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Introduçã� à Saúd� d� Mulher O que é Importante Priorizar na Saúde da Mulher? Menstruação e idade devem ser priorizadas na anamnese, a idade é importante pois se tem patologias relacionadas a idade. A idade permite situar a paciente em uma das fases da mulher (infância, puberdade, maturidade sexual, climatério e envelhecimento). Para melhor entendimento de certas doenças, mais frequentes em determinadas faixas etárias, facilitando assim o raciocínio clínico. ● Como toda a anamnese, deve ser iniciada com a identificação e posteriormente a queixa principal, seguida da história da doença atual (HDA), interrogatório sintomatológico dos diversos aparelhos (ISDA), antecedentes familiares e pessoais. ● IDENTIFICAÇÃO: Questionar nome, idade, estado conjugal, cor, religião, escolaridade, profissão, endereço, cidade, estado, procedência (lugar de origem) e telefone. OBSERVAÇÕES: ● Depois de obter essas informações, deve-se focar na anamnese ginecológica propriamente dita, interrogando sobre antecedentes menstruais, sexuais, métodos de anticoncepção, exames ginecológicos realizados previamente, antecedentes ginecológicos e obstétricos. A anamnese deve ser iniciada com a identificação e posteriormente a queixa principal, seguida da história da doença atual, interrogatório sintomatológico dos diversos aparelhos, antecedentes familiares e pessoais. ● Estar atento em não falar X meses de gestação e sim semanas, pois o que acontece na 5ª semana não é o mesmo que acontece na sexta, e assim sucessivamente. ● A idade gestacional da paciente pode ser dada através da data da última menstruação (precisa ter precisão nessa informação), e a semana gestacional também pode ser mediada por meio da ultrassonografia. Etapas da Anamnese ● Queixa principal: o motivo da consulta (perguntando: “o que lhe trouxe aqui?”) acrescentar o tempo da queixa. ● História da Doença Atual: Serão investigados de maneira precisa, procurando saber início dos sintomas, características do sintoma (duração, localização, intensidade, frequência, tipo etc.), fatores de melhora e piora, relação com outras queixas, evolução, além do uso de medicamentos e como está no momento da consulta. ● ISDA: Interrogar os diversos aparelhos, cardiovascular, respiratório, musculoesqueléticos, endócrino/metabólico (Diabetes? Hipertensão?), urológicos e gastrointestinais. ● Antecedentes familiares: Questionar sobre doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, câncer (principalmente de útero, ovário e mama), malformação congênita, gemelaridade na família e doenças infectocontagiosas. ● Antecedentes pessoais: Questionar se a paciente faz uso de cigarro (tabaco) e/ou álcool (se sim, quantas vezes ao dia e há quanto tempo), se pratica atividade física (se sim, qual tipo), apresenta alergia a algum tipo de medicamento e se já realizou alguma cirurgia (Quando? Quantas? Quais são as indicações?). ● Depois de obter essas informações, deve-se focar na anamnese ginecológica propriamente dita, interrogando sobre antecedentes menstruais, sexuais, métodos de anticoncepção, exames ginecológicos realizados previamente, antecedentes ginecológicos e obstétricos. Caso Clínico Paciente do sexo feminino 26 anos chega na urgencia e emergencia gritando de dor abdominal. Hipóteses: gravidez ectópica, DIP, cisto hemorrágico, SOP, torção das trompas. Após vamos para os fatores de exclusão diagnóstica e perguntar se ela já teve esse quadro de dor antes, se existe sangramento, corrimento. Devemos investigar se a paciente está grávida e solicitar um Beta HCG, perguntar número de parceiros sexuais, sexarca, menarca. Histórico familiar é importante saber. Neste caso iremos pedir exames laboratoriais. ● Sempre perguntar para a paciente sobre corrimentos e sangramento. Primeiramente após a anamnese semiologia pergunta-se sobre antecedentes menstruais. ● Na ginecologia devemos nos atentar ao cheiro e ao toque. Por que devemos fazer o toque bimanual? Durante o toque bimanual, é possível caracterizar o útero quanto à posição (anteversoflexão, retroversoflexão ou posição intermediária), tamanho, consistência e mobilidade.Caso a paciente sinta dor, é importante que a mesma comunique ao profissional, pois pode ser sinal de infecção. ● Devemos inspecionar e realizar a palpação na paciente, toda a região do colo uterino e cavidade vaginal. Observar o colo uterino, quanto a sua localização, forma, volume e forma do orifício externo, presença de nódulos, secreções, sangue e etc. Antecedentes Menstruais ● Antecedentes menstruais: questionar a menarca (se menstruou muito cedo ou muito tarde), intervalo do ciclo menstrual, duração da menstruação, regularidade (mensal), intensidade do fluxo (normal para paciente) e cor do sangue (depende do dia); ● Perguntar sobre a data da menstruação (DUM), se apresenta dismenorreia (dor durante a menstruação), ou SPM (síndrome pré-menstrual). ● Caso a paciente não menstrue, questionar sobre quando ocorreu a menopausa, a idade em que ocorreu e se foi natural ou por causa externa, além de questionar também o uso de terapia hormonal e de qual tipo. ● Como saber sobre o fluxo menstrual da paciente? Quantas vezes você troca de absorventes por dia e o tipo do absorvente. Em casos de fluxo menstrual intenso solicitamos o hemograma da paciente, pois pode apresentar anemia. ● Sintomas da SPM: mastalgia, cefaléia, irritação, nervosismo, distensão abdominal dentre outros. Observação: orgamos excessivos ou a falta dele, podem causar cefaléia. ● A cólica menstrual também é chamada de algomenorréia OU dismenorreia. Antecedentes Sexuais ● Quando ocorreu a coitarca (primeira relação sexual)? O número de parceiros na vida: se um, dois ou mais de três. Questionar sobre libido (vontade de praticar a relação sexual) normal, aumentada, diminuída ou ausente; sobre orgasmo (desejo durante a relação sexual); dispareunia (dor durante na relação sexual) se sim, há quanto tempo e se é de penetração ou de profundidade; e se apresenta sinusiorragia (sangramento durante a relação sexual), se faz uso de brinquedos sexuais. ● Observações: Perguntar se há mais de três parceiros, e não a quantidade exata para evitar constrangimentos a paciente. ● Anticoncepção: Perguntar apenas para mulheres em idade fértil. Questionar sobre os métodos contraceptivos (MAC) utilizados no momento e quais utilizados anteriormente (MPC), principalmente se faz uso de camisinha. ● Tipos: camisinha (condon), CHO (contraceptivo hormonal oral), CHIM/T (injetável mensal ou trimestral) ou DIU (dispositivo intra-uterino). ● Se faz uso de contraceptivo hormonal, questionar qual o tipo e duração de uso. Antecedentes Ginecológicos ● Investiga-se a data da última menstruação, para ver se há necessidade de exame de gravidez, ou para investigação do início da menopausa, que ocorre entre os 48 e 52 anos de vida.Perguntar sobre sintomas pré-menstruais e menstruais. ● Se já realizou biópsia do útero (indicar crescimento irregular do endométrio, câncer do colo de útero, infecções), cauterização, CAF (cirurgia de alta frequência), se apresenta ou apresentou algum tipo de DST e qual, se foi confirmada por exames e se realizou o tratamento, questionar sobre colpocitologia oncótica, mamografia seus resultados e a data do último exame. ● Se apresenta algum corrimento ou irritação vaginal caracterizando o tempo de duração, a quantidade, coloração, odor e se realizou tratamento. ● Questionar sobre alterações vulvares como: prurido, tumor etc. Verificar se apresenta alguma queixa mamária. Antecedentes Obstétricos ● Questionar sobre a G (gestações), PN (partos normais), PC (partos cesárea) e A (abortos). Ex: G3, PN2, P1, A0. ● Qual intervalo de tempo e qual idade no primeiro parto e último parto? ● Questionar o peso do RN, se teve o puerpério normal ou patológico, se amamentou e por quanto tempo. Exame Físico Ginecológico ● O exame físico da mulher, seja ele ginecológico ou obstétrico, deve ser completo, como em qualquer consulta eletiva, embora possua também suas particularidades.Nele estão incluídos: 1. Estado geral (fácies) 2. Dados antropométricos 3. Índice de massa corpórea (imc) 4. Temperatura 5. Pressão arterial 6. Pele e mucosas 7. Exame da tireóide 8. Ausculta cardíaca 9. Ausculta respiratória 10. Exame das mamas 11. Exame do abdome 12. Exame ginecológico 13. Exame obstétrico EXAME FÍSICO DAS MAMAS Anatomia Estruturas ● Papila projeção (normalmente no 4" espaço intercostal tanto em homens como emmulheres). ● Aréola: pele enrugada que circunda a papila. ● Cauda de spence prolongamento do tecido mamário em direção axilar. ● Glándulas ou tubérculos de montgomery. ● Glândulas areolares que ficam aumentadas durante a gravidez (mulher gravídica) ou durante a lactação (mulher puerperal). ● Divisão anatômica em quatro quadrantes, adicionando mais um, o central, com a aréola e o mamilo, ● Súpero-lateral/ superior externo (OSL). ● Súpero-medial/ superior interno (OSM). ● Inferior-lateral/ inferior externo (CIL) ● Inferior -medial/ inferior interno (OIM) ● Quadrante central/ retro-areolar. Inspeção Estática ● Posição: sentada ou em pé, com os braços ao longo do corpo, dando preferência que esteja sentada para conforto da paciente observar: ○ Número (mamas e mamilo). ○ Tamanho da mama (pequena, média, grande, hiperplásica). ○ Simetria (simétricas ou assimétricas). ○ Formato (cônica, convexa, pendular, pendular volumosa). ○ Formato da papila (protusas, semi-protusas, planas, invertidas, retraídas). ○ Cor da aréola (rosa, marrom, preta). ○ Pele (se possui edema, eritema, cicatriz ou se é normal). ○ Presença de nódulos visíveis (tumores superficiais acima de 1cm). OBSERVAÇÃO A cor da aréola é normalmente mais escura que o tom de pele, pois trata-se de uma região com mais melanócitos. No segundo mês de gestação há maior escurecimento, que pode persistir em graus variáveis. Inspeção Dinâmica ● Posição: em pé ou sentada - pedir para paciente realizar 4 movimentos. ● Dois deles alteram a tensão nos ligamentos suspensores da mama, que são: ○ Erguer os braços a 90°. ○ Erguer os braços a 180°. ● Os outros dois são mais utilizados para avaliar mamas com maior volume, que devem ficar pêndulas durante sua execução: ○ Inclinar-se para frente o ombro, pressionando as mãos com força uma contra a outra. ○ Inclinar-se para frente com as mãos na asa do ilíaco, pressionando com força. ● Observar: ○ Abaulamentos. ○ Retrações (são retrações do tecido fibroso, e podem significar tumor). ○ Mobilidade da glândula mamária (normal, diminuída ou ausente). Palpação A palpação da mama é importante para saber se há nódulos. Os nódulos podem causar sérias alterações hormonais na mulher. É importante observar a simetria da mama (mesmo uma sendo maior que a outra normalmente), manchas e cicatrizes (perguntar todos esses detalhes para a paciente), na inspeção saber como está o estado geral da pele, a coloração também tem que ser avaliadas e se são diferentes, temos algumas situações que podem alterá-las por exemplo: em casos de processos inflamatórios a mama tende a ficar mais avermelhada. ● Posição: em pé ou decúbito dorsal com as mãos na cabeça. Melhor período para fazer a palpação: logo após o fim da menstruação, em mulheres não histerectomizadas . Apesar de existir um período mais favorável, a palpação deve ser feita em todas as consultas. essa informação torna-se útil quando há dúvida diagnóstica. ● Técnicas: pode ser feita com uma ou duas mãos e vários sentidos, desde que palpa-se todos os quadrante. como por exemplo: fazer o exame de ambos os lados, da periferia para o centro, em todos os quadrantes, no sentido horário, além da cauda de spence e acima do mamilo. ○ Vealpeau: mão espalmada. ○ Blood good: pontas dos dedos. Expressão ● Técnica: realiza-se a manobra do gatilho, que consiste na compressão da aréola, em sentido centrípeto, em várias direções em ambas as mamas. ○ Positivo: secreção papilar. ○ Negativo: sem secreção. Dor Pélvic� Feminin� Introdução Nem toda dor pélvica feminina será DIP. Quando se trata de dor, a principal questão a se tratar é o tempo dessa dor, necessário saber se esse quadro é agudo ou crônico. Conceito Dor pélvica é um desconforto na parte inferior do abdome e é uma queixa comum. É considerada separadamente da dor vaginal e da dor vulvar ou perineal, que ocorrem em órgãos genitais externos e na pele do períneo. A cavidade pélvica também contém intestinos, bexigas, ureteres inferiores e é circundada por músculos, tecidos conjuntivos e ossos. A dor pélvica pode se originar de qualquer uma dessas estruturas. Se considera crônica a dor se persistir por 3 a 6 meses. A dor pélvica pode se originar nos órgãos reprodutores femininos (colo do útero, útero, ovários, tubas uterinas) ou outras estruturas no abdome (intestino, trato urinário, assoalho pélvico). Pacientes podem ter dor a ovulação, chamada de dor do meio. DISTÚRBIOS GINECOLÓGICOS Algumas doenças ginecológicas não causam dor pélvica cíclica (dor recorrente durante a fase do ciclo menstrual). Em outros a dor não está relacionada a menstruação. Além disso, o início da dor (súbita ou gradual) e o tipo de dor (p. Ex: aguda, em cólica) podem ajudar a identificar a causa. As causas ginecológicas mais comuns de dor pélvica incluem: ● Dismenorreia primária; ● Endometriose; ● Massa ovariana, às vezes com ruptura ou torção; ● Doença inflamatória pélvica (DIP). Em geral, os miomas uterinos não causam dor, mas pode haver dor caso pressionem estruturas circundantes, que contribuem para a dismenorreia ou se degeneram. DOENÇAS NÃO GINECOLÓGICAS Doenças não ginecológicas podem causar dor pélvica podem ocorrer em qualquer sistema localizado na pelve: ● Gastrintestinal (ex: tumores, constipação, doença inflamatória intestinal, abscesso perirretal alto). ● Urinárias (ex: cistites, cistite intersticial, cálculos). ● Musculoesqueléticas (ex: dor miofascial, distensões musculares abdominais). ● Vascular (expansão rápida ou ruptura de aneurisma aórtico). AVALIAÇÃO DA DOR PÉLVICA Deve-se fazer de imediato a avaliação da dor pélvica aguda porque algumas causas (ex: gestação ectópica, torção anexial) requerem tratamento imediato. Deve excluir gravidez em todas as pacientes em idade reprodutiva, independentemente da história menstrual ou sexual. História Na história da doença atual deve ter incluso o início, duração, localização, gravidade e característica da dor; relação da dor ao ciclo menstrual. Os sintomas associados são : corrimento ou sangramento vaginais, dispareunia, febre, e sintomas de instabilidade hemodinâmica (ex: atordoamento, lipotimia, síncope) Na revisão dos sistemas deve se incluir: ● Amenorreia, enjoo matinal, edema ou sensibilidade mamária: gravidez. ● Febre, calafrios ou secreção vaginal: infecção. ● Dor abdominal, mudança de hábitos fecais ou sangramento retal: distúrbios gastrointestinais ● Frequência, urgência ou dor urinária: distúrbios geniturinários. A história de saúde pregressa deve considerar a história obstétrica e ginecológica (gravidade, paridade, história menstrual, história sexual, história de infecções sexualmente transmissíveis, infertilidade, gestação ectópica, doença inflamatória pélvica) e a história de cálculos urinários, diverticulite e outras doenças ou tumores gastrointestinais ou geniturinários. Deve-se observar a realização de cirurgia pélvica ou abdominal prévia. Exame Físico Começa com a revisão dos sinais vitais de febre ou sinais de instabilidade hemodinâmica (ex: hipotensão, pulso rápido) e focaliza os exames abdominais e pélvicos. A palpação do abdome avalia a presença de dor, massas e sinais de irritação peritoneal. O toque retal deve ser realizado para avaliar o sangue oculto, dor e a presença de massas palpáveis. A localização da dor e quaisquer achados associados fornecem pistas para o diagnóstico da causa da dor. Segundo a professora, “a ginecologia é a arte de cheirar”. O exame pélvico é feito pela inspeção dos órgãos genitais externos, do exame especular e da palpação bimanual. O colo do útero é avaliado paraa presença de secreção. O toque bimanual deve avaliar dor à movimentação do colo do útero, dor ou massas anexiais e ainda dor e aumento de volume uterino. Se há suspeita de gestação ectópica, não se deve aplicar pressão a uma massa anexial porque pode causar ruptura. Sempre após o toque verificar a luva para a visualização se há secreções ou sangue ao toque. Ao toque também se avalia como está o útero (ex: se está centralizado). Distúrbios gastrointestinais: frequência, urgência ou dor urinária: distúrbios urinários. História da doença pregressa deve conter a história ginecológica e obstétrica (gravidade, paridade, história menstrual, história de IST, infertilidade, gestação ectópica, doença inflamatória pélvica) e a história de cálculos urinários, diverticulite e outras doenças ou tumores. Anatomi� Feminin� � �am� Ginecológic� Introdução Os órgãos sexuais femininos consistem tanto na genitália interna quanto na externa. Juntas elas compõem o sistema reprodutor feminino, desempenhando atividades sexuais e reprodutivas. Os órgãos genitais externos, conhecidos em conjunto como vulva, são sustentados pelo períneo feminino. Estes são o monte pubiano, os grandes e os pequenos lábios, o clitoris, o vestíbulo, o bulbo vestibular e as glândulas vestibulares. A vagina, o útero, os ovários e as tubas uterinas compõem os órgãos genitais internos. Triângulo anterior: urogenital Triângulo posterior: anal. Essa região ajuda na expulsão do bebê, tendo casos em que há uma laceração do vestíbulo. INSPEÇÃO: ● Edema O clítoris é o ponto de referência, possibilitando a achar o hostil da uretra. No entanto, nunca palpar o clitoris. ● Lesões; ● Assimetria; ● Glândula de Bartholin/vestibulares e a bartolinite. As glândulas de Bartholin fazem parte da região genital da mulher e estão localizadas no terço interior dos grandes lábios. Elas são responsáveis por produzir um fluido mucoso, que serve para lubrificar e umidificar a vulva, principalmente durante a relação sexual. Quando o útero está muito amolecido, a musculatura não está trabalhando, para fazer a contração necessária. Pacientes que podem morrer em cesariana podem vir a óbito devido a irrigação que foi rompida, levando a uma hemorragia. Essas irrigações estão estritamente ligadas a ilíaca, levando a um sangramento significante. Artéria uterina e artéria ilíaca estão associadas. Obs: ter o cuidado com hemorragia O colo uterino é importante de ser analisado para detecção de lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção pelo HPV, o Papanicolaou indica se você tem alguma outra infecção que precisa ser tratada. A ectopia é o aparecimento das células glandulares no colo do útero, células essas que estão sempre presentes, ora mais pra dentro, ora mais pra fora. Ela é comum e não exige qualquer tratamento se for assintomática e se o papanicolau estiver normal. QUEIXA PRINCIPAL E HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL (HMA) ● O que traz a paciente à unidade de saúde. Esse tópico, assim como em outras especialidades, deve ser curto. Além do motivo principal da consulta, deve-se contar o tempo desde o início do sintoma. A queixa principal deve ser descrita com as palavras da paciente. ● Exemplo: “Coceira em região íntima, há 4 dias”. ● A história da moléstia atual (HMA) deve explorar as características principais da queixa da paciente. Com isso, a evolução do sintoma, alterações associadas à ele, ingestão de medicações para melhora dos sintomas. Dilatação do Colo Uterino em partos O colo, que estava endurecido e fechado, passa a ficar amolecido para poder dilatar, e o útero, que era amolecido por ação hormonal, começa a ficar enrijecido por ação das contrações. ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS, SEXUAIS E OBSTÉTRICOS ● Cada um desses antecedentes devem ser descritos separadamente, explorando as principais informações acerca deles. ● Nos antecedentes menstruais, pergunte sobre a menarca, padrão menstrual (intervalos, duração do ciclo, intensidade do fluxo). É importante questionar sobre a presença de síndrome pré-menstrual e seus sintomas, como cefaléia e mudanças de humor. Ainda, como foi a última menstruação e sua data (DUM). ● Os antecedentes sexuais também devem ser explorados com cuidado. Quando foi a primeira relação sexual (coitarca), o número de parceiros e se no momento a vida sexual da paciente está ativa. ● Ainda, é importante questionar sobre a libido e os orgasmos, frequência dos coitos, e se ocorre alguma dor durante o evento. Por fim, eventos prévios de IST’s e o método contraceptivo usado também são informações valiosas. ● Nos antecedentes obstétricos, o número de gestações, partos e abortos deve ser interrogado, sendo descrito da seguinte forma: (G/P/A). Como exemplo, se a paciente teve 2 gestações, mas apenas 1 delas culminou em parto, temos: (G2/P1/A1). ● Sobre o aborto, é válido entender se foi espontâneo ou provocado, lembrando à paciente sobre o SIGILO MÉDICO. ● As consultas pré-natal realizadas durante a gestação também devem ser questionadas, bem como possíveis intercorrências e complicações. ● Em caso de aborto, entender se foi realizada curetagem prévia. Ainda, se o pós-parto, se a amamentação ocorreu bem e quanto tempo duraram. PAPANICOLAU ● Um dos exames mais comuns é o Papanicolau, também conhecido como exame preventivo. ● Ele é indicado para mulheres a partir dos 25 anos aos 64 anos, segundo o Ministério da Saúde. Consiste na coleta de células do colo do útero para avaliar a presença de células anormais que possam indicar a presença de lesões pré cancerígenas ou câncer de colo do útero. ● É importante ressaltar que o exame preventivo deve ser realizado regularmente, a cada três anos para mulheres com resultado normal e, em casos específicos, com maior frequência. INFORMAÇÕES IMPORTANTES ● NÃO estar menstruada. ● Preferencialmente, aguardar o 5º dia após o término da menstruação. ● A presença de pequeno sangramento de origem não menstrual, não é impeditivo para a coleta, principalmente nas mulheres na pós menopausa. ● Não usar creme vaginal nem ter realizado exames intravaginais (ultrassonografia) por 2 dias antes do exame. ● Não manter relações sexuais 48h antes da coleta. ● Não é possível realizar análise de amostra que contenha grande quantidade de sangue ou esteja contaminada por creme vaginal, vaselina e outros. ● Se a usuária estiver grávida ou com suspeita de gravidez não coletar material endocervical. IDENTIFICAÇÃO DA LÂMINA ● Deve conter as iniciais da paciente, data e número da requisição. ● Deve ser feita na parte fosca da lâmina, sempre a lápis, nunca a caneta. ● A tinta da caneta se dissolve durante o processo de coloração das lâminas, levando à perda da identificação da usuária. INTRODUÇÃO DO ESPÉCULO ● Visualizar o intróito vaginal. ● O espéculo deve ser introduzido fechado acompanhando o canal vaginal. ● A bexiga deve estar sempre vazia. ● Não lubrifique o espéculo com qualquer tipo de óleo, glicerina, creme ou vaselina. ● No caso de pessoas idosas com vaginas extremamente ressecadas, recomenda-se molhar o espéculo com soro fisiológico ou solução salina. ● Introduza-o em posição vertical e ligeiramente inclinado. ● Iniciada a introdução faça uma rotação de 90º, deixando-o em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição horizontal. ● Uma vez introduzido totalmente na vagina, abrao lentamente e com delicadeza. ● A Visualização do Colo Uterino - Com o espéculo aberto, visualize o colo uterino e o orifício externo. Espátula de Ayre e escova endocervical ● O toque vaginal faz parte dos exames ginecológicos que podem ser feitos por qualquer generalista. ● No toque vaginal simples, deve-se antecipar o exame à paciente, explicando a ela o que será realizado. A luva deve ser lubrificada e, em seguida, os lábios externos devem ser afastados, seguida pela introdução de 1 ou 2 dedos no canal vaginal. ● Ao alcançar o fórnix, deve ser observado o tamanho, elasticidade, abaulamentos ou tumorações vaginais. Ainda, deve ser observada ascaracterísticas do colo uterino. ● No toque vaginal combinado, o examinador deve combinar o toque simples e palpar o corpo uterino. DESCRIÇÃO DO EXAME GINECOLÓGICO COMOU SEM ALTERAÇÕES A descrição dos exames ginecológicos deve ser cuidadosa, conforme as etapas do exame de órgãos genitais externos (OGE) e internos (OGI). ● PILIFICAÇÃO: ginecóide, androide ou tricotomizada; ● MONTE DE VÊNUS: trófico ou hipotrófico; ● VULVA: coapta, entreaberta ou hiante. Lábios simétricos, vestíbulo róseo, pálido ou hiperemiado. Clitóris com ou sem alterações, hímen roto ou íntegro. Carúnculas normais ou hipertrofiadas. ● PAREDES VAGINAIS: com rugosidade mantida ou diminuída; ● FLUXO VAGINAL: ausente ou presente e o tipo; ● MUCOSA: rósea, pálida ou hiperemiada; ● TESTE DE SCHILLER: negativo (corado), iodo claro, irregularmente corado, positivo (iodo negativo), ou corado com pontos de iodo clado. ● VAGINA: amplitude, elasticidade, se mantida ou não, se para dois dedos; superfície: lisa ou rugosa. ● COLO DO ÚTERO: Se móvel ou fixo; consistência: fibroelástica ou não. História Natural da Infecção pelo HPV de Alto Risco Potencial Progressão para o Câncer POSIÇÃO GINECOLÓGICA Para o profissional de saúde esta posição é normal e facilita a realização do exame. Para a mulher é um momento de vergonha, medo e invasão da intimidade. Oriente a paciente sobre o desenvolvimento do exame, procurando deixá-la menos ansiosa. PREPARO DOMATERIAL PARA COLETA DO EXAME CITOPATOLÓGICO O preparo prévio de todo o material necessário para a coleta evita a perda de tempo do profissional e o constrangimento da usuária, que no momento do exame merece todo o nosso respeito e atenção. Usar sempre luvas de procedimento , evitando contaminação por material imunobiológico. O Preparo do Material para Coleta do Exame Citopatológico Para facilitar a realização do procedimento de coleta todo o material deve estar disposto na seqüência de uso. INSPEÇÃO DA GENITÁLIA EXTERNA A inspeção é o momento que permite identificar alterações. Inicie a primeira fase do exame, expondo somente a região a ser examinada, verificando: a) Vulva - se há lesões esbranquiçadas ou hipercrômicas, nódulos, verrugas e/ou feridas. b) Vagina - o aspecto, a existência de lesões, pólipos, verrugas e corrimentos. A vulva e vagina também desenvolvem câncer e uma forma eficiente de diagnosticá-lo precocemente é verificar a existência de lesões suspeitas nestas localizações durante a coleta do Papanicolaou. INTRODUÇÃO DO ESPÉCULO ● Visualizar o intróito vaginal. O espéculo deve ser introduzido fechado acompanhando o canal vaginal. ● A bexiga deve estar sempre vazia. ● Não lubrifique o espéculo com qualquer tipo de óleo, glicerina, creme ou vaselina. ● No caso de pessoas idosas com vaginas extremamente ressecadas, recomenda-se molhar o espéculo com soro fisiológico ou solução salina. ● Introduza-o em posição vertical e ligeiramente inclinado.Iniciada a introdução faça uma rotação de 90º, deixando-o em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição horizontal. ● Uma vez introduzido totalmente na vagina, abra-o lentamente e com delicadeza. A VISUALIZAÇÃO DO COLO UTERINO Com o espéculo aberto visualize o colo uterino e o orifício externo. Devem ser observadas as características das secreções quanto ao aspecto, cor, odor e quantidade. Fique atento para os detalhes, informando todos os dados na requisição de exames. COLETA DOMATERIAL DA ECTOCÉRVICE COM ESPÁTULA DE AYRE Encaixe a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando-a firmemente, fazendo uma raspagem na mucosa ectocervical em movimento rotativo de 360º em torno de todo o orifício, procurando exercer uma pressão firme, mas delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra. ESFREGAÇO DOMATERIAL Estenda o material ectocervical na lâmina dispondo-o no sentido vertical, ocupando 1/3 da parte transparente da lâmina, esfregando os dois lados da espátula com suave pressão, garantindo uma amostra uniforme. COLETA DOMATERIAL DA ENDOCÉRVICE COM A ESCOVA Recolha o material introduzindo a escova delicadamente no canal cervical, girando-a 360º. ESFREGAÇO DOMATERIAL DA ENDOCÉRVICE Estender o material sobre a área não utilizada da lâmina com movimento giratório, da esquerda para a direita. RESULTADO DO PREVENTIVO - COLO DO ÚTERO Exame Citopatológico Normal ● Dentro dos limites da normalidade no material examinado. ● Alterações Celulares Benignas (reativas ou reparativas) ● Inflamação sem identificação de agente. ● Resultado indicando metaplasia escamosa imatura. ● Resultado indicando reparação. ● Resultado indicando atrofia com inflamação. ● Resultado indicando radiação. ● Em alguns casos, como corrimento, prurido ou odor genital ou queixa clínica de leucorreia é necessária avaliação ginecológica. Seguir rotina de rastreamento ● Atipias de Significado Indeterminado em Células Escamosas ● Células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas. ● Mulheres com menos de 30 anos devem repetir o exame em 1 ano. ● Mulheres com 30 anos ou mais devem repetir o exame em 6 meses. ● Células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau. ● Todas as mulheres com laudo citopatológico de ASC-H devem ser encaminhadas à unidade secundária para colposcopia. ● Agendar consulta médica de retorno para usuária, na Unidade de Saúde, após a realização de colposcopia. Solicitar que a usuária leve o resultado do exame para definir conduta. ● Células glandulares atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas. ● Células glandulares atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau. ● Usuárias com diagnóstico citológico de AGC devem ser encaminhadas à unidade secundária para colposcopia. Agendar consulta médica de retorno para usuária, na Unidade de Saúde, após a realização de colposcopia. Solicitar que a usuária leve o resultado do exame para definir conduta. COMO FAZER A PALPAÇÃO DAS MAMAS? Para localização anatômica e descrição de tumores, a mama é dividida em quatro quadrantes. Realize e descreva o exame em 3 etapas: Inspeção estática e dinâmica, palpação e avaliação da descarga papilar. Etapas exame clínico das mamas: INSPEÇÃO Ocorre em dois momentos - estática e dinâmica a) Inspeção estática: Realizada em local bem iluminado, com a paciente em pé ou sentada, com o tórax desnudo e com os braços relaxados ao longo do corpo ou levantados sobre a cabeça (imagens A e B). Avalie sinais sugestivos de câncer: ● Alterações na simetria das mamas e do complexo aréolo-papilar ● Alterações no contorno da mama: Abaulamentos ou retrações de pele ● Ulcerações cutâneas ou do complexo areolopapilar b) Inspeção dinâmica: Solicite que a paciente coloque as mãos no quadril e após eleve os braços, contraindo uma mão contra a outra, atrás da nuca imagens C e D). Verifique se há aparecimento de retrações e ou abaulamentos PALPAÇÃO Realizada com a paciente sentada com os braços atrás da nuca e, após, deitada com os braços elevados. Com a paciente sentada, palpe as cadeias linfáticas supraclaviculares e axilares (o braço homolateral relaxado e o antebraço repousando sobre o antebraço homolateral do examinador). Com a paciente deitada, examine cada área aplicando níveis de pressão: média e profunda. Realizar movimentos circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão. Do centro para periferia, ou da periferia para o centro. O importante é palpar os 4 quadrantes. Se mulher mastectomizada, deve-se palpar a parede do tórax, a pele e a cicatriz cirúrgica. Avaliação da descarga papilar: A saída da secreção pode ser provocada pela compressão digital de um nódulo ou área de espessamento. Aplique compressão unidigital suave sobre a região areolar, em sentido radial, contornando a papila. Na descrição informar se é uni ou bilateral, uni ou multiductal, espontâneaou provocada pela compressão de algum ponto específico, coloração e relação com algum nódulo ou espessamento palpável. O edema mamário unilateral pode ocorrer devido a diferentes etiologias que variam desde condições malignas: como o carcinoma mamário inflamatório e a metástase, até doenças benignas como mastite. Descrição de um edema de glândula mamária: “Glândula mamária aumentada, a descartar outras causas específicas “. SINAIS E SINTOMAS MAMÁRIOS ALTAMENTE SUGESTIVOS DE CÂNCER DE MAMA ● Nódulo palpável endurecido, imóvel, fixo ao tecido subjacente, sem margens definidas. ● Linfonodos axilares aumentados, densos e confluentes. ● Descarga papilar abassuspeita: Sanguínea, serossanguínea ou cristalina “água de rocha”; espontânea; em mulher com idade superior a 50 anos ● Alteração unilateral recente do mamilo, como retração ou distorção ● Alteração unilateral na pele da mama, como edema cutâneo semelhante à “casca de laranja”, retração cutânea ou eczema que não responde a tratamentos tópicos Torçã� An�ia� � DIP Torção Anexial *Não vai focar muito na prova, apenas para aprendermos sobre e levar em consideração como diagnóstico diferencial. Se caracteriza pelo entrelaçamento dos componentes anexiais. A mais comum é a rotação e da tuba uterina, os quais se torcem como uma entidade única no eixo criado entre ligamento infundíbulo-pélvico e o ligamento útero ovariano. Geralmente envolve ambas estruturas mas podem envolver apenas o ovário (em torno do mesovário) e mais raramente apenas a tuba uterina (sobre a mesossalpinge). Nem sempre na palpação conseguimos sentir, consegue-se identificar uma torção anexial em um exame de imagem e com a clínica; Mais comum quando se fala em torção anexial é a rotação do ovário e da tuba uterina. Ambas têm mobilidade e nada impede que possam fazer um giro rotacional. Uma rotação de 360 graus irá comprometer as estruturas vasculares, causando uma obstrução e consequentemente uma isquemia. A torção pode ser de 90 graus, ou 360 graus (completa). Observa-se volumosa lesão ovariana (onde estão os asteriscos), demonstrando torção anexial, caracterizada pelo “sinal do redemoinho” (observe que na figura “D” a torção lembra um redemoinho), com flow voids associados, que são vasos de alto calibre em que o fluxo sanguíneo é tão rápido que o sinal de prótons não é captado e acaba sendo interpretado como “vazio” ( onde estão as setas longas), configurando torção vascular. O ovário esquerdo com a lesão (asteriscos) encontra-se elevado, notando-se ainda edema periférico (setas curtas). Na figura D: Perioperatório demonstrando o pedículo anexial torcido e levemente isquemiado (círculo tracejado) e a lesão ovariana que posteriormente configurou um fibrotecoma. Se não atender rapidamente uma paciente com torção anexial, ela irá perder suas estruturas. O comprometimento pode ser apenas a nível de ovário (mais comum), assim como pode comprometer também estruturas adjacentes. Existem situações em que, não somente os anexos vão estar envolvidos, mas também o intestino da paciente. Torção anexial pode acontecer durante a gestação. Conforme o feto vai se desenvolvendo e estendendo, o útero também vai se estender e empurrar os anexos. Dependendo da semana, existe uma viabilidade da gestação progressar, onde realiza-se uma remoção de progesterona. Se estiver no começo da gestação não há como reverter a situação. Será de caso cirúrgico se for uma torção maior. QUADRO CLÍNICO DA TORÇÃO ANEXIAL Deve-se pensar em torção anexial quando a paciente estiver com uma dor unilateral intensa aguda de baixo ventre, de instalação súbita associada a uma massa dolorosa em topografia de anexo e a também náuseas e vômitos (provocados pelo quadro doloroso). É um quadro agudo, pois a paciente não irá relatar que sente dor a semanas. Irá comentar que ontem não sentiu uma dor intensa e que hoje a dor está insuportável. A intensidade da dor vai depender da torção. Se a torção for pouca, a intensidade da dor vai ser menor. Se a torção for maior, sua intensidade será maior. Em suma, a paciente vai apresentar um quadro doloroso agudo, de característica unilateral, que pode ser intenso ou não. Quando ocorre uma torção e a mesma faz o comprometimento ovariano, os vasos afetados nesse ponto são: artéria/ veia ovárica. As artérias ováricas originam-se na superfície ventrolateral da aorta abdominal, seguem em direção ao ovário e emitem, na maioria das vezes, ramos para as tubas uterinas e ramos para os úteros, e, em menor freqüência, ramos destinados concomitantemente para as tubas uterinas e úteros. Essa dor está localizada no lado comprometido com irradiação para flanco, região inguinal ou coxa e pode ser caracterizada como constante ou intermitente, podendo ocorrer durante vários dias a meses antes da admissão, pode haver, também, um histórico de episódios de dor transitórios semelhantes, indicando torção parcial anterior. A intensidade da dor varia, nem sempre é grave e se deve à oclusão do pedículo vascular, com hipóxia subsequente. O quadro clínico depende do grau da torção, pois se mínima e lenta, os sintomas são discretos, porém, se for de 360 graus, pode haver dor intensa, aguda e súbita, náuseas e vômitos, sinais de peritonite, íleo adinâmico ou paralítico. Paciente que apresenta quadro de torção anexial, pode ter um íleo paralítico. Ocorre devido a compressão causada pelo inchaço/aumento do ovário. Quando o íleo está nessa situação, o mesmo fica distendido. Então a paciente virá com sintomas de íleo paralítico e não estará relacionado a torção anexial. Pode-se não conseguir palpar a massa anexial e durante os estágios iniciais a paciente pode não manifestar sensibilidade ou desconforto significativo no exame físico. Infelizmente, às vezes, em exames de imagem, não conseguimos ter uma proporção do tamanho da torção. A não ser quando abrimos a paciente(laparoscopia) e conseguimos analisar. Diagnóstico O diagnóstico de Torção Anexial é basicamente clínico, mas pode ser auxiliado por exames complementares com achados laboratoriais e de imagem, já que os sinais e sintomas são inespecíficos e, portanto, comuns a quadros clínicos de outras doenças. A maioria dos exames laboratoriais é normal, apesar de uma leve leucocitose ser observada em 27 a 50% das pacientes. O diagnóstico é confirmado na laparoscopia em aproximadamente 10 a 44% das pacientes. Solicitar Hemograma completo: solicitado para verificar se há algum quadro infeccioso, inflamatório associado e para descarte de apendicite. Vamos supor que no hemograma observou-se leucocitose, que é sinal de processo infeccioso. Em casos de torção anexial, leucócitos levemente aumentados é sugestivo de torção anexial. Em um diagnóstico diferencial poderia ser: apendicite, DIP(principalmente), gastroenterite. Quando não conseguimos juntar a clínica, nem resolutividade em exame de imagem, o paciente será submetido a uma laparoscopia, ultrassonografia pélvica ou transvaginal. A ultrassonografia pélvica, associada ou não ao Doppler, é o estudo de imagem mais utilizado para auxiliar no diagnóstico de torção anexial, sendo a abordagem mais comumente utilizada a transvaginal que permite uma melhor visualização dos vasos ovarianos. O aspecto da torção varia de acordo com o comprometimento vascular, com as características de qualquer massa intraovariana ou intratubárias associada e com a presença ou não de hemorragia. Os achados comuns são: uma massa ovariana, aumento unilateral do ovário, fluido livre em fundo de saco posterior e estruturas císticas periféricas uniformes. Mais um auxílio diagnóstico: toque retal, se houver líquido na cavidade, a paciente vai gritar de dor. Toda paciente que chega com essa característica clínica, deve realizar o toque bimanual. Quando se movimenta o colo, se ela sentir dor, ou é líquido na cavidade, ou é DIP. Conduta Trata-se, portanto, de uma emergência cirúrgica e existem opções conservadoras e definitivas para o tratamento. Os objetivos do tratamento são a recuperação dos anexos envolvidos, aexcisão de qualquer cisto ou tumor associado e a possível ooforopexia (é um procedimento cirúrgico em que um ou ambos os ovários são suspensos e fixos à parede abdominal), entretanto achados de necrose anexial ou ruptura com hemorragia podem requerer a remoção das estruturas adicionais. Devem ser considerados para a decisão de qual tratamento será realizado a idade, o desejo de fertilidade futura, menopausa e evidência de doença ovariana. A paciente vai perder o órgão(ovário ou trompa)? Na grande maioria das vezes sim. O que, dependendo da idade da paciente, será prejudicial para a mesma, como em casos de vontade de engravidar. Tem como conservar o órgão (se não estiver necrosado) e retirar o nó cirurgicamente, porém futuramente a paciente poderá ter torção anexial de novo. Durante a gestação, a conduta permanece a mesma, mas, deve-se lembrar que, se houver retirada do corpo lúteo antes da décima semana, será necessária reposição de progestagênio. Doença Inflamatória Pélvica A DIP envolve todos os órgãos femininos localizados a nível pélvico. A Doença inflamatória pélvica (DIP) pode afetar: ● colo do útero; ● útero; ● tubas uterinas; ● e/ou ovários. Pode pegar apenas uma porção desses órgãos, ou de forma completa. A infecção do colo do útero (cervicite) causa secreção mucopurulenta (famoso leite condensado saindo). A paciente pode começar com uma cervicite e a infecção pode se estender. As infecções das tubas uterinas (salpingite), do útero (endometrite) e dos ovários (ooforite) tendem a ocorrer ao mesmo tempo. Se for grave, a infecção pode se espalhar para os ovários (ooforite) e, em seguida, o peritônio (peritonite). Salpingite com endometrite e ooforite, com ou sem peritonite, é muitas vezes chamada de salpingite embora outras estruturas estejam envolvidas. Pus pode se acumular nas tubas (piossalpinge) e um abscesso pode se formar (abscesso tuba-ovariano). Etiologia da Doença Inflamatória Pélvica A doença inflamatória pélvica é consequência da ascensão de microrganismos provindos da vagina e do colo do útero rumo ao endométrio, às tubas uterinas e ao peritônio. Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis são causas comuns da doença inflamatória pélvica; transmitem-se sexualmente. Mycoplasma genitalium, que também é transmitida sexualmente, também pode causar ou contribuir para a doença inflamatória pélvica. A incidência da DIP sexualmente transmitida está diminuindo; <50% das pacientes com doença inflamatória pélvica aguda têm teste positivo para gonorreia ou infecção por clamídia. A doença inflamatória pélvica geralmente também envolve outras bactérias aeróbias e anaeróbias, incluindo patógenos associados à vaginose bacteriana. Microrganismos vaginais, como Haemophilus influenzae, Streptococcus agalactiae, e bacilos Gram-negativos entéricos podem estar envolvidos na doença inflamatória pélvica, assim como Ureaplasma sp. Inflamação vaginal e vaginose bacteriana ajudam na disseminação ascendente dos microrganismos vaginais. Fatores de Risco A doença inflamatória pélvica geralmente ocorre em mulheres com menos de 35 anos de idade. É rara antes da menarca, após a menopausa e durante a gestação. Os fatores de risco incluem: ● Doença inflamatória pélvica prévia (DIP). ● A presença de vaginose bacteriana ou de qualquer infecção sexualmente transmissível. ● Outros fatores de risco, principalmente para DIP causada por gonorreia ou clamídia, incluem: ● Idade mais jovem. ● Etnia não branca. ● Baixo nível socioeconômico. ● Múltiplos ou novos parceiros sexuais ou um parceiro que não usa preservativo. ● Ducha vaginal. DIAGNÓSTICO DA DIP É fundamental que os médicos que prestam a assistência às pacientes com sintomas sugestivos desta patologia realizem o toque vaginal com a mobilização do colo. Os critérios diagnósticos são alocados no quadro 1. A definição diagnóstica é estabelecida na presença de três critérios maiores e um menor ou apenas um dos critérios elaborados. Para chegar no diagnóstico de DIP é preciso de 3 critérios maiores e 1 menor, ou apenas 1 dos critérios elaborados, ou seja, se a paciente apresenta um dos critérios elaborados é mais do que confirmado o diagnóstico de DIP. Além de todos os sintomas da paciente, é extremamente necessário fazer o toque vaginal. Suspeitando-se de doença inflamatória pélvica, deve realizar-se PCR de amostras cervicais para N. gonorrhoeae e C. trachomatis (que é cerca 99% de sensibilidade e especificidade) e nunca esquecer do teste de gestação. Se a PCR não estiver disponível, empregam-se culturas. Mas infecção do trato superior é possível mesmo se amostras cervicais forem negativas. Pode-se também examinar o corrimento cervical utilizando-se coloração de Gram ou exame direto a fresco com soro fisiológico para confirmar a presença de pus; entretanto, esses testes não são sensíveis nem específicos. Se não for possível examinar a paciente devido à dor à palpação, faz-se uma ultrassonografia logo que possível. A contagem de leucócitos do sangue pode estar elevada, mas não auxilia no diagnóstico. Se os achados clínicos sugerem doença inflamatória pélvica, mas o teste de gestação é positivo, testar para gestação ectópica. Porque clinicamente a paciente com uma gestação ectópica pode ter os mesmos sintomas de uma DIP, porém ela estando gestante ou o Beta dando positivo, pode ser uma ser uma gestação ectópica, a qual entra como diagnóstico diferencial. Tratar empiricamente (é antes de ter uma confirmação precisa) a doença inflamatória pélvica sempre que o diagnóstico é questionado porque os testes (particularmente testes à beira do leito) não são conclusivos, o diagnóstico baseado em critérios clínicos pode ser impreciso, e não tratar a doença inflamatória pélvica com sintomas mínimos pode resultar em complicações graves. “Às vezes você tem uma paciente que não tá sugestiva a DIP, mas se você não faz o tratamento para DIP porque não tem certeza e manda ela embora, quando ela voltar ao hospital com sintomas mais claros que é uma DIP ela vai estar muito pior, ou seja, por isso é necessário para o tratamento empírico. TRATAMENTO O esquema de antibioticoterapia recomendado é ceftriaxona 500 mg intramuscular em dose única associada à doxiciclina 100 mg por via oral a cada 12 horas por 14 dias e, ainda, metronidazol 500 mg por via oral a cada 12 horas por 14 dias. A(s) parceria(s) sexual(is) deve(m) ser igualmente tratada(s). O tratamento é feito por durante 14 dias para a potencialização do fármaco, e também porque algumas bactérias são muito resistentes e precisam de um tempo maior tomando o antibiótico e também pensando na meia vida do medicamento. Entretanto, existem as situações em que a internação hospitalar é recomendada, essas situações são: A falha de intolerância aos antibióticos é avaliada se a paciente tem ânsias e êmese, porque se tiver o medicamento oral não vai “parar” no organismo da paciente. “Quando você estiver em dúvida se vai deixar ou não a paciente internada, deixe internada, porque é melhor pecar pelo excesso do que pela falta.” A eficácia clínica dos tratamentos oral e parenteral para doença inflamatória pélvica leve e moderadamente grave parece similar. A experiência clínica deve orientar a transição para o tratamento oral, que pode geralmente ser iniciado por 24 a 48 horas depois das pacientes apresentaremmelhora clínica. A terapia oral pode ser considerada para doença inflamatória pélvica leve a moderadamente grave porque o desfecho clínico para ambas é similar. Se as pacientes não responderem ao tratamento oral após 72 horas, elas devem ser reavaliadas para confirmar o diagnóstico e a terapia parenteral deve ser iniciada, de forma ambulatorial ou com hospitalização. Fluoroquinolona (p. ex., levofloxacino, 500mg por via oral uma vez ao dia, ofloxacino 400mg por via oral duas vezes ao dia ou moxifloxacino, 400mg por via oral uma vez ao dia, por 14 dias) mais 500 mg de metronidazol por via oral duas vezes por dia, por 14 dias. Pode-se considerar esse esquema se a cefalosporina parenteral não forviável, se a prevalência na comunidade e o risco individual de gonorreia forem baixos e se o acompanhamento é provável. O teste para gonorreia deve ser realizado antes de iniciar o tratamento; se positivo, as seguintes recomendações devem ser seguidas: ● Cultura positiva para gonorreia: tratamento baseado nos resultados da suscetibilidade antimicrobiana. ● Identificação de Neisseria gonorrhoeae resistente à quinolona ou suscetibilidade antimicrobiana que não pode ser avaliada: consulta com um especialista em doenças infecciosas. Sempre avaliar o achados da paciente, provavelmente esse quadro vai cair na prova. Achados Diagnóstico possível Síncope ou choque hemorrágico. Gestação ectópica rota; Possivelmente um cisto ovariano rompido. Secreção vaginal, febre, sensibilidade ao movimento cervical, às vezes sensibilidade uterina ou anexial. Doença inflamatória pélvica. Início súbito de dor intensa, às vezes localizada em um dos lados ou com náuseas. Torção anexial; Ruptura de cisto ovariano; Gestação ectópica; Cólica renal. Dor epigástrica ou periumbilical seguida de náuseas e anorexia breves, então de febre e dor no quadrante inferior direito (às vezes com sensibilidade ao movimento cervical). Apendicite. Constipação intestinal, diarreia e alívio ou agravamento da dor durante as evacuações, sangramento retal. Doença inflamatória intestinal; Síndrome do intestino irritável; Outras doenças gastrointestinais. Dor e incômodo à palpação no quadrante inferior esquerdo em pacientes > 40 anos, às vezes com febre. Diverticulite. Sensibilidade na parede vaginal anterior com disúria, ou frequência ou urgência urinária. Distúrbio do trato urinário inferior (p. ex., cistite intersticial), que causa dor vesical ou uretral. Útero ou anexos imóveis, fixos. Endometriose; Câncer. Massa anexial, algumas vezes com dor à palpação. Cisto ou tumor ovariano; Gestação ectópica; Abscesso tubo-ovariana; Torção anexial. Evacuação aguda e dolorosa mais massa flutuante, localizada, dolorosa, percebida durante o exame externo ou interno do reto, com ou sem febre. Abscesso anorretal. Nem todos quadros de DIP eu tenho a presença de secreção vaginal. SINAIS DE ALERTA Os achados a seguir são particularmente preocupantes: ● Síncope ou choque hemorrágico (p. ex., taquicardia, hipotensão) ● Sinais peritoneais (dor à descompressão brusca, rigidez, defesa) ● Sangramento vaginal pós-menopausa; ● Febre ou calafrios; ● Dor intensa súbita com náuseas, vômitos ou sudorese; INTERPRETAÇÃO DOS ACHADOS A acuidade e intensidade da dor pélvica e sua relação com o ciclo menstrual podem sugerir as causas mais prováveis. A localização da dor, suas características e achados associados também fornecem pistas para o diagnóstico. Mas os resultados podem ser inespecíficos. Por exemplo, a endometriose pode resultar em uma ampla variedade de resultados. COMPLICAÇÕES A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite que causa dor no hipocôndrio direito) pode resultar de salpingites agudas por gonococo ou clamídia. A infecção pode se tornar crônica, caracterizada por exacerbações e remissões intermitentes. O abscesso tubo-ovariano (coleção de pus nos anexos) se desenvolve em cerca de 15% das mulheres com salpingite. Pode surgir acompanhando uma infecção aguda ou crônica e há maior probabilidade de sua ocorrência se o quadro for tratado tardiamente ou de maneira incompleta. Em geral, há dor, febre e sinais peritoneais, que podem ser graves. Uma massa anexial pode ser palpável, embora sensibilidade extrema possa limitar o exame. O abscesso pode se romper, causando sintomas cada vez mais graves e possivelmente choque séptico. A hidrossalpinge é a obstrução das fímbrias e distensão tubária com líquido não purulento; é geralmente assintomática, mas pode causar pressão pélvica, dor pélvica crônica, dispareunia e/ou infertilidade. A salpingite pode causar cicatrizes e adesões tubárias, que geralmente resultam em dor pélvica crônica, menstruação irregular, infertilidade e risco aumentado de gestação ectópica. A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis pode mascarar a colecistite aguda, mas geralmente pode ser diferenciada por achados associados de salpingite durante o exame pélvico e, se necessário, ultrassonografia. Os parceiros sexuais das pacientes com infecção por N. gonorrhoeae ou C. trachomatis devem ser tratados. Se as pacientes não melhoram após o tratamento que abrange os patógenos habituais, doença inflamatória pélvica por causa de M. genitalium deve ser considerada. As pacientes podem ser tratadas empiricamente com moxifloxacina, 400 mg por via oral uma vez ao dia, por 7 a 14 dias (p. ex., durante 10 dias). Mulheres com doença inflamatória pélvica geralmente são internadas se qualquer um dos seguintes está presente: ● Diagnóstico incerto, com incapacidade de excluir uma doença que requer tratamento cirúrgico (p. ex., apendicite); ● Gestação; ● Sintomas graves ou febre alta; ● Abscesso tubo-ovariano; ● Incapacidade de tolerar ou seguir a terapia ambulatorial (p. ex., devido a vômitos) ● Falta de resposta ao tratamento ambulatorial (oral) Nesses casos, começa-se a administrar antibióticos IV tão logo sejam obtidas as culturas, sendo mantidos até as pacientes estarem afebril por 24 horas. EXAMES Todas as pacientes com dor pélvica devem realizar: ● Teste de gestação; ● Exame de urina ● Se a paciente é gestante, presume-se gravidez ectópica até que seja excluída por ultrassonografia ou, se é duvidosa, por outros exames. Se a gestação suspeita tiver < 5 semanas, deve-se fazer um exame sérico de gestação, pois o exame de urina para detectar gestação pode não ser suficientemente sensível para excluir uma gestação em um período tão precoce. ● Se sintomas urinários estão presentes, a urinálise é um teste rápido e simples feito para descartar muitas causas comuns da dor pélvica (p. ex., cistite, cálculos urinários). ● Outros exames dependem de quais doenças são suspeitas clinicamente. Se a paciente não tiver sido examinada de maneira adequada (p. ex., por causa de dor) ou, se houver suspeita de uma massa, realiza-se ultrassonografia pélvica. Se a causa da dor intensa ou persistente permanece não identificada e há suspeita de uma causa grave (p. ex., gestação ectópica rompida, peritonite), pode-se fazer uma laparoscopia ou laparotomia. ● Ultrassonografia pélvica transvaginal pode ser um adjuvante útil ao exame pélvico; pode definir melhor uma massa ou auxiliar no diagnóstico de uma gravidez após 5 semanas de gravidez (isto é, 1 semana depois de um período menstrual ausente). ● Por exemplo, um teste de gravidez positivo e nenhuma evidência de gravidez intrauterina corroboram o diagnóstico da gravidez ectópica. Dica de prova Uma complicação que a professora deseja que responda é se perguntar alguma complicação de Salpingite é o “Abscesso tubo-ovariano”. Porém nem todas as salpingites podem vir a apresentar essa complicação, só que é bem frequente. CASO CLÍNICO QP: Dor e falta de ar HMA: C.S.P., 29 anos, casada, faioderma, comparece ao serviço de Urgência e Emergência queixando-se de dor pélvica de forte intensidade e dor contínua no hemitórax direito. Concomitante ao quadro refere dispneia sem esforço. A paciente relata que os sintomas são de caráter cíclico com gravidade aumentada durante o período menstrual e que os mesmos se iniciaram a cerca de três anos, porém aumentaram de intensidade nos últimos dois meses. HP: Hipertensa, em uso de losartana 50 mg 1x ao dia. Nega outras comorbidades e nega alergia medicamentosa. HF: Mãe hipertensa e diabética. Demais familiares de primeiro grau, hígidos. HBPS: Tabagista (5,5 maços/ano) e faz uso de bebidas alcoólicas socialmente. HGO: Menarca aos 14 anos. Sexarca aos 16 anos. Ciclos menstruais regulares, 27/27 dias. G0P0A0, relata dificuldades para engravidar. Não faz uso de método contraceptivo no momento. Exame Físico: Sinais vitais: PA: 135×70 mmHg FC: 104bpm FR: 14irpm Tax.: 36,3°C Ectoscopia: BEG, BOTE, fácies de dor, fácies álgica, mucosas normocoradas e esclerasanictéricas. Pelos e fâneros bem implantados e panículo adiposo bem distribuído. SCV: Ictus não visível e não palpável. À ausculta, BNRNF-2T, ausência de sopros. SR: Tórax assimétrico, com leve expansão do hemitórax direito. Murmúrio vesicular e frêmito–toracovocal diminuídos. Som com timpanismo predominante à percussão. Expansibilidade diminuída com predominância em hemitórax direito. HD: Pneumotórax (?). Endometriose (?). Propedêutica: hemograma completo, radiografia simples, TC e RM de tórax. Ultrassonografia transvaginal. Imagens: 1. Radiografia e TC de tórax evidenciaram hidropneumotórax à direita. 2. RM, T1 e T2, com e sem supressão de gordura, evidenciaram lesões nodulares hiperintensas na pleura com difusão restrita, sugestiva de endometrioma. 3. US transvaginal revelou massa cística, multiloculada, nos anexos à direita, que sugeria endometrioma e hematossalpinge ipsilateral. CD: diante da suspeita, com base na história clínica e nos achados de imagens, prosseguiu-se com o protocolo de tratamento do Hospital para Endometriose.