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A expansão da Revolução Industrial
Apesar das consequências sociais, especialmente para a nova classe ope-
rária que trabalhava nas fábricas, o processo de industrialização representou 
também um considerável aumento da riqueza e do poder dos empresários da 
indústria, comércio e finanças nos vários países onde se desenvolveu.
Zollverein: união alfandegária 
que derrubou as barreiras 
aduaneiras entre os Estados 
alemães, proporcionando 
uma efetiva união econômica 
e dinamizando o poderio da 
Prússia e o capitalismo alemão.
Trabalhadores na linha de montagem da fábrica de 
automóveis Ford, em Michigan, Estados Unidos, 1913. 
Com o objetivo de ampliar lucros, levou-se ao extremo 
a especialização do trabalho, passando-se a fabricar 
artigos em série, o que barateava o custo por unidade. 
Surgiram as linhas de montagem, esteiras rolantes em 
que circulavam as partes do produto a ser montado, de 
forma a ampliar e agilizar a produção e aumentar sua 
eficiência, especializações produtivas decorrentes dos 
estudos e aplicação dos engenheiros estadunidenses 
Frederick Winslow Taylor (1856-1915) e Henry Ford 
(1863-1947).
Contudo, essa dinâmica capitalista da Revolução Industrial se deu de 
forma diferente de um país para outro, uma vez que as condições sociais, 
políticas, econômicas e demográficas eram também diferentes. Na França, 
por exemplo, a Revolução Industrial só pôde se desenvolver com mais vigor 
a partir da segunda metade do século XIX. Até então, fora limitada pela cons-
tante instabilidade – guerras napoleônicas, a Revolução de 1830 e a Revolu-
ção de 1848.
Na região da Confederação Germânica (Deutscher Bund), por sua vez, 
desde as primeiras décadas do século XIX, a industrialização era ainda inicial 
e tímida. A Confederação era composta de 39 estados soberanos e liderada 
pelo Império Austríaco – absolutista e de economia agrária. À Áustria, con-
trapunha-se a Prússia, mais desenvolvida comercial e industrialmente, onde 
seus grupos empresariais e políticos pretendiam edificar um grande Estado 
germânico que se projetasse no cenário internacional.
O passo fundamental para a unidade foi dado, inicialmente, em 1834, com 
a criação do Zollverein. Mas foi com a unificação da Alemanha, tendo à frente 
o chanceler Otto von Bismarck (1815-1898), finalizada em 1871, que a indús-
tria alemã conseguiu impulso imenso a ponto de se rivalizar com a indústria 
inglesa. Em 1900, a Alemanha superou a Grã-Bretanha na produção de aço e, 
com seu crescimento, pôs em risco a hegemonia britânica mundial, causan-
do muitos atritos. A exigência alemã de uma nova divisão colonial que a favo-
recesse, somada às alianças político-militares, entre outros fatores, levaram 
à Primeira Guerra Mundial.
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Nos Estados Unidos, após a independência, o governo republicano conso-
lidou o desenvolvimento comercial, financeiro e industrial do país, atraindo 
com isso um grande número de imigrantes europeus. O progressismo e o 
crescimento demográfico estimularam a conquista de territórios na América 
do Norte (expansão interior) e a ampliação da atuação econômica em todo o 
continente americano (expansão exterior).
Em meados do século XIX, o país atingiu dimensões continentais, com a 
expropriação dos povos originários e a compra de áreas coloniais pertencen-
tes a potências europeias – caso da Louisiana, que pertencia à França; da 
Flórida, domínio da Espanha; e do Alasca, comprado da Rússia. Além disso, 
foram anexados os territórios mexicanos do Texas, Califórnia, Novo México, 
Arizona, Utah e Nevada, após a guerra entre os Estados Unidos e o México 
(1845-1848). Esse ideal de “dilatação das fronteiras” sustentava-se em par-
te na ideia de Destino Manifesto, segundo a qual Deus teria reservado um 
destino glorioso aos Estados Unidos.
A conquista da costa oeste deu aos Estados Unidos acesso direto, via 
oceano Pacífico, aos cobiçados mercados da China e do Japão. No leste, a 
anexação da Flórida abriu caminho para o Golfo do México e o mar das Anti-
lhas, pontos estratégicos importantes para alcançar toda a América Latina.
Estados Unidos: Guerra de Secessão (1861-1865)
100º O
WASHINGTON
OREGON
CALIFÓRNIA
MONTANA
IDAHO
NEVADA
ARIZONA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
UTAH
WYOMING
DAKOTA
DO NORTE
DAKOTA
DO SUL
NEBRASKA
COLORADO
NOVO
MÉXICO
MINNESOTA MICHIGAN
WISCONSIN
IOWA
KANSAS
OKLAHOMA
TEXAS
ARKANSAS
MISSOURI
ILLINOIS
KENTUCKY
TENNESSEE
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OHIO
GEÓRGIA
PENSILVÂNIA
NEW HAMPSHIRE
RHODE ISLAND
DELAWARE
MARYLANDVIRGÍNIA
OCIDENTAL
MASSACHUSETTS
CONNECTICUT
VERMONT
VIRGÍNIA
CAROLINA
DO NORTE
CAROLINA
DO SUL
NOVA JERSEY
NOVA
YORK
MAINE
CANADÁ
MÉXICO
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40º N
Estados do norte (União)
Estados do sul (Confederados)
Estados constituídos após a Guerra de Secessão
Estados escravagistas não confederados
0 335 670
km
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Fonte: elaborado com base em ATLAS História do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo, 1995. p. 218.
As acentuadas desigualdades entre os estados do norte e os do sul desencadearam a Guerra de Secessão estadunidense. O mapa 
mostra, com a divisão política atual, a posição que os estados adotaram no conflito.
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Após a Guerra de Secessão e a abolição da escravidão, o desenvolvimento 
industrial – que impulsionou a construção de ferrovias ligando o país de cos-
ta a costa e promoveu sua fluidez territorial – tornou os Estados Unidos, já 
no final do século XIX, a maior potência emergente mundial, possuidores do 
maior parque industrial do planeta. A prosperidade tornou-se ainda mais atra-
tiva à imigração, resultando em grande crescimento demográfico: de pouco 
mais de 30 milhões de habitantes em 1865, a população passou para mais 
de 90 milhões em 1900.
Os grandes centros da di-
namização capitalista com a 
Revolução Industrial, contudo, 
não se limitaram somente à 
Europa e aos Estados Unidos.
No Japão, os Estados Uni-
dos organizaram, em 1854, 
uma investida militar e, sob 
a ameaça de seus navios de 
guerra, obrigaram os japo-
neses a abrir os portos ao 
comércio mundial, fechados 
desde o século XVIII. A aber-
tura comercial japonesa deu 
início à ocidentalização do país, que passou por profundas transformações 
econômicas, militares, técnicas e científicas. A sujeição do Japão ao Ocidente, 
ao mesmo tempo, ativou o nacionalismo e a oposição ao xogum, por ter per-
mitido a abertura.
Xogunato
A origem do xogunato remonta ao século VIII, 
criado como um título para comandantes 
militares. A partir do século XII até o fim da 
instituição militar, em 1868, o imperador 
passou a delegar ao xogum a autoridade para 
governar o país, embora o imperador fosse o seu 
governante legítimo. Essa instituição ganhou 
enorme prestígio e acabou sob o domínio de uma 
única família – Tokugawa –, rival de outros clãs 
poderosos no século XIX. Instalado na cidade de 
Edo, antigo nome de Tóquio, o xogunato Tokugawa 
se sobrepunha mesmo ao poder do imperador – 
também chamado de micado –, que ficava na 
cidade sagrada de Kyoto.
Conceitos
Com a renúncia ao cargo de xogum, em 1868, Tokugawa 
Yoshinobu (1837-1913) pôs fim à instituição e o 
imperador Meiji assumiu o papel de governante do país.
Imigrantes procurando 
emprego na cidade de Nova 
York, Estados Unidos, c. 1910.
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Entretanto, diferentemente da China, dominada 
pelas potências imperialistas, o imperador japo-
nês decidiu modernizar seu país para enfrentar o 
imperialismo europeu e sobretudo estadunidense. 
Apoiado pelos opositores às transformações, espe-
cialmente os clãs rivais do xogunato, o imperador 
Mutsuhito promoveu a centralização política. Inau-
gurou uma nova fase na história japonesa, iniciada 
a partir de 1868: a era do industrialismo e da mo-
dernização, que ficou conhecida como Era Meiji (do 
japonês, "governo ilustrado").
O Japão industrializou-se rapidamente ao mesmo 
tempo que empreendeu uma política imperialista de 
expansão, principalmente sobre a China. No início do 
século XX, o Japão já se tornara um dos países mais 
avançados e poderosos do mundo, graças a sua dinâmica desenvolvimentis-
ta, superior à de muitos países industriais do Ocidente. Promoveu também uma 
maior expansão imperialista, o que logo esbarrou no expansionismo estaduni-
dense, que avançava sobre o oceano Pacífico, originando muitos atritos entre 
essas duas potências no decorrer das décadas de 1930 e 1940.
Veja a imagem e leia texto:
As tecnologias e a expansão imperialista
O que as armas de carregamento automático, a metralhadora, a na-
vegação a vapor, o quinino e outros inventos conseguiram foi diminuir 
o custo, tanto em termos financeiros quanto humanos, da penetração, 
conquista e exploração de novos territórios. O efeito da redução dos 
custos foi tão significativo que agora não só o governo, como grupos 
menores podiam participar do imperialismo. A Bombay Presidence abriu 
a Rota do mar Vermelho, a Royal Niger Company conquistou o califado 
de Sokoto, e até indivíduos como Macgregor Laird, William Mackinnon, 
Henry Stanley e Cecil Rhodes puderam reivindicar o direito a vastos 
territórios que depois se converteram em partes de impérios.
Tendo-se tomado tão mais barato, devido ao fluxo das novas tecno-
logias do século XIX, o imperialismo começou a ganhar aceitação entre 
os povos e os governos da Europa e levou as nações a se transformar 
em impérios.
HEADRICK, Daniel R. The Tools of Empire: Technology and European Imperialism in the Nineteenth Century. 
New York: Oxford University Press, 1981. p. 205.
Armas, dominação e lucros impulsionaram a conquista imperialista africana no século XIX. E no século XXI, continuam 
sendo fatores para dominação? Considerem, para conversa no seu grupo, aspectos internacionais e também aspectos 
nacionais ou mesmo regionais. Tráfico de drogas ilícitas, milícias e contrabando de armas integram essa dinâmica 
em nossos dias? Pesquisem na internet sobre o assunto na atualidade para obter dados para a conversa. Listem as 
conclusões das conversas. Por fim, elaborem um roteiro para um noticiário de rádio ou um podcast, apontando se o 
conhecimento histórico do passado abre (ou não abre) espaço para a discussão de questões da atualidade.
Veja resposta no Manual do Professor.
Conversa
Alvo da partilha imperialista, a África 
foi palco de várias disputas entre as 
potências industriais. Esta charge, 
no final do século XIX, representa 
Cecil Rhodes (1853-1902), que 
personifica as ambições do domínio 
britânico no continente africano.
O imperador Meiji Mutsuhito (1852-1912) apresenta a 
Constituição do Império do Japão. Xilogravura, 1889. No 
Japão, sob o reinado do imperador Meiji, entre 1867 e 1912, 
houve uma centralização do poder e uma modernização da 
sociedade que permitiram ao país destacar-se no final do 
século XIX como grande potência industrial.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
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