Prévia do material em texto
Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares Apresentação Desde o início da história da humanidade, buscava-se por tratamentos para as mais diversas enfermidades. Muito antes dos modernos tratamentos atuais, de se conhecer os avanços genéticos e genômicos e de se dominar a medicina nuclear, as doenças eram curadas de forma empírica. No Ocidente, chás e ervas eram os remédios e no Oriente o conhecimento milenar das terapias orientais era a alternativa de tratamentos disponível e permitia uma melhor sobrevida naquele contexto. Com as descobertas científicas, esse conhecimento empírico perdeu espaço e passou por um momento de negação. No entanto, com a ampliação do conceito de saúde, após a Segunda Guerra Mundial e o reconhecimento da saúde enquanto um direito social do ser humano, que deve ser visto de forma integral, há a retomada de tratamentos antes esquecidos e que agora são complementares à ciência, para garantir o acesso universal à saúde. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre as práticas complementares e integrativas. Aqui, serão apresentados os principais conceitos e definições pertinentes a essa temática e você conseguirá reconhecer as principais terapias complementares reconhecidas atualmente e aprenderá como aplicar esse conhecimento na prática. Faremos uma discussão histórico-cultural sobre as práticas integrativas, trazendo os aspectos ético-legais que envolvem esse cuidado, com um enfoque na assistência multiprofissional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar as práticas integrativas e complementares (PICs) sob o âmbito cultural e científico.• Identificar as PICs no rol multiprofissional de atividades em saúde.• Descrever os aspectos legais da prática multiprofissional das PICs.• Infográfico As 5 primeiras PICs a serem incorporadas ao SUS em 2006 foram a acupuntura, a fitoterapia, a homeopatia, a medicina antroposófica e o termalismo; seu uso já está incorporado e bem-aceito pela população, daí a urgência para que os profissionais da equipe multiprofissional de saúde se apropriem desse conhecimento. A maioria dos conselhos de classe é clara e direciona os profissionais, no entanto, assim como acontece com outros temas da área da saúde, o posicionamento por parte de alguns conselhos permanece controverso. Por exemplo, o Conselho Federal de Medicina, que regulamenta o exercício da acupuntura e homeopatia como práticas médicas, questiona a eficácia e a comprovação científica de outras PICs, como: aromaterapia, apiterapia, bioenergética e constelação familiar. Neste Infográfico, você conhecerá as definições da principais práticas integrativas e complementares previstas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS). Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/df2d9b23-aeda-4418-adca-531fe6db8063/ebd33b55-07de-43a6-9fd6-ca4f5aa729cf.png Conteúdo do livro As práticas integrativas e complementares estão muito recentemente sendo incorporadas à saúde pública, para melhorar o cuidado e atender às necessidades de saúde da população. As PICs, além de promoverem saúde e prevenirem doenças, contribuem significativamente com a redução dos custos em saúde, uma vez que se mostram em terapias mais econômicas e efetivas, especialmente no tratamento de condições crônicas. No entanto, para a efetiva incorporação dessa tecnologia de saúde pelos serviços, é urgente que os profissionais se incorporem desse conhecimento e consigam aplicá-lo em sua realidade local. No capítulo Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você poderá aprofundar seu conhecimento sobre as práticas integrativas e complementares. Você experienciará a construção histórico-cultural dessa temática, entenderá como se dá o trabalho multiprofissional em saúde e saberá mais sobre os aspectos ético- legais que permeiam o uso e aplicação das PICs. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Analisar as práticas integrativas e complementares sob o âmbito cultural e científico. > Identificar as práticas integrativas e complementares no rol multiprofissional de atividades em saúde. > Descrever os aspectos legais da prática multiprofissional das práticas in- tegrativas e complementares. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre as práticas integrativas e complementares (PICs). Atualmente as PICs estão sendo incorporadas em ao nosso sistema de saúde – Sistema Único de Saúde (SUS), como métodos eficazes de promover saúde e tratar doenças e agravos na população. O uso das PICs, apesar de algumas delas serem técnicas milenares, tem ganho popularidade e com a sua eficácia comprovada, tem contribuído com resultados positivos na saúde pública, tanto no que tange os aspectos assistenciais do cuidado, bem como no aspecto financeiro e orçamentário do setor saúde. Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares Mariana Firmino Daré Daí vem aumentando a importância que os profissionais de saúde dominem as PICs e integrem esses métodos a sua prática clínico assistencial. Nesse sentindo, iremos explorar um pouco mais o contraponto cultural e científico do uso das PICs, além de sua aplicabilidade multiprofissional nos serviços de saúde e por fim, abordaremos a temática em seu aspecto ético legal previsto pelos conselhos de classe profissionais. Cultura versus ciência Antes de falarmos das PICs em si, é importante iniciarmos um resgate histó- rico e uma retomada dos conceitos fundamentais. Primeiramente, é preciso entender que a definição de saúde se ampliou e, com isso, ampliam-se também as necessidades de saúde da população. Após a Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e seu órgão específico de saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS), surgiu um novo e ampliado conceito sobre saúde: não mais um mero estado de ausência de doença, mas um estado de pleno bem-estar biopsicossocial. Dessa forma, o estado de saúde é visto para além do bem-estar físico do indivíduo, contemplando também seu aspecto emocional, mental, espiritual e suas relações com a comunidade e o contexto em que está inserido. Nesse sentido, a medicina oriental e a medicina ocidental convergem para compreender que o ser humano possui necessidades complexas, não delimi- tadas a aspectos orgânicos, e que precisam ser equilibradas e harmonizadas entre si, numa perspectiva de integralidade. Para a medicina científica moderna, isso é um pouco mais teórico. Apesar de compreender, aceitar e ansiar por esse conceito de saúde ampliado, na prática ainda estamos presos a um modelo de saúde focado na doença e sua fisiopatologia. Esse modelo oferece uma assistência extremamente fragmentada e individualizada, dificultando a compreensão do todo. Já em um modelo assistencial complementar, admite-se que é necessária uma maneira mais abrangente de se tratar o processo saúde–doença. Nesse modelo, o cuidado assume dimensões mais amplas que os procedimentos médicos comuns, indo além do físico, biológico e orgânico, para então assu- mir e considerar os aspectos sociais, culturais e emocionais dos indivíduos, exigindo uma abordagem multidisciplinar. Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares2 Sob esse prisma, os usuários estão inseridos e implicados no processo saúde–doença e, por isso, têm suas necessidades de saúde mais facilmente re- conhecidas, acolhidas e satisfeitas em sua integralidade. As PICs representam, desse modo, uma vantagem, pois abrangem métodos não medicamentosos, voltados ao autocuidado, que privilegiam a escuta acolhedora, o vínculo e a integração com o meio ambiente e a comunidade. Em contraponto a isso, a medicina ocidental tradicional re presenta pro- blemas ao SUS, seja pela difi culdade de acesso dos usuários aos serviços de saúde ou pelos altos custos para tratar ou paliar. Além disso, em muitos casos os medicamentos alopáticos têm sua eficácia limitada ou comportam efeitos adversos. Dentre os benefícios do uso das PICs, destacam-se: redução da medi- calização, empoderamento e responsabilização dos usuários, redução da frequência de transtornos mentais comuns, baixo custo, possibilidade de minimizar efeitos colaterais na promoção de saúde e promoção do autocuidado (BRASIL, 2012). Entre os principais problemas tratados estão: transtornos mentais, relações sociais, psicossomáticos, insônia e doenças crônicas. As potencialidades e fragilidades citadas nos estudos merecem mais atenção por parte da academia e dos gestores da área da saúde. Em sua primeira publicação, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) incluía cinco práticas. Atualmente, encontram-se inseridos 29 tipos de práticas, que vão desde medicina tradicional chinesa até constelação familiar. O Quadro 1 apresenta a evolução de ingressos de novas práticas no SUS ao longo do tempo. Quadro 1. A incorporação das PICs no SUS ao longo do tempo 2006 — 5 PICs no SUS 2017 — mais 14 PICs no SUS 2018 — mais 10 PICs no SUS Acupuntura Arteterapia Apiterapia Homeopatia Ayurveda Aromaterapia Fitoterapia Biodança Bioenergética Antroposofia Dança circular Constelação familiar Termalismo Meditação Cromoterapia Musicoterapia Geoterapia (Continua) Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares 3 2006 — 5 PICs no SUS 2017 — mais 14 PICs no SUS 2018 — mais 10 PICs no SUS Naturopatia Hipnoterapia Osteopatia Imposição de mãos Quiropraxia Ozonioterapia Reflexoterapia Terapia de florais Reiki Shantala Terapia comunitária integrativa Ioga Cabe apontar que, dentre os métodos contemplados na PNPIC, existem não apena práticas individuais, mas também recursos coletivos. Os recursos coletivos são especialmente interessantes para apoiar as abordagens mais complexas e abrir espaços para discussões, socialização e quebra de pa- radigmas, construindo saúde com participação dos usuários. Além disso, Aguiar, Kanan e Masiero (2019, documento on-line) apontam que as seguintes atividades grupais são bastante utilizadas e efetivas, apesar de não estarem elencadas no rol de métodos contemplados pelo SUS: “[...] acompanhamento complementar à saúde: grupos de suporte mútuo; cuida- dores de Alzheimer; tenda do conto; grupo de prosa com mulheres; grupo de bordadeiras; grupo de idosos; grupo de caminhadas; grupo de terapia e arte; grupos de contação de histó rias”. Além disso, há destaque também para a oração a Deus e a busca de benzedei ras, que são apontadas como estratégias popularmente utilizadas para o autocuidado, como complemento da assistência em saúde (AGUIAR; KANAN; MASIERO, 2019). Nesse ponto é de extrema importância sinalizar que as PICs se caracterizam realmente como métodos complementares, ao invés de alternativos, ou seja, devem caminhar junto com os tratamentos alopáticos como um importante aliado que concorrem para o mesmo fim. Assumir que as PICs possam isola- damente dar conta de tratamentos e cuidados para questões complexas de saúde é uma postura retrógada, que representa um retrocesso à ciência. Na verdade, essa postura inclusive fortalece grupos que se opõem ao uso das PICs, (Continuação) Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares4 com a justificativa de que representariam um abandono da ciência moderna. Longe disso, as PICs são uma excelente representação da cientifização do conhecimento empírico popular, a junção da cultura com a pesquisa. Assim, nesse âmbito a prática baseada em evidências deve ser estimulada, aceita e ampliada para que agregue benefícios. Os profissionais que exercem esse modelo de cuidado ofertam alternativas diferentes de promoção da saúde e renovam o entendimento atual, que tende especialmente à medicalização e aos procedimentos invasivos. As PICs possuem alta eficácia no tratamento de sintomas como ansiedade e contribuem para a manutenção da saúde mental. Durante a pandemia da Covid-19, para muitos se tornou desafiador lidar com o isolamento social, gerando, além da ansiedade, também estresse e insônia. A Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) está desenvolvendo uma pesquisa para saber “Qual tem sido o papel das PICs na mudança da rotina causada pela pandemia?”. Para mais informações, busque pelo termo “PICCovid” na internet e você facilmente encontrará a notícia no site oficial da FioCruz, onde também poderá responder ao questionário e participar da pesquisa. As PICs na saúde multidisciplinar Aguiar, Kanan e Masiero (2019) citam uma pesquisa realizada em Minas Ge- rais com usuários do serviço de saúde pública, em que observou-se que a maioria dos entre vistados aceitaria o uso de PICs caso fossem ofertadas. Outro estudo também citado por Aguiar, Kanan e Masiero (2019) identificou que há aceitação dos profissionais quanto à imple mentação das PICs na rede pública de saúde, mesmo que haja uma pequena parcela de pro fissionais que expressa desconfiança acerca dessa proposta. Assim, pode-se considerar que as PICs são bem aceitas e consensuais entre a maioria dos profissionais de saúde. Porém, dado ao caráter integral e holístico das PICs, é urgente e necessário a ampliação dos conceitos de trabalho em equipe. Na abordagem alopática, o trabalho em equipe pode funcionar quando há um conjunto de pessoas trabalhando em prol de um objetivo comum, mesmo sem partilharem necessariamente o mesmo espaço, sem assumirem uma relação próxima ou sem necessariamente interporem suas ações. Nesse âmbito, o trabalho em equipe não envolve a interação e a incorporação de diferentes disciplinas ou formações. Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares 5 Um avanço dentro da medicina convencional seria o trabalho multidis- ciplinar, o qual relaciona-se com o trabalho em equipes constituídas por profissionais de diferentes formações, mas nesse caso necessariamente com uma inter-relação entre os membros. Por vezes, o trabalho multiprofissional se caracteriza por diferentes disciplinas atuando em um mesmo espaço, com limitada ou nenhuma interação. Já na perspectiva do trabalho interprofissional, os atores estão implicados no processo de forma interposta, compartilhando os mesmos objetivos, desenvolvendo uma identidade comum a todos em busca de um cuidado integral e considerando a complexidade e o dinamismo das necessidades de saúdo do indivíduo e sua comunidade. No trabalho interprofissional, todos os sujeitos implicados são considerados coprodutores das ações em saúde (Figura 1) (BARROS; SPADACIO; COSTA, 2018). Figura 1. Representação gráfica dos conceitos de trabalho em equipe, trabalho multiprofis- sional e trabalho interprofissional. Dessa forma, a integração entre a equipe de saúde — seja para o trabalho multiprofissional ou interprofissional — na concretização das PICs ainda é um desafio a ser superado. Esses desafios devem ser superados pela dinâ- mica cotidiana de cada um dos profissionais de saúde (BARROS; SPADACIO; COSTA, 2018). Nascimento e Oliveira (2017) estudaram dados que exemplificam a parti- cipação de profissionais de saúde de diferentes categorias e formações nas PICs. Apesar de congregar 10 categorias profissionais, as PICs são utilizadas sobretudo pelos agentes comunitários em saúde, categoria que está mais próxima a população. Destaca-se a necessidade de que as PICs ainda venham a ser apropriadas pelos demais profissionais, para então avançarmos para a superação dos desafios impostos para a integração do trabalho em equipe. O Quadro 2, a seguir, reproduz as contagens obtidas no estudo de Nascimento e Oliveira (2017). Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares6Quadro 2. Profissionais de saúde Inseridos nas PICs nos serviços de atenção básica Categoria Número de profissionais atuantes Agente comunitário de saúde 16 Enfermeiro 9 Educador físico 8 Médico 7 Nutricionista 4 Psicólogo 3 Auxiliar de enfermagem 3 Dentista 3 Farmacêutico 2 Fonoaudiólogo 1 Total 56 Fonte: Adaptado de Nascimento e Oliveira (2017). Nesse sentido, alguns aspectos são suscitados por Barros, Spadacio e Costa (2018) a fim de superar os desafios para um trabalho multi/interprofissional. Primeiramente, urge identificar nas equipes pontos para se trabalhar na cons- trução de uma nova lógica no agir profissional e na maneira como o cuidado assistencial é prestado. É imperativo para o trabalho multiprofissional que os profissionais que compõem a equipe estejam alinhados com uma filosofia de cuidado integral, na qual é necessário um esforço acima da sua formação acadêmica formal. Além disso é preciso que os profissionais que trabalham nessa nova perspectiva desenvolvam competências colaborativas que agre- guem interação ao trabalho individual e hierarquizado dos serviços de saúde. Sabe-se que mudanças no padrão de comportamento e pensamento são complexas e exigem dedicação e tempo, pois os profissionais que compõem as equipes de saúde não foram formados na lógica do holismo, da integralidade e do trabalho colaborativo. Vale lembrar que ainda há o predomínio da lógica do poder dos profissionais de nível superior sobre os profissionais de nível médio e de poder da categoria médica sobre as demais categorias (BARROS; SPADACIO; COSTA, 2018). Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares 7 No entanto, a incorporação das PICs nos serviços de saúde, por seu ca- ráter que transcende o trabalho em equipe e favorece o olhar global sobre o indivíduo, as coletividades e o processo saúde–doença, torna oportuno e necessária a superação desse desafio e permite que avancemos para o trabalho interprofissional. PICs: uma questão legal As PICs estão contempladas pelo SUS desde a década de 1980, principalmente em virtude do relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986. Con- tudo, sua ampliação no SUS ocorreu por meio da Portaria nº 971, de 2006, em que foi estabelecida a PNPIC. Porém, além de legitimar as PICs no SUS, a PNPIC legitimou também seu uso por profissionais não médicos. Assim, frente ao crescente incentivo para a ampliação da oferta das PICs no SUS, sua implementação na esfera multiprofissional requer clareza quanto aos aspectos éticos e legais que permeiam o tema. As diretrizes e ações da PNPIC, recentemente reformuladas e ampliadas pelas Resoluções nº 145 e 849, de 2017, e pela Resolução nº 702, de 2018, estão alicerçadas por políticas nacionais, como a da Atenção Básica (AB), de promoção da saúde e de humanização. Nesse sentido, o Quadro 3 traz um breve respaldo legal para a atuação dos profissionais de saúde nas PICs. Quadro 3. Lista de regulamentações que oferecem respaldo legal para prática de PICs por parte de cada profissão Categoria profissional Regulamentação Enfermagem Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 581, de 2018, reconhece 12 PICs como especialidades do enfermeiro. Medicina O Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu parecer 4/92, reconhece a acupuntura e a fitoterapia. No entanto, em parecer 36/2008 emitido pela regional baiana aponta que terapia holística, antroposofia, osteopatia, massoterapia e reflexologia podal não são atividades médicas. Farmácia O Conselho Federal de Farmácia (CFF), nas Resoluções nº 572, de 2013, e nº 611, de 2015, reconhece seis práticas como especialidades do farmacêutico. Já a Portaria nº 1.988, de 2018, atualiza os procedi- mentos e serviço especializado de PICs. (Continua) Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares8 Categoria profissional Regulamentação Fisioterapia O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CFFITO), na resolução nº 380, de 2010, regulamenta o uso pelo fisioterapeuta das PICs. Psicologia O Tribunal Regional Federal da Primeira Região anulou a Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) 005/2002, que dispunha sobre a prática da acupuntura pelo psicólogo. Até o momento, não há posicionamento específico por parte do CFP relativo à utilização, por profissionais de psicologia, de tal prática. Azevedo et al. (2019) destacam que, especificamente na enfermagem, a acu- puntura pode ser considerada uma tecnologia de cuidado a ser aplicada ao conjunto de intervenções terapêuticas dos enfermeiros, em seus diversos campos de atuação. Esse reconhecimento iniciou em 2008, quando o Cofen regulamentou a atividade de acupuntura e a considerou como especialidade do enfermeiro. Além disso, atualmente as terapias holísticas e complementares são reafirmadas como especialidade do enfermeiro por meio da Resolução Cofen nº 581, de 2018, garantindo a segurança e o respaldo desse profissional para atuação nesse cenário, bem como para desenvolver pesquisas na área das PICs em geral (AZEVEDO et al., 2019). Em 2009, o Conselho Nacional de Saúde recomendou à Agência Nacional de Saúde Suplementar que as operadoras de saúde que oferecem serviços de acupuntura incluíssem no seu quadro de profissionais credenciados aqueles de nível superior com especialidade em acupuntura, incluindo os enfermeiros (AZEVEDO et al., 2019). Também em 2012, o Conselho advertiu os gestores e pres- tadores de serviços de saúde que atentassem para o caráter multiprofissional das PICs em todos os níveis da rede assistencial, bem como na implementação de políticas ou programas de saúde referentes a elas. Aos conselhos estaduais e municipais de saúde, recomendou que adotassem providências oportunas para cumprir a política nacional, a fim de divulgar o caráter multiprofissional da acupuntura e expandir seu acesso (AZEVEDO et al., 2019). O cenário da legalidade das PICs permanece controverso, mas os conse- lhos de classe, em especial o Cofen, permanecem firmes no apoio à atuação dos profissionais não médicos nas PICs, entendendo que esse é um ponto crucial para a efetiva incorporação e avanço das PICs no SUS, beneficiando os usuários de saúde, proporcionando acesso e garantindo atendimento de qualidade e resolutividade das necessidades de saúde. (Continuação) Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares 9 Referências AGUIAR, J.; KANAN, L. A.; MASIERO, A. V. Práticas integrativas e complementares na atenção básica em saúde: um estudo bibliométrico da produção brasileira. Saúde em Debate, v. 43, n. 123, p. 1205–1218, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103- 1104201912318. Acesso em: 4 dez. 2020. AZEVEDO, C. et al. Práticas integrativas e complementares no âmbito da enferma- gem: aspectos legais e panorama acadêmico-assistencial. Escola Anna Nery, v. 23, n. 2, e20180389, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0389. Acesso em: 4 dez. 2020. BARROS, N. F. de; SPADACIO, C.; COSTA, M. V. da. Trabalho interprofissional e as práticas integrativas e complementares no contexto da atenção primária à saúde: potenciais e desafios. Saúde em Debate, v. 42, nesp. 1, p. 163–173, 2018. Disponível em: https:// doi.org/10.1590/0103-11042018s111. Acesso em: 4 dez. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Básica. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_me- dicinais_cab31.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020. NASCIMENTO, C. C. S.; OLIVEIRA, C. M. Educação permanente e serviço social: aponta- mentos sobre a formação profissional. Temporalis, n. 31, p. 133-166, 2017.. Disponível em: http://portaldepublicacoes.ufes.br/temporalis/article/view/12321. Acesso em: 4 dez. 2020. Leituras recomendadas SARAIVA, A. M.; FERREIRAFILHA, M. de O.; DIAS, M. D. As práticas integrativas como forma de complementaridade ao modelo biomédico: concepções de cuidadoras. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 3, p. 155–163, 2011. Disponível em: https:// www.redalyc.org/pdf/5057/505750891019.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020. TELESI JÚNIOR, E. Práticas integrativas e complementares em saúde, uma nova eficácia para o SUS. Estudos Avançados, v. 30, n. 86, p. 99–112, 2016. Disponível em: https://doi. org/10.1590/S0103-40142016.00100007. Acesso em: 4 dez. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Aspectos multiprofissionais das práticas integrativas e complementares10 Dica do professor É importante entender as responsabilidades institucionais de cada esfera do governo (município, estado e federação), de acordo com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Com isso, é possível compreender melhor como as ações podem ser implantadas nos serviços de saúde e de quem efetivamente é a responsabilidade por cada uma delas; ou ainda, de quem se deve cobrar, para que aconteçam as melhorias necessárias à assistência à saúde da população. Na constituição do SUS, ficam estabelecidas as responsabilidades das três esferas do governo. Ou seja, existe apenas um sistema em todo o território nacional, que serve para todos aqueles que aqui residem, e é responsabilidade dos diferentes níveis do governo cuidar para que tudo funcione — cada um com as suas atribuições. Nesta Dica do Professor, você entenderá melhor as atribuições de cada esfera na PNPIC. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1cb8db9e7b8b500d443e27b87cbb31b3 Exercícios 1) A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares incorpora ao SUS alguns métodos que podem ser utilizados para tratamento de prevenção de doenças. Assinale a alternativa com a definição correta para o método citado: A) Termalismo ou crenoterapia é a terapia que utiliza a aplicação de cores para equilibrar os pontos energéticos. B) Acupuntura é a aplicação de finas agulhas em pontos energéticos do corpo. C) A fitoterapia é o tratamento feito a partir da menor fração possível para se tratar as doenças. D) A homeopatia é o tratamento que utiliza plantas e seus extratos para tratar doenças. E) A medicina antroposófica considera o meio em que o homem vive para justificar seu processo de adoecimento. 2) A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares é muito importante e representa um avanço político e uma conquista social no âmbito da saúde pública. Sobre a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, afirma-se que: I. É uma norma extensa e rígida, elaborada pela unidade federativa, que deve ser seguida por todos. II. É um guia de orientação construído conjuntamente pela Federação com a participação dos estados e municípios. III. A primeira política foi escrita em 2006 e atualizada em 2015 e 2018, com o objetivo de apoiar a implantação das Práticas Integrativas e Complementares no SUS, incorporando 29 práticas. Entre as afirmativas acima, pode-se dizer que: A) apenas a I está correta. B) apenas a II está correta. C) apenas a III está correta. D) I e II estão corretas. E) II e III estão corretas. 3) O uso de plantas e ervas é extremamente popular e, historicamente, aparece no tratamento de doenças. No entanto, quando se fala do uso dessas plantas e ervas enquanto prática integrativa e complementar de saúde, há definições específicas que descrevem o uso enquanto método. Pensando nisso, considere as seguintes afirmações: Se: Fitoterapia é o tratamento à base de plantas e homeopatia é a terapia a partir da menor porção para tratar. Então: A homeopatia é obrigatoriamente um tratamento fitoterápico. Assinale a alternativa correta. A) A relação entre as frases está integralmente correta. B) A relação entre as frases está integramente equivocada. C) A relação entre as frases está parcialmente correta, pois homeopatia não é sinônimo de fitoterapia. D) A relação entre as frases está parcialmente correta, pois o conceito de fitoterapia está errado. E) A relação entre as frases está parcialmente correta, pois o conceito de homeopatia está errado. 4) Dentro dos princípios organizativos do SUS, a regionalização e a descentralização se materializam na divisão das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) e isso é importante para que as ações em saúde cheguem de forma mais efetiva para atender às mais diversas necessidades de saúde da população. No que se refere à responsabilidade institucional definida na PNPIC para cada uma das esferas do governo, está correto afirmar que: A) existem responsabilidades que são comuns às esferas federal, estadual e municipal. B) a responsabilidade da esfera federal é unicamente deliberar sobre as demais esferas e fazer cumprir as obrigatoriedades das esferas estadual e municipal. C) a responsabilidade da esfera municipal está restrita a um papel executivo para implantar as ações estabelecidas pelo gestor federal e estadual. D) a responsabilidade estadual é um papel articulador entre o município e a federação, não tendo responsabilidade deliberativa e autônoma. E) a responsabilidade de cada esfera se relaciona às questões financeiras e orçamentárias, e não deliberativas ou executivas. 5) Para uma prática mais integral, faz-se necessário o envolvimento conjunto de profissionais da saúde com uma formação diversa. Com relação à atuação multiprofissional no uso e aplicação das PICs, é correto afirmar que: A) as PICs não estão citadas nas regulamentações profissionais dos conselhos de classe. B) o CONFEN é o único conselho de classe que prevê as PICs na atuação do enfermeiro. C) o CFM desaprova o uso das PICs no SUS. D) as PICs estão previstas nos conselhos de classe da enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional e medicina, nesta última com restrições. E) a regulamentação dos conselhos de classe é completamente indiferente, uma vez que as PICs estão previstas pelo SUS. Na prática As práticas integrativas e complementares estão sendo incorporadas aos serviços de saúde e têm apresentado excelentes resultados quando comparadas aos tratamentos convencionais isolados, principalmente em condições crônicas de saúde. A abordagem multidisciplinar favorece que o sujeito seja visto integralmente, isto é, em sua dimensão biológica, emocional, espiritual e social. Dessa forma, quando aliada a outras terapias (sejam terapias convencionais ou complementares) e com uma abordagem multiprofissional, a qualidade e os efeitos do cuidado em saúde à pessoa são positivamente notados e mais estáveis. Confira, Na Prática, um exemplo da implantação das práticas integrativas e complementares em um serviço de saúde e como elas podem melhorar a assistência à população. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6646f52e-ea09-4e3a-a21d-55a2b60060d5/6c7247e5-da73-42d7-8f85-4b23f86a3a72.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: PICs | O que são? Neste vídeo, você encontrará informações atuais sobre as PICs e conhecerá a experiência de implantação das PICs no Rio Grande do Sul. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Você sabe o que são práticas integrativas e complementares em saúde? Neste vídeo, há a explicaçãode uma especialista na área sobre como o PNPICs é implementada nos dias atuais, trazendo uma discussão e um ponto de vista crítico sobre o uso dessas práticas no SUS, sob a experiência da Universidade Federal do Ceará. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Práticas integrativas e complementares na atenção primária à saúde brasileira Este artigo científico apresenta um olhar crítico e discute as PICs e seus problemas e desafios na atenção primária a saúde brasileira. https://www.youtube.com/embed/q2iaffHNMng https://www.youtube.com/embed/JyBKD0Zrq78 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Práticas integrativas e complementares na atenção básica em saúde: um estudo bibliométrico da produção brasileira Neste artigo científico, você poderá conhecer um pouco mais sobre a produção científica dos últimos 10 anos no Brasil sobre as PICs. O que se sabe? O que é feito? Para onde se vai? O que falta? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1203330610/ArtigoPICs.pdf?v=1083151772������� http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/968773582/pt.pdf?v=786055222 Terapia tradicional chinesa Apresentação As terapias tradicionais chinesas (TTC) são um conjunto de técnicas terapêuticas milenares que se baseiam nos conceitos da relação Yin-Yang, da circulação de energia entre os meridianos do corpo e da teoria dos cinco elementos para compreender os processos de adoecimento e realizar intervenções. Dentre as terapias, a mais difundida na cultura Ocidental é a acupuntura. Porém, você verá que as TTC vão muito além e englobam técnicas como moxabustão, tuiná, fitoterapia chinesa e outras. Nesta Unidade de Aprendizagem, portanto, você conhecerá o histórico das terapias tradicionais chinesas, as suas bases científicas e técnicas e os benefícios que podem trazer aos pacientes. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a historicidade e a atemporalidade das terapias orientais.• Explicar técnicas pertencentes à terapia tradicional chinesa.• Relacionar terapias específicas às necessidades terapêuticas do paciente.• Infográfico As terapias tradicionais chinesas são técnicas milenares, criadas cerca de 5.000 anos atrás. Durante esse tempo, passaram por períodos de evolução, estagnação e proibição da sua prática. Com isso, várias técnicas diferentes foram desenvolvidas, aprimoradas e, posteriormente, trazidas e incorporadas ao cotidiano de cuidado ocidental. Neste Infográfico, você verá um resumo das principais TTC. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/205e46b4-adb3-4b83-9aee-1cc5ef9b4efb/c5231f2b-8958-4010-8f19-1875960daaa3.jpg Conteúdo do livro As terapias tradicionais chinesas, também conhecidas como medicina tradicional chinesa, consistem em um conjunto de técnicas milenares cujo objetivo é a promoção e a restauração da saúde dos indivíduos. Para a tradição chinesa, a ausência de saúde é muito menos uma desordem orgânica e muito mais um desequilíbrio energético. Acreditam em energias como o Qi e o Yin-Yang, que fluem nos organismos e, se desequilibradas, dão origem aos processos de adoecimento. O enfoque das terapias, portanto, é reestabelecer o equilíbrio energético e, assim, aliviar sintomas e manifestações de adoecimento. A introdução das terapias tradicionais chinesas nas práticas de saúde ocidentais aumentou o número de possibilidades de tratamento, tornando maior a autonomia e o protagonismo dos pacientes no processo de cuidado em saúde. No capítulo Terapia tradicional chinesa, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você verá as origens históricas das terapias tradicionais chinesas, o início da sua interação com o Ocidente e seus fundamentos, tipos de terapias e benefícios. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a historicidade e a atemporalidade das terapias orientais. > Explicar técnicas pertencentes à terapia tradicional chinesa. > Relacionar terapias específicas às necessidades terapêuticas do paciente. Introdução Terapias tradicionais chinesas (TTC) abrangem técnicas terapêuticas criadas na China há quase cinco milênios. Desde sua criação, passaram por períodos de grande valorização e desenvolvimento, e até mesmo por momentos de estag- nação e questionamento do seu valor. Durante quase toda sua história, foram mantidas exclusivamente em território chinês. Suas origens estão ligadas à filosofia chinesa e à forma como ela encara o corpo humano e sua definição. Para as TTC, menos importa a anatomia e mais a forma como a energia vital circula no organismo e como esse interage com o ambiente. Suas técnicas visam equilibrar energeticamente o organismo do indivíduo tratado e, assim, minimizar sintomas e manifestações. Neste capítulo, você vai conhecer a origem histórica das TTC. Também vai entender quais são as suas principais técnicas e como se deu sua inserção no Ocidente. Por fim, verá aplicações dessas terapias e seus benefícios para os pacientes. Terapia tradicional chinesa Tainá Nazareth da Silva Castro Origens e sua inserção na sociedade contemporânea As relações saúde–doença da forma como entendidas nas práticas de saúde ocidentais são apenas uma das formas de se enxergar o funcionamento do corpo humano e seus processos de adoecimento. Estudando as origens históricas das práticas de cuidado em saúde, percebemos as mais diversas formas de pensamento. Porém, com a globalização e fusão de saberes, pas- saram a integrar a medicina ocidental como conhecida atualmente. A Grécia, por exemplo, que é tida como o berço das práticas de saúde ocidentais, praticava no período anterior ao nascimento de Hipócrates (460 a.C.—377 a.C.) — conhecido como o pai da medicina moderna — ritos de cura baseados no poder de deuses e semideuses presentes em sua cultura. Na Itália, em contrapartida ao movimento de entender a saúde de forma racional, os processos de adoecimento eram tratados com base em saberes populares, religiosos e folclóricos. Ao avaliar as origens das terapias características de cada região e povo, é nítida a semelhança nas suas raízes mística, religiosa e popular (FRÓIO, 2006). No que diz respeito às TTC, é perceptível que se mantiveram como técnicas mais próximas do tradicional e com menor influência do saber ocidental. Dentre as terapias consideradas naturais e não medicamentosas, são as que possuem, até hoje, maior divulgação e cada vez mais respeito dentro das prá- ticas de saúde. Suas origens são muito antigas e, de acordo com os registros históricos, as técnicas sofreram pouca ou nenhuma influência das práticas ocidentais até meados do século XIX (CONTATORE; TESSER; BARROS, 2018). A história das TTC mescla-se à história política da própria China, atra- vessando períodos de menor expressão e até mesmo de proibição de suas práticas. Os governos chineses são conhecidos como dinastias, ou seja, momentos de dominação política exercida por uma família ou grupo. Cada dinastia trouxe uma forma diferente de entender as práticas terapêuticas tra- dicionais e a influência das práticas ocidentais sobre elas. O ano de 2838 a.c., durante o Reino Xia, é relatado como o de criação das TTC por Cheng Nong (FRÓIO, 2006). Passados milênios, até o ano de 1644, durante a Dinastia Manchú, as TTC se desenvolveram e incorporaram novas práticas e conhecimentos cada vez mais amplos sobre as ervas terapêuticas. A partir disso, as práticas de saúde ocidentais passaram a ser inseridas na China mais amplamente, levando a uma estagnação das terapias tradicionais em detrimento da apropriação Terapia tradicional chinesa2 dos saberes ocidentais.O exercício das terapias tradicionais chegou a ser proibido no ano de 1822, mas, por ser a China um país de grande extensão territorial, elas continuaram a ser praticadas, principalmente em áreas rurais e comunidades afastadas dos grandes centros. A partir daí, porém, as terapias tradicionais passaram a ser cada vez menos prestigiadas e até mesmo vistas como ineficazes e enganadoras. Em 1929, durante a Era Guomindang, o governo fez uma tentativa de banir as terapias tradicionais, o que não obteve sucesso, devido aos protestos da população. Finalmente, em 1949, foi instituída a República Popular da China e, com ela, as TTC foram enfim reconhecidas e formalizadas. Os profissionais tradicionais foram estimulados a intercambiar saberes com o Ocidente, tornando as duas linhas de pensamento integradas e complementares (FRÓIO, 2016). A integração entre as terapias tradicionais e as práticas ocidentais levou a um rigor científico cada vez mais expressivo na documentação das antigas práticas chinesas. Em 1955, por exemplo, a acupuntura, a moxabustão e a fitoterapia chinesa foram reconhecidas como técnicas independentes e pertencentes ao universo amplo das TTC. O avanço da sistematização das prá- ticas tradicionais e seu estudo à luz das abordagens científicas da sociedade contemporânea trouxe, cada vez mais, uma aproximação dos profissionais de saúde ocidentais e gerou mais visibilidade e maior aplicação das práticas fora do território chinês. As terapias tradicionais atingiram, portanto, o patamar de ciência, sendo entendidas como uma forma diferente e complementar de enxergar o processo saúde–doença. Assim, atualmente, temos as TTC convivendo com as práticas de saúde ocidentais de forma harmônica. Ao mesmo tempo, os profissionais de saúde têm a liberdade de utilizar as duas abordagens de forma paralela. No Brasil, a inserção das TTC converge com o movimento da contracultura e da valorização de um novo estilo de vida em meados dos anos 1960 (CINTRA; PEREIRA, 2012). Já na década de 1980, com a mudança no modelo de atenção à saúde no país e o advento do Sistema Único de Saúde (SUS), as terapias tradicionais passaram a ser legitimadas e reconhecidas. Tal legitimação fez parte de um movimento maior de alteração na forma como se fazia saúde no país, dando espaço a um conceito ampliado, que entende saúde como algo muito além da ausência de doença. Porém, foi apenas por meio da Portaria Nº 971, de 3 de maio de 2006, que o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) e reconheceu, no âmbito do SUS, a oferta de terapias tradicionais. A portaria reconhece, dentre as TTC, a acupuntura e: Terapia tradicional chinesa 3 [...] práticas corporais (lian gong, chi gong, tui-na, tai chi chuan); práticas mentais (meditação); orientação alimentar; e o uso de plantas medicinais (fitoterapia tra- dicional chinesa), relacionadas à prevenção de agravos e de doenças, a promoção e à recuperação da saúde (BRASIL, 2006, documento on-line). As terapias tradicionais, portanto, estão disponíveis no SUS e como política pública de saúde, extrapolando a oferta por serviços privados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece as práticas tradicionais e sua importância. Em 2002, publicou um documento intitulado “Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002–2005”, no qual são listadas as principais práticas reconhecidas. No documento, também são reforçadas as estratégias para valorização das técnicas tradicionais no sentido amplo, respeitando a pluralidade de saberes e práticas ao redor do mundo. As terapias tradicionais chinesas recebem destaque no documento pois possuem o reconhecimento das práticas manuais, de acupuntura, espirituais e corporais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002). Fundamentos e técnicas das TTC Para compreender as TTC, é necessário conhecer seus fundamentos. Dife- rentemente das práticas de saúde ocidentais, que se baseiam no estudo das patologias, as TTC possuem bases filosóficas e não tão ligadas à fisiologia organicista. Para os terapeutas tradicionais, o corpo humano é um grande fluxo de energia que flui em canais denominados meridianos. A saúde individual, por sua vez, está relacionada ao equilíbrio entre a dicotomia yin–yang, duas forças opostas, a dualidade presente no organismo e que precisa estar balanceada na relação dos indivíduos com a natureza. Os desarranjos nos organismos, ou seja, as manifestações sintomáticas, são na verdade desequilíbrios no fluxo dessas energias opostas. De acordo com Cintra e Pereira (2012), o yang é o aspecto da energia que representa a produção de calor, ou seja, o aumento de atividades e expansão; o yin, por sua vez, é a energia que produz o frio, o repouso, a escuridão. O objetivo das TTC, portanto, é equilibrar o fluxo das energias yin–yang e as relações do indivíduo com os cinco elementos da natureza para reestabelecer o equilíbrio orgânico. Mas, então, como são feitos os diagnósticos e indicações terapêuticas de acordo com as TTC? Na tradição chinesa, compreende-se por doença o desequilíbrio de energia que se manifesta como sinais e sintomas das síndromes energéticas. Terapia tradicional chinesa4 Os exames físicos para diagnóstico baseiam-se na avaliação da língua, unhas e dedos, cabelo e palpação do pulso. Além disso, são investigados os padrões de apetite, paladar, eliminações fisiológicas e até mesmo estado emocional, atividade sexual, hábitos alimentares e histórico sociocultural (CINTRA; PEREIRA, 2012). A partir da anamnese realizada e dos desconfortos relatados, os desarran- jos energéticos são mapeados com o elemento da natureza relacionado. Como exemplo, pode-se citar o metal, um dos cinco elementos da natureza, e que está diretamente relacionado, de acordo com a tradição chinesa, à pele, aos pulmões e aos intestinos. No Quadro 1, você pode ver um resumo dos cinco elementos e a quais órgãos, vísceras e sentimentos eles estão interligados. Quadro 1. As relações entre os cinco elementos da natureza e as manifes- tações orgânicas Madeira Fogo Terra Metal Água Sabor Ácido Amargo Doce Picante Salgado Cor Verde Vermelho Amarelo Branco Preto Energia celeste Vento Calor Umidade Secura Frio Evolução Nascimento Crescimento Transformação Declínio Estagnação/ morte Estações Primavera Verão Fim de verão Outono Inverno Órgãos Fígado Coração Baço Pulmão Rins Vísceras Vesícula biliar Intestino delgado Estômago Intestino grosso Bexiga Sentidos Olhos Língua Boca Nariz Orelhas Camada do corpo Tendões Vasos Músculos (carne) Pele e pelo Osso Sentimentos Raiva Alegria Reflexão Tristeza Medo Fonte: Adaptado de Souza ([201-). O objetivo de qualquer uma das TTC é reestabelecer o equilíbrio energético no organismo do indivíduo atendido. Para tal, é necessário conhecer, além dos Terapia tradicional chinesa 5 elementos e suas relações com o yin–yang, o fluxo existente no organismo e seus meridianos relacionados a cada manifestação de sintomas. Na Figura 1, são ilustrados os cinco elementos e seus movimentos. Figura 1. Os cinco movimentos energéticos. Fonte: Tabela Prática dos 5 Elementos (2011, documento on-line). Na Figura 2, estão ilustrados os meridianos, ou canais de energia do corpo humano. Tais canais são os condutores do fluxo yin–yang no organismo do indivíduo. Ao longo dos meridianos, existem pontos conhecidos como pon- tos de acupuntura. Esses pontos e sua estimulação consistem em uma das principais técnicas dentro das TTC. Terapia tradicional chinesa6 Figura 2. Meridianos, ou canais de energia. Fonte: Meridianos ([201-]). Porém, as TTC vão muito além da estimulação dos pontos de acu- puntura. Suas técnicas são divididas em corporais (lian gong e tai chi chuan), mentais (meditação, dietoterapia e fitoterapia chinesa), terapias manuais (tui-na) e terapias espirituais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002). Nos próximos tópicos, examinaremos mais a fundo as principais TTCaplicadas no Brasil. Lian gong O lian gong (pronúncia correta lian kun) é uma das terapias corporais dentre as TTC. Sua criação é mais recente, datando do ano de 1974, e é fruto da interseção entre a tradição chinesa e as práticas ocidentais modernas. Seu criador foi Zhuang Yuan Ming, médico ortopedista. Segundo Cordeiro (2015, p. 22), a técnica consiste em uma série de exercícios sistematizados a partir da junção entre “[...] movimentos adaptados das artes marciais, do dao-in Terapia tradicional chinesa 7 (ginástica terapêutica chinesa), do tui-na (massagem terapêutica), do tu na gong (técnica de respiração)” e a prática clínica do ortopedista. No Brasil, o lian gong foi inserido em 1987 e regulamentado em 2006 como prática integrativa e complementar no SUS. A técnica é dividida em três partes com 18 exercícios, resultantes de com- binações feitas com os 54 exercícios descritos. Todos os exercícios utilizam os princípios de uma movimentação corporal com ritmo específico, com objetivo de promover alongamento e força nas articulações. Envolve movimentos contínuos, porém suaves. Tai chi chuan Foi originalmente criado como uma arte marcial. Após a percepção dos seus benefícios para o corpo, começou a ser adotado como atividade física. Se assemelha ao lian gong por seus exercícios serem de execução lenta. Po- rém, são muito mais vigorosos e, portanto, o tai chi chuan é considerada uma atividade física aeróbica de moderada intensidade. Baseia-se em uma combinação de exercícios físicos, técnicas de respiração e relaxamento e é, por isso, considerada uma das TTC (KASAI et al., 2010). Tui-na Essa é a técnica de massagem da TTC, que trabalha o corpo junto com a energia. Suas bases são o trabalho dos fluxos de energia vital (qi) ao longo dos meridianos energéticos. Utiliza o toque com variações de intensidade de moderado a vigoroso, podendo ter como instrumentos as mãos, cotovelos, antebraços e joelhos. A massagem tui-na é praticada no exterior do corpo, produzindo efeitos no seu interior, contribuindo para a desobstrução dos condutos, promovendo a circulação da energia e do sangue, que regula as funções dos órgãos internos e lubrifica os tendões e ossos, permite prevenir e tratar algumas patologias e melhorar o bem- -estar físico e psicológico da pessoa (IHA et al., 2019). Moxabustão e ventosaterapia A moxabustão é uma das formas de terapia por meio dos pontos de acupun- tura. Utiliza a queima de moxas, ou pequenos buquês, de artemísia e trata por meio do calor terapêutico. Pode ser utilizada isolada ou como técnica auxiliar da acupuntura. Terapia tradicional chinesa8 A ventosaterapia é outra forma de estimulação dos pontos de acupuntura. Sua técnica utiliza ventosas, ou seja, pequenas cúpulas de acrílico ou vidro que produzem sucção terapêutica e uma estimulação vigorosa dos pontos desejados. Em geral, é utilizada isolada ou acompanhada de outras técnicas de massoterapia (WEGNER, 2013). Fitoterapia chinesa A fitoterapia é a ciência que estuda terapias com ervas e plantas, seus princípios ativos e benefícios. Faz uso de várias técnicas para extração das substâncias, realizando combinações entre elas para chegar às inú- meras fórmulas terapêuticas. A técnica da fitoterapia não é exclusiva da tradição chinesa, mas faze parte de várias práticas tradicionais de cuidado em saúde. Atualmente, vários medicamentos fitoterápicos já possuem eficácia cienti- ficamente comprovada. É importante ressaltar que fitoterápicos também são medicamentos e, desse modo, não estão isentos de riscos. Por isso, devem ser utilizados sob a orientação de profissional capacitado. Benefícios das TTC Agora que você já conhece as principais TTC, deve estar se perguntando: como tais técnicas serão aplicáveis ao meu cotidiano como professional de saúde? Vamos conhecer, portanto, os benefícios de cada uma das técnicas para a saúde e a prevenção de doenças e como usá-las mesmo sem ser um especialista. Ao contrário do que muitos podem pensar, hoje já existem evidências científicas e estudos clínicos que comprovam os benefícios das terapias tra- dicionais para a saúde dos pacientes. A acupuntura e suas variantes, por sua popularidade mundial, são aquelas cujos benefícios potenciais aos pacientes são mais conhecidos e estudados. Isso, porém, não quer dizer que as outras terapias não tragam benefícios e contribuam para a promoção da saúde e prevenção de doenças à população em geral. Dentre as técnicas terapêuticas já estudadas neste capítulo, daremos ênfase a duas delas: lian gong e tui-na. A escolha dessas técnicas para enfatizar os benefícios se dá devido ao fato de sua execução não requerer equipamentos ou técnicas mais avançadas. Além disso, podem ser executadas em pessoas de diversas faixas etárias e praticamente sem restrições. Terapia tradicional chinesa 9 Lian gong — aplicações e benefícios Como já examinamos o conceito técnico de lian gong, veremos agora quais benefícios a terapia pode trazer para quem a pratica. Cada uma das três partes do lian gong é focada em trabalhar um conjunto de músculos e articulações. Seus exercícios são leves, ritmados, suaves e contínuos. O lian gong anterior é a primeira parte (Figura 3), com 18 exercícios focados em trabalhar “[...] dores no pescoço, ombros, costas, região lombar, glúteos e membros inferiores” (CORDEIRO, 2015, p. 23). Figura 3. Ilustração da primeira parte de exercícios do lian gong. Fonte: Mendes (2013, documento on-line). Terapia tradicional chinesa10 A segunda parte, chamada de lian gong posterior (Figura 4), é focada na prevenção de dores articulares, tendinites e disfunções orgânicas internas. Figura 4. Ilustração da segunda parte de exercícios do lian gong. Fonte: Mendes (2013, documento on-line). A terceira parte, por sua vez, é chamada de lian gong continuação (Figura 5). Seus exercícios são focados nos benefícios para o sistema respiratório e cardiovascular. Terapia tradicional chinesa 11 Figura 1. Ilustração dos exercícios da terceira parte do lian gong. Fonte: Mendes (2013, documento on-line). Juntas, as três partes trazem benefícios para todo o corpo. Por envolver exercícios de baixa intensidade e impacto e por não exigir vestimentas ou equipamentos elaborados, o lian gong configura-se uma atividade terapêutica com nenhuma ou quase nenhuma contraindicação. Tui-na — aplicações e benefícios Na seção anterior já conhecemos as bases teóricas do tui-na, a massagem terapêutica integrante da tradição chinesa. Seus movimentos vigorosos e aplicados em pontos-chave dos meridianos trazem benefícios para o corpo Terapia tradicional chinesa12 físico e energético. Mediante a estimulação dos pontos, obtêm-se resultados como a diminuição de dores crônicas — a exemplo da fibromialgia — e melhoria da insônia e da ansiedade. Como você pode ver, os benefícios das TTC são amplos e muitas vezes comprovados com rigor científico. Sendo assim, é importante conhecer as terapias, onde são ofertadas e quais pacientes se beneficiariam delas, para que, durante sua prática professional, você possa diversificar as opções terapêuticas e aumentar a autonomia dos pacientes na escolha de alterna- tivas. Hoje, com a intensa democratização de acesso a informações, cada vez mais os pacientes procuram por opções complementares de tratamento que tenham como enfoque a saúde e o bem-estar em seus termos globais. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Brasília, DF: MS, 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2006/prt0971_03_05_2006.html. Acesso em: 9 dez. 2020. CINTRA, M. E.; PEREIRA, P. P. Percepções de Corpo Identificadas entre Pacientes e Profissionais de Medicina Tradicional Chinesa do Centro de Saúde Escola do Butantã. Saúde Soc., v. 21, n. 1, p. 193-205, 2012. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/sausoc/2012.v21n1/193-205. Acesso em: 9 dez. 2020. CONTATORE, O. A.; TESSER, C. D.; BARROS, N. F. Medicina chinesa/ acupuntura: apon- tamentos históricos sobre a colonização de um saber. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 841- 858, 2018. Disponível em: https://www. scielo.br/pdf/hcsm/v25n3/0104-5970-hcsm-25-03-0841.pdf. Acesso em: 9 dez. 2020. CORDEIRO, A. M. Impactos Do Lian Gong Em 18 Terapias Sobre Parâmetros Vitais Clínicos, Dor e Estresse Relacionados ao Trabalho. 2015. 66 f. Monografia (Bacharel em Enferma- gem) — Unidade Acadêmica de Enfermagem, Universidade Federal de Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/7736/1/ ALANE%20JUSCEN%c3%8d%20MENEZES%20CORDEIRO.%20TCC.%20BACHARELADO%20 EM%20ENFERMAGEM.2015.pdf. Acesso em: 9 dez. 2020. FRÓIO, L. R. A expansão da medicina tradicional chinesa: uma análise da vertente cultural das relações internacionais. 2006. 120 f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) — Instituto de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1837/1/liliana%20 ramalho%20froio.pdf. Acesso em: 9 dez. 2020. IHA, M. A. H. et al. Efeitos da Massagem Tuiná da Dor e Qualidade de Vida em Pacientes com Fibromialgia. In: EPCC - ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA, 11., 2019. Anais [..]. Maringá, PR: UniCesumar, 2019. Disponível em: http://rdu.unicesumar. edu.br/handle/123456789/3513. Acesso em: 9 dez. 2020. KASAI, J. Y. T. et al. Efeitos da prática de Tai Chi Chuan na cognição de idosas com comprometimento cognitivo leve. einstein., v. 8, n. 1, pt. 1, p. 40-45, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0040.pdf. Acesso em: 9 dez. 2020. Terapia tradicional chinesa 13 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2002–2005. Genebra: OMS, 2002. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index. php?option=com_docman&view=download&alias=796-estrategia-oms-sobre-medi- cina-tradicional-2002-2005-6&category_slug=vigilancia-sanitaria-959&Itemid=965. Acesso em: 9 dez. 2020. MENDES, V. Liang Gong promete alívio de dores e é oferecido de graça em BH. Saúde Plena, 14 maio 2013. Disponível em: https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2013/05/14/ noticias-saude,194585/liang-gong-promete-alivio-de-dores-e-e-oferecido-de-graca- -em-bh.shtml. Acesso em: 9 dez. 2020. MERIDIANOS. Clínica Elizabete Toledo, [201-]. Disponível em: https://betetoledo.com/ literatura/acupuntura/meridianos/. Acesso em: 9 dez. 2020. SOUZA, D. G. Acupuntura. DGS otorrinolaringologia, [201-]. Disponível em: http://www. dgsotorrinolaringologia.med.br/APOST_ACUPUNTURA.html. Acesso em: 9 dez. 2020. TABELA Prática dos 5 Elementos. Patricia Machado, 13 maio 2011. Disponível em: http:// www.patriciadonbanmachado.com.br/2011/05/tabela-pratica-dos-5-elementos.html. Acesso em: 9 dez. 2020. WEGNER, F. et al. Moxabustão: uma Revisão da Literatura. FIEP Bulletin On-line, v. 83, n. esp, 2013. Disponível em: http://www.fiepbulletin.net/index.php/fiepbulletin/article/ view/2734. Acesso em: 9 dez. 2020. Leitura recomendada BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Terapia tradicional chinesa14 Dica do professor Apesar de terem sido criadas há quase cinco mil anos, a inserção das terapias tradicionais no Ocidente é muito mais recente que isso. Apenas em meados do século XIX, as técnicas começaram a ser aplicadas por profissionais de saúde ocidentais. Porém, sua sistematização e entendimento como ciência data de ainda mais tarde, na primeira metade do século XX. E no Brasil? Como se deu essa inserção? Qual técnica chegou primeiro no país e como é a aceitação das mesmas pelos profissionais de saúde e pacientes? Na Dica do Professor, você verá um panorama da inserção das TTC no Brasil e seu alcance no país nos dias atuais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/c104c703a2d4a98158f2aef993e3c6fb Exercícios 1) As terapias tradicionais chinesas surgiram cerca de 5000 anos atrás. Apesar do que se pensa, sua aproximação com o Ocidente demorou vários séculos para se solidificar. As terapias tradicionais chinesas precisaram ser validadas pelas escolas de saúde ocidental da China para que, assim, fossem validadas em todo o Ocidente. A entrada das terapias tradicionais chinesas nas práticas de saúde no Brasil se deu: A) no início dos anos 1900. B) no período pós-Segunda Guerra Mundial. C) na década de 1960, com o movimento da contracultura. D) na segunda metade do século XIX. E) na década de 1980, com a regulamentação do SUS. 2) As terapias tradicionais chinesas se baseiam nos conceitos de fluxos de energia e equilíbrio entre indivíduos e os cinco elementos da natureza. Quanto à energia, é central a ideia do Yin-Yang. Quanto ao Yin-Yang, é correto afirmar: A) Representa a dualidade energética que flui nos meridianos dos organismos. B) O Yin é a energia que representa o animal, o repouso e a escuridão. C) O Yang é a energia que representa o vegetal, o calor e a expansão. D) O desequilíbrio entre as duas energias nada traz de prejuízo ao organismo. E) O Yin é a energia que representa o mal, enquanto o Yang representa o bem. 3) O Ministério da Saúde, pela portaria no 971, de 03 de maio de 2006, instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Nela, é reforçada a importância das terapias tradicionais e as ações necessárias para aumentar o acesso da população brasileira às mesmas. As alternativas a seguir são a respeito do que a portaria traz sobre as terapias tradicionais chinesas; assinale aquela que está correta. A) Reconhece a acupuntura como prática recomendada pela OMS e que deve ser praticada apenas por médicos. B) Não reconhece as práticas corporais (lian gong, chi gong, tui-na, tai-chi-chuan) como integrantes das terapias tradicionais chinesas. C) Não cita a fitoterapia tradicional chinesa como terapia integrante das terapias tradicionais chinesas. D) Reconhece a eficácia da acupuntura em patologias como odontalgias pós-operatórias, náuseas e vômitos pós-quimioterapia. E) Não cita a dietoterapia chinesa (orientações alimentares) como terapia reconhecida. 4) A massagem é uma das técnicas terapêuticas mais populares, seja como forma de relaxamento, tratamento ou, até mesmo, em questões estéticas. O tuiná é a técnica de massagem das terapias tradicionais chinesas. Sobre o tuiná, assinale a alternativa correta: A) O tuiná é uma massagem que consiste em um conjunto de técnicas manipulativas suaves e leves, fazendo uso apenas das mãos para sua execução. Seus movimentos são praticados no exterior do corpo e produzem efeitos e benefícios também em seu interior. B) O tuiná é uma massagem que consiste em um conjunto de técnicas manipulativas vigorosas, fazendo uso apenas das mãos para sua execução. Seus movimentos são praticados no exterior do corpo e produzem efeitos e benefícios também em seu interior. C) O tuiná é uma massagem que consiste em um conjunto de técnicas manipulativas vigorosas, podendo fazer uso das mãos, antebraços, joelhos, cotovelos e punhos para sua execução. Seus benefícios se restringem aoexterior do corpo, onde os movimentos são praticados. D) O tuiná é uma massagem que consiste em um conjunto de técnicas manipulativas vigorosas, podendo fazer uso das mãos, antebraços, joelhos, cotovelos e punhos para sua execução. Seus movimentos são praticados no exterior do corpo e produzem benefícios também em seu interior. E) O tuiná é um conjunto de técnicas manipulativas suaves e leves, podendo fazer uso das mãos, antebraços, joelhos, cotovelos e punhos para sua execução. Seus movimentos são praticados no exterior do corpo e produzem benefícios também em seu interior. 5) Dentre as terapias tradicionais chinesas, existem aquelas classificadas como terapias corporais; o lian gong é uma delas. Assinale a alternativa correta a respeito do lian gong. A) O lian gong foi criado por um médico ortopedista e se baseia, entre outras técnicas, nas posturas de yoga para a criação dos seus movimentos. B) O lian gong consiste em 8 terapias formadas a partir da combinação dos 54 movimentos que compõem a técnica. C) Os movimentos do lian gong foram criados a partir da combinação entre movimentos das artes maciais, do dao in, do tui-na e do tu na gong. D) Ao contrário das outras terapias tradicionais, que têm origem milenar, o lian gong foi criado no ano de 1974, por um médico geriatra. E) Os movimentos do lian gong são contínuos, intensos e ritmados, promovendo o alongamento e a força das articulações e membros. Na prática As terapias tradicionais chinesas têm, cada vez mais, indicações precisas e com respaldo em literatura científica. Isso faz com que as mesmas estejam mais presentes nos serviços de saúde e mais profissionais estejam habilitados a exercê-las. No Brasil, várias delas são reconhecidas e ofertadas pelo Sistema Único de Saúde aos usuários. Ao falar em terapias tradicionais, porém, pode surgir a dúvida de como abordar o paciente, indicar terapias e acompanhar a efetividade das mesmas. Por não serem, ainda, terapias completamente difundidas no nosso país, é possível encontrar resistência por parte dos pacientes ao indicar uma delas. Em contrapartida, você pode receber pacientes informados e cientes da oferta das TTC nos serviços de saúde. Nesse caso, você, como profissional, deve estar sempre bem informado a respeito delas para ajudar seu paciente a conduzir da melhor forma o processo terapêutico individual. Neste Na Prática, você verá um exemplo de condução e abordagem para um paciente que procura o ambulatório de práticas integrativas e complementares. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b1374a35-1969-496c-abd9-b80a0ae75aac/92c73ba8-a6fc-45c8-b343-ebcf4f1b9e5b.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Posicionamento da Justiça sobre o exercício da acupuntura por enfermeiros Este texto fala sobre o exercício profissional das terapias tradicionais chinesas por enfermeiros. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Documentário sobre acupuntura Reinventando a vida é um documentário sobre o uso da acupuntura por mulheres em tratamento para o câncer de mama. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Uso da moxabustão e acupuntura em gestantes com apresentação pélvica: revisão integrativa Artigo sobre o uso da moxabustão e acupuntura em gestantes com feto em apresentação pélvica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.cofen.gov.br/justica-nega-embargo-e-reafirma-legalidade-de-resolucao-sobre-acupuntura_68335.html https://www.youtube.com/embed/jEclFv-tMXA http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/10/859849/45534-194259-1-pb.pdf Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente Apresentação As unidades de saúde e órgãos públicos têm incentivado cada vez mais o uso de plantas medicinais e fitoterápicos como prática complementar em saúde, em parte devido à busca da população por opções alternativas aos medicamentos sintéticos, os quais trazem inúmeros efeitos adversos. Com isso, os profissionais de saúde têm buscado capacitação e conhecimento na área, a fim de oferecer informações fidedignas a respeito do modo correto de uso, posologia e segurança das plantas medicinais e fitoterápicos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as indicações clínicas de plantas medicinais e fitoterápicos no cuidado ao paciente, suas diferentes apresentações, as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos, além das contraindicações e reações adversas da fitoterapia. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar o conhecimento popular com a fitoterapia.• Identificar plantas medicinais seguras para a terapia.• Diferenciar as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos. • Infográfico Transtornos de ansiedade têm acometido cada vez mais a população mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofram de algum transtorno de ansiedade. As plantas medicinais são muito utilizadas como alternativas aos fármacos sintéticos (benzodiazepínicos, por exemplo) no tratamento de quadros leves de ansiedade e insônia. No Infográfico a seguir, conheça as plantas medicinais utilizadas no tratamento de transtornos de ansiedade, bem como seu modo de preparo e posologia. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/d609c2b2-3fe2-4d0c-b53b-1bdeb7306101/62f33d35-6ce5-496c-8e5d-55dd4b0526e5.jpg Conteúdo do livro A indústria de fitoterápicos está em constante desenvolvimento, e cada vez mais a população e os profissionais de saúde têm buscado a fitoterapia como alternativa aos fármacos sintéticos. No Brasil, essa área também é impulsionada pela grande biodiversidade nacional e pelo conhecimento popular do uso de plantas medicinais. Hortos medicinais têm sido criados em diversas cidades no país, a fim de proporcionar o estudo dessas plantas, além de fornecer mudas e orientações para a população, especialmente a mais carente. No capítulo Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente, da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja como tem crescido o interesse de órgãos públicos e pesquisadores pela fitoterapia, entendendo os fitoterápicos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como as indicações e o modo de usar as principais plantas medicinais no cuidado ao paciente. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Relacionar o conhecimento popular com a fitoterapia. > Identificar plantas medicinais seguras para uso na terapia. > Diferenciar as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos. Introdução Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a fitoterapia é uma das mais conhecidas e mais amplamente utilizadas nos serviços públicos no Brasil e no mundo. Os profissionais de saúde têm apresentado interesse crescente nessa área, buscando capacitação e conhecimento, com o objetivo de realizar uma adequada prescrição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos em seus atendimentos. Embora as plantas medicinais sejam utilizadas pela população desde tempos imemoriais, o uso inadequado é frequente, devido à falta de conhecimento sólido em relação a dosagens, posologia, modo de preparo, contraindicações e reações adversas. Neste capítulo, você vai conhecer o histórico de uso de plantas medicinais e fitoterápicos e os fatores que têm despertado o interesse em fitoterapia pela população e pelos profissionais de saúde. Além disso, vai estudar formas de utilização,reações adversas e contraindicações de plantas medicinais e fitoterápicos. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente Marcella Gabrielle Mendes Machado Histórico da fitoterapia Desde os tempos mais antigos, os seres humanos utilizam plantas pelos seus diversos efeitos medicinais. De acordo com Saad et al. (2018), os registros mais antigos que indicam a utilização de plantas para fins terapêuticos remontam à Era Paleolítica, na forma de pólens de plantas medicinais em sítios arque- ológicos. Ademais, registros do uso de plantas medicinais em regiões como Índia, China e Egito datam de milhares de anos antes da civilização cristã. Nessas regiões, era muito comum a associação da terapêutica com práticas espirituais, sendo que muitos sacerdotes atuavam como médicos. Pitágoras, por volta de 500 a.C., estudou como as drogas vegetais atuavam no organismo, o que levou à formulação das bases da medicina humoral e da dietética, as quais influenciaram Hipócrates, pai da medicina, alguns anos mais tarde. Hipócrates desmistificou a associação de cura pelo uso das plantas medicinais com forças sobrenaturais, e deu início à medicina racional-naturalista a partir da descrição de sinais e sintomas, avaliação da sazonalidade de doenças e influência do emocional do paciente e condições de moradia (SAAD et al., 2018). Com a descoberta pelos europeus de novas regiões pelas grandes nave- gações no período da Renascença, novas drogas vegetais, assim como espe- ciarias, foram adquiridas pela Europa, aumentando seu arsenal terapêutico. Os estudos desenvolvidos pelo médico conhecido como Paracelso (1493–1541) levaram a um novo entendimento a respeito das plantas medicinais. De acordo com Saad et al. (2018, p. 3), Paracelso “[...] anunciou a noção de que a planta medicinal encerra um componente terapeuticamente ativo, suscetível de ser extraído por processo químico, e que o processo utilizado para isso era a destilação”. Até aquela época, a planta medicinal era utilizada na sua forma inteira ou em partes, como folhas e raízes. A partir da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento da química medicinal e da síntese da Aspirina (ácido acetilsalicílico) pela mo- dificação estrutural do ácido salicílico isolado da casca do salgueiro, as plantas medicinais passaram a ser utilizadas como matéria-prima para a obtenção de fármacos semissintéticos e como protótipos para a síntese de novas moléculas (SAAD et al., 2018). Embora o uso de plantas medicinais tenha diminuído frente ao processo de industrialização e desenvolvimento de fármacos sintéticos, seu uso pela população voltou a ganhar força nas últimas décadas. Muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização das plantas medicinais pela popu- lação, entre eles os efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente2 industrializados, o difícil acesso à assistência médica, o aumento do consumo de produtos naturais em busca de uma vida mais saudável e a tendência ao uso da medicina integrativa (BRASIL, 2019). Atualmente, além de matéria-prima para fármacos semissintéticos, as plantas medicinais são utilizadas in natura (como em chás de plantas medi- cinais), em preparações galênicas simples (extratos fluidos e tinturas) e em formulações farmacêuticas com maior valor agregado, como os fitoterápicos (SIMÕES et al., 2017). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011, p. 11), um fitoterápico pode ser definido como “[...] o produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa”. Embora as plantas medici- nais sejam utilizadas desde a Antiguidade, o uso oficial de fitoterápicos só foi reconhecido mundialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1978. No Brasil, o Ministério da Saúde, mediante a Portaria nº 212, de 11 de setembro de 1981, passou a incentivar como prioridade o estudo das plantas medicinais para aplicação clínica. Em 2006, a fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), mediante a Portaria 971/2006, sendo que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi regulamentada pelo decreto 5.813, de 22 de junho de 2006 (ANVISA, 2011). Atualmente, são ofertados pelo SUS 12 medicamentos fitoterápicos, listados no Quadro 1. Quadro 1. Medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS Denominação genérica Apresentação Indicação/ação Alcachofra (Cynara scolymus L.) Cápsula, comprimido, solução oral, tintura Tratamento dos sintomas de dispepsia funcional (síndrome do desconforto pós-prandial) e de hipercolesterolemia leve a moderada. Apresenta ação colagoga e colerética. Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) Gel e/ou óvulo vaginal Apresenta ação cicatrizante, anti-inflamatória e antisséptica tópica, para uso ginecológico. (Continua) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 3 Denominação genérica Apresentação Indicação/ação Babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.) Creme, gel Tratamento tópico de queimaduras de 1º e 2º graus e como coadjuvante nos casos de psoríase em placas. Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana DC.) Cápsula, tintura Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal eventual. Espinheira-santa (Maytenus officinalis Mabb.) Cápsula, emulsão, suspensão oral, tintura Coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas de dispepsia. Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens DC. ex Meissn.) Cápsula, comprimido, comprimido de liberação retardada Tratamento da dor lombar baixa aguda e como coadjuvante nos casos de osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória. Guaco (Mikania glomerata Spreng.) Solução oral, tintura, xarope Apresenta ação expectorante e broncodilatadora. Hortelã (Mentha x piperita L.) Cápsula Tratamento da síndrome do cólon irritável. Apresenta ação antiflatulenta e antiespasmódica. Isoflavona-de-soja [Glycine max (L.) Merr.] Cápsula, comprimido Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério. Plantago (Plantago ovata Forssk.) Pó para dispersão oral Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal habitual. Tratamento da síndrome do cólon irritável. Salgueiro (Salix alba L.) Comprimido, elixir, solução oral Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresenta ação anti-inflamatória. Unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.) DC.) Cápsula, comprimido, gel Coadjuvante nos casos de artrites e osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Fonte: Adaptado de Brasil (2020). (Continuação) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente4 Em todo o mundo, a indústria de fitoterápicos está em constante de- senvolvimento, juntamente com o aumento do interesse em pesquisas com plantas medicinais, a fim de comprovar sua eficácia e confirmar as indicações terapêuticas relacionadas ao seu uso. Os fitoterápicos são uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos, os quais estão relacionados a um maior número de efeitos adversos. Na prática médica, são bem vistos os medicamen- tos fitoterápicos e plantas medicinais que passam por testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clínicos e clínicos. O crescimento da indústria de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda é impulsionado pela grande bio- diversidade nacional e pelo conhecimento tanto popular quanto científico sobre essas plantas (SAAD et al., 2018). A produção de medicamentos fitoterápicos no Brasil tem apresentado um crescimento exponencial de cerca de 10% ao ano em valores. Em 2018, o mercado de fitoterápicos faturou R$ 2,3 bilhões, o que representa 2,2% do mercado farmacêutico total (RIBEIRO, 2020). De acordo com Ribeiro (2020), o fornecimento de medicamentos fito- terápicos somente na cidade de São Paulo cresceu em 662% no período entre 2015 e 2019. Somente em 2019, foram distribuídos mais de 6 milhões de fitoterápicos para a populaçãopaulistana. Essas cifras incluem quatro tipos de medicamentos, sendo três deles pertencentes à lista Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename): isoflavona-de-soja, garra-do-diabo e espinheira-santa. A valeriana, por sua vez, é utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade em graus leves. Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), as plantas medicinais podem ser disponibilizadas à população nas formas in natura, seca (droga vegetal), fitoterápico manipulado e fitoterápico industrializado. A planta medicinal in natura consiste na planta fresca, coletada no momento do uso, enquanto a planta medicinal (ou suas partes) seca passa pelos processos de coleta, estabilização (quando aplicável) e secagem, podendo ser dispo- nibilizada na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. O fitoterá- pico manipulado é produzido pela farmácia de manipulação, enquanto o fitoterápico industrializado é produzido pela indústria farmacêutica ou pelo laboratório oficial. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 5 A planta medicinal in natura pode ser obtida de hortos medicinais ou de produtores com alvará de órgãos competentes para tal, os quais devem seguir normas de boas práticas de cultivo, que incluem uma adequada qualidade do ar, solo e água. O uso de adubos químicos e agrotóxicos no cultivo de plantas medicinais é proibido, uma vez que podem alterar a composição da planta, o que pode levar à perda de seu valor medicinal, ou até mesmo provocar efeitos colaterais ou tóxicos. As espécies cultivadas podem ser nativas ou exóticas, e geralmente encontram-se relacionadas pelos órgãos de saúde nacional, estadual ou municipal. Plantas medicinais que são amplamente utilizadas pela população local também podem ser fornecidas pelos hortos, desde que seus usos terapêuticos sejam validados (BRASIL, 2012). Hortos medicinais têm ganhado espaço em unidades de saúde em diversos municípios do país. Esses espaços são utilizados de forma educativa, assim como no fornecimento de mudas de plantas medicinais, es- pecialmente para a população mais carente. Muitos desses locais oferecem orientações e palestras a respeito do preparo de chás, posologia, doses, possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas. Podemos destacar o programa de fitoterapia no município de Fortaleza, Ceará, berço da Farmácia Viva, onde esse programa conta com hortos medicinais, laboratório de produção de fitoterápicos para serem ofertados nas unidades de saúde e orientação sobre o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos para profissionais de saúde. Figura 1. Projeto Farmácia Viva, promovido pelo Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará. Fonte: Falconery e Lemos (2018, documento on-line). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente6 A planta in natura costuma ser utilizada na forma de chás, definidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012, p. 107), como “[...] formas líquidas obtidas pela extração a quente com água, preparadas para uso imediato a partir de plantas frescas ou secas. Dependendo da parte da planta utilizada e dos seus constituintes ativos, são preparados por infusão ou por decocção”. A infusão é indicada para as partes mais flexíveis da planta, como folhas e flores. Nesse método de preparação, a água morna ou fervente é vertida sobre a planta sólida, com abafamento do recipiente, por um determinado tempo. Já a decocção é indicada para partes mais rígidas da planta, como caule e raízes. Nesse processo, a planta é deixada em contato com a água em ebulição por um tempo determinado (BERMAR, 2014). A planta seca (droga vegetal) deve ser processada atendendo às exi- gências sanitárias, em estabelecimentos com infraestrutura adequada. Por meio de prescrição, ela é dispensada ao usuário, que pode, de modo semelhante à planta in natura, prepará-la por meio de infusão ou decocção (BRASIL, 2012). A produção de fitoterápicos manipulados e industrializados deve atender às normas regulatórias vigentes, sendo que o processo de manipulação em si é regulamentado pela RDC nº 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Os fitoterápicos manipulados podem ser preparados a partir da formulação indicada na prescrição feita por um profissional de saúde habilitado, ou a partir de uma formulação descrita no Formulário Fitoterá- pico Nacional ou em formulários internacionais reconhecidos pela Anvisa (ANVISA, 2018). Já as empresas produtoras de fitoterápicos industrializados devem atender às normas da RDC nº 301/2019, que dispõe sobre as boas práticas de fabricação de medicamentos, e a RDC nº 26/2014, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos, além das demais normas que complementam as orientações sobre como deve ser procedido o registro de produtos fitoterápicos, que incluem a RDC nº 66/2014, IN nº 02/2014, IN nº 04/2014 e IN nº 05/2014. Os fitoterápicos podem ser encontrados em forma de monodroga ou em composição com mais de uma droga vegetal, e podem ser comerciali- zados em diversas formas farmacêuticas (comprimidos, envelopes, sachês, xaropes, tinturas e extratos fluidos) de acordo com necessidade para o uso e a possibilidade tecnológica. A seguir são descritas as principais formas farmacêuticas para dispensação de medicamentos fitoterápicos (SAAD et al., 2018). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 7 � Envelopes ou sachês — forma tradicional para acondicionamento dos pós em doses exatas para serem administrados ao paciente. As plantas em pó e/ou extrato seco são pesadas e misturadas até completa homogeneização. Depois, as doses são pesadas e acon- dicionadas em papéis dobrados, denominados envelopes farma- cêuticos ou sachês. � Cápsulas — são preparações sólidas em que plantas em pó ou ex- trato seco são acondicionadas em um invólucro solúvel duro ou mole. Nas cápsulas duras, normalmente o invólucro é formado de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. Nas cápsulas moles, o invólucro de gelatina é mais maleável que o das cápsulas duras e também pode acondicionar conteúdos líquidos ou semissólidos. � Comprimidos — são preparações nas quais plantas em pó ou ex- tratos secos são homogeneizados e moldados por compressão, sendo acrescidos ou não de excipiente e/ou agentes adjuvantes, como aglutinantes, desintegrantes, secantes, lubrificantes, antio- xidantes, etc. � Tinturas e extratos fluidos — as tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e do forte sabor das plantas. O extrato fluido, apesar de ter teor alcoólico menor que a tintura, também deve ser diluído, em função do forte sabor e aroma de determinadas plantas. A concentração do extrato fluido é superior à tintura em relação à droga vegetal. � Xaropes e melitos — os xaropes são preparados a partir do xarope simples (base de água destilada + açúcar) e da incorporação de tinturas e/ou extratos fluidos, em uma concentração de até 10% em relação ao peso do excipiente. Os melitos são preparações com base de mel, nas quais são incorporadas tinturas e/ou extratos fluidos. � Pomadas — são preparações de consistência pastosa, tendo como base vaselina e lanolina, geralmente em uma proporção de 7:3. São utilizadas como insumo ativo tinturas em uma concentração de 10% do peso da pomada. Outros excipientes podem ser utilizados, como a base de polietilenoglicol (PEG). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente8 � Cremes — são preparações obtidas a partir de emulsões água–óleo ou óleo–água, de consistência firme, tendo composições variadas. A base mais utilizada é a lanete. Incorpora bem insumos ativos, como tinturas (até 10%), óleos vegetais (até 20%) e óleos essenciais. � Géis — preparação de aspecto coloidal, obtida a partir de substâncias como carboximetilcelulose,ágar-ágar, pectina, alginato de sódio, água, etc. � Óvulos vaginais — preparações farmacêuticas de forma ovoide, de constituição sólida, introduzidas por via vaginal. Utiliza-se como base uma mistura de gelatina, glicerina e água destilada ou a base novata. Incorpora-se até 10% do insumo ativo (tinturas ou extratos). Segurança no uso de plantas medicinais Grande parte da população que faz uso de plantas medicinais desconhece os possíveis efeitos tóxicos decorrentes do seu uso, assim como a forma correta de preparo e as indicações e contraindicações de cada planta. Por serem produtos de origem natural, há uma crença de que as plantas medicinais e os fitoterápicos não podem causar qualquer prejuízo à saúde do usuário, crença esta que não tem embasamento científico (BRUNING et al., 2012). Por outro lado, muitos profissionais de saúde não reconhecem o valor da fitoterapia, em parte por não receberem a formação sobre o assunto durante a graduação. Com isso, faz-se necessário a atualização dos profissionais de saúde frente à fitoterapia, a fim de fornecerem informações seguras aos usuários e promoverem o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos (BRUNING et al., 2012). No Quadro 2 são estão descritos alguns exemplos de plantas medicinais, com sua respectiva posologia, modo de usar, indicações, contraindicações e efeitos adversos. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 9 Q ua dr o 2. T ab el a de p la nt as m ed ic in ai s No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Ba bo sa (A lo e ve ra ) Ge l m uc ila gi no so d as fo lh as Ge l 1 0% e p om ad a 10 % Ap lic ar n as á re as af et ad as , 1 a 3 × ao d ia Ci ca tr iz an te e e m qu ei m ad ur as Nã o us ar e m g es ta nt es e la ct an te s — Ba rb at im ão (S tr yp hn od en d ro m ad st rig en s) Ca sc a De co cç ão : 3 g e m 1 L de á gu a Ap lic ar c om pr es sa s no lo ca l a fe ta do , 2 a 3× a o di a Ci ca tr iz an te e a nt is sé pt ic o tó pi co e m le sõ es d e pe le e m uc os as b uc al e g en ita l Nã o de ve s er u til iz ad o em le sõ es c om p ro ce ss o in fla m at ór io in te ns o — Ca rq ue ja (B ac ch ar is tr im er a) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 2 ,5 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 3 × ao d ia Di sp ep si a Na g ra vi de z, po is p od e pr om ov er c on tr aç õe s ut er in as . E vi ta r o u so co nc om ita nt e co m m ed ic am en to s pa ra hi pe rt en sã o e di ab et es . Ev ita r o u so e m p es so as al ér gi ca s ou c om h ip er - se ns ib ili da de a p la nt as d a fa m íli a As te ra ce ae Po de c au sa r h ip ot en sã o Ca st an ha -d a- -ín di a (A es cu lu s hi pp oc as ta nu m ) Se m en te s co m c as ca De co cç ão : 1 ,5 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 × ao d ia , l og o ap ós a s re fe iç õe s Fr ag ili da de c ap ila r, in su fic iê nc ia v en os a (h em or ro id as e v ar iz es ) Em c as o de g ra vi de z, la ct aç ão , i ns uf ic iê nc ia he pá tic a e re na l e le sõ es da m uc os a di ge st iv a em at iv id ad e Al ta s do se s po de m c au sa r irr ita çã o do tr at o di ge st iv o, ná us ea e v ôm ito (C on tin ua ) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente10 No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Ca va lin ha (E qu is e- tu m a rv en se e o ut ra s es pé ci es ) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 3 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 4 × ao d ia Ed em as (i nc ha ço s) p or re te nç ão d e líq ui do s. C o- ad ju va nt e no tr at am en to da h ip er te ns ão le ve Pe ss oa s co m in su fic iê nc ia re na l e c ar dí ac a O us o po r p er ío do s up er io r a o re co m en da nd o po de p ro vo ca r do r d e ca be ça e a no re xi a. Al ta s do se s po de m p ro vo ca r irr ita çã o gá st ric a, re du zi r os n ív ei s de v ita m in a B1 e pr ov oc ar ir rit aç ão n o si st em a ur in ár io Ch ap éu -d e- co ur o (E ch in od or us m ac ro ph yl lu s) Fo lh as In fu sã o: 1 em 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 3 × ao d ia Ed em as (i nc ha ço ) p or re te nç ão d e líq ui do s e pr oc es so s in fla m at ór io s Po rt ad or es d e in su fic iê n- ci a re na l e c ar dí ac a Nã o ut ili za r d os es a ci m a da re co m en da da , p oi s po de ca us ar d ia rr ei a Co lô ni a (A lp in ia ze ru m be t) Fo lh as s ec as Ti nt ur a 20 % To m ar 10 m L da tin tu ra d ilu íd os e m 75 m L de á gu a, 3 × ao d ia Di ur ét ic o e an ti- -h ip er te ns iv o no s ca so s de hi pe rt en sã o ar te ria l l ev e; an si ol íti co le ve Ge st an te s, la ct an te s, la c- te nt es , c ria nç as m en or es de d oi s an os , a lc oo lis ta s e di ab ét ic os No tr at am en to c om o e xt ra to hi dr oa lc oó lic o, fo i o bs er va do o au m en to d e tr an sa m in as es e HD L Cu rc um a (C ur cu m a lo ng a) Ri zo m as Ti nt ur a 10 % 0, 5– 3 m L da ti nt ur a, di lu íd os e m 5 0 m L de á gu a, 3 × ao d ia Di sp ep si a e co m o an ti- in fla m at ór io Ge st an te s, la ct an te s, pe ss oa s po rt ad or as d e ob st ru çã o do s du to s bi lia re s e em c as o de úl ce ra g as tr od uo de na l — (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 11 No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Gi ns en g (P an ax gi ns en g) Ra iz Ut ili za r u m a xí c. d e 1 a 3× a o di a De co cç ão : 0 ,5 g em 20 0 m L de á gu a Es ta do d e fa di ga fí si ca e m en ta l, ad ap tó ge no Ca ut el a ao u sa r e m ge st an te s e la ct an te s Po de c au sa r c ef al ei a, d ia rr ei a e al er gi as M ac el a (A ch yr oc lin e sa tu re io id es ) Ca pí tu lo s In fu sã o: 1, 5 g em 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 4 × ao d ia M á di ge st ão e c ól ic as in te st in ai s; c om o se da tiv o le ve ; e c om o an ti- in fla m at ór io Pe ss oa s al ér gi ca s ou c om hi pe rs en si bi lid ad e a pl an - ta s da fa m íli a As te ra ce ae — Pl an ta go (P la nt ag o ov at a) Ca sc a da s em en te De co cç ão : 4 a 2 0g di vi di da e m 2 a 3 d os es ad ul to s) ; c ria nç as : m et ad e da d os e M is tu ra r r ap id a- m en te e m p el o m en os 15 0 m L de ág ua fr ia p ar a ca da 5 ge en go lir o m ai s rá pi do p os sí ve l, na ho ra d as re fe iç õe s Tr at am en to d e ob st ip aç ão oc as io na l e c om o ad ju - va nt e de d ie ta d e ba ix a go rd ur a pa ra h ip er co le st e- ro le m ia le ve e m od er ad a Cr ia nç as m en or es d e 6 an os ; p ac ie nt es c om hi pe rs en si bi lid ad e ao in gr ed ie nt e; a nt es d e de ita r; qu an do h á in dí ci os de o bs tr uç ão in te st in al . Di st an ci ar d e ou tr os m ed ic am en to s pa ra n ão at ra pa lh ar a bs or çã o Po de o co rr er fl at ul ên ci a, di st en sã o ab do m in al e ri sc o de o bs tr uç ão e so fa gi an a ou in te st in al . H á ris co s de re aç õe s al ér gi ca s se o pr od ut o fo r i na la do , i nc lu si ve an af ila xi a Q ue br a- pe dr a (P hy lla nt hu s n iru ri) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 3 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 3 × ao d ia Li tía se re na l, pa ra a ux ili ar na e lim in aç ão d e cá lc ul os re na is p eq ue no s Co nt ra in di ca do n a el im i- na çã o de c ál cu lo s gr an de s. Nã o ut ili za r n a gr av id ez Em c on ce nt ra çõ es a ci m a da re co m en da da , p od e oc as io na r di ar re ia e h ip ot en sã o Fo nt e: A da pt ad o de B ra si l ( 20 19 ). (C on tin ua çã o) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente12 No tratamento de diversas condições clínicas, pode ser necessário o uso de dois ou mais fármacos, os quais podem não apresentar o efeito terapêutico esperado em caso de interação medicamentosa. Muitas plantas medicinais também interagem farmacologicamente com outros medicamentos sintéticos e/ou naturais, o que pode levar à mudança do efeito do fármaco ou droga vegetal. Alguns exemplos de interações medicamentosas bem estabelecidas de plantas medicinais e fitoterápicos relatadas por Nicoletti et al. (2007) incluem: � Boldo, boldo-do-chile (Peumus boldo Molina) — a boldina, principal alcaloide presente nas folhas e cascas do boldo, causa inibição da agregação plaquetária. Com isso, pacientes que fazem uso de antico- agulantes não devem ingerir ao mesmo tempo formulações contendo boldo, pela ação aditiva aos medicamentos anticoagulantes. � Camomila (Matricaria recutita L.) — interage com anticoagulantes (como a varfarina) aumentando o risco de sangramento, com barbitúricos (como fenobarbital) e outros sedativos, intensificando ou prolongando a ação depressora do sistema nervoso central (SNC). A camomila tam- bém reduz a absorção de ferro ingerido por meio de medicamentos e/ou alimentos. � Erva-cidreira (Melissa officinalis L.) — interage com depressores do SNC e com hormônios tireoidiano. Pode interagir com outras plantas medicinais, destacando-se a kava-kava (Piper methysticum G. Forst). � Guaraná (Paullinea cupana H.B.K.) — potencializa a ação de analgési- cos e, por inibir a agregação plaquetária, pode aumentar o risco de sangramento ao ser administrado com anticoagulantes. � Maracujá (Passiflora incarnata L.) — apresenta ação depressora ines- pecífica do SNC, provocando ação sedativa e tranquilizante. Quando utilizado ao mesmo tempo com hipnóticos e ansiolíticos, o maracujá pode intensificar as ações desses medicamentos. � Valeriana (Valeriana officinalis) — a ação sedativa da valeriana pode ser potencializada ao ser administrada concomitantemente com ben- zodiazepínicos, barbitúricos, alguns antidepressivos, narcóticos, álcool e anestésicos. Grande parte dos fitoterápicos industrializados são isentos de prescri- ção médica, podendo ser prescritos pelo profissional farmacêutico. Para a dispensação de produtos que requerem prescrição médica, exige-se a especialização na área clínica, comprovando-se conhecimentos e habilidades para uma adequada prescrição. Alguns fitoterápicos vendidos sob prescrição Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 13 médica incluem ginkgo (Ginkgo biloba L.), hipérico (Hypericum perforatum L.), kava-kava (Piper methysticum G. Forst.) e valeriana (Valeriana officinalis L). A partir do conteúdo abordado, percebe-se o crescente interesse na fitoterapia como prática complementar em saúde. As plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos representam hoje uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos para uma população cada vez mais preocupada com a saúde e bem-estar, sendo que a aplicação clínica da fitoterapia tem sido também incentivada por órgãos federais. De todo modo, é importante conhecer as doses, modo de utilização, contraindicações e reações adversas das plantas medicinais, a fim de garantir a saúde do paciente e alcançar o benefício terapêutico dessas plantas. Para prescrever fitoterápicos, o profissional de saúde deve ter conhe- cimentos sólidos nas áreas de farmacologia, semiologia e fisiologia, a fim de que a prescrição seja adequada e individualizada. Há diversos programas de especialização em fitoterapia clínica, com enfoque multiprofissional, os quais buscam capacitar os profissionais de saúde na escolha, controle, dispensação e administração de medicamentos fitoterápicos. Referências ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2011. ANVISA. Consolidado de normas de registro e notificação de fitoterápicos. Brasília, DF: ANVISA, 2018. BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica — Técnicas de Manipulação de Medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 4. ed. São Paulo: CRFSP, 2019. Disponível em: http://crfsp.org.br/images/ cartilhas/PlantasMedicinais.pdf. Acesso em: 07 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Es- tratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 21 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Básica. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_me- dicinais_cab31.pdf. Acesso em: 07 out 2020. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente14 BRUNING, M. C. R. et al. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu-Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciência & saúde coletiva, v. 17, p. 2675-2685, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232012001000017&script=sci_ abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 out. 2020. FALCONERY, L. F.; LEMOS, M. Fitoterapia como alternativa natural no combate a do- enças: O uso de plantas medicinais, sob orientação profissional, que promovem a cura. Medium, 21 ago. 2018. Disponível em: https://medium.com/midium/fitoterapia- -como-alternativa-natural-no-combate-a-doen%C3%A7as-10effd1b428. Acesso em: 20 out. 2020. NICOLETTI, M. A. et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. In- farma, v. 19, n. 1/2, p. 32-40, 2007. Disponível em: http://www.revistas.cff.org.br/infarma/ article/view/222. Acesso em: 20 out. 2020. RIBEIRO, W. Prefeitura de São Paulo distribui mais de 6,7 milhões de medicamentos fitoterápicos. ICTQ, 22 jan. 2020. Disponível em: https://www.ictq.com.br/politica- -farmaceutica/1128-prefeitura-de-sao-paulo-distribui-mais-de-6-7-milhoes-de- -medicamentos-fitoterapicos.Acesso em: 07 out. 2020. SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 15 Dica do professor O projeto Farmácia Viva, da Universidade Federal do Ceará (UFC), começou em 1984, sob a supervisão do professor Abreu de Matos. O projeto visava a estimular o uso correto de plantas medicinais pela população local, desde a fase de cultivo até a produção, tendo em vista que as plantas medicinais da flora local eram o único recurso terapêutico para boa parte da população nordestina. Devido à relevância desse projeto, o Farmácias Vivas foi instituído no SUS, e hoje diversas iniciativas semelhantes são encontradas em todo o país. Nesta Dica do Professor, conheça um pouco mais sobre o Farmácias Vivas no SUS. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a7b2b18c361eeb86ee6e0040361ac734 Exercícios 1) A fitoterapia – com a acupuntura, homeopatia, antroposofia e medicina tradicional chinesa – foi inserida no SUS como prática integrativa e complementar pela Portaria nº 971/2006. A respeito dos medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS, leia as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A babosa é disponibilizada pelo SUS em apresentações tópicas, sendo indicada para tratar queimaduras de 1° e 2° grau. ( ) O romã é disponibilizado pelo SUS em apresentações orais, sendo indicado para tratar infecções da mucosa da boca e faringe. ( ) A hortelã é fornecida pelo SUS em cápsulas, sendo indicada para tratar a síndrome do cólon irritável. ( ) A garra-do-diabo é disponibilizada pelo SUS em apresentações orais, sendo indicada para tratar a dor lombar baixa aguda. Agora indique a alternativa que apresenta a ordem correta. A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) F, V, V, F. E) V, V, F, F. 2) O ginkgo (Ginkgo biloba L.) é um fitoterápico indicado para tratar zumbidos (tinidos) que resultam de distúrbios circulatórios. Também é muito utilizado para prevenir a perda de memória. É correto afirmar que: A) o ginkgo é um fitoterápico disponível na forma farmacêutica de extrato, isento de prescrição médica. B) o uso de ginkgo deve ser interrompido antes de procedimentos cirúrgicos, pelo risco de sangramentos. C) o uso concomitante de ginkgo e anticonvulsivantes, como a fenitoína, pode aumentar o efeito do fármaco sintético. D) a parte utilizada da planta para produzir esse fitoterápico são os rizomas, que devem ser preparados por decocção. E) o ginkgo produz vasoconstrição e aumenta a viscosidade sanguínea, sendo indicado para insuficiência vascular cerebral. 3) Apesar dos avanços na medicina com a introdução dos fármacos sintéticos, o consumo de plantas medicinais – com uma forte base na tradição familiar – tornou-se uma prática da medicina popular, e seu uso tem sido incentivado por órgãos governamentais em todo o mundo. Dessa forma, é correto afirmar que: A) as plantas medicinais, por serem produtos naturais, têm poucos efeitos adversos, sendo seguras para gestantes, por exemplo. B) os fitoterápicos são obtidos a partir de triturações sucessivas da droga vegetal ou diluições seguidas de sucussão. C) profissionais de saúde podem utilizar fitoterápicos nos atendimentos, desde que seu conhecimento na área seja certificado. D) o fácil acesso da população à assistência médica tem impulsionado o consumo de plantas medicinais e fitoterápicos. E) os fitoterápicos podem ser dispensados nas formas farmacêuticas de extrato fluido e tintura, visto que esta apresenta teor alcoólico menor. Grande parte da população usa plantas medicinais de forma inadequada, especialmente na forma de chás, devido à falta de conhecimento de preparo e posologia, ou das contraindicações e possíveis reações adversas. Analise as plantas medicinais a seguir e relacione corretamente a primeira coluna com a segunda: I. Carqueja. II. Cavalinha. 4) III. Plantago. IV. Chapéu-de-couro. ( ) Não deve ser utilizado por gestantes, pois pode resultar em contrações uterinas. ( ) Pode causar flatulência e distensão abdominal. ( ) Não deve ser utilizado por pacientes com insuficiência renal. ( ) Altas doses podem causar diarreia. Agora assinale a alternativa que aponta a ordem correta. A) I, II, IV, III. B) I, II, III, IV. C) IV, III, II, I. D) II, III, I, IV. E) I, III, II, IV. Após a colheita, a planta medicinal pode ser utilizada em sua forma fresca (in natura) ou pode seguir para o processo de secagem da parte desejada. A planta “seca” – também conhecida como droga vegetal – é submetida a processos farmacotécnicos para formular diferentes apresentações de fitoterápicos e serem dispensados ao paciente. A respeito do uso de plantas medicinais e fitoterápicos, leia as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A planta in natura geralmente é utilizada na forma de chá, que pode ser preparado por infusão ou decocção. ( ) Os fitoterápicos na forma farmacêutica de tintura devem ser diluídos em água, devido ao teor alcoólico da formulação e ao sabor forte das plantas. ( ) Os xaropes de plantas medicinais, por serem preparações com alto teor de açúcar, devem ser evitados por pacientes diabéticos. ( ) Os sachês são utilizados para acondicionar plantas pulverizadas, sendo inadequados para a planta rasurada, devido ao maior volume. 5) Agora assinale a alternativa que indica a ordem correta. A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) V, V, V, F. E) F, V, V, F. Na prática Com a evolução da fitoterapia nas últimas décadas, um grande número de fitoterápicos industrializados é ofertado em farmácias e drogarias. Os fitoterápicos também podem ser manipulados a partir de uma prescrição elaborada por profissional capacitado, atendendo à necessidade clínica do paciente. Embora sejam de origem natural, esses medicamentos devem ser utilizados sempre conforme as recomendações do prescritor. Neste Na Prática, conheça um estudo de caso em que uma médica da Unidade Básica de Saúde (UBS) prescreveu uma formulação fitoterápica oral para uma paciente diagnosticada com doença ulcerosa péptica, que estava sentindo fortes dores abdominais, gosto amargo na boca, e apresentava regurgitação ácida e aftas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5fc81dd7-8633-4bd8-b890-d28974ff24af/154bd807-9ff9-4a3d-bc41-4d40c94e203f.jpg Saiba + Para ampliar seu conhecimento no assunto, veja a seguir as sugestões do professor: Hortos medicinais em UBS do Maranhão No vídeo a seguir, assista à palestra sobre hortos medicinais e uso de plantas medicinais ministrada pela professora Kallyne Bezerra Costa, coordenadora do programa Farmácia Viva Hortos Terapêuticos do Maranhão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Webpalestra: Covid-19 – Plantas medicinais e fitoterápicos na pandemia podem ajudar? No vídeo a seguir, acompanhe a palestra da doutora Henriqueta Tereza do Sacramento sobre os benefícios das plantas medicinais e fitoterápicos durante a pandemia de Covid-19 por pacientes acometidos por transtornos emocionais leves,sintomas respiratórios e para reforçar o sistema imunológico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/_WNAfs8kV1c https://www.youtube.com/embed/sZZsIsjRHKY Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças Apresentação A aromaterapia é uma ciência milenar que faz uso dos óleos essenciais para tratar várias patologias. Além disso, a aromaterapia também estuda os diferentes efeitos dos óleos essenciais no corpo humano, pois esses exercem efeitos fisiológicos e farmacológicos com o intuito de melhorar a saúde do indivíduo. Ademais, a aromaterapia foi incluída entre as práticas integrativas e complementares (PIC) aplicadas no Sistema Único de Saúde (SUS) onde, desde 2006, são oferecidos diversos tratamentos complementares como recursos alternativos para seus pacientes. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como diferenciar óleos essenciais de essências, assim como relacionar a aromaterapia ao tratamento de enfermidades, além de conhecer os óleos essenciais adequados para o tratamento de patologias. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar óleos essenciais de essências.• Relacionar a aromaterapia ao tratamento de enfermidades.• Aplicar óleos essenciais adequados na terapia de patologias.• Infográfico Provenientes de fontes vegetais, os óleos essenciais passam por processos de extração, a fim de obter uma mistura pura que poderá ser utilizada na indústria farmacêutica para fins de perfumaria e tratamento de enfermidades. O profissional interessado em desenvolver um trabalho seguro deve se familiarizar primeiro com óleos mais populares. Com o passar do tempo, naturalmente, seu conhecimento o levará a utilizar óleos mais raros e com maior poder de tratamento, porém, com a maturidade e a qualificação contínuas, pois assim saberá como dosar e utilizar os recursos ainda mais sofisticados nesse universo dos óleos essenciais. Neste Infográfico, você vai conhecer as características importantes sobre alguns óleos essenciais pois, tendo o conhecimento a respeito de suas indicações e contraindicações, será mais preciso saber se o óleo essencial é o melhor indicado para tratamento de certas patologias e, também, se deve ser contraindicado para determinadas pessoas, para que assim ele não realize o efeito inverso ao de proporcionar tratamento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/956e3476-dc25-445e-b22a-18507179c5f2/3062fe8d-fc86-4e47-a52d-06926c3f603b.png Conteúdo do livro A aromaterapia é uma importante ferramenta, com grande potencial de tratamento, que está sendo utilizada pelos profissionais de saúde, que podem diversificar seus métodos de tratamento e capacitar o cuidado com o paciente, para que ele disponha de autonomia e empoderamento em relação à sua própria saúde. Portanto, para que o profissional se sinta seguro a inserir práticas inovadoras como a aromaterapia em seu atendimento, ele precisa estar aberto ao conhecimento e buscar sempre em estudos científicos a base para sua atuação. No capítulo Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você identificará as diferenças existentes entre os óleos essenciais e as essências. Você analisará, também, a relação que existe entre a aromaterapia e o tratamento de enfermidades, e, por fim, saberá aplicar os óleos essenciais adequados para o tratamento de patologias. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Diferenciar óleos essenciais de essências. > Relacionar a aromaterapia ao tratamento de enfermidades. > Aplicar óleos essenciais adequados na terapia de patologias. Introdução A aromaterapia é uma terapia complementar realizada por meio da aplicação de óleos essenciais, substâncias extraídas das plantas aromáticas. É uma prática que traz inúmeros benefícios para a saúde em geral. A partir do conhecimento da aromaterapia, podemos estudar o poder das plantas e de seus óleos essenciais, de modo a buscar a prevenção, o tratamento e o equilíbrio do corpo e da mente. Na busca por tratamentos patológicos, o conhecimento sobre cada óleo essencial é fundamental, visto que cada um desempenha uma ação distinta e sua aplicabi- lidade também varia dependendo da patologia em questão. Neste capítulo, você vai estudar a diferença entre óleos essenciais e essências. Também vai aprender a relacionar a aromaterapia ao tratamento de enfermidades. Por fim, verá como aplicar os óleos essenciais adequados na terapia de patologias. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças Claudia Stoeglehner Sahd Óleos essenciais e essências O significado da palavra aromaterapia vem do grego, em que "aroma" significa fragrância e "terapia" significa tratamento. Logo, "aromaterapia" refere-se ao tratamento usando fragrâncias relacionadas ao olfato (HOARE, 2010). Em 1928, o químico francês René-Maurice Gattefossé introduziu e difundiu o termo aromaterapia, que é a ciência e a arte de empregar óleos essenciais de plantas em tratamentos para promover a saúde e o bem-estar do organismo por meio dos aromas, considerada uma medicina alternativa, totalmente natural, preventiva e curativa (GRACE, 1999; ULRICH, 2004). Histórico do uso da aromaterapia O uso das plantas sempre esteve presente na história humana. Muito antes de Cristo, as plantas e seus componentes eram empregados com objetivos medicinais, religiosos e na busca pela melhora da aparência física. O cultivo das plantas e a extração de seus óleos graxos nos remete ao período Neolítico (8.000 a 5.000 a.C.), quando o ser humano realizava a maceração das plantas utilizando a pressão das pedras. A toxicidade de algumas plantas também foi observada, após trágicos processos de envenenamento ou reações alérgicas intensas (CORAZZA, 2017). Na China, conta-se que o imperador mitológico Sheng Nung utilizou vá- rias plantas em seu corpo para que fosse possível observar seus efeitos. O uso da raiz de ginseng foi salientado nesse período, e sua descrição sugere exercer um forte efeito antioxidante, estimulante do sistema circulatório e cerebral, potencializador do sistema imunológico e, desse modo, benéfico à longevidade (CORAZZA, 2017). A busca por efeitos proporcionados pelas plantas não parou por aí. Entre aproximadamente 2.500 a.C. e o início de nossa era, o povo egípcio já descre- veu, em seus papiros, o quanto apreciava os óleos essenciais. Nessa época, o uso de mirra era empregado como anti-inflamatório e a mistura de plantas e óleos era utilizada no tratamento de fraturas ósseas. Além disso, vários óleos essenciais foram introduzidos para melhorar a hidratação e amenizar os efeitos do clima árido presente na região. A propagação desses ensinamentos passou para os gregos antigos e deles para os romanos (SAAD et al., 2018). Contudo, foi somente na década de 1920 que o químico francês Maurice- -René Gattefossé introduziu o nome da aromaterapia pela primeira vez sob o ímpeto de sua própria experiência. Ele sofreu uma queimadura no braço em seu laboratório de perfumes e, ao tentar apagar o fogo, colocou o membro Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças2 em um barril de líquido contendo NOx Ph232 (comumente conhecido como óleo de lavanda). Ele observou que houve um alívio muito rápido da dor, e os sinais clássicos de queimadura, como vermelhidão, febre, inflamação, bolhas e cicatrizes, não foram observados, levando-o à conclusão de que a queimadura fora curada (PEARLSTINE, 2006). No ano de 1938, em Los Angeles, o médico M. Godissart iniciou sua atividade na área da aromaterapia clínica, realizando tratamentos contra câncer de pele, gangrena, úlceras faciais e outrostipos de inflamações cutâneas, nos quais era empregado o uso do óleo essencial. Contudo, a mãe da aromaterapia atual é Marguerite Maury, enfermeira e assistente cirúrgica austríaca, que viveu entre 1895 até 1968, conhecida como a pioneira da aromaterapia moderna. Ela combinou a arte oriental da massagem com as propriedades medicinais dos óleos essenciais, formulando misturas específicas para cada paciente. Como podemos observar, com o passar dos anos a aromaterapia foi se consolidando pelo mundo, demonstrando por métodos científicos seu poder de eficácia para tratamentos do corpo e da mente. Hoje, é considerada uma das terapias mais procuradas entre os vários profissionais da saúde. Diferença entre os óleos essenciais e as essências sintéticas Os óleos voláteis são os principais componentes odoríferos encontrados em várias partes das plantas. Como evaporam quando expostos ao ar a tempe- raturas normais, são chamados de óleos voláteis, refringentes, etéreos ou essenciais. Esta última nomenclatura, mais conhecida e aplicada, é utilizada pois os óleos voláteis representam as essências ou componentes odoríferos das plantas. Possuem odores próprios, tendo densidade em geral menor que a da água. Na grande maioria, são opticamente ativos, com alto índice de re- fração e intensa sensibilidade à luz e ao ar. Têm sua origem em grande número de plantas como subproduto do metabolismo secundário (CORAZZA, 2017). Óleos essenciais são misturas complexas de ativos proveniente de plantas medicinais e aromáticas, sendo extraídos de diferentes partes vegetais, como raízes, caule, folhas, flores, etc. (FERRAZ et al., 2009). Além disso, são conside- rados a alma ou a força vital da planta, e constituem o ser e a natureza dos vegetais dos quais são extraídos. São o que há de mais puro na planta, por isso seu uso terapêutico produz efeitos no corpo e na mente (FERREIRA, 2014). O óleo essencial é a forma mais concentrada de princípio ativo vegetal para uso humano. Nas plantas, eles estão presentes em pequenas concentrações e são extraídos de acordo com os métodos apropriados. Portanto, cada planta Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 3 possui um percentual diferente de óleo essencial, mas em média fica em torno de 1% de óleo essencial por quilo de material vegetal. Isso significa que, para cada litro de óleo essencial extraído, costumam ser necessários cerca de 100 kg de plantas aromáticas. A proporção de 1% é encontrada em plantas como o capim-limão e a citronela, mas nas pétalas de rosas encontramos somente 0,0003% de óleo essencial, o que significa que são necessários 3.500 kg de pétalas de rosas para extrair 1 litro de seu óleo essencial (AMARAL, 2015; FERRAZ et al., 2009). Para os profissionais que desejam utilizar óleos essenciais em trata- mentos, o conceito de concentração e toxicidade dos óleos essenciais na tecnologia aplicada é o aspecto mais importante. Mas atenção: não é porque os óleos essenciais são substâncias naturais que a dosagem recomendada pode ser ignorada. Se a dosagem correta não for seguida, o tratamento pode estar em risco, e a saúde do paciente, em perigo; portanto, preste atenção à dosagem a ser aplicada. Afinal, como teria dito o médico e físico do século XVI Paracelso, “a diferença entre uma droga e um veneno está apenas na dose”. Segundo Corazza (2017), os óleos essenciais apresentam uma fluidez relativamente elevada e se solidificam a baixas temperaturas, apresentando uma cor que varia do totalmente incolor ao dourado, passando por nuances de verde, âmbar e amarelo, como os óleos essenciais de laranja, patchuli e zimbro. Em relação à solubilidade, eles se homogeneízam de maneira perfeita em óleos vegetais e compostos graxos, como gorduras e ceras, sendo imiscíveis em água, mas solúveis em álcool, éter e na maioria dos solventes orgânicos. Amaral (2015) e Corazza (2017) relatam que os óleos essenciais são produ- zidos nas plantas por meio de três vias do metabolismo secundário: � derivados dos terpenoides, formados pela via do ácido mevalônico-acetato; � compostos aromáticos, formados pela via do ácido chiquimico-fenil propanoide; � muitos fitofármacos e aromáticos também são produzidos via malo- nato, como a biossíntese dos ácidos graxos saturados e insaturados, os polifenóis e os poliacetilenos. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças4 Ao contrário dos óleos essenciais, que são substâncias complexas e extraídas diretamente das plantas, as essências não possuem origem vegetal. Elas são sintetizações de laboratórios e, portanto, não possuem o mesmo processo de formação do óleo essencial, que acontece dentro de um organismo vivo (a planta aromática), nem a complexidade derivada desse organismo vivo (CORAZZA, 2017). As essências surgiram devido à crescente demanda da indústria de cosméticos e perfumes, que, por sua vez, decorre da necessidade do ser humano se perfumar. Essências sintéticas apresentam menor custo e larga escala de produção, ocu- pando um lugar consolidado na indústria de saneantes, cosméticos e perfumes, tornando seu preço mais acessível que o dos óleos essenciais (AMARAL, 2015). As essências têm como objetivo apenas perfumar, sem dispor de qualquer atividade farmacológica, estando presentes em praticamente todos os produ- tos de consumo que perfumam. As essências sintéticas devem ser excluídas da prática terapêutica e seu uso limitado à aromatização de ambientes ou outras perfumações. Portanto, em nenhuma circunstância as essências devem ser utilizadas para fins terapêuticos, pois não foram estudadas com relação à eficácia dos métodos de tratamento e é sabido que não apresentam efeito cutâneo como os óleos essenciais (AMARAL, 2015). Réplicas de óleos essenciais, as essenciais são a síntese dos ingredientes contidos nos óleos originais, que fornecem os ingredientes para sua produção. Graças à engenharia química adequada, o aroma das essências geralmente pode imitar perfeitamente o aroma dos óleos essenciais, razão pela qual as pessoas devem estar totalmente cientes de que são produtos diferentes, para não serem enganadas pensando se tratar do mesmo composto e com efeitos terapêuticos semelhantes (SAAD et al., 2018). Em uma comparação química, os óleos essenciais têm mais componentes que as essências. A diferença não está apenas na estrutura química, mas também na estrutura orgânica. Sua capacidade de se comunicar com os organismos vivos é incomparável. Na verdade, os óleos essenciais são vivos e complexos. Na verdade, mesmo após um profundo desenvolvimento químico e farmacêutico, ainda há muito conhecimento a ser descoberto sobre suas funções e atividades. Por mais complexa que seja a essência, ela não pode produzir efeitos físicos nos tecidos e sistemas do corpo humano, o que pode ser comprovado cientificamente pela comparação de uma atividade com outra (AMARAL, 2015; SAAD et al., 2018). Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 5 No Quadro 1, pode ser observada a diferença na estrutura química entre o óleo essencial de lavanda e a fragrância de mesmo nome. Quadro 1. Diferença na estrutura química entre os óleos essenciais e as essências Ó leo essencial de lavanda Essê ncia de lavanda � É steres � Á lcoois terpê nicos � Monoterpenos � Sesquiterpenos � Cetonas � Cumarinas � Á cidos � Aldeí dos � Ó xidos � Elementos traç os � É steres � Á lcoois terpê nicos Fonte: Adaptado de Amaral (2015). Como réplicas de óleos essenciais, as essências são feitas de componentes que representam o maior teor de óleos essenciais. Os óleos essenciais não são apenas estruturas químicas; eles são formados em plantas, e as plantas são seres vivos. Considerando que nosso corpo está familiarizado com a natureza e depende de substâncias naturais para se alimentar e manter a saúde, pode-se dizer que processa melhor as substâncias naturais. Veja a semelhança entre a estrutura celular das folhas das plantas e da pele humanana Figura 1 (AMARAL, 2015). Figura 1. Comparação entre a estrutura celular de uma planta e da pele humana. Fonte: Amaral (2015, p. 20). Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças6 Quando usamos essências, nossas células não conseguem reconhecer facilmente as substâncias sintéticas que as compõem, porque elas são cons- truídas para satisfazer o sentido do olfato, em vez de satisfazer o mecanismo do metabolismo celular, como os óleos essenciais. O perigo é o resultado de distorção produzida por essas essências sintéticas. Em suma, o fato é que os óleos essenciais têm afinidade por nossas células, enquanto as essências, não. Em tratamentos de aromaterapia, dê preferência para óleos essen- ciais naturais que tenham qualidade e pureza atestadas. Os óleos são compostos por muitas substâncias químicas, responsáveis por produzir os efeitos terapêuticos de forma harmônica. Não utilize as essências produzidas de forma sintética, pois elas possuem pouquíssimas substâncias ativas e não são indicadas para a aromaterapia. Aromaterapia no tratamento de enfermidades Segundo com Corazza (2017), Hoare (2010) e Lavabre (1992), de forma geral a aromaterapia pode ser empregada com técnicas e métodos distintos para o tratamento de patologias, com destaque para: � difusão aérea ou pulverização — realizada por meio de um difusor de aromas, os óleos essenciais se espalham pelo ambiente sem alterar suas características naturais; � massagem — atua de forma a proporcionar conforto e sensação de prazer, devido ao toque exercido durante o ato da massagem, repre- sentando a técnica mais difundida; � banhos de imersão — em uma banheira, a pessoa fica imersa em água quente por 20 minutos; � fricção — aplica-se o óleo essencial diluído em óleo vegetal com a ponta dos dedos de forma suave; � compressas — usadas para áreas extensas, em que se deve umedecer um pano em água potável, limpa, quente ou fria, e colocar algumas gotas de óleo essencial; Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 7 � escalda-pés — para realização dessa técnica, utilizam-se uma tina com 5 litros de água quente para 10 gotas de óleos essenciais, onde os pés devem estar submersos; � inalação — técnica empregada para ação através das vias respiratórias, em que o vapor d’água é usado como canal para os óleos essenciais, podendo ser realizada com distintos recursos, como: sprays, tecidos hu- medecidos nos óleos essenciais, difusores, velas, entre outros objetos. O profissional habilitado e com conhecimento na área define qual será o método ou técnica de utilização mais adequado, observando as características do paciente e a patologia apresentada. Os óleos essenciais são substâncias concentradas que podem ser utilizadas de forma diluída. Pensando nisso, dependendo da forma de aplicação, devem ser inseridos em óleos vegetais, para que não ocorram lesões ou irritações cutâneas. Os óleos vegetais são lipídeos extraídos das plantas na região da semente, grão, nozes, castanhas, frutas e raízes, Nesse caso, os óleos vegetais são empregados como veículo (carreador) de condução dos óleos essenciais. Processo olfativo Os óleos essenciais são ideais para a inalação, devido às suas propriedades voláteis e baixo peso molecular, sendo essa técnica ou método um dos mais utilizados (BANDONI; CZEPACK, 2008). Em menos de um segundo, o olfato humano é capaz de detectar inúmeras substâncias presentes no ar, em con- centrações tão baixas que nenhuma máquina construída pelo ser humano identificaria. O olfato é o sentido humano que menos conhecemos, sendo o primeiro sentido desenvolvido pelos organismos monocelulares que habi- tavam os oceanos há bilhões de anos atrás (CORAZZA, 2017). Nossas células olfativas têm origem no próprio sistema nervoso central e são receptoras para a sensação do olfato. Para que isso aconteça, os cílios olfativos localizados na extremidade da mucosa das células olfativas esti- mulam e respondem aos odores no ar (GUYTON et al., 1993). Por meio desse sentido, podemos obter a sensação de cheirar os mais amplos aromas. A constituição do olfato acontece quando o odor (uma porcentagem mínima do óleo essencial) é levado pelo ar, adentra a cavidade nasal e atinge os cílios olfativos. Forma-se então uma camada de muco que reage com outros odores; reações elétricas e químicas são geradas, acarretando estímulo nas Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças8 células olfativas, que transmitem os impulsos nervosos ao nervo olfativo, o qual ativa o sistema límbico (área do cérebro que corresponde ao olfato), onde a informação é processada na forma de sensações e reações inconscientes que afetam o corpo de maneira intelectual e psicológica (Figura 2). Em seguida, ações fisiológicas são desencadeadas vinculadas à motivação, ao comportamento e às emoções (PEREZ; LACRIMANTI; VASCONCELOS, 2014). O restante do volume inalado passa pelo sistema respiratório e chega ao sistema circulatório. Os óleos irão ativar a síntese de neurotransmissores, como serotonina, acetilcolina, norepinefrina, endorfinas e outras substâncias que se comunicam com todos os sistemas do corpo (GNATTA; DORNELLAS; SILVA, 2011). Figura 2. Processo olfativo. Fonte: Axel_Kock/Shutterstock.com. Processo tópico A administração cutânea dos fármacos visa propiciar um efeito tópico de pro- fundidade intermediária. Seu baixo peso molecular e sua alta lipossolubilidade fazem com que ocorra um efeito sistêmico, de forma que podem se solubilizar no filme hidrolipídico cutâneo. Assim como produtos secretados pelas glândulas sebáceas e/ou sudoríparas que penetram em diferentes camadas da pele, quando atingem o tecido subcutâneo são absorvidos na corrente sanguínea, embora esta não seja a maneira de alcançar uma absorção sistêmica (MALUF, 2008). Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 9 Existem dois tipos distintos de medicamentos aplicados na pele de acordo com as finalidades de tratamento pretendidas. No tratamento de doenças de pele, os medicamentos são projetados para atuar nos tecidos cutâneos mais profundos e precisam passar pela camada córnea para atingir sua posição de ação. Já na administração sistêmica, o medicamento aplicado de forma tópica deve atingir a corrente sanguínea rapidamente sem ser absorvido ou formar um reservatório na pele, onde seria absorvido pela corrente sanguínea e a dose poderia ser menor que a esperada (ANJOS, 1996; CORAZZA, 2017). Assim, a absorção de fármacos de forma cutânea pode acontecer por meio de três processos diferentes: � absorção total até a circulação sanguínea; � produção de reservatórios cutâneos (formados devido à fixação aos componentes do estrato córneo ou tecido adiposo subcutâneo, de onde os compostos são lentamente liberados para os capilares); � metabolização por enzimas da pele. Na verdade, a absorção de fármacos pela pele envolve não apenas o processo de difusão através do estrato córneo para a epiderme, mas tam- bém o processo de ingresso na microcirculação sanguínea através da derme (MACHADO, 2011; MALUF, 2008; CORAZZA, 2017). Quando administrados por via dérmica, os óleos essenciais são absorvidos pela pele e transportados pela circulação sanguínea, e então conduzidos até os órgãos e tecidos do corpo onde se busca o tratamento necessário (MACHADO, 2011; MALUF, 2008). Processo terapêutico Diante das diferentes técnicas e métodos de aplicação da aromaterapia, observa- -se que muitas são as atividades biológicas que os óleos essenciais desempenham no organismo, tendo como função a profilaxia e o tratamento de enfermidades. Segundo Domingos (2014), a aromaterapia representa aos profissionais de saúde um novo instrumento a ser utilizado no tratamento de desequilíbrios físicos e emocionais, desde que tomados com os devidos cuidados e precauções, e tendo o profissional qualificação e conhecimento necessários para atuar nessa prática. Em 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) promoveu a inclusãoda aromate- rapia no programa de Práticas Integrativas e Complementares (PICS), para que seus pacientes utilizem recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais. Tais conhecimentos são voltados para cura e prevenção de doenças (BRASIL, 2018). Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças10 Alguns estudos apontam o uso da aromaterapia no tratamento de algumas enfermidades. Exemplo disso foi a pesquisa de Namazi et al. (2014), conduzida junto a 122 primíparas, 61 pertencentes ao grupo controle e 61 submetidas à intervenção com óleo essencial de Citrus aurantium. Antes do uso do óleo essencial, ambos grupos relatavam o mesmo nível de dor, mas depois de submetido à terapia, o grupo de intervenção revelou uma significativa dimi- nuição nos níveis de dor. Já em um outro estudo científico de Barnes, Fellowes e Wilkinson (2004), foi possível observar que a massagem aromaterápica utilizando uma mistura de óleos essências de lavanda, pau-rosa, limão, rosa e valeriana, diluídos a 2% em óleo vegetal carreador de erva-doce e amêndoas, mostrou-se favorável na diminuição da ansiedade em pacientes oncológicos, notando-se também uma redução de náusea e dor nesses pacientes. Outros estudos clínicos demonstram o sucesso da aromaterapia na dimi- nuição de níveis de estresse e ansiedade, sendo o óleo essencial de lavanda (Lavandula angustifolia) o mais indicado e citado para o tratamento de an- siedade (LYRA; NAKAI; MARQUES, 2010; KUTLU; YILMAZ; ÇEÇEN, 2008). Muito outros estudos ainda precisam ser realizados para evidenciar o potencial que a aromaterapia pode empregar no tratamento de várias enfermidades. Mas vale lembrar também a necessidade de profundo e amplo estudo e conhecimento do profissional da área para que a utilize de modo correto, no intuito de auxiliar seus pacientes e não prejudicar ainda mais sua saúde. Óleos essenciais adequados na terapia de patologias Na civilização atual, as pessoas vivem em uma intensa competição na vida profissional e pessoal, proporcionando um cansaço físico e mental. A aro- materapia atua de forma a amenizar esses desequilíbrios, ajudando resgatar a essência humana e sua saúde. Os óleos essenciais têm a capacidade de purificar o ar que respiramos e, ao mesmo tempo, relaxar, estimular ou acalmar nossos sentimentos. Eles também têm a capacidade de promover a reflexão pessoal e tratar patologias via mecanismos fisiológicos que decorrem da inalação ou uso tópico. Examinemos a seguir alguns óleos essenciais, seus componentes e sua indicação para o tratamento de patologias (ANDREI; DEL COMUNE, 2005; SAAD et al., 2018): Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 11 Alecrim (Rosmarinus officinalis) Pertence à família botânica das labiadas e contém como principais compo- nentes limoneno, pineno, linalol, eucaliptol, canfeno, borneol e terpineol. É empregado no tratamento de cansaço mental, artrite, fraqueza geral, dores nas juntas, perda de memória, piolho, asma, bronquite e sarna. Artemísia (Artemisia vulgaris) Possui como principais componentes borneol, tujona, cânfora, 4-terpinoleno, linalol, 1,8-cineol, alfa–cadinol e 4-terpinoleno. Utilizado como analgésico, regulador de distúrbios menstruais, antiespasmódico e estimulante mental, além de atuar na amenorreia e dismenorreia, epilepsia, vômitos nervosos, convulsões, oxiurose e ascaríase. Baunilha (Vanilla planifolia) Possui como principais componentes vanilina, ácido acético, hidroxibenzal- deído, aldeído metilprotocatéquico, isbutírico, capróico, eugenol e furfural. Empregada como antiespasmódico, estimulante, afrodisíaco e emenagogo (estimula a menstruação). Benjoim (Styrax tonkinensis) Possui como principais componentes vanilina, ácido benzoico, benzoato de cinamila, ácido siarresinólico e benzoato de coniferila. Atua com antioxi- dante. Empregado no tratamento de resfriados, bronquites, tosse, laringites e infecções das vias respiratórias. Incrementa a circulação sendo útil no tratamento da artrite reumatoide e gota. Contribui no combate a estresse, fissura cutânea e ansiedade. Bergamota (Citrus bergamia) Possui como principais componentes dipenteno, linalol, terpineol, acetato de linalil, pineno, nerol, acetato de nerila, bergapteno e geraniol. Empregada na medicina popular da Itália no combate da febre e de parasitoses, além de muito utilizada nas indústrias de fragrâncias e alimentícia. Utilizada no tratamento de eczema, seborreia, acne, furúnculos, prurido vaginal, cistites, halitose, pele oleosa, problemas digestivos, psoríase, ansiedade, estresse, Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças12 depressão, infecções da mucosa bucal e garganta e perda de apetite. Além disso, tem ação analgésica, cicatrizante, antisséptica, sedativa e energizante. Atua como bactericida em infecções decorrentes de meningococo, gonococo, estafilococo e bacilo da difteria. Camomila-dos-alemães (Matricaria chamomilla) Possui como principais componentes flavonoides (apigenina, luteolina, quer- citina), azuleno (principal entre todos), farneseno, alfa-bisabolol, tujanol e glicosídeos. Atua como cicatrizante, anti-inflamatório, antiespasmódico, antianêmico e imunoestimulante. Empregada para tratamento de úlceras gastrintestinais, acne, artrite, inflamações na pele dermatites, reumatismo, furúnculos, TPM, menopausa, enxaqueca, amenorreia, dismenorreia, dor de cabeça, ouvido e dente, agindo nas picadas de inseto, náusea, insônia, estresse, cólicas e problemas digestivos. Canela (Cinnamomum zeylanicum) Possui como principais componentes felandreno, eugenol, aldeído benzê- nico, ácido cinâmico, aldeído cinâmico, furfurol, safrol, benzoato de benzila, cimeno, pineno e dipenteno. Usada como analgésico, diurético, antisséptico, antiespasmódico e antiprurido. Empregada para tratamento de digestão, circulação, infecções intestinais, gripes, impotência, náusea, constipação, cálculo renal, estresse e dores musculares. Citronela (Cymbopogon nardies) Possui como principais componentes borneol, ácido hidrociânico, bourboneno, cânfora, canfeno, cariofileno, citral, citronelol, etanol, citronelal, eugenol, fur- furol, farnesol, geraniol, limoneno, linalol, nerol, mentol, terpinoleno e pineno. Empregada para cansaço, dor de estômago, dor de cabeça, pele e cabelos ole- osos, circulação deficiente, dores musculares e menstruação deficiente (sendo emenagogo). Age com estimulante digestivo, antiespasmódico, antisséptico, antidepressivo, cadiotônico, anti-inflamatório e repelente de insetos. Eucalipto (Eucalyptus globulus) Possui como principais componentes eucaliptol, eugenol, citronelal, pineno, felandreno, pinocarvona, terpineol, canfeno e limoneno. Empregado como um potente antisséptico, expectorante, antiviral, estimulante do sistema Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 13 respiratório, adstringente, anti-inflamatório e ativador da circulação, sendo indicado tratamento de herpes simples, asma, tosse, bronquite, catarro, má- -circulação, distúrbios do trato urinário, resfriado, diabetes, sinusite, dores musculares e reumatismo. Quando utilizado de maneira tópica sobre lesão cutânea, diminui a dor. Além disso, reequilibra a respiração (ofegante ou curta), dilata a musculatura dos brônquios, pulmões e traqueia, reduzindo coriza e a febre e desobstrui as vias aéreas. Gengibre (Zingiber officinalis) Possui como principais componentes canfeno, pineno, cineol, nerol, graniol, betabisaboleno, linalol, borneol, terpineol e zingibereno. Tem ação analgésica, tônica, estimulante, carminativa, antiespasmódica, digestiva, adstringente e antisséptica. Indicado no tratamento de dores de garganta, amigdalite, sinusite, dores musculares, aerofagia, má circulação, memória fraca, enxa- queca, fadiga e cansaço mental. Também atua como excelente estimulante psicológico e mental, proporcionando mais determinação e autoconfiança. Gerânio (Pelargonium graveolens) Possui como principais componentescariofileno, mentona, citronelol, geraniol, limoneno, acetato de linalila e eugenol. Atua no organismo com função antis- séptica, adstringente, cicatrizante e diurética. Empregado para tratamento de amigdalite, dor de garganta, diabetes, TPM, menopausa, hemorroidas, depressão, dermatites, cálculo renal, queimaduras, inflamação da mucosa vaginal e tensão nervosa. Além disso, melhora indivíduos que possuem con- fusões mentais, atua no estímulo do córtex suprarrenal, onde são produzidos os hormônios sexuais, agindo como estimulante e agente equilibrante do sistema nervoso e de órgãos femininos. Hortelã-pimenta (Mentha piperita) Possui como principais componentes limoneno, eucaliptol, acetato de mentila, linalol, mentol, carvono, mentona, nicotinamida, cineol, pipeno, cariofileno e felandreno. Atua no organismo como antiespasmódico, antiespasmódico, descongestionante, analgésico, antisséptico, antiparasitário, estimulante do aparelho digestivo e do sistema nervoso, age na redução da febre e dos sintomas de resfriados e gripes, exerce ação carminativa, emenagoga anti- -inflamatória, refrescante, vasoconstritora adstringente e expectorante. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças14 Indicada para pessoas tímidas e depressivas, devido às suas propriedades estimulantes. Além disso, atua na gripe, asma, laringite, resfriado, bronquite, indigestão, flatulência, cólica, enxaqueca, diarreia, congestão nasal com dores de cabeça, sinusite, dores musculares articulares e cansaço mental. Lavanda (Lavandula officinalis, Lavandula angustifolia ou Lavandula vera). Possui como principais componentes cariofileno, limoneno, linalol, nerol, eucaliptol, cineol, terpineno, canfeno, felandreno, cânfora, pineno, geraniol, acetato de lavandila, bisabolol. borneol, lavandulol e alguns ácidos como o benzoico, coumárico e valérico. Atua no organismo como antisséptico, analgésico, antibiótico, bactericida, sedativo, antidepressivo, repelente de insetos, descongestionante, cicatrizante, diurético, antiviral, carminativo e antitóxico. Indicada para o tratamento de bronquite, asma, dores de garganta, enxaqueca, gripe, depressão, lesões de pele, tensão, insônia, queimaduras, picada de inseto, leucorreia, cistite, alergia, catapora, TPM, amenorreia, dismenorreia, flatulência, hipertensão, menopausa, reumatismo, feridas e contusões. Por exercer um efeito sedativo para o sistema nervoso central. Acredita-se que tenha um efeito antiestresse e ajude a relaxar o corpo e a mente. É útil para mulheres no trabalho de parto, porque sua fragrância relaxa a mãe, exerce ainda efeito sobre o sistema respiratório, por diminuir os desconfortos de resfriado, bronquite e sinusite. É importante lembrar que o óleo de lavanda é o único que pode ser aplicado na pele sem diluição prévia. Em feridas abertas, deve ser usado exclusivamente para prevenir infecções e ajudar na cicatrização do epitélio. Também é comumente usado como um calmante para rejuvenescer a pele exposta ao Sol ou que sofreu picadas de insetos. Alguns autores acreditam que, por causa de sua alta vibração, o óleo de lavanda pode restaurar o equilíbrio mental, coordenar sentimentos, despertar a consciência da realidade e da paz e ter um efeito imediato sobre o corpo e a mente. Patchuli (Pogostemon cablin ou Pogostemon patchuli) Possui como principais componentes eugenol, fenol, patchulol, cariofileno, cadineno, cinamaldeído, pogostol e patchulipiridina. Exerce ação cicatrizante, anti-inflamatória, descongestionante, fungicida, regeneradora e repelente de insetos. É utilizado no tratamento de pele, dermatite, caspa, seborreia, ansiedade, obesidade, fadiga mental, retenção hídrica, estresse e depressão. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 15 O aroma do óleo essencial estimula o sistema nervoso central e as glândulas endócrinas, o que o torna um afrodisíaco. Atua de modo a equilibrar o corpo, a mente e o corpo espiritual. Melaleuca (Melaleuca alternifolia) Possui como principais componentes sesquiterpenos, 4-terpineol, eucaliptol e pineno. Exerce ação fungicida, antiviral, antisséptica, estimulante, cicatrizante e inseticida. Utilizada no tratamento de vaginite, candidíase, infecções, afta, verrugas, cistite, fungos e herpes genital e labial. Sua ação mais importante é de estímulo do sistema imunológico. Além disso, é muito utilizada em congestão nasal, cortes, arranhões, odor fétido nos pés, gengivites e acne. Ylangue-ylangue (Cananga odorata) Possui como principais componentes safrol, ylangol, linalol, pineno, farnesol, granial, geraniol, eugenol, acetato de benzila e cadineno. Exerce ação de sedativo, antiespasmódico, calmante, animador e levemente eufórico. Indi- cado no tratamento de taquicardia, depressão, frigidez e impotência sexual. A aromaterapia oferece uma alternativa de tratamento natural, conside- rando uma ampla gama de efeitos, como tratamento para o corpo e a mente. Vem sendo cada vez mais procurada pelas pessoas devido ao seu baixo índice de efeitos colaterais, enquanto os tratamentos convencionais acarretam no organismo efeitos colaterais e reações adversas. Nos países de primeiro mundo, a aromaterapia tem sido usada com sucesso em ambientes de trabalho e hospitalares, atuando com propósitos terapêuticos. Com isso, ganha cada vez mais espaço. A aromaterapia ainda não foi incorporada à cultura brasi- leira, possivelmente por falta de comunicação entre as pessoas ou limitado investimento intelectual e financeiro, o que interrompe seu progresso. Referências AMARAL, F. Técnicas de aplicação de óleos essenciais. São Paulo: Cengage Learning, 2015. ANDREI, P.; DEL COMUNE, A. P. Aromaterapia e suas aplicações. Centro Universitário São Camilo, v. 11, n. 4, p. 57–68, 2005. ANJOS, T. M. C. R. dos. Aromaterapia: terapia aplicada através dos óleos esseciais. São Paulo: Roka, 1996. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças16 BARNES, K.; FELLOWES, D.; WILKINSON, S. Aromatherapy and massage for symptom relief inpatients with cancer. Cochrane Database of Systematic: Reviwes, n. 2, CD 002287, 2004. BANDONI, A. L.; CZEPACK, M. P. Os recursos vegetais aromáticos no Brasil. Vitória: Ed. UFES, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 702, de 21 de março de 2018. Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares — PNPIC. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2018/prt0702_22_03_2018.html. Acesso em: 19 nov. 2020. CORAZZA, S. Aromacologia: uma ciência de muito cheiros. 4. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. DOMINGOS, T. S.; BRAGA, E. M. Significado da massagem com aromaterapia em saúde mental. Acta Paulista de Enfermagem, v. 27, n. 6, dez. 2014. Disponível em: http://dx.doi. org/10.1590/1982-0194201400094. Acesso em: 19 nov. 2020. FERRAZ, J. B. S. et al. Perfumes da floresta Amazônica: em busca de uma alternativa sustentável. Revista Ciência e Cultura, v. 61, n. 3, p. 45–53, 2009. Disponível em: http:// cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v61n3/a15v61n3.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020. FERREIRA, A. R. A. Uso de óleos essenciais como agentes terapêuticos. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) — Universidade Fernando Pessoa, Porto Alegre, 2014. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4513/1/PPG_21290.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020. GNATTA, J. R.; DORNELLAS, E. V.; SILVA, M. J. P. O uso da aromaterapia na melhora da autoestima. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 45, n. 5, p. 1113–1120, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n5/v45n5a12.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020. GUYTON, A. C. M. D. et al. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. GRACE, K. Aromaterapia: o poder curativo dos aromas. São Paulo: Mandarine, 1999. HOARE, J. Guia completo de aromaterapia. São Paulo:Pensamento, 2010. KUTLU, A. K.; YILMAZ, E.; ÇEÇEN, D. Effects of aroma inhalation on examination anxiety. Teach Learn Nurs, v. 3, n. 4, p. 125–130, 2008. LAVABRE, M. Aromaterapia: a cura pelos óleos essenciais. São Paulo: Record Nova Era, 1992. LYRA, C. S.; NAKAI, L. S.; MARQUES, A. P. Eficácia da aromaterapia na redução de níveis de estresse e ansiedade em alunos de graduação da área da saúde: estudo preliminar. Fisioterapia e Pesquisa, v. 17, n. 1, p. 13–17, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/ S1809-29502010000100003. Acesso em: 19 nov. 2020. MACHADO, B. F. M. T. Óleos essenciais: verificação da ação antimicrobiana in vitro, na água e sobre a microbiota da pele humana. 2011. Dissertação (Mestrado em Biologia Geral e Aplicada) — Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, 2011. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/87924. Acesso em: 19 nov. 2020. MALUF, S. Aromaterapia: uma abordagem sistêmica. São Paulo: Samia Aromaterapia, 2008. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças 17 NAMAZI, M. et al. Effects of citrus aurantium (bitter orange) on the severity of first-stage labor pain. Iranian Journal of Pharmaceutical Research, v. 13, n. 3, p. 1011–1018, 2014. PEARLSTINE, E. Skin treatments using essential oils. AromaScents Journal, v. 36, 2006. Disponível em: http://www.tambela.com/articles/aromatherapy-skintreatment.php. Acesso em: 19 nov. 2020. PEREZ, E.; LACRIMANTI, L. M.; VASCONCELOS, M. G. Curso didático de estética. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2014. v. 2. SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. ULRICH, H. N. A. Manual prático de aromaterapia. Porto Alegre: Premier, 2004. Leituras recomendadas ANANIEVA, L. Óleos essenciais para sua saúde e beleza: parte 1. [S. l.]: Tektime, 2017. EVANS, N. Óleos essenciais: o guia definitivo sobre óleos essenciais para alcançar uma saúde extraordinária. Hackensack: Babelcube, 2017. MOREN, S. A. Spas e salões de beleza: terapias passo a passo. São Paulo: Cengage Learning, 2009. OLIVEIRA, C. M. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. OLIVEIRA, L. F. et al. Farmacognosia pura. Porto Alegre: SAGAH, 2018. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Aromaterapia na prevenção e no tratamento de doenças18 Dica do professor Ao conjunto das técnicas de aplicação de óleos essenciais dá-se o nome de “aromaterapia”, palavra que foi adotada no início do século XX como terminologia popular, utilizada para esclarecer a aplicação dos óleos essenciais como ferramenta terapêutica. É de suma importância entender que as técnicas de aplicação de óleos essenciais seguem uma lógica simples, variando seu modo de aplicação, de acordo com o tratamento almejado. Todas as técnicas de aplicação de óleos essenciais se originaram no pensamento inicial da aromaterapia como prática terapêutica independente e autônoma, e com o desenvolvimento natural das profissões e de seus profissionais atuantes nos campos da saúde, tornando-se cada vez mais práticas, profundas e eficientes. Na Dica do Professor, você verá as técnicas de aplicação da aromaterapia para tratamento, compreendendo de maneira clara e simples as diferenças existentes entre cada uma, assim como o modo de realização de cada técnica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b9250d7d3b8ac39593daac6e44b1dc01 Exercícios 1) A aromaterapia é usada há muito tempo como ferramenta de cuidado integrativo físico e emocional. Trata-se de uma especialidade terapêutica, que pode ser empregada para o autocuidado. Atualmente, é reconhecida e empregada em muitos países industrializados como um método extremamente eficaz de terapêutica. Em relação à aromaterapia, assinale a alternativa correta: A) A absorção cutânea dos óleos essenciais se dá somente por inalação. Assim, todo e qualquer outro tipo de método empregado para uso dos óleos essenciais pode desencadear reações adversas e processos alérgicos ou tóxicos. B) A penetração de substâncias ativas na pele pode ocorrer pela via transepidérmica (intra e intercelular), mas não ocorre pelos apêndices da pele. C) A fonte dos óleos são substâncias químicas produzidas pelas plantas para a sua proteção e reprodução, sendo encontradas nas folhas, flores, casca do fruto, galhos, raízes, sementes e troncos. D) Os óleos essenciais são absorvidos apenas pela pele, ou seja, não ocorre absorção através de outras formas. E) Os óleos essenciais apresentam pequenas concentrações no seu princípio ativo, com isso não é recomendada sua diluição em um carreador. A aromaterapia é utilizada há milhares de anos, devido ao poder das plantas aromáticas. Seus óleos essenciais apresentam diversas propriedades que ajudam no bem-estar físico, mental e emocional, proporcionando uma melhor saúde e qualidade de vida para as pessoas. De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação das características contidas na coluna A com as formas pelas quais os óleos essenciais são absorvidos no corpo humano na coluna B. 2) Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre as colunas. A) I–1, II–2, III–3. B) I–3, II–2, III–1. C) I–2, II–1, III–3. D) I–1, II–3, III–2. E) I–3, II–1, III–2. A maioria dos óleos essenciais segue um conceito de técnica de aplicação simples, originando-se do pensamento inicial da aromaterapia, que tem sua base terapêutica autônoma e independente. Com o desenvolvimento natural das profissões e de seus profissionais atuantes nos campos da saúde, as técnicas de aplicação também evoluíram, tornando-se cada vez mais práticas, profundas e eficientes. A partir do apresentado, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. 3) I. Aplicada mediante técnicas específicas, a aromaterapia explora o efeito dos óleos essenciais nas áreas físicas ou emocionais. Na prática, ocorre uma fusão entre essas áreas, ou seja, um tratamento com o objetivo emocional de beneficiar o corpo físico e vice-versa, um interferindo no outro de maneira positiva e sinergética. Pois II. As técnicas de aplicação da aromaterapia pela pele, como massagens, banhos e fricções, são dirigidas a tratamentos da musculatura e da circulação, promovendo relaxamento, diminuindo a ansiedade, liberando as vias respiratórias, entre outras atividades. A seguir, assinale a alternativa correta: A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. C) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas. 4) As células receptoras para a sensação do olfato são as olfativas, originadas do próprio sistema nervoso central. São os pelos ou cílios olfativos, localizados na extremidade mucosa da célula olfativa, que reagem aos odores presentes no ar e, então, estimulam as células olfativas. Dentro do processo olfativo, duas reações são geradas. Assinale a alternativa que apresenta de forma correta essas reações. A) Reações elétricas e mecânicas. B) Reações químicas e elétricas. C) Reações químicas e mecânicas. D) Reações transfusionais e orgânicas. E) Relações orgânicas e mecânicas. As terapias complementares compreendem a aromaterapia, que éuma prática que se utiliza de concentrados voláteis, conhecidos como óleos essenciais. Estes são compostos orgânicos de origem vegetal, formados por moléculas químicas de alta complexidade, que apresentam 5) várias funções químicas, como álcoois, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos, havendo sempre a prevalência de uma ou duas delas e, assim, caracterizam seus aromas. A respeito da aromaterapia e seu histórico, analise as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). I. ( ) Em 1940, o químico francês Maurice René de Gattefossé introduziu o nome da aromaterapia pela primeira vez. II. ( ) Recurso relacionado às terapias alternativas, cujo objetivo é a qualidade de vida dos indivíduos. III. ( ) Utiliza as cores e os aromas para exercer benefícios ao corpo, mente e espírito. IV. ( ) Indícios apontam que mesmo antes de Cristo o uso das plantas já era frequente para os homens da época. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) F, V, F, V. B) V, V, F, F. C) F, F, F, F. D) V, V, F, V. E) V, V, V, V. Na prática A aromaterapia atua como uma ferramenta muito útil no tratamento de patologias, permitindo uma ampla visão dessa área tão antiga, mas, ao mesmo tempo, inovadora, que projeta um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Os óleos essenciais possuem diferenças significativas em relação às essências, por isso são empregados no tratamento de patologias; as essências apenas perfumam, não possuindo efeitos terapêuticos. Existem óleos essenciais específicos para cada tratamento e seu conhecimento torna-se essencial, verificando que as técnicas de aplicação são diferentes e extremamente importantes na escolha do melhor tratamento para cada paciente. Veja Na Prática a importância da utilização do óleo essencial no tratamento de psoríase, uma patologia cutânea de caráter inflamatório, crônico e não transmissível. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito deste assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Óleos essenciais - a neurociência comprova a eficácia Neste vídeo, acompanhe a explicação do neurocientista Álvaro Dias sobre os efeitos dos óleos essenciais no cérebro, com resultados comprovados pela ciência. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. PICS: Aromaterapia - ligado em saúde Aromaterapia é uma técnica que usa os aromas liberados por óleos essenciais com finalidades terapêuticas. A aromaterapeuta Danielle Vilela Paulino fala sobre como os óleos essenciais atuam no organismo e como os aromaterapeutas chegam às combinações desses óleos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Utilização da aromaterapia e auriculoterapia como métodos não farmacológicos para alívio da dor em idosos Neste link, você poderá realizar a leitura de um artigo científico, onde foi feita a análise por meio de uma revisão integrativa da literatura sobre artigos que relatam os efeitos da aromaterapia, com o objetivo de combater o estresse e, consequentemente, atuar na promoção do bem-estar e da qualidade de vida. https://www.youtube.com/embed/PdSZSTE2yIE https://www.youtube.com/embed/--Uf1WXBbow Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A aplicação da aromaterapia como método de alívio da dor em gestantes: uma revisão integrativa O presente artigo científico realizou, por meio de uma revisão integrativa de literatura, a identificação da ação analgésica do óleo essencial de lavanda, aplicado em gestantes, elucidando sua ação ansiolítica e analgésica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/download/15420/12686 https://periodicos.furg.br/vittalle/article/download/8048/5940 Práticas homeopáticas e florais de uso humano Apresentação O uso das práticas complementares em saúde, como homeopatia e terapia de florais, tem crescido em todos os níveis de atenção à saúde. Isso se deve, em parte, à busca da população por opções alternativas aos medicamentos convencionais. Além disso, reflete uma resposta ao incentivo de órgãos federais. Assim, os profissionais de saúde têm buscado capacitação a fim de adquirir conhecimento nessa área. A homeopatia tem uma abordagem oposta à dos medicamentos alopáticos, tão utilizados nos dias atuais, e baseia-se na cura pelo semelhante, agindo nos campos físico, mental e emocional. Embora a homeopatia e a terapia de florais apresentem semelhanças, divergem quanto a algumas questões, como aplicação, modo de preparo e mecanismos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os conceitos de similitude, força vital e dose mínima relacionados à homeopatia, bem como o conceito vibracional da terapia de florais. Você também aprenderá sobre a aplicação de medicamentos homeopáticos e essências florais no cuidado ao paciente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o histórico e a aplicabilidade de mecanismos homeopáticos de tratamento.• Relacionar homeopáticos e florais usados na terapia humana.• Construir conceitos de similitude no tratamento farmacológico.• Infográfico Na homeopatia, as formas farmacêuticas derivadas representam o produto final obtido após o processo de dinamização. Esse processo consiste em realizar diluições dos insumos ativos seguidas de sucussões ou triturações sucessivas, obtendo um produto com concentração inferior à inicial e com alta potência. Na preparação das formas farmacêuticas derivadas, podem ser utilizadas as escalas decimal, centesimal e cinquenta-milesimal, bem como os métodos hahnemanniano, korsakoviano e de fluxo contínuo. No Infográfico a seguir, conheça as escalas utilizadas na preparação de formas farmacêuticas derivadas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f99aa743-55b1-4dca-9540-3e15fea23348/62ac7aae-c494-4a53-aa1b-13a11332551a.jpg Conteúdo do livro A homeopatia foi desenvolvida por Samuel Hahnemann no fim do século XVIII com base no princípio vitalista e na filosofia de Hipócrates, segundo a qual “o semelhante cura o semelhante”. A homeopatia utiliza doses mínimas de insumos ativos, sendo que os medicamentos homeopáticos são produzidos a partir de um processo denominado dinamização. A terapia floral é baseada nos padrões vibracionais das plantas e busca atuar nos vários campos de energia do ser humano, com o objetivo de atuar em prol do bem-estar mental, emocional e físico. No capítulo Práticas homeopáticas e florais de uso humano, da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja mais a respeito dos princípios da homeopatia, como a cura pelo semelhante e a força vital, além de exemplos de medicamentos homeopáticos e essências florais utilizadas no cuidado ao paciente. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE Marcella Gabrielle Mendes Machado OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer o histórico e a aplicabilidade de mecanismos homeopáticos de tratamento. > Relacionar homeopáticos e florais na terapia humana. > Construir conceitos de similitude no tratamento farmacológico. Introdução Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a homeopatia é muito utilizada nos serviços públicos no Brasil e em países como Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica e Argentina. Os profissionais de saúde têm apresentado interesse crescente nessa área, buscando capacitação e conhecimento, uma vez que os princípios de tratamento da homeopatia são opostos ao da alopatia, tão difundida nos dias atuais. A terapia floral também constitui uma prática integrativa e complementar em saúde, sendo ummétodo terapêutico que busca auxiliar o reestabelecimento do equilíbrio mental e emocional dos pacientes. Dentre os vários florais de uso clínico, destacam-se os florais de Bach, criador da técnica. Neste capítulo, você vai conhecer o histórico e os princípios fundamentais para entender a homeopatia e o conceito de similitude, assim como os medicamentos homeopáticos e suas fontes de obtenção. Você ainda conhecerá a aplicabilidade das essências florais no cuidado ao paciente, com maior enfoque nos florais de Bach. Práticas homeopáticas e florais de uso humano Princípios e histórico da homeopatia A homeopatia (do grego homois, “semelhante”, e pathos, “sofrimento”) foi desenvolvida pelo alemão Samuel Hahnemann no final do século XVIII, após observações clínicas em pacientes doentes e experimentos em indivíduos sadios e em si próprio. Ao ingerir por vários dias seguidos a substância quina, utilizada para o tratamento da malária, ele percebeu que passou a apresentar diversos sintomas (patogenesia) característicos da malária (como fraqueza, sonolência, esfriamento da ponta dos dedos das mãos e dos pés, taquicardia, entre outros), os quais desapareceram ao suspender o uso do fármaco. A partir dessa observação, e baseado na filosofia de Hi- pócrates (similia similibus curentur, ou “o semelhante cura o semelhante”), Hahnemann começou a pensar que deveria existir uma identidade entre a doença e o fármaco ingerido (FONTES et al., 2018; BERMAR, 2014). Patogenesia é o conjunto de sintomas físicos, emocionais e mentais que o organismo de um indivíduo sadio apresenta ao utilizar deter- minada substância medicinal. A partir disso, Hahnemann também realizou experimentos administrando quina em familiares e amigos, e os mesmos resultados foram encontrados nesses indivíduos. Seu estudo expandiu-se para outros fármacos, e os seus efeitos no organismo de indivíduos sadios foram catalogados. A partir dos resultados catalogados em indivíduos sadios, ele decidiu observar se o prin- cípio da similitude funcionava também em pacientes doentes. A maioria dos pacientes doentes obteve cura, e, dessa forma, Hahnemann confirmou sua hipótese (FONTES et al., 2018). De acordo com o princípio da similitude (ou lei dos semelhantes) e con- forme relatado por Fontes et al. (2018, p. 5): [...] qualquer substância capaz de provocar determinados sintomas em seres huma- nos sadios e sensíveis, em doses adequadas, especialmente preparadas, é capaz de curar um enfermo que apresente quadro mórbido semelhante, com exceção das lesões irreversíveis. Práticas homeopáticas e florais de uso humano2 Um exemplo da aplicação clínica da lei dos semelhantes é o trata- mento de um paciente com úlcera gástrica que apresenta hemorragias frequentes, gosto amargo na boca, inquietação, ansiedade, queimações no estômago, falta de ar, dentre outros sintomas. O médico homeopata identifica que esses sintomas são semelhantes aos da ingestão de arsênico. Com isso, o médico prescreve Arsenicum album em doses extremamente pequenas. Em 1796, Hahnemann publicou seu primeiro trabalho sobre os efeitos de diversos fármacos em indivíduo sadios, denominado “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as propriedades curativas das substâncias medicinais, seguido de alguns comentários sobre os princípios admitidos até os nossos dias”. Em 1810, a primeira edição do seu livro Órganon da arte de curar foi publicado, contendo a doutrina homeopática, ensinamentos e diretrizes para a anamnese e tratamento do paciente. Outra obra muito famosa de Hahnemann, intitulada As doenças crônicas, foi lançada em 1828, na qual ele relata o estudo de diversas substâncias para o tratamento homeopático de doenças crônicas (FONTES et al., 2018). Devido aos bons resultados obtidos com a homeopatia, essa ciência cresceu rapidamente e atraiu a atenção de médicos e pacientes pela Europa. Atualmente, de acordo com Fontes et al. (2018, p. 6): “[...] a homeopatia é pra- ticada em diversos países, nos vários continentes, mas está especialmente bem representada na Alemanha, na Argentina, na Bélgica, no Brasil, na França, na Índia e na Inglaterra”. Nos Estados Unidos, a homeopatia era muito forte no início do século XX; no entanto, devido à pressões legais e financeiras, muitas instituições encerraram suas atividades, e atualmente o governo tem buscado incentivar essa prática em busca de um renascimento. No Brasil, a homeopatia foi introduzida pelo médico francês Benoît Jules Mure em 1840, e difundiu-se nacionalmente pelos seus discípulos. O ensino e prática da homeopatia ganhou força a partir da proclamação da República, sendo que figuras importantes, como Rui Barbosa e Monteiro Lobato, eram adeptos dessa ciência. A partir da década de 1930, a homeopatia perdeu força no país, tendo seu renascimento na década de 1970. Em 1976, mediante o Decreto nº. 78.841/76, a parte geral da primeira edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira foi aprovada. Alguns anos mais tarde, em 1980, a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina. Atualmente, a homeopatia deixou de ser considerada uma terapia “alternativa” para ser uma prática complementar em saúde, incentivada pelo governo brasileiro, sendo que a edição mais recente da Farmacopeia Homeopática Brasileira foi aprovada por meio da Resolução RDC nº 39/2011 (SÃO PAULO, 2019; FONTES et al., 2018). Práticas homeopáticas e florais de uso humano 3 Doses mínimas No início da carreira como homeopata, Hahnemann utilizava altas doses de medicamentos em seus tratamentos, especialmente na forma farmacêutica de tintura, o que levava a muitos efeitos colaterais, uma vez que os sinto- mas eram agravados pela soma dos sintomas inerentes à doença com os sintomas artificiais provocados pelo medicamento. Com o intuito de diminuir esses efeitos negativos, Hahnemann começou a utilizar doses pequenas dos medicamentos, a partir de sua diluição em água ou álcool. No entanto, os medicamentos diluídos não eram potentes o suficiente para promover a reação orgânica necessária para alcançar os benefícios da homeopatia (FONTES et al., 2018). Hahnemann passou então a imprimir agitações violentas, denominadas sucussões, nos medicamentos previamente diluídos, e percebeu que houve diminuição dos efeitos tóxicos relacionados às altas doses e também au- mento da reação orgânica. Com isso, Hahnemann passou a utilizar diluições infinitesimais do insumo ativo e potencializadas por sucussões, processo também conhecido como dinamização (FONTES et al., 2018). De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011, documento on-line), a dinamização pode ser definida como “[...] processo de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas do insumo ativo em insumo inerte adequado”. A diluição do insumo ativo obedece a uma progressão geométrica, com o intuito de diminuir sua concentração química e aumentar sua ação dinâmica, a qual estimula a reação orgânica em direção à cura. A potência de um medicamento homeopático é dada pelo número de dinamizações que recebeu (FONTES et al., 2018; BRASIL, 2011). Medicamento único Em seus experimentos e descobertas, Hahnemann administrava os medica- mentos sempre de forma isolada, a fim de impedir interações medicamen- tosas e descobrir o medicamento responsável pela cura. Quando o quadro sintomático do paciente mudava e/ou a resposta ao medicamento não era o mesma, Hahnemann trocava a medicação, a fim de abranger todos os sinto- mas percebidos. Baseando-se nos princípios de Hahnemann, o homeopata unicista deve procurar, sempre que possível, encontrar um medicamento único (simillimum) que atue na totalidade dos sintomas do doente. Na prática, embora o simillimum seja um fundamento importante da homeopatia, nem sempre é possível encontrá-lo. De acordo com o Conselho Práticas homeopáticas e florais de uso humano4 Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2019), no Brasil háoutras vertentes de escolas homeopáticas, as quais prescrevem mais de um medicamento ao paciente: � Alternista/pluralista — prescreve-se dois ou mais medicamentos, a serem administrados em momentos distintos e de modo alternado, para que um complemente a ação do outro. � Organicista — a conduta é semelhante à alopatia, com suas especiali- dades clínicas, pois prescreve o medicamento homeopático de forma direcionada aos órgãos doentes, considerando as queixas relatadas pelo paciente, sem levar em consideração sintomas emocionais e mentais. � Complexista — prescreve dois ou mais medicamentos, os quais são administrados simultaneamente ao paciente. Força vital Dentre os princípios da homeopatia, Hahnemann considerava a força vital como a responsável por manter o equilíbrio do organismo. A partir desse ponto de vista, ele acreditava que os microrganismos eram necessários, mas não suficientes, para causar doenças. Os fungos, por exemplo, não seriam considerados a única causa das micoses, pois outros fatores (como umidade, temperatura) devem contribuir para o desenvolvimento fúngico junto com o comprometimento da força vital, levando ao desenvolvimento desses microrganismos sempre presentes (FONTES et al., 2018). O organismo humano saudável encontra-se em equilíbrio nos seus dife- rentes níveis dinâmicos, que incluem os aspectos físico, emocional e mental. Quando a força vital é perturbada, são acionados os mecanismos de defesa do organismo, para tentar restabelecer o equilíbrio. Acredita-se que fatores endógenos (como sentimentos de tristeza, raiva, etc.) e exógenos (como má alimentação ou uso de drogas) podem também influenciar de forma negativa a força vital (FONTES et al., 2018). De acordo com Fontes et al. (2018, p. 23): [...] a homeopatia define saúde como um estado de equilíbrio dinâmico que abran- ge as realidades física e psicomental dos indivíduos em suas interações com o ambiente natural e social. A doença reflete, mediante os sintomas, o esforço da força vital na tentativa de restabelecer o equilíbrio. Práticas homeopáticas e florais de uso humano 5 Medicamentos homeopáticos Um medicamento homeopático é definido pela Anvisa (BRASIL, 2011, docu- mento on-line) como: “[...] toda forma farmacêutica de dispensação ministrada segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo.” Os medicamentos homeopáticos podem ser de origem vegetal, mineral, animal, fúngica, química, microbiológica ou farmacêutica. Estes últimos ainda podem ser industrializados ou preparados em farmácia de manipulação. Tais medicamentos podem ser encontrados em diferentes formas farmacêuticas, destacando-se os tabletes, glóbulos, líquidos, pós, comprimidos, dentre outros. Vale ressaltar que essências florais, medicamentos antroposóficos, cromoterapia e aromaterapia não são medicamentos homeopáticos (SÃO PAULO, 2019; BERMAR, 2014). As plantas são as principais fontes de fármacos para a preparação de medicamentos homeopáticos. Nesse tipo de preparação, prefere-se o uso da planta in natura (fresca), mas quando não for possível, a planta seca também pode ser utilizada. Pode-se aproveitar a planta inteira, partes da planta, produtos extrativos ou de transformação e substâncias produzidas a partir de estados patológicos (como Ustilago maidis, doença do milho provocada por fungo) (BERMAR, 2014). Fontes et al. (2018) relata alguns exemplos de medicamentos homeopáticos obtidos a partir de plantas,: � obtenção a partir de plantas inteiras — Belladonna, Drosera rotundifolia, Pulsatilla nigricans, Hypericum perforatum; � obtenção a partir de partes de plantas — Allium cepa, Colchicum au- tumnale (bulbo); ipecacuanha, Paeonia officinalis, Lappa major (raiz); Sanguinaria canadensis, Podophyllum peltatum (rizoma); Coffea cruda, Nux vomica (sementes); Digitalis purpurea, Tabacum (folhas); Sambu- cus nigra, Calendula officinalis (flores ou sumidades floridas); Agnus castus, Carduus marianus (frutos); Lycopodium clavatum (esporos); Berberis vulgaris (casca da raiz); China officinalis (casca do caule); Hamamelis virginiana (mistura de cascas do caule e folhas); Crocus sativus (estigmas); Thuya occidentalis (ramos); Ruta graveolens (parte aérea); Carbo vegetabilis (lenho); Práticas homeopáticas e florais de uso humano6 � produtos extrativos ou de transformação — Terebinthina (oleorresina); Colchicinum (alcaloide); Opium (látex); � produtos patológicos — Ustilago maidis (doença do milho provocada por fungo); Secale cornutum (esporão-do-centeio). O reino mineral é a segunda fonte mais importante na obtenção de me- dicamentos homeopáticos. Dentre os componentes dessa fonte, encontram- -se os minerais obtidos em seu estado natural (como Sulfur, Phosphorus e Causticum), os produtos obtidos em laboratórios químico-farmacêuticos pela extração, purificação e/ou preparação (como Acidum phosphoricum, Kalium sulfuricum e Sulfanilamidum) e os produtos preparados a partir das fórmulas de Hahnemann (como Calcarea acetica, Hepar sulfur, Causticum e Mercurius solubilis) (FONTES et al., 2018). Alguns medicamentos homeopáticos importantes na prática clínica possuem fonte animal, como Sepia officinalis e Calcarea carbonica. Outros exemplos também preparados a partir de animais incluem: Apis mellifica (abelha europeia), Aranea diadema (aranha-porta-cruz), Cantharis vesicatoria (cantárida), carbo animalis (couro de boi carbonizado), Crotalus horridus (veneno da cascavel norte-americana), Diphterinum (membrana diftérica), Formica rufa (formiga-ruiva), Lachesis muta (veneno da cobra surucucu), Psorinum (conteúdo seroso da vesícula escabiótica) e Thyroidinum (glândula tireoide) (FONTES et al., 2018). Quanto aos medicamentos homeopáticos obtidos a partir de fungos, temos Agaricus muscarius (agárico-mosqueado), Amanita phalloides (cálice-da- -morte) e Lycoperdon bovista (bovista). Já dentre os provenientes de bactérias e de suas toxinas, temos Colibacillinum (Escherichia coli), Diphterotoxinum (toxina diftérica diluída), Streptococcinum (Streptococcus pyogenes) e Tuber- culinum (tuberculina bruta de Koch) (FONTES et al., 2018). Veículos e excipientes Na preparação de medicamentos homeopáticos, são utilizados veículos e excipientes, também conhecidos como insumos inertes. Essas substâncias são empregadas para realizar diluições e dinamizações, e também para extrair os princípios ativos das drogas vegetais para preparação de tinturas homeopáticas. A seguir são listados os principais insumos inertes utilizados na homeopatia (BERMAR, 2014). Práticas homeopáticas e florais de uso humano 7 � Água: utilizada nas diluições e dinamizações. Deve ser purificada por destilação ou sistema de purificação, límpida, isenta de impurezas e armazenada diariamente em recipiente de vidro ou PVC. � Álcool: utilizado nas diluições e dinamizações. Deve-se usar o álcool etílico bidestilado livre de impurezas. � Glicerina: utilizada nas preparações de animais ou de suas partes. Ob- tida a partir de destilações sucessivas de desdobramentos de ésteres glicéricos de ácidos graxos. Deve ser livre de contaminantes como acroleína, glicose e cloretos, bem como incolor, clara, na consistência de xarope e de sabor doce. � Soluções alcoólicas: misturas de água purificada e álcool, preparadas segundo os procedimentos farmacopeicos. � Diluições glicerinadas: constituem uma mistura de glicerina com água e/ou álcool, preparada segundo os procedimentos farmacopeicos. � Lactose: pó branco, cristalino e inodoro. Obtido a partir do leite de vaca, deve ser livre de impurezas como amido, sacarose e glicose. � Sacarose: utilizada na preparação de glóbulos, microglóbulos e com- primidos inertes. É um açúcar purificado obtido da cana-de-açúcar. Deve ser cristalino, incolor ou branco, ou um pó branco de sabor doce. � Glóbulos inertes: são uma forma farmacêutica homeopáticasólida que se apresenta como pequenas esferas constituídas de sacarose ou uma mistura sacarose-lactose. Existem três diferentes tamanhos: nº 3 (30 mg), nº 5 (50 mg) e nº 7 (70 mg). � Microglóbulos inertes: utilizados na escala 50 milesimal, são grãos brancos, padronizados em 63 mg/100 microglóbulos. � Comprimidos inertes: discos comprimidos constituídos de lactose ou de uma mistura lactose-sacarose. � Tabletes inertes: discos produzidos por moldagem da lactose em tableteiro. Formas farmacêuticas derivadas De acordo com Bermar (2014, p. 105), as formas farmacêuticas derivadas constituem “[...] as formas de preparação e/ou dispensação dos medicamentos homeopáticos pelo processo de dinamização, com decrescente concentração da droga por meio de diluições e sucussões ou triturações sucessivas”. Para Práticas homeopáticas e florais de uso humano8 preparar essas formas farmacêuticas, pode-se utilizar as escalas decimal, centesimal e 50 milesimal, em que a escala é preparada, respectivamente, em uma proporção de 1/10, 1/100 e 1/50.000. Tais relações referem-se à pro- porção entre o insumo ativo e o insumo inerte utilizados na preparação das diferentes dinamizações. Para uma melhor compreensão das diluições realizadas em um processo de dinamização, pode-se observar o esquema descrito por Fontes et al. (2018, p. 14): 1) Uma parte do insumo ativo + 99 partes do insumo inerte + sucussões = primeira dinamização centesimal hahnemanniana (1CH). 2) Uma parte da 1CH + 99 partes do insumo inerte + sucussões = segunda dinami- zação centesimal hahnemanniana (2CH). 3) Uma parte da 2CH + 99 partes do insumo inerte + sucussões = terceira dinami- zação centesimal hahnemanniana (3CH). 4) E assim sucessivamente. A Figura 1 ilustra esse conceito. Figura 1. Exemplo de um processo de dinamização. Fonte: Fontes et al. (2018, p. 14). Práticas homeopáticas e florais de uso humano 9 Por sua vez, no Quadro 1 é possível ver alguns efeitos de medicamentos homeopáticos em diferentes dinamizações. Quadro 1. Efeitos de medicamentos homeopáticos dinamizados em estudos in vitro Medicamento e diluição Objetivo Modelo experimental Efeitos Antimonium crudum 30CH, 200CH Mecanismo de ação anti-inflamatória Co-cultura de macrófagos e Leishmania amazonensis Positivo: redução seguida de aumento do spreading dos macrófagos; aumento da percentagem de internalização de parasitas; potenciação da redução de produção de citocinas induzida pelo parasita. Arnica montana 30CH Efeitos sobre expressão gênica Escherichia coli submetida à radiação ultravioleta Positivo: redução do dano do DNA e do estresse oxidativo; hiperexpressão de genes de reparação genética. Arsenicum album 6CH, 30CH, 200CH Autorrecuperação de intoxicação Linfócitos humanos MT4 intoxicados com trióxido de arsênico (As2O3) Positivo: aumento da viabilidade celular; máximo efeito depois de 3 dias de tratamento com Ars 200CH. Belladonna, nosódio 6CH, 30CH Resistência bacteriana Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA) Positivo: inibição do crescimento de MRSA, com redução da produção de DNAse; aumento da vulnerabilidade à oxacilina. (Continua) Práticas homeopáticas e florais de uso humano10 Medicamento e diluição Objetivo Modelo experimental Efeitos Lycopodium clavatum 5CH, 15CH Atividade anticancerosa Células de câncer cervical HeLa e células mononucleares de sangue periférico (PBMCs) Positivo: redução da proliferação e viabilidade das células cancerosas, sem citotoxicidade sobre PBMCs normais; considerável apoptose das células cancerosas, com fragmentação do DNA, aumento da expressão das proteínas caspase 3 e Bax e redução de Bcl2, Apaf e da liberação de citocromo c. Efeito similar a cisplatina na sobrevida das células cancerosas. Nux vomica, Calendula officinalis 10CH, 12CH Mecanismo de ação em gastrite e úlcera gástrica Células de carcinoma gástrico humano KATO-III Positivo: redução da expressão genética do fator de crescimento epidérmico ligado à heparina induzida por H. pylori. Psorinum 6DH Atividade anticancerosa Células de adenocarcinoma epitelial de pulmão humano A549 Positivo: inibição da proliferação celular; interrupção do ciclo celular em estágio sub-G; produção de EROs; despolarização da membrana mitocondrial; dano do DNA; promoção de apoptose por via mediada por mitocôndrias dependente da caspase. Fonte: Adaptado de Waisse (2017). (Continuação) Práticas homeopáticas e florais de uso humano 11 O medicamento homeopático atua por suas características ener- géticas, não tendo ação em receptores ou moléculas-alvo. Ainda tem-se muito o que investigar sobre os efeitos e mecanismos de ação dos medicamentos homeopáticos. Terapia floral A terapia floral, ou floralterapia, consiste em um método terapêutico que busca auxiliar o reestabelecimento do equilíbrio mental e emocional dos pacientes. Nessa terapia, são utilizadas essências florais, elixires de cristais e campos ambientais (SÃO PAULO, 2019). A terapia floral teve origem no começo do século XX na Inglaterra, por meio das descobertas de Edward Bach, médico, homeopata e herbalista. O Dr. Bach buscava um sistema de cura simples e, para isso, realizou pesquisas utilizando desde fármacos convencionais até vacinas, bioterápicos obtidos pela homeopatia e, por fim, flores silvestres. Ele também observou que o estado mental e emocional dos pacientes determinava sua resposta aos tra- tamentos. Com isso, seu objetivo terapêutico era devolver a homeostase aos pacientes mediante a incorporação das qualidades que esses necessitavam nas essências florais (SÃO PAULO, 2019). O sistema de cura desenvolvido pelo Dr. Bach tem como base a respon- sabilidade do indivíduo pela própria saúde, baseando-se no conceito de “conhece-te e cura-te a ti mesmo”, sendo as essências florais utilizadas como substâncias catalisadoras desse processo. Bach buscava encontrar um método de tratamento aplicável a todos os tipos de pessoas e que pu- desse ser utilizado sem conhecimento médico. Suas pesquisas resultaram em 38 substâncias florais, conhecidas como florais de Bach (SÃO PAULO, 2019; BELLO, 2019). Em meados do século XX, diversos pesquisadores em todo o mundo pas- saram a usar as técnicas de Edward Bach para desenvolver novos sistemas, levando à ampliação do número de essências, bem como de biomas utilizados. Outros sistemas florais citados por Bello (2019) incluem: Essências Florais da Califórnia (Richard Katz e Patricia Kaminskii), Essências Florais do Bush Australiano (Ian White), Essências Florais de Minas (Dr. Breno Marques da Silva e Ednamara Batista Vasconcelos e Marques), Essências da Mata Atlântica (Sandra Epstein), dentre outros. Práticas homeopáticas e florais de uso humano12 No Brasil, as essências florais começaram a ser utilizadas na década de 1980, e na década seguinte deu-se início às primeiras pesquisas nacionais. Durante muitos anos, as essências florais não tiveram uma regulamentação por parte do governo brasileiro, embora já fosse bastante difundidas. Em 2009 o termo floralterapia foi citado pela primeira vez em uma resolução e em 2015 o Conselho Federal de Farmácia normatizou a atuação do farmacêutico nessa área. Em 2018, a terapia de florais foi incorporada pelo Ministério da Saúde à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (SÃO PAULO, 2019). A apresentação das essências florais é mais comum na forma de gotas, que podem ser administradas diretamente na boca a partir de um frasco, ou então adicionadas em um copo com água. Aplicações tópicas como sprays e cremes também são muito comuns. Embora as essências florais não apre- sentem contra indicações, elas devem ser preparadas de acordo com as características de cada indivíduo (BELLO, 2019). Edward Bach e Samuel Hahnemann (criador da homeopatia) apresentavam propósitos muito semelhantes, pois buscavam na natureza substânciasque pudessem curar todas as esferas do paciente (físico, mental e emocional). Embora os florais de Bach e a homeopatia tenham semelhanças, há muitas diferenças quanto ao modo de preparo, efeitos, etc. O Quadro 2 estabelece um comparativo entre essas duas práticas. Quadro 2. Florais de Bach versus homeopatia Florais de Bach Homeopatia Características � Não é uma especialidade médica. � Quem orienta é o terapeuta floral, que pode ser médico ou qualquer outro profissional capacitado. � Não é considerado medicamento e sim remédio floral. � É uma especialidade médica. � A prescrição é realizada por médicos, médicos veterinários ou dentistas especializados. � Farmacêuticos podem prescrever somente medicamentos isentos de prescrição médica. � É considerado medicamento homeopático. (Continua) Práticas homeopáticas e florais de uso humano 13 Florais de Bach Homeopatia Campo de ação � Age apenas no campo emocional, podendo refletir em outros corpos ou níveis. � Pode agir no campo físico, mental e emocional. Origem � Apenas do Reino Vegetal, exceto Rock Water, que é de origem mineral. � Nos quatro reinos: vegetal, mineral, animal e fungi. Método de preparo � Extração das vibrações e essências da planta com água pelo método solar ou de fervura. Em seguida, ocorrem várias diluições em Brand até chegar-se ao frasco de tratamento. � Diluições em água e/ ou etanol em diversas graduações, seguidas de trituração ou sucussões. Apresentação � Em gotas, cremes, géis, pastilhas, chicletes e spray. � Em gotas, cremes, géis, papéis, tabletes, glóbulos, injetáveis. Reações adversas � Não possui (às vezes sintomas suprimidos podem vir à tona temporariamente). � Poderá haver. Interações medicamentosas � Não há. � Poderá haver. Como atua � A pessoa busca sua própria cura com o auxílio das vibrações sutis que as essências florais possuem. � Princípio da semelhança: “semelhante cura semelhante”. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2020). De acordo com Bello (2019, documento on-line), “[...] as essências florais são extratos líquidos sutis de natureza vibracional, por incorporarem os padrões energéticos de cada flor. Atuam nos vários campos de energia do ser humano, influenciando no bem-estar mental, emocional e físico”. Assim, os florais não atuam diretamente sobre as funções fisiológicas e a bioquímica do organismo, como os fármacos tradicionais. Bello (2019, documento on-line) ainda acrescenta que, quando as essências florais são ingeridas: (Continuação) Práticas homeopáticas e florais de uso humano14 [...] as energias nelas contidas são potencializadas e assimiladas com o auxílio de um extraordinário sistema de energia biocristalina existente no interior do corpo físico. Esse sistema cristalino apresenta determinadas propriedades semelhantes às do quartzo, as quais tornam possível a transferência ressonante das energias do remédio floral para o corpo físico, a fim de que elas possam alcançar os corpos sutis. De forma simples, a ressonância ocorre quando um sistema de vibração é estimu- lado por uma força externa que combine com sua frequência natural de vibração. Cada um dos remédios descobertos pelo Dr. Bach são utilizados para equilibrar uma determinada característica ou estado emocional específico. Os florais de Bach e suas aplicações são listados a seguir (BACH CENTRE, 2020): � Agrimony — tortura mental detrás de um rosto alegre; � Aspen — medo de coisas desconhecidas; � Beech — intolerância; � Centaury — dificuldade em dizer não; � Cerato — falta de confiança nas suas próprias decisões; � Cherry Plum — medo de perder o controle; � Chestnut Bud — incapacidade de aprender com seus próprios erros; � Chicory — egoísmo e possessividade; � Clematis — sonhar com o futuro sem trabalhar no presente; � Crab Apple — remédio para limpeza e para o sentimento de autorre- jeição por desagrado; � Elm — sensação de sobrecarga por excesso de responsabilidade; � Gentian — desânimo depois de uma contrariedade; � Gorse — desespero; � Heather — excesso de preocupação por si mesmo, personalidade egoísta; � Holly — ódio, inveja e ciúme; � Honeysuckle — viver no passado; � Hornbeam — sentimento de cansaço só de pensar em fazer algo; � Impatiens — impaciência; � Larch — falta de confiança; � Mimulus — medo de coisas conhecidas e timidez; � Mustard — tristeza profunda e sem motivo aparente; � Oak — para a pessoa impassível e persistente que avança e aguenta além do limite das suas capacidades; � Olive — exaustão após esforço mental ou físico; � Pine — culpa; Práticas homeopáticas e florais de uso humano 15 � Red Chestnut — excesso de preocupação pelo bem-estar de seus entes queridos; � Rock Rose — terror e medo paralisante; � Rock Water — autonegação e repressão por rigidez; � Scleranthus — dificuldade de optar entre várias possibilidades; � Star of Bethlehem — choque; � Sweet Chestnut — angústia mental extrema, quando todas as hipóteses parecem esgotadas e a pessoa não vê luz no fim do túnel; � Vervain — excesso de entusiasmo; � Vine — excesso de autoridade, despotismo; � Walnut — proteção de influências indesejadas e em caso de mudança; � Water Violet — para equilibrar personalidades reservadas e distantes; � White Chestnut — pensamentos indesejados e incontroláveis, conflitos mentais; � Wild Oat — dúvidas sobre que direção tomar na vida; � Wild Rose — sensação de andar à deriva, apático e resignado; � Willow — autocomiseração e ressentimento. A partir do conteúdo abordado, percebe-se que as aplicações da home- opatia e das essências florais são práticas complementares em saúde. A homeopatia e a terapia floral representam hoje uma alternativa ao uso da alopatia em uma população cada vez mais preocupada com saúde e bem-estar, e acometida por diversos distúrbios emocionais. A aplicação clínica dessas terapias tem sido também incentivada por órgãos federais. É importante conhecer, porém, seus conceitos, métodos de preparo e indicações, a fim de alcançar o benefício terapêutico proposto por essas terapias. Referências BACH CENTRE. Guia de remédios. [S. l.: s. n.], 2020. Disponível em: https://www.bachcen- tre.com/pt/os-florais/os-38-remedios/guia-de-remedios/. Acesso em: 25 out. 2020. BELLO, S. R. Terapia floral. São Paulo: APANAT, 2019. Disponível em: http://apanat.org. br/terapia-floral/. Acesso em: 25 out. 2020. BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica: técnicas de manipulação de medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. (Série Eixos). BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia homeopática brasi- leira. 3. ed. Brasília: ANVISA, 2011. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/ assuntos/farmacopeia/farmacopeia-homeopatica/arquivos/8048json-file-1. Acesso em: 25 out. 2020. FONTES, O. L. et al. Farmácia homeopática: teoria e prática. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2018. Práticas homeopáticas e florais de uso humano16 RIBEIRO, J. Diferenças e semelhanças entre homeopatia e florais. [S. l.: s. n.], 2020. Disponível em: https://drajulianaribeiro.com.br/ebook. Acesso em: 14 out. 2020. SÃO PAULO. Conselho Regional de Farmácia. Homeopatia. 3. ed. São Paulo: CRF-SP, 2019. Disponível em: http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/homeopatia.pdf. Acesso em: 25 out. 2020. WAISSE, S. Efeito de ultradiluições homeopáticas em modelos in vitro: revisão da literatura. Revista de Homeopatia, v. 80, n. 1/2, p. 98–112, 2017. Disponível em: https:// pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/hom-11972. Acesso em: 25 out. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Práticas homeopáticas e florais deuso humano 17 Dica do professor Os bioterápicos são preparações medicamentosas de uso homeopático obtidas a partir de produtos biológicos quimicamente indefinidos. Como exemplo desses produtos, podemos citar secreções, excreções, tecidos e órgãos, e estes podem ser patológicos ou não. Os bioterápicos também podem ser obtidos a partir de produtos de origem microbiana e de alérgenos. Esses medicamentos podem ser classificados em duas grandes categorias: bioterápicos de estoque e isoterápicos. Podem ser utilizados para tratar reações de hipersensibilidade, infecções de etiologia conhecida e quadros provocados por um agente tóxico, dentre outros. Na Dica do Professor, conheça um pouco mais sobre os bioterápicos e suas aplicações clínicas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4b3e43901a3964c10121a62289e5bd75 Exercícios 1) A homeopatia foi inserida no Sistema Único de Saúde (SUS) como prática integrativa e complementar, por meio da Portaria no 971/2006. A respeito da prática da homeopatia, leia as assertivas abaixo e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A homeopatia baseia-se no princípio da similitude, segundo o qual busca-se tratar o paciente a partir de sintomas semelhantes aos que ele está sentindo. ( ) A prática da medicina homeopática ainda não é reconhecida como especialidade médica, embora seja uma atividade realizada frequentemente por médicos. ( ) A prática da homeopatia é recomendada em todos os níveis de atenção, que incluem os atendimentos de atenção básica e as estratégias de saúde da família. ( ) O farmacêutico pode realizar a prescrição de medicamentos dinamizados, desde que a dispensação não exija prescrição médica. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) F, V, V, F. E) V, V, V, F. A homeopatia é baseada no princípio vitalista e foi desenvolvida por Samuel Hahnemann no século XVIII. Essa prática é utilizada no tratamento de diferentes patologias clínicas, desde doenças respiratórias e alérgicas até transtornos psicossomáticos. Analise os seguintes conceitos importantes na homeopatia e relacione a primeira e a segunda colunas de forma a estabelecer a relação correta entre elas. I) Diluição. II) Insumo inerte. 2) III) Dinamização. IV) Potência. ( ) É a redução da concentração do insumo ativo (por exemplo, fármaco ou tintura-mãe) pela adição de excipientes. ( ) É o processo de diluições seguidas de sucussões sucessivas do insumo ativo em excipientes adequados. ( ) É a substância utilizada como veículo ou excipiente na preparação dos medicamentos homeopáticos. ( ) É a quantidade em números de dinamizações que um medicamento homeopático recebeu. A) I, II, IV, III. B) I, II, III, IV. C) IV, III, II, I. D) II, III, I, IV. E) I, III, II, IV. 3) Leia o trecho a seguir, sobre um processo utilizado na preparação de medicamentos homeopáticos: A ______________ é o processo manual que consiste em agitar, de forma vigorosa e ritmada e contra um anteparo semirrígido, o frasco do insumo ativo previamente diluído em insumo inerte adequado. Esse processo também pode ser realizado de forma automatizada, desde que seja validado e simule adequadamente o processo manual. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o método descrito: A) diluição. B) sucussão. C) trituração. D) infusão. E) maceração. 4) Os medicamentos homeopáticos são oriundos dos reinos vegetal, mineral, animal e Fungi. Estão disponíveis comercialmente em diferentes apresentações, como tabletes, glóbulos, líquidos e pós. Pode-se afirmar que é um medicamento homeopático obtido a partir do reino vegetal: A) Digitalis Purpurea. B) Acidum Phosphoricum. C) Apis Mellifica. D) Agaricus Muscarius. E) Mercurius Solubilis. 5) A terapia floral é um método terapêutico que foi incorporado na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em 2018. Essa terapia teve origem na Inglaterra, no século XX, a partir dos estudos do médico Edward Bach, expandindo-se para todo o mundo a partir da década de 1970. Sobre a terapia floral, é CORRETO afirmar: A) É uma especialidade médica que busca restabelecer o equilíbrio mental e emocional dos indivíduos. B) As essências florais exercem sua atividade por meio da atuação em receptores e/ou moléculas-alvo no organismo. C) Os florais de Bach são medicamentos homeopáticos comercializados principalmente na forma de gotas, cremes e géis. D) Tem como base a responsabilidade do indivíduo pela própria saúde, podendo ser utilizada por pessoas de todas as idades. E) Os florais de Bach são obtidos por meio da extração das vibrações de matérias-primas oriundas dos reinos vegetal, mineral e animal. Na prática As pesquisas do dr. Edward Bach, no início do século XX, resultaram em 38 substâncias florais, conhecidas como “florais de Bach”. O sistema floral concebido pelo Dr. Bach tem como objetivo ser simples e aplicável a qualquer pessoa, inclusive a bebês e crianças. Cada um dos florais de Bach está associado a uma emoção humana básica e busca restabelecer o equilíbrio mental e emocional dos pacientes. Neste Na Prática, conheça um estudo de caso em que a mãe procura um terapeuta floral em busca de um tratamento para as dores de estômago da sua filha de 10 anos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja, a seguir, as sugestões do professor: Evidências científicas em homeopatia Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Homeopatia no tratamento da asma brônquica No trabalho a seguir, veja o relato de um caso em que foi utilizada uma associação do medicamento homeopático Silicea ao tratamento convencional da asma brônquica, resultando em melhora do quadro clínico do paciente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Terapia floral como prática integrativa e complementar do SUS No vídeo a seguir, assista a uma palestra da terapeuta floral Lizete de Paula, presidente honorária do Conselho Nacional de Autorregulamentação da Terapia Floral (Conaflor) e da Associação dos Terapeutas de Essências Florais (Rioflor), sobre a terapia floral, que tem o objetivo de contribuir para o equilíbrio emocional do paciente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.bvshomeopatia.org.br/revista/DossieEvidenciasCientificasHomeopatiaRevistaAPHBrasilCompleta.pdf http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/08/1009519/tcc-homeopatia-solange-turma-2017.pdf https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/pics-florais-les-1947 Ayurveda Apresentação O Ayurveda é reconhecido como um dos sistemas holísticos de cura mais antigos da humanidade, sendo praticado na Índia por mais de 5 mil anos. Ayurveda é uma combinação de duas palavras sânscritas, significando ciência (veda) da vida (ayur). A medicina ayurvédica apresenta vários recursos para que o indivíduo possa alcançar a saúde ideal, mas também reforça que, para essa totalidade ser atingida, deve-se viver em completa harmonia com o meio ambiente. Para atingir esse estado de equilíbrio, é necessário que o indivíduo compreenda, primeiro, sua própria natureza. Só assim ele pode fazer escolhas inteligentes, que o sustentem nessa jornada. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como o Ayurveda surgiu e conseguiu se manter até os dias atuais, quais são os métodos e as abordagens práticas ayurvédicas, o que preconiza os principais tratados médicos dessa ciência e como ela pode ser aplicada partindo de características próprias do indivíduo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a história e a utilização do Ayurveda.•Relacionar Charaka Samhita, Sushruta Samhita e Ashtanga Hridaya à prática ayurvédica.• Aplicar o conhecimento dos doshas na compreensão do indivíduo.• Infográfico Diversas culturas têm diferentes tipos de medicina para curar ou tratar doenças. A medicina ocidental baseia-se em tratamentos alopáticos por meio de medicamentos prescritos. As empresas farmacêuticas controlam o Ocidente devido à forte dependência de médicos e pacientes a esses medicamentos. Na contramão desse cenário, as medicinas orientais (dentre elas, a ayurvédica) fazem uso de tratamentos medicinais à base de ervas, cuidando de aspectos físicos e mentais do indivíduo. Essa abordagem holística é muito mais efetiva em relação à terapêutica praticada pela medicina ocidental. No Infográfico a seguir, observe várias utilizações do Ayurveda e relacione as principais diferenças entre a medicina ocidental e a medicina ayurvédica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/88950535-245e-41bb-b73d-e8288e93faf4/30685e58-e083-4e23-92bd-d3646abb3a9c.png Conteúdo do livro As práticas integrativas e complementares em saúde estão conquistando cada vez mais espaço na cultura ocidental. Tal fato se deve a sua abordagem diferenciada, que apresenta um olhar atento para o indivíduo de uma maneira holística, visando à garantia de uma melhora da saúde física, mental e espiritual. Porém, pesquisas recentes envolvendo essas práticas apresentam limitações quanto ao rigor ou credibilidade científica de seus estudos, principalmente quando comparadas às pesquisas da medicina convencional. Acredita-se que, quanto mais profissionais de saúde capacitados abordarem esses tipos de práticas complementares no cuidado da saúde, maior será a credibilidade e a repercussão dessa medicina alternativa na sociedade, promovendo benefícios, como, por exemplo, a diminuição de doenças crônicas. No capítulo Ayurveda, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver como essa prática milenar pode atuar no indivíduo como um todo, considerando o sujeito como o foco principal do tratamento, e não a doença. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a história e a utilização da ayurveda. > Relacionar Charaka Samhita, Susruta Samhita e Ashtanga Hridaya à prática ayurveda. > Aplicar o conhecimento dos doshas na compreensão do indivíduo. Introdução A última década testemunhou muitos fatos marcantes que aumentaram a credi- bilidade do antigo sistema védico de medicina conhecido como ayurveda. Esse sistema indiano apresentou um aumento expressivo em popularidade no Ocidente, com muitos profissionais de saúde da medicina tradicional colocando em prática seu simples e profundo sistema de compreensão de saúde/doença baseado principalmente na função integrada dos três doshas (tridosha). Segundo a medicina ayurvédica, os doshas constituem sistemas de função regulatória, cada qual com sua particularidade. Portanto, trata-se de uma ciência que aborda o conhecimento da saúde e a predisposição à doença com base na compreensão do próprio indivíduo, inserido em um ambiente que muitas vezes prejudica seu estado inicial de equilíbrio. Neste capítulo, você verá como se deu o surgimento e a consolidação dessa ciência milenar e conhecerá os principais tratados médicos que a fundamentam e lhe conferem credibilidade. Por fim, estudará sua forma peculiar de atuação na manutenção e reconstrução do equilíbrio do indivíduo baseado principalmente na teoria dos tridoshas. Ayurveda Ana Paula Vieira Marciano Origem e aplicação da ayurveda Há alguma controvérsia sobre exatamente quando se deu início da prática da ayurveda, mas acredita-se que inicialmente seus ensinamentos foram transmitidos por tradição oral, e não por meio de textos (JAISWAL; WILLIAMS, 2016). Muitos creem que suas origens datam de mais de 5000 anos atrás. A civilização védica no sudeste da Ásia migrou para o sul para criar a ayurveda, enquanto a civilização austral criou a medicina tradicional chinesa. Antigos sábios passaram incontáveis horas meditando juntos, e os con- ceitos da ayurveda tornaram-se conhecido por eles. Acredita-se que a esses sábios eram dadas informações diretamente de Deus. Eram estudiosos da natureza e sentiam que compreendiam a lei natural do universo, incluindo o ritmo humano natural (ciclo circadiano) e a conexão com o mundo. A trans- missão dos conhecimentos da medicina ayurvédica de uma geração para a outra iniciou-se na forma oral. Durante esse tempo, os indivíduos eram analisados como seres únicos que entravam em desequilíbrio quando seus sistemas tornavam-se desconectados da natureza. Manifestações de enfer- midades ocorriam quando a cura natural do corpo era prejudicada. Com o passar do tempo, esse conhecimento foi registrado na forma de texto, tendo como tratado médico principal o Charaka Samhita (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Segundo Payyappallimana e Venkatasubramanian (2016), vaidyas (médicos ayurvédicos) carregaram esse conhecimento consigo e trataram milhares de pacientes segundo esse modelo. As abordagens de tratamento envolviam mudanças na dieta, utilização de ervas, uso de massagens e práticas de pu- rificação. Todas essas formas de tratamento tinham como objetivo equilibrar a fisiologia do indivíduo. Eventualmente, esse conhecimento ayurvédico se espalhou para outras partes do mundo. Em 1835, os britânicos proibiram a ayurveda, promovendo em vez disso o crescimento da medicina ocidental. A ayurveda ainda era praticada silenciosamente e continuou a sobreviver durante esse tempo. Centros ayur- védicos não eram tolerados, e foram, de fato, impedidos de disseminar essa sabedoria antiga. Após a independência da Índia, em 1947, a ayurveda pode lentamente ser praticada novamente e em números crescentes. Finalmente, em 1971, a medicina ayurvédica foi autorizada a fazer parte do sistema de saúde oficial da Índia. A partir dessa época, a ayurveda disseminou-se por diversas regiões, como Europa, Japão, Austrália e Rússia, além da América do Norte e do Sul (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Ayurveda2 Nos dias atuais, a visão da medicina ocidental ainda está fundamentada basicamente no tratamento dos sintomas diagnosticados, mesmo com ações incipientes na prevenção. Ações medicamentosas e procedimentos invasivos são os recursos mais frequentemente utilizados, o que proporciona um alívio quase imediato dos sintomas no indivíduo. Além disso, outras formas como a utilização de medicamentos preventivos atuam no intuito de diminuir a gravidade da doença, bem como aliviar uma sintomatologia aguda. Na contramão da medicina moderna, a abordagem ayurvédica oferece um fundamento mais holístico em detrimento ao modelo clássico. Para a medicina ayurvédica, curar a mente e o corpo requer um protagonismo do indivíduo, para que ele possa atingir seu estado de equilíbrio. Tal feito pode ser alcançado transformando seu estilo de vida e seus hábitos alimentares com o auxílio de ervas. Essa sabedoria milenar oferece uma gama de etapas com o intuito de gerar uma fisiologia mais equilibrada, garantindo a resolução das diversas enfermidades (SEN; CHAKRABORTY, 2015). A ayurveda emprega a crença de que, para prevenir um sofrimento desne- cessário e retardar o processo degenerativo, é necessária uma intervenção por meio de uma orientação nutricional, medicamentos fitoterápicos, terapia de exercícios, meditação transcendental, rejuvenescimento especial e terapias de purificação. Portanto, a ayurveda se concentra no tipo de pessoa e não no tipo de doença, o que faz com que o método seja centrado no paciente (RAO, 2015). Nesse âmbito, o diagnóstico envolve a observação, toque e anamnese do paciente. O exame clínico inclui diagnóstico de pulso, exame de urina, exame de fezes, exame de língua, exame de corpo, sons, exame ocular,exame de pele e avaliação da aparência corporal total. Cabe salientar a importância, no exame clínico, da avaliação da língua, considerada na ayurveda como o espelho das vísceras. A descoloração e/ou sensibilidade de uma área específica da língua indica um distúrbio no órgão correspondente a essa área. Uma língua esbranquiçada indica um distúrbio do dosha kapha e acúmulo de muco; um a língua vermelha ou verde-amarelada indica um distúrbio do dosha pitta; e uma coloração preta a marrom indica um distúrbio do dosha vata (a análise dos doshas será apresentada mais adiante). Recomenda-se raspar a língua todos os dias (SEN; CHAKRABORTY, 2017). O respador de língua e outros utensílios aplicados na medicina ayurvédica são mostrados na Figura 1. Ayurveda 3 Figura 1. Utensílios empregados em procedimentos de limpeza ayurveda: limpador de língua, pílulas fitoterápicas e irrigador nasal. Fonte: Koldunov/Shutterstock.com. O tratamento na medicina ayurvédica aborda quatro etapas principais. A primeira é o shodan, que indica limpeza/depuração do corpo. A segunda é o xamã, que aborda um método paliativo de tratamento, em que podemos incluir a ioga. Como terceira forma, o rasayan está envolvido com os proces- sos de rejuvenescimento do corpo. Por fim, o satwajaya aborda aspectos da nutrição mental e cura espiritual. Um tratamento de limpeza comum utilizado na terapia ayurveda é o método panchakarma. A terapia panchakarma aplica vários processos para o rejuve- nescimento do corpo, depurando-o e, assim, aumentando sua longevidade. O panchakarma é composto de cinco karmas (ações), que são usadas para remoção de toxinas dos tecidos do corpo: o virechan (purgação pelo uso de pós, pastas ou de cocção com ervas); a ação conhecida como vaman (vômito terapêutico induzido pelo uso de alguns medicamentos); o basti, que trata-se de lavagens intestinais (enemas) preparados a partir de óleos medicamento- sos; o rakta moksha (desintoxicação do sangue); e nasya (administração de medicamentos fitoterápicos para decocções, óleos e vapores por via nasal) (SEN; CHAKRABORTY, 2017). Primeiramente, o panchakarma consiste em três etapas: poorvakarma (processo preparatório do corpo para a terapia); pra- dhankarma (processo principal da terapia); e karma paschat (que consiste em etapas a serem seguidas visando restaurar o sistema digestório e outras Ayurveda4 formas de procedimentos de absorção do corpo, na tentativa de retornar para o seu estado normal). Podemos citar vários produtos bastante utilizados na ayurveda que auxiliam nas suas diversas técnicas. A manteiga clarificada (ghee) e óleos medicinais são muito usados no processo de oleação. Há também a sudorese provocada pela exposição ao vapor, em determinadas áreas do corpo, bom como o vômito induzido, ou vamana, ocasionado pela administração de de- cocção de alcaçuz e mel em uma preparação de coalhada e arroz. Acredita-se que essas substâncias são responsáveis pelo aumento do efeito de vômito. Por sua vez, a virechana, ou terapia laxativa, é realizada pela administração de ervas e líquidos como sene, leite de vaca, semente de psyllium e óleo de rícino. Os enemas utilizados no panchakarma podem ser preparados a partir de óleos medicinais ou de cocção de ervas como gergelim ou anis (SEN; CHAKRABORTY, 2015). Na prática, a ayurveda aborda oito disciplinas denominadas ashtanga ayurveda: � kayachikitsa — tratamento envolvendo a medicina clínica; � bhootavidya — tratamento de distúrbios psicológicos; � kaumar bhritya — tratamento pediátrico; � rasayana — estudo da geriatria; � vajikarana — tratamento através de afrodisíacos e eugênicos; � shalya — tratamento cirúrgico; � shalakya — tratamento otorrinolaringológico e oftalmológico; � agada tantra — tratamento toxicológico. A medicina moderna avançou muito com práticas abrangentes de pre- venção, como as grandes campanhas de vacinação, mas essa medicina ainda possui uma abordagem dual (tratamento/prevenção) predominantemente ofensiva para a saúde. Nos últimos 50 anos, observa-se um aumento na incidência e gravidade de doenças crônicas, afetando negativamente a saúde da população. Segundo Jaiswal e Williams (2016) a deterioração progressiva na saúde, de uma maneira geral, gera grandes impactos tanto na economia quanto na degradação ambiental do planeta. Assim, a melhoria em nossa saúde seria crucial para a melhoria da saúde do planeta. Diante desse cenário, apresentaremos alguns métodos utilizados pela ayurveda que contribuem para uma melhor prevenção de doenças e manutenção da saúde. A conexão das faculdades sensoriais (visão, audição, olfato, paladar e tato) e da psique, trabalhando o corpo e a mente, é alcançada pela meditação, Ayurveda 5 pranayama (técnica de respiração) e exercícios de ioga. Estudos demonstram benefícios da meditação na saúde, devido à redução da atividade do sistema nervoso simpático e aumento da atividade do sistema nervoso parassimpá- tico. Além disso, a prática de pranayama contribui para o fortalecimento do sistema imunológico, pois aumenta a capacidade vital dos pulmões, reduz o colesterol e a pressão arterial, diminui a frequência cardíaca e regula as funções das glândulas adrenais (JAISWAL; WILLIAMS, 2016). Outro método refere-se ao equilíbrio dos três doshas para uma boa saúde. Os doshas são princípios reguladores fisiológicos fundamentais do corpo, a serem descritos em detalhes posteriormente no capítulo. O equilíbrio do corpo é alcançado pela purificação diária e sazonal do excesso de dosha. Outra contribuição para manutenção da saúde refere-se ao equilíbrio de agni (responsável pela digestão, metabolismo e transformação). Os estados patológicos estão relacionados a uma diminuição de agni (mandagni). Este é estimulado por uma alimentação orientada, recomendando-se comer alimen- tos quentes, leves e frescos, e somente quando há fome. Podemos estimular o agni com ervas, como o gengibre. Na ayurveda uma boa nutrição abrange sabor, qualidade da alimentação, horários corretos do dia, estação do ano e estado da fisiologia corporal (JAISWAL; WILLIAMS, 2016). Por fim, deve-se garantir que os resíduos da digestão e do metabolismo, em vários níveis, sejam bem excretados. Evacue e limpe as cavidades do corpo regularmente. Em conjunto, todos esses métodos ajudam a estabelecer um estado de equilíbrio corporal. Assim, meditação, pranayama e ioga ajudam a equilibrar os doshas, enquanto o agni e a excreção de produtos residuais levam ao alcance de uma saúde perfeita. Tratados médicos que consolidaram a prática ayurvédica A ayurveda tem suas bases estabelecidas por antigas escolas que ensinavam a filosofia hindu, denominadas vaisheshika, e pela escola de lógica conhecida como como nyaya. A escola vaisheshika pregou sobre inferências e percepções que devem ser obtidas sobre as condições patológicas de um paciente com indicação para tratamento. Por sua vez, a escola nyaya propagou seus ensinamentos com base em que se deve ter um amplo conhecimento da condição do paciente e da sua doença antes do tratamento. A escola vaisheshika classifica os atribu- Ayurveda6 tos de qualquer objeto em seis tipos: substância, particularidade, atividade, generalidade, hereditariedade e qualidade (JAISWAL; WILLIAMS, 2016). Mais tarde, as escolas vaisheshika e nyaya se fundiram, o que permitiu valorizar e disseminar o conhecimento sobre a ayurveda. Mesmo antes dessas escolas serem estabelecidas, a origem da ayurveda era considerada divina. Acreditava-se que o criador do universo transmitira esse conhecimento ho- lístico de cura para os sábios visando o bem-estar da humanidade (JAISWAL; WILLIAMS, 2016). Esse conhecimento milenar foi passado dos sábios para os discípulos e depois para o indivíduo comum por meio de várias escrituras e histórias. As informações sobre as propriedades curativas das ervas foram compostas na forma de poemas, chamados shlokas, usados por sábios para descrever o uso de plantas medicinais. Acredita-seque o sistema hindu de cura foi baseado em quatro distintas codificações de conhecimento (Vedas): Yajur Veda, Rig Veda, Sam Veda e Atharva Veda. O Rig Veda é o mais conhecido de todos os quatro conhecimentos e descreve 67 plantas e 1.028 shlokas. O Atharva Veda e o Yajur Veda descrevem, respectivamente, 293 e 81 plantas medicinais úteis (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). De acordo com os tratados médicos, foi apenas durante o período pós- -védico (800 a.C. a 1000 d.C.) que a antiga medicina indiana começou a se desenvolver e a assumir a forma como é conhecida atualmente. Uma interes- sante história ilustra o encanto e a dificuldade em obter informações precisas sobre esses conhecimentos vedas, assim como em decifrar fatos da prática ayurvédica. Relata-se que durante uma conferência de antigos rishis (viden- tes), foi determinado que alguém deveria obter conhecimentos médicos para curar os muitos males que assolavam a humanidade. Esse conhecimento foi transmitido pelo criador divino Brahma para Daksha, depois para os gêmeos Ashwini e, finalmente, para Indra, Senhor dos Céus. Bharadwaja se ofereceu em missão de trazer as informações necessárias de Indra. Assim, teria sido Agnivesha (cerca de 800 a.C.), um estudante do mestre Purnavasu Atreya, o autor do primeiro tratado ayurvédico indiano (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Portanto, as escrituras Rig Veda e Atharva Veda são atribuídas a Purnavasu Atreya, sendo que esse conhecimento foi editado por Charaka e alguns outros estudiosos. Atualmente esse texto é dividido nos tomos Charaka Samhita, que descreve todos os aspectos da medicina ayurvédica, e Sushruta Samhita, que descreve os aspectos relacionados à ciência antiga da cirurgia. Essas duas lendárias compilações ainda são utilizadas por praticantes da medicina tradicional (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Ayurveda 7 Para nos aprofundarmos nos textos de Charaka Samhita, é preciso discorrer sobre o médico Charaka. Há uma discordância considerável sobre o período durante o qual Charaka viveu, com estudiosos citando de 500 a.C. a 200 d.C. Também pouco se sabe sobre sua biografia. Sugere-se que o nome Charaka foi adotado como uma denominação genérica para médicos errantes. Charaka foi importante por reescrever e editar o texto de Agnivesha, enquanto o pró- prio texto de Charaka foi mais tarde revisado por Dridhbala. Portanto, este tornou-se o tratado médico atualmente disponível como Charaka Samhita. A obra compreende 120 capítulos e é dividida em oito seções. Traduções do texto original em sânscrito para o inglês contemplam mais de mil páginas. O material aborda anatomia, fisiologia, diagnóstico e tratamento (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). No seu tratado, Charaka enfatizou uma abordagem racional da etiologia e do tratamento das doenças e se fundamentou fortemente no exame físico e na observação direta. Ele acreditava que o sucesso nessa área exigia um trabalho em equipe, enfatizando que a habilidade do médico precisava ser complementada por cuidados de enfermagem adequados, intervenções dietéticas e terapêuticas e participação ativa do paciente (RAO, 2015). Charaka introduziu o conceito de digestão, imunidade, metabolismo e características herdadas. Além disso, atribuiu um papel central ao coração e ensinou que o corpo continha 360 ossos (incluindo os dentes). Ele foi muito aceito por propor uma ideia revolucionária: que a prevenção era tão ou mais importante que o tratamento. Além disso, ele acreditava que o tratamento deveria ser personalizado para cada paciente, visto que as condições em que a doença se manifestava variam entre um paciente e outro. O tratado Charaka Samhita foi um marco importante no avanço da medicina indiana antiga, quebrando a crença de que a doença era causada por forças sobrenaturais, exigindo tratamento por meio de orações e rituais. Em vez disso, Charaka acreditava que a doença era causada por fenômenos naturais, não espirituais, e, portanto, eram necessários meios para possibilitar a cura (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Outro tratado médico de suma importância na ayurveda intitula-se Sushruta Samhita, atribuído ao médico indiano Sushruta, considerado o pai da cirurgia indiana, bem como o primeiro cirurgião plástico do mundo. Talvez seja considerado o mais relevante de todos os antigos médicos indianos. Estudou medicina e cirurgia com Divodasa Dhanvantari, rei de Kashi (Vara- nasi), e fundador da ayurveda. Princípios éticos introduzidos no Ocidente por Hipócrates, (médico grego, pai da medicina ocidental) têm grande semelhança com os princípios promulgados inicialmente por Sushruta e, posteriormente, Ayurveda8 por Charaka. Sushruta enfatizou a importância do equilíbrio entre o conhe- cimento teórico e a experiência prática para obtenção de bons resultados (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). O texto atribuído a Sushruta denomina-se Sushruta Tantra, embora não disponível em sua forma original. Posteriormente, foi revisado e expandido por Nagarjuna, no tratado médico que agora conhecemos como Sushruta Samhita. Ele contém capítulos sobre reconhecimento e tratamento de doenças, instrumentos cirúrgicos, procedimentos cirúrgicos e gestão de intoxicações. Tópicos de interesse específico incluem hemorroidas, obstrução intestinal, cuidado de feridas, aplicação de curativos, perfuração do lóbulo da orelha, cirurgia de catarata, cateterismo vesical, uso de sanguessugas, bem como tratamento de mulheres e crianças (SEN; CHAKRABORTY, 2017). Álcool e outros sedativos à base de plantas foram mencionados no texto, cujas utilizações propiciavam o domínio da dor, efeitos de am- nésia e controle do movimento do paciente. Sushruta foi o primeiro médico a defender a fisioterapia para pacientes em recuperação de uma cirurgia. As técnicas descritas por ele foram usadas por cirurgiões britânicos na Índia no século XVIII e por cirurgiões italianos dois séculos antes (SEN; CHAKRABORTY, 2017). Detalhes vitais dos tratados de Charaka Samhita e Susruta Samhita foram compilados e atualizados inicialmente nos textos Astanga Sangraha e poste- riormente no tratado Astanga Hridaya. Este refere-se a outro tratado médico ayurvédico com grande impacto, ao relacionar a interferência ambiental na saúde humana. Postulado pelo médico indiano chamado Vagbhata, autor dos textos médicos Ashtanga Hridaya e Ashtanga Sangraha (MUKHERJEE; VENKATESH; PONNUSANKAR, 2010). Seguidor da escola Charaka, sua obra, junto com as obras de Charaka e Sushruta, são citadas como Brhat Trayi (uma tríade de grandes composições). A composição do Ashtanga Hridaya é condensada e mais focada, sendo os textos mais uma compilação do existente conhecimento da época. Vagbhata rompeu com a tradição da época, questionando os conceitos e ideias por trás dos doshas kapha, pitta e vata. Sua obra enfatizava a importância da higiene pessoal para a boa saúde, e introduziu a importância do combate à poluição, discorrendo sobre o papel dos contaminantes na água dos rios e seus efeitos negativos na saúde. A obra também aborda o preparo de vários antídotos e a elaboração de suas fórmulas, algumas das quais estão em uso até hoje (como a tintura asafetida churna, utilizada contra problemas estomacais) (SEN; CHAKRABORTY, 2017). Particularidades do indivíduo pela óptica ayurvédica Ayurveda 9 A ayurveda acredita que todo o universo é composto por cinco elementos: vayu (ar), jala (água), aakash (espaço ou éter), prithvi (terra) e teja (fogo), referidos em geral como pancha mahabhoota. Pela combinação deles de maneiras variadas formam-se três humores (energias) básicos do corpo humano, vata dosha, pitta dosha e kapha dosha, chamados coletivamente de tridoshas (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). A teoria tridosha define as três energias ou princípios fundamentais que governam as funções básicas de nossos corpos nos níveis físico e emocional. Cada indivíduo tem um equilíbrio único dessas três energias.Algumas pessoas serão predominantes em um dosha, enquanto outras são uma mistura de dois ou mais doshas. Vamos examinar cada um deles a seguir. Os indivíduos do tipo vata dosha são compostos dos elementos ar e éter. Isso significa que possuem qualidades semelhantes a esses elementos. O indivíduo predominantemente vata é muito parecido com o vento — é leve, frio, seco e móvel. No corpo, as pessoas com natureza vata experimentam mais dessas qualidades. Seus corpos tendem a ser leves, seus ossos finos e sua pele e cabelos secos. Eles geralmente se movem e falam rapidamente. Quando desequilibrados, podem perder peso, ter constipação e apresentam fraqueza nos sistemas imunológico e nervoso (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Essas qualidades também se refletem em sua personalidade. Aqueles com uma natureza vata tendem a ser falantes, entusiasmados, criativos, flexíveis e enérgicos. No entanto, quando desequilibrados, também podem ficar facilmente confusos e oprimidos, ter dificuldade em se concentrar e tomar decisões e ter problemas para dormir. Isso fica mais evidente quando eles estão sob estresse. Emocionalmente, são desafiados por emoções frias como preocupação, medo e ansiedade (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Para trazer equilíbrio ao vata, são elaborados programas que enfatizam as qualidades opostas de calor, peso (nutrição), umidade e estabilidade. Na alimentação, isso se reflete no consumo de grãos e vegetais cozidos, bem como na ingestão de leite morno com temperos. Ervas picantes como o gen- gibre, que aumentam o calor interno, e ervas nutritivas como ashwagandha trazem equilíbrio a vata. Os programas ayurvédicos incluem não apenas ervas e dieta, mas também terapias com cores e aroma, desintoxicação, ioga e meditação (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Já as pessoas do tipo pitta dosha são compostas dos elementos fogo e água. Pitta tende a ser quente, afiado e penetrante. Também é um pouco volátil e oleoso. A natureza oleosa de pitta está relacionada ao componente secun- dário da água. Pessoas com uma natureza pitta refletem essas qualidades. Eles tendem a ser quentes e ter pele um tanto oleosa, olhos penetrantes e Ayurveda10 feições marcantes. Também tendem a ter pesos moderados e boa musculatura. Quando desequilibrados, tendem a apresentar diarreia, infecções, erupções cutâneas e fraqueza no fígado, baço e sangue (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Essas qualidades também se refletem em suas personalidades. Pessoas pitta tendem a ser comunicadores altamente focados, competitivos, capazes, corajosos, enérgicos e muito objetivos. Emocionalmente, são desafiados pelas emoções acaloradas de raiva, ressentimento e ciúme. Para trazer equilíbrio ao pitta, os programas são elaborados para enfatizar as qualidades opostas de frescor, peso (nutritivo) e secura. Especiarias fres- cas como erva-doce são recomendadas na dieta, junto com alimentos como vegetais crus, arroz cozido e trigo, assim como a maioria dos feijões. Ervas doces como shatavari são usadas para nutrir o corpo, enquanto os amargos, como a raiz do dente-de-leão, temperam o fogo (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Dentro do kapha dosha, há uma predominância dos elementos água e terra. Como esses elementos, kapha tende a ser frio, úmido, estável e pesado. No corpo, essas qualidades se manifestam como ossos densos e pesados, pele lustrosa e flexível, baixo metabolismo e estruturas grandes e atarracadas. Além disso, aqueles com natureza kapha tendem a se sentir relaxados. Quando desequilibrados, os indivíduos kapha tendem a ganhar peso e a apresentar fraquezas nos pulmões e nos seios da face, onde há acúmulo de muco (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). Os elementos água e terra também se refletem na personalidade. A na- tureza pesada e estável de kapha se reflete em uma personalidade estável, que não é propensa a flutuações rápidas. Aqueles com uma natureza kapha lidam muito bem com o estresse, muitas vezes nem mesmo percebendo que ele existe. Não gostam de mudanças, são geralmente conservadores e preferem manter as coisas como estão. Além disso, buscam conforto, o que está relacionado à natureza suave e aquosa de kapha. Muito conforto, no entanto, pode levar à falta de motivação e à sensação de travamento. Quando kapha está desequilibrado, surgem fortes emoções de depressão e letargia (ROTTI; RAVAL; ANCHAN, 2014). A fim de trazer equilíbrio para a natureza kapha, as qualidades opostas de leveza, secura e calor são recomendadas. Essas qualidades são integra- das em programas dietéticos e fitoterápicos, bem como em aromatizantes e cromoterapia, desintoxicação, ioga e meditação. Grãos como quinoa e amaranto são recomendados, bem como especiarias picantes como pimenta caiena. Muitos vegetais e poucas nozes ou laticínios são prescritos. Ervas purificadoras, como dente-de-leão, e outras picantes, como cravo-da-índia, trazem equilíbrio ao kapha. Ayurveda 11 Na ayurveda, acredita-se que o catabolismo do corpo seja governado por vata, o metabolismo seja regido por pitta e o anabolismo por kapha. Para um estado saudável de saúde, um equilíbrio entre os três doshas e outros fatores devem ser mantidos. Para a ayurveda, qualquer desequilíbrio entre os três doshas pode causar um estado de doença ou enfermidade (RAO, 2015). Na medicina ayurvédica, um perfeito equilíbrio entre os elementos da natureza e as tridoshas no corpo humano deve ser mantido para garantia de um estado saudável de vida. Além dos doshas, outros importantes fato- res considerados na doutrina ayurveda são os tri malas e trayodosa agni. Tri malas são os três tipos de resíduos formados no corpo devido às suas funções metabólicas e digestivas: mutra (urina), purisa (fezes) e sveda (suor) (SEN; CHAKRABORTY, 2017). A ayurveda explica que, se o equilíbrio entre os tridosha não forem man- tidos, os resíduos do corpo não serão efetivamente eliminados, o que leva a complicações adicionais, como diarreia, constipação, asma, artrite reumatoide e outras complicações. Se o mutra mala (urina) não for removido do corpo, pode causar infecções do trato urinário, cistite e dor gástrica. Se o sveda mala não é eliminado do corpo, pode causar irritação na pele, problemas e equilíbrio inadequado de fluidos. De acordo com os princípios de ayurveda, o fogo biológico do corpo para todos os processos com funções metabólicas é chamado de agni. Existem 13 categorias de agni em um corpo humano, sendo o mais importante aquele responsável pelo fogo digestivo, chamado de jatharagni. Jatharagni tem uma relação próxima com pitta e finalmente com vata do corpo. Quando o fogo digestivo do corpo é intensificado pelo aumento das condições de acidez, a elevação dos níveis de pitta e seus sintomas relativos são observados. O fogo digestivo é importante no controle da microflora normal, funções digestivas adequadas e fornecimento de energia para todo corpo. Qualquer perturbação no seu equilíbrio cria desconforto para o trato gastrointestinal e resulta em complicações patológicas como úlceras, diarreia e constipação (SEN; CHAKRABORTY, 2017). Para determinar a constituição de uma pessoa, um especialista clínico em ayurveda conduz uma consulta de aproximadamente duas horas, exami- nando cada aspecto da pessoa. Essa avaliação física, emocional e espiritual identifica o equilíbrio das energias no corpo do indivíduo, bem como as áreas de desequilíbrio. Uma vez que a natureza da pessoa e o desequilíbrio são identificados, o especialista clínico em ayurveda pode então montar um programa de tratamento envolvendo dieta e ervas apropriadas, aromas, cores, ioga e meditação, com o objetivo de restaurar ou manter o equilíbrio. Ayurveda12 Portanto, considerando a constituição corporal, a história patológica, as características dos doshas, o estilo de vida e as condições ambientais com a rotina do indivíduo, a ayurveda tem muitas estratégias de tratamento visando promover seu bem-estar. Assim, fica claro que a ayurveda apresenta inúme- ras contribuiçõesno campo da ciência, incluindo diversos utensílios (óleos e ervas) e métodos (pradhankarma) para garantia de um corpo harmônico. Associado a isso, a medicina ayurvédica propõe uma base que lhe confere sustentação e credibilidade científica — a teoria do tridosha (vata, pitta e kapha). Essa teoria fundamentalmente traz a ayurveda para o campo da aplicação clínica, ao oferecer um formato compreensível para sua utilização na causa da saúde humana. Vimos que a aplicação correta dessa teoria, que preconiza o funcionamento fisiológico do corpo vivo, garante o equilíbrio dos três doshas e contribui para a ideia ayurvédica da relação saúde/doença em um sentido mais amplo. Diante desse cenário, a ayurveda marcou o início de uma nova era, com uma maior receptividade à medicina oriental. Suas práticas complementares deram vida a uma visão integral de saúde, com uma abordagem orientada para um sentido mais amplo de cura, que visa tratar o corpo, a mente e o espírito, buscando a qualidade de vida total. Associado a isso, os princípios ayurvédicos promovem atitudes positivas como melhorias nas relações entre médico e paciente, combinadas a tratamentos convencionais e terapias complementares com segurança e eficácia cientificamente comprovadas. Referências JAISWAL, Y. S.; WILLIAMS, L. L. A glimpse of Ayurveda - The forgotten history and prin- ciples of Indian traditional medicine. J Tradit Complement Med., v. 28, n. 7, p. 50-53, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5198827/. Acesso em: 18 dez. 2020. MUKHERJEE, P.; VENKATESH, P.; PONNUSANKAR, S. Ethnopharmacology and integrative medicine — let the history tell the future. Journal of Ayurveda and Integrative Medicine, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: https://link.gale.com/apps/doc/A231482263/AONE?u=ca pes&sid=AONE&xid=cbe95796. Acesso em: 18 dez. 2020. PAYYAPPALLIMANA, U.; VENKATASUBRAMANIAN, P. Exploring Ayurvedic Knowledge on Food and Health for Providing Innovative Solutions to Contemporary Healthcare. Front. Public Health, v. 4, n. 57, 2016. Disponível em: https://www.frontiersin.org/ articles/10.3389/fpubh.2016.00057/full. Acesso em: 18 dez. 2020. RAO, G. Integrative approach tohealth: Challenges and opportunities. Journal of Ayur- veda and Integrative Medicine, v. 6, n. 3, 2015. Disponível em: https://link.gale.com/apps/ doc/A431339990/AONE?u=capes&sid=AONE&xid=ae398b98. Acesso em: 18 dez. 2020. ROTTI H.; RAVAL R.; ANCHAN S. Determinants of prakriti, the human constitution type sof Indian traditional medicine and its correlation with contemporary science. J Ayur- Ayurveda 13 veda Integr Med. v. 5, n. 3, 167–175, 2014. Disponível em: https://go.gale.com/ps/i.do? st=T002&lm=DA~120140000&qt=SP~167~~IU~3~~SN~09759476~~VO~5&sw=w&ty=as&it =search&sid=AONE&p=AONE&s=RELEVANCE&u=capes&v=2.1&asid=be65d670. Acesso em: 18 dez. 2020. SEN, S.; CHAKRABORTY, R. Toward the integration and advancement of herbal medicine: a focus on traditional Indian medicine. Botanics: Targets and Therapy, v. 5, p. 33-44, 2015. Disponível em: https://www.dovepress.com/toward-the-integration-and-advancement- -of-herbal-medicine-a-focus-on-t-peer-reviewed-article-BTAT. Acesso em: 18 dez. 2020. SEN, S.; CHAKRABORTY, R. Revival, modernization and integration of Indian traditional herbal medicine in clinical practice: Importance, challenges and future. Journal of Traditional and Complementary Medicine. v. 7, n. 2, p. 234-244, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28417092/. Acesso em: 18 dez. 2020. Leituras recomendadas MARKLE, W. A. Compreendendo a saúde global. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. HELMAN, C. G. Cultura, saúde e doença. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. PORTER, M. E. Repensando a saúde: estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Porto Alegre: Bookman, 2007. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Ayurveda14 Dica do professor O Ayurveda está baseado na crença de que cada indivíduo é único, ou seja, cada pessoa reage no mundo de maneira diferente. Se todos têm suas particularidades, poderia ser repensada a existência de programas governamentais que abordam a nutrição de maneira mais abrangente. Nesta Dica do Professor, você vai ver como a ciência do Ayurveda preconiza a nutrição para cada indivíduo, melhorando sua necessidade nutricional, de modo a alcançar uma saúde plena. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/890d6f186e839afbba49d4310fc6fabd Exercícios 1) Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem diversos sistemas de medicina tradicional, como as medicinas tradicionais chinesa, ayurvédica, árabe e indígena. Analise as alternativas a seguir e assinale a que melhor caracteriza a medicina ayurvédica como uma medicina tradicional. A) A medicina ayurvédica emprega diferentes formas de tratamento, incluindo a prescrição de medicamentos sintéticos. Isso é feito com o objetivo de alcançar a saúde integral do indivíduo. B) A medicina ayurvédica utiliza diversos métodos, como limpeza do corpo, uso de óleos corporais, indução de suor pelo vapor, sempre no intuito da garantia do bem-estar pleno do indivíduo. C) A medicina ayurvédica emprega técnicas como a utilização de ervas, inserção de agulhas na superfície corporal, observação da língua. Tudo isso visando a um sentido mais amplo de cura. D) A medicina ayurvédica incorpora alguns meios, como orientação nutricional única e abrangente, utilização de fitoterápicos e meditação, visando ao tratamento do corpo, da mente e do espírito do indivíduo. E) A medicina ayurvédica faz uso do ioga, da analgesia e da meditação como formas de tratamento do indivíduo, para que ele possa atingir seu estado pleno de equilíbrio. O Ayurveda apresenta uma base sólida, fundamentada em tratados médicos (Charaka Samhita, Sushruta Samhita e Ashtanga Hridaya) que compreendem uma sabedoria de todos os aspectos da vida. Analise as afirmativas a seguir, baseadas nesses tratados médicos do Ayurveda. I. O tratado de Charaka Samhita aborda a determinação das causas e origens das doenças, assim como seu tratamento. II. O tratado de Sushruta Samhita compreende todos os ramos do Ayurveda, com ênfase no tratamento cirúrgico. III. O tratado de Ashtanga Hridaya retrata uma compilação dos assuntos mais relevantes dos antigos clássicos de Charaka e Sushruta. 2) IV. O tratado de Charaka Samhita aborda o estudo do corpo humano, associando aspectos patológicos ao ambiente. V. O tratado de Sushruta Samhita retrata a importância do conhecimento prático em detrimento do conhecimento teórico. Quais afirmativas estão corretas? A) I e II. B) II e IV. C) I, II e III. D) II, III e IV. E) II e III. 3) A formação científica tradicional e segmentada predomina nas culturas ocidentais. Tal fato contribui, ainda, para uma baixa adesão das pessoas à medicina ayurvédica. Diante do exposto, assinale a alternativa correta. A) A ciência ayurvédica é um conhecimento aplicado, cuja transmissão é desenvolvida pela vivência, observando o momento adequado da utilização de determinada prática. B) A forma de diagnóstico e de doutrina na medicina ayurvédica exige um atendimento centrado em determinadas regiões do indivíduo, visando a uma melhor restauração e bem-estar. C) O saber ayurvédico parte da observação generalizada, com suas peculiaridades e relação com o meio em que se insere, apresentando inúmeras instituições e clínicas espalhadas por todo o mundo. D) No Ayurveda, é possível padronizar técnicas facilmente, como o Panchakarma(tratamento de limpeza), visando à melhoria do atendimento holístico para o indivíduo. E) A ciência ayurvédica requer baixo aprimoramento do recurso humano para o desenvolvimento da sensibilidade do profissional, pois este irá adquirir experiência na prática vivencial. Na medicina ayurvédica, a constituição pessoal é o ponto de partida para todos os tratamentos. Essa constituição se expressa como uma manifestação individual dos três doshas (bioenergias): Vata, Pitta e Kapha. 4) Se você olhar para as pessoas a seu redor, logo aprenderá a reconhecer os diferentes tipos de doshas. Pessoas altas ou baixas e ________ são principalmente do tipo Vata. Pessoas de tamanho médio, com uma estrutura mais __________, são principalmente do tipo Pitta. E as pessoas com uma estrutura corporal mais ________ são principalmente do tipo Kapha. As características evidenciadas ocorrem quando as pessoas estão em equilíbrio. Quando em desequilíbrio, as características podem ser diferentes. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas. A) magras, ampla, muscular. B) obesas, magra, forte. C) finas, sólida, fraca. D) esguias, muscular, ampla. E) obesas, fraca, forte. 5) No Ayurveda, a saúde de cada dosha está diretamente interligada com a função gastrintestinal, ou seja, sem um "poder digestório" adequado e íntegro, uma pessoa não está saudável. Além disso, o tipo de alimento adequado para cada dosha contribui para a manutenção de um equilíbrio saudável. Sendo assim, marque a alternativa que relaciona corretamente os tipos de alimentos mais adequados para cada dosha. A) Indivíduos com predominância Pitta são mais energéticos e apresentam metabolismo forte. Assim, alimentos com muitas especiarias propiciam uma maior ativação de seu metabolismo e equilíbrio desse dosha. B) Indivíduos com predominância Kapha são mais densos e fortes. Por isso, alimentos mais pesados, como grãos, doces e óleos, irão contribuir para uma constituição mais equilibrada desse dosha. C) Indivíduos com predominância Vata são muito leves, o que propicia uma maior facilidade em digerir alimentos como saladas e frutas, auxiliando na manutenção de seu equilíbrio. D) Como os indivíduos com predominância Kapha são densos, alimentos muito temperados podem agravar esse dosha, uma vez que são pessoas muito enérgicas. Indivíduos com predominância Vata, composto pelo elemento ar, se dão muito bem com a ingestão de alimentos como grãos, óleos e leite morno, uma vez que trazem equilíbrio ao E) Vata. Na prática Atualmente, um dos maiores desafios dos profissionais de saúde que empregam práticas integrativas é a aceitação e a permanência dos pacientes frente a tratamentos com utilização de fitoterápicos. Conheça, Na Prática, três exemplos de casos clínicos envolvendo a aplicação de um importante fitoterápico, utilizado no Ayurveda para a melhoria do quadro clínico de pacientes com doenças psicoativas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O Ayurveda na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC): análise do material didático do Sistema Único de Saúde (SUS) Nesta monografia, você descobrirá como a temática do Ayurveda e o processo de formação profissional são apresentados em um serviço especializado da rede pública de Goiânia. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Como transformar os 4 pilares da sua saúde? Assista a este bate-papo com Valentina Alas e Virginia Hatsue abordando como os benefícios da alimentação, do movimento, do sono e do silêncio podem proporcionar uma saúde integral. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/37794/2/dhyana_nery_ioc_espec_2019.pdf https://www.youtube.com/embed/vEs1xN69g3M Recursos terapêuticos manuais alternativos Apresentação Os recursos terapêuticos manuais alternativos têm sido cada vez mais utilizados como opções de promoção de saúde e prevenção e tratamento de doenças e disfunções. Grande parte desse crescimento se deve ao aumento da demanda causado pelas doenças crônicas; ao aumento dos custos dos serviços de saúde, que leva à procura de outras formas de cuidado; à insatisfação com os serviços de saúde existentes; e ao ressurgimento do interesse por um cuidado holístico e preventivo às doenças e por serem tratamentos que oferecem qualidade de vida quando não é possível a cura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você compreenderá o valor terapêutico e entenderá as características dos recursos terapêuticos manuais alternativos, além da aplicabilidade deles nas disfunções cinético-funcionais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever recursos terapêuticos manuais alternativos com valor terapêutico.• Analisar as características específicas dos recursos terapêuticos manuais alternativos.• Aplicar os recursos terapêuticos manuais alternativos nos distúrbios cinético-funcionais.• Infográfico A fisioterapia está em constante crescimento e, a cada dia, surgem novos equipamentos e técnicas que podem beneficiar a reabilitação física dos pacientes. Por outro lado, os recursos terapêuticos manuais alternativos, que, de um modo geral, já existem há muito tempo estão se tornando opções complementares da reabilitação física e da prevenção de lesões em idosos, adultos, crianças, atletas, etc. A intenção não é substituir as técnicas fisioterapêuticas, mas, sim, complementar o tratamento e promover a recuperação plena dos pacientes. No Infográfico a seguir, veja alguns recursos terapêuticos manuais alternativos e as indicações de quando eles podem ser utilizados. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/38fb6633-6804-4be1-8750-f773d525230b/08e8c30d-30bf-44ad-a5ae-72463a30d0fe.jpg Conteúdo do livro Os recursos terapêuticos manuais alternativos, embora pareçam recentes e tenham crescido muito nos últimos anos, incluem uma série de terapias reconhecidas pelo uso popular desde a antiguidade e relacionadas com a medicina oriental. Esses recursos manuais podem ser utilizados pelos fisioterapeutas como complemento à intervenção fisioterapêutica, pois apresentam os seguintes benefícios: diminuição da dor e da tensão muscular, melhora da qualidade do sono, da imunidade, redução do estresse e da ansiedade e melhora de quadros depressivos. No capítulo Recursos terapêuticos manuais alternativos, da obra Recursos terapêuticos manuais, você conhecerá os recursos terapêuticos manuais alternativos, assim como o seu valor terapêutico e a aplicabilidade nas disfunções cinético-funcionais. Boa leitura. RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS Gabriela Souza de Vasconcelos Recursos terapêuticos manuais alternativos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os recursos terapêuticos manuais alternativos com valor terapêutico. � Analisar as características específicas dos recursos terapêuticos ma- nuais alternativos. � Aplicar os recursos terapêuticos manuais alternativos nos distúrbios cinético-funcionais. Introdução Os recursos terapêuticos manuais alternativos são práticas integrativas com visão holística que empregam as técnicas manuais para promover saúde, prevenindo e tratando disfunções. Atualmente, a fisioterapia dis- põe de inúmeros recursos terapêuticos manuais alternativos — como reiki, imposição de mãos, shiatsu, do-in, shantala, quiropraxia, osteopatia, entre outros —, que servem como complemento às demais técnicas e métodos fisioterapêuticos chamados convencionais. Neste capítulo, você poderá conhecer as características dos recursos terapêuticos manuais alternativos eo modo como eles são aplicados para a prevenção e o tratamento de disfunções cinético-funcionais. 1 O valor e o reconhecimento dos recursos terapêuticos manuais alternativos Os recursos terapêuticos manuais são amplamente utilizados pelos fisiote- rapeutas com o intuito de produzir uma série de mudanças terapêuticas nas dores e na extensibilidade dos tecidos moles, por meio da aplicação de forças externas específicas (DUTTON, 2010). A fisioterapia tem à sua disposição inúmeras técnicas e equipamentos ex- tremamente rebuscados e inovadores, com alto custo de mercado, que facilitam o tratamento dos pacientes, mas, infelizmente, não estão disponíveis para a grande maioria da população. Nesse contexto, emergem como uma boa opção os recursos terapêuticos manuais alternativos, uma vez que, por não demandarem o uso de materiais caros, eles apresentam menor custo em comparação com os investimentos necessários para a manutenção das técnicas convencionais. Aliás, a combinação dessas com os recursos terapêuticos manuais alternativos, conforme evidências científicas têm demonstrado, traz inúmeros benefícios para o paciente, pois esses recursos alternativos promovem um maior estímulo à participação do paciente no cuidado, além de uma melhor experiência e um melhor relacionamento entre terapeuta e usuário (ANDRADE, 2006; TELESI JÚNIOR, 2016; TESSER, 2009). Frente a isso, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer, desde 2006, uma série de terapias e recursos terapêuticos alternativos, chamados de práticas integrativas e complementares (PICs), que podem ser aplicados pela equipe multiprofissional (fisioterapeuta, médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, nutricionista, psicólogo, entre outros) (BRASIL, 2006). Por de- finição, as PICs são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, com o intuito de promover saúde, prevenir e tratar doenças e disfunções (SALLES; SILVA, 2011). O SUS oferece, atualmente, 29 PICs. Entre elas, as que envolvem terapia manual são ayurveda (massagem), imposição de mãos, meditação, osteopatia, quiropraxia, reiki, reflexologia e shantala. Dessas, a osteopatia e a quiropraxia são as únicas que apenas os fisioterapeutas podem aplicar (BRASIL, 2019). Além desses recursos terapêuticos manuais que são considerados PICs, outras técnicas também estão sendo utilizadas em conjunto com a fisioterapia convencional, como shiatsu, do-in, gua sha, tui ná, entre outros (BARNES et al., 2004; MASSELLI et al., 2010; PLASTARAS et al., 2011). O valor terapêutico desses recursos terapêuticos manuais alternativos está associado com a diminuição da dor e da tensão muscular, do estresse e da ansiedade, bem como com a melhora da imunidade, de quadros depressivos e da qualidade do sono (BRASIL, 2019). É possível perceber que esses recursos manuais ditos alternativos englobam uma série de terapias reconhecidas pelo uso popular desde a antiguidade e relacionadas com a medicina oriental, mas que ainda não fazem parte da maioria dos programas oficiais da saúde, principalmente nos países ocidentais (SALLES; SILVA, 2011). Recursos terapêuticos manuais alternativos2 Esses recursos terapêuticos manuais alternativos são geralmente associados com o tratamento de doenças crônicas ou situações muito graves, com efeitos paliativos (SIEGEL; BARROS, 2013). Entretanto, na atenção primária à saúde (TESSER; SOUSA, 2012), porta de entrada do SUS, tais recursos podem ser aplicados para alcançar diversos objetivos terapêuticos, e isso está diretamente relacionado com o estímulo à autocura em situações menos graves, à sua ampla aceitação pelas populações, à maior participação dos doentes no cuidado, à fuga da iatrogenia e à sua contribuição para a capacidade interpretativa e terapêutica de sintomas não explicáveis pela nosologia biomédica (ANDRADE, 2006; JONAS; LEVIN, 2001). Em resumo, a utilização e implementação desses recursos terapêuticos manuais alternativos vai ao encontro da integralidade do cuidado à saúde, diretriz definida pela 8ª Conferência Nacional de Saúde e formalizada como princípio doutrinário do SUS. Eles servem como aprofundamento do cuidado em saúde, integralidade da atenção, acesso a serviços e exercício da cidadania (BARROS; SIEGEL; SIMONI, 2007; THIAGO; TESSER, 2011). E diante do crescimento, tanto científico quanto institucional, e da eficácia dessas técnicas manuais alternativas, elas tiveram o seu uso reconhecido, em 2010, pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2010). Importa ressaltar que, mesmo com todos os benefícios associados a essas práticas manuais, elas não substituem o tratamento tradicional. A intenção, com o uso dos recursos terapêuticos manuais alternativos, é que eles complementem o tratamento, visando à melhora do quadro clínico de dor e da qualidade de vida (BRASIL, 2019). Na atenção básica, o fisioterapeuta está inserido no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). No NASF, o fisioterapeuta poderá incluir esses recursos terapêuticos manuais alternativos entre as intervenções fisioterapêuticas que serão responsáveis pela promoção da saúde, prevenção e tratamento de disfunções e doenças (BRASIL, 2008). 3Recursos terapêuticos manuais alternativos 2 Características dos recursos terapêuticos manuais alternativos O SUS oferece, ao todo, 29 terapias integrativas e complementares, que incluem desde terapias espirituais, minerais, com plantas, até as técnicas manuais. Essas práticas integrativas e complementares que envolvem técnicas manuais podem ser aplicadas a diversas condições e desordens clínicas, seja na atenção básica de saúde, seja em centros de reabilitação física, seja em consultórios fisioterapêuticos (BRASIL, 2019). A seguir, será feita uma breve descrição das características das PICs e dos demais recursos terapêuticos manuais alternativos que envolvem terapia manual (BRASIL, 2019). � Ayurveda (massagem): essa prática integrativa combina a observação, a experiência e o uso de recursos naturais para desenvolver um sistema único de cuidado que beneficia a saúde do corpo físico e os campos energético, mental e espiritual. Os tratamentos ayurvédicos utilizam plantas medicinais, minerais, posturas corporais, técnicas respiratórias, exercícios, cuidados com a alimentação, além de técnica de terapia manual, como massagem para relaxamento e bem-estar. � Imposição de mãos: essa prática integrativa se baseia na transferência de energia vital por meio das mãos com intuito de restabelecer o equi- líbrio do campo energético humano, auxiliando na promoção de saúde. � Osteopatia: combinando um método diagnóstico com técnicas de tratamento manual das disfunções articulares e teciduais, essa prática pode ser utilizada em condições dolorosas da coluna cervical, dos membros superiores e inferiores e do sistema visceral. � Quiropraxia: essa prática integrativa se dedica ao diagnóstico, trata- mento e prevenção das disfunções mecânicas no sistema neuromus- culoesquelético e dos efeitos dessas disfunções na função normal do sistema nervoso e na saúde geral. � Reiki: essa prática consiste na canalização da frequência energética, por meio do toque ou da aproximação das mãos e pelo olhar de um terapeuta habilitado no método, sobre o corpo do indivíduo. � Reflexologia: mediante a aplicação de estímulos em áreas reflexas, como os microssistemas e pontos reflexos do corpo existentes nos pés, mãos e orelhas, essa prática visa a auxiliar na eliminação de toxinas, na diminuição da dor e no relaxamento. Recursos terapêuticos manuais alternativos4 � Shantala: essa prática consiste na aplicação de massagem em bebês e crianças pelos pais, para fortalecer o vínculo entre eles e proporcionar o desenvolvimento motor, o equilíbrio dos sistemas imunológico, respi- ratório, digestivo, circulatório e linfático e o estímulo das articulações e da musculatura. � Shiatsu: essa prática utiliza a pressão das mãos e as técnicasmanipu- ladoras para ajustar a estrutura física do corpo e suas energias inatas, de modo a evitar a doença e manter a saúde (MASSELLI et al., 2010). � Do-in: essa prática é uma técnica de automassagem de origem oriental que utiliza, como a acupuntura, os pontos dos meridianos energéticos do corpo humano para desenvolver a saúde física e mental (DE LAN- GRE, 2003). � Gua sha: essa prática é uma técnica da medicina tradicional chinesa, que consiste em raspar a pele com um objeto de bordas lisas e arredon- dadas até o surgimento de petéquias (ARTIOLI; BERTOLINI, 2019). � Tui ná: com um nome que significa “amassar e puxar”, essa técnica de massagem objetiva estimular ou sedar os pontos dos meridianos do paciente, visando ao equilíbrio do fluxo de energia por esses canais (TSE, 2015). Para saber mais sobre a shantala, desde os seus objetivos terapêuticos até como e quando ela pode ser aplicada, assista ao vídeo “Tutorial: aprenda a Shantala, que traz inúmeros benefícios aos bebês”, disponível no canal do Ministério da Saúde, no YouTube. 3 Disfunções cinético-funcionais e a aplicação dos recursos terapêuticos manuais alternativos De um modo geral, os recursos terapêuticos manuais alternativos não de- mandam a existência de doenças para serem aplicados, já que eles visam à promoção e manutenção da saúde, além de recuperar e tratar disfunções cinético-funcionais (BRASIL, 2006). 5Recursos terapêuticos manuais alternativos Os recursos terapêuticos manuais alternativos levam em conta, além da técnica precisa, a escuta acolhedora, o desenvolvimento do vínculo terapêutico e a integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade (LIMA et al., 2012). Com certa frequência, eles são associados com o tratamento ou alívio dos sintomas de doenças crônicas — como lesões relacionadas ao trabalho, dor lombar, doenças reumatológicas (fibromialgia, artrite reumatoide, lúpus, entre outros) —, para as quais ainda não existe tratamento ou cujos sintomas os métodos convencionais não conseguem tratar ou melhorar (MUNDIM et al., 2020; O’NEILL, 2003). Os distúrbios osteomusculares relacio nados ao trabalho (DORT) são muito frequentes na rotina do fisioterapeuta. Entre os exemplos de DORT, é possível citar: síndrome do túnel do carpo, epicondilite lateral, epicondilite medial, tendinite dos extensores dos dedos, tenossinovite dos flexores dos dedos, tenossinovite estenosante e síndrome de De Quervain, etc. Essas disfunções têm um caráter crônico, em que os sintomas melhoram com o afastamento da atividade laboral e repetitiva, mas pioram quando do regresso ao trabalho. Em função disso, algumas intervenções fisioterapêuticas melhoram os sin- tomas até certo ponto. Isso é decisivo, pois pode fazer que o paciente busque intervenções medicamentosas e/ou cirúrgicas que também não resolverão a situação clínica (O’NEILL, 2003). Como forma de aliviar os sintomas álgicos relacionados com a disfunção cinético-funcional, reduzir o estresse, a ansiedade, melhorar a qualidade de vida e a qualidade do sono, muitos pacientes têm encontrado sucesso em recursos terapêuticos manuais alternativos. Como já pontuado anteriormente, esses recursos não servem como substitutos da intervenção fisioterapêutica tradicional, mas, sim, como complementos a ela. Alguns exemplos desses recursos terapêuticos manuais alternativos que podem ser aplicados em DORT são: shiatsu, osteopatia, quiropraxia, do-in, massagem ayurvédica, reiki, imposição de mãos, entre outros (BRAZ et al., 2011). O shiatsu, o do-in e a massagem ayurvédica podem ser aplicados para reduzir as tensões musculares e a dor, conforme a necessidade de cada pa- ciente, e, assim, permitir a realização da cinesioterapia e de outros recursos fisioterapêuticos que o fisioterapeuta já tenha previsto para o programa de reabilitação física. O reiki e a imposição de mãos — aplicados para promover estabilização dos canais de energia e equilíbrio energético do organismo, propiciando resolução dos problemas de saúde — podem ser utilizados em qualquer momento da sessão, para facilitar as demais técnicas fisioterapêuticas Recursos terapêuticos manuais alternativos6 ou promover bem-estar ao final dela (BRAZ et al., 2011; MASSELLI et al., 2010; MILES; TRUE, 2003). Por sua vez, a osteopatia e a quiropraxia podem servir como métodos tanto de avaliação, quanto de tratamento das disfunções cinético-funcionais. Ao se melhorar o posicionamento articular pelas mobilizações e manipulações das técnicas, há alívio dos sintomas e promoção de bem-estar ao paciente. Entretanto, isso não torna definitiva a resolução do problema, sendo necessário alongar e fortalecer a musculatura envolvida e melhorar a coordenação e propriocepção articular, para que os déficits de posicionamento não retornem (RICARD; SALLÉ, 2002). Em resumo, todos esses métodos são eficazes e podem sempre ser utilizados como complemento à cinesioterapia e aos demais recursos eletrotermofotote- rapêuticos que estão à disposição dos fisioterapeutas (BRASIL, 2019). De um modo muito semelhante, esses recursos terapêuticos manuais al- ternativos podem contribuir para a melhora dos sintomas de doenças reuma- tológicas, como fibromialgia, lúpus, artrite reumatoide, entre outras. Alguns exemplos de práticas que podem ser aplicadas a paciente com fibromialgia são massagem ayurvédica, reiki, quiropraxia, osteopatia (BRAZ et al., 2011). Nas disfunções osteomusculares crônicas, como dor lombar, dor cervical, artroses de joelho, entre outras, as práticas integrativas — como massagem ayurvédica, osteopatia, quiropraxia, reiki, reflexologia, imposição de mãos, shiatsu, do-in, gua sha, tuiná, etc. — podem ser aplicados para alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida (MUNDIM et al., 2020). Além desse foco na recuperação da saúde, esses recursos terapêuticos alternativos também podem ser utilizados para prevenir as disfunções cinético- -funcionais e promover saúde. Por exemplo, a maioria desses recursos manuais alternativos oriundos da medicina chinesa (do-in, shiatsu, tui ná, gua sha) e recursos como reiki e reflexologia têm como objetivo melhorar e reequilibrar o fluxo energético para evitar adoecimento do corpo humano (MASSELLI et al., 2010; MILES; TRUE, 2003). De todos os recursos terapêuticos manuais alternativos citados até o mo- mento, um deles é direcionado a um público-alvo muito específico: a shantala. Essa massagem, que consiste em amassamentos e mobilizações articulares, é aplicada em crianças, principalmente nos primeiros meses de vida, com o intuito de favorecer o seu desenvolvimento motor e o seu tônus muscular, bem como a sua propriocepção (CARVALHO; MOREIRA; PEREIRA, 2010; SOUZA; LAU; CARMO, 2011). 7Recursos terapêuticos manuais alternativos ANDRADE, J. T. Medicina alternativa e complementar: experiência, corporeidade e trans- formação. Salvador: EdUFBA; EdUECE, 2006. ARTIOLI, D. P.; BERTOLINI, G. R. F. Gha-sha: aplicação e seus resultados terapêuticos em condições dolorosas musculoesqueléticas: revisão sistemática. Brazilian Journal of Pain, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 284-288, 2019. BARNES, P. M. et al.Complementary and alternative medicine use among adults: Uni- ted States, 2002. Advance Data from Vital Health and Statistics, Washington, D.C., v. 343, p. 1-19, 2004. BARROS, N. F.; SIEGEL, P.; SIMONI, S. Política Nacional de Práticas Integrativas e Com- plementares no SUS: passos para o pluralismo na saúde. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 12, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0154_24_01_2008.html. Acesso em: 17 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006. Dispõe sobre a Po- lítica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Brasília,DF: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: https://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html. Acesso em: 17 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas Integrativas e Complementares (PICS): quais são e para que servem. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://saude. gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares. Acesso em: 17 jun. 2020. BRAZ, A. D. S. et al. Uso da terapia não farmacológica, medicina alternativa e com- plementar na fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 51, n. 3, p. 275-282, 2011. CARVALHO, R.; MOREIRA, T. M.; PEREIRA, M. A. G. Shantala no desenvolvimento neu- ropsicomotor em portador da Síndrome de Down. Pensamento Plural, São João da Boa Vista, v. 4, n. 1, p. 62-66, 2010. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução nº 308, de 3 de novembro de 2010. Brasília, DF: COFFITO, 2010. Disponível: https://www. coffito.gov.br/nsite/?p=1437. Acesso em: 17 jun. 2020. DE LANGRE, J. Do-in: técnica oriental de auto-massagem. São Paulo: Ground, 2003. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Recursos terapêuticos manuais alternativos8 JONAS, W. B.; LEVIN, J. S. (Eds.). Tratado de medicina complementar e alternativa. São Paulo: Manole; 2001. LIMA, M. O. et al. Análise do conhecimento sobre a regulamentação e a utilização das terapias complementares na fisioterapia. HU Revista, Juiz de Fora, v. 37, n. 3, p. 353-359, 2012. MASSELLI, M. R. et al. O Shiatsu como terapêutica alternativa em portadores de dis- túrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Revista Dor, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 197-202, 2010. MILES, P.; TRUE, G. Reiki – review of a biofield therapy: history, theory, practice, and research. Alternative Therapies in Health and Medicine, St. Paul, v. 9, n. 2, p. 62-73, 2003. MUNDIM, B. V. R. et al.. Práticas integrativas e complementares realizadas em pacien- tes com lombalgia em uma Unidade Básica de Saúde na região noroeste do Paraná: relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, Campinas, n. 43, 2020. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/2470/1462. Acesso em: 17 jun. 2020. O’NEILL, M. J. LER/Dort: lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho: o desafio de vencer. São Paulo: Madras, 2003. PLASTARAS, C. T. et al. Complementary and alternative treatment for neck pain: chiro- practic, acupuncture, TENS, massage, yoga, Tai Chi, and Feldenkrais. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America, Amsterdam, v. 22, n. 3, p. 521-537, 2011. RICARD, F.; SALLÉ, J. Tratado de osteopatia: teórico e prático. São Paulo: Robe, 2002. SALLES, L. F.; SILVA, M. J. P. (Orgs.) Enfermagem e as práticas complementares em saúde. São Caetano do Sul (SP): Yendis, 2011. SIEGEL, P.; BARROS, N. F. O que é a oncologia integrativa? Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 348-354, 2013. SOUZA, N. R.; LAU, N. C.; CARMO, T. M. D. Shantala massagem para bebês: experiência materna e familiar. Ciência et Praxis, Belo Horizonte, v. 4, n. 7, p. 55-60, 2011. TELESI JÚNIOR, E. Práticas integrativas e complementares em saúde, uma nova eficácia para o SUS. Estudos Avançados, São Paulo, v. 30, n. 86, p. 99-112, 2016. TESSER, C. D. Práticas complementares, racionalidades médicas e promoção da saúde: contribuições poucos exploradas. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 8, p. 1732-1742, 2009. TESSER, C. D.; SOUSA, I. M. C. Atenção primária, atenção psicossocial, práticas integra- tivas e complementares e suas afinidades eletivas. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 336-350, 2012. 9Recursos terapêuticos manuais alternativos THIAGO, S. C. S.; TESSER, C. D. Percepção de médicos e enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família sobre terapias complementares. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 2, p. 249-257, 2011. TSE, L. C. Tui Ná massagem chinesa: tratado de medicina esotérica chinesa. São Paulo: Ícone, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Recursos terapêuticos manuais alternativos10 Dica do professor As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) já são uma realidade no Brasil e estão inseridas no Sistema Único de Saúde. Elas são recursos terapêuticos alternativos com base em conhecimentos tradicionais, com o intuito de promover saúde, prevenir e tratar doenças e disfunções. Desde 2010, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional reconhece o uso desses recursos terapêuticos alternativos pelos fisioterapeutas. Por isso, é imprescindível que o profissional conheça a aplicabilidade e as características dessas práticas integrativas. Na Dica do Professor de hoje, você compreenderá um pouco mais sobre a atuação do fisioterapeuta em relação às práticas integrativas e complementares que envolvem a terapia manual. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/6cfa8331ceadcdad316adc16e4d08839 Exercícios 1) Os recursos terapêuticos manuais alternativos têm sido cada vez mais utilizados pelos fisioterapeutas e procurados pelos pacientes, pois são eficazes, têm menor custo e estimulam a participação do paciente no cuidado. Sobre os recursos terapêuticos manuais alternativos, marque a resposta correta: A) Em 2010, o SUS passou a oferecer alguns desses recursos terapêuticos manuais na rede pública. B) Entre os exemplos de técnicas manuais oferecidas pelo SUS, estão: shiatsu, do-in, massagem ayurvédica, Reiki e Gua Sha. C) A vantagem desses recursos terapêuticos manuais alternativos é que eles podem ser utilizados de forma isolada. D) Os recursos terapêuticos manuais alternativos têm o intuito de promover saúde, prevenir e tratar doenças e disfunções. E) A maioria desses recursos terapêuticos manuais alternativos só deve ser aplicada em condições crônicas, graves ou paliativas. 2) A intenção de usar os recursos terapêuticos manuais alternativos é complementar o tratamento fisioterapêutico, visando à melhora do quadro clínico de dor e tensão muscular, e promover qualidade de vida. Em relação às características dos diversos recursos terapêuticos manuais alternativos, marque a resposta correta: A) O Reiki é uma prática integrativa que se baseia na transferência de energia vital por meio das mãos para reestabelecer o equilíbrio energético. B) A massagem ayurvédica faz parte do conjunto de tratamentos ayurvédicos para desenvolver um sistema único de cuidado: físico, energético, mental e espiritual. C) A reflexologia é uma prática integrativa que se dedica ao diagnóstico, ao tratamento e à prevenção das disfunções do sistema musculoesquelético. D) A osteopatia se propõe, exclusivamente, ao tratamento de disfunções articulares e teciduais como condições crônicas e dolorosas. E) A Shantala consiste em uma automassagem para o alívio da dor e tensões musculares relacionadas com síndromes dolorosas e crônicas. 3) Os recursos terapêuticos manuais alternativos podem ser aplicados em diversas condições e desordens musculoesqueléticas e complementar a intervenção fisioterapêutica. Marque a alternativa correta em relação à aplicação dos recursos terapêuticos manuais pelos fisioterapeutas: A) Os recursos terapêuticos manuais alternativos são utilizados apenas para o tratamento de disfunções cinético-funcionais. B) Para a fibromialgia, o único recurso terapêutico alternativo que deve ser aplicado é a massagemayurvédica. C) O shiatsu e o do-in são indicados apenas para a epicondilite lateral e a STC. D) As doenças reumatológicas, como lúpus, não se beneficiam com o uso desses recursos terapêuticos. E) Reiki, massagem ayurvédica e osteopatia são alguns exemplos de recursos que podem ser aplicados para o alívio de dores crônicas. 4) No Brasil, os recursos terapêuticos manuais alternativos têm sido cada vez mais procurados pelos pacientes, além de alguns deles já estarem disponíveis no SUS para toda a população. Em relação aos recursos terapêuticos manuais alternativos, marque a alternativa correta: A) Os recursos terapêuticos manuais alternativos enfatizam a escuta acolhedora, o vínculo terapêutico e a integração do paciente com o meio ambiente e a sociedade. B) Os recursos terapêuticos manuais alternativos não estão relacionados com a autocura, nem com maior participação dos doentes no cuidado. C) Os benefícios desses recursos terapêuticos são apenas a diminuição da dor e a melhora da qualidade de vida. D) Nas unidades básicas de saúde, esses recursos não encontram grande aceitação e participação dos pacientes. E) Esses recursos alternativos têm alto custo de aplicação e precisam de inúmeras técnicas e equipamentos rebuscados. 5) Por vezes, os recursos terapêuticos manuais alternativos são associados com o tratamento ou alívio dos sintomas de doenças crônicas. Entretanto, eles podem ser muito eficazes para manter a saúde ou prevenir lesões e disfunções. Marque a alternativa correta sobre os recursos terapêuticos manuais alternativos: A) O shiatsu é uma automassagem, de origem oriental, que utiliza os pontos dos meridianos energéticos do corpo humano. B) O Gua Sha aplica estímulos em áreas reflexas, como os microssistemas e os pontos reflexos do corpo existentes nos pés, nas mãos e nas orelhas. C) Tui Na significa “amassar e puxar” e visa a estimular ou sedar os meridianos do paciente, promovendo o equilíbrio do fluxo de energia por esses canais. D) O Reiki e a imposição de mãos são sinônimos, sendo aplicados para melhorar e reequilibrar o fluxo energético. E) O do-in é aplicado com uma pedra natural, uma moeda, um pedaço de madeira ou um chifre de búfalo para incentivar a cura da pele. Na prática A fibromialgia é considerada uma doença crônica de difícil tratamento que afeta, principalmente, mulheres entre 40 e 60 anos, uma faixa etária de atividade profissional produtiva. Ela se caracteriza por dor neuromuscular difusa e intensa, com maior sensibilidade dolorosa em pontos estimulados pela palpação (tender points), distúrbios do sono, rigidez e fadiga. Em muitos casos, o nível da dor é tão intenso que interfere no trabalho, nas atividades de vida diária e na qualidade de vida dos pacientes. O tratamento da fibromialgia consiste no uso de terapia farmacológica e não farmacológica. Entretanto, não há, até o momento, tratamento específico que traga a cura da doença, de forma que os recursos terapêuticos alternativos se tornam uma opção para o alívio dos sintomas. Veja, neste Na Prática, um caso clínico sobre fibromialgia e os diferentes tipos de tratamentos sugeridos em diferentes etapas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/462bd757-9e14-4f87-a430-ea73e1a6e1d2/15fc99ed-f0e5-41a8-853e-b72a74f97054.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Mobilização neural de Butler e Reiki como intervenção fisioterápica para capsulite adesiva crônica Veja, neste artigo, os efeitos da aplicação de 10 sessões de Reiki combinadas com a mobilização neural de Butler sobre a amplitude de movimento, a força muscular, a intensidade da dor, a função física e as variações do humor em pacientes com capsulite adesiva do ombro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O uso da técnica manual Shiatsu no alívio dos sintomas decorrentes da fibromialgia Neste artigo, você encontrará dados sobre os efeitos da técnica de terapia manual Shiatsu no alívio dos sintomas decorrentes da fibromialgia, como intensidade da dor e qualidade de vida. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Shantala para promoção da saúde e conforto de bebês: revisão de literatura A partir deste artigo de revisão, você encontrará mais informações sobre a utilização e os efeitos da Shantala, que é uma técnica de terapia manual aplicada em bebês. http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1888967397/Holovatinoetal2017.pdf?v=1970316552 http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/775386700/Moralesetal2018.pdf?v=1463648113 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1477499357/LimaeCavalcante2020.pdf?v=124420113 Reiki como alternativa terapêutica Apresentação O uso do Reiki e bioenergética como prática integrativa e complementar em saúde tem crescido em todos os níveis de atenção à saúde, especialmente na atenção primária. Essa prática tem apresentado resultados positivos no tratamento dos transtornos psicológicos, assim como na melhora do bem-estar e no manejo da ansiedade e do estresse. O Reiki é uma prática de imposição de mãos que busca restabelecer o fluxo da energia vital, apresentando como vantagem o fato de ser uma técnica simples, segura e aplicável a todo ser vivo, incluindo animais e plantas. Além disso, o Reiki pode ser aplicado a distância e também possibilita o autotratamento, permitindo que o próprio terapeuta faça uso da técnica para relaxamento, liberação da tensão e redução do estresse, por exemplo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá como surgiu o Reiki, os fundamentos da prática e alguns conceitos como energia vital e centros de força de energia (chakras). Além disso, você conhecerá os benefícios clínicos que têm sido relatados pela aplicação do Reiki na busca da recuperação da saúde. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir histórica e cientificamente o Reiki.• Descrever como a bioenergética é aplicada ao tratamento de pacientes.• Explicar o uso da energia vital na terapia Reiki.• Infográfico As práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) são opções terapêuticas que visam a integralidade e a humanização do cuidado ao paciente, com o intuito de contribuir na promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde. Para a implantação do Reiki e das demais PICS na rede de atenção a saúde, deve-se ter em mente os requisitos quanto à infraestrutura, aos recursos humanos, ao monitoramento e ao financiamento, além da realização da técnica em si. No Infográfico a seguir, conheça os aspectos que devem ser considerados para a implantação da prática Reiki na rede de atenção à saúde. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/560078c4-bfd9-4af5-9df4-5ccc331cd28a/045153eb-09ad-4e85-ba74-de0c063c2aa5.png Conteúdo do livro O Reiki foi desenvolvido no início do século XX pelo monge japonês Mikao Usui, que acreditava que a cura por imposição de mãos seria uma habilidade que estaria acessível a qualquer ser humano. Após uma experiência no monte Kurama, Mikao Usui definiu os símbolos do Reiki e a técnica para ativá-los. O Reiki consiste em uma prática de imposição de mãos por terapeuta treinado, que busca restabelecer o fluxo da energia vital e, com isso, estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. No capítulo Reiki e bioenergética como alternativa terapêutica, da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja mais a respeito dos princípios do Reiki e da bioenergética,como a energia vital universal e os centros de força de energia, bem como as particularidades da técnica e as aplicações clínicas do Reiki no cuidado ao paciente. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir histórica e cientificamente o reiki. > Descrever como o reiki é aplicado no tratamento de pacientes. > Explicar o uso da energia vital na terapia reiki. Introdução O reiki é uma prática integrativa e complementar em saúde que foi introduzida no Sistema Único de Saúde em 2017, sendo uma das práticas mais presentes na atenção primária. Esse método apresenta boa aceitação por parte da população e dos profissionais de saúde, uma vez que evidências científicas têm indicado diversos benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e reiki, além de ser uma técnica simples de aprender e não invasiva. O tratamento com reiki consiste na imposição das mãos por um terapeuta treinado e capacitado na técnica sobre o corpo de um paciente, com o objetivo de restabelecer o fluxo energético do indivíduo, resultando no seu bem-estar e na cura de sua condição clínica. Neste capítulo, você vai conhecer o histórico e os fundamentos do método reiki, os conceitos de energia universal e vital, os principais chakras e as perturbações físicas e psíquicas que podem ocorrer com suas alterações energéticas. Além disso, vai conhecer os benefícios clínicos que tem sido relatados com a aplicação dessa alternativa terapêutica. Reiki como alternativa terapêutica Marcella Gabrielle Mendes Machado Histórico e fundamentos do reiki De acordo com a Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, que incluiu 14 atividades à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, o reiki pode ser definido como: “uma prática de imposição de mãos que usa a aproximação ou o toque sobre o corpo da pessoa com a finalidade de estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde.”(BRASIL, 2017). Mikao Usui, um monge japonês e estudioso de diversas religiões, nascido em 1865, é considerado o fundador do reiki. A palavra reiki vem da junção de dois termos japoneses: “rei” significa energia universal e “ki” significa energia vital individual. Mikao Usui buscou compreender as técnicas de cura utilizadas por Jesus Cristo e Buda, acreditando que a cura tanto por imposição de mãos quanto à distância seriam habilidades acessíveis a todos os seres humanos (VIEIRA, 2017; WOLFF, 2012; BABENKO, 2004). Na busca por compreender melhor a técnica de imposição de mãos, em 1908 Usui subiu o monte Kurama para praticar jejum e meditação durante 21 dias. Babenko (2004) relata que no 21º dia, Usui teve uma experiência em que visualizou projéteis de luz atingindo a parte frontal de sua testa, entre as sobrancelhas, região denominada mais tarde de chakra frontal. A partir dessa experiência, ele teve uma revelação clara dos símbolos do reiki e da técnica para ativá-los. Primeiramente, Usui aplicou esse método de disciplina energética em si mesmo, e posteriormente em membros da sua família e em pessoas necessitadas. Em 1922, Mikao Usui abriu o primeiro centro de tratamento e ensino de reiki, sendo que seus ensinamentos passaram para Chujiro Hayashi, e através deste para Hawayo Takata, uma mestre que levou o reiki para o Havaí, Estados Unidos, Canadá e Europa. Até a sua morte, Mikao Usui havia formado cerca de 16 mestres (VIEIRA, 2017; WOLFF, 2012). No Brasil, o reiki chegou em 1983, com a realização do primeiro curso brasileiro da prática ministrado pelo norte-americano Stephen Cord Saiki, da American Internacional Reiki Association (AIRA). Nesse mesmo ano, a As- sociação Brasileira de Reiki (ABR) foi fundada por Claudete França, primeira mestre em reiki da América do Sul. A ABR e o Instituto Brasileiro de Pesquisas e Difusão do Reiki são as instituições precursoras tanto no ensino quanto na prática do reiki no país (VIEIRA, 2017; BABENKO, 2004). De acordo com Vieira (2017), o Instituto Brasileiro de Pesquisas e Difusão do Reiki teve como fundador o mestre Johnny De’ Carli, iniciado em reiki por Claudete França. A entidade apresenta sedes em São Paulo e Rio de Janeiro, tendo formado mais de 11 mil reikianos (praticantes de reiki), sendo 508 destes com grau de mestre. Reiki como alternativa terapêutica2 Princípios do reiki O fundador da técnica, Mikao Usui, passou certa vez pela experiência de levar o reiki para um bairro pobre de Quioto, no Japão. Em seguida, porém, as pessoas curadas de suas enfermidades por essa técnica voltavam às ruas para viver mendigando, o que era contrário ao que ele recomendava. Na verdade, Mikao Usui acreditava que o reiki deveria ir além da cura de doenças, e que o mais importava era permitir que a energia reiki atingisse os demais planos além do físico, visando uma mudança pessoal, com restabelecimento do equilíbrio e da harmonia. Com isso, ele definiu alguns princípios que deveriam orientar as condutas dos praticantes do reiki (BABENKO, 2004). Os cinco princípios do reiki são: � seja grato; � não sinta raiva; � não se preocupe; � trabalhe arduamente e com honestidade; � seja gentil e bondoso com todos os seres. De acordo com Babenko (2004), a prática da gratidão permite viver a vida de forma abundante e com sucesso em todas as áreas. Com a prática do reiki, acredita-se que bloqueios podem ser minimizados e a função de dar e receber livremente é restabelecida. Os praticantes do reiki acreditam que a raiva e os atos de zangar-se e criticar são inúteis, ineficazes e prejudiciais ao indivíduo. Além disso, acreditam que a plena realização só vem a partir da união com todos. Quanto ao princípio de não se preocupar, partindo da crença de que os pensamentos e emoções são “energias vivas”, podendo atuar nas experiências individuais, e que a preocupação nada mais é que uma fuga ao presente, os praticantes do reiki acreditam que todas as preocupações que causam sofrimento e dor devem ser abandonadas (BABENKO, 2004). Trabalhar de forma árdua e honesta também constitui um princípio do reiki, uma vez que trabalhos realizados com ressentimento ou con- trariedade são prejudiciais para seu executor. Deve-se gostar daquilo se que faz. Por sua vez, ser gentil e bondoso com todos os seres vivos é um requisito para atingir a plenitude do ser, uma vez que os praticantes do reiki acreditam que todos os seres estão integrados e que tudo que vive é uma parcela do todo. Reiki como alternativa terapêutica 3 Babenko (2004) relata que, a partir desses princípios, os praticantes do reiki devem apresentar as seguintes qualidades: complacência, serenidade, resignação, respeito e honestidade, sendo que os princípios apresentados devem ser reafirmados diariamente e incorporados no coti- diano. A prática do reiki sugere então que, a partir desses princípios e da reformulação de antigos hábitos, é possível alcançar o autoconhecimento, a chave para transformação pessoal e o caminho para a cura. Energia vital De acordo com a Portaria nº 849/2017, o reiki é: [...] baseado na concepção vitalista de saúde e doença também presente em outros sistemas terapêuticos, [e] considera a existência de uma energia universal cana- lizada que atua sobre o equilíbrio da energia vital com o propósito de harmonizar as condições gerais do corpo e da mente de forma integral. Partindo da ideia de que a energia vital universal asseguraria o estado de saúde e bem-estar do indivíduo, o reiki busca encontrar os bloqueios ener- géticos e restabelecer o fluxo da energia vital, e, a partir disso, harmonizar as esferas físicas, mentais e espirituais do indivíduo. A técnica do reiki leva em conta não somente as manifestações físicas mas também as emocio- nais, e, com isso, atua eliminando toxinas e ativando glândulas, órgãos e o sistema imunológico. Desse modo, equilibra todo o funcionamento celular pelo equilíbrio da energia vital, sendo benéfico no tratamento do estresse, ansiedade, depressão,dentre outras condições clínicas. Ao penetrar no corpo do receptor, a energia reiki pode ser sentida na forma de formigamento, sensação de calor ou frio, ligeiros tremores, sensação de relaxamento e paz, arrepio, calafrio, choro, ou ainda pode não ser sentida nenhuma mudança perceptível. A energia reiki, por ser universal, pode ainda ser utilizada no tratamento de qualquer organismo vivo, incluindo animais e plantas. Além disso, ela também pode ser enviada a distância (RIO GRANDE DO SUL, 2020). Chakras Um dos elementos centrais na prática do reiki são os chakras, que corres- pondem aos centros de força de energia onde circula a energia vital. Tais chakras se situam em diferentes planos e sua localização pode ser associada Reiki como alternativa terapêutica4 a determinadas partes ou órgãos do corpo (Figura 1). Existem sete chakras principais: básico ou muladhara; umbilical ou svadhisthana; plexo solar ou manipura; cardíaco ou anhata; laríngeo ou vishuda; frontal ou ajna; e coronário ou sahashara. O 7º chakra, o coronário, é o mais importante, pois a partir dele toda a energia canalizada é enviada aos demais chakras (BABENKO, 2004). Figura 1. Localização dos chakras e suas funções. Fonte: Silva (2018), documento on-line. Além de estar diretamente ligado a certas partes do corpo, cada chakra possui também uma função psicológica. Assim, com a alteração do fluxo ener- gético em determinado chakra, podem ser observadas perturbações físicas ou psíquicas. O chakra básico, por exemplo, localizado na base da coluna, possui como função psicológica a sobrevivência, e seu desequilíbrio energético pode Reiki como alternativa terapêutica 5 levar a perturbações físicas como obesidade, anorexia e problemas ósseos. Já dentre as perturbações psíquicas tem-se medo, depressão e insegurança. As seguir são listadas as principais perturbações físicas e psíquicas resultantes do desequilíbrio em cada um dos chakras (BABENKO, 2004). � Chakra básico: as perturbações físicas incluem obesidade, anorexia e problemas ósseos, enquanto as perturbações psíquicas incluem medo, depressão e insegurança. � Chakra umbilical: as perturbações físicas incluem problemas nos órgãos reprodutores, enquanto as perturbações psíquicas incluem ansiedade e ilusão. � Chakra plexo solar: as perturbações físicas incluem hiperatividade, úlceras, diabetes e hiperglicemia, enquanto as perturbações psíquicas incluem sentimentos de superioridade e egoísmo. � Chakra cardíaco: as perturbações físicas incluem asma, hipertensão, enfermidades cardíacas e pulmonares, enquanto as perturbações psíquicas incluem indiferença, egoísmo e autismo. � Chakra laríngeo: as perturbações físicas incluem dores de garganta e torcicolo, enquanto as perturbações psíquicas incluem fobias, terror, inibição e rigidez. � Chakra frontal: as perturbações físicas incluem enxaquecas, otite e doenças relacionadas à visão, enquanto dentre as perturbações psíquicas tem-se neurose e retardamento mental. � Chakra coronário: as perturbações físicas incluem redução da habi- lidade no controle das dores, da habilidade física e da capacidade de interagir em grupo, enquanto as perturbações psíquicas incluem alienação, psicose, confusão mental, dificuldades de aprendizagem. De acordo com Wolff (2012), por todo o corpo há espalhados outros chakras menores, incluindo nas palmas das mãos e na planta dos pés. Tais chakras costumam ser a porta de saída da energia universal até a pessoa a ser tratada pela técnica. Como o método reiki não é uma religião, pode se adaptar a qualquer credo, cultura, raça ou idade. Esse método não apresenta restrições ou tabus e não utiliza talismãs ou instrumentos auxiliares. Os mestres da técnica ainda afirmam que não é necessário que o receptor acredite na técnica em si para que a energia se propague e faça efeito. Reiki como alternativa terapêutica6 Aplicações clínicas do reiki O reiki vem sendo utilizado como terapia auxiliar no tratamento de transtornos psicológicos, na melhoria do bem-estar e na manutenção de sentimentos positivos como a compaixão. Além disso, tem apresentado benefícios no manejo do estresse e da ansiedade e como tratamento coadjuvante para doenças ocupacionais como a síndrome de burnout (VIEIRA, 2017). A Nota Técnica nº 01/2020 do Departamento de Ações em Saúde do Rio Grande do Sul cita alguns estudos sobre os efeitos do reiki no tratamento de pacientes com certas condições clínicas. Dentre os efeitos encontrados, destacam-se: � redução significativa do estresse em pacientes idosos brasileiros; � alívio de estados de depressão e de cansaço; � estímulo do sistema imunológico; � redução da ansiedade, intensidade da dor, frequência respiratória e necessidade de analgésicos no pós-operatório de cesarianas; � redução da ansiedade antes de uma intervenção cirúrgica, doses menores de anestesia, diminuição do sangramento durante procedi- mentos, além do aumento da capacidade de recuperação depois da cirurgia (com menor utilização de analgésicos e menor permanência no hospital); � melhoria do bem-estar e da qualidade do sono, relaxamento, alívio da dor e redução da ansiedade em pacientes oncológicos; � redução da ansiedade, tristeza e medo em pacientes terminais; � melhoria no baço, na função linfática e no sistema nervoso central em pacientes com doenças crônicas (como esclerose múltipla, lúpus, fibromialgia e distúrbios da tireoide). A Nota Técnica nº 01/2020 do Departamento de Ações em Saúde do Rio Grande do Sul (2020, p. 4) ainda cita outros benefícios da técnica relatados em uma tese de doutorado de 2013 (OLIVEIRA, 2013): [...] resultados promissores da aplicação do reiki no tratamento de distúrbios com- portamentais e cognitivos em pacientes com Alzheimer, em pacientes com diabetes, no tratamento da dor, da ansiedade, da epilepsia e em pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida, além dos benefícios clínicos para pacientes com neutropenia severa, em pacientes hospitalizados após síndrome coronariana aguda e para indivíduos sobreviventes de tortura em Sarajevo, com grande habilidade no manejo do estresse e sensação intensa de relaxamento. Reiki como alternativa terapêutica 7 Quanto aos potenciais riscos ou desconfortos resultantes da tera- pia reiki, pouco é discutido, mas pode-se citar dor de cabeça, náusea, diarreia, erupções cutâneas temporais, corrimento nasal, transpiração excessiva e catarses emocionais (choro compulsivo). A literatura relata que esses efeitos tendem a ser leves e de curta duração, e ocorrem como consequência de um processo de desintoxicação (RIO GRANDE DO SUL, 2020; VIEIRA, 2017). Aplicação da técnica e formação em reiki Para a aplicação da energia reiki, o receptor pode permanecer sentado ou deitado, sem a necessidade de despir-se, já que a energia atravessa qualquer material. Recomenda-se que durante a sessão o receptor es- teja com roupas confortáveis e retire qualquer adorno (como pulseiras, relógios, anéis e brincos), a fim de impedir qualquer interferência no campo eletromagnético tanto do receptor quanto do reikiano (VIEIRA, 2017; BABENKO, 2004). O recinto deve ser limpo, silencioso e, de acordo com as preferências do reikiano, pode ter música de fundo de relaxamento, bem como aromaterapia no ambiente. A primeira sessão geralmente é mais demorada, podendo levar de 45 a 60 minutos para uma adequada anamnese do receptor/paciente e realização da técnica, sendo que as sessões subsequentes apresentam um tempo mínimo de 30 minutos. Durante a sessão, o reikiano passa suas mãos sobre o receptor em determinadas posições, sempre com as palmas voltadas para baixo, sem exercer pressão ou manipulação no corpo do receptor (VIEIRA, 2017; BABENKO, 2004). De acordo com Babenko (2004), 23 pontos podem ser energizados durante uma sessão, sendo que a imposição das mãos sobre cada ponto geralmente dura cerca de 3 minutos. Nas Figura 2a e 2b, podem ser encontradas as prin- cipais posiçõespara aplicação do reiki em outras pessoas. Reiki como alternativa terapêutica8 Figura 2. Principais posições para aplicação do reiki em outras pessoas: (a) aplicação frontal; (b) aplicação dorsal. Fonte: Jacinto ([2013], p. 6). Reiki como alternativa terapêutica 9 A formação em reiki compreende três níveis de aprendizado, sendo que desde o início o aluno aprende a lidar com a energia. Os ensinamentos são transmitidos por um mestre em reiki, o qual passou pelos três níveis de aprendizados. De acordo com Babenko (2004), para se tornar um reikiano, ou seja, um profissional habilitado para aplicar o reiki em outra pessoa ou em si mesmo, é necessário cursar pelo menos os dois primeiros níveis de formação, os quais têm duração de um fim de semana cada. Vieira (2017, p. 43) explica de forma mais detalhada o que é estudado em cada um dos níveis de formação em reiki: [...] no reiki nível I, supostos canais de energia são abertos e o aprendiz vai se familiarizar com as posições básicas do tratamento no corpo f ísico, apren- dendo a história, a posição das mãos e lhe sendo permitido aplicar em si e nos outros. No reiki nível II, ensina-se sobre o tratamento a nível emocional e mental, bem como a possibilidade de tratamento à distância. O reiki nível III, ou nível Mestre, possibilita tratar daquilo que os praticantes entendem por questões do espírito, trabalhos em grupos e realizar iniciações para novos praticantes. A partir do conteúdo abordado, ficam evidentes as aplicações clínicas da terapia reiki como prática integrativa e complementar em saúde. O método busca o tratamento do indivíduo como um todo, a partir da ideia de que, além da cura, é necessário que o paciente venha a alcançar o autoconhecimento e uma mudança de antigos hábitos. Assim, é importante os profissionais de saúde conhecerem os conceitos e os fundamentos da prática reiki, uma vez que é muito procurada na atenção primária por uma população cada vez mais preocupada com saúde e bem-estar e acometida por diversos distúrbios emocionais. A quantidade de energia reiki que o receptor recebe não pode ser dosada pelo emissor/reikiano, uma vez que ele deve simplesmente impor as mãos sobre o centro energético e deixar a energia fluir. Na verdade, a quantidade de energia que flui é determinada pelo receptor. Quando uma região está equilibrada energeticamente, ela deixa de solicitar energia. Sendo assim, mesmo que o reikiano permaneça com as mãos no local, não ocorrerá fluxo de energia nem um eventual excesso de aplicação. Reiki como alternativa terapêutica10 Referências BABENKO, P. C. Reiki: um estudo localizado sobre terapias alternativas, ideologia e estilo de vida. 2004. Dissertação (Mestrado) — Programa de Pós graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 849, de 27 de março de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 154, n. 60, seção 1, p. 68-70, 28 mar. 2017. Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html. Acesso em: 17 nov. 2020. JACINTO, V. Praticar Reiki. Amadora: Associação Portuguesa de Reiki, [2013]. Dispo- nível em: http://www.associacaoportuguesadereiki.com/reiki/reiki-em-portugal/ wp-content/uploads/2013/12/praticar-reiki-apr.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020. OLIVEIRA, R. M. J. Efeitos da prática do Reiki sobre aspectos psicofisiológicos e de qualidade de vida de idosos com sintomas de estresse: estudo placebo e randomizado. 2013. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2013. RIO GRANDE DO SUL. Secretária da Saúde. Nota técnica 01/2020: orientações para implantação do Reiki na rede de atenção à saúde. Porto Alegre: Secretária da Saúde do Rio Grande do Sul, 2020. Disponível em: https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/ upload/arquivos/202008/31134710-nota-tecnica-01-2020-reiki-pepic-rs-docx.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020. SILVA, G. Reiki busca o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. Jornal NH Online, Novo Hamburgo, 12 mar. 2018. Disponível em: https://www.jornalnh.com. br/_conteudo/2018/03/vida/viver_com_saude/2244199-reiki-energia-que-da-vida. html. Acesso em: 07 nov 2020. VIEIRA, T. C. O Reiki nas práticas de cuidado de profissionais do Sistema Único de Saúde. 2017. Dissertação (Mestrado) — Programa de Pós graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. WOLFF, F. R. Reiki: quatro níveis em curso à distância, não tradicional, essencial. Santa Maria: Ed. do Autor, 2012. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Reiki como alternativa terapêutica 11 Dica do professor O Reiki é uma terapia que pode ser feita presencialmente e também a distância, sendo esta última por meio de um reikiano avançado, ou seja, para aqueles que estão ou já concluíram o nível 3 de formação em Reiki. O envio da energia Reiki a distância é possibilitada pelo fato dessa energia ser multidimensional, onde o fator tempo/espaço não é um atributo fundamental. Pessoas que estão acamadas, que têm baixa imunidade ou que não podem sair de casa, por exemplo, são altamente beneficiadas com o envio dessa energia a distância. Nesta Dica do Professor, você conhecerá um pouco mais sobre o Reiki a distância e os seus benefícios. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3e45cec8603703e5c9fc6090d204c430 Exercícios 1) O Reiki foi inserido no Sistema Único de Saúde (SUS) como prática integrativa e complementar, pela Portaria no 849 de 27 de março de 2017. A respeito da prática do Reiki, leia as assertivas abaixo e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) O Reiki é uma técnica simples, segura, natural, com conotação religiosa e que pode ser aplicada a distância. ( ) O Reiki atua em todas as esferas do indivíduo, ou seja, no âmbito físico, emocional, mental e espiritual. ( ) Para o paciente obter os benefícios do Reiki, não é necessário o diagnóstico prévio da enfermidade ou disfunção. ( ) Após uma sessão de Reiki, o terapeuta pode ficar extremamente desgastado devido à doação de sua energia vital. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) F, V, V, F. E) V, V, V, F. Os chakras são elementos centrais na prática do Reiki, consistindo em centros de forças de energia nos quais circulam a energia vital. Cada um dos sete principais chakras estão localizados em determinadas partes do corpo e têm funções correspondentes, sendo que ao alterar o fluxo energético em determinado chakra, podem ser observadas perturbações físicas ou psíquicas. Analise os chakras a seguir e relacione a primeira e a segunda colunas de forma a estabelecer a relação correta entre elas. I - Chakra umbilical. 2) II - Chakra cardíaco. III - Chakra frontal. IV - Chakra coronário. ( ) Representado pela cor laranja; como perturbações físicas, tem-se o problema nos órgãos reprodutores. ( ) Representado pela cor verde; como perturbações psíquicas, tem-se o egoísmo e a indiferença. ( ) Localizado no alto da cabeça; considerado o ponto de ligação com o universo. ( ) Localizado no meio da testa; tem a função psicológica de autopercepção. A) I, II, IV, III. B) I, II, III, IV. C) IV, III, II, I. D) II, III, I, IV. E) I, III, II, IV. 3) Dentre os vários benefícios do Reiki, pode-se destacar o auxílio na gestão do estresse e transtornos psicológicos como a depressão e a ansiedade, sendoque o tratamento deve ser realizado por um terapeuta treinado na técnica. Sobre a técnica e a aplicação do Reiki em outras pessoas, é correto afirmar que: A) o terapeuta passa as suas mãos sobre o receptor, exercendo pressão sobre o corpo do mesmo nas regiões dos chakras a serem energizados. B) para aplicação do Reiki, o paciente pode ficar completamente vestido, sem a necessidade de retirar adornos como anéis e relógios. C) o Reiki deve ser sempre utilizado como complemento de um tratamento convencional, visto que seus benefícios isolados não são comprovados. D) durante a sessão, o terapeuta foca nos pontos associados com as queixas do paciente, impondo a mão sobre ele por cerca de 5 a 10 minutos. E) para aplicar o Reiki em outra pessoa, o terapeuta deve ter cursado pelo menos os dois primeiros níveis do processo de formação. 4) Mikao Usui, nascido em 1865 no Japão, é considerado o fundador do Reiki, uma técnica de imposição de mãos que visa estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. Mikao Usui acreditava que a cura estaria acessível a todos os seres humanos e, a fim de orientar as condutas dos praticantes do Reiki, ele definiu alguns princípios para a técnica. A respeito dos princípios do Reiki, leia as assertivas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) Os praticantes do Reiki acreditam que a raiva moderada pode ser útil pois aumenta o fluxo energético. ( ) Com a prática do Reiki, a função de dar e receber livremente é restabelecida, uma vez que a prática da gratidão permite viver a vida de forma abundante. ( ) Para a boa prática dos princípios é necessário que os praticantes possuam as qualidades como complacência, serenidade, resignação, respeito e honestidade, sendo que os princípios apresentados devem ser reafirmados diariamente e incorporados no cotidiano. ( ) Ser bondoso com todos deve ser comum na vida de um praticante do Reiki, uma vez que se acredita que esse é um requisito para atingir toda a plenitude do ser. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) F, F, V, V B) F, V, V, V C) F, V, F, V D) V, V, V, F E) V, F, V, F O Reiki é uma prática integrativa e complementar que busca restabelecer o fluxo de energia vital no paciente tratado, com o intuito de restabelecer não somente as dimensões físicas, mas também as dimensões mentais, emocionais e espirituais. A respeito da prática e dos benefícios do Reiki, leia as assertivas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A prática do Reiki acredita que o autoconhecimento é a chave para uma transformação pessoal, assim como o caminho para a cura. 5) ( ) Dentre os benefícios do Reiki, tem-se o alívio da dor e a redução da ansiedade em pacientes oncológicos. ( ) Durante a sessão do Reiki, o paciente pode apresentar alguns desconfortos como dor de cabeça leve, náusea e até mesmo choro compulsivo. ( ) O Reiki apresenta benefícios no alívio de estados psicológicos, como o estresse e ansiedade, porém apresenta pouco ou nenhum efeito em distúrbios cognitivos, como o Alzheimer. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) F, V, V, F. E) V, V, V, F. Na prática O transtorno depressivo maior, ou depressão, é uma doença que atinge grande parcela da população, sendo caracterizada por sintomas como perda de energia, fadiga, humor deprimido, insônia, falta de concentração, perda de interesse em atividades antes apreciadas, dentre outros. Neste Na Prática, você conhecerá um estudo de caso em que a médica psiquiatra recomendou à paciente procurar o Reiki como terapia auxiliar à convencional, para a melhora do seu quadro depressivo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/505e719f-2310-4113-a989-d32c8822eabd/62c95ff7-b689-4bb4-ac05-3e3e379cea92.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Reiki no alívio de sinais e sintomas biopsicoemocionais relacionados à quimioterapia No artigo a seguir, veja um estudo que avaliou o uso do Reiki no alívio de sinais e sintomas biopsicoemocionais relacionados à quimioterapia, como ansiedade, estresse, dor, fadiga e depressão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Realinhamento e tranquilidade através do reiki No vídeo a seguir, veja com funciona uma sessão de Reiki, uma técnica que apresenta diversos benefícios para o dia a dia, como diminuição do estresse e ansiedade, e também no tratamento de doenças. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A técnica respiratória do Reiki (por Johnny De’ Carli) No vídeo a seguir, o mestre Johnny De’ Carli, fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Difusão do Reiki, ensina a técnica respiratória do Reiki relatada no seu livro Reiki - sistema tradicional japonês. https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/56694/pdf%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B https://www.youtube.com/embed/YcFNNLdiTAk Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/MB--R32B09E Cromoterapia e termalismo Apresentação Buscando a integralidade do cuidado e estimulando os mecanismos naturais de prevenção de doenças e de recuperação da saúde, existem as práticas integrativas e complementares em saúde. Por meio de ações seguras, tais práticas oferecem a cromoterapia e o termalismo como recursos terapêuticos. Entende-se por cromoterapia a ciência que utiliza as cores do espectro eletromagnético para restaurar o equilíbrio físico-energético, harmonizando, assim, o corpo e a mente do paciente. Já o termalismo se alicerça na crenologia, ciência que se baseia em propriedades medicinais e terapêuticas das águas minerais para os tratamentos de saúde. Apesar de distintas, há uma sinergia na associação dessas técnicas, como pode ser observado nas piscinas termais que dispõem de feixes de luz em várias cores. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre como os olhos captam as cores, bem como as áreas cerebrais ativadas por elas e sua influência no comportamento psicológico, compreendendo o que são oligoelementos (componentes presentes nas águas minerais) e qual é sua importância para a saúde. Além disso, vai estudar sobre os benefícios da associação dessas técnicas na promoção da saúde e do bem-estar do paciente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar os mecanismos de terapia pela cromoterapia e pelo termalismo.• Descrever como as cores são relacionadas com as necessidades de tratamento de pacientes.• Relacionar a composição termal das águas ao tratamento e à prevenção de patologias.• Infográfico As cores, além de trazerem beleza ao mundo, são uma fonte de informação. Bastam alguns segundos de interação com elas para que alguma decisão seja tomada e alguma opinião seja formada. Pode parecer estranho, mas essa formação de ideias e atitudes ocorre porque as cores que se veem não estão nos objetos que observamos, mas, sim, na nossa mente, o que acaba por influenciar os sentimentos e humores de forma positiva ou negativa. Acompanhe neste Infográfico como os olhos humanos percebem as cores e quais áreas do cérebro são ativadas diante de determinada cor, produzindo efeitos psicológicos no comportamento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/51d22dab-2178-4e2c-9470-9e2405b45d80/616e820a-79a3-4edd-be57-8bae86419c61.jpg Conteúdo do livro Uma característica comum entre as terapias complementares em saúde é que elas utilizam recursos naturais como forma de tratamento.Historicamente, as civilizações antigas já sabiam desse potencial de cura. Os gregos, por exemplo, utilizavam a helioterapia – terapia dos raios solares, para curar várias doenças, sendo indicada pelos próprios médicos daquela época. Os egípcios usavam as cores para tratar doenças e desenvolver os dons espirituais, assim como se banhavam no rio Nilo, considerado sagrado por eles. Além deles, os chineses, indianos e até mesmo os índios brasileiros sempre tiveram, em suas culturas, os métodos terapêuticos naturais e os princípios da medicina antroposófica arraigados no cuidado com a saúde. Para saber mais sobre esse assunto, leia o capítulo Cromoterapia e termalismo, que faz parte da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, que abordará métodos integrantes das práticas complementares em saúde, que compartilham as premissas antroposóficas e buscam reestabelecer a conexão da unidade corpo-mente-espírito, devolvendo a integralidade do indivíduo para promover a saúde. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Explicar os mecanismos de terapia pela cromoterapia e pelo termalismo. > Descrever como as cores são relacionadas com as necessidades de trata- mento de pacientes. > Relacionar a composição termal das águas ao tratamento e prevenção de patologias. Introdução O ritmo frenético da vida moderna tem contribuído para expor as pessoas a situações que podem interferir na sua saúde. Claro que nem todos são atingidos da mesma forma, pois a maneira como cada indivíduo percebe e reage frente a essas circuns- tâncias dita o nível dos agravos físicos, emocionais e/ou psicológicos de cada um. Diante disso, tanto para o tratamento quanto para a prevenção da doença, uma abordagem terapêutica à luz do holismo se torna importante, pois é capaz de reestabelecer o equilíbrio integral, por atuar em distintos sistemas corporais simultaneamente e, assim, restituir a saúde e o bem-estar do indivíduo. Nessa perspectiva, o terapeuta dispõe das técnicas de cromoterapia e termalismo dentro do rol das práticas integrativas e complementares em saúde. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos e princípios da cromoterapia e do termalismo, que fundamentam o uso das cores e da água mineral, respecti- vamente, como forma de tratamento. Para isso, examinaremos as características Cromoterapia e termalismo Flávia Garramone eletromagnéticas das cores primárias e secundárias, e como cada uma delas pode influenciar e produzir reações fisiológicas, conforme o tratamento específico. Além disso, analisaremos as características físico-químicas da água termal que a tornam um agente terapêutico do termalismo. Por fim, as propriedades terapêuticas dos elementos oligominerais também serão abordadas, relacionando seus benefícios no tratamento e prevenção de doenças. Princípios da cromoterapia e do termalismo Numa visão conceitual ampla, a cromoterapia é entendida como a utilização das cores com o objetivo terapêutico de reestabelecer a saúde. Para isso, no estrei- tamento teórico-prático, é necessário ao terapeuta saber o que é cor no âmbito da física, ou seja, conhecer as características do espectro de luz visível, pois cor é luz. Além disso, é preciso entender como as cores interagem com o campo bioenergético do paciente para promover a cura das patologias que o afetam. Por sua vez, o termalismo é entendido como a técnica terapêutica que utiliza águas termais para o tratamento da saúde. Nesse caso, o xis da questão para o princípio terapêutico é entender o que essas águas têm de especial, ou ainda o que torna essas águas um agente medicinal capaz de tratar doenças? Para encontrar a resposta, o terapeuta precisa conhecer a composição e as propriedades físico-químicas que distinguem as águas termais das comuns. Como se não bastasse, é preciso entender como os oligominerais presentes atuam no metabolismo corporal, reequilibrando os tecidos e a energia vital, para prevenir e tratar as doenças. Desse modo, a cromoterapia tem suas bases alicerçadas em três ciências: a medicina, a física e a bioenergética. O mesmo vale para o termalismo, com o acréscimo ainda da química, justificando, dessa forma, a inter-relação dos seus mecanismos de ação com os componentes orgânicos para produzir os efeitos fisiológicos desejados no tratamento do paciente. Luz e cor Na física, entende-se por espectro de luz visível a luz solar ou branca, cuja característica é ser formada por radiações ou ondas eletromagnéticas que se tornam perceptíveis ao olho humano nas cores do arco-íris. As grandezas Cromoterapia e termalismo2 físicas utilizadas para mensurar essas ondas eletromagnéticas são o compri- mento de onda, expresso em nanômetros (nm), e a frequência, dada em hertz (Hz), as quais se relacionam de maneira inversamente proporcional. Assim, a luz visível se situa na faixa de comprimento de onda de 400 nm a 700 nm, que vai do violeta ao vermelho, respectivamente, abrangendo intermediariamente todas as demais cores visíveis ao olho humano (Figura 1). Figura 1. Características do espectro de luz visível. Fonte: Adaptada de Suidroot (2008)/CC BY-SA 4.0. Esse conceito foi provado por Isaac Newton no século XVII. Segundo Agne (2014), o físico fez um experimento usando um prisma e observou que, quando a luz solar atravessava o vidro transparente, cada cor seguia uma direção diferente. Dessa forma, concluiu que tal fato ocorria porque cada uma dessas Cromoterapia e termalismo 3 cores tem comprimento de onda e velocidade diferentes. Em outras palavras, Newton descobriu que a cor que enxergamos é, na verdade, determinada pela luz que foi refletida, especificamente o seu comprimento de onda. Quando ondas eletromagnéticas dentro do espectro visível são captadas pelos nossos olhos, o cérebro cria a sensação da cor. Além do comprimento de onda, as frequências da luz também são sentidas nesse processo: as mais altas frequências dão a sensação da cor violeta, enquanto as mais baixas puxam para o vermelho, e nas frequências intermediárias podemos perceber todas as cores do arco-íris. No entanto, a cor não é um fenômeno puramente físico, pois, de acordo com Heller (2013), uma mesma tonalidade de cor pode ser percebida de di- ferentes formas por cada indivíduo, o que demonstra que a cor também é um fenômeno fisiológico. Surge, então, um aprofundamento no tocante à fisiologia da percepção das cores que avalia as sensações e emoções que elas despertam em nós, bem como suas influências em nosso comportamento, ramo de estudo que é conhecido como psicologia das cores. A cor de um objeto é resultado do tipo de radiação eletromagnética que ele reflete, que vem a ser a cor que conseguimos enxergar. Conforme Valcapelli (2011), o preto, por exemplo, é considerado ausência de cor, pois é percebido em objetos que absorvem toda a luz, isto é, não refletem nenhuma cor, enquanto o branco é o contrário, formado pela reflexão de toda a luz incidente, representando a mistura de todas as cores. Quanto às outras cores, o que conseguimos perceber, enxergar, é a parte da luz que foi refletida, ou melhor, da cor que não foi absorvida. Em seguida, Isaac Newton resolveu observar mais atentamente seu ex- perimento e dobrou o espectro visível de luz em um círculo, encontrando outras características luminosas. A partir daí, criou a roda das cores ou círculo cromático, que se tornou a ferramenta mais utilizada até hoje para entender as relações entre as cores e para criar harmonias entre elas (Figura 2). Nela, estão presentes a classificação e as propriedades das cores, as quais são importantes para a prática da cromoterapia. Cromoterapia e termalismo4 Figura 2. Roda das cores: classificação, propriedades e relação entre as cores. Fonte: Adaptada de aekikuis/Shutterstock.com, Oleksii Arseniuk/Shutterstock.com e Slave SPB/ Shutterstock.com. Segundo Heller (2013), as cores são classificadasem primárias, secundá- rias e terciárias. As cores primárias são consideradas puras e compreendem o vermelho, o amarelo e o azul. Já as cores secundárias surgem da mistura proporcional de duas cores primárias, resultando no laranja, no violeta e no verde. Por fim, as cores terciárias são provenientes da união de uma cor primária com uma secundária, como, por exemplo, o azul-esverdeado. Em relação às propriedades, as cores são classificadas como quentes ou frias e como cores complementares, complementares divididas ou cores análogas. Contudo, antes mesmo que Newton desvendasse o conceito físico de luz, e antes mesmo da teoria e psicologia das cores, o ser humano já fazia seu uso terapêutico. O Ministério da Saúde, na Portaria nº 702, cita que: Cromoterapia e termalismo 5 A cromoterapia é prática terapêutica que utiliza há milênios as cores no tratamento de doenças, sendo utilizada pelo homem desde as antigas civilizações, e atua do nível físico aos mais sutis com o objetivo de harmonizar o corpo. Antigamente, o uso terapêutico era realizado principalmente através da luz solar, pela forte crença no seu potencial de cura. (BRASIL, 2018, documento on-line, grifo nosso). Segundo essa hipótese, nosso organismo é influenciado pelas cores, seja pela luz solar ou pelas lâmpadas que as emitem, e nossas células são capazes de perceber, reagir e responder às cores. Por isso, é importante que o terapeuta conheça todos os aspectos das cores para saber escolher a mais adequada para o tratamento da patologia do paciente. Na cromoterapia, usamos as sete cores do espectro de luz visível, sele- cionadas conforme a necessidade terapêutica, normalmente aplicadas de forma direta nos chakras. O objetivo da técnica é alterar ou manter a ener- gética corporal na frequência que promove saúde, equilíbrio e bem-estar, harmonizando o corpo, a mente e as emoções. Segundo Valcapelli (2011), as cores quentes são tonificantes e intensificam a energia corporal, enquanto as cores frias são relaxantes e tranquilizam o corpo e a mente. Além disso, é possível utilizar a terapia das cores nas vestimentas e acessó- rios e no ambiente, por meio da decoração, entre outros. Há também a possibi- lidade de interação com outras terapias complementares, como a associação da cromoterapia aos banhos de imersão, tanto que alguns locais de termalismo utilizam as cores terapêuticas em suas piscinas naturais de águas termais. Águas medicinais A designação termalismo, no âmbito deste capítulo, refere-se a um conjunto de práticas que têm como agente terapêutico a água minero-medicinal. Segundo o documento Política Nacional de Prática Integrativas e Complementares no SUS, publicado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2015), o uso das águas ter- mais ou minerais para tratar a saúde é um dos mais antigos procedimentos, e cita que Heródoto (485–425 a.C.), geógrafo e historiador grego, foi autor da primeira publicação científica termal. De fato, a água, principalmente os banhos (Figura 3), tinham grande impor- tância para os gregos. Hipócrates (460–370 a.C.), considerado o pai da medicina, estabeleceu a água como um dos elementos essenciais e determinantes do estado de saúde ou doença. Segundo Nunes e Tamura (2012), Asclepíades (124–40 a.C.) utilizou a ingestão de água como método terapêutico preventivo e curativo, assim como a hidroterapia. Cromoterapia e termalismo6 Figura 3. Banhos públicos em termas na Antiguidade. Fonte: Joli (1745, documento on-line)/CC BY-SA 4.0. Nessa concepção histórica, os antigos romanos aderiram a essa prática que herdaram dos gregos, e aperfeiçoaram suas ideias. Surgiram, então, espalhados por todo o Império Romano, os banhos públicos, os banhos de vapor e os banhos em termas, como de Tito, Caracala e Constantino, introdu- zidos com finalidade terapêutica e destinados ao tratamento de gota, febre, psoríase, cicatrizações, queimaduras, entre outros. Fica claro, então, que esses povos já reconheciam o poder medicinal das águas. Infelizmente, na época medieval isso não foi considerado e essa prática foi abolida. Porém, passado esse período obscuro da civilização, aos poucos as pessoas voltaram a procurar as fontes de águas curativas, enquanto os médicos direcionavam sua atenção para a terapias usando fontes termais, a chamada crenoterapia. Cromoterapia e termalismo 7 Na segunda metade do século XVIII, Antoine Lavoisier deu início à química moderna, e as águas termais, curativas e/ou santas passaram a ser objeto de estudo dessa nova ciência. Com a elucidação das propriedades químicas das águas minerais, formaram-se ciências como a hidrologia, a hidrologia médica, a medicina hidrológica e a crenologia, todas elas categorias relativas ao termalismo. Durante o século XIX, a hidrologia se desenvolveu na França como disciplina integrante do curso de medicina, e nela se inseriu a hidrologia médica, a qual se refere ao tratamento médico por meio das águas em geral, dividida em hidroterapia, crenoterapia e talossoterapia. Conforme Nunes e Tamura (2012), a partir do século XVII os médicos euro- peus se interessaram pela água mineral para uso terapêutico. Sem restrições ou oposições alheias, a prática ganhou força e se firmou. Comprovando seus benefícios, os médicos elaboraram inclusive uma lista de doenças que pode- riam ser combatidas com a terapêutica hidrológica, entre elas a gonorreia, doenças reumáticas e do sistema nervoso. A partir de então, as termas foram reabilitadas pela aristocracia em vários países. Na França, se destacaram as termas de Vichy e de Bourbon-Lancy; na Inglaterra, as de Bath; e na Itália, as de Montecatini e Lucca, onde surgiram alguns spas. Esses são apenas alguns exemplos, pois há vários países que possuem suas fontes de água mineral, sejam quentes ou frias. Aqui no Brasil, a primeira estância termal de Caldas do Cubatão, hoje Caldas da Imperatriz (SC), foi criada em 1818, marcando o início do termalismo em nosso país. No final do século XVIII, já havia notícias de fontes de águas com propriedades curativas aqui no Brasil. Então, em 1812 D. João VI enviou amostras de água de Caldas do Cubatão para serem analisadas na corte. De acordo com Quintela (2004), Portugal já dispunha de saber médico-científico sobre a terapêutica do termalismo. No resultado da análise, foram reconhecidas as propriedades terapêuticas e essas águas termais passaram a ser um bem público. Isso levou o monarca a decretar a construção de um hospital termal no local, cujo estatuto seria regido pelo Hospital das Caldas da Rainha, de Portugal. Cromoterapia e termalismo8 As práticas termais em espaços institucionalizados pela medicina brasi- leira se iniciaram durante o século XIX, impulsionadas pela descoberta das análises químicas. Isso levou à construção de estabelecimentos nas termas de Caldas do Cubatão (SC), Caxambu e Poços de Caldas (MG). Entretanto, a Academia Real de Medicina contava com poucos periódicos que se referiam ao tema. Segundo Quintela (2004), alguns deles dissertavam sobre o uso das águas das fontes termais de Goiás (Caldas Novas e Rio Quente) no tratamento da morfeia, hoje conhecida por hanseníase. Com o desenvolvimento da química e da própria medicina, esse cenário mudou e os médicos produziram várias teses sobre as águas minerais, princi- palmente apresentadas na Escola de Medicina do Rio de Janeiro. A primeira e considerada a mais completa tese data de 1841, escrita por Antônio Maria de Miranda Castro, que descrevia as potencialidades das águas e a necessidade de o Brasil investir nesse campo, à semelhança do que se passava na Europa. Observe o trecho a seguir extraído de sua tese: O Brasil, esta feliz e abençoada porção de terra que nos tocou em partilha, também encerrando em seu seio com profusão águas minerais de diversas naturezas, não necessita de mendigar ao estrangeiro as suas águas gasosas de Vichy, Montedouro, Selters, as ferruginosas de Spa, Piemont, Forges, as sulfurosas de Barrèges etc. etc.,que artificiais ou naturais, nunca jamais a nossa primorosa água gasosa da Vila de Campanha, as ferruginosas de Andaraí, a Matacavalos, as sulfurosas de Vila de Caldas em Minas Gerais, e da Vila de Itapicuru na Bahia, as termas de Santa Catarina e de Goiás etc. as quais podem ser usadas nas mesmas fontes: circunstância que, como veremos, é de maior importância para o seu bom êxito. (CASTRO, 1841, p. 5). Além dessas, o Brasil possui fontes termais em Águas da Prata, Lindoia, Serra Negra e São Pedro (SP), Gravataí, Águas Mornas e Piratuba (SC), entre outras. Após esse passeio histórico-científico, percebemos que as águas minerais naturais são, conforme nos aponta Nunes e Tamura (2012, p. 253), “as soluções formadas em condições geológicas específicas e caracterizadas por dinamismo físico-químico”. Essas águas provindas das nascentes são puras, ou seja, não apresentam agentes microbianos, e os elementos químicos presentes possuem potencial terapêutico. Elas são classificadas de acordo com suas várias propriedades químicas, físico-químicas, de temperatura e terapêuticas, listadas a seguir (AMARAL, 2015; NUNES; TAMURA, 2012). Cromoterapia e termalismo 9 � Em relação à composição química: águas oligominerais, radíferas, alcalino-bicarbonatadas, alcalino-terrosas, alcalino-terrosas cálcicas, alcalino-terrosas magnesianas, sulfatadas, sulforosas, nitratadas, cloretadas, ferruginosas, radioativas, toriativas e carbogasosas. ■ Água oligomineral: com balanço mineral de água inferior a 0,2g/L. ■ Água com médio balanço mineral: entre 0,2g/L e 1g/L. ■ Água mineral: com equilíbrio mineral da água acima de 1g/L. � Quanto às características físico-químicas: referentes a temperatura, capacidade, equilíbrio, concentração molecular, composição química e presença de oligoelementos. � Em relação à temperatura: ■ fria: inferior a 20°C; ■ quente: – hipotérmica entre 20 e 30°C; – térmica entre 30 e 40°C; – hipertérmica acima de 40°C. � Ações terapêuticas: ■ antiinflamatória, antibacteriana e antifúngica; ■ cicatrizante; ■ adição imunológica; ■ antioxidante; ■ recuperação da barreira cutânea, entre outros. Corroborando, segundo Amaral (2015) as águas termais têm origem subter- rânea e são ricas em sais minerais que se incorporam à sua estrutura físico- -química, devido à sua passagem lenta pelas rochas e sedimentos do interior da terra. A cada 33 metros de profundidade, sua temperatura aumenta em 1°C, e como certas fontes podem alcançar até 3 mil metros de profundidade, sua temperatura pode chegar a 150°C nessa profundidade. Nessas condições, a água fica sob pressão, o que leva a sua rápida subida pelas frestas rochosas, surgindo as fontes termais e também os gêiseres, fontes de jatos de vapor, como o de Caxambu, o único no Brasil. Quanto à prática do termalismo, na impossibilidade de deslocamento até um balneário termal, o paciente pode ser tratado por meio de banhos, saunas e aplicação de compressas com produtos que contenham águas minerais em sua composição. Cromoterapia e termalismo10 Bioenergética das cores na prática terapêutica Assim como a água, a luz solar e as cores fazem parte da nossa vida e são elementos importantes para a existência humana. A luz solar estimula a síntese de vitamina D, reforça nosso sistema imunológico ainda interfere no nosso humor, pois aumenta a expressão de receptores neuronais para neurotransmissores ligados ao bem-estar. Conscientemente, não percebemos o quanto as cores podem influenciar nossas emoções, sentimentos e comportamentos, às vezes até mesmo de maneira contraditória. O vermelho, que antes inspirava paixão e amor intenso, em certo momento/situação da vida passa a representar a raiva e o ódio. Isso está relacionado à bioenergética das cores. Nosso campo bioenergético carrega informações físicas, emocionais, mentais e espirituais, sendo os chakras os centros energéticos do corpo pelos quais essas energias circulam. No corpo físico, qualquer mani- festação ou sintoma, como uma doença, por exemplo, representa que algo está errado na parte bioenergética. Segundo Fonseca (2011), a bioenergética está intimamente relacionada ao fluxo físico vital, em que as cores também influenciam na orientação da trajetória correta desse fluxo energético. Dessa forma, percebemos que, assim como cada cor tem sua característica e suas propriedades físicas, também tem um significado específico e uma vibração própria, capaz de causar reações nos sentidos de quem as percebe, inclusive orgânicas. Do mesmo modo, todo sentimento ou emoção, como raiva, ódio, amor, prazer, alegria, entre outros, tem uma vibração e uma cor correspondente. A seguir são listados os significados gerais de cada uma das sete cores do arco-íris (HELLER, 2013; ZYLBERGLEJD, 2017). � Vermelho — cor quente. É a mais poderosa de todas as cores. Ligada ao sangue e ao fogo. Representa força, vida, atividade, determinação e agressividade, amor, paixão, raiva, ódio, etc. Tem efeito vitalizante, atraindo a energia. � Laranja — cor quente. Resultado da junção do vermelho e do amarelo. Considerada exótica à nossa percepção, cria a sensação de aroma e denota o verdadeiro caráter de um sentimento. É a cor da alegria, sociabilidade, determinação, força de vontade, do sucesso, encorajamento, superação, entusiasmo, rápido entendimento. Tem efeito vitalizante e rejuvenescedor. Cromoterapia e termalismo 11 � Amarelo — cor quente. Psicologicamente é considerada uma cor ambí- gua, pois inspira otimismo, iluminação e entendimento, bem como irri- tação, inveja, insegurança e instabilidade. Por isso, não é aconselhável utilizá-la isoladamente. No entanto, é o símbolo das energias positivas e inspiradoras, promovendo a criatividade, o raciocínio e o otimismo. � Verde — cor fria. É considerada uma cor completa, pois abrange corpo, mente e espírito. Simboliza natureza e saúde e significa crescimento, ferti- lidade, juventude, esperança e confiança. Tem efeito calmante e estimula segurança, relaxamento, harmonia e equilíbrio. Deve ser utilizada com precaução, para não aumentar os níveis de insatisfação e impaciência. � Azul — cor fria. É a cor da profundidade, fidelidade, confiança, tran- quilidade, honestidade e contentamento. Tem efeito apaziguador e sedativo, estimula a sensação de paz e é muito eficaz na devolução da clareza mental. � Índigo — cor fria. É uma cor profunda, distante e infinita. Representa conhecimento, poder, integridade e seriedade. Ligada às artes e à beleza, associada à consciência e ao intelecto, eleva a mente, incita o estado de serenidade e estimula as energias criativas. � Violeta — cor fria. Resultado da união do vermelho e do azul. Simboliza a união dos opostos, ou seja, do masculino e do feminino, da sensua- lidade e da espiritualidade, sentimento e intelecto, amor e abstinên- cia. Provoca sensações de liberdade, mas também de equilíbrio e de estabilidade, incitando a meditação e a recuperação da autoestima. Nesse sentido, Fonseca (2011) nos explica que a interação da energia das cores com nossa bioenergia — espontaneamente, por meio de estímulos visuais coloridos (como a cromoterapia), ou involuntariamente, por meio de estímulos naturais (como a luz solar) — promove efeitos relevantes no contexto da vida e também curativos, refletindo em aspectos físicos, mentais e/ou emocionais. Apoiada nesse conceito, a cromoterapia busca na vibração das cores a interação com nosso campo energético — nossa aura, a qual está integrada à totalidade de nosso ser. Para isso, recorre aos sete pontos centrais energético- Cromoterapia e termalismo12 -espirituais do corpo, os chakras, localizados ao longo da coluna vertebral. De acordo com Valcapelli (2011), na ayurveda cada chakra tem correspondência com uma cor específica do espectro visível, com uma determinada área corporal e com um ou mais órgãos do corpo humano (Figura 4). Figura 4. Correspondência dos chakras com as cores e órgãos corporais. Fonte:Adaptada de MicroOne/Shutterstock.com. Sendo assim, em caso de desequilíbrio ou doença, na conduta terapêutica de um modo geral expor o chakra afetado à sua cor dominante faz com que o organismo retorne à normalidade, reconduzindo a saúde e o bem-estar do paciente. Porém, não é tão simples assim. O terapeuta precisa avaliar minuciosamente o estado e as condições específicas do paciente, pois, em certas situações, para atingir esse objetivo a aplicação das cores comple- mentares, análogas ou complementares divididas é tão eficiente quanto a aplicação da cor dominante. Além disso, na cromoterapia, é por meio das cores complementares que se neutraliza uma disfunção existente no organismo. Entretanto, o profis- sional pode se orientar para escolha da cor baseado nas várias indicações terapêuticas e ampla ação fisiológica (Quadro 1) que cada cor possui. Cromoterapia e termalismo 13 Quadro 1. Efeito e indicação terapêutica das cores Cor Efeito fisiológico Ação e indicação terapêutica Vermelho Estimulante Promove a vitalidade. É capaz de acelerar o me- tabolismo orgânico, aumentar a taxa de respira- ção e a pressão arterial. Estimula a liberação de adrenalina e dos hormônios sexuais e o sistema nervoso simpático, bem como a produção de hemácias. Trata: depressão; anemia; problemas circulató- rios sanguíneos e edemas; paralisias; alterações do funcionamento do fígado; inflamação das articulações; reumatismo. Obs.: deve ser evitada em casos de hipertensão e em pessoas agitadas. Laranja Estimulante Promove a vitalidade. É capaz de elevar a pres- são sanguínea e estimular o sistema nervoso simpático, a função das glândulas endócrinas, principalmente as glândulas suprarrenais, às quais está associada. Estimula o apetite, a boa digestão e o sistema metabólico. Fortalece as funções mentais. Trata: depressão; fadiga; falta de energia e de força de vontade; problemas respiratórios, renais e biliares; epilepsia; inflamações como artrites, reumatismo, bursites; torções. Amarelo Estimulante Vitaliza os neurônios, estimulando a atividade mental, o raciocínio e a memória. Favorece a defesa imunológica por atuar no timo. Har- moniza o sistema nervoso central. Estimula o sistema nervoso parassimpático, favorecendo as funções hepáticas e os movimentos peristál- ticos dos intestinos. Trata: depressão; problemas digestivos, ocu- lares e auditivos; reumatismo; artrite; auxilia a cicatrização, limpeza e reestruturação da pele; distrofia muscular e debilidade mental. Verde Equilibrante Promove tranquilidade, equilíbrio e estabi- lidade. É capaz de neutralizar os efeitos do excesso de vermelho, laranja e amarelo; por isso, na cromoterapia é sempre utilizado no final do tratamento à base dessas cores. Trata: distúrbios emocionais; infecções; into- xicações; problemas cardíacos e circulatórios; enxaqueca; gripe; lesões cutâneas, como a acne e eczemas; machucados. (Continua) Cromoterapia e termalismo14 Cor Efeito fisiológico Ação e indicação terapêutica Azul Sedante Promove relaxamento e acalma. É considerada a cor mais curativa de todas. É anti-inflamatória, antisséptica e cicatrizante. Vitaliza as glândulas tireoide e paratireoides, a garganta e o sistema respiratório. Trata: dor de cabeça e enxaqueca; sensação de angústia, ansiedade, tensão, medo e perturba- ções nervosas; insônia; lesões cutâneas, feridas e queimaduras; faringite, laringite, bronquite; asma; distúrbios físicos e mentais. Obs.: não deve ser usada para pessoas lentas, deprimidas e com a pressão muito baixa. Índigo Sedante Tem ação analgésica e calmante. É anti-inflama- tória, anti-hemorrágica, descongestionante e cicatrizante. Auxilia o raciocínio. Trata: dor generalizada; condições elevadas de ansiedade ou excitação; inflamações oculares e nos ouvidos; epistaxe; eczemas e acnes; a hipófise e o cerebelo. Obs.: é indicada em substituição à cor vermelha em recém-nascidos, idosos, hipertensos, psicó- ticos, pessoas agitadas ou em estado febril. Violeta Sedante Promove a meditação e induz elevados pen- samentos de teor espiritual. É considerada a cor da transmutação. Age no sistema nervoso simpático, estimula e ativa o metabolismo e a síntese hormonal. Desintoxica células, tecidos e a energia física do corpo. Trata: doenças físicas e psíquicas: neuroses e desequilíbrios emocionais; psoríase; dermatite; doenças do couro cabeludo; dores musculares e lombares. Obs.: por ser bastante intensa, seu uso ex- cessivo pode provocar estados alterados de consciência Fonte: Adaptado de Heller (2013), Valcapelli (2011) e Zylberglejd (2017). O cromoterapeuta deve ter em mente que as doenças decorrem de um desequilíbrio no padrão de vibração interno, alterando a energética dos órgãos e se refletindo no sistema orgânico como um todo. Sendo assim, a finalidade da técnica é restaurar e criar condições para que as células debilitadas possam se recuperar. Nesse sentido, Valcapelli (2011) afirma que (Continuação) Cromoterapia e termalismo 15 a aplicação correta das cores no nosso corpo bioenergético age no campo vibracional dos órgãos, fazendo com que voltem ao seu padrão original e natural de vibração energética. Isso acontece porque as cores do espectro visível estão no mesmo padrão de vibração do corpo humano, ou seja, são energias biocompatíveis, sobre as quais as células selecionam e absorvem somente aquelas de que necessitam. O corpo tem facilidade para eliminar num curto período as outras cores que incidiram e não foram utilizadas pelas células. Por isso, numa eventual aplicação de cor equivocada, não haverá graves consequências, mas vale ressaltar que as cores influenciam o organismo, elevando ou baixando o nível energético corporal. Os métodos de aplicação da cromoterapia são variados. O mais comum é por meio de focos luminosos, seja por lâmpadas coloridas, bastões de luz com filtro colorido, ou também pelos fototerápicos, como light emitting diode (LED) e laser de baixa potência vermelho. Há ainda a forma de irradiação mental da cor, que usa a vibração do pensamento para levar a cor até a área a ser tratada. Outras maneiras incluem câmaras ou pirâmides cromoterápicas, aplicação de filtros coloridos sobre o local a ser tratado e o uso de águas solarizadas. Nesse último, podemos agregar os princípios do termalismo, assim como a cromoterapia, aos banhos termais, denotando a sinergia entre as duas terapias. Atividade biológica das águas termais As águas naturalmente quentes do Brasil sempre tiveram, do ponto de vista histórico do termalismo, maior visibilidade e interesse na medicina, devido às suas virtudes curativas. Conforme Hellmann e Rodrigues (2017), ao longo do desenvolvimento da crenologia, a água termal se tornou objeto e método de estudo como remédio para o corpo humano. No entanto, já se advertia que as águas não curavam por si só; por isso, após as análises físico-químicas que comprovavam seus efeitos na saúde, os médicos estipularam o modo correto de fazer uso das águas. Dessa forma, especificaram diferentes maneiras e formas de utilização das águas termais, entre elas: uso por via oral, banhos de imersão total ou parcial, inalação, banhos de vapor úmidos ou secos e a aplicação dos resíduos orgânicos e vegetais das águas quentes e sulfurosas. Desta última, surge a técnica de geoterapia ou argiloterapia. Cromoterapia e termalismo16 Contudo, o desenvolvimento científico prosseguiu. Os médicos passaram a avaliar as propriedades biológicas das águas termais, que, à luz da fisiologia, se revelavam, segundo Hellmann e Rodrigues (2017), verdadeiros meios vitais, um elemento vivo, que não poderia ser produzido artificialmente. No sucesso da ação terapêutica das águas termais, se destacava seu poder estimulante, renovador celular, equilibrante do complexo eletrolítico do meio humoral do organismo e também seu poder desintoxicante. Essa interação biológica se deve à elevada concentração de sais minerais que fazem parte da composição químicadas águas termais, e que são elementos importantes e essenciais nos processos metabólicos, de formação e estrutura- ção do corpo humano. De acordo com Amaral (2015), a concentração de alguns minerais nas águas termais chega a ser 300 vezes maior que em água potável comum. Os principais minerais presentes na água termal e suas respectivas propriedades e ações fisiológicas são listados a seguir (AMARAL, 2015). � Zinco: participa do metabolismo de vitaminas e enzimas antioxidantes, da síntese e degradação de carboidratos, lipídios e proteínas e de funções neurossensoriais. Atua em funções do sistema imunológico. � Fósforo: presente na formação de dentes e ossos e nas membranas celula- res do organismo humano. Integra o DNA e o RNA. Participa do transporte e armazenagem de energia celular, do metabolismo de glicídios e de reações químicas que liberam energia. Age na contração dos músculos. � Enxofre: participa da síntese do colágeno e da queratina. Integra os aminoácidos que ajudam a construir tecidos. Intervém no metabolismo de lipídios e carboidratos. Favorece o transporte e o equilíbrio de outros minerais. É antisséptico, agente antioleosidade, colabora ativamente nos tratamentos de pele, unhas e cabelos. � Silício: elemento essencial para o corpo humano. Faz parte da estrutura do colágeno, da elastina e do ácido hialurônico. Facilita a ligação de água às estruturas dérmicas. Importante elemento para a neutralização de radicais livres e prevenção de reações de glicação. Atua como suavizante, calmante e mimetizador das ações de fatores de crescimento celular. � Magnésio: participa da formação de colágeno e de proteínas, e também no metabolismo da glicose, no processo de renovação celular e na síntese de ácidos nucleicos. Atua na maleabilidade tecidual, no meta- bolismo do cálcio, da vitamina C, do fósforo, do sódio e do potássio. É abundante no fluido extracelular e em secreções digestivas. Con- siderado um mineral antiestresse, anti-inflamatório, antitrombótico. Cromoterapia e termalismo 17 � Cálcio: sustenta a estrutura celular e a troca iônica. Participa ativa- mente da divisão celular. Desenvolve e mantém a saúde dos ossos e dentes. Participa da contração muscular. Presente no mecanismo de coagulação sanguínea. Ativa enzimas responsáveis pela digestão de gorduras e metabolismo de proteínas. Atua na regulação e transmissão de impulsos nervosos e no equilíbrio da acidez do organismo. � Ferro: principal mineral com função sobre o metabolismo gasoso. Doador de tônus e elasticidade. Atua na produção de hemoglobina e enzimas, no transporte de oxigênio no sangue e nos músculos. Ajuda a descartar dióxido de carbono. Participa do metabolismo de proteínas. � Potássio: participa da formação de colágeno e na renovação celular. Estabiliza a estrutura do DNA. Cuida da manutenção do líquido intra- celular, da contração muscular, da condução nervosa e da frequência cardíaca. Participa da produção de energia. Atua na síntese de proteínas e ácidos nucleicos. � Sódio: participa da eliminação de toxinas. Desempenha um papel importante no balanço hídrico do corpo. Assegura a pressão osmótica dos tecidos corporais. Atua nos mecanismos de excitabilidade elétrica. Participa de funções dos sistemas nervoso e muscular. Observando a presença dos oligoelementos tanto nas águas termais quanto em nosso corpo, podemos concluir que há biocompatibilidade. Sendo assim, o mecanismo terapêutico se dá pela facilitação do transporte desses íons através da pele para o ambiente interno corporal, ou seja, em função das trocas químicas, da bioeletricidade tecidual e pela reação fisiológica a determinado elemento mineral. Os elementos incluem arsênico, boro, lítio, entre muitos outros, variação que se deve às características hidrogeológicas do local em que as fontes se encontram. Dessa forma, elencamos a seguir diferentes efeitos e indicações terapêuticas de cada tipo de águas termais (AMARAL, 2015; HELLMANN; RODRIGUES, 2017; NUNES; TAMURA, 2012). � Sulfurosas: contêm enxofre em quantidade. Usadas em distúrbios fun- cionais do fígado, reumatismo, doenças de pele, artrite e inflamações em geral. Benéficas para diabéticos. Sedativas da hipertensão e da excitação neuropsíquica. Usos principais em processos reumáticos, der- matológicos, otorrinolaringológicos e problemas respiratórios crônicos. Cromoterapia e termalismo18 � Bicarbonatadas: alto teor de bicarbonato, sendo o íon dominante o sulfato. Ação em casos de cálculos renais, distúrbios gastrointestinais, enfermidades hepáticas, artrite e gota. Uso fundamental por via oral, estimulando a secreção enzimática do pâncreas, alcalinizam a urina e o pH gástrico. Por isso, são antiácidas e alcalinizantes. � Ferruginosas: a biodisponibilidade de ferro nestas águas confere rápida absorção por via oral. Uso em casos de anorexia, diferentes tipos de anemia, parasitose, alergia e acne juvenil. Estimulam o apetite. � Sulfatadas: tratamento da prisão de ventre, colite e problemas hepáticos. Indicadas para os tratamentos das vias urinárias e afecções metabólicas. Estimulam o peristaltismo intestinal e são colagogas, coleráticas e hepatoprotetoras. Predomina sódio e magnésio, têm efeito laxativo. � Cloradas: por via oral estimulam a secreção e mobilidade gástrica e intestinal. Ativam o metabolismo em geral e estimulam a secreção de ácido clorídrico. Sobre a pele, facilitam a cicatrização e possuem efeito anti-inflamatório. � Carbogasosas: ricas em sais minerais e gás carbônico livre. Diuréticas e digestivas, ideais para acompanhar as refeições. Ajudam a repor a perda dos atletas, facilitam o trânsito intestinal e estimulam o apetite. Ação contra hipertensão arterial, cálculos renais e de vesícula. � Radioativas: ação funcional nas afecções renais e biliares. Diuréticas e laxantes. Favorecem a digestão. Indicadas para tratamento de reuma- tismo. Diminuem o ácido úrico. Tendem a reduzir a pressão sanguínea. � Oligomineral: estimulam o funcionamento do pâncreas (diabete). Ação em transtornos gástricos (hipercloridia), acidez em digestões pesadas e auxílio em processos funcionais do intestino, regulando o peristal- tismo e a constipação. Nosso corpo, ao receber um estímulo harmônico, ao mesmo tempo dis- ciplinador e transformador, vindo das ações terapêuticas, reage com mais vigor, energia, disposição e equilíbrio, podendo reintegrar os aspectos físicos, emocionais e mentais. Envolvida nesse processo, a bioenergética se apresenta como uma fonte de ação restauradora em sinergia com a cromoterapia e o termalismo, técnicas de grande efeito vitalizante, pois têm a capacidade de oferecer ao corpo uma energia de alta qualidade vital e retirar a energia de baixa qualidade, bem como remineralizar os tecidos com grandes concen- trações e variedades de elementos ricos em nutrientes essenciais e vitais. Cromoterapia e termalismo 19 Águas termais e LED Apesar de serem lançados como novidade, as águas termais e a fototerapia por LED, ou ledterapia, utilizados para o tratamento de doenças dermatológicas como dermatite, psoríase, acne, rosácea, etc., se baseiam nos princípios do termalismo e da cromoterapia para atingirem seus efeitos terapêuticos na recuperação da pele. Em comum, essas afecções incluem perda da integri- dade da função de barreira cutânea, significando uma ruptura da função e da estrutura celular que forma a camada protetora externa da pele, que nos protege da invasão de agentes patogênicos. A água, além de ser o componente essencial da pele e participar de todas suas reações metabólicas, é o principal indicador da integridade da barreira cutânea. O desequilíbrio no intercâmbio da água entre o estrato córneo e o meio ambiente pode ser sentido por ressecamento, descamação, vermelhidão e coceira, o que favorece a instalação de algumas doenças dermatológicas. A aplicação da água termal acelera a recuperação da barreira cutânea, pois os sais minerais presentes em sua composiçãoatuam na fisiologia da pele, estimulando a atividade dos fibroblastos e a migração dos queratinócitos até a camada mais externa, num processo chamado renovação celular. Além disso, seus efeitos biológicos de ação anti-inflamatória, hidratante, antioxi- dante e antisséptica reduzem os sintomas de desconforto, por propriedade e ação fisiológica de alguns dos sais minerais presentes nas águas termais utilizadas em formulações cosmecêuticas dermatológicas. Em sinergia, a ledterapia utiliza luzes com comprimentos de onda que vão do ultravioleta ao visível e ao infravermelho. Uma característica do equipa- mento é a emissão não pontual, ou seja, ele dispersa a luz, sendo capaz de tratar grandes áreas em uma única aplicação. A terapia luminosa pela luz visível atinge as estruturas da pele pela afinidade com as células fotorreceptoras (cromóforos) presentes, como a hemoglobina, a melanina e a água. Os efeitos fisiológicos acontecem pelas ações fotoquímicas ou térmicas da luz emitida, ou seja, pela fotobioestimulação, que atua em forma de cascata de respostas celulares, resultando na modulação da função celular, prolife- ração celular e reparação das células comprometidas. Além disso, também se destaca a alteração da permeabilidade da membrana celular, o que facilita o transporte de íons (sais minerais) nas células da pele. No espectro da luz visível, a ledterapia contempla todas as cores da luz solar, cada qual com suas ações biológicas e várias indicações para os trata- mentos dermatológicos, conforme listado a seguir (AGNE, 2014): Cromoterapia e termalismo20 � LED de luz vermelha (630–700nm) — efeito bioestimulante, regenerador e anti-inflamatório, excelente para a cicatrização e reparação de tecidos; � LED de luz verde (470–550nm) — efeito anti-inflamatório, oxigenante e rejuvenescedor, estimula a microcirculação, desobstrui vasos linfáticos e elimina edemas; � LED de luz azul (400–470nm) — é a mais utilizada pelos profissionais por causa de sua ação bactericida, anti-inflamatória, oxigenante e cicatrizante, indicada no tratamento da acne; � LED de luz amarela (570–590nm) — efeito drenante e estimulante ce- lular, melhora a circulação sanguínea e linfática e a textura da pele e estimula a hidratação; � LED de luz violeta (380–450nm) — com efeito regenerador e estimu- lante, aumenta a energia intracelular e o metabolismo celular, além de acelerar a renovação e o nível de hidratação celular e tecidual. Os princípios que fundamentam o uso da ledterapia nos tratamentos dermatológicos remetem à cromoterapia, assim como o uso de água termal como cosmecêutico remete ao termalismo e à crenologia. Sendo assim, per- cebemos que a cromoterapia e o termalismo como terapias complementares abrangem conhecimentos milenares, derivados de uma ciência médica de promoção da saúde, que se apoia na integração do ser humano à natureza para induzir os mecanismos orgânicos a voltarem ao seu desempenho original. Com isso, restaura-se o equilíbrio natural que permite a adequação funcional do corpo físico e do espiritual, ou seja, dos aspectos mentais e emocionais. Ao atuar na área da prevenção de doenças e da promoção, manutenção e recuperação da saúde com base no conceito filosófico das práticas comple- mentares integrativas, o profissional terapeuta considera o indivíduo na sua dimensão global, sem perder de vista sua singularidade. Essa abordagem traz em si a perspectiva da intervenção humanizada, tão importante nos tempos atuais, promovendo no paciente sentimentos de segurança e acolhimento, bem como de outro panorama do seu processo saúde–doença. Referências AGNE, J. E. Eletro Termo Foto Terapia. 3. ed. Santa Maria: Andreoli, 2014. AMARAL, F. Técnicas de aplicação de óleos essenciais. São Paulo: Cengage Learning, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 702, de 21 de março de 2018. Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares — PNPIC.. Brasília, DF: Cromoterapia e termalismo 21 Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2018/prt0702_22_03_2018.html. Acesso em: 4 dez. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_prati- cas_integrativas_complementares_2ed.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020. CASTRO, A. M. M. As águas minerais brasileiras e em particular as do Rio de Janeiro. 1841. Tese (Doutorado em Medicina) – Escola Médica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1841. FONSECA, G. O. A bioenergética e as cores no contexto da vida. In: ENCONTRO PARANA- ENSE, CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XVI, XI, 2011, Curitiba. Anais eletrônicos [...]. Curitiba: Centro Reichiano, 2011 Disponível em: https://www. centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2011/FONSECA-Glaucimar-A-bioenergetica-e- -as-cores.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020. HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: G. Gili, 2013. HELLMANN, F.; RODRIGUES, D. M. O. (Orgs.). Termalismo e crenoterapia no Brasil e no mundo. Florianópolis: Editora Unisul, 2017. Disponível em: https://www.udesc. br/arquivos/ceo/id_cpmenu/1887/Livro_Termalismo_e_Crenoterapia_Editora_Uni- sul_cgdo__1__15440240070452_1887.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020. JOLI, A. Roman bath, 1745, Wikipedia. Licenciado sob CC BY 4.0, via Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Roman_Bath_(SM_27).png. Acesso em: 4 dez. 2020. NUNES, S.; TAMURA, B.M. Revisão histórica das águas termais. Surgical and Cosmetic Dermatology, [S. l.], v. 4, n. 3, p.252-258, 2012. Disponível em: http://www.surgical- cosmetic.org.br/exportar-pdf/4/4_n3_220_pt/Revisao-historica-das-aguas-termais. Acesso em: 4 dez. 2020. QUINTELA, M. M. Saberes e práticas termais: uma perspectiva comparada em Portu- gal (Termas de S. Pedro do Sul) e no Brasil (Caldas da Imperatriz). História, Ciência e Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 11, suppl.1, 2004. Disponível em: https://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702004000400012&lang=pt&tln g=pt. Acesso em: 4 dez. 2020. SUIDROOT. File: Diagram of a dispersion prism, 2008, Wikipedia. Licenciado sob CC BY 4.0, via Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Prism-rainbow.svg. Acesso em: 4 dez. 2020. VALCAPELLI. Cromoterapia: a cor e você. 7. ed. São Paulo: Roca, 2011. ZYLBERGLEJD, R. A influência das cores nas decisões dos consumidores. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia) — Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. Leitura recomendada CADERNOS DE NATUROLOGIA E TERAPIAS COMPLEMENTARES. Florianópolis: Unisul, v. 3, n. 5, 2014. Disponível em: http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/CNTC/ issue/view/188. Acesso em: 4 dez. 2020. Cromoterapia e termalismo22 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Cromoterapia e termalismo 23 Dica do professor Na era tecnológica atual, estão sendo redescobertos os saberes filosóficos e as práticas terapêuticas milenares, como a cromoterapia e o termalismo, que, até há pouco tempo, eram consideradas superstições. Esse fato é reforçado pelo movimento de aproximação entre a física quântica e as tradições espirituais orientais. Com isso, é possível se deparar com as potencialidades de transformação que existem no interior do ser humano, ou seja,em como influenciar a matéria (o corpo físico) com a mente. Parece surreal, um absurdo? Não. A complexidade da fisiologia humana ultrapassa os limites do aspecto físico; o reflexo de sua totalidade se expressa pela capacidade de análise, criação, linguagem, pensamento, sensibilidade e emoção. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um método de aplicação da cromoterapia que se baseia na visualização das cores durante a meditação. A meditação das cores está baseada na bioenergética, na qual a consciência humana representa uma forma de energia integralmente relacionada à contínua criação da saúde ou da doença. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/9f780d84680435df4abb8de35eca6172 Exercícios 1) O olho humano possui cerca de 137 milhões de células fotorreceptoras, os cones e bastonetes, que transformam a luz em impulsos elétricos que vão até o cérebro por meio de vias aferentes. Além da percepção da cor, a atividade eletroquímica, ao longo dessa trajetória, produz uma reação dos neurotransmissores que pode excitar ou inibir a síntese dos neuro-hormônios. Sendo assim, é possível afirmar que, nos mecanismos terapêuticos da cromoterapia: A) a utilização da cor correta tende a harmonizar a função de qualquer órgão ou sistema e estimula o fluxo de energia curativa potencial do ser humano. B) o estímulo provocado pela aplicação da cor vermelha conduz ao desânimo e à formação do pensamento negativo, já que remete à tristeza. C) a cor azul melhora as defesas imunológicas, porque aumenta a excitação nervosa, um efeito estimulante que acelera o metabolismo orgânico. D) a cor é um fenômeno físico e, por não haver componentes fisiológicos envolvidos, deve- se aplicá-la de acordo com a necessidade do tratamento. E) o infravermelho e o ultravioleta são luzes utilizadas como complemento da cor em desequilíbrio nos chakras, atuando nos níveis físico e sutil em harmonia. 2) A luz é fonte de vida; todos os processos bioquímicos da natureza dependem dela. Para a vida humana, sua importância é maior ainda, pois as cores atuam vivamente nos aspectos físico, mental e emocional. Marque a seguir V para verdadeiro e F para falso, para os efeitos e vibração das cores na cromoterapia. ( ) A cor laranja é vitalizante e ajuda a transpor obstáculos e superar as dificuldades. ( ) A cor violeta vibra a ascensão espiritual, traz equilíbrio e eleva a autoestima. ( ) A cor índigo é sedante, eleva a mente para uma compreensão maior da vida. ( ) A cor verde, estimulante, vitaliza as atividades mentais, o raciocínio e a memória. Assinale a seguir, a alternativa correta. A) F – F – F – V. B) V – V – V – F. C) F – V – F – F. D) V – F – F – V. E) V – V – F – F. 3) Com a evolução e o desenvolvimento das ciências, o que antes eram saberes populares, na cromoterapia e no termalismo se tornaram objetos de interesse científico. As pesquisas comprovam os benefícios dessas ________________ ao verificar a ________________entre os elementos naturais (cor e água mineral) e os componentes orgânicos, que resulta em ________________ capazes de restaurar a saúde, entendida como equilíbrio físico e energético do corpo. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas. A) terapias elementares / fisiologia / efeitos fisiológicos. B) terapias alternativas / origem / benefícios bioenergéticos. C) crenças empíricas / característica / estímulos etéreos. D) soluções medicinais / qualidade / mudanças metabólicas. E) práticas terapêuticas / interação / efeitos fisiológicos. O marco do início do termalismo no Brasil aconteceu em 1818, com a criação da primeira estância termal brasileira. Na época, a palavra era entendida como a prática terapêutica desenvolvida a partir da água termal e usada no espaço de um estabelecimento balnear. Hoje, mesmo não estando nesses locais, pode-se usufruir dos benefícios dessas águas para tratar a saúde, a exemplo das águas termais em spray que podem ser compradas nas farmácias para o tratamento dermatológico. A tabela a seguir apresenta as principais diferenças físico-químicas entre as três águas termais facilmente encontradas no mercado brasileiro. 4) Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/10197de5-07ca-4e72-ae0e-e12b1453fba0/885f85ef-6fbf-40db-9878-c1b8c896f943.jpg Após as considerações acima e a análise da tabela, aponte a resposta que melhor descreve os motivos pelos quais a água termal é diferente da comum e considerada medicinal. A) Entre seus oligoelementos, destacam-se cloro, sódio e bicarbonato, os quais são importantes para todas as funções metabólicas orgânicas, vindo daí seu efeito medicinal. B) Como contém sedimento vulcânico, a água tem características sulforosas, e o enxofre é o componente químico que a diferencia, por causa dos benefícios que esse elemento traz à saúde. C) Por ser proveniente do subterrâneo, é uma água pura, que tem qualidades físico-químicas específicas e que é rica em sais minerais importantes para todas as funções orgânicas do corpo. D) Por a nascente termal ser radioativa, a água tem maior condutividade elétrica, facilitando o transporte dos íons dos seus diversos oligoelementos e desencadeando os efeitos terapêuticos. E) Como é um tipo particular de água terrosa, ela conta com amplas características físico- químicas que diferenciam os oligoelementos presentes, o que a torna terapêutica. 5) Desde 2006, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estão instituídas no Sistema Único de Saúde (SUS). São oferecidas nas Unidades de Saúde da Família, em postos de saúde, centros especializados e em hospitais como forma de assistência integral às saúdes física, mental e emocional, aliviando o sofrimento e promovendo o autocuidado. Entre as 29 práticas e terapias reconhecidas no Brasil, estão a cromoterapia e o termalismo. Sobre seus métodos e princípios terapêuticos, leia as assertivas a seguir. I. A luz solar e as cores resultantes dela transformam-se em energias vibracionais que a visão e o cérebro interpretam de forma específica. II. A água e seus sais minerais são elementos essenciais para o metabolismo celular normal, atuando, assim, na fisiologia do corpo todo. III. A ação bioenergética se refere à interação dessas formas de energia com as complexas dimensões corporais visíveis e invisíveis. IV. Como práticas terapêuticas holísticas, a capacidade de promover a cura se limita conforme a origem da patologia e o histórico do paciente. Quais estão corretas? A) Apenas I e II. B) Apenas II e IV. C) Apenas I, II e III. D) Apenas II, III e IV. E) Apenas II e III. Na prática Com a Internet, o acesso fácil e rápido às informações passou a contribuir para que o paciente saiba a respeito de sua doença e das formas de tratamento. Por um lado, isso é importante, pois conhecer melhor o problema, por meio da palavra de médicos e terapeutas, ajuda o paciente a tomar uma atitude objetiva, participar ativamente e cooperar na sua própria cura. Por outro lado, a busca por respostas em ambientes virtuais não confiáveis ou pouco explicativos pode gerar dúvidas e incertezas, prejudicando seu tratamento. Diante das dúvidas, cabe ao terapeuta saber orientar o paciente, esclarecendo sobre as doenças e, mais ainda, detalhar os aspectos das práticas terapêuticas complementares que auxiliam na restauração da saúde. Conheça, neste Na Prática, como a cromoterapeuta Solange orientou Luzia e sanou as dúvidas dela em relação ao uso e preparo da água solarizada. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/548f68e4-e354-41ed-a48f-3a443420dccf/f656fca1-2bf4-47bb-9e05-6a41f56b98fd.jpg Saiba + Para ampliar oseu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor: Cores são capazes de influenciar nossos sentimentos e emoções. Leia a matéria de Letícia Fontes, que relata a prática da cromoterapia e sua capacidade de equilibrar as energias do corpo, tratando doenças e trazendo bem-estar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conheça as águas termais do Balneário Mun. de Águas de Lindoia, bem-estar e saúde Confira a origem e as propriedades termais das fontes de Águas de Lindoia, bem como seus efeitos nos tratamentos de doenças reumáticas e a sua oferta à população pelo SUS. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. PICS: Cromoterapia - Ligado em Saúde Assista à entrevista com o cromoterapeuta e autor de referência no assunto, Valcapelli, realizada no programa Ligado em Saúde e exibida no Canal Saúde. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.otempo.com.br/interessa/cores-sao-capazes-de-influenciar-nossos-sentimentos-e-emocoes-1.2378264 https://www.youtube.com/embed/nPlJOgbsE_A https://www.youtube.com/embed/9_MeixLF74A A descoberta nas fontes termais de Yellowstone, nos EUA, que se tornou chave para os testes da covid-19 Leia a entrevista concedida a Alejandra Martins, da BBC, por Thomas Brock, cientista que há meio século descobriu uma bactéria capaz de sobreviver a altas temperaturas e saiba como essa descoberta cruza com o combate à pandemia do coronavírus, em 2020. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/05/05/a-descoberta-nas-fontes-termais-de-yellowstone-nos-eua-que-se-tornou-chave-para-os-testes-da-covid-19.ghtml Meditação e musicoterapia nas fases de vida Apresentação A meditação e a musicoterapia são práticas integrativas e complementares em saúde disponíveis para a população por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). O uso dessas práticas, em associação ao tratamento convencional, tem crescido nos últimos anos, uma vez que elas apresentam benefícios no tratamento de condições que atingem grande parcela da população, como depressão, ansiedade, insônia, estresse, entre outras. A meditação é uma prática antiga que busca a integração da mente e do corpo, com consciência plena e baseada na vivência do momento presente. Para alcançar o estado de consciência meditativa, muitas vezes são utilizadas músicas calmas e tranquilas, a fim de trazer a mente ao momento presente. Além disso, a música e seus elementos podem ser utilizados como recurso terapêutico, já que ela atua no sistema nervoso promovendo neurogênese, regeneração e reparo do tecido neuronal, além de alterar os níveis de alguns hormônios, como o cortisol. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer o histórico da prática de meditação, as principais técnicas utilizadas e as aplicações clínicas no cuidado à saúde. Você também irá verificar como a música é utilizada no recurso terapêutico para tratar diversas condições clínicas e de que modo esse efeito pode ser explicado pela neurociência. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as técnicas de meditação existentes e seu histórico.• Explicar a musicoterapia no contexto da neurociência. • Contextualizar o tratamento que associa meditação e musicoterapia. • Infográfico A meditação é uma prática segura e simples que apresenta diversos benefícios ao praticante. No entanto, antes de iniciá-la, é importante se informar a respeito das posições, técnicas, roupas a serem utilizadas e outras orientações para o praticante iniciante. A supervisão por um profissional instrutor é recomendada, uma vez que, em certas situações, alguns traumas do passado podem vir à tona durante a prática meditativa. No Infográfico a seguir, conheça algumas orientações e os cuidados que devem ser considerados para quem pretende iniciar e manter uma prática meditativa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/22af5c91-1495-47b6-9fb6-70462dd0a160/25feb435-8a3e-4bcd-8a06-8bff088e5a3c.png Conteúdo do livro A meditação é uma prática muito antiga e presente em diversas culturas e religiões, como o budismo. Na meditação budista, duas vertentes se destacam: a vipassana e a anapana. Entre as técnicas mais utilizadas no Ocidente, destacam-se a mindfulness (atenção plena) e a transcendental. Na busca por alcançar o estado de consciência meditativo, muitas vezes são utilizadas músicas calmas e tranquilas para trazer a mente ao momento presente e parar as conversas mentais. Além disso, a musicoterapia é utilizada como recurso terapêutico, promovendo a comunicação, a expressão, a aprendizagem, a mobilização, etc. No capítulo Meditação e musicoterapia nas fases de vida, da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja mais a respeito do histórico e das principais técnicas de meditação, conheça os principais estilos musicais que podem ser utilizados para alcançar o relaxamento e induzir a meditação, bem como as aplicações da meditação e musicoterapia como práticas complementares em saúde. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar as técnicas de meditação existentes e seu histórico. > Explicar a musicoterapia no contexto da neurociência. > Contextualizar o tratamento que associa meditação e musicoterapia. Introdução A meditação e a musicoterapia são práticas integrativas e complementares em saúde que foram introduzidas no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017. Apresentam boa aceitação por parte da população e dos profissionais de saúde, uma vez que são técnicas simples e não invasivas. Além disso, ambas técnicas têm apresentado benefícios quando associadas à medicina convencional para o tratamento de ansiedade, depressão, insônia, estresse, entre outras condições. A meditação é uma prática bastante antiga e consiste em integrar a mente e o corpo, com consciência plena e vivência do momento presente. Dentre as técnicas utilizadas no Ocidente, destacam-se a meditação mindfulness e a transcendental. Já a musicoterapia utiliza a música e seus elementos para aliviar condições físicas, emocionais, mentais, sociais ou cognitivas do paciente. Além disso, a música também pode ser utilizada para induzir a meditação, proporcionando ao paciente o relaxamento necessário e trazendo sua mente para o momento presente. Meditação e musicoterapia nas fases de vida Marcella Gabrielle Mendes Machado Neste capítulo, você conhecerá as principais técnicas de meditação e musico- terapia utilizadas no cuidado ao paciente, entenderá como ambas práticas atuam no sistema nervoso com base na neurociência e compreenderá os benefícios da prática conjunta de meditação e musicoterapia para alcançar o relaxamento e para diminuir o estresse e a ansiedade e melhorar a qualidade do sono. Meditação A meditação é uma prática muito antiga e presente em diversas tradições, culturas e religiões, estando relacionada à prática de ioga, budismo, hindu- ísmo e como sinônimo de busca espiritual. A meditação aplicada à saúde tem ganhado uma crescente atenção como prática complementar dentro da medicina ocidental, apresentando diversos benefícios ao paciente, como melhoria do bem-estar e dos sintomas depressivos, relaxamento e redução do estresse e hiperatividade (MEDEIROS, 2017; BRASIL, 2017a; DEMARZO, 2011). De acordo com Demarzo (2011, p. 11), a meditação pode ser definida como “[...] uma prática de integração mente–corpo baseada na vivência do momento presente, com consciência plena e não julgadora a cada instante”. O autor discorre a respeito dos cinco parâmetros quedefinem a meditação: 1. constitui um estado autoinduzido e autoaplicável; 2. consiste em um estado obtido por técnica específica e definida; 3. recorre a algum tipo de foco/âncora para evitar o envolvimento do indivíduo com sequências de pensamento, sensações ou distrações; 4. busca-se alcançar um estado de “relaxamento da lógica”, em que não se deve analisar, julgar ou criar expectativas; 5. permite alcançar, em determinado momento, um relaxamento psico- físico, juntamente com considerável relaxamento muscular. Para alcançar o estado de consciência meditativo, existem diferentes técnicas em que a atenção do praticante pode ser ancorada em uma palavra, um som, uma imagem, uma oração ou na própria respiração, fazendo com que a mente permaneça no momento presente. Dentre as vertentes da meditação budista, tem-se a meditação vipassana, cujo foco recai na observação do momento presente, e a anapana, cujo foco recai na respiração, observando a entrada e saída de ar (MEDEIROS, 2017; DEMARZO, 2011). Dentre as diversas técnicas de meditação, destacam-se a técnica de mind fulness (ou atenção plena) e a transcendental. A meditação mindfulness é uma técnica adaptada da meditação vipassana, e tem como criador o professor Meditação e musicoterapia nas fases de vida2 e biólogo norte-americano Jon Kabat-Zinn. Ela surgiu na década de 1970, na Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, com o intuito de reduzir o estresse. Atualmente, o programa de Redução do Estresse Baseado na Atenção Plena (Mindfulness-Based Stress Reduction — MBSR) de Kabat-Zinn é amplamente utilizado em estudos científicos e disseminado nas instituições de saúde dos Estados Unidos (MEDEIROS, 2017; DEMARZO, 2011). O MBSR é um programa de oito semanas, em que os participantes se reú- nem para vivenciar as técnicas de meditação, sendo instruídos a incorporar a meditação no seu cotidiano. As principais técnicas de meditação utilizadas no MBSR são: � atenção plena (mindfulness) na respiração; � escaneamento corporal (similar ao relaxamento muscular progressivo); � caminhada meditativa; � ioga com atenção plena, com posturas corporais são consideradas leves, para que indivíduos com diferentes níveis de capacidade possam realizá-la. No Ocidente, são ensinados normalmente três tipos de meditação sob o título de mindfulness: a atenção focada (concentração), o monitoramento aberto (a proposta original de mindfulness) e o amor-bondade e compaixão (lovingkindness em inglês, tradução de mettā em pali). De acordo com Germer, Siegel e Fulton (2016, p. 32), “[...] um elemento comum a todas as técnicas de meditação mindfulness é a centralização do estar alerta momento a momento de coração aberto”. Vejamos a seguir um exemplo de roteiro para a prática de meditação mindfulness do tipo monitoramento aberto, aplicado por Germer, Siegel e Fulton (2016) para ajudar a regular emoções difíceis. � Comece encontrando uma posição confortável, feche os olhos total ou par- cialmente e faça três respirações relaxantes. � Localize sua respiração onde você a sente mais facilmente. Sinta como ela se move no corpo, e, quando sua atenção se desviar, suavemente volte a sentir seu movimento. � Após alguns minutos, comece a notar as sensações físicas de estresse que você está conservando em seu corpo, talvez em seu pescoço, maxilar, bar- riga ou testa. � Também perceba se você está conservando quaisquer emoções difíceis, como preocupações sobre o futuro ou inquietações com o passado. Entenda que todo corpo humano suporta estresse e preocupação ao longo do dia. Meditação e musicoterapia nas fases de vida 3 � Veja se consegue nomear uma emoção percebida em seu corpo, talvez um sentimento de tristeza, raiva, medo, solidão ou vergonha. Repita o rótulo dado algumas vezes para você mesmo, com uma voz suave, gentil, e então volte para a respiração. � Agora escolha um único local em seu corpo onde o estresse pode estar se expressando mais fortemente, talvez como uma dor na região do coração ou uma tensão no estômago. Em sua mente, incline-se suavemente na direção daquele ponto como se inclinaria para uma criança recém-nascida. � Continue a respirar naturalmente, permitindo que a sensação esteja lá, exa- tamente como ela é. Sinta sua respiração no meio de suas outras sensações corporais. � Permita que o movimento delicado e rítmico da respiração suavize e acalme seu corpo. Se desejar, coloque sua mão sobre o coração enquanto continua a respirar. � Quando você estiver pronto, abra os olhos suavemente. A meditação transcendental foi criada pelo indiano Maharishi Mahesh Yogi em 1950, sendo uma variação da tradicional meditação iogue. Essa técnica tem como característica ser simples, sem esforço, natural e agradável. Por meio da meditação transcendental, é possível alcançar bem-estar e paz interior, resultando em melhorias na saúde física e mental. Essa técnica foi bastante divulgada no meio artístico, especialmente pelos Beatles na década de 1970 (OLIVEIRA, 2018). Maharishi acreditava que existem sete estados de consciência, dentre os quais três são os mais conhecidos: vigília, sonho e sono profundo. O quarto estado é o da consciência transcendental, sendo que para alcançá-lo é preciso ter a mente calma e resoluta, com a purificação do sistema nervoso por meio da meditação transcendental. Ao alcançar esse quarto estado, a mente não é abalada por medo, apego, dor ou prazer, e é possível alcançar os estados mais elevados da consciência (consciência cósmica, consciência de Deus ou consciência cósmica refinada e consciência de unidade) (FAGUNDES, 2019). O mindful walking, ou caminhada consciente, é uma vertente do mindfulness, e consiste na incorporação da atenção plena na cami- nhada. Nessa prática, deve-se tomar consciência de cada passo e da respiração. A caminhada deve ser feita em ritmo natural, prestando atenção na sensação plena dos pés, pernas e braços a cada passo. A caminhada consciente pode promover a liberação de preocupações e tristezas, ajudando a trazer paz para corpo e mente, sendo uma boa opção durante uma pausa do dia de trabalho. Meditação e musicoterapia nas fases de vida4 Aplicações clínicas da meditação A Portaria nº 849, de 27 de março de 2017 (BRASIL, 2017a), que incluiu 14 atividades à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, afirma que a meditação “[...] constitui um instrumento de fortalecimento físico, emocional, mental, social e cognitivo. A prática traz benefícios para o sistema cognitivo, promove a concentração, auxilia na percepção sobre as sensações físicas e emocionais, ampliando a autodisciplina no cuidado à saúde” (BRASIL, 2017a, documento online). De acordo com Lemos (2014), a prática da meditação ativa o córtex pré- -frontal, ao modificar os circuitos neuronais. O córtex pré-frontal é a área responsável pela autoconsciência, pela resolução de problemas, pelo pla- nejamento complexo e pelo foco. Além de modificar a atividade cerebral, a meditação também reduz os níveis do hormônio cortisol, associado ao estresse, favorecendo o relaxamento e redução da dor. Segundo Demarzo (2011), vários estudos têm sido realizados para analisar a influência da meditação na recuperação da saúde de pacientes. Atualmente, há comprovação da eficácia e efetividade da meditação, especialmente dos tipos mindfulness e transcendental, para as seguintes condições clínicas: ansiedade, depressão, agressividade, dependência de substâncias, dor crônica, artrites, fibromialgia e câncer. Mas especificamente, os resultados que têm sido encontrados após a prática da meditação incluem: � melhor aceitação da dor em pacientes com doenças crônicas; � melhor manejo de situações com elevado grau de estresse; � diminuição dos níveis de agressividade em pacientes psiquiátricos; � melhoria da qualidade de vida; � promoção da saúde. Os benefícios mais gerais da prática de meditação também se estendem aos profissionais da área da saúdee demais áreas, uma vez que estudos indicam que a participação em um programa de meditação diminui o es- tresse em situações laborais cotidianas, resultando em um menor risco de desenvolvimento de síndrome de burnout (esgotamento profissional) e melhora dos indicadores de qualidade de vida associados ao trabalho (DEMARZO, 2011). Meditação e musicoterapia nas fases de vida 5 Musicoterapia De acordo com a Portaria nº 849/2017, a musicoterapia pode ser definida como: [...] a utilização da música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), em grupo ou de forma individualizada, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. (BRASIL, 2017a, documento on-line). A musicoterapia é um processo interativo que envolve escutar, cantar, tocar, compor e improvisar uma música, sendo que sua metodologia pode ser adequada de acordo com a necessidade do paciente. Como a música está totalmente ligada ao desenvolvimento humano e ao cotidiano, a musicote- rapia é capaz de estimular o afeto, a socialização e o movimento corporal, expressões de processos saudáveis da vida (BRASIL, 2017a, 2017b). A capacidade terapêutica da música passou a ser observada cientifica- mente a partir da Segunda Guerra Mundial, quando médicos perceberam que pacientes que tinham acesso a músicas pelo rádio apresentavam alívio da dor e do sofrimento. No âmbito universitário, o primeiro curso de musicote- rapia foi criado na década de 1940 na Michigan State University, nos Estados Unidos (RIBEIRO, 2017). No Brasil, Mário de Andrade ministrou uma conferência em 1937 com o tema “Terapêutica musical”, contribuindo para a estruturação do registro acadêmico do uso da música como terapia no Brasil. No entanto, a primeira turma de graduados em musicoterapia no país só foi se formar cerca de 40 anos após essa conferência (RIBEIRO, 2017). Atualmente, a musicoterapia possui seu espaço no meio científico e pode ser aplicada de forma ativa ou passiva. No primeiro modelo, os pacientes tocam instrumentos ou cantam com o acompanhamento de um terapeuta, enquanto no segundo apenas escutam diferentes músicas. O profissional musicoterapeuta deve ter graduação ou especialização na área (RIBEIRO, 2017). Por sua vez, a cantoterapia — musicoterapia por meio do canto — consiste em uma aula de canto mais abrangente, em que se busca aprimorar a voz cantada utilizando exercícios de aquecimento vocal e respiração, já que essas atividades são associadas à parte psicológica e emocional do paciente. Por ser uma atividade prazerosa, ela abre caminho para o autoconhecimento, melhorando a autoestima, a confiança e a autoaceitação, além de diminuir a timidez e estimular o convívio social. Do ponto de vista terapêutico, os pacientes apresentam atenuação da depressão e diminuição do estresse (BRASIL, 2017b). Meditação e musicoterapia nas fases de vida6 Estudos que investigaram essa prática complementar relatam que a música promove a ativação do cérebro de modo mais abrangente que outros estímulos (como a fala). Em crianças com autismo tratadas com musicoterapia, percebe-se uma maior ativação de áreas corticais ao ouvir uma música do que quando a criança escuta alguém falar, por exemplo (CAIAFA, 2017). De acordo com Cordioli e Grevet (2019), em uma metanálise de diferentes estudos randomizados, crianças com autismo quanto submetidas ao tratamento com musicoterapia apresentaram melhora significativa das interações sociais, comunicação verbal e não verbal, reciprocidade socioemocional e iniciativa de comportamentos. Por sua vez, Caiafa (2017) relata que a musicoterapia pode ser aplicada junto a pacientes em tratamento para a infertilidade. Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um projeto denominado Musico- terapia na Saúde da Mulher busca reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade de vida de mulheres em tratamento de infertilidade, já que há evidências de correlação entre a ansiedade e a infertilidade. Caiafa (2017, documento online) ainda relata que nesse projeto o terapeuta busca, por meio da musicoterapia, “[...] melhorar a consciência do corpo, trabalhar técnicas de relaxamento e a habilidade de reconhecer sentimentos, para conseguir expressar de forma adequada, além de debater alguns temas, através da experiência musical”. A abrangência da musicoterapia como recurso terapêutico é muito grande, podendo ser utilizada como prática complementar no tratamento de trans- tornos mentais, transtornos neurológicos, pacientes hospitalizados, como prevenção na promoção de saúde e diversas outras condições e enfermidades. Caiafa (2017) relata que projetos na área da musicoterapia também foram desenvolvidos para o cuidado paliativo de pacientes com problemas hepáticos e dor crônica, além da estimulação de bebês prematuros. Por favorecer o desenvolvimento emocional e físico — ao ativar a respi- ração, a circulação e os reflexos —, a musicoterapia também é aplicada em conjunto com outras práticas complementares, como a meditação. De acordo com a Portaria nº 849/2017, a musicoterapia: [...] contribui para ampliar o conhecimento acerca da utilização da música como um recurso de cuidado junto a outras práticas, facilitando abordagens interdiscipli- nares, pois promove relaxamento, conforto e prazer no convívio social, facilitando o diálogo entre os indivíduos e profissionais. (BRASIL, 2017a, documento on-line). Circuitos neurais influenciados pela musicoterapia A musicoterapia facilita a neurogênese, a regeneração e o reparo do tecido neuronal, levando à plasticidade cerebral. A música pode atuar desde o pe- Meditação e musicoterapia nas fases de vida 7 ríodo fetal até à fase adulta, sendo capaz de alterar os níveis de hormônios como cortisol, testosterona e estrogênio, por afetar a expressão gênica dos seus receptores (RIBEIRO, 2017). A música também é capaz de atuar no sistema de recompensa, motivação e prazer. De acordo com Ribeiro (2017, documento online): “[...] em estudos que realizaram mapeamento cerebral com técnicas de imagem, foi verificada ação substancial na região mesolímbica, no núcleo accumbens, no tronco encefálico, assim como no tálamo, cerebelo, ínsula, córtex cingulado anterior e córtex orbitofrontal.” Muitas dessas áreas são locais onde originam-se os neurônios dopami- nérgicos, envolvidos no sistema de recompensa. Estudos apontam que a música ativa diferentes áreas cerebrais (Figura 1), como as estruturas do sistema límbico (incluindo amígdala, hipocampo e região paralimba), o córtex orbitofrontal, o giro para-hipocampal e os polos temporais. Com isso, percebe-se a capacidade da música atuar em regiões responsáveis pelo controle da emoção (RIBEIRO, 2017). Figura 1. Ação da musicoterapia no sistema nervoso. Fonte: Adaptada de Araujo (2018). Meditação e musicoterapia nas fases de vida8 De acordo com Ribeiro (2017, documento online), Mozart foi um dos com- positores que “[...] soube selecionar os ritmos, as cadências e as frequências musicais que entravam em harmonia com o sistema nervoso”. As sonatas de Mozart tem sido utilizada em diversos estudos que avaliam a influência da musicoterapia sobre a ansiedade, a epilepsia e o sistema imune. Soares (2015), por sua vez, discorre a respeito de um estudo realizado no Centro Médico Wexner, da Ohio State UNiversity, que avaliou o efeito de músicas clássicas, incluindo as de Mozart, no tratamento de pacientes epi- lépticos. Segundo os pesquisadores, a maior parte dos pacientes epiléticos apresentam epilepsia do tipo lobotemporal, sendo que a música é percebida nessa mesma região do cérebro, o que estimulou esse estudo. Eles perce- beram que os pacientes não apresentaram convulsões quando escutavam música clássica. Além disso, suas ondas cerebrais aumentavam quando eles ouviam esse tipo