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E S C R I T O P O R : M A T H E U S C A M P O S A L I N E G U A R I E N T O P R I S C I L A X A V I E R H E R M I N I A A M O R I M F E R N A N D A C A R M O N A C A R L A M E I R E L E S S A N D R A V A L A D Ã O N A I A R A F L A U Z I N O O MAU COMPOR TAMENTO O QUE É? DE ONDE VEM? COMO LIDAR? E S C R I T O P O R : M A T H E U S C A M P O S A L I N E G U A R I E N T O P R I S C I L A X A V I E R H E R M I N I A A M O R I M F E R N A N D A C A R M O N A C A R L A M E I R E L E S S A N D R A V A L A D Ã O N A I A R A F L A U Z I N O C A P A E E D I Ç Ã O : M A T H E U S C A M P O S ESTE EBOOK FOI ELABORADO POR PROFISSIONAIS DEFENSORES DA INFÂNCIA DA FORMAÇÃO EM ATUAÇÃO CONSCIENTE PELA ESCOLA DA EDUCAÇÃO POSITIVA. SUMÁRIO O QUE É MAU COMPORTAMENTO? O significado do termo e a visão da sociedade hoje. A neurociência explica Orientações para lidar com o comportamento desafiador INTRODUÇÃO Você está no caminho certo. Saindo do raso. POR QUE ACONTECE? COMO LIDAR? CONCLUSÃO 04 05 07 14 18 INTRODUÇÃO VOCÊ ESTÁ NO CAMINHO CERTO 04 Querido leitor, Se você chegou aqui é provável que o "mau comportamento'' seja um desafio para você assim como para muitos adultos. Este ebook foi elaborado com embasamento em neurociência desconstruindo a visão do senso comum sobre “mau comportamento” e revelando o que ele realmente é e o que ele pode comunicar. Esperamos de todo coração que você obtenha aqui o esclarecimento que busca e aprenda a conduzir de forma respeitosa, pois acreditamos na Educação Positiva como caminho para relações saudáveis. Boa leitura! O QUE É O MAU COMPORTAMENTO? A ORIGEM DO TERMO E A VISÃO DA SOCIEDADE HOJE Vamos falar sobre “mau comportamento” infantil? O Google traz a seguinte definição: "O mesmo que má conduta, atuação ruim. Termo muito usado para se referir ao comportamento das crianças." O que é um “mau comportamento” infantil para você? Seria falta de educação, grosserias, desobediência, agressividade sem motivo, ação ruim, falta de limites, estupidez, pirraça, ação fora do padrão, maldade infantil, desrespeito, invadir o direito do outro, birras, bater, morder, indisciplina? Essas foram algumas das 199 respostas que recebemos para essa pergunta, em um formulário compartilhado em grupos de mães, famílias e amigos no WhatsApp. Quando perguntamos: "Por que você acha que as crianças se comportam dessa maneira", as repostas foram: "Para chamar a atenção; reflexo de agressividade; por culpa dos pais; porque não foram educadas; pelo caráter da criança; falta de educação da família"... dentre outras no mesmo sentido. No formulário respondido apenas 3 respostas apontavam que o comportamento era uma forma de comunicação de necessidades infantis não atendidas. Tanto a definição trazida pelo Google como a maioria das respostas dos formulários nos revelam que há um entendimento equivocado da sociedade a respeito do comportamento das crianças. Revelam-nos também que há um desconhecimento geral sobre o desenvolvimento físico, neurológico e emocional infantil. 05 A origem do termo “mau comportamento” vem de crenças do século XIX – XX. Acreditava-se que a criança nascia com uma alma maléfica (demoníaca) e por isso deveria ser salva por um adulto. Por incrível que pareça, esta crença segue até os dias atuais reforçando a ideia de que o comportamento é malicioso, egoísta e mal intencionado para manipular o adulto (como foi observado no questionário citado acima). Esta é uma visão totalmente adultocêntrica, ou seja, a prioridade é atender às necessidades do adulto. E, com isto, a criança deixa de ser vista. Portanto, podemos concluir que esse olhar está intimamente ligado à necessidade de aprovação social do adulto em exercer seu controle sobre a criança. Este olhar, inclusive, é reforçado pelos Behavioristas, que acreditam que todos os comportamentos são resultados de experiências e condicionamentos. Ou seja, acreditam que uma criança pode ser consertada observando somente o se comportamento e condicionando- a. Pesquisas na área da neurociência já esclareceram que o "mau comportamento" da criança é uma forma de comunicação. Não só as crianças, como também os adultos, demonstram, por meio do comportamento, sentimentos e necessidades não atendidas. O comportamento é a forma, o recurso que a criança tem para demonstrar, de acordo com sua fase de desenvolvimento, que há necessidades físicas e/ou emocionais não atendidas. Ou seja, o comportamento é um pedido de ajuda, um pedido de socorro. A birra, por exemplo, é o comportamento da criança em resposta a uma forte frustração. A neurociência comprova que essa reação à frustração é puramente biológica, saudável e natural. Assim como o bocejo revela cansaço (necessidade física) a birra revela frustração (sentimento que vem da emoção raiva). Agora que você compreendeu que o "mau comportamento" da criança é a sua forma de comunicar (pedir socorro) que algo não está bem. Deve estar se perguntando o que fazer então diante de um comportamento desafiador de uma criança? Como decifrar o sentimento ou a necessidade por trás do comportamento? A seguir vamos apresentar o que a neurociência revela sobre o “mau comportamento” infantil, porque acontece, o que está por trás do “mau comportamento,” e como lidar. 06 Corpo físico: pode manifestar necessidades básicas como fome ou sede, dor crônica, problemas intestinais (constipação ou diarréia), sono. Sensações: incômodo ao processamento dos sons e estímulos, toques, ao que é visto, cheiros, sabores e movimentos percebidos. Pensamentos/ Sentimentos: interpretações do cérebro infantil. Por exemplo: sou menos amada que minha irmã, me sinto sozinho. A neurociência é o campo científico que estuda o funcionamento do Sistema Nervoso, que tem a função de coordenar e regular as atividades corporais. O principal órgão deste sistema, para que possamos compreender o comportamento infantil, é o Cérebro, do qual faz parte o Córtex Pré-frontal, (localizado na área frontal do cérebro) região responsável pela regulação emocional, controle racional de comportamentos. Um fato curioso e extremamente importante é que o Córtex Pré- Frontal é uma das regiões cerebrais de desenvolvimento mais lento. Ele começa a se desenvolver por volta de 4 anos. E, diferente do que acreditava-se, ele não termina o seu desenvolvimento na infância. A neurociência comprova que ele só estará completamente desenvolvido por volta de 25 a 28 anos, ou seja, somente por volta desta idade acontece a maturidade cerebral. Portanto, interpretar o comportamento infantil como mau, intencional ou malicioso, vai contra a verdadeira biologia do corpo humano, a natureza humana e a ciência. O cérebro da criança ainda é imaturo e cada criança tem o seu ritmo a partir das experiências que tem. Uma ótima analogia para compreender o mau comportamento é imaginar um iceberg. A ponta dele representa o comportamento infantil (o que é visto e incomoda o adulto) e a parte submersa representa as necessidades não atendidas da criança. A principal composição do iceberg, embaixo da água, sugere necessidades e sentimentos manifestados pela criança: Quando passamos a enxergar o comportamento com um olhar respeitoso, entendemos que comportamento é comunicação, e todo “mau comportamento” é visto como um pedido à uma necessidade não atendida. POR QUE ACONTECE? A NEUROCIÊNCIA EXPLICA 07 08 O QUE O ADULTO VÊ: MAU COMPORTAMENTO MEDO INSEGURANÇA FOME SONO CANSAÇO “ "NÃO ME SINTO IMPORTANTE” O QUE REALMENTE PODE SER: “ME SINTO INCAPAZ” “NAO ME SINTO RESPEITADO” “NÃO ME SINTO AMADO” AGRESSIVIDADE PALAVRÕES BIRRAS DESOBEDIÊNCIA QUESTIONAMENTOS GRITOS AGITAÇÃO MORDIDAS "NÃO ME SINTO VISTO" IMATURIDADE NEUROLÓGICA "NÃO ME SINTO OUVIDO"" 09 Você já ouviu falar do nosso "radar" de ameaça? Todo ser humano tem um radar de ameaça chamado Neurocepção, (Porges, 2004) é um o estado de vigilânciacontínua do cérebro e do corpo diante da ameaça do ambiente. Nosso subconsciente mantém o tempo todo esse estado de alerta sobre segurança ou necessidade de ação para se salvar de uma ameaça. É como se nosso sistema nervoso rastreasse o tempo todo o nosso ambiente para garantir segurança. Se uma criança, mesmo que de forma equivocada, se sente ameaçada, seu corpo/mente irão conduzir para respostas de defesa de acordo com o grau da ameaça. Aqui é essencial dizer que a forma como o adulto se comporta diante dessa criança pode aumentar ou reduzir essa sensação de ameaça. Por exemplo, se o adulto serra os dentes, intensifica o tom da voz, faz movimentos mais rápidos, o sistema nervoso infantil automaticamente identifica ameaça e inicia suas respostas para se defender. Se garantimos para a criança que ela está segura, automaticamente essa criança deixará de se defender. Cada indivíduo carrega sua própria Neurocepção, uma situação que pode não parecer ameaçadora para uma criança pode ser muito ameaçadora para outra. Memórias intrínsecas traumáticas desencadeiam uma sensibilidade aumentada para ativar a Neurocepção de risco, desencadeando na criança respostas corporais mais intensas (Exemplo: estresse tóxico pré-natal e perinatal). Essas crianças carregam em si a mensagem de que estão em ameaça mesmo quando o ambiente está seguro. Na nossa sociedade, quando as crianças se sentem ameaçadas reagem a essa sensação apresentando comportamentos desafiadores, que são vistos pelos adultos como 'mau comportamento' e por isso são punidas, negligenciadas, agredidas fisicamente e emocionalmente. Diante disso, as crianças se sentem incapazes e não aceitas pela sociedade, promovendo a intensificação do comportamento. Em muitos casos, estas crianças são diagnosticadas como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e são medicalizadas. Elas não deixam de precisar de um olhar mais atencioso, mas são anestesiadas quando o pedem. O RADAR DE AMEAÇA O nosso Sistema Nervoso Autônomo é responsável pelas respostas corpóreas de acordo com a nossa percepção do mundo. Veja a imagem a baixo: ZONAS DE ATIVAÇÃO 10 Para entender melhor sobre o comportamento do ser humano a autora Mona Delahooke sugere a divisão didática do Sistema Nervoso Autônomo em 3 zonas: 11 Zona Verde - representa o Nervo Vago Ventral que é responsável pela socialização, engajamento social, habilidade de se relacionar com os outros. É ativado quando a criança recebe contato físico, fornecendo a sensação de segurança, amor e conforto. Manifesta através da curiosidade, espontaneidade, face sorridente, sem tensão muscular, correndo, brincando e pulando. Zona Vermelha - representa nosso Sistema Nervoso Simpático que é ativado rapidamente quando nosso radar (Neurocepção) detecta algum tipo de ameaça (parte submersa do iceberg). O sistema quando ativado prepara a criança para lutar ou fugir, aumentando a força dos músculos, intensificando gritos, choros, agressividade(mordidas, empurrões). Zona Azul - representa o Sistema Nervoso Parassimpático (Nervo Vago Dorsal) que é ativado com a intenção de poupar energia para sobrevivência e responde com congelamento. A criança se torna hipoativa, perde seu brilho no olhar e curiosidade, se movimenta menos, fica silenciosa ou fala baixo e atende a tudo que o adulto solicita sem questionar. Toda sensação de ameaça ativa a zona vermelha que libera hormônios estressores desencadeando uma série de respostas fisiológicas no corpo da criança com objetivo de buscar segurança para sobreviver ao meio. Para a interrupção dessas respostas, o cérebro humano utiliza-se do centro inibitório localizado no córtex pré frontal, ainda não desenvolvido no cérebro infantil. Por esse motivo, é impossível uma criança inibir um comportamento desafiador diante de uma ordem ou por condicionamento. A falsa sensação de que violências (gritos, desprezo, chantagem, punição, agressões físicas, ameaças, premiações) “resolvem” acontece porque o corpo dessa criança diante do medo entra em congelamento (zona azul). Isso não significa que essa criança deixou de precisar, significa que ela desistiu de buscar auxílio. Todas as vezes que o sistema simpático (vermelho) não consegue trazer essa criança para zona verde (de segurança), esse sistema perde a esperança ou se cansa (poupa energia) e então veremos um sistema de resposta totalmente desligado. 12 BRINCA SE MOVIMENTA VIVE O PRESENTE COMPAIXÃO ESPONTANEIDADECURIOSIDADE HONESTO FUGA PREOCUPAÇÃO MEDO ANSIEDADE IRRITAÇÃO RAIVA INFELIZ VERGONHA NÃO QUESTIONA QUIETO DEPRESSÃO ISOLAMENTO SEM EXPRESSÃO LUTA E FUGA PANICÔ FRUSTAÇÃO SE G U R A N Ç A ES TÍ M U LO \ A M EA Ç A ENGAJAMENTO SOCIAL CONGELAMENTO DESA TIV A ÇÃ O ACOLHIMENTO Importante frisar que a criança não aprende diante de situações ameaçadoras pois o córtex pré-frontal, além de imaturo, fica inativo. Isso acontece porque pensar quando é necessário agir demandaria muito tempo e seria uma ameaça maior a vida. As criança que permanecem congeladas (zona azul), ao contrário do que se acredita, não estão se “comportando bem"ou sendo “boazinhas”, ”tímidas” ou “comportadas” como a sociedade adultocêntrica idealiza e elogia. O que acontece é que esse corpo imaturo infantil passa a não lutar mais para que suas necessidades sejam atendidas. Essa situação precisa de intervenção imediata e intensificada porque seu sistema interno permanece desorganizado e desequilibrado do ponto de vista físico, biológico e emocional resultando em diversas consequências negativas ao longo da vida. Todo ser humano flutua entre as zonas verde (segurança), vermelha (ameaça) e azul (congelamento) durante o dia. Mas um ponto de atenção é quando as crianças permanecem por um período maior na zona azul ou vermelha. LENTES DO ADULTO 13 Muitos comportamentos são identificados pelos pais como inadequados, porém fazem parte da fase de desenvolvimento da infância. Por exemplo, é esperado que uma criança de 1 ano jogue alimentos pelo chão ou que a criança de 2 anos apresente uma explosão emocional. Outro ponto a ser considerado, é que quando a memória intrínseca do adulto traz dores a qual ele vivenciou na infância, um comportamento simples da criança pode incomodá-lo de uma forma intensa. Isso acontece porque aquele comportamento desencadeia uma neurocepção de ameaça por uma memória anterior, e o adulto passa para a zona vermelha e passa a ver o próprio filho como ameaça. Por exemplo: esse adulto que brincava gritando na sua infância sempre recebia castigos e/ou violência física. Hoje seu corpo reage a gritos interpretando como ameaça, então o brincar do filho começa a ser visto como mau comportamento. Você já percebeu que quando acordamos irritados, tristes ou com medo a criança manifesta mais comportamentos desafiadores? Isso acontece porque a criança é capaz de manifestar pelo adulto aquilo que ele reprime e de captar toda linguagem corporal (que revelam emoções) de uma forma muito precisa devido a fusão emocional com o cuidador principal. Diante dessa captação ela se sente insegura e manifesta através de comportamentos desafiadores. E agora? O que fazer? “Se estamos com a impressão de que elas não estão cooperando, ou é porque cooperaram muito por muito tempo ou porque sua integridade foi ferida.” (Jesper Juul) Agora que entendemos que todo comportamento é uma comunicação, é notório que punir e/ou interromper uma criança por seu comportamento desafiador é totalmente ineficaz. O fato do comportamento ser interrompido não significa que houve aprendizado, pois não existe aprendizagem quando a zona vermelha (luta e fuga) está ativada. “Nós não podemos machucar fisicamente nossas crianças ou restringir suas liberdades pessoais ou sociais com consciência limpa. É este o motivo pelo qual nos utilizamos destas justificativas familiares: "é para o seu próprio bem!"; "você compreenderá isso quando crescer!"; "você tem que aprender a se adaptar!";"dói em mim mais do que dói em você!; "se você não ouvir,teremos que ficar martelando isso em você!" (Jesper Juul) O ideal é que o cuidador principal se torne um verdadeiro detetive para desvendar o que há por trás do comportamento desafiador. Algumas indagações que podem ser usadas para essa investigação são: Quais necessidades dela não estão sendo atendidas? Estamos tendo momentos juntas? Ela quer se sentir pertencente? Ser ouvida? Está imitando um comportamento dos pais? Está se sentindo insegura? Está com sono, fome? Ou a soma dessas coisas? Houve mudança no dia a dia da criança? Está expressando algo que reprimo em mim? Para facilitar a compreensão, vamos fazer uma analogia a um copo d’água. Se esse copo finaliza o dia vazio, é necessário que ele seja preenchido de alguma forma. A criança da mesma forma busca que suas necessidades sejam atendidas da maneira que ela consegue de acordo com seu desenvolvimento infantil. COMO LIDAR? ORIENTAÇÕES PARA LIDAR COM O COMPORTAMENTO DESAFIADOR 14 15 A conexão é a base que fundamenta as relações humanas. Ela vai muito além da presença física, precisamos estar emocionalmente disponíveis para se vincular ao outro. E isso significa: escuta ativa, validação de sentimentos, toque, olho no olho, tom de voz suave, interesse genuíno. O grande equivoco de nós adultos é pensar que é preciso resolver o problema da criança pra que ela se acalme, mas não existe resolução antes da conexão a não ser que a criança esteja em situação de perigo. "Somos todos pais imperfeitos. E tudo bem, pois nossos filhos não precisam de perfeição, e sim de conexão''. L.R Knost. Veja na próxima página uma orientação de condução respeitosa diante de um comportamento desafiador da criança ilustrado pelo jogo da Amarelinha. PROTEÇÃO PROXIMIDADE PASSATEMPO PREVISIBILIDADE A criança precisa sentir que está em segurança para ser quem é. É muito além de rotinas, é a criança saber que sempre vai encontrar em seus pais o mesmo acolhimento emocional que precisa para suprir suas necessidades, mesmo em seus piores momentos. Não é apenas presença física, mas presença emocional. Brincar é uma necessidade da criança. Ela precisa desses momentos de movimentos. E esses momentos com a participação dos pais contribui para o seu desenvolvimento. BUSCAR SOLUÇÃO CO-REGULAÇÃO CONEXÃO IDENTIFICAR EMOÇÕES 16 Ajudar a criança a entender e nomear o que ela está sentindo naquele momento como raiva, medo, tristeza ou alegria. Buscar junto à criança uma solução de forma respeitosa, amorosa e acolhedora. Como já foi dito, por causa do seu cérebro imaturo a criança não consegue se regular sozinha, por isso precisa de alguém com o cérebro maduro, no caso um adulto, que lhe ajude a entender e passar por sua explosão emocional, e assim voltar para o seu equilíbrio emocional. A comunicação acontece quando a criança se sente segura para expressar livremente sobre o que sente, pensa e necessita. COMUNICAÇÃO A conexão acontece quando existe disponibilidade genuína do adulto, olho no olho, escuta ativa, tom de voz suave, quando não expresso julgamento e demonstro presença. 17 Quando o adulto questiona: “Por que eu não consigo reagir bem, mesmo sabendo o que eu deveria fazer, o que é melhor?”. Respire e dê um passo para trás, provavelmente a resposta está na sua história de vida e nos novos aprendizados que você precisa trazer (gatilhos da sua memória intrínseca). Em muitos casos estes gatilhos produzem respostas corporais muito intensas e automáticas. Para esse tipo de resposta é necessário entender que se trata da resposta reflexo (corpo-mente), a mesma que acontece na primeira infância: primeiro ocorre a ação e depois a consciência do que aconteceu. E para interrompê-las é muito além do querer, o corpo precisa ser trabalhado para que o mundo deixe de ser ameaça. Uma das terapias que possui este tipo de abordagem é a terapia somática. Ambas além do autoconhecimento, fortalecem mensagens corporais de que a vivência passada não é uma ameaça. Uma forma de promover a regulação emocional durante o comportamento desafiador da criança é a estratégia de respiração juntos, respirar lento com a criança encostada no nosso corpo, respirar alto ou bater palmas em um ritmo lento. A partir do 7 anos, se esta criança recebeu de forma efetiva co-regulação, a resposta intencional (mente-corpo) começa se desenvolver. Através da mente a criança começa a ter a capacidade de controlar suas ações. E assim, possíveis estratégias de co-regulação seriam frases como: “está tudo bem”, “está tudo certo”, “você pode ficar tranquila”, “você está segura”, “você está protegida”, isso faz com que a respiração e o batimento cardíaco desacelerem. Crianças que tem a sua conexão mente-corpo compreendida, se tornam mais resilientes, tolerantes, além de ficarem menos sensíveis a estímulos do ambiente. Muitos adultos ainda não passaram por esse processo, não desenvolveram essa habilidade e permanecem no corpo-mente. Precisamos entender que o comportamento infantil nunca é pessoal a nós, e sim algo para nós, como um pedido, porque somos seus cuidadores, as pessoas em quem eles confiam para guiá-los na vida. SE OS DESAFIOS PERMANECEM 18 A abordagem, interpretação e condução do mau comportamento pela educação tradicional é rasa e ineficaz por ser repleta de crenças limitantes. Esta abordagem violenta a infância, indo totalmente ao contrário da biologia humana. Por isso a desmistificação de crenças e uma condução mais respeitosa é urgente, principalmente na infância. Afinal, a Neurociência também comprova que os primeiros anos de vida são fundamentais em nosso desenvolvimento físico, emocional, psíquico. Todas as vezes que vamos contra a própria natureza humana, o nosso corpo busca o equilíbrio. E a busca constante desse equilíbrio, sem o apoio de um adulto protetor, resulta em desregulação interna e consequentemente em em doenças físicas e mentais ao longo da vida. "Descontrolar-se por causa do comportamento de uma criança equivale a entregar na mão dela o controle remoto das nossas reações." (Isabelle Filliozat) Ao invés de enxergar as crianças como problemas que possamos vê-las em sua plenitude: genuínas, curiosas, espontâneas e amorosas. Ampliar nossa visão é um chamado para a verdadeira conexão com nossas crianças e com nós mesmos. Enquanto permanecemos no raso deixamos de nos relacionar com o que há de mais puro do universo infantil. SAINDO DO RASO CONCLUSÃO OS ESCRITORES MATHEUS CAMPOS Tocantinense, trabalha como missionário de forma voluntária e em tempo integral na JOCUM (Jovens Com Uma Missão), em Curitiba - PR. Educador Parental, Conselheiro Infantil e graduando em Pedagogia. ALINE GUARIENTO Paulistana, casada, mãe da Isabela e do Rafael. Educadora Parental, farmacêutica e graduanda em Psicologia. @foiomatheus PRISCILA XAVIER Mineira de origem mas reside na Flórida (USA). Mãe do Mateus e do Benício. Educadora Parental, Médica Pediatra, pós graduada em Pediatria Integrativa e membro do Comitê de Pediatria Consórcio Acadêmico Brasileiro de Medicina Integrativa (CABSIN). HERMINIA AMORIM Capixaba, casada, mãe da Laura e do Caio. Educadora Parental e Administradora. @alinehguariento @transformandopais @drapriscilaxavierpediatra (existe um link clicavél em cada @ que leva direto para o perfil de cada autor) http://www.instagram.com/foiomatheus https://www.instagram.com/alinehguariento/ https://www.instagram.com/transformandopais/ https://www.instagram.com/drapriscilaxavierpediatra/ FERNANDA CARMONA Mineirinha, casada, mãe da Luiza, Isabela e Anna. Educadora Parental e Comunicologa. CARLA MEIRELES Capixaba, casada, mãe do Miguel e da Mariana. Educadora Parental e Pedagoga/Psicopedagoga. @fecarmonamentora SANDRA VALADÃO Mineira, casada, mãe de Lucas e Davi. Educadora Parental e servidora pública. NAIARA FLAUZINO Mineira, casada, mãe da Elisa. Educadora Parental e Administradora. @carlameirelespedagoga @naiaraflauzino @sandroca2127 OS ESCRITORES https://www.instagram.com/fecarmonamentora/ https://www.instagram.com/carlameirelespedagoga/https://www.instagram.com/naiaraflauzino/ https://www.instagram.com/sandroca2127/ BIBLIOGRAFIAS Siegel, D. J., Bryson, T. P., & Zanon, C. (2015). O cérebro da criança. New York, 2011; Stephen W. Porges and Deb Dana, eds., Clinical Applications of the Polyvagal Theory: The Emergence of Polyvagal -Informed Therapies. Stephen W. Porges. “Neuroception: A subconscious System for Detection Threats and safety”. 2009 Porges SW. The polyvagal theory: new insights into adaptive reactions of the autonomic nervous system. Cleve Clin J Med. 2009; Gerhardt, Sue. Por que o amor é importante: como o afeto molda o cérebro do bebê - 2. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2017; Delahooke, Mona. Brain-Body Parenting. Eau Claire. 2022; Nelsen, J., & Ruz, N. Disciplina positiva. Empresas Ruz S.A. de C.V. (Granica). 2001; Delahooke, Mona. Beyond Behaviors: Using Brain Science and Compassion to Understand and Solve Children’s Behavioral Challenges. Eau Claire, WI: 2018; Juul, Jesper. Sua Criança Competente. Editora Novo Século, 2002; Siegel, Daniel J. Parentalidade consciente: como o autoconhecimento nos ajuda a criar nossos filho; tradução Thaís Costa- São Paulo: nVersos, 2020;