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Lorem ipsum INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 Microssistema do processo coletivo (parte 2) Camila Almeida Porfiro SUMÁRIO Introdução ......................................................................................................3 1. A Ação Popular (Lei nº 4.717/1965) ...................................................3 1.1 Legitimidade ........................................................................................5 1.2 Competência .......................................................................................6 1.3 Coisa julgada ........................................................................................9 2. Ações coletivas e litígios estruturais ............................................. 10 Considerações finais ................................................................................ 18 Referências .................................................................................................. 19 INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 3 Introdução Olá novamente! Na primeira parte de nossa aula, o foco esteve no estudo dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos e na ação civil pública. Espero que esses conhecimentos tenham sido consolidados para que possamos, agora, avançar rumo aos preceitos da ação popular e das ações coletivas e litígios estruturais. Podemos continuar? 1. A Ação Popular (Lei nº 4.717/1965) De acordo com o art. 5º, inc. LXXIII, da Constituição, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. O art. 1º da Lei nº 4.717/1965 (Lei da Ação Popular), por sua vez, ostenta o seguinte teor: Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. O que podemos notar nesses dois dispositivos? Que é indispensável a lesividade ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ao patrimônio histórico-cultural ou ao patrimônio de entidade de que o Estado participe, incluindo empresas públicas, sociedades de economia mista e pessoa jurídica subvencionada por dinheiro público. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4717.htm INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 4 Em outros termos, com suporte nas contribuições de Almeida (2007, p. 352), entendemos que a ação popular é: a ação constitucional fundamental pela qual é conferida ao cidadão o exercício do direito político de participação direta na fiscalização do poder público no plano da defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e histórico, da moralidade administrativa, do erário e, também, das relações de consumo. Uma característica relevante desse instrumento processual é o fato de que o autor, tal como na ação civil pública, fica isento de custas e honorários, salvo comprovada má-fé. Outra semelhança está no fato de que o Ministério Público deverá ser intimado para acompanhar a ação popular, sob pena de nulidade. De acordo com o § 4º do art. 6º da Lei nº 4.717/1965, cabe ao Ministério Público “apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo- lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores”. Compete-lhe, ainda, promover o prosseguimento do feito caso o autor desista da ação. Com efeito, na ação popular, a sentença que concluir pela carência ou improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição. Nesse sentido, confira o art. 19 da Lei n ° 4.717/1965: Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973). Por força do microssistema de tutela coletiva, o referido artigo também se aplica à ação civil pública! Nesse sentido, confira o seguinte julgado do STJ: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA NECESSÁRIA. Na ausência de dispositivo sobre remessa oficial na Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/1985), busca-se norma de integração dentro do microssistema da tutela coletiva, aplicando-se, por analogia, o art. 19 da Lei n. 4.717/1965. Embora essa lei refira-se à ação popular, tem sua aplicação nas ações civis públicas, devido a serem assemelhadas as funções a que se destinam (a proteção do patrimônio público e do microssistema processual da tutela coletiva), de maneira que as sentenças de improcedência devem sujeitar-se indistintamente INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 5 à Remessa Necessária. De tal sorte, a sentença de improcedência, quando proposta a ação pelo ente de Direito Público lesado, reclama incidência do art. 475 do CPC, sujeitando-se ao duplo grau obrigatório de jurisdição. Ocorre o mesmo quando a ação for proposta pelo Ministério Público ou pelas associações, incidindo, dessa feita, a regra do art. 19 da Lei da Ação Popular, uma vez que, por agirem os legitimados em defesa do patrimônio público, é possível entender que a sentença, na hipótese, foi proferida contra a União, estado ou município, mesmo que tais entes tenham contestado o pedido inicial. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso do Ministério Público, concluindo ser indispensável o reexame da sentença que concluir pela improcedência ou carência da ação civil pública de reparação de danos ao erário, independentemente do valor dado à causa ou mesmo da condenação. (STJ, REsp 1.108.542-SC, Rel. Min. Castro Meira, Julg. 19/5/2009, grifos nossos). 1.1 Legitimidade Quem pode propor a ação popular? No que tange à legitimidade ativa para a propositura, destaque-se que basta ter capacidade política ativa para ser considerado cidadão apto. Assim, o maior de 16 anos e o preso provisório, dado que possam votar, poderão, igualmente, propor a ação popular. Deveras, segundo o § 3º do art. 1º da Lei nº 4.717/1965, o requisito para a propositura é o título eleitoral, exigindo-se tão somente o comprovante de votação ou justificação nas últimas eleições, a fim de se comprovar o exercício regular da cidadania. Cumpre lembrar-se, ainda, do art. 14, § 2º, da Constituição, segundo o qual: “Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos”. Com efeito, somente há um caso em que um estrangeiro poderá propor ação popular: o português com residência permanente no Brasil e quando houver reciprocidade em favor dos brasileiros (CF, art. 12, § 1º). Ainda quanto à legitimidade, merece destaque o fato de que, segundo a Súmula nº 365 do STF, “pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”. Por fim, ressalte-se que, na linha do art. 6º da Lei da Ação Popular, esta poderá ser proposta: contra as pessoaspúblicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 6 1.2 Competência A quem compete o julgamento da ação popular? A regra geral nas ações populares é que o juízo competente será o de primeiro grau, conforme a origem do ato, não importando qual seja a autoridade impugnada (Cf. STF, Pet. 3152/PA-AgR, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 20/8/2004). Em outras palavras, a competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. O art. 5º da Lei nº 4.717/65 determina que a competência para processamento e julgamento da ação popular será aferida considerando-se a origem do ato impugnado. Logo, caberá à Justiça Federal apreciar a controvérsia se houver interesse da União e à Justiça Estadual se o interesse for dos Estados ou dos Municípios. Ocorre que, de acordo com o STJ, para se fixar o foro competente para apreciar a ação em comento, mostra-se necessário considerar o objetivo maior da ação popular, isto é, o que esse instrumento previsto na Carta Magna, e colocado à disposição do cidadão, visa proporcionar. (STJ, CC 47.950/DF, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, DJU de 07.05.07). Assim, a fixação da competência para o conhecimento de ações populares deve ser adequada “às normas disciplinadas no Código de Processo Civil em combinação com as disposições constitucionais”. Portanto, poderá haver hipótese em que são igualmente competentes, por exemplo, os juízos (i) do domicílio do autor, (ii) de onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou (iii) onde esteja situada a coisa. Nesse sentido, confira os seguintes julgados do STJ: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO POPULAR AJUIZADA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DO BNDES, QUE, POR DISCIPLINA LEGAL, EQUIPARA-SE A ATO DA UNIÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 5º, § 1º DA LEI 4.717/65. APLICAÇÃO DOS ARTS. 99, I, DO CPC, E 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS. 1. Debate-se a respeito da competência para julgamento de ação popular proposta contra o Presidente do Sistema BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, empresa pública federal. Não se questiona, portanto, a competência da Justiça Federal INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 7 para processamento e julgamento do feito, mas busca-se a fixação da Seção Judiciária competente, se a do Rio de Janeiro (suscitante), ou de Brasília (suscitada). 2. “O art. 5º da referida norma legal [Lei 4.717/65] determina que a competência para processamento e julgamento da ação popular será aferida considerando-se a origem do ato impugnado. Assim, caberá à Justiça Federal apreciar a controvérsia se houver interesse da União, e à Justiça Estadual se o interesse for dos Estados ou dos Municípios. A citada Lei 4.717/65, entretanto, em nenhum momento fixa o foro em que a ação popular deve ser ajuizada, dispondo, apenas, em seu art. 22, serem aplicáveis as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositivos da Lei, nem a natureza específica da ação. Portanto, para se fixar o foro competente para apreciar a ação em comento, mostra-se necessário considerar o objetivo maior da ação popular, isto é, o que esse instrumento previsto na Carta Magna, e colocado à disposição do cidadão, visa proporcionar” (CC 47.950/DF, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, DJU de 07.05.07). 3. Partindo da análise da importância da ação popular como meio constitucional posto à disposição “de qualquer cidadão” para defesa dos interesses previstos no inc. LXXIII do art. 5º da Constituição Federal/88, concluiu a Primeira Seção desta Corte pela impossibilidade de impor restrições ao exercício desse direito, terminando por fixar a competência para seu conhecimento consoante as normas disciplinadas no Código de Processo Civil em combinação com as disposições constitucionais. 4. Ato de Presidente de empresa pública federal equipara-se, por disciplina legal (Lei 4.717/65, art. 5º, § 1º), a ato da União, resultando competente para conhecimento e julgamento da ação popular o Juiz que “de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União” (Lei 4.717/65, art. 5º, caput). 5. Sendo igualmente competentes os Juízos da seção judiciária do domicílio do autor, daquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, do Distrito Federal, o conflito encontra solução no princípio da perpetuatio jurisdicionis. 6. Não sendo possível a modificação ex officio da competência em razão do princípio da perpetuatio jurisdicionis, a competência para apreciar o feito em análise é do Juízo perante o qual a demanda foi ajuizada, isto é, o Juízo Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, o suscitado. 7. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 7ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, o suscitado. (CC 107.109/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 18/3/2010, grifos nossos). CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO POPULAR AJUIZADA EM FACE DA UNIÃO. LEI 4.717/65. POSSIBILIDADE DE PROPOSITURA DA AÇÃO NO FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR. INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 8 APLICAÇÃO DOS ARTS. 99, I, DO CPC, E 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Não havendo dúvidas quanto à competência da Justiça Federal para processar e julgar a ação popular proposta em face da União, cabe, no presente conflito, determinar o foro competente para tanto: se o de Brasília (local em que se consumou o ato danoso), ou do Rio de Janeiro (domicílio do autor). 2. A Constituição Federal de 1988 dispõe, em seu art. 5º, LXXIII, que “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. Tal ação é regulada pela Lei 4.717/65, recepcionada pela Carta Magna. 3. O art. 5º da referida norma legal determina que a competência para processamento e julgamento da ação popular será aferida considerando-se a origem do ato impugnado. Assim, caberá à Justiça Federal apreciar a controvérsia se houver interesse da União, e à Justiça Estadual se o interesse for dos Estados ou dos Municípios. A citada Lei 4.717/65, entretanto, em nenhum momento fixa o foro em que a ação popular deve ser ajuizada, dispondo, apenas, em seu art. 22, serem aplicáveis as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositivos da Lei, nem a natureza específica da ação. Portanto, para se fixar o foro competente para apreciar a ação em comento, mostra-se necessário considerar o objetivo maior da ação popular, isto é, o que esse instrumento previsto na Carta Magna, e colocado à disposição do cidadão, visa proporcionar. 4. Segundo a doutrina, o direito do cidadão de promover a ação popular constitui um direito político fundamental, da mesma natureza de outros direitos políticos previstos na Constituição Federal. Caracteriza, a ação popular, um instrumento que garante à coletividade a oportunidade de fiscalizar os atos praticados pelos governantes, de modo a poder impugnar qualquer medida tomada que cause danos à sociedade como um todo, ou seja, visa a proteger direitostransindividuais. Não pode, por conseguinte, o exercício desse direito sofrer restrições, isto é, não se pode admitir a criação de entraves que venham a inibir a atuação do cidadão na proteção de interesses que dizem respeito a toda a coletividade. 5. Assim, tem-se por desarrazoado determinar-se como foro competente para julgamento da ação popular, na presente hipótese, o do local em que se consumou o ato, ou seja, o de Brasília. Isso porque tal entendimento dificultaria a atuação do autor, que tem domicílio no Rio de Janeiro. 6. Considerando a necessidade de assegurar o cumprimento do preceito constitucional que garante a todo cidadão a defesa de interesses coletivos (art. 5º, LXXIII), devem ser empregadas as regras de competência constantes do Código de Processo Civil - cuja aplicação está prevista na Lei 4.717/65 -, haja vista serem as que melhor atendem a esse propósito. INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 9 7. Nos termos do inciso I do art. 99 do CPC, para as causas em que a União for ré, é competente o foro da Capital do Estado. Esse dispositivo, todavia, deve ser interpretado em conformidade com o § 2º do art. 109 da Constituição Federal, de modo que, em tal caso, “poderá o autor propor a ação no foro de seu domicílio, no foro do local do ato ou fato, no foro da situação do bem ou no foro do Distrito Federal” (PIZZOL, Patrícia Miranda. “Código de Processo Civil Interpretado”, Coordenador Antônio Carlos Marcato, São Paulo: Editora Atlas, 2004, p. 269). Trata-se, assim, de competência concorrente, ou seja, a ação pode ser ajuizada em quaisquer desses foros. 8. Na hipótese dos autos, portanto, em que a ação popular foi proposta contra a União, não há falar em incompetência, seja relativa, seja absoluta, do Juízo Federal do domicílio do demandante. 9. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, o suscitado. (STJ, CC 47.950/DF, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, DJ de 7/5/2007, grifos nossos). 1.3 Coisa julgada De acordo com o art. 18 da Lei da Ação Popular, a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova. Nesse caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (MEIRELLES; WALD; MENDES, 2013, p. 205). Nessas ações, a coisa julgada se dá secundum eventum probationis, de modo que se a decisão proferida no processo julgar a demanda improcedente por insuficiência de provas, não haverá formação de coisa julgada. No que diz respeito à abrangência da coisa julgada, aplica-se o art. 103 do Código de Defesa do Consumidor, por força do microssistema processual coletivo. Assim, não serão atingidos os titulares de direitos individuais, ainda que a ação seja julgada no mérito improcedente; e no caso de procedência da ação popular, fica garantido ao titular do direito individual utilizar a sentença coletiva no seu processo individual (transporte in utilibus), desde que comprove a identidade fática e jurídica de situações (MAZZILLI, 2017, p. 686). INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 10 Você sabia que é inadmissível o ajuizamento de ação popular que buscar invalidar ato de conteúdo jurisdicional? Estamos caminhando para o último tópico de conteúdo desta aula. Espero que esteja conseguindo acompanhar o desenvolvimento dos assuntos. Vamos continuar! 2. Ações coletivas e litígios estruturais Para concluirmos nossa aula, gostaria de tecer breves anotações a respeito dos processos estruturais, que são espécies do gênero processos coletivos. A origem dos processos estruturais remonta às structural injuctions norte- americanas, utilizadas pioneiramente no caso Brown v. Board of Education of Topeka, julgado em 1954 pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Você já conhece essa história? Apresento alguns materiais que abordam a questão. Acompanhe comigo: CURIOSIDADE Fonte: https://www.thirteen.org/ Texto: Brown v. Conselho de Educação (1954) Vídeo: Brown v. Board of Education in PBS’ The Supreme Court Observação: Caso necessário, utilize tradutor para a leitura do artigo O vídeo está em inglês, para ver a legenda automática clique na engrenagem e escolha a opção “traduzir automaticamente” https://www.thirteen.org/wnet/supremecourt/rights/landmark_brown.html https://media-cldnry.s-nbcnews.com/image/upload/t_fit-2000w,f_auto,q_auto:best/msnbc/Components/Photos/040121/040121_hmed_brown50_7p.jpg https://www.thirteen.org/wnet/supremecourt/rights/landmark_brown.html https://www.youtube.com/watch?v=TTGHLdr-iak https://www.youtube.com/watch?v=TTGHLdr-iak https://drive.google.com/file/d/1M0OTWlbLcE8TWCfSAZCjr9QaU2kOEgfw/view?usp=sharing INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 11 Nessa decisão, a Corte impôs a transformação do sistema nacional de ensino dividido em escolas para negros e outras para brancos – em um sistema unitário não racial. As técnicas utilizadas no julgamento permitiram o surgimento da structural reform, um novo modelo de adjudicação no qual o Poder Judiciário determina que autoridades políticas ou administrativas elaborem políticas públicas voltadas à cessação de violações sistêmicas a direitos fundamentais (PORFIRO, p. 23; FISS, 1979, p. 2). Esses litígios são chamados de “estruturais” porque os tribunais se envolvem na gestão de estruturas administrativas e assumem certo nível de supervisão sobre instituições públicas (VERBIC, 2017, p. 65-66). Em âmbito nacional, a doutrina utiliza diferentes terminologias para tratar de ações dessa natureza, tais como “processos estruturais”, “medidas estruturantes” ou “decisões estruturais” (ARENHART; JOBIM, 2017, p. 5). Com efeito, a decisão estrutural é aquela que busca implantar reformas em uma organização, instituição ou ente, com o objetivo de concretizar um direito fundamental, realizar determinada política pública ou resolver litígios complexos. Nela, há uma acentuada intervenção do Poder Judiciário para impor mudanças estruturais em órgãos administrativos, com a finalidade de efetivar certas normas e princípios constitucionais (PORFIRO, 2018, p. 39-40). Em boa síntese, César Rodriguez-Garavito e Franco (2010, p. 16) assinalam que o litígio estrutural é caracterizado por: afetar um grande número de pessoas que alegam violação de seus direitos fundamentais; envolver vários agentes estatais, que figuram como réus da ação por serem responsáveis por falhas sistemáticas de políticas públicas; e abranger ordens de execução complexas, que obrigam os agentes estatais a implementarem políticas para proteger os direitos de toda a população afetada (e não apenas dos demandantes no caso específico). Os processos estruturais se diferenciam do modelo bipolarizado, próprio das ações individuais, visto que não pretendem solucionar disputas entre dois polos adversários. Neles, a função do tribunal não é resolver um litígio − decidir qual o lado certo −, mas determinar quais reformas devem ser instituídas em prol da concretização de determinado direito fundamental (CHAYES, 1976, p. 1.302). INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 12 Os conflitos discutidos nos litígios estruturais têm natureza policêntrica e geram impactos diretos em setores importantes da sociedade. Por essa razão, neles deve ser instituído um método dialógico de construção de decisão, com ampla participação dos grupos interessados no caso, a fim de que todos contribuam para a formação da solução jurisdicional. Nas palavras de Owen Fiss (2017, p. 602), a oposição binária pressuposta pelo modelo de resolução de disputas foi substituídapor um conjunto complexo e policêntrico de perspectivas, algo mais próximo de um encontro dos moradores de uma cidade (town meeting). Certamente, a legitimidade do Judiciário para interferir em políticas públicas ou em questões complexas nos planos econômico e social só poderá ser assegurada em um ambiente democrático de participação (FISS, 2017, p. 602). Nesse aspecto, o litígio estrutural exige um processo contínuo de cumprimento: ao invés de se esgotar em um único ato, ele prolonga e aprofunda o envolvimento do tribunal com a causa. Por fim, outra diferença do litígio estrutural em relação a outros procedimentos diz respeito à fase de cumprimento de sentença. Nos processos estruturais, o juiz não se limita a analisar fatos passados e a decidir a lide apresentada, mas projeta para o futuro a reforma de determinada instituição (PORFIRO, 2018, p. 37). Assim, a atividade do juiz aproxima-se da do administrador e não do perfil clássico da jurisdição, que analisa o passado para remediá-lo. Como afirma Owen Fiss (2017, p. 590), as decisões em processos estruturais não visam “apenas a acabar com um incidente que perturba o status quo”, mas sim “a mudar o estado de coisas atual e criar um novo status quo”. INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 13 Uma recente série televisiva produzida pela HBO chamada “Show Me a Hero” traz a história verídica de um litígio estrutural ocorrido no distrito de Yonkers, nos Estados Unidos. Você conhece essa produção? A série narra a história do famoso caso Spallone v. United States, no qual a corte distrital de Yonkers declarou que o Conselho Legislativo da cidade estava em desobediência ao tribunal (contempt of court), eis que não havia cumprido a ordem de criar moradias populares que contribuiriam para a dessegregação racial do local. Vamos conferir um trailer da série? Vídeo: Show Me a Hero VOCÊ SABIA? VÍDEO https://www.youtube.com/watch?v=PwqHZH1Uqvo https://youtu.be/PwqHZH1Uqvo https://youtu.be/PwqHZH1Uqvo INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 14 No campo do direito comparado, há casos paradigmáticos de processos estruturais, tais como: Brown v. Board of Education of Topeka, julgado em 1954 pela Suprema Corte norte-americana. Desplazados, julgado em 2004 pela Corte Constitucional da Colômbia. Grootboom, julgado em 2000 pelo Tribunal Constitucional da África do Sul. Verbitsky e Mendoza, julgados pela Suprema Corte Argentina. EUA, Suprema Corte. Brown v. Board of Education of Topeka 347 U. S. 483 − 1954. COLÔMBIA, Corte Constitucional. Sentencia T-025/04, julg. 22.01.2004. Disponível em: http:// www.corteconstitucional.gov.co/ relatoria/2004/t%2D025%2D04. htm. Acesso em: 10 out. 2019. ÁFRICA DO SUL, Tribunal Constitucional. Government of the Republic of South Africa v. Grootboom, 2000 (11) BCLR 1169, CC. ARGENTINA, Corte Suprema de Justiça. Verbitsky Horacio c/ s/ Habeas Corpus, Fallos 328:1146, julg. 3.5.2005; ARGENTINA, Corte Suprema de Justicia de la Nación. Causa Mendoza, Beatriz Silvia y otros c/ Estado Nacional y otros s/ daños y perjuicios (daños derivados de la contaminación ambiental del Río Matanza – Riachuelo. CASOS REFERÊNCIAS http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/t%2D025%2D04.htm http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/t%2D025%2D04.htm http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/t%2D025%2D04.htm http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/t%2D025%2D04.htm INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 15 E no Brasil? Você se recorda de alguma decisão estrutural? Gostaria de te apresentar alguns casos. Acompanhe comigo: Raposa Serra do Sol. Casos envolvendo reformas no sistema prisional brasileiro. STF, Pet 3388, Tribunal Pleno, Rel. Min. CARLOS BRITTO, julgado em 19/03/2009, DJe 01/07/2010; STF, Pet 3388 ED, Tribunal Pleno, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2013, DJ 04/02/2014. ADPF nº 347 e RE nº 592.581/RS, julgados pelo STF. People’s Union for Civil Liberties v. Union of India, julgado em 2001 pela Suprema Corte da Índia. Torregiani e outros v. Itália, julgado pela Corte Europeia de Direitos Humanos. INDIA, Suprema Corte. People’s Union for Civil Liberties v. Union of India & Others. Civil Original Jurisdiction, Writ Petition (Civil), n. 196 of 2001, (May 8, 2002). Disponível em http:// www.righttofoodindia.org/orders/ may8.html. Acesso em: 10 out. 2019. Corte Europeia de Direitos Humanos. Torregiani e outros v. Itália, ECHR 007, Julg. 08.01.2013. Disponível em: hudoc.echr.coe.int. Acesso em: 10 out. 2019. CASOS REFERÊNCIAS CASOS REFERÊNCIAS http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2637302 https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1ui9ZygKeJfUaQMJCagecrs1boBhjRkpA/view?usp=sharing https://hudoc.echr.coe.int/app/conversion/pdf/?library=ECHR&id=002-7400&filename=002-7400.pdf&TID=thkbhnilzk INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 16 Ressalte-se que no RE nº 592.581/RS, de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, o Tribunal admitiu a possibilidade de o Poder Judiciário obrigar a União e os Estados a realizarem obras em presídios para garantir os direitos dos detentos, independentemente de dotação orçamentária. A tese de repercussão geral firmada pela corte apresenta a seguinte redação: Ação Civil Pública conhecida como “ACP do Carvão”, julgada pela Justiça Federal do Estado de Santa Catarina. Caso das creches no município de São Paulo, julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Justiça Federal de Santa Catarina. 1ª Vara Federal de Criciúma. Ação Civil Pública nº 93.80.00533-4 (SC)/0000533-73.1993.4.04.7204. Órgão Julgador: Juízo Substituto da 4ª VF de Criciúma. Juiz: Louise Freiberger Bassan Hartmann. Data de autuação: 05/04/1993. Autor: Ministério Público Federal. Réu: Nova Próspera Mineração S.A. e outros. Último andamento do processo: “21/02/2018 - Remessa Externa GR:18/0000215 DEST: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL”. Com efeito, o processo gerou os autos de cumprimento de sentença nº 5001587-17.2015.4.04.7204. TJSP, Apelação nº 0150735- 64.2008.8.26.0002, Câmara Especial, Rel. Des. Walter de Almeida Guilherme, julgado em 16/12/2013. Número de origem: Números de origem: 0150735- 64.2008.8.26.0002. CASOS REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 17 É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes. (STF, RE 592581, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe de 1/2/2016). Ainda, em 2015, no julgamento da ADPF nº 347, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o Estado de Coisas Inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro e passou a interferir na criaçãoe implementação de políticas públicas, inaugurando, assim, um caso paradigmático de processo estrutural no Brasil. De acordo com o voto do ministro Marco Aurélio, relator na Medida Cautelar na ADPF nº 347, a respeito do estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro: apenas o Supremo revela-se capaz, ante a situação descrita, de superar os bloqueios políticos e institucionais que vêm impedindo o avanço de soluções, o que significa cumprir ao Tribunal o papel de retirar os demais Poderes da inércia, catalisar os debates e novas políticas públicas, coordenar as ações e monitorar os resultados. Isso é o que se aguarda deste Tribunal e não se pode exigir que se abstenha de intervir, em nome do princípio democrático, quando os canais políticos se apresentem obstruídos, sob pena de chegar-se a um somatório de inércias injustificadas. Bloqueios da espécie traduzem-se em barreiras à efetividade da própria Constituição e dos Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos. (STF, MC na ADPF nº 347/DF, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, Julg. em 09.09.2015, DJ 19.02.2016, p. 31) Diante de tudo o que expusemos até o momento, você consegue perceber que a intervenção judicial estrutural pode oferecer um canal propício para promover discussões a respeito de violações de direitos fundamentais? Tais litígios, portanto, têm o potencial de corrigir algumas das tendências observadas nas outras formas de concretização de direitos sociais pela via jurisdicional e podem ser especialmente promissores no que se refere ao impacto às populações marginalizadas. O manejo adequado das decisões estruturantes pode colaborar efetivamente para inibir a litigância errática e individualizada e contribuir para uma cultura de diálogos institucionais (PORFIRO, 2018, p. 171-172). https://www.conjur.com.br/2015-out-24/observatorio-constitucional-estado-coisas-inconstitucional-forma-ativismo INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 18 Ademais, as experiências no direito comparado mostram que cortes engajadas e abertas para o diálogo conseguem conduzir e dar efetividade às medidas estruturais, despertando uma burocracia adormecida e buscando a realização de direitos. Assim, mesmo quando não são capazes de gerar mudanças estruturais e efetivas nas instituições administrativas, esses litígios já desempenham o importante papel de chamar a atenção do Poder Judiciário e demais órgãos públicos para violações de direitos, podendo atrair também a atenção da mídia e da sociedade civil para o problema e instigar a busca por soluções (PORFIRO, 2018, p. 172). Considerações finais Chegamos ao final de nossas duas aulas. Nelas, estudamos as principais características das ações civis públicas e das ações populares, percorrendo seus critérios de legitimidade, competência e coisa julgada. Também entramos em contato com os litígios estruturais, instrumentos de promoção e proteção de direitos fundamentais de grupos vulneráveis. Espero que a aula tenha inaugurado (ou aprofundado) o seu interesse pelo fascinante campo das ações coletivas! Na próxima aula, você estudará os principais aspectos da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de Constitucionalidade. Bons estudos! INTRODUÇÃO AO PROCESSO COLETIVO CONSTITUCIONAL Aula 2 - Microssistema do processo coletivo (parte 2) 19 Referências ALMEIDA, Gregório Assagra de. Manual das Ações Constitucionais. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. ARENHART, Sérgio Cruz; JOBIM, Marco Félix (org.). Processos Estruturais. Salvador: JusPodivm, 2017. CHAYES, Abram. The Role of the Judge in Public Law Litigation. Harvard Law Review, v. 89, n. 7, 1976. FISS, Owen. The forms of justice. Harvard Law Review, v. 93, n. 1, p. 1-58, Nov. 1979. FISS, Owen. To make the constitution a living truth: four lectures on the Structural Injunction. In: ARENHART, Sérgio Cruz; JOBIM, Marco Félix (org.). Processos Estruturais. Salvador: JusPodivm, 2017. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. E-book. MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Saraiva, 2017. MEIRELLES, Hely Lopes; WALD, Arnoldo; MENDES, Ferreira Gilmar. Mandado de Segurança e Ações Constitucionais. São Paulo: Editora Malheiros, 2013. PORFIRO, Camila. Litígios estruturais: legitimidade democrática, procedimento e efetividade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018. RODRÍGUEZ-GARAVITO, César; FRANCO, Diana Rodríguez. Cortes y cambio social: cómo la Corte Constitucional transformó el desplazamiento forzado en Colombia. Bogotá: Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad, Dejusticia, 2010. VERBIC, Francisco. Ejecución de sentencias en litigios de reforma estructural en la República Argentina. In: ARENHART, Sérgio Cruz; JOBIM, Marco Félix (org.). Processos Estruturais. Salvador: JusPodivm, 2017. ZANETI JR, Hermes; GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direitos difusos e coletivos. Salvador: Juspodivm, 2017. Introdução 1. A Ação Popular (Lei nº 4.717/1965) 1.1. Legitimidade 1.2. Competência 1.3. Coisa julgada 2. Ações coletivas e litígios estruturais Conclusão Referências