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145 Capítulo VII - O mundo urbano e industrial 5 Desenvolvendo competências Tente identificar as características da máquina da página anterior e os fatores que a tornavam pouco eficiente. Não foi difícil, não é? Em primeiro lugar, a enorme caldeira de vapor que o carro carregava o tornava muito pesado. Além disso, era muito difícil dirigi-lo com todo esse peso à frente. Conseqüentemente, era um veículo lento e pouco atrativo comercialmente. Por isso, como tantos outros, ele foi descartado e mecânicos e inventores trataram de seguir outro caminho para melhorar a máquina. É importante você saber que foram esses homens práticos, observando o funcionamento das máquinas no dia-a-dia, que fizeram boa parte dessas adaptações. Assim, o desenvolvimento do conhecimento técnico sobre elas e o uso da energia surgiram, nessa época, vinculados às necessidades práticas. De maneira geral, os inventos, transformações, melhoramentos e adaptações não eram pensadas e antecipadas por cientistas em laboratórios, como ocorre hoje em dia. Após diversas tentativas e alternativas práticas mal sucedidas é que uma boa experiência dava resultado e depois era implantada. As necessidades e as observações do dia-a-dia é que determinavam essas experiências e mudanças. E como você já observou, foram elas que descartaram o uso e a fabricação da carruagem acima. Pois bem, o início deste importante processo de mecanização industrial, que envolveu mudanças técnicas, nas fontes de energia, na divisão do trabalho e na sociedade, ocorreu em um tempo e espaço determinados. E para que a gente possa identificá-lo e reconhecê-lo, ele ganhou um nome que de certa forma sintetiza todas essas profundas mudanças: Revolução Industrial. Essas mudanças se manifestaram pela primeira vez na Inglaterra no final do século XVIII (1701- 1800) e depois foi foram se espalhando para o restante do continente europeu. Foi esse país europeu que reuniu nessa época condições gerais (transformações no campo, condições políticas e comerciais, fontes de energia e matéria-prima etc.) para seu desenvolvimento. Já no início do século XIX o mundo industrial expandiu-se para outras poucas regiões da Europa ocidental. Figura 5 Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 31. ed. São Paulo: Ática, 2002. p.41. Londres Paris 146 Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio Se alguma forma de máquina existiu antes desse período, como as máquinas de guerra, os moinhos de vento, as moendas ou os teares manuais, foi somente a partir dessa época – fim do século XVIII e início do XIX – que elas se tornaram um fenômeno geral e começaram a ter papel central e determinante, revolucionando a vida das pessoas e da sociedade. 6 Desenvolvendo competências Quando usamos a expressão Revolução Industrial, isso significa que tentamos nomear e sintetizar um conjunto de transformações, ocorridas no final do século XVIII, caracterizado principalmente pela substituição da: a) Energia mecânica pela dos animais; da máquina pela ferramenta; da fábrica pela oficina manufatureira; e da grande produção pela pequena produção local. b) Energia dos animais pela mecânica; da ferramenta pela máquina; da oficina manufatureira pela fábrica; e da pequena produção local pela grande produção. c) Energia mecânica pela dos animais; da ferramenta pela máquina rudimentar; da oficina manufatureira pela fábrica; e da pequena produção local pela grande produção. d) Energia física pela elétrica; da maquinofatura pela máquina; da oficina manufatureira pela fábrica; e da produção continental pela produção global. AS MUDANÇAS NA VIDA DAS PESSOAS E DA SOCIEDADE É importante você saber que estas transformações não se limitaram aos aspectos técnicos e ligados ao mundo do trabalho, como estudamos até agora. Bem mais importantes foram as mudanças que ocorreram de maneira geral na sociedade e no modo de vida das pessoas. Na realidade, sem elas as transformações técnicas não teriam ido tão longe. A sociedade, por exemplo, sofreu alterações significativas e você conseguirá reconhecer algumas delas sem dificuldades. Veja só, a forma de trabalho conjunto e em série, que se desenvolveu nas fábricas e sobre a qual já conversamos bastante, originou um tipo de trabalhador que até aquela época não existia, mas que hoje em dia conhecemos muito bem: o operário fabril (lembre-se de que a fábrica também surgiu nessa época). Para lutar contra as distorções e exploração das novas relações de trabalho, outra mudança ocorreu: ao se organizarem coletivamente, esses novos setores sociais acabaram originando os movimentos operários e o sindical, que se desenvolveram bastante nos séculos XIX e XX. Em condição social diferente, os proprietários das fábricas, estabelecimentos comerciais e financeiros, conhecidos genericamente como burguesia, também ampliaram sua presença na sociedade, ocupando lentamente o lugar político e econômico da antiga nobreza. Mas não foi só isso. Talvez uma das mudanças mais visíveis e determinantes para a história dos homens foi o rápido crescimento urbano, iniciado na Inglaterra, e que depois se expandiu para boa parte da Europa ocidental. As cidades começaram a crescer, tornando-se núcleo e símbolo do desenvolvimento industrial e do progresso. Entre o final do século XVIII e início do XIX houve um sensível crescimento da população européia. Ao mesmo tempo, lentamente, boa parte das pessoas