, 2015). Por meio do esporte, seja educacional ou de rendimento, as políticas públicas têm acontecido em articulação a outras esferas do poder público, o que não desprivilegia o lazer, mas, pelo contrário, o tematiza como suporte operacional, a exemplo das políticas focadas nos megaeventos, que tendem a deixar, como legado, as estruturas físicas e a prática esportiva como meio de promoção do lazer. As políticas públicas de esporte e lazer no Brasil têm rumado na direção de considerar o lazer como uma prática transformadora, no sentido de promover a autonomia dos sujeitos por meio de atividades de convivência social e de renovação e transmissão cultural (MARIANO; MAR- CELLINO, 2010). Atualmente, há uma tendência a reduzir as desigualdades de acesso a atividades esportivas e de lazer, bem como maior abertura por agências governamentais, participação social no processo de tomada de decisão e diminuição da ocorrência de políticas. É importante ter em mente que a legis- lação brasileira colabora de determinada maneira, desde uma imagem, uma vez que estabelece esporte e lazer como direitos e deveres dos cidadãos. Isso caracterizou as principais ações em esportes e lazer no país, e esse modelo de políticas públicas é constantemente transformado (EL TASSA; LOVATO, 2014). Para a abertura das instituições públicas de participação social, essa forma de ação, se não for fortalecida, pode abrir espaços para políticas de saúde e mercados, bem como pode contribuir para a crescente desigualdade de acesso a atividades esportivas e de lazer. A participação social em políticas públicas e de lazer e sua aplicação em nível nacional por meio do sistema nacional de esportes e lazer e de conferências esportivas nacionais podem ser consideradas termos políticos no país, uma vez que reforçam a democracia, facilitam o acesso à população e endereçam as necessidades das pessoas, com um impacto significativo na percepção da qualidade de vida (EL TASSA; LOVATO, 2014). Diversas são as possibilidades de incentivo ao esporte que podem ser aplicadas em diferentes setores. Alguns desses projetos não são mais de- senvolvidos, mas outros ainda estão em execução, a exemplo do Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC), que possibilita o acesso ao esporte de forma recreativa. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil12 O PELC, além de proporcionar a prática de atividades físicas, jogos e brincadeiras que envolvam todas as faixas etárias e, inclusive, as pessoas com deficiência, estimula a convivência social, a formação de ges- tores e de lideranças comunitárias, e fomenta a pesquisa e a socialização do conhecimento, contribuindo para que o esporte e o lazer sejam tratados como políticas públicas e direito de todos (EL TASSA; LOVATO, 2014). No Brasil, o esporte ainda é pouco valorizado e explorado pelas iniciativas públicas e privadas. O investimento no esporte pode ser uma possibilidade de crescimento econômico para o país, mas, para que isso ocorra, é preciso ter pessoas competentes envolvidas. O indicado é ter um profissional da área de gestão esportiva ou que tenha o mínimo de conhecimento para desenvolver as estratégias adequadas. Além disso, é preciso, no lugar de criar leis de incentivo ao esporte e a projetos olímpicos e de fornecer bolsas aos atletas, preocupar-se com o esporte não profissional a nível escolar, investindo em infraestrutura adequada e em profissionais de educação física especializados (STAREPRAVO, 2009). Por fim, o esporte gera muitos benefícios tanto na saúde física quanto na saúde mental, independentemente da modalidade. Quando o esporte é praticado por prazer, ou seja, como lazer, sem obrigação, é considerado amador. Já o esporte como uma ocupação especializada, visando à vitória, é considerado profissional. Diante disso, o esporte pode ser praticado como um hobby ou visando à profissionalização e, consequentemente, à competição (obedecendo a regras e horários, por exemplo), a ponto de o atleta aplicar regras e novos hábitos em seu dia a dia. Embora se perceba um considerável avanço em relação aos incentivos ao lazer e ao esporte, tem-se, de outra parte, uma carência de programas e ações governamentais que sigam nessa direção. As políticas de incentivo são importantes para envolver uma comunidade em ações positivas, e é preciso empreender mais do que programas e projetos na área do esporte de rendimento, investindo, também, em políticas voltadas a grandes centros populacionais, que se encontram em situação de risco social e sem acesso às práticas de esporte e lazer. Políticas públicas de esporte e lazer no Brasil 13 Referências ALMEIDA, M. A. B. de; GUTIERREZ, G. L. Políticas públicas de lazer e qualidade de vida: a contribuição do concito de cultura para pensar as políticas de lazer. In: VILARTA, R. Qualidade de vida e políticaspúblicas: saúde, lazer e atividade física. Campinas: Ipes, 2004. p. 67-84. ATHAYDE, P.; MASCARENHAS, F.; SALVADOR, E. 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Suponhamos que você seja dono de uma escola de esportes de areia com times (duplas e coletivos) de diferentes modalidades, como handebol, volêi e futevôlei. Você quer expandir essas práticas e unir as várias equipes que atuam na cidade. Sendo assim, responda: a) Quais estratégias você utilizaria? b) Quais são os benefícios de um sistema de gestão? PESQUISA Saiba mais sobre o Programa Segundo Tempo https://www.youtube.com/watch?v=D3fTkHf5dFU Assista a este vídeo sobre o Programa Segundo Tempo (da Lei de Incentivo ao Esporte) e suas ações para desenvolver o esporte na comunidade. N