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Introdução a História da Educação Física A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 3MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Nome e sobrenome do professor. Nome da Disciplina / Sobrenome, Nome do professor -. - Multivix, 2020. Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pintura pré-histórica encontrada na Argélia 12 Figura 2: Conquista da postura bípede 13 Figura 3: Perspectiva integrada do desenvolvimento humano 14 Figura 4: Representação de luta greco-romana 16 Figura 5: Soldado espartano 19 Figura 6: Guerreiro grego 21 Figura 7: Coliseu romano 23 Figura 8: Estátua de um corredor olímpico do período clássico 24 Figura 9: Confronto entre dois cavaleiros 26 Figura 1: Corpo e ciência 30 Figura 2: Integração entre corpo e pensamento 31 Figura 3: Relação entre Ciência e Educação Física 32 Figura 4: Interseções entre a Ciência e a Filosofia no movimento 32 Figura 5: Relação entre movimento e a área médica 34 Figura 6: Militares conduziam treinamentos físicos para civis 35 Figura 7: Imagem: Modelo anatomofisiológicos 36 Figura 8: Novos olhares para Educação Física 37 Figura 9: Esporte com regras passa a ocupar o lugar dos passatempos 39 Figura 10: Urbanização crescente 40 Figura 11: Função social da esportivização 41 Figura 12: Educação Física e pedagogia 42 Figura 13: Educação Física escolar 44 Figura 14: Educação Física e múltiplos saberes 45 Figura 15: Ginástica Científica Europeia 47 Figura 16: Jogos olímpicos surgem de uma proposta de paz e de união dos povos 49 Figura 1: Esgrima 54 Figura 2: Equipe feminina de Remo nos anos 1940 55 Figura 3: Atleta de alto nível 56 Figura 4: Atletas de Natação no ano de 1936 57 Figura 5: Exército Imperial Brasileiro 58 5MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 6: Dança do folclore brasileiro - Lundu 60 Figura 7: Rui Barbosa 61 Figura 8: Turma de professores civis formados na Escola de Educação Física do Exercito 63 Figura 9: Desembarque de Pedro Alvarez Cabral 64 Figura 10: Capoeira 65 Figura 11: Luiz Pereira de Couto Ferraz, o Barão do Bom Retiro 66 Figura 1: Atividades intelectuais eram consideradas mais importantes do que as físicas 74 Figura 2: Inclusão de atividades físicas nos currículos escolares oficiais 75 Figura 3: Alunos passam a ter aulas de Educação Física como conteúdo formal 76 Figura 4: Valorização de aspectos anatômicos e fisiológicos 78 Figura 5: Biologicismo e saúde 79 Figura 6: Influência médica na Educação Física 80 Figura 7: Elementos fundamentais da Educação Física na tendência higienista 81 Figura 8: Educação Física e nacionalismo 82 Figura 9: Abordagem militarista na Educação Física 83 Figura 10: Conteúdos relacionados à prática de Educação Física na abordagem militarista 84 Figura 11: Inclusão das mulheres para garantir boa gestação 84 Figura 12: Os esportes, como o futebol, desviavam a atenção dos debates políticos 85 Figura 13: Estrutura das práticas na tendência esportivista 86 Figura 14: Abordagem recreacionista 88 Figura 15: Na abordagem recreacionista, os alunos decidem o que querem fazer 89 Figura 1: Psicomotricidade 94 Figura 2: Reeducação psicomotora 96 Figura 3: Exemplo de atividade ligada à psicomotricidade 97 Figura 4: Educação Física na abordagem desenvolvimentista 99 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 5: Formação das aulas de Educação Física na abordagem desenvolvimentista 100 Figura 6: Estrutura da abordagem construtivista 101 Figura 7: Educação Física com uso de elementos lúdicos 102 Figura 8: A abordagem crítico-superadora e a abordagem crítico- emancipatória pressupõem processos reflexivos atrelados às práticas 104 Figura 9: Prática de exercícios como promotoras de saúde e bem-estar 107 Figura 10: Estrutura da saúde renovada 107 Figura 11: Os Referenciais e Parâmetros Curriculares Nacionais (RCNs e PCNs) fornecem subsídios para as práticas educativas em todo o país 109 Figura 12: Ensino Médio também tem diretrizes nacionais 110 Figura 1: Sancionado 114 Figura 2: Lei 9.969 no Diário oficial da União 116 Figura 3: Corpo humano 118 Figura 4: Métodos ginásticos 118 Figura 5: Maria Lenk, no centro, com o presidente Getúlio Vargas 119 Figura 6: Vida profissional 124 Figura 7: Atividade recreativa 126 Figura 8: Esporte adaptado 127 Figura 9: Arbitragem 128 7MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 1 ORIGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA À IDADE MÉDIA 11 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 11 1.1 O MOVIMENTO HUMANO NA PRÉ-HISTÓRIA E NOS POVOS ANCESTRAIS 11 1.2 TRADIÇÕES DE MOVIMENTO DOS POVOS ASIÁTICOS 15 1.3 GRÉCIA ANTIGA: MILITARISMO ESPARTANO E A FORMAÇÃO INTEGRAL HUMANA ATENIENSE 17 1.4 O LUDUS ROMANO: CIRCO, ESPORTES E LUTAS 21 1.5 CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA 24 1.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NA IDADE MÉDIA: JOGOS PÚBLICOS, INFLUÊNCIAS DA CAVALARIA, OS TORNEIOS E AS JUSTAS 25 CONCLUSÃO 26 2 IDADE MODERNA: BASES SÓCIO-HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA 29 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 29 2.1 CONCEPÇÕES DE CORPO: INTERFACES DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A FILOSOFIA E A CIÊNCIA 29 2.2 HIGIENISMO 33 2.3 EUGENISMO 38 2.4 RENASCIMENTO E AS BASES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAL 42 2.5 MÉTODOS GINÁSTICOS EUROPEUS 46 2.6 OS JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA 48 CONCLUSÃO 50 3 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL 53 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 53 3.1 O QUE É ESTUDAR HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA? 53 3.2 UMA HISTÓRIA OU VÁRIAS HISTÓRIAS? 57 3.3 OS PIONEIROS NOS ESTUDOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: RUI BARBOSA E FERNANDO DE AZEVEDO 61 3.4 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL COLÔNIA (1500-1822) 63 3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL IMPÉRIO (1822 A 1889) 66 3.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL REPÚBLICA (1890 A 1946) 67 CONCLUSÃO 71 1UNIDADE 3UNIDADE 2UNIDADE 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 73 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 73 4.1 EDUCAÇÃO FÍSICA COMODISCIPLINA ESCOLAR: REFORMAS COUTO FERRAZ E RUI BARBOSA 73 4.2 ABORDAGENS BIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA 77 4.3 MEDICALIZAÇÃO E HIGIENISMO 80 4.4 ABORDAGEM MILITARISTA 83 4.5 ABORDAGEM ESPORTIVISTA 85 4.6 ABORDAGEM RECREACIONISTA 88 CONCLUSÃO 91 5 TENDÊNCIAS RENOVADORAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 93 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 93 5.1 PSICOMOTRICIDADE 93 5.2 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA 99 5.3 ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA/INTERACIONISTA 101 5.4 ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA E A ABORDAGEM CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA 103 5.5 SAÚDE RENOVADA 106 5.6 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 108 CONCLUSÃO 111 6 EDUCAÇÃO FÍSICA: PROFISSÃO E FORMAÇÃO ACADÊMICO- PROFISSIONAL 113 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 113 6.1 REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL 113 6.2 CARACTERIZAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA 117 6.3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL: LICENCIATURA E BACHARELADO 120 6.4 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS 123 6.5 CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 125 6.6 ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 129 CONCLUSÃO 133 REFERÊNCIAS 134 4UNIDADE 6UNIDADE 5UNIDADE ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA UNIDADE 1 > reconhecer a Educação Física como um campo de saber multicultural formado a partir de influências plurais; > identificar fundamentos filosóficos e epistemológicos da Educação Física; > utilizar a história da Educação Física como elemento de compreensão do presente. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 11MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 1 ORIGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA À IDADE MÉDIA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Quando refletimos sobre as origens da Educação Física e buscamos (re)cons- truir a sua história, somos levados a um passado fascinante, mas que é, tam- bém, bastante remoto, sobre o qual não temos certezas e que somente conse- -guimos conhecer por meio de informações fragmentadas e de correntes de interpre-tação que podem ser, até mesmo, opostas. Nos dias atuais, podemos compreender a Educação Física de várias maneiras. Conforme Darido e Rangel (2011, p. 25) afirmam, a Educação Física pode ser compreendida de três maneiras diferentes: co- mo um componente do currículo das escolas, como uma profissão caracte- rizada por uma prática pedagógica no interior das escolas ou fora delas, e como uma área em que são realizados estudos científicos. Mas, se contrastarmos as concepções atuais de Educação Física com as práti- cas corporais de tempos remotos, deduziremos, rapidamente, que nenhuma das definições apresentadas por Darido e Rangel será adequada para definir as práticas de movimento dos povos e das sociedades de outrora. Sendo assim, pensaremos, aqui, a Educação Física em termos de cultura cor- poral de movimento. Ao mesmo tempo, enfatizaremos que conhecer necessi- dades e possibilidades de movimento existentes em um passado distante nos ajudará a explicar o mundo de movimento que temos hoje. 1.1 O MOVIMENTO HUMANO NA PRÉ-HISTÓRIA E NOS POVOS ANCESTRAIS No contexto da cultura corporal de movimento, os estudiosos da área afirmam, repetidamente, que a Educação Física é tão antiga quanto o próprio ser hu- mano. De acordo com Antunes (2012), chamamos de Pré-História um período 12 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 da trajetória da humanidade que data de aproximadamente 4000 a.C. em que não havia escrita. Por isso, todas as informações que recuperamos desse tempo chegam até nós por meio de registros não escritos, como os achados arqueológicos sob a forma de resquícios de armas, de utensílios, de pinturas, de desenhos. FIGURA 1: PINTURA PRÉ-HISTÓRICA ENCONTRADA NA ARGÉLIA Fonte: Plataforma Deduca (2020). Na Pré-História, foi identificado o aparecimento do gênero Homo, ao qual per- tencemos. De todas as espécies vivas naquela época, os integrantes do gênero Homo eram os únicos seres que possuíam polegar. Essa característica anatô- mica pode ter lhes dado uma vantagem, visto que, ao contrário dos demais seres, eram capazes de arremessar e de lançar objetos (OLIVEIRA, 2017). Naquele período, o modo de vida e as necessidades de sobrevivência das mu- lheres e dos homens os obrigavam a realizar uma ampla gama de movimentos naturais. No início da vida humana na terra, toda a sobrevivência dependia do movimento. O alimento era obtido da coleta e da caça, o que determinava um modo de vida nômade. Os trajetos em busca de provisões eram realizados, en- tão, sem auxílio de animais e de veículos. 13MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Em um tempo em que não existiam nem animais domesticados nem máqui- nas para apoiar a realização das tarefas cotidianas; e em que algumas ferra- mentas e implementos rudimentares eram desenvolvidos muito lentamente, a vida pedia que os seres humanos corressem, saltassem, lançassem e realizas- sem toda a sorte de movimentos para caçar, para pescar, para coletar e para protegerem-se de predadores. Durante a Pré-História, ocorreram transformações importantes nas possibilida- des de movimento humano, as quais marcaram a nossa espécie e, também, a nossa história. Alguns autores, como Antunes (2012), argumentam que a con- quista da postura bípede foi um dos marcos mais importantes para o desen- volvimento do movimento humano. FIGURA 2: CONQUISTA DA POSTURA BÍPEDE Fonte: Plataforma Deduca (2020). Conforme expõe Fonseca (2019), para os nossos ancestrais hominídeos, o do- mínio da postura vertical bípede permitiu a liberação das mãos para outros usos que não o apoio do corpo, ao passo que o desenvolvimento da coordena- ção motora fina resultou em diversas consequências morfofuncionais e cogni- tivas. A pesquisa realizada pelo autor é extensa, e, para que você possa conhe- cê-la em linhas gerais, apresentamos o infográfico a seguir. 14 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3: PERSPECTIVA INTEGRADA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO HOMINIZAÇÃO DO CORPO HOMINIZAÇÃO DO ESPÍRITO HOMINIZAÇÃO SOMÁTICA REDUÇÃO E CONTINUIDADE DA DENTADURA ALTERAÇÕES CRANIANAS CEFALIZAÇÃOPOSTURA BÍPEDE • PÉ DE SUSTENTAÇÃO • LIBERTAÇÃO DA MÃO • ALARGAMENTO DA BACIA • ACHATAMENTO DO TORAX • MODIFICAÇÕES ESQUELÉTICAS DOS MEMBROS • EXPANSÃO FRONTO-PARIETO- CEREBRAL • PROGNATISMO DESVANECE-SE • DOMÍNIO DA NUTRIÇÃO • CORTICALIZAÇÃO • HIPERTROFIA CEREBRAL • EXPANSÃO DAS ÁREAS ASSOCIATIVAS • REFLEXÃO DA AÇÃO • REPRESENTAÇÃO SENSORIAL DO REAL • PENSAMENTO SEQUENCIAL E LÓGICO • GENERALIZAÇÃO • HERANÇA SOCIAL • APRENDIZAGEM • FABRICAÇÃO • TRABALHO Da ação à consciência Do biológico ao social LINGUAGEM ARTICULADA LIBERTAÇÃO DA MÃO PARA O TRABALHO ORGANIZAÇÃO SOCIAL HOMINIZAÇÃO CULTURAL Fonte: Adaptada de Fonseca (2019, p. 86). 15MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Existem muitas hipóteses acerca da passagem da postura quadrúpede para a bípede, das suas causas e das suas consequências. Mas, independentemente de qual teoria seja a correta, esse foi um fato determinante para que o de- senvolvimento da motricidade humana tenha atingido o estágio em que se encontra hoje. Além disso, com as mudanças cognitivas que se deramparalelamente à evo- lução motora, a linguagem e a cultura se desenvolveram. Com elas, surgiram as formas de movimento criadas, conservadas e compartilhadas, como as dan- ças, as lutas e os jogos, e, também, as formas pré-esportivas de movimento. Conforme Oliveira (2017), as danças lúdicas ou ritualísticas eram atividades am- plamente praticadas pelos povos pré-históricos desde 60.000 a.C., no período Paleolítico superior. 1.2 TRADIÇÕES DE MOVIMENTO DOS POVOS ASIÁTICOS Com o desenvolvimento da cognição e da linguagem, a humanidade sai da pré-história e desenvolve outro estilo de vida. O desenvolvimento da agricultu- ra faz com que o nomadismo diminua, e os grupamentos humanos começam a se fixar à terra e a dar importância à defesa e à conquista de territórios consi- derados ricos e estratégicos. As culturas se desenvolvem, e, com elas, também surgiram diversas lingua- gens de movimento bem definidas que estão relacionadas a grupos que ha- bitam territórios geograficamente próximos. Isso possibilita que falemos de práticas de movimento características de povos e de lugares específicos, como o Oriente: [e]ntre os povos primitivos existem alguns poucos que conseguem atingir um estágio civilizatório. Estes pioneiros, surgidos há 6 000 anos e cujo número andou em torno de vinte, ainda mantiveram muitas características dos primitivos. Sua cultura, porém, evoluíra o suficiente para que se considerasse iniciado um novo período da História: a Antiguidade Oriental (...) Nesse novo contexto, os exercícios físicos continuam merecendo o mesmo destaque alcançado na pré-história. (...) Podemos arriscar uma classificação onde identificaríamos finalidades de ordem guerreira, terapêutica, esportiva e educacional, aparecendo sempre à religião como pano de fundo. OLIVEIRA, 2017, p. 9-10). 16 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A História Antiga é fascinante, mas a das práticas de movimento é relativamente difícil de ser recuperada com precisão, pois é um trabalho realizado com regis- tros fragmentados e, às vezes, contraditórios. Talvez você encontre essa informa- ção com data diferente, mas há registros, de cerca de 2000 a.C., de que os chi- neses já adotavam práticas sistemáticas de movimento, como o Kung Fu, descrito como uma ginástica de orientação médi- co-terapêutica que proporcionava desen- volvimento espiritual (OLIVEIRA, 2017). Conforme estabelece Ramos (1983), se considerarmos a perspectiva histórica da Educação Física, as civilizações orientais ofereceram contribuições ricas para as ocidentais. Segundo esse autor, luta livre, boxe, esgrima com bastão, natação e remo eram atividades praticadas pelos egípcios. Algumas delas, como a luta livre, que se transformou em luta greco-romana, fo- ram, depois, modificadas pelos romanos. FIGURA 4: REPRESENTAÇÃO DE LUTA GRECO-ROMANA Fonte: PixaBay (2015). Os Chineses se destacaram entre as culturas orientais antigas: além de treinarem Kung fu e outras artes marciais, eram, também, exímios caçadores, lutadores, nadadores, praticantes de esgrima e de hipismo. 17MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Ramos (1983) também nos ensina que vários povos orientais, como os assírios e os babilônios, precisavam ter boa aptidão física, por conta dos desafios da vida diária; e que, por isso, praticavam as atividades físicas classificadas pelo autor de “utilitárias”. O mesmo acontecia com o povo hitita, que era reconhecido por sua habilidade como cavaleiro e pelas indicações de treinamento que deixa- ram registradas em um manual. Muitas das atividades físicas desenvolvidas pelas civilizações orientais estavam ligadas a aspectos importantes da vida social, como os princípios morais, as práticas rituais, as crenças espirituais e a preparação para a guerra. Na Idade Antiga, a sobrevivência continuava bastante dependente de ativida- des associadas a práticas motoras. Ramos (1983, p.18) apresenta reproduções de poesias chinesas que descrevem um jogo chamado tsuchu, bastante seme- lhante ao futebol atual: Redonda é a bola, quadrado, o campo. Igual a imagem da Terra e o do Céu. A pelota passa por nós com a Lua, Quando duas equipes se encontram Foram nomeados os capitães, que dirigem o jogo(...) Ainda assim, a vida na Antiguidade permitiu o aumento de espaços de tem- po ociosos, possibilitando que surgisse uma orientação mais esportiva para as práticas corporais, de modo que atividades utilitárias, guerreiras ou ritualísticas fossem se transformando ou cedendo espaço para práticas orientadas à cria- ção e à manutenção de ordens sociais e morais OLIVEIRA, 2017). Segundo Oliveira (2017), a Índia foi o berço da ioga, outra importante prática ginástica relacionada ao desenvolvimento espiritual. Nas práticas de movimen- to documentadas no Oriente antigo, também se destacaram as de orientação guerreira, com destaque para as criadas pelos egípcios, que eram seguidos de perto pelos sumérios, pelos caldeus, pelos babilônios e pelos assírios. 1.3 GRÉCIA ANTIGA: MILITARISMO ESPARTANO E A FORMAÇÃO INTEGRAL HUMANA ATENIENSE Os gregos são os precursores da civilização ocidental, e as atividades físicas foram importantes na sua afirmação como cultura dominante. Na antiga Gré- cia, as atividades físicas tinham papel importante nas práticas pedagógicas e, também, nos momentos de celebração. 18 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A civilização grega pode ser considerada o berço da Educação Física como a conhecemos hoje. Podemos até dizer que as concepções de Educação des- sa cultura marcaram toda a Educação ocidental (NUNES, 2009). De cultura guerreira, os gregos tinham por hábito celebrar com jogos. Entre esses jogos, estavam os Olímpicos e outros que ocorriam durante o intervalo entre uma olimpíada e outra, como os ístmicos, os píticos, os nemeus e os fúnebres. (TU- BINO, 1987) Jogos fúnebres são algo muito distante da nossa realidade. Para que você não fique sem referência, temos o exemplo registrado pelo poeta Homero, que men-ciona os jogos fúnebres’‘ que Aquiles mandou celebrar em homenagem ao amigo Pátroclo, assassinado por Heitor. Os jogos englobavam oito provas: corrida de car-ros, pugilato, luta, corrida a pé, combate armado, arremesso de bola de ferro, arco e flecha e arremesso de lança. (DE OLIVEIRA, 2017) Os Jogos Olímpicos, que foram resgatados na era Moderna e seguem sendo disputados até os dias atuais, eram uma celebração que acontecia a cada qua- tro anos na cidade de Olímpia. Os Jogos Olímpicos foram celebrados ao longo de doze séculos (entre 884 a.C. e 394 d.C.) e entraram em declínio depois que a Grécia foi conquistada por Roma. Nessa época, eram abertos apenas aos homens. 19MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA As Olimpíadas podem ser consideradas o primeiro evento esportivo de grande impacto social, porque, durante a sua realização, estabelecia-se uma trégua nas guerras da Grécia, gerando um efeito de unificação do Império. Durante o período em que a civilização grega foi próspera, sucederam-se al- guns períodos históricos. Esse processo começou em 800 a.C. e foi marcado pela organização de cidades-estados independentes, dentre as quais se desta- caram as oponentes Esparta e Atenas. Esparta foi uma cidade bastante desenvolvida. Contudo, sua orientação políti- ca se opunha ao humanismo grego. Os espartanos eram dedicados ao Estado e submissos à vontade de seus governantes; e acreditavam que todos deviam servir ao exército, deixando as atividades culturais em segundo plano. FIGURA 5: SOLDADO ESPARTANO Fonte: Plataforma Deduca (2020). 20 INTRODUÇÃOE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 As mulheres espartanas se diferenciavam das outras gregas. Eram mais fortes e podiam participar das atividades físicas, o que era totalmente impensável em outras cidades, como Athenas. Essa orientação estava fundamentada na cren- ça de que os futuros guerreiros de Esparta só poderiam ser fortes se fossem nascidos de pai e de mãe igualmente fortes. A disciplina e o estilo de vida dos espartanos os favoreciam no sentido de vencer a maioria das provas dos jogos Olímpicos. Na prova de corrida de velocidade, dos trinta e seis campeões conhecidos, vinte e um têm origem espartana (OLIVEIRA, 2017). Você sabia que os gregos desenvolveram uma concepção educacional pró- pria? Conheça-a a seguir. A chamada de paideia era aplicada à educação dos meninos das famílias que gozavam de privilégios sociais e econômicos. De acordo com os princípios da paideia, os meninos aprendiam lutas corporais, equitação, natação, lutas, exercícios militares; e treinavam para os Jogos Olím- picos (NUNES, 2009). Na cidade de Atenas, o atletismo e a ginástica tinham lugares destacados, mas se voltavam mais à cultura do que à guerra. As atividades físicas eram valoriza- das como indispensáveis à formação integral dos cidadãos, tanto que Solón, 21MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA legislador grego, acreditava que "[a]s crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler” (BRANDÃO, 1989). FIGURA 6: GUERREIRO GREGO Fonte: Plataforma Deduca (2020). Os Atenienses contavam com locais específicos para a prática de atividades físicas, principalmente a ginástica, chamados de ginásios, de palestras e de estádios. Eram dirigidos por profissionais que ganhavam grande respeito da comunidade, como o ginasiarca, que dirigia os estádios, e o pedótriba, um profissional que atuava de modo semelhante ao professor de Educação Física (MARINHO, 1983). 1.4 O LUDUS ROMANO: CIRCO, ESPORTES E LUTAS Os romanos não eram idealistas como os gregos. Suas práticas físicas eram marcadas pelo caráter utilitarista (OLIVEIRA, 2017). Desse modo, as práticas corporais não eram parte fundamental da formação moral ou física, mas eram 22 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 consideradas práticas complementares. Ainda assim, as práticas corporais ocupavam lugar na vida em sociedade e na educação dos jovens. Houve um tempo em que os jovens romanos se reuniam no Campo de Marte para praticar atividades esportivas com a finalidade de se prepararem para as bata-lhas em que Roma pretendia expandir seu território. As atividades praticadas no Campo de Marte eram equitação, corridas de velocidade e de resistência, natação, pugilato, luta, arco e flecha e esgrima, entre outras. Essas práticas eram fundamentadas na ideia do ludus romano, que estava muito mais orientado ao jogo e à prática do que aos resultados em competi- ções. Em termos de instalações em que os ludi ocorriam, os romanos tinham os circos, os anfiteatros e as termas Os circos surgiram, primeiramente, com a finalidade de abrigar corridas de carro, corridas a pé e lutas; e podiam reunir uma grande quantidade de pesso- as. A capacidade do circo Máximo, por exemplo, beirava as 400 000 pessoas (OLIVEIRA, 2017). As ruínas do Coliseu romano são, popularmente, conhecidas por pessoas de todo o mundo. Trata-se de uma instalação do tipo anfiteatro que foi destinada à prática de atividades físicas e que comportava até 100.000 pessoas (OLIVEIRA, 2017). 23MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 7: COLISEU ROMANO Fonte: PixaBay (2013). No período imperial da história romana (iniciado em 27 a.C.), o espírito do ludus se perdeu, e as atividades eram espetacularizadas. O uso político e a espetacularização do esporte, que ficou muito marcada nesse período da história romana, ocorre até os dias atuais. Para compreender como a política de “pão e circo” foi se atualizando e está presente até os dias de hoje, clique sobre os artigos e leia-os. • “A história do uso político do esporte”; • “Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação física dentro e fora da escola ou dois pesos e duas me-didas?” Os governos praticavam o “pão e circo” para manter a população distraída, cor- data e ocupada. Os eventos eram violentos e envolviam sacrifícios de pessoas e de animais. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/566/590 “Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic “Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic “Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic “Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic 24 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.5 CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA O período entre 500 a.C. e 338 a.C. é um momento da história grega em que os filósofos ocidentais começam a se destacar. Na época clássica, observaremos o surgimento de uma pedagogia sistematizada e apoiada em fundamentos racionais. Com a ascensão da Filosofia, as atividades físicas perdem um pouco de destaque, mas a ginástica continua ocupando um papel importante. A paideia grega estava baseada em um ideal educativo chamado arete, que considerava uma relação integrada entre corpo e alma, visando ao desenvolvi- mento de virtudes morais. Com o tempo, esses princípios dão lugar, progressivamente, ao pensamento, que privilegia as qualidades intelectuais, em detrimento das físicas e das es- téticas. Após o período helênico, a Grécia perde o seu poder no Ocidente, que passa a ser dominado por Roma. A paideia grega foi um modo de pensar abrangente e complexo que fundou a formação dos cidadãos, da cultura e da sociedade grega por um longo período de tempo. É considerada um dos principais fundamentos da Educação Física; por isso, recomendamos que você acesse cada um dos artigos a seguir e aprofunde seus estudos acerca da paideia: • “O pedotriba e a educação física antiga” • “Desporto, paideia e não dualidade”; • Educare (Tê): o desporto como expressão de valores”. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/download/8635557/3350 https://www.redalyc.org/pdf/1153/115319264012.pdf http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/10096/7766 http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/10096/7766 25MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 8: ESTÁTUA DE UM CORREDOR OLÍMPICO DO PERÍODO CLÁSSICO Fonte: PixaBay (2020). Os exercícios físicos que os gregos praticavam eram bem próximos dos movimentos naturais – como correr, saltar e lançar – e do que hoje conhecemos por atletismo. Ginástica significava, inclusive, a arte de exercitar o corpo nu, e a prática de atividades físicas costumava acontecer em estado de nudez. 1.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NA IDADE MÉDIA: JOGOS PÚBLICOS, INFLUÊNCIAS DA CAVALARIA, OS TORNEIOS E AS JUSTAS No ano de 393 d. C, o imperador Teodósio I proíbe os Jogos Olímpicos, com o objetivo de inibir as celebrações consideradas pagãs. Dois anos depois, divi- de o Império Romano em um ato que marca o início da Idade Média. Nesse período de ascensão e de supremacia da Igreja Católica, as práticas corporais perdem espaço para as coisas da alma e do espirito.26 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Mesmo assim, algumas práticas corporais seguem sendo necessárias à vi-da. Uma delas é a preparação dos cavaleiros que lutarão nas várias batalhas que aconteciam. Essa preparação envolvia a prática de xadrez, de equitação, de es- gri-ma, de caça, de tiro de lança e de arco e flecha. As habilidades dos cavalei- ros eram exibidas em combates simulados, chamados de torneios, e nas justas. FIGURA 9: CONFRONTO ENTRE DOIS CAVALEIROS Fonte: Freepik (2020). A época medieval marcou uma mudança importante em relação à prática de atividades físicas. Em lugar dos esportes individuais praticados no atletismo greco-romano, as práticas coletivas ganharam espaço, principalmente os jogos com bola. CONCLUSÃO Os estudos desta unidade tiveram o propósito de apresentar a Educação Física como um campo de saber que vem se constituindo há muito tempo na inter- face de múltiplas influências biológicas, culturais e sociais. A partir dos conteúdos apresentados e das reflexões propostas, acreditamos que você é capaz de identificar aspectos históricos que deram base à cons- 27MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA tituição da Educação Física como a conhecemos hoje; e de reconhecer a ori- gem histórica de práticas pedagógicas e de eventos importantes, como são os Jogos Olímpicos. Para que isso fosse possível, trouxemos alguns conhecimentos fragmentados de fatos que se deram em períodos remotos da história. Com as informações apresentadas, esperamos que tenha sido possível compreender que, no início da trajetória da espécie humana na terra, as demandas de sobrevivência, por si só, já eram um intenso programa de atividade. Porém, à medida que os modos de vida se modificam, a vida permite espaço para o ócio e para o sedentarismo, e novas formas de movimentar-se, também influenciadas pelo contexto sócio- -histórico, surgem. A partir dessas afirmações, você é, agora, capaz de reconhecer alguns proces- sos por meio dos quais as práticas corporais se transformaram de movimentos naturais, caracterizados pela necessidade de luta pela sobrevivência, em práti- cas corporais ligadas a questões religiosas e sociais – como os cultos ritualísticos e o culto à beleza – e, ainda, às finalidades guerreiras, educacionais e esportivas. ANOTAÇÕES UNIDADE 2 > analisar transformações sócio-históricas da Educação Física na Modernidade; > relacionar a Educação Física à industrialização e à urbanização das civilizações ocidentais; > compreender as bases filosóficas da Educação Física na Idade Moderna; > reconhecer a Educação Física como um campo de saber de influência multidisciplinar.. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 28 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 29MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 2 IDADE MODERNA: BASES SÓCIO- HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Em nossa segunda unidade da disciplina “Introdução e História da Educação Física”, estudaremos as bases sócio-históricas e filosóficas da Educação Física, compreendendo quais acontecimentos modernos interferiram nos pressupos- tos da formação do campo de saberes estudados. Conheceremos a relação entre os processos de industrialização e de urbaniza- ção e a educação do corpo, reconhecendo-a como um campo multirreferen- ciado e multidisciplinar. Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui estudados tragam importantes reflexões para sua formação. 2.1 CONCEPÇÕES DE CORPO: INTERFACES DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A FILOSOFIA E A CIÊNCIA A Educação Física, com o formato que conhecemos hoje, passou por muitos significados ao longo da história, surgindo pela necessidade de um homem mais forte, mais ágil, mais empreendedor. Relacionou-se aos cuidados do cor- po, passando a ter um caráter higiênico, como banhar-se, escovar os dentes, lavar as mãos. Na perspectiva militar, teve como característica o preparo físico para tornar o indivíduo mais apto, aparecendo nas escolas vinculadas a esse rigor com as ginásticas e com a calistenia. Calistenia: sistema de ginástica sueca que associa música ao ritmo dos exercícios, desenvolvidos à mão livre, usando o próprio corpo e pequenos acessórios (pesos, caneleiras etc.) para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. 30 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: CORPO E CIÊNCIA Fonte: Plataforma Deduca (2020). É sabida a relação entre a Educação Física e a produção cultural na socieda- de, especialmente no tocante aos conhecimentos e às tradições de jogos, de ginástica e de esportes. É preciso perceber a importância de se ressignificar o olhar e o espaço da Educação Física, por muito tempo vista apenas em sua esfera prática – ou seja, com ênfase na dimensão procedimental, capacitando a saber fazer. As esferas conceituais e atitudinais dos conteúdos formam de maneira integral e, portanto, devem ser incluídas nos programas, compondo o espaço com a prática e com a esfera procedimental dos conteúdos, contextualizando-os. Assim, ao nos dedicarmos a compreender um pouco melhor as relações entre a Educação Física, a Filosofia e a Ciência, pontuando aproximações, percebe- mos que olhar para motricidade humana, de forma estrutural e articulada, faz-nos perceber que existe uma cadeia de significados para a cultura e para a educação. 31MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 2: INTEGRAÇÃO ENTRE CORPO E PENSAMENTO Fonte: Plataforma Deduca (2020). A partir dos anos 1980, conceitos científicos passaram a nortear, de forma mais expandida, os conteúdos da Educação Física, que passou a aprofundar estudos sobre habilidades e sobre capacidades físicas, direcionando as práticas e repre- sentando um importante salto de qualidade na área. Outro aspecto de suma importância para o entendimento disso é o fato de a relação entre teoria e prática, na Educação Física, não se limitar às questões físi- cas e técnico-cientificas. Ao contrário, temos uma importante fundamentação sobre o corpo e sobre seus desdobramentos na Filosofia, na Antropologia, na Sociologia, na Psicologia, entres outras áreas correlatas. A Ciência passou a figurar nas bases dos conceitos diretamente relacionados à Educação Física, conforme podemos observar no esquema a seguir 32 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3: RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO FÍSICA Biomecânica Fisiologia Aprendizagem motora Bases científicas da Educação Física Fonte: Elaborada pela autora (2020). Assim, temos a interdisciplinaridade como ponto de partida para os estudos sobre concepções do corpo e sobre possíveis relações e interfaces. Ao pen- sarmos na prática de atividades físicas, temos o movimento em si e, com ele, múltiplas possibilidades de análise pela Ciência. Ao mesmo tempo, temos a interpretação do movimento, que ocorre a partir do sentido que lhe for atribu- ído, gerando múltiplos sentidos e fundamentando a prática conceitualmente. Vejamos o funcionamento dessa estrutura. FIGURA 4: INTERSEÇÕES ENTRE A CIÊNCIA E A FILOSOFIA NO MOVIMENTO corpo sensação pensamento movimento Fonte: Elaborado pela autora (2020). 33MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Dessa forma, vemos,claramente, a intersecção entre Ciência e Filosofia nos es- tudos sobre motricidade. O corpo e o movimento se constituem como espaço de construção de sentidos e de identidade; como campo de construções e de entendimentos filosóficos e sociológicos; e como algo que pode ser visto e analisado fisiológica e anatomicamente: [a] escola, o processo pedagógico, a formação da consciência sobre o corpo, a motricidade como expressão de si mesmo ainda é o templo da sustentação de um princípio legítimo da formação ser humano. Ali, repousa as interações de mais precisão no contexto da prática na sua total relevância. Na escola, vivencia espaços e tempos singulares, realiza-se, produz-se, transformam- se realidades. Juntam-se grupos sociais na mescla categorizadas de elementos corporais e motores cujo significado exige a interação de si com si mesmo, com o outro e com o mundo. (FENSTERSEIFER et a.l, 2007, p. 25). A Educação Física nos parece ser capaz de unir os campos de saberes, encon- trando pontos de diálogo entre a ação física e o entendimento dessa ação, criando sentidos e significados, uma vez que, justamente na reflexão filosófica, aproximamos teoria e prática. 2.2 HIGIENISMO Para entendermos as noções higienistas atreladas à Educação Física, reme- teremos às influências militares e médicas. Perceberemos relações estreitas entre os conceitos deste tópico e do próximo, uma vez que as noções de higie- nismo e de eugenia aparecem atreladas e vinculadas, tanto na teoria quanto na estruturação e na proposição das práticas. No estudo sobre o corpo e sobre o movimento, temos o ideário higienista co- locado em ação por duas vias: a médica e a militar. Vamos às definições. 34 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 5: RELAÇÃO ENTRE MOVIMENTO E A ÁREA MÉDICA Fonte: Plataforma Deduca (2020). 1. Higienismo considera a doença um fenômeno social e parte da ideia de controle dos corpos para manutenção da vida e da saúde. 2. Influência militar indica a ginástica como forma de sistematização dos conhecimentos práticos. Acreditava que, por meio da ginástica e do treinamento, o corpo poderia ser condicionado e controlado. 3. Influência médica pesquisas que preconizam a Educação Física como forma de melhoramento da saúde e de promoção do controle do corpo, de suas funções e de emoções. Pensava-se, ainda, que o modelo colaboraria com o controle de instintos destrutivos e sexuais, inclusive no tocante a vícios. 35MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Na Educação, podemos observar a ginástica na grade curricular de escolas ci- vis, dada por militares, com a finalidade de cumprir os ideais apontados, com- pondo o campo da cultura física no Brasil. FIGURA 6: MILITARES CONDUZIAM TREINAMENTOS FÍSICOS PARA CIVIS Fonte: Plataforma Deduca (2020). Um marco nesse processo é Arthur Higgins, que passa a praticar atividades físicas por recomendação médica, como tratamento complementar para o reestabelecimento de um quadro de tuberculose aos 23 anos. Tal fato ocorreu no final do século XIX e se envolve com a área, passando a ser treinador de ginástica e escrevendo uma importante obra de concepção higienista na área da Educação Física, denominada de Compêndio de Ginástica Escolar. 36 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 As interferências da área militar na educação do corpo permanecem ativas por longos anos, até, aproximadamente, a terceira década do século XX, com a formação profissional dos instrutores de ginástica. Após essa data, os métodos militares adotados, de origem predominantemente alemã, são substituídos por métodos franceses. Tais métodos franceses, também focados na ginástica, por sua vez, consoli- dam-se a partir de estudos médicos e biomédicos, mantendo caracteres higie- nistas, que intencionam explicitar os benefícios das práticas físicas por meio de modelos anatomofisiológicos. FIGURA 7: IMAGEM: MODELO ANATOMOFISIOLÓGICOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). O higienismo, juntamente ao pensamento eugênico, consolida-se a partir de um desejo da burguesia de melhoramento e de supremacia da raça branca. “Afirmava ser necessário [...] restringir a proliferação de infra-homens, de semi-alienados e de dementes, pela higiene do corpo e do espírito [...] (além de) fazer com que as pessoas fortes, equilibradas, inteligentes e bonitas, tenham um maior número de filhos, para que o número médio destas pessoas [...] se eleve progressivamente”. (SOARES apud MAGALHÃES, 2005, p. 93). 37MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Na área da Educação, podemos observar alguns defensores das práticas físicas pautadas nos treinamentos militares. Segundo Magalhães (2005), Fernando de Azevedo foi um dos que enviou professores para serem formados nos cur- sos do Exército. Até o início da década de 1940, ainda temos médicos e militares responsáveis pelo plano formativo dos profissionais que atuam na Educação Física, sendo seus professores apenas executores de um plano prescrito, sem fundamenta- ção pedagógica. Mudanças são observadas no curso da década de 1970, quando as disciplinas pedagógicas passam a compor a grade curricular das licenciaturas em Educa- ção Física, marcando novos olhares e formatos e promovendo o protagonismo do professor dessa disciplina. FIGURA 8: NOVOS OLHARES PARA EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: Plataforma Deduca (2020). O fim do governo militar marca, definitivamente, uma nova perspectiva, rom- pendo o paradigma higienista e inaugurando uma visão mais crítica e criativa na área da Educação Física, em que o movimento é entendido de forma múl- tipla, capaz de contribuir com a formação para a cidadania. 38 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para compreender melhor as relações entre os ideais eugenistas e higienistas, sugerimos que acesse este link e leia o artigo “Higienismo e eugenia: discursos que não envelhecem”. 2.3 EUGENISMO Você sabe o que é eugenismo? Acreditamos que sim, mas iniciaremos este tópico com a definição do termo. O eugenismo é o movimento que defende a eugenia, que acredita ser possí- vel “melhorar” a população por meio do controle social e da seleção genética das pessoas. Parte da noção de seleção natural darwinista, entendendo que os mais fortes devem prevalecer e que os mais fracos devem ser eliminados. O higienismo, tema do tópico anterior, é um dos principais mecanismos uti- lizados pelos eugenistas, que passam a ganhar espaço de forma acentuada, com o crescimento da industrialização e da urbanização. Ao olharmos para o corpo e para o movimento, vemos a necessidade de ordenação e de controle, que podemos observar com a passagem do passatempo à esportivização, que conheceremos agora. O esporte ou desporto foi, durante muito tempo, o termo utilizado para fazer referência a uma grande variedade de passatempos e de divertimentos, sem maiores critérios. Com o tempo, o desporto passou a ser utilizado para tipos de recreação, sendo que o desempenho físico e as regras para manter a disputa ocupavam boa parte do tempo livre, especialmente na Inglaterra e em todos os lugares para onde foram importados seus modelos de produção industrial. A industrialização influenciava o modo de vida das pessoas, e não seria dife- rente com as atividades de lazer, que, como vimos no tópico anterior, passam a assumir funções especificas no início do século XIX. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-418250 39MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.Uem 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 9: ESPORTE COM REGRAS PASSA A OCUPAR O LUGAR DOS PASSATEMPOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). Na Antiguidade Clássica, a expressão que se utilizava para significar o que se entende, hoje, como lazer era o otium (ócio). A Grécia considerava o trabalho pejorativo; em contrapartida, a contemplação era bastante valorizada. A partir da dominação romana, os valores mudaram. As guerras são um exemplo disso: o tempo de não trabalho (otium) não concorria com o tempo de trabalho (nec-otium, que originou nossa palavra “negócio”). Muito pelo contrário, o Império Romano entendia essas duas esferas como interrelacionadas. 40 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 10: URBANIZAÇÃO CRESCENTE Fonte: Plataforma Deduca (2020). Para conseguirmos realizar uma análise da história do desporto e da transição dos passatempos para os esportes, é necessário compreender como aconte- ceu o desenvolvimento da sociedade em aspectos globais, considerando di- mensões sociais, políticas, econômicas e culturais. O transcurso do século XVIII na Inglaterra é marcado pela busca de soluções não violentas para os conflitos, por meio de regras aceitas por todos, mediadas pelo Estado, de modo que grupos rivais deixassem de guerrear e encontras- sem outras maneiras de expressão, de representação e de reivindicação. Assim, percebemos que o processo de civilização e de desenvolvimento da es- trutura político-social inglesa do final do século XVIII tem estreita relação com o movimento eugenista, que atua, também, por meio da desportivização dos passatempos. Na medida em que os confrontos passam a ter características dos desportos, afastam-se dos confrontos violentos; e as disputas passam a ser mais comple- xas, estando mais na esfera do jogo do que da violência. Se, antes, observáva- mos atividades livres e de cunho recreativo, passamos a práticas com carac- 41MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA terísticas do desporto moderno, com regras escritas, com medidas punitivas, com fiscalizadores das normas e com aplicadores das punições intrajogo. As principais características do esporte moderno são • igualdade de chances entre os jogadores; • acontecimento em espaços próprios, como campos, estádios, velódromos, pistas, ginásios, entre outros; • tempo regrado; • calendário próprio; • código de regras e práticas potencialmente universais; • diminuição do nível de violência aceitável. FIGURA 11: FUNÇÃO SOCIAL DA ESPORTIVIZAÇÃO Fonte: Plataforma Deduca (2020). Com tais características, vemos que o esporte começa a ter um corpo próprio, com características que tendem a superar especificidades locais, noções de ética e a busca pelo prazer no jogo. 42 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para conhecer um pouco da história da esportivização dos passatempos no Brasil, leia o livro O esporte na cidade, de Ricardo de Figueiredo Lucena, publicado, em 2001, pela Editora Autores Associados.. 2.4 RENASCIMENTO E AS BASES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAL Como vimos nos tópicos anteriores, o fim do governo militar foi muito impor- tante para que a Educação Física tivesse o formato que conhecemos hoje. Com a expansão das pesquisas na área, observamos mais autonomia e protagonis- mo dos profissionais, que, inclusive, passam a articular seus saberes com outras áreas, especialmente da Educação. FIGURA 12: EDUCAÇÃO FÍSICA E PEDAGOGIA Fonte: Plataforma Deduca (2020). 43MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Nessa aproximação, as práticas pedagógicas em Educação Física começam a flertar com ideais contra-hegemônicos, com importantes críticas ao tecnicis- mo, ao modelo biomédico, à hegemonia do esporte e à docilização dos corpos. (MAGALHÃES, 2005). Assim, a Educação Física passa, aos poucos, a ser vista como prática social, po- dendo estar manifesta em formatos e em categorias, de acordo com as seguin- tes concepções. 1. Educação Física convencional ainda com forte influência dos ideais eugenistas, faz parte da pedagogia tradicional, que valoriza o intelecto em detrimento do corpo. Essa dicotomia faz com que o trabalho com o corpo ocorra de maneira fragmentada, educando o físico com especial relevância de aspectos anátomos-fisiológicos ou motores. 2. Educação Física modernizadora concebe a educação por meio do corpo físico, e não do treinamento do corpo físico. Além do biológico, preocupa-se com o psicológico, enfocando a educação no âmbito individual. Essa abordagem ainda é adotada por boa parte dos profissionais da área, já que apresenta uma visão mais abrangente em relação ao processo educativo e à realidade. 3. Educação Física revolucionária concepção mais ampla, percebe o indivíduo em todas as suas dimensões, além das suas relações com o outro e com o mundo. O corpo é entendido de maneira integrada, sendo o homem, e não parte dele. Para os adeptos desse enfoque, os educadores são os verdadeiros agentes transformadores e renovadores da sociedade. 44 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 13: EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Fonte: Plataforma Deduca (2020). Podemos observar esse olhar mais abrangente e renovado expresso na Lei do Desporto Brasileiro, publicada em 1993: [...] capítulo III: Da conceituação e das finalidades do Desporto Art. 3º O desporto como atividade predominantemente física e intelectual pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações: I – desporto educacional, através dos sistemas de ensino e formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral e a formação para a cidadania e o lazer; II - desporto de participação, e modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e da educação e na preservação do meio ambiente; III - desporto de rendimento, praticado segundo as normas internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com outras nações. (BRASIL, 1993, p. 6) O esporte de rendimento não é responsabilidade da instituição escolar, que deve, sim, representar espaço de ensino e de expressão das múltiplas possi- bilidades da cultura corporal, possibilitando a formação integral do sujeito. Portanto, a Educação Física é considerada a prática que melhor dá conta de 45MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ensinar aos indivíduos elementos da cultura corporal do movimento – ou seja, norteá-los quanto àquilo que os compõe, que os antecede e que os atravessa: aquilo que os faz humanos. FIGURA 14: EDUCAÇÃO FÍSICA E MÚLTIPLOS SABERES Fonte: Plataforma Deduca (2020). Essa cultura corporal do movimento é composta por um conjunto diversifi- cado de saberes que norteia o sujeito quanto à realidade em que está inseri- do para, posteriormente, ampliá-la, capacitando-o a desempenhar um papel transformador na sociedade. É importante ressaltar a importância de se superar a Educação Física com prá- ticas que se restrinjam à prática de esportes tradicionais, os quais se limitam ao saber fazer já citado, não fornecendo ao sujeito repertório da cultura corporal do movimento. 46 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portariaMEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Clique aqui e aprofunde seus conhecimentos sobre o conteúdo com o material disponibilizado pelo Governo Federal, com o qual podemos conhecer mais sobre as bases e sobre os pressupostos do esporte e da Educação Física no Brasil. 2.5 MÉTODOS GINÁSTICOS EUROPEUS O Movimento Ginástico Europeu surge como resposta do Estado ao fascínio da população pelos artistas e pelas apresentações de rua. Considerados sub- versivos e perigosos, os artistas circenses, acrobatas, estrangeiros, entre outros marginalizados, encantavam e movimentavam a cena com apresentações consideradas imorais e perigosas pelos governantes europeus, em meados do século XIX. “Nos meios urbanos, são diferentes manifestações lúdicas de caráter popular realizadas com base nas atividades circenses que se impõem [...]. Suas apresentações aproveitavam dias de festas, feiras, mantendo uma tradição de representar e de apresentar-se nos lugares onde houvesse concentração de pessoas do povo. Artistas, estrangeiros, errantes. Situados no limite da marginalidade fascinavam as pessoas fincadas em vidas metrificadas e fixas. Eram ao mesmo tempo elementos de barbárie e de civilização nos lugares por onde passavam”. (SOARES, 2002, p. 24, 25). Assim, o poder público cria, com intenção moralizadora, o movimento siste- matizado de ginástica, também influenciado pela crescente industrialização e com ideal higienista. Veja como se dava seu funcionamento. http://www.esporte.gov.br/arquivos/sndel/esporteLazer/cedes/livrocedesufjf.pdf 47MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 15: GINÁSTICA CIENTÍFICA EUROPEIA moral método ordem disciplinaGinástica científica Fonte: Elaborada pela autora (2020). A ginástica científica era pautada em métodos criados por médicos e por mi- litares; e valorizava hábitos saudáveis e a prática de atividades físicas regulares, escondendo um projeto patriótico que visava a regular comportamentos e a docilizar corpos. Conheceremos, agora, as três principais escolas: a alemã, a sueca e a francesa. 1. Escola Alemã: pautada em preceitos nacionalistas, a ginástica é vista como preparação para guerra. Utiliza métodos essencialmente biológicos e militares; e indica prática diária, promovida pelo Estado, para todos os cidadãos. É organizada para alcançar objetivos físicos e morais. 2. Escola Sueca: a ginástica sueca nasce com o grande propósito de eliminar os vícios da sociedade, regenerando a população. De caráter não militar, tem prerrogativas sociais e pedagógicas, assegurando força, beleza e saúde aos praticantes. É conhecida como calistenia. 48 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3. Escola Francesa: baseada na proposta alemã, uniu, aos ideais militares, morais e patrióticos, preocupações com o desenvolvimento social. Intencionava a formação do homem em sua totalidade, desenvolvendo habilidades como força, destreza, agilidade e resistência. Ao conhecermos as características das escolas de ginástica europeias, pode- mos perceber que, guardadas suas peculiaridades, os métodos se relacionam e exercem influência uns sobre os outros, tendo, como pressuposto, o conteú- do anatomofisiológico. Junto a esse “núcleo” biológico, temos, ainda, os conte- údos moralizantes e a valorização da disciplina, da obediência, a formação de hábitos, entre outras características similares. Além dessas escolas, temos outras, porém menos voltadas ao desenvolvimento da ginástica e que não obtiveram tanto destaque. Para conhecer com mais profundidade, acesse este link e leia o artigo “Século XIX e o Movimento Ginástico Europeu: o processo de sistematização da ginástica”, de autoria de Aline Menezes Dodô e de Lorena Nabanete dos Reis. 2.6 OS JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA Após a interrupção dos Jogos Olímpicos em 392, temos, em 6 de abril de 1896, a inauguração dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. A primeira edição se deu em Atenas, na Grécia, promovida pelo francês Barão de Coubertin, que ficou conhecido como pai da Olimpíada Moderna. Com a intenção de utilizar o es- porte como estratégia de propagação da paz e da união dos povos, o Barão dizia que “o importante é competir”, frase que ficou bastante conhecida por todo o mundo. https://www.efdeportes.com/efd190/seculo-xix-e-o-movimento-ginastico-europeu.htm 49MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 16: JOGOS OLÍMPICOS SURGEM DE UMA PROPOSTA DE PAZ E DE UNIÃO DOS POVOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). Em junho do mesmo ano, foi fundado o Comitê Olímpico Internacional, com- posto, na época, por representantes de quinze países, em atividade até os dias de hoje. A forma de abertura dos Jogos Olímpicos também é um elemento que se mantém, até hoje, de acordo com a estrutura proposta pelo Rei George 1º da Grécia, que disse "Declaro abertos os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas", frase que se tornou marca registrada para todas as cerimônias de abertura se- guintes. As provas dessa edição foram atletismo, ciclismo, luta, esgrima, ginástica, hal- terofilismo, natação e tênis. Disputaram 285 atletas do gênero masculino, de 13 países diferentes. Inspirados nos Jogos Olímpicos criados na Grécia em 2500 a.C., guardou o nome da cidade de origem, Olímpia, na Grécia antiga, quando os jogos acon- teciam em homenagem a Zeus. 50 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ainda que o Barão tenha criado os jogos como forma de união dos povos, assis- timos, hoje, à espetacularização acentuada das Olimpíadas, que representam, atualmente, grandes gastos e um evento tão midiático quanto esportivo. Para saber mais sobre os Jogos Olímpicos da Era Moderna, acesse este link e leia o artigo “Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização”, de Katia Rubio.. CONCLUSÃO Nesta unidade de aprendizagem, seguimos com nossos estudos da disciplina “Introdução e História da Educação Física”, momento dedicado ao estudo da Idade Moderna, que representam as bases sócio-históricas da Educação Física como a conhecemos hoje. Aprendemos sobre as interfaces entre a Ciência e a Filosofia na concepção da Educação Física, de modo que entendemos que um movimento pode (e deve) ser visto para além de seus caracteres biológicos, uma vez que traz em si sentido e significado. Conhecemos os movimentos eugenistas e higienistas, que influenciaram, de maneira acentuada, o campo do movimento e da educação do corpo durante o processo de crescimento da industrialização, especialmente por meio da gi- nástica prescrita por médicos e por militares. Por fim, conhecemos as escolas europeias de ginástica, suas origens e suas ca- racterísticas, entendendo o quanto seus pressupostos influenciam os trabalhos do mundo todo, inclusive os brasileiros. Esperamos ter contribuído para seu percurso formativo. Até a próxima! https://www.scielo.br/pdf/rbefe/v24n1/v24n1a06.pdf 51MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ANOTAÇÕES UNIDADE 3 > Conhecer os processos sócio- históricos da Educação Física no Brasil. > Compreender as raízes europeias da Educação Física brasileira. > Reconhecer a Educação Física como prática de intervenção social; e a história da Educação Física como um campo de múltiplas possibilidades. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 53MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MECnº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 3 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL INTRODUÇÃO DA UNIDADE A Educação Física é uma prática social e, portanto, constrói-se no contexto histórico-cultural em que está inserida. Não existe por si só, mas toma forma na disputa e nas tensões entre as exigências e a condições da vida cotidiana, os momentos políticos, as questões de saúde pública e outros aspectos da vida em sociedade que se relacionem ao movimento humano. Nesta unidade, estudaremos alguns aspectos associados à construção da Edu- cação Física escolar brasileira, com a finalidade de que você aprenda os as- pectos constitutivos da sua futura área de atuação profissional e compreenda como essas origens, que remontam há vários séculos, influenciam no momen- to atual da disciplina. Vamos juntos? 3.1 O QUE É ESTUDAR HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA? Podemos iniciar este tópico e seu conteúdo com outras perguntas. É mesmo necessário estudar a história da Educação Física durante a formação inicial? Qual é a aplicabilidade desses conteúdos na atuação profissional? (MELO, 1997). A resposta para esses questionamentos passa pela compreensão da função da formação inicial para a atuação profissional, que se dá durante a graduação. Entende-se que a função da formação inicial é prover conhecimentos técnicos aplicáveis, mas, também, proporcionar uma sólida formação teórica. O conhecimento teórico é fundamental para que o futuro profissional possa interpretar o presente e desenvolver autonomia para construir e para reconstruir sua ação profissional, conforme novas demandas e novas conjunturas sociais surjam e se modifiquem. 54 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O conhecimento da História é um dos que proporciona compreensão da re- alidade social. Devemos ter em conta que a realidade social se altera com o passar do tempo. Então, o que aprendemos hoje como passível de aplicação imediata pode ficar rapidamente obsoleto, como já ficaram práticas de movi- mento que adotávamos no passado. FIGURA 1: ESGRIMA Fonte: Correio da Manhã (1936). A perspectiva histórica nos dá possibilidades de olhar para trás e de seguir para o futuro. Conhecer a história da Educação Física nos dá a vantagem de não partir do zero para atuar na área. Isso quer dizer que, por meio da teoria, já conhecemos as relações em sociedade e no esporte que se deram ao longo dos tempos. Uma imagem pode promover tanto um aprendizado quanto um conjunto de palavras bem articulado. Algumas situações são mais bem compreendidas pela imagem do que por uma descrição. Acesse este link e navegue pela galeria de fotos “Esportes”, do Arquivo Nacional, para desenvolver seus conhecimentos sobre a história da Educação Física no Brasil. 55MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Esse conhecimento nos tornará mais capazes de realizar análises e escolhas profissionais acertadas. O passado nos ajuda a avaliar o que funcionou bem e o que poderia ter sido feito de modo diferente; e a manter o que consideramos positivo, buscando melhorar os pontos que precisam ser aperfeiçoados. FIGURA 2: EQUIPE FEMININA DE REMO NOS ANOS 1940 Fonte: Correio da Manhã (1940). Se soubermos que trabalhar a Educação Física escolar com foco na perfor- mance esportiva se distancia dos objetivos educacionais da atualidade, não seguiremos com essa abordagem, certo? A performance esportiva depende de características biológicas que poucos possuem e é focada em desempenho, em ranqueamento. É uma necessidade do contexto do esporte de rendimen- to, e sua adoção, como tendência pedagógica, teve a consequência de excluir muitos alunos, provocando frustração e desinteresse por desenvolver um estilo de vida ativo. 56 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3: ATLETA DE ALTO NÍVEL Fonte: Plataforma Deduca (2020). O conhecimento histórico nos permite uma prática profissional fundamenta- da em ética e em escolhas conscientes. Algumas opções que foram feitas no passado tiveram usos políticos e consequências práticas na vida das pessoas, as quais podemos conhecer previamente à nossa experiência, de maneira a optar se queremos segui-las ou não; e se nos ajudam a cumprir nossos objetivos. Além disso, o conhecimento histórico, mesmo que não tivesse aplicabilidade, é um direito nosso. Temos direito a conhecer, e isso vale para o que é aplicável e para o que não é aplicável. Conhecimento é patrimônio, e o conhecimento das tradições relacionadas à cultura corporal de movimento é um valor que deveríamos querer acessar. 57MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 4: ATLETAS DE NATAÇÃO NO ANO DE 1936 Fonte: Correio da Manhã (1936). 3.2 UMA HISTÓRIA OU VÁRIAS HISTÓRIAS? Conforme Melo (1997) afirma, o desenvolvimento dos estudos históricos da Educação Física no Brasil pode ser divididos em três fases. Primeira fase: é uma fase inicial, em que foram realizados os primeiros estudos, ainda bem rudimentares. Segunda fase: observam-se uma aproximação aos estudos históricos realizados em outras áreas e o levantamento de informações qualitativas e quantitativas. 58 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Terceira fase: apresenta-se marcada por uma mudança nas características dos estudos realizados na segunda fase, com abordagem crítica desses estudos. Todas essas fases tiveram em comum a intenção de compreender como se constituiu a Educação Física e de oferecer argumentos para as necessidades de mudança que se observavam nesse campo de saber. De acordo com Castelani Filho (1998), a produção teórica acerca da história da Educação Física no Brasil está marcada por uma espécie de senso comum e se orienta para o reporte à época imperial e aos primeiros anos da República, vinculando a Educação Física às instituições militares. FIGURA 5: EXÉRCITO IMPERIAL BRASILEIRO Fonte: Orléans (1885). O autor Lino Castelani Filho atribui esse fato ao prestígio da obra deixada por Inezil Penna Marinho, que deu foco à relação entre Educação Física e institui- ções militares. Como as publicações de Inezil foram, por muito tempo, uma 59MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA das principais fontes de consulta para quem trata do tema, sua percepção ga- nhou status de verdade dos fatos, mas, em suas elaborações teóricas, Castelani Filho e outros autores tomam outros caminhos para analisar a história da Edu- cação Física. Os trabalhos de Castelani Filho marcaram, de fato, a literatura sobre história da Educa- ção Física no Brasil, tanto que, anos depois, Paiva (2004) defende que nossa produção acadêmica em história da Educação Física cresceu, a partir de 1989, em quantidade e em qualidade; e cita, como principais refe- rências, os textos de Castellani Filho (1988) e de Ghiraldelli Júnior (1988). Paiva (2004) ressalta a importância de se evitar produzir sensos comuns na história da Educação Física brasileira, mas, enten- dendo que é preciso objetivar esse conhe- cimento histórico, propõe a seguinte sín- tese provisória. Polissemia: Educação Física e História da Educação Física são expressões e campos do saber com múltiplos significados. não há consenso que permita uniformizá-los ou defini-los permanentemente. Institucionalização: os anos 1930 e o Estado Novo são marcos da institucionalização da Educação Física em território brasileiro. Higienismo: a tendência higienista,ainda que de modo tardio em relação à da Europa, ganha força em terras brasileiras nos anos 1930 e marca a Para ampliar seus conhecimentos sobre a produção acadêmico- científica sobre a história da Educação Física no Brasil, você pode começar sua pesquisa neste link, com uma lista de textos publicada no site Efdeportes.com (GENOVEZ E MELO, 1998). 60 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 história da Educação Física como campo de práticas e de saberes fortemente influenciado por instituições médicas, militares e pedagógicas; devido à medicalização das práticas de movimento, o higienismo dá à Educação Física uma perspectiva científica. Esportivismo: entre o final do século XIX e o início do XX, o esportivismo se soma ao higienismo e, também, mostra-se como um forte integrante da construção da história da Educação Física no Brasil. Formação profissional e renovação: entre os anos 1970 e 1980, a Educação Física se renova. Vários profissionais têm acesso à formação em nível de pós-graduação, inclusive fora do país, e a área se diversifica com o surgimento de várias tendências renovadoras. FIGURA 6: DANÇA DO FOLCLORE BRASILEIRO - LUNDU Fonte: Rugendas (1835). 61MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Diante das breves reflexões e dos exemplos que expusemos, podemos enten- der que fazer a história da Educação Física não significa nem listar a sucessão de fatos no tempo nem inventariar métodos e técnicas conforme foram crono- logicamente criados, adotados e abandonados. Fazer uma história da Educação Física é um ato atravessado por relações de poder que envolvem questões sociais, culturais, científicas e políticas (SOARES, 2017). O conhecimento histórico não é nem único nem permanente; e não deve ser tomado como a verdade dos fatos. Trata-se mais de uma versão plau- sível dos fatos que é produzida com o requerido rigor. 3.3 OS PIONEIROS NOS ESTUDOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: RUI BARBOSA E FERNANDO DE AZEVEDO Nos anos 1930, órgãos governamentais do Estado Novo e políticos como Fer- nando de Azevedo resgataram o ideário de algumas personalidades que pro- duziram orientações marcantes para a Educação Física no Brasil na época do Império, como Rui Barbosa. FIGURA 7: RUI BARBOSA Fonte: Fitz Gerald (1919). 62 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Esse movimento será explicado com mais detalhes no tópico que trata do iní- cio do período republicano. Aqui, iremos nos concentrar em compreender o que esses dois políticos defendiam para a Educação Física que deixou seus nomes marcados na história; e como suas ideias reverberaram na sociedade da época. No fim dos anos 1880, Rui Barbosa apresentou à Câmara dos Deputados dois pareceres que tratavam da Educação no Brasil nos quais contemplava, tam- bém, a Educação Física. O primeiro parecer foi apresentado no ano de 1882 e se chamava “Reforma do Ensino Secundário e Superior” (BARBOSA, 1942, v. IX, t. I). O segundo foi redigido no ano seguinte, com o título de “Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública” (BARBOSA, 1947, v. X, t. I ao IV). Nos documentos, ele propôs a inclusão da Educação Física como disciplina do Ensino Primário, em conjunto com Ciências e com Desenho, com a intenção de promover um avanço nos programas pedagógicos, que passariam do foco literário para o científico. Rui Barbosa se baseou nas mudanças sociais que aconteciam na Europa, continente em que a Educação Física se tornava obrigatória nas escolas. Mas suas ideias não tiveram aderência ampla, pois havia empecilhos histórico-culturais que barravam a sua implementação, como veremos no tópico que trata do período imperial. Mesmo assim, alguns movimentos de modificação, no campo da Educação Fí- sica, continuaram acontecendo na sociedade. As aulas de Educação Física que existiam naquela época eram ministradas por militares, e sequer havia escolas de formação de professores civis. Bem mais tarde, as ideias de Rui Barbosa são retomadas. Com a Reforma do Ensino do Distrito Federal realizada por Fernando de Azevedo em 1928, foi pro- 63MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA posta a criação de uma escola de formação de professores civis de Educação Física (MARINHO, 1941), e se iniciou um movimento que alguns veem como o início da desmilitarização da Educação Física no Brasil. Alguns autores contestam que a iniciativa de Fernando Azevedo tenha tido êxito como estratégia de desmilitarização. A escola que propôs não foi criada, embora civis tenham sido aceitos como estudantes de escolas militares de for- mação de instrutores de Educação Física. FIGURA 8: TURMA DE PROFESSORES CIVIS FORMADOS NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXERCITO Fonte: Revista de Educação Física (1933) apud (Corrêa, 2013, p. 195). Mas a questão da influência militar sobre a Educação Física escolar brasileira permanece controversa. Há estudos que veem as propostas de Fernando de Azevedo como uma extensão do projeto de militarização da Educação Física que se implementou dos anos 1930 até os anos 1940. 3.4 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL COLÔNIA (1500-1822) A Educação Física, no período colonial, fica marcada pela divisão entre o mun- do de movimento dos colonizadores e o das tribos indígenas que habitavam o Brasil. Os indígenas tinham estilo de vida ativo e modos de vida integrados 64 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 à natureza, e suas necessidades de sobrevivência envolviam o esforço físico, a corrida, o nado, a caça e a pesca. Além disso, contavam com uma rica e diversificada cultura, que era composta por danças e por jogos próprios. Essa cultura foi bastante destruída pelos colo- nizadores, que se obstinaram em impor os valores cristãos e não aceitaram a influência indígena em seus hábitos de movimento. FIGURA 9: DESEMBARQUE DE PEDRO ALVAREZ CABRAL Fonte: Silva (1922). Na famosa carta que Pero Vaz de Caminha escreveu quando descobriu o Bra- sil, ele descreve um pouco da cultura de movimento dos indígenas que aqui encontrou. “[D]epois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço. E alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que aí tinham -- as quais não são feitas como as que eu já vi; somente são três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé. (...) Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem 65MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras, e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e foram-se para cima”. (CAMINHA, 2019). O Brasil colônia foi uma sociedade escravagista, e a cultura africana deixou marcas fortes na cultura de movimento brasileira. Dos africanos, incorporamos vários movimentos dedança e, também, a capoeira, uma luta disfarçada de dança, criação dos negros que habitavam as terras brasileiras para combater sua condição de escravizados. FIGURA 10: CAPOEIRA Fonte: Plataforma Deduca (2020). Além da capoeira, há diferentes manifestações da cultura popular, modalida- des de dança e, até mesmo, o carnaval que sofreram influência dos africanos trazidos para o Brasil durante a época do império. Algumas manifestações fol- clóricas carregam, também, marcas das tradições indígenas. 66 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL IMPÉRIO (1822 A 1889) As informações sobre as práticas corporais no Brasil Império são esparsas. Não havia muitas produções teóricas a respeito do tema, mas algumas fontes des- se período se tornaram importantes e acabam por ser retomadas por vários autores que se propõem a contar uma história da Educação Física. É o caso do “Tratado de Educação Física e Moral dos meninos”, elaborado por Joaquim An- tônio Serpa, em 1823, que colocava a Educação como responsável pela saúde do corpo e pela cultura do espírito. Também apresentava duas categorias de exercícios físicos, os que exercitavam o corpo e os que exercitavam a memória. Outro período muito marcante da época do Império foi o da Reforma Couto Ferraz, que ocorreu no ano de 1851 e tornou obrigatória a Educação Física nas escolas do município da Corte. É considerado o início da Educação Física es- colar no Brasil. Apesar da força de lei, a reforma Couto Ferraz não encontrou muita adesão. Seus postulados não foram bem recebidos pela sociedade, e acabou não sendo amplamente implementada. FIGURA 11: LUIZ PEREIRA DE COUTO FERRAZ, O BARÃO DO BOM RETIRO Fonte: Wikipédia (2019). 67MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Lima (2012) relata que os pais ficaram contrariados em pensar que seus filhos usariam o tempo que passavam na escola para realizar atividades de caráter não intelectual. Isso era de se esperar, tendo em vista que a concepção racio- nalista predominava na sociedade daquela época; e que o trabalho e o esforço físicos eram tidos como atividades que deveriam ser realizadas pelos estratos sociais considerados inferiores. Além disso, a regra não valia, equivalentemente, para meninos e para meni- nas. No caso destas, a prática era facultativa. Naquela época, havia um forte preconceito em relação à prática de atividades físicas por mulheres. Já para os meninos, era tolerada, excepcionalmente, no contexto do treinamento militar, que envolvia a prática de ginástica. Outro ponto importante foi a ação de Rui Barbosa, em 1880, de emitir parecer sobre o projeto 224 – Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública –, defendendo a adoção da prática de gi- nástica pelas escolas; e, também, que os professores de ginástica adquirissem status equivalente aos dos mestres das outras disciplinas, visto que, até aquele momento, a ginástica era ministrada, nas escolas, por militares de carreira. Assim como ocorreu com a reforma Couto Ferraz, as mudanças propostas por Rui Barbosa não foram adotadas no território nacional e tiveram adesão ape- nas nas escolas militares e em algumas escolas do Rio de Janeiro. 3.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL REPÚBLICA (1890 A 1946) Conforme Castelani Filho (1998) sustenta, a prática sistemática de atividades de movimento ganhou contornos especiais com a urbanização e com a indus- trialização. A partir do fim do século XIX e do início do século XX, começa a ser vista como uma necessidade dos grupamentos urbanos civilizados; e a enfren- tar aspectos contraditórios das condições históricas e sociais. Alguns autores dizem que, no período inicial do Brasil República, a Educação Física teve duas fases bem distintas. A primeira se estendeu de 1889 até a re- volução de 1930. Durante esse período, por volta dos anos 1920, outros estados brasileiros seguem o exemplo do Rio de Janeiro e, aproveitando a realização de reformas educacionais, incluem a Educação Física nos currículos escolares com o nome de ginástica. 68 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Com a invenção do cinema, foi possível fazer registros filmados das práticas corporais. Para ver como funcionava uma sessão de ginástica para mulheres de acordo com o método alemão, acesse este link. • Para conhecer, em detalhes, os métodos ginásticos e suas interfaces com a Educação Física brasileira, você pode recorrer a uma pesquisa nas obras de Carmem Lúcia Soares. Clique sobre os títulos e inicie a leitura. • Educação Física: raízes européias e Brasil e, • Imagens a educação no corpo: um estudo a partir da ginástica francesa no século XIX No período seguinte, a Educação Física passa a ser de interesse político e ga- nha destaque nas preocupações do governo. Nos anos 1929, sob influência do movimento da Escola Nova, passa a ser considerada importante para a forma- ção integral do ser humano. Os escritos de Rui Barbosa são, novamente, evocados nas décadas de 1930 e de 1940, e personalidades como Gustavo Capanema e Fernando Azevedo os selecionam para tratar de reforma no ensino brasileiro. Nessa época, um órgão instituído pelo Estado Novo, a Divisão de Educação Física, que era coordenado por um oficial militar, retoma os textos de Rui Barbosa; promove uma homenagem póstuma, em que o chama de um dos “pioneiros da Educação Física no Brasil”; e destaca a importância desses documentos para o desenvolvimento dos princípios higienistas e o caráter de formação moral que os orientava. Isso aconteceu porque, tantos anos depois, a prática da ginástica como parte das atividades escolares permanecia em discussão, ainda que tivesse se tor- nado obrigatória por ato da constituição de 1937. A seguir, veremos uma expli- cação sintética dos métodos ginásticos que foram comparados por Fernando https://www.youtube.com/watch?v=zlf6t3vPLMo https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=370tDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT5&ots=4m_uWgDkmr&sig=jbYQE80bLWGVvXpSquCzAxWVVxU#v=onepage&q&f=false http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/252314/1/Soares_CarmenLucia_D.pdf http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/252314/1/Soares_CarmenLucia_D.pdf 69MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA de Azevedo nos pareceres em que defendia a prática dessa modalidade de atividade física. ESCOLA ALEMÃ A ginástica é praticada com finalidades nacionalistas, ligada à consolidação da unidade nacional alemã que estava em andamento. A Alemanha desejava criar um senso de população constituída por homens e por mulheres saudáveis, de constituição forte e robusta. Tinha base científica, e Guts Muths e Ludvig Jahn foram precursores dos seus métodos, com base nas idéias dos pedagogos Rousseau, Pestalozzi e Basedow. ESCOLA SUECA Criada com finalidades nacionalistas, higienistas e morais, pretendia formar bons operários e bons soldados, indivíduos fortes e livres de vícios, principalmente o alcoolismo. Seu idealizador foi Pehr Enrich Ling, que concebeu um método pautado em ciência e com quatro possíveis aplicações: pedagógica, militar, médica ou ortopédica e estética. Rui Barbosa e Fernando de Azevedo foram personalidades que estimularam a prática da ginástica Sueca no Brasil. 70 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESCOLA FRANCESA O método francês foi proposto por Francisco de Amoros de Odeaño, com inspiração em ideias de pedagogos como Rousseau, Condorcet e Lepelletier. Na França, a ginástica era vistacomo necessária para a educação humana global. Tinha menos orientação militarista, mas, também, foi influenciada pelas ideias patrióticas e pela base científica do método alemão. Assim como Ling, criou subdivisões para a ginástica: civil e industrial, militar, médica e cênica ou funambulesca. O Brasil se interessou pela vertente civil, que chegou a se disseminar no território nacional. Nesse período, a Educação Física era trabalhada com base nos métodos ginás- ticos europeus e, nos anos 1930, sofreu forte influência das tendências euge- nistas, que, rapidamente, cederam espaço às higienistas, com a finalidade de promover a saúde e de combater os males que se apresentavam como conse- quências da urbanização. Glossário O eugenismo surge com base nas teorias de Charles Galton de que a capacidade intelectual é uma herança genética. A partir dela, vários países adotam estratégias para promover o desenvolvimento das nações com base na melhoria da raça, ou seja, na eliminação dos considerados mais débeis e de sua descendência. A tendência higienista perdurou por mais tempo do que as outras e foi se renovando. Hoje, podemos considerar que é precursora das abordagens que relacionam a Educação Física à saúde. 71MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA CONCLUSÃO Nesta unidade, você conheceu alguns acontecimentos marcantes, alguns fatos importantes e algumas personalidades proeminentes na construção da Edu- cação Física escolar brasileira. O estudo da história da Educação Física e a compreensão de alguns processos pelos quais passou até ganhar os currículos escolares são fundamentais para a análise e para a compreensão do momento atual dessa disciplina. Este estudo deve se dar a partir de fontes diversas e, de preferência, que tragam fatos, interpretações e abordagens diferentes do mesmo momento histórico. Visões contraditórias não devem nos levar a uma confusão, pois, na história, não há certo ou errado, mas interpretações possíveis com base em dados, em documentos e em fatos. Desde o início da colonização pelos portugueses até meados do século XX, a Educação Física esteve fortemente ligada às instituições militares, e isso mar- cou a formação profissional, as práticas pedagógicas e os usos políticos que foram feitos dela. ANOTAÇÕES UNIDADE 4 > compreender as influências do militarismo, da medicalização e do esportivismo na Educação Física escolar brasileira; > reconhecer a Educação Física como um campo de saber que tem objeto epistemológico próprio. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 72 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 73MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 4 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Em nossa quarta unidade da disciplina “Introdução e História da Educação Física”, conheceremos as principais abordagens teórico-práticas da Educação Física anteriores à década de 1980. Ao estudarmos essas abordagens, conseguiremos visualizar, com maior facili- dade, o encadeamento de acontecimentos históricos e os cenários sociocultu- rais e políticos que contextualizaram a estrutura da Educação Física, influen- ciando-a de acordo com desdobramentos e com os cenários no país. Identificaremos, em cada um desses movimentos, quais elementos permane- cem ativos nas práticas atuais e aqueles que foram suprimidos e substituídos, dando espaço para novas teorias e tendências. Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui estudados tragam importantes reflexões para sua formação. 4.1 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA ESCOLAR: REFORMAS COUTO FERRAZ E RUI BARBOSA Passaremos, nesta unidade de estudos, a pensar na Educação Física em con- texto escolar, atualmente voltada ao desenvolvimento de crianças e de adoles- centes de forma obrigatória, com carga horária mínima destinada a esse fim e com regulamentações formalizadas de modo a garantir a aplicação de seus conteúdos em sintonia com as propostas pedagógicas vigentes (SHIGUNOV NETO, 2015). Ao longo da história, os objetivos e o desenvolvimento da disciplina tiveram diversos momentos e características, como veremos a seguir. 74 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: ATIVIDADES INTELECTUAIS ERAM CONSIDERADAS MAIS IMPORTANTES DO QUE AS FÍSICAS Fonte: Plataforma Deduca (2020). • Início do século 19 inicialmente vinculada às classes médica e militar, a Educação Física assumia caráter higienista e tinha, como principal objetivo, a formação de hábitos saudáveis e a correção de hábitos não saudáveis, como parte de um projeto político-social maior. • 1851 a Reforma Couto Ferraz tornou obrigatória a disciplina em todas as escolas da Corte, fato que causou muito incômodo, especialmente nos pais de meninas, fazendo que muitos não permitissem a participação de suas filhas em tais aulas. As atividades físicas, vistas como menos importantes do que as intelectuais, foram consideradas, pela maioria das pessoas, desnecessárias no ambiente escolar. 75MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA • 1879 ano em que Rui Barbosa ficou conhecido por seu parecer sobre o Projeto 224 – Reforma Leôncio de Carvalho, decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública. Segundo Shigunov Neto (2015), a Reforma Leôncio de Carvalho altera, conside- ravelmente, os pressupostos educacionais vigentes na época e inclui a ginás- tica, de maneira obrigatória, em todos os currículos escolares, inclusive dando condição de igualdade aos seus professores em relação aos demais. FIGURA 2: INCLUSÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS NOS CURRÍCULOS ESCOLARES OFICIAIS Fonte: Plataforma Deduca (2020). 76 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Esse parecer elaborado por Rui Barbosa é o primeiro documento oficial da área da Educação que considera a Educação Física como parte importante do processo de ensino- aprendizagem, citando, inclusive, a necessidade de se olhar para o desenvolvimento do corpo e destacando a importância de se manter um corpo saudável para garantir um bom desenvolvimento intelectual. Assim, após a aprovação do projeto, a ginástica, sob o nome de “Educação Fí- sica”, foi incluída nos currículos escolares dos estados da Bahia, do Ceará, do Distrito Federal, de Minas Gerais, de Pernambuco e de São Paulo. FIGURA 3: ALUNOS PASSAM A TER AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CONTEÚDO FORMAL Fonte: Plataforma Deduca (2020). 77MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Para conhecer essa importante reforma, que alterou, de maneira considerável o cenário educacional da época, acesse este link e tenha acesso ao decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879 – “Reforma do Ensino Primário e Secundário do Município da Corte e o Superior em todo o Império”, de autoria de Carlos Leôncio de Carvalho – na íntegra. 4.2 ABORDAGENS BIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA A concepção biologicista, na Educação Física, é representada pela valorização do corpo e de seus aspectos anatomofisiológicos em detrimento de questões socioculturais. “Por meio dessa ginástica, assim caracterizada, devem adquirir-se, sobre o ponto de vista fisio- anatômico: a beleza corporal e, sob o ponto de vista psicológico, a coragem, a iniciativa, a vontade perseverante, ou, em uma palavra, certas aptidões morais, além do equilíbrio funcional dos órgãos, que é a expressãoe o índice da saúde do corpo, e, por fim, a beleza na forma e no movimento”. (AZEVEDO, 1920, p. 70). Por meio do discurso de valorização do corpo, desenvolvem-se estratégias de controle minucioso do corpo, orientadas pela aplicação de programas extenu- antes de exercícios que visam à disciplina e à obediência. http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/34/doc01a_34.pdf 78 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 4: VALORIZAÇÃO DE ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). Vamos conhecer sua estrutura? 1. Pressupostos a abordagem se pauta em conceitos da Biologia, da Anatomia e da Psicologia. Evidencia o corpo, suas características e suas habilidades. 2. Métodos treinamento de habilidades com intenção de melhoria de performance e de rendimento físico. 3. Objetivos beleza corporal, bons resultados na aprendizagem do movimento, saúde e habilidades emocionais, como coragem e resistência à adversidade. 79MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Essa concepção biologicista referenciou a perspectiva médica e higienista na Educação Física, sendo, posteriormente, retomada como base da abordagem esportivista. FIGURA 5: BIOLOGICISMO E SAÚDE Fonte: Plataforma Deduca (2020). Silvio Lobo Filho, em sua pesquisa de mestrado, desenvolve um importante trabalho sobre a abordagem biologicista na Educação Física, sobre seus usos e sobre seus desdobramentos. Seu trabalho, datado de 2003 e intitulado “A concepção biologicista na Educação Física: o discurso do corpo e suas relações saber e poder” está disponível neste link. 4.3 MEDICALIZAÇÃO E HIGIENISMO https://repositorio.ufms.br:8443/jspui/handle/123456789/842 80 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A Tendência Higienista influenciou a Educação Física, de forma preponderan- te, até cerca de 1930. Depois desse período, continuou sendo bastante repre- sentativa, mas se uniu a saberes de outras áreas, como veremos adiante. Caracterizada pela forte influência da Medicina, seu foco principal estava na realização de exercícios físicos como forma de promoção da saúde e do desen- volvimento físico. Porém, podemos observar que não era apenas ao corpo que se dedicava a prescrever, uma vez que as atividades faziam parte de um ideal da época, eugenista, de padronização e de “melhoria” dos indivíduos. FIGURA 6: INFLUÊNCIA MÉDICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: Plataforma Deduca (2020). Era incutida nas pessoas a necessidade de manter a “pureza”, evitando a mis- tura entre brancos e negros por meio de projetos de educação moral e sexual vinculados à Educação Física. Assim, junto às atividades físicas, geralmente expressas pela ginástica, existiam intenções políticas de normatização social, vistas por meio da formação ou da correção dos hábitos de higiene e da moralização dos comportamentos. 81MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Nesse contexto, a Medicina era vista como ciência hipervalorizada, detentora dos saberes sobre o corpo e totalmente capaz e habilitada a atuar nos corpos dos cidadãos. As práticas eram realizadas com orientação dos profissionais da saúde, mas sem contato direto. No início das aulas, eram inspecionadas a limpeza corporal (unhas, dentes, cabelos, entre outros) e o asseio pessoal (roupas limpas, unhas compridas, entre outros itens semelhantes). Alunos que não se apresentassem da maneira adequada ou apresentassem qualquer tipo de enfermidade eram eliminados das aulas, reorientados e, quando isso fosse necessário, medicados. A medicalização dos praticantes fazia parte do processo de forma intensa. Veja isso na figura a seguir. FIGURA 7: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA TENDÊNCIA HIGIENISTA T e n d e n ci a H ig ie n is ta Saúde Limpeza e asseio Medicalização Boa forma e boa aparência Fonte: Elaborada pela autora (2020). A Educação Física representava muito mais do que um momento de praticar atividades corporais: era um estilo de vida vinculado e alinhado ao eugenismo, em que eram valorizados a repetição mecânica de exercícios; uma aparência física considerada “boa forma”; e um corpo e vestimentas que representassem asseio, geralmente de cores claras e impecavelmente limpas 82 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 As características arroladas, como vimos, faziam parte de um ideal eugênico vigente no Brasil, que tinha a suposta intenção da formação de características tipicamente nacionais, com homens fortes que representavam a nação. FIGURA 8: EDUCAÇÃO FÍSICA E NACIONALISMO Fonte: Plataforma Deduca (2020). Ainda que, em 1930, possamos observar, na história da Educação Física, o en- cerramento oficial desse ciclo em função da guerra, é fato que podemos per- ceber ações e propostas que carregam em si características higienistas até os dias atuais. As relações possíveis entre as abordagens em Educação Física e os conceitos da área médica podem ser conhecidas, a partir deste link, com a leitura do artigo “Tendências e abordagens pedagógicas da Educação Física escolar e suas interfaces com a saúde”. https://www.efdeportes.com/efd182/tendencias-pedagogicas-da-educacao-fisica-escolar.htm 83MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 4.4 ABORDAGEM MILITARISTA A abordagem militarista surge com a implantação do Estado Novo, na década de 1930. Pautada em pressupostos biologicistas, entendia que os alunos pos- suíam características similares, aplicando seus métodos de forma homogênea. FIGURA 9: ABORDAGEM MILITARISTA NA EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: Plataforma Deduca (2020). Eram prioridades dos métodos militares técnicas pautadas na disciplina, na docilização dos corpos e na hierarquia. Aspectos educacionais não eram mais considerados de forma significativa. Baseada em valores de guerra, a Educação Física intencionava o treinamento e a preparação de jovens para o combate. Observe seus conteúdos. Se, antes, observamos, nessas práticas, um caráter prescritivo, predominante na tendência higienista, passamos, aqui, a observar uma relação de recruta- -sargento, pautada em ordens diretas, sem diálogo ou respeito com o outro. Valores extremos nacionalistas faziam parte do programa, que prezava a ex- clusão dos considerados fracos ou imperfeitos, o racismo e o culto ao corpo perfeito (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). 84 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 10: CONTEÚDOS RELACIONADOS À PRÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ABORDAGEM MILITARISTA exercícios de repetição instruções militares Tendência militar ginástica defesa pessoal Fonte: Elaborada pela autora (2020). As mulheres passaram a ser incluídas nas práticas de Educação Física, de forma separada dos homens, com exercícios mais brandos, com a intenção de garantir que suas gestações fossem saudáveis e gerassem brasileiros puros e fortes. FIGURA 11: INCLUSÃO DAS MULHERES PARA GARANTIR BOA GESTAÇÃO Fonte: Plataforma Deduca (2020). 85MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA A tendência militarista perdeu força por volta de 1945, quando termina a guer- ra, com a vitória dos EUA, que passam a figurar como referência para os países do ocidente, inclusive para o Brasil (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). 4.5 ABORDAGEM ESPORTIVISTA Neste tópico, entenderemos ospressupostos teóricos e práticos da aborda- gem esportivista e, também, qual é o seu contexto sociopolítico no Brasil. Esse esclarecimento se faz essencial, uma vez que a abordagem tem início com o governo militar no país. A tomada do poder pelos militares, em meados no ano de 1964, trouxe a ne- cessidade de se desenvolver estratégias de contenção que colaborassem para sua manutenção. É sabido que esse período é marcado por forte repressão e por censura, o que trazia uma imagem ruim junto à população. Assim, o espor- te foi utilizado como estratégia de desviar o foco dos atos autoritários e violen- tos do governo. FIGURA 12: OS ESPORTES, COMO O FUTEBOL, DESVIAVAM A ATENÇÃO DOS DEBATES POLÍTICOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). 86 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O futebol nacional estava em ascensão, marcado pela vitória da Copa do Mun- do de Futebol de 1970, o que gerou comoção e comemoração em todos os cantos do país. Com todas as atenções nesse evento, as discussões políticas se amenizavam, fato que, ao ser identificado, foi alvo de fortes investimentos por parte dos militares. Dessa forma, além dos grandes eventos, as práticas esportivas também eram fortemente incentivadas, especialmente em ambiente escolar. Assim, pode- mos observar, na história da Educação Física, que esse período é marcado por um retorno ao biologicismo, com a preponderância de aspectos físicos, em detrimento dos aspectos sociais e culturais. O rendimento e o desenvolvimento de habilidades esportivas ocupavam todo o espaço das aulas, que passaram a ser um momento de treino de esportes de competição. A relação professor-aluno passa a se aproximar da relação técni- co-atleta, com foco fisiológico. A tendência esportivista também é conhecida na literatura como tendência tecnicista ou mecanicista. Veja quais são seus fundamentos. FIGURA 13: ESTRUTURA DAS PRÁTICAS NA TENDÊNCIA ESPORTIVISTA Tendência esportivista n or m as té cn ic as tá ti ca s p er fo rm an ce Fonte: Elaborada pela autora (2020). Como podemos observar na figura anterior, a Educação Física, nessa aborda- gem, volta seus métodos e seus conteúdos à prática de esportes de competi- ção, visando a atingir boa performance e bons resultados. 87MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Terminado o período do governo militar, em meados da década de 1980, quan- do o país iniciava o período de redemocratização, a Educação Física passa a incorporar outras características, fundamentando-se em outros objetivos. Cer- tamente, ao observarmos e analisarmos as práticas contidas nas aulas de Edu- cação Física hoje, perceberemos que essa tendência deixou marcas observá- veis em seu formato, em sua estrutura e em seus pressupostos. Quando falamos do esporte como con- teúdo das aulas de Educação Física, per- cebemos que a escolha por práticas de modalidades tradicionais, como futebol, voleibol, basquetebol e handebol, são muito comuns. A presença de espaços escolares com quadras poliesportivas e bolas; a formação nos cursos de licenciatura com carga ho- rária voltada às modalidades citadas; ou, ainda, a cultura do país, que hipervaloriza tais esportes, são algumas das explicações possíveis para esse fato. Porém, tal recor- rência pedagógica acaba por limitar e por restringir os alunos, que, com isso, deixam de conhecer, de vivenciar e de praticar ou- tras possibilidades de conteúdo. É importante, também, diferenciar jogo de esporte. O esporte, apesar de ter em si características do jogo, extrapola-as, pois apresenta organização mais ampla e burocrática, com interesses que vão além dos dos participantes. Para entender melhor de que maneira as mudanças ocorreram na área da Educação Física e como marcaram a concepção do professor e sua prática pe- dagógica, fique atento à seguinte dica. Se quiser se aprofundar nesse assunto e ler mais sobre o tema, acesse o artigo publicado na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte sob o título “A Educação Física, o docente e a escola: concepções e práticas pedagógicas”, que está disponível neste link. O esporte se preocupa com estratégias, com táticas, com estatísticas e com recordes; investe na especialização dos atletas; e tem uma codificação de regras universal. O jogo é representado pela flexibilização desses atributos, com expressões mais próximas do lazer ou da Educação. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-55092013000300013 88 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.6 ABORDAGEM RECREACIONISTA A Educação Física, tal como se estrutura a partir da abordagem recreacionista, surge da negação e de uma tentativa de superação da tendência esportivista das décadas de 1960 e de 1970. FIGURA 14: ABORDAGEM RECREACIONISTA Fonte: Plataforma Deduca (2020). O fim do governo militar e, consequentemente, da opressão, da violência e do controle trouxe às pessoas uma necessidade intensa de negar os pressupostos vigentes. Assim, essa abordagem surge da oposição ao controle e à imposição, com a proposta de protagonismo total do aluno. Vamos conhecer sua estrutura? 1. Pressupostos surge das críticas ao modelo anterior, esportivizante, sem fundamentação teórica definida. Estrutura-se por oposição à diretividade e à competitividade. 89MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 2. Métodos alunos atuam como protagonistas, escolhendo que atividades desejam realizar. Professores têm atuação superficial: apenas fornecem material, controlam o tempo da aula e se ocupam de outras atividades burocráticas, sem caráter diretivo na aula. 3. Objetivos visa ao lazer no ambiente escolar, sem vinculação ou estruturação pedagógica, por meio de atividades isoladas e desconexas, sem objetivos escolares definidos. FIGURA 15: NA ABORDAGEM RECREACIONISTA, OS ALUNOS DECIDEM O QUE QUEREM FAZER Fonte: Plataforma Deduca (2020). Dessa forma, a abordagem não se perpetua na escola, apesar de também aca- bar sendo observada, pontualmente, em alguns ambientes escolares. Entre- tanto, sabe-se que o conteúdo formal deve ser trabalhado; e que atividades recreacionistas sem intenção ou sem fundamentação prejudicam a Educação 90 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Física como disciplina curricular. Nesse sentido, é essencial diferenciar a abor- dagem recreacionista da utilização do jogo como ferramenta pedagógica. O jogo é definido como prática prazerosa, realizada de maneira voluntária, com regras previamente estabelecidas e consentidas, com tempo e lugar determinados. Assim, tem, como principais atributos, a noção de limite, de criatividade e de liberdade, sendo utilizado na escola como instrumento pedagógico facilitador e estimulador de solução de problemas, de absorção de regras, de resolução de conflitos. Jogos e brincadeiras acontecem de maneira natural e espontânea, podendo, também, ser estabelecidos de forma sistematizada. Temos três tipos de jogos: • jogos de exercício – práticas de repetição que não modificam as estruturas de pensamento; • jogos simbólicos – trabalham no nível do pensamento, da imaginação, da fantasia; • jogos de regras – praticados durante toda a vida, estão presentes no esporte, nos jogos de tabuleiros, nos jogos de equipe, por exemplo. Em muitos momentos, a Educação Física faz uso do jogo como conteúdo, esti- mulando, nos alunos, muitas habilidades pessoais, tanto em nível motor quan- to em nível psicoemocional. Ligados às capacidades executivas, os jogos, em geral, fazem parte do cotidianoescolar, mas, se forem trabalhados em outras dimensões, podem constituir ferramentas valiosas para a formação integral dos alunos, preparando-os para um exercício de cidadania mais pleno e para lutar por uma vida mais digna e feliz. Por meio do jogo, é possível debater valores, normas e atitudes, trazendo à tona questões como a inclusão social, as relações de gênero, as pluralidades cultural e étnica, entre outras. 91MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA O artigo chamado “Educação Física de F a Q”, escrito por Renato Sarti dos Santos e apresentado no X Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, ajuda-nos a compreender melhor a abordagem recreacionista. Acesse este link e o confira. CONCLUSÃO Nesta unidade, seguimos com nossos estudos da disciplina “Introdução e His- tória da Educação Física”, momento dedicado ao estudo das tendências reno- vadoras para o ensino da Educação Física. Nesses estudos, aprendemos sobre práticas pedagógicas que superem o olhar fragmentado e mecânico, priorizando abordagens críticas, reflexivas e integra- das. Quando falamos de projeto educacional que visa ao desenvolvimento in- tegral do sujeito, é importante lembrar que é necessário engajamento de to- dos os envolvidos, juntamente com a percepção da importância da disciplina. Por fim, conhecemos os documentos educacionais que orientam e norteiam as práticas escolares no país, denominados Referenciais e Parâmetros Curricu- lares Nacionais, as características de cada fase e as recomendações para que o ensino seja transformador. Esperamos ter contribuído para seu percurso formativo. Até a próxima! http://cev.org.br/biblioteca/educacao-fisica-f-q/ UNIDADE 5 > contrastar diferentes abordagens pedagógicas para o ensino da Educação Física; > compreender o contexto sócio- histórico de proposição de cada uma dessas tendências; > analisar práticas corporais contemporâneas desde contextos sócio-históricos específicos. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 92 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 93MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 5 TENDÊNCIAS RENOVADORAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Em nossa quinta unidade da disciplina Introdução e História da Educação Fí- sica, estudaremos as abordagens pedagógicas renovadoras para o ensino da Educação Física. No final do século XIX, a Educação Física já não causava tanto estranhamento no ambiente escolar e, com a influência do movimento escolanovista, passou a ter sua importância reforçada no projeto de desenvolvimento integral. Assim, iremos nos dedicar a conhecer a importância do ensino dos conteúdos da Educação Física na escola, que se justifica pela proposta de formação inte- gral do sujeito, considerando corpo e mente e sua atuação articulada às outras disciplinas, por meio da identificação de pontos do conhecimento que podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar. Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui contidos tragam im- portantes reflexões para sua formação. 5.1 PSICOMOTRICIDADE A Associação Brasileira de Psicomotricidade remonta o termo psicomotrici- dade ao jargão médico da neurologia. No século XIX, os especialistas da área começaram a aprofundar suas pesquisas sobre o cérebro, e, a partir daí, foi ne- cessário denominar suas diferentes regiões, em especial aquelas situadas no córtex cerebral (ABP, 2014). 94 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O estudo da psicomotricidade remonta à Pré- História, pois, no momento em que o homem fala, o seu corpo também o faz: a história da psicomotricidade é solidária à história do próprio corpo. O desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia permitiram a identifi- cação de diferentes disfunções graves sem que o cérebro estivesse lesionado ou sem que a lesão fosse localizada. FIGURA 1: PSICOMOTRICIDADE Fonte: Plataforma Deduca (2020). A necessidade médica de encontrar uma área que explicasse certos fenôme- nos clínicos fez surgir o termo psicomotricidade no ano de 1870, e as primeiras pesquisas tiveram um cunho neurológico. Em um primeiro momento, a prática psicomotora estabelecia uma correla- ção entre a debilidade mental e a motora. Posteriormente, com a contribuição 95MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA da psicanálise, foram introduzidos conceitos que marcaram uma mudança de paradigma da psicomotricidade, alterando as perspectivas clínico-teóricas do campo psicomotor. Debilidade é uma redução na capacidade esperada de atuação – seja física, seja mental – em relação a parâmetros previamente estabelecidos.. A educação psicomotora é indispensável e abrange todas as aprendizagens da criança, individual ou coletivamente, pois permite melhor percepção do corpo, melhor domínio dos movimentos e melhor expressão corporal. A educação psicomotora facilitará o desenvolvimento de uma noção corporal e espacial bem precisa. A educação psicomotora envolve exercícios de análise, lógica, relações entre números e pode se iniciar na escola maternal, de forma individual e/ou coleti- va. Quando uma criança pede algum objeto, em vez de nos deslocarmos até o objeto, pegá-lo e entregá-lo na mão da criança, é importante ensinar-lhe como fazer isso sozinha. Essa tarefa deve ser primordialmente trabalhada em casa, pelos pais, os quais serão os primeiros educadores da criança. Depois, a escola assumirá, também, a tarefa de educá-la, com as professoras do ma- ternal e das séries subsequentes, tarefa que será intensificada pelo professor de Educação Física, que disporá de recursos e de espaços para a educação psicomotora da criança. Já a reeducação psicomotora, como o próprio nome revela, parte da retomada do aprendizado de alguma lacuna detectada no desenvolvimento psicomotor e deve ser iniciada o mais precocemente possível. A reeducação evita que a criança assimile esquemas motores errados, visto que, se isso acontece, deverá reconstruí-los. Tem uma implicação significativa sobre os problemas afetivos: quanto mais o tempo passa, mais a criança se sente bloqueada, reiterando um tipo de reação. 96 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 2: REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA Fonte: Plataforma Deduca (2020). A reeducação motora deve começar o mais cedo possível, pois, assim, o processo será mais curto. Além disso, minimizam-se eventuais impactos afetivos, ajudando a criança a controlar sua angústia e a integrar-se no grupo de forma positiva. A reeducação motora deve começar entre 18 e 24 meses para crianças com grandes atrasos ou déficits e/ou com bloqueios afetivos. Para aquelas com pro- blemas de esquema corporal e de estruturação espacial, deve ser iniciada aos cinco anos. 97MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 3: EXEMPLO DE ATIVIDADE LIGADA À PSICOMOTRICIDADE Fonte: vidasustentavel.org.br (2019). Algumas dificuldades motoras e alguns casos de instabilidade psicomotora podem já ser trabalhados aos quatro anos. Porém, de modo geral, a idade de seis anos é a mais comum para as reeducações, já que, nessa faixa etária, os professores conseguem identificar, com mais segurança, as deficiências da criança em relação à organização espacial ou temporal, à lentidão no trabalho, à falta de concentração, entre outros aspectos. A qualidade da relaçãoentre a criança e o reeducador é fundamental para o desenvolvimento bem-sucedido de uma intervenção. Assim, durante as ses- sões, destacam-se algumas características de organização. 1. Formato: devem ser, em sua maioria, individuais, em função da importância do relacionamento com o profissional. Com o passar do tempo, as sessões podem ser em grupos, para realizar exercícios que não seriam possíveis em trabalhos individuais. http://vidasustentavel.org.br 98 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2. Estrutura: o local deve ser alegre, colorido e amplo, de modo a favorecer o movimento proposto pelos exercícios psicomotores. É importante destinar um lugar para exercícios sentados (mesas e cadeiras) e ter um tapete emborrachado para exercícios no chão. 3. Tempo: a duração de uma sessão será entre 30 e 45 minutos. A frequência ideal é de duas vezes por semana, para que a criança se mantenha ativa e relembre, com facilidade, o que foi trabalhado na sessão anterior. 4. Duração: o número de sessões varia de acordo com a criança e com a natureza da perturbação. Por exemplo, quando a criança tem dificuldades com a memória; ou quando o relacionamento interpessoal é difícil, o número de sessões deverá ser maior. É importante ressaltar que a organização interna de uma sessão deve pressu- por que o momento seja de felicidade e de liberdade para a criança. Os exer- cícios motores necessitam ser variados, sem intervalos, alternados com exer- cícios de concentração. A criança precisa escolher seu jogo ou seu material entre os separados pelo reeducador para aquela sessão. Se for o caso, deve-se alternar momentos de conversa com trabalho físico. É importante que toda sessão inicie e termine com exercícios já conhecidos, para garantir um resulta- do positivo. Conheça mais sobre a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade neste link. http://www.psicomotricidade.com.br/icle/view/8659377/22286 99MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 5.2 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA A abordagem desenvolvimentista tem maior visibilidade a partir dos trabalhos de Tani, especialmente na segunda metade da década de 1980, quando escre- ve, com alguns colaboradores, o livro chamado Educação Física escolar: fundamen- tos de uma abordagem desenvolvimentista. A obra foi publicada por um coletivo de autores e traz pressupostos teóricos para o desenvolvimento da disciplina de Educação Física em contexto esco- lar, contendo a caracterização do desenvolvimento humano padrão, com su- gestões de trabalho a partir de dados sobre crescimento físico, sobre apren- dizagem motora e sobre os desenvolvimentos fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social. Essa concepção preconiza o movimento como elemento central das aulas de Educação Física, sendo seu meio e seu fim, bem como os aspectos rela- cionados à sua execução, inclusive na garantia de um bom desenvolvimento dos alunos. FIGURA 4: EDUCAÇÃO FÍSICA NA ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA aprendizagem crescimento desenvolvimento movimento EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: Elaborada pela autora (2020). 100 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nas palavras dos autores, encontramos as seguintes considerações. “[E]m primeiro lugar, o estabelecimento de objetivos, conteúdos e métodos de ensino coerentes com as características de cada criança; em segundo lugar, a observação e a avaliação mais apropriada dos comportamentos de cada indivíduo, permitindo um melhor acompanhamento das mudanças que ocorrem e, finalmente, a interpretação do real significado do movimento dentro do ciclo de vida do ser humano”. (TANI et al., 1988, p. 2). Assim, nessa perspectiva, as aulas de Educação Física, em contexto escolar, co- laboram com a aquisição das habilidades motoras básicas dos alunos, para que estejam preparados para, posteriormente, desenvolverem habilidades motoras mais complexas. O conhecimento sobre o desenvolvimento humano e sobre suas características pauta as escolhas metodológicas e a definição dos conteú- dos que serão levados aos alunos. Os objetivos, os métodos, os conteúdos e o tempo pedagógico são definidos a partir dos estudos das características dos alunos do grupo que será trabalhado. Caso essas características não sejam consideradas, as chances de condução de um ensino inapropriado se elevam, gerando baixa motivação, desinteresse e resultados ruins. Sendo assim, podemos propor o seguinte esquema. FIGURA 5: FORMAÇÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA Estudo das caracteríticas do desenvolvimento Aplicação do movimento Educação Física Fonte: Elaborada pela autora (2020). 101MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Temos as aulas de Educação Física como situações que favorecem a aprendiza- gem de movimentos, seguindo os padrões relacionados às fases determinadas biologicamente. Seus conteúdos de ensino devem ser pautados de acordo com as informações obtidas e analisadas a respeito dos processos de crescimento, de desenvolvimento e de aprendizagem motora dos sujeitos envolvidos, sendo avaliados por meio de observações diretas e do processo de aprendizagem motora em relação aos padrões fundamentais do movimento. Para entender melhor como funciona a abordagem nas práticas escolares, leia o estudo chamado “A inserção da abordagem desenvolvimentista nas aulas de Educação Física em uma instituição pública”, disponível neste link. 5.3 ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA/ INTERACIONISTA Conheçamos a abordagem construtivista. Observemos o esquema a seguir. FIGURA 6: ESTRUTURA DA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA Abordagem construtivista Época entre 1970 e 1980 Obra principal Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física (FREIRE, 1989) Teórico de referência Jean Piaget Princípios parte do desenvolvimento cognitivo e da cultura, priorizando o lúdico e o simbólico Críticas pauta-se nas críticas ao trabalho excessivo com o corpo e com o movimento Estratégias pedagógicas o jogo é o principal meio de ensinar os conteúdos da área Fonte: Elaborada pela autora (2020). https://www.efdeportes.com/efd192/abordagem-desenvolvimentista-de-educacao-fisica.htm 102 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Assim, na abordagem construtivista, [...] é preciso entender que as habilidades motoras, desenvolvidas num contexto de jogo, de brinquedo, no universo da cultura infantil, de acordo com o conhecimento que a criança já possui, poderão se desenvolver sem a monotonia dos exercícios prescritos por alguns autores. Talvez não se tenha atentado para o fato de que jogos, como amarelinha, pegador, cantigas de roda, têm exercido, ao longo da história, importante papel no desenvolvimento das crianças [...]. Aprender a trabalhar com esses brinquedos poderia garantir um bom desenvolvimento das habilidades motoras sem precisar impor às crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha [...]. (FREIRE, 1989, p. 24) Dessa forma, temos a Educação Física voltada ao desenvolvimento das habili- dades motoras de forma lúdica, com relação direta com o repertório cultural dos alunos, e de forma progressiva. Essa progressão pedagógica deve ser pro- gramada para iniciar com as habilidades mais simples e básicas, seguindo para as mais complexas e específicas. FIGURA 7: EDUCAÇÃO FÍSICA COM USO DE ELEMENTOS LÚDICOS Fonte: Plataforma Deduca (2020). O aluno deve ser visto em sua completude, não apenas como um corpo em desenvolvimento. Portanto, as avaliações devem contemplar múltiplos aspec- 103MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA tos de desenvolvimento e das habilidades, sem foco exclusivo no motor, priori- zando aspectos qualitativos e relacionais, sempre que isso for possível. 5.4 ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA E A ABORDAGEM CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA Neste tópico, conheceremos as abordagens crítico-superadora e crítico-eman- cipatória, de acordo com Shigunov Neto (2015). Iniciaremos pela abordagem crítico-emancipatória. ABORDAGEM CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA 1. Autor de referência: Elenor Kunz 2. Obras de referência da abordagem: Educação Física: ensino & mudanças e Transformação didático-pedagógica do esporte, publicadas na década de 1990. 3. Base teórica: teoria sociológica da ação comunicativa (Habermas) e tendência educacional progressista crítica. 4. Pressupostos: resgate da linguagem do movimento humano como forma de expressão do mundo social. 104 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 5. Métodos: utiliza a prática esportiva de forma articulada ao desenvolvimento de uma capacidade questionadora e argumentativa consciente do aluno sobre os assuntos abordados em aula. 6. Objetivos: reflexão crítica e emancipatória das crianças e dos jovens por meio das práticas esportivas. Além dos aspectos destacados, Kunz (1994) sublinha que a prática esportiva e o movimento devem representar um diálogo entre o praticante e a realidade, gerando um processo crítico e reflexivo não apenas da própria prática, mas de todas as ações socioculturais no campo esportivo. FIGURA 8: A ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA E A ABORDAGEM CRÍTICO- EMANCIPATÓRIA PRESSUPÕEM PROCESSOS REFLEXIVOS ATRELADOS ÀS PRÁTICAS Fonte: Plataforma Deduca (2020). 105MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Por meio das habilidades e das técnicas do esporte, deve-se desenvolver com- petências como autonomia; interação solidária e social; competência objetiva; princípios de autodeterminação; e, por fim, a capacidade de se expressar como ser corporal no diálogo com o mundo. Ao tratarmos da abordagem crítico-superadora, temos as seguintes carac- terísticas. ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA 1. Autores de referência: grupo de pesquisadores tradicionalmente denominados por coletivo de autores – Carmem Lúcia Soares, Celi Nelza Zülke Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino Castellani Filho, Micheli Ortega Escobar e Valter Bracht. 2. Obras de referência da abordagem: Metodologia do ensino de Educação Física, publicada em 1992. 3. Base teórica: pressupostos da pedagogia histórico-crítica (Demerval Saviani). 4. Pressupostos: concepção propositiva; afirma que práticas críticas devem compor a Educação Física, com a finalidade de analisar as estruturas de poder e de dominação que fundamentam a sociedade. 5. Métodos: apoia-se em conhecimentos que o homem produziu historicamente para expressar-se corporalmente, tais como “jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação 106 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas” (SOARES et al., 1992, p. 38). 6. Objetivos: inspirada nas teorias marxistas critica as desigualdades sociais, reconhecendo as questões de classe. O conhecimento da área da Educação Física é nomeado cultura corporal e visa à aprendizagem da expressão corporal como linguagem. Assim, essa abordagem estabelece a cultura corporal e suas manifestações como principal objeto de estudos da Educação Física. Portanto, não são en- tendidas como conteúdos da área, mas, sim, como construções históricas da humanidade (SHIGUNOV NETO, 2015). O artigo “Abordagem pedagógica crítico- emancipatória: uma busca pela autonomia e emancipação” colabora muito com o aprofundamento dos estudos do tópico. Acesse este link e o confira! 5.5 SAÚDE RENOVADA A abordagem denominada Saúde Renovada diz respeito a um movimento ob- servado após a década de 1970 por profissionais e por pesquisadores da área biológica que não estão dedicados a elaborar propostas para Educação Física em contexto escolar. https://www.efdeportes.com/efd216/abordagem-pedagogica-critico-emancipatoria.htm 107MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA FIGURA 9: PRÁTICA DE EXERCÍCIOS COMO PROMOTORAS DE SAÚDE E BEM-ESTAR Fonte: Plataforma Deduca (2020). Essas ações têm intenção de melhorar o desempenho de pessoas que buscam espaços, como academias de ginástica, para melhoria da saúde. Nesse mo- mento, um ideário de saúde e de qualidade de vida volta a ocupar espaço na sociedade, fomentando movimentos nesse sentido. Considerando a Educação Física, o que podemos observar nessa concepção são práticas que visem às áreas funcionais. FIGURA 10: ESTRUTURA DA SAÚDE RENOVADA Promoção da saúde SAÚDE R ENOVADA Qualidade de vida Bem estar Fonte: Elaborada pela autora (2020). 108 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Temos, assim, treinos nas áreas cardiovascular, de flexibilidade, de resistência muscular e a composição corporal, com a intenção de compor um estilo de vida saudável, com melhor qualidade de vida. Para saber mais sobre a abordagem Saúde Renovada nas práticas pedagógicas, leia o artigo “A abordagem pedagógica saúde renovada nas aulas de Educação Física escolar”, de Ana Paula Bandeira et al., disponível neste link. 5.6 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Não faz muito tempo que a Educação Física obteve seu amparo legal, inse- rindo-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como uma disciplina formal com o devido reconhecimento. A Lei de Diretrizes e Bases, promulgada em 20 de dezembro de 1996, busca transformar o caráter que a Educação Fí- sica assumiu nos últimos anos, ao explicitar, no art. 26, § 3º, que “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996, p. 22). A atividade deve se adequar ao aluno, e não o aluno à atividade. Embora a Educação Física já seja considerada uma área essencial e seja reco- nhecida legalmente, algumas escolas ainda não conseguiram incorporar isso à sua prática. Percebe-se tal fato quando, por exemplo, a disciplina é a eleita para que seu horário seja “empurrado” para fora do período em que os alunos estão na escola ou é alocada em horários em função da conveniência de ou- https://www.efdeportes.com/efd196/saude-renovada-nas-aulas-de-educacao-fisica-escolar.htm 109MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA tras áreas. É comum sobrar o horário de sol intenso para uma aula em quadra descoberta. Além disso, no momento de planejamento, de discussão e de ava- liação do trabalho, dificilmente se integra a Educação Física nesses processos. No entanto, essa disciplina propicia uma experiência de aprendizagem pecu- liar ao integrar os aspectos afetivos, sociais, éticos e de sexualidade de forma intensa e explícita. Isso faz com que o professor de Educação Física adquira um conhecimento abrangente acerca de seus alunos – por isso, a integração com as demais disciplinas é fundamental. Você verá, a seguir, como os Parâmetros Curriculares Nacionais estão contri- buindo paraalterar o cenário em que se insere a Educação Física no Brasil. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são o padrão nacional de qualidade para a educação e estabelecem uma meta educacional para as ações políticas do Ministério da Educação e do Desporto, orientando e garantindo a coerência das ações na área educacional. FIGURA 11: OS REFERENCIAIS E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (RCNS E PCNS) FORNECEM SUBSÍDIOS PARA AS PRÁTICAS EDUCATIVAS EM TODO O PAÍS Fonte: MEC (2020). Os PCNs ressaltam sua importância como balizador para escolas e para profes- sores, disseminando discussões, pesquisas e recomendações tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio. São estruturados em ciclos, evitando a segmentação produzida pelo regime seriado, e possibilitam maior integração 110 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 do conhecimento. Organizados dessa forma, permitem compensar a pressão do tempo – sempre curto – das escolas e tornam possível distribuir os conteú- dos de forma mais adequada à natureza do processo de aprendizagem. Isso é operacionalizado ao se considerar que dois ou três anos de escolaridade per- tencem a um único ciclo de ensino e de aprendizagem. Dessa maneira, os PCNs estabelecem quais objetivos e caminhos para alcançá- -los, com respeito às diferenças individuais. Na Educação Infantil e nos quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, os docentes estão habilitados a ministrarem aulas de todos os conteúdos curricu- lares, sem exceção. Os cursos de formação inicial e continuada de professores devem incluir, entre seus temas de estudo e de prática de ensino, os diversos componentes curriculares, inclusive a Educação Física. De acordo com o parecer CNE/CEB 16/2001, o professor de atuação multidisci- plinar da Educação Infantil ou das séries iniciais do Ensino Fundamental pode ministrar o componente curricular de uma disciplina específica, embora seja preferível um profissional especializado para assumir tal função. Esse respaldo legal justifica a importância de se conhecer a metodologia e os fundamentos da Educação Física. FIGURA 12: ENSINO MÉDIO TAMBÉM TEM DIRETRIZES NACIONAIS Fonte: Plataforma Deduca (2020). 111MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA A Educação Infantil tem suas diretrizes contempladas no Referencial Curricular Nacional elaborado para esse período, o qual promove a integração curricular com objetivos gerais e específicos nos diferentes eixos de trabalho, incluindo a Educação Física. Para o Ensino Médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mé- dio (PCNEM) destacam que a Educação Física, nessa fase, tem características próprias e não deve repetir os conteúdos da fase anterior ou focar somente em jogos e esportes. A intenção é superar a perspectiva da Educação Física como simples hora de lazer ou como mera prática esportiva; e fomentar um trabalho que tematiza a cultura corporal. Nesse contexto, a Educação Física é encarada como linguagem. O vídeo “Ensino de Educação Física: dez anos depois dos PCNs”, apresentado no IX Encontro de pesquisa em Educação, em São Carlos/SP (2009), traz um panorama muito interessante sobre esse assunto. Assista-o aqui. CONCLUSÃO Nesta unidade, seguimos com nossos estudos da disciplina “Introdução e His- tória da Educação Física”, momento dedicado ao estudo das tendências reno- vadoras para o ensino da Educação Física. Nesses estudos, aprendemos sobre práticas pedagógicas que superem o olhar fragmentado e mecânico, priorizando abordagens críticas, reflexivas e integra- das. Quando falamos de projeto educacional que visa ao desenvolvimento in- tegral do sujeito, é importante lembrar que é necessário engajamento de to- dos os envolvidos, juntamente com a percepção da importância da disciplina. Por fim, conhecemos os documentos educacionais que orientam e norteiam as práticas escolares no país, denominados Referenciais e Parâmetros Curricu- lares Nacionais, as características de cada fase e as recomendações para que o ensino seja transformador. Esperamos ter contribuído para seu percurso formativo. Até a próxima! http://www.youtube.com/watch?v=wcaY8WHF5NQ UNIDADE 6 > compreender a formação acadêmica e a prática profissional à luz de fundamentos sócio históricos da Educação Física; > integrar aspectos acadêmico- científicos, sociais e éticos relacionados à intervenção profissional em Educação Física na atualidade. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 112 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 113MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 6 EDUCAÇÃO FÍSICA: PROFISSÃO E FORMAÇÃO ACADÊMICO- PROFISSIONAL INTRODUÇÃO DA UNIDADE Quem deu início ao curso superior de Educação Física neste século, escolheu uma profissão regulamentada, com um conselho nacional e com conselhos regionais, responsáveis por cuidar dos interesses de seus associados e de fis- calizar a profissão. Os estudantes e os formados nas últimas duas décadas, provavelmente, não entendem muito bem como era ser um profissional de Educação Física antes da regulamentação e, possivelmente, reclamam, a cada ano, pelo valor que devem pagar para o conselho. O Conselho de Educação Física é o órgão que garante que a profissão somente será exercida apenas por aqueles egressos de cursos superiores da área; e que fiscaliza que isso seja cumprido. Nesta unidade, você verá como foi o processo de regulamentação da profissão de Educação Física e da fundação dos conselhos nacional e regionais. A partir da regulamentação de uma profissão, esta passa a ser regida por regras. Tais regras explicitam os direitos, os deveres e o código de ética profissional; e des- tacam suas responsabilidades, que você também verá a seguir. Finalmente, com as mudanças na sociedade, a Educação Física também mu- dou, impactando os cursos de formação. Uma das principais mudanças foi a divisão da Educação Física entre licenciatura e bacharelado, o que será discu- tido a adiante. 6.1 REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL O processo que culminou na regulamentação da Educação Física se iniciou décadas antes. O marco inicial foi a fundação da Federação Brasileira das As- sociações e Professores de Educação Física, em 1946, a partir da união das as- 114 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 sociações regionais dos estados do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de São Paulo. FIGURA 1: SANCIONADO Fonte: Plataforma Deduca 2020. As primeiras discussões ocorreram na década de 1950, mas, somente na déca- da de 1980, as primeiras ações para a regulamentação foram apresentadas. A partir de 1984, cerca de três décadas após as primeiras conversas, iniciou-se o trabalho para a regulamentação da profissão da Educação Física. O projeto de lei 4559/84, de autoria de deputado federal Darcy Pozza, foi a primeira tenta- tiva de regulamentar a profissão de Educação Física. O projeto de lei chegou a ser aprovado pelo Congresso Nacional em 1989, mas foi vetado pelo então Presidente da República, José Sarney. 115MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA O processo até a sanção de uma lei passa por pelo menos sete etapas. 1. A primeira etapa é a publicação do projeto, que é a sua proposta. 2. A segunda etapa é o encaminhamento do projeto para análise de mérito por uma comissão temática, que pode alterar ou não a proposta. 3. A terceira etapa inclui a discussão de gastos e de financiamentos,analisados pela comissão de Finanças e Tributação; e a concordância com a constituição, pela comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. 4. A quarta etapa é a votação no plenário da Câmara dos Deputados. 5. A quinta etapa, opcional, é a votação de destaques, ou seja, a votação sobre algum trecho específico do projeto destacado por deputados. 6. A sexta etapa é a votação no plenário do Senado, em que pode ser aprovado ou, caso sejam incluídas alterações, voltar para nova votação na câmara. 7. Finalmente, o sétimo e último passo é a sanção ou o veto do presidente. Quando for sancionado, o projeto se torna lei. Você pode ver mais alguns detalhes sobre isso neste link. Em 1994 ressurgiu a preocupação com a regulamentação da profissão de Edu- cação Física. Nessa época, a procura por atividade física aumentava, orientada por profissionais informais ou, muitas vezes, por indivíduos sem formação na área. No ano de 1995, foi lançado o “Movimento nacional pela regulamentação do Profissional de Educação Física”. Um novo projeto de lei foi proposto pelo deputado federal Eduardo Mascare- nhas. Após revisões, o projeto foi aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto em 1995. Em junho de 1998, tal projeto de lei foi debatido e aprova- https://www.camara.leg.br/entenda-o-processo-legislativo/ 116 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 do na Câmara dos Deputados. Após aprovação no Senado em agosto de 1998, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou, em 1º de setembro de 1998, a lei 9696/98, disposta no Diário Oficial da União em 02 de setembro de 1998. Então, pelo seu significado, 1º de setembro se tornou o dia do profissional de Educação Física (CONFEF, [S. d.]a). FIGURA 2: LEI 9.969 NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Fonte: CONFEF (2020). Com a regulamentação da profissão da Educação Física, o Conselho Nacio- nal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) são estabelecidos. O CONFEF tem a missão "(...) garantir à sociedade que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e es- portivas seja exercido por profissionais de Educação Física" (CONFEF [S. d.]b). No site do Conselho Federal de Educação Física, você pode saber mais sobre a profissão de Educação Física. https://www.confef.org.br/confef/ 117MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física, o CONFEF e os CREFs têm a responsabilidade de atuar no compromisso de uma Educação Física de qualidade, incluindo a qualificação e a valorização do profissional (TOJAL, 2001). 6.2 CARACTERIZAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA A Educação Física é, historicamente, referida como educação motora, educa- ção corporal, cultura física, cultura corporal, ciência do movimento humano, ciência da motricidade, entre outras (BAPTISTA et al., 2015). A análise etimoló- gica dos termos atuais auxilia na sua caracterização. Educação pode ser entendida como “criar” e “instruir” a partir de um estímulo externo, mas, também, pode ser entendida como “levar para fora” e “mostrar o que existe dentro da pessoa”, sendo uma forma de “conduzir esse processo indi- vidual”. O termo física é, na sua origem, associado à natureza. Na relação com o ser humano, a física diz respeito à constituição e à natureza do corpo humano. A história do esporte no Brasil está relacionada à história da Educação Física. No Atlas do esporte, realizado por diversas instituições nacionais, o mapeamento do esporte também conta um pouco da nossa história. Acesse-o neste link. Assim, a Educação Física considera as ações direcionadas à conservação e ao aprimoramento das estruturas do corpo humano. Isso é obtido por uma edu- cação que visa à saúde, promovendo a conservação e o aprimoramento das estruturas do corpo, incluindo os hábitos e os modos de vida. http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-brasil/ 118 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3: CORPO HUMANO Fonte: Plataforma Deduca (2020). A obrigatoriedade das aulas de atividade física em algumas escolas do Brasil data do final do século XIX, ainda por meio de métodos ginásticos (ARANTES, 2008; MAGALHÃES, 2005) e se tornou nacional apenas nos anos 1930 (BOM- BASSARO; VAZ, 2009). Os cursos superiores de Educação Física surgiram déca- das depois. FIGURA 4: MÉTODOS GINÁSTICOS Fonte: Russel and Everett (1912). 119MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA No início do século XX, escolas militares eram responsáveis pela formação dos professores de Educação Física. As primeiras escolas civis foram a Escola Supe- rior de Educação Física do Estado de São Paulo e a Escola Nacional de Educa- ção Física e Desportos, em 1934 e 1939 (BAPTISTA et al., 2015; DARIDO; RAN- GEL, 2000, SOUZA NETO, 2004). De acordo com Rosa e Leta (2011), os primeiros cursos de pós-graduação em Educação Física do Brasil são da década de 1980. O primeiro curso de mestrado foi criado em 1977; e o de doutorado, em 1987, na Universidade de São Paulo. Os primeiros cursos superiores, apesar de formar professores para dar aulas em escolas, preparavam um profissional técnico. Entre as disciplinas do curso, destacavam-se as da área científica, ministradas por médicos, e as da área prá- tica, ministradas por indivíduos com ligação com o esporte, como Maria Lenk. Somente no final dos anos 1960, matérias pedagógicas entram no currículo obrigatório (AZEVEDO; MALINA, 2004). FIGURA 5: MARIA LENK, NO CENTRO, COM O PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS Fonte: Arquivo Nacional [S. d.]. A inclusão do bacharelado nos currículos de Educação foi oficializada na dé- cada de 1980. O curso foi dividido entre disciplinas de caráter humanístico, 120 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 sobre o conhecimento do ser humano e da sociedade, e de cunho técnico, for- mando a base do currículo; e em disciplinas de aprofundamento (AZEVEDO; MALINA, 2004). Em 1997, a Educação Física passou a ser considerada área da Saúde. No final do século XX, os egressos dos cursos superiores de Educação Física, muitas vezes, atuavam fora da escola, com foco na promoção da saúde. A inclusão do bacharelado qualifica os profissionais que trabalharão nessa área. Atualmente, profissionais atuam em diferentes áreas, envolvendo prescrição de atividade física e manutenção da saúde. Trabalham em clubes, em acade- mias, com idosos, com pessoas portadoras de necessidades especiais, com es- porte de aventura e em outras áreas (BRUGNEROTTO; SIMÕES, 2009; MAGRIN; SIMÕES; MOREIRA, 2014). 6.3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL: LICENCIATURA E BACHARELADO A escolha entre licenciatura e bacharelado em Educação Física influencia a área de atuação profissional. De acordo com Steinhilber (2016), o profis- sional formado em licenciatura poderá atuar como professor na Educação Básica, enquanto o profissional formado em bacharelado exclui a opção de atuar na escola. As duas modalidades de formação são específicas. Apesar de haver alguns pontos em comum, apresentam aprendizagens, áreas de conhecimento e ha- bilidades diferentes. Isso implica intervenções profissionais diversas (STEINHIL- BER, 2006). A divisão da Educação Física em bacharelado e em licenciatura é bastante discutida e alvo de diversas opiniões, há décadas, como você pode ver neste artigo de 1988, em que o professor Apolonio Abadio do Carmo discute tal divisão. Em 2015, havia, no Brasil, quase 1500 cursos de Educação Física em pouco mais de 1000 instituições. Mais da metade dos cursosera de licenciatura, e cerca de https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/18793 121MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 40%, de bacharelado. Os 5% restantes são cursos que também podem ser considerados da área. Entre os anos de 2004 e de 2015, houve um crescimento em mais de 60% no número de cursos de bacharelado em Educação Física no Brasil (BAPTISTA; LEITE; FALCÃO; FLAUSINO, 2015). Atualmente, há 2111 cursos de graduação de Educação Física no sistema eletrônico do MEC (BRASIL, [S. d.]), dos quais 1049 são de bacharelado; e 1062 são de licenciatura. O artigo 3º da resolução n. 6 do Conselho Nacional da Educação e da Câmara de Educação Superior do Ministério da Educação, de 18 de dezembro de 2018, afirma que “a Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação à motricidade ou movimento humano, a cultura do movimento corporal (...)”. Essa resolução de- termina a existência de uma etapa comum e de etapas específicas para ba- charelado e para licenciatura. Segundo o Ministério da Educação, por meio do Capítulo II da resolução n. 6 do Conselho Nacional da Educação e da Câmara de Educação Superior do Mi- nistério da Educação (2018, p. 2), na etapa comum, devem ser contemplados os seguintes conhecimentos. 1. Conhecimentos biológicos, psicológicos e sociocul- turais do ser humano (fisiológico, biomecânico, ana- tômico-funcional, bioquímico, genético, psicológico, antropológico, histórico, social, cultural e outros), enfa- tizando sua aplicação à Educação Física. 2. Conhecimentos das dimensões e das implicações biológicas, psicológicas e socioculturais da motricida- de humana/movimento humano/cultura do movimento corporal/atividade física (fisiologia do exercício, biome- cânica do esporte, aprendizagem e controle motor, psi- cologia do esporte, entre outros). 3. Conhecimento instrumental e tecnológico (técnicas de estudo e de pesquisa – tipos de conhecimento, técni- cas de planejamento e de desenvolvimento de trabalho acadêmico, técnicas de levantamento bibliográfico, téc- nicas de leitura e de documentação; informática instru- 122 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 mental – planilha de cálculo, banco de dados; técnicas de comunicação e de expressão leiga e científica, entre outros), enfatizando sua aplicação à Educação Física. 4. Conhecimentos procedimentais e éticos da interven- ção profissional em Educação Física (código de ética, diagnóstico e avaliação, estratificação de risco, variá- veis de prescrição do exercício, meio ambiente e sus- tentabilidade, diversidade cultural, diferenças individu- ais, entre outros). A etapa específica da licenciatura deve contemplar conteúdos relacionados aos fundamentos da Educação e à formação nas áreas de Políticas Públicas e de Gestão da Educação para o desenvolvimento das pessoas, das organizações e da sociedade. Além disso, está incluída a formação prática, contendo estágio supervisionado e atividades vinculadas a diferentes ambientes de aprendizado. De acordo com o Capítulo III da resolução n. 6 do Conselho Nacional da Educa- ção e da Câmara de Educação Superior do Ministério da Educação (2018, p. 4), os seguintes conteúdos programáticos devem estar contemplados na forma- ção profissional da licenciatura de Educação Física: Política e Organização do Ensino Básico; Introdução à Educação; Introdução à Educação Física escolar; Didática e Metodologia de Ensino da Educação Física escolar; Desenvolvimen- to Curricular em Educação Física escolar; Educação Física na Educação Infantil; Educação Física no Ensino Fundamental; Educação Física no Ensino Médio; Educação Física escolar especial/inclusiva; Educação Física na Educação de Jo- vens e Adultos; e Educação Física escolar em ambientes não urbanos e em comunidades e agrupamentos étnicos distintos. Já o Capítulo IV do mesmo documento expõe que, na formação específica em bacharelado, o aluno deve ser qualificado para a intervenção profissional em treinamento esportivo; em orientação de atividades físicas; em preparação física; em recreação; em lazer; em cultura em atividades físicas; em avaliação física, postural e funcional; em gestão relacionada à área de Educação Física, entre outros campos relacionados às práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas. Segundo o art. 20 da resolução n. 6 do Conselho Nacional da Educação e da Câmara de Educação Superior do Ministério da Educação (2018, p. 6), os se- 123MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA guintes campos devem ser contemplados na formação do bacharel: saúde, esporte, cultura e lazer. Cada campo inclui os seguintes conteúdos. 1. Saúde: políticas e programas de saúde; atenção básica, secundária e terciária em saúde; saúde coletiva; Sistema Único de Saúde; dimensões e implicações biológicas, psicológicas, sociológicas, culturais e pedagógicas da saúde; integração ensino, serviço e comunidade; gestão em saúde; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e de programas de Educação Física na saúde. 2. Esporte: políticas e programas de esporte; treinamento esportivo; dimensões e implicações biológicas, psicológicas, sociológicas, culturais e pedagógicas do esporte; gestão do esporte; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e de programas de esporte. 3. Cultura e lazer: políticas e programas de cultura e de lazer; gestão; dimensões e implicações biológicas, psicológicas, sociológicas, culturais e pedagógicas do lazer; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e de programas de Educação Física na cultura e no lazer. 6.4 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS A qualidade de vida é um problema atual da sociedade. Está associada à ali- mentação, ao transporte, à segurança, ao urbanismo, entre outros aspectos. Um dos fatores associados à qualidade de vida é a atividade física (SANTOS; SIMÕES, 2012). 124 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 6: VIDA PROFISSIONAL Fonte: Plataforma Deduca (2020). A qualidade de vida de um indivíduo é multifatorial. Os fatores incluem bem- -estar físico; bem-estar material; bem-estar social, de desenvolvimento e de atividade; e bem-estar emocional. O bem-estar físico está relacionado às con- dições de saúde do indivíduo (SANTOS; SIMÕES, 2012). Uma revisão sobre a relação entre atividade física e qualidade de vida foi realizada no artigo “Associação entre atividade física e qualidade de vida em adultos”, que pode ser lido aqui. Atividade física, incluindo exercícios físicos e práticas esportivas, é fundamental para a manutenção da saúde (ILHA; IVO, 2008). A carta brasileira de Educação Física fixa que o professor de Educação Física deve conduzir o desenvolvimento de estilo de vida ativo, contribuindo para a qualidade de vida (TOJAL, 2001). https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102012000100021&script=sci_arttext 125MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA O trabalho físico feito pelo indivíduo reduziu significativamente nas últimas décadas. Em uma sociedade cada vez mais tecnológica, o baixo nível de ati- vidade física influencia o desenvolvimento de patologias ligadas à baixa mo- vimentação do corpo. O baixo nível de atividade física também está incluído entre fatores de risco de diversas doenças, especialmente de distúrbios cardio- vasculares (OLIVEIRA, 2011). A revolução tecnológica causou um grande impacto na sociedade. Por muitos séculos, o ser humanoproduziu o que necessitava, colhendo, caçando e tecendo. O transporte era limitado, e grandes jornadas eram feitas a pé. Há algumas décadas, elevadores eram raros; para mudar o canal, era preciso caminhar até a televisão; e o telefone não estava sempre ao lado. Mesmo ocioso, o ser humano era mais ativo. As transformações da sociedade modificaram a profissão de Educação Física. Na escola, o professor de Educação Física deve auxiliar na formação do senso crítico de seus alunos, impedindo que sejam influenciados por padrões de- monstrados nos meios de comunicação. Além disso, o estímulo à atividade física que acontece na idade escolar é um fator importante para a manutenção de uma vida ativa na idade adulta (RIZZO; SOUZA, 2014). 6.5 CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Um estudo no município de Rio Grande (RS) mapeou, em 16 dos 68 bairros da localidade, locais de intervenção de profissionais da Educação Física, entre março e junho de 2015. Foram registrados 74 espaços, sendo 33 escolas e 41 espaços não escolares. Entre as 33 escolas, havia nove escolas particulares; 16 municipais; sete esta- duais; e uma universidade federal. Entre os 41 espaços não escolares, havia 19 academias; três estúdios de pilates e de treinamento funcional; um ginásio poliesportivo; dois clubes de futebol profissional; duas assessorias esportivas; seis unidades básicas de saúde; uma associação de moradores; um grupo de 126 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 corrida; uma escola de artes marciais; um espaço de recreação infantil e um clube social (LIMA et al., 2015). Os egressos do Curso de Educação Física da UNIVAP entre 2004 e 2007 foram entrevistados acerca do seu campo de atuação em 2008. Participaram 150 dos 208 profissionais formados nesse período. Foram consideradas áreas de atua- ção da Educação Física educação, saúde, lazer, esporte, empresa, academia e acadêmica. A área escolar é, historicamente, a mais tradicional da Educação Física. Atu- almente, é a área de atuação dos egressos da licenciatura, que podem atuar em todos os níveis da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamen- tal e Médio. Na área da Saúde, profissionais formados em Educação Física podem partici- par de equipes multiprofissionais, atuando em espaços como hospitais, clíni- cas e centros de tratamento. O profissional de Educação Física também pode trabalhar no Sistema Único de Saúde, na promoção da saúde e na prevenção de doenças. O trabalho na área do lazer pode ser desenvolvido junto a prefeituras, a clubes, a hotéis e a outros. Nessa área, o professor de Educação Física executa o plane- jamento, a elaboração e a supervisão de atividades com objetivos recreativos. FIGURA 7: ATIVIDADE RECREATIVA Fonte: Plataforma Deduca (2020). 127MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA A área do esporte pode ser dividida entre esporte profissional, amador e inicia- ção ao esporte. A iniciação esportiva permite o primeiro contato com determi- nado esporte e pode ser realizada em âmbito recreacional ou para a formação do atleta profissional. O esporte amador está relacionado à prática recreativa, e o atleta profissional tem, no esporte, o seu principal objetivo. FIGURA 8: ESPORTE ADAPTADO Fonte: Plataforma Deduca (2020). A principal atuação em empresas é a ginástica laboral. Há anos, a relação entre saúde e trabalho destacou a importância da vida ativa para a manutenção da saúde e, também, para a diminuição dos dias de licença médica. Na ginástica laboral, o profissional de Educação Física intervém no ambiente de trabalho para promover a saúde. Em academias, o profissional realiza a elaboração, a aplicação e a supervisão de treinamento físico. Pode supervisionar alunos em treinamentos individuais em áreas livres ou ministrar aulas em grupo, incluindo as atividades aquáticas. A área acadêmica está relacionada às universidades e aos cursos de pós-gradu- ação. Ao optar por continuar no universo acadêmico, o profissional de Educa- 128 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ção Física estará envolvido com a área científica e com a produção de conheci- mento nas diferentes dimensões da Educação Física. A partir dos anos 1980, surgiu, no Brasil, a pro- fissão do personal trainer. Esse profissional oferece um serviço individualizado, ministrando aulas personalizadas, com programas específicos de treinamento, seguindo as necessidades e os desejos individuais. O trabalho pode ser feito em academia de ginástica comercial ou particular; ou, ainda, em parques, praças e até na casa do aluno. Professores de Educação Física também atuam em programas de desenvol- vimento motor, especificamente para a primeira infância; em programas para a terceira idade, visando a promover a saúde e a prevenir perdas do envelhe- cimento; e em programas para portadores de necessidades especiais, no de- senvolvimento motor e na inclusão. Outra área de atuação é a organização e a arbitragem no esporte. FIGURA 9: ARBITRAGEM Fonte: Plataforma Deduca (2020). 129MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Profissionais formados estão procurando especializações na área de Gestão Es- portiva, em que lidarão com o gerenciamento de recursos humanos e finan- ceiros em empresas da área esportiva, como academias, clubes e entidades esportivas. Prestadores de serviço, como personal trainers, também buscam essa especialização. Os estúdios de pilates se multiplicaram nos últimos anos. A possibilidade de especialização no método pilates é bastante procurada, mas há outros mé- todos somáticos que estão se popularizando entre os profissionais, como o gyrotonik, que, assim como o pilates, é bastante popular no meio da dança (OLIVEIRA, 2011). 6.6 ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL De forma simples, ética é a explicitação teórica dos comportamentos morais do agir humano, buscando o bem comum e a realização individual. A ética profissional considera as condutas praticadas no ambiente de trabalho, in- cluindo as relações trabalhistas entre o empregador e o empregado (BARSA- NO; SOARES, 2014). Em qualquer área profissional, o trabalhador precisa possuir um compromisso moral com o indivíduo, com o cliente, com o empregador, com a organização e com a sociedade. Possui deveres e responsabilidades em suas interações com outros indivíduos e em relação à profissão exercida (BARSANO; SOARES, 2014). O processo para a elaboração do Código de Ética foi pautado na Declaração Universal de Direitos Humanos; na Agenda 21, um plano de ação entre os países para a proteção do meio ambiente em sua relação com seres humanos em sociedade; e nos indicadores da Carta Brasileira de Educação Física. O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física foi publicado, em 9 de novembro de 2015, pelo Conselho Federal de Educação Física. O Código de Éti- ca do Profissional de Educação Física visa a normatizar a ética profissional com as ações técnicas e sociais. Ao desempenhar sua função, o profissional deve 130 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 unir o conhecimento científico e a atitude profissional, buscando oferecer um atendimento qualificado e de alta qualidade. Pelo Código de Ética da Educação Física (2015), foram estabelecidos doze itens norteadores para a condução do profissional de Educação Física. 1. Instrumento: o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física se define como um instrumento legitimador do exercício da profissão. 2. Compromisso: o profissional de Educação Física deve assumir compromisso ético com a sociedade,colocando-se a seu serviço, independentemente de qualquer outro interesse. 3. Beneficiário: o Código de Ética define, como destinatário, o profissional de Educação Física e, como beneficiários das intervenções profissionais, indivíduos, grupos, associações e instituições que compõem a sociedade. 4. Referência: a referência para o Código de Ética é a necessidade de se caracterizar o profissional com os direitos e com os deveres estabelecidos pelo Sistema CONFEF/CREFs. 5. Transparência: o Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se na transparência em suas operações e em suas decisões, complementada por acesso dos beneficiários e dos destinatários à informação gerada. 131MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 6. Filosofia: o Código de Ética visa a assumir a postura de referência quanto a direitos e a deveres de beneficiários e de destinatários, de modo a assegurar o princípio da consecução aos Direitos Universais. 7. Mediação: a mediação do Sistema CONFEF/CREFs se produz por meio de posturas éticas, paralelamente à coerência e à fundamentação das proposições científicas. 8. Base: as Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura; a Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente em termos de relações entre os homens e mulheres em sociedade; e a Carta Brasileira de Educação Física, editada pelo CONFEF, constituem a base para a aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de Ética. 9. Identidade: o valor da identidade profissional no campo da atividade física – definido historicamente – deve estar presente, associado aos valores universais do homem em suas relações socioculturais. 10. Saúde: é fundamental que o profissional de Educação Física desenvolva suas ações visando, sempre, a preservar a saúde de seus beneficiários nas diferentes intervenções ou abordagens conceituais. 132 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 11. Responsabilidade: a preservação da saúde dos beneficiários implica a responsabilidade social dos profissionais de Educação Física em todas as suas intervenções, a qual não pode ser compartilhada, seja de modo formal, seja de modo institucional, seja de modo legal. 12. Bioética: os profissionais de Educação Física estarão sujeitos a assumirem as responsabilidades cabíveis em consideração aos preceitos estabelecidos pela bioética, quando estiverem em exercício. O Código de Ética é o documento de referência para o exercício da profissão da Educação Física. Traz os princípios e as diretrizes da profissão, assim como os direitos e os deveres do profissional (CONFEF, 2015). Segundo o Código de Ética do CONFEF, beneficiário é o indivíduo ou a instituição que utiliza os serviços do profissional de Educação Física, e destinatário é o profissional de Educação Física que presta o serviço. Segundo o Capítulo II do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física (CONFEF, 2015), os princípios que regem a profissão são I - o respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo; II - a responsabilidade social; III - a ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza; IV - o respeito à ética nas diversas atividades profissionais; V - a valorização da identidade profissional no campo das atividades físicas, esportivas e similares; VI - a sustentabilidade do meio ambiente; VII - a prestação, sempre, do melhor serviço a um número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade; VIII - a atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento, no sentido da educação e desenvolvimento das 133MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços. As diretrizes para a atuação profissional envolvem o comprometimento com a preservação da saúde, a transparência em suas ações e a autonomia no exercí- cio da profissão. Também faz parte disso o constante aperfeiçoamento, o com- promisso ético com a sociedade e a integração com outras áreas profissionais. O profissional de Educação Física deve promover a profissão como um meio efetivo para um estilo de vida ativo e saudável; assegurar um serviço seguro e atualizado; elaborar programas adequados para cada beneficiário, oferecendo orientações seguras das atividades. O profissional deve renunciar às funções quando isso for necessário, avaliando sua competência de forma criteriosa an- tes de iniciar um trabalho e zelando por sua competência. Deve manter-se atualizado quanto aos conhecimentos técnicos, científicos e culturais; e deve assumir responsabilidade quanto às suas ações (CONFEF, 2015). São direitos do profissional de Educação Física, entre outros, exercer a profissão sem discriminações; recorrer ao conselho e requerer auxílio quando julgar ne- cessário; recusar a adoção de ações contrárias à sua consciência; e, finalmente, receber salários e honorários pelo seu trabalho profissional. Cabe, ainda, res- saltar que todo profissional de Educação Física, ao solicitar registro no Sistema CONFEF/CREFs, aceita os princípios éticos da profissão. CONCLUSÃO Nesta unidade, você viu um pouco sobre a evolução da Educação Física como profissão e frente à sociedade, assim como a forma como as mudanças na so- ciedade influenciaram a profissão. A profissão da Educação Física foi regulamentada em 1º de setembro de 1998, em ação que marcou o afastamento da Educação Física de um papel exclusi- vamente educacional. O professor de Educação Física deixou de atuar somen- te na escola, e esse papel também foi evidenciado pela divisão da formação entre licenciatura e bacharelado. Você viu como essa divisão foi influenciada pelo papel que a Educação Física passou a ter na saúde do indivíduo, em espe- cial com as mudanças sociais que aconteceram ao longo das últimas décadas. Finalmente, sendo uma profissão regulamentada, o profissional de Educação Física está sujeito a responsabilidades éticas, que foram explicadas no final da unidade. 134 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 REFERÊNCIAS ANTUNES, A. C. Pré-história: reflexão sobre sua importância para a Educação Física. EF Deportes. Revista Digital, Buenos Aires, v. 15, n. 166, 2012. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd166/ pre-historia-importancia-para-a-educacao-fisica.htm. Acesso em: 19 mar. 2020. ARANTES, A. C. A história da Educação Física escolar no Brasil. Revista Digital, 13, n. 124, p. 1-18, 2008. 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