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AUTOMAÇÃO E INFORMÁTICA INDUSTRIAL REVISÃO 02 Prof. Dr. Júlio Cesar Braz de Queiroz Fevereiro de 2023 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 7 2. ESTRUTURA DE SISTEMAS INTEGRADOS ......................................................................... 7 2.1. Sistemas de Instrumentação ................................................................................................... 11 2.2. Sistemas de Controle .............................................................................................................. 11 2.3. Sistemas de Supervisão .......................................................................................................... 12 2.4. Sistemas de Otimização ......................................................................................................... 13 2.5. Sistemas de Gestão da Informação......................................................................................... 14 2.6. Sistemas de Execução da Manufatura .................................................................................... 14 2.7. Sistemas de Gestão Corporativa ............................................................................................. 15 2.8. Caracterização de Dados e Sistemas ...................................................................................... 15 3. SISTEMAS DA TECNOLOGIA DA AUTOMAÇÃO ............................................................ 17 3.1. Sistemas de Instrumentação ........................................................................................... 17 3.1.1. Especificação da Instrumentação ................................................................................... 17 3.1.2. Tecnologia dos Sistemas de Instrumentação ................................................................. 18 3.2. Sistemas de Controle ...................................................................................................... 19 3.2.1. Especificação dos Sistemas de Controle ........................................................................ 20 3.2.2. Tecnologia dos Sistemas de Controle ............................................................................ 21 3.3. Redes de Campo............................................................................................................. 25 3.3.1. Especificação das Redes de Campo ............................................................................... 25 3.3.2. Tecnologia das Redes de Campo ................................................................................... 26 3.4. Sistemas de Supervisão .................................................................................................. 37 3.4.1. Especificação dos Sistemas de Supervisão .................................................................... 38 3.4.1.1. Especificação do hardware das Estações de Engenharia e Operação ............................ 38 3.4.1.2. Especificação do Sistema Operacional .......................................................................... 39 3.4.1.3. Especificação do software para configuração do Sistema de Supervisão ...................... 39 3.4.2 Tecnologia dos Sistemas de Supervisão ........................................................................ 40 3.5. Sistemas de Otimização ................................................................................................. 45 3.5.1. Especificação dos Sistemas de Otimização ................................................................... 46 3.5.2. Tecnologia dos Sistemas de Otimização ........................................................................ 46 4. SISTEMAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ........................................................... 51 4.1. Sistemas de Gestão Corporativa ............................................................................................. 51 4.2. Sistemas de Execução da Manufatura .................................................................................... 52 4.3. Sistemas de Gestão da Informação......................................................................................... 56 4.4. Sistemas de Gestão da Informação do Laboratório ................................................................ 58 5. ETAPAS DE UM PROJETO DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL ........................................ 59 5.1. Levantamento de Campo ........................................................................................................ 59 5.2. Especificação Funcional ......................................................................................................... 59 5.3. Critérios de Projeto................................................................................................................. 59 5.4. Fluxogramas P&I (Processo e Instrumentação) ..................................................................... 60 5.5. Instrumentação do fluxograma P&I ....................................................................................... 60 5.6. Arranjo da Sala de Controle ................................................................................................... 61 5.7. Relação de entradas e saídas dos controladores ..................................................................... 62 5.8. Especificação de instrumentos ............................................................................................... 62 5.9. Folha de dados de instrumentos/equipamentos ...................................................................... 63 5.10. Folha de Especificação para o Sistema de Automação ...................................................... 63 5.11. Diagramas Lógicos ............................................................................................................ 64 5.12. Diagramas Funcionais ........................................................................................................ 65 5.13. Diagramas de interligação .................................................................................................. 65 5.14. Diagramas de Malhas ......................................................................................................... 66 5.15. Relação de Circuitos e Cargas ........................................................................................... 66 5.16. Diagrama Unifilar .............................................................................................................. 67 5.17. Lista de Instrumentos ......................................................................................................... 67 5.18. Plantas de locação de instrumentos .................................................................................... 67 5.19. Lista de Materiais ............................................................................................................... 68 5.20. Lista de Cabos .................................................................................................................... 69 5.21. Planilhas de Cabos ............................................................................................................. 69 5.22. Lista de Cabos para lançamento ......................................................................................... 69 5.23. Gestão de Suprimentos....................................................................................................... 69 5.24. Análise Técnica de Propostas ............................................................................................ 69 5.25. Comentário de desenhos de fornecedores .......................................................................... 70 5.26. Roteiro de Aceitação ..........................................................................................................70 5.27. Programação de CLP ......................................................................................................... 70 5.28. Configuração do Software De Supervisão ......................................................................... 71 5.29. Desenvolvimento de drivers .............................................................................................. 72 5.30. Testes de Plataforma .......................................................................................................... 72 5.31. Elaboração de Manuais ...................................................................................................... 72 5.32. As-Built............................................................................................................................... 72 5.33. Implantação do Sistema ..................................................................................................... 73 7 1. INTRODUÇÃO O termo automação está associado, fundamentalmente, à aplicação de dispositivos que visam substituir o trabalho braçal, insalubre ou repetitivo. O termo informação está associado, por sua vez, ao processamento de dados para o monitoramento de atividades e processos e à tomada de decisões. A integração de ambos resulta em sistemas de automação e informação, que podem ser implantados em ambientes residenciais, comerciais ou industriais, proporcionando benefícios como o aumento da produtividade e da qualidade, redução dos custos e maior agilidade nos processos de tomada de decisões. A presente disciplina tem como objetivo apresentar ao aluno informações sobre a integração de sistemas de automação e informação em ambientes industriais, cujos conceitos mais complexos, podem ser estendidos e aplicados aos demais ambientes, desde que devidamente adequados à natureza dos processos. Serão apresentadas as principais características desses sistemas, como infraestruturas, interfaces, arquiteturas e configurações mais utilizadas. A abordagem do tema não está vinculada a qualquer tipo de produto de mercado, sendo que os conceitos e funcionalidades dos dispositivos são apresentados em âmbito geral. 2. ESTRUTURA DE SISTEMAS INTEGRADOS Sistemas integrados de informação e automação são comumente representados em camadas, na forma de uma pirâmide, como ilustra a figura 1. Figura 1 - A pirâmide de sistemas integrados A Tecnologia da Automação (TA) é um conjunto de técnicas que pode ser aplicado em diversos ambientes, como o empresarial, industrial, comercial, predial ou residencial. Baseia-se fundamentalmente na aplicação de dispositivos que visam substituir o trabalho braçal, insalubre ou repetitivo. Processos automatizados proporcionam benefícios inegáveis em relação ao aumento da produtividade, redução dos custos e melhoria global da qualidade. Podem trazer, entretanto, alguns efeitos colaterais dos quais podemos apontar como sendo o pior o desemprego. A automação e a computação são duas áreas que têm muito em comum. Podemos considerar que os processadores e de maneira geral os computadores foram e ainda são uma ferramenta essencial na implementação de sistemas automatizados. Estas áreas estão em constante evolução em 8 decorrência de novas tecnologias, que introduzem a cada ano, novos componentes, novos materiais, novas arquiteturas e configurações para a construção de dispositivos e equipamentos. Os primeiros sistemas de automação possuíam tamanho avantajado, com capacidade, desempenho, confiabilidade e disponibilidade reduzida. Os sistemas modernos reverteram estas características desfavoráveis e hoje se mostram surpreendentemente pequenos, com grande capacidade de processamento o que lhes atribui alto desempenho, são extremamente confiáveis e com altos índices de disponibilidade. Uma das principais mudanças trazida pelo avanço tecnológico foi a distribuição de recursos e dados pelos diversos componentes de um grupo de computadores. Outrora, tarefas e dados eram processados em uma única máquina, servidor main-frame, que concentrava e geria todos os recursos de processamento e armazenamento dentro de uma arquitetura centralizada, como ilustra a figura 2. Os sistemas de controle eram separados do nível corporativo. Figura 2 - Arquitetura centralizada A descentralização trouxe maior autonomia e maior disponibilidade de recursos uma vez que cada equipamento, dotado de uma unidade de processamento e outra de armazenamento própria, tornou-se capaz de realizar tarefas, armazenar dados localmente e intercambiar dados e informações com outros equipamentos conectados através de uma rede constituindo uma arquitetura distribuída, como mostra a figura 3. Nível de Controle Funções: Controle Sequenciamento Intertravamento Rede Corporativa Controladores Locais Eletrônicos ou Eletromecânicos (Relés) Nível da Instrumentação Funções: Medição Atuação Atuadores Sensores Super Computadores Nível Corporativo Servidor Main-Frame Processamento de Dados Terminais “burros” 9 Figura 3 - Arquitetura de sistemas integrados Um exemplo claro da distribuição de tarefas e da possibilidade de sua realização em diversos níveis de um sistema de automação é a tarefa de controle: − Os primeiros algoritmos de controle foram implementados em módulos alojados em painéis e alocados no campo junto aos equipamentos sensores e atuadores, desempenhando um controle local; − Numa segunda etapa, a tarefa de controle passou a ser desempenhada por painéis de relés, nos quais eram implementadas as lógicas de controle, intertravamento e seqüenciamento; − Dos painéis de relés, ainda existentes e aplicados em áreas de segurança máxima, passamos aos controladores programáveis, que assumiram todas as tarefas até então desempenhadas pelos relés; − A utilização de computadores para desempenhar a interface com o usuário possibilitou que o controle também fosse implementado na camada de supervisão, apesar de não muito confiável devido à vulnerabilidade destes equipamentos; − Mais recentemente, o controle voltou a ser implementado na camada do chão de fábrica com a nova geração de instrumentos digitais conectados em rede de campo. Não existe a priori, uma configuração única ou uma regra que determine onde os recursos deverão ser alocados, onde as tarefas deverão ser desempenhadas ou onde os dados deverão ser armazenados. Cada sistema deverá possuir uma configuração de hardware e software adequada às suas necessidades, estar apto a receber dispositivos de outros fabricantes (sempre que possível) bem como prever capacidade para expansões e futuras mudanças. Outra evolução significativa também pode ser vista na figura 3, foi a integração dos sistemas de automação aos sistemas de informação. Nesta configuração, a TA passa a ser fornecedora de dados para a Tecnologia da Informação (TI) e a qualidade dos resultados da TI passa a ser dependente da qualidade dos dados da TA. Sistemas de Controle Rede Corporativa Rede de Controle Controladores Programáveis Sistemas de Execução da Manufatura Sistemas de Gestão da Informação Sistemas de Otimização Sistemas de Supervisão Equipamentos inteligentes Rede de Campo Estações Gerenciais Sistemas de Gestão Corporativa Estações de Informação e Execução da Manufatura Estações de Supervisão Estações de Otimização Sistemas de Instrumentação Atuadores Sensores Dispositivos inteligentes 10 O conceito de Tecnologia da Informação (TI) é bastante abrangente e envolve além dos aspectos técnicos de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de sistemas e estruturas de hardware e software,os aspectos humanos, administrativos e organizacionais (KEEN, 1993). Alguns autores fazem distinção entre a TI e os Sistemas de Informação, restringindo à primeira expressão apenas os aspectos técnicos, enquanto que a segunda corresponderia às questões relativas ao fluxo de trabalho, pessoas e informações envolvidas (ALTER, 1992). Outros autores, no entanto, usam o termo Tecnologia da Informação abrangendo ambos os aspectos (HENDERSON & VENKATRAMAN, 1993). Ao longo de sua trajetória, a TI passou de uma estrutura tradicional de suporte administrativo a uma ferramenta estratégica dentro das organizações (CORRÊA & CORRÊA, 2005). Na evolução temporal dos modos de atuação das empresas, ilustrada na figura 4 (FREITAS, 2006), distinguem-se três planos: Operacional, Tático e Estratégico. Figura 4: Evolução dos modos de atuação das empresas No passado, o sucesso dos empreendimentos era determinado pelas habilidades nos planos tático e operacional, ou seja, alocação rápida dos recursos e tecnologias para aproveitar as oportunidades das economias de escala. Durante esse período, os sistemas de controle financeiro foram suficientes e eficazes nas tarefas de facilitar e monitorar a alocação de capital financeiro e físico. Entretanto, com a disponibilidade e o crescimento da influência da informação nos setores produtivo e gerencial, muitas das premissas fundamentais associadas a esta dinâmica tornaram-se ineficientes e obsoletas. Este fato foi confirmado por Reis em sua dissertação (REIS, 2001), na qual relata que as empresas não conseguem mais obter vantagens competitivas sustentáveis apenas com a rápida alocação de novas tecnologias a ativos físicos e com a excelência da gestão eficaz dos ativos e passivos financeiros. Segundo ele, uma das formas de adequar este modelo da contabilidade financeira é ampliá-lo de modo que incorpore a avaliação dos ativos intangíveis e intelectuais de uma empresa. O presente mostra uma preocupação crescente das empresas no sentido de aperfeiçoar suas ferramentas de TI e buscar meios para fundamentar seus procedimentos em metodologias consolidadas, de modo a aumentar a efetividade das decisões tomadas, pois tão importante quanto gerar a informação é saber usá-la para agregar valor a atividades e processos. Outra questão relevante está associada à necessidade de expandir o modo de atuação estratégico, até então empregado somente na gestão corporativa, aos sistemas produtivos. Esta necessidade vem sendo atendida a partir da evolução das redes de comunicação, que permitem integrar, em um mesmo meio físico, todos os setores da empresa, desde o chão-de-fábrica aos setores corporativos. Neste sentido, cresce a importância dos Sistemas de Automação, que passam a desempenhar o papel de fornecedores de dados dos processos produtivos para os Sistemas de Informação (GROOVER, 2011). Desta forma, é inevitável estabelecer uma ampla integração entre a TI e a Tecnologia da Automação (TA). Passado Presente Futuro Estratégico Tático Operacional 11 A implantação da TI integrada à TA não é uma tarefa simples nem tão pouco rápida. Tal integração deve suplantar as diferenças técnicas e culturais dos extremos opostos da corporação, o chão-de-fábrica e o corporativo. É necessário estabelecer um planejamento de longo prazo para organizar a implantação de forma gradual, incorporando em cada etapa, evoluções das ferramentas computacionais (hardware e software) bem como o conhecimento advindo da utilização dos sistemas em todos os setores. Outra questão a ser enfrentada é a descrença quanto à efetividade dos resultados obtidos a partir do uso de ferramentas de TI, face ao montante de investimento necessário (PORTER, 2001; DRUCKER, 2000; EVANS & WURSTER, 1999; FRONTINI, 1999). Em última instância, os resultados advindos da TI estão fortemente associados aos processos de tomada de decisão, que envolvem múltiplos critérios, múltiplas alternativas de solução, pessoas com formação e interesses distintos e apresentam incertezas nas informações (QUEIROZ, 2009). Este material pretende ampliar os conhecimentos dos profissionais de engenharia e áreas afins nos universos da TA, e dar subsídios à elaboração de soluções de problemas enfrentados pelas empresas em seus processos produtivos. As menções presentes no texto não estão vinculadas a qualquer tipo de produto de mercado, sendo que os conceitos e funcionalidades dos dispositivos são apresentados em âmbito geral. As figuras apresentadas no texto são de caráter meramente ilustrativo. 2.1. Sistemas de Instrumentação A primeira camada da pirâmide a partir da base é formada pelos Sistemas de Instrumentação. Eles são compostos por: − Sensores, que realizam as medidas do processo com base em fenômenos físicos; − Transdutores, que traduzem estas medidas em sinais elétricos ou conjunto de bits para que possam ser transmitidas aos dispositivos de controle; − Atuadores, que agem sobre o processo sob o comando dos controladores; − Dispositivos inteligentes, dotados de microprocessadores e capazes de realizar tarefas programadas e disponibilizar dados processados. A figura 5 apresenta exemplos de componentes dessa camada: Figura 5 – Exemplos de instrumentos industriais É sem dúvida a mais importante das camadas como afirmou Connvell em 1988: "Todo controle começa com a medição e a Qualidade do Controle não será maior que a Qualidade da Medição". Esta frase retrata bem a necessidade de um Sistema de Instrumentação que realmente garanta a confiabilidade dos sinais das variáveis medidas bem como a precisa atuação dos elementos final de controle. Constitui assim uma área de interface crítica entre o processo e os demais sistemas, pois o bom desempenho dos mesmos é totalmente dependente da qualidade dos dados fornecidos pela instrumentação. 2.2. Sistemas de Controle Os Sistemas de Controle são constituídos, essencialmente, por “equipamentos inteligentes” e controladores programáveis. Entende-se por “equipamentos inteligentes”, os equipamentos capazes de desempenhar tarefas importantes para o processo, através da utilização de microprocessadores. Dentre os “dispositivos inteligentes” mais utilizados em plantas industriais podem ser destacados os 12 relés microprocessados, que realizam o gerenciamento de motores (controle, proteção e diagnósticos) de forma flexível e modular, em conjunto com os controladores programáveis. Uma ilustração de um relé microprocessado é mostrada na figura 6. Figura 6 – Relé microprocessado Os controladores programáveis são computadores dedicados que executam diversas tarefas em tempos da ordem de milisegundos. Apresentam configurações compactas, com limitada capacidade de expansão, ou modulares, que podem ser especificados de modo a atender as necessidades do processo a ser controlado. A figura 7 ilustra as duas modalidades. (a) (b) Figura 7 – Modelos de controladores programáveis (a) Compacto (b) Modulares Os controladores programáveis tem importância destacada em sistemas integrados, pois hospedam as Bases de Dados em Tempo Real (BDTR), que armazenam a maior parte dos dados dos processos produtivos. 2.3. Sistemas de Supervisão Os Sistemas de Supervisão são responsáveis por desempenhar a interface entre usuário e processo. Essa interface pode ser bastante simples, como uma botoeira, um pouco mais elaborada como uma Interface Humano Máquina (IHM) ou complexa como os software de supervisão (supervisórios). A figura 8 mostra tais modalidades. http://www.weg.net/br/Produtos-e-Servicos/Controls/Partida-e-Protecao-de-Motores/Rele-Inteligente-SRW01 13 (a) (b) (c) Figura 8 – Interfaces com o usuário: (a) Botoeiras(b) IHM (c) Tela de um Sistema de Supervisão Os dispositivos mais simples, como as botoeiras, são limitados a indicar o estado de equipamentos e possibilitar comandos básicos. As IHM apresentam recursos mais elaborados e permitem a implementação de lógicas de controle, segurança e operação local. Os sistemas de supervisão, também chamados sistemas “supervisórios” ou sistemas SCADA (Supervision Control and Data Acquisition) são sistemas completos de supervisão que utilizam computadores e softwares gráficos para representar a dinâmica do processo. Estão presentes nas salas de operações de plantas industriais e são utilizados para supervisão e operação remota. Alguns softwares de supervisão também hospedam uma BDTR, que pode conter dados lidos dos controladores programáveis, dados de entrada do operador bem como dados processados localmente. Outros dados importantes também são disponibilizados por estes sistemas, como alarmes, eventos e tendências históricas. 2.4. Sistemas de Otimização Os Sistemas de Otimização têm como desafio melhorar de índices de uma planta industrial, a partir da modernização dos recursos instalados, adoção de estratégias de controle avançado e de mudanças de caráter operacional. Na maioria das vezes, estes sistemas são implementados em computadores dedicados e utilizam técnicas de otimização como Modelagem Matemática, Inteligência Artificial e estratégias de Controle Avançado, como ilustra a figura 9. Figura 9 – Plataforma de Sistemas de Otimização Sistemas de Otimização acessam as BDTR dos controladores programáveis para leitura e escrita de dados e hospedam base de dados própria. 14 2.5. Sistemas de Gestão da Informação Os Sistemas de Gestão da Informação PIMS (Plant Information Management System) constituem uma infraestrutura utilizada para o gerenciamento de dados em plantas industriais, que possibilita armazenar e processar grandes volumes de dados e gerar informações úteis aos diversos níveis: operação, supervisão, manutenção, produção, gestão, qualidade dentre outros. Utilizam servidores de dados para hospedam bancos de dados temporais capazes de armazenar longos históricos de dados de processo e bancos de dados relacionais para dados de outras naturezas, como na arquitetura apresentada na figura 10. Figura 10 – Arquitetura de um PIMS 2.6. Sistemas de Execução da Manufatura Os Sistemas de Execução da Manufatura MES (Manufacturing Execution System) são responsáveis por processar os dados brutos do chão de fábrica que vão para o nível corporativo, e no sentido inverso, processar os dados e informações vindas do nível corporativo, adequando-as aos padrões do chão de fábrica, como ilustra a figura 11. Figura 11 – Arquitetura de um PIMS 15 Utilizam computadores dedicados e softwares customizados ou módulos de software disponibilizados pelos sistemas do nível anterior para desenvolvimento de aplicativos. 2.7. Sistemas de Gestão Corporativa Os sistemas de gestão corporativa são responsáveis por suportar a programação e a gestão da produção, contando com poderosas ferramentas de software, baseadas no conceito ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento dos Recursos do Empreendimento). Utilizam servidores de dados para hospedar um banco de dado relacional que centraliza os dados de todos os setores da corporação e um sistema gestor que integra uma gama de aplicativos de software destinados à gestão corporativa e produtiva da empresa e de colaboradores externos, como mostra a figura 12. Figura 12 – Arquitetura ERP 2.8. Caracterização de Dados e Sistemas Em sistemas integrados de informação e automação, os dados são disponibilizados por diversos sistemas, espalhados nos diversos níveis. Desta forma, é importante caracterizar os dados e sistemas a fim de facilitar origens, disponibilidades e finalidades dos mesmos. A distribuição funcional é apresentada na figura 13 e descrita a seguir: − Fontes de dados: sistemas de instrumentação, controle, supervisão, otimização e gestão corporativa; − Repositórios: sistemas de gestão da informação e execução da manufatura; − Consumidores: sistemas de supervisão e gestão corporativa. 16 Figura 13 – Caracterização funcional dos dados e sistemas A caracterização temporal é apresentada na figura 14 e descrita a seguir: − Milisegundos e segundos (tempo real): sistemas de instrumentação e controle; − Segundos e minutos: sistemas de supervisão, otimização, gestão da informação e execução da manufatura; − Minutos e horas: sistemas de gestão corporativa. Figura 14 – Caracterização temporal dos dados A finalidade dos dados é apresentada na figura 15 e descrita a seguir: 17 − Execução: sistemas de instrumentação, controle, supervisão, otimização e execução da manufatura; − Programação: sistemas de supervisão, gestão da informação e execução da manufatura; − Planejamento: sistemas de gestão corporativa. Figura 15 – Caracterização da finalidade dos dados 3. SISTEMAS DA TECNOLOGIA DA AUTOMAÇÃO Este capítulo apresenta os sistemas associados à TA. Todo o desenvolvimento do projeto, bem como as especificações de equipamentos e dispositivos, deve atender aos Critérios de Projeto (CP) previamente definidos. 3.1. Sistemas de Instrumentação A base da pirâmide dos sistemas integrados é a camada de instrumentação. Ela é composta por sensores, transdutores e atuadores. A instrumentação de campo é uma área de interface crítica entre o processo e o sistema de automação, e a qualidade dos instrumentos reflete em todas as camadas acima. 3.1.1. Especificação da Instrumentação A especificação dos instrumentos é realizada a partir da análise do Diagrama de Fluxo de Processo (PFD), desenho que apresenta os todos os equipamentos da planta bem como o fluxo das variáveis do processo. A partir do PFD e das particularidades do processo, devem ser analisados: - O tipo de variável associada; - Os limites da variável; - O princípio de funcionamento; - A precisão necessária; - A velocidade de resposta; 18 - As funcionalidades necessárias; - O local de instalação; - O grau de risco associado; - A tecnologia do instrumento; - O tipo de comunicação; - Outros. Os instrumentos são então alocados sobre o PFD, dando origem ao P&ID (Diagrama de Processo e Instrumentação). Para cada instrumento é gerada uma Folha de Dados (FD) que será utilizada para a aquisição dos mesmos. 3.1.2. Tecnologia dos Sistemas de Instrumentação Os fabricantes disponibilizam instrumentos nas tecnologias analógica e digital. A escolha da tecnologia depende obviamente da aplicação e da relação custo benefício. A tecnologia analógica convencional realiza a interligação dos instrumentos aos dispositivos de controle através de cabos, como mostrado na figura 16. Os sinais de entrada e saída são tipicamente correntes de 4 a 20 mA (analógicas) e tensões de 0 a 127 Vca ou 24 Vcc (discretas). Este tipo de tecnologia possui algumas desvantagens como: − Utilização de maior quantidade de cabos (2, 3 ou 4 cabos por instrumento); − Necessita de cartões de entrada e saída para realizar a interface com o controlador; − Apresenta maior vulnerabilidade a desgaste, interferência eletromagnética e mau contato; − Demanda maior tempo de instalação; − Requer mais manutenção; − Outras. Figura 16 – Interligação convencional de instrumentos A tecnologia digital oferece alguns diferenciais, sendo o mais interessante a possibilidade de interligação dos instrumentos em rede, como mostra a figura 17. Mesmo optando pela tecnologia analógica, é possível conectar os instrumentos em rede através de conversores de sinais. Entretanto, as características e funcionalidades da tecnologia digital não estarão presentes. A tecnologia digital oferece algumas vantagens como: − Interligação dos instrumentosem rede; − Redução drástica da necessidade de cabos e cartões de controladores; − Menor tempo de instalação; − Programação e configuração de instrumentos através de rede; − Realização de diagnósticos dos instrumentos e emissão de alarmes e mensagens; − Desenvolvimento de estratégias de controle no próprio instrumento; − Implementação e execução de tarefas via software; − Outras. Sistema de Supervisão Controlador 19 Figura 17 – Interligação de instrumentos em rede Com a possibilidade de elaborar e executar estratégias de controle no nível dos instrumentos, como ilustrado na figura 18, é necessário definir a hierarquia de controle na etapa de projeto. O controle pode ser executado no nível dos controladores ou no nível dos instrumentos. Caso optemos por realizar o controle no nível dos instrumentos, o controlador é dispensável? Figura 18 – Estratégia de Controle executada no nível dos instrumentos 3.2. Sistemas de Controle Esta camada é composta por relés e controladores programáveis, comumente denominados controladores. A figura 19 ilustra o fluxo das variáveis e o papel do controlador em uma configuração típica de um sistema de controle industrial. Figura 19 – Configuração de um sistema de controle industrial Medidor Atuador Sinal de Referência (Set point) Valor da Variável de Processo Detecção do Erro / Processamento da Lógica de Controle Sinal para o Atuador Medidor Atuador Sistema de Supervisão Controlador PROCESSO 20 Os valores desejados para as variáveis de processo (set points) são definidos pelo operador no software de supervisão. Estes valores são lidos pelo controlador e armazenados na Base de Dados em Tempo Real (BDTR) do mesmo. Os dados dos instrumentos também são lidos continuamente e armazenados na BDTR. Quando a lógica implementada no controlador detecta um desvio da variável de processo em relação ao set point, age sobre o processo enviando comandos ao atuador. Além da tarefa de controle, o controlador também pode ser responsável pelas tarefas de sequenciamento e intertravamento. 3.2.1. Especificação dos Sistemas de Controle A especificação destes dispositivos é realizada a partir das quantidades de entradas e saídas identificadas no P&ID, acrescidas de uma margem de segurança, e das funcionalidades necessárias. O levantamento destes dados dá origem ao documento Relação de Entradas e Saídas (IO List). Além dessas questões básicas, para os controladores programáveis, devem ser definidos: − A tecnologia do controlador; − O princípio de funcionamento (pneumático, hidráulico ou eletrônico); − A fonte de alimentação; − A CPU; − A velocidade de processamento; − A capacidade de memória; − O tipo de comunicação; − Cartões de rede; − Cartões de entrada e saída; − Cartões especiais para funcionalidades específicas; − Os racks para alocação da CPU, fonte e cartões; − A linguagem de programação; − As funcionalidades necessárias; − A estrutura de suporte ao usuário; − O local de instalação; − O grau de risco associado; − O painel para abrigar os dispositivos; − Outros. Para o controlador e o painel também são geradas FD. Os dispositivos são normalmente instalados em painéis, que devem obedecer a requisitos normativos de segurança e construção. Estes requisitos levam em consideração, fundamentalmente, o ambiente de instalação e as condições de operação. Um exemplo de painel é mostrado na figura 20. Figura 20 – Painel com controlador programável 21 Sistemas de controle de médio e grande porte utilizam arquiteturas distribuídas, como ilustra a figura 21. Nesta arquitetura a unidade principal (CPU) é instalada próximo à sala de operação. Na CPU é processada toda a lógica de controle, sequenciamento e intertravamento do processo. Através de uma rede de comunicação, a CPU é interligada a várias unidades terminais remotas (RTU). As RTU não possuem CPU e são instaladas em salas elétricas próximas às áreas do processo, a fim de facilitar as conexões dos instrumentos de campo. Caso uma RTU esteja a uma distância muito grande, a ponto de comprometer os requisitos de processamento em tempo real para controle e segurança, é recomendado instalar uma CPU para processamento local. Figura 21 – Arquitetura distribuída de controladores 3.2.2. Tecnologia dos Sistemas de Controle Coexistem no mercado, três soluções de sistemas de controle, baseadas nas seguintes tecnologias: - CLP (Controlador Lógico Programável) + interface gráfica SCADA (Sistema de Supervisão e Aquisição de Dados); - SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído); - Sistema híbrido. O CLP teve suas origens na indústria automobilística (manufatura) e é indicado para processos com predominância de variáveis discretas. Está presente nos segmentos industriais de mineração, alimentício, têxtil, cimento, energia, outros. A figura 22 mostra ilustrações de CLP. Unidade Principal com: - CPU - Cartão de Rede - Acessórios Sala de Operação Unidade Remota com: - Cartão de Rede - Cartões de Entrada/Saída Sala Elétrica Área X Unidade Remota com: - CPU - Cartão de Rede - Cartões de Entrada/Saída Sala Elétrica Área Y Rede de Controle CHÃO-DE-FÁBRICA CHÃO-DE-FÁBRICA 22 Figura 22 – Equipamentos de CLP O SDCD teve suas origens na indústria petroquímica (transformação) e é indicado para processos com predominância de variáveis analógicas. Está presente também no segmento de papel e celulose, cujo produto apresenta alto valor agregado. A figura 23 ilustra os equipamentos de SDCD. Figura 23 – Equipamentos de SDCD Entretanto, nem todos os processos apresentam predominância explícita de variáveis discretas ou analógicas, como por exemplo, siderúrgico, químico, metalúrgico. Para atender estes segmentos, os fabricantes de SDCD desenvolveram os chamados sistemas híbridos, que agregam as potencialidades de ambas as tecnologias, CLP e SDCD, em um só produto. A figura 24 ilustra os equipamentos de sistemas híbridos. Figura 24 – Equipamentos de Sistemas Híbridos 23 Dessa forma, com base no critério de dominância de variáveis, é possível estabelecer a relação mostrada na figura 25: Figura 25 – Processos versus tecnologias Na prática, grande parte dos segmentos que poderiam utilizar os Sistemas Híbridos não o faz, devido ainda a seu alto custo, dando preferência ao CLP e agregando, quando necessário, sistemas de otimização tradicionais. A seguir, são apresentadas as principais características das três tecnologias, que comumente estão presentes nos produtos de maior penetração no mercado. Eventualmente poderão ser notados alguns desvios com relação a produtos existentes. PLC+SCADA SDCD Sistema Híbrido Fornecimento por projeto de integração de hardware e software: CPU e módulos de CLP, estações de engenharia e operação, redes de comunicação, softwares, engenharia básica e detalhada, configuração e integração. Fornecimento por projeto de integração de hardware e software: CPU e módulos de SDCD, estações de engenharia e operação, redes de comunicação, softwares, engenharia básica e detalhada, configuração e integração. Fornecimento por projeto de integração de hardware e software: CPU e módulos de CLP e SDCD, estações de engenharia e operação, redes de comunicação, softwares, engenharia básica e detalhada, configuração e integração. Tecnologia aberta atendendo os padrões de mercado com liberdade de escolha de fornecedores. Hardware e software padrão de mercado permitindo agilidade de atualização e incorporação de novos dispositivos.CPU e remotas de CLP distribuídas pelas áreas do processo para atender variáveis discretas e analógicas. CPU e remotas de SDCD distribuídas pelas áreas do processo para atender variáveis discretas e analógicas. CPU e remotas de CLP distribuídas pelas áreas do processo para atender variáveis discretas e CPU e remotas de SDCD para atender variáveis analógicas. Possibilidade de redundância com duplicação de CPU, fontes e cartões de entradas e saídas Predominância de Variáveis Analógicas Discretas Tecnologias SDCD Sistema Híbrido CLP 24 PLC+SCADA SDCD Sistema Híbrido Evolução, migração e/ou adaptação para a plataforma Windows NT tendo sido originalmente concebidos para sistemas como DOS, Windows 3.X, OS2, etc. Nem todos os sistemas utilizam extensivamente os recursos disponíveis da plataforma NT por não serem nativos desta. Alguns produtos ainda utilizam a plataforma VMS, UNIX e outras, que não se consolidaram como tendência no mercado mundial. A maioria dos sistemas já está adotando a plataforma NT. Utilização da plataforma Windows NT como ambiente nativo empregando todos os recursos e tendências recentes em termos de aplicativos, arquiteturas, padrões de comunicação, redes, drivers, interfaces, etc. Alta eficiência no tratamento de variáveis discretas com funções dedicadas à manipulação dessas variáveis. Crescente melhoria no tratamento de variáveis analógicas. Alta eficiência no tratamento de variáveis analógicas com funções dedicadas à manipulação dessas variáveis. Crescente melhoria no tratamento de variáveis discretas. Alta eficiência no tratamento de variáveis analógicas e discretas com funções dedicadas à manipulação de ambas as variáveis. Requer maior esforço de configuração e manutenção, sendo geralmente necessário, um profissional para realizar a programação do nível de controle e outro para configurar o sistema de supervisão. Redução do esforço de configuração sendo que um único profissional pode realizar a programação do nível de controle e configurar a supervisão. Redução do esforço de configuração sendo que um único profissional pode realizar a programação do nível de controle e configurar a supervisão. Bases de Dados de Tempo Real localizadas no nível de supervisão e no nível dos controladores, o que dificulta a construção e manutenção da consistência e da confiabilidade dos dados cadastrados. Bases de Dados de Tempo Real localizadas no nível dos controladores, o que facilita a construção e manutenção da consistência e da confiabilidade dos dados cadastrados. Bases de Dados de Tempo Real localizadas no nível dos controladores, o que facilita a construção e manutenção da consistência e da confiabilidade dos dados cadastrados. Capacidade de gerenciar Bases de Dados de Tempo Real com aproximadamente 15.000 pontos de I/O sem comprometimento de performance. (*) Capacidade de gerenciar Bases de Dados de Tempo Real com aproximadamente 50.000 pontos de I/O sem comprometimento de performance. (*) Capacidade de gerenciar grandes Bases de Dados de Tempo Real com aproximadamente 50.000 pontos de I/O sem comprometimento de performance. (*) Execução da lógica de processo, intertravamentos, controle convencional no PLC. Execução da lógica de processo, intertravamentos, controle convencional e controle avançado no SDCD. Execução da lógica de processo e intertravamentos nos CLP e execução das estratégias de controle convencional e avançado no SDCD. (*) Estes valores podem variar em função do hardware e software utilizado. Norma IEC 61131-3 Além dos aspectos tratados acima, é necessário destacar a norma IEC 61131-3, que trata da programação de controladores industriais. A norma apresenta cinco divisões, listadas a seguir: 1. Definições e Visão Geral a. Definições e glossário de termos utilizados na norma b. Lista de normas IEC correlatas / referenciadas c. Características principais de controladores programáveis 25 2. Hardware a. Requisitos elétricos, mecânicos e funcionais de Controladores Programáveis e periféricos associados b. Condições de serviços, armazenagem e transporte c. Informações a serem fornecidas pelo fabricante d. Métodos e procedimentos de testes para verificação de conformidade de Controladores Programáveis e periféricos associados 3. Linguagens de Programação a. Modelo de software de comunicação e programação b. Definição de 5 linguagens de programação interrelacionadas c. Sintaxe e Semântica de duas linguagens textuais e duas gráficas: Lista de Instruções (Instruction List - IL), Texto Estruturado (Structured Text - ST), Diagrama de Contatos (Ladder Diagram - LD) e Diagrama de Blocos Funcionais (Function Block Diagram - FBD) d. Diagrama de Funções Sequenciais (Function Chart - SFC) para estruturação de programas 4. Orientação ao Usuário a. Utilização de outras divisões da norma do controlador programável b. Especificação de requisitos para aplicações c. Seleção e implementação de sistemas 5. Comunicação a. Baseada no MMS (Manufacturing Message Specifications) A divisão 3 da norma é de interesse imediato do usuário de CLP, pois após a especificação do hardware adequado para a solução da automação, é necessário realizar a programação das estratégias de controle e operação. O programador tem 5 linguagens (ver figura 26) disponíveis e poderá utilizar cada uma de acordo com as suas características. Apesar disso, a linguagem mais utilizada é a de Diagrama de Contatos, por ser mais compreendida pelos usuários finais, que normalmente possuem formação técnica em eletricidade. Figura 26– Linguagens de Programação de controladores industriais 3.3. Redes de Campo As redes de campo industriais, denominadas em inglês pelo termo fieldbus, são redes de comunicação, bidirecionais, projetadas e utilizadas para interligar instrumentos e equipamentos de chão de fábrica. 3.3.1. Especificação das Redes de Campo Tais redes devem ser especificadas com base em requisitos específicos, sendo eles: − A quantidade de pontos a ser conectada; 26 − A quantidade de dados a ser trafegada; − A velocidade de transmissão dos dados; − As distâncias envolvidas; − O meio físico utilizado; − O protocolo utilizado; − Facilidade de instalação; − Possibilidade de configuração e manutenção remotas; − Disponibilidade de softwares de gestão; − Possibilidade de implementação de diagnósticos; − Segurança na transmissão de dados; − Possibilidade de implementação de estratégias de redundância; − Outros. Para a aquisição dos equipamentos de rede também são geradas FD. 3.3.2. Tecnologia das Redes de Campo As primeiras redes de campo apareceram no início da década de 90 com o intuito de interligar instrumentos e equipamentos microprocessados em um meio físico e um protocolo que proporcionasse a interoperabilidade, ou seja, instrumentos de fabricantes diferentes poderiam ser interligados numa mesma rede e intercambiar dados e funcionalidades operacionais. Apesar de ter havido um grande esforço para a definição de um padrão único, a divergência de interesses dos principais desenvolvedores dessa tecnologia, não permitiu alcançar este objetivo. Dessa forma, surgiram diversos tipos de redes. Atualmente, dois grandes grupos detêm os principais padrões de redes de grande porte: Foundation Fieldbus (EUA) e Profibus (Alemanha). Outras redes, de menor expressão, atendem o mercado de aplicações de pequeno porte. Cada tipo de rede possui características próprias e é indicada para aplicações específicas. A figura 27 apresenta o domínio de aplicação de alguns tipos de redes de campo. Figura 27 – Domínio de aplicação das redes de campo S e n s o re s e Atu a d o re s 27 A variedade de opções permite ao usuário escolher o tipo de rede com a melhor relação custo-benefício para a solução de problemas, entretanto, não contribui para a definição de um padrão de mercado amplo e único. A escolha de um determinado tipo de rede depende fundamentalmente do nível de complexidade das estratégias de controle e do tipo de dispositivos utilizados. A seguir, são apresentadas, de forma sucinta, algumas redes de campo industriais. Introduzida em 1989, a rede HART surgiu com o propósito de facilitar a calibração e a realização de ajustes em equipamentos analógicos, através de uma rede. Foi o primeiro protocolo digital de comunicação bidirecional que não afetava o sinal analógico de controle, como mostra a figura 28. Figura 28 – Modulação de sinal na rede HART Possibilita a implementação de estratégias do tipo mestre-escravo/multimestre, trafegando sinais de 4-20 mA, como mostra a figura 29: Figura 29 – Aplicação da rede HART http://www.mecatronicaatual.com.br/files/image/hart_figura_01_5_.jpg 28 O protocolo ModBUS foi desenvolvido inicialmente para estabelecer a comunicação entre os controladores da Modicon (Schneider). Por ser um protocolo aberto e aplicável a qualquer meio físico, foi utilizado por várias redes industriais e acabou tornando-se um padrão. Permite a configuração de dispositivos do tipo mestre-escravo/cliente-servidor. A aplicação de alguns protocolos é ilustrada na figura 30. Figura 30 – Protocolos ModBUS A rede AS-Interface (Actuator-Sensor-Interface) foi inicialmente desenvolvida para ser uma alternativa de rede para interligação de sensores e atuadores discretos. Emprega soluções modulares para a interligação de equipamentos e instrumentos em rede. Utiliza cabeamento simples (2 fios) e possibilita a implementação de estratégias do tipo Mestre-Escravo, como ilustra a figura 31. Figura 31 – Aplicação da rede AS-Interface 29 A rede Interbus é um sistema de barramento universal para conexão de sensores e atuadores. Possibilita configurações do tipo Mestre-Escravo, nas quais dispositivos controladores transferem diretamente para os módulos conectados, os níveis de entrada/saída do sistema de controle. Permite topologia em anel, enviando e recebendo dados simultaneamente (full-duplex). Uma aplicação da rede Interbus é apresentada na figura 32. Figura 32 – Aplicação da rede Interbus A rede Lonworks é baseada em um microcontrolador programável chamado Neuron que suporta o protocolo de comunicação Lontalk. Apresenta um modelo de comunicação independente do meio físico, podendo transmitir dados sobre cabos da rede elétrica, rede telefônica, correntes portadoras, fibra óptica, radiofrequência, infravermelhos, coaxial, entre outros. Apesar de projetada para atender a maioria das aplicações de controle, tem bastante aceitação em automação predial, conforme figura 33. Figura 33 – Aplicação da rede Lonworks Routers 30 A rede CAN (Controller Area Network) foi desenvolvida originalmente para aplicações em ônibus e caminhões. Atualmente, é utilizado na indústria, em veículos automotivos, navios e tratores, entre outros. O CAN é um protocolo de comunicação serial síncrono. Trabalha baseado no conceito multi-mestre, onde todos os módulos podem se tornar mestre em determinado momento e escravo em outro. Uma aplicação da rede CAN em automóveis é apresentada na figura 34. Figura 34 – Aplicação da rede CAN A rede DeviceNet é um sistema de conexão aberto, de baixo custo, entre os dispositivos industriais (sensores e atuadores) e dispositivos de nível superior (controladores lógicos programáveis e PC). A rede DeviceNet usa um protocolo independente do tipo de rede, chamado protocolo industrial comum (Common Industrial Protocol - CIP), que é responsável pelos recursos de controle, configuração e coleta de dados da rede. Este processo garante maior flexibilidade graças à capacidade de trabalhar com dispositivos de diferentes fornecedores, como mostra a figura 35. Figura 35 – Aplicação da rede DeviceNet 31 A rede ControlNet é uma rede dedicada à interligação de controladores. É extremamente rápida e atente às demandas de tempo real e aplicações de alto fluxo de dados. Ela combina, ao mesmo tempo, a funcionalidade de uma rede de dispositivos simples (entrada/saída) e o alto desempenho para os controladores. A figura 36 apresenta a aplicação conjunta das redes DeviceNet e ControlNet. Figura 36 – Aplicação conjunta das redes ControlNet e DeviceNet O Profibus (Process Field Bus) é um padrão aberto de rede de campo, criado por um grupo de empresas alemãs para atender inicialmente o segmento de manufatura, estendendo-se posteriormente para a automação de processos. Seus padrões são estabelecidos por normas EN e segue as especificações do modelo de camadas OSI. Apresenta três classes distintas de rede: DP - Periferia Descentralizada, PA - Automação de Processos e FMS - Especificação de Mensagens Fieldbus (atualmente substituída pela rede ProfiNet), como mostra a figura 37. Figura 37 – Aplicação da rede Profibus 32 O Fieldbus é um padrão aberto de rede de campo, criado por uma organização sem fins lucrativos (Foundation Fieldbus), liderada por empresas norte-americanas. Consiste em um sistema da comunicação totalmente digital, em série e bidirecional dedicado à automação de processos e instrumentação industrial. Seus padrões são estabelecidos por normas IEC e segue as especificações do modelo de camadas OSI. Apresenta três classes distintas de rede: H1 – Baixa Velocidade, H2 – Alta Velocidade e HSE – Ethernet de Alta Velocidade. Um exemplo de aplicação da rede Fieldbus é apresentado na figura 38. Figura 38 – Aplicação da rede Fieldbus Contar com várias opções de escolha pode interessante. Entretanto, no caso das redes de campo, o excesso de alternativas e a indefinição quanto ao melhor padrão, ocasionou dúvidas nos usuários finais, que não foram capazes de definir quando usar, como usar e porque usar uma tecnologia. Diante de tal cenário, diversos fabricantes do setor de automação decidiram investir em pesquisas para o desenvolvimento de um padrão universal. O padrão Ethernet foi escolhido como plataforma, por ser o mais popular e já utilizado nas demais camadas do ambiente industrial e empresarial, como descrito a seguir: Ethernet é um padrão aberto de rede criado pela Xerox para, inicialmente, atender as necessidades de interligação de equipamentos em escritórios. Entretanto, devido ao sucesso do padrão, houve uma evolução significativa de sua utilização bem como de seus padrões de hardware, topologia e velocidade. Como os equipamentos de escritório não atendiam as necessidades das redes de maior porte, houve uma evolução significativa na tecnologia dos dispositivos repetidores e distribuidores (hubs, switches, bridges e routers) que passaram a utilizar softwares de gerenciamento de rede. O uso destes dispositivos microprocessados, com capacidade de realizar a comutação de mensagens, aliados ao modo de comunicação full duplex em substituição half duplex, promoveram ganhos 33 significativos de desempenho na comunicação. Por sua vez, a velocidade inicial de 2,94 Mbps passou para 10 Mbps, em seguida para 100 Mbps e 1 Gbps. Entretanto, a rede Ethernet apresenta limitações para utilização no chão de fábrica. O problema fundamental em se aplicar a Ethernet como rede de campo industrial está no mecanismo CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection), através do qual a Ethernet define o compartilhamento do meio físico e corrige erros de colisão dos dados. Este mecanismo é fundamentalmente não-determinístico, o que pode ser um empecilho para aplicações em temporeal. Outras limitações ainda podem ser relacionadas à robutez e configuração do hardware, e também às topologias disponíveis. Dessa forma, diversas empresas uniram-se para trabalhar no sentido de superar as limitações da Ethernet convencional e evoluir para um padrão industrial, a Ethernet Industrial. O determinismo na entrega de mensagens em uma rede de comunicação é dependente de um conjunto de fatores que tornam o fluxo de dados gerenciável e programável. Fatores como velocidade de comunicação, topologia da rede, domínios de colisão, conexões redundantes e qualidade de serviço são capazes de qualificar a Ethernet como determinística, desde que haja garantia de atendimento dos tempos de resposta especificados para cada aplicação. Na busca do determinismo, a Ethernet Industrial pretende utilizar a velocidade de 10 Gbs, capaz de transmitir frames de 1518 bytes a 1,2 µs. A redução dos tempos de transmissão significa, para o determinismo, que toda a comunicação está acontecendo de forma mais rápida. Qualquer tempo de espera por dados de outro dispositivo torna-se insignificante. Entretanto, o aumento da velocidade aumenta também a probabilidade de ocorrerem colisões. Uma forma de minimizar esse problema é a substituição do modo de operação compartilhado (utilização de hubs) pelo modo chaveado (utilização de switches). Neste modo de operação, a taxa de transferência de dados é duas vezes maior devido à possibilidade de enviar e receber dados simultaneamente (full duplex). Outro mecanismo que visa aumentar o desempenho da rede Ethernet Industrial é permitir os equipamentos definir a prioridade das mensagens trafegadas, garantindo assim o recebimento de dados de modo determinístico. Para suportar a agressividade do ambiente industrial, fabricantes desse segmento desenvolveram equipamentos específicos, com configurações adequadas às aplicações. As figuras 39 a 41 apresentam equipamentos no padrão Ethernet Industrial. Figura 39 – Hubs, Switches, Bridges e Routers para Ethernet Industrial 34 Figura 40 – Conectores padrão Ethernet Industrial Figura 41 – Interfaces óticas padrão Ethernet Industrial Um problema fundamental da rede Ethernet convencional é o suporte à redundância. Algumas soluções proprietárias surgiram nas próprias empresas usuárias, porém com utilização restrita. As topologias convencionais evoluíram da configuração do tipo barra (ligação dos repetidores em sequência) para estrela (centralização da distribuição de informações), como mostra a figura 42. (a) (b) Figura 42 – Topologias de rede (a) Barra (b) Estrela Todavia, para atender as exigências de disponibilidade das aplicações industriais foram desenvolvidos dispositivos de rede inteligentes para a construção de anéis redundantes com switches óticos ligados sequencialmente, como mostra a figura 43. Um recurso interessante que pode agregar flexibilidade às aplicações industriais é a possibilidade de comunicação sem fio (wireless). É uma solução prática, de fácil instalação e configuração, e custo relativamente baixo. Entretanto, a solução sem fio é recomendada sem restrições apenas para aplicações não-críticas. Em ambientes industriais, sujeitos às interferências eletromagnéticas causadas por equipamentos e rádio comunicadores, a solução sem fio não é totalmente segura. Ela pode utilizada em situações em que é necessário comunicar dispositivos 35 remotos ou equipamentos móveis. Mesmo assim, é importante verificar se a área não está sujeita a interferências indesejadas que possam causar perturbação no processo, como ilustra a figura 44. (a) (b) Figura 43 – Topologias de rede em anel redundante (a) Simples (b) Duplo Figura 44 – Aplicação da rede Ethernet Industrial sem fio Superadas as limitações da rede Ethernet para o ambiente industrial, ela será instituída como o padrão de rede para todos os níveis institucionais, interligando desde o chão de fábrica até os níveis corporativos. A comunicação entre equipamentos e sistemas de fabricantes diferentes, apesar de adotar o padrão Ethernet para comunicação, não é possível de forma direta. Dessa maneira, a plena comunicação somente é alcançada quando utilizados equipamentos e sistemas de mesmo fabricante, como ilustra a figura 45. Figura 45 – Configuração com equipamentos de mesmo fabricante Intouch Intouch Intouch 36 Para superar essa limitação, um grupo de empresas liderado pela liderado pela Microsoft, criou uma fundação, denominada OPC Foundation, para trabalhar em um protocolo único de comunicação, o OLE for Process Control (OPC). As especificações do protocolo OPC, bem com as especificações para a construção de drivers e aplicativos estão disponíveis no site da fundação. O protocolo OPC é uma evolução do Object Linking and Embedding (OLE) para atender os requisitos da modalidade industrial. Ele estabelece a figura de um servidor, com o qual qualquer cliente OPC pode trocar dados, como mostra o esquema da figura 46. Figura 46 – Relação servidor/cliente no padrão OPC Sendo assim, equipamentos de marcas diferentes, compatíveis ao padrão OPC, podem numa configuração servidor/cliente, intercambiar dados entre si, como ilustra a figura 47. Figura 47 – Configuração com equipamentos de fabricantes diferentes utilizando OPC Além da funcionalidade fundamental de prover uma Base de Dados em Tempo Real (BDTR), o servidor OPC ainda pode disponibilizar dados sobre alarmes e eventos (OPC Alarms and Events Specification), dados históricos (OPC Historical Data Access Specification), dados de processos em batelada (OPC Batch Specification), entre outros. 37 A organização dos dados no servidor segue uma estrutura de grupos, como mostra a figura 48. Cada grupo de dados pode ter características diferentes, como por exemplo, a periodicidade de atualização. Um grupo pode ser ativado ou desativado a qualquer momento. Os aplicativos de telas gráficas, receitas, relatórios, etc., podem usar um ou mais grupos de dados. Figura 48 – Organização dos dados no servidor OPC Uma forma de organizar os dados no servidor OPC é mostrada na figura 49. Figura 49 – Exemplo da organização dos dados no servidor OPC É criada uma estrutura de pastas para armazenar dados de todos os equipamentos, no caso, controladores programáveis. Sob essa estrutura, são criadas subpastas referentes às CPU dos controladores. Sob cada CPU, são criadas pastas referentes aos grupos de variáveis da base de dados do controlador. Finalmente, em cada pasta, armazenadas as variáveis do processo. Cada variável é um objeto OPC que proporciona uma conexão com uma entrada física de dados. A variável fornece ao cliente OPC informação de: valor, time stamp, qualidade do dado e tipo de dado. É possível definir um vetor de objetos como uma única variável. 3.4. Sistemas de Supervisão Os sistemas de supervisão, também chamados sistemas “supervisórios” ou sistemas SCADA (Supervision Control and Data Acquisition) são sistemas completos de supervisão que utilizam computadores e softwares gráficos para representar a dinâmica do processo. Estão presentes nas salas de operações de plantas industriais e são utilizados para supervisão e operação remota, como mostra a figura 50. 38 Figura 50 – Salas de operações de uma planta industrial 3.4.1. Especificação dos Sistemas de Supervisão A escolha de um ambiente para o desenvolvimento dos sistemas de supervisão envolve uma série de fatores que ultrapassam simples comparações de funcionalidade e desempenho. Além do próprio software de desenvolvimento da supervisão, a especificaçãodeve também envolver a especificação do hardware das estações de engenharia e operação e do sistema operacional. Em razão das soluções de automação variar de acordo com as necessidades funcionais e organizacionais de cada setor da empresa, é importante especificar, para cada caso, o conjunto de computadores, sistemas operacionais e softwares mais adequados. Alguns fabricantes oferecem equipamentos com soluções estratégicas, que apresentam características proprietárias de hardware e software. Isto pode ser interessante num primeiro momento, mas pode se tornar uma barreira para ampliações ou alterações na configuração instalada. A especificação do hardware e do software deverá atender total compatibilidade entre os equipamentos já instalados, e os equipamentos a serem instalados nas ampliações e atualizações futuras. Para aquisição do hardware e do software são geradas FD. 3.4.1.1. Especificação do hardware das Estações de Engenharia e Operação Diante do imenso número de fabricantes de hardware disponíveis no mercado, especificar uma plataforma computacional heterogênea para uma aplicação não é simples. Entretanto, em resposta à demanda dos usuários quanto à interoperabilidade e sistemas abertos, a indústria de computadores tem oferecido uma boa gama de opções. Um número crescente de fabricantes de hardware vem oferecendo soluções em sistemas abertos, com capacidade de expansão funcional, a fim de atender os padrões estabelecidos nas empresas. A adoção de um padrão aberto por parte de desenvolvedores e fabricantes pode simplificar enormemente a seleção de uma configuração. Entretanto, deve-se pesar estrategicamente, para descartar os equipamentos em uso levando em conta os investimentos neles realizados. 39 O hardware deve ser especificado dentro dos padrões de maior aceitação no mercado mundial, de forma a não se tornar obsoleto precocemente, atendendo às necessidades do sistema onde está instalado. Além disso, deverá apresentar total compatibilidade com os periféricos de outros fabricantes a fim de facilitar os estoques de reposição. Os equipamentos devem apresentar uma flexibilidade para serem utilizados em outras áreas da empresa, quando uma atualização ou desativação se fizer necessária. Devem ser definidos: − A tecnologia do processador; − A fonte de alimentação; − A CPU; − A velocidade de processamento; − A capacidade de memória; − Os tipos de comunicação; − Cartões de rede; − O gabinete; − A resolução e tamanho do monitor; − A estrutura de suporte ao usuário; − O local de instalação; − O grau de risco associado; − Outros. 3.4.1.2. Especificação do Sistema Operacional O sistema operacional é o programa, ou conjunto de programas, responsável pelo gerenciamento dos recursos de hardware e software, definindo a interface com os usuários, o compartilhamento do hardware e dos dados entre os usuários, as facilidades de operações de entrada e saída, e a recuperação de erros. O sistema operacional deve ser multiusuário, permitindo a execução de processos concorrentes (multiprogramação), a execução de processos simultâneos (multitarefa), atenderem a eventos internos e externos conforme uma escala de prioridades (preemptivo), e permitir a execução e sincronização de processos cíclicos, disparados por eventos ou contínuos. A especificação de um sistema operacional para atender plenamente todas as necessidades da empresa não é uma tarefa trivial, pois cada fabricante alega que o seu sistema é superior aos demais e atende a todos os requisitos. Sabemos que os sistemas têm suas limitações, e de uma forma ou de outra, foram desenvolvidos para atender determinadas aplicações com melhor desempenho. Devem ser definidos: − As funcionalidades necessárias; − Os requisitos de desempenho; − A compatibilidade com o hardware; − As necessidades de interface com outros sistemas; − A compatibilidade com outros softwares; − As necessidades de interface com o usuário; − A estrutura de suporte ao usuário; − Outros. 3.4.1.3. Especificação do software para configuração do Sistema de Supervisão Definido o sistema operacional é realizada a especificação do software do Sistema de Supervisão. O ambiente escolhido deve atender as necessidades de interface gráfica e apresentar o desempenho adequado ao porte da aplicação a ser desenvolvida. São requisitos importantes na especificação do software do Sistema de Supervisão: − Disponibilidade de drivers para diversas redes e protocolos; 40 − Disponibilidade de drivers para comunicação com diversas marcas e modelos de controladores; − Não restringir a escolha de fornecedores de hardware e software; − Interface amigável; − Abertura para integração com bancos de dados; − Abertura para integração com programas externos; − Arquitetura aberta; − Suporte ao usuário; − Outros. 3.4.2 Tecnologia dos Sistemas de Supervisão A tecnologia dos Sistemas de Supervisão está associada às funcionalidades disponíveis para atender as diversas necessidades do processo, como ilustra a figura 51. Figura 51 – Funcionalidades de um sistema de supervisão Estas funcionalidades podem variar na forma de configuração, de acordo com o fabricante, sendo mais, ou menos amigável, e consequentemente menos, ou mais aberta. Em geral, a facilidade de configuração da tarefa é inversamente proporcional à sua abertura. Driver de Comunicação O termo driver é utilizado para denominar a interface de comunicação entre as estações de operação e os controladores. A quantidade de drivers suportada por cada software de supervisão difere de acordo com o fabricante. A priori, é possível realizar a comunicação de uma estação de operação com mais de um tipo de controlador. Ao configurar o driver de comunicação, deve ser observada a distribuição dos dados na base de dados em tempo real do controlador, para adequar a periodicidade de leitura à característica temporal dos grupos de variáveis. As leituras podem ser realizadas por tempo ou por exceção. Uma configuração adequada do driver pode resultar em ganhos significativos de tempo na comunicação. Base de dados em Tempo Real A Base de Dados em Tempo Real (BDTR) é o repositório de dados do sistema de supervisão, atualizado em tempo real e alocado em memória RAM. A BDTR pode conter dados lidos diretamente do processo, pelo driver de comunicação, dados de entrada do operador e dados internos para armazenamento de operações realizadas. Mesmo suportando grandes quantidades de dados, é interessante priorizar as variáveis de processo, ou seja, as variáveis que demandam atualização em tempo real. 41 Para o cadastramento dos dados na BDTR, deve ser realizado um levantamento de todas as variáveis envolvidas na tarefa de supervisão e controle, suas características, atributos e propriedades. Para cada variável, devem ser definidos: - o nome da variável (TAG); - a descrição da variável; - tipo da variável; - o endereço; - a periodicidade de atualização; - a amplitude de escala; - a unidade de engenharia; - o fator de conversão ou correção; - os valores de limites operacionais; - o valor da zona morta; - outros. Interface gráfica Os sistemas de supervisão possuem ambientes de desenvolvimento de telas gráficas que permitem construir a interface do processo com o usuário, como mostra a figura 52. Figura 52 – Ambiente do editor gráfico As interfaces podem ser divididas em: - Telas de sinóticos, contendo a visão geral do processo; - Janelas de operação específicas por equipamento ou funcionalidade, como ilustra a figura 53; - Telas de utilidades para alarmes, relatórios, diagnósticos, gráficos, outros. 42 Figura 53 – Janela para sintonia de controladores Os softwares de configuração de sistemas supervisórios geralmente possuem bibliotecas de objetos que podem ser utilizadasna elaboração das telas, como mostra a figura 54. Figura 54 – Biblioteca de objetos Alarmes A tarefa de Alarme é responsável pela sinalização de ocorrências e defeitos nos equipamentos. O texto do alarme deve conter informações essenciais, como por exemplo: - data da ocorrência (dia-mês-ano); - horário da ocorrência (hora:minuto:segundo); - tag do equipamento; - valor da variável excedida; - descrição da ocorrência; - endereço ou referência para localização do defeito; - indicação de reconhecimento do alarme. 43 Cada tela pode apresentar, no rodapé ou cabeçalho, uma faixa destinada aos alarmes correntes, denominada banner, como ilustra a figura 55. Figura 55 – Banner com alarmes correntes Pode ser construída também, uma tela destinada aos alarmes ativos e outra aos alarmes históricos, como mostra a figura 56. Figura 56 – Tela de alarmes Relatórios Os relatórios do sistema devem ter seu conteúdo e formatação definidos previamente à configuração, como exemplifica a figura 57. A tela de relatórios deverá apresentar a relação de relatórios emitidos pelo sistema e botões para comandar geração destes. Figura 57 – Exemplo de relatório É desejável que o usuário possa visualizar o conteúdo do relatório antes de solicitar a impressão, bem como realizar alterações e adicionar comentários. Deve ser prevista ainda, a possibilidade de direcionamento do conteúdo do relatório para arquivos. Os constantes insucessos nas implementações de relatórios em sistemas de supervisão, mostraram que este não é o ambiente adequado para suportar tal funcionalidade. É interessante contar com um computador à parte, no qual deve ser instalado um banco de dados. O banco de dados será o responsável por armazenar e organizar os dados, aliviando a base de dados em tempo 44 real do sistema de supervisão. Um software específico deverá ser utilizado para a elaboração dos relatórios. Tendência Os gráficos de tendência apresentam o comportamento dinâmico de variáveis em períodos definidos pelo usuário, como mostra a figura 58. Figura 58 – Tela de tendências Os gráficos devem possibilitar a seleção das variáveis apresentadas, seleção da cor da pena, seleção do período e escala de apresentação, bem como recursos de deslocamento no tempo, ampliação, congelamento, barra de valores instantâneos, etc. Receitas Receita é um conjunto de parâmetros pré-definidos do sistema para ser enviado ao controlador. Esta tarefa é de grande utilidade em processos em batelada (lotes de produção). A tarefa deve ser configurada de forma a possibilitar o envio da receita ao controlador sem interrupção da operação, modificar parâmetros durante a operação e resgatar o conjunto de parâmetros modificado como uma nova receita. A figura 59 ilustra a tarefa de receitas. Figura 59 – Tela de receitas 45 Segurança Deve ser estabelecida uma estratégia de segurança operativa implementada através de senhas com 2 (dois) níveis de restrição: permissão de acesso do usuário somente às áreas permitidas, e acesso do usuário somente aos comandos permitidos. 3.5. Sistemas de Otimização O conceito de otimização está relacionado à melhoria de índices de uma planta industrial, a partir da modernização dos recursos instalados, adoção de estratégias de controle avançado e de mudanças de caráter operacional. A utilização das técnicas de otimização tem se mostrado uma alternativa muito interessante para ultrapassar os limites usualmente alcançados somente com a automação dos processos, como ilustra a figura 60. Figura 60 – Benefícios da automação e da otimização Dessa forma, a otimização de um processo passa pela identificação dos índices de desempenho e das técnicas que permitem maximizá-los ou minimizá-los. Entretanto, alguns índices podem ser concorrentes em determinadas situações, como por exemplo, “redução de custos” versus “aumento da quantidade produzida”. Cabe então, às estratégias de otimização, conciliar e indicar/decidir, a cada momento, qual a melhor alternativa. Antes de apresentar algumas das técnicas de otimização, é importante entender como funciona um sistema de otimização, independente da plataforma utilizada: CLP+SCADA+Otimização, SDCD ou Híbrido. O sistema de otimização opera em conjunto com o sistema de automação tradicional, no modo definido pelo usuário (Desativado ou Ativado, com ou sem poder de decisão), como mostra a figura 61. Em modo desativado, os set-points do processo devem ser definidos pelo operador, que possui em sua mente as regras e estratégias para atender as metas e condições estabelecidas pela produção. Ocorre que, na maioria das vezes, estes set-points permanecem fixos ou sofrem poucas alterações ao longo do turno de serviço do operador. Sem entrar no mérito da questão, é possível imaginar que deve haver outras combinações de set-points, além das usadas pelo operador, que proporcionam melhor desempenho. Quando o sistema de otimização é ativado, os set-points do processo passam a ser calculados por ele. O sistema de otimização busca, a todo instante, a melhor combinação de set-points a fim de obter os melhores rendimentos para o processo. O operador então deve decidir em adotar ou não as sugestões apresentadas pelo sistema. Pode ainda, atribuir autonomia ao sistema para tomar decisões sem a sua autorização. 46 (a) (b) (c) Figura 61 – Modos de operação de um sistema de otimização (a) Desativado (b) Ativado sem poder de decisão (c) Ativado com poder de decisão 3.5.1. Especificação dos Sistemas de Otimização A especificação dos sistemas de otimização é realizada a partir das necessidades de otimização dos processos e das técnicas associadas às soluções. Existem duas possibilidades na escolha do sistema mais adequado. A primeira é a escolha de um produto que já possua o know how de processo incluído. Esta alternativa é mais cara, mas o gasto com horas de desenvolvimento da solução é menor. A segunda é a escolha de uma linguagem de programação aberta, sobre a qual será implementada a solução. A linguagem é bem mais barata, entretanto, o esforço de implementação é muito maior. Além dessas questões estratégicas, devem ser definidos: − Disponibilidade de drivers para diversas redes e protocolos; − Disponibilidade de drivers para comunicação com diversas marcas e modelos de controladores; − Não restringir a escolha de fornecedores de hardware e software; − Interface amigável; − Abertura para integração com bancos de dados; − Abertura para integração com programas externos; − Arquitetura aberta; − Suporte ao usuário; − Outros. 3.5.2. Tecnologia dos Sistemas de Otimização Sistemas de otimização podem utilizar diversas tecnologias, das quais podemos relacionar as mais utilizadas: 47 − Modelagem Matemática; − Inteligência Artificial; − Controle Avançado. 3.5.2.1. Modelagem Matemática Um modelo matemático representa a relação matemática entre variáveis de entrada e saída de um processo real. São várias as possibilidade de representação, como por exemplo: − Equações diferenciais; − Diagramas de blocos; − Diagramas de fluxo de sinais; − Funções de transferência; − Equações de estado; − Modelos autoregressivos; − Outros. Um bom modelo permite a realização de simulações computacionais a fim de verificar o comportamento do processo para entradas específicas, sem ter que necessariamente, submeter o processo real a tais circunstâncias. Permitem também a estimação de variáveis do processo para a elaboração de estratégias de controle e para a implementação de sensores virtuais (soft sensors). A denominação soft sensor é utilizada para sensores baseados em software. O soft sensor é uma implementação computacional que funciona como um back-up virtualde um sensor real, sendo economicamente mais interessante que a instalação de sensores reservas ou redundantes. A utilização destes sensores pode ser uma boa alternativa para minimizar os problemas citados em relação à instrumentação, mesmo nos casos em que a taxa de amostragem não é adequada. Em geral, os soft sensors fornecem uma estimativa das variáveis usando um modelo que relaciona a variável de interesse com outras medidas correlacionadas a ela. A figura 62 mostra uma implementação genérica de um soft sensor, que utiliza um modelo com as medidas correlatas secundárias como entrada, em substituição a um sensor real no momento de falha. Figura 62 – Aplicação de um sensor virtual (soft sensor) 3.5.2.2. Controle Avançado As técnicas de Controle Avançado consistem em estratégias de controle elaboradas com base em algoritmos avançados do tipo multivariável, adaptativo e preditivo. A estratégia de controle multivariável contrasta com o controle convencional no sentido de que a primeira é aplicável a sistemas com entradas e saídas múltiplas, lineares ou não-lineares, variantes ou invariantes no tempo, enquanto a última é aplicável apenas aos sistemas monovariáveis (uma única entrada e uma única saída), lineares e invariantes no tempo. Além disso, a estratégia de controle multivariável é uma abordagem centrada essencialmente no domínio do tempo, enquanto a 48 o controle convencional adota um enfoque no domínio de frequência. A figura 63 apresenta os sistemas mono e multivariáveis. (a) . (b) Figura 63 – Modelos (a) Monovariáveis e (b) Multivariáveis Em determinados sistemas de controle, alguns parâmetros não são constantes ou variam de uma maneira não conhecida. Há formas de minimizar os efeitos de tais contingências projetando um controlador para sensibilidade mínima (sensível a pequenas variações). Se, entretanto, as variações dos parâmetros são grandes ou muito rápidas, pode ser desejável projetar um controlador com a capacidade de identificar estas variações continuamente e ajustar seus parâmetros de sintonia (Kp, Ti e Td) de modo que os critérios de desempenho estabelecidos para o sistema sejam sempre satisfeitos. Esta técnica é denominada controle adaptativo. A figura 64 mostra um diagrama em blocos de um sistema de controle adaptativo. Figura 64 – Diagrama de blocos de um sistema em malha fechada com controlador PID adaptativo Os parâmetros A e B da planta são variantes no tempo. O módulo designado por Identificação e Ajustamento dos Parâmetros mede continuamente a entrada M(s) e a saída C(s) da planta, para identificar os parâmetros A e B. Desta maneira, os parâmetros de sintonia do controlador (Kp, Ti e Td) podem ser modificados por este módulo para satisfazer as especificações do sistema. O projeto do módulo de Identificação e Ajustamento dos Parâmetros é o problema maior do controle adaptativo. Os produtos comerciais que utilizam técnicas de controle adaptativo recebem a denominação de self-tuning ou auto-tuning. Podem constituir ferramentas de sintonia de controladores independentes ou estar incorporadas em sistemas de controle e supervisão industriais. O processo de autosintonia pode ser executado automaticamente toda vez que o erro entre o set- point e a saída do sistema ultrapassar um valor determinado pelo usuário, ou ser executado somente ao comando do usuário. A estratégia de controle preditivo visa determinar o valor da entrada do sistema (excitação) de modo que o erro entre a saída e o set-point seja minimizado dentro de um determinado número de amostragens futuras. Esta afirmação equivale dizer que o sistema deverá ser capaz de predizer os futuros valores da variável de saída. A função preditiva é tarefa de um modelo matemático. sT sTTsTK i diip )1( 2++ + _ C(s) E(s) R(s) BAss ++2 1 Identificação e Ajustamento dos Parâmetros M(s) Função de Transferência entrada saída FT 11 entrada 1 saída 1 FT 12 FT 1M ... FT 21 entrada 2 saída 2 FT 22 FT 2M ... . . . . . . . . . ... FT N1 entrada N saída M FT N2 FT NM ... 49 Portanto, o sucesso do controlador preditivo está diretamente relacionado à capacidade do modelo matemático em predizer com precisão razoável o valor da entrada (excitação) do processo a ser aplicada no próximo instante para que a saída diste o mínimo do set-point. Através da realimentação o sistema de controle verifica a todo instante a performance e a robustez do controlador e se ajusta para minimizar o erro, como mostrado na figura 65. Figura 65 – Diagrama de blocos de um sistema em malha fechada com controlador PID preditivo 3.5.2.3. Inteligência Artificial As técnicas de Inteligência Artificial podem ser utilizadas como alternativa ou mesmo apoio aos sistemas de automação, em procedimentos de diagnóstico, tomada de decisão e estimação de variáveis. A base de um sistema de otimização que utiliza Inteligência Artificial pode ser um Sistema Especialista (Expert System), sobre o qual podem ser inseridos módulos de Lógica Nebulosa (Fuzzy Logic) e Redes Neurais Artificiais (Artificial Neural Networks). Nesta configuração, o Sistema Especialista contemplará as regras operacionais e as estratégias de otimização e utilizará as variáveis recebidas do processo para desempenhar suas tarefas. O bom desempenho do Sistema Especialista depende do bom desempenho da instrumentação do processo, ou seja, as variáveis devem ser precisas. Como a qualidade dos dados do processo não pode ser amplamente garantida, pode haver a necessidade de tratar as variáveis imprecisas utilizando a Lógica Nebulosa. Outro problema ainda pode ocorrer: a ausência de variáveis importantes para a otimização. Neste caso, podem ser utilizadas Redes Neurais para estimá-las. Sistemas Especialistas Sistemas Especialistas são programas computacionais desenvolvidos a partir do conhecimento dos especialistas, para resolver problemas num domínio restrito. O conhecimento extraído dos especialistas é formalizado e codificado numa Base de Conhecimento, como mostra o esquema da figura 66. Figura 66 – Arquitetura de um sistema Especialista A utilização de um Sistema Especialista para resolver um problema consiste em manipular este conhecimento através do uso de silogismos lógicos, derivando novos conhecimentos, + _ C(s) E(s) R(s) Modelo Matemático M(s) Controle da Excitação Sistema 50 estendendo assim a Base de Conhecimento. Sistemas Especialistas são utilizados para resolver problemas para os quais não existe uma solução algorítmica viável. Tais problemas envolvem, geralmente, conhecimento extenso, frequentemente difuso e empírico. Outra característica importante da classe de problemas abordáveis pelos Sistemas Especialistas é o papel importante desempenhado pelo conhecimento heurístico disponível sobre o problema. Lógica Nebulosa A Lógica Nebulosa é uma técnica que possibilita trabalhar com o conhecimento incerto e impreciso, permitindo que se realizem inferências sobre situações que não dominamos completamente. Ela possui uma estrutura que incorpora alguns dos mecanismos de inferência humanos, sendo muito adequada ao desenvolvimento de sistemas de controle inteligentes, pois permite que o conhecimento de peritos possa ser traduzido de maneira direta em um algoritmo de controle e decisão. A figura 67 exemplifica um sistema de inferência nebuloso. Figura 67 – Exemplo de aplicação da Lógica Nebulosa Um sistema de inferência nebuloso coleta as variáveis reais do processo e as converte para o domínio nebuloso, através de gráficos, que permitem transformar valores numéricos em conceitos linguísticos associados a graus de pertinência. Esses conceitos são aplicados a regras de produção queresultam em saídas gráficas. A resultante gráfica é então transformada para o domínio real e enviada ao atuador. Redes Neurais Artificiais As Redes Neurais Artificiais (RNA) são estimadores universais capazes gerar valores aproximadamente corretos a partir de entradas relacionadas a um padrão. O elemento básico de uma RNA é um modelo matemática do neurônio humano (figura 68 a). Quando interligado a outros neurônios forma uma rede (figura 68 b). (a) (b) Figura 68 – (a) Modelo matemático de neurônio humano (b) Rede Neural Artificial 51 As RNA precisam ser previamente treinadas com uma massa de valores que representam, com qualidade, o padrão a ser estimado. Durante o treinamento, é realizado o ajuste dos pesos associados às entradas de acordo com a importância e a repetibilidade dos dados, considerando uma saída padrão fixa, que deve ser estimada pela função de ativação. Após o treinamento e em operação, as entradas são ponderadas, e, atingido o valor de polarização, é disparada a função de ativação para gerar a saída. As RNA podem ser utilizadas para substituir modelos matemáticos, filtros e estimadores de modo geral. São utilizadas em aplicações de Controle de processos, Controle de qualidade, Reconhecimento de voz, escrita e caracteres, etc. 4. SISTEMAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Este capítulo apresenta os sistemas associados à TI. Por motivos estratégicos, a abordagem será realizada a partir do topo da pirâmide da figura 1. 4.1. Sistemas de Gestão Corporativa Conforme mencionado no capítulo anterior, os sistemas de gestão corporativa contam com poderosas ferramentas de software, baseadas no conceito ERP (Enterprise Resource Planning). ERP é uma arquitetura de software que facilita o fluxo de informações entre todos os departamentos da corporação e suas atividades, tais como fabricação, logística, finanças e recursos humanos – (HABERKORN & OLIVEIRA, 1999). É um sistema amplo de soluções e informações. A figura 12 ilustra o conceito de integração ERP. A arquitetura ERP estabelece uma plataforma na qual um banco de dados relacional central interage com um conjunto de aplicações que suporta todas as operações do negócio, em um ambiente computacional único. A fim de exemplificar a complexidade de um sistema pleno de ERP, imaginemos como uma transação que pode afetar todos os setores da empresa. Seja uma fábrica de automóveis, na qual os Representantes de Vendas e Serviços recebem de um Cliente um pedido de fornecimento de uma grande quantidade de veículos. Para elaborar a proposta comercial, eles devem verificar se será possível entregar a quantidade de unidades solicitada, dentro das especificações e prazos estabelecidos pelo Cliente, com uma margem de lucro aceitável. Para tal, é lançada uma ordem de produção simulada no sistema ERP, que dispara consultas a todos os setores envolvidos. Na extrema direita da figura, os Fornecedores externos, também integrados ao sistema, recebem consultas sobre a capacidade de fornecer peças, equipamentos e acessórios necessários à montagem dos veículos, devendo retornar as condições, prazos e preços. No ambiente interno, à direita da figura, de cima para baixo, o Pessoal Administrativo do setor de Finanças e Controladoria deve verificar a disponibilidade dos recursos financeiros necessários para arcar com todos os custos de fornecimento e produção até o recebimento do valor da venda final. Por sua vez, o Pessoal Administrativo do setor de Manufatura deve verificar a capacidade, disponibilidade e condições das linhas de produção no período dedicado ao atendimento do pedido. Este parecer deve ser elaborado em conjunto com o Pessoal do Chão-de-Fábrica e com o setor de Gerenciamento de Materiais. Na parte central inferior da estrutura, o setor de Gerenciamento de Recursos Humanos deve estimar a quantidade de homens-hora necessários para atender à Manufatura e verificar a necessidade de estender o regime de turnos. Caso necessário, deverá acionar o setor de Apoio e Serviços para complementar a capacidade de trabalho a partir de contratações externas, que a exemplo das demandas anteriores, afetará os custos e prazos da produção. É necessário ainda, verificar a logística de entrega dos produtos junto ao setor de Vendas e Distribuição (acima, à esquerda). Realizadas todas as consultas no âmbito operacional, Relatórios são emitidos e submetidos à aprovação pelas Diretorias envolvidas no âmbito estratégico. Aprovadas todas as condições técnicas e comerciais, internas e externas, a proposta é elaborada e enviada ao Cliente. Este exemplo mostra 52 claramente como uma simples operação de venda pode disparar uma série de ações, necessárias para respaldar as decisões tomadas e minimizar os riscos inerentes ao negócio. A implantação de um sistema de ERP, em sua plenitude, pode ser bastante onerosa e, muitas vezes, fica restrita a grandes corporações. A seguir, são apresentadas as vantagens e desvantagens que a adoção de um ERP pode trazer (MARTINS e BREMER, 2002). Como vantagens, é possível apontar: − Eliminação do uso de interfaces manuais; − Redução de custos; − Otimização do fluxo da informação e da qualidade da mesma dentro da organização (eficiência); − Otimização do processo de tomada de decisão; − Eliminação da redundância de atividades; − Redução dos tempos de resposta ao mercado. Por outro lado, o processo de implantação também pode ser problemático, caso as metodologias nativas do produto não sejam iguais ou mesmo semelhantes às empregadas nas atividades da empresa. Quando essas divergências ocorrem, é possível customizar os aplicativos de software. Entretanto, devido aos altos custos dessas customizações, a maioria dos clientes opta por se render aos modelos de gestão do produto, o que não deveria acontecer. Desta forma, algumas mudanças podem ser necessárias na organização como: − Redesenho dos processos; − Eliminação das funções em duplicidade e fluxos de informação mal definidos; − Desenvolvimento de um sistema adicional para estabelecer a interface com o nível de chão de fábrica. Este último item, em particular, pode ser bastante trabalhoso, uma vez que o ERP é pouco flexível no que se refere à comunicação com outros sistemas. Como o número de sistemas entre o nível corporativo e o chão de fábrica é grande, como ilustra a figura 69, pode ser necessário o desenvolvimento de uma camada de interface denominada MES. Figura 69 – Sistemas existentes entre o nível corporativo e o chão de fábrica 4.2. Sistemas de Execução da Manufatura Conforme mencionado no capítulo 2, os Sistemas de Execução da Manufatura MES (Manufacturing Execution System) estabelecem a interface entre o chão de fábrica e o nível corporativo. Subsistemas 53 Estes sistemas são responsáveis por processar os dados disponíveis no chão-de-fábrica que vão para o ERP, e no sentido inverso, processar os conteúdos vindos do ERP. Desta forma, os gerentes de produção podem definir os procedimentos e os recursos necessários para atender as ordens de produção vindas do ERP, enquanto os gestores corporativos podem acompanhar, em tempo real, todos os dados referentes aos processos produtivos. Além de estabelecer essa interface, o MES desempenha outras tarefas como o sincronismo do trabalho, máquinas, ferramentas e recursos. As funcionalidades de um MES foram estabelecidas por uma associação denominada MESA (Manufacturing Enterprise Systems Association) e são listadas abaixo (MESA, 1997): 1. Alocação de recursos − Administração dos recursos (máquinas, ferramentas de trabalho, materiais, equipamentos, documentos); − Manutenção de um histórico detalhado dos recursos; − Assegurar que os equipamentos estejam disponíveis para operação em tempo real. 2. Planejamento detalhado da operação − Sequenciamentobaseado em prioridades, atributos, características; − Utilização de receitas associadas a unidades de produção específicas; − Programação de operações paralelas. 3. Gestão do fluxo produtivo − Administração do fluxo das unidades produtivas; − Sequenciamento do trabalho a ser executado; − Alterações da programação prevista; − Retrabalho e recuperação de processos; − Gestão da capacidade produtiva. 4. Controle de documentos − Controle de arquivos/formulários; − Registro de informações de “como planejado” e “como executado”; − Envio de instruções a operação e dispositivos de controle; − Armazenamento de dados históricos. 5. Aquisição e armazenamento de dados − Interface para obtenção dos dados e parâmetros da planta e laboratório (automática e/ou manual); − Armazenamento, organização e compactação dos dados; − Disponibilização das informações para as unidades produtivas, gerenciais e corporativas. 6. Gestão de serviços − Status do pessoal a cada instante; − Emissão de relatórios de tempo e frequência; − Acompanhamento da certificação da capacitação do pessoal; − Rastreamento das atividades diretas e indiretas para a avaliação do preço de custo; − Distribuição de recursos para tarefas prioritárias. 7. Gestão da qualidade − Análise em tempo real dos dados da produção; − Controle de qualidade dos produtos; − Identificação de problemas; − Recomendação de ações corretivas; − Rastreamento via Controle Estatístico de Processo (SPC) / Controle Estatístico de Qualidade (SQC). 54 8. Gestão do processo − Monitoramento da produção; − Correção automática ou apoio à decisão dos operadores; − Rastreamento das atividades do processo; − Gestão de tolerâncias aceitáveis. 9. Gestão da manutenção − Rastreamento e direcionamento das atividades de manutenção para garantir disponibilidade; − Programação da manutenção periódica, preventiva ou corretiva; − Manutenção de um histórico de eventos e alarmes para auxiliar no diagnóstico de problemas. 10. Genealogia e rastreamento do produto − Visão on-line do status dos trabalhos: - quem está trabalhando em que; - materiais de fornecedores; - lote; - número de série; - condições da produção atual; - alarmes; - retrabalhos; - exceções relacionadas ao produto. − Registro histórico dos componentes no produto final. 11. Análise de desempenho − Emissão de relatórios em tempo real dos resultados da produção; − Comparação com resultados históricos e/ou esperados pela empresa. A proposta inicial da MESA pregava o desenvolvimento de um único produto (software) que contemplasse todas as funcionalidades até então desempenhadas por outros sistemas, em substituição a estes. Essa proposta encontrou fortes barreiras em seu caminho, uma vez que as empresas não concordaram em se desfazer de seus sistemas instalados, consagrados pelo mercado e aprovados por seus usuários. Todavia, o conceito de integração do MES permaneceu e hoje é utilizado por várias organizações para estabelecer a interface entre o chão-de-fábrica e o corporativo. A orientação das funcionalidades implementadas em um MES deve atender às regras de negócio e estratégias da organização, como mostra a figura 70. 55 (a) (b) Figura 70 – MES orientado para (a) Negócio da empresa (b) Produção Um MES pode ser orientado para o negócio da empresa ou para a produção. Na primeira orientação, utilizada pela maioria das empresas, a produção atende as quantidades demandadas pelas vendas e serviços. Na segunda, utilizada por empresas que detém o monopólio do mercado e não tem interesse em produzir grandes quantidades, prevalece a qualidade e o valor agregado aos produtos. A implantação de um MES segue, tipicamente, os seguintes passos: − Levantamento dos dados da produção; − Diagnóstico da disponibilidade e da qualidade dos dados da produção; − Identificação dos gargalos e oportunidades; − Levantamento dos benefícios corporativos; − Levantamento dos benefícios operacionais; − Preparação da estratégia de venda em nível corporativo; − Preparação da estratégia de venda em nível operacional; − Realização de um projeto piloto e avaliação dos resultados; − Preparação de um relatório sumarizado dos resultados e benefícios para a corporação e operação; − Preparação da extensão global do projeto MES para as linhas e plantas restantes. O envolvimento de todas as áreas é fundamental na integração dos sistemas e a cada setor devem ser atribuídas as seguintes responsabilidades: − Vendas e Gestão de Serviços: realizar a automatização das cotações, vendas e configuração de produtos; − Gestão da Cadeia de Suprimentos: automatizar a distribuição, transporte, logística e implementar o comércio eletrônico; − Planejamento e Execução da Manufatura: automatizar as finanças, planejamento, ordem de produção e estoque; − Engenharia de Produtos e Processos: incluir CAD/CAM e modelagem do produto e processo; − Controle: definir modelos de produção e elaborar procedimentos de produção; − Sistema de Execução da Manufatura: integrar as informações de forma rápida e coerente. Os benefícios esperados para cada setor são: − Vendas e Gestão de Serviços: utilizar a capacidade e do estado atual de produção para realização de cotações; − Gestão da Cadeia de Suprimentos: trabalhar com dados atualizados de ordens de produção, capacidade, desempenho, etc; − Planejamento e Execução da Manufatura: trabalhar com dados atualizados de custos, ciclos de produção, folgas e gargalos; − Sistema de Execução da Manufatura: coletar as informações do campo, realização de procedimentos locais e disponibilização aos demais sistemas; − Engenharia de Produtos e Processos: utilizar em suas atividades dados atualizados de qualidade e desempenho; − Controle: utilizar receitas, instruções de trabalhos e lógicas de controle que reflitam o melhor desempenho de produção para cada momento. A arquitetura típica de um MES é apresentada na figura 71. 56 Figura 71 – Arquitetura típica de um MES A implantação de um MES começa pela aquisição e armazenamento de dados (5ª funcionalidade da lista acima). O sistema que realiza essa tarefa no chão de fábrica é o PIMS e no laboratório é o LIMS. A partir da disponibilização dos dados, os aplicativos podem ser desenvolvidos. É importante ressaltar que as soluções em TI não são padronizadas ou seguem modelos tradicionais como em outras áreas. As necessidades devem ser associadas à criatividade dos usuários dos sistemas na construção das soluções. Essa característica faz com que os projetos de TI sejam mais longos e com evoluções graduais a partir do uso das ferramentas. O empenho no desenvolvimento de soluções inventivas é o que agrega valor aos processos e torna as empresas que melhor utilizam seu capital intelectual, diferenciadas perante seus concorrentes. 4.3. Sistemas de Gestão da Informação Os Sistemas de Gestão da Informação da Planta, PIMS, constituem uma infraestrutura utilizada para o gerenciamento de dados em plantas industriais, que possibilita a utilização da informação nos diversos níveis: operação, supervisão, manutenção, produção, gestão, qualidade dentre outros, constituindo um grande recurso para a empresa, como ilustra a figura 72. Para desempenhar a principal função do PIMS, aquisição e armazenamento de dados, é utilizado um banco de dados temporal. Este tipo de banco é capaz de armazenar grandes quantidades de dados de diversas fontes da planta, utilizando poucos recursos de hardware. Isso é possível devido à utilização de algoritmos de compactação de dados. A consulta aos dados nos grandes volumes gerados é agilizada pela adoção de estratégias de busca. Conforme mencionado anteriormente, o PIMS é o primeiro componente no processo de implantação de um MES. Cientes dessa situação,os desenvolvedores de PIMS incorporaram a seus bancos, diversas funcionalidades, fazendo do PIMS uma interessante plataforma para o desenvolvimento do MES. Explorados os diversos recursos do PIMS para a construção do MES, todos os níveis de todas as unidades da empresa ganham um ilimitado acesso às informações em tempo real, ajudando a tomar melhores decisões de negócios. Embora o PIMS tenha sido usado principalmente em indústrias de processos, sua flexibilidade e sofisticação de recursos fazem dele um ativo valioso em qualquer lugar onde informações importantes necessitem ser gerenciadas com precisão. 57 Figura 72 – Arquitetura de um PIMS O PIMS apresenta as seguintes funcionalidades que atendem o MES: − Interfaces com o processo: conexões bidirecionais de alta velocidade (drivers) às fontes de dados do processo e sistemas de automação. − Interfaces com coletores de dados: permite a entrada manual de dados no sistema PIMS através do teclado, ou através de coletores de dados. − Conectores com o nível corporativo: conexões bidirecionais com o sistema corporativo para o intercâmbio das informações, distribuindo os dados ou seus históricos entre o ERP e os bancos de dados externos ao sistema, sem necessitar armazená-los em bancos de dados intermediários. − Banco de dados temporal: com a capacidade de armazenar e compactar os dados por longos períodos de tempo, em um único servidor, sem consumo excessivo de memória em disco rígido. − Interface gráfica com o usuário: representação gráfica dos dados de processo de forma dinâmica e interativa incluindo sinóticos, animações, tendência histórica e/ou instantânea, gráficos diversos, etc. Suporte para visualizar informações de diversos sistemas PIMS simultaneamente ou de dados advindos de outros bancos de dados. − Conector com planilha eletrônica: conexão bidirecional com softwares de planilha eletrônica, permitindo a recuperação de dados armazenados no sistema PIMS. Possibilidade de geração de relatórios complexos, gráficos utilizando dados históricos ou em tempo real, bem como a entrada manual de dados no sistema PIMS. − Interface WEB: permite a criação de páginas html para exibir telas gráficas contendo informações do sistema PIMS via Internet ou Intranet. − Segurança: permite restringir o acesso aos dados e funcionalidades através de senhas. Cada usuário possui atributos específicos, de acordo com a sua atividade, para definir o 58 nível de intervenção sobre o sistema: visualização, e/ou alteração dos dados e/ou configuração do sistema. − Organizador por grupos: permite organizar o conteúdo de dados do PIMS por grupos de modo a facilitar a sua utilização por usuários de áreas distintas em programas e telas. − Módulo estatístico: permite realizar cálculos estatísticos em tempo real para os dados armazenados no sistema PIMS. Permite o cálculo de diversos parâmetros (desvios, médias, etc) além de permitir a construção de diversos gráficos estatísticos (tendências, histogramas, etc). − Módulo batelada: utilizado para visualizar os dados armazenados no PIMS a partir de processos de fabricação associados por lotes: número do lote ou batelada, produto e unidade de processo. − Módulo de cálculo avançado: permite a elaboração de cálculos complexos em ambiente externo, como por exemplo, a linguagem de programação Visual Basic. Permite a criação de rotinas diversas e manipulação dos dados armazenados no sistema PIMS. − Sumário de alarmes: sumariza as informações do servidor de alarmes e as exibe na forma de uma estrutura hierárquica para os usuários. − Reconciliador de dados: valida as informações de produção, verifica a qualidade dos dados e garante a produção de dados limpos, consistentes e confiáveis. 4.4. Sistemas de Gestão da Informação do Laboratório Os Sistemas de Gestão da Informação do Laboratório, LIMS, constituem uma infraestrutura utilizada para o gerenciamento dos dados em laboratórios. O LIMS supre as necessidades de empresas em que as atividades do laboratório exigem um sistema com alto grau de flexibilidade de configuração. Capaz de simular os fluxos de trabalho do laboratório, o LIMS pode ser configurado em estações clientes, sem comprometer a segurança do sistema e sem necessidade de customização. A implementação de um sistema LIMS permite a geração de dados a serem transformados em valiosas informações para tomada de decisões. O LIMS coleta os dados de amostras diretamente dos equipamentos de laboratório utilizando drivers específicos e/ou genéricos. Os dados são direcionados para um banco de dados relacional, onde são armazenados. A interface com o usuário proporciona uma estrutura de organização que permite o usuário interagir com os dados e informações de cada amostra de maneira simples e bastante amigável. O sistema LIMS, além de desempenhar as atividades específicas do laboratório, pode ser integrado ao sistema PIMS para auxiliar a tarefa de controle da produção, consolidando as informações da qualidade e integrando-as ao sistema de gestão empresarial. Oferece também, respaldo para o cumprimento dos requerimentos regulatórios para a armazenagem de longo prazo e reutilização da informação. O sistema LIMS apresenta as seguintes funcionalidades: − Interfaces específicas com equipamentos de laboratório: conexões (drivers) às fontes de dados, equipamentos de laboratório, que utilizam um padrão de comunicação aberto. − Interfaces genéricas com equipamentos de laboratório: conexões (drivers) às fontes de dados, equipamentos de laboratório, que não utilizam um padrão de comunicação aberto. Nestes casos, é necessário utilizar um processo de leitura genérico, que possibilite a conversão de arquivos texto para formatos compatíveis com o sistema LIMS. − Interface com outros sistemas de informação: os dados do sistema LIMS deverão estar disponíveis em um banco de dados relacional e poderão ser acessados, via ODBC por exemplo, através de transações SQL. 59 − Interface amigável com o usuário: permite a organização das informações em pastas, numa estrutura do tipo árvore, com a possibilidade de visualização seletiva através de filtros de tempo, usuários, resultados, etc. − Gestão do fluxo de amostras do laboratório: toda a dinâmica do laboratório deve ser gerida pelo sistema LIMS: recebimento das amostras; alocação das amostras em pastas organizadas por etapa do processo; indicação do(s) teste(s) a realizar; responsável por cada teste; procedimento de teste(s); resultados obtidos; indicação do status de cada amostra com relação à conformidade ao padrão estabelecido; etc. − Segurança: permite restringir o acesso aos dados e funcionalidades através de senhas. Cada usuário possui atributos específicos, de acordo com a sua atividade, para definir o nível de intervenção sobre o sistema: visualização, e/ou alteração dos dados e/ou configuração do sistema. − Geração de relatórios: permite a geração de relatórios padronizados ou configuráveis pelo usuário, em padrão próprio ou em padrão exportável para planilhas eletrônicas. 5. ETAPAS DE UM PROJETO DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Este capítulo apresenta as etapas típicas de um projeto de automação industrial. 5.1. Levantamento de Campo Atividade que consiste no levantamento de todas as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto: − Levantamento dos padrões a serem utilizados no projeto; − Análise dos percursos a serem utilizados para as redes de comunicação; − Definição dos relatórios; − Disposições dos novos equipamentos; − Verificação da situação atual e as modificações necessárias; − Cronograma detalhado do empreendimento. 5.2. Especificação Funcional Documento onde são descritos: − A filosofia do sistema de automação; − Os padrões para todo o desenvolvimento; − Arquitetura; − Configuração consolidada do sistema; − Características funcionais; − Característicasdo hardware e software; − Benefícios obtidos; − Interfaces; − Procedimentos operacionais; − Procedimentos de segurança. 5.3. Critérios de Projeto Documento onde são estabelecidas as principais diretrizes que orientarão a elaboração do projeto de automação tais como:Características principais dos equipamentos; − Distribuição de tensão de controle; − Padronização de cabos e bitolas; − Filosofia de comandos, emergências, reservas instaladas, etc. 60 5.4. Fluxogramas P&I (Processo e Instrumentação) Consolidação dos fluxogramas existentes onde são substituídas as indicações da instrumentação convencional por indicações das funções executadas por software e pelas estações de operação/supervisão. Verificação da necessidade e elaboração de novos fluxogramas. 5.5. Instrumentação do fluxograma P&I Documento contendo a representação de todos os elementos de campo (sensores, transmissores, atuadores, etc) e as funções executadas por software e pelas estações de operação e supervisão para cada malha de controle/instrumento. 61 5.6. Arranjo da Sala de Controle Documento que apresenta a distribuição dos equipamentos do sistema de automação dentro da sala de controle. 62 5.7. Relação de entradas e saídas dos controladores Documento gerado para cada controlador, que apresenta a imagem dos módulos de E/S. Contém informações como: − Tipo do módulo (entrada ou saída, digital ou analógico, etc.); − Descrição de cada ponto de E/S com seu endereço; − Indicação da tensão e dos pontos de alimentação; − Identificação do painel e do módulo dentro do painel; − Etc. 5.8. Especificação de instrumentos Documento único que se aplica à qualquer tipo de instrumento, contendo informações, critérios e características técnicas que em conjunto com as folhas de dados dos instrumentos propiciam a aquisição dos mesmos. 63 5.9. Folha de dados de instrumentos/equipamentos Documento contendo todas as informações e características técnicas necessárias e suficientes para a aquisição dos instrumentos/equipamentos especificados, permitindo a seleção do modelo e/ou cálculo do instrumento e a sua cotação. 5.10. Folha de Especificação para o Sistema de Automação Contempla todas as informações e características técnicas necessárias e suficientes para a aquisição dos seguintes equipamentos/software: − Hardware para o CLP; − Painéis de CLP; − Microcomputadores para as Estações de Operação; − No-breaks; − Quadros de distribuição de tensão de controle; − Impressoras; − Equipamentos de rede; − Software de Supervisão; − Software de apoio; − Acessórios; − Mobiliário; − Outros. 64 5.11. Diagramas Lógicos Elaboração/revisão dos diagramas lógicos da planta de forma a disponibilizar as seguintes informações: − Intertravamentos entre equipamentos e/ou sistemas; − Comando de seqüências/grupos de equipamentos; − Instrumentação comum a mais de um equipamento; − Sinalizações de processo não associadas a equipamentos. 65 5.12. Diagramas Funcionais Desenhos para apoio à manutenção, que apresentam de forma esquemática a correlação entre as entradas e saídas do CLP e todos os dispositivos dos CCM (Comando e Controle de Motores), painéis locais e campo indicando a função de cada sinal, sem a finalidade de interligação e lançamento de cabos. 5.13. Diagramas de interligação Desenhos elaborados por equipamentos que mostram todas as interligações elétricas, informando identificação de cabos e condutores, bitola, régua de bornes, bornes e terminais, pontos de aterramento, para cada interligação relativa aos equipamentos (campo-CLP, CCM-CLP, campo- CCM, outros). 66 5.14. Diagramas de Malhas Este documento contempla todas as malhas de controle da planta, com definição das funções envolvidas e as interligações entre as mesmas, fazendo-se a representação de acordo com a localização física de cada instrumento ou função. O documento complementa as informações apresentadas no Fluxograma P&I. 5.15. Relação de Circuitos e Cargas Documento, elaborado para cada quadro de distribuição de tensão de controle (QDTC), contendo ma relação de todos os circuitos do quadro (com informação da capacidade de corrente de cada disjuntor) com a relação / identificação de todas as cargas ligadas a ele. 67 5.16. Diagrama Unifilar Este documento define de forma completa toda a necessidade de alimentação elétrica de tensão e controle para a instrumentação e equipamentos do sistema de automação, incluindo as cargas previstas distribuídas de acordo com os níveis de tensão, a necessidade de sistemas ininterruptos e alimentação redundante, além de determinar as proteções elétricas necessárias. 5.17. Lista de Instrumentos Este documento contempla a relação de todos os instrumentos (existentes e novos) e suas principais funções, definindo o tipo, locação física e serviço de cada instrumento. 5.18. Plantas de locação de instrumentos Este documento define a posição física e elevação de todos os instrumentos e painéis de campo para os quais exista a interligação de sinal e/ou alimentação elétrica. Além disso são localizadas as caixas de junção, o encaminhamento de eletrodutos entre instrumentos e caixas de junção e o encaminhamento de eletrodutos/dutos entre as caixas de junção e as salas de controle 68 5.19. Lista de Materiais Este documento relaciona todos os materiais necessários para a montagem da instalação definindo o tipo e especificação técnica do material, unidade de medida/contagem e a quantidade. 69 5.20. Lista de Cabos Documento que relaciona todos os cabos de interligação entre equipamentos, instrumentos, caixas de junção, CCM, painéis e outros elementos de campo. 5.21. Planilhas de Cabos Planilha identificando todos os cabos/condutores associados a cada equipamento com as suas conexões nas borneiras dos painéis existentes e as suas ligações correspondentes nas borneiras dos novos painéis facilitando o remanejamento dos cabos entre os painéis. 5.22. Lista de Cabos para lançamento Este documento relaciona todos os cabos de interligação entre equipamentos, instrumentos, caixas de junção, CCM, painéis e outros elementos de campo, com os respectivos percursos para orientar o lançamento de cabos pela montadora. 5.23. Gestão de Suprimentos Consiste no acompanhamento, etapa por etapa, de todo o processo de compra dos equipamentos, softwares e materiais de instalação elétrica fornecidos. 5.24. Análise Técnica de Propostas − Análise das propostas técnicas recebidas; − Preparação de questionários objetivando a equalização técnica das propostas; − Participação em reuniões técnicas com os fornecedores; − Preparação de relatório priorizando tecnicamente os fornecedores; − Preparação da documentação técnica final para compra. 70 5.25. Comentário de desenhos de fornecedores Comentar/aprovar os desenhos enviados pelos fornecedores de equipamentos elétricos/instrumentos, antes do início da fabricação, para verificação da adequabilidade do que vai ser fabricado com o que foi especificado. 5.26. Roteiro de Aceitação Documento onde são estabelecidos procedimentos e parâmetros a para aceitação do sistema de automação durante o teste de fábrica e de plataforma. 5.27. Programaçãode CLP Consiste no desenvolvimento do programa do CLP, utilizando o software específico do fabricante, contendo a lógica de comando, seqüenciamento, controle e sinalização dos equipamentos/instrumentos e outros dispositivos. Associados à lógica teremos: − Comentários de endereços; − Comentários de linha; − Referência cruzada dos endereços utilizados; − Mapa de memória. 71 5.28. Configuração do Software De Supervisão − Definição e digitação da Base de Dados; − Planejamento e definição das telas sinóticas; − Edição de Sinóticos; − Animação dos pontos inerentes a comando e sinalização; − Definição e configuração dos alarmes; − Configuração das tendências instantâneas e históricas; − Elaboração de receitas; − Outros. 72 5.29. Desenvolvimento de drivers Desenvolvimento de software de comunicação para interfacear os dispositivos 5.30. Testes de Plataforma Montagem de uma plataforma contendo os dispositivos mínimos necessários de hardware e software da configuração para: − Depuração do programa do CLP; − Testes de intertravamentos, sequenciamentos e sinalizações; − Testes nas lógicas relativas às áreas de interface, alarmes, etc.; − Integração/compatibilização de todos os componentes do sistema; − Análise da performance do Sistema. 5.31. Elaboração de Manuais Estes documentos têm como objetivo funcionar como material complementar aos treinamentos e subsidiar a operação e manutenção de sistema após a sua entrega. São desenvolvidos os seguintes manuais: − Manual de Operação; − Manual de manutenção de software do CLP; − Manual de manutenção de software de supervisão; 5.32. As-Built Atualização da documentação do projeto gerada conforme construído e executado. 73 5.33. Implantação do Sistema A Implantação do Sistema é realizada de acordo com o planejamento definido e compreenderá as seguintes etapas: Supervisão de Montagem Compreende a supervisão da montagem e das ligações e energizações dos equipamentos do sistema de automação. Montagem da rede e comunicação Compreende a montagem e interligação dos equipamentos do sistema em rede. Testes bit a bit Os testes bit a bit são iniciados após a conclusão dos testes de continuidade elétrica. Durante estes testes são verificadas todas as ligações feitas durante a transferência dos sinais do campo e CCM para os novos CLP. Start up Após os testes bit a bit, são executados todos os testes operacionais com os equipamentos de processo já ligados ao novo sistema de automação, para verificação na prática, da integração realizada em plataforma. São simulados todos os intertravamentos, proteções dos equipamentos, realizados ajustes e aferições da aquisição e tratamento de dados reais coletados e enviados ao processo. Após realização de todos os testes com os equipamentos operando sem carga (testes em vazio), os mesmos são colocados em operação com carga, nas condições nominais. Operação Assistida Acompanhamento da operação normal do sistema pelos integradores e operadores para verificação da performance do sistema implantado. Neste período serão realizados também os ajustes dos parâmetros, análise da estabilidade e verificação das faixas de alarmes e das malhas de controle.