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INSTITUTONACIONALDEMATEMÁTICAPURAE APLICADA EquaçõesDiferenciais Aplicadas COLEÇÃOMATEMÁTICAUNIVERSITÁRIADjairo GuedesdeFigueiredo Aloisio Freiria Neves Figueiredo,DjairoGuedesde Neves,Aloisio Freiria EquaçõesDiferenciaisAplicadas.RiodeJaneiro, InstitutodeMatemáticaPuraeAplicada,CNPq,1997.301pp. (ColeçãoMatemáticaUniversitária) Bibliografia. 1,EquaçõesDiferenciais.2.AnáliseMatemática.1.Título. II. Série. CDD-515-3 eBook processadocom ScanTailor: htips://github.com/4lex4/scantailor-advanced COLEÇÃO MATEMÁTICA UNIVERSITÁRIA Equações Diferenciais Aplicadas Djairo Guedesde Figueiredo Aloisio Freiria Neves impa INSTITUTODE MATEMÁTICAPURAE APLICADA Copyright(c),1997byDjairo GuedesdeFigueiredoeAloisioFreiria Neves Direitosreservados,1997peloConselhoNacionaldeDesenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq Av. W-3 Norte, Brasília, DF Impresso no Brasil / Printed in Brazil capa:RodolfoCapetoeNoniGeiger ColeçãoMatemáticaUniversitária ComissãoEditorial: ElonLagesLima(editor) Jonas Gomes Paulo Sad Títulos Publicados: Análise Real, Volume 1 (TerceiraEdição)- Elon LagesLima EDP: Um CursoIntrodutório - Valérialório Curso de Álgebra, Volume 1 - AbramoHefez Introdução àsCurvasAlgébricas Planas- Israel Vainsencher - ÁlgebraLinear (SegundaEdição)- ElonLagesLima 6. EquaçõesDiferenciaisAplicadas- DjairoG. deFigueiredoeAloisioFreiria Neves Diagramação,Composiçãoe Fotolito Digital: GRAFTEX ComunicaçãoVisual Rio de Janeiro, RJ e-mail:home@graftex.com.br web:http://www.graftex.com.br Distribuição: SBM, SociedadeBrasileiradeMatemática Estrada Dona Castorina, 110 22460-320,Rio de Janeiro, RJ e-mail;sbm@impa.br ISBN 85-7028-014-9 Conteúdo Prólogo Capítulo1:OTeoremaFundamentaldoCálculo 1 Capítulo 2: Equações Diferenciais de Primeira Ordem 6 2.1. EquaçõesDiferenciaisLineares de Primeira Ordem 6 2.2. EquaçõesSeparáveis 11 2.3. A Dinâmicade umaPopulaçãoe Noçõesde Estabilidade ....... 18 2.4. Exercícios 23 2.5. Aplicações 28 2.5.1. Resfriamentodeum corpo. 28 2.5.2 Diluição desoluções 30 2.5.3. Por queuma cordaenroladanum postesustentaum barco? .... 32 2.5.4 A tractriz 35 2.5.5 A catenária 39 2.5.6 O espelhoparabólico 43 2.5.7 As curvas deperseguição 44 Capítulo3: PropriedadesGeraisdasEquações 48 3.1. InterpretaçãoGeométricada equaçãoy' = f(x, y) 48 3.2. Existência,Unicidadee DependênciaContínua. 51 3.3. CamposVetoriaiseFormas Diferenciais. 65 3.4 EquaçõesExatas 74 3.4.1. Um métodopráticode integração 79 3.4.2. Existência dB Fatorintegrante 80 3.5. Família daCurvas Planas 84 3.5.1. Envoltória 87 8.5.2. Trajetórias ortogonais 90 Capítulo4: EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem 93 4.1. EquaçõesLineares deSegundaOrdem 93 4.2. Obtençãode Soluções 99 4.2.1. Método de variação dos parâmatros 99 4.2.2. Equações Lineares com coeficientes constantes homogêneas .... 101 4.2.3. Métodode reduçãoda ordemda equaçãodiferencial . ........ 105 4.2.4. Métododoscoeficientesa determinar ..................... 107 4.2.5. A equaçãodeEuler-Cauchy 110 4.2.6. Métododas sériesdepotências 112 4.2.7. Métodode Frobenius 113 4.3. Exercícios 114 4.4. A Dinâmica deuma partícula 119 4.4.1 Queda livrede corpos 120 4.4.2. Quedadecorposconsiderandoa resistênciado ar 122 4.4.3. Movimentode projéteis 126 4.4.4. Movimentoem planosinclinados 129 4.4.5. Velocidadede escape 130 4.4.6 Movimento deum foguete 133 4.4.7. Energia cinéticae potencial 136 4.5O OsciladorHarmônico 137 4.5.1 Osciladorharmônico simples 141 4.5.2. Osciladorharmônicoamortecido 144 4.5.3. Oscilador forçado 147 4.5.4. Comentários sobrea energiado osciladorharmônico 153 4.6. Campos CentraisdeForças 154 4.6.1. Movimentocentralcomforçaatrativa proporcional à distânciaao centro 162 4.6.2. Movimentocentral comforçaatrativa inversamente proporcionalaoquadradoda distância aocentro ........... 165 4.6.3. Lei da GravitaçãoUniversal 167 4.6.4. Leis deKepler 169 4.6.5. A Lei da GravitaçãoUniversale as Leis deKepler 170 4.6.6. A equaçãodasórbitasdosplanetasna TeoriaGeraldaRelatividade174 4.6.7. Satélitesartificiais da Terra 176 Capítulo5:TransformadadeLaplace 180 5.1. Definiçãoda Transformadade Laplace 182 5.2. Propriedadesda Transformadade Laplace 185 6.3. ProdutodeTransformadase Convolução 191 5.3.1. Obtençãode umasoluçãoparticular deumaequaçãonãohomogênea193 5.4. Exercícios 195 5.5. Aplicações 197 5.5.1. Funções descontínuas 197 5.5.2. Funçõesimpulso 199 5.5.3. Comportamentoda derivada 203 Capítulo 6: Sistemas Autônomos no Plano 206 6.1. ConsequênciasdoTeoremade Existência e Unicidade 207 6.2. Pontosde equilíbrio ou singularidades 209 6.2.1. O sistema linear 213 6.2.2. O sistema não linear 219 6.3. O Teoremade Poincaré-Bendixon 222 6.3.1. ConsequênciasdoTeoreamdePoincaré-Bendixon.......... 229 6.4. UsandoosoftwareMathematica 233 6.5. Exercícios 242 6.6. Aplicações 244 6.6.1. O pêndulo 244 6.6.2. O modelopredador-presa 257 Capítulo7:SistemasdeEquaçõesDiferenciais 265 7.1. SistemasLineares deEquaçõesDiferenciais 265 7.1.1. Definiçõese propriedades 267 7.1.2. Sistemascomcoeficientesconstantes 271 7.1.3. Exponencialde matrizes 276 7.2. EquaçãoAdjunta e a Alternativa deFredholm 285 7.3. Linearização,Estabilidade e FunçõesdeLiapunov 289 7.4.Exercícios 298 ReferênciasBibliográficas 302 Índice 303 Prólogo Pergunta; Diz-se que todo livro tem uma mensagem. Qual foi a motivaçãoparaescrevero texto“EquaçõesDiferenciaisAplicadas”? Resposta: A granderelevânciada Matemáticajaz no fato de que, além de sua vida própria comociência, comsuas teorias e seuspro- blemas,ela tem a característicaímpar de poderpenetrar,comouma armaimportantee,àsvezes,imprescindívelemmuitosoutrosramos do conhecimentohumano. Não devemosesqueceressefato, quando realizamosnossotrabalho, comoprofessorou comopesquisador.Ao ensinar Matemáticapara alunosde outras áreasé essencialmotivar, mostrando-lhesa importância do que estãoaprendendopara os pro- blemasdesuasespecialidades.AosalunosdeMatemática,éeducativo mostrar-lhesuma Matemáticarica deaplicações,contar-lhesqueas raízesdetantasteoriasmatemáticasestãoemproblemasdanatureza, Através dessasraízes,veio a forçaquepropulsionouo notávelcresci- mentodegrandeparte daMatemáticano passado.Ninguémignora0 trabalhodeNewton,Leibniz eoutrosna criaçãoedesenvolvimentodo Cálculo, pari passu com a Mecânica e outros ramos da Física. Mais recentemente,identificam-se características análogas nos trabalhos de Poincarée Hilbert. EquaçõesDiferenciaiséum dosramosda Ma- temática que, a nosso ver, não deve ser estudado esquecendoessas raízes. Pergunta:Para quetipodealunoso livro sedestinae comoeleesta organizado? Resposta:O textoé acessívela alunosdegraduaçãoda áreadeciên- cias exatas, que tenham feito um curso de um ano de Cálculo. Algu- mas seçõespodemser omitidasnum primeiro curso. Por exemplo,0 teoremade Existênciae Unicidadede Picardé apresentadona ma- neira moderna,poiscremosque,mesmopara alunos iniciantes,essa atitude é instrutiva. Entretanto, a demonstraçãopoderiaeventual menteser considerada muito abstrata para grande parte dos alunos, e consequentementeomitida. Num primeirocursoa ênfasedeveestarnastécnicasdeobtençãode soluções.Portantoocursodevesercentradonoscapítulos2,4e5,onde essastécnicassãodesenvolvidas.A forçadessastécnicasé sentidano estudodas aplicações.Essas aplicaçõespodemser escolhidasentre aquelasapresentadasnessesmesmoscapítulos.Sugerimosiniciar no capítulo2,comentaroTeoremadeExistênciaeUnicidadedocapítulo 3, desenvolveros capítulos4 e 5, e finalizar comsistemasautonômos noplano,estudando,por exemplo,as técnicasdeobtençãodesoluções dos Sistemas Lineares com Coeficientes Constantes, secções6.2.1 e MA O livro está organizadoda seguinteforma: as primeiras secções,de cadacapítulo,sãodestinadasà parte teóricae à descriçãodosvários métodosde obtençãode soluções;segue-sea secçãode exercícios;e posteriormenteestão as aplicações. O texto apresentaos conceitos matemáticosde maneiracuidadosae é bastanterico emaplicações. Contém mais aplicaçõesdo que normalmentese estuda nos cursos tradicionais,dandoaoleitor e aoprofessora possibilidadedeescolha de acordocomos interessesdaturma. Alguns conceitossãoapresentados,primeiramente,demaneiraintro- dutória,eposteriormente,noscapítulossubsequentes,sãoreapresen- tadoscommaisprofundidadeedeformamaiscompleta.Por exemplo, o conceitode estabilidadeé introduzido na secção2.3,e complemen- tadoposteriormentenoscapítulos6 e 7. Numcursomaisespecializado,cujosalunosjá cumprirama sequência dos cursos de Cálculo, pode e deve-se complementar o curso, com enfasemais teórica,estudandoos capítulos3, 6 e 7, e as aplicações correspondentes. Pergunta:AssecçõesdolivrosobrealgunsramosdaFísicaestãomais longasdo que normalmentese encontranum livro de Matemática. Não seria melhor remetero leitor para livros deFísica? Resposta: Essas secçõesforam precisamenteas que nos deram mais trabalho para escrever, pois, não somos especialistas dessas áreas. Mas cromosqueoesforçovaleu,dadoosobjetivosquetemosemmente. O livro tambémse destina ao professordoscursosde equaçõesdife- renciais. O tempoque ele dispõe para preparaçãodo curso não é suficienteparaestudarvárioslivros deFísica e deoutroscamposdo conhecimentohumano. Ele poderáfazer isso, num segundoestágio, apóster tomadogosto!As nossassecçõesdevotadasàs aplicaçõesdão aqueleprofessor,na linguagemcoma qualeleestáhabituado,osele- mentosbásicosdessasoutras áreas. Isso permitirá que ele fale, sem receio,à seusalunos sobreessasaplicações. Pergunta; O texto é então completamentediferente dos outros de EquaçõesDiferenciais? Resposta: Não. Grande parte dos livros de Equações Diferenciais tem aplicações,mas, em geral, apresentadasmuito concisamente,o que impossibilitao aluno deapreciarrealmenteo papeldasequações diferenciaisnos problemas.Mas é claro quehá bons livros dentrodo espírito do nossotexto. Os livros de G.F. Simmons,M. Braun, entre outros,influenciarambastantenossotrabalho.Cremosqueninguém podeter a pretensãodeser original no assuntoapresentadoaqui. Al- gunsproblemasvêmdopróprioNewton! A originalidadenessetipode trabalho residetão somentena arrumaçãodos assuntos,na escolha dos problemase no estilo próprio de comentaros resultados. Aliás, procuramos enfatizar, em todo o texto, a atitude, extremamente im- portante,de interpretaros resultadosobtidos.Julgamos queissoé essencial.E importanteresolverequações.Mas é igualmenteimpor- tante interpretar as soluçõesobtidas. Pergunta: Então, nãosedevedar um cursodeEquaçõesDiferenciais comum enfoqueexclusivamentematemático? Resposta: Aqui, devemossepararos níveis e osobjetivosdoscursos, Cremosque,num primeiro curso,a nível degraduação,uma grande atençãodeve ser dispensadaàs aplicações,independentementeda futura especializaçãodo aluno, Matemática, Física ou Engenharia. EquaçõesDiferenciais foramcriadas para resolverproblemasde ou- tras ciências,e ainda hoje muita pesquisase faz, inspirada em pro- blemasprovenientesdessasciências. Comoesquecerisso? Também nãoestamosdefendendoque,nesseprimeirocursode EquaçõesDife- renciais,à Matemáticaseja deixadaem segundoplano, E essencial ter asduascoisasemigualdadedecondições.Umajustifica evaloriza a outra. Em cursosmais avançadosde EquaçõesDiferenciais,a Ma- temática fica necessariamente mais sofisticada, e então as questões puramentematemáticasrequeremtratamentoelaboradoechegama dominar a cena. Pergunta: Bom, mas seo alunovai ser pesquisadornessasEquações Diferenciaissofisticadas,qual foi a utilidade daqueleprimeiro curso meioaplicado? Resposta:Via deregra,opesquisadoréum professor.E sendoprofes- sor,eledeveestarpreparadopara ensinara alunosdeoutrasáreas. Sentimosque,tem havidouma tendênciacrescentede retirar ospro- blemasdeaplicaçãodoscursosdeEquaçõesDiferenciais (edeoutros cursosdeMatemática). Isso não é bom. Os nossoscolegasdeoutras áreas reclamame criticam essa orientação. E o que é mais grave, começama desenvolverdentrodeseusprópriosdepartamentosa Ma- temáticadequenecessitam.retirandoassimdosDepartamentosde Matemáticauma de suasfunçõesprecípuas. Pergunta: Então, quer dizer que aquelesalunos de Matemáticaque nãosedestinamaomagistériopodemprescindirdessecurso? Resposta: Não. Nossa opiniãoé que o pesquisadorem EquaçõesDi- ferenciaisqueconheceasaplicaçõespode,ocasionalmente,usar essas aplicaçõescomouma espéciede farol para orientá-lo. Quantasvezes um resultadogeral e abstratonão é descobertoapósanálise de um exemploprovenientedas aplicações? Porgunta: Vocês, então, creem que todo matemático deve saber a- plicações?Como vocêsposicionamo matemáticopuro dentro dessa concepção? Resposta: Matemáticaé uma ciência muito extensa. Obviamente, há outras áreas, além das EquaçõesDiferenciais. E observe,que, mesmodentro destas, há várias linhas diferentes. Algumas delas muito distanciadas das aplicações. Tanto essas, como outros ramos da Matemática,devemsedesenvolverpelosseusprópriosproblemas e motivações.O desenvolvimentoda Matemática é marcadopelas ne- cessidades e problemas vindos de outras ciências, mas não é determi- nadosomentepor isso. E ébomqueassimoseja,poisas necessidades mudamcomo tempo,e quanto mais rica for a Matemática, melhor poderáelaajudarohomem,E assimhá tambémmuitocampoparaa pesquisamatemáticaindependentedas aplicaçõesimediatas. Pode- sepensarnoconhecimentomatemáticocomoumacontano banco,As reservaspodemserusadasquandosefizeremnecessárias.E issojá aconteceunopassadocomváriosramosdaMatemática,desenvolvidos independentementede necessidadeimediata, e que posteriormente: foramusadosdemodoessencialemoutras ciências. Campinas, 15dejaneiro de 1997 Djairo GuedesdeFigueiredo Aloisio deFreiria Neves 1 O Teorema Fundamental do Cálculo Este éocapítulodasrecordações.Recordaraquitemoobjetivodemos- trar ao leitor que a essênciadosproblemasbásicosda teoria clássica das EquaçõesDiferenciais Ordinárias já estáno Cálculo Diferencial e Integral. Antes deexplicitar essesproblemas,antepõe-sea questão de dizer o que os autoresentendempor teoria clássica;e quemfala emclássicotemmodernoemmentee deveexplicar. O estudo das equaçõesdiferenciais ordinárias começacom os próprios criadoresdo Cálculo, Newton e Leibniz, no final do século XVII, motivadospor problemas físicos. A preocupaçãodominante desdeaquelaépocaaté meadosdo séculoXIX era a obtençãode so- luçõesdas equaçõesem forma explícita. Inicialmente, procurava-se expressaras soluçõesemtermosde funçõeselementares;comovere- mosno próximocapítulo,um dosmétodosmais usadosera procurar reduzir o problemade obtençãoda soluçãoao cálculode primitivas, esseprocessosendochamadodequadratura. Obviamente,o desejo deobterexplicitamenteassoluçõesdeuma equaçãodiferencialébas- tantenaturale razoável.Entretanto,logoseverificouqueonúmerode equaçõesquepodiamserresolvidasemtermosdefunçõeselementa- resera muitopequeno,atémesmocoma introduçãodenovasfunções como,por exemplo,as funçõeselípticas e outras funçõesrepresenta das por integrais. Essa constataçãogeroua buscade novosmétodos e surgiu assim, no século XIX, o uso das séries de funções. Aliás, esse métodosurge dentro do estudodas equaçõesdiferenciais par ciais, em cuja resoluçãoaparecemequaçõesdiferenciaisordinárias, O rigor que a Análise ganhava no decorrerdo século XIX começou O TeoremaFundamentaldoCálculo Cap.1 a pôr em dúvida certos métodosonde as operaçõescom séries eram feitas um tanto descuidadamente.Os teoremasde existênciae uni- cidadedesoluçãosurgemnessafase. A importânciadessesteoremas resideemque,sabendo-sea priori da existênciadesolução,suabusca através de processosinformais se torna justificável e promissor, uma vezquea “solução”assimobtidapodeserverificadaa posteriori.Os teoremasde existênciae unicidademarcam,por assim dizer,o início da fasemoderna,querealmentese definecomPoincaré,no final do século XIX. Agora, a atitude é bem diversa; há grande interesse nas questõesqualitativas quesãobastante importantes por seu intrínseco significadofísico. Toma-sea atitude de retirar das equaçõesdiferen- ciaisinformaçõessobreocomportamentodesuassoluções,semaquela preocupaçãodeescrevê-lasexplicitamente. Deveficar claro para o leitor que a teoriaqualitativanão eli- minou o interessee a importância de se ter informaçõesquantitati- vas sobreas soluções.Esteúltimo tipo de informaçõesnãopodeser obtido,comoenfatizamosacima,buscandoasexpressõesdassoluções em formaexplícita, mas podeser conseguidopelouso demétodosde aproximação.E issoé todoumramodegrandeinteresseatual,cons- tituindo um dosramosdaAnálise Numérica. O quese procuraaí são funçõesqueestão“próximas”dasoluçãodoproblema.Nas aplicações à Física e às Engenharias isso é tão bom quanto a soluçãopropria- mentedita, desdequeoproblemagozedeumacertaestabilidadecom relaçãoa perturbaçõesdosdados,o que,via de regra, ocorrenessas aplicações. Vamosrecordarjuntos. O problemabásicodo Cálculo Integral é à determinaçãodovalor da integral definida b ∫ f(x) dx (1.1) a de uma função fila, b|- IR, Se bem nos lembramos,o conceitode integral está ligado à ideia de área do seguintemodo: se f for uma funçãocontinua não negativa,então a expressão(1.1) é a área da regiãoE doplanocompreendidaentreoeixo-x,ográficodafunçãof e as retas x = a e x=b, Veja a figura 1,1, Cap. 1 O TeoremaFundamentaldo Cálculo Pensemosumpouco.À determinaçãodessaárea,econseguente- menteo valorda integraldefinidaem(1.1),podeser feitaatravésde um processodeaproximaçãodamesmapor regiõespoligonaisobtidas tomando-selinhas poligonais com vértices no gráfico de f. Esse é essencialmenteo processojá usado na antiguidadepor Arquimedes (287-212A.C.). Esse é tambémo processo,hoje utilizado, quandose introduzcomrigor eelegânciaa chamadaintegraldeRiemann. Comovemos,nas observaçõesacimanão apareceua ideia dede- rivada. E nãoé desurpreenderquetal não tenhaocorrido.De fato,o conceitodederivadadeumafunçãoé algobemdiverso:umafunção fila, b] -»R éderivávelnumpontoc E (a,b) seo limite limf(x)—f(c)a x -> c x - c existir, e nessecasotal limite é chamadoa derivada de f no pontoc, eédesignadoporf'(c). A beleza,a forçae a utilidadedo Cálculoestãono fatode que essesdoisconceitos,o deintegral e o dederivada,aparentementetão diversos,acham-seintimamenteligados. IssoéoconteúdodoTeorema Fundamental do Cálculo, quepassaremosa expor. Parte I. Seja f: (a,b) > R umafunçãocontínua.A funçãoFla, b| R definidapela expressão X F(x)= ∫ f (1,2) a é derivável e F'(x) = f(x) para todo x ∈ (a, b). 4º O TeoremaFundamentaldo Cálculo Cap.1 Observequea funçãoF definidapor(1.2)éumasoluçãodaequa- çãodiferencial dO =f(x). (1.3)dx As soluçõesdessa equaçãodiferencial são chamadasas primitivas de f. Alguns textosusamtambémas terminologiasanti-derivadae integral indefinida e designamas primitivas pelosímbolo frios dx. ObserveaindaqueF(x) definidaem(1.2)éumaprimitiva especial:ela temapropriedadequeF(a) = O.AssimF éumasoluçãodoproblema de valor inicial dy=f(x)dx{y(a) = 0 (1.4) Será que F é a única soluçãodo problemadevalor inicial acima? A respostaé sim. De fato,se G fosseoutra solução,entãoF —G teria derivada0, e consequentementeF —G = const. Mas comoF— G é Oemx = a, segue-sequeF = G. Pedimosaoleitor paraapreciaro ensinamentodadopelo Cálculo e relembradoacima: o problemade valor inicial (1.4) tem uma e somenteuma solução. Isso constitui um dos teoremasde existênciae unicidademais simples e dosmais básicosemMatemática. Lembrequeestamossupondof contínuaem 14,b|equeporsoluçãode(1.4)entendemosumafunçãocontínuaem la, b|ederivávelem(a,b). Antes de prosseguir,façamosuma outra pergunta. Vimos quea função| éumasoluçãodaequaçãodiferencial(1.3);vemos,ainda,que qualquer função da forma F(x) +c, onde c é uma constante arbitrária, é tambémsoluçãode (1,9), Será que a expressão u(x) =F(x) +c (1.5) onde c é uma constante arbitrária, engloba todas as soluçõesde (1.3) isto é, (1.5)6 a soluçãogeral de (1.3)? A respostaé sim. De fato, seja G(x) umaoutra soluçãode(1,9),então,z(x) = Fix) +G(a) = G(x), é Cap.1 OTeoremaFundamentaldoCálculo umasoluçãodoproblemadevalor inicial dz— =0, z(a)=0. dx = 0Peloque se viu acima, segue-se que z(x) para todox e, con- sequentemente, G(x) = F(x) + G(a). Resumindo,o Cálculonosdiz quea coleçãodasprimitivas def édada por F(x) +c ondeF édefinidaem(1.2). A Parte I do TeoremaFundamental do Cálculo liga osconceitos deintegralederivada,eaParte II, a seguir,fazessaconexãoemoutra direção. Parte II. Dadas umafunçãocontínuaf:la,b) > R e umade suas primitivas G, então b / f(x) dx = G(b) —G(a). (1.6) Observeque,comoconsequênciadisso,o cálculoda integral de- finida de f sereduzà determinaçãodeumaprimitiva def. Observe também que, em virtude da expressãogeral das primitivas ser da forma (x) +c, (1.6)independeda particular primitiva usada.Assim, o problemadocálculodeumaáreasereduzaoproblemadecalcular a soluçãode uma equaçãodiferencial. Toda aquelaparte do Cálculo chamadade Cálculo de Primitivas é nada mais nada menosque a determinaçãodesoluçõesdaequaçãodiferencial(1.3)paradiferentes funçõesf. Equações Diferenciais de PrimeiraOrdem Este capítulo é dedicadoa Newton, Leibniz e à família Bernoulli! Trata-se de uma homenagemjusta, pois os problemasmatemáticos apresentadosaqui foram formuladose resolvidospor eles,no século XVIII. Em termos atuais, a matemática desenvolvida é muito sim- ples: cálculodeprimitivas. Tratamos apenasdois tipos deequações: na secção2.1, as equaçõeslineares de primeira ordem, e na secção 2.2, as equaçõesseparáveis. Em todos os problemasapresentados, procuraremosobtera soluçãodoproblemaemformaexplícita. Como: já observamos,anteriormente, tal desiderato só é atingível, em vir- tudedanaturezasimplesdasequações.Enfatizamosoaspecto,extre- mamenteimportante,da interpretaçãodas soluçõesobtidase de seu significadodentrodocontextodoproblemaemestudo.A propósito,re- tiramosasseguintesobservaçõesdeR. Hookee D, Shaffer,em“Math and Aftermath”, Walker & Co., Westinghouse Books, 1975: “Muito se fala sobreproblemas,em cursos de Matemática. Muito poucose diz sobrea origem dessesproblemase do que fazer com as respos- tas”, Parece-nosimportante,contar essaparte omitida da história. lsso é particularmenteimportantepara aquelesquedesejamser ma- temáticos,poisexplicaporqueocomputadornãoosvai deixardesem- pregados.E tambémimportantepara aquelesquevãopara as outras ciênciasexatas,poisexplicaporqueo computadornão lhes retirará o privilégio(ouo dever)deestudarbastantematemática. 241. Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem A forma geral das equações diferenciais ordinárias lineares de pri- Seção2.1 EquaçõesDiferenciaisLinearesdePrimeiraOrdem 7 meiraordemé a seguinte x=p(t)x+ q(t) (2,1) onde p:(a,b) ->R e q:(a,b) ->R sãofunçõesreaiscontínuasdefini dasemumintervaloaberto(a, b). Uma funçãox: (a,b) >R é uma soluçãode(2.1)seelafordiferenciávelesatisfizeràequação.Usamos a notaçãox = dx/dt paradesignara derivadadex comrelaçãohsua variável independentet. No estudoda equação(2.1)aparecemdom problemasbásicos:(1)obtera soluçãogeralda equação(2.1),istoé, umaexpressãoqueenglobetodassuassoluções;(11)obtera soluçãodo problemadevalor inicial ( x = p(t)x+q(t) (2,2) x(to)= Xo ondeto € (a,b) e xo são os dadosiniciais. Comoveremosabaixo0 problema(i) é solúvel: pode-sedeterminar a soluçãogeral de (2.1), E veremostambém que o problema de valor inicial tem uma e so» menteuma solução.Advertimos ao leitor queequaçõesnão lineares, em geral,não possuemuma soluçãogeral,e para elas a existência e unicidade de soluçãodo problema de valor inicial é uma questão delicada;voltaremosa esseponto. O tipo mais simplesda equação(2.1)é a equaçãodocrescimento exponencial x=kx, k= constante, (2.3) queapareceemmuitas aplicações.A funçãox(t) =ek de (2.3),bem comoqualquer de seus múltiplos ce*t, onde c é uma constantearbitrária. Afirmamos que a soluçãogeral de (2.3)é ce"! De fato, dada uma soluçãoqualquer x(t) de (2.3), diferenciandoa expressãox(t)e "teusandoa equação(2.3),obtemos: *é umasolução E dt Yorkoquemostraquex(t)e (te *=xett- x(t)e H=0 t=c,ousejax(t) = cet Para resolvero problemadevalor inicial X = EX xito) = Xo H EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 usamos o fato de (2.3) ter solução geral, e, consequentemente a even- tual soluçãodesseproblemade valor inicial deveser da forma ce*t: utilizando-se o valor inicial, determinamos a constante c:; x(to)= cefto= xo e assim a soluçãodoproblemaédada por x(t) =xoe8tt-to) Observequeas soluçõessãofunçõesdefinidaspara todot E R. A equação(2.1)comq(t) = 0, chamadadeequaçãolinear ho- mogênea,e o problemadevalor inicial correspondente R=nitx (2.4) x(to) = xo podemser estudadosde maneira análoga. A soluçãodo problemade valor inicial homogêneo(2.4)édadapor: “ pís)dsmi) = Kodra! os) (2.5) Usaremos a notação “ pís)dsTít,to) = e“to (2.6) como objetivode simplificar nossasexpressões.Observequepara a função|, asseguintespropriedadessãoverdadeiras: Títo,to)=1; T(t,to)=Títo,t)”"“e (2.7) Tt, to)T(to,s)=T(t,s). A resoluçãodo problemade valor inicial (2.2),no casogeral, é feita atravésdo usode um fator integranteu(t). Para determiná-lo, multipliquemosa equaçãopor u(t) ult)tx —plt)x) = ult)g(t) Seção2.1 EquaçõesDiferenciaisLinearesdePrimeiraOrdom 9 ebusquemosu(t) detal modoqueoprimeiro membrosejaa derivada do produtode u por x, isto é, (e—(th)=Se(105)=px+u% Portanto,temosformalmenteque px=—up(tx=>q=—p(t) >S(tny)=p(t)dt 5 mu=-— | pís) ds Determinamosassimum fator integranteu(t), tomandoumaparti- cular primitiva dep: +-[* pís)a tout)=e hoPDE af plas Tr +) Logo (T(to,tel) =T(tot)a(t). Integrando essas expressõesde to a t, obtemos tT(tost)x(t)—x(to)=/ Títoss)a(s)as. to Multiplicandoambososladospor T(t, to), eusandoas propriedades (2.7),obtemosa seguinteexpressãopara a soluçãodo problemade valor inicial (2.2): t ET) = Tt, to)ão+ | T(t,s)q(s) ds. (2,8) to Essa fórmula é chamadadefórmula de variaçãodas constantes.E, semdúvida,umaformaeleganteemuitoútil deescrevera soluçãodo problemalinear devalor inicial (2.2). O quefizemosacimafoi, admitindoqueumasoluçãoexiste,pro vamosque ela tem necessariamenteumacerta forma, Acontece,po rém, que isso é muito bom, pois tudo que temosa fazer,para cata IO EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 belecera existência,é simplesmenteverificarquea expressãoobtida é, de fato,soluçãoda equaçãodiferencial. Observeque a condiçãode p e q seremcontínuasem (a, b) garantea existênciae a diferencia- bilidade das expressõesacima. Outra observaçãoimportante,é que todasas soluçõesdas equaçõeslineares estãodefinidasno mesmoin- tervalodedefiniçãodas funçõesp e q, oquenãoocorre,emgeral,com as equaçõesnão lineares comoveremosna próximasecção. Observeque em particular, quando o coeficiente(p(t) k) é umaconstanteigual a k, temosque T(t,to)=etttrto) e portantoa soluçãodoproblemadevalor inicial ( x=kx+q(t) x(to)=xo é dadapela fórmula devariaçãodas constantesna seguinteforma: | x(t) = et tolxs +f et sa(s) ds. + to É fácil provarquedadasduassoluçõesquaisquerx1(t) e x2(t), de (2.1),entãox(t) = x1(t) = xo(t) é umasoluçãoda equaçãoho- mogêneaassociadax = p(t)x. Consequentemente,todasassoluções da equaçãolinear não homogênea(2.1)são obtidassomandouma soluçãoparticular dessaequaçãocoma soluçãogeral da equaçãoho- mogêneaassociada.Na fórmuladevariaçãodasconstantesacima,o termointegral t [er “a(s) ds Jto é uma soluçãoparticular da equação(2.1). Assim podemosevitar o cáleulodessaintegralsepudermosdeterminarumasoluçãoparticular poralgumoutrométodo.Porexemplo,quandoq(t) = doéconstante, é fácil ver que xp(t) do/k é uma soluçãoparticular de X%= Kx + Go. (2.9) Seção2.» EquaçõesSeparáveis | Portanto, 0x(t) = cet — E é a soluçãogeral de (2.9), onde c é uma constantearbitrária. Tal constantepodeser determinadausandoo dadoinicial x(to) = xo. O métododoscoeficientesa determinarnos permitedeterminar soluçõesparticularesde x = kx + q(t), para algumasfunçõesq(t), Quandoq(t) = costousent,podemosdeterminarumasoluçãopar- ticular comocombinaçãolinear dessasfunçõessent e cost. Discuti- remosessemétodo,commaisdetalhes,quandoestudarmosequações linearesdesegundaordem. 2.2. EquaçõesSeparáveis Equaçõesdiferenciaisdaforma a]=) g(y)Z0, (2.10) ondey' = d/dx denotaa derivadada funçãoy emrelaçãoà variável independentex, sãochamadasdeseparáveis.Faz-sea hipóteseque f e g sejamfunçõescontínuasemintervalosabertosf:(a,b) —»IR, g: (cd) >R. A equação(2.10)podeser escritana forma gly)y”=f(x). (2.11) À nomenclaturaseparávelprovémdomododeescrever(2.11)usando formasdiferenciais:g(u)dy = f(x)dx. VejaCapítulo3 ondeformali- zamosessaforma doproblema. Uma funçãouy:(x, B) — R declasseC! é umasoluçãode(2.10) se (x,B) C (a,b), ull(la,B)) C (c,d), g(ulx)) £ Oesatisfaz(2.10) paratodox E (w,B). A equação(2.10)nãoé linear. Para essas, comodissemosno parágrafoanterior,as soluçõesnão estãonecessa riamentedefinidaspara todox ondeo segundomembroestádefinido, Se y(x) é uma soluçãoe G é uma primitivade g, 6º = q, obtemos usandoa Regra da Cadeiae (2.11): ddxSUB) ftx) EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 e daí G(u(x)) = F(x) +C (2.12) ondeF é umaprimitiva def. A constanteC podeserdeterminadausandoofatoquenumponto xo€ (x,B),ulxo)=YoE (c,d)estádado;então,C —G(y(xo))- Fixo). A expressão(2.12)podeserescritana forma G(y(x))—G(yo)=F(x)—Flxo) ou equivalentemente, ulx) x / g(u) dy =| f(x) dx. (2,13) y x0 0 O quesefeznoparágrafofoi,supondoconhecidaumasoluçãode(2.10), mostrar que ela satisfaz a relação (2.12). O interessante, porém, é usar essarelaçãoparaobtersoluções.Issoépossível,masénecessário ter um certocuidado.De fato,o seguinteraciocínioseria considerado precipitação:comoG' = ge g 0, segue-seque6 é monótona,e daí a inversaG | existe;logoobteríamossoluçõesna formay(x) = G!(F(x)4+C) paraconstantesC arbitrárias.Comotodaprecipitação temumacertalógica,o raciocínioacimanãoestátão mal. O queestá corretoé o seguinte: Dada a relação G(y) = F(x) +C edado(xo,Yo) satisfazendoessarelação,comoG'(yo) = g(vo) 0,0 FooremadasFunçõesImplícitasnosasseguraqueexisteumintervalo aberto(ox,3) contendoxoe umafunçãodeclasseCl, y: (x,B) > R que satisfaza relação(2.12)e, portanto, se trata de uma soluçãoda equação(2,1). Na maior parte das aplicações,f e q são funçõescontínuasem todo o E e q tem zeros isolados Yj,W2,.... Então, o raciocínio ante- rior nos mostraque atravésde qualquer ponto(xo,Vo) do plano xy, com Vo É Un, passa uma e somente uma solução vy(x). Isso é um teoremadeexistênciae unicidade, Não nosfoi informadonada sobre ocampodedefiniçãodessasolução;vamosvertodaumavariedadede possibilidadesnosexemplos,exercíciose aplicaçõesquevirão a seguir. Soção 2.2 Equações Separávels Exemplo1:1”= a Dai uy” — x, o que implica y? = x? + C. Fazendo variar C obtemos soluçõesda equação,em geral mais de uma para cadavalor de ( Por exemplo,se C = O temosquatro soluções:yj(x) = x,x > O; y2(x) xx >0 vuslx)=xx<0O vslx)=-x,x<o, Observequeas soluçõesy(x) nãopodempassarpelareta y =Ono plano(x,y). Para €C> 0,digamos€ = 1,temosduassoluções: uilx)=+vx2+1, -oo<x<oo “valx)=-vx2+1, —oo<x< 00. Se C ——|temosquatro soluções: vilx)=+vxº—1, x>1 val) =—-yxº—1, x>1 uslx)=+vx2—1, x<—] yslx) =—/x2—1, x<-—1. Nesteexemplo(a,b) = (—oco,oo)ehácasosemque(«, B)—(—oco,0), (+00,—1),etc. Atravésdecadaponto(xo,Vo),Yo É Opassaumae somenteuma soluçãoy(x); algumasseestendempara todox, outras estãoapenasdefinidasem uma semi-reta. Assim, a soluçãodo pro- blemadevalorinicialyy' = x, u(3) = 2, é obtidacalculandoC da expressão | v=x4+0C522=340C5 C=-5 e determinandoqual das 4 soluçõespara essevalor de C passapelo ponto(3,2);logoa soluçãoé ulx)=+vx2—5, x>v5. O gráficoabaixoapresentaas soluçõesexplicitadasacima,o hachu rado no eixodos x é para mostrarque nãohá soluçõespassandopor na |4 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 x?Exemplo2: y' = v- DaíyZy' = x?2,queimplicay? = x)+4+C.Para C = Oháduassoluções: Wilx) =x, parax > 0,euzlx) =x, parax < 0. Para€ > 0,digamos ( —|, temosduassoluções: ui (my= Vx3 +1, x<—l: valx)=Vx+1, x>-1. E analogamentepara € < O.Olhe a figura evejao queacontececom a derivadadacurvasuperiornopontox = —1.A soluçãodoproblema de valor inicial yu! x, u(2) = —3é obtida de modo análogo ao Exemplo1 ” ul) = /x3=35, x< 35. Seção 2 4 Equações Separáveis Ay 2 Ge r /O CI PQ ===< 1 ad a, | » Bo 1 2 x Figura2.2 Exemplo3: y' = —2xu. Nesteexemplo,g(y) = 1/y e assimdevemosretirar y = Odocampo dedefiniçãodeg;entretanto,verifica-se,porinspeção,quey(x) = 0, x € R, ésoluçãodaequação,a qualnãoapareceriapeloprocedimentoacima. Escrevendoa equaçãona forma e integrando,obtemos ênly|=—x2+€. Assim para cadavalor de € € R obtemosduassoluções —x?+CSd da e y2(x) = ,yilx) =e asquaisseachamdefinidasparatodox. Nográficonãoháquehachu rar nada, pois por cada ponto do plano passa uma e somenteuma solução. 6 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 ga E L *: RR.<< TZ Figura2.3 Exemplo4: y' = 2e“x. Daí evy' = 2x, que implica e” = x? + C. Portanto para C = O há duassoluções:vyi(x) = 2ênx, x > 0; vzlx) = 2ln|x|, x < 0. Para C > 0 há apenasuma soluçãoy(x) = fn(xº +C),x E R. Para C < Ohá duassoluções:yi(x) = In(x +C),x > |C|!2 vz(x)= &n(x?+ C), x < —|C|!/2. Exemplo 5. ul , neção E é Equações Separáveis Pondo na forma Z2uy=—senx, obtemos y? = cosx+C. Vose poisque C não é arbitrária: €C< —l]não produznenhuma solução,€ =—l implicaquex = 2kr, k = 0,+1,... e nestecaso Wtx)— O; não se tem solução,pois, para nós, soluçãodeveser uma funçãodefinidanumintervaloaberto.Para C > 1háduassoluções: yilx)=+vcosx+C e vzlx)=-—vcosx+C, ambasdefinidaspara todox. Para C = 1há infinitas soluçõespois devemosevitarospontosx = (2k+ 1)7ondey(x) = O;assimpara cadak, temosduas soluções vkelx)=vcosx+1 e vilx)=-—vcosx+1, ambasdefinidasno intervalo (2k + l)x < x < (2k+ 3J)7. Para |< C<1,também há infinitassoluçõesagoradefinidasemsubin- tervalosdosintervalos da sentençaanterior. Por exemplo,a solução doproblemadevalor inicial 2yy' ——senx, u(0) = /3/2 é ulx)='cosx+ 1/2, —2n/3<x< 27/3. Trace gráficos comofizemos nos exemplosanteriores e estude outros problemasdevalor inicial. Observação: As derivadasde ulx) = vcosx+ nospontosx = (2k+-1jr sãoiguaisazero.Portantoajustaposiçãodas funçõesuk(x) definidasnosváriosintervalos((2k + 1)r, (2k+ 3)n) produzumafunçãodiferenciávelemtodaaretaquesatisfazàequação uy” = —senx. Esse é exemplodeuma equaçãodiferencialsingular. Observequepara a equação(2.11)poderíamosdefinir soluçãosem suporqueg(y) 4 O.TambémnoExemplo1 vy(x)= x, paratodox, é soluçãode yy” = x. Já no Exemplo 2, nãopodemosrigorosamente dizer que 3v(x)=x +] é soluçãode y“y' x* para todo x, pois y'(—1) não existe, La EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 2.3. Dinâmica de uma População e Noções de Estabilidade Utilizando as técnicasdesenvolvidasnasduas secçõesanteriorespo- demosanalisar alguns modeloscriadospara descrevera variaçãode umapopulaçãocomotempo.Aproveitaremosessaanálisepara intro- duzir osconceitosdeestabilidadee instabilidade. Os modelosquevamosanalisar sãobastantesimples.Eles têmo objetivodemotivareexemplificarosconceitos,enãodeseremrepre- sentativosdo casoreal, ondeos fenômenosbiológicose sociológicos, queregemo crescimentodeuma populaçãosãonumerosose comple- xos. Existe na literatura uma grandevariedadedemodelos,cadaum visando levar em conta a influência de alguns dessesfenômenosna evoluçãodapopulação.Osmodelosserãoobtidosfornecendoataxade crescimentoda população.À taxadecrescimentode umapopulação p(t), numinstantet, édefinidaporp(t)/p(t). O modelomalthusiano Um dosmodelosmais simplesé aqueleemquesesupõequea taxa de crescimentoé constanteigual a À. Assim temosa seguinteequação que rege o crescimento da população neste caso: 8 =Ap; (2.14) Um modelodessanatureza parecerazoável para descrevera popu- lação de micro-organismosque se reproduzempor mitose,e para a aplicabilidadeemintervalosdelimitadosdetempo,poisa soluçãode (2.14), p(t)=plto)e"tm apresentaum crescimentoexponencialse À » 0, impossível de ser mantidopara sempre.A aplicaçãodessemodeloa populaçõeshuma- nas, por TR. Malthus em 1798, gerou uma acirrada controvérsia no começodo séculoXIX. Malthus afirmavaquea populaçãomundial cresciaem razão geométrica(confira Exercício5 abaixo), enquanto os meiosdesobrevivênciacresciamapenasemrazãoaritmética;con- sequentemente,a populaçãotenderia a ser controladapor fome,mi- séria, epidemias, vícios, etc. Ão leitor interessado recomendamos o Número 3 do Volume 231 (Setembro1974)da revistaScientificAmerican,dedicadoà população nação € 4 Dinâmica de uma População e Noções de Estabilidade 1! Humana O mudetode Verhulst—a logística A constanteÀ naequação(2.14)é a chamadataxadecrescimentoda população,seu valor é a diferençaentre a taxa de natalidade À, e a taxa de mortalidade Am: À = An — Am. Uma análise crítica do mo- delo anterior focaliza imediatamentea hipótesede À ser constante; von hipotesenão parecerazoável pois ela não leva em contaque o crescimentoda populaçãoaciona automaticamentecertosmecanis- mosdecontrolevisandoreduzira taxadecrescimento.Essasituação tomsidoobservadaentrevários tiposdepopulação;a superpopulação altera o funcionamentofisiológicode certas espéciesmudandoseus habitos sexuais e seu comportamentocoletivo. O modeloproposto por Verhulst consisteem supor que a taxa de crescimentodecresce linearmentecoma população:À = a—bp, ae b constantespositivas. Observequeesseainda nãoé um modeloidealpoisnão levaemconta queataxadeproduçãodenovosmembrosdaespéciedependedaidade dos pais, isto é, que os novos membros não contribuem de imediato paraoaumentodaespécie.Existem modeloslevandoessesfatoresem consideração,osquaisconduzema equaçõesdiferenciaiscomretarda- mentoe a equaçõesintegro-diferenciais.Observamosainda queuma distribuiçãoespacialda populaçãopodeserconsideradae issoconduz nequaçõesdiferenciaisparciais. VoltemosaomodelodeVerhulst,que se traduz na equaçãodiferencialseparável p= [a—ppp, (2.15) conhecidanaliteraturacomoaequaçãodeVerhulst-Pearl.Essaequa- çãofoi consideradapor Verhulst em 1834para estudaras populações da França e da Bélgica, e mais recentemente,em 1920,por Pearl e Reedno estudoda populaçãodosEstadosUnidos da América. Inicialmenteobservamosque as funçõesconstantesp(t) Ó e p(t) à > Poo são soluçõesda equação(2.15);a notaçãop.. fenrá justificada logo mais abaixo. Para integrar (2.15), usamos a decomposição ] | b pl(a-bp) ap ala-bp) 2O EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 para escrevera equação(2.15)na forma p bpcais aaa seaque &&* ala , que integradaproduz ] ]qtntpl —qinla —bpl|=t+C, C- constante. Daí Ip]=la—bpJe“t.es€ e,sep(to)=Po; a ato sae ipol=la—bpole Se po Z 0e Po / +, obteremos p a—bp Po eUlt—to), (2.16)a—bpo Agoraobservequeassoluçõesde(2.15),comvaloresiniciais po £ 0 epo é a/b não podemcortar as retasp = 0 ep = a/b. Essa conclusão,dequesoluçõesdeequaçãodaformap' —f(p) nãopodem secruzar,éconseqiiênciadiretadoteoremadeexistênciaeunicidade, queseráestudadonopróximocapítulo.Logo,parapo Z 0epo £ a/b, podemosretirar osvaloresabsolutosde (2.16)e daí explicitar p: apo= - | 2.17 bpo+(a—bpojmEmBM=to" smp(t) Análisedasolução Se 1 —s+00,entãop(t) > Ppso.Essevalor ps; = a/b é chamado depopulaçãolimite e é o valor assintóticoda população,qualquer quesejaa populaçãoinicial po >»O, Se po >Poo, à populaçãop(t) decresceexponencialmentetendendopara px. Se0O<po <Po,a populaçãocrescetendendotambémpara Pp. ; nestecaso,o gráficode p(L) estáentreas retasp =0 e p= pso, tendoa formadeum Se a curva é chamadade logística. Ela tem um pontode inflexãoquando pl = 44, poisderivando(2.15)temos pola-bpjp-bpp=(a-Zbp)p; so quer dizer que até atingir o valor pss/2, a populaçãocrescecom derivadapositivaea partir daío crescimentosedámaislentamente, —-a/b Figura2.5 Definição2.1.Uma equaçãodaforma ondea funçãof dependesomentedex enãodavariávelindependente t, é chamadadeequaçãoautônoma. Os dois modeloscitados,equações(2.14)e (2.15),são exemplos de equaçõesautônomas. À primeira propriedadeimportantedessas equaçõeséque,sex(t) ésoluçãode(2.18),entãoy(t) = x(t+c), onde Ccé uma constante,tambémé soluçãode (2.18). Consegientemente, supondoquetemosexistênciaeunicidadedesoluçãopara oproblema de=Ti) (2.19)x(to)=xo podemosafirmar quex(t) é soluçãode (2.19)se,e somentese,y(t) x(t + to) é soluçãode oo, (2.20) x(0) = Xo Portanto, para equações autônomas, podemos considerar somente condiçõesiniciais ondeto = 0. 21 P? EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Definição2.2. Se X é um zerode f, istoé, f(x) = 0, entãox(t) = X é soluçãode(2.18)e échamadadesoluçãodeequilíbrio ou estacionária e o pontoX é chamadodepontodeequilíbrioou singularidade. Por exemplox = 0e x = a/b sãopontosdeequilíbriode(2.15). Definição2.3. Um pontodeequilíbrio X éestável,sedadoe > 0, existe ô > 0,talquepara|xo—X|< 6,asoluçãodoproblemadevalorinicial de=Tx) x(0)=xo étal que|x(t) —x| < €paratodot>0. Um pontodeequilíbrio X éassintoticamenteestável,sefor estável eseexistir > Otal que lim x(t) = x quando|xo—X|<n. t—oo Um pontodeequilíbrio quenão é estávelé chamadodeinstável. Por exemplo,x = a/b éum pontodeequilíbrio assintoticamente estávelde(2.15),ex = Oéumpontodeequilíbrioinstável. Teorema2.1.Seja X umpontodeequilíbrio de(2.18)comf declasseC!. Então,f(x) < OimplicaqueXéassintoticamenteestável,e f(x) >0 implica queX é instável. Demonstração: À idéia é analisar a variaçãode x(t) —X: d dt queé iguala, usando-seoTeoremadoValorMédio: 2(x(t)—5[f(x(t)) —f(50)]=2(x(t) x)?F'(E(t)) (x(t)—x)?=2(x(t)—x)x=2(x(t)—x)f(x(t)) onde&(t) é umvalor entrex(t) e x. Agorase f(x) < O,então,pela continuidadedef' existemmn> 0e 6 > Otaisquef(x) < —n< 0 para|x =X|< 6. Logo,separaalgumto, asoluçãox(t) de(2.18)étal que|x(to)- Xx|< 6, segue-seque a(t) := (x(t) — x)? é decrescentepara t>to. Além disso, temos dEpAUS na(t) para t>to. t Seção2.4 Exercicios Logoa(t)<ce Nºoqueimplicaquex(t) tendea X quandot +00, Quando f(x) > 0, faz-se um raciocínio análogo. pi 24. Exercícios ft. Obtenhaas soluçõesde po+y |-1* +” 1+x2' d) vy—2xy =x, e) y—tgt =cost. uy Hi g= O v=1+9(1+y), 2. Paraasequaçõesanterioresdeterminea soluçãodoproblemade valorinicialcomy(0) = 1.Digaosdomíniosdedefiniçãodassoluções. 3. Inventen problemasdosdoistipos acimae resolva-os.E acon- selhávelnão decidir,a priori, o valor den. 4. Analise os seguintesmodelosde crescimentode uma população, determinandoospontosdeequilíbrioeestudandosuaestabilidade: 1. p'=Ap A (Gompertz,1825). 2. p'=APÉCP! (Smith,1963). 3. p'=AplI — (2) 9), (Goel,Maitra, Montroll, 1971). 5. p' =p(A-ap+be””?), (Ayala,Gilpin,Ehrenfeld,1973). 5. Suponha que a cada mês uma populaçãoaumenta na razão k, isto é, no primeiro mês é po, no segundo kpo, no terceiro k?po, etc. Mostrequea populaçãop(t) satisfazuma equaçãodiferencialdotipo (2,14),e determineÀ comofunçãode k. 6. Analise osseguintesmodelosdeVolterra (referência:V.Volterra, “Populationgrowth,equilibria,and extinction..”. Editadopor EM. Scudoe J.R. Ziegler,Springer-Verlag,1978). 1)Sejap = p(t) a populaçãoe £o coeficientedemortalidade,cp co númerode mortospor unidadede tempo. Supõe-seque o númerode machosé «p e o númerodefêmeasé Pp, e que« e [3sãoconstantes (O)númerodeencontrosentreosdois sexosnumaunidadede tempoé “4 Equações Diferenciais de Primeira Ordem Cap. 2 : qproporcionala «p-Bp = app”. Seo nascimentode m novosmembros da populaçãocorrespondea n encontros,onúmerodenascimentospor 1 A 2m 4 4 ! A + e neunidadede tempoé kafpp“. Essas hipótesesconduzemà equação diferencial Tnp'=-ep+kafp— =(—e+Ap)p. Mostre,quenessemodelo,a populaçãopode“explodir”(tendera infi- nito)numintervalodetempofinito. Para corrigir essaimpropriedade, Volterra propõea seguintemodificação: 1) O númerodenascimentospor unidadedetempoé kagp27'— PP =p -— up,m p— HP consequentementea equaçãodiferencialserá p'=(-e+Ap—up?p. Suponhaque as constantes£, A e 4 são tais que a equaçãopodeser escritacomo /p'=-ulp —oJlp —BJp. 7. As equaçõesdotipo v'=f(x,y), ondef(x,y) satisfaz f(A,At) = f(1,t) (2.21) são chamadasde homogêneas.A nomenclaturahomogêneaé usada commaisdeum sentido,já a utilizamosnestecapítulonoestudodas equaçõeslineares.Aqui o termoestásendoutilizadocomo seguinte sentido:umafunçãoé ditahomogêneadegraun, quandof(A, At) =- AP 1,t). Para as equaçõeshomogêneas,temosqueo lado direito f(x,y) podeserescritocomofunçãoda razãoy/x ; y |à os y)=h(5). Àx a) Demonatre isso, e mostre em seguida que a mudança da variável de- pendente2— W/x transforma a equaçãohomogêneaem uma equação de variáveis separáveis. Seção2.4 Exercicios b) Mostre que a equação y' o YX x2—y? é homogêneae que possui,para cadapontodo plano (xo,Yo) com do é |xo, umaúnicasoluçãoy(x) satisfazendou(xo) = Vo. 4 Mostre que utilizando mudançasde coordenadasconvenientes, podemostransformar equaçõesdotipo flax+ bit+ci) g(azx + bat + ca) vmequaçõeshomogêneasou devariáveis separáveis. (Sugestão:Quandoayjbz+bj;az Ouseu=x+uaet=s+P,caso contrário, basta u = ax + bit.) Hesolva co BRAa pe+=nm57' O) 9. SejaC!(a,b) oespaçovetorialdasfunçõesuy:(a,b) > R quesão diferenciáveis.Mostrequeas soluçõesdey' +p(x)Jy = q(x), ondep “ «|sãofunçõescontínuasem (a, b), formaumavariedadelinearem C!a,b). to. A funçãodefinidapor à És Erf(x) — =|, e dt 0 é chamadade função erro. Mostre que ela é crescentee calculeos limitesde Erf(x) quandox — oo. (Sugestão:Se Ic = fo etdt, então (1)?=[foedx] [foe”dy]=Jocxio,cf1“Jdxdy, usecoordenadaspolares.) Mostre que e vn Erf(x)ho! ZO EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 éa soluçãodey' —2xy = 1,y(0) = 1, 11. (EquaçãodeBernoulli).A equaçãoabaixo y'+Pl)y =Q(x)y” ondeP(x) e Q(x) sãofunçõescontínuasdex emum intervalo(a,b) en € Z, éconhecidacomoa equaçãodeBernoulli. Sen £0en =, a equaçãonão é linear, mas podeser transformadaem uma equação linear mediantea mudançada variável dependentez = y!”. De- monstreisso,e resolvaosproblemasdevalorinicial 2 4y'+ly =(cosx)y” v'+x?y=5y yt1)=1 yl—l)=—2 12. Mostre quea equação (cosy)y'+2x seny= —2x podesertransformadaemumaequaçãolinear. (Sugestão:Z = seny). 13. À equação y'+Plx)y+Qlx)y”=f(x) (2.22) é conhecidacomoa equaçãodeRicatti. a)Mostrequesey1(x)eyz(x) sãosoluçõesdaequação(2.22),então, a funçãoz(x) = yz(x) —uy(x) é soluçãodaequaçãodeBernoulli zZ'+(P+2y2 Q)z —Qz? = Ú, (2.283) b)Sabendoquey(x) = x éumasoluçãodaequaçãodeRicatti y +xºy —-x2y?= 1 determineas demaissoluções. c) Sabendoque y(x) = x? é uma soluçãoda equaçãode Ricatti !y =" +2x—x determine as demais soluções, Seção2.4 Exercicios t4. Mostre que se Vj e y2zsão soluções da equação (2.22), então sua soluçãogeral é dadapor v—yr=cly—yo)el Slvi-ual (Sugestão:Usea partea)doexercícioacimaparaz = y —y/ eZ = | — 4», obtendoequaçõessemelhantesa (2.23).Divida-aspor Ze Z respectivamente.Subtraia as equaçõesobtidas,etc.). 18. Obtenhaa soluçãogeralde ] cos X U —utex—uyí cos x =-- sabendoquey; = 1/cosxe yz = —1/cosx sãosoluções. 16. Se Vi, Vz, Y3 € Us são soluções da equação de Ricatti (2.22), mostrequesua razão anarmônicaé constante: Yi U3 ,. U2—U3-: = € c = const. (2.24) Yi —U4 Y2— Us Nota: A transformaçãodeMoebius bpo TO dedo cy +d levaa equaçãodeRicatti (2.22)emoutra equaçãodeRicatti emz. As soluçõesZ;, i = 1,2,3,4, dessanova equaçãosatisfazem a relação (2.24)com a mesma constante c. 17. A equação v=xf(p)+go(p),p=y (2.25) é conhecidacomoa equaçãode d'Alembert-Lagrange.Suponha que f,g:R — R sãofunçõesderiváveis. a)Sepo = f(po) para algumpo € R, mostrequey = pox + g(po)é soluçãoda equação. bh)Sep 4 f(p), paratodop, derivea equaçãocomrelaçãox eobtenha a equaçãolinear dx flip) (gt)— (2.26) dp p-ftp) p-—f(p) E! 20 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 A soluçãode(2.25)éexpressanaformaparamétrica(x(p), u(p)), onde x(p) é a soluçãode (2.26)e y(p) é dadopor(2.25). c) Use essemétodopara resolver as equações: v=p(eP+1)-—1 v=xpº+1. d) A equação(2.25)comf(p) = p é chamadaa equaçãodeClairaut. Mostre que além das soluçõesy — cx + g(c), (2.25)tem a solução x=—g'(p),u=g(p)—pg'(p). 2.5. Aplicações 2.5.1Resfriamento de um corpo Consideremosum modelosimplificadopara o fenômenoda variação de temperaturanum corpopor perda de calorpara o meioambiente, fazendoas seguinteshipóteses: (i) a temperatura | é a mesmaem todoo corpoe dependeapenasdo tempot, (ii) a temperaturaTy do meioambienteé constantecomo tempoe é a mesmaemtodoo meio ambiente, (111)o fluxodecaloratravésdas paredesdocorpo,dadopor dT/dt éproporcionalà diferençaentreastemperaturasdocorpoedo meioambiente: diEr UR (2.27) ondek é uma constantepositivaquedependedepropriedadesfísicas do corpo.O sinal — em (2.27)se explicapelofatoque o calor flui da fontequentepara fontefria, e assim se T > I,, entãoT decresce.Se | ly, entãodT/dt crescee o corpoestáse aquecendo,ao invés de se resfriar.Abrindo um parêntesis: estemodelofoi consideradopor Newton,estudandoocasodeumabolademetalaquecida,eépor isso que(1) acimaé chamadodelei do resfriamentodeNewton.Um mo- delomaiscorretoseriaobtidousandoa lei deNewtonpara “elementos próximos”dentrodocorpoe escreverumaequaçãodiferencialparcial paraa temperaturaT(t,x) queagoradependeriatambémdopontox nocorpo;a equaçãoobtida 01 ; 92T ot Ox Seção2,5 Aplicações 29 éconhecidacomoequaçãodocalorque,apósotrabalhodeFourier nos 1810's,recebeuum tratamentoextensivo. A equação(2.27)aparece nestesegundomodelocomoumacondiçãodefronteira,cf. porexem- plo,H.8. Carslaw,J.C. Jaeger “ConductionofHeat in Solids”,Oxford Press (1959). Conhecendo-sea temperatura T(0) = To obtemosa soluçãodo problema,pelosmétodosdasecção2.1: T(t)= (To—Taje + Ta. (2.28) Façamosas seguintesconsideraçõesqualitativas: (1)olhandoa equa- ção(2.27)vemosque T(t) decrescemonotonicamentecom t enquanto | >»Is, crescemonotonicamenteenquanto T < Ta, e é constante casoTo = Ta. (1) olhandoa expressão(2.28)da solução,issoé confir- madoe se concluiainda mais queT(t) tendemonotonicamentepara |4 quando t > +oo. À temperatura T, é chamada de temperaturade equilíbrio. Vamoscomplicarligeiramenteo nossomodelo. Suponhamosa- gora que a temperatura Ty do meio ambientevaria com o tempoao receber(ouceder)calordocorpo.As demaishipótesesdomodeloante- riorsãomantidas.Para deduziraequaçãonecessitamosdemaisuma lei da calorimetria, a conservaçãoda quantidadede calor. Sejam m e Ma, respectivamente, as massas do corpoe do meio ambiente. De- signemospor €e CaOscaloresespecíficosdocorpoedomeioambiente; o calor específicodeum corpoé definidocomosendoa quantidadede calor (em calorias) necessáriapara elevar de 1ºC a massa de lgdo corpo. À lei da conservaçãoda quantidade de calor pode ser então expressapor me(To—1) = MaCalTa—Tao) (2.29) ondeT(t) e Ta(t) designamastemperaturasdocorpoe domeioam» biente,respectivamente,eTo = T(0), Tao = Ta(0). Usandoem(2,27) a expressãodeTá retiradade(2.29)obtemos Y e +k(1 +A)T = k(Ta0+ ATo) (2.90) ondeÀ (mc)/(macla). À equação(2.30)coma condiçãoinicial H(0)= Topodeser resolvidaexplicitamente,pelosmétodosda secção JO EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 2.1, T(t) = ho ” Tao, k(1 HAJt Tao | Alo | I+A I+A A expressão(2.31)nos informa que a temperaturado corpodecresce monotonicamente(ou crescemonotonicamente), se lo > Iwo (ou se To < Tao) para o valor Tao + Alo o Malala,0 + meio I+FAà maca me (2.31) que é uma temperatura,T, obtida atravésdeuma médiaponderada de sentido óbvio; essa temperatura é chamadade temperatura de equilíbrio. Mostre queTa(t) — T quandot > oo, o quejustifica o nomedetemperaturadeequilíbrio. Problema1. Um corpoa 100ºCépostonumasala,ondea temperatura ambientesemantémconstantementea 25ºC.Após5 minutosa tem- peratura do corpocaiu para 90ºC. Decorridoquanto tempoestará o corpoa 90ºC? Problema2.Um corpoa 100ºCépostonumasaladetemperaturadesco- nhecida,masqueémantidaconstante.Sabendoqueapós10minutos o corpoestáa 90ºCe após20minutosa 82ºC,calculea temperatura na sala. Problema3. Um corpoa 100ºCé postonum reservatóriocomáguaa 50ºC.Supõe-sequetodoocalorcedidopelocorpoé absorvidoeman- tido pela água. Sabendo-seque após 10 minutos a temperatura do corpoé80ºCe a da águaé60ºC,calcule(i) depoisdequantotempoa temperaturadaáguaserá/5ºC, (ii) a temperaturadeequilíbrio. Problema4, Qual devesera temperaturada águapara queum corpoa 100º€nelaimersovenhaa umatemperaturade30ºCemmeiahora? Sabe-sequeo corpoé de ferro (calorespecífico0,113calg”! (ºC)! e tem massade 500g,enquantoque a água (calor específico1) tem massa4000g,Assumak= 0,05, 2.5.2 Diluiçãode soluções Um reservatório,contendoV litros de água pura, começaa receber uma soluçãode águasalgada(c kg desal por litro desolução)a uma Seção2.5 Aplicações 11 razãoconstantede a litros/segundo. Um mecanismode agitaçãono reservatóriomantém homogêneaa soluçãoque vai sendo formada, Simultaneamenteaoprocessodeinjeçãodeáguasalgada,começa-sea retirar doreservatórioasoluçãoformada,narazãodea litros/segundo, Determinea quantidadede sal no reservatórionum instante futuro. Seja x(t) a quantidadede sal em kg presenteno reservatório num tempot. Portanto a concentraçãode sal na soluçãoé x/V kpg/t.. Pode-seportantoescrever dx xHE = Cc— 1 (2.32) que é uma equaçãodo tipo estudadona secção2.1. Comox(0) = 0, podemosescreverexplicitamentea soluçãode (2.32) x(t) =cV(I —et M, (2.33) 9quemostraquea concentraçãox(t)/V desalnoreservatóriotendea c quandot > co. Comoem2.5.1há umamarchaparaum equilíbrio entrea soluçãosalinainjetadaea soluçãonoreservatório.Issonãoé surpresapois a matemáticaé a mesma. Vamoscomplicarligeiramentenossoproblema. Suponha que a soluçãosalina saindo do primeiro reservatório cai em um segundo reservatório,contendoinicialmente V litros de água pura. Suponha queosegundoreservatóriotenhatambémum mecanismodeagitação paramanterhomogêneaa soluçãoformada,equetambémdelehaja uma vazão de a litros/segundo. A quantidadede sal no segundore- servatório,varia deacordocoma equação dy y xdra de onde se obtém,usando (2.33), dy aom decGL 12 1 et,a Ty ge(1—e" Usandoosmétodosda secção2.1obtemos u(t)=cV- CV +t)evt, o que mostra que a concentração salina no segundo reervatório tambémcrescemonotonicamentepara c. S2 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Problema. Estudeo primeiroproblemadediluiçãoacima,fazendoa modificaçãoque a soluçãosalina sai do reservatóriona razão de b litros/segundo. Supondo b > a, determineo momentoem que ha- veránoreservatórioa maiorquantidadedesal. Supondoqueb < a, determinea lei devariaçãodeconcentraçãodesal como tempo. 2.5.3 Por que umacorda simplesmenteenrolada num poste sustenta um barco? Consideremosuma cordaem contactocomuma superfíciecilíndrica verticaldecoeficientedeatrito estáticoEt.Suponhamosqueocontacto se dê em todo um setor AB de ângulo « (emgeral, x > 360º, mas paraefeitodanossafigurasupomos« < 180º)equehá umaforçaTo aplicadaa umadasextremidadesda corda,comoindicadona figura. O problemaé saber qual a força T; que deveser exercidana outra extremidadeparamanteroequilíbrio. to | =T(o—58),|F2]=T(0+58)+uJF3],|F3|=N(0)r40 Figure2.6 Inicialmente vamos estudar o equilíbrio de um trecho CD da corda. Designemospor T(0) a tensãono pontoda cordacorrespon- denteaoânguloOmedidoa partir deOAnosentidoantihorário,epor N(0) a reaçãodasuperfíciesobrea corda.Nãovamosporempalavras o quese lê direto da figura. À força H;,tangenteaocírculo é a uisÃo noponto€ ++0 22.A forçaF; éasomadatensãoemD & 0+ 8 da forçadeatrito; miraAO pequenopodemossuporqueessa oca Seção2.5 Aplicações deatrito tenhaintensidadeuN(0)rÃAO,ondeN(0)rÃO éa reaçãototal da superfícieao longodotrechoCD decomprimentoTÃO. O trecho CD estandoem equilíbrio, temosF + F>+ F3 = 0. Projetandoessa equaçãosobrea direçãoF3e sobrea direçãoortogonaltemos: N(0)rA0 —T (o — ) sen= es],(o + 2) sen —uN(9)rAOsen— = Ú (2.34) É(o T ) cosE + uN(9)rÃO cosa.Z 2 2 AO AO—T(o — 2) cosTE O (2.35) DividindoessasequaçõesporAO epassandoaolimite quandoAO — O obtemos TN(0)— T(0) = 0 (2.36) dT— (0) + urN(0) = 0, (2.37)do deondeobtemos aT par T pesag” HI =D, cujasoluçãoé T(0) —ce Hº, Usando dadoinicial T(0) —Toobtemos T(9) = To gorê, Logo | = Toe"%. Assim, quantomaior « menor será a força necessáriaa aplicar na outra extremidade.Portanto,se a cordafi- zer várias voltas no poste, a força T, pode ser tão pequenaque 0 próprio pesodo resto da cordajogada sobreo solo basta para man ter o equilíbrio. Exemplo1. Suponhaquea cordadá duasvoltascompletasemtornodo poste,cujo coeficientede atrito é 0,4. Supondoque a forçaToé 1000 N (N=newton),calcule1, paraquehajaequilíbrio. Resolução: Tj = 1000€2417= 6,56N, JM EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Consideremosa seguir o casoem que a cordaestá enroladaem umcilindrohorizontalderaio r. Comonoexemploanterior,conside- ramosquehá um atrito entrea cordae ocilindro,e agoravamoslevar emcontaopesoda corda;sejaw o pesoda cordapor unidadedecom- primento.Nestecaso,comopodemosver dasexpressõesobtidasmais adiante, uma massa m podeser mantida suspensagraçasao atrito da cordae a um pequenopedaçode corda. Figura2.7 O raciocíniopara obtençãodasequaçõesdeequilíbrioprocedecomo acima: em(2.34)apareceo termoadicional —wr(A0) senO e em (2.35) —wr(A0) cos0. Portanto,asequaçõescorrespondentesa (2.36)e (2.37)são: TN(0) =T(0) - wrsenO =0 (2.38) yEu + urN(0) —-wrcos0 =, (2.39) deondeseobtém dT Hui = wurícosO—sen O). (2.40)do Seção2.5 Aplicações 35 Pelo métododa secção2.1obtemosa soluçãogeral de (2.40) (UT | +p?T(0) Rucos0+(1— u?)senB]+ Ce Hº (2.41) onde€Cpodeser determinadausando-seo dadoinicial T(0) = To: Z2UWT I+u?C = Ta (2.42) * Problema1. DetermineT(71)sabendoqueapósopontoA háumpedaço decordadecomprimentoº deondependeumamassam. Resposta:NestecasoTo= wl + mg. Logo 2WWwT 1+qu 2uWwT ciaru gra,TER = +|wl+ mg - Problema2 . No problemaanteriorsuponhaque u — 0,4,r = 0,5m, (= lImma=lOkgew = 20N/m. Qual será o comprimentoº; de corda que deve ficar pendentedo lado B para que o sistema se mantenhaemequilíbrio comapenasmeiavolta da corda. Resposta: tl, — 1,26m. Problema3. Suponhaque um corpode massam = 50kgdeveser mantidosuspensopor uma corda(500gpor metro)enroladaemuma poliade20cmderaio. Determineocomprimentomínimodecordaque deveser utilizada para queo equilíbrio sejamantidopor um pequeno pedaçode corda suspensa. Suponha que o trechoda corda entre o corpoe o seu primeiro contactocoma polia é 2m, e que o coeficiente deatritoé yu= 0,4. 2.5.4 Atractriz A tractriz é a curva no plano (x,y) que tem a propriedadeque o segmentoda tangentedelimitadopelopontodetangênciae peloeixo dos x é constante. Essa curva tem a seguinte descriçãomecânica: Só Equações Diferenciais de Primeira Ordem Cap. 2 cial separável ! yÉRoo (2.43) y = asenO [e —U “ay =a [ SE 46 =a [ do senO senO e dai uma primitiva seria Oatntgs +acos02 e voltandoà variável y, usando-se O OtgO= 2tg 5/(] tg" 5). Seção2.5 Aplicações S/ a primitiva procuradaseria: sraRace atne si + va? —y2. y Portanto,a soluçãode(2.43)seriadadaimplicitamentepor a—/aq? —y? U ondea constantepodesercalculadalembrandoque,para x = Ô,tem- seuy —a; daí c = O. Observequeseolharmosy comoa variávelin- dependenteex comodependentea equaçãodatractriz x(y) na forma explícitaé +yq2—-y?=-x+c E = io di - ata EA. y A tractriz apareceem Geometria Diferencial: considerea su- perfíciederevoluçãogeradapelarotaçãodessacurvaemtornodoeixo- x;essasuperfícieé chamadaapseudoesfera,eéum casointeressante de uma superfície que tem curvatura gaussiananegativa constante emtodosos pontos,comexceçãodospontosno plano x = O. A pseu- doesferaservepara dar um modelodeumageometrianãoeuclidiana; se sobre a pseudoesferaconsideramosas geodésicascomoas retas daquelageometria,teremosum modelode uma geometriaondenão valeoquintopostuladodeEuclides.A únicadeficiênciadestemodelo équeasretasnãosãoinfinitas emambasasdireções.Recomendamos ao leitor interessadoo artigo de Manfredo P. do Carmo “Geometrias não-euclidianas”,publicadono Noticiário da SociedadeBrasileira de Matemática,Número Especialde 1979.Do mesmoautor,o livro “Eles mentosde Geometria Diferencial”, publicadopelo IMPA, suprirá o queo leitor necessitapara provar que a pseudoesferatem curvatura paussiananegativaconstante. À tractriz tambémtemumaaplicaçãomecânicanochamadopivol deSchiele(cf.Reddick-Miller “AdvancedMathematicsfor Engineera”, John Wiley (1960). O problemaé determinara forma de uma ponta deeixoverticalquedevegirar sobrerolamentosdemodoquea reação JO EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem Cap. 2 vertical V dos rolamentosseja constanteem todosos pontosde su- perfíciedecontacto.Além disso,deseja-sequeo desgasteda pontado eixoa cadaaltura sejauniforme. Cy + X Figura2.9 Para deduzir a equaçãoda curvada secçãolongitudinal daponta do eixo,observamoso seguinte: (1) Designandopor N a reaçãodosrolamentossobreo eixoemcada pontode superfície lateral, e por W o pesodo eixo, temosque o so- matóriodasprojeçõesverticaisdeN deveseriguala W; comosequer quea projeçãovertical deN sejaconstanteemtodosospontostemos: V=W/A (2.44) ondeÀ é a projeçãohorizontal na superfícielateral da pontadoeixo. (11) A hipótesededesgasteuniformesignificaqueo desgasteé cons- tante com y. A Mecânicanos diz que o desgasteé proporcionalao trabalhoda forçade atrito uN numa rotaçãocompletado eixo. Logo inyuN = const. (2.45) Por outro lado,da semelhançadetriângulos, temos N PQ Voy e daí usandoas informaçõescontidas em (2.44)e (2.45)concluimos que PQ deveser constante. Logo, pelo que se viu acima, a curva da a pontadoeixotem a forma deuma pseudoesfera. Problema. Mostre que a equaçãoda tractriz tambémpodeser escrita como a x=—Vqa2 —y?— acosh! - y ondecosh”!é a funçãoinversa doco-senohiperbólico. 2.5.5 A catenária O problemaque agora consideramosé o da determinaçãoda forma tomadaporum caboflexívele inextensível,suspensoemdoispontos A e B, e sujeito a seu próprio peso. Flexível significa que a tensão nocaboé sempreno sentidoda tangente.Esse problemafoi proposto pelaprimeira vez por Leonardoda Vinci, e resolvidoincorretamente por Galileu, que “mostrou”ser uma parábola a curva ocupadapelo cabo.De fato,o que Galileu resolveufoi o problemada pontepênsil; a forma deum cabosempesosuportandouma cargauniformemente distribuida horizontalmente. Em 1690, James Bernoulli chamou a atençãosobreesseproblema,e um ano depoisela era resolvidopor Leibniz, Huyghens e Johann Bernoulli, irmão de James. Foi Leibniz quedeuonomedecatenáriaà curvaocupadapelocabo.Uma notado folcloreda Matemática: a fasedosurgimentodoCálculoe iníciodoes- tudodasequaçõesdiferenciaisfoimarcadoportremendaspolêmicase constantesdesafiosentre Newton, Leibniz eosirmãos Bernoulli. Para seter umaidéiadisso,vamostranscreverumtrechodeumacartaque, anosdepois,Johann Bernoulli fezaumamigo,cheiodesatisfaçãopor terresolvidooproblemadacatenáriaantesdeseuirmão.“Osesforços demeu irmão não tiveram sucesso;eu fui mais feliz, pois tive a habil dade(digoissosempresunção,porquedeveriaeuesconderaverdade?) deresolveroproblemaereduzí-loà retificaçãodaparábola,E verdade que isso me fez trabalhar durante toda uma noite. Isso representou JH 40 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 muito naquelesdias e para minha poucaidadee experiência,masna manhã seguinte, transbordando de alegria, corri até meu irmão, que ainda estavalutando miseravelmentecomo nó górdio semchegara lugar nenhum, semprepensandocomoGalileu que a catenária era uma parábola. Pare! Pare! disse-lhe eu, não se torture mais ten- tandoprovara identidadedeumacatenáriae deumaparábola,pois issoéinteiramentefalso. A parábolaservena construçãodacatenária mas as duas curvas sãotão diferentesque uma é algébricae a outra transcendente”. *U Figura2.410 Consideremosum sistemade coordenadascartesianascomori- gemnopontomais baixoda curvae eixo1 coincidentecoma vertical. Vamosconsideraro equilíbriodotrechoOP docabo:H+ T+ V=0, ondeH é a tensãodo caboem seu pontomais baixo,T é a tensãono pontoP = (x,y) e Vé o pesodo trechoOP do cabo,V = ws, w é o pesopor unidade decomprimentoe s é o comprimentodo arco OP. Projetandoessaequaçãodeequilíbriosobreosdoiseixosobtemos —H+ Tcos0 =0 (2.46) —V+Tsen0O =0 (2.47) e dai WtgO= —s. 2.48g H (2.48) Observequew e H sãoconstantes:sejaw/H = c = constante. ObservetambémquetgO =y”.Logo,derivando(2.48)obtemos dsHH u ' dx Seção2.5 Aplicações 41 Poroutrolado,comods/dx = V 1+ (dy/dx)2, concluimosquey deve satisfazerà equaçãodiferencial uy"=c4/1+ (u')2. (2.49) A integraçãode (2.49)é conseguidado seguintemodo: introdu- sindo a variável p = uy”,obtemosa equaçãoseparávelde primeira ordem p'=cvlI+p2. (2.50) 1Uma primitiva de sp se conseguecom a mudança de variável +Pp p = cotgO dO = —intg ”[ater]1+p? Ps senO 2 e voltandopara a variável p, temosuma dasprimitivas procuradas: —In(vp2+1—»p). Logo,as soluçõesde (2.50)sãoda forma —In(v3/p?+1—-p)= cx+ const. Comop(0) = vy'(0)= 0,essaconstantedeveserzero.Logo (y)2+1—-y'=e*, (2.51) Lembrando(eusando!)aspropriedadesdasfunçõeshiperbólicas,con- cluimosque as soluçõesde (2.51)sãoda forma ]ulx) =c * cosh(cx)+ const. Comoy(0) = 0,conclui-sequeessaconstanteé-c!. Logoasolução procuradade(2.49)é u(x) = c Hceosh(cx)—1). (2.52) Conclusão: Um caboflexívele inextensível,suspensoemdoispontos e sujeito a seu próprio peso,toma a forma do gráficode um co-seno hiperbólico.Essa curva é a catenária. 42 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Atenção. À solução (2.52)envolveo valor de H que, apesar de ser constante,nãoé um dosdadosdo problemainicial. Será interessante escreveressasoluçãoem termosde outros parâmetrosgeométricos, comopor exemplo: a —afastamentohorizontal entre osdoispontosextremos Ae B docabo d —flexada catenária t = comprimentodocabo. Vamosconsideraro casoemqueÀ e B têma mesmaaltura, através de algunsproblemas. +y A Sail a | -a/2 | a/2 Figura2.11 Problema1. Suponhamosqueo cabotenhacomprimentoº e queestá suspensoempostesÀ e B demesmaaltura e a umadistânciaa um do outro, Qual é a flexa d da catenária? Resolução, De (2.48) e (2.51) temos que senh(S2) = Ss. Desta equação,obtém-sec. Usando esse valor de c, obtemosde (2.52),(9)1]d=ç" Observação. Dasduasrelaçõesna resoluçãoacimaobtemos Seção2.5 Aplicações 4) Problema2. Suponhamosque o cabotenha comprimento( e queestá suspensoempostesÀ e B demesmaaltura,demodoqueoângulodo cabocoma horizontal nos pontosÀ e B seja45º. Calcule a flexa d e a distância dospostes. Problema3. Suponha que nas condiçõesde 2.5.5)acima, o caboestá sujeitoa açãodoventoquesuporemosserrepresentadaporumaforça horizontal (h Newtons por metro da projeçãovertical do cabo),no- planodocabo.Deduzaa equaçãodacurvadocabo. Problema4. Suponhaquenas condiçõesde2.5.5)acima,ocabosuporta um estradode pesoW que supomosuniformementedistribuido ao longoda projeçãohorizontal do cabo. Deduzaa equaçãoda curvado cabonoscasosseguintes:(1)w = 0,(11)w £ 0. [Ocaso(1)corresponde à pontepênsil]. 2.5.6 Espelho parabólico O problemaconsisteem determinar a forma de um refletor tal que todososraios por elerefletidoseprovenientesdeuma fonteluminosa pontualsaemparalelosa umadireçãofixadaR. SabemosdaGeometriaElementar queumparabolóidederevolu- ção(1.e.a superfíciegeradapelarevoluçãodeuma parábolaemtorno deseu eixo)tem essapropriedade;bastacolocara fonte luminosano focoda parábolageradora. O que nos propomosagorademonstraré queoparabolóideé a únicasuperfíciecomessapropriedade.No nosso raciocínio, a seguir, demonstramosnão somenteessa unicidade, como tambémesseresultadodeexistênciadadopelageometria. Figura2.12 44 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Suponhamosque a fonte luminosa esteja localizada na origem e que a direção R seja o eixo-x. Designemospor y(x) a funçãoque descrevea secçãolongitudinal do refletor. Na figura representamos umraio luminosoemanandodeOeserefletindonopontoP dorefletor; sendoN a reta normal à curva no pontoP, a lei da reflexãoda Ótica Geométricanos diz queo ângulode incidência1é igual ao ângulode reflexão r. Temos, então, as seguintes relações dO -te(90-r) e E=te(180-21),dx x de ondeseobtém Vo 2W EI=NPP ou seja uly)*+2xy'—y=0. (2.53) A expressão(2.53)correspondea um par deequaçõesdiferenciais: x da V=-- + (3) +1 (2.54)y y quetambémpodemser escritascomo uy +x=+vyx2+y, (2.55) Pararesolver(2.55)introduzimosavariáveldependentez = z(x), tal quez? =x? +vy”,e assim(2.55)setorna zz = +z. Logo Z= dbx+c,e daí y? = +2xc+ c? quecorrespondema equaçõesde parábolascomeixocoincidentecom o eixox. O sinal + correspondea uma parábola com concavidade voltadaparaadireitaevértice(—5,0). Osinal —correspondeauma parábolacomconcavidadevoltadapara a esquerdae vértice (5,0). 2.5.7 As curvasde perseguição Consideremoso seguinte problemasurgido na perseguiçãode um rato Seção2.5 Aplicações 45 por um gato.O rato seencontravapacificamentena origemcomendo seuqueijo,quandoumgatofamintolocalizadonopontoG = (a,0) o descobree parteemsua direção.Instantaneamente,o rato pressente o seu inimigoe tomaa decisãode fugir ao longodo eixo-y no sentido positivo,e o faz comvelocidadeconstantev. A estratégiado gato é correr sempre na direção em que se encontra o rato, e o faz com velocidadeconstantew. O problemaé determinar a curva descrita pelogato;emparticular,determinarcondiçõesnosparâmetrosa, y e w para que o gato encontre o rato. Após um tempo t, o gato se encontra no ponto P = (x,y) e o rato no pontoQ = (0,vt). Podemoscalcular o tempot que o gatogastou para chegarem P: é o quocientedo comprimentodo arco PG por w, isto é 1 a = — (x)|2t / V( + ly'(x)|2dx. (2.56) 0. G=(a,0) X Figura2.13 Por outro lado,da geometriada figura, temos OQ =vy-uy'x (2.57) e comoOQ = vt, obtemosde(2.56)e (2.57)a equação 2 t+lvo)Pax=y-vx 46 EquaçõesDiferenciaisdePrimeiraOrdem Cap.2 Derivandocomrelaçãoa x obtemos e] + [y'(x)]2= xy” c=viw. (2.58) Para integrar (2.58)introduzimosa variável p = y' e assimobtemos a equaçãoseparável xp =evl+p?. (2.59) Como vimos em 2.5.5, bi p*+41—p) éumaprimitivade 1/V1 + p2. Logo,a soluçãode(2.59)é —tn(Vp?+1—-p)=cinx+ const ondeconsideramosx > O. Logo, usando a condiçãoinicial p(a) = y'(a) = 0,temos Vp?2+1]-p=(a/x)º. (2.60) == (9 a qualintegrada,usandoa condiçãoinicial y(a) —O,dá vio) =5] ] (9 + ] (DS CL (2.61) c4+Tla c—1 ix Daí obtemos o 1 /x? l/auíx) (atra) = (S-atna), Emi, (2.62) Análiseda solução Se col, isto é, v>w, o gatojamais alcançao rato. Sec < 1, isto 6, vo w, os segundosdo rato estão contadose são precisamente aco/(0” — vº), supondoque as velocidadesv e w estão dadas em unidades de comprimento por segundo; o encontro fatídico dar-se-á Seção2.5 Aplicações 4/ nopontodeordenadaavw/(w? —v?) sobreoeixodosy. Proveesses fatose analise a curva deperseguiçãonosvários casos. Problema1 Um barcolocalizadona origemse propõea atravessarum rio repre- sentadona figurapelafaixaO< y < b. Sabendoquea velocidadeda aguaé ve que a do barcoé w e sabendoque o barcoapontasempre parao ponto(0,b), pergunta-sequerelaçãodevehaverentrev e w paraqueobarcoconsigaatravessaro rio. Determinetambéma curva descritapelobarcoemcadacaso,isto é, atravesseou não. AV E”P=(%,1) Figura2.14 Sugestão: Usandoa representaçãoparamétrica(x(t),u(t)) da curva onde t designa o tempo, temos as seguintes equações obtidas ex- pressandoas componentesda velocidadedo barco: XxX= v — wcos0, y = wsen 0, ondeX = e . Use a relaçãob —-y=x tg Opara obter E b—uy cx? +(b—y)?y : É= 94H, Problema2. Um contratorpedeirolocalizaum submarinoa umadis: tânciade 10km. Nesseinstanteo submarinosubmergee parteem umcursoretilíneo,masdedireçãodesconhecidadocontratorpedeiro A velocidadedocontratorpedeiroé3 vezesa dosubmarino,Quecurso devetomar o contratorpedeiropara algumtempodepoisestarexata mentesobreo submarino? 3 PropriedadesGerais das Equações Reconhecidaaimpossibilidadederesolveramaiorpartedasequações, emformaexplícita,põe-seaquestãodesaberseoproblemasobestudo temsolução.Chegamosassimàs questõesdeexistênciadesoluçãode um problema,sem aquelapreocupaçãode exibir a solução. O resul- tadocentralnessadireçãoéoteoremadePicard,Teorema3.1,secção 3.2, que fala sobrea existênciade soluçãopara o problemadevalor inicial: v=f(xy), ulxo)=vo. A demonstraçãousa o princípio da contraçãoe exibe uma vestimenta modernapara o métododas aproximaçõessucessivas,já conhecido e usado com sucessopelos matemáticosdo século passado. Neste capítulo,tambémdedicamosespecialatençãoaosaspectosgeométri- cos ligados às equaçõesdiferenciais. Visando um estudo adequado dasequaçõesexatas,bemcomofuturasaplicações,dedicamosasecção 4.3 ao estudode camposvetoriais e formasdiferenciais. Comoo lei- tor verá,há vantagensinegáveisem usar formasdiferenciaispara tratar as equaçõesexatas. Por essarazão,desenvolvemostambém naquelasecçãooestudodasformasdiferenciais,oquetranquilizará o leitor maisexigente,mostrando-lheque é fácil formalizar uma linha de procedimentosupostamenteimprecisa. 3.1.— InterpretaçãoGeométricada Equaçãoy' =f(x,y) A formaexplicitageral da equaçãodiferencialordinária de primeira ordem é yo= f(x,y) (3.1) Seção3.1 InterpretaçãoGeométricadaEquaçãoy'=f(x,y) 49 onde OQ) -—sR é uma funçãoreal definidanum aberto€) do plano (x,4). Uma soluçãode (3.1)é uma funçãodiferenciávely = p(x) defi- midaemumintervaloabertoIetal que (x,p(x)) ceO, paratodo xe€el, (3.2) p'(x) =f(x,b(x)), paratodo x€El. (3.3) Um dosproblemasbásicosno estudoda equaçãodiferencial(3.1) o à determinaçãodesuassoluções;essefoi otipo dequestãoqueestu- damosemtodoo Capítulo 2 para diferentestiposdeequações.Entre- tanto a obtençãode soluçõesde (8.1)na forma fechada,isto é, numa formaexplícitaem termosde funçõeselementares,é um problema impossívelde resoluçãopara o casogeral de equações(3.1). O leitor deveterobservadoqueequaçõesdiferenciaisdeaspectomuitosimples apresentaramdificuldadestécnicasapreciáveisemsuaresolução.Em verdade,a maior parte dasequaçõesnãopodeser resolvidaexplicita- mente. Em muitosproblemasdeaplicaçãonãosefaznecessáriosabera expressãoalgébricadas soluçõesda equaçãodiferencial. Basta saber propriedadesdessassoluções,comopor exemplo,seucomportamento quandox tendeparaalgumvalorpré-estabelecido.Comissoemvista, à interessantee importanteestudar as propriedadesgeométricasda família das soluçõesda equaçãodiferencial. Este é o outro problema básicono estudodas equaçõesdiferenciais,quepertenceà chamada teoriaqualitativa. Um terceiroproblemade importânciano estudode (3.1)é a teo- ria da existênciae unicidadedesoluçãodoproblemadevalor inicial. O problemadevalor inicial consisteno seguinte:dadasa equaçãodi- ferencial e um ponto (xo,Yo) E €), determinar um intervalo aberto | contendoxo e uma funçãodiferenciávelp:I — R tais queas relações (3.2)e (3.3) acima se verificam e, além disso, b(xo)=vVo, (4.4) queé a chamadacondiçãoinicial. 5O PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 |" o ty , UVo| | Figura3.1 Para melhor compreenderessesproblemasno caso geral (3.1) é importantever o significadogeométricoda equaçãodiferencial. A funçãof atribueacadapontodeO umnúmero,f(x, W);aequaçãodife- rencialdizqueasoluçãoquepassarporessepontodeveter inclinação igual a essenúmero: tgO=f(x,y) ondeOéo ânguloda tangenteT à soluçãocomoeixox. Essa interpretaçãopodesetornar ainda maisgeométricaseima- ginarmososeguinte.Em cadapontodeO damosumvetorV' (x,y) = (1,f(x,y)) quedeterminaa tangenteT. Assim,temosum campove- torial definidoemO. As soluçõesde(3.1)sãoascurvascujosvetores tangentes em cada ponto (x,y) são v( madastambémdecurvas integrais. *y x,U). Essascurvassãocha- Na visualizaçãodocampovetorial descritonoparágrafoanterior é útil conheceras isóclinas.Uma curvay = W(x) é uma isóclinase f(x, ip(x)) = cte. Assim o campovetorial v é constante ao longo das isóclinas. Exemplo. Considerea equação y =1-xº—y”, As isóclinassãooscírculoscentradosna origem.Vê-se assimqueem todosospontosdex? +y? = 1o campovetorial v é paraleloaoeixo-x e iguala (1,0). Já nospontosdocírculox? +y? = 2 ocampovetorial teminclinaçãode—45ºe é igual a (1,—1). 3.2. Existência, Unicidade e Dependência Continua Nestasecçãodemonstramosumteoremaquedácondiçõessuficientes paraa existênciaeunicidadedesoluçãodoproblemadevalorinicial. [Umresultado dessa natureza é importante para podermosafirmar que,mediantecertascondições,a regiãoestácobertapor curvasinte- prais. Teorema3.1(ExistênciaeUnicidade.)Seja f:O —sRuma funçãocontínua definida num aberto O do plano (x,y). Suponhamos que a derivada parcial com relação à segunda variável, fy;:O — R, seja contínua também.Então,para cada(xo,Uo)€ O, existemumintervaloaberto1 contendo xo e uma única função diferenciável p:I —> R com (x,p(x)) € O, para todox E 1,queé soluçãodoproblemade va- lor inicial (P.VI.) y'=f(x,y) (3.5) Ylxo)=vo. (3.6) O primeiropassona demonstraçãodesteteoremaé a transfor- maçãodoproblemadevalorinicial noproblemaderesoluçãodeuma equaçãointegral, o quesefaz no lema a seguir. Lema3.2.Seja f:O — R umafunçãocontínuanumabertoO doplano (x,y). Então, uma função diferenciávelp:1 —+R é uma soluçãodo problema de valor inicial (3.5)(3.6) se e somentese for uma solução 51 PropriedadesGeraisdas Equações Cap. 3 da equaçãointegral vlw)=vo+ | fis,uls)jds, xcl. (3.7) 0 Demonstração: 1) Se p é soluçãodo problemade valor inicial, (3.5)- (3.6), então,pelo TeoremaFundamental do Cálculo, p é soluçãoda equaçãointegral (3.7). 2)Reciprocamente,se&: 1— R éumafunção contínuaqueé soluçãoda equaçãointegral (3.7),então,peloTeorema Fundamentaldo Cálculo, bpé diferenciávele é tambémsoluçãodo problemadevalor inicial (3.5)-(3.6). B Concentremo-nospois na resolução da equaçãointegral (3.7). Dado (x9,Uo) € €), tomemosa e b positivostais queo retângulo B=B(a,b,xo,yo)=(xy): |x-xo|saely—vol<b) (3.8) estejacontidoemO. Comof é contínua e B é compacto(i.e.,fechado e limitado),temosquef é limitadaemB; seja e Ji o intervalofechado I[xo—qa,xo+al. Seja C o conjuntode todasas funçõescontínuas g: Ja — R tais que g(xo) = vo e lglx) = yol<b; graficamente,queremosem C as funções continuas cujosgráficospassempeloponto (xo,Vo) e que estejamcon- tidos no retângulo B, Seção3.2 Existência,UnicidadeeDependênciaContínua 5 xo-a E xpta x Figura3.3 DefinimosemC a seguintemétrica(distância): d(g1,92)=maxl|gi(x)—ga(x)|:xE Ja; (3.9) é fácil verificar que (3.9) é, de fato, uma métrica, isto é, tem-se as propriedades: d(g1,92)z20,e d(g1,9g2)=0seesóse g/=92 d(g1,92)= d(g2,91) d(g1,g2)<d(g1,93)+d(g3,g2). Portanto,C éum espaçométrico.Pode-se,então,falar emsucessãode Cauchy:(gn)édeCauchysedadoe > Oexistirnotal qued(gn,Om)< e para n, mz2no9.Uma sucessão(gn) convergepara g E C se dado e > 0 existirno tal qued(gn,9) < E,paran2no. Diz-sequeum espaçométricoC écompletosetodasucessãodeCauchyéconvergente paraalgumelementodeC. O espaçométricoC definidono parágradoanterior é completo,o queseprovasimplesmenteobservandoqueaconvergêncianamétrica d éa convergênciauniformedefunçõeselembrandoqueolimiteuni formede funçõescontínuasé uma funçãocontínua,veja Teorema4, pag. 298, E.L. Lima, “Curso de Análise”, vol. 1, Projeto Euclides, 1976. Voltemosàconsideraçãodaequaçãointegral(3.7),Consideremos 54 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 a funçãoO definidaemC equea caday € É associaa função g(x)=vo +f fls,u(s))ds. O Observe que g(x) é uma função contínua para x € Ja, que g(xo) = Vo e que |9(x)—yol< <M|x—xol<Ma<b/ F(s,uls)|ds e consequentementeg E C. LogoD:C > C. À equaçãointegral(3.7)podeserescritana formafuncional y=O(y). Portanto,assoluçõesde(3.7)sãoospontosfixosdeD. A idéiaagora é usar o Teoremado PontoFixo deBanach, conhecidotambémcomo oPrincípio da Contração: “SejaC umespaçométricocompleto.SuponhaqueD:C > C é uma contração,istoé,existeumaconstanteO<k< 1,tal que d(D(gi),D(gz))<kd(gr,92). para todos91,92€ C. Então,existeumesomenteum g E C tal que g=D(g). Ao leitor interessadona demonstraçãodoTeoremadoPontoFixo de Banachsugerimoso livro deC.S.Hônig,“Aplicaçõesda Topologia à Análise”,Cap. II, ProjetoEuclides,1976. A fim de aplicar esteteoremaao problemaque estamosestu- dando, restaapenasverificar se O é uma contração.Para tal, escre- vemos [Digi)lx)—D(gz)(x)]= / tr(s,g1(s))—f(s,g2(s)lds|.(3.10) Para estimaro integrandono segundomembrode (3.10),usamoso seguinteresultado Lema33, Seja EO —sE umafunçãocontínuadefinidaemum aberto OQdoplano (x,y) etal quea derivadaparcial f,:O — R sejatambém Seção3,2 Existência,UnicidadeeDependênciaContinua. 5º contínua. Dado um subconjunto limitado O, C Oo C OQ,existeuma constanteK > Otal que f(x,y) —f(x,vz)|<K[yy—vz] (3.11) para todos (x,U1), (x, U2) É Oo. Demonstração: Seja ô<dist(00,090), onde dO representaa fronteira deO, e designemospor Os = ((x,y) € O: dist((x,y),Oo) < 6/21 uma(6/2)-vizinhançadeOo. Dados(x,y1),(x,y2) € Do com|yy= y2| < ôtemosqueosegmento|x,Ay +(1—A)ya],O<A<1,estácontido emOs. Aplicamoso teoremadovalor médio foe,u7)—fbe,uz)=fylx,Ely —2) ur>yz (3.12) ondeé estáno segmentodescritoacima. Usando M, =max(|fy(x,y)|: (x,y)EOs), obtemosde(3.12) Flo,ui) —fix,y2)|<Miya —val que é válida para (x,y1), (x,y2) € Oo com lyy —vy2|< 6. Para os pontoscom|yj —y2|>ô,aestimativaabaixoseverifica 2Mf(x,y) —fls uz)|<2M<ou —ua, ondeM éo max|f(x,y)| para (x,y) € Oo. Logo,paraobter(3.11)bastatomarK —max(M1,2M/6). » Voltemosà estimativade (3.10).Usando o Lema 3.3,obtemos / 918)—g2(s)Jds|<Kaa(g1,92) Xo |D(gi)(x)—D(g2)(x)|<K e daí d(D(g1),D(g2))<Kad(gr,92).Concluimos que D é uma contraçãose Ka < 1. Logo basta tomar a<1/K. Eo Teorema 3.1ficademonstradocom| = (xo-d, xo l Ul e Comentáriossobreo valordeQ, raiodo intervalo|, Acabamos de mostra a existênciade uma soluçãodo P.V.I. (3.5)(3,6) num intervalo| 56 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 (xo 4,xo +q). Sebemqueà dependeda funçãof eda distânciado ponto (xo,Yo) à fronteira 90 de OQ,o seguinteresultadoé degrande importância: Lema3.4. SeKk € O écompacto,então um mesmoà pode ser escolhido de modoa servirpara todasas condiçõesiniciais (xo,Uo) E K. Demonstração: Considereumaó-vizinhançaKs deK tal que KEK Ch CO H+, entãopodemosescolhera eb tais queoretânguloB estejacontidoem À.sparatodosospontos(xo,Uo)€ K. Portantobastatomar M =max(|f(x,y)|: (x,y)€Ks) a<mi amin Nº K ondeE é a constantedadapeloLema 3.3comOo = Ks. e à satisfazendo Comentários sobre a necessidade das hipóteses do Teorema 3.1 . A mera hipótesedacontinuidadede f garantea existência,masnãoa uni- cidadedesoluçãodo problemadevalor inicial (3.5)-(3.6);a demons- traçãodaexistênciacomapenasacontinuidadedef usaaschamadas poligonaisde Euler ou o teoremadepontofixodeSchauder.Para se Seção3.2 Existência,UnicidadeeDependênciaContinua. 5/ ter unicidadeé necessárioassumir algumahipóteseadicional à con- tinuidade de f; veja o Exemplo 1, a seguir. Um estudocompletodas questõesapenasmencionadasacimapodeservistonolivrodeJ. Hale, “Ordinary Differential Equations”,Wiley-Interscience,1969. Exemplo1. Considereo problemade valor inicial v'=|y|!2 vy(0)=0. (3.14) Nesteexemplo,f(x,y) = |y|!/2que écontínuaemtodooplano(x,y). A funçãoy(x) = Oésoluçãodesteproblemadevalorinicial (3.14).En- tretanto,há outra solução,a qual o leitor podeobterusandoométodo das equaçõesseparáveise considerandoos casosy > ey < O;essa outra soluçãoé xt, x>0 y(x)= —3x2, £< bl Umaperguntaparaprosseguir.O Teorema3.1estabelecea existêncialocal desolução.A perguntanatural é sea soluçãoobtidanaqueleteorema podeser estendidaa um intervalode definiçãomaior,e nestecaso até onde. Antes de enunciar resultadossobreessaquestão,vejamos alguns exemplos. Exemplo2. Considereo problemadevalor inicial v=y ulij=1. (3.15) Nesteexemplo,f(x,y) = y2 e fylx,y) = 2y sãocontínuasemtodoo plano(x,y). OTeorema3.1nosdizqueexisteumaesóumasoluçãodo problemadevalor inicial (3.15)definidaemumintervalo (1-a, 1a). Será quepodeser estendidapara todox? A respostaé não,poisq soluçãode(3.15)é ] Vo) => cujo domínio de definição é (00,2). Entretanto se a condiçãoinicial em (3.15) for substituida por y(0) = O, a solução é y(x) = Odefinida para todox. 5H PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Exemplos. y =e “,y(0) = 0. Asoluçãoy = En(x+1)está definida parax > —1. Exemplo4. y' = —A cos+, y (+) = O. A soluçãoy = sen definida para x > 0. 1É está Teorema3.5.Mesmashipótesesdo Teorema3.1. TodasoluçãodoPV. (3.5)-(3.6)podeserestendidaa um intervalomaximal,oqual éaberto. Para demonstrarmosesseteoremaprecisamosdoseguinteresul- tado: Lema3.6.Sejampi(x) e bz(x) soluçõesdo P.VI. (3.5)-(3.6)definidas, respectivamente,emintervalosabertos1, e 1, contendoxo. Então by e >coincidemem ly N Is. Demonstração: Temos que 1:= | NI é um intervalo aberto. O subconjuntoJ de I definidopor J=(xel:pi(x) =pa(x)) é obviamente fechado em 1e também não vazio, pois xo € J. Além disso,J éabertoemI, pelaaplicaçãodoTeorema3.1.LogoJ = 1,onde usamoso fatodeum intervalo ser um conjuntoconexo. a DemonstraçãodoTeorema3.5: Considereo conjuntodetodasas soluções Db;do PV. (3.5)-(3.6)definidas em intervalos abertos 1;contendoxo. A seguir,seja| = Ul; edefinaumafunção4: | —»IRdoseguintemodo: dadox € I, comox E I; paraalgum1,defina p(x)=pilx). A função«pestábemdefinidaemvirtudedoLema3.6.Além disso,q) é soluçãodoPV. (3.5)-(3.6),porqueb; o é,e | é aberto.Usaremosa notação| — (w.,w4). Afirmamosque I é maximal,isto é,nãoexiste um intervalocontendopropriamenteI ondeo P.V.I. (3.5)-(3.6)tenha solução p. De fato, se houvesseum tal intervalo, este conteria uma das extremidades,digamosw, . Então, peloTeorema3.1, a solução de yo= f(x,y) Ulm) = plwa) Seção3.2 Existência,UnicidadeeDependênciaContinua.59 existiria numintervalo (w, —q,w, +a). Observequeofatodep ser soluçãodefinidaemw, implicaqueoponto(w, b(w.,)) pertenceao aberto(0). Daí podermosaplicar o Teorema3.1. Concluimosque a função4 definidanointervaloI = (Ww,;w++q) por Da plx) para xe(w.,w,) b(x) para xe lwpsw,+a) é soluçãoP.V.I. (3.5)-(3.6).Isso é, porémimpossívelpois 1foi a união detodososintervalos abertoscontendoxo, ondeoP.V.I. (3.5)(3.6)tem solução,e I contémI propriamente. B RelaçãoentreafronteiraO() easolução(Pdefinidanoseuintervalomaximal.A perguntaquemotivaesseitemé: Qual ocomportamentode(x,p(x)), quando x se aproxima dos extremos do intervalo maximal [ = (w.,w.). No Exemplo 2 acima, O = Rº,1I = (-00,2) e p(x) — +oo, quandox — 27. No Exemplo4, O é o semiplano x> 0,1 = (0,00) e a soluçãop(x) tendeparao segmento—I<y<1, doeixoy. O quevamosmostraréque(x,p(x)) tendeparaafronteira de O, no sentidoque a soluçãosai de qualquercompactocontidoem OQ. Teorema3.7. Se b(x) ésoluçãodoP.VI. (3.5)(3.6)comintervalomaxi- mal I= (w.,ws4), então(x, p(x)) > 90 quandox > w. (omesmo valepara x > w), istoé,dadoK C O compacto,existeT < w, tal que(x,b(x)) É Kparax E (T,ws). Demonstração: 1)Sew, = +00,dadoK compactoem€), tome T= sup X (x,y)JEk e portanto (x, p(x)) É K sex >»7. DO PropriedadesGeraisdas Equações Cap. 3 *y Figura3.5 2) Sew, < +oo, dadoK C € temospeloLema 3.4que o raio q podeserescolhidoomesmoparatodasascondiçõesiniciais emK. Se (x1,p(x1)) E K, então &pestádefinidaem (xy—q,xy + q). Tome T=w,-— q, temos que (x,p(x)) É K sex € (T,w,), porque se xi E (T,w4) e (xy, Pp(x1))€ À, temosque (x) estaria definida em (xi—-q,x,3+a). E como X+4>7PT+AmW,, teríamosumacontradiçãoaofatode | sermaximal. Observação: Este teoremaé importantepara determinarmosse as soluçõesdeumadeterminadaequaçãosãoglobalmentedefinidas,isto é, w, = +oo. Quando(Qcontémo semiplanox>2xoe w+ < +oo, temosqueo Teorema3.7implicaque|p(x)| — +ooquandox - w,. Dizemosnessecasoque temosum “blowup”para x finito. Consequentemente,se conseguirmosmostrarque |p(x)| fica limi- tado,entãotemosobrigatoriamenteque p é globalmentedefinida. A observaçãoimportantenessesentidoé: SeP'(x) é limitada,então p(x)| nãopodetendera infinitoparax emintervalosfinitos. No ixemplo 4 acima temos Wy'(x) o cos: é limitada para x>xo > 0, portantotodasassoluçõescomylx9) = Yo possuemintervalosmaxi- mais com w, oo, O seguinteresultadoé de muita utilidade nas aplicações: Teorema36. Suponhamosque Dsecjaafaixa (x,y): a< x< b] Seção3.2 Existência,UnicidadeeDependênciaContinua 61 e que f:O —sR seja uma função contínua. Suponhamosquea deri- vadaparcial fy:O — R sejacontínuae limitada. Então para cada (xo,Vo) € O, existeumaúnicafunçãodiferenciável&: (a,b) > R que ésoluçãodoproblemadevalorinicial (3.5)(3.6). Demonstração: Bastamostrarquepara cadae > Odado,a soluçãodo problemadevalorinicial (3.5)(3.6)estádefinidaem(a + e,b —€), Sejam K, = maxi|f(x,yo) : a + exx<b — eje Kz = supllfy(x,y)| : (x,y) € O!. Então,peloteoremadovalormédio, f(x,u)|<f(x,vo)|+|f(x,y)—f(x,vo)|<K1+Kay —vo] e daí, usando (3.7)obtemos ju(x) —vo|<K3 +ko [ uls) —yo] ds. (3.16) Xo Isso implica (vejaLema 3.9a seguir) ju(x) —vo|<KseK2X-Xolcconst (3.17) o que mostraque wy(x)não tendea infinito. Logo, o intervalode definiçãoda solução(3.5)-(3.6)é (a + e,b —e). Como E é arbitrário obtemoso resultado. a Lema3.9 (Lema de Gronwall). Sejam «&,p e dfunçõescontínuasdefi- nidas emum intervalo (a,b), tais que B>0e d+ / E (3.18) Então pe B(s Pe (3.19) Emparticularse«(x)= K = const,temos ' dô(x)<Kela : (3.20) Demonstração: Seja 62 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Então w'(x) = B(x)ó(x). E daí, usando(3.18), w'(x)<PB(x)a(x)+Blx)w(x) que podeser escrita como [ww(x)e72] <p(x)o(x)ePD ondeB'(x) = B(x). Daí sesegue vofijeBic f B(s)o(s)ePISds, Xo efinalmente ô(x)<a(x) a | B(s)a(sje BlSds, Xo o queimplica(3.19).A verificaçãode(3.20)é imediatautilizando B(s)ed, Pludu + (e). ora ai S O resultado abaixo foi estabelecidodiretamentenoCapítulo 2. Enunciamô-lo,emseparado,poiseleétambémválidonocasodesiste- mas. E nessecasoa demonstraçãomais simpleséatravésdoTeorema 3.8. Corolário3.10. Se f(x,y) = alx)y + B(x) ondea e B sãofunções contínuasem (a, b), entãoassoluçõesde(3.5)estãodefinidasemtodo o intervalo(a,b). Além da questãodeexistênciae unicidadede soluçãodo P.V.I. (4,5)45.6),paraqueateoriatenhasentidofisicamente,éprecisomos- trar que as soluçõesdependemcontinuamenteda condiçãoinicial. Vamosestabeleceressapropriedadedemodoprecisono próximoteo- rema. Teorema3.11.(DependênciaContínua). Mesmashipótesesdo Teorema 3.1, Se rep são soluçõesde (3.5)definidas em [xo,x1],entãoexiste K >Otal que 0) = pal)sipi(xo) =palxo)jeS o) Seção3.2 Existência,UnicidadeeDependênciaContínua para todo x E [X0, X1). Demonstração: Dadasas soluçõespy(x) e Pp2(x)de(3.5),definidasno intervalo fechado |xo,x1|, podemostomar O, comono Lema 3.83,e de modoque O, contenhaos gráficosde pj e Ppz. Seja K a constante dadapeloLema 3.8. ty Xv Como pi (x)—p5(x)=f(x,pilx)) —f(x,ba(x)) segue-se,por integração,que: XxX Pilx) —pa(x)= qrlxo)=dalxo)+[ [f(s,Pils)) —f(s, Ppa(s))]ds. Xo Portanto,peloLema 3.3 |bi(x)—da(x)|<|bi(xo)—pa(xo)|+/ Klbi(s))—Pa(s)|ds, Xo de onde, usando a desigualdadede Gronwall (Lema 3.9), obtém-se: Ibi (x)—da(x)|<|pi(xo)—dalxo)JeK 0) Observação: ConsidereumasoluçãoPo(x) dePV. (3.5)-(3.6),definida num intervalo compacto|xo,X1|,podemosconcluir peloteoremaacima que, para uma sequênciade condiçõesiniciais y, convergindopara Vo = Polxo), as soluçõescorrespondentes Pp(x), que satisfazem(14.5) 69 64 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 e Pnlxo) = Yyntambém estão definidas nesse intervalo |xo,x1]para n grande, e pn — Po uniformemente em |xo,x1). Para isto, basta considerarOo comouma ô-vizinhançadográficode po, ((x,Polx)):xE Ixo,x1])s=Oo, e n suficientementegrandetal que ô [Un—Vol <eKIxixol' Nessascircunstâncias,a soluçãoPpn(x)vai permaneceremOg,para Xe Ixo, X1). Sistemas. SejamO um abertodeR”, ] um intervalodeRef: Jx O > R” umafunçãocontínuatal queasderivadasparciais f,, comrelação às n últimas variáveis são contínuas. Explicitando as variáveis es- crevemosf(t, uy)ondey = (Y1,... ,Un). À equação dy1=f(t,y), 1 = + SA]U= fit,y) , = (3.21) é um modo compacto de escrever o sistema dy: e = fi(t Ut... oUn) )* a vá us Uma soluçãode (3.21)é umafunçãodiferenciávelp: 1> O definida emumintervaloabertoI C J tal que p(t) =f(t, P(t)), paratodo tel. (O)problemade valor inicial consisteem, dados bo €EDeto E )J, determinara solução Ppde (3.21)tal que p(to) = do. Um resul- tadodeexistênciae unicidadeanálogoaoTeorema3.1 éválido neste caso,à demonstraçãosendoformalmente a mesma. Os resultados de extensãodas soluçõestêmformasanálogase demonstraçõesseme- lhantes.Deixamosaoleitora tarefadepercorrerosresultadosante- niores para o caso de uma equaçãoe verificar que as demonstrações sãoválidasparaossistemas(3,21). Utilizaremosos resultadosmencionadosacimanos Capítulos6 e 7 O leitor interessadonum exemplo,poderáver o Exemplo 1 da Secção 6.2. Seção3.3 CamposVetoriaise FormasDiferenciais 65 3.3. Campos Vetoriais e Formas Diferenciais Um campovetorialF é uma aplicaçãoF:O — Rº de um abertoO do espaçoRº nelepróprio. Geometricamente,imaginamosquea cada ponto (x,y,Z) deO estáligadoum vetor F(x,uy,z). Exemplo1. Campo gravitacional geradopor uma massa m colocada na origem. Neste casoO = Rº — (0,0,0), e pela Lei da Gravitação Universal de Newton F(x,U;2) = (- (3.28), , Gmx Gmy =) 73 73 o 1): onder? =x? +y? + 2z2,eG é a constantedegravitaçãocujovalor é 6,67 x 107!!'N.m?/kg?. A expressão(3.23)nosdiz queumamassa unitária colocadanoponto(x,y, Z)temsobreelaumaforçadeatração dirigida para a origeme inversamenteproporcionalao quadradoda distânciadessepontoà origem. Exemplo2. Campocentraldeintensidadediretamenteproporcionalà distância ao centrode atração. Suponhamosqueo centrode atração sejaa origem.Então F(x,y,Z) = (—kz,—ky,—kz), k= const. Exemplo3. Ocampodeterminadopelaequaçãodiferencialy”= f(x,y) Fix,uy)= (1;TFlx,0)). Exemplo4. Seja V(x,14,Z) uma função escalar V:O — R definida emum abertoO doespaço(x,y,Zz). Se V for diferenciável,entãoo gradientedeV grad V = (Ve Vy, Vez) éum campovetorial. Usa-setambéma notaçãoVV para representar o gradiente. Vx, Vy e V, designamas derivadasparciais de V com relaçãoa x, y e z, respectivamente. Definição. Um campoF:O — |" échamadocampogradienteseexistir uma funçãodiferenciávelV:OQ)-— IRtal quegradV = É O campo escalarV é chamadoumpotenetaldo campoF, e diz-se tambémque 6O PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Hderiva de um potencial. [Vê-seque um mesmoF podeter vários potenciais,masdoispotenciaisdeum mesmocampodiferemporuma constante]. CondiçãoNecessáriaparaumcampoFsergradiente.SuponhamosqueF seja um campogradientee queF sejadeclasseC! (istoé, as componentes P(x,y,Z), Q(x,y,Z) e R(x,y,2z)deF sãofunçõescontinuamentedife- renciáveis).Temos,pois,queexisteV(x,y,z)talque V«.= P,V, = Q e V, = R. ComoF é diferenciável,temos Vxy = U)> Vyx= Qu: Vas = Pã Va = kk; Vyz= Oz; Voy = Ry. Daí, usandoofatoqueas22º derivadasdeV sãocontínuasobte- mos Py = 0x, Pr=Ry. Q= Ry (3.24) quedevesersatisfeitaemtodosospontos(x,1, Z)deO. Então,(3.24) éumacondiçãonecessáriaparaÉ = (P,(Q,R)serumcampogradiente. Será ela suficiente? A respostaé não, em geral; isso se vê no Exem- plo 5 adiante,usandoo resultadoa seguir, Chama-secampofechado àquelequesatisfaçaà relação(3.24). Nesta nomenclatura,o quees- tabelecemosacimafoi o fatoquetodocampogradienteé fechado,e o que perguntamosfoi se todocampofechadoseria gradiente;e o que veremosé que não. Antes de prosseguir,a condição(3.24)expressao fato do rota- cional de F ser zero. Lembreque o rotacionaldo campovetorial | (P,Q,R) é um campovetorial definidoassim SK otEs| 2 2]=TR-Q+T(P-R)+K(Q—Pg), PP O onde E Y Kesão a basecanônicade Rº, isto é, T = [1.001 i (0, 10)e k (0,0,1), Obviamente, o determinante acima é Seção3.3 CamposVetoriaise FormasDiferenciais 0/ apenasformal: é uma regra mnemônicapara lembrar a expressãodo rotacional. Proposição3.12. Seja EO — Rº um campogradientecontínuoem O € Rº cujopotencialé V. Seja a(t) = (x(t),u(t),z(t)), t E [a,b] um caminho diferenciávelem O. Então, a integral de linha de HFao longodo caminho « dependeapenasdospontosinicial efinal de x: | F=Ve(d)u(b),2(b))—Vila),va),(a) (3.25) Demonstração: Por definição b [r=[ (Fit), v(t),z(t)),(x(t),u(t),z(t)) dt (3.26) onde(, ) designaoprodutoescalardevetoresdoRº. Logo,usandoo fato queF é um campogradiente,vemosqueo integrandode(3.26)é Vet), vlt),z(t))x(t) +Volt), v(t),z(t))y(t)+ d (3:27)Eag VbXlt),Ult),z(t)O. Consequentemente,(3.25)seobtémde(3.26)e (3.27),usandoo Teo- remaFundamentaldoCálculo. a +Velx(t),u(t),z(t))z'(t) Corolário3.13.Se FO — Rº é umcampogradientecontínuoemO C Rº então [ P=0 (3.28) para qualquercaminhofechado« emO. Observação. Camposde vetoresaparecemem Mecânica,comopor exemplo,os camposde força. Se F for um campode força, entãon integral (3.26)é definidacomosendoo trabalhoda forçaF aolongodo caminho«. Observequealí seestáintegrandoapenasacomponente de F sobrea tangenteà curva: a componentede F, normala &, não trabalha. Um campode força fechadoé chamadode conservativo. Decorreda Proposição3.15a seguire da Proposição3.12que todo campoconservativode forçasem um domíniosimplesmenteconexo 6H PropriedadesGeraisdas Equações Cap. 3 (vejadefiniçãoabaixo)éumcampogradienteequeotrabalhoaolongo de um caminhodependeapenasde seus pontosinicial e final. Exemplo5. SejaO —((x,y): pf <x py < p5),ondeO < py< pa. O campovetorial FO — Rº definidopor y =F(x,y)= ro) (3.29) satisfazàcondição(3.24).Poroutrolado,considereocaminhofechado a(t) = (rcost,r sent), t E [0,27]er fixadoentrep, e pz. Logo,para o campovetorial (3.29),o produtoescalar (3.27)é Tsent —Tcost2: (—rsent)+ 3 [r =-—-27. AX Portanto,segue-sedoCorolário3.13queF nãoégradiente. Tcost =—] e daí À noçãointuitiva de conjuntosimplesmenteconexoé a de um conjunto que não contém“buracos”. No exemplo5 acima O não é simplesmenteconexo. Definição. Um conjunto O C R? ésimplesmenteconexose qualquer funçãocontínuay definidano circulounitário yo); x +y=050, podeser estendida continuamente ao disco, isto é, existe Y contínua Yliouy);x +y<D)>40, tal que Yix,y) = Yy(x,u) sex +y?=1. Na classe dos abertos simplesmente conexos,a condição (3.24), necessária para um campo F ser gradiente, é também suficiente. De- monstraremosesseresultadoapenasparaocasodecamposvetoriais planos.Antes,porém,estabeleçamoso seguinteresultado,o qualé a recíprocadoCorolário 3.13, Proposição3.14.Seja FO =IR“um campovetorialcontínuoemO C WE,tal que (3.28)severifica. Então F égradiente. Seção3,3 CamposVetoriaise FormasDiferenciais 69 Demonstração: Fixe um ponto (xo,U0,Z0) € O. Dado (x,y,z) € () existemcaminhos«(t) = (x(t),uy(t), z(t)), O<t<1,em O e tais que x(0) = XO0;u(O) = Vo; z(0) = Z0, x(1) = X, u(l) = U, z(1) =2z À expressão Voswz)= | F (3.30) AX defineunivocamenteV pois, por hipótese,a integral de linha no se- gundomembrode(3.30)independede«, dependendoapenasdospon- tos inicial e final de «. Para mostrar que V é um potencialpara F, tomeum caminho « que chegaem (x,y,Z) paralelamenteao eixo x, istoé,o segmentoligando(x—h,y,Z) a (x,u,Z) pertencea «. Logo de(3.30)obtemos: Víx,y,z)— V(x—h,y,z) = / P dx. x—h Dividindo por h epassandoaolimite quandoh > 0, obtemosV, = P. RaciocínioanálogoparaprovarV, = Q eV, =R. a Proposição3.15.Seja O umabertosimplesmenteconexonoplano. Seja FO > Rº um campovetorialdiferenciávelfechado.Então F égra- diente. Demonstração:Bastamostrarqueacondição(3.24)implica (3.28).Sem perda de generalidadepodemossupor que x é um caminhofechado simples (isto é, semintersecções):seja D o abertodelimitadopor «. À hipótesede « ser simplesmenteconexoimplica que a fronteira de D é «. O teoremadodivergentenosdiz que [= [ av-a) ondediv(—-QO,P)= —Q,+Py. Portanto,usandoa condição(3.24) obtém-se(3.28). a Métodopráticoparaobtençãodopotencial. Suponhaque F = (PQ) (0) Rº seja um campodiferenciávelnum domíniosimplesmenteconexo OQ,e satisfazendoà relação Pyulx,y)= Quix,y), (x,y)€ O, (9,24) /O PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Pela Proposição3.15,sabe-sequeexisteum potencialV(x,y) para F. Comodeterminá-lo? Em primeirolugar,observamosqueV deveser tal queVy = P; logo Víx,y) = [ Pre ulax+ g(y) (3,91) ondeo primeiro termo no segundomembrode (3.31)é qualquer pri- mitivadeP comrelaçãoa x, egéumafunçãoquedeterminaremosde modoaatenderàoutrarelação:V, = Q. Paraisso,derivando(3.31), obtemos Voley)=[Ped g'(y) e daí g'(y)—ley) —| Poly) ds. (3.32) Exemplo6. SejaF(x,y) = (e”,xe” + 2y) um campovetorialdefinido emtodooR2. É imediatoverificarqueestecamposatisfazà condição (3.24); e comoestá definido em um domínio simplesmenteconexo, temos que ele possue um potencial, V(x,y). Logo, como V, = e”, obtemos Víx,y) = [y dx+g(y) =e?x +g(y) e daí Vulx,u)=ex + g'(y). ComoV, = xe” + 2y, obtemosqueg'(y) = 2y. Portanto,podemos tomar g(y) = y?. Concluímosqueum potencialpara F é Víx,y) = e!x +y?. ComomotivaçãoparaoestudodeFormasDiferenciais,observa- mosqueas equaçõesseparáveis, SAULO) g(y)' estudadasnoCapítulo2,easequaçõesda forma Ni uly +M(x,y) =0 Seção3.3 CamposVetoriaise FormasDiferenciais 7] queserãoestudadasainda nestecapítulo,sãoemgeral apresentadas como g(y)dy=f(x)dx (3.39) M(x,uy)dx+ N(x,y)dy =0. (3.34) Essas formasevidenciamcertaspeculiaridadesdessasequações e tornammais automáticosalguns procedimentosde integração.Há, pois, uma vantagem em estudá-las. Entretanto, põe-se imediata- mentea questãode saber o que realmentesignificam as expressões (3.33)e (3.34),uma vez que elas não são equaçõesdiferenciais no sentidoqueatéaquitemsidoconsiderado.Formalmente,a coisafun- ciona se olharmos dy/dx comoo quocientedas expressõesdy e dx. Um espíritomatemáticoaceitaráo formalismo,e tirará vantagens dosprocedimentosformais se entendero seusentidocorretoe sentir quetodoselespodemserjustificados. E é issoquepretendemosfazer nesta secção. FormaslinearesemR?. Umaformalinear emRº?éumafunção(:R? - R tal que tlax + bB) = alla) + bl(B) (3.35) onde a e b são números reais e « e B são vetores de R?. Um vetor « = (x1,x2) deRº podeserescritocomo xa=wetazez onde ey=(1,0), ee =(0,1). (3.36) De (3.35)e (3.36)decorreentãoque uma forma linear º fica determi- nada seconhecermos((e1) e f(e>),pois tax) = osf(ey) + aot(es). (3.37) ]Definamosduas formaslinearesespeciaise! e e?pelas relações | o | 1 ui eau e(ea)= (3.98)e(e)=0 eMesj=1. À expressãoq) e! +a>e2,ondea, e az sãonúmerosreais dados,define umaformalinear: aquelatal que (aje! + qe”) (e1) = 01, (are! + qe”)(e>) as. PropriedadesGeraisdas Equações Cap. 3 4vemos,reciprocamente,quequalquer forma linear ( é dessaforma, isto é, = are! + ae”, onde ay=tt(ey)ea,= (e). (3.39) O conjuntodas formaslinearesé, então,um espaçovetorial de di- mensão2, chamadoo espaçodual de R? e designadopor (R?)*. Os elementosde (R?)* sãochamadosdecovetores.Os covetorese! e e? formamumabasede (R?)*. FormasdiferenciaisemR? . Seja O um abertode R?. Uma forma dife- rencial éumafunçãow: O > (R?)*. Usando (3.39)podemosescrever ue = wi(x,y)e! + w>(x,y)e? (3.40). onde as funçõesw;:O — R são as componentesda forma w. Uma formaé declasseC”, r inteiro >0,se as componentesforemfunções diferenciáveisaté a ordemr. |O que introduzimosaqui foi o conceito de forma diferencial de grau 1, ou 1-forma. Pode-sedefinir formas diferenciaisdegrau > 1,maspara nossospropósitosas 1-formassão suficientes. Por uma questãode economiade linguagem,chamamos essas1-formassimplesmentedeformas].Se« = (x1,«2) éumvetor de Rº, então,decorrede (3.40)que [o(x,ulla = wr(x, uy) + wa(x,y)az. (3.41) Exemplosdeformas. (1)Forma constanteé aquelaemqueas componen- tes são constantes. (ii) dx:O > (R?)* é a formaconstantecujascomponentesw e «ww;são 1e 0, respectivamente:dx = 1.e!+0.e? = e!. Assim, se a (1,0%) éumvetordeRº, então(dx)(«) = «q. (ii) dy:O > (R?)*éaformaconstante:dy = 0-e!+1.e?= e?, Assim (dy)(a) = «2. Decorredos exemplos(ii) e (iii) acima e de (3.40)que qualquer formadiferencialw podeserexpressacomo qv= wy dx +w2 dy. (3.42) Por definição,somam-seformasdefinidasemum mesmoaberto () somando-seas respectivascomponentes.E, também,multiplica-se Seção3.3 CamposVetorlaise FormasDiferenciais 73 umaformaw:O > (R?)* porumafunçãof: O — R multiplicando-se ascomponentesdew por f. Definição. Dada uma funçãodiferenciávelf:O — R define-sesua diferencial df: O — (R?)* comosendoa formadiferencialcujascom- of, ofponentessão 5, € 3,- Assim of of(df)(x,y)= =>(x,y)dx+— bey)dy (3.43)Ox Oy ou mais compactamente df = fe dx + ty dy. (3.44) É imediatoverificar-sedadefiniçãoque d(f+ 9g)= df+dg d(fg) = fd df o o Õ, des = const. (ed) df = Oimplicaf = const,seO for conexo. Definições. Uma forma diferencial w:0 > (R?)* é exata se exis- tir O — R tal que w = df. Comparecoma definiçãodecampo gradiente;uma forma é exata se e só se o campovetorial associado (wi(x,uU),w2(x,y)) for um campogradiente.Uma formadiferencial éfechadase dw1/dy = dw2/0x; portanto,umaformadiferencialé fechadasee sóseo campovetorial associadoé fechado. Decorredas definiçõese observaçõesanterioresque 1.SeO for simplesmenteconexo,umaformadiferencialw:O > (R?)* éexataseesóseela for fechada. Definição. Dadaumaformadiferencialw:O > (R?)* declasseCº e umcaminhodiferenciável«: |a,b]> O, define-sea integraldew ao longode x por b [w=[ wla(t)la'(t) dt a “q ondeo integrandoda segundaintegral temo sentidoexplicitadoem (3.41)acima. [Portanto,a integraldew aolongode« éigual a integral do campo vetorial (wy(x,U), w2(x,U)), associado a w, ao longo de «| [4 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Portanto,decorredasProposições3,12e 3.14que . . ) s ,!. Um forma diferencial w:O — (IR“)* é exata se, e só se, ds D=l para todososcaminhosfechados« contidosemOQ, Voltaàsequações(3.33)e(3.34).Em primeiro lugar, escrevendoa equação (3.33) como flx)dx—glyldy=0 vê-sequeo primeiromembroé uma diferencialexata. De fato,ela podeser escritacomo dF=0, onde Fly) = | Hoddx—[ o(ujay, e,portanto,assoluçõesy(x) de(3.33)sãodadaspor Flx,y(x))= emconsequênciade(3.45)acima. Quantoà equação(3.34):M(x, y)jdx + N(x,y)dy = 0 casooprimeiromembrosejaumadiferencialexata,entãoelasereduz a dF=0, onde Fr=Mefl,=N, edaí F(x,u(x)) =. Caso a diferencialem(3.34)não sejaexata,procura-seum fator integranteu(x,uy),istoé,umafunçãotal que uM dx + u N dy seja umadiferencialexata.Vamosestudar as equaçõesdo tipo (3.34) commaisdetalhesna próximasecção. J.4. EquaçõesExatas Nesta secçãoconsideramosequaçõesdiferenciaisda forma Nx uy +M(x,y) =0, (3.46) ondeM,N:t) -»IRsãofunçõesdefinidasemumabertoconexoO do plano(x,14).SupondoqueM eN sãofunçõesdeclasseC! eN(x,y) £ Seção3.4 EquaçõesExatas 75 Oparatodo(x,y) € O, essaequaçãosereduzaotipoy' = f(x,y), para a qual já temosuma teoria de existênciae unicidadedesolução do problemade valor inicial. De fato, nós a utilizaremos no decorrer destasecção. Dizemosquea equação(3.46)éexataseocampovetorial(M, N) deriva de um potencialV(x,y), isto é, V« = Me V, = N. Assim, a equação(3.46)pode ser escrita como Vulx,u)y' +Valx,y) = 0. (3.47) Logo,sey(x) for umasoluçãode(3.46),obtemosde(3.47): d+Vlsul)=o0, ouseja,u(x) é soluçãodaequaçãoalgébrica Vix,vylx))=, (3.48) onde c é uma constante,a qual pode ser obtida se utilizarmos um ponto(xo,Yo) porondea soluçãoy(x) passe;assimc — V(xo,UVo). Issoquerdizerqueosgráficosdesoluçõesdaequação(3.46),traçados noplano(x,y), estãocontidosnascurvasdeníveldafunçãoV(x,uy). Observeque a equação(3.46)podeser exatasemque M e N sejam de classe C!, Entretanto, se M e N forem de classe C! num domíniosimplesmenteconexo,a condiçãopara (3.46)ser exataé que My = Nx, comovimosna secção3.3. UmafunçãoV(x,y) talque(3.48)severificaparaassoluçõesy(x) da equação(3.46)é chamadauma integralprimeira para a equação (3.46). O queprovamosacimafoiquese(3.46)forexata,entãoelapossue uma integral primeira. Consequentemente,um métodode obtenção de soluções de equaçõesexatas é descobrir uma integral primeira Voy). Exemplo1. Considerea equação (x?+4y)y' +(2xy + 1) =0. (3.49) NestecasoN(x,y) = x?+4y e M(x,y) = 2xy + 1.LogoNy = My e consequentemente(3.49)é exata. Basta poisdeterminaro potencial 76 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 de (M, N): Vix,y) = [xy + Ddx+g(y) =xºy +x+g(y) e daí xX+4y=V,=x+9'(y)> g(y)=2y”. LogoV(x,y) = x2y + x + 2y?. Portanto,as soluçõesy(x) de(3.49) satisfazema xuy+x+2y2=C, ondeC éumaconstantearbitrária. Exercício1. 1)Integre as equações (x2+Ny'+2xy-x2=0 xy +y=0. ii) Estudeosoitoproblemasdevalor inicial paraas equaçõesacima: v(0)=,uy(D)D=1],yl-)=ley(-|)=-1. Exercício2. Resolvaas equações 2(er s)u+u-o y (cosx sec?y)y' —(senxtgy + 1) =0 (x+2yº)y'+(y—2x))=0. Observação. À equação xy —y=0 (3.50) nãoé exata, Entretanto,as soluçõesy(x) destaequaçãosatisfazem à relaçãoy/x = c, o quepodeserverificadodiretamente.E também imediatoqueV(x,y) = y/x é um potencialdocampo(—y/x2,1/x). A equaçãocorrespondentea estecampoé Fars u U 5 =), (3.51)X x Seção3.4 EquaçõesExatas 7/7 Vê-sequea equação(3.51)é resultadoda multiplicaçãode(3.50)pelo fator 1/x2. Este é um exemplo em que uma equação não exata é transformadaemuma equaçãoexatapelamultiplicaçãopor um certo fator. Quãogeral é essasituação?A questãoé,então,a existênciade umfator integranteparaa equação(3.46),istoé,umafunção(x,y) tal que uNy+uM=O0 seja uma equaçãoexata,isto é, existauma funçãoV(x,uy)tal que Ve = EM e Y4 = uN. No casoem que M e N sejamde classe C!, entãoumafunção(x,y) declasseC! seráumfatorintegrante (lembreO ésimplesmenteconexo)se (uM)y=(UN) (3.592) ou seja 1(No Muy)=My—No (2.58) Observeque (3.53)é uma equaçãodiferencial parcial, pois envolve derivadasparciaisdeu(x,1y).Suasoluçãonemsempreéfácil. Entre- tanto,tudoquenecessitamoséuma soluçãoparticular de (3.53)enão sua soluçãogeral. Em muitas situações,esseproblemaé bemmais simples,comoveremosnos quatro exemplosa seguir. Exemplo2. Suponhaque (My —Nx)/N sejauma funçãog(x) de x apenas. Então, podemosdeterminar um fator integrante u(x) queé funçãodex somente;defato,decorrede(3.53)que4 é soluçãode Idu My—Nk u dx No istoé, u = eS!X)ondeG(x) = [ g(x) dx. Considereo exemplo (xy =x)y'+y=o0. Temos, então, M(x,uy) = uy,N(x,1) x2y —xe My—Nx 1-(2xy-1) 2 N X*y —x 76 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 Logo 1d. udx x de ondeobtemos u(x) = x? Exemplo3. Se (My —Ny)/M for umafunçãof(y) dey apenas,então (3.46)temum fator integrantequeéfunçãodey somente.Nestecaso, u(y)=e-FIv)ondeF(y)=[ f(y)dy. Exercício3. Ache os fatoresintegrantesdas equaçõesabaixoe realize as integrações: (3x2—y?)y'—2xy=0 (xº—xy)y'+ (xy—1)=0. Exemplo4. Se My —Nx Ny —Mx for uma funçãoh de z = xy, então(3.46)tem um fator integrante | quedependedez : u(x,u) = fl(Z). E fácil verque io] = eHtz) onde H(z) = fz) dz. Exercício4. Encontre o fator integrantede (3xy! +x)y' +y=o. Exemplo5. Se M(x,uy) e N(x,y]) sãofunçõeshomogêneasdemesmo grau, então 1/(Mx + Ny) é um fator integrante para (3.46). Lembre queM éhomogêneadegraup se M(Ax,Ay) =APM(x,y) há paraqualaquerx e y reaiseÀ >»O. Derivando(*) comrelaçãoa À e depoisfazendoÀ — 1obtemos PM (x,y)= xMalx,y) +uMy(x,y). Seção3.4 EquaçõesExatas 79 A seguirverifiquequeo campo(M/(Mx + Ny), N/(Mx + Ny)) é fechado.O leitor podeindagar doprocessoqueconduziuà descoberta dessefatorintegrante.VejaacontinuaçãodoExemplo5maisadiante. 3.4.1Ummétodopráticode integraçãode equações(3.46) O conhecimentodediferenciaisdealgumasfunçõespodeserexplorado para integrar equaçõesdotipo (3.46).Comecemospropondoaoleitor queverifiqueas seguintesexpressõespara asdiferenciaisdealgumas ' funções (1) d(xº) = axº—!dx (1) d(xy) = xdy +vydx ... x) vdx-—-xd(iii) a(2) =1 *0u “(iv) d(x2+vy?)=2xdx+2ydy (w)d(tnã)=udxxdy . %1 UAE—RAY(vi) d(arctg =) DO Vejamosalguns exemplos. Exemplo1.À equação udx + (xy —x)dy = O podeser escritacomo xy dy —(xdy —ydx) = 0 quedividida por x? dá xdy — ydxviy- 5 — =0. (8) a(7)=0 e daí obtemosa integral primeira Usando 1)e iii) temos DO PropriedadesGeraisdas Equações Cap. 3 Exemplo2. À equação vdx+(1+yê-x)dy =0 podeser escritacomo vdx-xdyu+(I+yi)dy =0 quedivididapory? produz ydx —xdy y2 Usando-se 1)e iii) obtemos(5)val)ras e portantoassoluçõessãodadaspor +y ?dy+dy=o. sa-—--+y=e. UU uy Exercícios. Integre,comonosexemplosacima,as equações udx —(x+xy)dy = 0 (yu+ +x*y?)dx—xdy=O xdx+udy = Vx2+uy?dx (x—u)dx+ (x+u)dy =0. 34.2 Existênciado Fator Integrante MostraremosqueseM eN foremdeclasseC! emO ese N(xo,Uo) + O num ponto (xo,Vo) € O, entãoexiste um fator integrante numa vizinhançade(xo,Vo). De fato,em virtude da continuidadede N(x,y), existe uma vi- zinhança (o de (xo,yo) onde N £ O. Logo a equação(3.46) pode ser escrita como (x,y) € Oo. (3.54) Seção3.4 EquaçõesExatas 81 Pelo Teoremade Existência e Unicidade de soluçãodo problemade valor inicial, a equação(3.54)comcondiçãoinicial ulxo)= E, (2.55) onde£,é tal que(xo,€) € Oo, temumasoluçãoúnica U=q(x,E) (2.56) ondeexplicitamosna soluçãoa sua dependênciada condiçãoinicial €. Suponhamosinicialmente que a equação(3.46)tenha em uma vizinhança de (xo,yo) uma integral primeira u(x,y), tal que Uy(xo,Vo) £ O.Sejaco = u(xo,Vo). Assim,parac numavizinhança deco, tem-sequeuma soluçãoP(x, E) de (3.54)comu(xo,E) = c é tal queu(x, P(x, €)) = c. Logo Uxlx,d(x,E))+uylx,dlx,E) (x,E)=0. (3.57) E como Mix,p(x,E) + Nx, dlx,E))b'(x,E) =O (3.58) concluimosque us M uy N numa vizinhança de (x9,4o). Daí se segueque Uy n M. .u N | (3.59) Logo, u = uy/N é um fator integrante, pois (3.57) é obtida de (3.58) multiplicando-apor pu.E (3,57)é umaequaçãoexatacomodefinimos acima. B2 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 geÉ X0 Xv Figura3.7 À seguir,provamosque a equação(3.46)semprepossue(local- mente)uma integral primeira. De (3.56)sesegueque €,= Plxo,€) (3.60) a qualderivadacomrelaçãoa É nosdá dep ”de 00»8)=1, |Abemdaverdade,nestepontoestamosutilizandoofatoqueasolução de um certo P.V.l. é diferenciável com relação ao dado inicial. A demonstraçãodessefatofogeum poucoaocaráterelementardenosso estudo.O leitor insatisfeitopodeconsultar,porexemplo,J. Sotomayor, LiçõesdeEquaçõesDiferenciaisOrdinárias, ProjetoEuclides, 1979.) Dai, concluímos,que usandoo Teoremadas FunçõesImplícitas, que É,podeserexplicitadanaequação(3.56): E=p(x,y) (3.61) o queé válidonumavizinhançade (xo,Vo). De(3.56)e (3.61) y =pix,b(x,y))) (3.62) para todo[x,1) numavizinhançade (xo,Vo). Logoderivando(3.62) com relaçãoa 1 obtemos dpdp õE dy (3.63) Seção3.4 EquaçõesExatas 89 oqueimplicapy(xo, Vo) £ O.Logo(x,y) éumaintegralprimeirada equação(3.46).Observequeográficodasoluçãob(x, E) estácontido na curvadenível ip(x,y) = é. Comentário. O que acabamosde mostrar foi a existêncialocal de um fator integrante. Observeentretantoque a expressãodo fator inte- grante, u = 1py/N, não é útil, em geral, para efetivamentese obter o fator integrante, pois ela envolve,via (3.56)e (3.61), a resolução ' da equaçãodiferencial(3.46).Ora, a utilidadedofator integranteé precisamentepara resolveressaequação.Portanto,emborasaibamos queas equações(3.46)têmum fator integrante,o métododofator in- tegranteédeaplicaçãorestrita, pois,emgeral,nãoconhecemosquem eleé. O métododofator integranteé útil noscasosdosExemplos2, 3 e 4 da secção3.4acima. Já no casodo Exemplo5, da referida secção, o métododereduçãoa uma equaçãoseparávelé bemmais natural. Exemplo5 (Continuação).A equação(3.46),no casode M e N serem funçõeshomogêneasdo mesmograu, podeser transformada numa equaçãoseparávele, então,integrada explicitamente,veja Exercício 7 do Capítulo 2. Basta introduzir uma novavariável dependentez =- y/x. Daí y' = xz' + z, quesubstituídoem(3.46)dá, apósusar a homogeneidade: N(1,z)(xz+27)+ M(1,z) =0 ou seja N(1,2z) / ] oMile +INtLa?Tx O eia, Supomosquexo M(xo, Yo) +YoNíxo,Uo) £ 0 e xo > 0. Integrando (3.64)e voltandoà variável uy: F(1) » ink =E (3.65) ondeF(z) éumaprimitivadafunçãocoeficientedez”em(3.64).Logo, a função no primeiro membrode (3.65)é uma integral primeira de H4 PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 (3.46).Pelo quevimos antes,então,o fator integranteprocuradoé H(x,y)=RE (=), N dy àx 1 N(T,y/x) ] Nou) M(T,y/x)+(y/x)N(,y/x) x de ondesesegue,emvista da homogeneidade,que ] Mx + Ny(x,y) = comoqueríamos provar. 3.5. FamíliasdeCurvasPlanas As soluçõesy das equaçõesexatas Níx,u)y' + M(x,y) = 0 (3.66) foram obtidasna forma implícita VIR = E, (3.67) ondec é uma constantearbitrária. Para cadavalor de c temosuma curvanoplano(x,y). Porexemplo,assoluçõesdeyy' + x = 0 são dadasna forma Zsyi=e, assimparacadavalordec > Otemosumcírculoderaio ,/c centrado na origem. Observe,pois, que,para um mesmoc, podemoster mais deumasoluçãoy(x) dadapor(3.67).A expressãodefineumafamília de curvas a um parâmetro. Em geral, uma família de curvas a um parâmetroé definidapor TX, UA) =D (3.68) onde EO) =xA > R é uma funçãodiferenciável,O é um abertodo plano (x,y) e À é um intervalo da reta. Poe-sea seguintequestão: dada uma família de curvas (3.68) a um parâmetro,existe uma equaçãodiferencial para a qual essa família representesuas soluções? Iniciemoscomo estudodeexemplos. Seção3.5 FamíliasdeCurvasPlanas 85 Exemplo1. Família de retas paralelas a uma reta dada: fix,uy,A)=uyu-mx-A=0 (3.69) onde mestá dado,AE A =R, (x,y) € O = Rº. Derivando (3.69) comrelaçãoa x obtemos y'=m e é essaa equaçãocuja família de soluçõesé dadapor (3.69). E )(2x +!Exemplo2. Família deparábolas o) fixy,AN)=uy—-ZX]-A=Õ0; + (3.70) ondex,y,A € R. Derivandocomrelaçãoa x obtemos y'—4)x=0. (3.71) EliminandoÀentre(3.70)e(3.71)obtemos (2x2+1Wy'—4xy=0 queé a equaçãocujas soluçõessãodadaspor (3.70). Exemplo3. Família decírculosderaio 1 centradosno eixo-x x=A+cost, vy=sent, O<t<27r, quepodeser escrita implicitamentecomo fls,y,A)=(x-A)2+y?-1=0. (3.72) Derivandocomrelaçãoa x, obtemos 2(x-N) +2yy' =0. (3.78) Eliminando À entre (3.72)e (3.73),temos v(1+y?)-1=0. (3.74) “omonoscasosanteriores,ascurvas(3.72)sãosoluçõesde(3.74).En- tretantonestecaso,há soluçõesquenãoestãoincorporadasem(3.72): de fato y(x) = Te y(x) = —1são outras duas soluçõesde (3.74).A terminologiaclássicaé a seguinte: as soluções(3.72)são chamadas regularese y(x) = Te vy(x] | sãochamadassoluçõessingula- res. Observeque essasduas últimas soluçõessão as envoltóriasda DO PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 família de círculos; logo mais, definiremos envoltória e voltaremos a esta discussão. Exemplo4. Família arbitráriaderetasdaformay = Ax+ g(A),A > 0. Nestecaso fixuy,A)=y—Ax—g(A)=0 (3:75) ondesupomosquegéumafunçãodeclasseC?. Derivandocomrelação ax: uy-A=0. (3.76) Eliminandoentre(3.75)e (3.76)obtemos y—xy'—g(y')=0. (3.77) A equação(3.77)é conhecidacomoequaçãode Clairaut. Como nos casosanteriores,as curvas(3.75)sãosoluçõesde(3.77).Entretanto há uma outra: a curva dadaemcoordenadasparamétricaspor x=-g9(A), v=-Ag'(A)+glA). (3.78) Para verificaressa assertivabastaprovar que dy/dx = A. Como veremosmais adiante, a curva (3.78) é a envoltória da família (3.75). Exemplo5. Família de Círculos fix y, A) =(x=21)º+y*-N2=0. (3.79) Derivandocomrelaçãoa x obtemos 2(x—21)+2yy'=0. (3.80) EliminandoÀentre(3.79)e(3.80)temos 3uy”(uy)?—2xyy!444" —2 = 0. (3.81) Como antes,as curvas (3.79)são oiço de (3.81),bemcomoa en- voltóriada família (3.79)dadapor y? = x. Métodoutilizadonos exemplosacima Dadaa famíliade curvas(3.68),derivamosf comrelaçãoa x, e for- mamoso sistema flx,y,A)=0 (3.82) FAX y, A) =0 Seção3.5 FamíliasdeCurvasPlanas 87 de ondeeliminamosÀ. Usando o Teoremadas FunçõesImplícitas vê-sequea condição Talk,D,A) EO (3.83) possibilitaa explicitaçãodeÀ em(3.68):À = p(x,y); substituindo-se essa expressãode À em (3.82)obtemosa equaçãodiferencial procu- rada, Exercício1. Obtenha as equaçõesdiferenciaiscorrespondentesàs fa- mílias de curvas: (1) y=Ae”* (11)y=Ax+sen(A+1) 2Gi) E +to=] (1v) Família de todas as retas passando pelo ponto (a,b) (v) Família detodasasretascujosegmentocompreendidoentre osdois eixosé sempreigual a 1. 3.5.1Envoltóriade umafamíliade curvas Seja dada uma família de curvas C, dada por (3.68);supomosque, para cadaÀ, a curva correspondentetem tangente,o que quer dizer queo vetor normal [io UA), ERA] ED (3.84) paratodos(x,y, A) tais quef(x,y,A) = 0. Define-seumaenvoltória dafamília (3.68)comosendoumacurvaemcoordenadasparamétricas (x(A),u(A))talque f(x(A),u(A),A) = 0 (3.85) X(A)felx(A),VÍA),A)+U(A)fylxlA),U(A),A)=O (3.86) ondex = dx/dA. A condição(3.85)diz quepara cadaÀ, o ponto (x(A),y(A)) pertenceà curvaC» da família (3.68).A condição(3.86) dizquenaquelepontoaenvoltóriaeacurvaC, têmamesmaretatan- gente.A seguintecondiçãoésuficienteparaa existênciadeenvoltória da família (3.68) Eetdy= fufaxÉO. (3.87) BO PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 De fato, considere o sistema T(x,y,A)= O 3.88Estou,AT= es) A condição(3.87)nosgaranteatravésdoTeoremadas FunçõesImplí- citasqueexisteuma solução(x(A),u(A)) dessesistema. Logoesses x(A) eu(A) satisfazem(3.85),quederivadacomrelaçãoa À produz WA)felx(A),UlA),A)+ HUM)fybelA),VÍA),A)+falxiA),VÍA),A)=0. (3.89) Em virtudede(3.88)oúltimotermode(3.89)ézeroeportanto(3.89) implica(3.86),o quemostraque (x(A),u(A)) é uma envoltóriada família C No Determinaçãode envoltóriasde algumasfamíliasdecurvas 1. A família do Exemplo 3: fixyAM)=(x-A)2+yê-1=0 fale,y,A) =—2x— A)=). EliminandoÀnessesistemaobtemosy? = 1,oquemostraquey(x) = levyl(x)= —l sãoduasenvoltórias. 2. À família do Exemplo 4: fo,uy,A)=y—Ax—g(A)=0 falx,y,A)=—-x—g'(A)=0. Logo, à curva em coordenadasparamétricas, x=-g9(A), v=-Ag'(A)+g(A), é uma envoltória. A família do Exemplo 5: fixuyA)=(x=2A)2+y2-A2=0 falx,vd) m=d(x—2A)-21 =0. Eliminando À no sistema acima obtemosy? = 1x2, V=x/V3ey =-x/ V3 sãoenvoltórias. Logo as retas 4. GeneralizaçãodoExemplo4. Sejamg:A > Rº ev: A > Rº funções diferenciáveis,com|V(A)|= 1para todoÀ € A. Considerea família deretasg(A)+tv(A): x=gi(A)+tvilA), u=ogz(A)+tvalA), (3.90). onde “Rm (91, 92) Ev = (vi, V2). Se vi(A) £ 0, essafamília podeser escrita na forma (3.75). De fato, eliminado t em (3.90), obtemos lu—ga(A)lvi(A)=[x—gi(A)lva(A) e daí valA) va(A)== x + ga(A)-“wma? vi(A) AgoraÀpodeserexplicitadoemvz(A)/vi(A) = cse viv5—vv £0, oquedecorrede|v(A)|2= 1.Daí(3.91)seescrevenaforma(3.75). gi(A). (3.91) O problemapodeser tratado sem reduzir ao Exemplo 4 do se- guinte modo: provaremos,inicialmente,que a família (3.90)tem uma envoltóriaseesóseexistiremfunçõesdiferenciáveisP(A) exb(A)tais que 9(1) + (NV (A) +(A)V(A) =0. (3.99) Defato,se«(A) = (x(A),y(A)) for umaenvoltória,temos a(A)=g(A)+t(AJVÍA) e daí (A) =g(A) +t(A)v(A)+t(A)V'(A) e como«x(A) = a(A)v(A] paraalguma(A), (issoé a condiçãodeque as retastangentesà envoltóriae à curva C» sãoas mesmas),obtemos a expressão(3.92)com P(A) = t(A) ep(A) = t(A) — a(A). Por outro lado,se (3.92)severifica,considerea curva a(A) = g(A) + P(AJv(A) e provemosqueela é umaenvoltória. Basta calcular o” e usar (3.92) para mostrar que (A) = (q(A) -ap(A)Jv(A). DO PropriedadesGeraisdasEquações Cap.3 3.5.2. Trajetóriasortogonais Duascurvasdadaspor y = p(x) ey — p(x) queseinterseccionamno ponto(xo,Vo) sãoortogonaissesuas retastangentesnaqueleponto sãoperpendiculares,isto é, b'(xolp'(xo)=—1, (3.98) onde supomosque 1)”e Pp”não se anulam. Se as curvas são dadas emcoordenadasparamétricas,istoé, a(t) = (ay(t),«z(t)) e B(t) - (Bi(t), Ba(t)) sãoas curvas,então(3.93)tomaa forma oi (to)Bi(to)+as(to)B5(to)=0. Duas famílias de curvas f(x, y,A) =) e g(x,y, E) = À) sãomutuamente ortogonaissecadaA-curva éortogonala toda u-curva queela intersecciona. Dada uma família de curvas f(x, y,A)=0 (3.94) um modode obter uma outra família a ela ortogonalé o seguinte. Pelosmétodosanteriores,obtenhainicialmentea equaçãodiferencial paraa qualessascurvassãosoluções: FRUU)=0 (3.95) A seguirdefinaa função Gt Up) =F (ui) (3.96) eobtenhaassoluçõesdaequaçãodiferencial: G(x,y,uy”)=0. (3.97) Essas soluçõesconstituemumafamília decurvas gix,uy,H)=O (3.98) Seção3.5.2 Trajetóriasortogonais 91 queéortogonalà família f. Defato,seuy= p(x) éuma u-curvaentão ] (66079) o o quequerdizer quesey = (x) é a A-curvaquepassapeloponto (x, P(x)), então ou seja (3.93)estásatisfeita. Exemplo6. Considerea família decírculos * py-y =, (3.99) À equaçãodiferencialcujas soluçõessãodadaspor (3.99)é uy +x=0. Para obtera família ortogonala (3.99)considerea equação ] —V= +x=0 y cujas soluçõessão y = ux. Portanto, as retas através da origem formamuma família ortogonalà família decírculos (3.99). Exemplo7. Considerea família deparábolas v—-2Ax]-A=0. (3.100) À equaçãodiferencialcorrespondenteé (2x2+ WDy'—4xy=0. Para obtera família ortogonala (3.100)considerea equação ]—(2x*+Dy —4xy=0, cujas soluçõessão +2yº= x*— (nlx| = Essa é a família ortogonal a (3,100), PropriodadesGeraisdas Equações Cap. 3 Exercício2, Determine familias ortogonaisàs seguintes famílias de curvas (D) y=Ax" (1) x = xy" = À MD uy= in(Ax). Exercício3. (a) Mostre quea expressão 2 2X y | SFA" BIA define: (i) umafamília deelipsescofocais(i.e.,todasas elipsestêmos mesmosfocos)se À > —b?;(ii) uma família dehipérbolescofocaisse a? <A<—b2 (O queocorreseÀ < —a2?) a>b>o0 (b) Mostre que a equaçãodiferencial correspondentea essasfa- mílias decurvasé: x -y-a2+b? XU E ds uy E ] ga O. (c) Observandoque a equaçãodiferencial é invariante pela mu- dançadey' por —1/y', concluaquea família decurvaspara À > —a? é auto-ortogonal(sentidoóbvio!). (d) Mostre que a família (1)é ortogonalà família (ii). Exercício4. Uma família decurvas(3.98)interseccionandouma outra família (3.94)comum ângulofixo Oé chamadadefamília isogonal com(3.94).Se (3.95)é a equaçãodiferencialcorrespondenteà família (3.94)mostrequea equaçãodiferencialcorrespondentea (3.98)é VU—tg O 1P (uu E y't 5) =(9, 4 Equações Diferenciais de Segunda Ordem As equaçõesordinárias, emparticular, as equaçõesdesegundaordem nasceramjuntos com a Mecânica. Visando formular problemasre- lovantes,desenvolveremosnas aplicaçõesum poucoda dinâmicade umapartícula,doosciladorharmônicoedoscamposcentraisdeforças. Assim,paranós,asoluçãodeumproblemanãoéapenasumafórmula ou umafunção,mas antes,algoplenodesignificadoe de informações sobreofenômenoqueestamosconsiderando.Por outrolado,parauma análiseadequadadeproblemasaplicadosé imprescindívelter um co- nhecimentomatemáticoadequadopara estudá-los. Desenvolvemos essamatemáticanas duas primeiras secçõese dedicamosas demais às aplicações.É animador sentir que problemasrelevantese difíceis recebemum tratamentosimplese completocomas ferramentasma- temáticasaqui introduzidas. SegundoA. Engel, a matemáticadeve ser ensinada comouma ciência fundamental, que forneceos meios indispensáveisderaciocinaretécnicaspara tratar comomundoreal: “omundofísico e o mundocriadopelohomem”. 41. EquaçõesLinearesde SegundaOrdem Sejamp,q,f:(a,b) — R funçõescontínuasdefinidasnum intervalo aberto(a, b), o qual emmuitosproblemasé a semiretat > Oou toda a reta—-o0< t < oo. Consideremosa equaçãolinearde2º ordem x(t)+plt)xlt) +q(t)x(t) =f(t) (4,1) ou mais compactamente, como escreveremos quase sempre; KApx +qu f, (4,9) 94 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 Nesta secçãovamosestudaras questõesrelativas à soluçãogeral de (4.1)e à soluçãodoproblemadevalor inicial para(4.1)comdados X(to) = xo, X(to)= vo (4.3) ondeto € (a,b) exoevosãovaloresdados. Inicialmente, temoso seguinteresultado de existênciae unici- dade Teorema4.1. Se p, qe f sãofunçõescontínuasem (a,b), entãoopro- blema de valor inicial (4.1)-(4.3)tem uma, e somenteuma, solução definidaemtodoo intervalo(a,b). Demonstração: A idéia é transformar a equaçãonum sistema pela introduçãodasvariáveis xt) =x(t) xalt)=x(t). Logo,obtemoso sistema o = X9 X2=—qx)—pxz+f coma condiçãoinicial x1(0)=xo x2( Ô) = Vo. A conclusãoseseguedosresultadosda secção3.2. | Concentremos,agora,nossaatençãona equaçãohomogênea x px+ qx = 0. (4.4) Na literatura antiga a equação(4.4),associadaà equação(4.1),tinha o nomepitorescode “equaçãosemsegundomembro”). Pelo teoremaacimaosproblemasdevalor inicial para (4.4)comcada umdosconjuntosdedadosiniciaisabaixotêmumaúnicasolução: Xito)=1 x(to)=0 (4.5) Xto)=0 xíto) = (4.6) onde to € ta,b). Seja Pyla,b) >R a soluçãodo P.V.I. (4.4)-(4.5) eseja pula, b) -»KRa solução do PV, (4,4)(4.6). E fácil ver que Seção4,1 EquaçõesLinearesdeSegundaOrdem 9! “qualquerfunçãodaforma p(t) = cxpailt)+azpalt) (4.7) ondea1 e a2 sãoconstantesarbitrárias, ésoluçãoda equaçãodiferen- cial (4.4)”;1ssoé precisamentea linearidadeda equação(4.4)impli- candoquequalquercombinaçãolinear desuassoluçõesétambémsua solução,propriedadeessaconhecidacomooprincípio da superposição noslivrosaplicados. À recíprocada assertivaentre aspasacimaé tambémválida: “Qualquer soluçãode (4.4)é da forma (4.7)para xy e «2 escolhidos convenientemente”. Prova.Sejap umasoluçãode(4.4),e tome«x;—p(to) e «z = bp(to). Então é fácilver quea função )b— Pp—«pj — «azdbzé soluçãode(4.4) eablto) = 0 emb(to)= 0. Logo,peloTeorema4.1acimaip(t) = 0,0 quedemonstrara asserçãoacima. Conclusão. (4.7)é uma soluçãogeral de (4.4). O usodoartigoumana conclusãoacimaindica quepodemexistir soluçõesemoutraforma. Para estudaressaquestão,vamosintroduzir a noçãode independêncialinear. Definição4.1, (1)Duas funçõesby, bz: (a,b) > R são linearmente dependentes(abreviadamentef.d.) seexisteumaconstantek tal que po(t) kit), paratodot E (a,b). (1) Duas funções(bj e Pz) são linearmenteindependentes(L.1i.)sea condição cpilt) +azpa(t) =0, paratodo te(a,b), (4.8) implicar que j — «>= O. [Obviamente,funçõesbj e bz são ii. se elasnãoforemEd., Optamosporenunciara definição(ii) poiselase estendenaturalmentepara o casodemais deduas funções). Exemplos: 1)As funçõessenx ecosx sãoL.i.. 2)As funçõese e elx, a bafo l.i 3) As funções af e xe” são Li.. 4) As funções dj e f2, soluções, respectivamente,dos P.V.I. (4.4)-(4.5)e (4.4)-(4.6)são l.i. A noçãode dependência(ou independência)para funçõesdife- renciáveispodeser ligadacomo determinanteWronskiano, 96 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 Definição. Dadas duas funçõesdiferenciáveispr, pa:(a,b) > R,o determinante pilt) dalt) WiqWa,dal(t)= (4.9) di(t) alt) é chamadoo WronskianodasfunçõesPb;e Pa. Proposição4.2. Sejam by, bz: (a,b) > R duasfunçõesdiferenciáveis, cujo Wronskianoé diferentedezeroem umponto to € (a,b). Então, Die bz são Li.. Demonstração: Suponhamos,porcontradição,quep, e p>sejamt.d.. Então, existem constantes x; «2 pelo menosuma delas diferente de zero,tais que osdbilt)+ azbalt) =0, Vte(a,b). (4.10) Daí, derivando, obtemos ocrpilt)+ozbalt)=0Vte(a,b). (4.11) Em particular, para t = to temos o sistema a dilto) +azpalto)=O oypilto)+azbalto)=O cujodeterminanteé precisamenteWI, bal(to),o qualé diferente de zeropor hipótese. Consequentemente«j — «z = O,o que é uma contradição. E E a recíprocada Proposição4.2? É falsa comomostrao exemplo a seguir Exemplo5.As funçõesPy(t) = tée ba(t) = |t|º sãoL.i.;vê-seimedia- tamentequeseuWronskianoé zero. Entretanto,a recíproca(e,emverdade,algomaisforte)éválida se nos restringirmosà classedas soluçõesda equação(4.4). Temoso seguinte resultado, Seção4.1 EquaçõesLinearesdeSegundaOrdem 4 Teorema4.3. Sejam Pp,e bz soluçõesde (4.4). Então, elas são Li. see somenteseseuWronskiano édiferentedezeroemumponto to € (a,b). Alémdisso,se oWronskianofor diferentedezeroemumpontoto, então eleédiferentedezeroemtodososdemaispontosde(a,Db). Demonstração:Da parte“seesóse”,emvirtudedaProposição4.2,resta provarquese f1 e f2 sãosoluçõesl.i. de (4.4),entãoo Wronskiano é diferentedezeroemum pontoto € (a, b). Vamosprovar um pouco mais: que o Wronskiano é diferente de zero em todos os pontosde (a,b). Fixeto € (a,b) eprovemosqueWl|b4,Pal(to) O.Supondo, por contradição,queisso não ocorra,concluímosqueo sistema apito) + azpo(to) = () orpi(to) | axobo(to) = ( temsolução(x1,«2) nãotrivial (i.e. pelomenosum dos w'sé £ 0). Formemosa funçãoP(t) = a«ypy(t)+ azdbalt)a qual é soluçãode (4.4),e,comoP(to) = dlto) = 0,oteoremadeexistênciaeunicidade [Teorema4.1]implicaquep(t) = Opara todo tE (a, b). Issoacarreta queP1 e bz sejamt.d., o queéumacontradição. A última asserçãodo teoremaseprovaassim. Se o Wronskiano é diferentedezero,num ponto,entãobj e bz sãoL.1.,e oquefizemos acima foi mostrar que isso implica que o Wronskiano seja diferente de zeroemtodosospontos. E A última partedoTeorema4.3podetambémser provadausando afórmuladeAbel-Liouville,dadanoTeorema4.4abaixo. Teorema4.4.Sejambi, pa: (a,b) > R duassoluçõesde(4.4).Então — Ji, Pís)as Wit) = Wíto)e (4.12) ondeto € (a, b), eestamosusandoa notaçãoW(t) = Widbs,dal(t). Demonstração: Derivandoa expressão Prlt) alt) Pd pilt) o(t) 98 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 obtemos Witt)= dalt)da(t) pa(t)Hg] Pitt) alt) Pit) alt) Usandoaspropriedadesdedeterminantese o fatoque fi1,e fi2,satis- fazemà equação(4.4),obtemos Wet)=—-p(UWIt), (4.13) que é uma equaçãolinear de 1º ordem, estudadana secção2.1. A soluçãode(4.13)édadapelaexpressão(4.12),ondeto podesertomado comoqualquerpontoem(a,b). ] [+ A fórmula (4.12)diz diretamenteque uma das alternativas ocorre: (1) W(t)=0,(i) W(t) 0,paratodot E (a,b). Vejamosagora o que é que o conceitode independêncialinear podefazerpela questãodesoluçãogeral. Temososeguinteresultado. Teorema4.5. Sejam by, ipa:(a,b) — R duas soluçõesti. de (4.4). Então,qualquersolução de(4.4)éda forma p= «py + apo (4.14) com &1e X2 constantesescolhidas convenientemente. Demonstração: Fixe to € (a,b) e considereo sistema aeypilto)+anpalto)=blto) arbi(to)+azba(to)=píto). Comoo determinantedessesistemaé o Wronskiano de 1) e 12 em to, 0qualédiferentede0, [pois1 e12 são.i.] concluímosque«7e x estãounivocamentedeterminados.Agoraconsiderea função o(t) =onp(t)+azpa(t), a qual é soluçãode (4.4)e comoo(to) = d(to) e ó(to) = dlto), O teoremade existênciae unicidade [Teorema4.1]nos diz que o = Qd. a ImportânciadoTeorema4.5.. Em virtude desseresultado,vemosquese determinamosumparqualquer1),e12, desoluçõest.i. de(4.4)então a soluçãogeral de (4,4)estáobtidae é dada por (4.14), Seção4.2 Obtençãode Soluções Consideremosagoraa equaçãonãohomogênea(4.1).A seguinte observaçãoédeverificaçãoimediata: “Sex1(t) ex2(t) sãosoluçõesde (4.1),entãoxi (t) —x2(t)ésoluçãode(4.4). Issonospermiteafirmar que,seconhecermosuma soluçãoparticular, xp(t), de (4.1)entãouma soluçãogeralde (4.1)é dadapor x(t)=empi(t)+axpalt)+xplt) onde «| e «>são constantesarbitrárias e1p1,12 é um par de soluções ti. de (4.4). | interessanteobservarqueseconhecermosumasoluçãogeralde (4,4),entãohá um modoautomáticodedeterminaruma soluçãoparti- cular de(4.1).Trata-sedométododevariaçãodosparâmetros,quenos textosantigosera chamadoparadoxalmentede “métododevariação dasconstantes”.Na próximasecçãoestudaremosessemétodo. 4.2. Obtençãode Soluções 4.2.1Métodode Variaçãodos Parâmetros Suponhamosqueseconheçaumpar,bj ez, desoluções(.1.de(4.4). O métodoconsisteembuscarfunções«y(t) e «z(t) tais quea função x(t)=os(t)pi(t)+aolt)pa(t) (4.15) sejasoluçãode (4.1).Derivando(4.15)obtemos x= emp+apa +dpi +apo (4.16) ondeomitimosa explícita dependênciaemt para simplificar a nota- ção.Ora, estamoscomdoisgraus deliberdadena nossabusca;então, nãohá mal emperderum,impondoa condição mp + ázpo =0 (4.17) cuja razoabilidadeo leitor descobriráapósalguma meditação.Logo (4.16)setorna | | x mpy + «gba (4.18) quederivadanosdá Ro ocnpydao +dmpy+doba. (4.19) 00 EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem Cap. 4 Como queremosque x(t) seja soluçãode (4,1), levamos(4.15),(4.18) e (4.19)à equação(4,1)e usandoo fato que 1j e 1)>são soluçõesde (4.4)obtemos nbr + dnpo =f. (4.20) Agora resolvemoso sistema (4.17),(4.20) para obter à, e &2 &y=—fiba/W e àz=tfibi/W (4.21) ondeW designao Wronskiano de1bye 1b2.De (4.21)obteremos«x e X2. iz Ju S À l É Exemplo. Considere a equação o 64h) x—5x+ 6x= et. (4.292) É fácilverqueby(t) = et ew>(t)= et sãosoluções(.i. de Xx—5x+ 6x = 0. (4.23) (Na próximasecçãoestudaremosmétodosdeobtençãode soluçõesde equaçõesdiferenciais lineares homogêneas).O Wronskiano de 1; e Jb2 é w = e^2t e^3t Rh [ 2e^2t3e^3t e^5t Logo a1 = -e^te^3t / e^5t= -e^-t &2 = e^t e^2t/ e^5t = e^-2t e dai a 1o(t)=e"* at)= —5€ a Concluímospoisqueumasoluçãoparticularde(4.22) = 1 ]xp(t) 16 e se 2to3t — e. Portanto,umasoluçãogeral de (4.22)é 1 x(t) m ae?! | aq2e3t+ 3º (4.24) Seção4.2 ObtençãodeSoluções 101 Observequese tivéssemosescolhidooutrasprimitivas de a1 e a2 digamos o(t) =et+2 egtt] = Rs 3 entãoa soluçãogeral de (4.22)obtida seria ]x(t) = qe?! + age! + 5º toBe 4.SP a qual é equivalentea (4.24). Comentáriosalgébricos Tudo que vamosdizer a seguir é mera roupagempara o que se de- monstrounestasecção.Designemospor C'[a, b],ondej é inteiro >0, o espaçovetorial(real)dasfunçõesp: (a,b) > R declasseC). A equaçãodiferencial(4.1)defineum operadoremC2[a,b] comosese- gue: L:C?[a,b]> Cº[a,b] dr Lp) =4" +py +qd ondep,q:(a,b) — R sãofunçõescontínuas. O princípio da superpo- siçãopodeser expressona assertivadequeL éum operadorlinear. O núcleoN(L) deL é pordefinição N(L) ={fiE C²[a,b]:Lfi =0}. VimosacimaqueonúcleoN(L) éumsubespaçovetorialdedimensão 2. A imagemR(L) deL épordefinição R(D)=(fe Cºla,b]:Ib E C?la,b]eLp =f). Segue-sedo Teorema4.1 que R(L) = Cº[a,b], ou seja o operador | é sobrejetivo. Como N(L) tem dimensão2, o operador L não tem inverso.Vimosacimaquea imageminversaL”!(f) de umelemento f e Cºa,b] é uma variedade linear da forma Xp + N(L) onde xy é qualquerelementodeL”!(f). 4.2.2 Equações lineares homogêneasde 2º ordemcom coeficientescon- stantes 02 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 Segue-sedo Teorema4.1 que as soluçõesde (4.25)sãofunções definidasemtoda a reta. O métodode resoluçãoconsisteembuscar soluçõesde (4.25)na forma x(t) =e! (4.26) ondeÀ é um parâmetroa determinar.Se quisermosquex(t), dada por (4.26),seja soluçãode (4.25),nada há de mais razoável do que levá-laà equação(4.25): Net +pret +qe t=0 ou seja A +PpA+q=0, (4.27) queé conhecidacomoa equaçãocaracterísticaouequaçãoauxiliar da equação(4.25). Portanto,seescolhermosÀ igual as soluçõesde(4.27),as funçõese?! correspondentessãosoluçõesde(4.25). Há trêscasosaconsiderar,dependendodosinal dodiscriminante: 2p*=, Caso1: p² - 4q > 0. Neste caso,(4.27)tem duas raízes reais e distintas: l1 = -p/2(p/2)² - c e l2 = -p/2 sqrt(p/2)² - q o consequentemente Atx+(t)me e xa(t) = e! (4.28) são soluçõesde (4.25). Um cálculo fácil mostra que o Wronskiano dessas duas soluçõesé igual a (A>—AyJe!A1+A2)tq qual é diferente de O, Portanto, as soluçõesx1 e x>dadasem (4.28)são L.i.. 7CasoII: p² - 4q = 0. Nestecaso,(4.27)nosdá apenasumvalorde A; p es Seção4.2 ObtençãodeSoluções 1 e assimobtemosapenasuma solução xi(t)=ePt/2 (4.29) através desse processo. Como determinar uma outra solução x»(t), demodoqueopar x1,X2seja£.i.? A ideiaéusarométododereduçãodaordemdaequaçãoqueconsiste no seguinte:conhecidauma soluçãox1(t) de (4.25),busca-seoutra soluçãona forma HE) = UE it). Substituindo essex na equação(4.25)obtemos uk + px + qx] + ix; + úlpx, +2x1) — O de ondesesegue,fazendoi = v, que v+ (p+2E)v-o. X1 É fácil ver que, para a solução x; dada em (4.29), o termo entre parêntesisé zero. Logo v=0 5 v=c>S u=e+c. Portanto,qualquerfunçãoda forma (ct + c')xy(t), ondec e c”são constantes,é soluçãode(4.25).Tomando-sec = 1,c”= 0,obtemos umasegundasoluçãopara(4.25): xa(t)=tePt/2 (4.30) Um cálculosimples mostra que o Wronskiano das soluçõesx1 e x2, dadasem(4.29)e (4.30)respectivamente,éiguala eP*, econsequen- tementeessassoluçõessãoL.i.. Casolll: p?—4q <0. Nestecaso,(4.27)temduasraízes complexas conjugadas: ]M=-utivel=-u-iv, ondeu=p/2, v- 5V49 - na, (4.41) Logo,pelaobservaçãoabaixo xilt)=emMtet e xalt)m e Me iV 104 EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem Cap. 4 sãosoluções(,i. de(4,25),poisseuWronskianoéiguala 2iv e2HtZL 0. lim virtude da linearidadeda equação(4.25),temosque ] 5 Dalt) - x2(t)|]= € Ht cosvt (4.32) ]pal) =5 são também soluçõesda equação(4.25). Para escreveros últimos termosdasexpressões(4.32)e (4.33)usamosa fórmula deEuler: e'º = cos0+isend, DER. O Wronskiano das duas soluçõespy e bz dadas em (4.32)e (4.33), respectivamente,é igual a ve “Ht Z 0, o que implica seremb, e bz A palt) lt) +xo(t)]= e Hsenvt (4.88) Observação. O aparecimentode números complexosa essasalturas dá o que pensar. Em primeiro lugar, pelo modode conduzir nossa apresentaçãoatéestepontoficouimplícito queestávamostrabalhan- do apenas comonúmeros reais, e, de fato, era isso que tínhamos em mente. Entretanto, podemostratar de modoanálogoequaçõesdife- renciaislinearescomcoeficientescomplexos,p, q:(a,b) > C, efalar de soluçõescomplexasp:(a,b) — €C,onde C designa o corpodos númeroscomplexos.Lembramosque, se br(t) e br(t) designamas partesreal e imagináriade&, então,p é diferenciávelsee sóse Pr e pyo são.AssimquandodizemosqueeMte'Ytésoluçãodaequação (4.25)acima [p,q reais], o quequeremosdizer é quesuaspartes real v imaginária são soluçõesde (4.25),e isso seria outro modo,essencial- menteidênticoaoquesefez,deobter(4.32)e (4.33). Exemplo1. Xx—4x =0. Fazendox =eM obtemosA? —4 = 0,edaíA; =2e Az = —2. Logo at) e etexo(t) = e?! sãosoluçõesdaequação.SeuWronskiano é igual 4,e logoxyexzsãosoluçõesL.i.. n 9Za Ô ] » SJExemplo2. Xx+2x+x=0. aa AR Fazendo x— €*!, obtemos q 13 Nº +2A+1=0, 4 Seção4,2 ObtençãodeSoluções 10! quetemumaraiz duplaÀ = —1.Logoxy(t) = e texa(t) = te “são duassoluçõesl.i., poisseuWronskianoé 0. Exemplo3. Xx—2x + 59x=0. Fazendox —e2t,obtemos N2-2A+5=0, cujassoluçõessãoAy= 1+2ie Az = 1—2i. Logo xi(t) = e! cos2t to x2 = e! sen2t sãosoluçõest.i. da equação,poisseuWronskianoé £ 0. (Recomendamosaoleitor nãotentar decorarasfórmulas eexpressões deduzidas nos casos 1, II, III acima e, a cada problema, aplicar o métodoensinado,comofizemosnosexemplosacima. Eventualmente, coma prática alguns dospassosdo métodoserãorealizadosmental- mente). | 4.2.3 Métodode reduçãoda ordemda equaçãodiferencial Dadaumasoluçãofi1: (a,b) > R da equaçãodiferencial x+pl(t)x+ qlt)x =0 (4.34) ondep,q:(a,b) > R sãofunçõescontínuas,ométododereduçãoda ordemconsistemembuscaruma segundasoluçãona forma palt) =u(t)pr(t) (4.35) ondeu(t) é uma funçãoa determinar. Substituindo-sex por bz na equação(4.34)obtemos,comv = 1, que V + (» ad2) w= 0 (4,96)bi que é uma equaçãodiferencial linear de 1º ordemdo tipo estudado noCapítulo2, ondeestamossupondoquePi(t) 4 O;casonãooseja, teremosquequebraraequaçãoemvárias. Resolvendo(4.36)obtem vit) se 1nd constante,py 106 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 onde P(t) é uma primitiva de p(t), Como U= v, temos É | = PIt)ut) | pio dt, e assim uma segunda soluçãoseria ] 2Pi(t) À importância do métodode reduçãoda ordem reside em que muitasvezesobtemosumaprimeira soluçãopor um outrométodoeaí sepõea questãodeconseguiroutra solução:issojá ocorreunoestudo das equaçõescom coeficientesconstantesfeito em 4.2.2 acima. As vezestambém,umaprimeirasoluçãosalta aosolhos(observadores!) eométododereduçãoda ordemnosdá a outra. Vejamosum exemplo: ba(t)=pat) / e Pig. (4.87) Exemplo4. À equação | 1-PFipemeltiisTtn=d, Agte tl éconhecidacomoaequaçãodeLegendre,ondeÀéumparâmetro;para cadavalor fixadode À se tem uma equaçãodiferente. Consideremos a equaçãoparaÀ = 1: T-pa-Tilde=0 0 «[<ta1. (4.38) Vê-sequea funçãopit) = t é soluçãode (4.38). Determinemos outra soluçãona forma Ga(t) = ut. Substituindo-sex por bz em (4.35)obtemos,comv = ú, que 2 2t Comoa equação(4.39)nãofazsentidopara t = Ô,vamosconsiderá-la separadamentepara—] <t<0e0<t< 1. Obtemosde(4.39)que Ls en te(1—+2) C ] ]Ult) / PT 1 fatia V(t) = Dai: Seção4.2 Obtençãode Soluções TO ou seja ] ] |+t u(t) = “4"72 Mo: Logoumasegundasoluçãode(4.38)seria t 1++ funçãoqueestábemdefinidaemtodoo intervaloaberto(—1,1). 4.2.4 Métododos coeficientesa determinar Em 4.2.1estudamoso métododevariaçãodosparâmetros,quepode ser utilizado para determinar uma soluçãoparticular das equações linearesna sua forma geral (4.1).Agora, explicaremosum outropro- cessoque se aplica somentepara equaçõeslineares comcoeficientes constantes x+ px+ qx = f(t) p,q = constantes. (4.40) eaindaparacertostiposdefunçõesf(t). A vantagemdessemétodoé não envolverintegraçõese, portanto,é de fácil utilização. O método consisteem determinara soluçãoparticular xp(t) de (4.40),a par- tir do tipo da função f(t), comcoeficientesb; a seremdeterminados, conformeveremosabaixo. As justificativas estãoapresentadasnos exercícios. TOO=06+ qtde Gt” xp(t)=bo+bit+---+bat”(5) EE ==" Xp(t)= be (x) f(t) = cosPt ou senPt Xplt) bj cos [31 | b> sen pi (4) 108 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 f(t) = (ao+ at ++»:+ant")e**cosBt ou f(t) = (ao+at +---+ ant")e“*senBt Xp(t) = (bo + bit + --- + bnt")e “cos Bt+ (cotcit+---+cnt")e“!sen Bt (x) (*) Se algumtermo dessaexpressãodexp for soluçãoda equaçãoho- mogêneaassociadaa (4.40),propõe-setxp(t) para soluçãoparticu- lar de (4.40).Casoalgumtermodetxp(t) sejasoluçãoda equação pranto associadaa (4.40),então a soluçãoparticular buscadaé txplt). Observação: Ostiposdefunçõesf(t) aosquaisométodoseaplicapode seraumentadocomoconsequênciadoseguintefato:“Sexp e Xpsão soluçõesparticulares,respectivamente,dasequações x+rpx+qx=filt) e Xx+px+ qx=fa(t) entãoC1Xp+ czXpésoluçãoparticularde x+px+ qx = cyfi(t) + cafa(t). A aplicaçãodo métodoconsisteemlevar a expressãoem(x) na equação(4.40),identificar os coeficientesdas respectivaspotências, exponenciais,senos ou co-senos,obtendo-sesistemas algébricosde onde se determinam os coeficientesb's e c's, daí o nome destemétodo. Exemplo1. ConsidereX + x = cost. Comocoste sent sãosoluçõesda equaçãohomogêneaassociada.O métodosugerea soluçãoparticular da forma Xp(t) = bitcost + batsent. Substituindo xp(t) na equaçãoobtemos —bysent +2b>cost = cost logobj — 0,b>— 1/2 e a soluçãoparticular é Xptt) ; tsent, «e. Seção4.2 ObtençãodeSoluções Exemplo2. Vamos alterar o segundo membro da equação acima para LcosL, sto é, Xx+x = tcost. (4.41) Nessecasoo métodosugerea soluçãoparticular na forma Xp(t) = t(bo + bit) cost+ t(co + cit) sent. As constantesbo, by, Co, Cy devem ser calculadas substituindo-se Xplt) na equação. Podemos também usar a observação acima para calcularumasoluçãoparticularde(4.41).Escrevemos E go ta tatot=t— = et + ce!2 z z eprocuramosasoluçãoparticularx, (t) comosomadesoluçõesparti- cularesdasequações | Ta Extx=-et e xtx=-e", (4.492) 2 Z 1As equações(4.42)sãoconjugadas,e portantosex, (t) é soluçãode umadelasseuconjugadox)(t) ésoluçãodaoutra. Vamosresolvera primeira equaçãode (4.42). A funçãoe't*é uma soluçãoda equaçãohomogêneaassociada,portantoo métododoscoe- ficientesa determinarsugere Xp(t)=t(bo+brt)e!. Substituindox, (t)naprimeiraequaçãode(4.42)obtemos [2by+2boi+4byitjeit=se“, e portanto temosque bo j ebjy = Fi. Isto é, t EN xya(t) (ss) é uma soluçãoda primeira equaçãode (4.42).Segue-sequea solução particular de (4,41)é (2 Xp(t)= xg(t)+x)(4)= 2Re(x)(t)) qSost+7 sen 110 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 4.2.5 A equação de Euler-Cauchy À equação t2x+ atx + bx = f(t), a,b = constantes, é conhecidacomoequaçãode Euler-Cauchy. Vamos mostrar como obterduas soluçõest.i. da equaçãohomogêneaassociada tx +atx+bx=0. (4.43) Devemosconsiderarseparadamenteoscasost > 0et < O.Tratemos apenasocasot > 0. PrimeiroMétodo A idéiadométodode resoluçãoé tentar soluçõesde (4.43)na forma x(t) = t?, ondeÀ é umparâmetroa determinar.Substituindoessex na equação(4.43)obtemos PMMA am! ruÉ=Oo de ondeobtemosa equaçãodo 2º grau para À: M+(a-NA+b=0. (4.44) Hápoistrêscasosaconsiderar,deacordocomosinaldodiscriminante. Casol: (a—1)?—4b > 0. Há duassoluçõesreais e distintasde (4,44) ess df a 2 a—l AY"er e nantm pilt)=t" e dalt)=t" sãoduassoluçõesL.i. de (4,43), Casoll: (a 1)º-4b =0, Nestecaso,obtemosapenasumvalor de À,e,consequentemente,umasósoluçãode (4.43): a= |A ; » Pilt) = plata Seção4.2 ObtençãodeSoluções 11 Para obter uma segunda solução,neste caso,usamos o métodode reduçãoda ordemda equação:procuremosessasegundasoluçãona formap> —up. Comojá fizemosessetipoderaciocíniováriasvezes, vamosescreverdiretoa expressãodebz(t), usando(4.37): pa(t)= aa [ po lipade=cana, Casolt: (a-1)2-4b < 0, Neste caso,(4.44)tem duas raízes complexasconjugadas: M=u+tv, A=u-tiy, A ia po a — , Po 2 dit) =tH" e balt)=tM0"" são duas soluções!.i. de (4.43). Usando o fato que t” = e ea fórmuladeEuler obtemosduasoutrassoluçõest.i., agoraenvolvendo apenasnúmerosreais: onde e assim ivênt pilt)=t" cos(vint) e dalt) = tt sen(vênt). SegundoMétodoIntroduzimos uma novavariável independentes por e* = t (lembramosque estamosconsiderandoa equação(4.43)para t > 0)e definimosy:I — R pelaexpressão u(s)=x(eº) edaí obtemos v'(s)=x(e'Je"e y(s) =x(e*)e?*+x(e*)es. Substituindo-seem(4.43)obtemos y"+(a-ly +by=o0 queé umaequaçãolinear de2º ordemcomcoeficientesconstantes.O procedimentoem4.2.2acimaproduzparesdesoluçõesf.i. emcadaum [12 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 dostrêscasos.Voltandoàvariável t chegamosàs mesmasexpressões obtidasno primeiro métodoacima. 4.2.6 Métododas séries de potências Se os coeficientesp(t) e q(t), bemcomoo segundomembrof(t) da equação x+ p(t)x + q(t)x = f(t) (4.45) sãofunçõesanalíticas (istoé, sãoiguais às suasrespectivassériesde Taylor) emum intervalo (to—p,to + p), entãopode-seprovar queas soluçõesde(4.45)sãotambémfunçõesanalíticasnomesmointervalo (to—p,to+ p). [Cf.,por exemplo,o livro deCoddington-Levinson“An Introduction to Ordinary Differential Equations”,Tata McGraw Hill Publishing Co. (1955)].Neste caso,o métododas sériesde potências funcionabempara a obtençãoda solução:(1)escrevem-seas sériesde Taylor dep, q e f, centradasemto, por exemplo ]= o n as E TO)P(t) =2. Put tal”, Po io (to), (11)usa-seumaexpressãoanálogapara x(t) x(t)=>anlt—to)”, n=0 ondeoscoeficientesxn devemserdeterminadosnoprocesso,(iii) essas quatrosériesdepotênciassãolevadasà equação(4.45),eoscoeficien- tes das correspondentespotênciasde t emcadalado da equaçãosão igualados,obtendo-seassimum sistema(infinito) de equaçõeslinea- resalgébricaspara oscoeficientesx, . Esse sistemaé entãoresolvido recursivamente.Obtém-seassoluçõesxn, N>2emtermosdexoex1. Nota.Nasaplicaçõesémuitocomumpoderescrever(4.45)na forma pilt)x + palt)x+ pa(t)x = f(t) (4.46) ondepi(t),i =1,2,3, sãopolinômios.Nestecaso,a sériedepotências de x(t) deveser substituida diretamente em (4.46). Ao leitor: dados o objetivodestetrabalho e a dimensãoque para ele decidimos,não vamosdetalhar mais essemétodo;um tratamentomais longopode ser visto nos livros comunsde equaçõesdiferenciais ordinárias. Seção4.2 Obtençãode Soluções 4.2.7 Métodode Frobenius Considereumaequaçãoda forma (t-to)2x+(t—to)p(t)x+a(t)x=O (4.47) ondep e q sãofunçõesanalíticasnumavizinhançadeto. O pontoto échamadoumpontosingular regularparaa equação(4.47). Exemplos |) to=—l e to = 1sãopontossingularesregularespara a equação de Lependre (1-t)k—-2tx+AMA+I)x=0. De fato, to = —1 é um ponto singular regular pois a equação de Legendrepodeserpostana forma(4.47)comto = —1,p(t) = (1 -t)eg(t)=A(A+ N(t+ 1)/(1 —t). Um raciocínioanálogo para to = 1e para os demaispontosnosexemplosabaixo. 2) to = 0 é um ponto singular regular para a equaçãode Euler- Cauchy. 9) to=1leto=—l sãopontossingularesregularesparaa equação deChebyshev: 1—-t)kx—tx+Ax=0. 4) to = OépontosingularregularparaaequaçãodeBessel: Ex par (== O. 5) to = Oé pontosingular regular para a equaçãodeLaguerre: tx+ (1 —-t)jx+Ax=0. Observação. (Oleitor deveimaginar que o fato das equaçõesacima terem nome é indicaçãode que há algo especialsobre elas. E, de fato há. Essas equaçõesaparecemem problemasdas equaçõesdife- renciais parciais da Física Matemática, e apresentaminteressantes propriedadesdo pontodevista matemático.Pesquise! 4 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 O métodode Frobenius para a resoluçãode (4.47)consisteem tentar soluçõesna forma deuma sériedepotênciasgeneralizada OO Mit] = €*>. EE n=Q ondea é um númeroreal a determinar.Recomendamosaoleitor pro- curar detalhesemlivros quedediquemmaiorespaçoa essasquestões. O livro de G.F. Simmons“Differential Equations, With Applications and Historical Notes”,McGraw Hill Book Company(1972),contém doiscapítulosexcelentessobreo assunto. 4.3. Exercícios 1. Determineuma soluçãogeral para as seguintesequações a) X— ax + 6x = O b) Xx—4x+4=0 c) X+ 2%+9x= O 2. Sejaf(t) umpolinômiodegraun. Mostrequeseq 0,entãoexiste uma soluçãoparticular de (4.40)na forma de um polinômio Q(t) de graun. Sep Z0e q = 0,entãohá umasoluçãoparticularna forma tQ(t). Sep = q = 0,entãot?Q(t) éumasoluçãoparticularde(4.40). 3. Obtenhasoluçõesparticulares das equações: Xx+2Xx+Ikx=t+4, R+Xx=2H41. 4. Sejaf(t) = P(t)Je*!,ondeP(t) éumpolinômiodegraun. Mostre que,caso«2 + «p + q £ 0,existeuma soluçãoparticular de(4.40)na formaQ(t)e*t ondeQ(t) éumpolinômiodegraun. Caso«+p £0 eo +ap+ q = 0,háumasoluçãoparticularde(4.40)naforma te Q(t). Caso 2x +p = «2 + «p + q = 0, entãohá uma solução particularnaformat?e*Q(t). 5. Obtenhasoluçõesparticularesdasequações: t+2x+x=tet, x+2X+x=2te. Beção4.3 Exercícios 115 o Seja f(t) = cosBt ou f(t) = senBt. Mostre que, sep É Oou q 4 5º, entãoa equação(4.40)tem uma soluçãona forma xp(t)=AcosBt+BsenPt. MostrequeA = (q— B2)/A e B=>pPB/Aonde A=(q—p>+pp”, nocasodef(t) = cosBt. ObtenhaÀ e B nocasodef(t) = senBt. +.Sejaf(t) = cosBt ouf(t) = senBt. Mostreque,sep = 0e q = Pº, então(4,40)temumasoluçãoparticularna forma xp(t) = t(A cosBt + B senBt). MostrequeÀ = —1/2fBeB = 0nocasodef(t) = senBt. ObtenhaA e 1 nocasodef(t) = cosPt. 4. Obtenhasoluçõesparticularesde Xx=2x+4x=3cos2t, X+4x=sen3t, X+9x = 5sent. 9. Obtenhasoluçõesparticularesde vtx+2x=tsent, X+2x+x=etcost, kK—5x+6x= et sen2t. 10. Determinea soluçãogeral das equações X+x=sect, Xx+2x+x= ein, x+3x+2x=1/(1+e*), %x4+3x+2x=1/(1+sent). 1. Verifiquequepilt) = 1+t e qGpa(t)= e!sãosoluçõesº.i. da equaçãohomogêneaassociadaà equação R-T+H0ktx=te +t>0, edeterminesuasoluçãogeral. 12. Mostrequea soluçãodoproblemadevalorinicial Ed x= fit), x(0) =xo, EO) = vo [16 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 é dadapor t «o)= [ sen(t—s)f(s)ds +xocost+vosent. 0 13. Obtenhauma fórmula para a soluçãogeralde x —5x+ 6x= g(t). 14. Sep e q sãoconstantespositivase f: (0,00) — R é umafunção contínua,mostreque,paraquaisquersoluçõesbi(t) e bz(t) de Xx+px+ qx = f(t), tem-se lim [pi(t) —da(t)]=0. t—>+oo 15.Mostrequeby(t) = t? sent é soluçãodoPV. tax—4tk+(t+6)x=0 0) = 4/0) = O, A funçãoba(t) = Oéoutrasolução.Comenteà luzdoTeorema4.1. 16. As funçõesLi. dilt) = t?e dalt) = t? parat € (—1,1)são soluçõesde alguma equaçãodiferencial do tipo (4.1)? E a restrição delas a (0,1)? Em casoafirmativo determinea equaçãodiferencial, da qual elassãosoluções.17. Mostrequeas funçõespi(t) = te ba(t) = te!, definidasemtoda a retasãosoluçõesde tx—t(t+2)x+(t+2)x=0. Calcule o Wrosnkianodessassoluções.Comenteo fatodeleseanular para +— O,à luz doTeorema4.1. 18.Mostrequea mudançadevariávelv = x/x transformaa equação x +plt)x +q(t)x=0 (*) Seção4.3 Exercícios 117 numaequaçãodeRicatti v+ xo(t) + oalt)v + ao(t)v? =], (mm) |, reciprocamente,a mudançadevariávelx = v/(x2v) leva(**) em (9) 19.Use o exercícioanterior para transformar a equaçãolinear tk—-x—tx=0 sm umaequaçãodeRicatti. Encontreumasoluçãodessaequaçãode Hicattie a seguirobtenhaumasoluçãogeraldaequaçãooriginal. 20, Determineduassoluçõesº.1.decadaumadasequações x— f(t)x+ [f(t)— 1]x=0 x— tf(t)x + f(t)x = 0. Podedeixar uma das soluçõesem termos de uma primitiva F(t) de Ht), (A primeira soluçãosalta aosolhos!). $1. Verifiqueque bi(t) = t”!/2 sent é soluçãoda equaçãodeBessel de ordem 1/2: 1tHE+TE+ [-5)x=0 t>o0. Determineuma segundasolução>, tal que py, p>sãoLii.. 22.Sejampy,pa:(a,b) > R soluçõesL.i. de x+p(t)x + q(t)x =0 comPi(t) £0, t E (a,b). Mostre(porderivaçãodireta)que d (2) Wida,bz] dtldi/ dr Usea fórmuladeAbel paraobterumaexpressãopara>, ecompare com(4.37). 23. Suponhaqueo Wronskiano deduas soluçõesda equaçãodiferen cial x +pltx +qlt)x = O 118 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 é iguala 1,equePy(t)= t* é umasolução.Determinea solução geral de x+p(t)x+a(t)x= t. 24.Verifiquequepy(t) = t ésoluçãodaequação tx+2tx—2x=0 +t>0 e determineuma segundasoluçãodessaequação. 25. Considerea equação tx— (t+ N)x+ Nx=0 ondeN éuminteiro>0.Mostrequepy(t) = e!éumasoluçãoeque umasegundasoluçãopodeserexpressana forma ba(t)=etftNetar, Mostre que p> é um polinômiode grau N, o qual é precisamentea reduzidadeordemN dasériedeTaylordee!. 26. (EquaçãodeLegendre).Determineduassoluçõest.i. de (1-t)x-2x+AMA+I)x=0 —I<t<l. Use sériesdepotênciascentradasem t = O. Mostre que quandoÀ é inteiro >0, uma dessassoluçõesé um polinômio. O conjuntodesses polinômiosdeLegendretêmuma sériedepropriedadesinteressantes e importantes. Eles aparecem,por exemplo,no estudodo problema da temperaturadeequilíbriodeumaesfera. 27. (EquaçãodeHermite). Determineduas soluçõest.i. da equação X—ZtX+ 2Ax.=O. MostrequeseÀ é inteiro20, umadassoluçõesé um polinômio.Es- sespolinômiossãochamadospolinômios deHermite e aparecem,por exemplo,noestudodaequaçãodeSchrüdingerdaMecânicaQuântica, Seção4.4 ADinâmicadeumaPartícula 11! 44. A DinâmicadeumaPartícula Na presentesecçãoprocuraremosestabelecerosprincípiosbásicosda MecânicaNewtoniana. Do mesmomodoquea GeometriaEuclidiana tomsuas noçõesprimeirase seusaxiomas,a Mecânicatambémos deveter para sua formalizaçãoe funcionamentocomociênciadedu- tiva, Essasnoçõesprimitivaseessesaxiomas(nocaso,leisfísicas)são escolhidosvisandoseobterum modelomatemáticoadequadoerepre- sentativo dos fenômenos reais. Assim, deve-se definir os conceitos de partícula, massa, corposrígidos, eventos,sistemas referenciais, tempo,repouso,movimento,força. Para não fugirmos demasiada- menteaoobjetivodopresentetexto,admitiremosqueo leitor já estu- douessascoisas,ou,emcasocontrário,queeleassumirá a atitudede atribuir-lheso sentidoqueobomsensolhe indique, levandoemconta queelasaparecemnodia a dia. Ao leitor interessadorecomendamosa excelenteintroduçãodoCapítulo 1dolivro “PrincípiosdeMecânica” de JL. Synge e B.A. Griffith, McGraw-Hill, 1965,especialmenteas páginasde 3 a 17. Vamos, inicialmente, introduzir as grandezas cinemáticas. Con- sideremoso movimentodeuma partícula no espaçoRº. Designemos por Xtt)=(x(t),ult),z(t)) o vetorposição da partícula no instante t. O vetor velocidadeé a derivada X(t)=(x(t),u(t),2(t)) dovetorposição.Define-seovetoraceleraçãocomosendoa derivada X(t)=(x(t),y(t),2(t)) do vetor velocidade. Suponhamosque a partícula tenha massa m e que seu movi- mentosejacausadoporum campodeforçasemRº, designadopor HA)= (filx,y,z), f2(x,0,2Z),fa(x,U,2Z)). A segundalei deNewtonestabelecea conexãoentrea aceleração da partícula e a forçaque produzo movimento: mX= F (4.48) 120 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 ondeF e X sãocalculadosno mesmoponto(x,y, Z). Essa lei podeser apresentadaemumaformaumpoucomaisgeral: d (mX)=F (4.49)dt no , ondesesupõequea massapossavariar comotempo.A expressãomX é conhecidacomoa quantidadede movimento.A formulação(4.49) seráparticularmenteútil no estudode foguetes,cuja massadecresce peloconsumodoscombustíveis. A primeira lei de Newton diz que, sem a ação de forças, uma partícula não podemudar seu estadode repousoou de movimento. Mais precisamente,se a partícula estiveremrepouso,ela assimper- manecerá, e se ela estiver em movimento ela continuará em movi- mentolinear comvelocidadeconstante.A primeira lei éconsequência imediatada segunda,pois se F — O,entãointegrando(4.48)obtemos X(t) = € = vetorconstante.Logo,seno instantet = 0,o corpoestá emrepouso(X(0) = 0), entãoX(t) = Opara todot. Se no instante t=0,X(0)=C0, então X(t) = Ct+ X(0), ou sejaa trajetória da partícula éretilínea, comvelocidadeconstante. À terceiralei deNewton,conhecidatambémcomoa lei da açãoe reação,diz que,quandoduaspartículas exercemforçasentresi, essas forçassãoiguais em módulo,têm a direçãoda reta que une as duas partículase sãodesentidosopostos. A seguirdiscutimosalgunsexemplosdeaplicaçãoemMecânica. 44.1 Queda livre de corpos Consideremoso problemadomovimentoverticaldeum corposoba açãoda gravidade. O modelomatemático, que estudaremos,a seguir, para essecomplexofenômenofaz as seguintesdrásticas simplifica- ções:(i) considerao corpocomouma partícula de massam, (ii) des- prezaà resistênciado ar, (iii) supõeque o movimentoé regidopela segundalei de Newtone quea única forçaatuanteé a da gravidade. A posiçãoda partícula será referida a um eixo-x comorigem no solo e orientado para cima: Figura4.1 numinstantet digamosqueaposiçãodapartículasejax(t). Pela2º lei de Newtontemos mx = -mg. (4.50) Integrando(4.50)obtemos x(t) =—gt+c, (4.51) ondea constantec podeserdeterminadafazendo-set = O:c —x(0), uu soja,Cé a velocidadeinicial (i.e.,no instante t = 0), que designa- remosporvo. Assim (4.51)nosdá X(t)=—gt+vo. (4.59) Integrando mais uma vez, obtemos ] AE) = =59€ a Sma SP onde a constante cy pode ser determinada fazendo-se t = O; se de- signarmos a posição inicial da partícula por xo, obteremos ]RL) = dp +vot + xo. (4.53) Com o auxílio das expressões(4.52)e (4.53)poderemosresolveruma seriedeproblemaspopularesnoscursosdeMecânica.Damosa seguir uma amostragemdessesproblemase deixamosno leitor a tarefado resolvê-los,Useq =981cm/s*,e nãoconsiderea resistênciadoar (1)Quanto tempogasta um corpoabandonadoa umaaltura de 100m para chegaraosolo? Qual é a velocidadede impactonosolo? 121 122 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 (11)De uma altura de 200m, arremessa-separa cima um corpocom velocidadede 5 m/s. Qual é a altura máxima atingida pelo corpo? (Quantotemposepassaatéatingir essaaltura? Quantotempoatéo corpopassar pelo pontode ondefoi arremessado?E para chegarao solo? (11)Mostre que e.29(x— xo) = vo—V”, ondex = x(t), v = v(t) = x(t). Daí concluaa lei deTorricelli: um corpo,caindo de uma altura h, atinge o solo comuma velocidadev dadapela fórmula v=2gh. 4.4.2. Queda de corpos considerando a resistência do ar Considereo modeloanterior modificadopela introduçãoda hipótese de quehá uma outra forçaagindosobreo corpo,devidaà resistência do ar. Essa força, sempre oposta ao movimento, é suposta ser uma funçãoapenasdavelocidadex(t). [VejaoscomentáriosnaObservação abaixo]. Vamosconsiderardois problemas: (1)o casoem que a força resistiva dependelinearmenteda velocidade;(ii) o casoem que essa dependênciaé quadrática. (1)Pela segundalei deNewtontemos mk =—mg —kXx (4.54) ondek é uma constantepositiva. Convença-sedo sinal — na força resistiva: se o corpoestásubindoX > Ôe consequentementea força é dirigida para baixo; raciocínio análogose o corpo estiver caindo. Fazendov = x, escrevemos(4.54)como EvV+t—v=-g (4.55)m queé umaequaçãolinear dotipo estudadona secção2.1. Chamando- sevoà velocidadeinicial, a soluçãode(4.55)émgv(t)=voe*t —= (1ent. (4.56) Seção4.4 ADinâmicadeumaPartícula A expressão(4.56)nosmostraquequantot + 00,v(t) > —“2io valor absolutodessavelocidadeé chamadode velocidadelimite e é designadaporvos= mg/k. Issoquerdizerque,dentrodestemodelo, um corpo caindo verticalmente com velocidade inicial vo = O, terá suavelocidadesempreinferior a Vooetenderápara essevalor quando [5 00, À existênciadessavelocidadelimite tambémpodia ter sido concluídada observaçãoda equação(4.54)semresolvê-la. A expressão(4.56)e a da velocidadelimite mostramque corpos mus pesadostendema cair mais rapidamentequecorposmais leves com a mesmaforma; isso decorretambém do fato do coeficientek dependerapenasdaformaedasdimensõesdocorpo.A equação(4.56) podeserescritamaiscompactamentecomo v(t)=(vo+voo)emt—vo (4.57) v lembrandoquev = X, integramos(4.57)para obter = ma et)x(t)=xo++(vo+Voo)(1 e ) voct. (4.58) (11)Consideremosagorao casoem que a forçaresistiva depende quadraticamenteda velocidade.Aqui há quesepararoscasosdomo- vimentoascendentee do movimentodescendente.Para o primeiro censo,a segundalei de Newton fornece mk=—mg—kx” (4.59) e nosegundocaso, mk=—mg+kx? (4.60) ondek é uma constantepositiva. Neste segundocasohá uma veloci- dadelimite dadapor mg Voo = +4/ — (4,61)k o que se lê da equação(4,60), Nas expressõesalgébricasabaixousa mos a grandeza vs; também no caso do movimento ascendente apesar de, neste caso, ela não ter significado físico. Para integrar (4.59) 6 IZ4 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 (4.60), fazemos x= v; | K 3 V O V” (4.62) m | kvV=-g9A4 = (4.63) m quesãoequaçõesseparáveis;deixamosaoleitor a verificaçãodeque k TE = Ya (a er), suar. (4.64)m Vos e vV—v 2kt Vo—Voof DOsymera |eee] à —VoÉ Voo; 4.65"tv mo Ivo vo ed sãorespectivamenteas soluçõesde (4.62)e (4.63). Observequenomovimentodescendentevo<0econsequentementev < O. Discuta ovalor absolutoem(4.65),considerandooscasos—vo< Voo e—vo> Voo-.Finalmente,paraobterx(t) integra-se(4.64)nocasodo movimentoascendente.No casodomovimentodescendente,devemos, primeiramente,explicitar v em(4.65). Para obter fórmulas semelhantes às de Torricelli, é conveniente usar o fatoque — dvmd v. Esta expressãosubstituida em (4.62)e (4.63)produz equaçõesse- paráveismais facilmenteintegráveisque(4.62)e(4.63)e,integradas, fornecemv(x). v Observação. Em geral,no problemade deslocamentosde um corpo no ar, a forçaresistiva, que designaremospor R, dependeda veloci- dade de um modomuito mais complexo. Em verdade,não há uma expressãosimples(linear ouquadrática,por exemplo)quedescrevaa variaçãodessaforçapara todosos valoresdev. A lei devariaçãoda forçaresistivacoma velocidadepodeser determinadapraticamente numtúnelaerodinâmico:o corpoaí colocadoestáfixadoa um dispo- sitivo quepermitemedir a forçaprovocadapeloar fluindo no túnel a várias velocidades. Para baixas velocidades (alguns centímetros por Seção4,4 ADinâmicadeumaPartícula segundo)a força resistiva é devida à viscosidadedo ar, ou seja, ao atrito do ar como corpo;neste caso,o movimento do ar é laminar, e a experiênciamostraque a forçaR é proporcionalà velocidade. Figura4.2 Para velocidadesmaiores(entre 1 e 20 m/s), forma-sena parte traseira do corpo uma região “morta”, onde o ar permanecejunto no corpo;em verdadeo ar que aí permanecefica em movimentode rotação,tanto mais intenso quanto maior for a velocidadedo ar no túnel. Nestecasoa diferençadepressõesentrea frentedo corpoe suapartedetrás éproporcionalaoquadradodavelocidade,e assima forçaR éproporcionalaoquadradodavelocidade. Figura4.3 Para velocidadesainda maiores,começama ocorrer fenômenos de intensa turbulência na região morta, e o modocomoR depende da velocidadeé ainda mais complexo.A experiênciamostraquepara movimentossubsônicos(istoé,comvelocidadesinferiores àvelocidade do som, 340 m/s), a seguinte fórmula empírica é adequada 2R s— f(N), (4.00) ondeS é a área da secçãodo corpotransversal ao movimento,p e a densidade do ar, v a velocidade do ar (no caso do túnel aerodinâmico: 125 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. 4 no casode um corpose deslocandoem ar parado,seria a velocidade docorpo)e N éo númerodeReynolds;N= “4º “onded éodiâmetro transversal do corpoe 1]é o coeficientede viscosidade. A forma a funçãof édeterminadaexperimentalmente,Até a velocidadedosom, a forçaresistiva é praticamenteproporcionalao quadradoda veloci- dade. Para velocidadessupersônicas,a força R tem uma representa- çãosemelhanteà (4.66),mas f é uma funçãodonúmerodeMach, que é definidocomosendoa relaçãoentrea velocidadedocorpoe a veloci- dadedo som. À forma de f podeser vista emlivros deAerodinâmica. No problemado paraquedistaas velocidadessãobaixas e pode- mos considerar que a resistência do ar é proporcionalà velocidade. Use o conhecimentoadquiridoem4.4.2e resolvaosseguintesproble- mas. Exercício1. Um paraquedistacaindolivrementedeumagrandealtura, antesdeabrir oparaquedas,temsuavelocidadelimite igual a 58m/s. Suponhaqueamassadoparaquedistaedoparaquedasé 100kg. Ache a constantek daresistênciadoar. Acheasvelocidadese distâncias percorridascomofunçãodotempo.Quais sãoa velocidadee o espaço percorridoapós30 segundos? Exercício2. Suponha que o paraquedista do exercícioacima abre o paraquedasquando sua velocidadeé praticamente58 m/s, e que o paraquedasé concebidopara quea velocidadedechegadano soloseja 5 m/s. Qual é o novovalor de k? Ache as velocidadese distâncias percorridascomofunção do tempo após a abertura do paraquedas; escrevaessesvaloresparat = 1,2,3,4 e5 segundos.Qual seráuma altura razoávelpara abrir oparaquedaselhedar umachegadasegura ao solo? Se ele abrir o paraquedasa 300 m, em quanto tempo ele chegaráao solo? 4.4.3 Movimentode projéteis O modeloquea seguir descreveremosé dosmais simplesque se con- sideraembalística. Vamosconsideraromovimentodeumapartícula de massam num plano (x,y) perpendicularaosolo. Suponhaqueno instante t— Oela sai da origemcomuma velocidadelinear vo e num ângulo« coma horizontal. O ângulo « é chamadoo ângulode tiro. seção4.4 ADinâmicadeumaPartícula Façamosahipótesesimplificadoradequenãoháresistênciadoar “que à únicaforçaatuandonapartículaédagravidade.Designando por ixit),y(t)) o vetor posição da partícula, temos, de acordo com a segunda lei de Newton que fig = my ——mg. (4.67) ti vetorvelocidadeinicial é dadapor X(0)= (x(0),w(0))= (vocos«,vosen«). Lopointegrando(4.67)obtemos x(t) = vocosa -—vlt)=-—gt+vosena. (4.68) Integrando(4.68)e usandoo fato que a posiçãoinicial da partícula é (0,0), obtemos ]x(t) = (vocosot Bt) e —59€ + (vosen&)t. (4.69) [ns expressões(4.68)e (4.69)podemosretirar uma série de informa- çõessobreo problema.Por exemplo: 1) À trajetória é uma parábola: U = (tg x)x — a, (4,70)2vêcos?& 40)A alturaeadistânciahorizontalmáximasatingidaspelocorpoano [28 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 respectivamente 2 2 Zva sen” X VÓ ÕPiá e Qua =—senzZa. (4.71) 20 g (ni)A duraçãodotrajetodocorpoatécolidircomo soloé T = 2vosen a g (1v)Variando-se « e mantendo vo constante, a distância horizontal máximaquepodeser atingida é 2Dasx=—O a quecorrespondea um ângulo« = 45º. Issodecorretrivialmenteda segundaexpressãoem(4.71). Umproblema:Qual éaregiãodoplano (x,uy)constituídaporpontosque podemser atingidospor projéteispartindo da origemcomvelocidade Vo ? Resolução:O ângulodetiro « varia entre0e7r. Para cada« temosuma parábola(4.70).A envoltóriadessafamília decurvas é determinada pelométodoexplicadoem3.4.2: fíx,y, a) =Y— (tga)x + = —— =) (4.72)2vGcos?x gx?falx,y, É) = —(sec?a)x + sec?atg à Ee 0. (4.73) 0 Eliminando « entre (4.72)e (4.73)obtemos ÉVo 9 2U=> — 5 (4.74)29 2 queéchamadaparáboladesegurança.Acimadessaparábolanenhum pontopodeser atingidocomprojéteisdevelocidadeinicial vo. Todos nação4.4 ADinâmicadeumaPartloula 129 vopontosdaregiãoentreessaparábolaeoeixo-xpodemseratingidos. De Into,escreva(4.70)como 2 2X XCow a-xtgarty+2,=0 (4.75)2V6 2v6 »observequedadosx, Yy,essacondiçãoé precisamenteo fatododis- criminantede(4.75)ter duassoluçõestg x. Logocadapontodaregião podoser atingidousando-sedois ângulosdetiro.Observação. Um modelomais real do movimentode projéteis deve levarem contaa resistênciado ar. Se designarmospor R a força resistiva,asequações(4.67)sãosubstituídaspor mx = —RcosO mi = —Rsen0—mg ondeO é o ânguloda tangenteà trajetória (x(t),y(t)) como eixo- +».A forçaR dependedavelocidadee as consideraçõesfeitasno caso 142 acimasãopertinentes. O problemasetorna mais complexo,cf. Hynge-Griffith,op. cit. p. 133. Parábola de Segurança , 444 Movimentosem planos inclinados Consideremoso movimentodeumcorpodescendoum planoinclinado sobaaçãodagravidadeesujeitoa umaforçaresistivadevidanoatrito 130 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 eU «A , mg Figura4.6 Tem-setrês forçasatuandono corpo:a gravidade,a reaçãonor- mal N do plano inclinado e a força de atrito R. Pela segundalei de Newton: mx = —-mgsen«x+ R mú = —-mgcosa +N. Comonão há movimentona direçãoy, basta considerara primeira equação.Há dois casosinteressantesa considerar: R = —ux e R = —ux?. Deixamosao leitor as integrações,em tudo análogasao caso 11)de4.4.2. 4.4.5 Velocidade de escape A Lei da GravitaçãoUniversaldeNewtonestabelecequeduaspar- tículas de massa m e m” colocadasa uma distância d uma da ou- tra se atraem mutuamente,e as forças de atração têm intensidade Gmm'/d”, ondeG é a constantedegravitaçãouniversal. As forças atuam ao longoda reta que une as duas partículas, de acordocoma lei da açãoe reação. AU PA F LR > O X Figura4.7 Seção4.4 A DinâmicadeumaPartícula v =vetorunitárioda direçãoOA ! /F= mm y F'=—emmy, “o estudoda forçagravitacionalda Terra sobrecorposfora dela, po- demossuporquetodaa massaM da Terra estáconcentradaemseu centro,e entãopodemostratar o problemacomoo da atraçãoentre dumapartículas. O problemada força gravitacional da Terra sobre vmcorpoemseuinterior émaiscomplexoe aí nãosepodemodelá-lo tentandoa Terra comouma partícula. +constante G tem o valor de 6,67 x 10º unidade CGS. Portanto, “o forçasgravitacionaisentrepequenasmassassãoinsignificantes,o quetalvezsejauma boacoisa!Assim, despreza-sea atraçãogravita- tonalmútuadoscorposna superfícieda Terra, empresençada força vravitacionalexercidapelaTerra sobreeles. Vamosconsideraro problemado deslocamentovertical de uma partículademassam e sujeitaapenasà forçagravitacionaldaTerra. Esseseriaum modelosuper-simplificadoda ascençãodeumfoguete, poisdesprezaa resistência do ar e a variação de massa do foguete, fatoresquedesempenhamumpapelessencialnofenômeno.O modelo &maisrealistapara um estágiomais adiantadodofenômeno,quando 4 foguetejá saiu da atmosferaejá liberou vários de seustanquesde combustíveis. “entro da Terra v * <——* > 0 SuperfíciedaTerra Figura 4.8 191 192 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 Usandoa segundalei de Newton, podemosescrever ] GmM m% = 3 (4.76) X ondeM éamassa da Terra. Por outro lado,quando x = R,a aceleração do corpoé —g,e portanto o GmMmg= —3 (4.77) Umparêntesis: Quando x está próximo de R podemossupor GM/x? constantee igual a g. E foi issoquefizemosnosproblemasdequedas decorposestudadosanteriormente,poisaquelesfenômenossepassam numa regiãomuito próximada superfícieda Terra. De fato,supondo queaTerra éesférica(vejamais adianteoscomentáriossobrea forma daTerra)comraio R = 6368km,vemosqueparax = R + 100km: GM GM 64682*—63682 oquemostraquenuma altura de 100km avariaçãoda gravidadenão ultrapassade3%. DZ = So, Voltemosàs equações(4.76)e (4.77)e escrevamos E; (4.78) Chamandov(t) = x(t) econsiderandoseparadamenteosmovimentos deascençãoequeda,podemosconsiderarv comofunçãodex e,então: dv dvdx vt dt dxdt dx: Logo (4.78)se escrevecomo dv “grvV— =—>-dx x2 queé umaequaçãoseparávelfacilmenteintegrável: v2 gR?— = >—+ €. (4.80)2 x + Seção4.4 ADinâmicadeumaPartícula 133 Supondoquepara x = R temosv = vo (nocasode movimentoas- cendente)ou v = —vo(no casode movimento descendente)obtemoso valor da constantee daí v(x) = + + 2gR (: - 1) (4.81) X ondeo sinal + correspondea movimentoascendente,e o sinal — o movimentodescendente. A expressão(4.81)nos diz uma sériede coisasinteressantespara o casodomovimentoascendente: (1)A velocidade decresce com a altura (11)Se vá>29R,a velocidadenunca se anula, e portanto o corpocon- tinua em ascençãopara sempre.A velocidadeinicial vo = 2g9R é chamadaa velocidadede escape.Usando-seg = 9,8Im/s? e R = 6368km,obtemosvo = 11,170km/s = 40240km/h,queé a veloci- dadedeescapesemconsiderara resistênciado ar. À expressão(4.81)tambémnos fornecea velocidadede impacto (semresistênciado ar) de um corpoabandonadoa uma grande dis- tância,d, daTerra. Para isso,use(4.81)comx = d+Rev(x]) = 0e obtenha 29R2= —4/29R-= (a d+R Assimsed formuitograndecomparadocomoraio RdaTerra, aveloci- dadedeimpactoépraticamenteigual (emvalor absoluto)àvelocidade deescapecalculadaacima. 4.4.6 Movimento de um foguete Um fogueteé lançadoverticalmenteda superfícieda Terra comvelo- cidadeinicial v(0) = O.O movimentosedevea ejeçãoparabaixodos gasesdeigniçãocomvelocidadeV. Vamosinicialmenteconsiderarum modelodesseproblemacomashipótesesdequenãohá resistênciado ar e de que a única força externaatuante no fogueteé a gravidade. Referimoso movimentoa um eixo-xvertical dirigido para cima com origem na superfície da Terra; seja m(t) a massado foguete,x(t) 194 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 e v(t) sua posiçãoe a velocidadeao instante t. Para equacionaro problema,utilizamos a 2º lei de Newton, que diz que a variaçãoda quantidadede movimentoé igual a forçaatuante. A quantidadede movimentoé a somada quantidadede movimentodo foguetecoma quantidadede movimentodosgasesde ignição, Vamos considerar a massa m(t) escrita comoa soma m(t) = m(t+ 6t) + Im(t) —m(t + 6t)), ondem(t) —m(t + dt) é a massaconsumidana formadegasesno intervalodetempoIt, t+ót| eamassarestantem(t-+ót), éamassado foguetenesseintervalo. Essa massa,m(t + ót) dofoguete,émantida constantedurante todoesseintervalo de tempo,portanto a variação da quantidadedemovimentodofoguete,no intervalo, é m(t + ót)vit+ dt) —-m(t+ ót)v(t). (4.82) A massarelativaaocombustívelm(t) —m(t +dt), éconsumidainte- gralmentena forma degasesno intervalo detempoôt, e a velocidade relativa à Terra dessesgasesé v + Y, portantoa variaçãoda quanti- dade de movimento dos gases,nesse intervalo, é O(v(t+ ót) + Vit + 6t)) —(m(t) —m(t+ dt))(vít) + V(t)). (4.82”) Segue-sequea quantidadedemovimentoé a soma(4.82)+ (4.82). Dividindo essa soma por ôt e passandoao limite quando ôt > 0, obtemos: dv dm nto E Poem, dt dt Colocandou = v + V, obtemospela2º lei deNewton, m(t) (vit) +V(t)). -mg =mvy+ um, (4.83) que é a equaçãodo movimento(vertical, ascendente)de um foguete sem resistência do ar. Se levarmos em conta a resistência do ar tere- mos —mg—kv = mv +um (4.84) ou - TT —kv? = my + um. (4.85) beção4.4 A DinâmicadeumaParticula As equações(4.83)e (4.84)podemser integradasexplicitamente.Já (4.85)requermétodosda Análise Numérica para sua resoluçãoapro- simada, Problema1. Suponhaqueo combustíveldo fogueteé consumidoem umarazãoconstantebkg/s,duranteum tempoT. Suponhamosquea velocidadeu deexpulsãodosgasessejaconstante.Seja mo a massa imetaldo foguete(inclueobviamenteo combustível)e consideremoso vnsode nãoresistênciadoar. Quais sãoas expressõesdev(t) e x(t)? Hesolução. A massa m é dada por m(t) = mo — bt, para O<t<T., “ubetituindo-se em (4.83) obtemos —(mo—bt)g = (mo—bt)Jv—bu deondeobtemosusandov(0) = O: vt)=-gt—-uln [ - s ) » Oxt<T. (4.86) Mo integrando(4.86)eusandox(0) = 0,obtemos [ —— — ——— |—-— t <t<T. (4.dt) =—59tu(t 2) em( = ) ut 0 (4.87) De (4,86)e (4.87)pode-seretirar várias conclusões:(1)velocidadee posiçãodo fogueteao final da ignição,(ii) possibilidadedo foguete escapardo campogravitacionalda Terra (i.e.,v(T) devesermaior quea velocidadedo escape). Problema2. Mesmascondiçõesdoproblemaanteriore supondoagora umaforçaresistiva linear. Hesolução. À equação(4.84)setorna “(mo = btJjg — kv = (mo — bt)v — bu queé umaequaçãolinear deprimeiraordem(cf. secção2.1),a qual podeser integrdaexplicitamente. Exercício| Um foguetede massaM, contendouma massam decom bustivelcai sobrea Terra a partir deuma grandealtura h. Suponha 136 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 queelequeimaocombustívelna razãode k unidadesdemassaporse- gundoe queejetapara baixoosgasesde igniçãocomuma velocidade u relativa aofoguete.Achea velocidadeeo espaçopercorridoaofinal da ignição. Qual é a velocidadede impacto? Desprezea resistência do ar. 4.4.7 EnergiaCinéticae Potencial Na secção3.3definimoscamposde forçase introduzimos a noçãode trabalhodeumcampoaolongodeumcaminho,bemcomoa noçãode campoconservativo.Suponhamosagoraqueuma partícula demassa “ m semovimentasoba açãodeum campodeforçaF:O — Rº definido emum abertoO deRº. SejaX(t) o vetorposiçãoda partículanum ' instante t. Definimos a energiacinética da partícula no instante t comosendo Ea= mv, v=|X|, (4.88) ondev designaa velocidadeescalardapartícula. Derivando(4.88)comrelaçãoa t obtemos Es nO =OMF) (4.89) ondeutilizamos a 2 lei deNewton para escrevera última relação,e (, ) designaoprodutoescalaremRº. Por extenso,teríamos d|1Ec=ET mb 242) =mkx+múy+mzz=fix +ou+tai, ondeX = (x,y,z)eF = (frTta,f3): Integrando (4.89)comrelação a t do tempo inicial to até ty, obtemos: ty Eclt;) —Eclto)-|[ (FX) dt. (4.90) to À expressãono22ºmembrode(4.90)éotrabalhodocampoaolongoda trajetória da partícula doinstante to aoinstante tj. A relação(4.90) dizentãoquea variaçãodaenergiacinéticaemumcertointervalode tempo é igual ao trabalho da força durante esse tempo. Esse fato é conhecidocomoa equivalênciada energiacinéticaedo trabalho. Seção 4.5 O Oscilador Harmônico Suponhamosagoraqueo campodeforçasF sejaconservativo.Então, segue-sede(4.90)que Ec(ti)—Eclto)=V(X(ti))—V(X(to)) (4.91) ondeV é um potencialde F. Agora definimosa energiapotencialdo campoF como U(X) =—V(X). (4.92) Logode(4.91)e (4.92)obtemos: Ec(ti)+U(X(t1))—Ec(to)+U(X(to)) odaíseseguequea energiatotaldefinidaporE(t) = Ec(t) +U(X(t)) oconstante.EsseéoPrincípio da ConservaçãodaEnergia,queentão diz quea energiatotal da partícula é constantenum campoconserva- LVvo, 4,5. O Oscilador Harmônico () osciladorharmônicoé o modelomatemáticoparao movimentore- tilineodeuma partícula sujeita a uma forçaatratorapara a origeme commagnitudeigualaummúltiplok (constantepositiva)dadistância à origem: x x e» e £€——a > -kx 0 -kx X Figura4.9 Designandopor m a massada partícula, a 2€ lei deNewton nos da mx = —kxou seja mk +kx =0, (4.93) queé a equaçãodoosciladorharmônicosimples. Se no osciladorhouvera presençadeumaforçaresistivapropor- cionalà velocidade,a 2º lei deNewton nosdá mX = —kx—ux, onde | é umaconstantepositiva,ou seja mã +ux +kx = 0, (4.904) queé a equaçãodoosciladorharmônicoamortecido, 138 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 Finalmente, suponhamosque há uma forçaexternaatuandona partícula, força essa que independeda posiçãoe da velocidadeda partícula, mas que podevariar com o tempo. Neste caso,a lei de Newtonnosdá: mk = —kx—ux + F(t), ouseja mx + ux + kx = F(t), (4.95) queé a equaçãodoosciladorharmônicoamortecidoeforçado. Antes dedescrevermosa matemáticadas equações(4.93),(4.94) e (4.95)acima,cremosquesejaconvenientediscutir algunsexemplos de fenômenosfísicos ondemovimentosharmônicosocorrem. Exemplo1. (Vibraçõesdemolas.)Consideremosuma mola helicoidal (idealmentesemmassa)fixadaemumadasextremidadesependendo verticalmente,comoindica a figura A abaixo. Suponhamosque se fixa um corpode massa m em sua extremidadelivre. A mola então se distende passando a uma nova posição de equilíbrio, figura B. Nestanovaposição,oequilíbriosedevea quea forçainternadamola contrabalançao peso do corpo. A força interna é dada pela lei de Hooke: “Seuma molafor distendidaou comprimidade um compri- mentod, entãoa forçainternatemmagnitudekd e é dirigidaem sentidoopostoà deformação;k > Oé a constantedamola”.Usandoa lei de Hooke obtemos mg = kd. (4.96) 4X O x ak(d-x) | m -a mo Figura 4.10 beção4.5 O Oscilador Harmônico Suponhamosque agoradeslocamosa massaaté a posiçãox < O sobreo eixo x, veja figura C. Nessa posição,as duas forças atuando namolasão:opeso—mge a forçainternadamolak(d —x), queé dadapelalei deHooke. Se x > O,as forçassão—-mge —k(x —d). Em qualquer caso,usando-sea 2º lei de Newton para o movimento da massa m, obtemos mk =-—-mg+k(d —x), aqual,juntamentecoma lei deHooke(4.96),dizquex(t) satisfazà squação(4.93),mostrandoqueoosciladorharmônicosimplesdescreve 4 movimentoda massam ligada à mola. Suponhamos,a seguir,queomovimentodamassam sedêemum meioAuidoquelheopõeumaforçaresistivaproporcionalàvelocidade. Então,a lei deNewton diz que mk =-—-mg+k(d—x) —ux andeqéumaconstantepositivacomsignificadofísico,cf. secção4.4.2. ni ede(4.96),obtemosquex(t) satisfazà equação(4.94),mostrando queagorasetemummovimentoharmônicoamortecido.Este termode amortecimentoéaltamentedesejávelemalgunsaparelhosmecânicos. or exemplo,nasbalançasdealtasensibilidadedeseja-seumarápida vntabilizaçãodos pratos, e isso se conseguepela introdução de dis- positivos,chamados amortecedores,cujo comportamentomatemático obedeceà descriçãoacima. Comentáriossobre a lei de Hooke Hibliografia: I.S. Sokolnikoff, “Mathematical Theory of Elasticity”, MeGraw Hill Book Company Inc. (1946). Em 1676,Robert Hooke publicousua lei na formade um anagrama:“ceiiinosssttuv”.Dois anosdepoisele deu a solução: “ut tensio sic vis”. No séculoXVIII, possivelmente,todomundoentendeu.Comohojeemdia não seouve Latim, nem aos domingos,faz-senecessáriouma terceira forma da lei de Hooke: “a extensãoé proporcionalà força”.A lei de Hooke fax parteda Teoria da Elasticidadee é de grandeinteresseno estudoda resistênciadosmateriais. As experiênciasmostramqueela seaplica para o casode pequenasdeformaçõesdo material, o que ocorredentro do seu regime elástico. Considere uma barra fina de metal duúctil 139 140 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 decomprimento( e áreada secçãotransversaligual a A; submetida a forçasde traçãovariáveis, H,obtém-secorrespondenteselongações d. Designandopor o = F/A o esforço(“stress”)e por e = d/£ a deformaçãopor unidade de comprimento(“strain”),as experiências conduzemao gráficoabaixoondeo trechoOP é praticamentelinear te Y Figura 4.11 comequaçãoo = Ee, ondeE é o módulode Young. No gráfico,o pontoP échamadoo limite deproporcionalidadeeopontoY éolimite elástico.O limite elásticoquerdizerquedeformaçõesatéessevalor nãosãopermanentes,istoé,retiradaa forçadetração,a barravolta aoseucomprimentoinicial. Além dessepontoabarra sedistendecom poucoounenhumaumentodatração. O pontoU correspondeaoponto deruptura dabarra, ovalorde o correspondenteéacargaderuptura. Além da carga de ruptura, o material ou quebraou sofreum escoa- mentofazendoum estrangulamentoda secçãotransversal emalgum ponto. Para que o leitor tenha umaidéia da ordemde grandezade esforçose deformações,damososseguintesdadospara o casodeuma barradeaçocommódulodeYoungiguala 21x10!ºN/m?: (1)Oesforço correspondenteao limite deproporcionalidadeé 175x 10ºN/m?. (ii) O esforçocorrespondenteaolimite elásticoé 210 x 10ºN/m?. (iii) A cargaderuptura é da ordemde350x 10ºN/m?. (iv)A deformação causadaporum esforçode85 x 10ºN/m? é 0.0004em/m. Exemplo2 . (PênduloSimples.)O pêndulosimplesconsistede uma partícula de massam fixadana extremidadeinferior deum fio inex- tensívelUidenlmentesemmassa)decomprimentoº, cuja extremidade superiorestá fixada. Supõe-sequeo movimentosedêemum plano vertical, Demignamospor Oo ângulodofio coma vertical. Beção4.5 O OsciladorHarmônico Usando a lei de Newton temos: mx=-—IsenO e my =mg-— Tcos0, deondeseobtém,eliminandoT : Xcos0—ij senO= —gsenO. Como + EsenDey = tcos0, obtemos X t(sen0)0?+L(cos0)ô e y=-tf(cos0)62 —f(sen0)Ó; voltandoà equaçãoacimaobtidada lei deNewtontemos t0+gsenO =, queonaequaçãodopêndulo. Observequesetrata deumaequaçãonão Hnenr,a qual seráestudadaemdetalhemaisadiante.No momento “amosconsiderarocasodaspequenasoscilaçõesdopêndulooquenos permitefazerumaaproximaçãosenO» 0, ea equaçãodopêndulose torna tô+99=0, a qualé dotipo (4.93).Temosassimum movimentoharmônicosim- plon, >Ô x 9 | A m mvu 9 Figura4.12 45.1 Oscilador HarmônicoSimples Escrevemosa equação(4.99)na format+Hwlx=0 (4.97) sudew” = k/m. A soluçãogeralda equação(4.97)é dada por x(t) = Cycosvt +Cosen wl (4,9H) 141 142 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 ondecj e cpsãoconstantesarbitrárias que podemser determinadas sabendo-sea posição inicial da partícula, x(0) = xo, e sua velocidade inicial, x(0) = vo. Assim de (4.98)temoscy= xo. Derivando(4.98) e fazendot = Oobtemosczw = vo. Logo(4.98)podeser escritocomo Vox(t) = xocoswt + q Senwt. (4.99) Agoradefinimosas constantesÀ e «ppelasexpressões 2 A =+ aa (CO), cosdp= —º e sen = O (4.100) coma restriçãoO<p < 271.Usando(4.100)em(4.99)obtemos x(t) = A cos(wt—p). (4.101) Portanto, temosum movimentooscilatórioem torno da posiçãocen- tral x = O. O afastamentomáximoda posiçãocentral, A, chama-se amplitude. O períododa funçãoco-senoem(4.101),T = 271/w,é o períododo movimento,o qual significa o temponecessáriopara uma oscilaçãocompleta.Oinversodoperíodoéafregiiênciaf = w/27, que significao númerode oscilaçõespor segundo.O ângulo & é chamado o ângulodefase. Designandoporv(t) a velocidadex(t), obtemosderivando(4.101) vit) = —Aw sen(wt—q). (4.102) Observequea velocidadeé zeroquandoa partícula estivernas posi- çõesmaisdistantesdex = O.E, também,a velocidadeé máxima(em valorabsoluto)quandoa partículapassapelaposiçãocentral.Pense na molae no pêndulo. Observequea amplitudeA podesersuperiora |xo|,seà partícula, ao invésde sor simplesmenteabandonadana posiçãoinicial x = xo, dermos uma velocidadeinicial. ) », Pal o Se a ” 4, Figura4.13 t mmentáriossobre o pêndulosimplese a aceleraçãoda gravidade Poloqueacabamosdefazer,vemosqueoperíododasoscilaçõesdeum pondulosimplesé E =. t g Eotafórmulamostraqueoperíodoindependedaamplitude:essefato tmobservadopor Galileu, e é denominadoo isocronismodas peque- nasoscilações.A fórmula tambémnos dá um modode calculara aceleraçãog da gravidade,bastandopara issomediro períodoT de sscilaçãodopêndulo.Assimforamfeitasasprimeirasdeterminações do 1, desdea épocade Newton. Com o passar do tempo o método tmnperfeiçoado:(i) construçãode pênduloscujoatrito no pontode suspensãoé praticamentedesprezível. (ii) Kater em 1817mostrou quesepodiausarumpênduloreversívelformadodeumabarrasólida quepossuedoispontosdearticulaçãoA, eAz coma propriedadeque suspensonum (A) ou noutro (Az) opêndulotemmesmoperíododas pequenasoscilações.Ele entãoprovouqueo períododessepêndulo reversívelé igual ao períododeum pêndulosimplesde comprimento igual à distância de Ay e A>. Esse métododáboaprecisãoeera omais usadoatémeadosdesteséculo,quando,odesenvolvimentodetécnicas aticase o empregode raios laser para mediçõesde tempopermitiu o usodo fenômenoda queda livre de corposatravésda fórmula (4,51) danocção4.4.1. (ii) Para contrabalançareventuaisvibraçõesdoeixo desuspensãousa-sedoispêndulosreversíveisoscilandoemdireções opostas. A determinaçãoda gravidadeem vários pontosda Terra 143 144 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 servepara,emprimeiraaproximaçãomostrara suanãoesfericidade, através da fórmula GMR=4|- g ondeG é a constantedegravitaçãouniversal, M é a massada Terra; a fórmula acimasesegueda equação(4.77)da secção4.4.5.Medições mostramque o valor de g no polo é 9,8322m/s” e no equadoré 9,7804m/s?; na prática utiliza-se o valor médio de 9,81m/s2. Newton utilizando essaidéia mostrouqueoraio equatorialé 231/230 vezesoraio polar. Em 1720,JacquesCassinichegoua um resultado opostoàquele de Newton. Para decidir a questão,a Academia de Ciênciasda França enviouexpediçõesà Lapônia e aoPeru coordena- das por Maupertius. As medidasrealizadasmostraramque,de fato, a Terra é achatadanospolos.Voltaire elogiouo trabalho deMauper- tius,chamando-ode“achatadordospolosedeCassini”. [Cf M. Line, “MathematicalThought fromAncient to ModernTimes”,OxfordUni- versityPress,New York (1972)].A questãoda formada Terra é um problemacomplicado,emprimeiraaproximaçãopode-sesuporqueé um elipsóide achatado. Entretanto, em maior precisão, sua forma é deumcorpodiverso,chamadogeóide. 4.5.2 Oscllador Harmônico Amortecido Escrevemosa equação(4,94)naforma t+ Ivx+ wêx=0 (4.103) onde 2v u/me q” k/m. (Comovimos na secção4.2.2, as soluçõesde(4,109)apresentamcomportamentosdiversosdependendo das raízesda equaçãocaracterísticaA? + 2yA + w? = 0, ou seja,do sinal dodiscriminante VW 4k uv -4SkmAve— 4 —(E a 4me m m . Amortecimentoforte: |” »4km,ousejav > w. Nestecasoa soluçãogeralde (4,103)€ Jef.nocção4.2.2]: = +Vv2-qw2, (4.104)x(t) e eye! | Co€ Beção4,5 OOsclladorHarmônico 145 andeasconstantesc4eczpodemserdeterminadasemtermosdavelo- vidadeinicial edaposiçãoinicial. Não escreveremosessasexpressões poisnãocremosqueelasnosdigamnadainteressante.Comov > w, temos que lim x(t) = 0. t— 00 4 velocidadeemuminstantet édadaporv(t) = x(t) edaí vt) =e“Te(t—-v)et— cost+v)e 9, mostrandoque ela se anula, no máximo, em um único valor de t, o qualédadopelasoluçãode gift las co(L = v) cit —+) iso implicaqueX(t) seanula,nomáximo,emumvalordet. Assim, temosapossibilidadedostrêsgráficosabaixo.O movimentosechama uperiódico. A x 0 o ao eE ni então t X Xo | —— > t Figura 4,14 146 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 ii. Amortecimentocrítico: |“ — 4km, ou seja v =w. Neste casoq soluçãogeral de (4.103)é x(t) = ee +cat). (4.105) Nestecaso,C1= X0€C2= Votvxo. Aqui tambémtemosquex(t) — 0 quandot > oo. À expressão(4.105)nosdiz quex podeseanular para, no máximo,um valor det. A velocidadenum instante t é dadapor v(t) =e(cz —vc) —covt), e comono casoanterior elapodeseanular em,no máximo,um ponto. Logo,osgráficosparax(t) têmo mesmoaspectodocasoanterior. iii.Amortecimentooscilatório: |? < 4km, ou sejav < w. Neste caso,à soluçãogeral de (4.103)é x(t) =eeycostt +cosentt], L=+Vw2-—v2. (4.106) Definimosas constantesÀ e & comono casodo osciladorharmônico simples A=+ ci+c, cosP = a sen Pp- Obtemos x(t)=Ae" cos(tt—d). (4.107) As constantesÀ e P podemser determinadasem termosda posição xo é da velocidadeinicial vo. Temostambémque x(t) — Oquando t —+00, Neste caso, entretanto, o movimento é oscilatório, mas a amplitude(Ae “9 desuasoscilaçõesdecresceexponencialmente.Vê- sequex(t) seanulanospontosty taisquelty—p— (2k—1)5. Calcule a velocidadev(t) evejaqueelanãoseanulaprecisamenteempontos te múltiplos (defasadosde 4 /() de 71,ao contrário do que aconteceno movimentoharmônico simples. 454 Oscilador Forçado “amostratar apenaso casoem que a força externaé periódicatipo “seno. O procedimentoé análogono casodeum seno. À equação 4 1053)se torna x+2x +w?x=Eocoswot (4.108) sudoZv = u/m, w? = k/m, wo > 0 e Eo > 0 são constantesda- das, Para escrevermosa soluçãogeral de (4.108)necessitamosde wmasoluçãoparticulardessaequação.Vamosconsiderardoiscasos. mol. (vV£Oew £ wo). Usandoo métododoscoeficientesa determinar(cf. secção4.2.4,poder-se-iatambémusar o métodode variaçãodosparâmetros),obtemosumasoluçãoparticularde(4.108) na forma Xp(t) = Ccoswot + S senwot, C =(w*—-v)EA”!, (4.109) E. 2vwoEoAT!, ande A = (q? wo)?+4v2wg. (4,110) omo fizemosna passagemda expressão(4.99)para (4.101),a solução 147 148 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 particular (4.109)podeser escritacomo Xp(t)=Aycos(wot—Pi) (4.111) onde Aj=+VC2+82=A""2E,, cosby=C/A; e (4.112) senby = S/Ajs. Logo,a soluçãogeralde(4.108)é Kit) = xaLE)+ 005ht) (4.113) onde xp é a expressãodada em (4.111)e xn(t) é uma das expressões dadasem(4.104),(4.105)ou(4.106),dependendodosvaloresdev e w, Assim omovimentodapartícula no osciladorforçadoéa superposição de um movimentoperiódicode período 271/woe de um movimento aperiódicodadopor (4.104),(4.105)ou (4.106).Vê-se,de (4.113),que quandot > +oo,x(t) —xp(t), istoé,a parteaperiódicaxn(t) tem um efeitonegligenciável,e omovimentoé essencialmenteperiódicoe descritopela expressão(4.111).A parte xn(t) é chamadatransiente. Casoll. (v=0ew wo). Nestecasoa equação(4.108)setorna x+w?x=EocosWot. (4.114) Procedendo-secomono CasoI (aliás,oquelá sefezéválido nestecaso poisw £ wo implicaA 0,e assimnãohá querepetiroscálculos), obtemosumasoluçãoparticularde(4.114): Xp(t) — Ay cos(Wot — 1) onde ) = À| ué — q] "Es, cos PD] = sgn(W— Wo), sen PD] e 5 À Consequentemente,um poucode trigonometrianosdá EoXplt) ———s CO8Wot. (WU— WG beção4.5 O OsciladorHarmônico 149 omo cosWwté soluçãoda equaçãohomogêneaassociadaa (4.114), podemosescolhera seguintesoluçãoparticular de (4.114): E:Lodt] =— Es (cosWot—coswt). (4.115) Lopo,a soluçãogeralde(4.114)éobtidausando-se(4.101)e (4.115) Eox(t])= Acos(wt—|) + 5 (cosWot—coswt). (4.116)w2—wo Asnim,nestecaso,omovimentoéa superposiçãodedoismovimentos: | Movimentolivre: A cos(wt—q), correspondendoaocasoemquenão ha forçaexterna (Eo = 0), que é um movimentoharmônicosimples, periódicocomfrequência w. A frequência w é chamadafregiiência mutural. (ii) Movimentoforçado: Eo(coswot —coswt)/(w? —w5), vorrespondendoao osciladorharmônico x+wx=E wotEa (4.117)40] =D) =, Análise do movimentoforçado | Sew/wo forum númeroracionalentãoa funçãoy(t) = cosWot- vom(Ut é periódica. De fato, sejap/q a fraçãoirredutível, que é igual 4 «w/o. O períodofundamentaldecoswot é 277/Wo,e daí 271q/Wo tambémé um período. Do mesmomodo,271p/wé um períodode vom«Ut.Logo,27q/Wo = 277p/Wé operíodofundamentaldey(t). “15ew/wo nãofor racional,entãoy(t) nãoéperiódica,maséquase- periódica,um conceitointroduzido por Harald Bohr. Uma boa re- Il»rônciapara esseassuntoé o livro “AlmostPeriodicFunctions”do próprioBohr,publicadopelaChelseaPub. Co. (1947). | Usandoumaidentidadetrigonométrica,queoleitor facilmentedes- cobriráqualé,temos: 2Eo (0 —wo)t (0 +wo)t — ———+ sen sen — . (4,11M)w2 —q 2 2Xplt)= de«wufor“praticamente”iguala wo temosquea frequênciadoprimeiro senoem (4,118) é muito menor que o do segundoseno, Designamos 150 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 por 2Eo (uv— wo)t e Ss n ua e w2—wg . 2A(t) = a amplitude (variável) do movimentodescritopor (4.117). Essa am- plitude tem um longo períodoquando comparadocom o períododo segundoseno.Daí ela serchamadodeamplitudedelentavariaçãoe à função (wo+ wo)t 2 se diz queé modulada por essaamplitude. O fenômenodescritopor (4.117)comw — wo (i.e. w pertode wo) é chamadodebatimento. A nomenclaturabatimentovem de Acústica: cadanota musical tem uma frequênciaprópria; quandouma notabásicae a nota correspon- dente do instrumento musical são tocadas simultaneamente, haverá batimentocasosuas frequênciasdefiramligeiramente. Afinar o ins- trumentosignificaajustá-lodemodoa evitarbatimentos. sen | Io?- oo;| 2E, co?—5%| , p - E AN por 21 E b [0-0] ha A ( a ZE,; sem(0+00)tsen(0 - Oo)t [007—qo | Figura4.16 Casoll, (v=0, w = wo). Neste caso coswt e senwt sãosolu- çõesda equaçãohomogêneaassociadaa Xx+w?x = Eo coswt. (4.119) Portanto,umasoluçãoparticulardeveserdeterminadana forma Xplt) = 1(C coswt + Ssen mt), seção4,5 OOsciladorHarmônico 151 Substituindo-se em (4.119) obtemos EMid) = a t senwt. (4.120) Lopo,de (4.101)e (4.120)seobtéma soluçãogeral de (4.119): Êx(t) = A cos(wt—bp)+ O teoswt.2W “ont, Omovimentoé a superposiçãode um movimentoharmônico simplese de um movimentooscilatório de amplitude crescente 151/40] tendendoparainfinito. Essefenômenosechamaressonân- cia Comentáriossobrea ressonância "Ora, Jericó estavacuidadosamentedefendidacombarricadascon- tra os israelitas; ninguém saía, nem entrava. Então Javé disse a Josué, “Agora eu ponho Jericó e seu rei em vossas mãos. Todos vós combatentes,valentes guerreiros,marchareis em torno da cidadee fareiso circuito uma vez, repetindo-odurante seis dias. E sete sa- cerdoteslevarão sete trombetas diante da arca. Ao sétimo dia, con- tornareisa cidadesetevezes,eossacerdotestocarãosuas trombetas. Quandoa buzinadecarneirotocarequandoouvirdesosomdastrom- botas,todo o povodeverádar um forte grito de guerra, e os muros da cidade ruirão imediatamente;então o povopoderá invadir a ci- dade,cadahomemseguindodiretamenteemfrente” (Traduçãolivre 152 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 doCapítulo6,Versículosde 1a 5 doLivro deJosué, “TheJerusalem Bible”,Doubleday,New York (1971)). 2) O fenômenoda ressonânciadesempenhaum papel importanteno projetodesistemasmecânicosnosquaishá forçasvibratórias,poisas grandesamplitudesprevistas em (4.120)podemocasionaruma rup- tura do sistema. À pontede Broughton,na Inglaterra, ruiu em 1831 quandouma colunade soldadosmarchandoem cadênciasobreela provocouuma forçaperiódicadegrandeamplitudee frequênciaigual a frequêncianatural da ponte; ressonânciaentãoocorreu. Hoje em dia, quandopassamsobrepontes,ossoldadossabiamentequebrama cadência. Ressonânciatambémfoi responsávelpelo colapsoda ponteTacoma nos Estados Unidos em 1940. Aqui a força externa apareceucomo consequênciadamáaerodinâmicadaponte. 3) Frequência de Ressonância. Estudamosagorao osciladorforçado (4.108)comforçasvariáveis EgocosWot. As amplitudes das soluções xp(t)sãodadaspor EA(wWo)=—===== Vu? —w5)2+4v2w E fácil determinarqueo máximodeA(wo) ocorrequandoWo= Wy dadopor quandoO < V<-5 - Wr é chamadaa fregiiênciaderessonânciae para ela a amplitude Eo Zvvw?—y? é máxima. Quantomenorv maior seráA(w,). No limite (v = 0) teremosA (w,) = oo, que é a ressonância pura estudada acima. En- tretantonos problemaspráticosv 0, podendoser pequenoe nesse casoA(w,) é dado por (4.121). Observea importância da fórmula | (4.121):se tivermos um modode diminuir v, a amplitude A(w,) será | aumentada. | RUdale (4.121) Beção4.5 OOsciladorHarmônico 1! 454 Comentários sobre a energia do oscilador harmônico Suponhamos,inicialmente,o casodo osciladorharmônicosimples. Vamosescolherx = O comoo nível de potencial zero. Definimos a energiapotencialEs(x) no pontox comosendoo trabalho necessário paralevara massam da posiçãoOaté a posiçãox: ' ]Ep(x) = / ks dá = 5x. (4.122) 0 Hbservequeessetrabalhoérealizadocontraocampo—kxresponsável pelo movimento do oscilador; no caso da mola, E, seria o trabalho necessárioparadistendê-laoucomprimí-laatéa posiçãox. Define-se aenergiacinéticapela expressão Eclx)=me. (4.123) Assima energiatotal será E(x) = Es(x) + Eclx) = a + mê. (4.124) Calculandoa derivadade E comrelaçãoa t obtemos = = (kx + mãx)x (4.125) queé igual a zero uma vez que x satisfazà equaçãodo oscilador harmônicosimples. Consequentemente,a energia total é constante, tendo-seassimconservaçãoda energia. Suponhamosa seguirqueo movimentosejaamortecido.Então de (4.125) obtemos dt ——ux? dt aa W , v que quer dizer que a energia do osciladorharmônico decresce.A quedada energiado instante to a ty é dadapor ti x(t1) Elto) —E(ty) -| ux? a [ ux dx, to x (to) queé portantoigual aotrabalho da forçaresistiva. Assim, a energia do osciladoré consumidapara vencera força resistiva. No casode 154 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 sistemasondea força resistiva correspondea uma força de atrito, a energiado osciladoré transformadaaospoucosemenergiatérmica, Finalmente, se tivermos um oscilador forçado, a expressão (4.125) se torna dE AEa uxº + F(t)x. Agoraavariaçãodaenergiadependetambémdaforçaexterna,eelaé igualaotrabalhodaforçaux—F(t). Portanto,seF(t) > ux,aenergia doosciladoraumenta:a forçaexternaestátransferindoenergiapara o oscilador. 4.6. Campos Centrais de Forças Um campodeforçasFemRº écentralseemcadapontoX = (x,u,Z) « Rº ondeele está definidoF apontapara um pontofixo, chamadoo centrodo movimento.Escolhendoa origem(0,0,0) para centrodo movimento,um campocentralpodeser escritocomo F(X) = f(X)X (4.126) ondef é uma funçãoescalardefinidanosmesmospontosX decampo dedefiniçãodeF. Antecipandoas aplicações,é importantesuporque F'nãoestádefinidona origem. Os resultadosseguintesexibemas conexõesentre camposcentrais€ camposconservativos.Paraadefiniçãodecampoconservativo,confira a secção3.8. Proposição4.6. Seja F umcampoconservativo,e V umpotencialde -. Então, F écentral seesóseV dependeapenasde |X|=vx2+y2+22. É nestecaso,existeumafunçãoreal de variável real, q, tal que F(X)=g(|X|)X. (4.127) Demonstração: (i) SuponhaqueF é central. Queremosprovarque V é constante sobre as esferas |X| = To = constante. Seja a(t) um Beção4.6 CamposCentraisdeForças 155 saminho com |a(t)| = ro. Então CVladt) =(VV(a(t)),&(t))=(Fla(t)),&(t)). Usando(4.126)obtemos d o atoA à de?qeVolt) =flo(t))(out),ó(t))=5f(0(t))lot)queézeropois|«(t)| = ro. LogoV(X) = const.quando|X|= ro. 1) SupondoqueV dependeapenasder = |X|,temos oV dVOr dVx dx drox drr' quejuntamentecomduas outras expressõesanálogaspara 0V/0y e 1V/dz nosdiz que ]FX) =VV(IX)=x“ tIXDX, uusejaF écentral. 1) Finalmente,observamosque(4.127)severificacom g()=V(1)/r. Proposição4.7. Seja F um campocentral contínuo,cuja magnitudeF dependeapenasde|X],istoé, F(X)=g(|X|)X. Então, F é conservativo. Wemonstração: Basta exibir um potencialV para F. Seja G(r) uma primitivadafunçãorg(r). Então VOX)=G(X]) àumpotencialdeF, pois oV dr xe XIX - XIg(IXD==g(|X|)x. Espressõesanálogaspara9V/dy edV/0z implicamqueFéconserva tivo. nu 156 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 À seguir mostramosque,no estudodo movimentodepartículas em camposcentrais, nada se perde em nos restringirmos ao plano, É comumusar-se a expressãoórbita para designar a trajetória da partícula. Proposição4.8. Suponha que uma partícula de massa m estejaem movimentosoba açãodeumcampocentralF. Então,suaórbitaestá contidanumplano. Demonstração: À 2€lei deNewtonnosdiz que mX=F=f(X)X. Tomandoo produtovetorial dessaequaçãopor X obtemos mXxX=0 (4.128) poisX x X = 0. A expressão(4.128)podeser escritacomo EX XxX)=0 > XxX=C= vetorconstante. (4.129) Finalmente, tomando o produto escalar da segunda equaçãoem (4.129)comX obtemos(X,C) = Opois(X, X x X) = 0. Logo cix(t)+coult)+caz(t) = 0 ondeC = (c1,c2,c3)e X(t) = (x(t),u(t),z(t)). PortantoX(t), para todot, estánum planopassandopelaorigemeperpendicularaovetor C, caso€ £ O. Se € = Oteremosquetrabalhar um poucomais. Fazendor = |X|temosTT= (X, X). Logo,parar £ Otemos AX XIX (XXXX, XX dt r r2 Tê e usando a identidade vetorial XDY-VDX=(XxY xZ obtemos dX (XxX)xX CxX dtr 73 qo Portanto X/r =vetor constante,ou seja X(t) está sobreuma reta, Seção4.6 CamposCentraisde Forças Em virtudeda Proposição4.8,passamosa consideraras forças » o movimentono plano (x,y). Considere uma partícula de massa m sedeslocandono planosoba açãodeum campoF. SejaX(t) = s(t),uy(t)) o vetor posiçãoda partícula no instante t. Define-seo momentoangular (ou momentoda quantidade de movimento)com relaçãoà origempela expressão Ah = m(xy —yX). | (4.130) Proposição4.9 (Lei da Conservação do MomentoAngular no MovimentoCentral.). “Suponhaqueumapartícula demassamestáemmovimentosoba ação deumcampodeforçasF = (f1,f>2).Então,o momentoangular h é constanteseesóseo campofor central. Hemonstração: Derivando a expressãodo momentoangular h com relaçãoa t, obtemos: “ A h =m(xiy—yX) queimplica,atravésda 2º lei deNewton,a expressão . a)h = xfz —yfy 4 qual é zerose e só se F = (fy,f>) for paralelo ao vetor X = (x,y), iWtoé,seocampoF for central. m No estudo dos movimentos centrais, é bastante útil o uso das mmordenadaspolares =—Tcos0 e y =TsenôO. (4.131) A orbita (x(t),u(t)) de um partícula é então determinadapor '+/1),0(t)). Temosas seguintesrelações,ondev? = x2 + y?: t+ tcos0-rÔsenO, y=TsenO+trôcosO, v2=+2+r20” (4.132) %= ?cos0 —2rÔsenO—Tôsen O—rTÓ?ZcosO (4.133) y = f'sen O + 2t0 cosO + rÔ cosO — rÓ? senO. (4.134) 158 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 As expressões(4.132)nos dãoa seguinteforma para o momento angular: h = 2mr?6. (4.135) Logo,a Proposição4.9nos diz que r26 = constante =h. (4.136) A expressão(4.136)implica queÔtemum sinal definido,ou seja,O(t) é umafunçãoestritamentemonotônicaaolongodaórbita. O(t)não seria estritamentemonotônicase h = 0, e nessecasoa trajetória da partícula seria ao longode uma reta passandopelo centrodo movi- mento; esse casonão é interessante, eportanto suporemos sempre que h * O. Assim,a áreaentrea curvae doisraiospartindodaorigem paraospontosXo= (T(to),O(to))eX = (r(t), O(t))édadapor Figura4.18 A derivadadeA(t) comrelaçãoat échamadavelocidadeareolar. Segue-sede (4.137)e (4.136) À(t)=7º6= const., (4.138) o quedemonatrao seguinteresultado: beção4.6 CamposCentraisdeForças 1! Proposição4.10. (SegundaLeideKepler.)Se F é um campocentral de forças,entãoosraiosvetoresligandoocentrodomovimentoàpartícula vurremáreas iguais em temposiguais. FórmuladeBinet. De acordocoma 2º lei de Newton, as equaçõesdo movimentode uma partículade massam num campocentralF(X) podemser escritascomo mx = Pcos0O e my = PsenO, (4.139) mnde P=P(X)=HX)X|, prota FX) = f(X)X = f(X)(r cos0,Tsen0). Hecorrede(4.133)e(4.134)que icos0+HysenO=+t—rÔ? e XsenB—icos0 = —276—rÔ (4.140) o daí obtemosas duas seguintesequações,equivalentesa (4.139): t— r6? = - e 210+710=0, (4.141) quesão,pois,as equaçõesdomovimentoemcoordenadaspolares.A 4º equaçãoem (4.141)é equivalentea (4.136),e portanto não será necessárianas consideraçõesqueseseguem.Já observamos(eusa- mos)acimao fato que(4.136)implica que O(t) sejaestritamentemo- notônica;isso implica que podemosobter t comofunção de 0, con- sequentemente7 comofunçãode O;usamosa notaçãor(0) para de- signarr(t(0)). Portanto,podemoscalcularas seguintesderivadas, usandoa regra da cadeia: d /1 r + o F Tirando o valor de f na última expressãoem (4.142)e levando-oem (4,141) obtemos: dº ) LD (4.143)do?À r ro mh?' conhecidacomoa fórmula de Binet, que é a equaçãodiferencial de todasas órbitas 1— r(0) de uma partícula de massam num campo 160 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 centralF = (P(r) cos0,P(r) sen0). Conhecendo-seosvaloresder, 0, Tedemt=O0: r(0)=10%£0,0(0)=01, H0)=v e 0(0)=vo/10o%0 Figura4.19 podemoscalcularosvaloresiniciais de 1/r comofunçãodeOe o mo- mentoangular h: ] ] d /1 Vr — ei ss =— , h = TAV 4.144 (01) tro de (+) lo=o, Veto am os quais, juntamente com a equação(4.143)determinam univoca- mente a equaçãoda órbita com essesdados iniciais. Tal assertiva decorredo teoremade existênciae unicidade,uma vez que se supo- nhaqueP(r, 0) sejaumafunçãodeclasseC! der e 0. (ue informaçõespodemosretirar da equação(4.143),antes de resolvê-la?Sem especificarainda a funçãoP = P(r,0), quepodemos dizer sobrea geometriadas órbitas? Supondoque P dependaapenas de 1, muito podemosdizer, e isso faremosa seguir. Para tal vamos obterumaequaçãodiferencialdeprimeira ordem“quaseequivalente” a (4.145), Inicialmente, observamosque a Proposição 4.7 implica que F sejaconservativo;seja V f Pinar Seção4.6 CamposCentraisde Forças umpotencialpara F. Logo,tem-sequea energiatotal aolongodeuma órbitaé constante[cf.secção4.4.7]: ]E es mv? + V = constante, deondesesegueaequaçãoabaixo,utilizando (4.132),(4.136)e(4.142): 2ão(5)| tio Eng. (4.145)do lr r2 mhz? A quaseequivalênciadasequações(4.143)e (4.145)querdizero se- guinte:(1)todasoluçãor(t) de (4.143)é soluçãode (4.145);(ii) se tt) forumasoluçãonãoconstantede(4.145),entãoelaé soluçãode 14,143).A parte (1)é o próprioPrincípio da Conservaçãoda Ener- in, e para provar (ii) derive(4.145)comrelaçãoa O. Observeque 4 expressãodessaderivadaimplica (4.143)se r(t) não for constante. oncentremos nossa atençãona equação(4.145). Holinimosápsidedeumaórbitacomosendoumpontodemáximoou domínimodafunçãor(0). Logo+= Onumápside,edaíede(4.145) sesegueque 1 HME-V)7= (4.146) numápsidedeumaórbitar(0). Em geral,ousejaparaV arbitrário, não se podeafirmar que (4.146)tenha uma solução; lembre que V dependede r. Entretanto,caso(4.146)tenhasoluções,vamospro- varquehá no máximoduas. Para ver isso,seja1; uma soluçãode 4.146),eseja07umpontotal queT(01)= 74. [Atenção:podehaver variosO nessascondições). Da forma de (4.143)segue-seque essa orbitaé simétricaemOcomrelaçãoà reta OA ligandoa origemao apaidoAy = (04,71). Suponhaagoraquehaja outra solução12de 4146), e que Az = (02,72)seja o ápside seguintea Ay. Então, o sruumentoanterior nos mostra que a órbita toda podeser obtida a partiedoseuconhecimentoentre essesdoisápsides,bastandousar a timetriaobservadaacima, Veja a figura (a), onde 3 = 0, -0,,ea Huura (a) com | = 21n7/3e seis ápsides, 162 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 (a) (b) (c) Figura4.20 Observequeaórbitapodenãoserfechada,dependendode02—0; não ser comensurávelcom7t.De qualquermodo,a órbita é tangente aocírculointerno|X|= rj eaocírculoexterno|X| = r2, vejafigura (a). No casodehaverduassoluçõespara(4.146)a órbitaélimitada. No casodehaver uma única solução,a órbita é ilimitada, figuras (b) e (c). Caso (4.146)não tenha solução,isso quer dizer que a órbita espirala emtorno de O;observeque,casoh = 0, a órbita é uma reta atravésdocentro,eportantonãohá ápsides. Os resultadosobtidosatéaqui sãoválidosemgeral. Não seutili- zounenhumaformaespecialdasfunçõesf egem(4.126)e(4.127),res- pectivamente.Agoravamosconsiderarosdoiscasosespeciaisseguin- tes: forçaatrativa central proporcionalà distância à origem;e força atrativa central inversamenteproporcionalaoquadradoda distância à origem, 4.6.1 Movimentocentralcom força atrativaproporcionalà distânciaao centro A hipóteseéque |F|= k|X|. [Essaé a versãobidimensionaldomovi- Seção4.6 CamposCentraisdeForças 10) mentoharmônicosimples).O campoF éentão F(X) = —KkX. (4.147) Aplicandoa 2º lei deNewtontemos a mx + kx = OmX =-kX > my +ky =0 cujassoluçõessão x(t) = As cos(wt—1), u(t) = Azcos(wt —pa), (4.148) Veja a equação(4.101)da secção4.5.1. Portanto,o movimentoé uma composiçãoretangular de dois movimentosharmônicosde mesmo períodoT = 217,7. E qualé a trajetóriadapartículanoplano (x,y)? De (4.148)obtemosasexpressões XA, = coswt cospj + sen wtsen P1, (4.149)y=—= cosWtcos2 + senwt senPzA) queconduzema: Xsentp>—py)coswt = Ar senDz —aq semdr sen(p>—py)sen wt = = cosDz +Em cosP1. Elevando essasexpressõesnoquadradoe somandoobtemos x? 2xy y? 2A? cs ADE cosp +AZ = sen” À onde| = p> —py, queé a equaçãode umaelípse. 164 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 Figura4.21 Observação. Que aconteceriana composiçãoretangular de dois movi» mentosharmônicosdeperíodosdiferentes? xa WI x =0, U-+ W5U = | W1 É W2. (4.150) A respostaé que a curva (x(t),u(t)) não seria mais uma elípse;€ mais ainda, poderiaser uma curva compontosduplose não necessa- riamentefechada.No casoemqueosperíodosTj e [>fossemcomens suráveis, 1.€.,11/T; = número racional, então a curva seria fechada, mas poderia dar várias voltas em torno da origem. O que faz com queela seja fechadaé que T,/T5 = p/q implica que ql = pl é um períodocomumpara as soluçõesx(t) e uy(t)de (4.150). Essas curvas são chamadasde curvas de Lissajous, e desempenhamum papel importanteemAcústica. É interessantevê-las na tela de um osciloscópio. No caso de 1j/T> ser um número irracional, a curva (x(t), u(t)) nãoé fechada. Exemplo, (Uj = «0, W2>= 2w. Considerecondiçõesiniciais quedê Beção4.6 CamposCentraisdeForças 1 4»seguintessoluçõespara(4.150): x(t) = senwt vult)=sen(2wt+ q). Abnixo,traçamosas curvasdeLissajous para três valoresde q: Figura4.22 462 Movimentocentralcom força atrativainversamenteproporcional ao quadradoda distância ao centro Hensecao,a hipóteseé que P(r)= ni (4.151)r uude| > Oé uma constante.Logo,a fórmula deBinet setorna: d? /1 ] uEa (+) de = Ri (4.152) “ qual é uma equaçãodo tipo do osciladorharmônico. Sua solução seral é ] l—seidad- +Acos(0—09) (4.155)ro my ade A e Oosãoconstantesde integração,quepodemserobtidasem termosde To,Vr € Vo. Veja parte 4.6.7 desta secção. 166 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 Cônicasemcoordenadaspolares. À equação tT TEERSE” t>0, ez0 (4.154) representauma elípse(see < 1),uma parábola(see = 1)ou uma hipérbole (se e > 1). A origem é um foco da cônica. eé a excen tricidade. 2º é o comprimentoda cordafocal. A diretriz é a reta perpendicularaoeixopolar quetem a propriedadequer/d = e. Veja a figura abaixo.Deixamosaoleitor a verificaçãodasasserçõesacima, Vo Eixo Polar Figura4.23 ConstantedeintegraçãoÀ emtermosda er Aidéia éutilizar a equação (4.145).Paratal,lembramosque—V(r)é umaprimitivadeP(r): Vire - fe) | É=: [E = dr=—-. (4.155) Usando (4.153) e (4.155) em (4.145) obtemos ZE % Wu? mh? - mZh?' Logo,voltandoa (4.153)temos: ] 2Emh? : A À ap / pe. e cos(O do) (4.156) A? - Heção4.6 CamposCentraisdeForças 16 A expressão(4.156)nos diz então que a órbita da partícula é uma pônica: Elípsese E < O, parábolaseE = O, hipérboleseE > 0. E diz mais: o centro do movimento é um foco da cônica e 2 — =—24= corda focal. (4.157) 2Emhz/ 1+ a — e — excentricidade da órbita, (4.158) “5 éacoordenadaangulardopontodaórbitamaispróximodocentro. Fase pontoéchamadoperigeuseocorponocentroé a Terra eperiélio nocasodoSol]. Vê-sequea órbitatemdoisápsidesdiametralmente “postosno caso da órbita elíptica, e apenasum no caso de órbitas parabólicase hiperbólicas. No casoda órbita elíptica os dois ápsides “ão08pontosdaórbitamaispróximoemaisafastadodocentro.[Esse pontomaisafastadoéchamadoapogeuno casoda Terra edeaféliono vaso do Sol). 463 Lei da GravitaçãoUniversal “a secção4.4.5,enunciamosa Lei da GravitaçãoUniversal. Talvez wmdosprimeiros argumentosde Newton para defendersua Lei da HravitaçãoUniversal tenhasurgidono estudodomovimentodaLua vmtornoda Terra. Supondoquea órbitadaLua sejaum círculode mo Rcomcentrona Terra, temosquesua aceleraçãocentrípetaé 4772Rv= de | é seu períodode rotaçãoem torno da Terra. Usando R = 14,000km = 60x [raiodeTerra]e T = 27,3dias,obtém-sey = x 10m/s? = (1/602)x [aceleraçãoda gravidadena superfície daTerra]. Deacordocoma Lei da GravitaçãoUniversal, ocampodasforças pravitacionaisgeradaspor um corpocelesteé um campocentraldo Hpoestudadoem 4.6.2acima. Decorreportantoqueas órbitasdos planetasemseumovimentoemtornodo Sol sãoelípses;cl. nmLois 168 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 deKepler,mais adiante. Observeentretantoquehá duashipóteses tacitamenteadmitidas: (1)Supõe-sequeo Sol estejafixo. A rigor,não só o planetaemestudo se move,mas tambémo Sol. Assim, o problemamatemáticoé mais complexoe setemo chamadoProblemadeDois Corpos.Vejaa parte li) dasecção4.6.5. (11)Desprezam-seas forçasgravitacionais dos outrosplanetas sobre o planeta em estudo. Tendo em vista a magnitude da força gravi- tacional do Sol não há prejuizo em esquecera existênciados outros planetasquandoseestudaa maiorpartedosplanetas.É nessamaior parteestãoVênus, Terra, Marte, Júpiter eSaturno. O planetaUrano descobertopor Herschel em 1781pôs a teoria kepleriana em crise; sua órbita não se comportavacomo as dos demais planetas. Em 1845,Le Verrier eAdams atribuiram as irregularidadesna órbita de Urano à presençadeum oitavoplaneta. E forammais longe,calcula- ram sua posição.Assim, sabendoondeprocurar essenovoplaneta,0 astrônomoGalle doObservatóriodeBerlim o localizouem 1846,com um desviode menosde 1º comrelaçãoà posiçãoprevista. Esse pla- netafoi denominadoNetuno. A história não ficou aí, Power em 1905 determinouqueas irregularidadesda órbita deUrano não eramcaus sadasapenasporNetuno: deviahaveroutrocorpocelesteatuandopor perto!Em 1930,Plutãofoidescoberto,usando-setécnicasfotográficas sofisticadas.Comoo leitor vê, os problemasdosmovimentoscelestes não são simples. A rigor deve-seestudar o movimentode um corpo levandoem contaa açãogravitacionaldevários outroscorpos. Esse é o chamadoProblema dos n corpos,quenão recebeuainda um tra- tamentomatemáticocompleto,apesardehaver umavasta literatura comresultadosprofundos. E o planeta Mercúrio? Sua proximidade ao Sol e a grande excentricidadede sua órbita (0,2056;a excentri- cidadeda órbita da Terra é 0,017e as dos demaisplanetas é dessa mesmaordem)fazemde Mercúrio um casointeressante. A linha de ápsidesgiraemtornodoSol,cercade10'40”porséculo.Os 10”dessa rotaçãosedevema atraçãodeoutrosplanetas,masos40”nãorece bem explicação dentro da teoria newtoniana da gravitação. Verrier e outros tentaram uma explicaçãosemelhante Aquela que foi utilizada na descobertade Netuno; no séculopassadochegou-semesmoa deno Beção4.6 CamposCentraisdeForças 10 minardeVulcano um planeta interior queprovocariaessaalteração naórbita de Mercúrio. Mas os astrônomosembaldeprocurarampor vasecorpoceleste.Em 1915,Einstein mostrouque sua Teoria Geral daRelatividadeexplicavaumarotaçãode43”nalinhadeápsidesde Mercúrio. E assim a anomalia de órbita de Mercúrio passoua ser umaimportantecomprovaçãoda Teoria Geral da Relatividade. Veja 4secção4.6.6. Entretanto, recentementeuma outra teoria, baseada nofatoqueo Sol não é esférico,foi lançadavisandoexplicar a irregu- inridadeda órbita de Mercúrio. Oleitor há de convir que estateoria temtambémsua lógica,emvirtude da enormemassado Sol, da pro- simidadede Mercúrio e do fato que na teoria desenvolvidaos corpos luramconsideradoscomopontosmateriais. Grande número dos cometasconhecidostêm órbitas elípticas alongadas(i.e.,excentricidadepertode 1). O mais famosodelesé vcometaHalley, cuja excentricidadeé 0,967e tem um períodode 76 anos.Ele foi descobertoem 1682pelo artrônomoinglês Halley. Sua visitaem1910geroupânicoemmuitas partesdomundo. Já em1986 sumvisita foi tranquila. 464 Leis de Kepler Aopublicar,em1543,seufamosotrabalho“DeRevolutionibusOrbium Evelestium”lançandoa teoriaheliocêntrica,Copérnicoiniciavauma novafasena História da Ciência. É difícil, hoje,fazer-seuma idéiado quesignificounaquela épocadesafiar a teoria milenar de Ptolomeu, entrandoem conflito frontal com a teologiacristã e com arraigados princípiosdeordem,estéticaesimplicidadematemáticadoUniverso. Asidéiaslançadaspor Copérnicogerminarame encontraramemGa- lou eKeplerosseusgrandesseguidores.OstrabalhosdeGalileusão 4inícioda Mecânica,quenas mãosdeNewtonrecebeua admirável inrmalizaçãoque conhecemos.Mas é em Kepler que a Astronomia tomsua segundarevolução. Kepler foi assistentede TychoBrahe noobservatóriode Praga, e quandoestefaleceu,aqueleassumiusua posição.Kepler ficoudepossedelongastabelascontendoobservações astronômicassobrea órbitadeMarte. Em 1609,elepublicousua“As- ironomiaNova”,noqualestarreceua todosdefendendoa teoriadeque asórbitasdosplanetasemtornodoSol nãosãocírculos.E alémdisso, suasegundalei implicaqueavelocidadedosplanetasnãoéconstante, 170 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap. Novamente, a idéia de um universo harmonioso e estéticono conceit( gregofoi desafiada. E isso desagradoua muitos. Em 1619,quand Keplerpublicouseusegundotrabalhosobrea teoriaplanetária,ele denominou“Harmonia do Universo” e procuroumostrar em sua te ria a perfeiçãodaobradeDeus.As três leis queKepler enuncioue seustrabalhos sãoas seguintes. Primeiralei. Cadaplanetasemoveemumaórbitaelíptica,tendoo S emum dosfocos. Segundalei. O raiovetorligandoo Sol a um dadoplanetavarreáre iguais emtemposiguais. Terceiralei. A razãoentreoquadradodoperíododeumplanetaeocubo dosemi-eixomaior desua órbita é a mesmapara todososplanetas. Muito setemdiscutidosobreoprocessodeinvestigaçãocientífica de Kepler. É difícil imaginar comona enormemassade dadosem sua frente, alguns deles com erros justificáveis em uma épocade instrumentospoucoprecisos,ele tenha visto claramenteuma elípse. Observe que, na órbita de Marte, o semi-eixo menor é apenas 0,5% mais curto que o semi-eixomaior,ou seja “quase”um círculo. Mas 0 fato é que Kepler não somenteviu que a órbita era uma elípsecoma tambémenunciouas outras duas leis. Newton anosdepoisescreveu! “KeplerknewyeOrbtobenotcircularbutoval,& guestit tobeEllip- tical”. É possívelque ele tenha usadoum processode “retrodução”, interagindo entre deduçãoe indução. De todos os modosseus tra balhosexibemmaisde800páginasdecálculosondeelecomprovasua teoria embasedasobservações. As três leis de Kepler foram demonstradasrigorosamentepor Newtonem1665utilizandosuamecânicae a Lei deGravitaçãoUni: versal; faremosessademonstraçãoem1)abaixo. Na parte ii) abaixo, mostraremosqueasleisdeKeplerimplicama Lei daGravitaçãoUni versal. 4.6.5 A Lei da GravitaçãoUniversal e as Leis de Kepler |.ALeidaGravitaçãoImplicaasLeisdeKepler.1)À primeira Lei de Kepler Beção4.6 CamposCentraisdeForças 171 decorreimediatamentedoquefizemosem4.6.2,umavezqueomovi- mentodosplanetassendoperiódico,asórbitastêmqueserelípses.2) A segundalei é o conteúdoda Proposição4.10. Vê-se que a segunda ii decorresimplesmentedeseter um movimentocentral. 3)Para de- monstrara terceira lei, observamosque a velocidaeareolar definida vm(4.137)e (4.138)é a qA = 5 h (= constante). | daí seseguequeo períododomovimentoé Área daelípse ab 2rabT= =—"— = 4.159À 5h h sam Afélio Periélio a DÊ ed, draBDDa déq—b'=c;e=at=+. Figura4.24 Paraa elípse,podemosprovar facilmenteque£= b?/a. Usando esse calorde£em(4.157)obtemos h=bvu/am > T=2mu "2m!/2q3/2 (4.160) »daí se segue: T2 as =47 my !. (4.161) Agora,no casodo campogravitacional do Sol, temos 4= GmM (4,169) 172 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Cap. ondem é a massadoplaneta,M é a massadoSol e G é a constan da gravitação.Logoseseguede (4.161)que LE a GM: ii. As leisdeKeplerimplicama LeidaGravitaçãoUniversal.A segunda1 de Kepler implica que o momentoangular h seja constante.Logo, Proposição4.9 nos diz queo campode forçasé central, cujocentro, Sol, estánum dosfocosda elípse: Y (1+ecos6). &s| Ágora,usamosa fórmuladeBinet eaexpressãode i acimapara obter a expressãoda força: mhº[ d? /1 I mhá1=P!gs— (ás? (+) + ent (4.164) Portanto (4.164)nos diz que o campoé atrativo e inversamentepro porcional ao quadradoda distância. Observe que m é a massa do planeta. Resta,pois,provar que h2 L = constantepara todososplanetas. (4.165) Paraisso,usando(4.159)[aqualéválidaemvistada2º lei deKepler! et = b?/a escrevemos: T? o 4mºb? o 4m2l a ah? hn quejuntamentecoma terceira lei deKepler nosdá (4.165). ill.AsleisdeKeplerconsiderandoo movimentodoSol. SejamXs(t] e Xp! as trajetóriasdo Sol e de um dadoplaneta, respectivamente,em um sistema fixo de referências. DesignemosporX ovetorXp—Xget = |X].Usandoa2º leide Newton: Gmsmp 73 “ubtraindoas equaçõesem(4.166)obtemos msXs= E Ha (4.166) mpX = — X (4.167) » somando-as temos msXs + mpXp = 0 => msXs + mpXp = Ct+ C' (4.168) sndeCe C' sãovetoresconstantes.A segundaexpressãoem(4.168) nosdiz queo movimentodocentrode massadosistemaSol-planeta msXs+mpXpAc = ms + mp * linear uniforme. A equação(4.167)nos diz que as duas primeiras pis deKeplerficaminalteradas,enquantoa terceiraficamodificada mumosesegue: E 4? a G(ms+mp)' “omparando(4.169)com(4.163)vemos,porém,que mesmoa terceira wi+aproximadamenteverdadeiraemvirtudedems sermuitomaior memp. Para o leitor ter uma idéia dasordensdegrandezas: (4.169) massa do Sol = 300.000 x massa da Terra massadeJúpiter = 320x massadaTerra. 17 174 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 4.6.6 A equação das órbitas dos planetasna Teoria Geral da Relativi- dade À equaçãodo movimentodos planetas (equações(4.152))foi obtida em4.6.2usandoa Lei da GravitaçãoUniversaleas leis daMecânica newtoniana.Nateoriadarelatividadeaequaçãocorrespondente,cha» madaequaçãodeSchwarschild é a seguinte: d? /1 Do LL ondeestamossupondom = 1,e 3ipano c=3x 108m/s = velocidadedaluz. À equação(4.170)sendonãolinear,suaresoluçãoédifícil. Entretanto, podemosobterumasoluçãoaproximadadoseguintemodo.Uma pri- meira aproximaçãoseriaobtidafazendo« = O,eaí a soluçãoéaquela obtidana parte 4.6.2 I-== [1+ecos(0—89)]. (4.171) Uma segundaaproximaçãoserá obtida,levando-seessevalor de 1/1 ao2º membrode(4.170): dg (1 1 uau [eee — — 8 — ] . . |La (5) += + 1+ecos(8—Bo)? (4.172) A solução da equação d? /1 1º ouTR (5) oi E [1+ ecos(0— 90)J2 é exatamente: ] ué e? 1X— | + —| +eBsen(0—-09) —-e“ cos2(0—09) |. (4.173)r h4 2 6 Logoa soluçãode (4.172)é obtida somando-seos segundosmembros de (4,171)e (4.173). Assim, a expressãono 2º membrode (4.173) representa(aproximadamente)a perturbaçãointroduzidapela teo- ria da relatividadena órbitaelíptica. Vamosanalisá-la. O primeiro termo representasimplesmenteuma translaçãode 1/r e seu efeito lação4.6 CamposCentraisdeForças 175 +pequeno.O terceiro termo é periódicoe pequeno,quando compa- radocomo segundotermo,poiseste,apesarde oscilatóriotambém, temamplitudecrescente:e? é bemmenorque e0. Portanto, despre- sundoo 12e 3º termosno 2ê2membrode(4.173),obtemosa equação aproximada)daórbita 1 «eu?ns a [1+ ecos(9—09)]+ a Osen(O—00) odaí ] AXE ne (1+elcos(0—09)+ 20 sen(0—00)]h. (4.174) Hnalmente,vamosà últimaaproximação:chamando Au = , lnzemoscoskO= 1e senkO= k0. Lembreque« é da ordemdec”*. Edaía equação(4.174)seescrevecomo Ai a + ecos(0—do—k0)), 4quemostraqueemcadainstantea coordenadaangulardoperiélio +Oo+ kO. Logoa órbitadoplanetapodeserconsideradacomouma slipsecuja linha de ápsidesgira, e sua variaçãopor períodoé AO = Ink. Daí2a 6ru?Ali PEeah2 h2c? s lembrandoque£= h?/u obtemos (4.175) 67TUL 67AQ=——=q ct c2a(l-e2) c = velocidade da luz. Exemplo. CalculemosAO no casodeMercúrio, onde a=0,38/u.a. (1 unidade astronômica 1,49 x 10!“m] e= 0,205 176 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 e lembramosqueu = GM, onde G=6,673x10! Nm?kg? M =1,99x 10ººkg. Fazendooscálculosobtemos:AO = 0, 1036segundosporperíodo.Daí levandoemcontaqueesseperíodo(períododerotaçãodeMercúrio e tornodoSol)é88dias,obtemosquea linha deápsidesdaqueleplane avança43 segundospor século.Confira secção4.6.8. 4.6.7 Satélitesartificiaisda Terra Consideramosagora o problema da órbita de um satélite artifici lançadodeum foguetea uma distânciaTodo centroda Terra e co velocidadevofazendoumângulo3 comoraiovetorqueuneofoguete comocentrodaTerra. | 0 0 asilhadás B Terra To Satélite Figura4.26 O modeloapresentadoabaixoé obviamenteuma simplificação do fenômeno,pois nele satélitesjamais caem. [Sabe-seque a forma nãoesféricada Terra torna imprecisaa admissãodequea Terra seja um pontomaterial]. Vamos supor que o problemaé um movimento central,cujocentroéa Terra e a forçacentralsobreo satéliteé dada pela lei da gravitaçãode Newton. Assim a equaçãoda órbita é dada por (4.156),ondefazemos| = GmM = mgR?!*) (Para provar essa relação,basta usar a lei da gravitaçãouniversal para um corponú superficieda Terra:emM mg.) sendom a massado satélitee M a massa da Terra, e Ré o seu raio: | gRº- n2 [1 +ecos(0 — 06)] (4.176) ondea excentricidadee da órbita é dada por 2Eh?e=/ Foi! (4.177) À partir dosdadosiniciais, To,Voe 3, podemoscalcular as constantes he E: flas= TovVa;, onde Vo — Vo sen E cf. (4.144) (4.178) 1 zEssa RE (4.179) Z To Usando-se(4.178),(4.179)e os conhecimentosadquiridos na parte 1.6.2podemostirar uma sériedeconclusõessobrea órbita dosatélite. | Naturezada órbita : rová<29gRº=> órbitaelíptica (4.180) rovo=29Rº?=>órbitaparabólica (4.181) rovo>29R?=>órbitahiperbólica. (4.182) | claroque,no casoda órbitaelíptica,ela podesê-lopor poucotempo, poisa Terra não é um pontoe o satélite podecolidir comela! Para quetal não aconteçadevemoster que Tr> R, para todo r da órbita. Hedimosao leitor para deduzir,ao concluir a leitura desta secção,a relaçãoentre vo, To € P para que o satélite não colida coma Terra. tonclue-sede (4.181)que, casoo satélite seja lançadode um ponto próximoda superfície(tro= R), a velocidadedeescapeévo = 29R. Il.Excentricidadedaórbita. De (4.177), (4.178) e (4.179) obtemos Tov2 é ToVaV A2 O o Tr—| — 4.183. Es [+ À | undevr = vocos3. Observequev5= vá+v?. Segue-sede(4.188) queaórbitaserácircular(e= 0)se rov5=gR?e v,=0. (4104) Assimum satélite terá uma órbita circular seelefor lançadoperpernidi pularmenteaoraiovetorqueligaofogueteaocentrodaTerra [[5 0) 177 178 EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem Cap.4 esea velocidadeinicial vosatisfizerà relação tovo= gRº. (4.185) jii.Ápsides. De (4.176)obtemos: 1 R2 ] a9 (1+ecosdo) > cosdo= 5 Es —| (4.186“rh gR2 Para obter senOo,derivamos (4.176)comrelação a Oeusamos(4.142): ToVegVrsendo = — egRE (4.187 Decorrede (4.185),(4.186)e (4.187)que,caso3 = 0, cos0o= 1 sendo=0, se Tovô> gR?, = Do= (4.188) cos0o=—l sendo= 0, se TovO< gR?, + En = (4.189) À expressão(4.188)implica que no casode órbitas parabólicase hi- perbólicas,o ponto de lançamentoé o perigeu. E (4,188)e (4.189) dizem que no casode órbitas elípticas o ponto de lançamentoé um ápside,podendoser o perigeuou o apogeu.De fato, se estivermosnq casodeórbitaelípticacom8 = 0eTovg> gRº,aequaçãodessaórbita será E E ] R2dia' +(a - coso (4.190)TO ToVG gR edaísevêqueomáximodeTrocorrequandoO= 7 eomínimoquando O = 0. Se estivermosno casode órbita elíptica com 3 = 0 e Tová< gRº,a equaçãodessaórbitaserá 1º gR? Tovô—— à ne (1- GR?Rê) coso (4.191) edaísevêqueomáximoder ocorrequandoO= 0eomínimoquando O= 74,Nestesegundocaso,a distânciamínimadosatéliteaocentro da Terra é Ima gR? (2 eo). dn 1d Tin Favo Seção4.6 CamposCentraisdeForças 1/7 Logoo satélite ficará em órbita sem atingir a superfície da Terra obviamenteessaéumasituaçãoaltamenteidealizada,poisestamos desprezandoo atrito do satélitecoma atmosfera]se ] gR?2 TovÊ , 29Rº->55([2-—5 >———.RO róvs gR? > Vo Tolro+R) iwPeríodos. Usando (4.159)e as expressõesdos semi-eixosa e b da elipseemfunçãodet e e,obtemos E 2mb? “(1-e23/2n' Como€= h?/gR* obtemosusandotambém(4.178) j 34,5T=a-—ts (4.199)(1—e2)3/292R1' Portanto,seum satéliteestiveremórbita circular,obtemosde(4.185) 0 (4.192) To ME jr R g Exemplo. O períododeum satélitelançadoemórbitacirculara uma alturade483km é 94minutos deacordocoma fórmula acima, usando R =6.571km e ro= R+483. O primeirosatéliteartificial,emórbita polaUnião Soviética em 1957,tinha uma órbita aproximadamente circulara cercade 480km da superfícieda Terra e dava uma volta completaemtornodaTerraa cada96minutos. 5 Transformada de Laplace À transformadade Laplace(Pierre-SimonLaplace(1749-1827)tra- balhouemMecânicaCelesteeTeoriadasProbabilidades)éummétodo importanteparaa soluçãodeproblemasna teoriadasequaçõesdife- renciais. O métodoconsisteem resolverequaçõesdiferenciaiscomo se fossemequaçõesalgébricas. Considerepor exemploa equaçãodi- ferencial v”+4y'+5y=f(x) escrita na forma D2y+4Dy+5y=f(x) comD = d/dx. Seria ótimosepudéssemosresolveressaequação, comoseela fosseuma equaçãoalgébrica,e escrever f(x) Ulx)= D2+4D+5. Infelizmente,issonãofazsentido! Entretanto,na simplicidadedesse raciocínio,devehaver algo. Vamos,pois, tomar uma atitude persis- tentee procurar extrair algodo raciocínioacima. Nossoesforçodeve ser na direçãode algebrizar a equaçãodiferencial, de algum modo, E aí queentra a idéia de transformadade Laplace. A transformada podeser entendidacomouma “caixa”. No lado esquerdo(veja a fi- gura),a setarepresentaa funçãoqueentrana caixa,e noladodireito, a seta,no mesmonível, representaa funçãocorrespondenteque sai da caixa, apósser operadaou transformada. A lei matemáticaque regea operação(a transformada de Laplace) será definida na próxima secção, f(x) F(s) af(x)+bg(x) aF(s)+bG(s) f'(x) sF(s)-f(0) f''(x) s²F(s)-sf(0)-f'(0) Figura5.1 Usamosa notaçãoF(s) = L(f(x)) e G(s) = L(g(x)) paradeno- tnrmosastransformadasdasfunçõesf(x) e g(x), respectivamente. Este sistematemtrês propriedadesextremamenteimportantes, quepassaremosa explicar. i. O sistemaélinear, istoé,L(af(x)+bg(x)) = aZ(f(x))+bZ(g(x)). ii. O sistema“destrói”derivadas,istoé,sef (x) entrana caixa,ela saicomosF(s) - f(0). iii. O sistema é inversível, isto é, existe uma outra caixa, denomi- nadaLC, que,seatravessadapelafunçãodesaída,F(s) fornecef(x) devolta,assimLT HF(s)) = f(x). Com relaçãoà aplicaçãoda transformadadeLaplace na solução do equaçõesdiferenciais, nós temosdois universos. No universo-x, temosa equaçãodiferencial, v” +4y' +5y = f(x) v no universo-s,depoisde passadapela caixa,temosuma equação algébrica,dadapor F(s)8244545" Ho caso em que u(0) — u'(0) = U Y(s) A idéiaagoraé passarY(s) pelacaixa£”! paraobtera solução dtx), Issoé tudo,no quediz respeitoa idéias. Nossotrabalhosora estudar bem a transformadae mostrar que essas idéias podemser formalizadas. 182 TransformadadeLaplace Cap.5 Dl. Definição da Transformada de Laplace Dada uma funçãof(x) definidano intervalo [0,00) definimosa sua TransformadadeLaplace,F(s),por: EL) = f e “Tia de= Mtix)) (5.1) supondoque a integral convirja pelo menospara algum valor de s, Transformamos através do operador£ funçõesf(x), na variável x, emfunçõesF(s), na variável s. Uma primeira vantagemdessatrans- formaçãoé que em muitoscasosF(s) é mais simplesque f(x), por exemplo DO Xo Ele" - | e*eXdx= lim / e tida 0 0X09—00 emts—k)xo 1 1 (5.2) lim ses >k. X0—00 —(s—k) o s—k' Alémdisso,atransformadaF(s) émaisregularquef(x). Porexemplo, considere,para C>0, (x) Õ se x<c. (5.9) Malk) = Ê 1 se XC. É fácil ver que e Tes Eltelt) | = =. (5.4) Vamos iniciar nosso estudo analisando dois pontos essenciais, que são: a existênciada Transformada de Laplace e a existênciada inversadessatransformada.Para aexistênciadatransformadaépre- cisoquea integralconvirja,logoa funçãof(x)nãopodecrescermuito rapidamente,por exemploa funçãof(x) — e nãopossuitransfor- madade Laplace. Limitar-nos-emosàs funçõesadmissíveis,isto é, funções f(x), contínuas por partes em qualquer intervalo finito do semi eixo positivo [0,00), e que não cresçammais rapidamenteque a funçãoexponencial,quandox — co. Vamossuporentãoquef(x) satisfaça: fíx)l<Me** para 0gx< o, (5.5) Seção5.1 DefiniçãodaTransformadadeLaplace ondeM e k são constantespositivas. Uma função f(x) é contínua porpartesnumintervalo[a,b],sepudermosdividiro intervalo[a,b] numnúmerofinito desubintervalos,ondef(x) écontínuanointerior docadasubintervalo,e f(x) possuilimiteslateraisquandox tende paraas extremidadesdessessubintervalos. de f(x) é uma função admissível,f(x) tem uma transformadade IaplaceF(s),definidaparas > k, poisparaqualquerxo> 0, (5.6) Xo X0 / e S*f(x)| de<M [ elk-s)xdx< 0 0 s—k to é,parafunçõesadmissíveisa integral imprópria éabsolutamente convergente,e temosa estimativa M < oFls) - de f(x) é uma funçãoadmissível,satisfazendo(5.5),sua integral (5.7) g(x) - [ f(T) dt (5.8) tambémé admissívele satisfaz (5.5)coma mesmaconstantek. Logo 4transformadade Laplace de g existetambémpara s > k. Com relação à existênciada inversa £”!, note primeiramente quesef(x) e g(x) foremcontínuasporpartesediferiremsomentenos pontosdedescontinuidade,temosqueL(f(x)) = L(g(x)), apesarde x) £ g(x). Temoso seguinteresultado: teorema5.1. Se f(x) e g(x) foremfunçõesadmissíveistaisque L(f)ts)=L(g)(s) para s>so, entãof(x) = g(x), excetopossivelmentenospontosde descontinui- dade. Demonstração: Definindoh(x) = f(x) —g(x), temosque L(h)(s) = 0 para ss. Continuaremosademonstraçãosupondoqueh(x)sejacontínua.Uno Hx) tenha descontinuidadesas integrais abaixo devemser desmem 184 TransformadadeLaplace Cap.5 bradas em somasde integrais tomadassobreintervalos ondeh(x) é contínua. Logo,paran = 0,1,2,..., segue-seque OO OO O= L(h)(so+n) = / E eh) dx = / e T*v'(x) dx, 0 0 ondev(x)= |,E eSoTh(7T)dr. Integrandoporpartesaintegralacima; obtemos OO e TXv(x)o +DD) e“ yix| da =0, 0 Comov(0) = 0,temos,usando(5.7),que OO / E abel Ux= 0, Tresd,) ss (5.9) 0 Nos pontosondeh(x) é contínuatemosquev(x) é derivávelé v'(x) = e *ºXh(x). Logose provarmosquev(x) = O,seguir-ses á que h(x) = O. Para mostrarmosque v(x) = 0, faremosa ses guintemudançadevariávelem(5.9),x = —int e u(t) = v(—tnt), obtendo-se 1 / t“ult; dt =0, = 01,2, (5.10) 0 Ofatoque(5.10)implicaru(t) = 0,éumresultadoclássicodeanálise, Observeque (5.10)implica que / p(tju(t) dt = 0 (5.10 0 paraqualquerpolinômiop(t). AgorautilizamosoTeoremadeAproxi- maçãodeWeierstrassquedizquequalquerfunçãocontínuau(t) num intervalofechado,digamos[0,1|,podeseraproximadauniformemente porum polinôniop(t) tal que lu(t) -p(t)j< e, paratodo te l0,1). Logo, 1 1 1/ u(t)-p(t)Pdt / (u(t)2dt—2/ afatetodes 1 2+ [ (p(t))* dt<e. Utilizando-se (5.11) obtemos 1 / (ut de< E, 0 paratodo£ > O,o queimplica 1 / (u(t))Zdt=0 0 econsequentementeu(t) = Oparatodot € [0,1]. a Para ocálculo da inversa da transformada deLaplace, £” | existe umafórmula,chamadaFórmula ComplexadeInversão,quefornecea funçãoadmissívelf(x) atravésdeumaintegralcomplexadatransfor- madaF(s). Entretanto, na prática o cálculodessaintegral é evitado, poispara oscasosmais comunsexistemmétodosmais simples. 5.2. PropriedadesdaTransformadade Laplace tm (5.2)calculamosa transformadadeLaplaceda funçãoexponen- cial,L(e) = 1/(s —k), ses > k, portanto fg [=4) =e* s>k. Podemosusar esseprocedimentopara calculara transformada,esun inversa, de várias funçõeselementares. Calcule comoexercícion transformadade algumasfunções.Comece,por exemplo,com[[x| c (const),f(x) = x, f(x) = x”, f(x) = sen(wx),f(x) = e**menws Comrelaçãoa inversa,lembre-sequeconformevimosna seeçãomr terior, a transformadaF(s) tem ordem O(1/s), quando s +0 em vista da estimativa (5.7). Considere portantosomentefunções[5] comesta propriedadepara o cálculode LM F(s))= f(x] 1 186 TransformadadeLaplace Cap. Vamos demonstrar algumas propriedadesda transformada de Laplace que nos ajudarãoa determinara transformadade outra funçõese a resolverequaçõesdiferenciais.A primeirapropriedade, quedecorreda definição(5.1),é que£ é um operadorlinear L(af + bg) = alZ(f) + bZ(9g). Podemosagora efetuar o seguintecálculo: Observeprimeiramen que podemoscolocarno lugar de k em (5.2) um número complex k + iw, ecoms > k efetuarasmesmasoperações,obtendo-se ](k-+Hiw)x ei o | = a (5.12)— g-k+iw o [s—JE ter |Lembrandoque elitiw)x— 6kXcoswx +ie'* senwx, eusandoa linearidadede£, obtemosseparandoaspartesreal e ima- ginária, as seguintesimportantesfórmulas: s—kL(e** coswx) = é É o (5.13) kx oL(e** senwx) = EEE RA" E aindapor combinaçãolinear dessasduasfórmulas,obtemosa fór- mula da inversa pa As +B (s—k)2+w2 Ak + B w senwx|. (5.14)| — ex A cosWxX+ Para resolvermosequaçõesdiferenciaisusandoa transformada deLaplacedevemoscalcular transformadasdederivadas.Nestesen tido,já sabemos,veja (5.8),quese f(x) é admissível,entãof(x] tambémé admissívele satisfazeS*f(x) — O,quandox — 00,se s > k. Portanto, uma simples integraçãopor partes demonstra0 seguinte teorema: Seção5.2 PropriedadesdaTransformadadeLaplace 1 Teorema5.2.Sef(x) éderivávelem(0,00),comf'(x) admissível,então C(t)(s) =sL(f)(s) —f(0*!), s>k (5.15) ondef(0t) = lim f(x). x—0+ Podemosaplicar a fórmula (5.15)para obter vários resultados interessantes.Por exemplo: 1. Sef(x) forduasvezesdiferenciávelcomf” (x) admissível,temos trocandof”porf” em(5.15)que C(t'Ns) =s2L(f)(s) —sf(0t)—f'(0t) (5.16) +assimsucessivamentepodemosobterpor indução(façacomoexercí vio)umafórmulaparaocálculodatransformadadan-ésimaderivada deumafunçãof(x), semprequef!")(x) foradmissível. » Seg(x)édadapor(5.8),entãoaplicando(5.15)comg(x)obtemos elf(x))=L(g'(x))=s£(g(x))—9(0)=s£/ fr)dr) » ]bs(/ f(T) ar) E Elio). 1 Se f(x) = x" e** entãousandoa linearidadede £ e (5.15) obtemosL(nx"-ekx + kxPe) = ne(x" ek) + kL(xTem)= LC(x"KM)portantotemosaseguintefórmuladerecorrência »portanto Lx" 68%)= E Etr e, (5.17) Aplicando(5.17)sucessivamente,e (5.2)temos iss n! Clxia = og E > k, Colocaremosa seguirumatabela(quedeveserverificadacomo exercício)coma transformadade algumasfunçõesselecionadase al- pumasfórmulas gerais. À tabela está dividida em duas partes, a primeira com transformadas de algumas funçõesusuais, é a segunda 188 TransformadadeLaplace Função Transformada f(x) Llf(x) = Jo elx k E x o gr in ex o s>k e*Xsenwx Tur 8>k e*Xcoswx mto 8 KXsenhwx TER s>Kk e*Xcoshwx leão 45 *X[Acoswx+AKtBsenwx] nr 05 [A coshwx+AEBsenhwx] nas 82 de ncia N2l,8>k TIM sL(f)(s)—f(0') f(x) s2L(f)(s)—sf(0t)—f'(01) emf(x) Fis —k) f(kx) EF(E) [St(m)dr iF(s)—1 Jof(t)dr | A x"f(x) (—1)"A (F(s)) fi) [2 F(t)drselim, +A existe Beção5.2 Propriedades da Transformadade Laplace 1! Encerremosesta secçãocomexemplosde comousar a tabela e vomaplicaçõesàs equaçõesdiferenciais. Exemplo1.À tabela ou a expressão(5.14),comÀ = 0, B= 1,k = —2 e w = 3, fornece 1 1í ] ca asara) a (re) é Ê sen3x) Usandoa fórmulada segundapartedatabela(comn = 1) E (as(F(s)) =—xLo'(F(s)) podemoscalcular, por exemplo (o 3s +6 = [+ 3d 1 (s2+45+13)2/ 2ds s2+4s+13 Voo— -xe * sen 3x.2 Exemplo2. Como S k 1 (s—-k)2 (s-k) s-k temos,pelalinearidadeda inversa,que 4 S Ted ] ' ] , (557) =" (as) + dc! portanto,atravésdatabelaobtemos Eoi ) = xe + em”, (5.18) Exemplo3. Considereoproblemadevalor inicial v+ry=x, v(0)=1e v(0)=-—2. AplicandoatransformadadeLaplace,obtemosumaequaçãoalgébrica em Y(s) = L(y(x)), , I sºY(s)-s+2+Y(s) = 2 8 190 TransformadadeLaplace Cap.5 queforneceY(s): ] ] Ya) = 241 [2 +5-2] O trabalho se resumeentãoem inverter a transformadapara obter- mosa soluçãoy(x). Nessecaso,podemosutilizar o métodode de- composiçãoemfraçõesparciais,e escrevera expressãocomosomade fraçõesmaissimples ] s—2 ] S 3 ” s2(s8241)PE “2 sg41 s241Y(s) einverterutilizandoasfórmulasdatabelay(x) = x +cosx—3senx, Exemplo4. Considereo problema v” +4y' +5y=e"cosx, v(0)=2, v(0)=1. (5.19) Aplicando a transformadade Laplace,obtemos 2 s+3Y-—-2s—-1+4sY-8+5Y =S S +- &S 3 (s+32+7'e portanto ] s+3 E : 9 . .EIA E s + a EESC (5.20) Aqui, tambémusandoo métododedecomposiçãoemfraçõesparciais, mascomumpoucomaisdetrabalho,obtemosadecomposiçãode(5.20) na seguinteforma 1 9s + 46 gd s+ “5(s+2)24+1 5(s+3)241Y e daí UM] =“e Pcs + 28senx)+ ecos x —2senxX). À situaçãovista nos exemplosacima,nas quais precisamosin- verter uma transformada, que está escrita comoproduto de duas ex- pressõesé muito comum,e nem sempreé de fácil solução. Mesmo Beção5.3 ProdutodeTransformadaseConvolução 19 quandoestamostrabalhando comfunçõesracionais, temosque “en- frentar”umtrabalhoalgébricomaçante,afimdeobtermosaexpressão numamaneiraconvenientepara a inversão.À perguntanatural é se existeuma maneira alternativa para a obtençãoda inversa nesses vasos.Essa questãoé o pontocentral da próximasecção. 5.3. Produtode Transformadase Convolução Dadasduasfunçõesadmissíveisf(x) e g(x) queremosdeterminar lx) tal que L(h(x)) = L(f(x))Z(g(x)). (5.21) Temosentãoformalmenteque Elndx))= / e*Uf(u)du [o e““g(v) dv - [[ e Stu+VIf(u)g(v)dudv 2Ê onde R$=((u,v)eR?:u>0ev>0). Fazendoa mudançadevariáveisx=u+v e y=u,aregião R2 é transformadana região A=fixyeR?:x>y>o0) queestáhachuradana figura 5.2. AY U=x Figura5.2 Conseqgientementea integral dupla acimaé igual a c(h(x))=//.e*fy)glx—y)dxdy uma vezqueo determinantedojacobianoda mudançadevariáveis é 1. Escrevendoa integral duplasobreÀ comointegral iteradatemos clh(x)=/ es / lulgta—uldy|de Logo h(x) = [ fly)g(x —uy)dy. (5.28) Comonossasfunçõesestãodefinidassomenteparavalorespositivos de x, podemosestendê-lasiguais a zeropara valoresnegativosdex, e portanto (5.22)podeser escritacomo (x)-[ Fu)g(x—y)dy. Essa integral é conhecidacomooproduto de convoluçãodas funções f(x) e g(x), queéescritodaseguintemaneira: (f +g)(x)=[ f(u)gix—y)dy. (5.28 Portanto,mostramosacimaque Cit+g) =LiTiE o). (5.24) O produtodeconvoluçãodefinidopor (5.23)satisfazas seguintespro priedades: 1. Comutativa: fxg=gxf,ie., [tiwste-v)dy=[ oly)ftey)as. —00 2. Associativa: fr(gxh)=(f+g)+rh,e 3. Distributiva: felgth)=feg+tf+h. Beção5.3 Produto de Transformadas e Convolução Devemostambémchamara atenção,quena obtençãodafórmula (5.24),opontomais delicadoépassarda integraldupla para integrais iteradas,essapassagemé garantida pela convergênciaabsolutada transformadadeLaplace. Como exemplo,considerenovamente (5.20),temos que 2s +9 z ] s+3 (s+2)22+1 (s+2)2+1 (s+3)241Y= usandoa tabelaobtemosque Y(s)=L(e"?M2cosx+5senx))+L(e**senx)L(e portantoa transformadainversa u(x) =e“(2cosx+5senx) + (e ** senx)x (e +nsoluçãodoproblema(5.19),onde X (e2* senx)* (€ ** cosx)= / eU senue “1XUcos(x —u)du 0 X = e [ e“ senu cos(x—u)du. O Sequisermosescrevera respostay(x) emfunçõeselementares, i»mosque calcular a integral, que podeser feito por integraçãopor partes,ousevocêtiver acessoaum microcomputadorcomoprograma Mathematica,basta digitar: Integrate[(E"u)Sin[ulCos[x-u],(u,0,x)](Enter) quevocêobteráimediatamenteo resultadoda integral, escritona lyrma 2cos[x]—4sen/x]) E*(coslx|—3senlx]) 10 > 1.3.1Obtenção de umasolução particular de umaequação não homogênea. Um problemabásicopara a obtençãoda soluçãogeral de equações [94 TransformadadeLaplace Cap.5 lineares,éencontrarumasoluçãoparticular da equaçãonãohomogê- nea.No casodeequaçõeslinearescomcoeficientesconstantes como objetivodedeterminaruma soluçãoparticular,podemostomar condiçõesiniciaisnulas u(O)=v(0) =---.=y"-!Y0) =0. (5.26) Segue-sedoTeoremade Existência e Unicidade, quepara cadah(x) contínua,existeumaúnicasoluçãoy(x) doproblema(5.25)-(5.26)per- tencentea C”. Usaremos,nesteponto,a notação€ para designaro espaçodas funçõesreais contínuas definidas na reta, y:R > R. A notaçãoC” designao subespaçodeC formadopelasfunçõesquepos- suemderivadasatéa ordemn, comy!"):.R — R contínua. Isto é, o operadorlinear L: C” — €, dadopor: Ly) =yt + any D+...+ay +aoy (5.27) possuiumainversaG:€ —+C" queassociaa cadafunçãocontínua h(x) a soluçãoy(x) de(5.25)(5.26): Gn) =uy. Aplicando transformadade Laplace em (5.25)coma condição(5.26), obtemosa equação p(s)Z(y)=Z(h) ondep(s)=s”" +an ,s" |... +ao, portanto ]Ly) = — L(h).io | Se g(x)éumafunçãotal que 2. ECale) = e)? ou L (5) = 98 (5.28) temosque,u(x) = g(x) +h(x), ulx) | olx— ee) de (5.29) O Seção5.3 ProdutodeTransformadase Convolução 195 é a soluçãoparticular procurada. Mostramosassim que o operador inversoG édadopelaseguinteformaintegral G(h) = fts E)h(E)dé (5.30) comK(x,E) = g(x—E). A funçãoK(x, E)queaparecenessaintegral échamadaFunçãodeGreenparaoproblema(5.25)-(5.26). No casodeequaçõesdeprimeiraordem,estudadasno Capítulo 2, a funçãode Green é dadapor: K(x,£) = eMtx-E)veja a forma integral(2.9).Nessecaso,a funçãog(x) = e**éa soluçãodaequação homogênea,y” = ky, comy(0) = 1.Aquitambém,usandoométodo da transformada de Laplace, vemos facilmenteque g(x), dada por (5.28),é a soluçãode gt) nl. any!" Da é é + ay + CoU — Õ com u(0)=v'(0)=--.=yN-H0)=0,e um"X0)=1. 5.4 Exercícios 1, Para cadaumadasfunçõesF(s) abaixo,determinef(x) tal que f(x)=L"!(F(s)) 2LA 2. PAR o Ra )2 1 3. s(s—1) 2. Utilizando a transformadade Laplace,determinea soluçãodos seguintesproblemasdevalorinicial: 1. 2%+ =3, 0) =0 2. Xt+x=e"t x(0)=1 3. Considere uma função racional p(s)/q(s), onde q(s) é um po- linômiocomraízessimples q(s)= (s—si)(s—s2)...(s—sn), 196 TransformadadeLaplace Cap.À S1,82,... ,8n distintos. a) Mostre que S A A |POa fenoquit (5.31) q(s) 8 —87 S— Sn com =P ;=1,2...,n. q'(si) (Sugestão:Multiplique os dois ladosde (5.31)por (s — si), e faça = Si) b) Mostre que ff] Es) sá p(si) es 4 d. p(sn) esnx q(s) q'(sr) q'(sn) e calcule 3e sc 7) 4. Resolvaos seguintesproblemasdevalor inicial 1 uy"—5y' +6yu=e*, v(0)=1, v(0)=1. a. yu+3y=xsenax, vu(0O)=—1. 3 v' +y=x+1, vlm)=r?, vím)=27. 4 v+2v+bfuli)di=x v(0)=1. 5. Mostrar que OO sen X qdx=-. 0 X z (Sugestão:Mostre quea última fórmula da tabela detransformadas podeseraplicadacoms = 0.) 6. À funçãodefinidapor T(8) = [ e *x dx Jo é chamadade funçãogama. Demonstra-seque a integral converge quandos > O. Beção5.5 Aplicações 197 1)Mostrequeparak > —] pe o tes esa (s—-a)kri)/ T(k+1)' Sugestão:y = x é a soluçãoda equaçãodeEuler deprimeira ordem “uy—ky = 0, comy(1) = 1. Tomandoa transformadadeLaplace, ibtemosa equaçãodeEuler sY' + (k+1)Y = 0,comY(1) = T(k+1), etc.) 4)Mostreque 1 (s—1)v's indeErf(x)=(2/Vx)Jpe“ dt. E =e*Erf(vX]) ! Use a transformada de Laplace para mostrar que a soluçãodo problemalinear devalor inicial x=kx+q(t), x(0)=xo +dadapela fórmula devariaçãodas constantes t x(t) = e*txo+ | eslt-sSga(s)ds. 0 4.5. Aplicações 4.5.1Funções Descontínuas Frequentementena análisedofluxo decorrenteemcircuitoselétricos vuemvibraçõesdesistemasmecânicos,encontramossituaçõesmode- Iindaspor equaçõeslinearescomcoeficientesconstantesecomotermo Inrçantef(x) descontínuo v”+ay”+by=f(x). E comum,porexemplo,funçõesdotipo ] se A<Xx< 27 fix) = (5.32) Ô caso contrário, 198 TransformadadeLaplace Cap.+ mostrando que a influência do termo forçante ocorresomentenum intervalo. Quandotrabalhamoscomfunçõesapresentandodescontinuida des do tipo salto, é conveniente,afim de facilitar os cálculos de trans formadas,utilizarmosa funçãouc(x) definidaem(5.3).Comelapo demos,por exemplo,escrevera funçãof(x), definidaem(5.32),come f(x)=unlx)—uzalx) eportantoa suatransformadadeLaplace sesegueimediatamentede (5.4) e Ts gT2rs S S Para funçõesdescontínuasmais gerais, em geral obtidaspoi translaçõesdas funçõesusuais, observamosque a translaçãopars a direita deumafunçãof(x), deuma quantidadec, podeser obtids fazendo g(x)=ueclx)f(x—c). Portanto, através de uma mudança devariável, podemoscalcular sus transformadadeLaplace L(uclx)f(x— c)) = eL(f(x)) = e“F(s). Logo Ee“ Fis))=naltia=e), (5.98) Para equaçõesdiferenciaiscomtermoforçantedescontínuos,comopot exemplo v"+4y=f(x), v(0)=0, v(0)=0 comf(x) dadaem(5.32),definimoscomosoluçãouma funçãoy(x|, quesatisfaza equaçãonostrêsintervalosdistintos:(0,7), (71,27)+ (211,00),quesatisfaza condiçãoinicialdada,e queu(x) eu'(x) sho contínuas nos pontos de saltox = 7 ex = 27 (note que não pode mospediry” contínua).Podemos,emcadapontodedescontinuidade. ajustar asduasconstantesarbitrárias da soluçãogeralpara obtermos a continuidadedey(x) e y'(x). Mostraremosabaixoqueo processo decálculodessasoluçãoé muitomais fácil usandotransformadade Laplace. lação5.5 Aplicações AplicandoatransformadadeLaplaceaoproblemadevalor inicial sima, obtemos ]TÁ! = qe te). “mo | pah us Ék (53) = 5 senAM mos que UR) = ; sen2x x f(x) stoé “! “|U(x)= / —sen(2x—2E)T(E)dê,= f(x) / —sen(2x—2€)dé.o 2 o 2 “alculandoessaintegral,obtemosa soluçãodoproblema ]u(x) = qtb —cos2x). +52 Funções impulso “ma situação diferente surge quando queremos determinar a res- mutade um sistema que recebeum golpesecono instante t = to. Plemos aproximaressasituação,por exemplo,por sistemasdotipo y + ay+ by =f(t) mudef(t) égrandeduranteumpequenointervalodetempoquecontém », digamosIto,to + €],e nula fora desseintervalo. A integral de f(t), tot-e Oo Ito) - | f(t) dt - [ f(t) dt, tO —00 'n medidadaintensidadedotermoforçante.Num sistemamecânico 9) éoimpulsototal daforçaf, ouvoltagemtotal impostaaocircuito mmcasodecircuito elétrico. Agoraoconceitodeimpulsoinstantâneopodeserentendidocomo mucleem que toda a força é aplicada num determinadoinstante. Intesedepoisdaqueleinstantea forçaézero.Issosugereaintrodução 199 200 TransformadadeLaplace Cap.5 deuma“funçãofictícia”,designadaporó(t), paraexpressaressefato no casodeum impulsounitário no instante t = 0, “definida”por: S(t)=0,t£0; S0)=+00 (5.34) e / s(t)dt=1. (5.35) As aspas são mais quejustificadas, uma vez que um ente definido por (5.34)podeaté ser aceitocomouma verdadeira função definida na reta estendidaR U (+oo),mas emnenhumateoria de integração sensatapoderíamoster (5.35)satisfeito. Entretanto, tal função foi introduzidacomsucessopelosfísicos.A propriedaderetirada de(5.35) e frequentementeusadaé a deque (5+f)(s)=(fx 0)(s)=f(s), ou seja, /. ó(s— tJf(t) dt =f(s) (5.36) meta parafunçõesf contínuas.Em particular, /. ó(t)fit)dt = f(0). (5.37) e Dirac (Paul Dirac, Prêmio Nobelem 1933,por trabalhosemMe- cânicaQuântica) deuum sentidoprecisoa (5.36),introduzindo o que hojechamamosdenúcleosdeDirac (ouregularizadores).Seja q:R > R umafunçãodiferenciáveldesuportecompacto(istoé,q énula fora deum intervalo fechadolimitado),comq(x) = q(—x), p(x)>0 e /. Dix) dx = 1. 00 Seção5.5 Aplicações A Fi se — pu e sepá EM Figura5.3—GráficosdasfunçõesPn(X) À expressão“fictícia”(5.36)é entendidacomoa expressãoverda- deira Jim / Pnls —t)f(t) dt =f(s) (5.38) ondef éumafunçãocontínuae qn(x) :=nyp(nx). A seqiiênciapn(x) temapropriedadeque lim pn(x) =0, quando x£0 lim pn(x)=-+oo, quando x=0. Assim,o ó podeservistoformalmentecomoumlimite da segiiência (pn). Pode-seprovarrigorosamentequedefato(aa Qui) dk = 1, para todonn,e que (5.38)é verdadeiro. Cf., por exemplo,D.G. de Fi- gueiredo,AnálisedeFouriereEquaçõesDiferenciaisParciais,Projeto Euclides,pág. 74. Completantoa informaçãosobreoassunto,lembramosqueapós a Teoria das Distribuições, devida a Laurent Schwartz, o 6 de Dirac foi entendidocomouma distribuição, e completorigor foi colocado nasquestõesondeo ó erausado.Consequentemente,o queera feito sem rigor, mas dava bons resultadosnas aplicações,foi finalmente postonoscânonesda Matemática!Ref. L. Schwartz,Meth. deMath. Physiques,Hermann, Paris. 201 202 TransformadadeLaplace Cap.E Definimosimpulsounitário numinstanteto > Opor dtolt) = d(t— to) = d(to—t). A transformadadeLaplacede6+,(t)édefinidacomo OO L(dto)(s) — / drolt)e St dt — / ó(to si tie AL —00 Essa expressão,comodissemos,éentendidacomo L(ô+,)(s)= lim / Pnlto—t)e "dt = e*to, —sN=>00| o Podemosagoraanalisar o comportamentodeum sistemasujeito a umimpulsoinstantâneo.O problemacomcondiçõesiniciais nulas Xx+2x+2x=26(t—7n), x(0)=0, x(0)=0, representaum sistemasemexcitaçãoatéo instante t = 7, nesseins tante o sistemarecebeum impulso de intensidade2. Queremosan& lisar a influênciadesseimpulsona soluçãodoproblema.Observeque nãopodemosesperarqueexistasoluçãoclássicaparaesseproblema, isto é, uma soluçãox(t) possuindoderivadassegundascontínuas Assim, comoestendemoso conceitode função para introduzirmos funçãodeltadeDirac,precisaríamosestendertambémo conceitode solução,para incluirmos problemasdessetipo. A generalizaçãodo conceitodesolução,emgeral,é feitaemcursosmaisavançados.Fh remosaqui apenasuma análise informal. TomandoatransformadadeLaplacenoproblemadevalor inicia! acima, obtemos ]X(s) = E Ma(8) (s+1)2+41E Em seguida,usandoa fórmula deinversão(5.33)e a tabeladetrans formadas,determinamosa soluçãox(t) Ô, t <A x(t) = Zu (t)e HT sen(t —71)EE:P 2e t-Dsen(t— 7), t>n1 O sistemaestáemrepousoatét = 7, nesseinstanteosistemarecebeu umimpulsodeintensidade2. A influênciadesseimpulsoé mostrada na Figura 5.4,ondeplotamoso gráficode x(t), Seção5.5 Aplicações 203 Essegráfico,parat variandonointervalo[0,47],foi geradopelo programa“Mathematica”digitando: “Plot[Ifl[t< Pi,0,2Expl-(t-Pi)]Sin[(t-Pi)]],(t,0,4Pi))”. 5.5.3 Comportamentoda Derivada Suponhaquequeiramosestudarocomportamentodaderivadax(t), dasoluçãodeumproblemadevalor inicial x''+ax'+bx = f(t) (5.39) x(0)=xo, x'(0)=yo 4 0.6 | 0.5| | 04| 0.3 | 0.2 À 01| | À: | N | N 24 6 12 Figura5-4 Obviamentepodemosresolvera equaçãoe depoisderivar a solu- çãox(t). O quequeremosmostraraqui, é queusandoa transformada deLaplacepodemosobterx(t) semnecessidadedecomputarx(t). Paratal transformamoso problema(5.39)num sistemade equações diferenciais.Fazendox'= y obtemosde (5.39) x' 0)=y {x(0)= X0 (5.40)y' = ay— bx+f(t) ColocandoX — Lix)e Y = £(y) e aplicandoa transformadade Laplacenessasduas equações,obtemoso seguintesistema linear nas 204 TransformadadeLaplace incógnitasX e Y: sX— Y = Xo bX+(a+s)Y= Fís) +vo ondeF = £(f). Portanto pela regrade Cramer obtemos sF(s) + syo — bxoY= s2+as+b quepodeserinvertidaparadeterminarvy(t)= x(t). Considere,por exemplo,oproblemaestudadona sub-seccçãoà terior x+2x+2x=26(t— 7) x(0) = 0, x(0) = 0. Esse sistema está em repouso até o instante t = 7, nesse instante sistemasofreum impulso de intensidade2. Espera-se,portanto,q a derivada, que representaa velocidade,seja igual a 2 no instal! L=7. Para esseexemplotemoso seguintesistemalinear sX—Y =0 2X+ (2.+8)Y = 3e e portanto v- 2s eos (s+1)2+1 Como . L(e(2cost —2sent)) = EFTEET temospelafórmuladeinversão(5.33)que «(t) = umtZe TPcos(t = 7) — sen(t= 71), Aplicações 205 2| 1.5| 1 0.5 | 1 4 5 6 Figura5-5:Gráficodex'(t). 6 SistemasAutônomos no Plano Este capítulopertenceà teoria qualitativa das equaçõesdiferenciais Aqui, não se insiste na obtenção de expressões exatas para as so- luções dos problemas. A ênfaseé, antes em se obter propriedades das soluções,retirando-as através de uma análise das equações,A parte técnicaestádividida emduas secções.A secção6.1desenvolve a matemáticaessencialpara o estudodeproblemasno plano defase comresultadosde caráterlocal. A secção6.2,estudao teoremade Poincaré-Bendixon,eentranadifícil linha deobtençãodeinformações globais sobreo espaçode configuraçõesde sistemasnão lineares.O textoexpõeosconceitos,as idéiasenvolvidas,e as consequênciasde resultados, sem incluir uma demonstração do teorema de Poincam Bendixon. Propomo-nosestudarnestecapítulosistemasna forma x' = f(x,y) (6.1) y'=g(x,y) quesãodenominadossistemasautônomos,pois f e g nãodependem explicitamentedavariável(tempo)t. As soluções(x(t), u(t)) sãocur- vasparametrizadasnoplanodefases(x,y) denominadasórbitas.| sentidogeométricodo sistema(6.1)é o seguinte: (f(x,y), g(x, u), um campovetorialnoplano [suporemosquef, g:R⁴ —>R sãofunções declasseC¹ definidasemtodooplano]easórbitassãoascurvas inte- grais dessecampo,isto é, as curvasqueemcadapontosãotangente ao campo. Seção6.1 ConsequênciasdoTeoremadeExistênciaeUnicidade 207 41, Consequências do Teoremade Existência e Unicidade comovimos na secção3.2 devemosolhar os gráficos das soluções x'(t) ->(x(t),y(t))em R³ = {(x,y,t)}:ahipótesedef egseremdeclasse C¹garanteque,paraqualquer(xo,Yo,to) existeumaesomenteuma solução(x(t),u(t))dosistema(6.1),tal que(x(to),ulto)) = (xo,yo), vejaFigura 6.1(a). O sistema (6.1) sendoautônomo,segue-seime- diatamenteque,caso(x(t),y(t)) sejauma soluçãode (6.1)e t1;seja umnúmerofixado,então(x!(t),y1(t)) = (x(t —ty), ult —t1)) será tambémsoluçãode(6.1).Defato,temos: att)=xt —ti) =flxlt—to),ult—tr)) =flxilt),volt) “umaexpressãosemelhanteparay1(t). Issomostraque,setransla- darmosumasoluçãode(6.1)paralelamenteaoeixot, obtemosainda umasoluçãode(6.1),vejaFigura 6.1(b) Mt t (x(t),U,(t)na tneREd CIORIO) cms Vo Yo dd EA OÚ Xo a ep Xo e P » X éx (a) (b) Ay yo * P Plano de Fases | ef + Xo x (c) Figura 6.1 208 SistemasAutônomosnoPlano Cap: Issomostraqueumareparametrizaçãode(x(t),u(t)) conduzàmes- maórbita(curva)noplanodefases(x,u) vejaFigura 6.1(c).Podemos portanto considerarcondiçõesiniciais (xo,Vo,to) comto = O. A se- guir, provamosque órbitas não se interseccionamnoplano defases Suponhaqueexistemduasórbitas(x1(t),ui(t)) e (xz(t),yz(t)) tais que(x1(t),uilt)) = (x2(t),uz(t)):;peloqueacabamosdemostrar vemosque A(xt),vlt) =(alt+t— D,uilt+t— 0) é soluçãode (6.1),e como me mm(x(0),v(t))=(x1(t),un(t))=(x2(t),vzlt)) concluímosdo teoremade Existênciae Unicidade (secção3.2)que (x(t),uy(t)) es (xz(t), va(t)), o que mostra que (xz(t), yz(t)) é uma reparametrizaçãode (x1(t),ui(t)). Observequeos resultadosda secção3.2implicamnaseguintealternativa:(1)asórbitas(x(t), y(t)) estãodefinidaspara todosos valoresreais de t, ou (ii) (x(t), y(l! não está definidopara t maior ou igual a um certow. , e nestecaso (x(t),uy(t)) se torna ilimitado quandot > w,. [Observequemw funçõesf(x,y), g(x,y) estãodefinidasparatodo(x,y) E R?]. Segue se,pois, quecasoa curva (x(t),y(t)) seja limitada entãoela estáde finida para todot. Observe,finalmente,que uma órbita não podese auto-Interseccionartransversalmente,isto é, ela não podeter pontos duplosdo tipo: (xo, yo) Figura6.2 Para ver isso,suponhamosquehajam dois valoresde t, to e ti taisque(x(to), u(to)) = (x(ty),u(t;)) = (xo,Vo);então,astangentes àcurvaemtoet1sãodadaspelocampo(f(x,y), g(x,u)) calculadono mesmoponto (xo,Yo). Vê-se também,neste caso,que a órbita é uma Seção6.2 Pontosde Equilíbrioou Singularidades 209 curvafechada,pois as funçõesx(t) e y(t) sãoperiódicasde período !| to; de fato, basta usar um argumento semelhante ao que utiliza- mospara provar que as órbitasnão se interseccionam.Neste último “uso,usamostambéma terminologiaórbitaperiódica. Resumindo:o woremadeExistência e Unicidade nos diz queo plano de fases(x,U) »stácobertopor órbitas quenão se interseccionam. Nosso objetivoagora é estudar essa decomposiçãodo plano de Wes,quedenominaremosespaçodeconfigurações(“phaseportrait”). im geral, essa é uma tarefa difícil. Entretanto, desenvolveremos Wenicaspara fazer um estudolocal das órbitas nas vizinhanças de “masingularidade[veja6.2 abaixo],e teremoso teoremade Poin- mré-Bendixonque nos dará informaçõesglobaissobreo espaçode wnfigurações. 12. PontosdeEquilíbrioouSingularidades !'mpapelmuitoimportantenoestudodageometriadoplanodefase *desempenhadopelassoluçõesconstantes(x(t),u(t)) — (xo,Uo)de 6.1),as quais sãoprecisamenteos zerosdo sistema f(x,y) =0 g(x,y)=0. 'ssassoluçõessãochamadaspontosdeequilíbrio,nomenclaturains- prada no seu significado físico, ou singularidades (também pontos singulares),nomenclaturaprovenientedeseusentidogeométrico.Os pontosnão singularessãochamadosregulares. (6.2) Exemplo1. Considerea equaçãonãolinear de2º ordem E— dx. —À, EnzendoX = y, obtemoso sistema locay =8xy queé do tipo (6.1)comf(x,y) = y e g(x,y) = 8xuy.Nessecasof +q sãode classeC!, temosexistênciae unicidadede soluçãoe um porema análogo no Teorema 3.7 podeser aplicado, isto é, as soluções lessesistema tendempara o bordode O = ((x,y,t) € Rº). Nosso objetivoéestudaroplanodefase.As soluçõesdeequilíbriosãoobtida fazendo fo,uy)=y=0 e g(xy)=8xy=0 portantox(t) = ctee y(t) = Osãoassoluçõesdeequilíbrio(todosm pontosdoeixo-x).Para obtermosasoutrassoluções,vamossuporque x =x(t) possaserinvertida,obtendot = t(x). Portanto,segue-sedi sistema,que dyO uid dx elogoy(x) = 4x2+ c. O planodefaseédotipo ty N N x / N Ma / /e a x % -- |A Soluçõesdeequilíbrio a urEm z > / X N N x / , E |/ A / N f X ANa a Figura6.3 As órbitasque“moram”nasparábolascujosvérticesestãoabnt» do eixo-x não tocam esse eixo. Portanto, são limitadas, isto é, exist umaconstantek tal que lot, ultI<k, Vte(w., ws). Usandoa observaçãoquesegueaoTeorema3.7,concluímosqueess órbitassãoglobalmentedefinidas,istoé, (wW.,w,) =R. Observação: Quando as soluçõesde um sistema autônomosãoph balmentedefinidas,podemosdefinira função q:R* x Rs Rº lação6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades211 por q(P,t)=(x(t),y(t)) ande(x(t),y(t)) é a soluçãode(6.1)tal que (x(0),u(0)) = P. Asso- dadoa q introduzimosa família de funçõesa um parâmetro p:uRPSR?, tER, andepe(P) — q(P,t). Temos,pelosteoremasdeexistênciae unici- dudee dependênciacontinuaemrelaçãoàs condiçõesiniciais, que |) pu R? — Rº2é contínua HH) Po = id DO QPus=Progps. Umafamília a um parâmetrosatisfazendoas 3 propriedadesacimaé hamadadefluxoousistemadinâmico. À seguirvamosestenderos conceitosdeestabilidade,introduzi- dosnasecção2.3parasistemasautonômosnoplano. ofinição 6.1. Um pontodeequilíbrio(ousingularidade)(xo,Vo) é wtávelse, dado E > O, existe ô > O, tal que para qualquer órbita “s(t),uy(t))com dist((x(0),v(0)),(xo,Vo))<5, tenhamos dist((x(t),u(t)),(xo,Uo))<e,paratodotz0. lisfinição6.2. Um pontode equilíbrio (ousingularidade)(xo,Uo)é msintoticamenteestávelseelefor estáveleseexistir um > Otal que todaórbita (x(t), u(t)) com dist((x(0),u(0)),(xo,Uo))<n pntão lim (x(t),u(t))= (xo;Vo). (*)t—>-oo Essadefiniçãosimplesmentediz que órbitas “começandoperto”de 9, Vo)permanecemperto,edefatoconvergempara opontodeequi- brio. 212 SistemasAutônomosnoPlano Cap o | ' / / N 8 - 'e ' [ A ea | , » x a | A / Cc A |, | ; N | / E / va F / ET % Figura6.4 As figuras B e C apresentampontosde equilíbrio assintoticamente estáveis;já o exemploA mostraum pontodeequilíbrio somenteestá vel. Na definiçãodesingularidadeassintoticameneestável,grifamos apalavraestávelparaenfatizarquea condição(*),umacaracterística dessetipo de singularidade,não é suficientepara caracterizá-la. Ha exemplosmostrandoessaeventualidade,cf. L. Cesari “Asymptoti BehaviorandStabilityProblemsin OrdinaryDifferentialEquations”, Springer-Verlag(1959).Uma singularidadequenãoéestável,chama seinstável. Vamosagorasuporquea origem(0,0) éumasingularidadeiso lada de (6.1), e fazer um estudo da geometriadas órbitas em sua vizinhança.O casodeumasingularidade(xo,Uo)£ (0,0)podeser reduzidoaocasodesingularidadena origemmediantea mudançade variáveis(x,y) > (x —xo,y —yo). Pela fórmulade Taylor, f e q podemser escritascomo f(x,y) = fx(0,0)x+fy(0,0)y+F(x,y) g(x,y)=9x(0,0)x+gy(0,0)y+G(x,y) ondeFe G sãoo(|x| +|y (6.4) );a notação“o”significaoseguinte:h(s) Hoção6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades 213 v(s) se h(s)/|s| — Oquandos — O. As expressõesem(6.3)nos sugeremqueo comportamentodasórbitas nas vizinhanças da singu- Inridade(0,0)deveserdeterminadopelapartelineardocampo(f, 9). omo veremosmais adiante isso é “quase”verdade.Portanto, come- vemoscomoestudodeum sistemalinear comcoeficientesconstantes: Dra (6.4)y = cx+ dy 6.2.1 O sistema linear (6.4). Suponhamosque a origemseja uma singularidadeisolada do sis- tema(6.4),ou,equivalentemente,ad —bc O.Para facilitarnossas explicações,vamosintroduzirovetorX e a matrizÀ: a a o assim (6.4) se escreve como X = AX. (6.5) O sistema(6.5) lembra a equaçãodiferencialx — ax, estudada noCapítulo 2, cuja soluçãogeral foi x(t) =ce**. Ocorre,então,a idéia detentar soluçõesde (6.4)ou (6.5)na forma tt =” Mt+ »OUequivalentemente,X(t) = Ce”. (6.6) u(t) = cze Substituindo-seem (6.4) [seo leitor preferir, ele poderá prosseguir usandovetores e matrizes], obtemosque c4, C2e À devem satisfazer nosistema | (a—Ajcy +bcz =0 ccrtH(d—Ajc =0 Comoestamosinteressadosemsoluçõesnãotriviais (C1,C2)[i.e.,cy £ Oou cz É Oou ambos 0],segue-sequeo determinantedosistema deve ser O: a-—A b C d= A(6.7) O &AM-(a+d)A+(ad—- bc) =0. (6.8) 214 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Às raízes dessaequaçãodo 2º grau são os valorespróprios (ou auto-valores)damatriz A. O polinômio(nocasoum trinômio)em(6.8) é chamadoopolinômio característico.Assim, obtidosos auto-valores deA, voltamos aosistema(6.7),deondeobteremoscyecz epoderemos entãoescreveras soluçõesde (6.4)na forma (6.6). Entretanto, como nossointeresecentraléobterumadescriçãopictóricadasórbitasnas vizinhançasdopontosingular(0,0),vamosreduziroestudode(6.4) àquelede um sistemaequivalente,mais simples. A Álgebra Linear nosensinaque,atravésdeuma mudançadevariáveis no plano (x,1| amatriz À podeserlevadaa um dostiposabaixo,dependendodosinal dodiscriminante A=(a-d)*+4bc. Isto éum casoparticular daForma deJordan, vejaopróximocapítulo, A O= O N (6.9) ondeÀ Z u sãoosdoisautovaloresdeÀ supostosreais. A OE = O 4 , (6.9) ondeÀ é o único autovalor (necessariamentereal) de A. A 1 Os=[31]. nã À comoem (6.9. ja —b ás=[58]. es onde« + 12sãoosautovaloresdeA. O quesequerdizercomÀ ser levadaemB medianteumamu- dançadevariáveiséoseguinte:existeumamatriznãosingular(Q(a matrizda mudançadevariáveis)tal queB = QAQ”!. Concluímos, pois,queacurvaY(t) = QX(t) étal que Y=QX=QAX=QAQ !Y = BY, econsequentemente,bastaestudarosistema(6.4)comamatriz deum dosquatrotiposacima. Issoporque,apósobterasórbitasnessescasos, Ração6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades pode-sevoltar às variáveis originais X = Q”!Y e o que aconteceno planodefaseséapenasumadistorsãodasórbitas;distorsãosignifica rotaçãoemtornoda origem,reflexãoemtorno deuma reta passando pelaorigem,expansãoou compressãoao longodedois eixos. Unso (6.9). O sistema (6.4) se torna x =Ax x(t) =cre! y = uy Ut) = GR, Basta estudar as órbitasno 1º quadrante(nosdemaisquadran- tes,as órbitas são obtidas por simetria); portanto para c1,Ccz> O, sbtemos: Pass q =>p= g>à Dai, sem sepreocupar coma orientação,no momento,vemosque 4curvasoluçãotemo aspectoindicadonasfigurasabaixo a b O<gA<T WA>] /A <0 H/A= Figura6.5 Observeque os casosextremoscy = Oou cz = Odão os semi- bixoscomoórbitas. Observeque,nos casosa e b, as órbitas,entram na origemao longode umadireçãofixa: quandoO < u/ÀA< | as 215 216 SistemasAutônomosnoPlano Cap.+ inclinaçõesdastangentesà órbita,Wy/x,tendea +oo,equando|/À 1essasinclinações,W/X,tendema 0. Consegue-sea orientaçãodas curvas pela análise das soluções na formaparamétrica. Assim: (i) se A,u < Oas curvasem a e! tendempara a origemquandot > +oo, e aí dizemosquea origem( umatrator,(ii) seÀ,u > Oas curvasema e b seafastamdaorigem quandot — +oo. Uma análise semelhantese faz quandoÀ e u tóm sinais diferentes. Pondo todas essas observações,juntas, obtemosnm configuraçõesA, Be C abaixo. Usa-se tambéma expresãonó pars designarum pontonodal. Caso (6.9). O sistema (6.4) se torna x =Ax ER x(t) =cye?t ss = CXV=Ny u(t)=cre! ” eassimascurvassoluçõessãosemi-retascomona figura d acima, o espaçodeconfiguraçõesé comona figura D, abaixo. A q 4 v +» » B | e A | + y a A FO. ” ç e Y w á 4 4 A [a A<u<O u<A<O0 Ponto Nodal (estável) Ponto Nodal (estável) C » A<O<u Ponto de Sela Figura 6.6 Beção6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades Unso (6.97). O sistema (6.4) se torna x=Ax+Uy = x(t) = (cj +cat)eMt V=Ay u(t)=cze!t, Logo,os semi-eixosx > 0 ex < Osão curvassoluções,correspon- dentesa cz = Oe comorientaçãodependendodo sinal de À. Basta vonsideraro casocz > O,o outrose seguindopor simetria. Supo- nhamosqueÀ < O. Vemosquepara t grandeepositivo,x(t) > 0,e «(t) > Oquandot — +oo;alémdisso,a curvacortao eixoy quando | =—c1/c2,e x(t) — —ooquandot — —oco.Nestecaso,todasas orbitasentram na origem ao longode uma direçãodeterminada;de Into,y/X = Acz/(Acy+Acat+ca)— O.Assim,obtemosaconfiguração emE abaixo D E Y 4 A Y V - s =“ > mai To a Y e Fá A=u<O Pontos nodais (estaveis) Figura6.7 Cnso(6.9). O sistema(6.4)setorna xXx= «x — By | y = Bx+ au. Neste caso, é preferível usar coordenadas polares x= Tal, UU=fsenD. Daí xe fcon0 — rsenO 6, y =TsenO +rcos0 Ô 218 SistemasAutônomosnoPlano Cap| deondese segue t=xcos0 +ysenoO, 6=" !(ycos0—x sen6). As últimasequaçõesnosdão t=ar 0=B edaí nt] ==Toc O(t) = Bt+ 0, quesão as equaçõesparamétricasemcoordenadaspolaresda órbils que,parat = 0,passapeloponto(To,00).Portanto,aórbitaé: (1)um círculo,se « = 0, (11)umaespirallogarítmicase « 0, e a origem' um atrator se « < O. Além disso,a espiralé dextrógirase B < 0: sinistrógirase P > 0. a<0,B>0 a«>0,B<o0 G3 G4 1 | a =) | ) | N- o dyCentro EA q a<0,B<o0 «>0,B>0 Pontos Espirais Figura6.8 Atenção.Umretornoàsvariáveis(x,u) dosistema(6.4)implicaape nas em uma distorsãodas figuras acima. Nas figuras A, B, C, ms órbitas entram na singularidade aolongodeduas direçõesortogonais nas figurascorrespondentesaosistemaoriginal haveráduasdireções lação6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades 219 nãonecessariamenteortogonaisaolongodasquaisasórbitasentrarão wasingularidade.Na figuraE continuaráa haveruma direção,não necessariamenteum eixocoordenado,aolongodaqualasórbitasen- irmmna origem. Na figura F os círculosserãotransformadosem slipses. Podemos,pois, resumir no quadro abaixo as várias possi- Wlidadesdependendododiscriminante A=(a-d)? +4bc “dosvaloresrelativos de a, b,ce d: à ad —bc a+d Tipo deSingularidade >0 <0 sela >0 >=0 <0 nóestável >0 >0 dd ed nóinstável <0 == centro <0 <0 pontoespiralestável <O0 >0 pontoespiralinstável = <0 nóestável = >0 nóinstável 142 O sistemanão linear(6.1). las hipótesesfeitas acima,as funçõesf e g podemser escritasna vema(6.3),comFeGcontínuaseo(|x|+|y|).Chamandoa =fx(0,0), vo (4(0,0),c = 9x(0,0)e d = gy(0,0),o sistema(6.1)seescreve uno x = ax+by +F(x,u) (6.9) y=cx+ dy + G(x,uy) Pulemos,portanto,olhar o sistema(6.9)comoumaperturbaçãonão “neardosistemalinear (6.4).A origem(0,0) éumasingularidadede 4), sesupusermosad —bc £ 0, tratar-se-ádeuma singularidade ulada e, nestecaso,dizemos que a origem é um ponto singular mim Wes,caso ad — be — O,então, a natureza da singularidade depende 220 SistemasAutônomosnoPlano Cap4 fortementeda partenão linear. Nas nossasconsideraçõessuporemm sempreque a origemé um pontosingular simples. Comodissema acima,édeseesperarquea parte linear dosistema(6.9),isto é,oui tema (6.4),descrevaa geometriadas órbitas na vizinhança da origem entretantoisso é aproximadamenteverdade. De fato, todosos fat oupropriedadesdosistema(6.4)quedependemdedesigualdadesen tre a, b, c e d permancerãoinalteradas, cf. quadro acima. Aquelw que são caracterizadaspor igualdadespodemmudar. Mais precina mente,temososresultadosabaixo,cujasdemonstraçõesoleitorpod; encontrarno livro de E. Coddingtone N. Levinson, “Theoryof Ordi nary Differential Equations”,McGraw-Hill Book Company,New York (1955).Veja tambéma secção7.3dopróximocapítulo. (1)Se a origemfor um atrator para o sistemalinear (6.4),ent tambémo serápara o sistemanão linear (6.9). (11)Se a origemfor um pontoespiral para o sistemalinear (64 entãotambémo serápara o sistemanão linear (6.9). (11i)Se a origemfor um pontodeselapara o sistemalinear (64: entãotambémo serápara o sistemanão linar (6.9). (1v)Se a origemfor um pontonodaldostiposÀ, B para osistem» linear (6.4),entãotambéma origemé ainda um pontonodal para+ sistemanão linear (6.9). (v)Se a origemfor um centropara osistemalinear (6.4),então,» origempodeser um centroou um pontoespiral para o sistema(6, (vi) Se a origemfor um ponto nodal do tipo D, então a origem podeser um nó ou um pontoespiral para o sistema(6.9). Vamosilustrar (v)e (vi) comexemplos. Exemplo 1. Considereo sistema: U XV=— (GIOin(x2 +y2)1/2 y U+ nba rua )X X - o qual podeserescrito,emcoordenadaspolares,como ] O r F,nro lação6.2 PontosdeEquilíbrioouSingularidades 221 Logor(t) = cet, ondec > Oéumaconstantearbitrária,edaí ]d=-——— > 9(t)=k-In(t- Enc)Enc—t sudek = O(to)+En(to—&n.c). Issomostraqueaorigeméumponto »piral para (6.10),cuja parte linear tem a origemcomoum ponto modal, Esemplo2. Considereo sistema Xx=-y-—xyx2+y?, Úu=x—-uyvx?+y”, (6.11) “qualpodeserescrito,emcoordenadaspolares,como 6=1, t=—". logo O(t) = t+ 00 er(t)maramétricasdasoluçãodosistemaque,no instantet = O,passapelo vento(ro,do).Essacurvaéumaespiral,eassimaorigeméumponto »piral para o sistema(6.11). Observeque a origem,para o sistema inearcorespondentea (6.11),éumcentro. ee (t a 1) são as equaçõespolares Esemplo3. Considereo sistema XxX= —Y+ x(x? o a uy?) sen ZFyZji? (6.12) Ú — x+y(x? +12) sen TRERyITTT: “qualpodeserescrito,emcoordenadaspolares,como TDl, r=rÍsen-. r v>-ne,então,queos círculosr = 1/mn,n= 1,2,..., sãoórbitas fecha- das,Temostambém t > 0, quandor >1 1 ]t <O, quando— <r< o e odieii 2m 2m—l ] ]t >O, quando ETC alto 1,2, caiim +| 2m' 222 SistemasAutônomosnoPlano Cop As órbitas nas regiõesanulares, 1/(n + 1) <r < 1/n, nãosb fechadas,esimespirais,poisO(t) er(t) sãoestritamentemonotônies Alémdisso,elasdevemseaproximardecírculos1/n quandot +»tu umajustificativa dessaasserçãoseráfeita na secção6.3. Nestecns a origemé um centropara ambosossistemas,o linear e o não lines n Par n Impar 6.3. O Teorema de Poincaré-Bendixon Na secão6.2,estudamoso espaçodeconfigurações,ou seja a geon tria das órbitasdo sistema(6.1)nas vizinhançasdeuma singular dade. Os resultadoslá obtidosforam tipicamentelocais, apesard servirem,em vários dos problemaspara se ter uma descriçãolol» dasórbitasnoplanodefases.Entretanto,emmuitosproblemasds aplicações,o meroconhecimentodassingularidadesnãochegapur descrevero espaçodasconfigurações,e consequentementenãoésul ciente para responder perguntas importantes sobre o comportamen! globaldasórbitas.Em algumasaplicaçõesàmecânicaeàeletricidad: um papel importante é desempenhadopelas soluçõesperiódicasd (6.1),que correspondemno plano de fasesa órbitas fechadas.Nom» objetivocentralnestasecçãoé estabelecercritériosque nos perm' tam assegurarquetais órbitas existem.Dado o objetivointrodutor do presentetrabalho, vamos apenasarranhar a superfície de um teoria rica e profundacriada por Henri Poincaré,e que ainda hoje objetodemuitapesquisa.Seconseguirmosdar aoleitor uma idéiadu problemasprimeirosdessateoriaedesua relevâncianasaplicações Beção6.3 O Teoremade Poincaré-Bendixon 2253 acreditamoster atingidonossoobjetivo. Esemplo1. (Um sistemamecânico,cf. J.J. Stoker,Nonlinear Vibra- tonsin MechanicalandElectricalSystems,IntersciencePublishers.) Fonsidereum sistema mecânicoconstituídopor um blocode massa mligadoa uma mola e repousandosobreum correiaásperaquegira sumvelocidadevo. Figura6.10 Suponhamosque inicialmente (mola não distendida ou compri- mida)o blocose acha na posiçãoE = O. A forçade atrito arrasta o blocopara a direita até uma posiçãomáxima e aí o blocoregressa, rumeçandoum movimentooscilatório.O movimentodoblocosedeve 4umdesequilíbrioentreaforçadeatritoeaforça—kédamola;nosso abjetivoé estudar essefenômenoà luz da mecânicanewtoniana. A lurçadeatritoéumafunçãodavelocidadedoblocorelativaà correia: p(E—vo).Afunção—p(v)emalgunscasostemumaformaalgébrica bemdefinida;entretantomuito sepodedizer sobreo problemaseco- nhecermosapenasa sua forma gráfica,juntamente comcertaspro- priecdades.Issomostraa forçadosmétodosquevamosdescrever.No momento,vamossuporqueográficodeb(v) sejao seguinte: *0 + Figura 6.11 224 SistemasAutônomosnoPlano Cap. À interpretaçãodográficoé a seguinte:quandoo blocoestápa» rado relativamente à correia, a força de atrito aumenta (i.e. a res sistênciado blocoa se moverpela açãode uma forçaexterna)até atingir um valor máximo,e a partir daí decresce,voltandodepoisa crescerquandov aumenta.Pela 2€ lei deNewton, temos mé = —d(É—vo)—kE. (6.13) Mudamosdavariávelé para a variávelx: ] x=€E+ 7 Pl-vo), (6.14) o quequer dizer quepassamosa contarosdeslocamentosa partir da posiçãoondeo blocoestáemequilíbriosoba açãoda forçadeatrito e da forçada mola: —p(—vo)—k£ = O. Fazendoa substituiçãoem (6.13)obtemos mx+ &b(x—vo)—P(—vo)+ kx =0, Fazendoa substituição F(x)=lx —vo)—Pl—vo), obtemos: mx+F(x)+kx=0, (6.15) ondea funçãoF temográficoseguinte,casovonãosejamuitogrande. AF(X) | | | | RS ii h X Figura6.12 As soluçõesoscilatóriasde problemasdessetipo são chamadas auto-excitadas.A nomenclaturaauto-excitadaseexplicapelofato de quea soluçãoperiódicaé criada pelopróprio sistema,sema açãode forçasexternas.Observequea existênciadesoluçõesperiódicaspara Beção6.3 O Teoremade Poincaré-Bendixon 225 equação(6.15)é um fenômenotipicamentenão linear; nos sistemas mecânicoslineares, a presençade força de atrito implica necessaria- menteem amortecimento.E mais, nestecaso,só aparecemsoluções periódicassehouverforçasexternasperiódicas,e aí as oscilaçõesnão seriamauto-excitadas.Um modelomecânicodo tipo descritoacima [viusadopor Rayleigh para explicar as oscilaçõesdas cordasdo vio- linoquandoarrastadaspeloarco;entretanto,esseéumproblemabem maiscomplexo,poisdeveenvolverderivadasparciais,umavezquese tratadeumproblemadecordavibrante. Exemplo2. (Triodo). Para não entrar nos detalhesda deduçãoda equaçãoquedevesersatisfeitapelacorrentenumtrechodocircuito[o leitorinteressadopodevê-lanolivro deStoker],vamosconsiderarum modelorepresentadopor um sistemaRLC, ondea quedadevoltagem, Vcp,noresistorsatisfaza umarelaçãodotipo: ]Vco=k(38-1), k>0 Figura6.13 Como a variação do potencial (voltagem)no indutor, Va p,é dada por dlMeses onde I é a corrente por unidade de tempo, e no capacitor,VBc, por QVec="6 ondeQ é a cargae Le C sãoconstantes(respect.indutânciae ca- pacitância), temos, pela 2º lei de Kirchhoff (a soma algébricadas 226 SistemasAutônomosnoPlano Cap.à diferençasdepotencialemuma malha é zero),que I e daí,porderivaçãocomrelaçãoa t, obtemos . x. 0Li+RT-Di+cI=o. (6.16) À equação(6.16)é conhecidacomoa eguaçãode van der Pol, quefwi quemaderivoupelaprimeiravezeparaelaobteveaexistênciadeuma soluçãoperiódica.Comono Exemplo 1 observequeuma linearização de (6.16),substituindo-apor Li+kI+ GI=0 (6.17) nãoéumaaproximaçãoadmissíveldofenômenoreal,umavezqueeste apresentaoscilaçõesauto-excitadas,e as soluçõesde (6.17)crescem exponencialmente.Portanto,nãohá queresistir: aequação(6.16)com todasuanãolinearidadedeveseratacada.Um argumentoheurístico paraexplicarporque(6.16)temsoluçãoperiódicaéoseguinte:quando [ > 1,o coeficientede Í setorna positivoe aí a correnteé amortecida, e quando1< 1,a correnteé amplificada. ResumodosExemplos1e2. Otipodeequaçãoobtidanessesexemplos é o seguinte u+tf(uji+ku =o0. Nósnospropomosa estudarequaçõesdeumtipomaisgeral u+f(lwuju+g(u)=0, (6.18) queé conhecidacomoa equaçãodeLiénard. Esta equaçãoé equiva- lentenoseguintesistemano plano de fases,x = u, y = U: * =) y=—f(x)y —g(x). (6.19) Nossoproblemaé estudara questãoda existênciadeórbitas fe chadas(Le, moluçõesperiódicas)de (6.19),ou, mais geralmente,do Beção6.3 OTeoremadePoincaré-Bendixon227 sistema(6.1).A respostaa essaquestãoédadapeloteoremadePoin- caré-Bendixon,enunciadoabaixo.Antes, vamosintroduzir os concei- tosdeconjuntoslimites. Suponhaquea solução p(t,P) = (x(t),v(t)) de(6.1),comcondiçãoinicial P = (x(0),u(0)), estejadefinidapara todot ER. O conjunto v=y(P)=t(x(t),ult)):te R) é chamadodeórbita do sistema(6.1)atravésdo pontoP E R?. Defi- nimosa semi-órbitapositivacomo vi =y"(P)=((dt),v(t)):t>0), vc,analogamentea semi-órbitanegativa. Definição6.3.O conjunto w(P) =w(y) = ((x,y)ER?:Itn > +oota.(x,y)= lim(x(tn),y(tn))) nNn—00 échamadode conjuntow-limite da órbita quepassapor P. Analoga- mentedefine-seo conjunto«-limite comosendo o(P)=a(y)= ((x,y)ER?:3ty> —oota. (x,y)= lim(x(tn),U(tn))). Nn—00 Exemplo 3. Nos sistemas lineares da secção 6.2.1, um ponto de e- quilíbrioassintoticamenteestávelé o conjuntow-limite dequalquer órbita. Exemplo 4. No sistemado Exemplo 3 da secção6.2.2,temosqueos círculos7 = | comn par sãoconjuntosw-limite, e para n ímpar sãon limite. ixemplo 5. O conjunto w-limite não é necessariamenteconexo. Na figura6.14temosquew(P) = y(Py) Uv(Pa). 228 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 p;º “P, Figura6.14 Exemplo 6. Considereum sistemacom3 pontosde equilíbrio, sendo 2 pontosespirais instáveise 1pontodesela,comona figura 6.15. P da Y / x 4 “ AN | (+) s (C)es v —- Figura6.15 Nestecasotemosqueoconjuntoemformadeoito,formadopelas duasórbitaseo pontode sela, é o conjunto«ww-limitede todoponto P queestá fora de o0. O laço direito de co é o w-limite de todo pontoP queestá dentrodesselaço,excetoo pontoespiral lá contido, Analogamenteo laçoesquerdo. As letrasgregas« e w, respectivamenteprimeira e última letra do alfabetogrego,sugeremo sentido—ocoe +oo dosconjuntoslimi- tes. As principais propriedadesdessesconjuntosestãoresumidasno teoremaseguinte,cujademonstraçãopodeser encontradano livro de Hirsch-Smaloou Hale citadosno final destasecção. Teorema6,1. Se a semi-órbitapositivay'!(P) é limitada,entãoo conjunto w-limite de P satisfaz: Seção6.3 O Teoremade Poincaré--Bendixon D» w(P)£ZO HW)(P) écompacto di) (P) éconexo iv) w(P) é invariante,istoé,seP E w(P) entãoa soluçãoq(t,P) E w(P) para todot. (P)v) w(P) atrai a soluçãop(t, P), istoé, lim dist. (p(t,P), v(P)) = 0. t—-tHoo Podemosenunciar umaversãoanálogapara o conjunto«-limite. Uma consequênciaimportantedoTeorema6.1é que se lim (x(t),y(t))=P, t—-too0 entãoP épontodeequilíbrio. Defato,w(P) = (P) éinvariante,oque implicaq(t,P) = P Vt. PortantoP é pontodeequilíbrio. Teorema6.2(Poincaré-Bendixon). Suponha quea semi-órbitay* (P) élimitada equew(P) nãocontémuma singularidade (pontodeequi- líbrio).Entãow(P) éumaórbitafechada. Valeumresultadoanálogopara a(P). Definição6.4. Um ciclo limite é uma órbita fechada(periódica)y contidaemw(P) (ouem«(P)) ondeP É y. Exemplo7. No sistemadoExemplo3 dasecção6.2.2oscírculosr = l comn par sãociclosw-limites,ecomn ímparsãociclos«-limites. 6.3.1. Conseqiências do teoremade Poincaré-Bendixon. SejaO umaregião(i.e.,abertoconexo)deR?, suponhaquequalquer solução que encontra df) permanece em O, isto é, se (x(to),u(to)) E 0 paraalgumto, então(x(t),u(t)) E O, Vt > to. Se O nãocontiversingularidades,entãoelacontémnecessariamente umaórbita fechada. A determinaçãode uma regiãoO coma propriedadedescrita acimanão é tarefa fácil. Vejamosum exemplofácil, construidopara ilustrar a idéia. 229 230 SistemasAutónomosnoPlano Cap.é Exemplo 8. Considerea equação u+(2ue+ul-2u+u=0 (6.20) queé equivalenteaosistema Xx=y vu=-2xX+y-2y-x. (6.921) De (6.21) obtemos d ag0 +U?)=xx+uy=(22 +y?—D)y. AgoraconsidereO = f(x,y) ER? :1<x)+y?< 3),cujafronteira 20 é constituídadedois círculos. No círculox? + y? = 1temos d aq0 +ul)=—(xº—Dyê>0. (6.22) enocírculox? +y? = 3,temos da 0 ty?) = =[x"+ 1y*<0, (6.24) Finalmente,(6.22)e(6.23)implicamqueascondiçõesdaconsequência do teoremade Poincaré-Bendixonestãosatisfeitas. Logo existeuma órbita fechada em O. Enunciamos a seguir um resultadoque garante a existênciade soluçãoperiódicapara a equaçãodeLiénard (6.18). Teorema6.3(Levinson-Smith).Suponhaquef épar,gímpar,eg(u) » Oparau > 0. Sejam Suponhaque1) G(u) — o0quandou > oco,(ii) a funçãoF tem umzeroemu=uo, F(u) <Opara0O<u< uso,F(u) émonotônica crescentepara u > uoe F(u) — c0quandou — oco.Entãoa equação (6.18)temuma única soluçãoperiódica,quenoplano defasesé uma órbitafechadacontendoa origem.Alémdissoessaórbitaéoconjunto w-limitedequalqueroutraórbita y + (0). Seção6.3 O Teoremade Poincaré-Bendixon [AdemonstraçãodesseteoremaedoTeoremadePoincaré-Bendi- xon estãonos livros mencionadosnas referênciasao final desta se- cção].Vamosutilizá-lo emalguns exemplos. Exemplo6. Para a equaçãodevan derPol u+ru(u-NDu+u=o0 temos 3 Ft) =u(G—u) > uo =V3. Critério negativode Bendixon. Seja O umaregiãosimplesmente conexadoplanoR?. Suponhaquediv(f, g) = fy+ Jy ésemprepositivo ou semprenegativoem O. Então, o sistema(6.1) não temsolução periódicacontidaemO. A demonstraçãoéfácileutiliza oteoremade Green: ffte. + ty) dxdy = / fdy —gdx (6.24) R C ondeR designaa regiãolimitada por umacurvafechadasimplesC. Suponhaque exista uma soluçãoperiódicap(t) = (x(t),y(t)) de períodoT; designandopor C a curva correspondentea q temos,pela definiçãodaintegraldelinha: z / fdy —gdx = / (fy —gx)dt = 0. (6.25) Cc 0 A hipótesede div(f,g) ter um sinal definidoem O implica numa contradiçãoentre (6.25)e fis +gy)dxdy£0. Para ilustrar o grau de sofisticaçãodas técnicas invocadasno estudoglobaldo sistema(6.1)vamosenunciarum resultadosobre existênciade singularidades,o qual serádemonstradousandoo fa- mosoteoremado pontofixo de Brouwer. “SejaK um subconjuntode R" homeomorfoà bola unitária fechadade IR"; então toda função contínua FE:K —sK tem (pelomenos)um pontofixo xy € K, i.e,, fixo) = xo”.Essoteoremaéumresultadoprofundo,quepossuevárias demonstrações,nenhuma trivial! 232 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Teorema 6.4. Seja K um subconjuntode R? homeomorfoao disco unitário fechado.SuponhaqueK tema seguintepropriedade:seuma órbitaYyencontrarK numinstantetoentãoelapermaneceemK para t>to. Então K contémpelomenosumpontodeequilíbriodosistema (6.1). Demonstração:À demonstraçãoutiliza a transformaçãodePoincaré: fixadoT > 0,paracadaP € K defina P(P)=q(T,P) temosque écontínua(vejaTeorema3.11),d(K) C K, pelahipótese doteorema,epeloteoremadeBrouwersegue-sequeexisteX E K tal queP(X) = X. O queacabamosdefazervalepara qualquerT > 0, Logo,tomandoumasucessão1, > Ocom[, — 0,temosumasucessão Xn tal que Ma=10]Rasa! (6.26) eportantoumasucessãodesoluçõesperiódicasdeperíodos1. Comoa sucessão(X,) está contidano conjuntoK, o qual é limi- tadoefechado(poiséhomeomortfoaodiscounitáriofechado),segue-se queela contémumasubsucessãoconvergente.Mudandoa notação, podemossuporqueXn — Xo. Agora, dadost en, existeum inteiro kn(t) tal que knlt)I<t< kntt)+Um e q(kndt Xn)=Xn (6.27) ondea última igualdadeseseguedofatodequea órbita q(t,Xn]) é periódicadeperíodo1. Estamosagorapreparadospara provar que p(t,Xo) = Xo, para “00 < t < oo, ou seja Xo é um ponto singular de (6.1). De fato, temos IP(t,Xo)—Xol<[g(t,Xo)—lt, Xn)]+|g(t,Xn)—Xn]+|Xn—Xol, deondesesegue,usando(6.27) Ip(t,Xo) — Xo|<|g(t,Xo)— p(t, Xn)|+ +lt = kn(t)Ta,Xn)—Xn)+|[Xn—Xo| e passandoao limite quandonº +00,segue-seo resultado. Seção6.4 Usandoo SoftwareMathematica Corolário. Se (6.1)tiver uma órbita fechadaY, entãoexisteuma sin- gularidade na regiãolimitada por Y. ste corolário,juntamente como teoremadePoincaré-Bendixon,im- plicaqueseumaregiãolimitadaO deRº contiveruma semi-órbita, então€Q)contémnecessariamenteum pontosingularde(6.1). Ao leitor interessadoem obter mais informações,sugerimosas seguintesreferências: N. Minorsky, “Nonlinear Oscillations”, D. Van Nostrand Co., Inc. (1962). J. Hale, “Ordinary Differential Equations”,Wiley-Interscience(1969). M. Hirsch andS.Smale,“DifferentialEquations,DynamicalSystems, and Linear Algebra”, Academic Press, (1974). J. Sotomayor,“LiçõesdeEquaçõesDiferenciaisOrdinárias”,Projeto Euclides, 1979. 6.4. Usando o Software Mathematica O objetivodestasecçãonãoéofereceraoleitorumtutorial deutiliza- çãodo softwareMathematica,mas mostrar,atravésde algunsexem- plos, a facilidade de uso do programa e chamar a sua atençãopara a utilidade de se ter em mãosum “colaborador”, capazde trabalhar numericamente,simbolicamenteegraficamenteeainda comprecisão e rapidez. Vamos dar exemplosde utilização dos comandosDSolve e ND- Solveutilizadospararesolverequaçõesdiferenciais.A seguiranalisa- remosa respostadadapeloprograma,etambémvamosrepresentá-la graficamenteatravésdoscomandosPlot eParametricPlot. O ComandoDSolve resolveequaçõessimbolicamenteeNDSolve resolvenumericamente. Por exemplo,para resolver x = ax, com x(0) = b, colocamos DSolvelw'[t|==a”x[t], x[t],t] e obtemosa respostana forma ([xlt] ES CHIN, 234 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Esse comandoDSolvepossui3 argumentosseparadosporvírgulas. O primeiro é a equação,ou asequações,já quepodemosincluir nesseam gumentoum sistemadeequaçõesdiferenciais,inclusiveas condições iniciais,vejaosexemplosa seguir.O segundoargumentoé a função incógnitaouasfunçõesincógnitanocasodesistemas,efinalmente,d terceiroargumentoévariável independente. Exemplos: 1.DSolvel(x'[t]==ax[t],x[0]==b!,x[t],t] ((x[t]—>6ES) 2. DSolvelx”[t] +x[t] ==0, x[t], t] Hx[t]—>C[2]Coslt]—C[1Sinlt])) 3. DSolvel(x”[t]+Sin[t] ==0,x[0]==0,x'[0]==1),x[t],t] ((x[t]—>Sin[t]) 4. DSolvel (elt] ==yít), y'[t]==- Sin[t], x[0] ==0, y[0]==1),[x[t],y[t]),t]) ((x[t]—>Sinlt],v[t]—>Coslt]))O programa trabalha com listas que são elementos entre cha- ves. No Exemplo 4 acima o primeiro argumento é uma lista com 4 elementos. As respostas também são dadas em forma de listas. O co- mando usado para se obter um determinado elemento de uma lista é o colchete duplo. Por exemplo o comando (10,15,20,25)[[2]] produz o segundo elemento da lista, no caso o 15. Um outro comando que usaremos na análise dos nossos exemplos é o %. Coloca-se s = % para designar por s o resultado imediatamente anterior. Vamos Beção6.4 Usando o Software Mathematica DSolvel Dett]==yTtJ, vt] ==-Sinlt], [0] == 0, y[0]==1),[x[t],y[t]),t] [xt] —>Sinlt], ut] —>Coslt]H am% (xlt]—>Sinlt],ylt]—>Cost] sl[1]] (xlt]—>Sinlt], ult] —>Coslt]) s[[17][[1]] xt] —>Sinkt u=s[[1]][[1]][[2]] Sin[t] v =s[[1]][[2]][[2]] Coslt] Plot[u,(t, 0,2Pi|] 23! 236 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Plotlv, (t, 0,2Pi!] 0.5 0.5 Figura6.17 ParametricPlotl(u,v),(t,0,2Pi!] Figura6.18 Vamos agora analisar uma equação não-linear. Considere, por exemplo, a equação de van der Pol x+ulx— Dx+x=0 com |t = 0.5. Vimos pelo Teorema 6.3 e Exemplo 6 que essa equação possui uma solução periódica e que sua órbita é o conjunto Ww-limite de qualquer outra órbita. Vamos utilizar o Mathematica para de- terminarmos aproximadamente essa órbita fechada e seu período. Usaremos o comando NDSolve para resolvê-la numericamente, esse comando possui os mesmos argumentos que o DSolve com algumas restrições, Temos que especificar no primeiro argumento condições iniciais que determinam a solução de maneira única e no terceiro ar gumento devemosespecificar o intervalo da variável independente. Seção 6.4 Usando o Software Mathematica X=U y=-x—0.5(xº —Dy x(0)=xo v(O)=0 NDSolvel! w[t]==ylt], y'[t]==-x[t]-0.5((x[tD2-Dylt], x[0]==3, y10]==0 ) (x,Y) (t, 0, 10]] (|x—>InterpolatingFunction/0.,10.,<>], y —>InterpolatingFunction[0.,10.,<>!) h=% [x —>InterpolatingFunction|0.,10.,<> 1], y —>InterpolatingFunction]0.,10.,<>) ul =h[[1]][[1]][1[2]] InterpolatingFunction|[0,,10.), <>] vl =h[[1]][[2]][12]] InterpolatingFunction|[0,,10,),<>] ParametricPlot[lu tt],vit), /4,0,10]] 23 238 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Figura6.19 NDSolvel( x'[t]==ylt], yº'[t]==-x[t]-0.5((x[tD”2 -Dyrt], x[0]==1, y[0]== bo (x,y),(t,0,10H ((x—>InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>], y —>InterpolatingFunction|(0.,10.),<>] k=% [x —>InterpolatingFunction|/(0.,10.),<>], y —>InterpolatingFunctionl(0.,10.:,<>] k[[1])[1] [027] InterpolatingFunction/(0.,10.),<>! uZ=% InterpolatingFunction[(0.,10.)<>] k[ 22] InterpolatingFunction/(0.,10.),<>] v2=% Seção6.4 Usandoo SoftwareMathematica 23 InterpolatingFunction/(0.,10.:,<>] ParametricPlotu2[t], v2[t]!,(t,0,10H Figura6.20 Podemos representar graficamente asduas soluções simultâne- amente no plano de fase ParametricPlot[[(ul[t],v1[t]),(u2[t],v2[t])), (t,0,10)] Vemos que a solução periódica possui condição inicial xopróximo] de 2. Vamosresolver para Xy = 2. NDSolvel( wIt]==yltJ, vt] ==«x[t]-0.5(Gx[t]"2 «Dyftl, x[0]==2, 240 SistemasAutônomosnoPlano Capé y[0]== b (x,y), ft, 0,10]] [x —>InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>], y —>InterpolatingFunction|(0.,10.),<>]) 1=% ([x —>InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>], y —>InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>]H u3=1[1]][[1]][127] InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>] v3=I[[1]][[2]][12]] InterpolatingFunction|(0.,10.),<>] ParametricPlotal(u3[t],v3[t]),(t,0,10]] Vamos analisar numericamente essegráfico nas vizinhanças do ponto(2,0), Plotamoso gráficodevs(t) Plot[v3[t], (4,0, 10]] Beção6.4 Usandoo SoftwareMathematica 241 Figura6.23 O gráficode vs3(t)corta o eixo t para t próximo de 6. Vamos ampliar essaregião considerandoo gráfico somentepara 6.2<t<6.4 Plot[v83[t],(t,6.2,6.4]] 0.4 0.3 0.2| 0.1| 6.95 6.3 6.35 SG4 Figura6.24 A seguirvamoscalculara raiz dev3(t) commaiorprecisão,eo pontoemquea solução(us(t), v3(t)) volta a cruzar o eixo-u. Para isso construímos uma lista com valores entre 6.35 e 6.4 e calculamos os valores de us(t) e vs/t) nos valores da lista. Table[6.35+0.01n, (n, 0,5]] 16.35,6.36,6.37,6.38,6.397,64) g=9% 16.35,6.36,6.37,6.38,6.39,64)] vg] 242 SistemasAutônomosnoPlano Cap.€ (0.0596495,0.0388912,0.0184385,—0.00171059, —0.0215587,—0.0411083) u3lg] (2.00153, 2.00202, 2.00231, 2.00239, 2.00227, 2.00196) temos portanto que v3(t) corta o eixo para t entre 6.37 e 6.38 e a solução(us3(t),v3(t)) cortao eixo-upróximoa 2.00239. Ao leitor interessado em obter informações gerais sobre o sof tware Mathematica, sugerimos o livro: T.W. Gray e J. Glynn, “The Beginner's Guide to Mathematica”, Version 2, Addison-Wesley Publ Co. (1992). 6.5. Exercícios 1. Localizeeclassifiqueospontosdeequilíbriodosseguintessistemas Esboceo plano defaseemtorno dospontosdeequilíbrio. (Xx=x—5 (X=-(4 THOM (a)4ET(U=X—U U=2x—4%y =-4x42 k=%-adE todPOROD U=35x—2Zy U=x+Hy—Zxy [ =x — X= ge”(od* E of, airU=Xx+Y y=1—x 2. Acheuma integral primeira para o sistema(a)acima,isto é,deter mineumafunçãoV(x,uy)tal queassoluçõesdosistema(a)“moram nascurvasdeníveisdeV, V(x(t),u(t)) = c, Vt. (Sugestão:Procure V da forma: V(x,y) = ax? + bxy + cy?). 3. Transforme a equaçãodo osciladorharmônico mx + ux+ kx =0 num sistemano planode fases (x,y), e estudeos tipos de singular dadesque ocorrem,conectando-ascomas noçõesde amortecimento forte, crítico e oscilatório, Seção6.5 Exercícios 243 4. O sistema = AMU dg sã v? é conhecidocomosela do macaco. Mostre que V(x,y) = XX—3xy? é umaintegralprimeirapara o sistemae esboceo planodefaseem tornoda origem. 5. Compareosplanosdefasedossistemas e ) 2U=-—x U=—x". ' otm ambos temos Ras. 6. Se f,g:Rº? > Rº, declasseC!, sãotais que (f(x), g(x) =0 VxeR? ex = f(x) temumaórbitafechada,mostrequeg temum zero. t. Mostre queas equaçõesabaixotêm soluçãoperiódica (o) di-(l- ui =Ô (b) u+(u?-2Mutu+senu=0 8. Mostrequeo sistemaabaixotemumasoluçãoperiódica: x=uytxixX+y—-9) y=-x+ylx+y?—9). (Nestecaso,pode-seresolverexplicitamenteo sistemae determinar essasolução;use coordenadaspolares). 4. Mostre queo sistema R=>y+xtt/rg=x+ytt/r(B=02+92) temsoluçõesperiódicas,correspondendoaoszerosde f(r). Determino essassoluçõesnoscasosabaixoe discuta a estabilidadedoscielos:(4) tr) = (r= Nro Nr=-3 GD flv) = (r=4) [1º = 8r 415) 244 SistemasAutônomosnoPlano Cap.& 10. Determine regiõesonde os sistemas abaixo não têm soluções periódicas o Vo 2x —xy"+y” U= +y+y” =x) +y—yx 6.6. Aplicações 6.6.1 O Pêndulo À equaçãoque representao problemadas oscilaçõesde um pêndulo simpleslivresemamortecimento,deduzidanasecção4.5,éaseguinte m£ô+mg sen6=0, (6.20) ondem é a massafixadana extremidadeinferior do fio de compri mentoº, e Oé a coordenadaangularcontadaa partir daverticalno sentidoanti-horário, comoindica a figura a seguir: R caio x> 9mgsen 0 T a mgcos6 mgvy Figura6.25 À equação(6.28)nãoé linear. Se,porum lado,essefatodificultu a resoluçãoda equação,por outro, foi um notávelestímulopara ode senvolvimentodetécnicasnãolineares,comoveremosnestecapítulo Uma linearizaçãoda equação(6.28)podeser conseguida,submti tuindo-sesenOpor O,o quenecesssariamenterestringe sua aplicahi lidadeaocasodepequenasoscilaçõesO.A equação(6.28)setorna 0+50=0, (6.920) Beção6.6 Aplicações 245 queé,entãoum modelomatemáticopara representaro fenômenodas pequenasoscilaçõesdopêndulo.A equação(6.29)édotipodooscilador harmônicosimplesestudadona secção4.5. Sua soluçãoé: 9(t) = À cos(wt—db), (6.30) equediz queasoscilaçõessãoperiódicasdeamplitudeA efregiiência circularw = ,/9/t. [Afregiiênciacircular éumaexpressãobastante usadaerepresentaonúmerodeoscilaçõesem271unidadesdetempo; lembreque a fregiência, comovimos na secção4.5, é o número de vscilaçõespor unidade de tempo,a qual seria pois w/271]. Assim o períododasoscilaçõesé lT= mé ; (6.31) mostrandoqueo períodoé o mesmo,qualquerquesejaa amplitude. Esse fato é conhecidocomoa lei do isocronismodas pequenasos- vilações,supostamentedescobertapor Galileu observandoas oscila- (0esdos lustres da catedraldePisa... A fórmula (6.31)nos diz queo pênduloquebateo segundo,isto é, aquelecujoperíodoé 2 segundos, temcomprimentoaproximadamenteiguala 1metro. À linearizaçãoimpostaà equação(6.28)é muito forte. Seria de- sejáveltratar o problemaemsua forma nãolinear original, possibili- tandoo estudodegrandesoscilaçõese atémesmoo casodepêndulos realizandorotaçõescompletasemtornodopontodesuspensão0. E issoé o quefaremosa seguir.começandoemi) abaixocomo estudo dasoscilaçõesdopêndulonoplanodefaseseprosseguindoem11)com 9estudodoperíododo pêndulopara grandesoscilações. |) O estudo das oscilações do pêndulo no plano de fases. Mostrare- mos,inicialmente, que o estudoda equação(6.28)do movimentodo pêndulo,queagoraescrevemoscomo: d+ w? senO =0 (6.32) podeser reduzidoà consideraçãode uma equaçãodiferencial de 1º ordem: equação(6.34)abaixo. De fato, multiplicando-sea equação 246 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 (6.32)por Oobtemos: O | Ea d2 o À Mendo Bo q:00+ w“(sen0)0 =0 > 3 qu68) W a “08O 0, (6.98) deondese segue Ja-02(t)—w?cos0(t)=c. (6.94)2 ondea constantec podeser obtida a partir de valores de O e O em umdadoinstanteto. Temos,assim,quetodasolução0(t) de(6.34) é tambémsoluçãode(6.34),comc escolhidoadequadamente.A re cíprocaé quaseverdadeira: se O(t) for soluçãode (6.34),então,poi derivação,obtemosa equaçãoem (6.33),a qual implica que O(t) e soluçãode(6.32)ouO= O.Nesteúltimocaso,segue-seque0(t) 0, = constante,a qual só será soluçãode (6.32)casoO, = ky7r,k 0,+1,.... Observe, entretanto, que para qualquer constante 94, 0(t) — 04é soluçãode (6.34)comc = —w? cos01. Conclusão as soluçõesnão constantesde (6.32)e (6.34)são as mesmas,e, como já sabemosqueasúnicassoluçõesconstantesde(6.32)são0(t) = km, k = 0,+1,..., o nossoestudode(6.32)sereduzaoestudode(6.94) As soluçõesconstantescorrespondemao pênduloparado. Quando| é par,o pênduloestáparadoemsua posiçãomais baixa,essaposição é estável.Quandok é ímpar,o pênduloestáparadoemsuaposição mais alta e essaposiçãoé instável. Um parêntesis: A equação(6.34) tem um significado físico. Eco lhendoopotencialmgy, ondey éa ordenadadamassam, temosque a energiado movimentoé ]Es 5mu 92—mgt cos0, e assima equação(6.34)expressaa lei da conservaçãoda energia, No planodefases(0,v), a equação(6.32)setransformanosis tema = ) (6.46)V w* sendb, Seção6.6 Aplicações 247 e portanto,a equação(6.34)setorna La —w? cos0=c. (6.36)2 À primeiraequaçãoem(6.35)seráimportanteparadar o sentidoem quea curvaépercorridaquandot varia. Observemos, inicialmente, que a constante c não pode ser ar- bitrária. De fato,segue-sede(6.36)quec > —w?,poisdeoutromodo: svi<w? cosO —w? — w?(cos O—1)<0 vqueimplicav = 0eO= ky7,quesãoassoluçõesconstantesde(6.32) já conhecidas. Se —-w?< c< w”, então,segue-sede (6.36)que c—w? cosb<c > cos0>— e a —7W mostrandoque,para cadacurvasoluçãode(6.36),Ovaria num inter- valo Zkr —Do<0<2kr + do O<0o= arecos(—=3) LM, Observandoque,nospontosextremosO= 2km+ 09, a equação(6.36) implicav = 0,concluímosque,nestecaso,ascurvassoluçõesde(6.36) shofechadas,tendoo aspectode elípses. Fisicamente,isso corres- pondeàoscilaçãodopênduloemtornodaposiçãodeequilíbrioestável; 4fenômenopoderiacomeçarcomodeslocamentodopênduloparauma posiçãoO,0O<O< 7, e aí serabandonado. Se w? < c, então,segue-sede (6.36)quev nunca se anula, pois wº cos +c>-—-w? + w? = 0. Logo (6.36)representaduas curvas limitadas v(9)=+/2(w?cos9+c) definidaspara -o0o< 0 < oo. Fisicamente,issocorresponderiaa um movimentode rotação da massa em torno do ponto de suspensão,à fenômenopoderiaser originadopor uma grandevelocidadeinicial 248 SistemasAutônomosnoPlano Cap.é Finalmente, se c = w”?,então (6.36)nos dá v2 — 4w? cos?: que defineduas curvasdo tipo senóide,chamadasseparatrizese in dicadasna figura 6.26comum traço mais forte. Observeque essas curvaspassamatravésdas soluçõesconstantesO= (2k + 1)7, o que é uma indicaçãode que a curva inteira não é soluçãode (6.32). (Po quê?).De fato,mostraremosa seguirque (0) = 240cos 5 —n<0<a defineumasoluçãode(6.32)paratodot. [Umargumentosemelhante é válidopara outrosintervalos(2k — l)jx < 6 < (2k+ 1)7, e para v(9) = —2w cos5]. Para ver isso, basta observar que, sendoO 2w cos(0/2),otemponecessárioparaa massam ir daposiçãoO=U à posiçãoO= 7 é Tr do 1 T/2 / ot = | secOdO = +oo. o 2Wcos 5 QU Jo 11)O períododopêndulonasgrandesoscilações.Suponhamosquenº instantet = Oo pênduloédeslocadodeumângulo065,—-x<09< 0 eaí é abandonado,começandoassimomovimento.Logo9(0) = Og 9(0) = O,e consequentementea constantec = —w? cos0o. Assim. (6.34)se escrevecomo 02 ==2w“(cos O —cos0) (6.97) Beção6.6 Aplicações 249 de onde podemosconcluir o seguinte: a) cos0>zcos0o,ou seja Do<0<—00, Db)quando0 = —0,, entãoO= 0, c) omovimentodo pênduloéperiódicocomamplitude|909|.A equação(6.37)éseparável “ podeser escrita como do V2(cos8 —cosDo) aqualéválidaenquantoÔfor > 0, isto é,para00< O< —B,. Logo, integrando(6.37) obtemos 0 / ia = pt. (6.38) o «/2(cos8 —cosDo) À expressãono 1º membrode (6.38)é uma integral elíptica. Vamos levá-la a uma forma mais conhecida. Inicialmente usamos a identi- dade 8 9cos8 —cosdo —2 sen? Y —sen?5) ea seguir,introduzindo a variável definidapor 0 0sen(b sen= = 805) —T<6<5 o obtemosa partir de (6.38): b / o = UA, k = |sendo (6.39) 0 V | —-k2sen?| 2 À função bp dd Elk,d)=/ (6.40)0 V 1—-k2sen?& échamadaa integral elípticade 1º ordem(formadeLegendre).Para calcularo períododopêndulo,usamos(6.39)comt = 1/4e b = 7/2: T/2T=5) pisa. (6.41) wWlo vVI-k2sen?b À integralem(6.39)nãopodeserescritaemtermosdefunçõeselemen- tares[cf.parteHijabaixo],maspodemoscalculá-laaproximadamente, 250 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 usando o desenvolvimento binomial: ] ] JadpoirgE sen?p + —k sen?p+2VI —kêsen?o 1 ds (6.49) Fa 6kº senºp+.. Logo,para obterT integramosa sériedepotênciasem(6.42): air on/1V. [Ps pitaT=2l2+2(3) A+T(za)Kires) E oa e daí El AV TIE Pra = sen O), (6.44) queé a expressãocorretapara o períododo pêndulo,mostrandosun dependênciada amplitude. Vemos, pois, que mesmopara peque nas oscilações,o isocronismoé apenasaproximado: compare(6.31) e (6.43).Assim, a expressão f ] 2 00 T= mé ' + 4 sen 2] (6.44) é uma melhor aproximaçãoque (6.31);o erro percentualentre toma! (6.31)ou (6.44)é I=tg 1 2 00 t=> — To = 274| -TA 3 sen? 7º onde o je. que,para Oo= 2º, dá 0,000076147.Esse erroédesprezívelnas medi dascorrentes,massetornaimportantenasmedidasdeprecisão,como na determinaçãode g. Um tal erro acumuladono decorrerde 1din = 86400segundosdá 6,58segundos,que é um atrazo inadimissivel para um bom(D... Wi) Integrais e funções elípticas. O leitor que viu a função (6.40) pelaprimeira vezdeveter se perguntadopor quea chamamelíptica Seção6.6 Aplicações 251 Para satisfazeressacuriosidadevamoscontarum pequenotrechode HistóriadeMatemática.Integraisdotipo(6.40)apareceramdurante o séculoXVIII em problemasde determinaçãodo comprimentode . algumascurvas. Em particular, no problemaderetificaçãoda elípse, lretificarumacurvasignificaessencialmenteacharseucomprimento], daí o nomequeessasintegrais receberam.Vejamosqual é a integral queobtemosno casoda retificaçãoda elípse: x=a sen6 y=-b cos0, 0O<0<27, a>b. CANANa Figura6.27 O vetor tangenteà elípseemcadapontoé t(0) — (acos0,bsen0) cujomóduloé rE6)| = Va? cos20+b2sen20= Va? —(a2—b2)sen20, edaí,lembrandoque(a?—b?)/a? = e?,ondeeéa excentricidadeda elípse,obtemos t(0)| = av —e2sen26. Logo,o comprimentodearcoda elípseentre O—De Oé O 9 / It(0)|dO= a[ V1 —e2sen26do, O O edaí, o comprimentoda elípseé 252 SistemasAutônomosnoPlano Cap+ A integral 4 E(k,b) = [ V1 —k2sen?pdá (6.40 O é chamadaintegralelíptica de 2º ordem(formadeLegendre). Integrais dotipo (6.40)e (6.45)forammuito estudadasdurante+ séculoXVIII, particularmentepor Legendre. Entretanto, os resulta dosmaisprofundosforamconseguidosporAbel eJacobi, nocomeçod' séculoXIX. Antes de explicar o que essesdois grandesmatemálivm fizeram, vamos escrever (6.40) e (6.45)na chamada forma de Jacoli usandoa mudançadevariável sen Pp= x; assim (6.40)setorna (6,40- | dx db V(1—x2)(1—k2x2) queéconhecidacomointegralelípticade1ºordemnaformadeJaco e (6.45)setorna 1—kHeê 1(k,x) - | a dx (6.40A1-sg conhecidacomointegral elíptica de2º ordemna forma de Jacobi.& constanteO < k < 1 é 0 móduloda integral elíptica. Quandow limitesdeintegraçãosão& = 7/2 ex = 1,dizemosqueas integra sãocompletas. Abel fez a seguinteobservação:nocasoextremok = 0,ambasnº integraiselípticasem(6.45)e (6.46)setornam * dx .— = arcsenx, 0 1—x2 eoestudodafunçãoinversaarco-senoébastantefacilitadopelacom sideraçãoda funçãoseno.Assim, ele sepropôsa estudaras inversa» de Fj e E,. Introduz-se a função pp= amu queédefinidapor p A" do 1 -k?sen* | À seguirsedefinemasfunçõeselípticas: snu =sen(amu), cnu = cos(amu), dnu=V1-k2sniu. I'ma série de propriedadesdas funçõeselípticas decorre imediata- menteda definição. E o mais fascinante é que as funçõeselípticas tomo seu“7”. Observeque = dx 2 o VI —x? sque27 é o períododo senoe do cosseno.Agora, seja dx na / 01-51—kK%2?) intão, pode-seprovar quesnu ecnu sãofunçõesperiódicasdeperío- do4K. Abelnão ficouaí. A teoriadasfunçõescomplexasnaquelaépoca tomavaforma nas mãos de Cauchy. Assim, informado da teoria de Unuchy,eleestendeusnu ecnu paravalorescomplexosdeu eprovou queelas eram funçõesmeromorfasduplamenteperiódicas. Vários dosresultadosdeAbel foramobtidosindependentementepor Jacobi. Na segundametadedo séculoXIX, Weierstrass e Hermite fizeram rontribuiçõesmarcantesà teoriadas funçõeselípticas.A teoriadas funçõeselípticas ocupahoje um lugar de destaqueem Matemática, »constitueum belo exemplode uma teoria quesurgiu de problemas práticos. Em virtude de suas aplicações,as funçõeselípticas estão inbeladasparaváriosvaloresdek edex. Cf.,porexemplo,E. Jahnke, |. Emde,F. Lósch, “Tablesof Higher Functions”,McGraw Hill Book Vompany,New York (1960). As funçõeselípticas aparecemem outros problemasaplicados, romopor exemplo,emfenômenosdecapilaridade,emproblemasde freiosmecânicos,no problemada forma da cordade saltar e no pro- blemadaelástica(acurvaassumidaporumestruturaretilínea sujeita 4 forçascompressivas).Ao leitor interessado,recomendamoso livro deH.W.ReddickeF.H.Miller,“AdvancedMathematicsforEngineers”, John Wiley & Sons, New York (1960). 259 254 SistemasAutônomosnoPlano Cap+ iv) Pêndulo livre com amortecimento. À equaçãodiferencial para« movimento do pêndulo simples com amortecimento e sem a açãod forçasexternasé: à+uô+w?send=0, (6.41 ondesupomosaforçaresistivaproporcionalàvelocidade.Pode-setra tar demodoanálogoocasodeforçaresistivaproporcionalaoquadrnd: da velocidade.A equação(6.47)é equivalenteaosistemano planod: fases: o (6.40v=-—uv— wº sen0. As singularidadesde (6.48)são (kr,,0), k = 0,+1,+2,.... Vamu determinara naturezadessassingularidades.Primeiramente,con! deremosa origem;o sistemalinear correspondentea (6.48)é E=Y% vV=-w"0 —pv. Osvaloresprópriossãodadospor A =0 6 M+y4wê=0—w? e e u , cujodiscriminanteé A = yu—4w. Assim teremos: (1) Seu > 2w, osvaloresprópriossãoreais, distintose negativos o queimplica quea origemé um pontonodal estávelpara o sistem linear (6.49)e, consequentemente,para o sistema não linear (6 4h também. (ii) Set = 2w,os valoresprópriossãoreaisnegativoseiguais. Lp a origemé um pontonodalpara o sistemalinear (6.49).E nestecnmu podemosapenasafirmar que a origemé um ponto nodal ou espia! para o sistemanãolinear (6.48). (ii) Seg < 2w, os valores próprios são complexoscom parte rea! negativa. Logo,a origemé um pontoespiral para ambosos sistem» (6.49)e (6.45), Beção6.6 Aplicações 25! Paraestudaras outras singularidades,desenvolvemossenOemsérie deTaylor na vizinhança de kr: senO= (—1)*(0—kr) + f(0) ondef(0) —o(0 —kr). Logo(6.48)seescrevecomo Ô=v v=—w*(—)*(O —kr) —uv+T(0) odaíosvaloresprópriossãodadospor —A ] o 2 e o“E -A-s =0 6 NM++(-1)'wé=0, cujodiscriminante é A=u-4(—)* w?. Logo,sek for ímpar,odiscriminanteé > O,oqueimplicaqueosdois nuto-valoressão reais e com sinais diferentes,e teremosentãoque (kr,0) épontodesela. Sek for par,o pontosingular(k7z,0)temo mesmotipoque(0,0). Vamosdescrevero espaçode configuraçõesno casode u < 2w. Su- ponhaqueomovimentoseinicia emO= Ocomumacertavelocidade vi > 0. (a) Se essa velocidadev; não for muito grande, o pêndulo sobeaté uma certaamplitude01, ondea velocidadeé zero. Aí ele regressa,vindoatéumaamplitude02 (|92]< 01),ondeavelocidade ézero.E assimtemosum movimentooscilatórioamortecido.(b)Se o pêndulopartir de A comvelocidadeinicial vz grande,o pêndulosobe eaopassarpela posiçãomais alta (B) ainda temvelocidadepositiva. Assim,o pêndulovematéa posiçãoO = 271,ondechegacomveloci- dadepositiva. Caso esta última velocidadeseja grande, repete-seo fenômeno;casoseja pequenateremosa situaçãodescritaem(a). (c) O quedelimita“velocidadegrande”de“velocidadepequena”éa velo- cidadecrítica vc, assimdefinida: casoaopênduloseja impressaessa velocidadena posiçãomais baixa, ele seaproximará assintoticamente (1,e.,quando | +009)da posiçãomais alta semnunca a atingir. 256 SistemasAutônomosnoPlano Cap.é +Uy dn E" da —+2 b » q Y 1 sx a A z 1 Ts 19 a—2K =, O 9 T Xa a - w = a Pêndulo com Amortecimento Figura6.28 v) Sistemas hamiltonianos com um grau de liberdade. Ao estudar movimentodo pêndulolivre semamortecimento,equação(6.28)ou1 sistema(6.35),a expressão(6.36) 1 —vº — q? cos OZ desempenhouum papelmuito importante.Essa expressão(6.36),que designamospor H(0,v), chama-sehamiltonianado sistema(6.4) Observeque (6.35)podese escrevercomo 0=H, v=-He, (6.50) queé um sistemahamiltoniano comum grau de liberdade.Sistemas hamiltonianoscommaisgraus de liberdadeaparecemna formulação lagrangianada MecânicaClássica. Vamos generalizar, ligeiramente, a situação acima. Dado um sistemaautonômo de= fi) U = q(%, 1), (6.51) umafunçãoH:R? > R declasseC! éumaintegralprimeira de(6.51) seas órbitasde (6.51)sãocurvasdenível de H : H(x,y) = c. Um ponto (x,1/] é crítico para H se HE+H$=0, Beção6.6 Aplicações Pelo teorema das funções implícitas, as curvas, definidas por Hix,y) = c nos pontos não críticos, são regulares e, consequen- temente,soluçõesdosistema(6.51).Observequeumacurvadenível deH podeconterváriasórbitas,secontiverpontoscríticos. Um sistema (6.51) é exato se fx+gy=0. (6.52) Proposição. Todosistemaexatotemuma integralprimeira H coma propriedade |Nestecaso,a integral H chama-sea hamiltoniana do sistema]. Demonstração:A expressão(6.52)diz queo campovetorial (—g,f) é fechado. Logo pela Proposição 3.15 da secção3.3, esse campoé gradiente;sejaH(x,y) seupotencial.Então,temos(6.53). 6.6.2 O Modelo Predador-Presa de Volterra para a Dinâmica de DuasPopulações Sejamx(t) a populaçãodepresasey(t) a populaçãodepredadores. Suponha que os meios de subsistênciapara as presas são ilimita- dose queseucrescimentonãoteria nenhumfator inibidor,nãofosse a presençadospredadores.Logo, casonãohouvessepredadores,a populaçãodepresascresceriadeacordocoma lei decrescimentoexpo- nencialx = ax, ondea > Oé uma constante.Entretanto, a presença dospredadoresafetaessecrescimento:supõe-sequea taxadecres- cimentoda populaçãox diminue linearmentequandoa populaçãoy numenta. Assim, temos x = (a-—by)x, (6.54) onde b > Oé uma constante. Por outro lado, supomosque os predadoresse alimentam exclusiva- mentedas presas,e que sem elas, a espéciedesapareceria. Então, sempresas,a população1 decresceriade acordocoma lei exponen- cial 1 = —cy,onde c > O é uma constante. Entretanto, a presença de presasmodificaessasituação:supõe-sequea taxa decrescimento da populaçãoy aumente linearmente quandoa populaçãox aumenta, 258 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Assim temos y =(-c+ dx)y, (6.55) onde d > Oé uma constante. Podemosjustificar a introdução dos termos —bxy e +dxy nas equaçõesde crescimentodas populaçõesx e Y do seguintemodo. O númerode encontrosentre indivíduos das duas espéciesnum inter- valo unitário de tempoé proporcionala xy: digamosquesejaigual a «xy. Esses encontrosresultam negativospara as presas;digamos que a populaçãox diminue de 2; membrospara cada n encontros. Logo,a populaçãox diminuede Bi" axy = bxy membrospor unidade de tempo. De modoanálogo,essesencontros resultam benéficospara os predadores;digamosque a população1 aumentade [22membrospara cadan encontros.Logo,a população1 aumentade B2"da =dE XXU xy membrospor unidadede tempo. O coeficienteb mede a suscepli bilidade da espéciex às açõespredatórias,e o coeficiented medea habilidadepredatóriada espécieuy. Vamosestudar as soluções(órbitas)de (6.54)-(6.55)no plano (x,y). Inicialmente vemos que há duas singularidades: (0,0) « (c/d,a/b). Essespontossãoaspopulaçõesdeequilíbrio. E o campo vetorialdadopelossegundosmembrosdasequaçõestemo aspectodn figura abaixo yt gi < < A | a/b TJPI4S | Y cs w —» > - ”c/d X Figura 6.29 Seção6.6 Aplicações 259 Para determinaranaturezadessassingularidades,utilizemosas aproximaçõeslineares.No casode (0,0), o sistemalinear correspon- denteé = (IX YU= —cy oquemostraquea origeméumpontodesela.Para a outrasingula- ridade,fazemosa mudançadevariáveis U=X c V=UYU- e obtemos o sistema u=p(u+O) v=a(v+8)u cujaparte linear é be adLU=-—v V=—uU. (6.56d b Segue-sepois,que (c/d,a/b) é um centropara o sistemalinear,e consequentementeseria um centro ou um ponto espiral para o sis- temanão linear. Mostraremosmais abaixoquesetrata realmentede um centro. As equações(6.56)podemser integradase conduzemàs expressões ad?u?+b2cv*= kº quesãoelípsescomcentroem(c/d, a/b). Portanto,emumaprimeira aproximação,as órbitas de (6.54)-(6.55)têm a forma de elípsesna vizinhançadopontosingular (c/d,a/b). Para obter as órbitas do sistema (6.54)-(6.55),vamos escrevê-lo naforma deuma equaçãoseparávelno plano (x,y): E ta ET y x a qual podeser integrada imediatamente altny —by = —cênx+ dx + tn K ou seja yte PU = Kx Cedx (6.57) 260 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 ondea constanteK podeserobtidaemfunçãodedadosiniciais Xo,Vo: K =yox£e"Ure, (6.58) Nem vy,nem x podemser explicitadosemtermosde funçõeselemen- taresna equação(6.57).Para seterumaidéiadacurvarepresentada por(6.57),vamosusarummétodográficodevidoaVolterra.Seguimos a apresentaçãodeG.F.Simmons.Introduzimosduasnovasvariáveis z=y"e "ls p=kx elx (6.59) e traçamosseusgráficosnos quadrantes(y,Z) e (x,w) da figura abaixo. z 1ºAs. a E ac id aÊ jaa / »/ N N - a As RE ETTA ja U " Ea a a à / N LB; B; >Baq+0 0 Figura6.30 Fazemos as seguintes observações: (1) A funçãoztemummáximono pontoy = a/be aí Zmaz= (a/be)" (1) A função w tem um mínimo no ponto x = c/d e aí Win K(de/c)º. (Wi) Afirmamos que Win “Zmax- De fato, usando (6.58)obtemos dxoE o dn =-b WUminSKXo Ç o Uoe EMC as (iv) Se a órbita é diferenteda soluçãode equilíbrio, uma das des gualdades acima é estrita. Seção6.6 Aplicações 261 À seguinteconstruçãográfica mostra que a órbita é uma curva fechada: (1) ChamemosdeWa curvaw(x), Zacurvaz(y)eLareta bissetriz doquadrante(Z,w), istoé,ográficoda funçãoZ= w. (1i) PelopontoA; da curvaW traçamosumaparalelaaosemi-eixo x até encontrar a reta L, em As. Daí uma paralela ao semi-eixoy atéencontrara curvaZ emdoispontosAs e Ag. Às retasparalelas aosemi-eixox passandopor As e Aq interseccionama reta passando por Ay e paralela ao semi-eixoy emdois pontosO; e Q». Esses dois pontossãoospontosextremosda órbitana direçãouy. (ui) Pelo pontoB; da curvaZ traçamosumaparalela aosemi-eixoU atéencontrara reta L, emB>. Daí umaparalelaaosemi-eixox até encontrar a curva W em dois pontos Bs e Bá. As retas paralelas ao semi-eixoy passandopor B3e Bginterseccionama reta passandopor B1e paralela ao semi-eixox em dois pontos P;,e P>. Esses pontossão osextremosda órbita na direçãox. (iv) Para obter outros pontos da órbita, começamoscom qualquer pontoCj na reta L entre Az e Bs, e procedendocomoem (ii) ou (iii) obtemosquatro pontosda órbita. Conclusão. As populaçõesdepredadorese presasoscilamperiodica- mente. Observe que a curva não é necessariamentesimétrica com relaçãoao eixo x = c/d ou ao eixoy = a/b. Assim o espaçode configuraçõestem o aspectoindicadona figura abaixo y *v Figura6.31 262 SistemasAutônomosnoPlano Cap.6 Períodos dos ciclos. Vamosobter essesperíodospara situaçõesde pequenasflutuaçõesem torno da singularidade(c/d,a/b). Como vimos acima,os ciclossãoaproximadamenteelípses. Vamos,porém, escrevê-lasemcoordenadasparamétricas.As equações(6.56)nosdão: úit+tacu=0 e vV+Hacv=0, quesãoequaçõesdotipo doosciladorharmônicoestudadasna secção 4.5. Logo,a soluçãoda primeira equaçãopodeser expressacomo u(t) = Lcos(vVact+«) (6.60) onde L e x são constantes. Daí: vit) = Lsen(Vact+ «). (6.61) Logo, o período independeda amplitude L (desdeque ela não sejn “orande”)e é igual a 27 ac que é a lei do isocronismodas pequenasflutuações. Comose vê à períododependeapenasdastaxasdecrescimentodaspopulações.In troduzimos,agora,a noçãode meia-vidade uma espécie,cujocresci mentoé regidopela lei exponencial.Suponhaqueas populaçõesx(t) e y(t) sãodadaspor + (6.62) x(t)=xoe'! e vy(t)=vyoe“+. lntão, as meias-vidas ty e tz são definidas como as soluções das equações 2xo=x0e"" e yo/2=uyoe** ou seja tn 2 tn2 (4 - 6 t=—; q C Portanto,o período | dociclopodeser dadapela expressão inv tt»| vt * = 9 06vtto. nd Seção6.6 Aplicações 265 Populações Médias. As equações(6.54)e (6.55)podemser escritas nas formasabaixo d dagTX) a— by ar! ny) c + dx Integrandoessasequaçõesentredoisvaloresdet, t' et”, obtemos H 17 pn ) = a(t” —t”)— ) u(t) dt, tx(t”) ; 7 q” ni ——e(t”—t) + a x(t) dt. t' Set” —t/ = T obtemos: ] / a 1! c- | yltdt=> |, x(t)dt=E. (6.63) s O b T 0 d As expressõesnos primeiros membrosde (6.63)são as populações médiasdecadaespécie.Interpretemos(6.63). Inicialmente,temosa lei deconservaçãodaspopulaçõesmédias:essas populaçõesmédiaspermanecemconstantesseoscoeficientesdecres- cimentoa das presas,de declínio c dos predadores,de defesab das presase deagressãod dospredadorespermanecemconstantes.A se- guir, analisemoso problemadeperturbaçõesdaspopulaçõesmédias. As expressões(6.63)nosdizemque,mantidosconstantesoscoeficien- tes b e d, uma destruiçãouniformede membrosdas duas espécies beneficiaas presas. De fato, destruir predadoressignifica aumentar c e destruir presassignificadiminuir a. OsresultadosqueacabamosdedescreversãodevidosaVolterrae foramdesenvolvidospara explicarum fenômenoobservadopor D'An- cona,relativo à percentagemdepeixesdevárias espéciescapturados noAdriático, durantee apósa primeira guerramundial. O fatoobser- vadoera quea percentagemdepeixespredadoreshavia aumentado duranteaguerra. A explicaçãofoidadaporVolterra,comoargumento dequea diminuiçãoda pescano períododa guerratinha necessaria- menteque beneficiaros predadores,no sentido de que a população médiadestescresceriamais rapidamentequea populaçãomédiadas presas. 264 SistemasAutônomosno Plano Um problemasemelhanteocorreno uso de inseticidas,que ma- tam indiscriminadamenteinsetospredadorese insetospresas;e se são estesque causamdanos às plantações,o uso do inseticida pode ser negativo. 7 Sistemas de EquaçõesDiferenciais SejamO um abertodeR”, J um intervalodeR e f]x0O>5R” umafunçãocontínua.Designemospor f;(t,x),j = 1,...,n, ascoor- denadasdef(t,x), istoé, Tt, x) = (Tilt,x)so.e ofnltyxd), ondex = (x1,...,Xn) € R”. Consideremoso sistema de equações diferenciais ã X5 'g=-* >TBita, Jo ltj dt a! ) 5 o qual podeser escritodemodocompactocomo esPE ml, | (7.1) Conformevimos no final da secção3.2, temosexistênciae uni- cidadelocais de soluçãopara (7.1), se supusermosque as derivadas parciaisdef;(t,x),j = 1,...,n, emrelaçãoàsn últimasvariáveis, X1,... ,Xn, São contínuas. Os sistemaslineares que estudaremosa seguir são casosparti- cularesimportantesde(7.1). 7.1. SistemasLinearesde EquaçõesDiferenciais A formageral de um sistemade equaçõesdiferenciaislinearesé a seguinte: x(t) = A(t)x(t) +b(t) (7.2) 266 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 onde x1(t) alt) Anít) x(t) — , A(t) a , Xnlt) Anilt) Annlt) bi(t) bit) = bn(t) A(t) eb(t) estãodefinidosparat nointervalo1= (a, b) ex(t) denota a derivadaemrelaçãoat dovetorcolunax(t). Uma funçãox: 1— R” é umasoluçãodosistema(7.2)seelafor derivável,e satisfizer o sistema. | Comojá vimosemexemplosanterioresasequaçõeslineares vt) +anoalt)yDe)+=.+ (ty) +ao(t)ult)=f(t) podemserconsideradascomocasosparticularesdesistemas.Fazendo x1(t)=v(t),e Xi =%a fa = 43 Xn = —Qn-1Xn—+ —quxz—doxy+ f(t) obtemosum sistemadeequaçõesdiferenciaislinearesda forma(7.2), onde Ô ] Ô Õ 0 O Ô Õ 0 )( Ô 0 ] f(t) “o O OS? ca —OaA- A solução desse sistema fornece a solução x(t), cuja primeira componentex,[t] é a soluçãoda equaçãolinear. Seção 7.1 Sistemas Lineares de Equações Diferenciais 267 Osproblemasbásicosnoestudodesistemaslinearessãoanálogos aosjá estudadosnas equaçõeslinearesdeprimeira e segundaordem, ou seja,obtera soluçãogeral para (7.2)e obtera soluçãodoproblema devalor inicial x(t) = Al(t)x(t) +b(t); x(to) = xo€ R”. (7.3) Vamossupordurantetodoestecapítulo,queas funçõesa;;(t), 1,) = 1,2,...,n1, quecompõemamatrizA(t),easbi(t), 1=1,...;,n, sãofunçõescontínuasdet numintervalo I. Comessasuposição,temos existênciaeunicidadedesoluçãopara(7.3),eaindamais,assoluções estãodefinidasno mesmointervalo I (vejaCapítulo 3). Quando b(t) = 0, dizemosqueo sistema(7.2)é homogêneo Hit) = Alt). (7.4) QuandoA(t) = A, nãodependedet, dizemosqueosistema(7.2) tem os coeficientesconstantes x(t) = Ax(t) + b(t). (7.5) Na próxima subsecçãoestudaremosas propriedadesdos siste- mas lineares na sua forma geral (7.2). Nas sub-secções7.1.2e 7.1.3 estudaremosos sistemascomcoeficientesconstantes(7.5). Para es- tesúltimos,podemosdesenvolvertécnicasparaaobtençãodesoluções explícitas. 7.1.1 Definiçõese propriedades Estudaremos primeiramente algumas propriedadesimportantes do sistemahomogêneo(7.4),e em seguida,deduziremosa Fórmula de Variaçãodas Constantes,queforneceassoluçõesdoproblemadevalor inicial (7.3). Teorema7.1.O conjuntodas soluçõesde(7.4)éumsubespaçovetorial doespaçoC(I, R”), dasfunçõescontínuasdefinidasemI, dedimensão A. Demonstração:Já sabemosquetodasas soluçõesde(7.4)estãodefi- nidasem |, e quea combinaçãolinear desoluçõesésolução,portanto, o conjunto das soluçõesde (7.4) formam um subespaçovetorial de 268 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 C(I,R”). Resta-nosdemonstrarquesua dimensãoén. Para isto,va- mos exibir uma base. Seja (e1,... ,en| a base canônica de R”. Para to € I fixado,considerea soluçãox'(t) de(7.4)tal quex!(to)= ei. Vamosmostrarque(x'J”, éumabaseparaoconjuntodesoluçõesde (7.4). De fato, D (x) c C(I,R?") é um conjuntolinearmenteindependente,o que decorredofatode(x"(to))serumabasedeR”. 2) (x!) gerao conjuntode soluções,porquesex(t) é umasolução qualquerde (7.4),temosquex(to) € IR”,eportantopodeserescrito comocombinaçãolinear da base (e1,... en) do R”, isto é, existem escalares &x1,... ,&n, tais que x(to) = «1e1 + --- Qnen. Portantoassoluçõesx(t) eax! (t) +---+anx"(t), de(7.4)coincidem no pontot = to. Logo,pela unicidadedesoluçãodevemoster x(t) = oux!(t) + --- + onx"(t), comoqueríamos provar. In Observeque as equaçõeslineares estudadasno Capítulo 2, são casosparticularesde(7.3)comn = 1.As soluçõesdessasequaçõesfo- ramobtidasatravésdafórmuladevariaçãodasconstantes,veja(2.8). Vamosprocedera seguir de maneira análoga. A idéia é generalizar T(t, to) e mostrar que podemosutilizar aqui as mesmasexpressões obtidaspara o casouni-dimensional. Considerea equaçãodiferencialmatricial X(t) = A(t)X(t) (7.6) onde X(t) é uma matrizn x n, X(t) designa a matriz cujas entradas sãoasderivadasdasfunçõesquecompõeX(t). Noladodireitode(7.6) temosa multiplicaçãodamatrizA(t) pelamatrizX(t). Observandoa equação(7.6),vemosqueX(t) é uma soluçãoda mesmase, é somentese, suas colunas são soluçõesdo sistema ho- mogêneo(74) Seção 7.1 Sistemas Lineares de Equações Diferenciais ZÉ Teorema7.2(Abel-Liouville).Se X(t) satisfaz(7.6)e to € 1,então “tr AlsjddetX(t) —detX(toje”to ' . ondetr A(s) designaotraçodeA(s), istoé,a somadoselementosda diagonaldeA(s). Emparticular,detX(t) ouénulopara todot € 1, ou ésemprediferentedezeropara qualquer t E 1. A demonstraçãodesseteoremasegueos seguintespassos,cujos detalhesdeixamosaoleitor.Chamedex !(t),... ,x"(t) ascolunasda matrizX(t), e z(t) = detX(t) = det(x!(t),... ,x"(t)). Então temosque ae- e” Ps Ss *a - on”dáz(t)=det(x!(t),...,x"(t))+---+det(x Mostreagora,usandoofatoquex!(t) = A(t)x!(t) e aspropriedades dosdeterminantes,que de=[tr ALEE O resultadosesegueresolvendoessaequaçãolinear. Definição7.1. Se X(t) satisfaz(7.6)e det(X(t) £ 0, entãodizemos queX(t) éumaMatriz Fundamental.Seaindamais,X(to) = I, onde I é a matriz identidade,dizemosqueX(t) é a Matriz Principal, queé designadaporT(t, to). Exemplo 1. Considerea equação %X=—w?x temosquesenw(t—to) ecosw(t—to) sãosoluções.O sistemalinear correspondenteé U = —tu?2x cosw(t —to) à senw(t —to) e sua Matriz Principal I(t, ta] (UU sen m(t e to) cos wl(t do to) 270 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Encerraremosessasecçãocomasseguintesimportantesproprie- dades: Propriedade1) i)Se X(t) é uma matriz fundamentale C é uma matriz constantecomdet €C+ 0,entãoX(t)C tambéméfundamental. ii) Reciprocamente,seX(t) e Y(t) sãomatrizesfundamentais,então existeumamatriz constanteC tal queY(t) = X(tJC. Demonstração:1)SeY(t) = X(t)C, temosquedetY(t) 0 e Y=XC=A(t)XC = A(t)Y portantoY(t) ématriz fundamental. 11)MostraremosprimeiramentecomocalcularE (xX(t) 1, temosque xtyx(t) !=1 para todo t. Portanto, derivando os dois lados, obtemos dxXx!+xXx (X"")= quenosfornece d (X(O) =—Xxx,TX) Considereagoraa matriz Z(t) = X!Y. Derivando,temos Z=-X xx Ivy4xy. ComoX = AX e Y = AY, temossubstituindoque Z=-XAY+X !AY=0 portantoZ =X"!Y é umamatriz constante. m Propriedade 2) Se X(t) é uma matriz fundamental,entãoa Matriz Principal é dadapor Tt, to)=X(UX(to)”. Demonstração:Segueda Propriedade1)e da unicidadedesoluçãode (7.6), pois mimbassão soluçõese coincidem para Lt= to. ” Seção7.1 SistemasLinearesdeEquaçõesDiferenciais 271 Propriedade3) Tí(t,to) = T(t,s)T(s,to), emparticular T(to,s) = T(s,to)”!. Comparecom(2.7). Demonstração:Tambémseseguedoteoremadeunicidadedesolução, poissetratam desoluçõesquecoincidempara t = s. E Com a definiçãoda Matriz Principal T(t, to), generalizamoso casounidimensionalvistonoCapítulo 2. Podemosprocederdamesma maneirapara obtermosas soluçõesdo sistemahomogêneo(7.4)e do sistemanãohomogêneo(7.3). ObservequeTí(to,t) é o fator inte- grante do sistema(7.3),deixamosao leitor completaros detalhesda Propriedade4). Propriedade 4) Dx(t) = Tít,to)xo é a soluçãode (7.4), com úita) = Ro. ii) À Fórmula deVariaçãodas Constantes, t x(t) = T(t, to)xo+ | T(t,s)b(s) ds (7.7) to fornecea soluçãodoproblemanãohomogêneo(7.3). 7.1.2 Sistemas com coeficientes constantes “onsidereo sistemalinear homogêneocomcoeficientesconstantes &= A, (7.8) ondeÀ éuma matriz n xn comentradas reais constantes,eo sistema nãohomogêneo %= Ax+ b(t). (7.9) O sistema com coeficientesconstantes(7.8), mais simples que podemosconsiderar, é o unidimensional, isto é,n = 1: X(t) = ax(t), coma € IRconstante.Vimos que,nessecaso,a soluçãogeral é dada por x(t) = eº!xo. No casode sistemascomcoeficientesconstantes, paraobtermosa soluçãogeral,podemospensaremgeneralizar0con ceitodeexponencial,demodoa incluir exponenciaisdematrizes, e veriicar se a soluçãogeral de (7.8) podeser escrita como dt) = e2'xo, xoe RP", 272 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Na próximasecção,vamosmostrar que issoé possível. Teremospor tanto condiçõesde escreverexplicitamentea solução geral, e tirar importantesconclusõesqualitativas sobresistemascomcoeficientes constantes, de ordem n. Antes disso, vamos sentir as dificuldades analisando alguns sistemasparticulares. A maioria dos exemplos que vamosconsiderar são de ordem 2, porémessa técnicapodeser utilizada demaneira análogapara sistemasdequalquer ordem. Exemplo 1. Considere o sistema | Xi =x + 2x, X2= 8x1+ x2 ou na forma matricial Es ti Êx = Ax, onde a(s | Temos,emvirtudedoTeorema7.1,queparadeterminarasolução geraldessesistema2x2,bastadeterminarduassoluçõeslinearmente independentes. Motivadospelocasounidimensional,procuremosumasoluçãona formax(t) = he?t,ondeÀ éum escalare h éumvetor.Substituindo x(t) nosistema,obtemos Ahe?t=Ahe!t. Portanto temos Ah =Ah isto é, À deve ser auto-valor de À e h auto-vetor associadoa À. Calculando os auto-valores e os auto-vetores da matriz À, em contramos, os auto-valores —3 e 5, e respectivamente, os auto-vetores (1,-2)e (1,2), portanto ] ]a (Det (De sãoasduassoluçõesLI procuradas,e xt) = cyuy +Couo Seção 7.1 Sistemas Lineares de Equações Diferenciais é a soluçãogeral do sistema. Dada uma condiçãoinicial qualquer, podemosdeterminar as constantes cy e cz, de modo que a solução x(t) satisfaçaessacondiçãoinicial. O casoqueacabamosderesolver,no qual a matriz A possuiauto- valoresreais distintos, é o mais simples. Nessecaso,os auto-vetores são linearmente independentes(justifique comoexercício)de modo que as correspondentessoluçõessão tambémreais e LI. Os demais casos,quandoos auto-valoressãocomplexosou commultiplicidades, devemser analisados commais cuidado. Essa análise, comoveremos abaixo,é análoga àquela feita para as equaçõeslineares comcoefi- cientes constantes. Quandoo auto-valorÀ écomplexo,o auto-vetorh associadotam- bémé complexo. Nesse casox(t) = he?t é uma soluçãocomplexa. Substituindona equação,vemosqueaspartesreal eimaginária dessa soluçãocomplexasão soluçõesreais do sistema. E além disso, são LI (mostrecomoexercício).Portanto, para cadaauto-valorcomplexo conseguimosduas soluçõesreais LI. ixemplo2. Considereo sistemaondea matriz À é 5 2 u(t)=(É, ) - é uma soluçãocomplexa.Suas partes real e imaginária cos t— sen L sen t+cos tun=( Je! uz=( Je Temos que — cos t — sen L são duas soluçõesLI. Observeque, nessecaso,não precisamostra- balhar como outro auto-valor,o conjugadodeÀ (porque?). Finalmente,vejamoso casoem quehá multiplicidade. Suponha que temosum auto-valorÀ (real ou complexo)commultiplicidade algébrica ma >|, comoraiz do polinômio característico. Utilizando seesseauto-valor,temosquedeterminarma soluçõesLI. O casomuito fácil,équandotemosmaauto-vetores(LN)associadosa À,vejaExem- 274 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 plo 4 abaixo,pois para cada auto-vetortemosuma soluçãoe o pro blemaestáresolvido. O número de auto-vetoresLI associadosa um auto-valor À, isto é, adimensãodoauto-espaçoassociadoaÀ,échamadodemultiplicidade geométricade À, e designadapor mg. O problemamais trabalhosoé quandoma > mg. Comopor exemplo: Exemplo 3. x = AX A=(11) A = 2éauto-valorcomma = 2eéfácilverquemg = 1.Utilizando-se desseauto-valore doauto-vetorassociada,obtemosumasolução u = (1) vt e precisamos encontrar uma outra LI com u;, e para isso teremos que utilizar uma outra técnica. onde Podemos,por exemplo,utilizar a transformada de Laplace. A transformadadeLaplace,é uma ótima ferramentapara resolversin temas lineares comcoeficientesconstantes,pois ela transforma sin temasde equaçõesdiferenciais,em sistemasalgébricosde equações lineares. Seuz(t) = (x1(t),x2(t)) é soluçãodosistemae sedenotarmos a transformada de x; por X;, obtemos aplicando a transformada, v seguintesistemalinear sX1 — X7 (0) — 3X1 lonaX2 sX2 —x2(0) = Xy + X2 ou seja (3—s)Xy—X2= =mM(0) Xt (1=s)Xp> x2(0). Seção 7.1 Sistemas Lineares de Equações Diferenciais 275 Como queremosdeterminar uma soluçãoUz tal que uj e uz sejam LI, e comou1(0) = (1,1), devemostomarumacondiçãoinicial para u2 tal que (x1(0),x2(0))e (1,1) sejamLI. Por exemplox1(0) = 0 e x2(0)= —1.Resolvendoo sistema,obtemos ] 3—srama X E6-7» “isl=o2m Portanto, usando a tabela de transformadas, Capítulo 5, e a fórmula deinversão(5.18),calculamos malt)=te?t xt)=(t— Net. X1(s)= Assim L 2tus = e=(11) e uj são Li. É usualnoscursosdeCálculoprocuraressasegundasoluçãona forma b at + 2tualt) = E (7.10)alt) + + ) As constantesa, b, c, d sãodeterminadassubstituindo-seno sistema. Exemplo4. Considereo sistemacuja matriz À é 5 -2 4 A=]l-d 3 2 4 2/5 Osauto-valoressãoAy= Ocomma = 1,eAz =9 comma = 2. Neste caso,a multiplicidade geométricadeA>étambém2. Então podemos escrevera soluçãogeral,utilizando-seoauto-vetorcorrespondenteao auto-valorAy, eosdoisauto-vetores(LI) corespondentesaoauto-valor A>.Efetuando-seoscálculos,obtemosa soluçãogeral 2 0 ] xit) ==Ci 1 + co |2 et tc É1 er a ] ] Para sintomas não homogêneos(7.9),podemosutilizar a fórmula de variação das constantes, O caso de coeficientes constantes é mais 2706 Sistemasde EquaçõesDiferenciais Cap. 7 simples. Nesse caso,o sistema(7.8)é autônomo.Precisamosdeter- minar a Matriz Principal somente para to =O, pois Tt, to) ca Tt ne to, 0). DenotandoT(t) = T(t,0), temosa fórmuladevariaçãodascon- stantes,no casode coeficientesconstantes x(t) = (to +/ T(t— s)b(s) ds (7.11) Considereo exemplo: x(t)= se T) x(t)+ (o). (7.12) Resolvendoo sistema homogêneoassociado,com condiçõesinicias (1,0) e (0,1), encontramosa Matriz Principal Exemplo 5. sets 7 et >Sets 1 et T(t) = 3t —t 153t, 1,-tSe + 5le 2€ + 5€ Podemosagoraescrevera soluçãode (7.12)utilizando-sede (7.11). 7.1.3. Exponencial de matrizes Consideremoso KR"comseuproduto interno e norma usuais, isto é, se; E [Me e = Elis ves Pal É RE então O, 0) = Ea += + Ran e xl] = (x,x). Não vamosdistinguir seovetorestáescritoemlinha ou emcoluna,e usamosindistintamenteasduasformas XE (usa 5) X = Xn da maneira que for mais convenienteem cada caso, Seção 7.1 Sistemas Lineares de Equações Diferenciais Designemospor (IN), o espaçode todososoperadoreslineares A:RP —sRP. PFixadauma basedo R”, L(IR”) podeser identificado : é j é 2comoconjuntodasmatrizesreaisn x nn,ouaindaR”. DefinimosnormadeumelementoÀ deL(IR”), pelaexpressão: À[|A||= supAxl = sup ||Ax|). (7.13)x£0Ibell Ihel=1 Para mostrar que essa expressãorealmente define uma norma no conjuntodosoperadores,L(IR”), precisamosmostrar,emprimeiro lu- gar,que||A||éfinito. Istodecorredofatoquea aplicaçãoR” > R?, x — Ax,écontínuaeque(x;||x||= 1 éumconjuntocompactoemR?. Isto tambémpodeser demonstradodiretamentecomosegue.Seja A= a ondea!... a" sãoas linhas da matriz A, portantoelementosdeR”. Comoo produtoda matriz A por x é feito multiplicandoas linhas da matrizÀ pelovetorx, temosque (a!,x) AX= (a”,x) Usando a desigualdadede Schwarz |6x,v)|<lhel|y temos que Axl =||((a1,x)5...,(an,x)| =((a,x)?+-:-+(an,x)))? <(Iay]2++=:+|lanlPP)?IX! portanto 1Axl xl bol(IarlZ ++ lanl)? vx£0 278 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 logo 2IAlI<(Ian]2+++++|lanllÊ)?. Asdemonstraçõesdasdemaispropriedadesnecessáriasparaque||À || sejauma norma 1. Aloe |All=0& A=0. 2. KkAI=IkIAI, keR 3. IA+ Bll<!||A||+|B]|(desigualdadetriangular) sãodeixadasparaoleitor.O espaçoL(IR”) munidodanormadefinida em(7.13)éum espaçonormadocompleto. Além dessaspropriedades,temos,dadefiniçãode ||A|| (7.13),que IAxI<|AIdl, Vx, e daí que IABII<I/A|| ||BII. (7.14) Consideremosagorao problemadevalor inicial matricial X(t) =AX(t) | X(0) =1 Na secçãoanterior chamamosa soluçãodesseproblema de Matriz Principal, e denotamospor T(t). ComoAX(t) é derivável,podemos provarporinduçãoqueasoluçãoT(t) de(7.15),édeclasseCW. Temos por (7.15),que (7.15) T(0)=I e T(0)=AT(0)=A. Derivandoaequação(7.15)eusandoessaigualdade,encontramosque T(0)=AT(0)=A? o namimsucessivamente,podemosmostrar que a derivada n-ésima | tn (O) AM, PorenquantonãosabemosseT(t) podeserdesenvolvidaemsérie de potências.Entretanto,gostaríamosque A 2 AN My) =I+At+= tê +cena RTt”des (7,16) Seção7.1 SistemasLinearesdeEquaçõesDiferenciais 279 Para tal, basta provar que a série em (7.16)convergeuniforme- mente. Dada uma matriz À, considere a série x —. (7.17) i=0 lt Observequea desigualdade(7.14)implica que AI<] AI] e portanto, usando a desigualdadetriangular, obtemospara p > 0, que AM AM+P IAN m! (m+)! MAS APS? “ml (m+p)! Comoa sériede e!!2Ilé convergenteemR, temosque a série (7.17)é deCauchyemL(R”) eportantoconvergente,poisL(IR”) écompleto. Definição 7.2.Dada uma matriz A, a exponencialdeÀ é definidapor A — Atexp(A)=e =2 Tº i=0 Temosentãoquea igualdade(7.16)é verdadeirae queT(t) - e2t Além disso,a convergênciada série em(7.16)é uniformepara t em qualquer intervalo. Logo,pode-sederivar (7.16)termo a termoe obter T(t)—E (A?)“AFA 4dt 2! o AZ =A IHAt+ qt +... =A ei, Segue-seda Propriedade4) que Wit] ==e“txo é a soluçãodo problemadevalor inicial Xt) = Axfté) x(0) = Xo E R” (7.18) 2B0O SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 completandoassim a analogia com o caso unidimensional. O pro- blemade efetivamentecomputara soluçãode (7.18)ainda não está concluído,pois,dadaumamatrizA, para calcularmose? atravésde (7.17)precisamosusar todasas potênciasde A. Em casosparticula- res,comopor exemplo,quandoÀ é uma matriz diagonal,nãoé difícil verificar quea exponencialdeÀ tambémé uma matriz diagonal,for- madapela exponencialdoselementosda diagonaldeA: da TD ua DB O A»... O A TOO co Mufgi et 0... 0 O eMt ... OQGR | O OD cu Em) us Quandoa matriz A é nilpotente,isto é, quandoexister > 0 e inteiro tal queA” = 0, temosquea série(7.17)se torna umasoma finita, e portanto podemosperfeitamente(se estivermosdispostos) calculartodosostermosdessasoma,obtendoassimasuaexponencial, A pergunta natural é se qualquer matriz pode ser escrita em funçãodematrizes para as quais conseguimoscalcular sua exponen- cial. Isto é possívelusandoa formacanônicadeJordan. Vamosver issoatravésdas seguintespropriedades. Propriedade 1. Se M éuma matriz inversível então eMTAM — MT eAM. ato decorredo fato que (MT'AM)!=MAIM. Propriedade 2. etA+BIt— eAteBtyt é A comuta com B. (A+B)t AtDemonstração: (->) See eBt temos derivando ambos OM lados aque — € (A +Bjo MB AçÃteBtp eMBeB! Seção7.1 SistemasLinearesde EquaçõesDiferenciais 28 derivandonovamentee fazendot = O,obtemos (A+B)?=A2+2AB+4B? queimplicaqueAB = BA. (<=) Se A comutacomB é fácil ver queX(t) = eAteBtsatisfaza equaçãodiferencialX(t) = (A + BJX(t) (verifique)coma condição inicial X(0) = I. EntãopelaunicidadedesoluçãodevemosterX(t) = e!A+BJteapropriedadeestájustificada. D Propriedade 3 (Forma Canônica de Jordan). Existe uma matriz M, demudançadebase,tal queM”! AM estána formadeJordan, isto Le, M”!AM=DiaglAs,...,Af] (7.19) ondecadablocoA;, édaforma As=MI+R, jJ=1,...9t (7.20) onde,A;éumauto-valordeÀ eR;éumamatrizdotipodaFigura7.1. 00 0...00hoo llo0010 04e | o 0 0 2. 10/a. Figura 7.1:BlocoNilpotente deJordan Para a demonstraçãoda Forma CanônicadeJordan sugerimoso livro de P.R. Halmos, “Finite-Dimensional Vector Spaces”,Van Nos- trand Reinhold Company,1958. Observações: 1. Na Forma de Jordan (7.19),o mesmoauto-valorpodese repetir emváriosblocos(7.20),istoé,A;podeserigualaAmcomj Zm. 2. O númeroÉde blocose a ordemde cadaum delesdependemda matriz À 282 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 3. É muitofácil calcularaspotênciasdamatrizR;; calculando(R;2 (façacomoexercício),vemosquea “diagonal”de 1'sescorregapara a “diagonal”imediatamenteabaixo;quandocalculamos(R;)* a “diago- nal? de 1'svai mais para baixoe assim por diante. Com uma matriz de ordemk;, temos que (RB; possui zero em todas as posições, excetona posiçãok;1, quetem1,(a diagonalde1'sestásaindofora damatriz),finalmente(R;)“i = 0,k; éoíndicedenilpotênciadeR;. DaPropriedade1,acimatemosque MT! et M o eiM TAM) , e então | et —MelM AM Mo] (7.21) logopara calcularet, bastacalcularelM AM é substituir em (7.21). Como (M"! AM)t = DiaglAst,..., Art] é formada por blocos, quandocalculamosas potênciaspara a obtençãoda exponencial,ummm ; -bloco não interfere no outro, isto é, para obter elM AMJ podemos calcular separadamentea exponencialde cadablocoAst, e montarn matrizexponencialde (M”! AM)t comessesblocosna diagonal. Temos que Ast (A;I+R;)tEP =E comoA;I comutacomk;, temospelaPropriedade2,que ENT RjDt— (A DtoRt — At oRit k;—1RZ R?Ajt Ee ) k;—1=elIi+Rt+A->DUA4A+-——— tt”2 (k;—1)! ]po t? eNit 21 t 1 (7.28) eg =] cky—2 | LÊ 1)! (k;—2)! mA Da * | ” * * r f fPortantoaexponencialefM AMIté formadaporblocosdotipo(7,22) Seção7.1 SistemasLinearesdeEquaçõesDiferenciais 2 na diagonal.Essamatrizé a matrizdee2tna basedeJordan. A relação(7.21)fornecea expressãodee“t, na baseoriginal. E ainda: 1. De (7.22),temosqueosauto-valoresda exponenciale"! sãotodos dotipoe*it,comA;auto-valordeA (mudançadebasenãoalteraauto- valor). 2. De(7.21),oselementosdee2tsãocombinaçõeslinearesdefunções do tipo tte"it, ondei está limitado pelo maior índice de nilpotência, e A; é auto-valor de A. Essa conclusãojustifica a expressão(7.10) utilizada para a determinaçãode soluçãono casode auto-valorcom é qo- dmultiplicidade. po | qualf Teorema7.3. Se x é tal queRe(A) < q, istoé, x é um númeroreal maior que a parte real de todosos auto-valores,À, da matriz À, então existeumaconstanteM tal quea soluçãox(t) de x=Ax, x(0) =X satisfaz bet)]|<Mexo]l. (7.23) tim particular, quando todosos auto-valoresda matriz A, têmparte realnegativa,podemosescolher« < 0,eportanto||x(t)||tendeazero exponencialmente,quando t — oo. Dizemos,nestecaso,quea solução nula de x = Ax éexponencialmenteassintoticamenteestável. Demonstração: Como os elementosde et são somasfinitas de ex- pressõesdotipot'ie2tex(t) = e2txo, bastaanalisarmosumdesses tormos t'etxo]|x]t]"ettAMIxo]|=[t]"elfo)0dteto] ComoRe(A)—« < 0,temosque|t|*elRtM-c)t O,quandot —00 Portantoessaexpressãoé limitadaparat € [0,00),logoexisteuma constanteM tal que(7.23)éverdadeira. a Vamos finalizar essa secçãoanalisando a transformadade Ln place da matriz exponencial, L(e”*). No casoescalar, temosque Clem O (s- a)" 284 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Analogamente,vamosmostrarque Lle*)=(sSI-A)] s>a>Re(A), (7.24) A De fato (s1=A)| eNterstar=[ (sI- AjeMe*tdt 0 0 -[ seMe-stat—| O (Ate-star0 o dt Integrandopor partes,obtemos OO =1. SO (81—A) / eterstat = —(eMes") 0 t=0 quejustifica (7.24). Comoaplicação,podemosmostrar,porexemplo,quea soluçãodo problemanãohomogêneo“ (2.OVA x= Ax+b(t), x(0) = xo édadapelafórmuladevariaçãodasconstantes t x(t) =e“'xo+[ tbm) dr. 0 De fato,aplicandoa transformadana equaçãonãohomogênea,obte- mos s£(x) —xo= AL(x) + £(b) portanto (sI— A)L(x) = xo+ £(b) o C(x)=(sI-A)! xo+(sI—AJT!£(b) —L(e"'xo) + Lle”t +b(t)]. A fórmula de variação das constantes é então obtida invertendo essa expressão, Seção 7.2 Equação Adjunta e a Alternativade Fredholm 7.2. EquaçãoAdjuntae a Alternativade Fredholm SejaA(t) umamatriz,n x n, contínua.O sistemalinear y=-A(t)v(t) ondeA(t)* denotaa matriztranspostadamatriz A(t), échamadode EquaçãoAdjunta de Z= Al (7.25) Podemostambémescrevera EquaçãoAdjunta na forma y =—yvA(t), (7.26) comy designandoum vetorlinha. Se X(t) é a Matriz Principal de (7.25),entãoY(t) = X(t) |! é a Matriz Principal de (7.26).Pois, deri- vandoy = yoX(t) !, obtemos U = —yoX'XX = —yoXT!A =-VA. Temosportantoqueassoluçõesde(7.26)sãodotipo vlt)=voY(t)=Y(t)ty. À questãoquevamosanalisar a seguiré a existênciadesoluções periódicaspara sistemas x=Altx+f(t), (7.27) ondeA(t) e f(t) sãofunçõesT-periódicas.Para o casohomogêneo, f = 0, temos Lema7.1.SeA(t) éT-periódica,entãoossistemashomogêneos(7.25) e (7.26) têm o mesmonúmero de soluçõesT-periódicas linearmente independentes. Demonstração:(7.25)temsoluçãoT-periódicanãotrivial seX([ |xy xo, para algumxo & O,isto é, se a condiçãoinicial xy pertencea Ker|X(T) — 1],e portanto dim Ker[X(T) — 1] é o númerodesoluções|-periódicas LI. 286 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Analogamente,(7.26)tem solução |-periódica não trivial, se e somente se voX(T)!- 1]=0, vozo e, portanto,o númerodesoluçõesLI é dimKer[(X(T)!—1)!=dimKer|X(T)!—1). Mas, como XT)-I=—[X(t) !—-IX(T) e dt X(T)£O0 conclui-sequeessasdimensõescoincidem. Teorema7.4(AlternativadeFredholm). O sistema(7.27)temsolução T-periódica, see somentese,a condição de ortogonalidade x / ult)f(t)dt =0 0 estásatisfeitapara toda soluçãoT-periódica de (7.26). O integrando u(t)f(t) éoprodutousualda matrizlinha y(t) pela matrizcoluna f(t). Demonstração: Uma solução x(t) é T-periódica se e somentese x(T) = x(0) = xo, logopela fórmula de variaçãodas constantes temos que » x(T) =X(Txo +X(7) / X(s) !f(s) ds =xo quepodesercolocadana forma T X(TIT—xo=/ X(s)-'f(s)ds. (7.28) Õ Temos,portanto,que (7.27)temsoluçãoT-periódica,se e somentese (7.28)temsoluçãoxo. Chamando a matriz B = [X(T)”! — 1],e usando o fato que a imagemde um operadorlinear do R”, é igual aoortogonaldo núcleo do operadoradjunto, istoé, R(B)= Ker(B!) Seção 7.2 Equação Adjunta e a Alternativade Fredholm temosque(7.28)temsolução,se e somentese E / X(s) Hs) ds E Ker(B)+, 0 isto é, A (30 / X(s) M(s)as) = 0 Vvyo€ Ker(B!) 0 queé equivalentea T T / voX(s) '(s) AE= / uls)f(s)ds =0 0 0 paratodafunçãoy(s) talque y(s)=voX(s)”!comvaX(T)T!—-T]=0. Mas entãoasfunçõesy(s) sãoassoluçõesT-periódicasde(7.26)e o teoremaestáprovado. E Exemplo. Considerea equação ut+u= ff (t) (7.29) e o sistemacorrespondente o e X2 = —%4+ fi(t) queé do tipo (7.27)com 0 1 Oau=a=(30. u=(689). É fácil ver que nesse exemploa equaçãoadjunta é idêntica à equaçãooriginal YU=Ay, e a matriz principal correspondenteé cos 1 sen | sen t cos X(t)=Y(t)! ( 208 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 e portantoas soluções,y(t) = Y(t)'yô, da equaçãoadjunta,tem período2k7, k = 1,2,.... Portanto: 1) Se f(t) for periódicade períodoT £ 2k7r,a única soluçãoT- periódicadaequaçãoadjuntaéa soluçãonula, portantoa condiçãode ortogonalidadeésatisfeitae(7.29)temumaúnicasolução| -periódica. 2) Se f(t) for T-periódicadeperíodoT = 2kz para algumk, temos quetodasassoluçõesda equaçãoadjunta sãoT-periódicas,eportanto (7.29)temsoluçãoT-periódicasee somentese ondey(s) é soluçãoda adjunta.Comoy(s) é combinaçãolinearde senos e cosenos,devemoster q / sensf(s) ds O Por exemplo,quandoT = 27, fy(t) sópodeter freqiênciasmaiores que1/27. SeudesenvolvimentoemsériedeFourier x 0 e / cossf(s) ds =0. 0 OO —=5 + > [Ancosnt +bnsen nt) n=| devetera,=0eb/ =0. tuando as frequênciascoincidemnão temossoluçãoperiódicae assoluçõessãoilimitadas.Por exemplo,para fi(t) = cost, temos tsen tu(t) =cy sen t+ c>cost+ 3 Seção7.3 Linearização,Estabilidadee Funçõesde Liapunov Figura7.1 7.3. Linearização,Estabilidadee Funçõesde Liapunov Nesta secçãovamosestudarsistemasautônomosgerais x=f(x), fiRºS5R”. (7.30) ondef édeclasseC!. Suponhaque(7.30)tenhaumpontodeequilíbrio xo. Vamossupor,por simplicidade,quexo = 0, isto é, f(0) = 0,e portanto,x(t) = Oé solução. Definição 7.3.SejaV:O C R” — R umafunçãodeclasseC!, definida numconjuntoO quecontémumabolafechadaBpr(0),comcentrona origem. Dizemosque V é uma Função deLiapunov para a equação (7.30),quando ViO] =D, V(x) >0, sexo, Vix)<0,Vx (7.31) ondeV:O > R édefinidapor Ví(x)= ((gradV)(x), f(x)). Alémdisso,dizemosqueV éumafunçãodeLiapunovestrita,quando temosem(PA a desigualdadeestrita, para x / O, 290 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Observeque,sex(t) é soluçãode(7.30),entãotemospor(7.31) que d =((gradV)(x(t)),f(x(t))) =V(x(t))<o0, isto é, V é decrescenteao longodas soluçõesde (7.30). ComoV é limitada inferiormente,temosqueexisteolimite V(x(t)) quandot > OO. As funçõesde Liapunovnãosãofáceisdeseremdeterminadas. Em geral, elasestãorelacionadascoma norma doR” ou coma ener- gia do sistema. Neste último caso, as condiçõesV = 0o0uV <0 significam,respectivamente,conservaçãoou dissipaçãodeenergia. Exemplo1. Temospor (4.124)quea energiadoosciladorharmônico simples mã + kx = O é dadapor À cad 2Elx] = 5 (Um + kxº). Verifica-sefacilmentequea E(x(t)) = 0. Issoquerdizerqueo sis- temaé conservativoe que Viu) =(my), x=y é uma funçãodeLiapunov para o osciladorharmônico. Exemplo 2. Considere o sistema linear x = —E—y | y=3x—2u. A função V(x,y)=5b2ty?) é uma funçãode Liapunov para essesistema, pois ).V= xx +uy (x—y)2= yé<o0. (7,99) Seção 7.3 Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov Mostre,comoexercício,quedim Vixit) ult)) =0. —+00 À seguir,vamosutilizar as funçõesdeLiapunov para oestudodo comportamentoassintóticodas soluçõesdo sistema(7.30).Os princi- pais resultadosestãocontidosnos próximostrês teoremas. Teorema7.5. Se existeumafunção deLiapunov para (7.30),entãoa soluçãonula, x(t) = 0,éestável.Sea funçãodeLiapunovfor estrita, entãoa soluçãonula éassintoticamenteestável. Demonstração: Estabilidade. Considere e:> 0e E= min Vix) =D. (7.83) IIxll=e t > 0 porqueV é estritamentepositivano conjuntocompacto(x : ||x||= e).ComoV écontínuaeV(0) = 0,existe6 —ó(e)> Otal que lIx|l<ô > V(x)< 5 temos,emparticular, que é < €. Nessas condições,podemosmostrar queas soluções,comcondiçõesiniciais na boladeraio ô, sãoestáveis, Isto é, Ixoll<6 =>Ilx(t,xo)ll<e, Vt>0. (7.34) De fato, como de(Vix(t,xo))<O temosquea funçãot — V(x(t,xo)) énãocrescente.Portanto Víx(t, xo))<V(x(0,x0)) = Vixo)<5 » Vt>0. (7.835) Segue-sedaíquea soluçãox(t, xo)quecomeçardentrodaboladeraio ô, devepermanecerdentroda bola de raio £ para tz0. De fato, caso contrário,existiriat* > Otal que||x(t*,xo)||= e. Entãopor(7.33) teriamosque Ví(x(t*,xo))>L, quecontradiz(7.35). Estabilidade Assintótica. Por (7.34),temos,tomando6 = ó(R), que wo] B(R) Ix(t, xo)|| < Ruy ta0 292 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 istoé,a soluçãopermanecedentrododomíniodafunçãodeLiapunov V. Provemosqueessasoluçãotendea zero,quandot — oco,nocaso em queV é de Liapunov estrita. Dado e > O,vamosmostrarque existeto —to(£) > 0,tal que lIx(t,to)|l< e, se t>to. Tomeó(€)definidoem(7.34).Se existir to = to(e) > Otal que |Ix(to,xo)||<d(e), temospor (7.34)que Ix(t,x(to,xo))||= |lx(t+to,xo)||< e Vt>0 eoteoremaestariademonstrado.Usamosnaúltima igualdadeo fato dequea equaçãoé autônoma,e portanto x(t+to,xo)=x(t,x(to,x0)). Suponhamos,por contradição,que não existisseum tal to, isto é, ||x(t,xo)||zô(e) paratodot>0. Então,a soluçãopermanecedurantetodoo tempona coroacircular s(e)<Ibelt,xo)|IXR,Vt>O. ComoV é estritamentenegativa,e a coroaé um conjuntocompacto, temos que Víx(t,xo))<—c, com c>0, Vt>0. Então, integrandoosdois ladosde Oa t, obtemos Vit, xo))<Víxo) — €t, Vt>0, queé umacontradição,poisV teria queassumirvaloresnegativos - O comportamentoassintóticodeumasoluçãoédeterminadopelo conhecimentode seu conjuntow-limite, veja Definição6.1. Porém, Seção 7.3 Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov 7! esseconjuntolimite, nemsempreé fácil deser determinado.O próxi- moteoremaforneceinformaçõesimportantesnessadireção.A infor- maçãoé obtida utilizando uma função V, que decresceao longodas soluções,masnão é necessariamenteuma funçãode Liapunov. Teorema 7.6(Princípio de Invariância de La Salle). Se V:R” ss Ré declasseC! tal queV(x)<0, Vx. Então wlxo)CE=(xeR”:V(x)=0), VxoeR”. Demonstração:Basta consideraro casoemque w(xo) £ Pp.Nesse caso,temosqueV(t) = V(x(t,xo)) é decrescente,poisV<O. V(t) é limitadainferiormente.De fato,sey E w(xo),existemty,— 00 tais quex(tn, xo) — uy.Portanto,pelacontinuidadedeV, temosque V(tn) — V(y). Pela monotonicidadedeV, temosqueV(t) > c = V(y), quando t — oo. Mostramos assim que V é constanteigual a c em w(xo). Agora, comoo conjunto w-limite é invariante, isto é, sey E w(xo), entãox(t,y) E w(xo) paratodot, segue-seque Víx(t,y)) = c. LogoV(y) = 0, istoé,y € E, queprovaoteorema. Exemplo 3. Considere o sistema do Exemplo 2. Para essesistema temospor (7.32)que E=((x,y)ER?;V(x,y)=0)=((0,0)), portantooconjuntow-limitedequalquersoluçãoéoconjunto((0,0)-. Vamosconsideraragoraoprocessodelinearizaçãodosistemaem tornodeum pontodeequilíbrio. Linearizar osistema(7.30),emtorno do pontox = Ô,significa consideraro sistemalinear x = Ax, ondea matriz À é a derivada(matrizJacobiana)def no pontox — 0, À = f'(0). Utilizaremosesseconceitoparaanalisaro seguinteresultado sobreestabilidadedeequaçõesautônomas(7.30). Teorema7.7.Se À = f'(0) possui todososauto-valoresÀ comparte real negativa,Re(A)< —axcom« > 0,entãoa soluçãonula de(7.30) éassintoticamenteestável.Ademais,essasoluçãoéexponencialmente assintoticamenteestável,isto é,para cada ô > 0, existemconstantes K empositivastaisque Ixoll<m =>Iix(t)jjgKe!-*xol), t>0. 294 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.1 Demonstração: EstabilidadeAssintótica. Temosquef satisfaz f(x) = Ax+r(x), com lim PER: = Ú, (7.50)x—0||x|] Usaremosagoraos resultadosdo exercício8) abaixo. A funçãoV de finida em(7.44)e (7.42)é definidapositiva,e Víx) = (Cx,x) + (Cx,x) = (Cf(x),x) + (Cx,f(x)) Usando (7.36)e as propriedadesdoprodutointerno, obtemos V(x)=((CA+AtC)x,x)+(Cr(x),x)+(Cx,r(x)) Portanto usando (7.43)e a desigualdadede Schwarz temos,para x + 0,que Irlo)|| xl Tomando1 suficientementepequenotal que rod]dl Sale] V(x)<—||x|JÉ+2ICl) Ix||É Iell<n> temos |V(x)<—5belÉ <0, se x%o0, portantopeloTeorema7.5,x = Oé assintoticamenteestável. Estimativa Exponencial. Temos x(t) = f(x) = Ax(t) +tr(x(t)) edai pelafórmuladevariaçãodasconstantes, t x(t)=e“'xo+ eNt-sby(x(s))ds.0Comojá temosestabilidade,||x(s)||permanecepequenoparatods s>0,ecomoTo| — Oquandox > 0, existey > Otal que IlrtxtsDDI<yIbxts). Beção 7.3 Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov Portanto,como||e“!|<Me”“!, temos Lte(o)lI<]le*| ||xoll+/ jets)| Ir(x(s))||ds Õ t<Me-“Iheoll+/ Mye-“(t-5](s)l|ds0 Multiplicando,ambososlados,pore*!, obtemos teIx(t)|IXMIIxoll+/ Mye“s|bx(s)||ds. O Usandoa desigualdadedeGronwall, obtemos epe(t)|<MIo]|eM! o portanto belt)||<Me!"HM Mxol]. (Comopodemostomary suficientementepequeno,a estimativaexpo- nencialdoTeorema7.7estájustificada. Hi Utilizaremos a seguir os teoremasprecedentespara fazer uma análisedetalhada,da soluçãoda equaçãodeLiénard. fxemplo: Considerea equaçãodeLiénard x+fix)x+g(x), g(0) =0. (7a) Colocando x = y, podemosolhar essa equaçãocomoum sistema no IR X =U (7.38)nono a temosque (0,0) é solução(ou ponto) de equilíbrio. Vamos estudar a estabilidadedesseponto. Multiplicando formalmente(7.37)por X obtemos , x +gl) = —f(x)(x)? O [1.3 o “2ar(5092+669)=—toaa 296 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 ondeG(x) éprimitiva deg(x), DefinindoV:R? > R por V(x,y) = =y?+ G(x) (7.39) temosqueV seráumafunçãodeLiapunov,se 1. xg(x) > 0sex £ 0,emparticular,G(x) > 0sex £0,e 2. f(x)>0, Vx. De fato,sobessashipótesesV>0 e Viu) =—f(x)y?<0. Comessasduashipótesestemos,peloTeorema7.5,quea solução nula de (7.37)é estável. Observeque V(x,y) podeser zero semque (x,y) = 0, logo não podemosafirmar nada sobre estabilidadeas- sintótica, usando o Teorema 7.5. Vamosutilizar o Teorema7.7 para analisar a estabilidadeas- sintótica.A matrizJacobianadosistema(7.38),noponto(x,y) = (0,0)é Colocando flO)=be g(0)=c temosque os auto-valoresde A satisfazemA? + bA + c = O. Para essesauto-valoresteremparte real negativa,temosqueb e c devem satisfazerumadasduascondições: 3. b* -dec0eb>o0 4. b*-de>0eb> RE>Oo. E portanto,em qualquer um dessesdois casos,o sistema (7.38)e n equaçãoCLT sãoassintoticamenteestáveis, Seção7.3 Linearização,Estabilidadee Funçõesde Liapunov Finalmente,façamosumaanáliseglobaldassoluçõesdaequação deLiénard (7.37). 1) As condições1 e 2garantemque todasas soluçõesde (7.37)estão definidaspara todot>0. De fatose (7.37)possuisseumasoluçãox(t) tal que |x(t)| — oo, quandot — to, então|x(t)| = [u(t)|seriailimitadonointervalo [0,to). Agora,nesseintervaloV(t) :=V(x(t)) élimitada(énãocres- cente),e usandoa condição1e (7.39)temos Oxu(t)<2V(t), VtelO,to) queé uma contradição. nu) Se,alémdas condições1e 2, tivermosque XxXG(x)-[ pidde-s0que g=rdoo, 0 então,todasas soluçõesde(7.37)sãolimitadaspara t>0. NestecasotemosqueV(x,y) — ooquando|(x,U)| — oo.Logo,dado (xo,Vo),existe7tal que Víx,y) > Víxo, Vo), se [(x,U)| > 7. Agorase(x(t),u(t)) éa soluçãode(7.38),comcondiçãoinicial (xo,Vo), comoV<Ô,temosque Vixit),ult))<Víxo,vo),Vt>0, portantodevemoster |(x(t),y(t))|<r, oquejustifica a afirmação. ui) Se, além das condições1 e 2, tivermosque f(x) > 0, Vx, então, todasas soluçõesde(7.37)tendema zero,quandot > 00. De fato,comoV = —y?f(x), temospeloTeorema7.5que W(xo, Vo) Ç (lx, y) e = 0). Agora o conjunto «ww-limiteé invariante eo campo devetores nos pontos (x0,0), xo É V é dado por (0, =g(xo)),veja a Figura 7.2, 298 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 [4 avvo Figura7.2 portanto w(xo, Vo) e ((0, 0)). 7.4. Exercícios 1. Determine a solução geral de x — A;x, onde a matriz A;j,i = 1|,/ ss 1 -56a=(5 2) A=[1300 01 2. 1)Calcule e*it onde A; é dada no exercício anterior. (Utilize n soluçãogeraljá determinada.) ii) Esboceas soluçõesde x = Ayx no plano (coma basecanônica usual). 11)Mostrequeéfalsaa desigualdade [letxlI<]hel|t>0,xeR2 3. Usandoa fórmula devariaçãodas constantesescrevaa expressão que forneceas soluçõesda seguinteequação: x+x=h(t). A4. Mostrequee”! comutacoma matrizÀ, Seção7,4 Exercícios 29! Alt+s) AtnAÃs5. Mostre que e = “E Sugestão:x(t) = eAtt+S)xoésoluçãodeX = Ax comcondiçãoinicial x(0)= e“Sxo. Useaunicidade. —AtRep = €6. Mostreque(e 7. Considereos seguintessistemaslineares n dimensionais %==AP) (7.40) * =Altjx+ht) (7.41) ondeA(t) e h(t) sãocontínuaseperiódicasdeperíodop. Mostre que: a. Se1 for auto-valor da matriz principal T(p) do sistema (7.40) calculadano períodop, então(7.40)temsoluçãop-periódicanão nula, b. Se 1 não for auto-valorde T(p), então(7.41)tem soluçãop- periódica. Sugestão:Denotepor x(t, xo) a soluçãode(7.41)comcondiçãoinicial x(0,xo) —xo. Use a fórmuladevariaçãodasconstantesparamostrar queexistexotal quex(P,Xo) = Xo. 8. Seja À uma matriz quepossui todosos auto-valoresÀ, comparte realnegativa,Re(A)< 0, a. Mostre quea integral / Ega çAS ds O éconvergente,onde(e2s*)t!denotaa matriztranspostade (e1s). b. Se Co | (eS)t eASds (7.42) 0 mostre que CA+A*C=—I (7,43) 300 SistemasdeEquaçõesDiferenciais Cap.7 Sugestão:Integreosdoisladosde d ds para s variando deOa o0. c. SejaC a matrizdadaem(7.42),definaV:R” — R por VIR) =4(0x,%) (7.44) Es — (+ ç2s A di Ale" sy gs Mostre que c.1) MostrequeV édefinidapositiva,istoé, V(0)=0 e V(x)>0, se x%o0. (Lembre-sedaigualdade(A'x,x) = (x,Ax)) c.2) Sex(t) énãonulaesatisfazx = Ax, mostreque Víx)= - (Cx(t),x(t))<0, Vt. 9. Considereas equaçõesdo modelopresa-predador(6.54)e (6.55). Determineuma funçãode Liapunov para essesistema,em torno do ponto de equilíbrio (c/d,a/b). (Sugestão: Procure V da forma Víx,y)= Fix) +G(y).) 10. Esboceo planode faseda equação Xx+(x+y—-Dx+x=0 chamandoa atençãopara ospontosdeequilíbrio,soluçõesperiódicas, orientaçãodas soluções,conjuntos« e w-limites,estabilidadee ins tabilidade,etc. Todas as conclusõesquevocêpuder,não esqueçade justificá-las. 11.SejaX xf(x), ondef:R” — R édeclasseCl e f(0) > 0. a. VerifiqueseV(x) = |x|*éumafunçãodeLiapunov. b. Analise a estabilidadedo pontodeequilíbrio x = 0. 12. Considere o sistema X= f(x (7,45) Seção7.4 Exercícios 301 onde f: IR" —s|", é um campogradiente, isto é, existe uma função V:R" — R declasseC2 tal que f(x) = —grad V(x). Mostre que: a V=-lgrad V(x)|? b. Sex éum pontodemínimoisoladodeV, entãoX é um pontode equilíbrio assintoticamenteestávelde (7.45). c. Sex é um pontow-limite (x € w(xo)), entãox é um pontode equilíbrio. 13. Considerea equaçãodeLiénard X x+fix)x+g(x)=0, e G(x) -[ g(s)ds. 0 Suponhaque fix)z—c, G(x)z-k, VYxeR, onde c e k são constantespositivas. Mostre que as soluçõesdessa equaçãoestãodefinidasparatodot>0. Bibliografia Arnold, V.1.- Ordinary Differential Equations, MIR, 1974, Birkhhoff, G. & Rota, G.C. - Ordinary Differential Equations, Blaisdell Publishing, 1062. Braun, M. - Differential Equations and Their Applications, Springer- Verlag, 1975. Coddington,E.A. - An Introduction to Ordinary Differential Equations, Prentice Hall, 1968. Hirsch, M. & Smale, S. - Differential Equations, Dynamical Systems, and Linear Algebra, Academic Press, 1974. Hurewicz, N. - Lectureson Ordinary Differential Equations, Cambridge,1975. Pontryagin, L.S. - Ordinary Differential Equations, Addison-Wesley, 1963. Simmons,G. - Ordinary Differential Equations with Applications and Historical Notes, McGraw-Hill, 1972. Amann, H. - Ordinary Differential Equations, Walter de Gruyter, 1990. Coddington,E. & Levinson,N. - Theory of Ordinary Differential Equa- tions, McGraw-Hill, 1955. Hale, J. - Ordinary Differential Equations, J. Wesley,1964. Hartman, P. - Ordinary Differential Equations, J. Wesley,1964. Lefachetz,S. - Differential Equations: GeometricTheory,Interscience, 1959, Sotomayor,J. - Lições de EquaçõesDiferenciais Ordinárias, Coleção Projeto Euclides, CNPq, 1979, A AlternativadeFredholmparaexistência desoluçãoperiódica286 C Calorespecífico29 Campo: Centralde forças65, 154 conservativo67 divergentede69 fechado66 gradiente65 gravitacional65 potencial65 métodopráticoparadeterminação69 rotacionalde66 trabalhode67 vetorial Ciclolimite229 Condiçãoinicial7,49 Conjunto: invariante229 simplesmenteconexo68 Q-limite227 tU-limite227 Convolução192 Contração54 Curvas: catenária39 cônicasemcoordenadaspolares166 deLissajous164 ÍndiceAlfabético deperseguição44 envoltóriadeumafamília87 famíliaaumparâmetro84 famíliasortogonais90integrais50 isóclinas51 ortogonais90 tractriz35 pseudoesfera37 pivotdeSchiele37 D DadosinicaisVer Condiçãoinicial DesigualdadedeGronwall61 DeterminanteWronskiano96 funçõeslinearmenteindependentes97 identidadedeAbel-Liouville97 Diferencialdeumafunção73 Diluiçãodesoluções30 E Energia: cinética136 potencial137 Equaçãocaracterística102 Equaçãodiferencial: adjunta285 autônoma21,206 comtermoforçantedescontínuo197 deBernoulli26 deBessel113 304 ÍndiceAlfabético deChebyshev113 deClairaut28 ded'Alembert-Lagrange27 deEuler-Cauchy110 deHermite118 deLaguerre113 deLegendre106,113,118 deLiénard226,295 deprimeiraordem49 deRicatti26,117 devanderPol226,236 devariáveisseparáveis11 doosciladorharmônico137 dopêndulo141,244 o pêndulosimplese a aceleraçãodagravidade 143 períodonasgrandesoscilações248 comamortecimento254 exata75 métodopráticodeintegração79 homogênea24 interpretaçãogeométrica50 lineardeprimeiraordem6 lineardesegundaordem93 equaçãocaracterística102 soluçãogeral95,98 métododevariaçãodosparâmetros99 métododoscoeficientesadeterminar107 comcoeficientesconstantes101 linearhomogênea8,94 matricial268 singular17,113 solução49 Espelhoparabólico43 f Fatorintegrante8,77,80 existênciaRO funçãode P 77 lunçãode1)78 Forma: | canônicadeJordan281 diferencial72 constante72 exata73 fechada73 linear Fórmula: deAbel-Liouville97,269 deBinet 159 devariaçãodasconstantes9, 10,271,276 Funções: deLiapunov289 deltadeDirac200 elípticas253 erro25 gama169 linearmenteindependentes95 I Impulsoinstantâneo199 Integral: aolongodeumcaminho67,73 independênciadecaminho67 elíptica249 primeira75,256 Intervalomaximal58 comportamentodasoluçãonosextremos59 L Lei: daconservaçãodomomentoangular157 deconservaçãodaquantidadedecalor29 dagravitaçãouniversaldeNewton130,167 asconstantesCr eg 130,132 deHooke138 comentáriossobre139 limitedeproporcionalidade140 ÍndiceAlfabético pontoderuptura140 deKepler159,169 deKirchhoff225 1ºdeNewton120 22deNewton119 3ºdeNewton120 doisocronismodaspequenasoscilações143,245 amplitude142 amortecida139,144 amortecidaeforçada147 batimento150 períodofundamental149 ângulodefase142 demolas138 do resfriamentode Newton 28 do pêndulo245 M energia153 Matriz: fregiência142 exponencial279 período142 fundamental269 P principal269 Planodefase207 Método: Ponto: dassériesdepotências112 deFrobenius113 dereduçãodaordem105 devariaçãodosparâmetros99 doscoeficientesadeterminar107 gráficodeVolterra260 Movimento: deprojéteis125 ângulodetiro126 deequilíbrio(ousingularidade)22,209 atrator216 assintoticamenteestável22,211 centro218 desela216 espiral218 estável22,211 nodal216 singularregular113 emplanosinclinados129 O Órbita206,227 afélio167 apogeu167 ápside161 deumsatélite176 dosplanetas168 fechada209 periélio167 deequilíbrio258 médias263 modelomalthusiano18 modelodeVerhulst19 modelopredador-presadeVolterra257 métodográficodeVolterra260 limite20 outrosmodelos23 períododosciclos262 taxadecrescimento18 perigeu167 periódica209 daconservaçãodeenergia137 305 306 ÍndiceAlfabético dacontração54 propriodades267 dasuperposição95 Solução deinvariânciadeLaSalle293 amplitudede 142 Problemadevalorinicial4,7,49 deequilíbrio(ouestacionária)22,209 ProdutodeConvolução192 assintolicamenteestável22,211 Q estável22,211 exponencialmenteassintoticamenteestável283Quantidadedemovimento120 deumaequaçãodiferencial11,49,64Quedadecorpos: ta dependênciacontínuaem relaçãoaosdadosini-comresistênciadoar122 ciais62comentáriosobre124se geral4,95,98 velocidadelimite123 globalmentedefinida60livre 120 intervalomaximal58 R unicidade58 Ressonância151 T frequênciade152 Tabela: Ss declassificaçãodesingularidades219 SequênciadeCauchy53 detransformadasdeLaplace188 Sistemas: Taxadecrescimentodeumapopulação18 deequaçõesdiferenciais206,265 Temperatura: autônomo206 calorespecífico29 lincarizaçãonumpontodeequilíbrio193 deequilíbrio29 solução64,206,266 leidoresfriamentodeNewton28 dinâmico211 resfriamentodeumcorpo28,29 hamiltoniano256 Teorema: Sistemasdedeequaçõesdiferenciaislineares213, deAbel-Liouville97,269 267,271 deexistênciaeunicidade(dePicard)51 comcoeficientesconstantes213,267,271 necessidadedashipóteses56 autovaloresreaisdistintos272 dedependênciacontínua62 autovalorescomplexos273 deLaSalle293 autovaloresrepetidos274 deLevinson-Smith230 exponencialdematrizes279 dePoincaré-Bendixon229 estimativaexponencialdassoluções283 regiãocomórbitaperiódica229 fórmuladevariaçãodasconstantes271,276 regiãosemórbitaperiódica23] homogêneo267 regiãocompontodeequilíbrio232 identidadedeAbel-Liouville269 dopontofixodeBanach(princípiodacontração) matrizfundamental269 54 matrizprincipal269 FundamentaldoCálculo3,5 ÍndiceAlfabético TransformaçãodePoincaré232 TransformadadeLaplace: dafunçãoÓ deDirac202 damatrizexponencial284 definição182 dederivadas187 funçõesadmissíveis182 funçõesdescontínuas197 funçõesimpulso199 inversa183 produtode 191 propreidades181,185 Tabela188 V Velocidade: areolar158 deescape133,177 deimpacto133 dosom125 Vetor: aceleração119 posição119 velocidade119 Vibraçãover Oscilação 307 E) INSTITUTODEMATEMÁTICAPURAE AFLICADA A Coleção MatemáticaUniversi- táriaé umasériede livrosescritos por matemáticos competentes e com grandeexperiênciadidática, a fim de serviremde textospara cursosemníveldegraduaçãonas universidadesbrasileiras. Os livros da coleçãocontêm exposiçõesobjetivase bem orga- nizadas,acompanhadasde exer- cíciosselecionados.O númerode páginas de cada livro é limitado de forma a facilitar sua leitura peloalunoesuaadoçãopelopro- fess Fr. [E uma introduçãoàs Equações DiferenciaisOrdinárias.dirigida a alunosde graduaçãoda áreade Ciências Exatas. Os conceitos matemáticossão introduzidosde maneiracuidadosaseguidosde umgrandenúmerodeaplicações. Às aplicaçõescontemplamduas atitudesextremamenteimportan- tes: a resolução das equações diferenciais,mostrandoa força da teoria,e a interpretaçãodeta- lhadadassoluçõesobtidas. O textoexpõeo assuntode maneiragradativa,contémméto- dos elementaresde obtençãode soluções, tópicos selecionados sobrea teoria básicadas Equa- çõesDiferenciais,e técnicasutili- zadasnadescriçãodo espaçodas configuraçõese no comporta- mentoassintóticodassoluções. Conteúdo Capítulo 1: O Teorema Fundamental do Cálculo Capítulo 2: Equações Diferenciais de Primeira Ordem 2.1. Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem 2.2. Equações Separáveis 2.3. A Dinâmica de uma População e Noções de Estabilidade 2.4. Exercícios 2.5. Aplicações 2.5.1. Resfriamento de um corpo 2.5.2. Diluição de soluções 2.5.3. Por que uma corda enrolada num poste sustenta um barco? 2.5.4. A tractriz 2.5.5. A catenária 2.5.6. O espelho parabólico 2.5.7. As curvas de perseguição Capítulo 3: Propriedades Gerais das Equações 3.1. Interpretação Geométrica da equação y'=f(x,y) 3.2. Existência, Unicidade e Dependência Contínua 3.3. Campos Vetoriais e Formas Diferenciais 3.4. Equações Exatas 3.4.1. Um método prático de integração 3.4.2. Existência de Fator integrante 3.5. Família da Curvas Planas 3.5.1. Envoltória 3.5.2. Trajetórias ortogonais Capítulo 4: Equações Diferenciais de Segunda Ordem 4.1. Equações Lineares de Segunda Ordem 4.2. Obtenção de Soluções 4.2.1. Método de variação dos parâmatros 4.2.2. Equações Lineares com coeficientes constantes homogêneas 4.2.3. Métodode redução da ordem da equação diferencial 4.2.4. Método dos coeficientes a determinar 4.2.5. A equação de Euler-Cauchy 4.2.6. Método das séries de potências 4.2.7. Método de Frobenius 4.3. Exercícios 4.4. A Dinâmica de uma partícula 4.4.1. Queda livre de corpos 4.4.2. Queda de corpos considerando a resistência do ar 4.4.3. Movimento de projéteis 4.4.4. Movimento em planos inclinados 4.4.5. Velocidade de escape 4.4.6. Movimento de um foguete 4.4.7. Energia cinética e potencial 4.5. Oscilador harmônico 4.5.1 Oscilador harmônico simples 4.5.2. Oscilador harmônico amortecido 4.5.3. Oscilador forçado 4.5.4. Comentários sobre a energia do oscilador harmônico 4.6. Campos Centrais de Forças 4.6.1. Movimento centralcom força atrativa proporcional à distância ao centro 4.6.2. Movimento central com força atrativa inversamente proporcional ao quadrado da distância ao centro 4.6.3. Lei da Gravitação Universal 4.6.4. Leis de Kepler 4.6.5. A Lei da Gravitação Universal e as Leis de Kepler 4.6.6. A equação das órbitas dos planetas na Teoria Geral da Relatividade 4.6.7. Satélites artificiais da Terra Capítulo 5: Transformada de Laplace 5.1. Definição da Transformada de Laplace 5.2. Propriedades da Transformada de Laplace 5.3. Produto de Transformadas e Convolução 5.3.1. Obtenção de uma solução particular de uma equação não homogênea 5.4. Exercícios 5.5. Aplicações 5.5.1. Funções descontínuas 5.5.2. Funções impulso 5.5.3. Comportamento da derivada Capítulo 6: Sistemas Autônomos no Plano 6.1. Consequências do Teorema de Existência e Unicidade 6.2. Pontos de equilíbrio ou singularidades 6.2.1. O sistema linear 6.2.2. O sistema não linear 6.3. O Teorema de Poincaré-Bendixon 6.3.1. Consequências do Teoream de Poincaré-Bendixon 6.4. Usando o software Mathematica 6.5. Exercícios 6.6. Aplicações 6.6.1. O pêndulo 6.6.2. O modelo predador-presa Capítulo 7: Sistemas de Equações Diferenciais 7.1. Sistemas Lineares de Equações Diferenciais 7.1.1. Definições e propriedades 267 7.1.2. Sistemas com coeficientes constantes 7.1.3. Exponencial de matrizes 7.2. Equação Adjunta e a Alternativa de Fredholm 7.3. Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov 7.4. Exercícios Referências Bibliográficas Índice Alfabético