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Resenha sobre o Cap. 3 do livro SARAIVA, José F. S. (org.). História das relações
internacionais contemporâneas: da sociedade internacional do século XIX a era da
globalização. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
Aluna: Ana Roberta Dias Rossi
Turma: 2º Semestre de Relações Internacionais
O capítulo abordado nesta resenha trata sobre as mudanças no meio
internacional e sua reorganização a partir dos acontecimentos do ano de 1871 até a
eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914 e suas possíveis causas. Além disso,
visa um olhar crítico sobre os acontecimentos e sobre a importância, mesmo que
“falha”, da diplomacia da época. Ainda, foram abordados os fatores que podem
explicar ontologicamente as forças que moveram as ações dos governos.
Com o Concerto de Viena, os países europeus viviam em uma organização
estabelecida com o objetivo de evitar o surgimento de uma nova hegemonia. Porém,
na tentativa de alcançar e manter sua soberania e status quo, e com alto
crescimento industrial, o Império Alemão unificado acabou por se tornar uma
ameaça a esse sistema. A partir do surgimento dessa possível nova hegemonia que
o Império Alemão apresentava, surgiu o sentimento de medo nos outros países da
Europa. Isso fez com que rivais (Inglaterra, França e Rússia) se unissem em prol de
um objetivo comum: impedir o surgimento de uma hegemonia alemã.
O surgimento do nacionalismo na Alemanha e na Itália resultou na
desintegração de diversos pequenos países que, até então, serviam como
Estados-tampão entre as grandes potências. Isso privou as potências maiores da
oportunidade de expandir seu domínio na Europa. De maneira semelhante, a região
europeia do Império Otomano em declínio deixou de ser uma área de expansão
moderadora para as grandes nações e se transformou em um terreno volátil.
Eventualmente, essa transformação culminou na faísca inicial que desencadeou a
Primeira Guerra Mundial.
No antigo sistema de Viena as alianças não eram permanentes, e isso cedeu
lugar, após a ameaça de uma nova hegemonia, a uma bipolaridade de dois blocos
de poder: Tríplice aliança (Alemanha, Áustria, Hungria e Itália) e Tríplice Entente
(França, Rússia e Grã-Bretanha). Após a virada do século, os Estados Unidos da
América já se consolidava como possível potência mundial e o Japão, a partir de
1860 também já começava a se industrializar. O crescimento de países
não-europeus mostrou que o poder inesgotável europeu encontrava seu limite e
uma reorganização de poderes acontecia. De um lado, cinco potências originais
(Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e Áustria Hungria), e de outro as novas
potências. Ainda que o crescimento econômico dessas novas nações em destaque
fosse notável, “o teste decisivo para o status de grande potência continuou sendo a
capacidade de fazer guerra”.
Mesmo com o crescimento da diplomacia e do lento caminhar da democracia,
a manipulação e o controle das massas tomava conta da Europa. Esse apelo dos
Estados era voltado para o nacionalismo com um objetivo: transformar a
participação política em “psicose de massa”. O objetivo era que a população
voltasse seus olhos para os países vizinhos como inimigos externos, ao invés de
olhar para os problemas do próprio país. Ainda, esse forte nacionalismo crescente
fez com que o darwinismo social influenciasse as teorias e estudos das relações
internacionais. A militarização exacerbada também fez parte deste período,
influenciada, além do nacionalismo, pelo plano Schlieffen, que se baseava em uma
futura guerra de duas frentes, que eclodiu na Primeira Guerra.
A Alemanha tinha o potencial para estabelecer uma hegemonia na Europa,
mas sua política externa cautelosa e preocupações com coalizões inimigas
limitaram seu poder efetivo. Após 1890, a Alemanha buscava um status político
condizente com seu poder econômico, enquanto a França formava alianças para
equilibrar essa ascendência alemã. Isso levou a um período de "paz armada",
semelhante à Guerra Fria posterior a 1945, e não ao consenso moral do Concerto
Europeu do século XIX. Apesar das crises diplomáticas, esses 43 anos
representaram um dos períodos mais pacíficos entre as grandes potências
europeias, mas também prepararam o terreno para a Primeira Guerra Mundial. A
industrialização e o crescimento do capitalismo já estavam moldando a divisão de
poder no sistema mundial desde o início do século XIX.
Apesar da política de alianças de Bismarck e da crescente bipolaridade,
soluções diplomáticas no espírito do sistema de Viena ainda eram possíveis. O
Concerto Europeu desempenhou um papel na partilha da África, na intervenção
conjunta na China e na conferência londrina de 1912. Os principais debates
historiográficos desse período se concentram em questões como o caráter do
sistema internacional, a existência de um equilíbrio de poder ou uma hegemonia
alemã após 1871, as explicações para a nova expansão imperial europeia após
1870, muitas vezes chamadas de teorias do imperialismo, e as causas profundas da
Primeira Guerra Mundial.
A explicação das causas profundas da Primeira Guerra Mundial é a questão
central, com debates sobre o primado da política interna versus o primado da
política externa. A história social desafiou os pressupostos da história tradicional das
relações internacionais, questionando a ideia de que a política externa é
independente das questões da política interna.
Essa alta integração da economia mundial nas décadas que antecederam a
Primeira Guerra Mundial, abrangendo comércio, investimentos diretos, fluxos
financeiros e migração, apresenta semelhanças notáveis com o processo de
globalização que ocorreu no final do século XX e início do século XXI. Pode-se
considerar a globalização contemporânea como uma espécie de retomada de
princípios e processos que tiveram início no final do século XIX.
Nesse ponto, a supremacia econômica europeia atingiu seu ponto mais alto.
No entanto, durante esse período, um novo polo econômico fora da Europa emergiu
com o rápido crescimento industrial dos Estados Unidos, que se tornaram o líder
industrial do mundo entre 1880 e 1900. No entanto, esse crescimento econômico
americano teve um impacto global com algum atraso.
Até a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos mantiveram seu foco
econômico principalmente no mercado interno. Sua participação no comércio
mundial em 1913 era de apenas 10%, e suas exportações de capital eram de
apenas 9%. Alguns historiadores, como G. Arrighi, veem a Grande Depressão de
1873 a 1896 como o início do "longo século XX," marcando a ascensão do "sistema
norte-americano de acumulação em escala mundial" e o declínio do sistema
britânico.
Nesse período, do meio do século XIX ao início da Primeira Guerra Mundial,
a economia global se tornou mais diversificada, com a hegemonia britânica no
mercado mundial recuando. O crescimento da Alemanha, a industrialização na
Rússia e em outros estados europeus contribuíram para esse declínio da
Grã-Bretanha como líder global.
A participação britânica no comércio mundial caiu de 28,4% para 17,5% entre
1875 e 1913, e sua participação na produção mundial de bens industrializados
diminuiu significativamente. A Grã-Bretanha evoluiu de ser a "oficina do mundo"
para o "banco do mundo," com os investimentos no exterior e o mercado de capitais
londrino se tornando cada vez mais cruciais para sua posição global.
O comércio mundial continuou a se concentrar na Europa, mas a participação
dos três principais países (Inglaterra, França e Alemanha) caiu de 52,9% em 1875
para 37,6% em 1913. Houve uma divisão mundial do trabalho, com algumas regiões
fornecendo matérias-primas e outras produzindo bens industrializados. Os Estados
Unidos foram uma exceção, alterando seu modo de inserção no mercado mundial
nesse período. Eram fornecedores de matéria-prima (74% das exportações
americanas em 1890) e tornaram-se exportadores de produtos industrializados,
principalmente às custas da Inglaterra.
O desenvolvimento agrário nas antigas colônias de povoamento branco nas
Américas e na Oceania, juntamente com avançosno transporte, como estradas de
ferro e navios a vapor, possibilitou a formação do primeiro mercado agrário mundial
integrado. Isso resultou em uma drástica queda nos preços dos produtos agrícolas,
como o trigo, que ficou mais de 50% mais barato entre 1871 e 1894.
A dominação europeia na exportação de produtos industriais era notável,
com Grã-Bretanha, Alemanha e França contribuindo com 61% de todas as
exportações desse tipo. Além disso, a Europa era líder na exportação de capitais,
com a Inglaterra e a França detendo 70% de todos os investimentos no exterior em
1900.
A rápida ascensão econômica da Alemanha unificada, a estagnação relativa
da Grã-Bretanha e o enfraquecimento da França desequilibraram a Europa. A
participação da Alemanha no comércio mundial cresceu, enquanto a da França e da
Grã-Bretanha caíram. Ainda, os investimentos estrangeiros alemães aumentaram
enquanto os franceses diminuíram.
Contrariando teorias econômicas do imperialismo que consideram o
colonialismo como uma estratégia necessária do capital em busca de oportunidades
de investimento e mercados de exportação, as colônias conquistadas nesse período
desempenhavam um papel secundário no mercado mundial.
No final do século XIX, a importância das colônias africanas para as
potências europeias era bastante limitada em termos econômicos. A África
Ocidental francesa, uma das principais conquistas da França, representava apenas
0,07% de todas as importações francesas em torno de 1910. No caso britânico,
apenas a colônia de imigrantes da África do Sul tinha alguma relevância econômica,
recebendo 3,69% de todas as exportações britânicas em 1906, enquanto o restante
da África negra representava apenas 4,7%.
As relações entre interesses econômicos e política externa eram complexas.
Enquanto o liberalismo econômico havia prevalecido durante duas décadas, a partir
da década de 1870, surgiu a ideia de que a economia nacional merecia proteção e
incentivos do Estado. Isso levou a um retorno ao protecionismo e à "guerra
alfandegária" e ao uso do poder estatal para proteger e promover interesses
econômicos. No entanto, essa interação complexa entre interesses econômicos e
políticos externos não se encaixa completamente nas teorias que afirmam que a
política externa era unicamente impulsionada por interesses econômicos. Durante o
período de 1871 a 1914, houve tanto competição econômica entre Estados como
uma crescente colaboração do capital internacional. As relações econômicas dos
Estados não eram diretamente alinhadas com suas políticas externas, e foi somente
a partir de 1911 que os governos conseguiram alinhar mais claramente seus
interesses econômicos e políticas de segurança nacional.
Entre 1878 e 1890, a Europa viu a maioria dos Estados introduzir impostos
sobre importações de produtos agrícolas e industriais, exceto a Grã-Bretanha, que
manteve o livre-comércio. Esses impostos variaram de 4% (Holanda) a 41%
(Espanha), enquanto os Estados Unidos já haviam começado a impor tarifas
protecionistas desde 1861. As tarifas alfandegárias europeias foram introduzidas
moderadamente na Rússia, Áustria, Itália e Alemanha em 1878, seguidas pela
França em 1881.
Essas tarifas refletiram a proteção de novas indústrias contra concorrência
"desleal" e reagiram à Grande Depressão de 1873 a início dos anos 1990. No
entanto, essas altas tarifas permaneceram mesmo durante o período de
prosperidade após 1896. A Alemanha desempenhou um papel pioneiro na
introdução de impostos sobre produtos agrícolas. Os impostos protecionistas
tiveram um impacto significativo na política interna, mas suas consequências
econômicas foram questionáveis, porém desempenharam um papel importante no
desenvolvimento do nacionalismo e militarismo na Europa. Conflitos comerciais
entre Estados, como a Guerra dos Suínos entre Áustria-Hungria e Sérvia, ilustraram
as complexas interações entre política econômica externa e alianças políticas.
O sistema de alianças de Bismarck, que incluía a Dupla Aliança com a
Áustria-Hungria e a Tríplice Aliança com a Itália, foi formado em resposta a crises
diplomáticas na Europa, como a "guerra à vista" de 1875 e a grande crise do
Oriente de 1875-78. Bismarck procurou garantir a integridade do Império Alemão e
evitar coalizões contra a Alemanha. Seu sistema de alianças desempenhou um
papel importante nas relações internacionais, e o Congresso de Berlim de 1878 foi
uma etapa fundamental nessa política, embora tenha criado problemas a longo
prazo na Europa. As tensões nos Bálcãs resultaram da rivalidade de poderes na
região e da decadência do Império Otomano. O congresso refletiu o papel influente
de Bismarck na política europeia, mas suas consequências contribuíram para
futuros problemas.
As relações entre a Alemanha e a Rússia deterioraram-se devido ao conflito
de interesses nos Bálcãs e à postura mediadora de Bismarck. Isso levou à formação
da Dupla Aliança entre a Alemanha e a Áustria-Hungria. Posteriormente, a Rússia
buscou uma nova aliança, resultando no segundo Tratado dos Três Imperadores.
No entanto, crises na Bulgária e o General Boulanger na França ameaçaram o
sistema de alianças de Bismarck. Para evitar uma guerra entre a Rússia e a
Áustria-Hungria, Bismarck tornou públicas as cláusulas da Dupla Aliança.
A Áustria abandonou o Tratado dos Três Imperadores, enfraquecendo a
influência de Bismarck. Problemas econômicos e políticos agravaram as relações
teuto-russas, resultando na formação da aliança franco-russa e preparando o
terreno para a Primeira Guerra Mundial. Bismarck é elogiado por manter a paz de
curto prazo, mas criticado por não resolver os problemas subjacentes das relações
europeias e por usar métodos secretos na diplomacia.
Entre 1871 e 1914, houve uma notável retomada das conquistas coloniais
pelas principais potências europeias, com exceção da Áustria-Hungria. Antes de
1876, a Inglaterra e a Rússia eram as principais potências coloniais, dividindo a
maior parte do território colonial. Por volta de 1900, outras potências, como França,
Alemanha, Itália, Bélgica, Japão e Estados Unidos, também se tornaram coloniais, e
o território colonial sob domínio europeu quase dobrou, atingindo 70 milhões de
quilômetros quadrados.
Esse fenômeno de expansão colonial no final do século XIX é chamado de
"novo imperialismo". Há debates sobre como definir e delimitar esse período, com
algumas visões divergentes sobre quando começou. Do ponto de vista das relações
internacionais, a expansão colonial pode ser dividida em dois períodos: um até
1890, caracterizado por ambições coloniais que não causavam muitas tensões entre
as potências, e outro a partir de 1890, quando a concorrência colonial aumentou e
as tensões entre as potências dentro e fora da Europa se intensificaram. Isso levou
a uma globalização da política europeia e à elevação das tensões na Europa devido
à competição colonial.
A partilha da África pelas potências europeias entre 1876 e 1900 é um dos
aspectos mais surpreendentes e menos compreendidos do novo imperialismo.
Inicialmente, apenas 10% do território africano estava sob domínio colonial, com a
presença de colônias como a Argélia francesa, o Cabo britânico, e pequenas
possessões em partes da África Ocidental. Até a década de 1870, a África estava
inserida no sistema internacional com base no livre-comércio, sem conquistas
territoriais significativas.
No entanto, a partir de 1876, houve um "surto colonial" em que as potências
europeias, incluindo França, Grã-Bretanha, Alemanha e outras, competem para
conquistar quase todo o continente, aumentando a posse colonial de 10% para 90%
até 1900. Isso desencadeou a "corrida colonial" na África. A Conferência de Berlim
de 1884-1885 não decidiu sobre a partilha da África, mas estabeleceu regras, como
o critério de "ocupação efetiva" para o reconhecimento do domínio colonial. A
competição colonial intensificou-se, especialmente entre Grã-Bretanha, França e
Alemanha. Além disso, conflitos se concentraram no Egito, que se tornou
estratégico devido ao Canal de Suez, e na ÁfricaAustral, onde a descoberta de
diamantes e ouro alterou a dinâmica da colonização. Isso levou à segunda guerra
sul-africana entre a Grã-Bretanha e os bôeres.
O imperialismo na Ásia no final do século XIX combinou características de
dominação formal e informal. A Índia permaneceu sob controle colonial formal
britânico, principalmente usando o modelo de dominação indireta, que envolve a
instrumentalização das elites locais para governar. Isso provocou conflitos na Índia
com a Rússia e a França, levando à resposta britânica com a ocupação de regiões
estratégicas e a formação da aliança anglo-nipônica em 1902.
A Rússia buscou expandir seu domínio no sudeste e leste da Ásia,
ameaçando as fronteiras orientais da Índia. A França concentrou seus esforços nas
conquistas coloniais na Península da Indochina, expandindo seu controle sobre o
Vietnã, Laos e Camboja. A Grã-Bretanha respondeu estendendo seu domínio
colonial na Malásia e anexando a Birmânia, garantindo suas fronteiras no leste da
Índia.
A China evitou a partilha de seu território pelas potências europeias por
pouco, mas perdeu grande parte de sua soberania devido à abertura forçada para
mercadorias estrangeiras e concessões diplomáticas. A resistência chinesa,
exemplificada pelo levante Boxer, alertou as potências europeias sobre os custos de
uma ocupação colonial. O Japão emergiu como uma potência colonial na Ásia,
vencendo a China em 1895 e garantindo a posse de Taiwan e da Coréia. A vitória
japonesa sobre a Rússia em 1905 expandiu sua influência na Manchúria do Sul. O
Japão continuou a expandir seu domínio territorial na China durante a Primeira
Guerra Mundial, culminando na invasão da Manchúria em 1931, o que contribuiu
para os eventos que levaram à Segunda Guerra Mundial na Ásia. O imperialismo na
Ásia apresentou uma combinação de dominação formal e informal, envolvendo
várias potências europeias, a China e o Japão em competições territoriais e
influência colonial.
O imperialismo americano no final do século XIX marcou uma mudança
significativa na política externa dos Estados Unidos. Antes disso, os EUA eram
vistos como antiimperialistas devido à sua própria história de luta anticolonial contra
a Grã-Bretanha. No entanto, a intervenção em Cuba e a Guerra Hispano-Americana
de 1898 levaram a uma transformação.
A intervenção americana em Cuba e a guerra contra a Espanha levaram à
conquista de territórios coloniais. Os EUA expulsaram os espanhóis de Cuba e
Porto Rico, bem como anexaram as Filipinas. Cuba foi declarada um protetorado
americano com a Emenda Platt em 1901. Os EUA gradualmente abandonaram seu
isolacionismo, buscando uma política mais assertiva, especialmente no Caribe e no
Pacífico, com a política externa de Theodore Roosevelt. Os EUA estenderam sua
influência na América Central, construindo o Canal do Panamá, mantendo
hegemonia no Caribe e intervindo em vários países, incluindo Cuba, República
Dominicana, Haiti, México e Nicarágua.
Na América do Sul, os EUA competiram com a Grã-Bretanha por interesses
econômicos. A Doutrina Monroe foi reinterpretada para proteger os interesses
americanos contra a influência europeia, resultando em intervenções nos assuntos
internos de Estados latino-americanos. Além disso, os EUA expandiram sua
presença na Ásia Oriental e no Pacífico, com a conquista das Filipinas, ocupação de
ilhas e anexação do Havaí. Essas ações estavam ligadas aos interesses dos EUA
na China, particularmente na promoção da política de "porta aberta" para garantir
acesso ao mercado chinês. Os EUA não buscavam construir um império colonial em
si, mas viam suas possessões coloniais como trampolins para o mercado chinês,
cujo potencial econômico era altamente valorizado na época.
O conceito de novo imperialismo gerou debates complexos e diversas
teorias. O imperialismo desse período envolveu a dominação direta (imperialismo
formal) e indireta (imperialismo informal) das potências europeias, dos EUA e do
Japão sobre o Sul do planeta. A distinção entre essas formas de imperialismo é
muitas vezes graduada. Não há uma única explicação monocausal para o
imperialismo desse período. Fatores econômicos, como a busca por mercados e
matérias-primas, desempenharam um papel, mas não eram a única causa. Os
interesses variaram entre as potências, e a política colonial foi moldada por uma
série de fatores, incluindo a depressão econômica, nacionalismo e competição entre
estados.
A colonização da África também foi multifacetada. As teorias econômicas,
políticas e psicológicas foram usadas para explicar a corrida pela África, mas
nenhuma explicação monocausal é convincente. Os motivos variaram de nação
para nação, e a conquista colonial refletiu uma complexa interação de fatores. A
Alemanha, por exemplo, teve interesses coloniais marginais e usou o colonialismo
oportunista para atingir objetivos políticos. A Inglaterra adotou um novo colonialismo
preventivo para evitar um protecionismo colonial francês. Os outros imperialismos,
como Rússia, EUA e Japão, tinham razões específicas para sua expansão colonial.
A polarização das principais potências em dois blocos de poder antagônicos
foi uma característica dominante das relações internacionais após 1890. A Tríplice
Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Rússia e
Inglaterra) eram os principais blocos. A aliança entre França e Rússia em 1894
reduziu a influência alemã no continente e estabeleceu um equilíbrio temporário
entre as potências. O enfraquecimento temporário da Rússia devido à guerra
russo-japonesa em 1904-1905 levou a Alemanha a tentar tirar proveito disso, mas a
recuperação da Rússia e a aproximação da Grã-Bretanha da aliança franco-russa
restauraram o equilíbrio.
A Inglaterra, França e Rússia se aproximaram devido ao temor da política
externa alemã, que foi percebida como imprevisível e ameaçadora. Os tratados
entre essas potências eram defensivos, e a elite alemã se sentia cercada por
inimigos. Em 1914, uma tentativa alemã de superar essa defensiva com uma "fuga
para a frente" levou à Primeira Guerra Mundial. A competição colonial entre as
potências fora da Europa começou a influenciar a situação na Europa, aumentando
as tensões.
Após 1890, a política mundial tornou-se uma característica da política exterior
das potências europeias, e a Alemanha reivindicou igualdade de direitos em relação
às possessões coloniais, o que contribuiu para as tensões. A diplomacia
inicialmente lidou com questões fora da Europa, mas após 1905, os conflitos
europeus voltaram a ser uma preocupação central. A rivalidade nos Bálcãs foi uma
das causas imediatas da Primeira Guerra Mundial, com a Sérvia, aliada da Rússia,
e a Áustria-Hungria, aliada da Alemanha, enfrentando-se após a expulsão do
Império Otomano da Europa. Isso culminou em uma série de crises na Europa que
levaram à guerra em julho de 1914.
O período de 1890 a 1914 foi marcado por uma série de crises e alianças na
Europa. A saída de Bismarck do poder marcou uma virada decisiva na política
externa alemã e nas relações internacionais europeias. Apesar das diferenças entre
a política conservadora de Bismarck e a política agressiva da fase guilhermina,
houve elementos de continuidade.
As relações entre Alemanha e Rússia começaram a se deteriorar durante o
tempo de Bismarck, levando à superação do isolamento da França. O novo
chanceler alemão, von Caprivi, manteve a orientação principal da política externa de
Bismarck, buscando ganhar a Grã-Bretanha como parceira. Entre 1887 e
1897-1898, formou-se o antagonismo entre a Alemanha e a Rússia, tornando-se um
elemento-chave nas relações internacionais.
Com a chegada da Weltpolitik e do programa de construção naval em 1897, o
antagonismo entre a Alemanha e a Grã-Bretanha se tornou uma peça-chave na
bipolarização das relações europeias. A formação da aliança franco-russa em
1891-1894 pôs fim ao isolamento diplomático da França. O Plano de Schlieffen,
desenvolvido pelos militares alemães, visava enfrentar a possibilidade de uma
guerra em duas frentes, preconizandoum ataque decisivo à França e, em seguida,
à Rússia, ignorando a neutralidade da Bélgica.
A política externa de Caprivi subestimou a possibilidade de uma aliança
franco-russa e superestimou uma possível aproximação entre a Alemanha e a
Grã-Bretanha. A aproximação entre a Grã-Bretanha e a França foi uma reação à
política externa alemã. A Weltpolitik alemã tinha raízes na política interna,
procurando consolidar o sistema político e acalmar tensões sociais internas. Essa
política foi marcada por uma busca de prestígio e poder no cenário mundial, bem
como pela construção de uma marinha de guerra. As crises do Marrocos em 1905 e
1911, bem como a crise da anexação da Bósnia em 1908-1909, aumentaram as
tensões internacionais e fortaleceram as alianças e antagonismos entre as grandes
potências.
As guerras balcânicas em 1912-1913 acentuaram as tensões europeias e
colocaram a região dos Bálcãs no centro de um possível conflito. A Rússia e a
Inglaterra atuaram para evitar um confronto direto entre a Áustria-Hungria e a
Rússia. No entanto, o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand em Sarajevo em
julho de 1914 desencadeou uma cadeia de eventos que levaria ao início da Primeira
Guerra Mundial.
O sistema internacional foi marcado por crescentes tensões e conflitos entre
as grandes potências, especialmente após 1911. No entanto, há outro lado nesse
cenário, que envolve tentativas de aproximação e negociações. Tanto entre a
Alemanha e a Rússia quanto entre a Alemanha e a Grã-Bretanha, houve esforços
para buscar a detenção das hostilidades.
Em 28 de junho de 1914, o herdeiro ao trono austríaco, Franz Ferdinand, e
sua esposa foram assassinados em Sarajevo, desencadeando uma série de
eventos. A Áustria-Hungria viu isso como uma oportunidade de confrontar a Sérvia e
dependia da Alemanha. A Alemanha liderada por belicistas apoiou a Áustria e emitiu
uma "carta branca". No entanto, havia tensões sobre como proceder, com o Kaiser
alemão inicialmente buscando uma punição branda para a Sérvia.
A Áustria-Hungria não estava pronta para uma ação rápida e o cenário se
agravou. A Rússia decidiu apoiar a Sérvia, e a resposta da Sérvia às demandas
austríacas foi habilidosa. Eventualmente, a Alemanha declarou guerra à Rússia e,
posteriormente, à França, enquanto invadia a Bélgica. Isso levou à entrada da
Grã-Bretanha na guerra em 1914. Os Estados Unidos se juntaram aos Aliados em
1917. Isso transformou o conflito local em uma guerra mundial.
Durante a Primeira Guerra Mundial, as Potências da Dupla Aliança
(Alemanha e Áustria-Hungria) receberam apoio da Turquia em 1914 e da Bulgária
em 1915. Apesar das esperanças de uma vitória rápida contra a França, o avanço
alemão foi interrompido na Batalha do Marne em setembro de 1914, resultando na
solidificação da frente ocidental alemã.
A guerra se transformou em uma guerra de trincheiras, onde o lado defensivo
tinha vantagens. O plano de campanha alemão falhou logo no início da guerra.
Tentativas de romper o impasse na frente ocidental resultaram em perdas humanas
significativas, mas sem decisão militar. Na frente oriental, houve guerra de
movimento, com a Rússia sofrendo derrotas e, eventualmente, desmoronando após
a Revolução Russa em 1917. O Pacto de Paz de Brest-Litovsk impôs duras
condições de paz à Rússia.
A entrada dos Estados Unidos na guerra em 1917 teve um impacto decisivo.
Os ataques alemães no oeste falharam, e a entrada americana na guerra minou as
possibilidades de acordos separados com a Rússia, Finlândia e Romênia. A 11 de
novembro de 1918, após a desintegração das Potências da Dupla Aliança e a
revolução em Berlim, a Alemanha aceitou as condições de cessar-fogo, marcando
sua derrota na guerra.
O debate sobre as causas e a culpa da Primeira Guerra Mundial é marcado
por diferentes interpretações. O Artigo 231 do Tratado de Versalhes de 1919 culpou
o Império Alemão e seus aliados pela guerra. Isso desencadeou um debate
internacional sobre a culpabilidade, incluindo esforços alemães para refutar a
atribuição de culpa apenas à Alemanha.
O revisionismo alemão argumentou que a França, a Inglaterra ou,
principalmente, a Rússia deveriam ser responsabilizadas pela guerra. Outros
historiadores, principalmente Herman Kantorowicz, Pierre Renouvin e Bernadotte
Schmitt, destacaram que todos os Estados contribuíram para a guerra, mas a
Tríplice Aliança (Alemanha e Áustria-Hungria) tinha maior responsabilidade.
Renouvin culpou principalmente a Alemanha, embora não acreditasse que a
Alemanha buscasse uma guerra mundial.
O historiador Fritz Fischer desafiou essa visão harmoniosa com sua tese de
que a Alemanha tinha planos agressivos de guerra, articulados no Programa de
Setembro. Ele argumentou que a Alemanha desejava uma guerra, pelo menos entre
a Áustria e a Sérvia, e esperava a neutralidade inglesa no conflito. Fischer também
viu continuidade entre a política alemã na Primeira Guerra Mundial e o Terceiro
Reich de Hitler.
No entanto, embora o debate tenha sido profundo e influente, a maioria dos
historiadores modernos não aceita a ideia de uma guerra planejada pela Alemanha.
Em vez disso, muitos acreditam que todos os Estados europeus desempenharam
um papel na anulação da paz em 1914, com a Alemanha tendo uma
responsabilidade significativa, mas não uma clara intenção de uma guerra ofensiva.
É possível concluir que o período de 1871 a 1914 foi caracterizado por uma
série de mudanças significativas nas relações internacionais. A industrialização, o
crescimento do capitalismo e a expansão colonial europeia moldaram a divisão de
poder no cenário mundial. A Alemanha emergiu como uma grande potência,
desafiando a tradicional supremacia britânica. A política externa alemã,
especialmente após a saída de Bismarck, contribuiu para as tensões europeias. A
formação de alianças e antagonismos, como a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente,
polarizou as grandes potências. As crises nos Bálcãs e a rivalidade colonial
aumentaram as tensões, levando ao início da Primeira Guerra Mundial. Esse
período foi marcado por complexas interações entre interesses econômicos e
políticos externos. A diplomacia muitas vezes não conseguiu resolver os problemas
subjacentes nas relações europeias, resultando em um conflito global devastador.

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