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Beatles eram considerados uma banda medíocre, meramente regular. Após o primeiro show em Hamburgo, Bruno, o proprietário da boate, pareceu desolado. “Se rock’n’roll é para ser agitado, por que vocês ficam parados o tempo todo?”, reclamou ele. “Façam um show, se mexam, dancem ao ritmo da música, ajam como se estivessem se divertindo”, disse ele. Os Beatles seguiram o conselho de Bruno e, quando retornaram para Liverpool depois da primeira excursão, a mudança foi visível. “Antes, eles não eram disciplinados no palco. No entanto, quando voltaram, estavam tocando de um modo incomparável. Foi a formação deles”, escreveu Philip Norman, autor da biografia do grupo. O próprio John Lennon reconheceu o papel fundamental que a experiência em Hamburgo teve na vida do grupo. “Em Hamburgo, melhoramos e ficamos mais confiantes”, disse ele anos depois. “Isso foi inevitável com aquela experiência de tocar durante a noite inteira. Ter uma plateia estrangeira também ajudou. Precisávamos nos esforçar ao máximo, precisávamos colocar nosso coração e nossa alma naquilo para podermos chegar até o fim.” Qual foi o milagre que aconteceu com os Beatles em Hamburgo? A resposta parece vir ao encontro da teoria de Ericsson, ou seja, ter sido resultado das longas e incansáveis horas de prática. A primeira viagem que os Beatles fizeram a Hamburgo, em 1960, iniciou-se em 17 de agosto e terminou em 30 de novembro. Durante esse período de 105 dias, os Beatles fizeram 106 apresentações, com uma média superior a cinco horas por apresentação. Na segunda turnê, a banda ficou por lá durante noventa dias. Nesse período, fizeram 92 shows, somando 503 horas no palco. Na terceira excursão, o grupo se apresentou 48 vezes, ficando 102 horas no palco. Os últimos dois períodos em Hamburgo, em novembro e dezembro de 1962, envolveram mais de noventa horas de exibição. Somando todas as apresentações realizadas apenas em Hamburgo, entre agosto de 1960 e dezembro de 1962, os