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Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-65-5701-086-0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3ª edição 
Brasília 
2023 
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SOBRE O AUTOR 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA. Graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais. Especializações em Direito Internacional e Estudos Diplomáticos pelo Centro de Direito Internacional 
da Faculdade Milton Campos. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Doutorando em 
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª 
Região. 
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SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................6 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................7 
2. A CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DO CONCEITO DE HOMEM DE FÁBIO KONDER COMPARATO ...................................................7 
2.1. 1ª Fase: Período Axial ........................................................................................................................7 
2.2. 2ª Fase: Período Medieval .................................................................................................................8 
2.3. 3ª Fase: Ética Kantiana ......................................................................................................................8 
2.4. 4ª Fase: A descoberta do mundo dos valores .....................................................................................9 
2.5. 5ª Fase: O pensamento existencialista ...............................................................................................9 
3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS ...........................................................................................................................10 
4. DIREITOS HUMANOS E AS TEORIAS DO DIREITO ...................................................................................................17 
4.1. Jusnaturalismo ................................................................................................................................17 
4.2. Positivismo ......................................................................................................................................17 
4.3. Realismo ..........................................................................................................................................18 
4.4. Fundamentação moral.....................................................................................................................18 
5. ASPECTOS TERMINOLÓGICOS ..........................................................................................................................19 
5.1. Os “conceitos” de direitos humanos .................................................................................................19 
5.2. Direitos do homem ou direitos humanos ..........................................................................................19 
5.3. Liberdades públicas .........................................................................................................................19 
5.4. Direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos ..............................................................................20 
5.5. Direitos fundamentais e a distinção aos Direitos Humanos ..............................................................20 
6. DUPLA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS/FUNDAMENTAIS ..................................................................23 
7. DIMENSÕES DE ABERTURA .............................................................................................................................23 
8. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................................................................24 
8.1. Fundamentalidade ...........................................................................................................................25 
8.2. Abstração ........................................................................................................................................25 
8.3. Moralidade ......................................................................................................................................25 
8.4. Prioritariedade.................................................................................................................................25 
8.5. Inalienabilidade ...............................................................................................................................25 
8.6. Irrenunciabilidade e imprescritibilidade ...........................................................................................25 
8.7. Indivisibilidade .................................................................................................................................25 
8.8. Interdependência .............................................................................................................................26 
8.9. Historicidade ...................................................................................................................................26 
8.10. Aplicabilidade imediata .................................................................................................................26 
8.11. Vedação ao retrocesso ...................................................................................................................26 
8.12. Relatividade ...................................................................................................................................27 
8.13. Universalidade ...............................................................................................................................27 
9. A POLÊMICA SOBRE AS GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................................33 
9.1. Direitos “de primeira geração” ........................................................................................................34 
9.2. Direitos “de segunda geração” ........................................................................................................34 
9.3. Direitos “de terceira geração”..........................................................................................................34 
9.4. Direitos de outras gerações? ............................................................................................................34 
10. EFICÁCIA EXTERNA OU HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (DRITTWIRKUNG) ................................................36 
11. A TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINEK .....................................................................................................40 
12. DEVERES FUNDAMENTAIS ............................................................................................................................41 
13. LIMITES DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................................................41 
13.1. Âmbito de proteção .......................................................................................................................4113.2. Restringibilidade dos direitos .........................................................................................................42 
13.3. Limites dos limites dos direitos fundamentais e a garantia de seu núcleo essencial........................43 
13.4. Princípio da proporcionalidade ......................................................................................................44 
13.5. Limites à implementação dos direitos sociais: embate entre as teorias do mínimo existencial e do 
princípio da reserva do possível ............................................................................................................................46 
CAPÍTULO 2 – PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ..........................................................52 
1. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...........................................................................54 
2. O SISTEMA GLOBAL OU ONUSIANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................54 
2.1. História ............................................................................................................................................54 
2.2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos .................................................................................56 
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2.3. Os Pactos de Direitos Humanos de 1966 ..........................................................................................62 
3. OS SISTEMAS REGIONAIS INTERAMERICANOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ...................................................76 
3.1. Breve histórico .................................................................................................................................76 
3.2. A Carta da OEA (Carta de Bogotá) ...................................................................................................77 
3.3. Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem .................................................................79 
3.4. Convenção Americana de Direitos Humanos ....................................................................................81 
3.5. Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) ................................................................................99 
4. O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................................... 103 
5. O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS .............................................................................. 107 
6. OS DIREITOS HUMANOS NO MERCOSUL ........................................................................................................... 110 
6.1. Noções Gerais sobre o Mercosul .................................................................................................... 110 
6.2. O compromisso democrático dos Estados-membro do Mercosul .................................................... 112 
6.3. A proteção dos direitos humanos no Mercosul ............................................................................... 114 
7. PROCESSO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................... 115 
7.1. Conceito ........................................................................................................................................ 116 
7.2. Classificação dos mecanismos de apuração ................................................................................... 116 
7.3. Justiciabilidade .............................................................................................................................. 116 
7.4. Os Sistemas Interamericanos de Direitos Humanos ........................................................................ 117 
8. DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 .............................................................................................. 187 
8.1. O status formal dos tratados internacionais de direitos humanos .................................................. 187 
8.2. Procedimento de ratificação dos tratados internacionais de direitos humanos .............................. 188 
8.3. O incidente de deslocamento de competência ............................................................................... 191 
9. O COMBATE À TORTURA .............................................................................................................................. 194 
9.1. Introdução ..................................................................................................................................... 194 
9.2. Conceito de tortura ........................................................................................................................ 194 
9.3. Vedação absoluta .......................................................................................................................... 198 
9.4. Compromisso de tipificação penal.................................................................................................. 199 
9.5. Princípio do aut dedere, aut judicare ............................................................................................. 199 
9.6. Dever de reparação ....................................................................................................................... 201 
9.7. Compromisso de educação e treinamento ..................................................................................... 202 
9.8. Mecanismos de supervisão ............................................................................................................ 203 
9.9. Protocolo facultativo da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes .............................................................................................................................. 206 
10. O COMBATE À DISCRIMINAÇÃO ................................................................................................................... 213 
10.1. Normas de proteção às mulheres ................................................................................................. 214 
10.2. Normas de combate à discriminação racial .................................................................................. 234 
10.3. A proteção aos deficientes ........................................................................................................... 258 
GABARITO .................................................................................................................................................... 295 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................... 296 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 1 
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1. INTRODUÇÃO 
O estudo dos direitos humanos nunca foi tão necessário e atual. Sua reafirmação deve ser diuturna. 
Não há“jogo ganho”, não há posição consolidada. Passados 230 anos da Bill of Rights americana, de 1791, 
os direitos à vida, à liberdade, à autonomia individual, à saúde e ao meio ambiente, continuam sendo 
vilipendiados, menosprezados e diminuídos tanto por particulares como pelo próprio Estado. 
Talvez o estudo dos direitos humanos como eventos históricos, acabados, consolidados e, 
principalmente, descontextualizados seja um problema. Exorta-se a democracia ateniense, mas se esquece 
que sua aplicabilidade se restringiu aos cidadãos, maiores de 19 anos, com terras, excluindo-se os 
estrangeiros, mulheres e pobres. Festeja-se a Magna Charta Libertatum, de 1215, como um documento de 
limitação do poder arbitrário do Estado, mas se esquece que o documento era um contrato entre nobres e o 
rei, não se aplicando à maioria da população inglesa, formada por vassalos. 
Celebra-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, sem se dizer que, à época, 
sua leitura deveria ser literal, isto é, excluindo-se as mulheres. Olympe de Gouges, pseudônimo de Marie 
Gouze, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã foi, à época da Revolução Francesa, 
guilhotinada por defender o direito das mulheres. Por fim, grande parte da doutrina sequer menciona que, 
enquanto a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 foi aprovada pela Assembleia Geral da Organização 
das Nações Unidas (ONU), exortando, em seu Artigo 2º, a igualdade e universalidade dos direitos humanos, 
ainda haviam colônias em que seus habitantes tinham status jurídico distinto dos cidadãos das metrópoles. 
Em suma, não se está discutindo a importância histórica dos documentos e experiências 
mencionadas. O que se destaca é a necessidade de se entender que os direitos humanos/fundamentais, os 
quais representam demandas que remontam à antiguidade, ainda hoje não são plenamente aceitos e 
implementados. 
Tal “equívoco” é comum em concursos públicos, principalmente na fase objetiva, cobrando-se dos 
candidatos documentos históricos relacionados aos direitos humanos. Em fases posteriores, principalmente 
em concursos de magistratura e do ministério público, é possível a exigência de um pensamento crítico, 
motivo pelo qual essa premissa inicial se faz necessária. 
2. A CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DO CONCEITO DE HOMEM DE FÁBIO KONDER 
COMPARATO 
Fábio Konder Comparato, por sua obra “A afirmação histórica dos direitos humanos”, é o autor 
nacional de maior destaque que utiliza a abordagem histórico-evolutiva dos direitos humanos, e, por isso, 
será utilizada como base do presente tópico. 
Inicialmente, ele aponta a necessidade de entender a evolução do conceito de homem, para, 
posteriormente, compreender a ideia de direitos humanos. Para o autor, o conceito de homem pode ser 
compreendido através da história em cinco fases: 
• Período axialꓼ 
• Período medievalꓼ 
• A ética kantianaꓼ 
• Descoberta valorativaꓼ e 
• Período existencialista. 
2.1. 1ª Fase: Período Axial 
Trata-se do eixo histórico entre os séculos VII e II a. C., em que concomitantemente em diversas 
partes do mundo, coexistiram alguns dos maiores doutrinadores da História — Zaratustra, na Pérsia, Buda 
na Índia, Confúcio e Lao-Tsé na China, Pitágoras na Grécia e Isaías em Israel — que abandonaram as 
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PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
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explicações mitológicas do mundo e fixaram diretrizes fundamentais da vida, seguidas por muitos até hoje 
(COMPARATO, 2013, p. 21). 
As religiões deixaram, paulatinamente, de ter um caráter nacionalista. Portanto, no período axial, as 
ideias de humanidade e igualdade natural são concebidas de forma embrionária (CANOTILHO, 2003, p. 381). 
Isso porque, nessa época, a escravidão era considerada natural. 
Fabio Konder Comparato (2013, p. 30) destaca também que o surgimento da expressão “pessoa 
humana” fecha tal período. Ela surgiu na primeira discussão conceitual entre os doutores da Igreja Católica 
e não ocorreu a respeito do ser humano, mas, sim, sobre a identidade de Jesus Cristo. 
Em 325 d.C., no primeiro concílio ecumênico, em Niceia, os padres concluíram que Jesus não 
apresentava nem uma natureza exclusivamente divina e nem uma unicamente humana, mas, sim, uma 
natureza dupla: humana e divina, reunidas em uma única pessoa, ou seja, em uma só aparência. Daí a 
expressão “pessoa humana”. 
2.2. 2ª Fase: Período Medieval 
Boécio, no século VI, rediscutindo o dogma de Niceia, concluiu que uma pessoa é a substância 
individual da natureza racional. Portanto, a pessoa não é o exterior, a máscara, mas, sim, a substância. “A 
forma que molda a matéria e que dá ao ser de um determinado ente individual as características de 
permanência e invariabilidade” (COMPARATO, 2013, p. 32). 
São Tomás D’Aquino na Summa Theologiae, adotando a definição boeciana, conclui que o homem é 
composto de substância espiritual e corporal. Essa igualdade em essência da pessoa humana forma o 
chamado núcleo dos direitos humanos. 
Do fundamento de igualdade entre os homens, os canonistas medievais concluíram que existem 
direitos que são próprios ao homem, por sua própria natureza, e não por uma criação política. 
Com base nesse fundamento, esses pensadores passaram a defender que todas as leis contrárias ao 
direito natural não teriam força jurídica (vigência). 
2.3. 3ª Fase: Ética Kantiana 
Immanuel Kant defende que apenas o ser racional possui a faculdade de agir segundo a 
representação de leis ou princípios. Um ser racional é dotado de vontade, que é uma espécie de razão, 
chamada de razão prática. 
Quando um ser racional compreende algo como obrigatório para a vontade, ele representa tal ordem 
ou comando por meio de um imperativo, que para Kant pode ser de dois tipos: 
• Imperativo hipotético: representa a necessidade prática de uma ação possível. É considerado 
como meio de se conseguir algo. 
• Imperativo categórico: representa uma ação como sendo necessária em si mesma, sem relação 
com qualquer finalidade exterior a ela. 
Para Kant, coisas têm preço e, como tal, podem ser substituídas. Aquilo que não tem preço tem 
dignidade. O ser humano, por ser racional, é insubstituível, e, portanto, dotado de dignidade. 
Os seres dotados de razão são denominados pessoas e não podem servir como meio em função de 
seu livre arbítrio, são, portanto, um fim em si mesmo: 
No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um 
preço, pode-se por em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa 
está acima de todo o preço, e, portanto não permite equivalente, então tem ela dignidade. 
O que se relaciona com as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço venal; 
aquilo que, mesmo sem pressupor uma necessidade, é conforme a um certo gosto, isto é a 
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uma satisfação no jogo livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço 
de afeição ou de sentimento (Affektionspreis); aquilo porém que constitui a condição só 
graças à qual qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, não tem somente um valor 
relativo, isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é dignidade. 
Ora a moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional um fim em si mesmo, 
pois só por ela lhe é possível ser membro legislador no reino dos fins. Portanto a 
moralidade, e a humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm 
dignidade (KANT, 2007, p. 77). 
Para Fabio KonderComparato (2013, p. 37), a ideia de se tratar alguém como um fim em si mesmo 
implica em um dever negativo de não prejudicar ninguém, e, também, em um dever positivo para favorecer 
a felicidade alheia. Essa dupla concepção é essencial para a compreensão das dimensões positivas e 
negativas de todos os direitos fundamentais. 
2.4. 4ª Fase: A descoberta do mundo dos valores 
Para Nietzsche o bem e o mal não se encontram confinados a objetos ou ações exteriores à nossa 
personalidade, mas, sim, a uma avaliação (COMPARATO, 2013, p. 37). 
Trata-se de uma preferência que cada indivíduo tem sobre os bens da vida. As pré-compreensões 
dos seres humanos surgem de suas avaliações individuais dos bens da vida. 
O ser humano é, portanto, o único ser vivo que dirige sua vida em função de preferências valorativas. 
As pessoas, em função de valores éticos que apreciam, se submetem voluntariamente a essas normas 
valorativas, tornando-se “legisladores universais” (COMPARATO, 2013, p. 38). 
Com essa virada de compreensão, os direitos humanos passaram a corresponder a um conjunto de 
valores hierarquicamente superiores, prevalecentes no meio social (COMPARATO, 2013, p. 39). 
Porém, essa hierarquia social nem sempre é espelhada no ordenamento jurídico, gerando uma 
eterna tensão entre a consciência jurídica da coletividade e as normas positivadas pelo Estado. 
2.5. 5ª Fase: O pensamento existencialista 
Como última fase, dado conceito de pessoa, Fabio Konder Comparato (2013, p. 39) cita os 
ensinamentos existencialistas de Heidegger e Marx. 
A essência da personalidade humana não se confunde o papel desempenhado em sua vida. A pessoa 
não é personagem (COMPARATO, 2013, p. 39). A identidade de cada pessoa é inconfundível. 
Para Heidegger, ainda que seja possível morrer em lugar de outro, é impossível assumir a experiência 
existencial da morte alheia. 
Marx, por sua vez, ressaltava que o homem não é um ser abstrato, ancorado fora do mundo. O 
homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. 
Ambas as afirmações querem dizer que o homem tem como característica ser um ser-no-mundo. 
Apesar de dotado de razão, é após o nascimento, na sua interação social, que o homem se constrói. 
A característica de cada um é moldada por todo o peso do passado, mas não deixa de ser evolutivo. 
O ser humano é um contínuo devir. O ser humano evolui, mas está em eterna transformação. Ele tem como 
característica singular ser permanentemente inacabado (COMPARATO, 2013, p. 42). 
Portanto, surge a noção de historicidade dos direitos humanos. Eles estão sempre em evolução, 
porque o homem não é um ser finito. 
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3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS 
É possível aferir antecedentes dos direitos fundamentais próximos e remotos. Os remotos são 
aqueles previstos no período axial, como as leis atenienses e a própria Bíblia. 
A Magna Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, rigorosamente falando, é uma carta de 
franquia medieval do rei João Sem Terra aos barões ingleses. Contudo, em função de sua redação, a 
interpretação do texto passou a servir como base de diversos documentos posteriores. André Ramos Tavares 
(2017, p. 340) destaca que a redação inicial se referia a “qualquer barão”, mas essa expressão foi alterada 
para “qualquer homem livre”. Também na história inglesa outros documentos são importantes: 
• Petition Rights, de 1628; 
• Habeas corpus Act, de 1679; 
• Bill of Rights, de 1689. 
Nos Estados Unidos, após a declaração da independência das 13 Colônias, ficou decidido que os 
novos Estados deveriam adotar suas próprias constituições. O Estado da Virgínia apresentou uma Declaração 
de Direitos, na convenção de 12 de junho de 1776, sob a influência de James Madison. A Declaração de 
Direitos da Virgínia (Declaração do bom povo da Virgínia) adotou uma fundamentação jusnaturalista 
justificar os referidos direitos dizendo: 
Todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes e têm direitos 
inatos, os quais, entrando em sociedade, não podem, mediante convenção, privar ou 
espoliar a posteridade, a saber, o gozo da vida, da liberdade, mediante a aquisição e a posse 
da propriedade, e o direito de buscar e obter felicidade e segurança. 
A Constituição americana de 1787 não trouxe, em sua redação originária, uma declaração de 
direitos. Foram as 10 primeiras emendas constitucionais, de 1791, que acrescentaram o Bill of Rights ao 
documento. 
Na França, Gilbert du Motier, o marquês de La Fayette, propôs à Assembleia Nacional de 1789 a 
elaboração de uma Constituição para a França, bem como a de uma declaração de direitos. A Declaração da 
Virgínia foi a fonte inspiradora para o documento francês. André Ramos Tavares ressalta que a declaração 
francesa incorreu em um vício de linguagem ao utilizar um vocabulário descritivo, enquanto que, na verdade, 
ela teria natureza constitutiva de direitos. 
Georg Jellinek tem uma obra clássica que compara as duas declarações. Para o autor, o documento 
francês destaca intensamente a igualdade perante a lei; já o americano apenas menciona essa igualdade, em 
função de sua obviedade na experiência das colônias. A declaração francesa não teria trazido nenhuma 
novidade, deixando ainda de mencionar o direito de associação, de reunião, de liberdade de circulação e o 
direito de petição. Em relação à liberdade de expressão, a declaração francesa é tímida e não toca a liberdade 
religiosa, como a americana, mas, sim, a tolerância. Em comum, ambas declarações visam à definição de 
limites do poder do Estado. 
O segundo grande período histórico seria o da virada dos Estados do modelo liberal para o social. Ao 
final da Primeira Guerra Mundial, identificadas as falácias do modelo capitalista — em especial a ilusória 
“mão invisível” do mercado, que por si só, chegaria ao equilíbrio —, os Estados passam a ter uma postura 
ativa, intervindo na economia e prestando serviços públicos. 
A primeira constituição social foi a mexicana de 1917, mas a mais importante, sob esse aspecto, foi 
a Constituição de Weimar, de 1919. 
A Constituição de Weimar trazia um rol de direitos liberais como: 
• Igualdade perante a lei (art. 109); 
• Liberdade de locomoção (art. 111); 
• Direito das minorias linguísticas (art. 113); 
• Princípio da legalidade (art. 114); 
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• Inviolabilidade do domicílio (art. 115); 
• Irretroatividade da lei penal (art. 116); 
• Inviolabilidade da correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas (art. 117); 
• Liberdade de reunião (art. 123); 
• Liberdade de expressão (art. 118). 
Por outro lado, a “inovação” da Constituição de Weimar foi a previsão dos direitos sociais: 
• Proteção à família e à maternidade (art. 119); 
• Acesso gratuito à arte, à ciência e à educação (art. 142); 
• Prestação de educação pública para os jovens (art. 143); 
• Obrigatoriedade da educação básica (art. 145); 
• Direitos trabalhistas (arts. 157-165); 
• Direitos previdenciários (art. 161). 
Ademais, Luís Roberto Barroso (2020, p. 57) ensina que a Constituição Alemã de 1919 previa que a 
economia deveria ser “organizada sobre os princípios da justiça”, com o propósito de realizar a “dignidade 
para todos” (art. 151). Instituindo também a função social da propriedade, ao utilizar a expressão “a 
propriedade obriga” (art. 153). 
Em âmbito nacional, a Constituição de 1934 é considerada uma constituição social,influenciada 
diretamente pela Constituição de Weimar. 
Concomitante ao surgimento dos direitos sociais em âmbito nacional — ao final da Primeira Guerra 
Mundial, em âmbito internacional — fecha-se o que Fabio Konder Comparato (2013, p. 67) chama de 
primeira fase de internacionalização dos direitos humanos. 
Flávia Piovesan (2020, p. 203) explica que essa primeira fase do processo de internacionalização dos 
direitos humanos é composta pelos tratados de direito humanitário (Convenção de Genebra de 1864 à 
Convenção de Genebra de 1929) e pelo surgimento da Liga das Nações e da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT). Através desses marcos, o conceito de soberania estatal é redefinido, alçando-se o indivíduo 
ao status de sujeito do direito internacional. 
O direito humanitário tem por fim limitar a atuação estatal durante as guerras, observando direitos 
fundamentais dos militares postos fora de combate e das populações civis (PIOVESAN, 2020, p. 204). A Liga 
das Nações buscou a promoção da cooperação, da paz e da segurança entre os Estados, condenando a 
agressão interna e defendendo a integridade territorial e a independência de seus membros, contando ainda 
com previsões genéricas sobre direitos humanos (PIOVESAN, 2020, p. 205). Já a OIT foi criada para promoção 
de padrões internacionais mínimos de condições de trabalho e bem-estar (PIOVESAN, 2020, p. 205). 
Celso D. de Albuquerque Mello (2002, p. 907) inclui os tratados de proibição ao tráfico de escravos 
na primeira fase de internacionalização da proteção dos direitos humanos. O primeiro país a abolir o tráfico 
de escravos foi a Dinamarca, em 1792. Já em âmbito internacional, o tratado de Paris de 1814 é o marco 
inicial para o fim do tráfico de escravos, sendo sucedido pela declaração no Congresso de Viena de 1815 e 
pelo segundo Tratado de Paris, de 1815. A convenção de Saint-Germain de 1919 revogou os tratados 
anteriores, obrigando os Estados a pôr fim à escravidão e ao tráfico de escravos (MELLO, 2002, p. 908), sendo 
sucedida por um tratado firmado no seio da Liga das Nações em 1926. 
O final da Segunda Guerra Mundial gera efeitos na proteção dos direitos humanos, tanto do ponto 
de vista nacional quanto internacional. 
As constituições pós-guerra implementam o chamado Estado Democrático de Direito, em que 
consolidam as conquistas das constituições liberais e sociais, ao passo que buscam dar maior efetividade ao 
texto constitucional, reforçando o princípio da supremacia da Constituição em contraposição ao princípio 
da legalidade. Passa-se a dar maior ênfase à participação popular através de instrumentos diretos do 
exercício da democracia como plebiscitos, referendos e a iniciativa popular. Tanto a Lei Fundamental de 
Bonn, de 1949, e a Constituição brasileira de 1988 são exemplos dessa nova etapa do constitucionalismo. 
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Em âmbito internacional surge o moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos (PIOVESAN, 
2020, p. 210). A violação dos direitos humanos deixa de ser uma questão doméstica com o surgimento dos 
sistemas de proteção de âmbito global (ou onusiano) e os sistemas regionais de proteção dos direitos 
humanos. 
São criadas múltiplas fontes normativas e de sistemas de proteção dos direitos humanos, 
destacando-se, em âmbito global, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, o Pacto 
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais de 1966. Já de âmbito regional, temos os sistemas de proteção da Carta da Organização dos 
Estados Americanos (OEA) e da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), também conhecida 
como Pacto de San José da Costa Ricaꓼ os sistemas europeus de proteção dos direitos humanos (da Corte 
Europeia de Direitos Humanos e do Tribunal, de âmbito internacional, e do Tribunal de Justiça da União 
Europeia, de âmbito comunitário) ꓼ e o sistema africano pela Corte Africana dos Direitos Humanos e dos 
Povos. 
Por fim, no ano de 2002 entrou em vigor o Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional, 
o qual busca a proteção dos direitos humanos pelo combate à impunidade. 
Considerando esse cenário de coexistência normativa e de sistemas protetivos (complementares e 
subsidiários), vivenciamos atualmente uma verdadeira proteção multinível dos direitos humanos (URUEÑA, 
2014). 
QUESTÕES 
1. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia) Foi no período pós-Segunda Guerra Mundial 
que, pela primeira vez na história, foram positivados direitos humanos, em uma tentativa de 
reconstrução da sociedade marcada pelas atrocidades cometidas no regime nazista. 
 
2. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia) Ainda antes de Cristo, foram lançados os 
primeiros fundamentos intelectuais da igualdade essencial entre todos os homens e, por conseguinte, 
da afirmação da existência de direitos universais. 
 
3. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Todos os direitos humanos foram 
afirmados em um único momento histórico. 
 
4. (CESPE/CEBRASPE - 2012- PRF - SEDU-ES) Apesar de assegurar as liberdades individuais, a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão não foi, por si só, capaz de impedir o surgimento do processo 
revolucionário conhecido como Terror. 
 
5. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) As pessoas naturais que violam direitos 
humanos continuam a gozar da proteção prevista nas normas que dispõem sobre direitos humanos. 
 
6. (VUNESP - 2018 - MPE-SP - Analista Jurídico do Ministério Público) Em relação ao conceito, evolução 
histórica e dimensões dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta. 
a) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos direitos 
humanos de segunda geração ou dimensão. 
b) As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos fundamentais 
são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os direitos fundamentais 
podem ser relativizados no caso concreto. 
c) A expressão “direitos humanos” ou “direitos do homem” é reservada aos direitos relacionados com 
posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem 
numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são 
assegurados na medida em que cada Estado os consagra. 
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d) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um tratado 
internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da proteção da 
dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante. 
e) Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados à sociedade 
atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais diversos aspectos. 
 
7. (VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) No tocante à temática dos direitos humanos, 
considerando seu surgimento e sua evolução histórica, assinale a alternativa que contempla correta e 
cronologicamente seus marcos históricos fundamentais. 
a) O iluminismo, o constitucionalismo e o socialismo. 
b) O cristianismo, o socialismo e o constitucionalismo. 
c) A Magna Carta, a Constituição Alemã de Weimar e a Declaração de Independência dos Estados Unidos 
da América.d) A Magna Carta, a queda da Bastilha na França e a criação da Organização das Nações Unidas. 
e) O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. 
 
8. (FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) A formação do Estado Moderno está 
intimamente relacionada à intolerância religiosa, cultural, à negação da diversidade fora de 
determinados padrões e de determinados limites. Como a proteção dos direitos humanos está 
diretamente relacionada à atuação do poder dos Estados na ordem interna ou internacional, podemos 
concluir que: 
I. Ao lado do ideário iluminista da formação política do Estado, o discurso judaico-cristão criou o 
pano de fundo para controlar as esferas da vida das pessoas no campo jurídico. 
II. A uniformização de valores, normalmente estandardizados, como a democracia representativa, a 
ética e a moral, irá refletir nos fundamentos do direito moderno. 
III. O sistema jurídico e político europeu é o modelo civilizatório ideal e universal, visto ter surgido da 
falência do sistema feudal, que era descentralizado, multiético e multilinguístico. 
IV. O mundo uniforme e global de hoje insere-se no contexto de afirmação do Estado nacional que 
está condicionado, em sua existência, à intolerância com o diferente. 
Estão CORRETAS apenas as assertivas: 
a) I, II e III. 
b) I, II e IV. 
c) I, III e IV. 
d) II, III e IV. 
 
9. (FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Público) De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os 
direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção de quem tem direitos e do que 
são esses direitos muda constantemente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua 
(A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em 
relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere as 
assertivas abaixo. 
I. A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que todo poder político deve ser legalmente 
limitado. 
II. O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o habeas corpus e robusteceu a já 
conhecida garantia. 
III. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) percebe-se que a dignidade da pessoa 
humana exige a existência de condições políticas para sua efetivação. 
IV. O processo de universalização, sistematização e internacionalização da proteção dos direitos 
humanos intensificou-se após o término da 2ª Guerra Mundial. 
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14 
Está correto o que consta de: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, II e III, apenas. 
c) I, III e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) I e IV, apenas. 
 
10. (UECE-CEV - 2017 - SEAS – CE) Atente ao seguinte excerto: “O marco mais significativo da formação 
do Direito Internacional dos Direitos Humanos [...], a partir do qual o tema entrou definitivamente na 
agenda internacional e se tornou objeto de vasta regulamentação no Direito das Gentes e da atenção 
de vários foros internacionais e internos, bem como referência mínima, às quais deveriam se 
conformar todas as ordens jurídicas nacionais, e marco jurídico com pretensão de prevalência sobre 
valores tradicionais no Direito Internacional, como a soberania nacional, a não intervenção em 
assuntos internos e a vontade estatal”. O excerto acima se refere: 
a) à Segunda Guerra Mundial. 
b) à Revolução Francesa. 
c) à Revolução Industrial. 
d) ao Iluminismo. 
 
11. (UECE-CEV - 2017 - SEAS – CE) Atente ao seguinte enunciado: “[...] também guiada pelo ideário 
iluminista, veio a consagrar inúmeros direitos da pessoa, em documentos como a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as Constituições de 1791 e de 1793, que reconheceram 
expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao ser humano, bem como a necessidade de limitar 
os poderes estatais, de modo a que estes não interferissem na esfera de liberdade dos indivíduos”. No 
que diz respeito a direitos humanos, o enunciado acima faz referência ao legado resultante da: 
a) Revolução Inglesa. 
b) Revolução Francesa. 
c) Revolução Industrial. 
d) Primeira Guerra Mundial. 
 
12. (FEPESE - 2016 - SJC-SC) Analise o texto abaixo: “A internacionalização dos direitos humanos constitui, 
assim, movimento extremamente recente na história, que surgiu a partir do pós-guerra, como 
resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo. […] No momento em que os 
seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica da destruição, 
em que cruelmente se abole o valor da pessoa humana, torna-se necessária a reconstrução dos 
direitos humanos, como paradigma ético capaz de restaurar a lógica do razoável. […] Diante dessa 
ruptura, emerge a necessidade de reconstruir os direitos humanos, como referencial e paradigma 
ético que aproxime o direito da moral.” PIOVESAN, 2013, p. 190 O texto de Flávia Piovesan se refere 
ao processo de internacionalização dos direitos humanos no cenário global e sua reconstrução a partir 
do final da: 
a) Guerra Fria. 
b) Revolução Francesa. 
c) Revolução Americana. 
d) Primeira Guerra Mundial. 
e) Segunda Guerra Mundial. 
 
13. (FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) Com relação à origem histórica dos direitos humanos, um 
grande número de documentos e veículos normativos podem ser mencionados, dentre eles é correto 
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15 
afirmar que cada um dos documentos abaixo mencionados está relacionado com um direito humano 
específico, com EXCEÇÃO de: 
a) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos trabalhistas e 
previdenciários como direitos sociais. 
b) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação de poderes e o direito de petição. 
c) Convenção de Genebra, 1864, que teve relevante destaque no tratamento do direito humanitário. 
d) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido e mulher, equiparou os 
filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política social do Estado. 
e) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública, deu base à reforma agrária 
e protegeu o trabalhador assalariado. 
 
14. (MPT - 2015 - MPT - Procurador do Trabalho) Qual das seguintes cláusulas NÃO CONSTA da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 proclamada durante a Revolução Francesa: 
a) A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do 
homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
b) Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com 
as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens 
arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve 
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. 
c) Todos os homens em idade adulta e no pleno gozo de sua sanidade mental têm direito de votar e ser 
votado. 
d) A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. 
 
15. (MPT - 2015 - MPT - Procurador do Trabalho) Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, 
assinale a alternativa correta: 
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de direitos fundamentais inserido 
na Declaração de Independência proclamada por Thomas Jefferson em 1776,posteriormente 
incorporado aos Artigos da Confederação. 
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas originárias constantes da 
Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia em 1787. 
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 1791 na Constituição 
americana, sob a forma de emendas constitucionais. 
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos da América, mas sim uma 
interpretação extensiva da Declaração de Direitos da Virginia promovida pela jurisprudência da 
Suprema Corte americana. 
 
16. (VUNESP - 2014 - PC-SP) Abalados pela barbárie recente e com o intuito de construir um mundo sob 
novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-
guerra, lideradas por URSS e Estados Unidos, estabeleceram, em 1945, as bases de uma futura paz, 
definindo áreas de influência das potências e acertaram a criação de uma organização multilateral que 
promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras, promover a paz e a 
democracia, e fortalecer os direitos humanos. A fim de que houvesse esse fortalecimento dos direitos 
humanos, foi elaborado documento em 1948, pela Organização das Nações Unidas, denominado: 
a) Encíclica Rerum Novarum. 
b) Magna Carta. 
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
e) Declaração do Bom Povo da Virgínia. 
 
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17. (VUNESP - 2014 - PC-SP) Considerando a evolução histórica e cronológica dos direitos humanos em 
âmbito internacional, pode-se afirmar que existiram três marcos históricos fundamentais. São eles: 
a) o jusnaturalismo, a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da América e a independência 
do Brasil. 
b) a queda do Império Romano, a queda da Bastilha, na França, e a criação da Organização das Nações 
Unidas. 
c) o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial. 
d) o totalitarismo, a queda de Hitler e a Promulgação da Constituição Brasileira de 1988. 
e) a criação da Igreja Católica, o constitucionalismo e o fim da Primeira Guerra Mundial. 
 
18. (FCC - 2010 - AL-SP – Procurador) Considere: 
I. O primeiro reconhecimento normativo da igualdade essencial da condição humana remonta a 1776 e 
1789, com a proclamação das liberdades individuais e da igualdade perante a lei, nos Estados Unidos 
e na França revolucionária. 
II. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) marca outra fase de regulamentação dos direitos 
do homem, seguindo os moldes liberais clássicos de não intervenção. 
III. A Declaração de Viena (1993) consagra dois aspectos que caracterizam a concepção contemporânea 
de direitos humanos: o alcance universal desses direitos e a unidade indivisível e interdependente que 
assumem. 
Está correto o que se afirma em: 
a) I e II, apenas. 
b) I, II e III. 
c) I e III, apenas. 
d) II, apenas. 
e) II e III, apenas. 
 
19. (FUMARC - 2013 - TJM-MG - Oficial Judiciário) “Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, como o ideal comum a ser atingido 
por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, 
tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover 
o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto 
entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua 
jurisdição”. O documento de que trata a conceituação acima é a: 
a) Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
b) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
c) Constituição da República Federativa do Brasil (Preâmbulo). 
d) Convenção Interamericana de Direitos Humanos de São José da Costa Rica. 
 
20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Documento histórico relevante na evolução dos 
direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias, de sentido puramente local 
ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as primeiras fundações da civilização moderna, que 
considera que o rei se encontra vinculado pelas próprias leis que edita e que traz a essência do 
princípio do devido processo legal em seu texto. Tal descrição se refere à: 
a) Lei de Habeas corpus (ou Habeas corpus Act). 
b) Declaração de Direitos da Inglaterra (ou Bill of Rights). 
c) Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. 
d) Magna Carta (ou Magna Charta Libertatum). 
e) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
 
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21. (CESPE/CEBRASPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) A concepção contemporânea dos direitos 
humanos surgiu com o término da Primeira Grande Guerra Mundial. 
 
22. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) Dentre os documentos reconhecidos 
internacionalmente e que limitaram o poder do governante em relação aos direitos do homem, 
encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente que submetia o Rei a um corpo escrito de normas, 
procurava afastar a arbitrariedade na cobrança de impostos e implementava um julgamento justo aos 
homens. Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se: 
a) Talmude. 
b) Magna Carta da Inglaterra. 
c) Alcorão. 
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França. 
e) Bill of Rights. 
4. DIREITOS HUMANOS E AS TEORIAS DO DIREITO 
4.1. Jusnaturalismo 
• Clássico: compreende a existência de direitos objetivos anteriores à sua positivação pelo Estado. Os 
seres humanos são dotados de direitos outorgados por um ente superior a eles. São Tomas D’Aquino, 
por exemplo, desenvolveu sua teoria sobre a lex divina, lex natura e lex positivae. Há uma relação de 
hierarquia entre elas. As leis divinas são as criadas por Deus. As leis naturais são leis divinas 
compreendidas através da razão humana. Já as leis positivas são aquelas escritas pelos Estados. Uma 
lei positiva não poderia contrariar uma lei natural. 
• Moderno: defende a existência de direitos subjetivos naturais, decorrentes, por exemplo, da 
racionalidade humana. O ser humano seria titular de direitos por sua própria natureza. 
Para ambas as correntes há preceitos jurídicos, como os direitos humanos, que são anteriores e 
justificadores do Direito positivo (TAVARES, 2017, p. 345). 
O processo de positivação dos direitos humanos é a consagração normativa e algo previamente 
existente. O processo de positivação é declaratório. 
4.2. Positivismo 
A própria denominação “direitos naturais” é uma noção sem sentido para os positivistas. A 
designação natural implica em aceitação de algo que se sustenta por si só, independentemente de qualquer 
fórmula de positivação (TAVARES, 2017, p. 345). 
Para os positivistas a positivação de preceitos jurídicos tem natureza constitutiva. Os direitos só 
surgem quando são positivados e aceitos pelo Estado. No mais, o que há são expectativas de direitos. 
André Ramos Tavares (2017, p. 340), adotando uma posição positivista, aponta que, para se falar de 
direitos fundamentais, é necessária a reunião de três elementos: 
• Estado: sem o qual a proclamação de direitos não seria exigível; 
• Indivíduo: o detentor de tais direitos (ainda que reunido emuma coletividade). É também possível 
destinatário das limitações desses direitos; 
• Consagração escrita: texto com vigência territorial e superioridade aos demais atos normativos. 
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4.3. Realismo 
O processo de positivação não é nem declaratório, nem constitutivo. Ele é o ponto de partida para 
o desenvolvimento de técnicas de proteção dos direitos fundamentais (TAVARES, 2017, p. 346). 
Para essa corrente, as condições sociais determinam o sentido real dos direitos e liberdades, pois 
elas condicionam a salvaguarda e proteção desses direitos. Se um direito que se diz fundamental não pode 
ser invocado, justiciável ou protegido, ele não existe de fato. 
Dentre as teses realistas André de Ramos Tavares (2017, p. 346) cita a da proteção processual dos 
direitos fundamentais, em que “as liberdades públicas valem, na prática, o que valem sua garantia”. 
4.4. Fundamentação moral 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 31) aponta que os direitos humanos representam os valores 
essenciais de uma comunidade, retratados explicita ou implicitamente nas Constituições e nos tratados 
internacionais. 
Portanto, os direitos humanos não retiram sua validade da positivação estatal, mas dos valores 
morais da coletividade humana. Eles originam-se e antecedem à própria positivação, sem que se tenha uma 
preconcepção fechada, como no jusnaturalismo, considerando que os valores de uma comunidade são 
cambiáveis e históricos: 
Assim, as normas de conduta são originadas de reflexões morais contidas nos princípios de 
qualquer ordenamento jurídico. Os direitos morais são mais do que exigências éticas 
oriundas do jusnaturalismo. São títulos, na acepção de pretensão, que permitem exercer 
direitos (RAMOS, 2016, p. 58). 
QUESTÃO 
23. (FUNDEP - 2019 - DPE-MG - Defensor Público, adaptada) Para a Escola Positivista, os Direitos 
Humanos justificam-se graças a sua validade formal, tendo como fundamento a existência da lei 
positiva, cujo pressuposto de validade se encontra em sua edição, conforme as regras estabelecidas 
na Constituição. 
 
24. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Os direitos humanos constituem matéria 
cuja tutela não se reserva unicamente ao âmbito doméstico dos Estados nacionais, mas também ocupa 
lugar na agenda da comunidade internacional. Sobre a teoria contemporânea dos direitos humanos, 
assinale a alternativa correta. 
a) Os Direitos Humanos de defesa relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa solicitar uma conduta 
ativa do Estado a fim de promover seus direitos fundamentais. 
b) Pode-se afirmar que a concepção contemporânea de Direitos Humanos é marcada pela universalidade 
e pela divisibilidade desses direitos. 
c) Pode ser conferida interpretação aos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) de 
forma que o exercício de um direito ali previsto anule ou restrinja o exercício de outro, destruindo 
esse último direito. 
d) Positivistas como Hans Kelsen e Alf Ross afirmam que os direitos humanos são direitos inatos à pessoa, 
que decorrem da sua própria condição de ser humano. 
e) A partir de um resgate da visão kantiana, a única condição exigida para que alguém seja titular de 
Direitos Humanos é sua condição de ser humano. 
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5. ASPECTOS TERMINOLÓGICOS 
5.1. Os “conceitos” de direitos humanos 
Antonio Enrique Pérez Luño (2005, p. 23) afirma que o questionamento sobre o conceito de direitos 
humanos parece ser uma questão supérflua, pois o próprio termo evidencia a atribuição de direitos a cada 
ser humano. Porém, quando se indaga qual o alcance da expressão, na outorga de direitos para cada pessoa, 
ou qual o conjunto de atribuições derivadas desses direitos, o que, vê são divergências profundas e respostas 
contraditórias. 
Para o autor, a multiplicidade dos usos do termo “direito humanos”, ou de termos correlatos, como 
“direitos dos homens”, por diversos setores da sociedade, e com pontos de vistas políticos distintos, acaba 
não apenas por alargar seu significado, como também torná-lo impreciso (LUÑO, 2005, p. 24). Norberto 
Bobbio (2004, p. 17) destaca que a imprecisão do alcance terminológico do termo “direitos humanos” é 
refletida na doutrina, sendo possível distinguir três tipos de definições: 
1. Tautológicas: que não trazem nenhum elemento que permita caracterizar tais direitos (RAMOS, 
2016, p. 30). Um exemplo desse tipo de conceituação é: “direitos do homem são os que cabem 
ao homem enquanto homem” (BOBBIO, 2004, p. 17). 
2. Formais: não especificam o conteúdo dos direitos humanos, limitando-se a indicar algo sobre seu 
regime jurídico ou pressuposto (LUÑO, 2005, p. 24). Exemplo: “direitos humanos são aqueles 
pertencentes a todos os homens, em virtude de seu regime indisponível e sui generis” (RAMOS, 
2016, p. 30). 
3. Finalísticas ou teleológicas: utilizam o objetivo ou fim, para definir os direitos humanos, 
suscetíveis de diversas interpretações (LUÑO, 2005, p. 24), “estabelecendo os direitos humanos 
como aqueles essenciais para o desenvolvimento digno da pessoa humana” (RAMOS, 2016, p. 31). 
Além da inconsistência conceitual, a doutrina trava uma interminável e, porque não dizer, infrutífera 
batalha sobre a terminologia a ser adotada: direitos do homem, direitos humanos, liberdades públicas, 
direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos ou direitos fundamentais. 
5.2. Direitos do homem ou direitos humanos 
Atribui-se a Thomas Paine, em 1791, na obra The Rights of Man, a difusão do termo direito do 
homem, criado pelo escocês Thomas Spence na obra The Real Rights of Man, de 1775 (TAVARES, 2017, p. 
350). 
A ideia básica das expressões direitos humanos, ou direitos do homem, é a compreensão 
jusnaturalista de que o ser humano, pelo fato de existir, é dotado de um conjunto de direitos. 
Essas expressões são criticadas seja pelo teor jusnaturalista, seja porque não há direitos que não 
sejam do homem ou humanos (TAVARES, 2017, p. 348). 
Por outro lado, para seus defensores, a expressão “direitos humanos” representa uma inversão da 
figura deôntica (TAVARES, 2017, p. 351). A partir deles houve uma passagem de dever do súdito perante o 
Estado para uma posição de direito do cidadão oponível ao soberano (LAFER, 1995, p. 140). 
Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 22) faz ainda uma distinção entre as expressões direitos 
do homem e direitos humanos. Os primeiros não estariam positivados em textos constitucionais ou tratados 
internacionais. Já os segundos, inscritos em tratados internacionais. 
5.3. Liberdades públicas 
O termo “liberdade pública” aparece, no singular ou no plural, nas Constituições francesas de 1814 
e 1852. 
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Fabio Konder Comparato (2013, p. 75) aponta que, a partir do final do século XVIII e sob a influência 
de Benjamin Constant em sua obra “Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos”, a doutrina 
distinguiu os termos liberdades públicas — empregando-o com um sentido político de autogoverno — e 
liberdades privadas, como instrumentos de defesa do cidadão contra as ingerências estatais.Assim, o termo direitos do homem tem natureza estritamente jusnaturalista, enquanto que o termo 
“liberdades públicas” tem conotação positivista, em que compete ao legislador reconhecer o direito no plano 
positivo aos cidadãos (GUERRA, 2020, p. 51). 
Ademais, como aponta André de Ramos Tavares (2017, p. 351), a principal crítica refere-se à 
imprecisão terminológica, pelo fato de que o termo da ideia de um rol de liberdades que se contrapõe às 
liberdades privadas. Ele ainda gera a ideia de um poder de agir, deixando de lado a possibilidade de exigência 
de uma atuação por parte do Estado ou de terceiros. 
Há autores, como Manoel Gonçalves Ferreira, que identificam as liberdades públicas com os direitos 
individuais. 
5.4. Direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos 
André Ramos Tavares (2017, p. 353) explica que há quem entenda que a expressão “direitos 
subjetivos” é ligada a todos os atributos da personalidade, sendo os direitos humanos uma subespécie. Há 
ainda aqueles que ligam a expressão direitos subjetivos por um lado estritamente jurídico, no sentido de 
prerrogativa estabelecida em conformidade com determinadas regras. 
Nesse caso, a impropriedade é a possibilidade de desaparecimento dos direitos humanos, em 
função da transferência ou da prescrição. 
Por fim, o termo “direitos públicos subjetivos” carrega consigo uma concepção individualista própria 
de um Estado liberal, e, por isso, não abarca todo o universo dos direitos humanos existentes. 
5.5. Direitos fundamentais e a distinção aos Direitos Humanos 
Para José Afonso da Silva (2010, p. 163), o termo “direitos fundamentais” é justificado, pois se refere 
a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia de cada ordenamento jurídico. 
André Ramos Tavares (2017, p. 354), por sua vez, ressalta que o termo também se aproxima da noção de 
direitos naturais, no sentido de que a natureza humana seria a portadora de certos direitos fundamentais. 
Ingo Sarlet (2020, p. 315), por sua parte, aponta que o termo “direitos fundamentais” aplica-se aos 
direitos reconhecidos na esfera do direito constitucional positivo de um Estado. Tratam-se dos direitos tidos 
como mais importantes em uma comunidade, e que serão inscritos nas constituições como fundamentos do 
Estado. Já o termo “direitos humanos” é utilizado em documentos de Direito Internacional, pois se refere 
às posições jurídicas reconhecidas ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com 
determinada ordem constitucional (SARLET, p. 2020, p. 315). 
Essa distinção formal foi adotada pela Constituição de 1988, em sua redação originária; enquanto o 
art. 4º, II, referente aos princípios das relações internacionais, menciona o termo “direitos humanos”, e os 
demais dispositivos constitucionais não. O Título II e o art. 5º, §1º utilizam o termo “direitos e garantias 
fundamentais”. O art. 5º, LXXI, o termo “direitos e liberdades constitucionais” e o art. 60, §4º, IV, a expressão 
“direitos e garantias individuais”. 
Após a Emenda Constitucional nº 45/2004, essa distinção foi mantida, ainda que de forma um pouco 
mais tênue. Afinal, a redação do art. 5º, §3º utiliza a terminologia “tratado internacional de direitos 
humanos”, mas o art. 109, V-A utiliza o termo “direitos humanos”, fazendo remissão ao art. 109, §5º, que, 
por sua vez, refere-se à “finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte”. 
Dessa distinção meramente formal pode-se chegar às seguintes conclusões: 
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• Direitos fundamentais e direitos humanos têm o mesmo fundamento material (a dignidade 
humana); 
• É possível o reconhecimento de direitos fundamentais, em uma ordem constitucional, que ainda 
não tenham sido positivados em um documento internacional, assim como um direito positivado 
em um tratado internacional que não tenha correlação em uma ordem constitucional. 
Porém, considerando que tanto os tratados internacionais (a exemplo do artigo 29 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos), quanto as constituições modernas (vide CF/88, art. 5º, §2º) têm cláusulas 
de abertura ou comunicabilidade, com o intuito de abarcar a maior proteção ao ser humano. Para fins 
didáticos, não seria equivocado reputar como sinônimos os termos direitos humanos e direitos 
fundamentais. Essa posição foi adotada pela própria Corte Interamericana de Direitos Humanos, na opinião 
consultiva nº 16: 
76. Por outro lado, o México não solicita ao Tribunal que interprete se o objeto principal da 
Convenção de Viena sobre Relações Consulares é a proteção dos direitos humanos, mas se 
uma norma desta Convenção diz respeito a esta proteção, ou adquire relevância à luz da 
jurisprudência consultiva deste Tribunal, que interpretou que um tratado pode dizer 
respeito à proteção dos direitos humanos, com independência de qual seja seu objeto 
principal. Portanto, ainda quando são exatas algumas apreciações apresentadas ao Tribunal 
sobre o objeto principal da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, no sentido de 
que esta é um tratado destinado a “estabelecer um equilíbrio entre os Estados”, isto não 
obriga a descartar, de plano, que este Tratado possa dizer respeito à proteção dos direitos 
fundamentais da pessoa no continente americano (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS, 1999). 
ATENÇÃO! 
Não obstante a predileção em tratar os termos direitos humanos e direitos fundamentais como 
sinônimos, em provas de concurso, principalmente na fase objetiva, é comum a cobrança da distinção 
formal entre os termos. Portanto, para fins de prova, deve-se considerar o termo direitos humanos para 
a positivação de direitos em tratados internacionais e o termo direitos fundamentais para a positivação 
de direitos nas constituições. 
QUESTÕES 
25. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto) Os direitos humanos são todos 
os direitos previstos em legislação nacional ou acordos e tratados internacionais que dizem respeito à 
proteção da pessoa, ao passo que os direitos fundamentais são aqueles que têm como fundamento a 
dignidade da pessoa humana, estejam ou não positivados. 
 
26. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Os direitos humanos são os direitos básicos 
essenciais à vida. 
 
27. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - CGE - CE – Auditor) A respeito dos marcos históricos, fundamentos e 
princípios dos direitos humanos, assinale a opção correta. 
a) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são indistinguíveis; por 
isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico. 
b) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo ordenamento 
jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988. 
c) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos cidadãos se 
esgota no direito de votar e de ser votado. 
d) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é fundamento dos 
direitos humanos. 
e) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução Francesa 
permanecem os mesmos ainda na atualidade. 
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28. (MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Conceitualmente, os direitos humanos são os direitos 
protegidospela ordem internacional contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa 
cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por sua vez, os direitos fundamentais são afetos à 
proteção interna dos direitos dos cidadãos, os quais encontram-se positivados nos textos 
constitucionais contemporâneos. 
 
29. (ESAF - 2012 - CGU - Analista) Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Homem não 
possuem o mesmo significado. Assim, a primeira nomenclatura surgida foi a dos Direitos 
Fundamentais, a qual remonta a época do jusnaturalismo. 
 
30. (Prefeitura de Campinas - SP - 2016 - Prefeitura de Campinas) A diferença entre direitos humanos e 
direitos de cidadania é que os 
a) direitos de cidadania são sinônimos dos direitos humanos não havendo, portanto, diferenças entre 
eles. 
b) direitos humanos são restritos e os direitos de cidadania são amplos envolvendo todos que convivem 
num mesmo território. 
c) direitos humanos são direitos assegurados aos cidadãos quando estão fora de seu país, enquanto os 
direitos de cidadania são garantidos dentro do território de nacionalidade de cada indivíduo. 
d) direitos humanos pertencem a todos os sujeitos, são universais e naturais, enquanto os direitos de 
cidadania são próprios aos naturais de um país. 
e) direitos humanos estão garantidos na Constituição Federal, enquanto os direitos de cidadania constam 
das Constituições dos Estados e das Leis Orgânicas dos Municípios. 
 
31. (MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto) Em relação aos direitos humanos, é correto 
afirmar: 
a) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais. 
b) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito 
internacional. 
c) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais. 
d) São aqueles protegidos pela ordem internacional. 
e) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados. 
 
32. (FCC - 2019 - AFAP - Analista de Fomento – Advogado) Considere o seguinte excerto da obra 
doutrinária ao final identificada: 
“Outra característica associada aos direitos fundamentais diz com o fato de estarem consagrados 
em preceitos da ordem jurídica. Essa característica serve de traço divisor entre as expressões direitos 
fundamentais e direitos humanos. 
A expressão “direitos humanos”, ou direitos do homem, é reservada para aquelas reivindicações 
de perene respeito a certas posições essenciais ao homem. São direitos postulados em bases 
jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem como característica básica a positivação numa 
ordem jurídica particular. 
A expressão “direitos humanos”, ainda, e até por conta da sua vocação universalista, 
supranacional, é empregada para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em 
documentos de direito internacional. 
Já a locução “direitos fundamentais” é reservada aos direitos relacionados com posições básicas 
das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem numa ordem 
jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na 
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medida em que cada Estado os consagra.” (MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de Direito Constitucional, 13.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 147) 
Com base no texto transcrito, 
a) não há como distinguir doutrinariamente as expressões direitos fundamentais e direitos humanos, 
dada a vocação universalista da proteção da pessoa humana, reconhecida nos documentos do direito 
internacional. 
b) a expressão “direitos humanos” possui natureza universalista, oriunda de uma concepção filosófica 
derivada do Direito Natural. 
c) a expressão “direitos humanos” diz respeito ao direito positivado por cada Estado soberano e, por 
essa razão, se afasta das concepções jusnaturalistas. 
d) a expressão “direitos humanos”, dado o caráter nacional da positivação jurídica, não constitui objeto 
do Direito Internacional Público. 
e) por se tratar de concepção filosófica jusnaturalista, não limitada ao tempo e ao espaço, os direitos 
fundamentais não possuem conteúdo jurídico. 
6. DUPLA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS/FUNDAMENTAIS 
André de Tavares Ramos (2020, p. 31) aponta que, em virtude de sua importância, os direitos 
fundamentais têm uma proteção especial nos ordenamentos dos Estados. 
Aquilo que os justifica como fundamentais são suas circunstâncias de fundamentalidade, que são, 
simultaneamente formal e material. 
A fundamentalidade formal está ligada ao direito constitucional ou internacional positivo, pois 
relaciona-se com os seguintes elementos: 
• Do ponto de vista interno, sendo parte integrante de Constituição, os direitos fundamentais são 
hierarquicamente superiores às normas infraconstitucionais; 
• Considerando o disposto no art. 60, §4º da Constituição de 1988, os direitos fundamentais são 
cláusulas pétreas, e, como tal, limitam o exercício do poder constituinte derivado; 
• Ainda em âmbito constitucional brasileiro, o art. 5º, §1º impõe aplicabilidade direta e imediata 
dos direitos fundamentais, de modo que sua oponibilidade independe de complementação 
infraconstitucional; 
• Em âmbito internacional, as normas de proteção dos direitos humanos são inseridas como 
normas de jus cogens (MIRANDA, 2009, p. 123) e, como tal, não podem ser derrogadas pela 
vontade dos Estados. 
A fundamentalidade material diz respeito ao conteúdo dos direitos, à posição de decisão política 
fundamental da sociedade, que os eleva ao status de normas estruturantes do Estado. 
Por isso, é possível haver um direito fundamental em um determinado Estado e não em outro, pois 
a experiência constitucional de ambos é distinta. Aquilo que é fundamental para um nem sempre será para 
outro Estado. 
7. DIMENSÕES DE ABERTURA 
André Ramos Tavares (2017, p. 364) afirma que não há um rol fechado (numerus clausus) nas 
constituições, motivo pelo qual sua proteção é dinâmica, flexível ou móvel. 
Busca-se evitar o engessamento ou a petrificação dos direitos fundamentais. 
No âmbito da proteção dos direitos humanos, adota-se, portanto, o princípio da não tipicidade 
(TAVARES, 2017, p. 365), que pode ser ilustrado pelo art. 5, §2º da Constituição de 1988: 
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Art. 5º (...) 
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
Em âmbito internacional, os tratados de direitos humanos também trazem cláusulas de 
comunicabilidade, possibilitando a melhor proteção possível aos direitos fundamentais, a exemplo do artigo 
29 da Convenção Americana dos Direitos Humanos: 
Artigo 29. Normas de Interpretação 
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de: 
a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos 
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a 
nela prevista; 
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos 
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção 
em que seja parte um dos referidos Estados; 
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentesao ser humano ou que decorrem da 
forma democrática representativa de governo; e 
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza. 
Além da abertura expressa, André de Ramos Tavares (2017, p. 365) aponta ainda que a abertura dos 
direitos fundamentais fornece ao legislado e ao juiz no caso concreto a atividade criativa na ampliação e 
aplicação dos direitos fundamentais. 
QUESTÕES 
33. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto) Assinale a alternativa correta: 
a) A natureza fundamental dos direitos, no sistema constitucional brasileiro, decorre exclusivamente do 
conteúdo dos direitos, ou seja, da circunstância de consubstanciarem decisões fundamentais sobre a 
estrutura do Estado e da sociedade. 
b) O sistema constitucional brasileiro alberga direitos fundamentais não expressos no texto 
constitucional, mas que sejam decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição 
Federal. 
c) A natureza fundamental dos direitos, no sistema constitucional brasileiro, decorre, exclusivamente, da 
opção constituinte de elencá-los como tal em um catálogo de direitos fundamentais. 
d) Outros direitos fundamentais não previstos pelo Constituinte originário podem ser incorporados ao 
sistema constitucional brasileiro, por meio de tratados internacionais, ratificados pelo Brasil, os quais, 
independentemente da forma da incorporação, terão hierarquia normativa equivalente a emenda 
constitucional. 
8. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
Não existe consenso na doutrina quanto às principais características dos direitos humanos. 
José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior (2012) elenca 16 características dos direitos fundamentais: 
universalidade, indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, imprescritibilidade, 
inalienabilidade, irrenunciabilidade, historicidade, vedação ao retrocesso, efetividade, limitabilidade, 
inviolabilidade, complementaridade, concorrência, aplicabilidade imediata e constitucionalização. 
Já Robert Alexy (2014, ebook, p. 146) aponta cinco características: universalidade, 
fundamentalidade, abstração, moralidade e prioritariedade. André de Carvalho Ramos (2016, p. 190) 
adiciona características formais, como a superioridade normativa no plano internacional, tratando-os como 
normas de jus cogens. 
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8.1. Fundamentalidade 
Para Robert Alexy (2014, ebook, p. 146), os direitos humanos são fundamentais na medida em que 
não protegem todas as fontes e condições do bem-estar, mas apenas os interesses e necessidades 
fundamentais. 
8.2. Abstração 
Tratam-se de direitos abstratos, pois sua significação, no caso concreto, pode ocorrer após uma 
longa disputa, apesar de todos sermos detentores de um direito (ALEXY, 2014, ebook, p. 147). 
8.3. Moralidade 
Os direitos humanos detêm validade apenas moral. Portanto, para o Alexy (2014, ebook, p. 147), a 
validade dos direitos humanos é sua existência. 
Assim sendo, a validade dos direitos humanos independe de sua positivação, conquanto essa possa 
servir para melhor garanti-los institucionalmente. 
8.4. Prioritariedade 
Robert Alexy (2014, ebook, p. 147) aponta que os direitos humanos são prioritários, pois, enquanto 
direitos morais, não podem ter sua força invalidada por normas jurídico-positivas, sendo também um padrão 
de interpretação das normas positivadas. 
8.5. Inalienabilidade 
Para Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 28) os direitos humanos não podem ser cedidos 
ou transferidos, onerosa ou gratuitamente por seus titulares, sendo inegociáveis. 
ATENÇÃO! 
Há de se distinguir a inalienabilidade da titularidade dos direitos humanos dos eventuais efeitos 
patrimoniais advindos desses direitos. Exemplo: a autoria da música Twist and Shout sempre será de Phil 
Medley e Bert Russell, ainda que a sua terceira versão, gravada pelos Beatles, seja a mais famosa. O direito 
autoral dos compositores, bem como a versão dos Beatles, não se confunde com a possibilidade de 
comercialização do produto (letra ou música). 
8.6. Irrenunciabilidade e imprescritibilidade 
Ainda que voluntariamente, o sujeito não pode renunciar de seus direitos humanos. A autorização 
do titular não justifica ou convalida eventual violação ao seu conteúdo (MAZZUOLI, 2020, ebook, p. 28). 
Ademais, os direitos humanos não serão extintos por seu desuso (ROTHENBURG, 2000). 
8.7. Indivisibilidade 
Cada direito “constitui uma unidade incindível em seu conteúdo elementar, bem como sob o ângulo 
dos diversos direitos fundamentais reconhecidos” (ROTHENBURG, 2000). 
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8.8. Interdependência 
Antônio Augusto Cançado Trindade (1997), explica que todos os direitos humanos são situados em 
um mesmo nível, sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou culturais, tendo em vista sua 
interdependência. Trata-se, portanto, de uma característica derivada da indivisibilidade de tais direitos. 
8.9. Historicidade 
Norberto Bobbio (2004, p. 13) ensina que o elenco dos direitos humanos se modifica com as 
alterações das condições históricas, das carências e dos interesses das classes do poder, e, também, dos 
meios disponíveis para sua realização e das transformações técnicas. 
Logo, aquilo que era considerado fundamental em uma época ou civilização não é em outra época 
ou cultura. 
Para Arthur Kaufmann, a historicidade dos direitos humanos não significa apenas que eles estejam 
presentes de fato no tempo e na história, mas significa bem mais: que eles têm história e que sua definição 
se dá ao longo do tempo e da história, configurando, pois, um “fator de ordenação objetiva e não arbitrária 
para a configuração do Direito” (KAUFMANN, 1998). 
8.10. Aplicabilidade imediata 
Em âmbito interno, não há dúvidas acerca da aplicabilidade direta e imediata dos direitos 
fundamentais, tendo em vista o disposto no art. 5º, §1º da Constituição. Ingo Sarlet (2020, p. 626) destaca 
que os direitos sociais também têm aplicabilidade direta, ainda que seu alcance deva ser avaliado em seu 
contexto próprio e em harmonia com outros direitos sociais. 
Portanto, ainda que a concretização dos direitos sociais dependa de atividade ulterior, normalmente 
legislativa, isso não quer dizer que essa concretização discricionária. 
André de Carvalho Ramos (2016, p. 265), a seu turno, aponta que as normas internacionais devem 
ser avaliadas conforme a intenção das partes (mens legislatoris), podendo elas serem autoaplicáveis (self-
executing) e não-autoaplicáveis (not-self executing). 
Em relação à Convenção Americana de Direitos Humanos, a própria Corte Interamericana de Direitos 
Humanos (Corte IDH), na Opinião Consultiva nº 7/86, estabeleceu que o tratado é autoaplicável. 
8.11. Vedação ao retrocesso 
Aos Estados é vedado o retrocesso na proteção dos direitos humanos. Portanto, a proteção estatal 
deve ser sempre evolutiva. A essa característica chama-se, ainda, proibição de regresso, não retorno ou 
efeito cliquet (MAZZUOLI, 2020, ebook, p. 28). 
André de Carvalho Ramos (2017, p. 290) aponta que o princípio da vedação ao retrocesso decorre do 
conceito de progressividade, extraído do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
Promulgação, bem como o Protocolo de San Salvador: 
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
Artigo2º 
1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço 
próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos 
econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, 
progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos 
reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas. 
 
Protocolo de San Salvador 
Artigo 1. Obrigação de Adotar Medidas 
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Os Estados-Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos comprometem-se a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem interna como 
por meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até o 
máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim 
de conseguir, progressivamente e de acordo com a legislação interna, a plena efetividade 
dos direitos reconhecidos neste Protocolo. 
8.12. Relatividade 
Não existem direitos humanos absolutos. André Ramos Tavares (2017, p. 390) ressalta que as 
limitações dos direitos humanos se dão porque: 
• Eles não podem servir de escudo para a prática de atividades ilícitas; 
• Não servem para respaldar irresponsabilidade civil; 
• Não podem anular os demais direitos igualmente consagrados; 
• Não podem anular igual direito das demais pessoas. 
Essa característica, também denominada de “cedência recíproca” ou “princípio da convivência das 
liberdades” (TAVARES, 2017, p. 390), será desenvolvida melhor no tópico dos limites dos direitos humanos. 
8.13. Universalidade 
Das características dos direitos humanos, a que mais gera polêmica é a que está relacionada à sua 
universalidade. 
Arthur Kaufmann (1998, p. 13) afirma que o princípio da universalidade, cuja formulação atual tem 
origem em R. M. Hare, é um princípio formal e sem conteúdo. Trata-se de uma condição transcendental que 
possibilita uma argumentação racional tratada na fórmula: “todo ser humano, enquanto humano, é portador 
ou possuidor de direitos humanos”. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, por exemplo, 
parte de considerações desse tipo: 
Artigo I. Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São 
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. 
André de Carvalho Ramos (2016, p. 190), discorrendo sobre o tema, ressalta que o desafio do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos é tentar ser universal na diversidade, equalizando decisões nacionais 
com os conteúdos assegurados pelas normas internacionais. 
A pergunta que se faz é: considerando os diversos modelos de Estados, seria possível justificar a 
pretensa universalidade dos direitos humanos ou essa é uma forma de imposição cultural do ocidente às 
demais partes do globo? 
Antonio Cassese (2013, p. 60) traz um rol de divergências à pretensa universalidade dos direitos 
humanos sendo elas de natureza filosófica, culturais e religiosas. Já André de Carvalho Ramos (2016, p. 209), 
adiciona ainda divergências relacionadas ao argumento da falta de adesão dos Estados, argumentos 
geopolíticos e ao argumento desenvolvimentista. 
Como argumentos filosóficos, são de natureza relativista e comunitarista. Quanto aos argumentos 
relativistas, André de Carvalho Ramos sintetiza suas divergências nos seguintes termos: 
[...] Na visão de DONOHO os defensores do relativismo adotam três preposições: 1) que é 
possível empiricamente observar divergências nos julgamentos morais entre as mais 
diversas sociedades devido às diferenças culturais, políticas e sociais; 2) que tais 
divergências não possuem sentido ou validade fora de seu contexto social particular; 3) que 
não há julgamentos morais justificáveis fora de contextos culturais específicos. (RAMOS, 
2016, p. 209) 
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Já Leilane Serratine Grubba (2015, p. 38) vê na categoria dos direitos humanos “o resultado dos 
processos oriundos do marco de relações sociais ocidentais e hegemonicamente impostas pelos 
desdobramentos do modo de relação baseado no capital”. Joaquin Herrera Flores (2009, p. 108), por sua vez, 
afirma que os direitos humanos são produtos culturais que instituem condições de implementação de um 
sentido político forte. Eles não são neutros, pois dependem do contexto em que surgiram e da finalidade 
pela qual foram produzidos (GRUBBA, 2015, p. 38). André de Carvalho Ramos cita ainda Raimundo Panikkar, 
o qual argumenta “que o conceito de direitos humanos é fundado na visão antropocêntrica do mundo, 
desvinculada da visão cosmoteológica que ainda predomina em algumas culturas, o que contraria a sua 
alegada universalidade” (RAMOS, 2016, p. 216). 
Antonio Cassese traz um exemplo relacionado à divergência filosófica da universalidade dos direitos 
humanos. Trata-se da visão jusnaturalista dos direitos humanos. Para ele, os direitos humanos seriam inatos 
à qualidade da pessoa humana e, por isso, precederiam qualquer estrutura estatal, devendo ser respeitada 
pelos governos. Logo, um Estado que viole, com suas leis ou ações, um direito humano poderá ser 
legitimamente demandado por um indivíduo. 
Por outro lado, países como a China, em que os direitos humanos existem apenas na sociedade e no 
Estado — e apenas na medida em que estes os reconheçam —, eles não preexistem ao Estado, mas, sim, são 
de acordo com ele. Dessa forma, caberia ao Estado limitá-los quando entender necessário (CASSESE, 2005, 
p. 62). 
Outro argumento trazido por André de Carvalho Ramos é o da falta de adesão dos Estados, haja vista 
que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando de sua aprovação na Assembleia Geral da ONU, 
não contou com votos de oito países (que se abstiveram na votação): Bielorrússia, Tchecoslováquia, Polônia, 
União Soviética, Ucrânia, Iugoslávia, Arábia Saudita e África do Sul (RAMOS, 2016, p. 217). A essas abstenções 
soma-se o fato de que diversas potências ainda possuíam colônias e dominavam territórios na Ásia e África. 
Logo, a declaração seria fruto de uma visão imperialista e eurocêntrica. 
Um terceiro argumento contrário à universalização seria o geopolítico. O discurso dos direitos 
humanos serve como elemento de política de relações exteriores em alguns Estados (sobretudo os 
ocidentais), que não corresponde às ações desses mesmos Estados em sua política interna (RAMOS, 2016, p. 
218). Portanto, trata-se de uma “cortina de fumaça” para encobrir interesses políticos e econômicos. Um 
exemplo disso é a utilização do argumento de violações aos direitos humanos, empregado pelos Estados 
Unidos, para dar início à II Guerra do Golfo, contrapondo-se às violações causadas pelos agentes desse país 
na base naval de Guantánamo. 
Outra versão de uma argumentação geopolítica dos direitos humanos trazida por André de Carvalho 
Ramos (2016, p. 218) refere-se à incoerência entre a defesa, por alguns Estados, de uma universalização 
desses direitos no plano externo, mas com uma margem de discricionariedade de sua aplicação no âmbito 
interno. Isso ocorre, por exemplo, com posições presentes no Sistema Europeu de Direitos Humanos, com a 
teoria da margem de apreciação nacional. 
Há, ainda, o argumento cultural. A pretensão de universalidade é contraposta às diferenças culturais, 
especialmente na relação homem/comunidade, nas culturas ocidental enas demais culturas (africanas, 
asiáticas e dos povos tradicionais). André de Carvalho Ramos (2016, p. 219) aponta, por exemplo, que, na 
maioria das comunidades africanas, os direitos da comunidade precedem os direitos individuais, sendo as 
decisões tomadas por consenso do grupo. Antonio Cassese vai além, ressaltando que, nas comunidades 
tribais, “o indivíduo se realiza na comunidade” (CASSESE, 2005, p. 64). Ademais, surge a contraposição entre 
a propriedade privada e as chamadas propriedades comunais. 
Relacionado ao tema, Antonio Cassese cita, também como exemplo, o modelo de sociedade budista, 
concebido com a figura de um leader (o antigo imperador) que, como um pai de família, tem todos os 
poderes, autoridade e cuidado do pater familias. Assim, a liberdade não seria a garantia de um espaço de 
ação sem a invasão, mas a afirmação, tanto quanto possível, do agir do indivíduo com a de seu leader, ao 
qual o indivíduo deve obediência (CASSESE, 2005, p. 63). 
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O autor relata, ainda, distinções análogas advindas de outras culturas e religiões. Em comunidades 
confucionistas, o núcleo central da sociedade é a família, e, dentro dessa estrutura social, o papel 
fundamental é desenvolvido pelo chefe de família, devendo os outros membros do grupo respeitá-lo de 
forma incondicional. Essa visão patriarcal é ampliada ao Estado de modo que o imperador é visto como um 
chefe de família de deferência absoluta (CASSESE, 2005, p. 64). Ainda em relação às questões religiosas, o 
autor aponta também os conflitos ideológicos da relação homem/mulher nas culturas ocidentais e nos 
Estados islâmicos, que adotam a sharia como lei. 
Outra objeção cultural, além daquela baseada na dicotomia indivíduo-comunidade, 
relaciona-se a específicos direitos que refletiriam um viés cultural ocidental e muitas vezes 
apenas de algumas de suas regiões. Lindgren Alves, embaixador brasileiro com ativa 
participação na Conferência Mundial de Viena, relatou que algumas delegações de Estados 
afirmaram em plenário e nas suas discussões de trabalho que a Conferência “correspondia 
a uma tentativa de imposição de valores ocidentais sobre o resto do mundo” (RAMOS, 2016, 
p. 220). 
André de Carvalho Ramos (2012, p. 99) evidencia, também, argumentos desenvolvimentistas 
contrários à pretensa universalidade dos direitos humanos. O núcleo dessas teses seria a de que os direitos 
humanos exigem um estágio de desenvolvimento superior para sua proteção e implementação. Ou seja, 
busca-se justificar o descumprimento de normas de direitos humanos sob a alegação de falta de recursos 
econômicos. No Brasil, por exemplo, é correlata a essa argumentação a teoria da reserva do possível, 
utilizada amplamente pelo Estado para justificar falhas na implementação de direitos econômicos e sociais. 
As críticas feitas à pretensão universalista dos direitos humanos têm também forte contra-
argumentos. 
Quanto às objeções filosóficas, André de Carvalho Ramos (2016, p. 222) aponta que existem 
conceitos como o de justiça, Direito, legitimidade, dignidade humana ou participação comunitária, que são 
encontrados em qualquer sociedade. 
Para o autor, não se deve confundir a origem europeia e antropocêntrica das primeiras cartas 
relacionadas aos direitos humanos com uma generalização de um pseudocaráter ocidental desses direitos. 
Ainda sobre o aspecto cultural de relativização da pretensão de universalidade dos direitos humanos, 
o autor defende que ela só poderia ser aceita como cláusula de salvaguarda àqueles que desejarem exercer 
os direitos de escolha, mas não como pressuposto de coação para que outros se submetam a 
comportamentos sob o argumento de força ser uma “prática tradicional” (RAMOS, 2016, p. 223). 
Em sentido análogo, Antonio Cassese (2005, p. 70) defende, como forma de representação de uma 
universalidade que se compatibiliza com a sociedade plural moderna, a teoria do “consenso da vítima”, em 
que um ativista de direitos humanos jamais poderia atuar sem que estivesse em jogo a vida humana ou um 
dano grave ou irreparável. Portanto, “antes de proteger um indivíduo de uma violação, o ativista dos direitos 
humanos deveria pelo menos estar de acordo com a vítima, que ela está sofrendo uma violação” (CASSESE, 
2005, p. 71). Hipóteses de aplicação dessa teoria seriam, por exemplo, a transfusão de sangue em 
Testemunhas de Jeová, ou a aquiescência de uma potencial vítima de mutilação genitália em tribos africanas. 
Em relação aos argumentos geopolíticos, André de Carvalho Ramos ressalta que sua aplicação pode 
ser feita a qualquer tema do Direito Internacional. Portanto, a crítica não deve cair no direito internacional 
dos direitos humanos, mas nas características da própria sociedade internacional, pois é ela a produtora, 
destinatária e aplicadora das normas do direito internacional público (RAMOS, 2016, p. 224). 
Em relação ao argumento desenvolvimentista, André de Carvalho Ramos destaca que o que é 
buscado, na verdade, é postergar o gozo dos direitos humanos em função de uma lógica da “razão do Estado” 
(RAMOS, 2016, p. 225). O exemplo brasileiro pode ser aqui destacado, tendo em vista que, mesmo passando 
por uma crise econômica, o país está entre os 10 maiores Produtos Interno Brutos (PIBs) mundiais, superando 
países como Canadá, Austrália, Suécia e Finlândia; e, em contrapartida, ocupa o 84º lugar no ranking de 
desenvolvimento humano, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD) de 2020, atrás de países como o Irã (70º), Uruguai (55º) e Turquia (54º). 
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Contudo, considerando as dificuldades de compatibilização entre a pretensão de universalidade e o 
pluralismo cultural, Antonio Cassese elenca duas tendências que buscam temperar e suavizar as divisões 
ideológicas e políticas dos Estados: uma de unificação de alguns problemas cruciais; e outra de 
“regionalização” e “setorização” dos direitos humanos, isto é, “sua especificação em problemas individuais 
ou em categorias singulares de pessoas” (CASSESE, 2005, p. 71). 
A primeira tendência busca elencar um núcleo restrito de valores e critérios universalmente aceitos 
por todos os Estados, como a vedação ao genocídio, a autodeterminação dos povos e a vedação à 
discriminação racial (CASSESE, 2005, p. 72). Jack Donnelly, por exemplo, defende um “universalismo relativo” 
por meio de um “consenso sobreposto” baseado nos seguintes critérios: 
1) Diferenças importantes em tratados são como justificação de variações até mesmo em 
um nível conceitual. Embora ainda que haja uma forte justificação teórica para desvios 
substancial das normas internacionais de direitos humanos, tais argumentos raramente são 
de persuasão empírica no mundo contemporâneo. (Povos indígenas talvez sejam a exceção 
que comprova a regra). 
2) Participantes do consenso sobreposto merecem uma audiência simpática quando estão 
presentes sérias razões argumentativas que justifiquem desvios limitados das normas 
internacionais. Desacordo sobre “detalhes” devem ser abordados de forma distinta de 
desvios sistemáticos ou ataques abrangentes. Se a consequência aos direitos humanos 
consistir em uma estrutura que abranja os valores da Declaração Universal, nós deveríamos 
tolerar relativamente os desvios particulares. 
3) Argumentos que apontam para que uma concepção particular ou implementação é, por 
razões culturaisou históricas, profundamente incrustados de um significado extremamente 
importante, devem ser considerados de forma simpática. Ainda que nós possamos 
desvalorizar a diversidade, as escolhas autônomas de pessoas livres não podem ser 
diminuídas, especialmente quando refletem as práticas já estabelecidas ou crenças 
profundas. 
4) Tolerância a divergências diminui no mesmo nível que a coerção cresce. (DONNELLY, 
2007, p. 301). 
Flávia Piovesan, por sua vez, afirma ser necessária a abertura do diálogo entre culturas, para que, 
com base em um reconhecimento recíproco, seja possível a celebração de uma cultura dos direitos humanos, 
inspirada em um mínimo ético irredutível, alcançado por meio de um “universalismo de confluência” 
(PIOVESAN, 2018, p. 250), em que o foco não será mais o choque entre civilizações, mas o diálogo entre elas. 
A outra tendência descrita por Antonio Cassese é a regionalização e a setorização dos direitos 
humanos. Com a regionalização, eventuais conceitos passam a ser admitidos e utilizados de forma represada 
para que, em um segundo momento, possam ser expandidos, contribuindo com a universalidade dos direitos 
humanos: 
Foi constatado ao contrário, como a elaboração de tratados e mecanismos de controle 
regional tenha dado uma boa prova, demonstrando que “regionalização” não significa 
fragmentação dos direitos humano e criação de compartimentos fechados: ao contrário, 
pode-se notar uma certa tendência à “recuperação” de conceitos e interpretações, de um 
âmbito regional ao outro. Em breve, qualquer quadro regional (e sobretudo, não por acaso, 
o europeu) mostra uma considerável força de expansão, que pode contribuir à marcha para 
a universalização. (CASSESE, 2005, p.73) 
A “setorização” dos direitos humanos, por outro lado, refere-se à adoção de tratados internacionais 
para problemas singulares, como o trabalho escravo, genocídio, vedação à tortura, ou discriminação racial, 
ou a um grupo específico de indivíduos, como portadores de deficiência, mulheres, apátridas ou refugiados. 
Nesse caso, a criação de redes normativas específicas acaba por fomentar o caminho de um tratamento 
universal. 
Diante dos argumentos expostos, conclui-se, aderindo aos ensinamentos de Antonio Cassese, que a 
universalidade ainda é uma meta (não muito) distante, mas será alcançável através de um percurso tortuoso 
e difícil (CASSESE, 2005, p. 74). Esse caminho é percorrido pelos sujeitos do Direito Internacional que, através 
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do diálogo, buscarão um consenso sobre um mínimo de preceitos comuns considerados essenciais à 
dignidade humana. 
QUESTÕES 
34. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Os direitos humanos são classificados como 
universais porque mudam ao longo do tempo em diferentes países. 
 
35. (FCC - 2021 - DPE-BA – Defensor Público) Com base no Direito Internacional dos Direitos Humanos, os 
direitos humanos são 
a) regidos pela proibição do retrocesso (“efeito cliquet”) porque é vedado que se diminua ou amesquinhe 
a proteção que já alcançaram. 
b) irrenunciáveis porque não se perdem com a passagem do tempo. 
c) universais porque são atribuídos a todos os seres humanos, com exceção dos apátridas. 
d) exauríveis, o que significa que o rol de direitos positivados é taxativo, podendo ser ampliado somente 
por meio de novos tratados internacionais. 
e) imprescritíveis porque não é possível atribuir-lhes uma dimensão pecuniária para fins comerciais. 
 
36. (UEG - 2013 - PC-GO - Agente de Polícia Civil) Os direitos fundamentais aplicam-se a todos os 
indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-
filosófica. Tal afirmação versa sobre a relação entre Direitos Humanos e Estado, consolidando o 
Princípio da 
a) Razoabilidade 
b) Universalidade 
c) Imprescritibilidade 
d) Proporcionalidade 
 
37. (FUNDEP - 2019 - DPE-MG - Defensor Público, adaptada) A liberdade em consentir desautoriza a 
alegação de ofensa aos Direitos Humanos. Ou seja, estes não limitam a autonomia privada, 
principalmente em face dos reflexos da igualdade formal das partes. 
 
38. (MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto, adaptada) Os direitos humanos caracterizam-se pela 
existência da proibição de retrocesso, também chamada de “efeito cliquet”. 
 
39. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Consultor Legislativo) Uma vez estabelecidos, 
os Direitos Humanos não podem ser retirados do ordenamento, em razão do princípio da 
a) inter-relacionaridade. 
b) indisponibilidade. 
c) inerência. 
d) vedação do retrocesso. 
e) inesgotabilidade. 
 
40. (IADES - 2017 - PC-DF - Perito Criminal) Em relação aos Direitos Humanos, é correto afirmar que 
a) os aspectos históricos e culturais não influenciam na sua aplicação e conceituação, uma vez que toda 
e qualquer ofensa aos Direitos Humanos é recebida com igual repúdio e entendimento em qualquer 
povo, cultura e época. 
b) os Direitos Humanos são simples leis, sempre internas a uma nação, que visam a assegurar a soberania 
desse mesmo país e a manutenção de seu povo. 
c) práticas que ofenderiam a dignidade da pessoa humana, em determinada época e lugar, se aplicadas 
noutra localidade e em momento distinto, podem ser consideradas completamente normais. 
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d) não possuem qualquer relação com a dignidade da pessoa humana; são institutos paralelos que 
possuem objetivos distintos. 
e) são princípios internacionais que determinam, de forma absoluta e taxativa, quais práticas passam a 
ser consideradas agressões à dignidade da pessoa humana. 
 
41. (CESPE / CEBRASPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Considerando a teoria geral dos direitos 
humanos, assinale a opção correta. 
a) Consoante a teoria da margem de apreciação, nenhuma norma de direitos humanos pode ser invocada 
para limitar o exercício de qualquer direito. 
b) A característica da indivisibilidade dos direitos humanos decorre da constatação de que a condição de 
pessoa é o único requisito para a sua titularidade de direitos e das necessidades humanas universais. 
c) A superioridade das normas de direitos humanos caracteriza-se pela aferição de idoneidade, 
necessidade e equilíbrio da intervenção do Estado em determinado direito fundamental. 
d) O princípio da proibição do retrocesso social é uma cláusula de defesa do cidadão em face de possíveis 
arbítrios impostos pelo legislador no sentido de desconstituir as normas de direitos fundamentais. 
e) Com a inclusão dos direitos sociais no rol dos direitos do homem, antes composto apenas de direitos 
de liberdade, os direitos do homem passaram a constituir uma categoria homogênea. 
 
42. (IADES - 2019 - PC-DF - Perito Criminal) São características dos Direitos humanos 
a) universalidade, indivisibilidade, renunciabilidade, historicidade, aplicabilidade imediata e caráter 
declaratório. 
b) universalidade, proibição de retrocesso, disponibilidade individual, historicidade, caráter meramente 
declaratório e imprescritibilidade. 
c) universalidade, irrenunciabilidade, imprescritibilidade, indivisibilidade, proibição de retrocesso, 
aplicabilidade imediata e caráter declaratório. 
d) universalidade, interdependência, não complementariedade, alienabilidade, renunciabilidade, 
imprescritibilidade e proibição de retrocesso. 
e) universalidade, irrenunciabilidade, prescritibilidade, indivisibilidade,proibição de retrocesso, 
aplicabilidade imediata e caráter declaratório. 
 
43. (CESPE / CEBRASPE - 2015 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Os direitos humanos têm eficácia 
imediata, mas sua aplicabilidade depende de leis que os regulamentem e tornem possível sua 
exigibilidade. 
 
44. (FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) A Constituição da República de 1988 
cuidou expressamente dos direitos humanos, enumerando-os no Título que trata dos direitos e 
garantias fundamentais. Existem, entretanto, outros direitos humanos não enumerados no texto, mas 
cuja proteção a própria Constituição assegura, PORQUE: 
a) decorrem do regime e dos princípios adotados pela própria Constituição. 
b) o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional. 
c) são criados pelo Poder Judiciário, após o trânsito em julgado das decisões. 
d) surgem de necessidades que não foram previstas pelo legislador constituinte. 
 
45. (FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) É correto afirmar sobre direitos humanos: 
a) São direitos limitados a determinadas pessoas e grupos sociais. 
b) Tratam-se de direitos divisíveis a parcela a sociedade, como forma de autoproteção social. 
c) A sua natureza indivisível, inalienável e irrenunciável permite, a qualquer tempo, que o seu 
beneficiário o renuncie quando violado. 
d) De alcance geral, devem ser aplicados de forma igual e sem discriminação. 
e) Somente poderão ser invocados para tutelar direitos quando houver ameaça a minorias étnicas. 
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46. (ESAF - 2012 - CGU – Analista) “Os direitos humanos podem ser exercidos simultaneamente e 
encontram limites nos outros direitos igualmente consagrados na Constituição. Assim, pode ocorrer 
um conflito entre direitos e nesse caso é preciso uma solução coerente que harmonize ambos os 
direitos.” Esse conceito representa a seguinte característica dos Direitos Humanos: 
a) Limitabilidade. 
b) Complementaridade. 
c) Relatividade. 
d) Interrelação. 
e) Indisponibilidade. 
9. A POLÊMICA SOBRE AS GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
Em 1979, o professor Karel Vasak proferiu uma palestra no Curso do Instituto Internacional dos 
Direitos do Homem, em Estrasburgo, distinguindo os direitos humanos em três gerações, relacionando-os 
aos ideais da revolução francesa. 
Antônio Augusto Cançado Trindade, durante uma palestra que proferiu em Brasília, em 25 de maio 
de 2000, comentou que perguntou pessoalmente a Karel Vasak por que ele teria desenvolvido aquela teoria. 
A resposta do jurista tcheco foi bastante curiosa: "Ah, eu não tinha tempo de preparar uma 
exposição, então me ocorreu de fazer alguma reflexão, e eu me lembrei da bandeira francesa" (CANÇADO 
TRINDADE, 1999). A relação entre as gerações e os ideários revolucionaram se deu da seguinte forma: 
• 1ª geração: direitos de liberdade. Tratam-se dos direitos civis e políticos; 
• 2ª geração: direitos de igualdade. São os direitos sociais, econômicos e culturais; 
• 3ª geração: direitos de fraternidade ou solidariedade. Seriam os direitos transindividuais, 
difusos e coletivos. 
Essa separação geracional dos direitos foi difundida por Norberto Bobbio, no livro “A Era dos 
Direitos”. 
A principal crítica feita por Antônio Augusto Cançado Trindade (2000) é a de que não houve, por 
parte de Vazak, qualquer critério jurídico ou histórico que pudesse fundamentar essa teoria. 
Critica-se também o termo gerações, pois o reconhecimento de novos direitos fundamentais tem um 
caráter de processo cumulativo, complementar, e não de alternância ou de substituição entre gerações. Por 
esse motivo, há quem prefira o termo dimensões dos direitos fundamentais. 
Do ponto de vista histórico, essa divisão também se mostra problemática, já que alguns direitos de 
2ª geração, no plano internacional, foram positivados, antes ou concomitantemente, a direitos de 1ª geração. 
Em âmbito nacional, a Constituição brasileira de 1824 já previa direitos de natureza social como garantia dos 
socorros públicos e o direito à instrução primária gratuita. 
Contudo, há quem utilize essa classificação apontando apenas o critério histórico constitucional, 
ainda que algumas constituições, até hoje, não prevejam muitos direitos sociais e econômicos. Há autores 
que defendem, por esse critério, direitos de até 6ª geração. 
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9.1. Direitos “de primeira geração” 
André Ramos Tavares (2017, p. 357) aponta que o primeiro direito fundamental positivado foi o de 
proteção contra a prisão arbitrária (habeas corpus), promulgado pelo juiz Eduard Coke na fórmula: “Nenhum 
homem pode ser levado, preso, penhorado ou encarcerado senão pelo devido processo legal e de acordo 
com a lei deste país” (tradução nossa)1. 
Interessante destacar que, da fórmula apresentada, é possível extrair também o direito ao devido 
processo legal. 
De qualquer forma, os chamados direitos fundamentais de primeira geração têm em comum 
florescerem no pensamento liberal-burguês. Eles têm natureza eminentemente de defesa do indivíduo 
contra o Estado, correspondendo, portanto, aos chamados direitos civis e políticos, abarcando: 
• Direito à vida; 
• Direito à liberdade; 
• Direito à propriedade; 
• Direito à liberdade de expressão; 
• Direito de participação popular. 
9.2. Direitos “de segunda geração” 
Se os direitos individuais civis e políticos relacionam-se com o Estado Liberal, os chamados direitos 
sociais, econômicos e culturais são fruto do Estado Social. Com as mazelas do capitalismo recém-surgido, 
doutrinadores apontaram a desigualdade entre os homens e o aspecto meramente formal da liberdade e da 
igualdade. São identificáveis, na Constituição de 1988, em seu art. 6º: 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o 
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, 
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 90, de 2015). 
9.3. Direitos “de terceira geração” 
Os direitos fundamentais de fraternidade ou solidariedade têm como diferencial o desprendimento 
de sua titularidade do homem-indivíduo (SARLET, 2020, p. 325). 
Eles são destinados, portanto, à proteção de grupos humanos, tendo por característica a sua 
titularidade transindividual (difusa ou coletiva). Dentre esses direitos, podem ser citados o direito ao meio 
ambiente e o direito do consumidor. 
Há quem insira nessa categoria as posições jurídicas decorrentes das novas tecnologias, como os 
direitos reprodutivos e o direito da identidade genética ou de acesso à internet. Ingo Sarlet (2020, p. 326) 
aponta que essa inclusão acaba por retirar a característica fundamental da metaindividualidade desses 
direitos e, por isso, seria inoportuna. 
9.4. Direitos de outras gerações? 
Não bastasse o próprio critério geracional ser bastante criticado, há autores que ampliam o número 
de gerações, defendendo até direitos de sexta geração. 
 
1 “No man can be taken, arrested, attached, or imprisoned but by due process of law and according to the law of the land”, no 
original. 
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35 
Paulo Bonavides posicionava-se pela existência de direitos de quarta geração, decorrentes da 
democracia, pluralismo e informação, ancorando-se na ideia de globalização política. 
Já para Ingo Sarlet (2020, p. 327), a proposta de Bonavides apresenta a vantagem de reconhecer 
direitos qualitativamente diversos das gerações anteriores, mas que, em sua maior parte, têm natureza de 
direitos de liberdade: direitos contra a manipulação genética, de informática, de mudança de sexo etc. 
Contudo, a crítica feita pelo autor é que esse reconhecimento está longe de ser espelhado na positivação 
interna, principalmente em âmbito constitucional. Há instrumentos esporádicos, como o processo decisório 
nos Conselhos Tutelares ou a previsão de orçamento participativo, mas que estão longe de se alçar esse 
status pretendido (SARLET, 2020, p. 328). 
Paulo Bonavides defende, ainda, o direito à paz como direito de quinta geração. Contudo, esse 
direito pode ser abarcado como direito de terceira geração (SARLET, 2020, p. 328). 
José Alcebíades de Oliveira e Antônio Wolkmer apontam como critério classificatório da 5ª geração, 
os direitos vinculados à tecnologia, informação e ciberespaço. Já Zulmar Fachin e Deise Marcelino da Silva 
defendem o direito à água potável, cada vez mais rara, como um direito fundamental de 6ª geração. 
Sobre essas classificações, correta a ponderação de Ingo Sarlet (2020, p. 329) que, a rigor, esses 
direitos podem ser reconduzidos às três primeiras gerações de direitos fundamentais. 
QUESTÕES 
47. (CESPE / CEBRASPE - 2014 - PC-DF - Agente de Polícia) De acordo com a teoria das gerações de direitos, 
a primeira geração dos direitos humanos refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda está 
relacionada aos direitos econômicos, sociais e culturais; e a terceira tem como referência os direitos à 
paz, ao desenvolvimento e a um meio ambiente sustentável. 
 
48. (FEPESE - 2019 - SAP-SC - Agente Penitenciário) A teoria das gerações ou dimensões dos direitos 
humanos expõe perspectivas desses direitos em que se incluem em cada geração ou dimensão 
determinados direitos e princípios. Conforme essa divisão clássica da doutrina, é correto afirmar: 
a) os direitos de segunda geração ou dimensão se referem aos direitos civis e políticos, compreendendo 
os direitos de liberdade, englobando as liberdades clássicas, negativas ou formais. 
b) os direitos de quinta geração ou dimensão consistem na possibilidade de participação na formação da 
vontade do Estado, retratando os direitos à democracia e à informação. 
c) os direitos de quarta geração ou dimensão se caracterizam por condensar os direitos e liberdades civis, 
políticas, econômicas, sociais e culturais. 
d) os direitos de terceira geração ou dimensão consubstanciam como titulares a coletividade, 
consagrando o princípio da solidariedade e incluindo direitos como o da paz, ao desenvolvimento, ao 
meio ambiente equilibrado. 
e) os direitos de primeira geração ou dimensão são aqueles relativos aos direitos econômicos, sociais e 
culturais, em que se acentua o princípio da igualdade. 
 
49. (VUNESP - 2019 - Câmara de Monte Alto - SP - Procurador Jurídico) A doutrina, ao tratar dos Direitos 
Humanos de primeira geração/dimensão, estabelece que 
a) são direitos à paz, ao desenvolvimento, e à autodeterminação entre outros. 
b) são direitos atinentes à solidariedade social. 
c) representam a modificação do papel do Estado para além de mero fiscal das regras jurídicas. 
d) são denominados também direitos de defesa, ou de prestações negativas. 
e) são oriundos da constatação da vinculação do homem ao planeta terra, com recursos finitos. 
 
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50. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Considerando-se o surgimento e a evolução dos 
direitos fundamentais em gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de 
a) primeira geração. 
b) segunda geração. 
c) terceira geração. 
d) quarta geração. 
 
51. (FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Público) Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de 
terceira geração o direito 
a) à imigração e refúgio, à participação na economia globalizada e à segurança. 
b) ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os direitos. 
c) à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo. 
d) à bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais 
e) ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeterminação dos povos. 
 
52. (CESPE / CEBRASPE - 2018 - DPE-PE - Defensor Público) Os direitos humanos são concebidos como 
indivisíveis e universais: basta ser pessoa para ser titular de direitos e dotado de dignidade. Por sua 
vez, o conceito de cidadania representa ponto fulcral na realização da democracia e na titularidade 
dos direitos humanos. Na evolução dos direitos humanos, observa-se o desenvolvimento de, pelo 
menos, três dimensões da cidadania, assim como três gerações de direitos humanos, todos 
interconectados. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. 
a) No Brasil, a garantia das três primeiras gerações de direitos humanos deu-se na seguinte ordem 
sequencial e sucessiva: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais. 
b) Os direitos civis referem-se à possibilidade de participação do indivíduo no processo eleitoral de sua 
sociedade. 
c) A participação do cidadão no governo é característica dos direitos políticos e o seu exercício consiste 
na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar e de ser votado. 
d) Os direitos sociais garantem a liberdade e independem da participação do Estado para sua consecução. 
e) Incorporado ao direito ao desenvolvimento e aos bens comuns da humanidade, o direito ao ambiente 
sadio integra a segunda geração de direitos humanos. 
10. EFICÁCIA EXTERNA OU HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
(DRITTWIRKUNG) 
Em sua gênese, os direitos fundamentais tinham como destinatário o Estado (eficácia vertical). 
Buscava-se a limitação das arbitrariedades do Estado-Leviatã (TAVARES, 2017, p. 386) através da dotação de 
uma esfera de atuação aos indivíduos. 
Na Alemanha, Hans Carl Nipperdey, em 1954, foi o primeiro a defender a eficácia horizontal direta 
dos direitos fundamentais (Drittwirkung) — que vinculariam imediatamente os agentes particulares, 
independentemente de intermediação legislativa (tese da eficácia horizontal direta) (TAVARES, 2017, p. 
386). 
Segundo Gilmar Ferreira Mendes (2012, p. 124), a primeira crítica feita a essa posição refere-se à 
previsão expressa do art. 1º, III da Lei Fundamental de Bonn de que os direitos fundamentais vinculavam os 
poderes estatais. André Ramos Tavares (2017, p. 386), por sua vez, aponta também como uma das principais 
críticas a essa teoria a pretensa violação da autonomia da vontade, base das relações privadas. 
Em 1956, Günter Dürig passou a defender a teoria da eficácia horizontal indireta dos direitos 
fundamentais (TAVARES, 2017, p. 387). Segundo ela, os direitos fundamentais não poderiam ser aplicados 
diretamente, tendo em vista não serem direitos subjetivos. Logo, para a aplicação das normas de direitos 
fundamentais frente particulares, seria necessária a intermediação do legislador. 
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A Suprema Corte alemã, no julgamento do caso Lüth, em 1958, adotouo entendimento de que os 
direitos fundamentais não poderiam atingir diretamente as relações entre os particulares (tese da 
ineficácia horizontal). 
Porém, em julgados posteriores, como no caso Wallraff, a Corte acaba por reconhecer efeitos 
jurídico-subjetivos dos direitos fundamentais nas relações entre particulares (MENDES, 2012, p. 128): 
Tal como enfatizado no “caso Blikfüer”, se o juiz não reconhece, no caso concreto, a 
influência dos direitos fundamentais sobre a relação privadas, então ele não apenas lesa o 
direito constitucional objetivo, como também afronta direito fundamental considerado 
como pretensão em face do Estado, ao qual, enquanto órgão estatal, está obrigado a 
observar. 
Assim, ainda que não se possa cogitar de vinculação direta do cidadão aos direitos 
fundamentais, podem esses direitos legitimar limitações à autonomia privada, seja no plano 
da legislação, seja no plano da interpretação. (MENDES, 2012, p. 128). 
Nos Estados Unidos, a adoção da tese do State Action Doctrine afastou a eficácia dos direitos 
fundamentais nas relações privadas, como regra. Posteriormente, com o surgimento da public function 
theory, passou-se a admitir a vinculação direta apenas nas hipóteses em que os particulares estejam 
atuando em situação similares frente ao Estado, como no fornecimento de energia ou transportes públicos. 
Segundo ensina André de Ramos Tavares (2017, p. 388), o principal fundamento seria de que a Bill of Rights 
teria como destinatário apenas o Estado. 
No Brasil, o STF adota a eficácia horizontal direta dos direitos fundamentais, em função da redação 
do art. 5º, §1ª da Constituição, sendo o precedente mais famoso o RE 201.819-8: 
Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. As violações a direitos 
fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, 
mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. 
Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não 
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em 
face dos poderes privados. (...) O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição 
às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o 
respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que encontra 
claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com 
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em 
sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio 
de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e 
definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos 
particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais. 
(RE 201.819, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 11-10-2005, 2ª T, DJ de 27-10-2006). 
André de Carvalho Ramos (2016, p. 293) aponta que, em âmbito internacional, há duas modalidades 
de eficácia horizontal advindas de tratados. A primeira é a previsão expressa, com a vinculação dos 
particulares aos termos do ato normativo. O artigo II da Convenção internacional sobre a Eliminação de todas 
as Formas de Discriminação Racial é um exemplo dessa modalidade: 
Convenção internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial 
Artigo II 
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por 
todos os meios apropriados e sem tardar uma política de eliminação da discriminação racial 
em todas as suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças e para esse 
fim: 
(...) 
b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender ou apoiar a discriminação 
racial praticada por uma pessoa ou uma organização qualquer; 
(...) 
d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados, inclusive se as circunstâncias 
o exigirem, as medidas legislativas, proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por 
pessoa, por grupo ou das organizações; 
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A outra forma de aplicabilidade horizontal ocorre quando os Estados se comprometem à garantia 
dos direitos humanos. André de Carvalho Ramos (2016, p. 294) explica que a obrigação dos Estados de 
impedirem que particulares violem direitos humanos de outros está inserida nessa garantia. 
O Brasil, por exemplo, foi condenado no caso Ximenes Lopes pela deficiência da prestação de serviços 
de saúde por instituição privada conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A Corte IDH decidiu que o 
Estado deve ser responsabilizado pela deficiência dos serviços de saúde, independentemente de ser a 
entidade pública ou privada (§§89 e 90)2 por elas estarem prestando um serviço público. 
André de Carvalho Ramos (2016, p. 297) aponta a existência, ainda, de eficácia diagonal dos direitos 
humanos, ocorrida em situações de vulnerabilidade entre particulares, como nas relações de consumo ou 
trabalhistas. 
QUESTÕES 
53. (FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia) Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise 
as afirmativas a seguir. 
I- A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares 
contra o arbítrio do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os 
poderes estatais. 
II- A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo 
na constitucionalização do direito privado a sua gênese. 
III- A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas 
hipóteses em que se configuram desigualdades fáticas. 
Está correto o que se afirma em: 
a) III, apenas. 
b) I e III, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e II, apenas. 
e) I, II e III. 
 
54. (IF-BA - 2019 - IF Baiano - Administrador) Segundo a Constituição da República Federativa do 
Brasil, assinale a alternativa correta. 
a) As normas definidoras dos direitos e garantais fundamentais têm aplicação condicionada às leis 
ordinárias e complementares elaboradas pelo Legislativo. 
b) Os direitos e garantias expressos na Constituição são taxativos, não podendo o legislador inovar no 
ordenamento jurídico. 
c) O Brasil não se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional, haja vista que representa violação 
à sua soberania. 
d) São direitos sociais somente a educação, a saúde, a alimentação e o transporte. 
e) É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão se dará nos casos de improbidade 
administrativa, entre outras hipóteses constitucionais. 
 
 
2 Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Ximenes Lopes versus Brasil: Sentença de 4 de julho de 2006 (Mérito, 
Reparações e Custas). Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf. Acesso em: 25 maio 
2021. 
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55. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) A respeito da eficácia mediata dos direitos 
fundamentais, assinale a opção correta segundo a doutrina e a jurisprudência do STF. 
a) A eficácia mediata dos direitos fundamentais independe da atuação do Estado. 
b) De acordo com o STF, as normas de direitos fundamentais que instituem procedimentos têm eficácia 
mediata. 
c) Nas relações privadas, a eficácia dos direitosfundamentais é necessariamente mediata. 
d) A eficácia mediata desobriga o juiz de observar o efeito irradiante dos direitos fundamentais no caso 
concreto. 
e) A eficácia mediata dos direitos fundamentais dirige-se, primeiramente, ao legislador. 
 
56. (MPF - 2011 - PGR - Procurador da República) "Eficácia Horizontal", no âmbito da Proteção 
Internacional De Direitos Humanos, 
a) tem o mesmo significado de "Drittwirkung". 
b) se aplica à tortura como grave violação de direitos humanos no marco da Convenção da ONU contra 
a Tortura de 1984. 
c) não se aplica ao trabalho escravo no marco da Convenção sobre a Escravatura de 1926. 
d) só se aplica à garantia de direitos humanos no âmbito do espaço público. 
 
57. (CESPE / CEBRASPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto) De acordo com a doutrina e a jurisprudência dos 
tribunais superiores acerca da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, assinale a opção correta. 
a) Síndico de condomínio não está obrigado a oportunizar o direito de defesa a morador para o qual 
aplicará multa por comportamento antissocial. 
b) As relações especiais de sujeição a que estão vinculados os militares justificam a restrição da 
possibilidade de crítica pública veiculada por associação de praças do exército. 
c) A exclusão de sócio de associação privada sem fins lucrativos independe do contraditório e da ampla 
defesa, desde que haja previsão estatutária. 
d) O efeito horizontal indireto obriga o Poder Judiciário a observar a normatividade dos direitos 
fundamentais ao decidir conflitos interindividuais. 
e) A eficácia horizontal imediata impõe a igualdade de tratamento dos direitos fundamentais entre 
particulares, tal como ocorre nas relações entre indivíduos e o Estado. 
 
58. (TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - Juiz Federal Substituto) Em 1999, Damião Ximenes Lopes, pessoa com 
deficiência mental, foi internado na Casa de Repouso Guararapes, na cidade de Sobral (CE), pelo 
Sistema Único de Saúde (SUS), em perfeito estado físico. Poucos dias depois, sua mãe o encontrou 
agonizante, sangrando, com hematomas, sujo e com as mãos amarradas para trás, vindo a falecer 
nesse mesmo dia, sem qualquer assistência médica no momento de sua morte. Com a demora nos 
processos cível e criminal na Justiça daquele Estado na apuração de responsabilidades, a família, 
alegando violação do direito à vida, à integridade psíquica (dos familiares, pela ausência de punição 
aos autores do homicídio) e ao devido processo legal em prazo razoável, peticionou à Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que veio a processar o Estado brasileiro perante a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH). Com relação a esse caso, é CORRETO afirmar que: 
a) Em face do caráter subsidiário da jurisdição internacional, foi acolhida exceção de admissibilidade por 
ausência de esgotamento dos recursos internos, oposta pelo Estado brasileiro, tendo sido 
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determinada pela Corte IDH a suspensão do feito até o exaurimento dos mecanismos internos de 
reparação. 
b) A forma federativa do Estado brasileiro justificou a condenação do Estado do Ceará em litisconsórcio 
passivo com a União. 
c) Foi aplicada pela Corte IDH a doutrina da eficácia horizontal da proteção internacional dos direitos 
humanos (“Drittwirkung”), responsabilizando o Estado brasileiro. 
d) Petição dos familiares da vítima endereçada à Corte IDH, após o trâmite regular em que se afastou as 
preliminares do Brasil de ausência de esgotamento dos recursos internos e denunciação à lide ao 
Ceará, foi acolhida com condenação da União. 
11. A TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINEK 
Georg Jellinek, no século XIX, desenvolve a teoria dos quatro status, relacionando a posição do 
indivíduo perante o Estado: 
• Status passivo (ou subjectionis): o indivíduo está em posição de subordinação frente ao Estado; 
• Status ativo: o indivíduo encontra-se com a competência de influir na formação de vontade do 
Estado através de seus direitos políticos; 
• Status negativo: o indivíduo detém um espaço de liberdade em que pode agir 
independentemente da ingerência estatal; 
• Status positivo: o indivíduo tem o direito de exigir do Estado uma atuação positiva, isto é, 
prestacional. Exemplo: direitos à educação ou à saúde. 
QUESTÕES 
59. (FUNCAB - 2014 - SEPLAG-MG – Direito) Consoante a teoria dos status dos direitos fundamentais, de 
autoria de Jellinek, o direito à saúde, tal como previsto na Constituição Federal, é considerado 
fundamental de status: 
a) ativo. 
b) negativo. 
c) passivo. 
d) positivo. 
 
60. (Quadrix - 2019 - CONRERP 2ª Região - Agente de Fiscalização) Na concepção tradicional da teoria 
dos quatro status de Georg Jellinek, os direitos fundamentais não podem ser considerados como 
direitos de defesa. 
 
61. (FJG - RIO - 2014 - Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Analista Legislativo) Conforme a Teoria Geral 
dos Direitos Fundamentais, no final do Século XIX, Jellinek desenvolveu a doutrina dos quatro status, 
segundo a qual: 
a) os direitos fundamentais também se aplicam às relações privadas, configurando o que a doutrina 
convencionou chamar de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
b) o status civilitais, supremo em relação aos demais status, autoriza que o indivíduo desfrute de um 
espaço de liberdade com relação a ingerência dos Poderes Públicos. 
c) em uma situação ideal, sob o “véu da ignorância”, poderia o indivíduo atuar em relação ao Estado, por 
abstenção, atuação, implementação imediata de direitos fundamentais e observância dos direitos 
humanos. 
d) o indivíduo pode encontrar-se em face do Estado por 4 status: status passivo, ativo, negativo ou 
positivo. 
 
62. (TRT 23R (MT) - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Juiz do Trabalho) O grande publicista alemão Georg 
Jellinek, na sua obra "Sistema dos Direitos Subjetivos Públicos" (Syzstem der subjetktiv öffentlichen), 
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formulou concepção original, muito citada pela doutrina brasileira no estudo da teoria dos direitos 
fundamentais, segundo a qual o indivíduo, como vinculado a determinado Estado, encontra sua 
posição relativamente a este cunhada por quatro espécies de situações jurídicas (status), seja como 
sujeito de deveres, seja como titular de direitos. Assinale qual das alternativas abaixo contém um item 
que não corresponde a um dos quatro status da teoria de Jellinek: 
a) status passivo (status subjectionis). 
b) status negativus. 
c) status civitatis. 
d) status socialis. 
e) status activus. 
12. DEVERES FUNDAMENTAIS 
Para André Ramos Tavares, ao contrário da teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, 
que apresenta um aspecto estático, a ideia de deveres fundamentais é uma vertente dinâmica, em que se 
exige a atuação positiva dos particulares para a implementação de orientações constitucionais. Na 
Constituição de 1988, podem ser citados como exemplos de direitos fundamentais: 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo paraas presentes e futuras gerações. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente 
e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
13. LIMITES DOS DIREITOS HUMANOS 
A discussão acerca dos limites dos direitos humanos/fundamentais é desenvolvida tanto pela 
doutrina constitucionalista quanto pela internacionalista. 
Ingo Sarlet (2020, p. 394) aponta que o cerne do debate se encontra na discussão de matriz 
germânica relacionada aos seguintes temas: 
• Âmbito de proteção dos direitosꓼ 
• Limites dos direitos fundamentaisꓼ 
• Limites dos limites dos direitos fundamentais. 
13.1. Âmbito de proteção 
Segundo os ensinamentos de Ingo Sarlet (2020, p. 394), o âmbito de proteção de um direito 
fundamental refere-se aos pressupostos fáticos instituídos pela norma jurídica, ou seja, ao bem jurídico 
protegido. 
Gilmar Ferreira Mendes (2012, p. 34) explica que, quanto ao âmbito de proteção de um direito 
individual, é necessário identificar não apenas o objeto protegido (o que é?) como também o tipo de agressão 
que se busca repelir (contra o que?). Assim, distinguir-se o âmbito de proteção da proteção efetiva ou 
definitiva: 
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Na dimensão dos direitos de defesa, âmbito de proteção dos direitos individuais e restrições 
a esses direitos são conceitos correlatos. 
Quanto mais amplo for o âmbito de proteção de um direito fundamental, tanto mais se 
afigura possível qualificar qualquer ato do Estado como restrição. Ao revés, quanto mais 
restrito for o âmbito de proteção, menor possibilidade existe para a configuração de um 
conflito entre Estado e o indivíduo. (MENDES, 2012, p. 35) 
A fixação do âmbito de proteção do direito fundamental se dá nos seguintes termos: 
1. identificação do bem jurídico protegidoꓼ 
2. aferição de possíveis restrições expressasꓼ 
3. verificação de reservas legais de índole restritiva (MENDES, 2012, p. 35). 
Tem-se como exemplo o direito de propriedade, previsto no art. 5º da Constituição: 
Art. 5º (...) 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; (...) 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
Em uma primeira análise, é possível identificar que a propriedade privada tem como limites o 
cumprimento da função social, podendo ser objeto de uso pelo Poder Público, nos casos de iminente perigo 
público. 
Porém, como bem destaca Gilmar Ferreira Mendes (2012, p. 35), a identificação do âmbito de 
proteção acaba, muitas vezes, exigindo uma interpretação sistemática e abrangente de outros dispositivos 
constitucionais. No caso em voga, para a análise do âmbito de proteção da propriedade na Constituição de 
1988, é necessária a análise dos artigos 182, §2º, 186, 190, 191, 222 (empresas jornalísticas, de radiodifusão 
sonora e de sons e imagens) e 243. 
Em âmbito internacional, a lógica é mantida, como observado na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos: 
ARTIGO 21. Direito à Propriedade Privada 
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso e 
gozo ao interesse social. 
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de 
indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na 
forma estabelecidos pela lei. 
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem devem 
ser reprimidas pela lei. 
13.2. Restringibilidade dos direitos 
Além da identificação do âmbito de proteção dos direitos fundamentais/humanos, outro ponto que 
ganha relevo diz respeito à sua possibilidade de restrição. 
Gilmar Ferreira Mendes (2012, p. 40) cita Friedrich Kein, para quem não há possibilidade lógica de 
existir restrições a um direito individual, mas apenas a delimitação deste. 
Essa ideia remete à chamada teoria interna (Innentheorie), em que um direito fundamental existe 
desde sempre com seu conteúdo pré-definido (SARLET, 2020, p. 395). 
Daí a ideia de restrição é substituída pela de limite ou, melhor dizendo, delimitação. Não se discute 
mais amplitude da restrição, mas, sim, o próprio conteúdo do direito (MENDES, 2012, p. 41). Portanto, 
eventual restrição a um direito pré-definido seria, por natureza, ilegítima. 
Robert Alexy (2015, p. 277) ensina que, para a teoria externa (Aussentheorie), há uma distinção 
entre o direito fundamental e a restrição em si: 
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(...) Se a relação entre direito e restrição for definida dessa forma, então, há, em primeiro 
lugar, o direito em si, não restringido, e, em segundo lugar, aquilo que resta do direito após 
a ocorrência de uma restrição, o direito restringido (ALEXY, 2015, p. 277). 
Portanto, o direito, prima facie é considerado ilimitado, sendo a restrição externa ao seu âmbito de 
proteção. A restrição, segundo a teoria externa, não tem uma relação necessária ao direito, as surge a partir 
de uma existência de conciliação de direitos individuais ou interesses coletivos contrapostos (ALEXY, 2015, 
p. 277). 
Ingo Sarlet (2020, p. 396) ressalta que a adoção da teoria externa não afasta a possibilidade de 
direitos sem restrições, mas, sim, a ideia que essa restrição surgirá da necessidade de compatibilização de 
bens jurídicos. Essa teoria, segundo explica o autor, oferece a vantagem, em termos jurídico-dogmáticos, de 
dinamicidade na aplicação de direitos fundamentais, mas, por outro lado, exige uma transparência 
metodológica no processo de compatibilização de interesses divergentes. Aqui interessa não apenas o 
resultado, mas, também, o caminho percorrido. 
Os limites aos direitos fundamentais podem resultar de ações ou omissões dos poderes públicos ou 
de particulares que reduzam o acesso ao bem jurídico protegido (aspecto subjetivo) ou diminuam os deveres 
estatais de sua promoção (aspecto objetivo) (SARLET, 2020, p. 398). 
Os direitos fundamentais podem ser restringidos de um ponto de vista formal, de forma direta ou 
indireta. De forma direta, quando a restrição decorre de disposição expressa da Constituição ou tratado. Já 
de forma indireta, por meio da chamada reserva de lei, que poderá ser simples ou qualificada (quando o 
próprio dispositivo condiciona a atuação do legislador). Os limites formais acabam por se confundir com a 
delimitação do âmbito de proteção do direito. 
Para além dos limites formais, é possível que a restrições substanciais dos direitos fundamentais 
que ocorrem pela colisão de bens jurídicos também protegidos: 
Em outras palavras, direitos fundamentais formalmente ilimitados (isto é, desprovidos de 
reserva) podem ser restringidos caso isso se releve imprescindível para a garantia de outros 
direitos constitucionais, de tal sorte que há mesmo quem tenha chegado a sustentar a 
existência de uma verdadeira “reserva geral imanente de ponderação”. (SARLET, 2020, p. 
400). 
Nesse contexto, ganha importância o estudo de outro tipo de limites, denominados limites dos 
limites dos direitos fundamentais. 
13.3. Limites doslimites dos direitos fundamentais e a garantia de seu núcleo 
essencial 
A ideia subjacente ao núcleo essencial dos direitos fundamentais é de que existem conteúdos 
invioláveis desses direitos que se reconduzem a posições indisponíveis às intervenções estatais e dos 
particulares (SARLET, 2010, p. 402). 
Gilmar Ferreira Mendes (2012, p. 58) ressalta que, apesar de a ideia de proteção do núcleo essencial 
dos direitos fundamentais não ser unívoco na doutrina e na jurisprudência, há dois modelos básicos que 
buscam delimitar seu conteúdo: 
• Teoria absoluta (absolute Theorie): o núcleo essencial dos direitos fundamentais seria a unidade 
substancial autônoma, que independe de qualquer situação concreta, inclusive da atividade 
legislativa (MENDES, 2012, p. 58); 
• Teoria relativa (relative Theorie): o núcleo essencial do direito será definido de forma casuística, 
considerando-se o objetivo perseguido pela norma de caráter restritiva (MENDES, 2012, p. 59). 
A aferição do núcleo essencial, em ambas as teorias, será feita por meio do processo de ponderação 
de proporcionalidade, ainda que em momentos distintos: 
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Na primeira hipótese [teoria absoluta], o respeito ao núcleo intangível dos direitos 
fundamentais poderia desempenhar o papel de um “filtro” (muitas vezes subsidiário) ao 
exame de proporcionalidadeꓼ na segunda [teoria relativa], estaria muito provavelmente 
fadado a ser absorvido por este exame. (SARLET, 2020, p. 411) 
Não obstante a Constituição de 1988 não ter expressamente previsto a garantia do núcleo essencial 
dos direitos fundamentais, o STF, em diversas oportunidades, a utilizou: 
A Lei 11.482/2007, que resultou da conversão da MP 340, de 2006, alterou os valores das 
indenizações devidas por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas 
de assistência médica e suplementares. (...) Com efeito, dizer que a ação estatal deva 
caminhar no sentido da ampliação dos direitos fundamentais e de assegurar-lhes a máxima 
efetividade possível, por certo, não significa afirmar que seja terminantemente vedada 
qualquer forma de alteração restritiva na legislação infraconstitucional, desde que, é claro, 
não se desfigure o núcleo essencial do direito tutelado, como seria o caso, se fôssemos 
adotar a tese de que os valores devidos a título de seguro DPVAT são imodificáveis ou 
irredutíveis. (...) [ARE 704.520, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 23-10-2014, P, DJE de 2-
12-2014, Tema 771.] 
13.4. Princípio da proporcionalidade 
A doutrina e a jurisprudência brasileira tendem a conceber os princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade como sinônimos, ainda que os referidos princípios tenham matrizes distintas. 
O princípio da razoabilidade é uma construção anglo-saxã. Luís Roberto Barroso (2020, p. 248) 
remonta sua origem à cláusula law of the land, inscrita na Magna Charta, de 1215. Modernamente, sua 
construção decorre das 5ª e 14ª Emendas à constituição americana. 
O princípio da razoabilidade decorre do princípio do devido processo legal. 
Em sua primeira fase, o devido processo legal tinha um caráter meramente formal ou processual 
(procedural due process), pois buscava garantir os aspectos formais, procedimentais dos processos. Já em 
sua segunda fase, o devido processo legal passou a ter um alcance substantivo ou material (substantitive due 
process), em que o poder judiciário desempenha controle de mérito sobre o exercício legislativo, em defesa 
dos direitos fundamentais (BARROSO, 2020, p. 249). 
O controle de constitucionalidade passa a analisar a compatibilidade entre os fins almejados e os 
meios empregados pelo legislador. Por intermédio da cláusula do devido processo legal, o judiciário norte-
americano passou a proceder ao exame de razoabilidade (reasonableness) e de racionalidade (rationality) 
das leis e atos normativos. Assim sendo, a razoabilidade surge nos Estados Unidos como parâmetro para o 
controle de constitucionalidade (judicial review) (BARROSO, 2013, p. 249), em que se pressupõe equilíbrio 
entre os fins e os meios. 
O princípio ou postulado da proporcionalidade, por sua vez, surgiu na Alemanha no âmbito do 
Direito Administrativo, servindo como limitação à discricionariedade administrativa (BARROSO, 2013, p. 
249). 
Após a Lei Fundamental de Bonn, de 1949, a ideia de proporcionalidade passa a ter fundamento 
constitucional, derivado do Estado Democrático de Direito (SARLET, 2020, p. 403). Luís Roberto Barroso 
(2020, p. 250) explica que o princípio da reserva legal passou a ser concebido como princípio da reserva de 
lei proporcional. 
Assim como a noção de razoabilidade norte-americana, o princípio da proporcionalidade está ligado 
à relação entre meios e fins. 
Quanto às restrições aos direitos fundamentais, o exame da proporcionalidade dos atos estatais é 
feito por meio de três máximas ou subprincípios, desenvolvidas na jurisprudência alemã: 
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• Máxima da adequação: também denominado de pertinência, utilidade ou idoneidade. Significa 
que o meio escolhido deve atingir o objetivo perquirido; 
• Máxima da necessidade: por alguns, denominada exigibilidade. A adoção da medida que possa 
restringir direitos só é legitimada se indispensável para o caso concreto e não puder ser 
substituída por outra menos gravosa; 
• Máxima da proporcionalidade em sentido estrito: é a medida necessária e adequada. Deve-se 
investigar se o ato praticado, em termos de realização do objetivo pretendido, supera a restrição 
a outros valores constitucionalizados. As vantagens da adoção da medida devem superar as 
desvantagens. Fala-se em máxima efetividade e mínima restrição. 
É importante destacar que o resultado do exame de proporcionalidade dos atos estatais pode chegar 
não apenas ao excesso, mas também à proteção insuficiente. Trata-se do que André de Carvalho Ramos 
(2016, p. 244) chama de dimensão positiva do princípio da proporcionalidade (em contraposição à 
dimensão negativa relacionada à proibição do excesso), quando se afere se o Estado cumpriu um dever de 
proteção. Nesse caso, Ingo Sarlet (2020, p. 407) aponta que as máximas devem ser analisadas da seguinte 
maneira: 
• Máxima da adequação ou da idoneidade: é necessário aferir se a medida adotada para a tutela 
do direito é apta para a proteção eficaz do bem jurídico protegidoꓼ 
• Máxima da necessidade ou exigibilidade: busca-se averiguar se há meio mais eficaz de proteção 
do bem jurídico protegido, sem que ele intervenha de forma mais gravosa a bens fundamentais 
de terceiros ou interesses da coletividade. 
• Máxima da proporcionalidade em sentido estrito: é necessário investigar se o impacto dos riscos 
remanescentes após as medidas adotadas pode ser tolerado, em face da necessidade de 
preservação de outros direitos pessoais ou coletivos. Nas palavras de André de Carvalho Ramos 
(2016, p. 244), trata-se da “ponderação entre os bens alcançados pela proteção pretendida a um 
direito e os custos impostos a outros direitos, que serão comprimidos pela proteção ofertada”. 
Em âmbito interno, o Supremo Tribunal Federal já utilizou o princípio da proporcionalidade em sua 
dimensão positiva quando aferiu a constitucionalidade do delito de porte ilegal de arma de fogo 
desmuniciada, por exemplo: 
HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. (A)TIPICIDADE DA 
CONDUTA. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS.MANDATOS 
CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO E MODELO EXIGENTE DE CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS EM MATÉRIA PENAL. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO EM 
FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. LEGITIMIDADE DA CRIMINALIZAÇÃO DO 
PORTE DE ARMA DESMUNICIADA. ORDEM DENEGADA. 
1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. 
1.1. Mandatos Constitucionais de Criminalização: A Constituição de 1988 contém um 
significativo elenco de normas que, em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, 
determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, 
§4º). Em todas essas normas é possível identificar um mandato de criminalização expresso, 
tendo em vista os bens e valores envolvidos. Os direitos fundamentais não podem ser 
considerados apenas como proibições de intervenção (Eingriffsverbote), expressando 
também um postulado de proteção (Schutzgebote). Pode-se dizer que os direitos 
fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso (Übermassverbote), como 
também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de 
tutela (Untermassverbote). Os mandatos constitucionais de criminalização, portanto, 
impõem ao legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio 
da proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente 
(HC 104.410, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 6/3/2012, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-062 DIVULG 26-03-2012 PUBLIC 27-03-2012). 
Em âmbito internacional, o princípio da proporcionalidade é utilizado em suas duas dimensões. Há 
vasta jurisprudência na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), por exemplo, que aponta a 
inconvencionalidade das leis de anistias por retirar a proteção efetiva das normas previstas na Convenção. O 
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Brasil, inclusive, já foi condenado tanto no caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) quanto no caso 
Herzog sob os mesmos fundamentos. 
13.5. Limites à implementação dos direitos sociais: embate entre as teorias do 
mínimo existencial e do princípio da reserva do possível 
Normalmente as discussões entre o princípio da reserva do possível e a teoria do mínimo existencial 
ficam restritas a alguns manuais de Direito Constitucional, especificamente na implementação dos direitos 
sociais. Porém, considerando o exposto — que as restrições aos direitos fundamentais são diferentes dos 
direitos em si — mostra-se relevante tecer algumas palavras sobre o tema. 
Gilmar Ferreira Mendes (2020, p. 697) destaca que a Corte Constitucional alemã, em famoso julgado 
Numerus clausus de vagas nas Universidades (Numerus-clausus-Urteil), decidiu que, em razão da escassez de 
recursos, é possível que os poderes públicos possam fazer escolhas alocativas na execução de políticas 
públicas. 
Portanto, o princípio da reserva do possível tem ligação à dimensão economicamente relevante dos 
direitos, em especial os de natureza social em razão da preponderância de sua dimensão prestacional. 
Ingo Sarlet (2020, p. 652) ressalta que a reserva do possível abarca questões de aspectos fáticos e 
jurídicos: 
• Do ponto de vista fático: a escassez de recursos vincula-se ao problema da falta efetiva (em maior 
ou menor medida) de recursos econômicos, humanos e técnicos; 
• Do ponto de vista jurídico: a reserva do possível está ligada à separação e à independência dos 
poderes. Compete ao Poder Legislativo alocar os recursos no orçamento e, ao Poder Executivo, 
gerir os gastos públicos, definindo as prioridades de governo. 
A jurisprudência pátria, na implementação de direitos sociais, acaba por adotar uma “reserva de 
ponderação” na implementação dos direitos sociais. Porém, a reserva do possível não é um obstáculo 
intransponível para a efetivação dos direitos fundamentais sociais em razão principalmente da teoria do 
mínimo existencial. 
O juiz e professor Otto Bachof defendia que todos os direitos fundamentais devem ser interpretados 
à luz do Estado de bem-estar social. Parte-se da premissa que a dignidade humana impõe não apenas a 
liberdade como também um nível mínimo de segurança social (SARLET, 2020, p. 665). 
Para Ricardo Lobo Torres (1990, p. 70), o mínimo existencial tem status negativo contra a intervenção 
estatal e positivo, demandando prestações dos poderes públicos: 
O fundamento do direito ao mínimo existencial, por conseguinte está nas condições para o 
exercício da liberdade, que, por seu turno, se expressam no princípio da igualdade, na 
proclamação do respeito à dignidade humana, na cláusula do Estado Social de Direito e em 
inúmeras outras classificações constitucionais ligadas aos direitos sociais (TORRES, 1990, p. 
70). 
Com base na ideia de mínimo existencial, compete ao Estado efetivar direitos prestacionais previstos 
na Constituição e, também, nos tratados internacionais. Ademais, em caso de omissão do Estado na 
concretização de seu mister, com base na teoria, abre-se a possibilidade de o titular do direito buscar 
judicialmente sua efetivação. 
A QUESTÃO DA RESERVA DO POSSÍVEL: RECONHECIMENTO DE SUA INAPLICABILIDADE, 
SEMPRE QUE A INVOCAÇÃO DESSA CLÁUSULA PUDER COMPROMETER O NÚCLEO BÁSICO 
QUE QUALIFICA O MÍNIMO EXISTENCIAL (RTJ 200/191-197) (...) (ARE 745.745 AgR, 
Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 02/12/2014, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 18-12-2014 PUBLIC 19-12-2014) 
 
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QUESTÕES 
63. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - PC-AL - Delegado de Polícia) Toda pessoa tem deveres para com a sua 
família, a sua comunidade e a humanidade, sendo que o direito individual é limitado pelo direito dos 
demais, pela segurança de todos e pelas exigências do bem comum, em uma sociedade democrática. 
 
64. (CESPE / CEBRASPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público) Toda pessoa tem direito à liberdade de 
expressão, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma 
impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha, não podendo o exercício desse 
direito estar sujeito a qualquer tipo de restrição ou limites por parte dos Estados subscritores do pacto 
em apreço. 
 
65. (FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) É considerado pela doutrina como (sub)princípio derivado 
do princípio da proporcionalidade: 
a) Boa-fé objetiva. 
b) Proibição de retrocesso social. 
c) Estado de direito. 
d) Segurança jurídica. 
e) Proibição de proteção insuficiente. 
 
66. (FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle – Jurídica) Em matéria de colisão de direitos fundamentais, 
a aplicação do princípio da proporcionalidade pressupõe, entre outros elementos, que a restrição ao 
exercício de um direito fundamental somente ocorra se não houver outro meio menos gravoso e 
igualmente eficiente para a solução da colisão. O elemento do princípio da proporcionalidade ao qual 
o texto se refere é o da 
a) necessidade. 
b) adequação. 
c) eficácia. 
d) proporcionalidade em sentido estrito. 
e) vedação do retrocesso. 
 
67. (PGE-MS - 2014 - PGE-MS - Procurador do Estado) Seguindo a esteira inaugurada pela Corte 
Constitucional alemã (Bundesverfassungsgericht) em 1971, setores da doutrina constitucional 
brasileira têm desenvolvido esforços teóricos em torno do princípio da proporcionalidade como 
elemento de aferição da (in)constitucionalidade de leis que estabelecem limitações ao exercício de 
direitos fundamentaisno campo da denominada reserva legal. Quanto a esse princípio da 
proporcionalidade é correto afirmar que: 
a) ele se restringe à perquirição em torno da importância dos fundamentos justificadores da plena 
adequação (Geeignetheit) da intervenção estatal na hipótese concreta; 
b) ele envolve três planos, o da adequação (Geeignetheit) das limitações legais no exercício do direito 
fundamental, o da necessidade (Notwendigkeit) relacionado a intensidade dos meios interventivos e, 
por fim, o da realização da ponderação em sentido estrito e específico (rigorosa ponderação e do 
possível entre o sentido da intervenção e os objetivos perseguidos pelo legislador); 
c) ele abarca dois planos, o da importância dos fundamentos que a justificam (adequação/Geeignetheit) 
e, por fim, se realiza a ponderação em sentido estrito e específico (rigorosa ponderação e do possível 
entre o sentido da intervenção e os objetivos perseguidos pelo legislador); 
d) ele se circunscreve a uma ponderação em sentido estrito e específico (a da relevância dos elementos 
justificadores dessa intervenção); 
e) ele somente envolve o problema da demonstração argumentativa da importância dos fundamentos 
que justificam a necessidade (Erfordelichkeit) da intervenção legislativa. 
 
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68. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto) Sobre o princípio da proporcionalidade 
no sistema constitucional brasileiro, assinale a alternativa incorreta: 
a) Apesar de não haver hierarquia entre normas constitucionais, a ponderação de interesses, como 
técnica de aplicação do princípio da proporcionalidade, reconduz à criação, pelo intérprete, de uma 
“hierarquia móvel” entre princípios em colisão. 
b) A técnica da ponderação de interesses não pode dissolver esquemas de competências 
constitucionalmente definidos. 
c) Na aplicação da técnica de ponderação de interesses, a medida restritiva não será desproporcional se, 
ausente peso suficiente dos motivos que justificaram a restrição, esta não afetar o núcleo essencial do 
direito fundamental ou bem constitucionalmente protegido, em rota de colisão. 
d) O princípio da proporcionalidade funciona como limite à proteção insuficiente pelo Estado de direitos 
e bens constitucionalmente protegidos. 
 
69. (MPF - 2015 - PGR - Procurador da República) Dentre os enunciados abaixo, estão corretos: 
I - O exercício dos direitos fundamentais pode ser facultativo, sujeito, inclusive, a negociação ou 
mesmo prazo fatal; 
II - A proibição de retrocesso é uma proteção contra efeitos retroativos e tem expressa previsão 
constitucional na proibição de ofensa ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao direito adquirido; 
III - Salvo em relação as reservas legais, para que a diminuição na proteção de um direito fundamental 
seja permitida, é preciso que haja justificativa também de estatura fundamental, que se preserve o 
núcleo do direito envolvido e que se observe o princípio da proporcionalidade; 
IV - Pela teoria interna, o conflito entre direitos fundamentais é meramente aparente, na medida em 
que e superado pela determinação do verdadeiro conteúdo dos direitos envolvidos. 
a) I, II e IV 
b) I, III e IV 
c) I e III 
d) I e IV 
 
70. (ESAF - 2015 - ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento) Sobre o conteúdo do "direito ao mínimo 
existencial" e sua relação com os "direitos fundamentais sociais", podemos fazer as seguintes 
afirmações, com exceção de: 
a) em sede de direitos sociais, a Constituição federal fixa diretrizes básicas de políticas públicas, como, 
por exemplo, a fixação de percentual mínimo de recursos a serem aplicados na manutenção de 
desenvolvimento do ensino. 
b) diante de uma norma constitucional que estabelece recursos mínimos para a saúde e uma decisão 
discricionária de alocação de recursos orçamentários para a habitação, aliado à realidade fática que 
reclama ações urgentes no âmbito da saúde pública, é muito provável que seja dada prioridade à 
saúde, sacrificando a habitação naquele momento. 
c) alguns direitos sociais, a exemplo da moradia, não foram contemplados com parâmetros 
constitucionais para a aferição do mínimo existencial. Este tem sido o critério adotado pelo STF para 
identificar omissões indevidas e artifícios utilizados para invocar a cláusula da reserva do possível. 
d) a teoria do mínimo existencial tem a função de atribuir ao indivíduo um direito subjetivo contra o 
Poder Público, em casos de diminuição da prestação dos serviços sociais básicos que garantem a sua 
existência digna. 
e) a definição de parâmetros constitucionais para determinar o que seja o valor mínimo existencial 
permite um controle efetivo das ações e omissões governamentais por parte do Ministério Público e 
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associações legitimadas. Todavia, tal controle será exercido apenas em relação à execução, e não à 
formulação de políticas públicas. 
 
71. (FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico) A teoria da reserva do possível 
a) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. 
b) gira em torno da legitimidade constitucional do controle e da intervenção do Poder Judiciário em tema 
de implementação de políticas públicas, quando caracterizada hipótese de omissão governamental. 
c) considera que as políticas públicas são reservadas discricionariamente à análise e intervenção do 
Poder Judiciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto. 
d) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do mínimo existencial, examinado à luz da violação dos 
direitos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à saúde e à educação básica. 
e) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos fundamentais, independentemente das 
possibilidades financeiras e orçamentárias do Estado. 
 
72. (CESPE / CEBRASPE - 2015 - DPE-RN - Defensor Público Substituto) Acerca da distinção entre 
princípios e regras, do princípio da proibição do retrocesso social, da reserva do possível e da eficácia 
dos direitos fundamentais, assinale a opção correta. 
a) De acordo com entendimento do STF, não é cabível à administração pública invocar o argumento da 
reserva do possível frente à imposição de obrigação de fazer consistente na promoção de medidas em 
estabelecimentos prisionais para assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral. 
b) Os direitos fundamentais são também oponíveis às relações privadas, em razão de sua eficácia vertical. 
c) As colisões entre regras devem ser solucionadas mediante a atribuição de pesos, indicando-se qual 
regra tem prevalência em face da outra, em determinadas condições. 
d) Tanto regras quanto princípios são normas, contudo, tão somente as regras podem ser formuladas 
por meio das expressões deontológicas básicas do dever, da permissão e da proibição. 
e) O princípio da proibição do retrocesso social constitui mecanismo de controle para coibir ou corrigir 
medidas restritivas ou supressivas de direitos fundamentais, tais como as liberdades constitucionais. 
 
73. (Quadrix - 2019 - CRN) Também a efetivação do mínimo existencial está sujeita à reserva do possível 
como justificativa apta a eximir o Estado de responsabilidade. 
 
74. (FUNIVERSA - 2014 - SEAP-DF - Auditor de Controle Interno) Segundo Dieter Grimm, ex-juiz do 
Tribunal Constitucional Federal alemão, as Constituições só conseguemcumprir suas missões se forem 
atos normativos hierarquicamente superiores aos demais. Nesse sentido, é particularmente relevante 
— senão indispensável —, que se adote um catálogo de direitos fundamentais por meio do texto 
constitucional. No que se refere à teoria geral dos direitos fundamentais e à sua tutela jurídica, assinale 
a alternativa correta. 
a) Segundo Marcelo Neves, os direitos fundamentais podem ser princípios ou regras. Quando forem 
princípios constitucionais, sempre ligar-se-ão à democracia, enquanto as regras vinculam-se 
forçosamente ao despotismo. 
b) Para Robert Alexy, a proteção do núcleo essencial do direito fundamental confunde-se com a máxima 
da proporcionalidade, já que o autor alemão defende a teoria relativa do núcleo essencial. 
c) Pessoa jurídica não possui legitimidade ativa para impetrar habeas data. 
d) Para os defensores da teoria externa dos direitos fundamentais, toda limitação ao âmbito de proteção 
do direito fundamental importa automaticamente na sua violação, porque toda limitação de um 
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direito é, ao mesmo tempo, interferência na parte integrante da determinação do seu conteúdo 
definitivo. 
e) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais 
e do ônus da sucumbência. 
 
75. (FCC - 2010 - TCE-RO – Procurador) Em demandas judiciais brasileiras, a reserva do possível é alegada 
pela Administração Pública como uma limitação para a efetivação de direitos fundamentais de ordem 
social. Este conceito, todavia, é interpretado, na atual jurisprudência do STF com o seguinte sentido: 
a) A efetivação de direitos sociais está condicionada ao rol de direitos fundamentais de natureza 
prestacional que uma determinada Constituição positiva em dado momento histórico; assim, 
pretensões sociais que não estão previstas no texto constitucional não podem ser judicialmente 
cobradas do Estado. 
b) Normas constitucionais que preveem direitos sociais dependem de complementação legislativa para 
produzir efeitos e, pelo fato de o Poder Judiciário não estar legitimado a obrigar o Poder Legislativo a 
elaborar a norma, resta à Administração Pública implementar políticas sociais no limite da 
disponibilidade normativa já positivada. 
c) Em Estados que adotam o federalismo, como é o caso do Brasil, as políticas públicas na área social 
dependem de ações promovidas pela União em conjunto com as demais unidades federadas; assim, 
se não houver a participação de um determinado Estado- Membro ou Município na execução da 
política pública, a demanda por direitos sociais não será plenamente atendida. 
d) Apesar de muitos direitos sociais estarem positivados na Constituição, a falta de recursos 
orçamentários para a prestação de políticas públicas nesta área é uma barreira intransponível que 
impede a efetivação das normas constitucionais. 
e) A falta de recursos orçamentários para a execução de direitos sociais previstos no texto constitucional 
é um óbice, mas não pode ser um limite que nulifique o atendimento dessa demanda, já que as normas 
constitucionais consubstanciam direitos exigíveis e não simplesmente promessas dependentes do 
alvedrio do administrador. 
 
76. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça) Sobre os direitos sociais, analise as proposições 
abaixo e, ao final, assinale a alternativa correta: 
I - Para Robert Alexy, os direitos fundamentais sociais são direitos subjetivos prima facie, razão por 
que se sujeitam a um processo de ponderação à luz do princípio da proporcionalidade, que precede o 
reconhecimento desses direitos como direitos definitivos. Nesse sentido, o fato de os direitos sociais 
constituírem direitos prima facie não afasta seu caráter vinculante e não os torna enunciados 
meramente programáticos, cabendo ao Poder Judiciário o controle de suficiência do dever prima facie. 
II - Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, os direitos sociais caracterizam-se por uma 
decisiva dimensão econômica, razão por que são passíveis de satisfação segundo conjunturas 
econômicas, de acordo com as disponibilidades do momento, a partir de escolhas que competem, 
primariamente, ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo. Entretanto, admite a Suprema Corte a 
intervenção do Poder Judiciário diante da inércia estatal injustificada, especialmente quando a 
conduta governamental negativa puder resultar na nulificação ou até mesmo na aniquilação de 
direitos constitucionais impregnados de essencial fundamentalidade. 
III - Segundo se sustenta em doutrina, um conceito constitucionalmente adequado de reserva do 
possível compreende aquilo que o indivíduo pode, razoavelmente, exigir da sociedade e deve levar em 
conta a disponibilidade fática e jurídica dos recursos para a efetivação dos direitos sociais bem como 
a proporcionalidade da prestação, quanto à sua exigibilidade e razoabilidade, o que impede 
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intervenções excessivas na esfera dos direitos fundamentais sociais, como também proíbe ações 
insuficientes para assegurar a efetividade desses direitos. 
IV - A tese do mínimo existencial, adotada pelo Supremo Tribunal Federal, pode ser extraída da teoria 
dos princípios, conforme proposta por Robert Alexy. 
a. somente as proposições I e II estão corretas; 
b. somente as proposições I, II e IV estão corretas; 
c. somente as proposições I, II e III estão corretas; 
d. todas as proposições estão corretas. 
 
77. (Prefeitura de Rondonópolis - MT - 2019 Procurador Jurídico) Leia o texto abaixo. 
“É nessa perspectiva que (o que se registra para espancar qualquer dúvida a respeito) comungamos do 
entendimento de que todos os direitos fundamentais possuem um núcleo essencial, núcleo este que, por 
outro lado, não se confunde com seu conteúdo em dignidade da pessoa humana (ou, no caso dos direitos 
sociais, com o mínimo existencial), embora em maior ou menor medida, a depender do direito em causa, 
um conteúdo em dignidade humana e/ou uma conexão com o mínimo existencial se faça presente, do que 
não apenas podem, como devem ser extraídas consequências para a proteção e promoção dos direitos 
fundamentais.” (SARLET, I. W. Constitucionalismo transformador, inclusão e direitos sociais. Salvador: 
Editora JusPodivm, 2019.) A partir do texto, em termos de dogmática jurídico-constitucional de um direito 
ao mínimo existencial, é correto afirmar: 
a) Na orientação jurisprudencial adotada pelo Supremo Tribunal Federal, os direitos sociais são 
considerados sempre na perspectiva coletiva, cabendo ao poder público priorizar as políticas públicas, 
elaboradas de maneira técnica e impessoal, que visem assegurar o mínimo existencial. 
b) Embora não seja possível estabelecer, de modo taxativo, um rol dos elementos nucleares do mínimo 
existencial, há um conjunto de conquistas sedimentadas que serve de roteiro a guiar o intérprete da 
norma e, de modo geral, os órgãos vinculados à concretização dessa garantia. 
c) O núcleo essencial dos direitos e o mínimo existencial se confundem em toda a sua extensão, daí 
porque o mínimo existencial funciona como parâmetro para identificar quais direitos sociais são 
essencialmente fundamentais. 
d) No direito constitucionalbrasileiro, diferentemente do que ocorre na maioria dos sistemas jurídicos 
ocidentais, há previsão constitucional expressa consagrando um direito geral à garantia do mínimo 
existencial. 
 
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1. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
Do ponto de vista histórico, a proteção dos direitos humanos teve seu início nos Estados-nações para, 
em um segundo momento, ser alçado à proteção internacional. Se é possível falar na proteção constitucional, 
a partir da implementação da Bill of Rights à Constituição Americana (através das 10 primeiras emendas à 
Constituição de 1787, aprovadas pelo Congresso em 1789 e ratificadas pelos Estados em 1791), em âmbito 
internacional, os precedentes da proteção internacional dos direitos humanos são datados de meados do 
Século XIX, com os primeiros documentos que formaram a base do Direito Humanitário (a Declaração de 
Paris de 1856 sobre a guerra marítima; a Convenção de Genebra de 1864 sobre a proteção dos feridos; a 
Declaração de São Petersburgo, de 1868, a favor da interdição de algumas armas; e a Declaração de Bruxelas, 
de 1874, para a distinção entre combatentes e não combatentes). 
Além do Direito Humanitário — que se constitui como verdadeiro direito a ser aplicado na hipótese 
de guerra, gerando limites à liberdade dos Estados (PIOVESAN, p. 204) —, a Liga das Nações buscou reforçar 
a proteção do ser humano, com os sistemas de mandatos, das minorias e dos trabalhadores, com a criação 
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 
Vale dizer, o advento da Organização internacional do trabalho, da Liga das Nações e do 
Direito Humanitário registra o fim de uma época em que o Direito Internacional era, salvo 
raras exceções, confiando a regular relações entre Estados, no âmbito estritamente 
governamental. Por meio desses institutos, não mais se visava proteger arranjos e 
concessões recíprocas entre os Estados; visava-se, sim, o alcance de obrigações 
internacionais a serem garantidas ou implementadas coletivamente, que, por sua natureza, 
transcendiam os interesses exclusivos dos Estados contratantes. Essas obrigações 
internacionais voltavam-se à salvaguarda dos direitos do ser humano e não das 
prerrogativas dos Estados (PIOVESAN, 2018, p. 208). 
O Direito Internacional dos Direitos Humanos moderno, por sua vez, é um fenômeno do pós-guerra, 
decorrente das atrocidades cometidas pelos Estados, em especial pela Alemanha-Nazista, durante a Segunda 
Guerra Mundial (GUERRA, 2020, p. 111). 
Como bem destaca Antonio Cassese (2013, p. 85), após a Segunda Guerra Mundial, os esforços da 
proteção internacional da dignidade humana multiplicaram-se; no plano internacional, indivíduos não são 
considerados apenas como membros pertencentes de um grupo ou minoria, mas, sim, como objeto de 
proteção enquanto indivíduos. 
Buscou-se o desenvolvimento de sistemas de proteção internacional dos direitos humanos através 
de novas organizações internacionais, das quais se destacam a Organização das Nações Unidas, em âmbito 
global, e as organizações de âmbito regional, como a Organização dos Estados Americanos, a União Africana 
(que anteriormente se chamava Organização da Unidade Africana) e a União Europeia, que estudaremos a 
seguir. 
2. O SISTEMA GLOBAL OU ONUSIANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
2.1. História 
Antonio Cassese (2004, p. 87) explica que, durante a Conferência de São Francisco, os Estados 
estavam divididos em três grupos quanto à forma de tratamento dos direitos humanos no âmbito da ONU: 
• O primeiro grupo era formado pelos Estados latino-americanos (Brasil, Colômbia, Chile, México, 
Equador, República Dominicana e Uruguai) e países como Nova Zelândia, Austrália e Índia: tinha 
como proposta emendas à Carta da ONU para que constasse expressamente uma obrigação 
internacional dos Estados em respeitar os Direitos Humanos; 
• O segundo grupo, com a maioria das potências ocidentais, liderado pelos Estados Unidos: se 
opunha à ampliação do artigo 56 da Carta, buscando, ainda, inserir uma cláusula de tutela da 
soberania Estatal para afastar interferências por parte da ONU; 
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• O terceiro grupo, composto por países socialistas, liderados pela União Soviética: compartilhava 
com o segundo grupo a ideia de uma abordagem restritiva, mas buscou inserir, na Carta, artigos 
referentes ao direito de autodeterminação dos povos (pretensões contrárias aos países ocidentais 
que ainda mantinham colônias). 
Ao final, as soluções encontradas foram as seguintes: 
I. Não foram aprovadas obrigações específicas de ação separada para a promoção ou garantia dos 
direitos humanos: 
Artigo 56. Para a realização dos propósitos enumerados no Artigo 55, todos os Membros da 
Organização se comprometem a agir em cooperação com esta, em conjunto ou 
separadamente. 
II. A autodeterminação dos povos foi declarada expressamente na Carta da ONU, mas apenas como 
um princípio para guiar a ONU, sem uma versão reduzida do autogoverno (CASSESE, 2004, p. 88): 
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: (...) 
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de 
igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas 
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 
 
Artigo 55. Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações 
pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de 
direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: (...) 
III. Limitação dos poderes da Assembleia Geral no campo dos direitos humanos, com a cláusula do 
domínio reservado (CASSESE, 2004, p. 88): 
Artigo 2. 
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em 
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os 
Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este 
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do 
Capítulo VII. 
IV. As normas de direitos humanos da Carta da ONU foram consideradas meio para conseguir a 
segurança e a paz internacionais. 
Durante a Conferência de São Francisco, o então presidente dos Estados Unidos, Harry S. Truman, 
em pronunciamento à Assembleia Geral da ONU, prometeu a construção de uma carta de direitos, tendo o 
órgão aprovado a criação do Terceiro Comitê relacionado a Assuntos Sociais, Humanos e Culturais, 
posteriormente transformado no Conselho Econômico e Social(Economic and Social Council – ECOSOC) 
(TEREZO, 2014, p. 27). 
Em 1947, o ECOSOC instituiu a Comissão de Direitos Humanos (CDH), dando-lhe a incumbência de 
elaborar o instrumento internacional relacionado aos Direitos Humanos. Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 
28) explica que a CDH tinha três etapas de atividades: 
1ª. A preparação da Declaração Universal dos Direitos Humanos; 
2ª. A elaboração de documentos juridicamente vinculantes aos Estados com a temática dos direitos 
humanos; 
3ª. A formulação de mecanismos de judicialidade e exigibilidade dos direitos previstos nos tratados 
internacionais, com acesso direto dos indivíduos. 
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2.2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
O primeiro esboço da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi apresentado em 
setembro de 1948, por Eleonor Roosevelt, que propôs o texto à Assembleia Geral da ONU, após 81 encontros 
e 168 emendas. Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 29) destaca que até mesmo o nome da declaração gerou 
debate, pois, inicialmente, seria denominada Declaração Universal dos Direitos do Homem, tal qual o texto 
da revolução francesa. A questão de gênero foi levantada por Eleonor Roosevelt, para substituir o termo 
homem por humano, em razão da igualdade entre homens e mulheres. 
Em 10 de dezembro de 1948, a DUDH foi adotada pela Assembleia Geral da ONU, ainda que mediante 
a abstenção de Estados como União Soviética, Ucrânia, Tchecoslováquia, Polônia, Iugoslávia, Arábia Saudita 
e África do Sul. 
Antonio Cassese (2004, p. 94) explica que, em razão das realidades políticas e econômicas díspares 
entre os Estados-membros da ONU, a DUDH teve a função de achar o mínimo denominador comum entre as 
diversas formas de relação entre Estados e indivíduos, para esboçar o que o autor chama de direitos 
humanos fundamentais. 
Uma característica que favoreceu a criação do documento é a de que, do ponto de vista formal, a 
DUDH é uma resolução da Assembleia Geral da ONU, e, em seu nascedouro, era considerada uma 
recomendação aos Estados-membros das Nações Unidas. 
ATENÇÃO! 
Se, no momento de sua criação, a compreensão era a de que a DUDH não era vinculante aos 
Estados, atualmente essa não é uma posição pacífica. Sidney Guerra (2020, p. 122) explica que há quatro 
correntes sobre o tema: 
1ª. Tratando-se de uma decisão da Assembleia Geral da ONU, ela não geraria obrigações perante 
o Direito Internacional; 
2ª. Ela é vista como um elemento probante de costumes internacionais, que, por sua vez, são 
vinculantes aos Estados; 
3ª. Suas normas foram, com o tempo, ascendendo ao status de costume internacional e, por isso, 
vinculantes; 
4ª. Trata-se de um instrumento pré-jurídico não dotado de força jurídica. 
Importante destacar ainda que há quem entenda, como Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, 
p. 71), que as normas da DUDH são normas de jus cogens (normas cogentes e inderrogáveis pelos Estados), 
ainda que tenham sido formuladas em uma resolução da Assembleia Geral da ONU. 
Portanto, doutrinariamente, a maioria dos autores (como Valerio Oliveira Mazzuoli, Flávia 
Piovesan, André de Carvalho Ramos e Sidney Guerra) reconhecem um caráter vinculante à DUDH. 
Por fim, para fins de concurso, há de se distinguir a assertiva sobre a forma como a DUDH foi 
produzida (fonte formal) de sua vinculação propriamente dita. Entre as bancas de concurso, o 
CESPE/CEBRASPE já considerou errada a alternativa que dizia que a DUDH não criava obrigações aos 
Estados, mas, em concurso posterior, considerou errada a alternativa que dizia que a Corte Internacional 
de Justiça reconhecia o caráter vinculante à declaração, como costume internacional. 
Recomenda-se marcar como corretas as alternativas que dizem: sua criação se deu através de 
resolução; a DUDH não é um tratado; a declaração não tinha caráter vinculante, apesar de atualmente 
ter; não há, por parte da Corte Internacional de Justiça já se manifestou sobre o caráter vinculante da 
declaração, mas não como uma norma de jus cogens. 
Já em relação ao seu conteúdo, prevaleceu a visão ocidental, dando maior espaço aos direitos civis 
e políticos do que aos direitos sociais, econômicos e culturais. Ademais, não há na DUDH menção a direitos 
dos povos, às desigualdades econômicas entre os Estados. 
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Não há dúvidas acerca da importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que teve por 
maior mérito “formular um conceito unitário e universalmente reconhecido de valores que deverão ser 
defendidos por todos os Estados em seus ordenamentos internos” (CASSESE, 2004, p. 95). Nesse sentido, 
Sidney Guerra (2020, p. 118) ensina que a DUDH consolida a ideia de uma ética universal, proclamando a 
indivisibilidade dos direitos humanos, combinando valores de liberdade e igualdade, como direitos civis e 
políticos, previstos nos artigos 3 a 21, e direitos econômicos, sociais e culturais, nos artigos 22 a 28. 
A DUDH trouxe, ainda, ideias e princípios que influenciaram não apenas as constituições vindouras 
como também os demais instrumentos internacionais sobre a matéria. Por isso, é possível afirmar que a 
DUDH deu início à fase legislativa (GUERRA, 2020, p. 114) ou à era da legislação internacional (TEREZO, 
2014, p. 30). 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, junto com os Pactos Internacionais sobre Direito Civil 
e Políticos e sobre Direitos Econômicos, Sociais de Culturais, formam a chamada Carta Internacional de 
Direitos Humanos (International Bill of Rights) (RAMOS, 2019, p. 162). 
A Declaração é dividida em três partes: a primeira parte refere-se a disposições relativas aos 
fundamentos filosóficos; a segunda, a princípios gerais; e a terceira, a direitos em espécie (GUERRA, 2020, p. 
122). 
ATENÇÃO! 
Para fins de provas de concurso, recomenda-se a leitura da DUDH em razão da cobrança literal de 
seus dispositivos. Uma forma comum de cobrança são eventuais direitos não previstos no documento, 
como proteção do genoma humano, transporte gratuito ou meio ambiente. 
 
QUESTÕES 
78. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948 surge no pós-guerra como reação aos horrores vivenciados pelo mundo com as 
experiências nazi-fascistas. Dentre as seguintes alternativas, assinale a que NÃO representa uma 
garantia prevista nesse importante instrumento. 
a) Direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. 
b) Direito à prestação jurisdicional efetiva para defesa contra atos que violem direitos fundamentais. 
c) Direito de acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos em duplo grau de jurisdição no caso de 
ações propostas diretamente no Supremo Tribunal Federal. 
d) Direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 
e) Direito de contrair matrimônio e fundar uma família. 
 
79. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PRF - Policial Rodoviário Federal) A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, um dos primeiros instrumentos normativos gerais de direitos humanos adotados por uma 
organização internacional, destacou-se pelo fato de comportar a ideia de dignidade da pessoa humana 
como ponto de convergência da ética universal e do fundamento valorativo do sistema protetivo 
global dos direitos humanos. 
 
80. (Quadrix - 2021 - CRP - MA - 22ª Região - Técnico) Toda pessoa, como membro da sociedade,tem 
direito à segurança social e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e 
culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional de harmonia com a 
organização e os recursos de cada país. 
 
81. (Quadrix - 2021 - CRP - MA - 22ª Região - Técnico) Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, 
de consciência e de religião; esse direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, 
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assim como a liberdade de manifestar a religião ou a convicção, sozinho ou em comum, tanto em 
público quanto em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
 
82. (Quadrix - 2021 - CRP - MA - 22ª Região - Técnico) Às pessoas não é dado o direito de abandonar o 
país em que se encontrem, mas lhes é garantido o direito de regressar a seu país de origem. 
 
83. (Quadrix - 2021 - CRP - MA - 22ª Região - Técnico) Toda pessoa acusada de um ato delituoso presume-
se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público, 
sendo dispensável que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 
 
84. (Quadrix - 2021 - CRP - MA - 22ª Região - Técnico) Salvo em tempos de guerra, ninguém será 
submetido à tortura nem a penas ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
85. (FCC - 2021 - DPE-RR - Defensor Público) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu 
preâmbulo, de forma expressa, 
a) conclama todos os povos e nações a pactuar, por tratados e convenções, compromissos de 
observância da Declaração. 
b) propõe, para evitar que se repitam, o repúdio público e a sanção aos atos bárbaros que ultrajaram a 
consciência da humanidade. 
c) proclama a Declaração como ideal comum a ser conquistado pelos diferentes povos em suas lutas 
históricas presentes e futuras. 
d) considera legítima a rebelião contra a tirania e a opressão, desde que dentro dos limites apontados na 
própria Declaração. 
e) destaca ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações e que os 
direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei. 
 
86. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia) A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
não cria os direitos humanos, apenas os proclama. 
 
87. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
de 1948, foi o primeiro documento normativo de alcance global a respeito desse assunto. 
 
88. (IBADE - 2021 - IAPEN - AC - Auxiliar Administrativo) Conforme a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, proclamada pela Resolução nº 217ª (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 10 de 
dezembro de 1948, assinale a alternativa CORRETA. 
a) Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado (Art. 9º) 
b) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se culpado até que se prove o contrário (Art. 11º 
§1) 
c) Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade, exceto por conflitos civis (Art. 17º §2) 
d) Todos deverão fazer parte de uma associação (Art. 20º §2) 
e) Todos têm direito a salário diferente por trabalho igual, devido a condições peculiares do indivíduo 
(Art. 23º §2) 
 
89. (CESPE / CEBRASPE - 2010 - DPU - Defensor Público Federal) A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, de 1948, apesar de ter natureza de resolução, não apresenta instrumentos ou órgãos 
próprios destinados a tornar compulsória sua aplicação. 
 
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90. (CESPE / CEBRASPE - 2010 - DPU - Defensor Público Federal) Os direitos humanos são indivisíveis, 
como expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual englobou os direitos civis, 
políticos, econômicos, sociais e culturais. 
 
91. (CESPE / CEBRASPE - 2009 - DPE-PI - Defensor Público) A UDHR foi redigida à luz das atrocidades 
cometidas durante a 2.ª Guerra Mundial. Nesse documento, marco da proteção internacional dos 
direitos humanos, foi afirmado que 
a) o meio ambiente é um direito das presentes e futuras gerações. 
b) o Fundo Monetário Internacional não deve conceder empréstimos para países que usem mão de obra 
infantil. 
c) liberdade, igualdade e fraternidade são os três princípios axiológicos fundamentais em matéria de 
direitos humanos. 
d) sanções econômicas deverão ser aplicadas pela ONU às nações que não adotarem as recomendações 
da UDHR. 
e) deverá ocorrer intervenção humanitária pela ONU caso as nações não adotem as recomendações da 
UDHR. 
 
92. (FUMARC - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) A Declaração Universal dos Direitos Humanos pode 
ser caracterizada, primeiramente por sua amplitude, compreendendo um conjunto de direitos e 
faculdades, sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua personalidade física, moral e 
intelectual. Em segundo lugar, pela universalidade, aplicável a todas as pessoas de todos os países, 
raças, religiões e sexos, seja qual for o regime político dos territórios nos quais incide. Assinale abaixo 
a assertiva que é CONTRÁRIA ao enunciado acima: 
a) Como uma plataforma comum de ação, a Declaração foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela 
aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções. 
b) Objetiva delinear uma ordem pública mundial fundada no respeito à dignidade da pessoa humana, 
para orientar o desenvolvimento de uma raça humana superior. 
c) Introduz a indivisibilidade dos direitos humanos, ao conjugar o catálogo dos direitos civis e políticos, 
com o dos direitos econômicos, sociais e culturais. 
d) Teve imediatamente, após a sua adoção, grande repercussão moral ao despertar nos povos a 
consciência de que o conjunto da comunidade humana se interessava pelo seu destino. 
 
93. (FCC - 2010 - SJCDH-BA - Agente Penitenciário) São princípios fundamentais proclamados no artigo I 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: 
a) a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade de pensamento e religião. 
b) a presunção de inocência e a inviolabilidade da vida privada. 
c) o amplo acesso à educação e ao trabalho. 
d) a liberdade de ir e vir e o direito de buscar asilo em outros países. 
e) a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 
 
94. (FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público) Integram a denominada Carta Internacional dos Direitos 
Humanos − International Bill of Rights: 
I. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
II. Carta da Organização das Nações Unidas − ONU. 
III. Declaração Universal de Direitos Humanos. 
IV. Convenção Americana de Direitos Humanos. 
Está correto o que se afirma em 
a) II e IV, apenas. 
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b) I e II, apenas. 
c) I e III, apenas. 
d) III e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
95. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - AGU - Advogado da União) De acordo com a Corte Internacional de 
Justiça, as disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de caráter costumeiro, 
estabelecem obrigações erga omnes. 
 
96. (FMZ - AP - 2010 - SEAD-AP - Agente Penitenciário) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 
1948, estabelece umasérie de direitos a toda a pessoa. Dentre eles, é possível citar os seguintes, 
EXCETO 
a) toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal 
independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer 
acusação criminal contra ele. 
b) toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
c) toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de 
representantes livremente escolhidos. 
d) toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de 
trabalho e à proteção contra o desemprego. 
e) toda pessoa, que puder por ela pagar, tem direito à instrução nos diferentes níveis. A instrução 
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
 
97. (UPENET/IAUPE - 2010 - SERES-PE - Agente Penitenciário) Na história dos Direitos Humanos, o 
momento mais importante ocorreu após a 2ª guerra mundial, quando os países se uniram, buscando 
restabelecer a paz mundial. Assim, no dia 10 de dezembro de 1948, durante reunião da Assembleia 
Geral das Nações Unidas, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, dentre 
outros tópicos, consagrou, EXCETO: 
a) a liberdade de pensamento, consciência e religião. 
b) o direito à alimentação e habitação. 
c) o direito ao trabalho e à educação. 
d) o direito a fazer parte de um governo. 
e) o direito ao transporte gratuito e à previdência social. 
 
98. (CESPE / CEBRASPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Considerada documento basilar para a 
proteção internacional dos direitos humanos, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, 
a) possui valor meramente declaratório; portanto, não gera obrigações aos Estados. 
b) gera obrigações somente para Estados soberanos que a ratificaram e promulgaram para fins de 
incorporação ao direito interno. 
c) foi promulgada no Brasil logo após a sua assinatura. 
d) é ato de organização internacional, de modo que prescinde de incorporação ao direito interno, como 
se exige para tratados ordinários de direitos humanos. 
e) constitui relevante tratado internacional do período posterior à Segunda Guerra. 
 
99. (FMZ - AP - 2010 - SEAD-AP - Agente Penitenciário) Com base na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos é CORRETO afirmar que 
a) tal Declaração constitui um ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações ocidentais. 
b) muito embora todas as pessoas nasçam livres e iguais em dignidade e direitos, nem todas são dotadas 
de razão e consciência. 
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c) toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem 
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer 
meios e independentemente de fronteiras. 
d) a proteção aos direitos assegurados através da Declaração não impede que a pessoa sofra 
interferências na sua vida privada ou em seu lar, sempre que tais interferências se mostrarem 
adequadas para resguardar os interesses do Estado. 
e) toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração, salvo 
aquelas pessoas que ostentem condição especial, tal como os portadores de deficiência. 
 
100. (CESPE / CEBRASPE - 2008 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Após as conseqüências devastadoras 
da Segunda Guerra Mundial, os países resolveram criar uma organização multi e supranacional para 
regular as relações entre os povos. Nesse marco, surgiu, em 1945, a Carta das Nações, cujos 
fundamentos visavam, essencialmente, à manutenção da paz internacional, que incluía a proteção da 
integridade territorial dos Estados frente à agressão e à intervenção externa; ao fomento entre as 
nações de relações de amizade, levando em conta os princípios de igualdade, soberania e livre 
determinação dos povos; e à realização de cooperação internacional para solução de problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural e humanitário, incluindo o respeito aos direitos 
humanos e às liberdades fundamentais, sem fazer distinção por motivos de raça, sexo, idioma ou 
religião. A Carta das Nações deu origem à ONU, que, posteriormente, criou uma carta de direitos - a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) - adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) 
da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948. 
Acerca dos direitos fundamentais previstos no documento mencionado no texto acima, assinale a 
opção incorreta. 
a) A DUDH surgiu para atender ao clamor de toda a humanidade e buscou realçar alguns princípios 
básicos fundamentais para a compreensão da dignidade humana, entre eles, a liberdade e a igualdade. 
b) A DUDH protege o genoma humano como unidade fundamental de todos os membros da espécie 
humana e também reconhece como inerentes sua dignidade e sua diversidade. Em um sentido 
simbólico, a DUDH reconhece o genoma como a herança da humanidade. 
c) A DUDH afirma que o desrespeito aos direitos humanos é causa da barbárie. 
d) A DUDH assegura o direito de resistência. 
e) A DUDH correlaciona o estabelecimento de uma compreensão comum dos direitos humanos com o 
seu pleno cumprimento. 
 
101. (CESPE / CEBRASPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal) A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos 
a) não trata de direitos econômicos. 
b) trata dos direitos de liberdade e igualdade. 
c) trata o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos. 
d) não faz referência a direitos políticos. 
e) não faz referência a direitos culturais e à bioética. 
 
102. (PC-MG - 2008 - PC-MG - Delegado de Polícia) Analise as seguintes afirmativas acerca da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. 
( ) É, tecnicamente, uma recomendação que a Assembleia Geral das Nações Unidas faz aos seus 
membros (Carta das Nações Unidas, art. 10). 
( ) Mostra os abusos praticados pelas potências ocidentais após o encerramento das hostilidades, pois 
foi redigida sob o impacto das atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial. 
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( ) Enuncia os valores fundamentais da liberdade, da igualdade e da fraternidade, mas é omissa quanto 
à proibição do tráfico de escravos e da escravidão. 
( ) Representa a culminância de um processo ético que levou ao reconhecimento da igualdade 
essencial de todo ser humano e de sua dignidade de pessoa. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras CORRETA. 
a) (V) (F) (V) (F) 
b) (F) (V) (F) (V) 
c) (V) (F) (F) (V) 
d) (F) (V) (V) (F) 
2.3. Os Pactos de Direitos Humanos de 1966 
Ultrapassada a primeira etapa de atividade, coube à Comissão de Direitos Humanos a incumbência 
de elaborar um texto com vinculação normativa aos Estados. 
Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 33) destaca que a ideia inicial era a produção de um único texto, 
com mecanismos de controle e monitoramento idênticos. Contudo, não obstante a solicitação inicial da 
Assembleia Geral da ONU, a então presidente da CDH, Eleonor Roosevelt, justificou a necessidade de cisão 
dos instrumentos em quatro pontos (TEREZO, 2014, p. 34): 
1º. As medidas de implementação dos direitos sociais deveriam ser adotadas de forma progressiva, 
anteas diferentes realidades entre os Estados; 
2º. Enquanto direitos individuais civis e políticos necessitariam apenas de seu reconhecimento em 
textos normativos, os direitos econômicos, sociais e culturais demandariam esforços da 
população e de seus governantes para a implementação; 
3º. Em razão da natureza distinta dos direitos, o sistema de monitoramento deveria ser diverso, 
sendo possível ao CDH analisar denúncias contra direitos civis e políticos, mas não em relação aos 
direitos sociais, por sua implementação progressiva; e 
4º. A redação dos dispositivos era distinta, havendo maior detalhamento em relação aos direitos 
civis e políticos do que aos direitos econômicos, sociais e culturais. 
Após a justificativa, o Terceiro Comitê da Assembleia da ONU concordou com a cisão dos textos, mas 
determinou que as duas versões fossem apresentadas simultaneamente para a aprovação e assinatura dos 
Estados-membros. 
Os sistemas de monitoramento dos tratados foram as principais causas da demora para a 
consolidação dos textos definitivos submetidos à Assembleia Geral da ONU. Em 16 de dezembro de 1966, os 
tratados internacionais foram aprovados, por unanimidade, sem abstenções dos membros da ONU. 
Não obstante a divisão dos direitos em tratados distintos, são necessárias algumas considerações: 
• Não há hierarquia entre os direitos individuais, civis e políticos, em relação aos direitos sociais, 
econômicos e culturais; 
• Ambos os pactos têm natureza formal de tratados, sendo vinculantes aos Estados que os 
ratificarem; 
• Os Estados-partes, ao ratificarem os tratados, comprometem-se a criar legislação para o seu 
cumprimento (princípio do efeito útil dos tratados). 
Em relação ao conteúdo dos pactos, Sidney Guerra faz as seguintes ponderações: 
Fato curioso é que o pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê uma série de 
direitos para o indivíduo, ao passo que o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, sociais 
e Culturais consagra um rol de deveres para os Estado, ou seja, a ideia apresentada de 
liberdades negativas (direitos de primeira geração) e de liberdades positivas (direitos de 
segunda geração) é observada da leitura dos referidos documentos internacionais, fazendo 
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com que os primeiros sejam considerados autoaplicáveis e os segundos, programáticos 
(GUERRA, 2020, p. 126). 
2.3.1. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) 
O Pacto é dividido em seis partes: 
1ª. Relacionada à disposição livre pelos povos de suas riquezas, recursos naturais e à sua 
autodeterminação; 
2ª. O dever dos Estados de respeitar e garantir os direitos previstos no tratado aos indivíduos que 
estão em seu território, sem qualquer tipo de discriminação. 
3ª. Os direitos previstos no tratado propriamente ditos (dos artigos 6 a 27). 
4ª. Determina a constituição do Comitê de Direitos Humanos, que terá a incumbência de receber 
relatórios sobre as medidas adotadas pelos Estados para tornar os direitos civis e políticos 
efetivos, bem como as comunicações interestatais; 
5ª. Dispõe sobre a interpretação das cláusulas do tratado, impedindo que os direitos humanos sejam 
invocados em prejuízo da autodeterminação dos povos e de seu desenvolvimento (RAMOS, 2019, 
p. 168); e 
6ª. Apresenta a forma de assinatura e ratificação, bem como a data da entrada em vigor (3 meses 
após a 35ª ratificação) e possibilidade de emendas. 
Antonio Cassese (2004, p. 95) destaca também que, por não haver à época unanimidade sobre o 
assunto, em nenhum dos Pactos de 1966 consta disposição sobre o direito de propriedade, que está 
previsto apenas na DUDH. 
Flávia Piovesan (2018, p. 257), por sua vez, explica que, em relação à DUDH, o Pacto sobre Direitos 
Civis e Políticos detalha melhor algumas normas, como no caso dos artigos 10 e 11 da declaração, em 
comparação aos artigos 14 e 15 do Pacto, bem como aumenta o elenco dos direitos, trazendo os seguintes: 
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DIREITOS PRESENTES NA DUDH E NO PIDCP 
Direito 
DUDH 
(Artigo) 
PIDCP 
(Artigo) 
Direito à vida 3 6 
Vedação à tortura, penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes 5 7 
Vedação à escravidão 4 8 
Direito à personalidade jurídica 6 16 
Direito à liberdade de locomoção 13 9 
Direito à liberdade de circulação 13 12 
Direito à segurança pessoal 3 9 
Vedação à prisão ou detenção arbitrária 9 9 
Direito a um julgamento justo e imparcial 10 14 
Igualdade formal (perante a lei) 7 26 
Direito à vida privada 12 17 
Direitos ao matrimônio e constituição de família 16 23 
Presunção de inocência 11 14 
Princípio da anterioridade penal 11 15 
Liberdades de pensamento, consciência e religião 18 18 
Liberdade de opinião e expressão 19 19 
Liberdade de reunião pacífica 20 21 
Liberdade de associação 20 22 
Liberdade de voto 21 25 
Direito à elegibilidade 21 25 
Direito à nacionalidade 15 - 
Direito à propriedade 17 - 
Direito ao asilo político 14 - 
Direito do preso de ser tratado com dignidade - 10 
Vedação de prisão civil por descumprimento contratual - 11 
Vedação da expulsão injustificada dos estrangeiros - 13 
Direito da criança a um nome e à nacionalidade - 24 
Proteção dos direitos das minorias à identidade cultural, religiosa e linguística - 27 
Proibição à propaganda de guerra - 20 
Direito à autodeterminação dos povos - 1 
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O Pacto tem previsão expressa (artigo 4) permitindo a suspensão de alguns direitos, desde que 
condicionada aos limites impostos por decretação de estado de emergência e não decorram de discriminação 
de nenhum tipo. Contudo, o mesmo dispositivo prevê, como insuscetíveis de suspensão, os direitos previstos 
nos artigos 6 (direito à vida), 7 (vedação da tortura, penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes) 
8 (vedação à escravidão e servidão), 11 (vedação de prisão civil por descumprimento contratual), 15 
(princípio da anterioridade penal), 16 (direito da personalidade jurídica) e 18 (liberdades de pensamento, 
consciência e religião): 
ARTIGO 4 
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas 
oficialmente, os Estados Partes do presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida 
pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente Pacto, desde 
que tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam 
impostas pelo Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por 
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão dos artigos 6, 7, 8 (parágrafos 
1 e 2) 11, 15, 16, e 18. 
3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem uso do direito de suspensão devem 
comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do presente Pacto, por intermédio do 
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, as disposições que tenham 
suspendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes deverão fazer uma 
nova comunicação, igualmente por intermédio do Secretário-Geral da Organizaçãodas 
Nações Unidas, na data em que terminar tal suspensão. 
DIREITOS INSUSCETÍVEIS DE SUSPENSÃO NO PIDCP 
Direito Artigo 
Direito à vida 6 
Vedação da tortura, penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes 7 
Vedação à escravidão e à servidão 8 
Vedação de prisão civil por descumprimento contratual 11 
Princípio da anterioridade penal 15 
Direito da personalidade jurídica 16 
Liberdades de pensamento, consciência e religião 18 
Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 81) ressalta que os Pactos de 1966 criaram mecanismos 
de monitoramento dos direitos humanos no seio da ONU, por meio dos relatórios temáticos, em que cada 
Estado reporta à ONU as medidas que tomou internamente para a implementação dos direitos humanos, e 
das comunicações interestatais, em que os Estados-partes podem alegar que outro violou os direitos 
humanos objeto do tratado. 
Além dos Pactos, o Primeiro Protocolo Facultativo Relativo ao Pacto Internacional sobre Direitos 
Civis e Políticos, também de 1966, traz o mecanismo das petições individuais, possibilitando aos indivíduos 
reportarem à ONU sobre violação de direitos humanos em um Estado. 
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Por fim, o Segundo Protocolo Facultativo, adotado em 1989, estabeleceu que os Estados partes 
devem adotar medidas para abolir a pena de morte. Apesar de aprovado pelo Congresso Nacional, por meio 
do Decreto Legislativo nº 311/2009, o tratado ainda não foi ratificado pelo Presidente da República, não 
sendo vigente no país. 
O artigo 2 do Protocolo prevê como ressalva admitida a possibilidade de aplicação da pena de morte 
em virtude de condenação por infração penal de natureza militar, cometida em tempo de guerra, não 
gerando qualquer incompatibilidade com o art. 5º, XLVII, a da Constituição de 1988: 
ARTIGO 2º 
1. Não é admitida qualquer reserva ao presente Protocolo, exceto a reserva formulada no 
momento da ratificação ou adesão que preveja a aplicação da pena de morte em tempo 
de guerra em virtude de condenação por infração penal de natureza militar de gravidade 
extrema cometida em tempo de guerra. 
2. O Estado que formular tal reserva transmitirá ao Secretário-Geral das Nações Unidas, no 
momento da ratificação ou adesão, as disposições pertinentes da respectiva legislação 
nacional aplicável em tempo de guerra. 
3. O Estado Parte que haja formulado tal reserva notificará o Secretário-Geral das Nações 
Unidas da declaração e do fim do estado de guerra no seu território. 
ATENÇÃO! 
A forma de cobrança recorrente sobre o pacto diz respeito à literalidade de seus dispositivos 
substantivos. É possível que seja arguida a possibilidade de suspensão ou a natureza de suas normas. 
 
QUESTÕES 
103. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) A clássica divisão entre direitos individuais 
e políticos e direitos sociais e econômicos é útil para se compreender o fenômeno da pobreza e, com 
base nisso, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais recomendam aos países com baixo desenvolvimento econômico que 
priorizem direitos sociais em vez de liberdades individuais. 
 
104. (CESPE / CEBRASPE - 2014 - MPE-AC - Promotor de Justiça) No que se refere ao sistema 
internacional de proteção dos direitos humanos, assinale a opção correta. 
a) O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos, adotados pela ONU, têm natureza jurídica de tratados internacionais, assim 
incorporados pelo Brasil. 
b) A Corte Europeia de Direitos Humanos, que compõe o quadro institucional da União Europeia, vincula 
apenas os países- membros desta. 
c) O Brasil reconheceu a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos desde que ela foi 
instituída, tendo apoiado os processos que deram origem ao sistema interamericano de direitos 
humanos 
Relatórios temáticos
Os Estados informam suas ações 
à ONU
Comunicações 
interestatais
Um Estado-membro acusa outro 
de violações de direitos humanos
Peticionamento 
individual
Os indivíduos reportam à ONU 
violações perpetradas pelos 
Estados 
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d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem estatuto de tratado internacional e marca o início 
da chamada fase de universalização dos direitos do homem. 
e) O Tribunal Penal Internacional, importante instrumento de afirmação internacional dos direitos 
humanos, foi criado na década de sessenta do século passado. 
 
105. (FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público) Foi aprovada pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE) a instalação de seções eleitorais especiais em estabelecimentos penais e de internação de 
adolescentes, para viabilizar o voto de presos provisórios e de jovens em medida socioeducativa de 
internação, no pleito a se realizar no segundo semestre de 2010. A respeito do tema e tendo em conta 
o teor dos tratados de Direito Internacional dos Direitos Humanos ratificados pelo Brasil, é correto 
afirmar: 
a) O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê que os direitos políticos dos condenados 
criminalmente poderão ser restringidos, desde que de maneira fundada. 
b) O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais proíbe a discriminação de pessoas 
quanto ao direito ao voto, aí incluídos os condenados criminalmente. 
c) A Convenção dos Direitos da Criança prevê que os direitos políticos de menores de dezoito anos 
poderão ser limitados em razão de condenação em processo criminal. 
d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante o direito a toda pessoa de tomar parte no 
governo de seu país por intermédio de representantes eleitos. 
e) A Convenção Americana de Direitos Humanos não dispõe expressamente sobre o tema do voto de 
quem tenha sofrido condenação em processo criminal. 
 
106. (FCC - 2012 - DPE-SP - Defensor Público) Dos direitos abaixo, qual é passível de suspensão, na 
forma do artigo 4º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos? 
a) Não ser arbitrariamente privado de sua vida. 
b) Não ser submetido a tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
c) Não ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios. 
d) Não ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual. 
e) Não ser obrigado a adotar uma religião ou crença que não de sua livre escolha. 
 
107. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público) O Pacto Internacional Sobre Direitos Civis 
e Políticos 
a) garante o direito de casar e fundar família, mas nada dispõe sobre o consentimento dos nubentes. 
b) garante às minorias o direito de professar e praticar sua própria religião e o de usar sua própria língua, 
desde que o exercício desses direitos não represente sério risco de fragmentação da vida cultural do 
Estado-parte. 
c) prevê que nenhuma garantia nele estabelecida poderá ser suspensa pelos Estados-partes. 
d) veda qualquer forma de restrição à liberdade de expressão. 
e) admite diversas restrições ao direito de reunião. 
 
108. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis 
e Políticos 
a) veda a escravidão e os trabalhos forçados ou obrigatórios, sem qualquer ressalva. 
b) estabelece o ne bis in idem e a presunção de inocência, sem, contudo, referenciar o duplo grau de 
jurisdição.c) impõe a designação de defensor de ofício para assistir o acusado sempre que o interesse da justiça o 
exigir. 
d) permite que os Estados-membros proíbam, arbitrariamente, a entrada de qualquer pessoa, ainda que 
natural do país, em seu território. 
e) dispõe expressamente sobre a proibição da tortura. 
 
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109. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Com relação à pena de morte, o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos dispõe que 
a) obriga todos os Estados que ainda a apliquem a tomarem medidas para a sua abolição. 
b) não deverá ser imposta em casos de crime cometido por menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres 
em estado de gravidez. 
c) é vedada sua imposição a pessoas maiores de 60 anos e a pessoas portadoras de deficiências físicas. 
d) pode ser adotada livremente, desde que devidamente aprovada pelo respectivo Parlamento. 
e) é totalmente vedada a sua adoção, ficando os Estados que ainda a adotem obrigados a suspendê-la 
de imediato. 
 
110. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Assinale a alternativa que contempla a 
afirmativa que está em consonância com o disposto no Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos. 
a) Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país, exceto se estiver sendo 
formalmente acusado de terrorismo. 
b) Não haverá penas restritivas de direitos. 
c) Toda pessoa que for presa e possuir diploma de curso superior terá direito a cela especial e separada 
dos demais presos. 
d) Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente não 
poderá dela beneficiar-se. 
e) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios. 
 
111. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) Nos termos do Pacto Internacional de 
Direitos Civis e Políticos, a autodeterminação dos povos esgota-se na possibilidade de estabelecer 
livremente o seu estatuto político. 
 
112. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Prevê o Pacto Internacional de Direitos Civis e 
Políticos que ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios, 
mesmo em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade. 
a) não sendo o serviço militar considerado trabalho forçado ou obrigatório, podendo os países prever a 
isenção por motivo de consciência. 
b) restando proibido aos Estados-Partes legislar para que determinados crimes sejam punidos com prisão 
e trabalhos forçados. 
c) devendo ser previstos como crimes pelos Estados-Partes a servidão, a escravidão e o tráfico de 
escravos 
d) não podendo qualquer trabalho ou serviço ser considerado como parte das obrigações cívicas normais. 
 
113. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) O direito de reunião pacífica é reconhecido pelo 
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos que: 
a) não poderá ser restringido por lei, ainda que em função de proteção à saúde ou à moral públicas. 
b) permite que a lei preveja as restrições necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da 
segurança nacional, da segurança ou da ordem pública. 
c) condiciona o exercício desse direito à comunicação prévia e à autorização da autoridade competente. 
d) não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito por membros das forças 
armadas e da polícia. 
e) poderá ser restringido, no entanto, em períodos de legalidade extraordinária ou de guerra externa. 
 
114. (VUNESP - 2016 - TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) O Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos, de 1966, 
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a) garante o direito do homem e da mulher de contrair casamento e constituir família, porém, a fim de 
evitar confrontos de caráter cultural com alguns dos Estados-membros não tratou da dissolução dessa 
união. 
b) prevê que a pena de morte não deverá ser imposta sob nenhuma hipótese, salvo em situação de 
guerra. 
c) garante o direito de autodeterminação dos povos, exprimindo, assim, uma tomada de consciência 
universal sobre a urgência de se superar o colonialismo e o imperialismo. 
d) reconhece, sem restrições, o direito de reunião pacífica. 
e) já apresenta uma preocupação com os imigrantes clandestinos, estabelecendo que estes também têm 
o direito de circular livremente no território de um Estado. 
 
115. (FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) Segundo o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e 
Políticos, qualquer pessoa acusada de infração penal goza de presunção de inocência até que a sua 
culpabilidade tenha sido legalmente estabelecida, tendo direito, pelo menos, às seguintes garantias: 
I. Ser prontamente informada, numa língua que ela compreenda, de modo detalhado, acerca da 
natureza e dos motivos da acusação apresentada contra ela. 
II. Ser julgada em no máximo um ano. 
III. Fazer-se assistir de um intérprete, se não compreender ou não falar a língua utilizada no tribunal. 
IV. Comunicar com um advogado da sua escolha e dispor do tempo, no mínimo dez dias, para a 
preparação da defesa. 
É correto o que se afirma APENAS em 
a) I e III. 
b) I e II. 
c) II e III. 
d) III e IV. 
e) II e IV. 
 
116. (FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Assinale a alternativa correta em relação ao 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. 
a) Dispõe que qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. 
b) Reconhece o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e sua família, inclusive 
à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria contínua de suas 
condições de vida. 
c) Proíbe a pena de morte em qualquer hipótese para menores de 21 anos e para as mulheres grávidas. 
d) Estabelece que o ensino superior deve ser tornado acessível a todos em plena igualdade, em função 
das capacidades de cada um, por todos os meios apropriados e nomeadamente pela instauração 
progressiva da educação gratuita. 
e) Reconhece expressamente o direito de todas as pessoas à segurança social, incluindo os seguros 
sociais. 
 
117. (FCC - 2017 - DPE-PR - Defensor Público) O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
somente considera justificável que os Estados-partes signatários restrinjam o direito de reunião 
pacífica caso 
I. haja interesse da segurança nacional. 
II. haja interesse da segurança ou ordem públicas. 
III. seja necessário para proteção da saúde ou a moral públicas. 
IV. haja falta de autorização da autoridade competente. 
V. seja necessário para proteção dos direitos e liberdades das demais pessoas. 
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Está correto o que se afirma APENAS em 
a) II, III e IV. 
b) I, II, III e V. 
c) II e V. 
d) I, II e IV. 
e) I e III. 
 
118. (FCC - 2017 - DPE-SC - Defensor Público Substituto) Os Direitos Civis e Políticos foram 
reconhecidos no sistema global de direitos humanos pelo Pacto Internacional pelos Direitos Civis e 
Políticos. O Brasil é signatário deste pacto 
a) sendo somente as comunicações interestaduais aplicadasem nosso pais. 
b) que tem o direito de reunião pacífica consagrado e tornou-se um direito humano sem restrições. 
c) cujo primeiro protocolo facultativo tratou da abolição da pena de morte, protocolo este assinado pelo 
Estado Brasileiro, com a ressalva prevista em nosso texto constitucional. 
d) que entrou em vigor somente em 1976, após 35 ratificações. 
e) que, de maneira inovadora, já previu na sua origem o sistema de peticionamento individual ao Comitê. 
 
119. (MPF - 2011 - PGR - Procurador da República) O Direito à Autodeterminação dos Povos 
a) é mera retórica política, uma vez que o direito internacional só reconhece a autodeterminação dos 
povos como princípio (art. 1°, para. 2°, da Carta da ONU) e não como direito; 
b) se aplica indistintamente a povos sob jugo colonial e aos povos indígenas; 
c) consolidou-se, como direito, a partir da Resolução nº 2625, de 1970, da Assembleia-Geral da ONU; 
d) integra os direitos civis e políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais, por força dos Pactos 
Internacionais respectivos, de 1966· 
 
120. (FCC - 2009 - DPE-PA - Defensor Público) O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos 
estabelece a aplicação 
a) imediata de direitos civis e políticos, contemplando os mecanismos de relatórios e comunicações 
interestatais e, mediante Protocolo Facultativo, a sistemática de petições individuais. 
b) progressiva de direitos civis e políticos, contem- plando os mecanismos de relatórios e, mediante 
Protocolo Facultativo, a sistemática de petições individuais e comunicações interestatais. 
c) progressiva de direitos civis e políticos, contemplando apenas o mecanismo de relatórios. 
d) imediata de direitos civis e políticos, contemplando os mecanismos de relatórios, comunicações 
interestatais, petições individuais e investigações in loco. 
e) imediata de direitos civis e políticos, contemplando apenas o mecanismo de relatórios. 
2.3.2. Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 170) considera o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (PIDESC) como um marco por, não obstante a resistência de vários Estados e de parte da 
doutrina, ter conseguido dar destaque aos direitos econômicos, sociais e culturais. Cristina Figueiredo Terezo 
(2014, p. 44), por sua vez, exorta a importância do Pacto ao demonstrar que a implementação dos direitos 
humanos é tão importante quanto seu reconhecimento, cabendo aos Estados agir para diminuir as 
desigualdades sociais e aumentar o bem-estar social. O PIDESC entrou em vigor no Brasil em 1992, após a 
ratificação pelo Decreto nº 591/1992. 
O tratado é dividido em cinco partes: 
1ª. Dispõe sobre a autodeterminação dos povos, garantindo-lhes a liberdade de determinação de seu 
estatuto político e a obrigação de respeito pelos adotados por outros Estados; 
2ª. Diz respeito ao compromisso dos Estados em dar efetividade aos direitos econômicos, sociais e 
culturais, realizando-os de forma progressiva. Isso quer dizer que os direitos sociais, econômicos 
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e culturais são obrigatórios, tendo uma implementação progressiva, vedando-se o retrocesso 
social (RAMOS, 2019, p. 171); 
3ª. É o elenco dos direitos econômicos, sociais e culturais (artigos 6 a 15) e as medidas de garantia 
para torná-los efetivos; 
4ª. Estabelece a obrigatoriedade aos Estados em apresentarem relatórios sobre as medidas adotadas 
quanto à realização progressiva dos direitos; 
5ª. Estabelece a forma de assinatura, ratificação, adesão, entrada em vigor, procedimento de 
emendas e aplicação do tratado. 
Flávia Piovesan (2018, p. 270) destaca que, enquanto o Pacto sobre Direitos Civis e Políticos 
estabelece direitos aos indivíduos, o Pacto sobre Direitos Sociais, Econômicos e Culturais estabelece deveres 
aos Estados. 
 
Para a autora, em decorrência da implementação progressiva dos direitos, prevista no pacto, 
compete ao Estado, além da vedação do retrocesso social, provar que tomou todas as medidas necessárias 
para a implementação dos direitos sociais, econômicos e culturais, com os recursos disponíveis. 
DIREITOS PRESENTES NA DUDH E NO PIDESC 
Direito DUDH(Artigo) PIDESC(Artigo) 
Direito à segurança social 22 8º 
Direitos ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e 
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego 
23 6º 
Direito a uma remuneração justa e satisfatória 23 7º 
Direito de organização sindical 23 8º 
Direitos ao repouso e ao lazer 24 7º 
Direito a um padrão mínimo de vida 25 11 
Direito à educação 26 13 
Direito à participação livre da vida cultural da comunidade 27 15 
Direito à previdência social - 9º 
Direitos de proteção e assistência à família - 10 
Direito à saúde física e mental - 12 
Direito à gratuidade do ensino primário - 14 
No PIDESC, o mecanismo de implementação inicial é o de relatórios a serem apresentados pelos 
Estados demostrando as medidas adotadas para a realização progressiva dos direitos previstos no Pacto. O 
PIDCP
Normas autoaplicáveis
Redigido para outorgar direitos aos 
indivíduos
PIDESC
Normas de aplicação progressiva
Redigido impondo deveres aos Estados
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relatório será encaminhado ao Secretário-Geral da ONU, que remeterá cópias ao Conselho Econômico e 
Social (ECOSOC). Nos relatórios devem constar os fatores e dificuldades para a implementação dos direitos 
previstos no Pacto. 
ATENÇÃO! 
Não há previsão no PIDESC de comunicações interestatais. 
O Pacto também não criou um comitê específico para a monitoração de seu cumprimento, tal qual o 
Comitê de Direitos Humanos, em relação ao PIDCP. Para André de Carvalho Ramos (2019, p. 174), essa 
omissão já deixava clara a vontade dos Estados em não exigir a mesma força vinculante dos direitos civis e 
políticos para os direitos sociais, econômicos e culturais. 
Em 1985, no entanto, o Conselho Econômico e Social da ONU decidiu transformar um grupo de 
trabalho sobre o cumprimento do Pacto em um Comitê de Direitos Sociais Econômicos e Culturais, 
posteriormente inserido no Protocolo Facultativo. 
No ano de 2008 foi adotado o Protocolo Facultativo ao Pacto sobre os Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais, introduzindo a sistemática de petições individuais, de medidas de urgência, de comunicações 
interestatais e investigações in loco, em situação de graves violações a direitos econômicos, sociais e 
culturais por um Estado-parte. O protocolo entrou em vigor em 2013, porém o Brasil ainda não o ratificou. 
ATENÇÃO! 
Mais uma vez, reforça-se que a principal forma de cobrança do pacto é a literalidade de seus 
dispositivos. 
 
QUESTÕES 
121. (FCC - 2021 - DPE-GO - Defensor Público) Leia o trecho da música a seguir: 
Atentou contra a existência 
Num humilde barracão 
Joana de tal, por causa de um tal João 
Depois de medicada 
Retirou-se pro seu lar 
Aí a notícia carece de exatidão 
O lar não mais existe 
Ninguém volta ao que acabou 
Joana é mais uma mulata triste que errou 
Errou na dose 
Errou no amor Joana errou de 
João Ninguém notou 
Ninguém morou na dor que era o seu mal 
A dor da gente não sai no jornal 
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(Notícia de Jornal. Chico Buarque) 
Considerando as violações aos direitos humanos de Joana, o direito à saúde física e mental está 
previsto expressamente 
a) na Convenção Americana de Direitos Humanos. 
b) no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
c) na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
d) no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. 
e) na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. 
 
122. (NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia) Sobre as garantias processuais dos direitos 
humanos, interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos Direitos Humanos, é 
correto afirmar: 
a) Situações excepcionais que ameacem a existência da nação e sejam proclamadas oficialmente 
autorizam a suspensão dos arts. 6º, 7º e 8º (parágrafos 1º e 2º) do Pacto Internacional dos Direitos 
Civis e Políticos (1966). 
b) Nenhuma pessoa declarada culpada por um delito terá direito de recorrer da sentença condenatória 
e da pena a uma instância superior, em conformidade com a lei. 
c) A garantia de ser julgado por um delito está prevista no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (1966). 
d) Qualquer pessoa poderá ser presa ou encarcerada arbitrariamente. 
e) O direito à vida é inerente à pessoa humana, devendo esse direito ser protegido pela lei, e ninguém 
poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
 
123. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) Comparando-se a natureza da obrigação estatal de tornar 
efetivos os direitos humanos e liberdades fundamentais, nos termos do Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, é correto 
afirmar: 
a) O conceito de realização progressiva dos direitos civis e políticos constitui o reconhecimento de que a 
efetividade plena de tais direitos não será possível de ser alcançada em curto prazo. 
b) Os direitos econômicos, sociais e culturais refletem uma aspiração política da sociedade, não 
decorrendo deles direito subjetivo exigível judicialmente. 
c) A efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais decorre de sua previsão legal e não gera para 
o Estado a obrigação de promovê-los. 
d) O conceito de realização imediata dos direitos civis e políticos decorre de sua origem jusnatural, 
inexistindo obrigação estatal decorrente. 
e) O conceito de realização progressiva dos direitos econômicos, sociais e culturais não deve ser 
interpretado como supressor do caráter obrigatório de promoção daqueles direitos. 
 
124. (FCC - 2016 - DPE-ES - Defensor Público) O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais entrou em vigor no ano de 1976 e é considerado um relevante instrumento dos direitos 
humanos, especialmente por 
a) que a previdência social, apesar de não prevista no pacto, está no protocolo facultativo. 
b) ser um relevante documento, mas omitiu-se quanto ao direito de greve, não tratando deste relevante 
direito social. 
c) ser um importante documento, mas não goza de nenhum tipo de mecanismo de monitoramento. 
d) ser reconhecido como um documento que venceu a resistência de vários Estados e mesmo a doutrina 
que viam os direitos sociais em sentido amplo como sendo meras recomendações ou exortações. 
e) que as medidas cautelares estão previstas no próprio texto original do pacto. 
 
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125. (TRT 3R - 2013 - TRT - 3ª Região (MG) - Juiz do Trabalho) Sobre os direitos assegurados pelo Pacto 
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, leia as afirmações abaixo e, em seguida, 
assinale a alternativa correta: 
I - Toda pessoa tem direito de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem uma 
remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores um salário equitativo e uma 
remuneração igual por um trabalho de igual valor, sem qualquer distinção. 
II - Toda pessoa tem direito de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem 
condições de trabalho seguras e higiênicas. 
III - Toda pessoa tem direito de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem o 
descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas, assim 
como a remuneração dos feriados. 
IV - Toda pessoa tem direito a um nível de vida adequado para si próprio e para sua família, inclusive 
à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como uma melhoria contínua de suas 
condições de vida. 
a) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. 
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 
c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. 
d) Todas as afirmativas estão corretas. 
e) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. 
 
126. (CS-UFG - 2014 - DPE-GO - Defensor Público) O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, adotado pela Resolução 2.200-A (XXI) da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 
1969, e ratificado pelo Brasil, dispõe que os Estados-parte se comprometem a: 
a) adotar medidas de proteção e assistência às crianças e aos adolescentes, sem distinção por motivo de 
filiação ou outra condição, estabelecendo o limite de idade sob o qual fica proibido o seu emprego 
assalariado. 
b) reconhecer o direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental, 
estabelecendo no pacto um percentual mínimo da renda do país destinado a assegurar este direito. 
c) reconhecer que nenhuma das suas disposições poderá ser interpretada em detrimento do direito 
inerente a todos os povos de desfrutar e utilizar plena e livremente suas riquezas e seus recursos 
naturais. 
d) atentar para o direito de desfrutar o progresso científico e suas aplicações e prover meios para a 
aquisição material e humana para aqueles considerados de menor poder econômico 
e) reconhecer o direito à educação e. com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito, garantir 
a educação superior obrigatória e acessível gratuitamente a todos. 
 
127. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Consultor Legislativo) Segundo previsão 
expressa no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, os Estados-Partes 
reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício do direito à educação, 
a) a educação primária, incluindo creches e pré-escolas, deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente 
a todos. 
b) a educação secundária deve ser voltada primordialmente à preparação profissional e técnica que 
habilite o estudante ao ingresso qualificado no mercado de trabalho. 
c) dever-se-á promover campanhas que sensibilizem a população sobre a importância da escolarização 
formal e punam os pais que deixem de encaminhar os filhos para o ensino obrigatório. 
d) a educação de nível superior deverá tornar-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um, 
por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino 
gratuito. 
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e) serão criados mecanismos que favoreçam a participação direta da comunidade escolar, no mínimo, na 
definição do conteúdo curricular, jornada e calendário letivos e formação do corpo docente. 
 
128. (FUNDEP - 2019 -DPE-MG - Defensor Público) Com relação ao Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, é incorreto afirmar: 
a) Reconhece o direito de associação sindical com o objetivo de promoção dos interesses econômicos, 
bem como o direito de greve, salvo eventuais restrições desses direitos aos membros da Polícia, Forças 
Armadas e Administração Pública. 
b) Determina que ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, 
em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas honra e 
reputação. 
c) Reconhece a liberdade dos pais de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas 
autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou aprovados 
pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral que esteja 
de acordo com as próprias convicções. 
d) Faz menção à reforma dos regimes agrários, de maneira que seja assegurada a exploração eficaz dos 
recursos naturais, como corolário ao reconhecimento do direito de toda pessoa de estar protegida 
contra a fome. 
 
129. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) O Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais relaciona o direito ao trabalho ao gozo das liberdades políticas 
fundamentais. 
 
130. (MPF - 2015 - PGR - Procurador da República, adaptada) Pacto Internacional de Direitos Sociais, 
Econômicos e Culturais prevê que todos os povos podem dispor livremente de suas riquezas e de seus 
recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional, 
baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional. Em caso algum, poderá um povo 
ser privado de seus próprios meios de subsistência. 
 
131. (CESPE / CEBRASPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público) O Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais 
a) impõe a todos os Estados-partes a gratuidade da educação primária e secundária, mas não da 
educação universitária. 
b) reconhece implicitamente o direito à proteção contra a fome. 
c) estabelece prazo mínimo de seis meses de licença-maternidade para as mães trabalhadoras. 
d) ainda não foi ratificado pelo Brasil. 
e) contém disposições que concernem ao direito do trabalho. 
 
132. (IBFC - 2020 - SAEB-BA – Soldado) O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais é caracterizado por veicular normas ditas programáticas, cuja implementação haveria de ser 
progressiva, eis que preconizavam posturas dispendiosas aos Estados-partes. Sobre os direitos e 
compromissos previstos no referido Pacto, assinale a alternativa incorreta. 
a) A escolha da escola pelos pais, independentemente das indicações das autoridades públicas é um 
direito 
b) Determina o compromisso de todo Estado-parte elaborar um plano de ação para implementação 
progressiva da educação primária obrigatória e gratuita para todos 
c) O direito à escolha do trabalho é limitado a depender das necessidades momentâneas de 
determinados profissionais 
d) A greve é reconhecida como um direito 
e) A previdência social é reconhecida como um direito 
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133. (FGV - 2019 - DPE-RJ - Técnico Superior Jurídico) O Art. 2º do Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos e Sociais afirma: “Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, 
tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos 
planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, 
progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no 
presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas”. A ideia de realização 
progressiva dos direitos sociais contém na sua base, no que se refere à responsabilidade do Estado 
pelos direitos humanos, o princípio: 
a) do devido processo legal; 
b) da presunção de inocência; 
c) da reserva do possível; 
d) da irretroatividade das leis; 
e) da vedação ao retrocesso. 
 
134. (FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor Público) A respeito do Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos − PIDCP, é correto afirmar: 
a) Possui como mecanismo de monitoramento os relatórios elaborados pelos Estados-Partes sobre as 
medidas adotadas para tornar efetivos os direitos civis e políticos submetidos ao Conselho Econômico 
e Social. 
b) O Protocolo Facultativo ao PIDCP institui mecanismo de análise de petições de particulares que se 
considerem vítimas diretamente ao Comitê de Direitos Humanos por violações de direitos civis e 
políticos. 
c) O Segundo Protocolo Facultativo ao PIDCP com vistas à Abolição da Pena de Morte foi ratificado pelo 
Estado brasileiro sem ter este estabelecido qualquer reserva ao mesmo. 
d) O Estado brasileiro, até o presente momento, não ratificou o Protocolo Facultativo ao PIDCP para 
instituir o mecanismo de petição individual das vítimas. 
e) O Protocolo Facultativo ao PIDCP também estabelece expressamente, além do sistema de petições, 
procedimento de investigação, procedimento interestatal e medidas provisionais ou cautelares. 
3. OS SISTEMAS REGIONAIS INTERAMERICANOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS 
HUMANOS 
3.1. Breve histórico 
Em relação ao pan-amenicanismo bolivariano, o presidente americano James Moroe organizou a 
Primeira Conferência Internacional Americana, com a participação de 18 Estados, em Washington, de 
outubro de 1889 a 1890. 
Desde então, os Estados americanos passaram a se reunir em sessões, com intervalos variáveis, 
denominadas Conferências Interamericanas. Além desses encontros, havia também reuniões de Ministros 
das Relações Exteriores e reuniões especiais. 
Em 1948, na 9ª Conferência Interamericana, realizada em Bogotá, foram aprovadas a Carta da OEA 
(também chamada de Carta de Bogotá) e a Declaração Americana de Direitos Humanos. Posteriormente, a 
Carta da OEA foi reformada em quatro oportunidades: 
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• Em 1967, com o Protocolo de Buenos Aires; 
• Em 1985, no Protocolo de Cartagena das Índias; 
• Em 1992, pelo Protocolo de Washington; e 
• Em 1993, com o Protocolo de Manágua. 
Como bem destaca Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 591), apenas o texto original de 
1948 foi ratificado por todos os membros da organização, de modo que há a aplicação de textos diferentes 
entre os Estados-membros da OEA. 
3.2. A Carta da OEA (Carta de Bogotá) 
A Carta da OEA não consagra expressamente a promoção ou proteção dos direitos humanos como 
objetivo do organismo. Ademais, não há menção expressa do termo proteção ou promoção dos direitos 
humanos na Carta. Há, porém, remissões ao termo direitos fundamentais da pessoa humana no preâmbulo, 
no artigo 3, l, e no artigo 17 do tratado: 
Preâmbulo (...) 
Certos de que o verdadeiro sentido da solidariedade americana e da boa vizinhança não 
pode ser outro senão o de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições 
democráticas, um regime de liberdade individual e de justiça social, fundado no respeito 
dos direitos essenciais do Homem; 
 
Artigo 3. Os Estados americanos reafirmam os seguintes princípios: (...) 
l) Os Estados americanos proclamam os direitos fundamentais da pessoa humana, sem fazer 
distinção de raça, nacionalidade, credo ou sexo; 
 
Artigo 17. Cada Estado tem odireito de desenvolver, livre e espontaneamente, a sua vida 
cultural, política e econômica. No seu livre desenvolvimento, o Estado respeitará os 
direitos da pessoa humana e os princípios da moral universal. 
A Carta de Bogotá é dividida em quatro partes (TEREZO, 2014, p. 138): 
1ª. Refere-se aos objetivos, natureza e princípios norteadores da OEA; 
2ª. Diz respeito às obrigações dos Estados-membros entre si e com seus nacionais; 
3ª. Trata da estrutura da organização; 
4ª. São as disposições finais, relativas à vigência, ratificação e relação com a ONU. 
A Carta da OEA faz alusão a direitos sociais no artigo 45 e seguintes, prevendo os direitos a educação, 
previdência social, direitos trabalhistas, culturais, ciência e tecnologia: 
Artigo 45. Os Estados membros, convencidos de que o Homem somente pode alcançar a 
plena realização de suas aspirações dentro de uma ordem social justa, acompanhada de 
desenvolvimento econômico e de verdadeira paz, convêm em envidar os seus maiores 
esforços na aplicação dos seguintes princípios e mecanismos: 
a) Todos os seres humanos, sem distinção de raça, sexo, nacionalidade, credo ou condição 
social, têm direito ao bem-estar material e a seu desenvolvimento espiritual em condições 
de liberdade, dignidade, igualdade de oportunidades e segurança econômica; 
b) O trabalho é um direito e um dever social; confere dignidade a quem o realiza e deve 
ser exercido em condições que, compreendendo um regime de salários justos, assegurem 
a vida, a saúde e um nível econômico digno ao trabalhador e sua família, tanto durante 
os anos de atividade como na velhice, ou quando qualquer circunstância o prive da 
possibilidade de trabalhar; 
c) Os empregadores e os trabalhadores, tanto rurais como urbanos, têm o direito de se 
associarem livremente para a defesa e promoção de seus interesses, inclusive o direito de 
negociação coletiva e o de greve por parte dos trabalhadores, o reconhecimento da 
personalidade jurídica das associações e a proteção de sua liberdade e independência, 
tudo de acordo com a respectiva legislação; 
d) Sistemas e processos justos e eficientes de consulta e colaboração entre os setores da 
produção, levada em conta a proteção dos interesses de toda a sociedade; 
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e) O funcionamento dos sistemas de administração pública, bancário e de crédito, de 
empresa, e de distribuição e vendas, de forma que, em harmonia com o setor privado, 
atendam às necessidades e interesses da comunidade; 
f) A incorporação e crescente participação dos setores marginais da população, tanto das 
zonas rurais como dos centros urbanos, na vida econômica, social, cívica, cultural e política 
da nação, a fim de conseguir a plena integração da comunidade nacional, o aceleramento 
do processo de mobilidade social e a consolidação do regime democrático. O estímulo a 
todo esforço de promoção e cooperação populares que tenha por fim o desenvolvimento e 
o progresso da comunidade; 
g) O reconhecimento da importância da contribuição das organizações tais como os 
sindicatos, as cooperativas e as associações culturais, profissionais, de negócios, vicinais e 
comunais para a vida da sociedade e para o processo de desenvolvimento; 
h) Desenvolvimento de uma política eficiente de previdência social; e 
i) Disposições adequadas a fim de que todas as pessoas tenham a devida assistência legal 
para fazer valer seus direitos. 
 
Artigo 46. Os Estados membros reconhecem que, para facilitar o processo de integração 
regional latino-americana, é necessário harmonizar a legislação social dos países em 
desenvolvimento, especialmente no setor trabalhista e no da previdência social, a fim de 
que os direitos dos trabalhadores sejam igualmente protegidos, e convêm em envidar os 
maiores esforços com o objetivo de alcançar essa finalidade. 
 
Artigo 47. Os Estados membros darão primordial importância, dentro dos seus planos de 
desenvolvimento, ao estímulo da educação, da ciência, da tecnologia e da cultura, 
orientadas no sentido do melhoramento integral da pessoa humana e como fundamento 
da democracia, da justiça social e do progresso. 
 
Artigo 48. Os Estados membros cooperarão entre si, a fim de atender às suas necessidades 
no tocante à educação, promover a pesquisa científica e impulsionar o progresso 
tecnológico para seu desenvolvimento integral. Considerar-se-ão individual e 
solidariamente comprometidos a preservar e enriquecer o patrimônio cultural dos povos 
americanos. 
 
Artigo 49. Os Estados membros empreenderão os maiores esforços para assegurar, de 
acordo com suas normas constitucionais, o exercício efetivo do direito à educação, 
observados os seguintes princípios: 
a) O ensino primário, obrigatório para a população em idade escolar, será estendido 
também a todas as outras pessoas a quem possa aproveitar. Quando ministrado pelo 
Estado, será gratuito; 
b) O ensino médio deverá ser estendido progressivamente, com critério de promoção 
social, à maior parte possível da população. Será diversificado de maneira que, sem prejuízo 
da formação geral dos educandos, atenda às necessidades do desenvolvimento de cada 
país; e 
c) A educação de grau superior será acessível a todos, desde que, a fim de manter seu alto 
nível, se cumpram as normas regulamentares ou acadêmicas respectivas. 
 
Artigo 50. Os Estados membros dispensarão especial atenção à erradicação do 
analfabetismo, fortalecerão os sistemas de educação de adultos e de habilitação para o 
trabalho, assegurarão a toda a população o gozo dos bens da cultura e promoverão o 
emprego de todos os meios de divulgação para o cumprimento de tais propósitos. 
 
Artigo 51. Os Estados membros promoverão a ciência e a tecnologia por meio de atividades 
de ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico e de programas de difusão e divulgação, 
estimularão as atividades no campo da tecnologia, com o propósito de adequá-la às 
necessidades do seu desenvolvimento integral; concertarão de maneira eficaz sua 
cooperação nessas matérias; e ampliarão substancialmente o intercâmbio de 
conhecimentos, de acordo com os objetivos e leis nacionais e os tratados vigentes. 
 
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79 
Artigo 52. Os Estados membros, dentro do respeito devido à personalidade de cada um 
deles, convêm em promover o intercâmbio cultural como meio eficaz para consolidar a 
compreensão interamericana e reconhecem que os programas de integração regional 
devem ser fortalecidos mediante estreita vinculação nos setores da educação, da ciência e 
da cultura. 
Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 139) explica que, no momento da elaboração da Carta, houve 
discussão se os princípios seriam vinculantes ou não aos Estados. Em função dessa discussão, entendeu-se 
por bem separar os princípios (constantes do Capítulo II) dos deveres dos Estados (previstos no Capítulo IV), 
destacando-se a igualdade entre os Estados, a autodeterminação, a proibição de interferência e a proibição 
de reconhecimento como elemento de existência de um Estado. 
Em 1967, a Carta teve sua primeira alteração, o Protocolo de Buenos Aires (que entrou em vigor em 
1970), alterando a estrutura da organização: 
• A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) passou a ser órgão autônomo no âmbito 
da OEA e não organismo especializado; 
• Atribuiu-se status a Secretaria Geral, como o órgão da mais alta hierarquia, ampliando o mandatoe proibindo a eleição de novo Secretário Geral da mesma nacionalidade do antecessor; 
• Foram extintas as Conferências Internacionais dos Estados Americanos; 
• O Conselho da OEA passa a ser o Conselho Permanente; 
• A Comissão Jurídica Internacional foi ampliada. 
Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 141) ressalta que, em relação aos Direitos Humanos, o Protocolo 
de Buenos Aires absorveu os direitos previstos na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem 
pela Carta, reconhecendo que tais dispositivos gozam de valor normativo. O protocolo traz ainda ampliação 
dos direitos econômicos, incluindo dispositivo referente ao apoio tecnológico e científico. 
A segunda alteração foi feita em 1985, pelo Protocolo de Cartagena das Índias, vigente em 1988. Pelo 
tratado, o Conselho Permanente e a Secretaria Geral passaram a ter atribuições semelhantes às da Secretaria 
Geral da ONU (TEREZO, 2014, p. 142). 
O terceiro Protocolo foi o de Washington, aprovado em 1992 e vigente em 1997. O tratado trouxe a 
chamada cláusula democrática, que permite a suspensão de um Estado-membro na hipótese de ruptura 
democrática. 
O último Protocolo — o de Manágua, aprovado em 1948, entrando em vigência em 1993 — alterou 
a estrutura da Organização, criando o Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral e extinguindo 
o Conselho Interamericano Econômico e Social e o Conselho Interamericano para Educação, Ciência e 
Cultura. 
3.3. Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem 
Cristina Figueiredo Terezo (2014, p. 141) explica que a proposta de redigir uma carta de direitos em 
âmbito americano surge em 1936, na Conferência Interamericana de Consolidação da Paz, realizada em 
Buenos Aires, voltando à pauta dos países em 1938, na VII Conferência Internacional dos Estados Americanos, 
em Lima e em 1945, em Chapultepec. 
A redação final foi concluída em 1945, mas apenas na IX Conferência Internacional Americana — a 
qual se reuniu em Bogotá (Colômbia), em 2 de maio de 1948, com a participação de 21 Estados — que se 
adotou a Carta da Organização dos Estados Americanos, o Tratado Americano sobre Soluções Pacíficas (Pacto 
de Bogotá) e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Nessa mesma conferência, tentou-
se a adoção do Acordo Econômico de Bogotá (que buscava promover a cooperação econômica entre os 
Estados americanos), que nunca entrou em vigor. 
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ATENÇÃO! 
A Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (DADDH) não é baseada na Declaração 
Universal de Direitos Humanos (de 10 de dezembro de 1948). Afinal, ela foi assinada cerca oito meses antes 
da DUDH. 
O Comitê Jurídico Interamericano recomendou que o texto fosse assinado como um tratado, porém, 
após a resistência dos Estados, o documento foi aprovado como uma Resolução, gerando a discussão sobre 
seu caráter vinculante. 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) pôs fim à celeuma em sua Opinião 
Consultiva nº 10, quando entendeu que a DADDH não é um tratado stricto sensu (porque é uma resolução), 
mas é fonte de obrigações aos Estados-membros da OEA, pelos seguintes motivos: 
• O Artigo 29 da CADH prevê expressamente a Declaração como fonte de interpretação de seus 
direitos: 
Artigo 29. Normas de interpretação 
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de: (...) 
d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza. 
• Os direitos previstos na Declaração foram inseridos no sistema da OEA tanto na Carta da OEA 
quanto no Protocolo de Cartagena: 
39. A Carta da Organização faz referência aos direitos essenciais do homem em seu 
Preâmbulo (parágrafo terceiro) e em seus arts. 3.j), 16, 43, 47, 51, 112 e 150; Preâmbulo 
(parágrafo quarto), arts. 3.k), 16, 44, 48, 52, 111 e 150 da Carta reformada pelo Protocolo 
de Cartagena de Índias), porém não os enumera nem os define. Tem sido os Estados 
Membros da Organização os que, por meio dos diversos órgãos da mesma, têm enunciado 
precisamente os direitos humanos de que se fala na Carta e aos que se refere a Declaração 
(CORTE IDH, 1989). 
• Cabe à CIDH o dever de velar pelos direitos humanos no sistema regional. Esses direitos são os 
enunciados definidos pela Declaração Americana, conforme o Artigo 1 do Estatuto da Comissão, 
com redação dada pela Resolução 447 da Assembleia Geral da OEA: 
Artigo 1 
1. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão da Organização dos Estados 
Americanos criado para promover a observância e a defesa dos direitos humanos e para 
servir como órgão consultivo da Organização nesta matéria. 
2. Para os fins deste Estatuto, entende-se por direitos humanos: 
a. os direitos definidos na Convenção Americana sobre Direitos Humanos com relação aos 
Estados Partes da mesma; 
b. os direitos consagrados na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, 
com relação aos demais Estados membros. 
• A Assembleia Geral da OEA já reconheceu a DADDH reiteradamente como fonte de obrigações 
dos Estados-membros (Ex.: Resoluções 314/77, 370/78 e 371/78). 
As principais contribuições da Declaração Americana são: 
• Tratar os direitos humanos como inerentes à pessoa humana; 
• Ter uma concepção integrada dos direitos humanos, abarcando direitos civis, políticos, 
econômicos, sociais e culturais; 
• Ser a base normativa dos Estados que não fazem parte da Convenção Americana dos Direitos 
Humanos; 
• Correlacionar direitos e deveres. Sobre os deveres, a Declaração consagra que os indivíduos 
devem proceder fraternamente uns para com os outros. 
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ATENÇÃO! 
A DADDH não tem muita incidência em concursos públicos. Algumas bancas de concurso, inclusive 
confundem a declaração com a Convenção Americana de Direitos Humanos. O mais importante, para fins 
de prova, é saber o que ela faz. 
 
QUESTÕES 
135. (CESPE / CEBRASPE - 2013 - STM - Juiz-Auditor Substituto, adaptada) À elaboração da DUDH 
seguiram-se a da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e a da Convenção Europeia 
de Direitos Humanos. 
 
136. (FCC - 2012 - DPE-PR - Defensor Público, adaptada) A Comissão Interamericana examina casos e 
petições relacionadas com Estados membros da Organização dos Estados Americanos que não são 
parte na CADH, utilizando como fundamento, nessa análise, a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem. 
 
137. (FCC - 2015 - DPE-SP - Defensor Público, adaptada) Durante a ditadura civil-militar, a maior parte 
das denúncias à Comissão Interamericana foi realizada por indivíduos ou grupo de indivíduos e 
fundamentada na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. 
 
138. (ADM&TEC - 2020 - Prefeitura de Delmiro Gouveia, adaptada) Segundo o texto, a Lei Maria da 
Penha está em conformidade com a Constituição Federal (artigo 226, §8º) e com os tratados 
internacionais ratificados pelo Estado brasileiro (Convenção de Belém do Pará, Pacto de San José da 
Costa Rica, Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher). 
 
139. (Aroeira - 2014 - PC-TO - Agente de Polícia) No sistema Interamericano de Direitos Humanos, a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1948 e a Declaração Americana dos Direitos e Deve- 
resdo Homem de 1969 são importantes instrumentos regionais de proteção e promoção desses 
direitos. 
3.4. Convenção Americana de Direitos Humanos 
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos foi celebrada em San José, capital da Costa Rica, 
em 1969, e internalizada pelo Brasil pelo Decreto nº 678/1992. A entrada em vigor do tratado ocorreu em 
18 de julho de 1978. 
Em 1965, a Resolução XXIV, da II Conferência Extraordinária Interamericana decidiu pela preparação 
do documento, sendo o projeto elaborado pela Comissão Interamericana de Juristas, em 1967. 
Apenas 23 dos 35 Estados-membros da OEA ratificaram a CADH. Eram 25, mas Trinidad e Tobago (em 
1998) e a Venezuela (em 2012) denunciaram o tratado. 
A CADH, em seu preâmbulo, faz referência à DUDH, à DADDH, à Carta da OEA e a instrumentos 
internacionais e regionais. 
ATENÇÃO! 
É possível afirmar que a CADH é baseada nos Pactos de Direitos Humanos de 1966 e na Convenção 
Europeia dos Direitos do Homem de 1950. 
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O tratado traz também disposição genérica sobre direitos sociais, econômicos e culturais: 
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo 
Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências, tanto no âmbito interno como 
mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir 
progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas, 
sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados 
Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos 
disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados. 
Posteriormente, como será visto a seguir, foi aprovado o Protocolo de San Salvador sobre Direitos 
Sociais, Econômicos e Culturais, mas o artigo 26 continua sendo o principal fundamento jurídico do sistema 
interamericano para a justiciabilidade desses direitos, em razão da restrição do Protocolo adicional. 
Assim como o PIDCP, a CADH traz cláusula expressa sobre a possibilidade de suspensão de direitos 
humanos, bem como quais desses direitos não poderão ser suspensos: 
Artigo 27. Suspensão de garantias 
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a 
independência ou segurança do Estado Parte, este poderá adotar disposições que, na 
medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as 
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam 
incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não 
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou 
origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados seguintes 
artigos: 3 (Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica); 4 (Direito à vida); 5 (Direito 
à integridade pessoal); 6 (Proibição da escravidão e servidão); 9 (Princípio da legalidade e 
da retroatividade); 12 (Liberdade de consciência e de religião); 17 (Proteção da família); 18 
(Direito ao nome); 19 (Direitos da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e 23 (Direitos 
políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos. 
3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de suspensão deverá informar imediatamente 
os outros Estados Partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário-Geral da 
Organização dos Estados Americanos, das disposições cuja aplicação haja suspendido, dos 
motivos determinantes da suspensão e da data em que haja dado por terminada tal 
suspensão. 
Outra característica importante da CADH é não se restringir a um rol de direitos aos indivíduos, 
trazendo também os deveres das pessoas com a família, comunidade e toda a humanidade: 
Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos 
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade. 
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de 
todos e pelas justas exigências do bem comum, numa sociedade democrática. 
Destaca-se também que a CADH traz uma cláusula de abertura na intepretação dos direitos nela 
previstos, bem como a positivação de que o rol de seus direitos não é taxativo, possibilitando o 
reconhecimento de outros que não estejam previstos no tratado: 
Artigo 29. Normas de interpretação 
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de: 
a. permitir a qualquer dos Estados Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos 
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a 
nela prevista; 
b. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos 
de acordo com as leis de qualquer dos Estados Partes ou de acordo com outra convenção 
em que seja parte um dos referidos Estados; 
c. excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da 
forma democrática representativa de governo; e 
d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza. 
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Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos 
Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Convenção outros direitos e liberdades 
que forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigos 76 e 77. 
A título de curiosidade, é possível fazermos uma breve comparação entre os tratados, destacando 
ainda as alterações da Convenção Europeia de Direitos do Homem após a reforma de 1998: 
 CADH CEDH 1950 CEDH após 1998 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
Direito de reconhecimento da 
pessoa perante a lei 
Sim Não Não 
Direito ao nome Sim Não Não 
Direitos da criança Sim Não Não 
Direito à nacionalidade Sim Não Não 
Direito à igualdade Sim Não Não 
Pena de morte 
Proíbe se o Estado já 
tiver abolido 
Proíbe se o Estado já 
tiver abolido 
Abolida após o 
protocolo 6 de 1983 
Direitos sociais, econômicos e 
culturais 
Sim Só direito à educação Só direito à educação 
MECANISMO DE JUDICIALIDADE 
Peticionamento individual Base mandatória Base facultativa Base mandatória 
Comunicações interestatais Base facultativa Base mandatória Base mandatória 
Procedimento de proteção Bifásico Bifásico Unifásico 
Ademais, em relação à CADH, é necessário fazer um comparativo de seus termos com a legislação 
brasileira. 
3.4.1. O início da proteção à vida 
O primeiro ponto a ser destacado diz respeito à teoria adotada quanto ao início da vida. A doutrina 
divide-se entre as teorias Natalista e Concepcionista, sobre o momento do início da proteção. O Código Civil 
Brasileiro, em seu artigo 2º, aponta que o início da personalidade começa com o nascimento com vida, não 
obstante a existência de salvaguardas aos direitos do nascituro, desde sua proteção: 
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
O STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a constitucionalidade da Lei nº 11.105/2005, 
entendendo que pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida. 
A CADH, em seu artigo 4, adota expressamente a teoria concepcionista, prevendo que o direito à 
vida deve ser protegido desde a concepção: 
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Artigo 4. Direito à vida 
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido 
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida 
arbitrariamente. 
Porém, ao interpretar o dispositivo, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no julgamento do 
caso Artavia Murillo e outros (fecundação in vitro) vs. Costa Rica, de 2012, decidiu que somente no segundo 
estágio do desenvolvimento embrionário (nidação ou implantação) é que se permite entender que houve 
a concepção. 
ATENÇÃO! 
Para fins de concurso é correto afirmar, portanto, que a CADH adota a teoria concepcionista. 
Porém, é necessário ficar atento que, para a Corte IDH, a “concepção” não ocorre com a fecundação do 
óvulo, mas, sim, com a nidação. Daí é necessária a interpretação das assertivas, pois nem sempre as bancas 
estarão cientes dessa posição do tribunal internacional, preferindo uma cobrança textual da convenção. 
3.4.2. A prisão civil do depositário infiel 
Talvez o dispositivo mais conhecido da CADH seja o artigo 7, que prevê a prisão civil apenas na 
hipótese do inadimplemento de obrigação alimentar: 
Artigo 7. Direito à liberdade pessoal 
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de 
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação 
alimentar. 
A disposição convencional é mais restritiva que o art. 5º, LXVII da Constituição, que permite a prisão 
do depositário infiel: 
Art. 5º (...) 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
Foi a discussão da compatibilidade entre os dispositivos que gerou a construção do Supremo Tribunal 
Federal sobre o status supralegal da CADH, por não ter sido ratificada nos termos do art. 5º, §3º da 
Constituição. 
No julgamento do RE 349.703, a Corte consolidou o entendimento de que os tratados internacionais 
de direitos humanos anteriores à EC nº 45/04 são de status normativo supralegal, isto é, abaixo da 
Constituição, mas superiores às demais normas do ordenamento (adotou-se, então, uma teoria monista 
nacionalista moderada). Posteriormente foi editada a súmula vinculante nº 25, de seguinte redação: 
Súmula Vinculante nº 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a 
modalidade do depósito. 
3.4.3. A audiência de custódia e sua compatibilidade com a CADH 
Outro ponto a ser destacado refere-se à audiência de custódia. O artigo 7.5 da CADH dispõe que uma 
pessoa detida ou retida deve ser conduzida à presença de um juiz: 
ARTIGO 7 
Direito à Liberdade Pessoal (...) 
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, á presença de um juiz ou 
outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada 
dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o 
processo. Sua liberdade pode ser condiciona a garantias que assegurem o seu 
comparecimento em juízo. 
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A legislação brasileira previa tal garantia apenas em duas situações: na hipótese da prática de crimes 
eleitorais e em caso de apreensão de adolescentes. 
Código Eleitoral 
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) 
horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em 
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, 
ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. (...) 
§2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz 
competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a 
responsabilidade do coator. 
 
Estatuto da Criança e do Adolescente 
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, 
encaminhado à autoridade judiciária. 
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, 
encaminhado à autoridade policial competente. 
Em fevereiro de 2015, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo — por meio do Provimento-
Conjunto 03/2015 (em âmbito estadual) —, e posteriormente o Conselho Nacional de Justiça — por meio da 
Resolução nº 213/15 (com âmbito nacional) — passaram a determinar a apresentação do preso em flagrante, 
no prazo de 24 horas, à autoridade competente: 
Art. 1º. Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da 
motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da 
comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as 
circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão. 
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 5240 e da ADPF/MC 347, decidiu serem 
constitucionais os atos infralegais, considerando o disposto na CADH: 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PROVIMENTO CONJUNTO 03/2015 DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. 
1. A Convenção Americana sobre Direitos do Homem, que dispõe, em seu artigo 7º, item 5, 
que “toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de 
um juiz”, posto ostentar o status jurídico supralegal que os tratados internacionais sobre 
direitos humanos têm no ordenamento jurídico brasileiro, legitima a denominada 
“audiência de custódia”, cuja denominação sugere-se “audiência de apresentação”. 
2. O direito convencional de apresentação do preso ao Juiz, consectariamente, deflagra o 
procedimento legal de habeas corpus, no qual o Juiz apreciará a legalidade da prisão, à vista 
do preso que lhe é apresentado, procedimento esse instituído pelo Código de Processo 
Penal, nos seus artigos 647 e seguintes. 
3. O habeas corpus ad subjiciendum, em sua origem remota, consistia na determinação do 
juiz de apresentação do preso para aferição da legalidade da sua prisão, o que ainda se faz 
presente na legislação processual penal (artigo 656 do CPP). 
4. O ato normativo sob o crivo da fiscalização abstrata de constitucionalidade contempla, 
em seus artigos 1º, 3º, 5º, 6º e 7º normas estritamente regulamentadoras do procedimento 
legal de habeas corpus instaurado perante o Juiz de primeira instância, em nada 
exorbitando ou contrariando a lei processual vigente, restando, assim, inexistência de 
conflito com a lei, o que torna inadmissível o ajuizamento de ação direta de 
inconstitucionalidade para a sua impugnação, porquanto o status do CPP não gera violação 
constitucional, posto legislação infraconstitucional. 
5. As disposições administrativas do ato impugnado (artigos 2º, 4° 8°, 9º, 10 e 11), sobre a 
organização do funcionamento das unidades jurisdicionais do Tribunal de Justiça, situam-se 
dentro dos limites da sua autogestão (artigo 96, inciso I, alínea a, da CRFB). Fundada 
diretamente na Constituição Federal, admitindo ad argumentandum impugnação pela via 
da ação direta de inconstitucionalidade, mercê de materialmente inviável a demanda. 
6. In casu, a parte do ato impugnado que versa sobre as rotinas cartorárias e providências 
administrativas ligadas à audiência de custódia em nada ofende a reserva de lei ou norma 
constitucional. 
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7. Os artigos 5º, inciso II, e 22, inciso I, da Constituição Federal não foram violados, na 
medida em que há legislação federal em sentido estrito legitimando a audiência de 
apresentação. 
8. A Convenção Americana sobre Direitos do Homem e o Código de Processo Penal, posto 
ostentarem eficácia geral e erga omnes, atingem a esfera de atuação dos Delegados de 
Polícia, conjurando a alegação de violação da cláusula pétrea de separação de poderes. 
9. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia – ADEPOL, entidade de classe de âmbito 
nacional, que congrega a totalidade da categoria dos Delegados de Polícia (civis e federais), 
tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade (artigo 103, inciso IX, da 
CRFB). Precedentes. 
10. A pertinência temática entre os objetivos da associação autora e o objeto da ação direta 
de inconstitucionalidade é inequívoca, uma vez que a realização das audiências de custódia 
repercute na atividade dos Delegados de Polícia, encarregados da apresentação do preso 
em Juízo. 
11. Ação direta de inconstitucionalidade PARCIALMENTE CONHECIDA e, nessa parte, 
JULGADA IMPROCEDENTE, indicando a adoção da referida prática da audiência de 
apresentação por todos os tribunais do país. (ADI 5240, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, 
julgado em 20/8/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-
02-2016) 
 
(...) AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes e 
tribunais, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da 
Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, 
audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade 
judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão. (ADPF 347 MC, 
Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 9/9/2015, PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-031 DIVULG 18-02-2016 PUBLIC 19-02-2016) 
Posteriormente, a Lei nº 13.964/2019 incorporou a obrigação no Código de Processo Penal, dispondo 
que: 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e 
quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia 
com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e 
o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
No âmbito da jurisprudência da Corte IDH, o prazo de apresentação do preso deve ser fixado pela 
legislação interna (PIOVESAN, 2019, ebook, p. 93), porém, já considerou serem inconvencionais a 
apresentação do preso após 5 (cinco) dias (Caso Cabrera García e Montiel Flores vs. México) e de 38 (trinta 
e oito) horas (Caso Irmãos Landaeta Mejías e outros vs. Venezuela). 
Nos casos citados, há de se destacar suas peculiaridades. No primeiro precedente, a prisão ocorreu 
em uma zona com alta presença militar, o que gerara riscos ao detido; já no segundo, um dos acusados era 
menor de idade (PIOVESAN, 2019, ebook, p. 94). No caso Amrheim e outros vs. Costa Rica, no entanto, a 
Corte IDH não considerou inconvencional o prazo de 36 horas, previsto na legislação interna, para a 
apresentação do preso (não obstante ter considerado a manutenção da prisão da prisão preventiva por 13 
meses, até a prolação da sentença condenatória, contrária os dispositivos da CADH). 
3.4.4. O duplo grau de jurisdição 
Outro ponto de análise diz respeito à garantia do duplo grau de jurisdição. O artigo 8.2, h, da CADH 
dispõe: 
Artigo 8. Garantias judiciais (...) 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não 
se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena 
igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...) 
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. 
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A interpretação do dispositivo é a de que todos os condenados têm direito à revisão da decisão 
condenatória com cognição ampla, isto é, com alcance das questões de fato e de direito que culminaram na 
resolução do mérito. 
A Corte IDH, concretizando a garantia convencional, no caso Norín Catrimán e outros vs. Chile, 
decidiu que os recursos devem ser ordinários, acessíveis, eficazes e permitir a revisão integral da decisão 
recorrida: 
270. Em particular, considerando que a Convenção Americana deve ser interpretada 
levando em consideração seu objetivo e finalidade, que é a eficaz proteção dos direitos 
humanos, a Corte determinou que um recurso deve ser ordinário, acessível e eficaz; deve 
permitir um exame ou revisão integral da sentença recorrida; deve estar ao alcance de toda 
pessoa condenada; e deve respeitar as garantias processuais mínimas: 
a) Recurso ordinário: o direito de interpor um recurso contra a sentença deve ser garantido 
antes que a sentença adquira a qualidade de coisa julgada, pois busca proteger o direito de 
defesa, evitando que se firme uma decisão adotada em um procedimento viciado, contendo 
erros que trarão prejuízo indevido aos interesses de uma pessoa. 
b) Recurso acessível: sua apresentação não deve requerer maiores complexidades que 
tornem ilusório este direito. As formalidades requeridas para sua admissão devem ser 
mínimas e não devem constituir um obstáculo para que o recurso cumpra com sua 
finalidade de examinar e resolver as reclamações sustentadas pelo recorrente. 
c) Recurso eficaz: não basta a existência formal do recurso, este deve permitir que se 
obtenham resultados ou respostas, conforme a finalidade para a qual foi concebido. 
Independentemente do regime ou sistema recursal que adotem os Estados Partes e da 
denominação que deem ao meio de impugnação da sentença condenatória, deve constituir 
um meio adequado para a correção de uma condenação equivocada. Este requisito está 
intimamente vinculado com o seguinte: 
d) Recurso que permita uma análise ou revisão integral da sentença recorrida: deve 
assegurar a possibilidade de um exame integral da decisão recorrida. Portanto, deve 
permitir que se analisem as questões fáticas, probatórias e jurídicas em que se baseia a 
sentença impugnada, posto que na atividade jurisdicional existe uma interdependência 
entre as determinações fáticas e a aplicação do direito, de forma tal que uma determinação 
equivocada dos fatos implica em uma incorreta ou indevida aplicação do direito. 
Consequentemente, as causais de procedência do recurso devem possibilitar um controle 
amplo dos aspectos impugnados da sentença condenatória. Deste modo, poder-se-á obter 
a dupla conformidade judicial, pois a revisão integral da sentença condenatória permite 
confirmar o fundamento e concede maior credibilidade ao ato jurisdicional do Estado, ao 
mesmo tempo que oferece maior segurança e tutela aos direitos do condenado. 
e) Recurso ao alcance de toda pessoa condenada: o direito a recorrer da sentença não 
poderia ser efetivo se não garantisse a todo aquele que é condenado, já que a condenação 
é a manifestação do exercício do poder punitivo do Estado. Deve ser garantido, inclusive, 
para quem é condenado mediante sentença que revoga uma decisão absolutória. 
f) Recurso que respeite as garantias processuais mínimas: os regimes recursais devem 
respeitar as garantias processuais mínimas que, segundo o artigo 8 da Convenção, são 
pertinentes e necessárias para resolver as reclamações expostas pelo recorrente, sem que 
isso implique na necessidade de realizar um novo juízo oral. (CORTE IDH, 2014, p. 189) 
Da leitura da decisão,fica claro o afastamento da interpretação da Corte com a jurisprudência do STF 
relacionado ao alcance da garantia processual em relação aos processos de competência penal originária: 
ACÓRDÃO QUE, EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA, CONDENOU O RECORRENTE COM BASE NA 
PROVA DOS AUTOS. PRETENSÃO DE REEXAME DA MATÉRIA DE FATO. DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO. Questão insuscetível de ser apreciada ante a impossibilidade de reexaminar-
se em sede extraordinária a matéria de fato, ainda que em processo criminal de 
competência originária do Tribunal de Justiça, não sendo o duplo grau de jurisdição uma 
garantia constitucional (RHC 79.785, Rel. Min. Sepúlveda Pertence). Agravo regimental 
desprovido. (AI 248761 AgR, Relator(a): ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 
11/4/2000, DJ 23-06-2000 PP-00010 EMENT VOL-01996-02 PP-00240) 
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Nos casos Barreto Leiva vs. Venezuela e Liakat Ali Alibux vs. Suriname, a Corte IDH deparou-se com 
processos em que os acusados foram julgados originariamente pelas cortes constitucionais. Segundo o 
tribunal internacional, não obstante os Estados terem margem de apreciação para definir os requisitos 
recursais, isso não pode infringir a essência do direito de apresentação de recursos por parte dos indivíduos 
(CORTE IDH, 2009, p. 19). 
Ademais, para a Corte IDH, a competência de tribunal superior para o julgamento de processo penal 
não é, em si, inconvencional, porém ao acusado deve ser dada a oportunidade de recurso, ainda que no 
mesmo órgão, como ao plenário da corte: 
102. A Corte constata que, como Ministro de Estado, o senhor Alibux foi submetido a uma 
jurisdição diferente da ordinária para seu julgamento penal, devido ao alto cargo público 
que ele exercia. Nesse sentido, com base no artigo 140 da Constituição, o processo penal 
pela prática de delito de fraude no exercício de suas funções foi iniciado pelo Procurador-
Geral depois de ter sido acusado pela Assembleia Geral, para que a Alta Corte o julgasse. O 
Tribunal considera que o estabelecimento da Alta Corte de Justiça, como juiz natural 
competente para efeitos do julgamento do senhor Alibux é compatível, a princípio, com a 
Convenção Americana. 
 
103. Não obstante, a Corte verifica que não havia nenhum recurso perante o órgão máximo 
de justiça que julgou o senhor Alibux que poderia ter sido interposto, a fim de garantir o 
direito a recorrer da sentença condenatória, contrariamente ao disposto no artigo 8.2.h) da 
Convenção Americana. Nesse sentido, a Corte considera que embora tenha sido a Alta Corte 
de Justiça que julgou e condenou o senhor Alibux, o nível do tribunal que julga não pode 
garantir que a decisão em instância única será proferida sem erros ou vícios. Em razão disso, 
mesmo quando o processo penal em instância única estiver a cargo de uma jurisdição 
diferente da ordinária, o Estado deveria ter garantido que o senhor Alibux pudesse contar 
com a possibilidade de recurso em sentença adversa, com base na natureza da garantia 
mínima do devido processo que tal direito ostenta. A ausência de um recurso significou que 
a condenação proferida em seu desfavor fosse definitiva e, por conseguinte, o senhor Alibux 
cumpriu uma pena privativa de liberdade. (...) 
 
105. Portanto, o artigo 8.2.h) da Convenção Americana estabelece o “direito de recorrer da 
sentença para juiz ou tribunal superior”. O senhor Liakat Alibux foi julgado pelo órgão 
máximo de justiça do Suriname, e não existia um tribunal ou juiz superior que pudesse fazer 
uma revisão integral da sentença condenatória. Assim, em circunstâncias como essa, a 
Corte interpreta que, não existindo um tribunal de maior hierarquia, a superioridade que 
revisa a sentença condenatória se entende cumprida quando o plenário, uma turma ou 
câmara, dentro do mesmo órgão colegiado superior, mas de composição diferente da que 
conheceu da causa originalmente, resolve o recurso interposto com a faculdade de revogar 
ou modificar a sentença condenatória proferida, se considerar pertinente. Nesse sentido, a 
Corte assinalou que pode ser estabelecido, “[...], por exemplo, [...] que o julgamento em 
primeira instância estará a cargo do presidente ou de uma turma do órgão colegiado 
superior, e o conhecimento da impugnação corresponderá ao plenário do referido órgão, 
com a exclusão daqueles que já se pronunciaram a respeito do caso”. Ademais, a Corte 
verifica que esta tem sido a prática de alguns Estados da região (par. 98 supra). Sem prejuízo 
disso, o Tribunal estima que o Estado pode se organizar da maneira que considere 
pertinente com o propósito de garantir o direito a recorrer da sentença dos altos 
funcionários públicos. 
Essa construção jurisprudencial da Corte IDH tem íntima ligação com o Brasil, em razão do 
julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão), cujo julgamento ocorreu no Plenário do STF, sem a oportunidade 
de recurso a outro órgão, considerando que os embargos infringentes foram julgados, também, pelo plenário 
da corte. 
Posteriormente, com a Emenda Regimental nº 49/2014, o STF restringiu a competência originária do 
pleno para o julgamento do Presidente e Vice-Presidente da República, do Presidente do Senado Federal, do 
Presidente da Câmara dos Deputados, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Procurador-Geral da 
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República, minorando, na prática, a divergência de entendimentos, tendo em vista que a maioria dos 
processos em trâmite na Corte referem-se aos membros do Congresso Nacional. 
Contudo, com a Emenda Regimental nº 57/2020, foi restaurada a redação originária do regimento 
interno, retornando ao Plenário o julgamento de todas as autoridades com prerrogativa de foro. 
Em suma: em relação ao duplo grau de jurisdição, o Supremo Tribunal Federal continua a adotar uma 
posição divergente em relação à jurisprudência da Corte IDH, gerando o risco de responsabilização 
internacional do Brasil por violação ao artigo 8.2, h, da CADH. 
3.4.5. Presunção de inocência e execução provisória da pena frente a CADH 
No que diz respeito à presunção de inocência, o artigo 8.2 da CADH dispõe o seguinte: 
Artigo 8. Garantias judiciais (...) 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto 
não se comprove legalmente sua culpa. 
A ideia básica do dispositivo é a de que a pessoa não pode ser “condenada informalmente” 
(PIOVESAN, 2019, ebook, p. 127), de modo a ser tratada como condenada antes da formação da culpa. Na 
jurisprudência da Corte IDH é possível citar o caso Cantoral Venavides vs. Peru, em que os indivíduos foram 
expostos nos meios de comunicação como terroristas antes da comprovação de sua culpa. 
No Brasil, a discussão ganha relevo em relação ao dispositivo constitucional do art. 5º que prevê: 
Art. 5º (...) 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
Não há, na jurisprudência da Corte IDH, um marco para a determinação da culpa (PIOVESAN, 2019, 
ebook, p. 130), porém o dispositivo constitucional é de clareza ímpar (até o trânsito em julgado) e, 
considerando o princípio pro persona, deve-se compreender que a proteção nacional, por ser mais ampla, 
deve ser a adotada, ainda que o tribunal internacional eventualmente fixe um marco diverso mais restritivo. 
Em âmbito interno, ao julgar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43, 44 e 54, o Supremo 
TribunalFederal impediu, de regra, a execução provisória da pena antes do trânsito em julgado da decisão 
penal condenatória: 
PENA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA – IMPOSSIBILIDADE – PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE. 
Surge constitucional o artigo 283 do Código de Processo Penal, a condicionar o início do 
cumprimento da pena ao trânsito em julgado da sentença penal condenatória, considerado 
o alcance da garantia versada no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, no que 
direciona a apurar para, selada a culpa em virtude de título precluso na via da 
recorribilidade, prender, em execução da sanção, a qual não admite forma provisória. (ADC 
54, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 7/11/2019, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-270 DIVULG 11-11-2020 PUBLIC 12-11-2020) 
3.4.6. Discussão sobre a convencionalidade do delito de desacato 
Ainda em relação à contraposição da CADH à legislação nacional, é relevante destacar a questão do 
delito de desacato. O artigo 13 da Convenção dispõe o seguinte: 
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito 
compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda 
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma 
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha. 
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2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura 
prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e 
ser necessárias para assegurar: 
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou 
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 
No ano de 2000, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos aprovou, em seu 108º período de 
sessões ordinárias, a Declaração de princípios sobre liberdade de expressão, dispondo que: 
11. Os funcionários públicos estão sujeitos a maior escrutínio da sociedade. As leis que 
punem a expressão ofensiva contra funcionários públicos, geralmente conhecidas como 
“leis de desacato”, atentam contra a liberdade de expressão e o direito à informação. 
Na jurisprudência da Corte IDH, é possível encontrar o caso Palamara Iribarne vs. Chile em que, no 
curso do julgamento de processos penais, o senhor Palamara Iribarne foi processado pelo crime de desacato, 
por manifestar-se sobre a condução da persecução penal. Nesse caso, a Corte IDH entendeu que o delito de 
desacato teria restringido de forma desproporcional o direito de liberdade de expressão do autor, 
contrariando a garantia da CADH: 
88. A Corte entende que no presente caso, através da aplicação do crime de desacato, a 
persecução penal foi utilizada de uma forma desproporcional e desnecessária em uma 
sociedade democrática, pela qual ao senhor Palamara Iribarne foi privado do exercício de 
seu direito de liberdade de pensamento e de expressão, em relação às opiniões e críticas 
que tinha a respeito de assuntos que o afetavam diretamente e tinham relação direta com 
a forma que as autoridades da justiça militar cumpriram suas funções nos processos que 
ele estava sendo submetido. A Corte considera que a legislação sobre desacato aplicada ao 
senhor Palamara Iribarne estabelecia sanções desproporcionais por realizar críticas sobre o 
funcionamento das instituições estatais e seus membros, suprimindo o debate essencial 
para o funcionamento de um sistema verdadeiramente democrático e restringindo 
desnecessariamente o direito da liberdade de pensamento e expressão. (tradução nossa) 
(CORTE IDH, 2005, p. 61). 
Para maior compreensão do julgado, é necessário comparar os delitos de desacato no Brasil e o 
vigente à época dos fatos: 
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CÓDIGO PENAL CHILENO 
(CONSIDERADO PELA DECISÃO DA 
CORTE IDH) 
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
Art. 263. O que de fato ou por palavra injuriar 
gravemente o Presidente da República, ou a alguma das 
casas legislativas ou suas comissões, seja em atos 
públicos em que os representam, seja no desempenho de 
suas atribuições particulares, ou aos tribunais superiores 
de justiça, será castigado com reclusão menor em seus 
graus médios (541 dias a 3 anos de prisão) ou máximo (3 
a 5 anos de prisão) e multa de onze vezes o salário 
mínimo. 
Quando as injúrias forem leves, as penas serão reclusão 
menor em seu grau mínimo (60 a 540 dias de prisão) e 
multa de seis salários-mínimos, ou simplesmente esta 
última 
 
Art. 264. Cometem desacato contra a autoridade: 
1. Os que perturbam gravemente a ordem das sessões 
das casas legislativas e os que injuriam ou ameaçam nos 
mesmos atos algum deputado ou senador. 
2. Os que perturbam gravemente a ordem das audiências 
dos tribunais de justiça e os que injuriam ou ameaçam no 
mesmo ato a um membro dos tribunais. 
3. Os que injuriam ou ameaçam: 
 
Primeiro: a um senador ou deputado pelas opiniões 
manifestadas no Congresso. 
Segundo: a um membro de um tribunal de justiça pelas 
decisões que houver dado. 
Terceiro: aos ministros de estado ou outra autoridade no 
exercício de seus cargos. 
Quarto: a um superior seu no desempenho de suas 
funções. 
Em todos esses casos a provocação a uma briga, ainda 
que seja privada ou escondida, será considerada ameaça 
grave para todos os efeitos deste artigo. 
Desacato 
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da 
função ou em razão dela: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Na análise comparativa abstrata entre os dispositivos legais, afere-se uma disparidade entre as penas 
em ambos os ordenamentos. Porém, no caso concreto, o sr. Palamara Iribarne foi condenado à pena de 61 
dias de prisão e suspensão do cargo. 
No Brasil, a primeira vez que o delito foi considerado inconvencional foi na ação penal nº 0067370-
64.2012.8.24.0023, em sentença proferida pelo MM. Juiz Alexandre Morais da Rosa. O Superior Tribunal de 
Justiça, em um primeiro momento, chegou a declarar a inconvencionalidade do delito de desacato no 
julgamento do REsp 1.640.084 (Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 15/12/2016); porém, no julgamento 
do HC 379.269/MS (Rel. p/ Acórdão Ministro Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017), a 3ª Seção 
pacificou o entendimento acerca da higidez do delito. 
Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF 496, entendeu que o crime de desacato 
é constitucional e convencional: 
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DIREITO CONSTITUCIONAL E PENAL. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL. CRIME DE DESACATO. ART. 331 DO CP. CONFORMIDADE COM A 
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DE 
1988. 
1. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental em que se questiona 
a conformidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos, bem como a recepção 
pela Constituição de 1988, do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato. 
2. De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do 
Supremo TribunalFederal, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e, em casos 
de grave abuso, faz-se legítima a utilização do direito penal para a proteção de outros 
interesses e direitos relevantes. 
3. A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre agentes públicos e 
particulares é uma via de mão dupla: as consequências previstas para as condutas típicas 
são diversas não somente quando os agentes públicos são autores dos delitos, mas, de igual 
modo, quando deles são vítimas. 
4. A criminalização do desacato não configura tratamento privilegiado ao agente estatal, 
mas proteção da função pública por ele exercida. 
5. Dado que os agentes públicos em geral estão mais expostos ao escrutínio e à crítica dos 
cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à insatisfação, limitando-se o crime 
de desacato a casos graves e evidentes de menosprezo à função pública. 
6. Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente. Fixação da 
seguinte tese: “Foi recepcionada pela Constituição de 1988 a norma do art. 331 do Código 
Penal, que tipifica o crime de desacato”. (ADPF 496, Relator(a): ROBERTO BARROSO, 
Tribunal Pleno, julgado em 22/6/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 23-09-2020 
PUBLIC 24-09-2020). 
ATENÇÃO! 
Mais uma vez recorda-se que, além das peculiaridades mencionadas expressamente, é de suma 
importância a leitura do tratado, considerando a tendência textualista da maioria das bancas de concurso. 
QUESTÕES 
140. (VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção) No que concerne 
ao tema “Direito à Liberdade Pessoal”, do Pacto de São José (art. 7), é correto afirmar que 
a) a liberdade concedida judicialmente a pessoas detidas não pode ser condicionada a qualquer garantia 
(5). 
b) apenas em casos excepcionais pode haver privação de liberdade por lei que não tenha sido 
previamente promulgada (2). 
c) ninguém pode ser submetido à detenção ou ao encarceramento antes de comunicação à autoridade 
judicial (3). 
d) toda pessoa detida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou de outra autoridade 
autorizada pela lei a exercer funções judiciais (5). 
 
141. (VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) No que 
concerne ao tema “Garantias Judiciais” do Pacto de São José (artigo 8), é correto afirmar que 
a) o acusado tem direito de recurso da sentença para juiz ou tribunal superior (2.h). 
b) aos que necessitem, é garantido o direito a intérprete ou tradutor, mas não se garante sua gratuidade 
(2.a). 
c) é garantido ao acusado o direito de não se defender e, ao mesmo tempo, de renunciar a defensor 
público providenciado pelo Estado (2.e). 
d) a sentença condenatória não se pode fundar, unicamente, na confissão (3). 
 
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142. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia, adaptada) À luz da Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, a apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser 
vedada por lei. 
 
143. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia, adaptada) À luz da Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, a sujeição do réu à medida restritiva representa exceção à proibição da 
limitação de sua liberdade de conservar sua religião. 
 
144. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia, adaptada) À luz da Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, todos os cidadãos devem possuir o direito de participar da direção dos assuntos 
públicos. 
 
145. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia, adaptada) À luz da Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, o Estado que abolir a pena de morte não poderá restabelecê-la. 
 
146. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia, adaptada) À luz da Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, a pena de reclusão tem por principal finalidade a proteção da sociedade. 
 
147. (FCC - 2021 - DPE-RR - Defensor Público) A Convenção Americana de Direitos Humanos prevê 
expressamente que, quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade nela protegidos, a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos determinará, se couber, entre outras medidas, 
a) o reconhecimento público, pelo Estado, de sua culpa pelas violações ao direito. 
b) o pagamento de indenização justa à parte lesada. 
c) a anulação da regra ou da decisão que resultou na lesão do direito. 
d) a persecução penal da autoridade responsável pela violação de direito. 
e) a expropriação da decisão interna lesiva para instância federal ou internacional. 
 
148. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Principalmente a partir da segunda 
metade do Século XX, as relações internacionais entre os países geraram inúmeros tratados protetivos 
e afirmativos dos Direitos Humanos. Referido sistema estabelece um perene diálogo entre os tratados 
e entre os tratados e os ordenamentos jurídicos internos dos países signatários. Acerca da 
interpretação e da aplicação dos tratados internacionais de proteção aos Direitos Humanos pelo 
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa correta. 
a) O entendimento do Supremo Tribunal Federal em controle de convencionalidade sobre a Convenção 
Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica – 1969) é de que, tendo em vista a 
soberania do Estado brasileiro, nada impede que um brasileiro seja processado e julgado pelos 
mesmos fatos pelos quais fora condenado em ação penal já transitada em julgado sob a jurisdição de 
outro Estado. 
b) O Supremo Tribunal Federal julgou incompatível com a Constituição da República e a Convenção 
Interamericana de Direitos Humanos o tipo penal do desacato, previsto no art. 331 do Código Penal 
brasileiro. 
c) Seguindo entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, é constitucional a exigência de 
diploma para o exercício da profissão de jornalista, posto tratar-se de medida que assegura a 
credibilidade e a liberdade de expressão e pensamento. 
d) Nos termos do decidido liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 347, por força do Pacto 
dos Direitos Civis e Políticos, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos e como decorrência 
da cláusula do devido processo legal, a realização de audiência de apresentação é de observância 
obrigatória. 
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e) Segundo o Supremo Tribunal Federal, não há obrigatoriedade do Estado brasileiro em adotar medidas 
para garantir o pleno exercício do direito de propriedade de comunidades formadas por descendentes 
de escravos fugitivos sobre as terras tradicionais com as quais mantêm relações territoriais. 
 
149. (NCE-UFRJ - 2005 - PC-DF - Delegado de Polícia) Segundo o Pacto de São José da Costa Rica 
(Decreto 678/1.992), é INCORRETO afirmar que: 
a) ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente 
fixadas pelas constituições políticas dos Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas; 
b) toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra 
autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser posta em liberdade, sem 
prejuízo de que prossiga o processo, não podendo sua liberdade ser condicionada a garantias; 
c) toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente,a fim de 
que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura se a 
prisão ou a detenção forem ilegais; nos Estados- Partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir 
ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente a 
fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem 
abolido; o recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa; 
d) toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove 
legalmente sua culpa; 
e) toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias dentro de um prazo razoável, por um 
juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na 
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos 
ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 
 
150. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) No que diz respeito à interpretação da Convenção 
Americana de Direitos Humanos (OEA, 1969), a partir de suas regras, é possível afirmar que 
a) as normas da Convenção podem excluir outros direitos ou garantias inerentes ao ser humano, nela 
não expressamente previstos. 
b) as leis dos Estados-partes podem limitar o gozo ou o exercício de direito ou liberdade previstos na 
Convenção. 
c) as normas da Convenção podem excluir ou limitar o efeito que possam produzir outros atos 
internacionais da mesma natureza. 
d) as normas da Convenção não se aplicam a Estado organizado sob a forma federativa, no que diz 
respeito a violações decorrentes de ato de governo local. 
e) as leis dos Estados-partes podem ampliar o gozo ou o exercício de qualquer direito ou liberdade 
previstos na Convenção, para além do que ela prevê. 
 
151. (CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Delegado de Polícia) À luz da Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (Pacto São José), julgue os seguintes itens. 
I Admite-se a pena de morte em relação aos delitos políticos e aos delitos conexos com delitos 
políticos, devendo o Estado signatário fazer tal opção expressamente, quando da ratificação da 
Convenção. 
II O direito à vida deve ser protegido pela lei desde o momento do nascimento, que se dá com o início 
do trabalho de parto. 
III As penas privativas de liberdade têm por finalidade essencial a retribuição do mal causado. 
IV Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se 
prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, essa 
disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por 
um juiz ou tribunal competente. 
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V Ninguém deve ser detido por dívidas. Esse princípio não limita os mandados de autoridade judiciária 
competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. 
Estão certos apenas os itens 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e IV. 
d) III e V. 
e) IV e V. 
 
152. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Quanto aos direitos civis contidos na Convenção 
Americana de Direitos Humanos, esta estabelece que 
a) nos países em que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos 
mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei 
que estabeleça tal pena, promulgada antes de o delito ter sido cometido. 
b) ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório, exceto em decorrência de 
crime considerado hediondo pela legislação do país que adotar punição específica para essa 
modalidade de crime, não podendo, porém, a respectiva pena ultrapassar 30 anos de reclusão. 
c) ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio, porém, não limita os mandados de autoridade 
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar ou do 
depositário infiel. 
d) todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, 
econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza, não podendo 
o Estado restringir ou suprimir o exercício do direito de associação aos membros das forças armadas 
e da polícia. 
 
153. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) O Pacto de San José da Costa Rica garante direitos 
políticos e oportunidades de participação política ao cidadão. Segundo esse instrumento jurídico, o 
exercício de tais direitos e oportunidades poderá ser regulado pela lei, exceto por motivo de 
a) instrução. 
b) residência. 
c) idioma. 
d) capacidade intelectual. 
 
154. (FCC - 2009 - DPE-MT - Defensor Público) Em face do que dispõe a Convenção Americana de 
Direitos Humanos quanto ao direito de defesa da pessoa acusada da prática de um delito, 
a) é direito do acusado, sempre que o interesse da justiça assim o exija, ter um defensor designado ex 
officio, que atuará gratuitamente. 
b) o Estado deve dispor de um órgão de assistência jurídica encarregado da defesa dos acusados que 
demonstrarem insuficiência de recursos. 
c) a defesa pode ser realizada pessoalmente pelo acusado, caso o Estado não disponha de meios para 
lhe proporcionar um defensor. 
d) a defesa pode ser realizada pessoalmente pelo acusado, caso seja ele tecnicamente habilitado e 
renuncie ao defensor indicado pelo Estado. 
e) é obrigatória a existência de defesa técnica, fornecida pelo Estado, caso o acusado não indique 
advogado de sua confiança e nem se defenda por si mesmo. 
 
155. (CESPE / CEBRASPE - 2009 - DPE-PI - Defensor Público) A Convenção Americana de Direitos 
Humanos de 1969 (Pacto de San José da Costa Rica) 
a) reproduziu a maior parte das declarações de direitos constantes do Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais. 
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b) foi adotada sem ressalvas pelo Brasil desde o seu início. 
c) proíbe o restabelecimento da pena capital nos países que a tenham abolido. 
d) não tratou do direito ao nome. 
e) indica a possibilidade de asilo no caso do cometimento de crimes comuns não vinculados à atividade 
política. 
 
156. (CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-RN - Delegado de Polícia) De acordo com a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos, assinale a opção incorreta. 
a) Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e 
submetem-se a tratamento adequado à sua condição de pessoas não-condenadas. 
b) Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou de outra 
autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de prazo 
razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. A sua liberdade pode 
ser condicionada a garantias que asseverem o seu comparecimento em juízo. 
c) A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita tão-somente às 
limitações prescritas pela lei, e que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou 
a moral públicas ou os direitos ou as liberdades das demais pessoas. 
d) Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de 
difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral temdireito a fazer, pelo 
mesmo órgão de difusão, sua retificação ou sua resposta, nas condições estabelecidas pela lei. 
e) Constituem trabalhos forçados os trabalhos ou os serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa 
para cumprimento de sentença. 
 
157. (FUMARC - 2011 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Para a proteção dos direitos humanos, o 
instrumento de maior importância no sistema interamericano é a Convenção Americana de Direitos 
Humanos, também denomina- da Pacto de San José da Costa Rica. 
Leia as assertivas abaixo: 
I. Foi esse Pacto assinado em San José, na Costa Rica, em 1969, mas somente entrou em vigor somente 
em 1988, com a promulgação da chamada Constituição Cidadã no Brasil. 
II. Apenas Estados-membros da Organização dos Estados Americanos têm o direito de aderir à 
Convenção Americana, que até março de 2010 contava com 25 Estados-partes. 
III. Os Estados-partes da Convenção têm deveres negativos que consistem em não violar os direitos, as 
medidas necessárias para assegurar o pleno exercício dos direitos humanos internacionais são da 
competência da ONU. 
Marque a opção CORRETA: 
a) Somente a assertiva I é incorreta. 
b) As assertivas I, II e III estão corretas. 
c) As assertivas I, II e III estão incorretas. 
d) Somente a assertiva II está correta. 
 
158. (FCC - 2015 - DPE-SP - Defensor Público) Sobre a compatibilidade do crime de desacato, tipificado 
no artigo 331 do Código Penal brasileiro, com os tratados internacionais de direitos humanos, é correto 
afirmar: 
a) A Comissão Interamericana já entendeu que as leis que punem a manifestação ofensiva dirigida a 
funcionários públicos, geralmente conhecidas como “leis de desacato", atentam contra a liberdade de 
expressão e o direito à informação. 
b) Por se tratar de crime de menor potencial ofensivo, após condenação em Turma Recursal do Juizado 
Especial Criminal, o Defensor Público pode interpor Recurso Extraordinário ao Supremo Tribunal 
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Federal em razão de precedente (RE 466.343) que consagrou a natureza constitucional dos tratados 
de direitos humanos. 
c) O Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos estabelece que o delito de 
desacato viola o direito à liberdade de expressão e recomenda aos Estados sua exclusão das legislações 
internas. 
d) A Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitou parecer consultivo à Corte Interamericana 
acerca da compatibilidade entre o dispositivo normativo e a Convenção Americana de Direitos 
Humanos. 
e) A Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitou parecer consultivo à Comissão Interamericana 
acerca da compatibilidade entre o dispositivo normativo e a Convenção Americana de Direitos 
Humanos. 
 
159. (FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Sobre as garantias penais e processuais 
previstas na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, é correto afirmar que: 
a) a duração razoável do processo, no que concerne à pessoa privada de sua liberdade, não encontra 
referência explícita na Convenção, ao contrário da necessária e imediata apresentação da pessoa a um 
juiz, expressamente mencionada. 
b) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), analisando o art. 13 do Pacto de São José da 
Costa Rica, entendeu que a incriminação do desacato não é compatível com o texto da Convenção. 
c) determina a Convenção que todo processo penal deve ser público, sendo vedada qualquer espécie de 
sigilo, a fim de que a sociedade possa fiscalizar a correta aplicação das garantias processuais. 
d) o Pacto de São José da Costa Rica estabelece a presunção de inocência enquanto não provada 
legalmente a culpa da pessoa, repudiando expressamente a execução da pena após sentença 
condenatória em segunda instância. 
e) a teoria concepcionista, que, em linhas gerais estabelece a proteção à vida desde o momento da 
concepção, encontra respaldo no art. 4. da Convenção e determina de forma inquestionável o 
momento em que surge a vida intrauterina e, consequentemente, a interpretação sobre a abrangência 
do abortamento criminoso. 
 
160. (CESPE / CEBRASPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público) De acordo com a Convenção Americana 
dos Direitos Humanos, 
a) é possível a expulsão coletiva de estrangeiros. 
b) a proteção legal do direito à vida inicia-se, em geral, a partir do momento do nascimento. 
c) é reconhecida a existência de deveres da pessoa para com a família, a comunidade e a humanidade. 
d) nos países onde a pena de morte tenha sido abolida, essa forma de punição só poderá ser 
restabelecida para os crimes mais graves. 
e) é inadmissível a limitação dos direitos estabelecidos na convenção. 
 
161. (MPM - 2005 - MPM - Promotor de Justiça Militar) Com relação ao sistema internacional de 
promoção e proteção aos direitos humanos, assinale a afirmação correta: 
a) Segundo o princípio da norma mais favorável, podemos dizer que, em matéria de direitos humanos, 
sendo o bem jurídico tutelado por dois instrumentos, um de âmbito global e outro de âmbito regional, 
sempre prevalecerá o instrumento de âmbito global por ser este de aplicação mais ampla. 
b) A necessidade de se criar órgãos internacionais de proteção aos direitos da pessoa humana está em 
que as garantias internas nem sempre são suficientes. No caso brasileiro, os instrumentos 
internacionais pactuados sempre prevalecerão sobre os direitos constitucionalizados, conforme 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
c) Usualmente a doutrina denomina “direitos fundamentais” os direitos humanos constantes das 
declarações e convenções internacionais e “direitos humanos” aqueles positivados a nível interno. 
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d) Na Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de “San José da Costa Rica”- podemos 
encontrar, dentre as garantias judiciais, o direito de toda pessoa ser ouvida dentro de um prazo 
razoável. 
 
162. (IBFC - 2020 - SAEB-BA – Soldado) A Convenção Americana de Direitos Humanos, também 
chamado de Pacto de San José da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de 1969 e ratificado 
pelo Brasil em setembro de 1992. Ela busca consolidar entre os países americanos um regime de 
liberdade pessoal e justiça pessoal, fundado no respeito aos direitos humanos essenciais, 
independentemente do país onde a pessoa resida ou tenha nascido. Assim, quanto ao seu âmbito de 
proteção, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). 
( ) Não existe nenhuma relação entre o Pacto de San Jose da Costa Rica e a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. 
( ) Sobre os deveres das pessoas, determina que toda pessoa tem deveres para com a família, a 
comunidade e a humanidade. 
( ) Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante 
os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais 
reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja 
cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. 
( ) Algumas disposições do Pacto de San José da Costa Rica podem excluir outros direitos e garantias 
que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de governo. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. 
a) V, V, V, V 
b) V, V, F, F 
c)V, F, F, V 
d) F, F, V, V 
e) F, V, V, F 
 
163. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) Conforme a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e a posição do STF sobre as teorias natalista 
e da personalidade condicional, o direito à vida deve ser respeitado desde o momento da(o) 
a) concepção. 
b) fecundação do óvulo. 
c) formação do embrião. 
d) nascimento. 
e) nascimento com vida. 
 
164. (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público) Sobre a prisão civil, analise 
as seguintes afirmativas e a relação proposta entre elas. 
I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão civil do 
depositário infiel. 
UMA VEZ QUE 
II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito à prisão civil por dívida do 
depositário infiel, foi revogado pela ratificação do Pacto de São José da Costa Rica. 
A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que 
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a) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. 
b) as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I. 
c) as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I. 
d) a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira. 
3.5. Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em 
Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San 
Salvador) 
Após a elaboração do Pacto das Nações Unidas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e em 
decorrência da vagueza do art. 26 da CADH, que dispunha sobre direitos sociais, a CIDH solicitou a 
complementação do marco teórico de tais direitos. 
Em 1982, Assembleia Geral da OEA manifestou-se e determinou a redação de um Protocolo 
Adicional. Após controvérsia entre diversos temas — como direito a greve e sistema de monitoramento —, 
em 1988, durante o XVIII Período Ordinário de Sessões, a Assembleia Geral aprovou o chamado Protocolo de 
San Salvador, que entrou em vigor apenas em 1999. 
O protocolo, antes de enumerar os direitos, traz cláusulas gerais aos Estados signatários. Dentre elas, 
destaca-se o dever de efetividade progressiva dos direitos, mediante a aplicação máxima dos recursos 
disponíveis, tal qual o Pacto Internacional sobre Direitos Sociais Econômicos e Culturais. 
Artigo 1. Obrigação de adotar medidas 
Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos comprometem se a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem interna como 
por meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até o 
máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim 
de conseguir, progressivamente e de acordo com a legislação interna, a plena efetividade 
dos direitos reconhecidos neste Protocolo. 
 
Artigo 2. Obrigação de adotar disposições de direito interno 
Se o exercício dos direitos estabelecidos neste Protocolo ainda não estiver garantido por 
disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem se a adotar, 
de acordo com suas normas constitucionais e com as disposições deste Protocolo, as 
medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos esses 
direitos. 
Mesmo que o Estado tenha uma legislação compatível com o tratado, ele poderá ser 
responsabilizado internacionalmente quando não adota medidas de satisfação integral para os direitos 
protegidos no texto. Ademais, os direitos previstos no tratado não admitem restrições, apesar de admitirem 
limitações temporais para observar o bem-estar geral na sociedade, mas sem contrariar o propósito e razões 
dos mesmos: 
Artigo 4. Não-admissão de restrições 
Não se poderá restringir ou limitar qualquer dos direitos reconhecidos ou vigentes num 
Estado em virtude de sua legislação interna ou de convenções internacionais, sob pretexto 
de que este Protocolo não os reconhece ou os reconhece em menor grau. 
 
Artigo 5. Alcance das restrições e limitações 
Os Estados Partes só poderão estabelecer restrições e limitações ao gozo e exercício dos 
direitos estabelecidos neste Protocolo mediante leis promulgadas com o objetivo de 
preservar o bem-estar geral dentro de uma sociedade democrática, na medida em que não 
contrariem o propósito e razão dos mesmos. 
O sistema de monitoramento admite, de forma restritiva, a competência da Corte IDH, porém não 
se trata de uma competência ampla, ficando restrita aos direitos sindicais e à educação: 
Artigo 19. Meios de proteção 
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6. Caso os direitos estabelecidos na alínea a do artigo 8 (direitos sindicais), e no artigo 13 
(direito à educação), forem violados por ação imputável diretamente a um Estado Parte 
deste Protocolo, essa situação poderia dar lugar, mediante participação da Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos e, quando cabível, da Corte Interamericana de Direitos 
Humanos, à aplicação do sistema de petições individuais regulado pelos artigos 44 a 51 e 
61 a 69 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
ATENÇÃO! 
Não obstante a justiciabilidade internacional do Protocolo de San Salvador ser restrita aos direitos 
sindicais e à educação, a Corte Interamericana de Direitos Humanos acaba por conhecer ações 
relacionadas ao tema em função da dicção geral do artigo 26 da CADH. 
 
QUESTÕES 
165. (FCC - 2021 - DPE-SC - Defensor Público) Se determinado direito for violado por ação imputável 
diretamente a um Estado-Parte do Protocolo de San Salvador, essa situação pode dar lugar à aplicação 
do sistema de petições individuais da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mediante 
participação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e, quando cabível, da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos, conforme previsão expressa do Protocolo adicional à Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais. Trata-se 
do Direito à 
a) alimentação. 
b) educação. 
c) previdência social. 
d) saúde. 
e) greve. 
 
166. (FCC - 2021 - DPE-GO - Defensor Público) Determinado Município de médio porte possuía diversas 
escolas de ensino fundamental distribuídas em sua região periférica. O novo prefeito resolveu diminuir 
os gastos e reduziu as turmas implantadas em cada escola. Para isso, realizou um levantamento de 
turmas que contavam com menor número de alunos e determinou que os estudantes fossem 
automaticamente transferidos para escolas da região central da cidade que possuíam turmas maiores. 
Não houve, em paralelo, disponibilização de transporte ou de qualquer outro meio de locomoção 
entre a casa dos estudantes e a nova escola, ou mesmo entre a antiga escola e a nova unidade de 
ensino. A Defensoria Pública realizou diversas reuniões para solução extrajudicial das violações de 
direitos humanos, sem sucesso. Ajuizou, então, ação civil pública, a qual foi julgada improcedente. 
Após os recursos cabíveis, a decisão transitou em julgado no mês passado, confirmando a decisão em 
primeiro grau. Para obrigar o poder público a garantir o direito à educação desses estudantes, o 
membro da Defensoria Pública deverá 
a) enviar relatório pormenorizado ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os DireitosHumanos, por violação de direitos humanos. 
b) apresentar relato do caso como petição individual ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais da ONU, por violação ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
c) representar ao Procurador-Geral da República solicitando a instauração do incidente de deslocamento 
de competência da demanda, por violação de tratados internacionais. 
d) encaminhar relato do caso à Relatoria Especial para o Direito à Educação do Conselho de Direitos 
Humanos da ONU, por violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
e) elaborar relato do caso e denunciar o Brasil diretamente à Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos da OEA, por violação do Protocolo de San Salvador. 
 
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167. (FCC - 2021 - DPE-BA – Defensor Público) O “Protocolo de San Salvador” (Protocolo adicional à 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais) 
a) não foi ratificado pelo Brasil em virtude da ausência de depósito do instrumento de aprovação 
congressual por meio de decreto-legislativo. 
b) assegura o direito à alimentação, com nutrição adequada, que garanta a possibilidade de gozar do 
mais alto nível de desenvolvimento físico, emocional e intelectual. 
c) admite a restrição ou limitação, pelos Estados Partes, dos direitos reconhecidos em menor grau de 
proteção pelo Protocolo em relação à legislação interna, objetivando-se conferir coerência e 
integridade ao sistema jurídico de proteção. 
d) prevê o acesso à Comissão de Direitos Humanos por meio de petições individuais em caso de violações 
ao direito à educação e aos direitos sindicais, dentre os quais o direito de greve. 
e) assegura os direitos de reunião e liberdade de associação, ao trabalho, à sindicalização, à previdência 
social, à saúde, à educação e à cultura, sem previsão do direito à constituição e proteção da família. 
 
168. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) No Sistema Interamericano de Direitos Humanos, a 
proteção internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais veio a ser concretizada pela 
Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos, em 1988, por meio do seguinte 
instrumento jurídico: 
a) Convenção de Cartagena. 
b) Protocolo de San Salvador. 
c) Pacto de San José da Costa Rica. 
d) Declaração de Lima. 
 
169. (FCC - 2009 - DPE-MT - Defensor Público) Tendo em vista o Protocolo Adicional à Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, NÃO 
constitui direito nele reconhecido: 
a) À educação primária gratuita. 
b) À reserva de percentual de cargos públicos para as pessoas portadoras de deficiência. 
c) À licença-maternidade, antes e depois do parto. 
d) A uma remuneração equitativa e igual por trabalho igual. 
e) À total imunização contra as principais doenças infecciosas. 
 
170. (FCC - 2009 - DPE-PA - Defensor Público) O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais e o Protocolo de San Salvador em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais preveem 
que estes direitos têm aplicação 
a) imediata, devendo ser implementados pelos Estados-partes no prazo de cinco anos a contar da 
ratificação dos aludidos tratados. 
b) imediata, devendo ser implementados pelos Estados-partes no prazo de dois anos a contar da 
ratificação dos aludidos tratados. 
c) progressiva, estando condicionados à prévia implementação dos direitos civis e políticos, vedado o 
retrocesso social. 
d) imediata, devendo os Estados dispor do máximo dos recursos disponíveis para a sua realização, 
permitido o retrocesso social com base na reserva do possível. 
e) progressiva, devendo os Estados dispor do máximo dos recursos disponíveis para a sua realização, 
vedado o retrocesso social. 
 
171. (FCC - 2009 - DPE-SP - Defensor Público) No Protocolo de San Salvador está reconhecido o direito 
de petição ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos nos casos de violação 
a) do direito ao trabalho. 
b) dos direitos econômicos, sociais e culturais. 
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c) dos direitos à saúde e à educação. 
d) dos direitos à saúde e à moradia digna. 
e) dos direitos à livre associação sindical e à educação. 
 
172. (FEPESE - 2013 - SJC-SC - Agente de Segurança Socioeducativo) A proteção, preservação e o 
melhoramento do meio ambiente estão previstos no Protocolo Adicional à Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos, também denominado 
a) Rio+20. 
b) Protocolo de Cruz Alta. 
c) Protocolo de Assunção. 
d) Protocolo de San Salvador. 
e) Declaração de San José da Costa Rica. 
 
173. (FUMARC - 2014 - PC-MG - Investigador de Polícia) O Brasil tem revelado, nos últimos anos, 
crescente alinhamento à arquitetura de proteção internacional dos direitos humanos. Diante desse 
posicionamento que anuncia uma esperança emancipatória do sujeito de direitos, sob o prisma 
jurídico-político, em face da proteção dos direitos humanos, é CORRETO afirmar que 
a) o Brasil, mesmo depois de condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no Caso Escher 
e outros versus Brasil, que envolveu a interceptação e o monitoramento ilegal de linhas telefônicas, 
não autorizou o cumprimento da sentença por entender que essa medida depende de decisão do 
Supremo Tribunal Federal. 
b) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, editado no âmbito do sistema global de proteção 
dos direitos humanos, tem a ele o Segundo Protocolo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e 
Políticos, adotado em 15 de dezembro de 1989, que estabelece que cada Estado-parte deverá adotar 
todas as medidas necessárias para abolir a pena de morte em sua jurisdição. O citado Protocolo ainda 
não foi ratificado pelo Brasil. 
c) o Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo 
de San Salvador) foi ratificado pelo Brasil. 
d) o Protocolo Facultativo ao Pacto dos Direitos Civis e Políticos, no âmbito do sistema global de proteção 
aos direitos humanos, que trata do mecanismo das petições individuais, está pendente de apreciação 
no Congresso Nacional. 
 
174. (FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público) Uma comunidade vulnerável sofreu despejo forçado pelo 
Poder Público, sem alternativa habitacional ou qualquer contrapartida, mesmo se tratando de 
ocupação consolidada ao longo de décadas. Considerando os marcos de competência e os standards 
internacionais de direitos humanos aplicáveis após o esgotamento das instâncias nacionais, pela 
Defensoria Pública, mediante procedimento contencioso, é cabível o 
a) encaminhamento de Relatório Sombra ao Comitê sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da 
ONU. 
b) acionamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, objetivando a declaração de violação 
da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
c) acionamento do Comitê sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU, objetivando a 
declaração de violação do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
d) acionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, objetivando a declaração de violação do 
Protocolo de San Salvador. 
e) acionamento da Comissão de Direitos Humanos da ONU, objetivando a declaração de violação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
 
 
175. (MPF - 2015 - PGR - Procurador daRepública) Assinale a alternativa incorreta: 
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a) O Protocolo facultativo a Convenção da Organização das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas 
com deficiência prevê que seu Comitê considerará inadmissível a comunicação de vítima sobre 
violação de direitos previstos na Convenção quando a comunicação for anônima ou quando a mesma 
matéria já tenha sido examinada pelo Comitê ou tenha sido ou estiver sendo examinada sob outro 
procedimento de investigação ou resolução internacional, entre outros motivos de inadmissibilidade. 
b) A Convenção Americana de Direitos Humanos dispõe que os Estados partes comprometem-se a adotar 
as providências, tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, especialmente 
econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que 
decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura. 
c) De acordo com o Protocolo de San Salvador, caso os direitos sindicais, o direito de greve e o direito a 
educação fundamental forem violados por ação imputável a Estado Parte do Protocolo, e possível a 
utilização do mecanismo de petições individuais a Comissão Interamericana de Direitos Humanos 
previsto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
d) O Comitê pela eliminação de toda forma de discriminação contra a mulher já apreciou petição 
individual contra o Brasil, tendo recomendado ao Estado que, além de indenizar a família da vítima, 
também assegure o direito das mulheres a maternidade segura e o acesso a assistência médica 
emergencial adequada. 
4. O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
A Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais foi assinada 
em 4 de novembro de 1950, entrando em vigor em 3 de setembro de 1953. Trata-se, portanto, do primeiro 
texto de proteção regional de direitos humanos e o primeiro texto que introduziu o acesso do indivíduo a 
uma instância internacional de proteção dos direitos humanos, em face de seu próprio Estado (MIRANDA, 
2012, p. 329). 
Jorge Miranda (2012, 329) explica que a CEDH é fruto de um contexto de pós-guerra, que ilustra a 
experiência acumulada dos sistemas constitucionais de democracias pluralistas, bem como se mostra como 
uma reação aos regimes totalitários do início do Século XX. No mesmo sentido, Flávia Piovesan (2015, p. 113) 
destaca que o sistema europeu de proteção dos direitos humanos tem o contexto de ruptura e reconstrução 
dos direitos humanos através da integração e cooperação dos Estados europeus. 
O tratado, adotado no seio do Conselho da Europa, inicialmente fora ratificado por 8 Estados 
(Dinamarca, Alemanha, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Reino Unido), atualmente conta 
com 47 Estados-partes. 
ATENÇÃO! 
Em 2016 o Reino Unido votou para sua saída da União Europeia (BREXIT). Contudo, a Convenção 
Europeia dos Direitos do Homem, incorporada pelo direito inglês através do Human Rights Act de 1998, não 
foi adotada no âmbito da União Europeia, mas sim do Conselho da Europa. Portanto, a saída da União 
Europeia não importou em imediata saída da CEDH. Ademais, como destaca Frederick Cowell (2021), o 
tratado comercial entre União Europeia e Reino Unido, na prática impede a saída do Estado da Convenção, 
não obstante a possibilidade de a legislação interna restringir o cumprimento das decisões da Corte Europeia 
de Direitos Humanos, à exemplo do que fizeram Rússia, Polônia e Hungria. Enfim, para fins de concurso, é 
possível afirmar que até 2021, pelo menos, o Reino Unido ainda está vinculado à CEDH. 
Além da CEDH coexiste no âmbito da União Europeia a Carta dos Direitos Fundamentais da União 
Europeia, de 7 de dezembro de 2000 e vigente desde 1º de dezembro de 2009, com a entrada em vigor do 
Tratado de Lisboa. 
A coexistência desses textos normativos, em conjunto da proteção nacional dos direitos humanos, 
configura o que o professor René Urueña (2014, p. 13) denomina proteção multinível dos direitos humanos 
de 3 níveis e Valerio de Oliveria Mazzuoli (2020, ebook, p. 108) classifica como sistema europeu 
internormativo de direitos humanos. 
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104 
Jorge Miranda (2012, p. 330) ressalta que os direitos previstos na Convenção são relativamente 
modestos, pois havia a necessidade de se aprofundar a proteção desse rol, considerado o mais importante 
que outros. No mesmo sentido, Flávia Piovesan (2015, p. 117) destaca que a inspiração liberal e individualista 
pautou a escolha dos direitos, pois expressava os valores dominantes e consensuais da Europa ocidental. A 
ideia era a de que os direitos civis e políticos seriam essenciais para a vida democrática, enquanto direitos 
sociais, econômicos e culturais, são “mais problemáticos”, devendo ter tratamento específico a ser conferido 
posteriormente. 
De fato, a ampla proteção dos direitos sociais, econômicos e culturais, só ocorreu em âmbito regional 
europeu com a Carta Social Europeia, que entrou em vigor em 26 de fevereiro de 1965, sofrendo uma revisão 
em 1996. O direito à educação, foi inserido através do Protocolo Adicional à CEDH, de 1952, com vigência 
em 18 de maio de 1954, sob o título de direito à instrução: 
Artigo 2º (Direito à instrução) 
A ninguém pode ser negado o direito à instrução. O Estado, no exercício das funções que 
tem de assumir no campo da educação e do ensino, respeitará o direito dos pais a assegurar 
aquela educação e ensino consoante as suas convicções religiosas e filosóficas. 
Até 2021 a CEDH tem 16 protocolos adicionais dos seguintes temas3: 
PROTOCOLO 
Nº: 
DATA DE 
VIGÊNCIA: 
TEMA: 
1 18/5/1954 Instituiu direitos à propriedade; à educação; e eleições livres através do voto 
secreto. 
2 21/9/1970 Instituiu a atribuição de requisição de parecer consultivo à Corte, elaborado pelo 
Comitê de Ministros. 
3 21/9/1970 Altera normas procedimentais do sistema de peticionamento 
4 2/5/1968 Institui a proibição de prisão civil por dívidas (contratuais), liberdade de circulação, 
direito de escolha da residência, proibição de expulsão de nacionais e proibição 
coletiva de estrangeiros 
5 20/12/1971 Dispõe sobre as eleições dos juízes da Corte e sobre procedimentos da audiência. 
6 1/3/1985 Institui a abolição da pena de morte em tempos de paz. 
7 1/11/1988 Institui garantias processuais no caso de expulsão de estrangeiros, e os direitos de 
duplo grau de jurisdição em matéria penal, indenização por erro judiciário, 
vedação do bis in idem e a igualdade entre os cônjuges. 
8 1/1/1990 Altera o funcionamento da Comissão Europeia dos Direitos do Homem 
9 1/10/1994 Prevê a possibilidade de recurso aos indivíduos à Corte EDH após a manifestação 
da Comissão Europeia de Direitos Humanos 
10 - Dispunha sobre o procedimento de supervisão da Convenção, mas perdeu sua 
vigência após a entrada em vigor do protocolo 11 
11 1/11/1998 Extingue o procedimento bifásico de peticionamento, instituindo o “novo tribunal” 
com acesso direito dos indivíduos. 
12 1/4/2005 Proíbe todas as formas de discriminação. 
13 1/7/2003 Institui a abolição da pena de morte em todas as circunstâncias 
14 1/6/2010 Altera a duração dos mandatos dos juízes, define novo critério de admissibilidade 
de casos e cria novas formações judiciais para casos menos complexos 
 
3 Fonte: https://www.echr.coe.int/Documents/Convention_Instrument_POR.pdfE
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15 1/8/ 2021 Versa sobre o princípio da subsidiariedade e sobre a chamada margem de 
apreciação nacional. Dispõe ainda sobre a redução de prazo para recorrer à CEDH, 
de seis para quatro meses. 
16 1/8/2018 Permite a solicitação de pareceres consultivos à CEDH pelas mais altas instâncias 
dos Estados-membros (Tribunais Superiores). 
Em seu design originário da CEDH previa dois órgãos: a Comissão Europeia dos Direitos do Homem, 
com a função de investigação, conciliação, recebimento e exame de petições e queijas de particulares, 
previstas nos artigos 20 e seguintes do tratado; e a Corte Europeia dos Direitos do Homem, com funções, 
inicialmente, exclusivamente jurisdicionais, que, após o Protocolo adicional nº 2, passa a ter também funções 
consultivas. 
Os particulares não tinham acesso direto à Corte até o Protocolo Adicional nº 11, que suprimiu a 
Comissão e reestruturo o tribunal. 
O Protocolo Adicional nº 14 fez nova reestruturação do tribunal internacional e do procedimento de 
peticionamento. Outra inovação do Protocolo nº 14, foi a alteração do artigo 59 da CEDH, permitindo que a 
União Europeia possa aderir ao tratado. Portanto, a CEDH não tem como membros apenas os Estados. 
Destaca-se ainda que, além da CEDH o Conselho da Europa adota centenas4 e outros tratados de 
proteção dos direitos humanos, como a Convenção Europeia para a Prevenção da Tortura e de Tratamentos 
Desumanos e Degradantes de 1987, a Convenção Europeia para a Proteção de Minorias Nacionais, de 1995 
e a Convenção Europeia contra o tráfico de órgãos humanos, de 2015. 
Para além das disposições materiais sobre os direitos previstos no tratado, Flávia Piovesan (2015, p. 
118) destaca que a Corte Europeia de Direitos Humanos desenvolveu a chamada interpretação evolutiva dos 
tratados de proteção dos direitos humanos, considerando não o contexto do momento em que a CEDH foi 
elaborada, mas sim a realidade contemporânea à sua aplicação. Trata-se, portanto, da ideia da convenção 
como um “instrumento vivo” (living instrument) e não uma norma estática no tempo e espaço5. 
Outro ponto marcante do sistema europeu é a ideia de margem de discricionariedade ou margem 
de apreciação nacional na proteção dos direitos humanos. André de Carvalho Ramos (2019, p. 188) explica 
que a teoria da margem de apreciação nacional foi desenvolvida pela Corte Europeia de Direitos Humanos 
para permitir que Estados possam ter “formas distintas” de proteção de um determinado direito, 
considerando seus valores nacionais. 
O autor traz as expressões “interpretação nacional dos direitos humanos internacionais” e 
“internacionalização ambígua ou imperfeita dos direitos humanos” para resumir a lógica da teoria. São 
exemplos práticos da utilização (implícita ou explícita) da teoria a permitir a Alemanha proibir o ensino 
domiciliar (Caso Konrad v. Alemanha), a França expulsar uma estrangeira por se negar a tirar a burca a um 
oficial consular homem (Caso El Morsli v. França) ou o Reino Unido apreender e destruir obras consideradas 
de caráter obsceno e inapropriado (Caso Handyside v. Reino Unido). 
O grande risco da teoria da margem de apreciação nacional é o tratamento distinto de um problema 
relacionado às violações de direitos humanos. A aplicação desmedida da teoria pode gerar um non liquet e 
com isso enfraquecer, ao invés de fortalecer a proteção dos direitos humanos. Uma coisa é, por exemplo, a 
escolha entre a votação pelo sistema proporcional ou pelo sistema de colégios eleitorais entre dois países ou 
a permissão ou não de candidaturas avulsas (desvinculadas de partidos políticos). Outra coisa, totalmente 
diferente é permitir que em um país uma pessoa possa, para exercitar seu direito de liberdade religiosa, 
utilizar uma burca, e no outro ser impedida de fazê-lo, sem que esteja configurada uma violação a esse 
direito. 
Por fim, a Corte IDH aplica esporadicamente a teoria da margem de apreciação nacional, como o fez 
no caso na Opinião Consultiva nº 4, quando respondendo consulta da Costa Rica, apontou que compete aos 
 
4 Lista completa dos tratados pode ser encontrada no site: https://www.coe.int/en/web/conventions/full-list 
5 Sobre o tema vide: https://echr.coe.int/Documents/Convention_Instrument_ENG.pdf 
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Estados escolher os critérios de naturalização de estrangeiros, desde que respeitadas as normas do Direito 
Internacional, ou na discricionariedade dos Estados permitirem candidaturas independentes (Caso 
Castañeda Gutman vs. México). 
QUESTÕES 
176. (FUNDEP - 2019 - DPE-MG - Defensor Público) De acordo com a Teoria da Margem de Apreciação, 
a) os conceitos e termos inseridos nos tratados de Direitos Humanos podem possuir sentidos próprios, 
distintos dos sentidos a eles atribuídos pelo Direito Interno. 
b) deve-se assegurar às disposições convencionais seus efeitos próprios, evitando-se que sejam 
consideradas meramente programáticas. 
c) em certos casos polêmicos, deve-se aceitar a posição nacional sobre o tema, evitando impor soluções 
interpretativas às comunidades nacionais. 
d) os tratados internacionais de Direitos Humanos estão sujeitos à interpretação de termos de conteúdo 
indeterminado, que pode variar de acordo com o contexto de cada época. 
 
177. (FCC - 2014 - DPE-PB - Defensor Público, adaptada) A teoria da margem da apreciação é baseada na 
subsidiariedade da jurisdição internacional e ponderada pelo princípio da proporcionalidade, sendo esse 
instrumento de interpretação adotado frequentemente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
 
178. (MPF - 2017 - PGR - Procurador da República, adaptada) O princípio da não tipicidade dos direitos 
humanos é incompatível com a interpretação evolutiva dos direitos em tratados de direitos humanos. 
 
179. (MPF - 2017 - PGR - Procurador da República) Dentre os enunciados abaixo, somente estão corretos: 
I - A Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Opinião Consultiva n. 07, decidiu que cabe aos Estados a 
decisão sobre a autoaplicabilidade das normas internacionais de direitos humanos. 
II - No sistema regional europeu de direitos humanos, a demanda individual pode ser considerada 
inadmissível se o prejuízo causado à vítima pela violação de direitos humanos for considerado insignificante. 
III - O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos possibilita a adoção de medidas de restrição e suspensão 
de quaisquer direitos em situações excepcionais que ameacem a existência do Estado democrático. 
IV- O sistema regional europeu de direitos humanos adotou a chamada satisfação justa ou equitativa para 
exigir dos Estados infratores a reparação completa e integral de todo tipo de violação de direitos humanos 
apontado pela Corte Europeia de Direitos Humanos. 
a) apenas II 
b) I e IV 
c) I e II 
d) II, III e IV 
 
180. (TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - Juiz Federal Substituto) “Sob a inspiração do ideal liberal-individualista, 
esse ORGANISMO INTERNACIONAL tem salvaguardado o valor da liberdade e sua projeção na esfera 
privada e familiar, afirmando o direito de todo e qualquer indivíduo de desenvolver sua personalidade. 
Com base no princípio da proporcionalidade, tem invalidado interferências estatais abusivas. Ao proteger 
de forma indireta os direitos sociais, tem entendido que o direito à vida privada requer não apenas 
obrigações negativas do Estado, mas ainda prestaçõespositivas, condenando a omissão estatal quando 
afronta o direito à vida privada – por exemplo degradação ambiental causada por empresa. Referida 
INSTITUIÇÃO é movida pelo respeito à vida privada e pelo ideal liberal-individualista como princípios 
basilares (cf. Flavia Piovesan, “Direitos Humanos e Justiça Internacional”, 7. ed., p. 212, ADAPTADA). 
Assinale a INSTITUIÇÃO a que o texto acima se refere: 
a) Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
b) Corte Europeia de Direitos Humanos. 
c) Tribunal Penal Internacional. 
d) Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
 
181. (MPF - 2015 - PGR - Procurador da República) De acordo com a evolução organizacional do regime 
internacional de proteção dos direitos humanos, o sistema europeu de direitos humanos passou a 
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prever, a partir do Protocolo n. 14, a possibilidade de adesão da União Europeia como parte da 
Convenção Europeia de Direitos Humanos. 
 
182. (CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público) No que se refere ao sistema europeu de direitos 
humanos, assinale a opção correta. 
a) O Protocolo nº 13, de 2002, admite a pena de morte apenas em tempo de guerra. 
b) O Protocolo nº 4, de 1963, admite a expulsão coletiva de estrangeiros, desde que observados os trâmites 
fixados pela legislação do Estado-parte. 
c) No Protocolo nº 7, de 1984, prevê-se, no caso de condenação por infrações menores assim definidas nas 
leis do Estado-parte e no caso de condenação aplicada pela mais alta corte do Estado-parte, exceção ao 
direito a duplo grau de jurisdição em matéria penal. 
d) Além das manifestações dos Estados-partes, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem pode admitir 
apenas petições de organizações não governamentais e de coletividades ou grupos minoritários. 
e) A Convenção Europeia dos Direitos do Homem veda qualquer restrição, no território por ela abrangido, 
à atividade política dos estrangeiros. 
 
183. (CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Assinale a opção correta relativamente 
aos mecanismos de implementação dos direitos humanos no plano internacional. 
a) A Corte Europeia de Direitos Humanos julga exclusivamente demandas de indivíduos contra Estados. 
b) Na atualidade, existem apenas duas cortes regionais em funcionamento: a Corte Interamericana de 
Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos. 
c) A comissão Europeia de Direitos Humanos é um órgão de conciliação e mediação do sistema europeu de 
proteção. 
d) A Corte Europeia de Direitos Humanos dispõe de competência consultiva. 
e) Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos são passíveis de recurso à Corte Internacional de 
Justiça. 
5. O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 
Como destaca Flávia Piovesan (2015, p. 231) o sistema regional africano revela singularidade e 
complexidade, tendo em vista a luta de seus povos pela descolonização e pelo reconhecimento de sua 
autodeterminação. Ademais, o continente tem ainda que lidar com o desafio de enfrentar graves violações 
aos direitos humanos. 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 287) explica que a temática de proteção dos direitos humanos é 
recorrente no continente africano, desde o final da 1ª Guerra Mundial, quando fora realizado o Primeiro 
Congresso Pan-Africano de 1919. No congresso houve a abolição do trabalho forçado, dos castigos corporais 
e o reconhecimento aos direitos de idioma e cultura local. Posteriormente, novos direitos passam a ser 
reconhecidos, em compasso com a luta dos povos africanos para sua descolonização. 
Em 1958 foi realizada em Gana a Conferência de todos os povos africanos, reunindo líderes de todo 
continente, onde foi adotada uma resolução que vinculava a independência ao respeito dos direitos 
humanos. Pouco depois, em 1963, em Addis Abeba, na Etiópia, 32 Estados africanos assinaram a Carta da 
Organização da Unidade Africana, que tinha como um de seus objetivos, a promoção da cooperação 
internacional e a observação da Carta da ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Em 1981, sob os auspícios da Organização da Unidade Africana, foi elaborada a Carta Africana dos 
Direitos Humanos e dos Povos, também conhecida como Carta de Banjul, Gâmbia. O tratado entrou em vigor 
em 21 de outubro de 1986. 
A Carta Africana foi inspirada nos Pactos de 1966, das Declarações de Direitos Humanos (universal e 
americana) e da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, sem, contudo, perder de vista as 
peculiaridades regionais do continente. 
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Nesse sentido, Flávia Piovesan (2015, p. 233) ressalta que já no preâmbulo da Carta, há quatro 
distinções do tratado em relação aos demais instrumentos regionais de proteção aos direitos humanos: 
I. A carta confere importância ímpar às tradições históricas e aos valores da civilização africana, 
apontando que esses dois aspectos devem inspirara e caracterizar suas reflexões sobre a 
concepção dos direitos humanos e dos povos; 
II. A importância dos direitos dos povos. Portanto, ao contrário da CEDH ou da CADH, a Carta 
africana adota uma perspectiva coletivista dos direitos humanos, e não individualista. Em outros 
termos, enquanto a ênfase da CADH e da CEDH é a menção de um catálogo de direitos 
individuais, a Carta Africana contempla direitos próprios dos povos a serem respeitados em 
conjunto com os direitos individuais. 
III. O preâmbulo da Carta reconhece a indissociabilidade entre os direitos civis e políticos com os 
direitos econômicos, sociais e culturais. Assim sendo, o corpo do tratado também prevê direitos 
sociais, econômicos e culturais. 
IV. A carta refere-se, já em seu preâmbulo, à necessidade de cumprimento dos deveres de cada um, 
para com a família, a comunidade e a comunidade internacional, não se limitando a dispor um 
catálogo de direitos. 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 287) aponta ainda que a Carta Africana é inovadora ao prever 
direitos difusos como o meio ambiente, em seu corpo. 
A Carta é composta por três partes, sendo a primeira o elenco dos direitos protegidos, a segunda 
estabelecendo as regras sobre a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos e a terceira relacionada 
às disposições gerais de emenda, vigência e ratificação. 
A Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos, por sua vez, é o único órgão criado pela 
CADHP, composta por 11 membros que gozam da mais alta consideração, integridade e imparcialidade, com 
conhecimentos sobre matérias dos direitos humanos e dos povos. Ela tem sede em Banjul na Gâmbia e não 
pode ter mais de um membro com a mesma nacionalidade. 
O órgão tem competência para a promoção e proteção dos direitos humanos e dos povos. A 
Comissão Africana tem competência consultiva e interpretativa da Carta Africana. 
Em relação à proteção dos direitos humanos ela pode analisar petições individuais das vítimas dos 
direitos humanos e demandas interestatais. 
A Comissão Africana ainda tem a incumbência de analisar relatórios estatais bienais, sobre a situação 
dos direitos protegidos pela Carta. 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 290) ressalta que a Comissão tem sérios problemas de 
financiamento e, com isso estrutura. Ademais, o autor aponta que o mecanismo quase judicial da Carta tem 
pouca força vinculante. 
Em 9 de Junho de 1998, foi aprovado o Protocolo da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos 
Povos relativo à Criação de um Tribunal Africanodos Direitos do Homem e dos Povos, em Burkina Faso. O 
tratado entrou em vigor em 2004, após o depósito de ratificação do 15º Estado. A Corte Africana tem sede 
em Arusha, na Tanzânia. Até 2021, 31 dos 55 membros da União Africana ratificaram o protocolo6. 
A Corte Africana é formada por 11 membros, juristas de elevada reputação moral e com competência 
reconhecida em matéria de direitos humanos. Eles devem ser provenientes de Estados africanos, não 
podendo haver dois juízes de mesma nacionalidade. 
A Corte tem competência contenciosa e consultiva. Em relação à competência consultiva, segundo o 
artigo 4º do Protocolo, poderão pedir opiniões para a corte os Estados da União Africana, a própria União 
Africana, seus órgãos, ou qualquer organização africana reconhecida pela União Africana. 
 
6 Para maiores informações, acesso o site: https://www.african-court.org/wpafc/informacoes-basicas/?lang=pt-pt 
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Já em relação à sua competência consultiva, a Corte pode apreciar casos submetidos pela Comissão 
Africana, por Estados ou por organização intergovernamental africana. O artigo 5º do Protocolo prevê a 
possibilidade de recebimento de casos por indivíduos e organizações não governamentais diretamente à 
Corte. Contudo, apenas 8 dos 32 depositaram a declaração de aceite do acesso direito dos indivíduos e ONGs 
ao tribunal. André de Carvalho Ramos (2019, p. 293) ressalta a dificuldade do indivíduo e de as ONGs 
acessarem a Corte é potencializada pela faculdade do tribunal em aceitar ou não a demanda. 
Quanto à competência em relação à matéria, a Corte Africana tem competência expressa para 
analisar os direitos sociais em sentido amplo. 
Há de se destacar ainda que a União Africana, em 2006, decidiu fundir o Tribunal de Justiça da União 
Africana com a Corte Africana de Direitos Humanos e dos povos, formando a Corte Africana de Justiça e 
Direitos Humanos. O protocolo de criação foi elaborado em 2008, sendo necessárias 15 ratificações para 
entrar em vigor. Até 2021, 15 dos 55 Estados assinaram o protocolo, sendo que ainda não houve nenhuma 
ratificação, segundo os dados da União Africana7. 
 CADH CEDH CADHP 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
Direito de reconhecimento da 
pessoa perante a lei 
Sim Não Sim 
Direito ao nome Sim Não Não 
Direitos da criança Sim Não Sim 
Direito à nacionalidade Sim Não Não 
Direito à igualdade Sim Não Sim 
Proteção à família Sim Não Sim 
Pena de morte 
Proíbe se o Estado já 
tiver abolido 
Abolida após o 
protocolo 6 de 1983 
Não proíbe 
Direitos sociais, econômicos e 
culturais 
Sim Só direito à educação Sim 
Direitos difusos e coletivos Não Não Sim 
MECANISMO DE JUDICIALIDADE 
Peticionamento individual Base mandatória Base mandatória 
Base 
mandatória 
Comunicações interestatais Base facultativa Base mandatória 
Base 
mandatória 
Procedimento de proteção Bifásico Unifásico 
Unifásico ou 
Bifásico 
 QUESTÕES 
184. (FCC - 2021 - DPE-GO - Defensor Público) A Carta Africana de Direitos Humanos é o documento 
regional de proteção de direitos humanos que equivale, no sistema interamericano, à Convenção 
 
7 Vide a lista no site: https://au.int/sites/default/files/treaties/36398-sl-
PROTOCOL%20ON%20AMENDMENTS%20TO%20THE%20PROTOCOL%20ON%20THE%20STATUTE%20OF%20THE%20AFRICAN%
20COURT%20OF%20JUSTICE%20AND%20HUMAN%20RIGHTS.pdf 
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Americana de Direitos Humanos. Um direito expressamente protegido na Carta Africana que encontra 
correspondência no Pacto de San José é o direito 
a) à saúde física e mental. 
b) ao trabalho. 
c) à livre disposição das suas riquezas. 
d) à proteção à família. 
e) ao meio ambiente equilibrado. 
 
185. (VUNESP - 2014 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) O sistema africano de Direitos Humanos surgiu 
por meio da: 
a) Carta Africana de Direitos Humanos – Carta de Moçambique (1969). 
b) Convenção da África do Sul (1959). 
c) Carta de Banjul (1981). 
d) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948). 
e) Protocolo da Carta Africana – Etiópia (1949). 
 
186. (CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal) Assinale a opção correspondente à convenção que 
conta com um tribunal internacional para fiscalizar o cumprimento de suas disposições. 
a) Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
b) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos 
c) Convenção Asiática sobre Direitos Humanos 
d) Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados 
e) Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos 
6. OS DIREITOS HUMANOS NO MERCOSUL 
6.1. Noções Gerais sobre o Mercosul 
O Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, é o principal mecanismo de integração regional do qual o 
Brasil faz parte, envolvendo dimensões econômicas, políticas e sociais. O principal objetivo do bloco, hoje 
uma união aduaneira (quando consumada a tarifa externa comum e ausência de tarifas de importação de 
bens e serviços entre os membros do bloco), é tornar-se um mercado comum (com a livre circulação de todos 
os fatores de produção, inclusive mão-de-obra). 
O marco inicial da integração comercial latino-americana ocorreu em 1960, com a criação da 
Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), que tinha o objetivo de criação de uma zona de livre 
comércio na região no prazo de doze anos. Em 1980 a ALALC foi sucedida pela Associação Latino-Americana 
de Integração (ALADI), com o propósito de promover o livre comércio na América Latina, sem que haja um 
prazo predefinido para tanto. Esse órgão ainda existe, tendo sede em Montevidéu, sendo formado por 13 
membros8. 
Em paralelo a essa iniciativa regional, Argentina e Brasil começaram a negociar medidas que visavam 
promover o comércio bilateral, na década de oitenta. Paulo Henrique Gonçalves Portela (2021, p. 1.298) 
explica que dessa iniciativa bilateral, surgiram instrumentos como a Ata de Iguaçu, em 1985, o Programa de 
Integração e Cooperação Econômica Brasil-Argentina (PICAB), em 1986, e o Tratado Bilateral de Integração 
e Cooperação Econômica, de 1988. Paraguai e Uruguai acabaram por se juntar a Brasil e Argentina, e 
decidiram criar, por meio do Tratado de Assunção, de 1991, o Mercosul. 
 Desde 2012 a Venezuela passou a integrar o Mercosul, através da ratificação do Protocolo de Adesão 
da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul (Decreto nº 7.859/12). A Venezuela só pôde ingressar no 
 
8 Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Vide o site: 
https://www.aladi.org/sitioaladi/language/pt/o-que-e-a-aladi/ 
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Mercosul porque o Paraguai foi suspenso do bloco. Durante a suspensão, que durou de julho de 2012 (após 
o impeachment do Presidente Fernando Lugo) até 15 de agosto de 2013, o Congresso do Paraguai chegou, 
inclusive, a vetar formalmente o ingresso da Venezuela no Mercosul. Apenas em 27 de dezembro de 2013, o 
legislativo paraguaio aprovou a lei da adesão da Venezuela na organização internacional. 
A Organização Internacional tem ainda sete Estados Associados: Bolívia, Chile,Colômbia, Equador, 
Guiana, Peru e Suriname9. 
Importante destacar que a Venezuela está suspensa do Mercosul, desde agosto de 2017, por decisão 
dos Chanceleres da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai por descumprir o Protocolo de Ushuaia sobre 
Compromisso Democrático no Mercosul10. Ademais, a Bolívia está em processo de adesão ao bloco, sendo, 
para tanto, necessária a ratificação dos Estados-partes do bloco. Nos termos do art. 20 do Tratado de 
Assunção, é aberto a adesões dos demais Estados-membros da ALADI, desde que celebrem acordos de livre 
comércio com o bloco e que adotem a democracia como regime político: 
Artigo 20 
O presente Tratado estará aberto à adesão, mediante negociação, dos demais países 
membros da Associação Latino-Americana de Integração, cujas solicitações poderão ser 
examinadas pelos Estados Partes depois de cinco anos de vigência deste Tratado. 
Não obstante, poderão ser consideradas antes do referido prazo as solicitações 
apresentadas por países membros da Associação Latino-Americana de Integração que não 
façam parte de esquemas de integração sub-regional ou de uma associação extra-regional. 
A aprovação das solicitações será objeto de decisão unânime dos Estados Partes. 
O Mercosul não detém órgão supranacional, e, por isso, é considerado uma organização 
intergovernamental. Para que suas decisões sejam válidas é necessário a ratificação por todos os Estados-
Partes, como se afere dos Artigos 2 e 40 do Protocolo de Ouro Preto: 
Artigo 2 
São órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o Conselho do 
Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do MERCOSUL. 
 
Artigo 40 
A fim de garantir a vigência simultânea nos Estados Partes das normas emanadas dos órgãos 
do MERCOSUL previstos no Artigo 2 deste Protocolo, deverá ser observado o seguinte 
procedimento: 
i. Uma vez aprovada a norma, os Estados Partes adotarão as medidas necessárias para a sua 
incorporação ao ordenamento jurídico nacional e comunicarão as mesmas à Secretaria 
Administrativa do MERCOSUL; 
ii. Quando todos os Estados Partes tiverem informado sua incorporação aos respectivos 
ordenamentos jurídicos internos, a Secretaria Administrativa do MERCOSUL comunicará o 
fato a cada Estado Parte; 
iii. As normas entrarão em vigor simultaneamente nos Estados Partes 30 dias após a data 
da comunicação efetuada pela Secretaria Administrativa do MERCOSUL, nos termos do item 
anterior. Com esse objetivo, os Estados Partes, dentro do prazo acima, darão publicidade 
do início da vigência das referidas normas por intermédio de seus respectivos diários 
oficiais. 
Ademais, as decisões dentro do Mercosul só são aprovadas mediante o consenso entre seus 
membros, devendo todos os Estados-partes estarem presentes para as deliberações, como se verifica do art. 
37 do Protocolo de Ouro Preto: 
Artigo 37 
As decisões dos órgãos do MERCOSUL serão tomadas por consenso e com a presença de 
todos os Estados Partes. 
 
9 Vide: https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/paises-do-mercosul/ 
10 Vide decisão no site: https://www.mercosur.int/pt-br/decisao-sobre-a-suspensao-da-republica-bolivariana-da-venezuela-no-
mercosul/ 
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O art. 41 do Protocolo de Ouro Preto elenca as fontes do Direito do bloco. Tais fontes têm caráter 
obrigatório, nos termos o art. 42 do Protocolo de Ouro Preto, desde que, como já aduzido, sejam 
incorporadas aos ordenamentos internos dos Estados-partes, de acordo com seus procedimentos de 
ratificação: 
Artigo 41 
As fontes jurídicas do MERCOSUL são: 
I. O Tratado de Assunção, seus protocolos e os instrumentos adicionais ou complementares; 
II. Os acordos celebrados no âmbito do Tratado de Assunção e seus protocolos; 
III. As Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum 
e as Diretrizes da Comissão de Comércio do MERCOSUL, adotadas desde a entrada em vigor 
do Tratado de Assunção. 
 
Artigo 42 
As normas emanadas dos órgãos do MERCOSUL previstos no Artigo 2 deste Protocolo terão 
caráter obrigatório e deverão, quando necessário, ser incorporadas aos ordenamentos 
jurídicos nacionais mediante os procedimentos previstos pela legislação de cada país. 
Entre os tratados ratificados pelos Estados-partes destacam-se: 
• Tratado de Assunção: é o tratado que constitutivo do Mercosul, também chamado de Tratado 
MERCOSUL, firmado em 1991, por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. 
• Protocolo de Brasília: de 17 de dezembro de 1991, criando um esquema de composição dos 
litígios ocorridos dentro do bloco regional. 
• Protocolo de Ouro Preto: de 1994, com o objetivo de aprimorar a estruturação do arcabouço 
institucional da organização internacional, conferindo-lhe, inclusive, personalidade jurídica de 
Direito Internacional Público. 
• Protocolo de Ushuai: de 1998, referente ao Compromisso Democrático no Mercosul, 
estabelecendo a manutenção do regime democrático como condição para a participação no 
bloco ou para gozo de todos os direitos inerente aos participantes do mecanismo. Esse protocolo 
ainda foi assinado por Bolívia e Chile, sendo o fundamento jurídico da suspensão da Venezuela. 
• Protocolo de Olivos: de 2002, com o objetivo de reestruturou o sistema de Solução de 
controvérsias do bloco, criando o Tribunal Permanente de Revisão (TPR) com sede em Assunção, 
no Paraguai. 
• Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul: de 2005, criando o Parlamento do 
Mercosul (PARLASUL), em substituição à Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), órgão 
unicameral, mas sem competência de criação de normas vinculantes, mas apenas pareceres, 
projetos de normas ao Conselho do Mercado Comum, anteprojetos de normas para os 
parlamentos dos Estados-partes, declarações sobre qualquer assunto de interesse público, 
recomendações, relatórios e solicitações de opiniões consultivas ao TPR e disposições para 
organização interna 
• Protocolo Modificativo do Protocolo de Olivos: de 2007, reestruturando o Tribunal Permanente 
de Revisão e criando a Secretaria do Tribunal Permanente de Revisão (ST). 
• Protocolo de Las Leñas: denominado de Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em 
Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa. Busca integração jurisdicional de igualdade 
de tratamento processual, a eficácia extraterritorial das sentenças judiciais e laudos arbitrais 
entre os Estados-membros. 
6.2. O compromisso democrático dos Estados-membros do Mercosul 
Não obstante o objetivo principal do Mercosul ser a integração econômica entre os Estados-
membros, o bloco tem instrumentos que buscam a proteção dos direitos humanos de forma direta e indireta. 
ATENÇÃO! 
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O Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto não mencionam a proteção dos direitos humanos 
como objetivo do Mercosul. 
O primeiro tratado relevante sobre o tema é o Protocolo de Ushuaia, de 1998, ratificado pelo 
Decreto nº 4.210/02, em que os Estados-Partes (e também Chile e Bolívia) reconhecem a presença de 
instituições democráticas como essencial ao desenvolvimento do processo de integração do bloco. Caso 
ocorra uma ruptura democrática, os Estados-membros buscarão meios pacíficos para o retorno ao status 
quo, e, não sendo possível, há a previsão da suspensão do Estado das reuniões do bloco, ou também a 
suspensão dos direitos como Estado-membro do Mercosul: 
Artigo

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