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16
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
CAPÍTULO 1. O PLANEJAMENTO TERRITORIAL PARA 
O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL
Nesta seção trataremos da relação entre planejamento territorial, o desenvolvimento 
urbano sustentável e as diferentes escalas e contextos dos municípios brasileiros. Com 
isto, busca-se a compreensão de como o território brasileiro se configura em termos da 
diversidade municipal e o entendimento da importância da leitura do território para o 
diagnóstico municipal.
Para isto, as problemáticas, entendidas como desafios e potencialidades presentes na 
construção da leitura do território, devem ser compreendidas por meio de modelos de 
análise e sua aplicação no diagnóstico da realidade municipal que direciona a escolha 
de instrumentos urbanísticos adequados, a partir das escalas de relações do território a 
nível municipal e no supramunicipal. 
1.1 Planejamento, Território e Planejamento Territorial 
O planejamento pode ser definido como a capacidade humana de realizar atividades 
de forma ordenada a partir de processos. Ao planejar, busca-se atribuir eficiência a 
alguma atividade futura de modo intencional, que, de certo modo, altera a realidade 
(CARVALHO, 1976). 
Ao planejar, deve-se conhecer duas das suas principais características. A primeira é o 
planejamento como algo processual, permitindo a ordenação de ações para que uma ati-
vidade possa acontecer. A segunda é que a atividade de planejar é sistêmica, pois para 
essas ações ocorrerem de forma ordenada é preciso uma visão ampla e global, a partir da 
integração adequada de fases e de seus elementos (CARVALHO, 1976). 
No infográfico ao lado pode-
mos observar o processo sistê-
mico de planejamento a partir 
de suas fases de conhecimen-
to da realidade, decisão, ação 
e crítica ou avaliação. 
Figura 01: Processo de 
planejamento e suas fases
Fonte: Elaborado com base em 
Carvalho (1976). Elaboração 
gráfica do LabHab. 2022.
17
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
De acordo com Carvalho (1976), a fase de conhecimento da realidade resume um deter-
minado contexto socioeconômico ou territorial a partir de dados que retratam proble-
máticas. Essa fase identifica as características e descreve uma certa situação. Podemos 
dizer que o principal resultado desse conhecimento ou leitura da realidade é a criação de 
um diagnóstico. 
Já na fase de decisão, busca-se alternativas para resolver (desafios) ou otimizar (poten-
cialidades) as problemáticas identificadas no diagnóstico. Em seguida, na fase de ação as 
decisões são executadas, com o objetivo de transformar a realidade. Na fase de crítica 
e avaliação, verifica-se se as ações foram efetivas ou não, tentando corrigir o que for ne-
cessário para que os objetivos ou ações sejam executados corretamente.
O planejamento de políticas públicas pode ser pensado do ponto de vista social, econô-
mico ou ambiental, por exemplo. Destacamos neste módulo o ponto de vista territorial 
do planejamento, conhecido como Planejamento Territorial. O seu objetivo é realizar 
processos de mudança através de melhorias no território.
Entende-se o território inicialmente como “[...] um espaço definido por relações de po-
der” (SOUZA, 2015, p. 78). Ou seja, ao delimitar um espaço geográfico, grupos sociais se 
reconhecem e são reconhecidos por sua influência e domínio daquele espaço chamado 
território.
Para Limonad, Monteiro e Quiñones (2021. p. 9) o território é resultado da “[...] apropria-
ção (num sentido mais simbólico) e domínio (num enfoque mais concreto, político-e-
conômico) de um espaço socialmente partilhado”. Isto é, quando falamos em território, 
devemos considerar como elementos da vida social interagem com elementos ambien-
tais, econômicos e políticos do espaço geográfico.
O território é formado por grupos sociais diversos, formados por diferentes pessoas. 
Por esse motivo, existirão interesses distintos de ocupação. Consequentemente, isso po-
derá gerar conflitos e disputas por causa das diferenças de interesses e pontos de vista 
(HAESBAERT, 2014). 
Ao pensarmos o “território em disputa” (HAESBAERT, 2014), precisamos agir e pensar 
por meio da união entre o Estado, a população e o meio ambiente. Isso pode ser demons-
trado ao se incentivar a autonomia dos municípios para que cheguem a soluções adequa-
das ao seu desenvolvimento sustentável. Para isso, devem se basear no entendimento e/
ou redução de conflitos e desigualdades territoriais, como más condições de habitação e 
de saneamento básico. Assim, o território é central no planejamento de ações de desen-
volvimento urbano sustentável.
18
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O principal objetivo do planejamento territorial é a organização ou ordenamen-
to de diferentes aspectos do território, desde a escala local até a global (LIMONAD; 
MONTEIRO; QUIÑONES, 2021). O planejamento territorial deve possuir metas, objeti-
vos e parâmetros de desenvolvimento para que seja um processo lógico de transforma-
ção da organização social (LIMONAD, 2021). 
É interessante entendermos que o planejamento territorial não fica apenas em um se-
tor. Deve sempre se conectar a leituras gerais do território, para que as problemáticas 
sejam solucionadas de forma integrada. Assim, é possível combinar setores diferentes 
da administração pública, como moradia, mobilidade e meio ambiente (Figura 02). Da 
mesma forma, especialidades diferentes podem atuar nessa área, como geografia, ar-
quitetura e urbanismo, engenharias, sociologia, antropologia, direito, biologia, e áreas da 
saúde, da educação e do meio ambiente. 
Figura 02: Planejamento Territorial – função, aspectos e áreas de atuação
Fonte: Elaborado com base em Limonad, Monteiro e Quiñones (2021). Elaboração gráfica do LabHab. 2022.
O planejamento territorial é o desenvolvimento da capacidade crítica e de reflexão so-
bre as problemáticas territoriais. Ele propõe novas práticas de intervenção e melhorar 
as que já existem, compartilhando as experiências positivas (LIMONAD; MONTEIRO; 
QUIÑONES, 2021).
19
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O Ministério do Desenvolvimento Regional criou o Guia para Elaboração e Revisão de 
Planos Diretores como uma ferramenta do planejamento territorial municipal brasileiro. 
O guia traz as etapas de leitura do território, formulação das propostas e sua consoli-
dação. Nessas etapas são destacados temas, problemáticas, estratégias, instrumentos e 
ferramentas complementares.
A leitura do território é uma abordagem inicial fundamental ao planejamento territorial. 
É nessa etapa que a diversidade municipal é entendida a partir de problemáticas, as quais 
são um conjunto de desafios e do território municipal. Elas estão ligadas a pontos da ges-
tão do território ou a políticas setoriais (habitação, mobilidade, saneamento ambiental) 
identificadas pelo município.
Caso tenha interesse em 
se aprofundar mais no 
assunto, acesse o Guia 
para Elaboração e Revisão 
de Planos Diretores.
BRASIL; AGÊNCIA GIZ 
NO BRASIL; INSTITUTO 
PÓLIS. Guia para 
elaboração e revisão de 
planos diretores. 2022.
APROFUNDE-SE
 AULA MAGNA
MÓDULO 4
Aula Magna do 
Módulo 4 - Planejamento: 
A dimensão territorial para 
o desenvolvimento urbano 
sustentável
1.2 O território brasileiro e as diversidades municipais
O Brasil é um país de dimensões continentais, com 8.510.345,540 km² de área e uma po-
pulação de 190.755.799 pessoas, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). 
O território brasileiro é dividido em cinco grandes regiões político-administrativas: 
Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Elas contêm os 26 estados e o Distrito 
Federal e seu caráter regional é resultado das diferentes formações socioeconômicas e 
naturais dos estados e dos 5.570 municípios brasileiros.
20
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimentourbano sustentável
As diversidades municipais exigem que se 
conheça as suas formas de uso e ocupa-
ção, ou seja, os tipos de território dos mu-
nicípios brasileiros. Eles possuem diferen-
tes tamanhos de população e de território, 
distribuição regional e hierarquia urbana. 
Cada município corresponde a um territó-
rio com usos do solo específicos. Eles são 
determinados pelas administrações mu-
nicipais, autoridades com autonomia para 
ordenar seu território e executar políticas 
de desenvolvimento urbano (BRASIL; GIZ, 
2021). Considerando que os municípios 
também possuem realidades e desafios 
urbanos diferentes, cada caso deve ser 
entendido a partir da leitura do território. 
Isso ajuda a se desenvolver ações de pla-
nejamento territorial.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste 
estão cerca de 16,5% dos municípios 
brasileiros (917 municípios). As 
regiões Nordeste (32,2%, com 1.794 
municípios), Sudeste (29,9%, 1.668) e 
Sul (21,4%, 1.191) somam 83,5% dos 
municípios brasileiros (BRASIL, 2021). 
O território brasileiro é composto pelos 
biomas Amazônia (49,5%), Cerrado 
(23,3%), Mata Atlântica (13%), Caatinga 
(10,1%), Pampa (2,3%) e Pantanal 
(1,8%) (IBGE, 2019).
VOCÊ SABIA ?
As diferenças também são ambientais. Elas são resultado das dinâmicas biofísicas do ter-
ritório, como a inserção de municípios no contexto de biomas continentais brasileiros, de 
ecossistemas locais, de bacias hidrográficas e das mudanças climáticas. O Brasil possui 
seis grandes biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. 
Biomas são grandes agrupamentos de ecossistemas semelhantes onde estão localizados 
os municípios. 
Considerar o território a partir de seus ecossistemas pode ajudar na adaptação de instru-
mentos urbanísticos que absorvam esses contextos ambientais. Assim, pode-se adequar 
planos, programas e projetos às condições ecológicas e socioculturais de cada bioma ou 
ecossistema local das cidades. 
No contexto sociocultural, destacamos as relações ecológicas que ocorrem no território 
pela cultura. Exemplos conhecidos são as cidades de Afuá (PA) e Parintins (AM) no bioma 
Amazônia. Afuá se estrutura em palafitas de madeira por conta da variação das marés 
dos rios e não permite a circulação de veículos automotivos terrestres. 
Parintins tem práticas folclóricas de matriz indígena e cabocla-ribeirinha, com influência 
portuguesa e contribuições da cultura africana, japonesa e judaica. A cidade recebe de 
40 a 60 mil turistas durante o Festival de Parintins, e é famosa pelas atrações dos bois 
Caprichoso e Garantido (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARINTINS, 2019). Esses são 
exemplos da diversidade municipal e interferem diretamente no desenvolvimento urba-
no sustentável.
21
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Figuras 03a, 03 b: À esquerda: Afuá (PA), cidade estruturada em palafitas de madeira no bioma Amazônia. 
À direita: Festival Folclórico de Parintins (AM).
Fonte: Jacy S. Corrêa Neto (2022), Secretaria de Comunicação de Parintins (2022).
As cidades-gêmeas são municípios cortados pela linha de fronteira (seca ou fluvial) com 
uma população maior que dois mil habitantes. Estão inseridas nos contextos de integra-
ção econômica, social e cultural com localidade de país vizinho, podendo apresentar ou 
não conurbação (BRASIL, 2021). De norte a sul temos cidades-gêmeas, por exemplo: 
Oiapoque (AP) e Saint-Georges, na Guiana Francesa; Santa do Livramento (RS) e Rivera, 
no Uruguai. 
Figura 04: Exemplo 
de cidades-gêmeas de 
Oiapoque (Brasil) e Saint-
Georges (Guiana Francesa).
Fonte: Bing Maps (2022), 
Adaptação de textos pelo 
autor (2022).
22
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
As bacias hidrográficas apresentam outras condições importantes para a diversidade 
municipal, pois muitas fornecem serviços ecossistêmicos. Esses serviços vão da regula-
ção climática e biológica ao abastecimento e fornecimento de serviços culturais, de re-
creação e de suporte à vida nos municípios. O exemplo de São Paulo revela as crises no 
desenvolvimento urbano causadas pela ocupação de mananciais compartilhados ou pela 
falta de água potável para atender as necessidades da população. A busca de uma solu-
ção integrada é um desafio para os municípios que compartilham mananciais e bacias 
hidrográficas.
1.2.1 Tipos de território: urbano, rural, periurbano e natural
A leitura dos tipos de território apresentada identifica tipos de uso, ocupação, condições 
ambientais e atividades econômicas. Pode-se identificar problemáticas gerais ou espe-
cíficas de cada território ao se olhar para toda a área municipal (território municipal). O 
território municipal contém territórios classificados como: urbano, rural, periurbano e 
natural (Figura 05).
Figura 05: Exemplo de território municipal - urbano, rural, periurbano e natural.
Fonte: Adaptada de Brasil (2021, p. 53). Elaboração gráfica do LabHab. 2022.
23
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O Quadro 1 mostra as características de cada território. É interessante observar que 
essas características podem ocorrer em maior ou menor grau, variando de acordo com o 
contexto municipal. 
Quadro 1: Tipos de território e suas características
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (no prelo, p. 107).
TIPOS DE 
TERRITÓRIO CARACTERÍSTICAS
Ocupação urbana independente da densidade, com construções e 
populações residentes e paisagens antropizadas (presença humana). 
Pode apresentar variedade de usos com potencial de poluição 
sanitária, estética, sonora e/ou visual. São áreas onde se desenvolvem 
funções urbanas de moradia ou de produção de forma articulada no 
território.
Áreas agrícolas ou de pecuária com características de baixo 
adensamento de população residente, paisagens parcialmente 
antropizadas e médio potencial de poluição. Áreas de agricultura 
familiar anual ou temporárias. Também podem conter áreas agrícolas 
ou de pecuária de uso semiextensivo ou intensivo que produzem 
em maior escala. São áreas onde os usos são compatíveis com a 
conservação da qualidade ambiental e, portanto, onde devem ser 
estimulados os usos com baixo potencial de impacto.
Pode apresentar características rurais e urbanas, com propriedades 
que ainda possuem perfil rural ou que sejam resultado de expansão 
urbana sem o acompanhamento de infraestrutura básica. Pode 
ter pequeno ou médio adensamento de construções e populações 
residentes (inclusive com aglomerados subnormais). Apresenta 
paisagens antropizadas, diversidade de usos e alto potencial de 
poluição, principalmente sanitária.
Corresponde à paisagem natural sem ocupação ou com baixíssima 
ocupação. Pode conter paisagens com alto grau de originalidade, 
ecossistemas sem alterações e Unidades de Conservação. São 
áreas onde a preservação e a conservação das características e das 
funções naturais devem ser priorizadas, mantendo baixo potencial 
de poluição.
Os meios para se identificar esses territórios podem ser a leitura do território (destaca-
da no subcapítulo 1.3) e os estudos adicionais, como a Tipologia municipal rural-urbana 
(IBGE,2017). Este estudo pode ajudar a identificar os territórios numa visão global dos 
municípios, sendo possível dividi-los em cinco classes: rural remoto, rural adjacente, in-
termediário remoto, intermediário adjacente e urbano.
24
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
A região Norte é a que mais possui mu-
nicípios em condição rural, cerca de 121 
(26,9%). Por outro lado, a região Sudeste 
é a que apresenta mais condições urbanas 
em 625 (37,5%) de seus municípios. Esse 
panorama permite que se entenda antes 
a condição territorial dos municípios no 
Brasil para direcionar a criação de ins-
trumentos de desenvolvimento urbano 
sustentável de acordo com as condições 
territoriais municipais.
A Tipologia municipal rural-urbana 
é um estudo desenvolvido pelo 
InstitutoBrasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), que analisa os 
tipos de municípios de acordo com 
a distribuição da população em 
perímetros urbanos ou áreas rurais. 
Essa pesquisa serve para diferenciar 
municípios e propor políticas 
territoriais adequadas a eles.
VOCÊ SABIA ?
Essa leitura inicial da configuração municipal serve para objetivos diferentes de plane-
jamento territorial. Contribuem também no diagnóstico para se criar planos diretores, 
de zoneamentos e setoriais. Assim, é possível alinhar estratégias e instrumentos de pla-
nejamento territoriais adequados e compatíveis com as características dos diferentes 
territórios do município. 
É preciso entender as dinâmicas periurbanas e rurais (modos de vida e de apropriação 
do território) a partir de levantamentos de campo. Como vimos antes, o município en-
globa territórios periurbanos e rurais. Por isso, precisamos entender no próprio local 
como ocorrem os aspectos da vida social em assentamentos ou áreas que não são urba-
nas, mas que são importantes para a configuração do território municipal.
Figuras 06a, 06b: À esquerda: dinâmica socioambiental de área periurbana enquanto extensão 
do tecido urbano sem infraestrutura básica na cidade de Afuá (PA). À direita: moradias 
flutuantes no rio Solimões em área rural do município de Manaus (AM). 
Fonte: Acervo do autor (2017), Id. (2011).
25
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Os critérios de análise apresentados para classificar os territórios municipais se sobre-
põem no território e a partir dele. As Figuras 06 acima mostram a realidade diversa e 
específica de diferentes cidades amazônicas. Portanto, há a necessidade um olhar que 
reúna os aspectos físicos (infraestruturas), político-administrativos (governança munici-
pal) e socioambientais (ambiente natural e cultural) do território. 
Por fim, os termos apresentados servem para se realizar a leitura do território. Após a 
leitura, por exemplo, nas consolidações de propostas, os termos devem ser ajustados às 
definições das leis locais do município: leis de macrozoneamento e de perímetro urbano, 
leis de parcelamento, uso e ocupação do solo, entre outras.
1.2.2 Escalas territoriais, municipais e supramunicipais
É importante entendermos os significados de escalas e contextos. Quando nos referimos 
à escala, tentamos localizar a dimensão de algum fenômeno social no território (SOUZA, 
2015). O contexto se relaciona ao “[...] conjunto de circunstâncias que envolvem um fato” 
(CONTEXTO, 2022).
Ao longo deste capítulo, mostramos duas abordagens de leitura de escalas e contextos 
do município: a municipal e a supramunicipal. Analisar essas escalas segundo os estudos 
feitos para embasar a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (2021) permite que 
se crie instrumentos de planejamento territorial para estruturar e ordenar o território 
municipal e supramunicipal.
A escala municipal se refere ao que ocorre dentro dos limites do município, sendo re-
flexo de características de suas dinâmicas internas específicas (IPEA, 2020a). A escala 
supramunicipal se relaciona às dinâmicas sociais e espaciais compartilhadas com outros 
municípios e que vão além dos limites do município (IPEA, 2020b). A seguir apresenta-
mos pontos que ajudam a identificar de antemão as escalas do município.
• Porte populacional: 
Inclui tanto a população rural 
quanto a urbana, formando o 
que chamamos de população 
total. Essa informação é funda-
mental para criar e estimar po-
líticas e instrumentos de desen-
volvimento urbano sustentável.
Segundo o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (2020), mais da 
metade dos 5.570 municípios brasileiros (cerca 
de 67%, 3.782 municípios) possui menos de 20 mil 
habitantes. Neles vivem cerca de 15% da população 
brasileira (32 milhões). Somente 1% (49) dos municípios 
tem mais de 500 mil habitantes. Nesse contexto, ainda 
que esses municípios com menos de 20 mil habitantes não 
possuam obrigações legais para criar Planos Diretores, 
eles devem ser executados. Trata-se de um instrumento 
de pactuação social (estabelecimento de acordos 
coletivos) para se construir o planejamento de ações 
de longo prazo que melhorem as condições 
de vida e garantam o desenvolvimento 
sustentável do município.
VOCÊ SABIA ?
26
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
• Extensão territorial: 
A extensão territorial em quilômetros quadrados (km²) é um critério importante para o 
desenvolvimento urbano, pois os municípios brasileiros possuem áreas muito diferen-
tes. O maior município do Brasil é Altamira, no estado do Pará, com 159.533,306 km², e 
o menor, Santa Cruz de Minas, em Minas Gerais, com 3,57 km². 
Figuras 07a, 07b: Exemplo de variação da extensão territorial dos municípios brasileiros: 
Altamira (PA) e Santa Cruz de Minas (MG). As diferenças significativas no tamanho dos municípios 
é um dos parâmetros da diversidade brasileira. Além disso, observa-se em diferentes regiões 
administrativas a diferença da relação extensão territorial do município x área urbana. Nesse 
caso, há predomínio de territórios rurais e naturais no município de Altamira. Isso pode estar 
relacionado a sua inclusão no contexto de municípios da região Norte e do bioma Amazônia.
Fonte: Google Earth (2022).
• Hierarquia urbana e Regiões de 
Influência de Cidades
A pesquisa Regiões de Influência das Cidades 
(REGIC) foi realizada pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). Ela descre-
ve as conexões territoriais entre municípios e 
apresenta termos como a hierarquia urbana 
e regiões de influência de cidades brasileiras.
Regiões de Influência das Cidades 
(REGIC) é uma pesquisa periódica 
também realizada pelo IBGE, que situa 
as dinâmicas socioeconômicas entre 
centros urbanos. Classifica as cidades 
de acordo com hierarquias e sua rede 
de influência por meio de mapas. Traz 
dados de fundamental importância 
para a escala supramunicipal, pois 
detalha e sistematiza as conexões 
urbanas por nível de cidades.
VOCÊ SABIA ?
27
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
A hierarquia urbana é a influência que as cidades têm sobre e recebem das outras de 
acordo com as suas dinâmicas urbanas. Há cidades que oferecem serviços cotidianos ou 
especializados, por exemplo: administrativos, comerciais, educacionais e de mobilidade. 
E há cidades que são atraídas por esses serviços. Quando uma cidade oferece serviços 
cotidianos ou especializados, ela tem influência sobre outros centros urbanos, criando 
uma região de influência urbana (IBGE, 2020). 
No estudo da REGIC se destacam ter-
mos que ajudam a entender a relação 
cidade-município, como “arranjos popu-
lacionais” e “município isolado”. Os ar-
ranjos populacionais ocorrem quando 
uma cidade (sede municipal ou distrito) 
se estende por dois ou mais municípios 
(o que se denomina de conurbação) e há 
deslocamentos de populações frequen-
tes. É um termo utilizado pela REGIC 
para identificar territórios urbanos que 
não se localizam inteiramente num mu-
nicípio. Por outro lado, os municípios iso-
lados são aqueles que não participam de 
arranjos populacionais.
Conforme a REGIC “[...] os 
Arranjos Populacionais com mais 
de 100 mil habitantes são denominados 
concentrações urbanas, bem como os 
Municípios que não compõem Arranjos e que 
ultrapassam esse patamar populacional. Com o 
propósito de facilitar a terminologia da presente 
pesquisa, as concentrações urbanas compostas 
por mais de um Município são designadas apenas 
como Arranjos Populacionais. Da mesma forma, 
os Municípios isolados que constituem 
concentrações urbanas são designados 
apenas por Municípios” 
(IBGE, 2020, p. 72).
VOCÊ SABIA ?
No Brasil existem 4.899 cidades, das quais 94,5% (4.632) se situam em um único mu-
nicípio, abrigando cerca de 44% da população brasileira. Por outro lado, 5,5% (267) das 
cidades formam arranjos populacionais de dois ou mais municípios,com aproximada-
mente 56% da população do Brasil (IBGE, 2020). A interpretação dos arranjos popula-
cionais e dos “municípios isolados” pode ajudar a entender as relações urbanas entre 
centros urbanos. Contudo, a responsabilidade administrativa de cada cidade se vincula 
a seu município (IBGE, 2020).
Caso tenha interesse em se 
aprofundar mais no assunto, 
acesse a publicação Regiões 
de Influência das Cidades. 
IBGE – Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística. 
Regiões de influência 
das cidades: 2018. Rio de 
Janeiro: IBGE, 2020.
APROFUNDE-SE
De acordo com o estudo da REGIC, as cida-
des brasileiras se classificam em cinco níveis 
hierárquicos: Metrópole, Capital Regional, 
Centro Sub-regional, Centro de Zona e 
Centro local. Nessas hierarquias, as metró-
poles têm maior influência sobre as demais 
cidades e suas dinâmicas urbanas são mais 
complexas. Importante destacar que essa 
classificação é usada para estudo e leitura das 
dinâmicas territoriais de municípios. Logo, as 
escalas e contextos devem ser interpretadas 
de forma a situar os municípios nas hierar-
quias mencionadas anteriormente. 
28
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Quando se fala de região de influência de cidades se aproxima do que se chama de rede 
urbana. Trata-se da configuração das cidades no território nacional, isto é, a partir de 
sua distribuição e das relações hierárquicas que estabelecem entre si. A noção de rede 
urbana implica a ideia de conexão entre cidades, possuindo características de intensida-
de ou concentração, articulação e isolamento. 
Figura 08: Rede Urbana Brasileira de 2018. Destaca-se no mapa a hierarquia entre os centros urbanos 
(polígonos e quadrados) e suas regiões de influência (linhas de conexão ou grafos). A hierarquia dos centros 
urbanos é demonstrada pelo tamanho de suas formas geométricas, enquanto a extensão dos traços mostra 
sua influência sobre outros centros urbanos.
Fonte: IBGE (2020, p. 12).
PARA MAIS 
INFORMAÇÕES 
SOBRE O TEMA 
VER TAMBÉM O 
MÓDULO 2.
2
As cidades com altas hierarquias se encontram na 
região Sudeste, onde 38,4% são metrópoles e capi-
tais regionais do país. Por outro lado, a maior parte 
dos centros locais se localizam na região Nordeste 
(35,6%). A Figura 08 mostra como essas redes se 
distribuem no território brasileiro, influenciando a 
dinâmica de cidades e municípios.
29
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
1.2.3 Planejamento territorial integrado nas diferentes escalas
Neste subcapítulo mostraremos como as dinâmicas urbanas podem orientar ações de 
planejamento territorial em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e Regiões 
Integradas de Desenvolvimento (RIDE). 
A visão integrada de planejamento permite escolher e combinar instrumentos adequa-
dos ao desenvolvimento urbano sustentável de municípios brasileiros. Um fator comum 
para essa integração é a existência de Funções Públicas de Interesse Comum (FPICs), 
definidas como ações públicas voltadas a infraestruturas e serviços públicos básicos de 
cooperação entre municípios (BRASIL, 2021).
As FPICs são criadas quando a parceria entre municípios vizinhos com relações socioe-
conômicas é necessária para resolver suas problemáticas. Elas também podem estar re-
lacionadas a impactos socioambientais da habitação, infraestrutura urbana, mobilidade, 
saneamento e meio ambiente.
No Brasil, as regiões metropolitanas (RMs) 
permitem a integração dos municípios envol-
vidos para planejar e gerir as Funções Públicas 
de Interesse Comum (planejamento de uso do 
solo, transportes e sistema viário regional, ha-
bitação, saneamento básico, meio ambiente, 
entre outros). Começaram a ser formadas pelo 
Governo Federal em 1970 e a Constituição 
Federal de 1988 repassou aos estados a fun-
ção de criar as regiões metropolitanas. 
Há na região metropolitana um município e cidade-pólo, onde as dinâmicas urbanas 
são mais intensas. A alta e complexa integração dos municípios pode ocorrer a partir 
de agências metropolitanas, consórcios intermunicipais e políticas de interesse comum, 
que é uma estratégia de integração do planejamento territorial para casos específicos. 
Há também as aglomerações urbanas ou aglomerados urbanos, unidade territorial ur-
bana gerada pela união de municípios em função da expansão de núcleos urbanos. Esses 
territórios são instituídos legalmente por dois ou mais municípios vizinhos mediante lei 
complementar estadual, caso precisem complementar funções e dinâmicas socioeconô-
micas, políticas e ambientais (BRASIL, 2021). 
Essa articulação pode ser percebida principalmente em cidades médias e pequenas. 
Podemos citar como exemplos disso a oferta e demanda de bens e serviços e de mão-
-de-obra, movimentos pendulares em função de postos de trabalhos e serviços ecos-
sistêmicos. Assim como nas regiões metropolitanas, esses territórios podem organizar, 
planejar e executar políticas de interesse comum em planos de desenvolvimento urbano 
integrado (PDUI). Neles, Estado e municípios atuam em conjunto, seja em atividades de 
cooperação técnica ou consórcios intermunicipais.
PARA MAIS 
INFORMAÇÕES 
SOBRE O TEMA 
VER TAMBÉM O 
MÓDULO 2.
2
30
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
As Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico (RIDEs) reúnem municípios de 
diferentes unidades da federação (estados). As RIDEs correspondem às regiões adminis-
trativas criadas pela União. Seu objetivo é integrar complexos geoeconômicos e sociais 
para reduzir as desigualdades regionais. 
As ações de planejamento podem ser mais complexas nas RIDEs, pois envolvem articu-
lação entre a União, estados e municípios. As ações de planejamento das RIDEs promo-
vem projetos para dinamizar a economia e a infraestrutura regional, com estruturas de 
funcionamento específicas vinculadas à atuação direta da União (CAVALCANTE, 2020).
Figura 09: Exemplo de região metropolitana 
pela RM de Goiânia (GO).
Fonte: FNEM (2018).
AULA 1
MÓDULO 4
Aula 1 - Planejamento do 
desenvolvimento territorial 
no contexto da diversidade 
de municípios brasileiros: 
escolhendo e combinando 
instrumentos
31
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
1.3 Leitura do território: 
Construindo o diagnóstico 
municipal
AULA 2
MÓDULO 4
Aula 2 - Leitura do 
território: Diagnóstico 
para planejamento do 
desenvolvimento urbano 
sustentável
Neste subcapítulo apresentaremos as 
bases para se construir a leitura do terri-
tório. Além disso, mostraremos sua apli-
cação na análise da realidade municipal 
para escolher instrumentos urbanísticos 
adequados. 
1.3.1 Problemáticas municipais e 
supramunicipais
Este subcapítulo trata das problemáticas 
(desafios e possibilidades) que ocorrem 
dentro dos limites municipais, do ponto 
de vista dos diversos aspectos territoriais 
que refletem as dinâmicas locais e regio-
nais. Evidenciam-se questões socioam-
bientais intraurbanas que vão desde a 
evolução da ocupação do território, até a 
caracterização das condições de moradia, 
infraestrutura urbana e dinâmicas periur-
banas e rurais.
A caracterização das condições de in-
serção regional do município situa os 
desafios e possibilidades político-admi-
nistrativas e ambientais do município. 
Identificam-se os aspectos regionais ou 
supramunicipais, como aglomerados ur-
banos e regiões metropolitanas, arranjos 
territoriais de microrregiões e mesorre-
giões estaduais, além de regionalizações 
ambientais (biomas, bacias hidrográficas 
e ecossistemas locais). A inserção regional 
tem o objetivo de compreender padrões 
de desenvolvimento urbano específicos. 
32
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA DE CONDIÇÕES DE 
INSERÇÃO REGIONAL DO MUNICÍPIO
• Identificação de região político-administrativa, bioma e ecossistemas 
locais.
• As relações e os vínculos entre os municípios que consideremo enquadra-
mento do município em meio à diversidade de municípios brasileiros.
• Condições de infraestrutura que possam ser de interesse de outros mu-
nicípios da mesma região (possibilidades de solução em conjunto), como 
resíduos sólidos, abastecimento, esgotamento e reservas ambientais. 
• Tendências de crescimento e de circulação de pessoas (emprego x mora-
dia) e de bens e serviços nos municípios da região. 
• Áreas ambientais cujos limites extrapolam o território municipal. Avaliar: 
ecossistemas, mananciais de abastecimento, áreas de recarga hídrica, pla-
nícies aluviais e áreas permeáveis que prestem serviços ecossistêmicos de 
amortização de enchentes a jusante. 
• Possibilidades de parcerias nas atividades de desenvolvimento econômico, 
turístico ou de desenvolvimento rural sustentável.
Quadro 2– Caracterização das condições de inserção regional do município
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022, p. 58-59).
Em termos de características ambientais, é importante analisar a qual bioma o município 
pertence ou se está localizado em um ecótono (área de transição entre dois biomas ou 
ecossistemas). Também é importante situá-lo usando o critério de bacias hidrográficas, 
uma vez que municípios dividem recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Cabe ain-
da destacar as Unidades de Conservação (UCs) relevantes para assegurar a conservação 
da biodiversidade.
O Quadro 2 apresenta os principais critérios da inserção regional do município de acor-
do com as relações supramunicipais. 
33
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Figura 10: Inserção regional do Município de Barreiras (BA), destacado no polígono preto. 
À esquerda: seu vínculo territorial com a bacia hidrográfica de Rio Grande (BA). 
À direita: sua inserção regional no contexto de mesorregiões do estado da Bahia.
Fonte: Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022, p. 60-61).
Essas mudanças de ocupação do territó-
rio devem ser analisadas em intervalos 
fixos (periodicidade): a cada quinquênio 
(5 anos) ou a cada década (10 anos). Isso 
deve ser estabelecido de acordo com as 
necessidades municipais, em conjunto 
com as iniciativas relativas ao sistema 
de informações e monitoramento (trata-
dos nos Módulos 3 e 7 deste curso). No 
Quadro 3 mostramos os critérios para 
esta identificação.
PARA MAIS 
INFORMAÇÕES 
SOBRE O TEMA 
VER TAMBÉM OS 
MÓDULOS 3 E 7.
3,7
A caracterização da evolução da ocupação do território identifica as alterações histó-
ricas causadas pela ocupação do território em nível local. Analisaremos se houve novas 
ocupações em relação à ocupação de origem, se o tecido ou malha urbana aumentou 
(expansão urbana), se elementos naturais diminuíram ou cresceram por causa das dinâ-
micas sociais no território etc.
34
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Quadro 3 – Caracterização da evolução 
da ocupação do território urbano
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e 
Revisão de Planos Diretores (2022, p. 64).
• Aumento ou redução do tecido ou malha urbana ao longo do tempo.
• Novas ocupações (formais ou informais) em relação à ocupação de origem.
• Aprovação e implantação de novos loteamentos e projetos, o que pode 
contribuir para se entender componentes da expansão urbana. 
• Existência de assentamentos precários e ocupações.
• Diminuição ou acréscimo de áreas ambientais, supressão ou alteração das 
manchas arbóreas.
• Ampliação ou diminuição das áreas de plantio e de produção agrícola.
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA DA EVOLUÇÃO 
DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO
O Projeto MapBiomas disponibiliza 
gratuitamente séries históricas anuais de 
mapas da cobertura e uso do solo (ocupação) do 
Brasil. É útil para compreender a evolução das áreas 
urbanas de 1985 a 2020. Você pode acessá-lo em: 
https://plataforma.brasil.mapbiomas.org/
VOCÊ SABIA ?
Figuras 11a, 11b: Evolução do território urbano do Município de Açailândia (MA). Nas figuras se observa o crescimento 
da mancha urbana ao longo do tempo, assim como mudanças no padrão de áreas vegetadas. Essas áreas tinham uma 
configuração dispersa e se tornaram concentradas, ocorrendo também o aumento da superfície hidrográfica.
Fonte: MapBiomas (2022), Elaboração do autor (2022).
AÇAILÂNDIA, MA - 1985 AÇAILÂNDIA, MA - 2020
https://plataforma.brasil.mapbiomas.org/
35
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Com relação à caracterização da população, neste subcapítulo identificamos o perfil 
populacional do município. Devem ser analisados tanto a população total do município 
quanto de territórios específicos, como população urbana e rural. O principal objetivo 
dessa caracterização é calcular as políticas públicas para o atendimento das necessida-
des da população dos municípios.
Comparações ao longo do tempo são usadas para entender a evolução e dinâmica po-
pulacional. Além disso, é importante observar o perfil populacional em termos de ren-
da, gênero, etnia/raça, faixa etária, pessoas com deficiência e comunidades tradicionais. 
Também é importante investigar a existência de processos de segregação ou exclusão 
territorial. 
Figura 12: Exemplo de caracterização da população no Município de São Paulo (SP):
concentração da população preta e parda (dados do Censo Demográfico 2010).
Fonte: Adaptado do Guia de Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022, p. 72).
36
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O Quadro 4 apresenta os principais critérios de análise da po-
pulação dos municípios.
• Identificação da quantidade de população de acordo com os 
tipos de territórios (população urbana, rural, periurbana e 
em “territórios naturais”).
• Identificação de gênero, raça, faixas etárias e pessoas com 
deficiência.
• Identificação de população em situação de rua.
• Identificação de povos e comunidades tradicionais.
• Identificação de povos ou populações indígenas.
• Taxas de migração (imigração e emigração).
• Taxas de escolaridade e de emprego.
• Concentração de população por faixas de renda domiciliar.
• Perfil de renda da população, se mudou nos últimos anos 
e se o município apresenta questões significativas de 
migração.
• Olhar integrado do território e como os processos de 
produção da cidade podem reforçar ou reduzir tendências 
de exclusão.
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA 
DA POPULAÇÃO MUNICIPAL
Quadro 4 – Caracterização da população municipal
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos 
Diretores (2022, p. 70).
No que diz respeito à caracterização do uso e ocupação do 
solo, neste subcapítulo tentaremos entender a ocupação e a 
produção dos territórios no município. Deve-se mapear aspec-
tos que relacionem tipos de ocupação com seu crescimento ao 
longo do tempo, perfis de ocupação e densidades populacionais 
e construtivas. Além disso, cruzar essas características com as 
de infraestrutura social. O Quadro 5 mostra os aspectos dessa 
caracterização.
37
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Quadro 5 – Caracterização do uso e ocupação do solo
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022, p. 74).
É importante para caracterizar o uso do solo comparar os usos planejados em leis de ocu-
pação do solo ou zoneamentos (caso existam no município) com os usos atuais do ter-
ritório (uso real). Pode não haver compatibilidade entre o que foi planejado para aquele 
território e o seu uso real. É dever do planejamento e da gestão municipal pensar sobre 
essa questão com a sociedade a partir da leitura e da proposição de ações adequadas.
Questões que envolvem a estrutura fundiária e o mercado imobiliário podem ser as-
sociadas à caracterização indicada acima. A estrutura fundiária é o modo como ocorre 
a distribuição de terras em áreas rurais e urbanas dentro do município num dado mo-
mento histórico (COUTINHO; RODRIGUES, 2015).O mercado imobiliário pode ser 
classificado como formal ou informal. No primeiro caso, as relações de mercado são ins-
titucionalizadas e legais do ponto de vista jurídico e urbanístico. Quando é informal, não 
obedecem a lógicas institucionais por lei (KREMER, 2008) e constituem crime de acordo 
com a Lei Federal nº 6766/79. 
• Características dos tipos de ocupação e de produção do território, e a forma 
como se associam aos períodos de crescimento urbano.
• Perfil de ocupação do solo urbano. Quais tipos de ocupações predominam 
(loteamentos, edifícios, assentamentos precários) e como se relacionam 
com as leis atuais? Por exemplo, as áreas que previam adensamento foram 
efetivamente adensadas?
• Perfil de ocupação em áreas rurais (vegetação, produção agrícola, pasto, 
produção extrativista, campesina). Depende das características rurais de cada 
território. 
• Morfologia dos tecidos urbanos ou de assentamentos rurais.
• Densidade construtiva (razão da quantidade de construções em uma 
determinada área).
• Densidade populacional (razão da quantidade de população em uma 
determinada área).
• Cruzamento do mapeamento do uso e ocupação do solo com o mapeamento 
das condições de infraestrutura social (urbana e rural). Isso é importante para 
estabelecer os limites de ocupação em relação às capacidades existentes e 
previstas, e as desigualdade na distribuição de infraestrutura e equipamentos 
no território. Observar também os equipamentos nas áreas rurais. 
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA DO USO 
E OCUPAÇÃO DO SOLO
38
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
As abordagens da estrutura fundiária e do mercado imobiliário estão relacionadas. A va-
lorização de uma determinada área da cidade pelo mercado imobiliário formal eleva o 
preço do solo urbano e reduz o acesso à moradia das populações de menor renda. Em 
outros casos, quem tem poder de compra ou financiamento pode direcionar ações de de-
senvolvimento urbano pela expansão de empreendimentos imobiliários em novas áreas 
da cidade (RUFINO, 2013).
• Instituições financeiras públicas 
ou privadas
• Fundos de investimento 
imobiliário
• Incorporadoras
• Construtoras
• Imobiliárias ou agências 
imobiliárias
• Consultorias imobiliárias
PRINCIPAIS ATORES 
DO MERCADO IMOBILIÁRIO NO BRASIL
Quadro 6 – Atores do mercado imobiliário no Brasil
Fonte: Adaptado de Kremer (2008) e Lacerda (2012).
Os atores imobiliários (Quadro 6) se constituem de forma diversa e complexa 
(KREMER, 2008) e suas relações se manifestam de forma direta e indireta (LACERDA, 
2012). Segundo Lacerda (2012), além das pessoas compradoras, vendedoras, locadoras 
e inquilinas as relações imobiliárias diretas envolvem pessoas proprietárias de terras e 
bens detentores de capital financeiro. Essas pessoas são geralmente responsáveis por 
garantir os recursos necessários para se produzir e vender imóveis. Esses recursos po-
dem vir do setor público ou privado. 
• Corretoras de imóveis
• Cartórios de registro de imóveis
• Prefeituras
• Pessoas proprietárias (locadoras)
• Pessoas inquilinas
• Pessoas compradoras
• Pessoas proprietárias de terrenos
• Pessoas em ocupações urbanas
As corretorias de imóveis intermedeiam esses 
bens com as pessoas fiadoras, responsáveis 
finais pelo pagamento das parcelas das opera-
ções de compra e venda ou das mensalidades 
em caso de locação. Quando indiretas, insti-
tuições financeiras públicas ou privadas ela-
boram e/ou executam políticas econômicas, 
de provisão de infraestruturas sociais e ur-
banas e regulações jurídicas para garantir os 
acordos entre diferentes partes envolvidas no 
processo (LACERDA, 2012).
AULA 4
MÓDULO 4
Aula 4 - Análise do mercado imobiliário 
e da estrutura fundiária municipal para 
a implementação de instrumentos
39
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Nas condições de moradia identificamos aspectos relacionados ao processo de pro-
dução habitacional e as problemáticas que geram desigualdades de acesso à moradia. 
Incluímos desde o déficit habitacional até os tipos de precariedade habitacional, além da 
relação entre irregularidade fundiária e renda da população. 
O Quadro 7 nos ajuda a identificar as condições de moradia a partir de critérios de 
observação.
• Déficit habitacional e por inadequação.
• Condições de moradia com ou sem infraestrutura básica.
• Quantidade e localização de domicílios precários e não 
precários. 
• Tipos de precariedade habitacional (cortiços, mocambos, 
palafitas ou outras formas e definições de precariedades).
• Quais são as faixas de renda predominantes em áreas de 
assentamentos precários?
• Áreas com irregularidade fundiária no território. 
• Qual é a relação entre a irregularidade fundiária e a 
renda da população nessas áreas?
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA 
DE CONDIÇÕES DE MORADIA
Quadro 7 – Caracterização das condições de moradia
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022, p. 94).
Destaque especial deve ser dado ao déficit habitacional quando se trata de condições 
de moradia. Ele pode ser entendido de forma qualitativa e quantitativa. O déficit habita-
cional quantitativo se refere às moradias que devem ser construídas para acompanhar 
o crescimento da população. Já o déficit qualitativo diz respeito à qualidade de acesso a 
melhorias de moradia, infraestrutura urbana e condições ambientais e fundiárias. Essas 
melhorias proporcionam saúde e bem-estar e é o que se entende por “habitabilidade” 
(BRASIL, 2021, p. 94). 
Segundo a Política Nacional de Habitação, os assentamentos precários são reflexo das 
relações de informalidade (ausência de regularidade ou não conformidade com as leis 
vigentes) e precariedade (condições inadequadas de vida nas moradias e assentamen-
tos humanos). Essas formas de assentamento humano mostram a necessidade da leitura 
adequada do déficit habitacional municipal (quantitativo e qualitativo). Eles devem di-
recionar ações para se conhecer áreas e populações que precisam de políticas públicas 
para melhorar sua qualidade de vida.
40
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Figura 13: Assentamento 
localizado em orla fluvial 
urbana no Município de 
Laranjal do Jari, Amapá. 
Fonte: Acervo do autor 
(2017).
Para a Política Nacional de 
Habitação, os assentamentos precários 
são “[...] conjuntos urbanos inadequados 
ocupados por moradores de baixa renda, incluindo 
as tipologias tradicionalmente utilizadas pelas 
políticas públicas de habitação, tais como cortiços, 
loteamentos irregulares de periferia, favelas 
e assemelhados, bem como os conjuntos 
habitacionais que se acham degradados” 
(BRASIL, 2010, p. 9).
VOCÊ SABIA ?
É importante destacar que nem sempre 
a forma da moradia (no sentido de sua 
arquitetura) está ligada à precariedade. 
Muitas vezes, essas formas de habitar 
refletem aspectos culturais que não 
são tratados em suas particularidades 
pelas políticas públicas atuais. Isso 
pode intensificar alguns aspectos de 
precariedade. A leitura do território 
também deve refletir como e por quê tais 
apropriações são diferentes. Dessa forma, 
poderá construir parâmetros adequados 
a essas realidades específicas, não menos 
importantes para discussões e ações de 
desenvolvimento urbano sustentável.
AULA 3
MÓDULO 4
Aula 3 - Caracterização dos 
problemas habitacionais: 
reconhecendo as precariedades 
e as ações necessárias
41
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
Na caracterização das condições de infraestrutura social e ur-
bana, consideram-se as infraestruturas com impacto direto no 
atendimento de necessidades sociais por meio de equipamen-
tos públicos. Também são consideradas aquelas que dão supor-
te à prestação de serviços urbanos e comunitários. O Quadro 
8 exemplifica quais aspectos podem ser incluídos na leitura do 
território.
• Distribuição de equipamentos comunitários para a 
prestação deserviços públicos: hospitais, escolas, 
universidades, espaços de cultura e lazer, Unidades Básicas 
de Saúde (UBS) e Centros de Referência de Assistência 
Social (CRAS). 
• Atendimento e distribuição espacial (atual e prevista) das 
infraestruturas de saneamento básico (abastecimento 
de água, coleta de esgoto, coleta de resíduos, drenagem); 
de iluminação e distribuição de energia; pontos de Wifi, 
rede de telefonia; paradas e rotas de transportes públicos; 
calçadas e arruamentos estruturados com sinalização 
viária; entre outras. 
• Identificação de áreas não cobertas pela provisão de 
infraestruturas.
• Parques, praças e equipamentos de lazer, esporte e cultura.
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA 
DE INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA
Quadro 8 – Caracterização das condições de infraestrutura social e urbana
Fonte: Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (no prelo, p. 78).
Caso queira se aprofundar mais no assunto, acesse 
a dissertação da Dra. Ana Gabriela Akaishi.
AKAISHI, A. G. Planejamento e Gestão 
habitacional em pequenos municípios brasileiros: 
O caso de Água Fria no semiárido baiano. 2013. 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do 
ABC, Santo André, 2013. 
Disponível em: http://lepur.com.br/
wp-content/uploads/2017/12/08-
Disserta%C3%A7%C3%A3o-Ana-Gabriela-
Akaishi.pdf
APROFUNDE-SE
http://lepur.com.br/wp-content/uploads/2017/12/08-Disserta%C3%A7%C3%A3o-Ana-Gabriela-Akaishi.pdf
http://lepur.com.br/wp-content/uploads/2017/12/08-Disserta%C3%A7%C3%A3o-Ana-Gabriela-Akaishi.pdf
http://lepur.com.br/wp-content/uploads/2017/12/08-Disserta%C3%A7%C3%A3o-Ana-Gabriela-Akaishi.pdf
http://lepur.com.br/wp-content/uploads/2017/12/08-Disserta%C3%A7%C3%A3o-Ana-Gabriela-Akaishi.pdf
42
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O objetivo da caracterização das condições de mobilidade é 
identificar quaisquer aspectos que favoreçam ou não os deslo-
camentos humanos. Inclui-se nessa problemática os aspectos 
da circulação (redes e hierarquia viária), qualidade do trans-
porte público e aspectos físicos que possibilitem a mobilidade 
ativa (calçadas, ciclovia, acessibilidade em espaços públicos 
urbanos). O Quadro 9 apresenta os principais aspectos abor-
dados nessa caracterização.
• Áreas servidas e não servidas por transporte público coletivo.
• Identificar e avaliar a situação do sistema viário. 
• Há hierarquia viária estabelecida? De que forma o sistema 
de mobilidade se relaciona ao uso e à ocupação do solo, às 
densidades construtiva e populacional e à concentração de 
empregos?
• Quais áreas são deficitárias em relação ao transporte público, isto 
é, têm poucas opções de acesso ou apresentam demanda maior 
do que a capacidade do sistema? Que projetos estão previstos 
para essas áreas e para o município?
• Em que condições estão as calçadas quanto à manutenção e 
à utilização de crianças, da população idosa e de pessoas com 
deficiência?
• Há ciclovias e conexões entre as áreas centrais e os bairros?
• Identificar modais de deslocamento em rios e mares (hidrovias), 
sobre trilhos (metroferrovias) e outros utilizados no dia a dia pela 
população segundo a Lei Federal 12.587/2012.
• De que forma os modais predominantes contribuem para o 
aumento da emissão de poluentes?
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA
DE CONDIÇÕES DE MOBILIDADE
Quadro 9 – Caracterização das condições de mobilidade
Fonte: Adaptado do Guia para Elaboração e Revisão de Planos 
Diretores (no prelo, p. 88).
43
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
• Áreas relevantes para o meio ambiente, serviços ecossistêmicos e regulação 
climática do município e da região: produção de água, regulação da temperatura, 
produção de alimentos etc. 
• Áreas de conflito para expansão urbana, dentro ou fora do perímetro urbano atual, 
considerando as condições e funções ambientais do território.
• Conflitos e/ou ameaças presentes nas atividades produtivas rurais, incluindo o uso 
de agrotóxicos e as estratégias de irrigação. Esses são fatores importantes a serem 
avaliados pela política de recursos hídricos para o município e região para regular 
adequadamente o uso do solo no futuro.
A caracterização das condições ambientais e dos serviços ecossistêmicos corresponde 
às funções que o meio ambiente ou o ambiente biofísico proporcionam à vida humana e 
animal. O reconhecimento dessas funções pode ajudar a proteger a biodiversidade e ga-
rantir a qualidade de vida das populações hoje e no futuro. Fazem parte dessa leitura os 
ecossistemas locais e as áreas protegidas do território municipal. Podem incluir direta-
mente os territórios naturais, mas também as áreas verdes urbanas. No Quadro 10 apre-
sentamos aspectos da leitura de condições ambientais e dos serviços ecossistêmicos.
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DA LEITURA DE CONDIÇÕES 
AMBIENTAIS E DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
Quadro 10 – Caracterização das condições ambientais e dos serviços ecossistêmicos
Fonte: Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (no prelo, p. 82).
Figuras 14a, 14b: À esquerda: ecossistemas locais popularmente chamados de Ressacas em Macapá (AP), em 
estado de conservação ambiental. À direita: assentamento urbano em palafitas em área de Ressaca de Macapá. 
Essas ocupações podem contribuir para a degradação ambiental dessas áreas, especialmente pela ausência de 
saneamento ambiental adequado. 
Fonte: Acervo do autor (2022), Id. (2014).
44
Planejamento: A dimensão territorial para o desenvolvimento urbano sustentável
O Quadro 11 resume as propostas de leitura do território municipal, apresentando cate-
gorias, aspectos ou critérios de análise e suas finalidades. Esses atributos de análise rea-
firmam possibilidades de leituras adequadas da diversidade municipal brasileira, como 
visto ao longo deste módulo. Eles permitem que se elabore depois propostas de desen-
volvimento urbano sustentável.
Os serviços ecossistêmicos são “[...] bens e serviços 
fornecidos pelo meio ambiente que beneficiam e mantêm o 
bem-estar das pessoas. Estes serviços vêm de ecossistemas naturais 
(por exemplo, as florestas tropicais) e modificados (por exemplo, paisagens 
agrícolas). Embora não haja um único método acordado para categorizar todos 
os serviços ecossistêmicos, destaca-se que eles podem variar por exemplo entre 
serviços ecossistêmicos de provisão (alimentos, plantas medicinais, madeira 
etc.), serviços ecossistêmicos de regulação do ambiente (por exemplo, regulação 
do clima, controle da erosão, controle biológico de pragas), e serviços 
ecossistêmicos culturais (como patrimônio cultural, beleza cênica e de 
conservação da paisagem, identidade espiritual e religiosa)” (GUIA 
DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DIRETORES, 
2022, p. 444).
VOCÊ SABIA ?
ATRIBUTOS DE ANÁLISE DA DIMENSÃO TERRITORIAL PARA 
O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL
Categorias 
de análise Aspectos ou critérios de análise Finalidades
Tipos de 
território
• Urbano
• Rural
• Periurbano
• Natural
Identificar tipos de uso, 
ocupação, condições 
ambientais e atividades 
econômicas dos municípios
Escalas 
de análise 
municipal e 
supramunicipal
• Porte populacional
• Extensão territorial
• Hierarquia urbana e Regiões de Influência 
das Cidades
Criar instrumentos de 
planejamento territorial que 
orientem a estruturação e 
ordenamento do território 
municipal e intermunicipal
Aspectos da 
caracterização 
para a leitura 
do território 
municipal
• Condições de inserção regional 
• Evolução da ocupação do território
• Caracterização da população
• Uso e ocupação do solo
• Condições de moradia
• Condições de infraestrutura social e urbana
• Condições de mobilidade
• Condições ambientais e de serviços 
ecossistêmicos
Construir modelos de 
análise da realidade 
municipal para escolher 
instrumentos de 
desenvolvimento urbano 
sustentável adequados
Quadro 11 – Atributos de análise da dimensão territorial para o planejamento do desenvolvimento urbano sustentável.
Fonte: Adaptadodo Guia de Elaboração e Revisão de Planos Diretores (2022).

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