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DISFUNÇÕES DERMATOLÓGICAS APLICADAS À ESTÉTICA CORPORAL Aline Andressa Matiello Fisiopatologia corporal: afecções vasculares Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as afecções vasculares de membros inferiores. Diferenciar edema venoso de edema linfático. Relacionar medidas profiláticas e cuidados estéticos nas afecções vasculares. Introdução As afecções vasculares cursam, em geral, com um sintoma muito comum: o edema. O edema é caracterizado como um acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial, gerando aumento no volume dos tecidos na região. De acordo com o mecanismo causal, o edema pode ser classificado como edema venoso, linfático ou venolinfático (quando apresenta características dos dois edemas). O profissional de estética pode atuar nessas afecções vasculares por meio de medidas profiláticas e estéticas de modo a prevenir ou tratar os sinais e sintomas mais prevalentes. Neste capítulo, você conhecerá a fisiopatologia das principais afecções de origem vascular que acometem os pacientes, as características dos edemas formados nessas situações e as medidas profiláticas e estéticas disponíveis para o manejo de sinais e sintomas. Afecções vasculares de membros inferiores Em nosso corpo, existem três tipos de circulação que atuam de maneira simul- tânea para a manutenção das funções vitais: a circulação arterial, que leva o sangue do coração ao resto do corpo; a circulação venosa, que é responsável por drenar o sangue do corpo em direção ao coração; e a circulação linfática, que tem como função absorver detritos e líquidos que as células produzem durante o metabolismo e que o sistema venoso não é capaz de absorver (SO- CIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR DO RIO DE JANEIRO [SBACV-RJ], 2010). Qualquer alteração que acometa a função de um ou mais tipos de circulação pode levar ao desenvolvimento de disfunções vasculares, chamadas de afecções vasculares. Essas afecções podem acometer a circulação em qualquer região do organismo, tronco, cabeça, membros superiores ou membros inferiores. Quando ocorrem em membros inferiores, geram sinais e sintomas localizados nessas regiões e são denominadas afecções vasculares de membros inferiores (SBACV-RJ, 2010). Entre essas, as mais comuns são: insuficiência venosa crônica, trombose venosa profunda, doença arterial obstrutiva periférica, linfedema, linfangites e erisipela. Insuficiência venosa crônica Esse tipo de afecção é caracterizado por alterações na circulação venosa dos membros inferiores, que geram um funcionamento anormal das veias da região, gerando o aparecimento de um sinal muito comum, que são as varizes. O sistema venoso dos membros inferiores, responsável pela circulação venosa, é formado por veias superfi ciais, pelas veias perfurantes e pelas veias pro- fundas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E DE CIRURGIA VASCULAR REGIONAL DE SÃO PAULO [SBACV-SP], 2015). Em condições normais, essas veias são responsáveis por transportar o sangue dos membros inferiores em direção ao coração, em um sentindo as- cendente. Esse mecanismo é favorecido pela presença de válvulas no interior das veias, que possibilitam que o sangue direcionado para cima não retorne no sentido contrário. Essas válvulas são chamadas de bicúspides unidirecionais e proporcionam o fluxo sanguíneo venoso em um sentido cefálico, prevenindo o aparecimento de refluxo de sangue. Entretanto, na insuficiência venosa, essas válvulas encontram-se com sua função reduzida, de modo que parte do sangue retorna no sentido contrário, acontecendo um refluxo sanguíneo e deixando sangue armazenado dentro da veia, como mostra a Figura 1. Fisiopatologia corporal: afecções vasculares2 Figura 1. Insuficiência venosa crônica. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. VEIAS NORMAIS VEIA VARICOSA Fluxo sanguíneo normal Construção da pele Fluxo sanguíneo anormal Válvula deformada Veia dilatada Úlcera Inchaço no tornozelo Válvula Pele normal Esse mau funcionamento das válvulas é chamado de insuficiência valvular, que gera o fluxo de sangue no sentido contrário, ocasionando uma dilatação anormal das veias que, em longo prazo, sofrem deformidades, ficando com o aspecto de veias torcidas encontrado em varizes. O acúmulo de sangue e, consequentemente, de metabólitos culmina no aparecimento de alterações na pele da região, como escurecimento, ressecamento e descamação, causando um aumento da pressão venosa no local. Podem ainda haver sintomas como dor, queimação, edema e hiperpigmentação da pele, podendo causar a abertura de feridas nas pernas em virtude das condições da pele da região (SBACV-SP, 2015). Além desses sintomas, há presença de telangiectasias locais, edema e veias reticulares (retorcidas). O aparecimento de úlceras nesses casos acontece pela distensão da parede dos vasos que gera o extravasamento de substâncias como fibrinogênio para a derme e o tecido subcutâneo, o que resulta na formação de uma barreira para a entrada de nutrientes e oxigênio nos tecidos da região e, consequentemente, morte celular e ulceração da pele. As úlceras causadas por insuficiência venosa costumam aparecer na região entre o tornozelo e metade da perna (ALDU- NATE et al., 2010). As varizes podem apresentar inúmeros graus de gravidade, de acordo com a sua insuficiência e, consequentemente, com o seu grau de dilatação, podendo ser um grau bastante leve, chamado de telangiectasias, também conhecidas como varicoses, ou varizes maiores, que apresentam uma insuficiência venosa mais 3Fisiopatologia corporal: afecções vasculares acentuada. As telangiectasias apresentam-se como pequenas veias dilatadas e deformadas de coloração púrpura-azulada. De modo geral, as telangiectasias (varicoses) não causam complicações, dores ou desconfortos significativos. Elas estão mais relacionadas com questões estéticas, pelas alterações de pig- mentação da pele, do que com sintomas mais preocupantes (BRUNA, 2011). A Figura 2 mostra um exemplo de telangiectasias de membros inferiores. Figura 2. Telangiectasias de membros inferiores. Fonte: Carvalho (c2019, documento on-line). Trombose venosa profunda Essa afecção é causada pela formação de trombos (coágulos) no interior das veias profundas. Na maioria dos casos, esse trombo forma-se na panturrilha, mas pode também ocorrer nas coxas e, ocasionalmente, nos membros supe- riores, contudo, é muito mais prevalente em membros inferiores. O trombo formado pode desprender-se da região onde se originou, ser carregado pela circulação e promover complicações em outras regiões do corpo, como pulmão Fisiopatologia corporal: afecções vasculares4 e coração, por exemplo, confi gurando uma afecção de grande gravidade. A Figura 3 mostra a formação do trombo em uma veia de membro inferior. Inicialmente, acontece a agregação de plaquetas e, em seguida, a formação do trombo, que pode obstruir o fl uxo sanguíneo local e, em alguns casos, desprender-se dessa região e gerar lesões em outras regiões do organismo. Figura 3. Trombose venosa profunda. Fonte: metamorworks/Shutterstock.com. Quanto às causas dessa afecção, alguns fatores como predisposição ge- nética, idade avançada, colesterol elevado, cirurgias recentes, obesidade e uso de pílulas anticoncepcionais aumentam o risco de desenvolver trombose. Além disso, lesões nos vasos e desequilíbrio nos fatores de coagulação do sangue também são responsáveis pela formação de trombos. Situações que levem a estase venosa, como a insuficiência venosa crônica, também aumen- tam as chances do desenvolvimento de trombose. Presença de edema, dor, calor aumentado, rubor, rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo, pele escurecida, eczema, endurecimento de tecido subcutâneo e formação de úlceras são sinais de alerta para o desenvolvimento dessa afecção (BRUNA, 2019). 5Fisiopatologia corporal: afecções vasculares Doença arterialobstrutiva periférica Essa afecção acomete a circulação arterial do organismo. Ela é causada por um estreitamento ou bloqueio das artérias em várias regiões importantes do corpo, comumente, em membros inferiores. De modo geral, acontece um acúmulo anormal de material gorduroso dentro da artéria, formando placas de gordura que geram o seu estreitamento, podendo ocasionar um endurecimento, limitando a passagem de sangue do coração em direção aos tecidos. A Figura 4 apresenta esse processo patológico. Figura 4. Doença arterial obstrutiva periférica. Fonte: Adaptada de GraphicsRF/Shutterstock.com. A doença arterial obstrutiva periférica de membros inferiores acomete com maior frequência a artéria ilíaca, a femoral superficial e as artérias in- frapoplíteas, que ficam abaixo do joelho. Quando acontece o estreitamento ou a obstrução dessas artérias, artérias menores atuam mais ativamente de modo a compensar a falta de fornecimento de sangue aos tecidos. Em repouso, as artérias menores conseguem garantir essa função, entretanto, quando o indivíduo não estiver em repouso e necessitar de mais suprimento sanguíneo em membros inferiores, essas artérias menores não serão capazes de manter o suprimento e, consequentemente, surgirão os sintomas. Os sinais e sintomas mais comuns são dores e desconforto frequentes ao caminhar ou executar tarefas do dia a dia. Além disso, as pessoas ficam limi- tadas para a realização de exercícios físicos, como caminhadas, piorando os sintomas quando desempenham essas atividades. Os pacientes também podem relatar sensação de queimação ou dormência nos pés, feridas ou rachaduras na Fisiopatologia corporal: afecções vasculares6 pele das pernas e dos pés, perda de pelos nos pés ou dedos dos pés, mudanças na cor da pele (avermelhada, azulada ou esbranquiçada) e diminuição da temperatura da pele (MEDTRONIC, c2019). A doença arterial obstrutiva periférica de membros inferiores também recebe o nome de aterosclerose ou, ainda, endurecimento das artérias (MEDTRONIC, c2019). Os principais fatores de risco para essa afecção vascular são: idade acima de 50 anos, tabagismo, presença de diabetes melito, histórico familiar dessa doença, hipertensão arterial sistêmica, altos níveis de colesterol ou trigli- cerídeos no sangue, sedentarismo, obesidade ou sobrepeso e estresse (ME- DTRONIC, c2019). Linfedema Trata-se de uma afecção vascular crônica que acomete o sistema linfático. O sistema linfático, por meio de suas estruturas, é responsável pela coleta do excesso de líquidos, proteínas e metabólitos que sobram em nosso corpo, seguido pelo seu redirecionamento para a circulação, além de ser responsável pela defesa do organismo contra infecções. Algumas situações podem com- prometer a função desse sistema e gerar comprometimento de suas funções, reduzindo sua efetividade e causando alterações na homeostase dos tecidos. Um exemplo de afecção que gera comprometimento do sistema linfático é o linfedema (CATALDO, c2016). Nesse caso, ocorre a formação de uma coleção anormal de líquido em alguma região do corpo em virtude de lesão ou danos no sistema linfático de ordem anatômica. Esse acúmulo de líquido gera tumefação dos tecidos moles, deixando-os repletos de líquido rico em proteínas, o que leva a alterações funcionais e estéticas que modificam de maneira negativa a qualidade de vida dos pacientes. No decorrer do desenvolvimento da afecção, ocorre um aumento progressivo do volume do membro inferior com linfedema por esse acúmulo de líquido e proteínas (BORGES, 2010). O acometimento do sistema linfático por essa afecção leva, além da for- mação de edema, a uma disfunção com alterações histológicas teciduais, com 7Fisiopatologia corporal: afecções vasculares transformação para fibrose tecidual com o passar do tempo, aumento das células de gordura e diminuição da imunidade do local afetado, predispondo ao aparecimento de outras afecções infecciosas, como as linfangites ou erisipelas. Esse acúmulo de líquidos nos tecidos gera uma deformidade visível (Figura 5). Figura 5. Membro inferior acometido pelo linfedema. Fonte: Singh (2018, documento on-line). Entre os fatores de risco para o desenvolvimento de linfedema estão idade avançada, complicações cicatriciais, obesidade e infecções. Além disso, o linfedema é bastante prevalente em pacientes que realizam linfadenectomia (cirurgia que faz a retirada de linfonodos linfáticos) da região axilar, predis- pondo ao aparecimento de linfedema de membros superiores, bem como a retirada de linfonodos linfáticos da região inguinal, levando ao surgimento da afecção em membros inferiores. Além dos procedimentos cirúrgicos, outras situações podem lesar anatomicamente o sistema linfático, como os tratamentos de radioterapia que, nesse caso, podem gerar fibrose de estruturas do sistema linfático, tornando seu funcionamento inadequado. Fisiopatologia corporal: afecções vasculares8 Os principais sintomas referidos pelos pacientes com linfedema são: sen- sação de peso no local acometido, alterações na textura da pele, presença de pele avermelhada, enrijecimento, dor, formigamento, redução dos movimentos do membro acometido, além de relatos sobre roupas e calçados apertados (INSTITUTO ONCOGUIA, 2015). A caracterização do linfedema dá-se quando há diferença na perimetria entre os membros, uma vez que essa afecção, geralmente, tem acometimento unilateral, ou seja, assimétrico. Quando a diferença de perimetria é menor que 3 cm, diz-se que o linfedema é leve; se estiver entre 3 e 5 cm, o linfedema é considerado moderado; e, para casos em que a perimetria apresentar diferença de mais de 5 cm entre o membro acometido e o contra lateral, o linfedema é considerado severo (CATALDO, c2016). Edema e linfedema não são sinônimos. Em condições normais de funcionamento do sistema linfático, pode haver uma produção exagerada de líquidos e metabólitos que ficam acumulados nos tecidos, caracterizando, nesse caso, um edema simples naquela determinada região. O linfedema caracteriza-se por ser um edema de origem linfática persistente, onde há uma lesão anatômica de alguma estrutura desse sistema. Portanto, nem todo edema é um linfedema (CATALDO, c2016). Linfangites As linfangites são processos infl amatórios que acometem os vasos do sis- tema linfático. Esse processo infl amatório pode ser causado pela presença de microrganismos como fungos, vírus ou bactérias. Em geral, a pele apresenta estrias avermelhadas que surgem ao longo dos vasos linfáticos, pele quente, dor local, febre e edema (SBACV-RJ, 2010). Erisipela Trata-se de uma infecção da pele causada por bactérias que agridem os vasos linfáticos. A erisipela causa sintomas como: pele avermelhada, edema, sensação de edema nas pernas, calafrios, febre, mal-estar, além de bolhas e rachaduras 9Fisiopatologia corporal: afecções vasculares que segregam líquido linfático. Em geral, a bactéria causadora da doença entra nos tecidos através de pequenas lesões na pele (SBACV-RJ, 2010). Por se tratar de processos infecciosos, tanto as linfangites como os qua- dros de erisipela devem ser avaliados pelo médico, e o paciente não deve ser submetido a nenhum tratamento estético. O conhecimento dessas disfunções é essencial ao profissional de estética, uma vez que, na prática diária, deverá realizar o encaminhamento desse paciente ao médico assim que perceber quaisquer sinais e sintomas que possam indicar a presença dessas afecções. Edema venoso e edema linfático As afecções vasculares que acometem membros inferiores caracterizam-se pela formação de edema e, de modo geral, esse é o principal sinal encontrado na presença dessas afecções. O edema é defi nido como um acúmulo de líquido no espaço intersticial dos tecidos. Os vasos sanguíneos, sejam eles venosos ou arteriais, não são impermeáveis, ou seja, eles apresentam poros em sua estrutura que permitem a saída e entrada de células, bactérias, proteínas e água durante o funcionamentodo organismo. O edema acontece quando há uma saída excessiva de líquidos dos vasos para os tecidos, ou um retorno diminuído do líquido dos tecidos de volta aos vasos. Quando ocorre um edema em alguma região corporal, acontece um acúmulo de líquido nos tecidos daquela região, onde os líquidos que deveriam estar dentro dos vasos sanguíneos extravasam e se acumulam na pele (PINHEIRO, 2019). Para que essa situação aconteça, é necessária a quebra de algum dos mecanismos que controlam a distribuição e o volume de líquido corporal nos tecidos, gerando uma desregulação no sistema. Essa desregulação pode oca- sionar um edema localizado, que acomete, por exemplo, apenas um segmento corporal, como um membro inferior, ou pode gerar um edema generalizado, quando todo o corpo é acometido pela disfunção. O edema generalizado é causado por alterações secundárias, enquanto o edema localizado é causado por alguma desregulação no leito de vasos da região acometida pelo edema (COELHO, 2004). O entendimento do mecanismo que forma o edema, mesmo que seja complexo, é essencial ao profissional de estética, uma vez que ele está apto a utilizar recursos para auxiliar a prevenção dessa condição, bem como o seu tratamento. Vale ressaltar que o equilíbrio na concentração de líquidos no corpo é determinado pela associação do bom funcionamento da circulação venosa, arterial e linfática. Em condições fisiológicas, os vasos sanguíneos desses três Fisiopatologia corporal: afecções vasculares10 sistemas, chamados de veias, artérias e vasos linfáticos, conseguem manter o equilíbrio fornecendo nutrientes às células e retirando dos tecidos o excesso de líquido sem interrupções e, dessa maneira, impedindo a formação do edema. Esses três sistemas atuam conjuntamente através de pequenos vasos venosos, chamados de vênulas, de pequenos vasos arteriais, chamados de arteríolas, e de pequenos vasos linfáticos, chamados de capilares linfáticos. Em condições de equilíbrio no organismo, um sistema compensa a inefe- tividade do outro de maneira provisória, ou seja, quando o sistema venoso, por exemplo, não realiza adequadamente sua função, o sistema linfático intensifica suas atividades de modo a manter um equilíbrio e evitar a forma- ção de líquidos nos espaços intersticiais. Entretanto, em algumas situações, esse equilíbrio não pode ser mantido por muito tempo, como na presença de alguma afecção vascular, o que leva ao surgimento do edema. Existem quatro principais situações que alteram o funcionamento desses sistemas e favorecem o extravasamento de líquido dos vasos para os tecidos, podendo apresentar-se de maneira isolada ou associada na formação do edema (HIGGINSON, 2016). 1. Aumento da permeabilidade vascular: em algumas situações, a permea- bilidade das membranas desses vasos sofre um aumento, de modo que os poros existentes ficam maiores e predispostos ao escape de líquidos para o meio externo do vaso. Na presença de processo inflamatório, por exemplo, alérgico, ou ainda, por traumas, os vasos da região ficam mais permeáveis para facilitar a chegada de células de defesa. Contudo, com o alargamento desses poros, há maior extravasamento de líquidos para os tecidos ao redor. Além dessas situações, o uso de algumas medicações também aumenta a permeabilidade das membranas e, consequentemente, predispõe ao aparecimento de edema de membros inferiores. Os inibidores dos canais de cálcio, utilizados por pacientes hipertensos, como a nifedi- pina e a amlodipina, são exemplos de medicamentos que aumentam a permeabilidade dos vasos e predispõem ao surgimento do edema (PINHEIRO, 2019). 11Fisiopatologia corporal: afecções vasculares 2. Aumento da pressão hidrostática dentro dos vasos: a pressão hidrostática refere-se à pressão exercida pelos líquidos dentro dos vasos venosos. Quando há um aumento da pressão dentro dos vasos, a tendência é que os líquidos presentes em seu interior sejam empurrados em direção aos poros, facilitando o seu extravasamento para os tecidos. O aumento da pressão venosa costuma acontecer por dois motivos: excesso de líquido dentro dos vasos ou, ainda, quando há uma dificuldade no escoamento do sangue de volta ao coração, ou seja, limitações no retorno venoso, como na presença de insuficiência venosa crônica. O excesso de água pode ocorrer, por exemplo, em pacientes com alimentação rica em sódio, em que essa condição leva a um aumento da retenção de líquidos no corpo, elevando tanto a pressão arterial como a venosa, favorecendo a formação de edema. A dificuldade de retorno venoso acontece em pacientes com varizes, por exemplo. Nesse caso, as varizes apresentam dificuldade para drenar o sangue das pernas de volta ao coração, fazendo com que parte do sangue fique acumulada nos membros inferiores. O sangue acumulado nas veias aumenta a pressão dentro delas e facilita o extravasamento de líquidos para o tecido subcutâneo. Outra afecção vascular que pode gerar aumento da pressão hidrostática nos vasos é a obstrução do retorno venoso por trombose venosa profunda (PI- NHEIRO, 2019). 3. Redução da pressão oncótica: outro mecanismo associado à formação do edema é a redução da viscosidade sanguínea, chamada de pressão oncótica. Essa pressão está relacionada com a concentração de proteínas no sangue, uma vez que, quando o sangue tem uma concentração de proteínas menor que os tecidos, ou seja, quando a pressão oncótica encontra-se reduzida, a tendência é que os líquidos extravasem do sangue para os tecidos. Doenças que reduzem a quantidade de proteínas sanguíneas, como cirrose, desnutrição ou síndrome nefrótica, tendem a formar edema. Nesses casos, o edema costuma ser generalizado, mas, em alguns pacientes, acomete mais os membros inferiores. 4. Alterações no sistema linfático: o sistema linfático é responsável por drenar os líquidos que encontram-se no espaço intersticial através dos capilares venosos, enviando-os através de outras estruturas do sistema linfático para o sistema sanguíneo novamente, evitando o acúmulo de líquidos. Fisiopatologia corporal: afecções vasculares12 Quando ocorrem compressões ou retirada de estruturas do sistema linfá- tico, como linfadenectomia, radioterapia, traumas e obstruções causadas por tumores, o sistema fica prejudicado e pode acontecer um acúmulo de líquido. O edema pode ser classificado em venoso, linfático ou venolinfático, de acordo com o mecanismo que o desencadeou. Edema venoso O principal mecanismo que leva à formação do edema venoso é o aumento da pressão hidrostática. Esse edema, quando de origem venosa, pode estar presente tanto em pacientes com insufi ciência venosa dos membros inferiores como em situações de insufi ciência cardíaca. Nesses casos, o edema tem início e se agrava quando o paciente fi ca muito tempo em pé e tende a desaparecer quase por completo após algumas horas deitado. Por isso, é comum que o paciente relate que acorda sem edema, mas que os membros inferiores fi cam inchados ao fi nal do dia (PINHEIRO, 2019). Esse aumento perceptível no volume do membro em caso de edema venoso, em geral, acontece na região maleolar, podendo atingir a perna e o pé. Na maioria das vezes, esse aumento é bilateral, ou seja, acomete os dois membros inferiores de maneira semelhante (CASTRO E SILVA et al., 2005). Um dos si- nais típicos encontrados no edema venoso é o sinal de cacifo, também chamado de sinal de Godet. É caracterizado pela presença de um pequeno afundamento quando a pele é pressionada com o dedo, representando um sinal de que há excesso de líquido no tecido subcutâneo (Figura 6) (PINHEIRO, 2019). 13Fisiopatologia corporal: afecções vasculares Figura 6. Sinal de cacifo no edema venoso. Fonte: Toa55/Shutterstock.com. Além da avaliação da presença de sinal de cacifo no edema venoso, é necessário graduar o edema de acordo com a sua gravidade. Nesse caso, o profissional utiliza o dedo indicador para fazer uma pressão sobre a área edemaciada, pressionando-a poralguns segundos. Em seguida, retira-se o dedo e observa-se o grau de depressão que permaneceu na pele, graduando de 1 a 4, sendo 1 a visualização e uma ligeira depressão na pele e 4 uma depressão máxima na pele (SANTOS; MENOITA; SANTOS, 2014). Edema linfático O edema de origem linfática ocorre em virtude de alguma alteração anatômica que comprometa a função do sistema linfático. Esse edema pode ser conhe- cido como edema por insufi ciência linfostática, uma vez que acontece pela defi ciência de vasos linfáticos ou linfonodos em alguma área do corpo. Nessas condições, há uma redução importante na quantidade de linfa transportada e absorvida pelos linfonodos desse sistema, fazendo com que a linfa permaneça mais tempo nos vasos linfáticos, causando uma estase linfática. O edema linfático é classificado em primário ou secundário de acordo com o mecanismo causal. O edema primário acontece por uma falha no desenvol- vimento dos vasos linfáticos ou dos linfonodos. Nesses casos, pode ter causa Fisiopatologia corporal: afecções vasculares14 hereditária, estar associado à presença de alguma síndrome ou acontecer de forma esporádica, o que representa 95% dos edemas primários. As caracte- rísticas desse tipo de edema linfático são: aplasia de alguns vasos coletores (ausência); diminuição do número de vasos coletores de linfa ou linfonodos, nesse caso, chamada de hipoplasia; aumento do número de coletores, chamado de hiperplasia, mas sem gerar um funcionamento adequado. Pode ser causado também por lesões temporárias nos vasos linfáticos, como a compressão deles por roupas muito apertadas ou picadas de insetos em alguns lugares do corpo (VASCONCELOS, 2015). O edema de origem linfática primária acomete mais mulheres e, mesmo não sendo comum o seu aparecimento na infância, ele é congênito, desen- cadeando sintomas durante a puberdade e a gravidez na maioria dos casos (VASCONCELOS, 2015). O edema linfático secundário é causado por alguma situação externa, como a remoção de linfonodos ou vasos linfáticos durante cirurgias, radioterapia ou traumas grandes. Quanto à sintomatologia do edema linfático, de modo geral, quando ele é secundário, o acometimento é unilateral, podendo se agravar quando o tempo está quente, antes da menstruação ou depois que o membro permanece por muito tempo em uma posição sujeita à gravidade. Diferentemente do edema venoso, que acomete mais a extremidade do membro, o edema linfático pode ocorrer em uma região proximal, distal ou em todo o membro. Edema venolinfático O edema venolinfático possui acometimento tanto do sistema de circulação venosa como do sistema de circulação linfática, apresentando características associadas dos dois edemas. Esse tipo de edema acontece porque as três cir- culações (venosa, arterial e linfática) estão intimamente ligadas. No momento em que há alguma redução na função de uma delas, as demais circulações buscam compensar essa defi ciência para manter o equilíbrio. Entretanto, quando a causa persiste, esse mecanismo de compensação falha, e surge um edema com características de incompetência dos dois sistemas. Por exemplo, quando ocorre uma elevação no volume de líquido dentro do vaso venoso, forma-se outro com maior volume de líquido no espaço intersticial. Nesse caso, o sistema linfático se adapta, de modo a drenar uma quantidade maior de líquidos de volta para a grande circulação. Contudo, depois de algum tempo, os vasos linfáticos não são suficientes para drenar de modo adequado esse excesso de líquido, de maneira que o edema se instala. Por isso, o edema venoso está diretamente relacionado com o sistema linfático (LEDUC; LEDUC, 15Fisiopatologia corporal: afecções vasculares 2007). Além dessa situação de sobrecarga que o edema venoso causa sobre o sistema linfático, a presença de edema de origem venosa aumenta a retenção de líquidos por um mecanismo de distensão e compressão do sistema linfático. Os vasos linfáticos possuem fibras de sustentação aderidas a tecidos adjacentes e, com a distensão dos tecidos pela presença de edema venoso, essas fibras também são distendidas, o que gera uma compressão e o mau funcionamento do sistema linfático, reduzindo sua efetividade (NEVES, 2013). Nesses casos, o edema venoso se instala no organismo e, assim que o sistema linfático também falha, ocorre a formação do edema venolinfático (NOBA PHYSIO, 2019). Nesse tipo de edema, há prevalência inicial de sintomas de edema venoso, como acúmulo de líquido em região distal dos membros infe- riores. Entretanto, à medida que a afecção evolui, o edema apresenta caracte- rísticas linfáticas também, podendo acometer todo o membro. Assim, o edema venolinfático é também chamado de edema misto (AZOUBEL et al., 2010). Conhecer as diferentes afecções vasculares que acometem os membros inferiores e os tipos de edema que cada uma delas pode ocasionar é essencial ao profissional de estética, uma vez que é a partir dessas informações que serão estabelecidos as orientações e o plano de tratamento do paciente. Medidas profiláticas e cuidados estéticos nas afecções vasculares Antes de estabelecer as medidas profi láticas e os cuidados estéticos nas al- terações vasculares, é necessário que o profi ssional de estética realize uma avaliação do edema. No edema venoso, uma das formas de avaliar sua gravi- dade é por meio do sinal de cacifo. Entretanto, em todos os tipos de edema, venoso, linfático e venolinfático, há necessidade de avaliação do paciente a fi m de verifi car a presença de edema, o tipo de edema, a gravidade dos sinais e sintomas, de modo a escolher com cautela a melhor modalidade de tratamento e as orientações específi cas para cada caso. Além da realização da anamnese do paciente por meio de uma entrevista, o profissional deve fazer um exame físico da região acometida, visualizando e palpando o edema, além de identificar alterações cutâneas ou outros sinais. Após a avaliação inicial, o profissional pode realizar a perimetria do membro, que é a medida da circunferência dos membros acometidos pelo edema de modo a graduá-lo, além de acompanhar sua evolução ao longo do tratamento. Para isso, utiliza-se uma fita métrica, mantendo o paciente na posição em pé, com os pés levemente afastados, enquanto o avaliador realiza a mensuração. Fisiopatologia corporal: afecções vasculares16 Antes da mensuração, é necessário que o profissional realize a marcação dos pontos que serão avaliados com lápis dermatográfico. Os pontos são definidos pelo profissional e precisam ser sempre os mesmos em reavaliações. Pode-se utilizar medidas, por exemplo, de região maleolar, 5 cm acima, 10 cm acima e 15 cm acima. Após a avaliação, anota-se os pontos de avaliação e a circunferência em uma tabela elaborada pelo profissional. Quanto às medidas profiláticas para surgimento ou piora dos sintomas de edema de membros inferiores causados por afecções vasculares, existem inúmeros meios para prevenir e até mesmo controlar o edema. Entretanto, algumas medidas são específicas para cada afecção vascular e devem ser orientadas ao paciente em cada sessão de tratamento, visando potencializar os resultados alcançados. As orientações ao paciente acerca de hábitos de vida e cuidados diários são o passo inicial do tratamento, devendo ser informadas na primeira sessão e reforçadas no decorrer do tratamento. Para Leal et al. (2016), as orientações aos pacientes com afecções vasculares são consideradas a parte mais importante do tratamento, devendo ser seguidas rigorosamente pelos indivíduos acometidos. Orientações nas afecções vasculares venosas, arteriais e linfáticas Orientar o paciente a manter o peso dentro dos limites saudáveis é uma das recomendações, uma vez que a obesidade é fator de risco para essas afecções. Restringir o consumo de bebidas alcoólicas e não fumar, além de realizar exercícios físicos regulares e com orientação profi ssional são medidas importantes para prevenir estase venosa, alteraçõesarteriais e formação de trombos em casos de trombose venosa profunda. Pessoas com predisposição ao desenvolvimento de afecções vasculares devem ser encorajadas a se movimentar com regularidade, pois longos períodos de repouso, depois de qualquer cirurgia, bem como a necessidade de permanecer sentado por muito tempo aumentam as chances do desenvolvimento de doenças mais graves (BRUNA, 2011). Evitar permanecer muito tempo sentado é essencial. O paciente deve ser estimulado a realizar pequenas caminhadas ao longo do dia para evitar a es- tase venosa. Além disso, orientar o paciente para que tenha uma alimentação saudável, rica em frutas e verduras e com redução de alimentos gordurosos também faz parte do tratamento. O paciente deve ser orientado a evitar o uso de calçados com saltos muito altos, uma vez que reduzem a função e o retorno venoso. Elevar as pernas acima do nível do coração algumas vezes ao dia ou 17Fisiopatologia corporal: afecções vasculares quando o edema surge auxilia o retorno venoso e linfático, além de aliviar os sintomas relacionados ao edema. Outras medidas são: alimentação equilibrada e saudável, com o consumo de vegetais; uso menos frequente de sapatos de saltos altos; elevação das pernas com o uso de travesseiros ou almofadas. Alguns cuidados com a pele também devem ser orientados. A estase linfá- tica ou sanguínea nos membros causa redução da imunidade local, e o membro pode desenvolver infecções pela presença de microrganismos, como bactérias, por exemplo. Quando há presença de processo inflamatório, ocasionado pelas infecções, há uma piora do edema e, consequentemente, de suas limitações. Orientar o paciente a manter a pele hidratada, limpa e seca é um dos fatores que auxilia a prevenção de complicações ocasionadas pelo edema, como feridas, infecções e ulcerações (CATALDO, c2016). Medidas profiláticas e estéticas nas afecções vasculares de membros inferiores Terapia de compressão elástica Essa terapia é pautada na utilização de bandagens com propriedades elásticas que são aplicadas no membro de uma forma específi ca de modo a auxiliar o sistema venoso e linfático em suas funções. Essa terapia diminui o volume do sistema venoso superfi cial e o diâmetro das veias que se encontram dilatadas, restaurando, mesmo que temporariamente, a função das válvulas e impedindo o refl uxo. Além disso, a compressão aumenta a contração dos músculos da panturrilha, esvaziando as veias profundas, acelerando o fl uxo sanguíneo e aumentando a reabsorção de linfa pelo sistema linfático. A terapia de compressão elástica também pode ser conhecida por outras nomencla- turas, como elastocompressão ou pressoterapia (MEYER; CHACON; LIMA, 2006). Ela pode ser realizada por meio do uso de meias elásticas ou de enfaixamento elástico compressivo. Fisiopatologia corporal: afecções vasculares18 Uso de meia elástica O uso de meias elásticas é uma medida profi lática destinada a pacientes com edema de membros inferiores nos casos de insufi ciência venosa crônica e edema de origem linfática, de modo a prevenir a estase venosa e linfática e, consequentemente, reduzir os riscos de formação de trombos (BRUNA, 2011). O uso da meia elástica melhora de maneira signifi cativa os sintomas da insufi ciência venosa e linfática, como dores e sensação de peso. O uso é recomendado para pacientes que já tiveram trombose venosa profunda para reduzir a ocorrência de novo episódio e para pacientes com insufi ciência venosa crônica para a prevenção de úlceras. As meias devem ser utilizadas diariamente e devem ser recomendadas pelo médico (AZOUBEL et al., 2010). Uso de enfaixamento compressivo elástico Nessa medida profi lática, o mecanismo de ação é o mesmo do uso de meias elásticas, entretanto, faz-se o uso de uma faixa elástica que é aplicada pelo profi ssional, preferencialmente, no membro acometido pelo edema venoso ou linfático. A aplicação deve ser feita a partir de uma pressão regular, evitando que a faixa fi que muito apertada ou com distribuição de tensões desiguais pela pele. O paciente deve ser posicionado deitado e com o membro relaxado. A técnica é realizada com a colocação da faixa por meio do movimento de enfaixamento, que se inicia no pé em direção ao coração. A faixa é colocada sobrepondo-se em cada volta, evitando que a pele fi que visível entre as dobras. A pressão é maior na região distal e vai reduzindo gradativamente até chegar na região da virilha. Ambas as técnicas devem ser realizadas com o mínimo de edema no membro possível. Por isso, devem ser aplicadas logo pela manhã ou após a elevação prévia do membro. Terapia de compressão inelástica Nessa terapia, são empregadas bandagens sem elasticidade, ou seja, uma bandagem rígida. Elas são indicadas para o tratamento de edema venoso, principalmente, para evitar a formação de úlceras. Essa bandagem promove uma pressão considerada pequena em repouso e uma pressão mais aumentada durante as posições em pé ou em caminhada. Diferentemente das bandagens elásticas que são retiradas todos os dias, a bandagem inelástica permanece por mais dias, necessitando ser reaplicada de uma a duas vezes por semana. Além disso, para evitar lesões nas áreas de proeminência óssea, antes da aplicação, 19Fisiopatologia corporal: afecções vasculares é necessário que as áreas ósseas sejam cobertas com preenchimento, de modo a evitar pressão excessiva e lesões. Um exemplo desse tipo de bandagem é a Unna. A bandagem de Unna é aplicada com maior compressão no tornozelo e na região distal do pé, dimi- nuindo gradativamente até chegar ao joelho. A aplicação deve iniciar no pé, que deve estar em posição neutra e relaxada, seguindo em direção à perna, enfaixando por meio de movimentos em espiral, terminando logo abaixo do joelho. Entretanto, pode haver variações na colocação de acordo com o fabricante, e as bandagens devem ser aplicadas por profissional ou familiar devidamente habilitado (BORGES, 2005). Vale ressaltar que tanto a compressão elástica como a compressão inelástica não devem ser utilizadas em casos de processos infecciosos associados na região, como linfangite ou erisipela. Pacientes com trombose venosa profunda ativa só podem realizar esses tratamentos se forem liberados pelo médico após o início do tratamento medicamentoso. Drenagem linfática manual Trata-se de uma técnica disponível aos profi ssionais de estética para tratamento ou prevenção de edema em pacientes. Nessa técnica, realizada manualmente pelo profi ssional, é aplicada uma pressão muito suave ou superfi cial das mãos do profi ssional sobre os tecidos, com ritmo lento e constante e no sentido ascendente, ou seja, em direção ao coração. Essa técnica promove aumento na drenagem linfática promovida pelo sistema linfático fi siológico, de modo a potencializar o retorno linfático, tratando ou prevenindo, dessa maneira, a estase venosa e linfática, comum em quadros de afecções vasculares de membros inferiores, como insufi ciência venosa crônica e linfedema. Antes de indicar ou realizar esse tratamento, é necessário entender que algumas situações não são indicadas para esse tratamento. Pessoas com insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica, presença de infecções (vírus, bactérias ou fungos), linfangite, trombose venosa profunda ativa e condições febris não devem ser submetidas ao tratamento. A drenagem linfática manual é absolutamente contraindicada nessas condições. Por isso, pessoas em situações de afecções vasculares como erisipelas e linfangites não devem ser submetidas a este tratamento. Pacientes com neoplasia devem ser avaliados e encaminhados para a dre- nagem linfática manual apenas com orientação médica, assim como pacientes com cardiopatias, diabetes descompensada e pressão alta, que devem ser Fisiopatologia corporal: afecções vasculares20 avaliados pelo médico. Áreas da pele que apresentem irritações, como feridas, também não devem receber essa técnica. No livro Princípiosde drenagem linfática, escrito por Maria Goreti de Vasconcelos (2015), você pode conferir protocolos de drenagem linfática manual aplicada aos membros inferiores. Uma sugestão de associação de protocolos para tratamento e prevenção de afecções vasculares é realizar a drenagem linfática manual dos membros inferiores e, em seguida, aplicar a terapia de compressão por meio da colocação da meia elástica ou da realização do enfaixamento compressivo. Entretanto, para garantir um atendimento de qualidade, resolutivo e seguro, todas essas medidas devem ser precedidas de uma avaliação feita pelo profissional de estética. ALDUNATE, J. L. C. B. et al. Úlceras venosas em membros inferiores. Revista de Medicina, v. 89, n. 3/4, p. 158-163, jul./dez. 2010. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ revistadc/article/view/46291/49947. Acesso em: 3 set. 2019. AZOUBEL, R. et al. Efeitos da terapia física descongestiva na cicatrização de úlceras veno- sas. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 44, n. 4, p. 1085–1092, 2010. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/40650/43862. Acesso em: 4 set. 2019. BORGES, E. L. Tratamento tópico de úlcera venosa: proposta de uma diretriz em evidên- cias. 2005. 306 p. Tese (Doutorado em Enfermagem) — Faculdade de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. 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