Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para ser esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 1 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................... 4 1.1 Período do ciclo de vida ................................................................................. 6 1.2 Contextos do desenvolvimento ....................................................................... 9 2 BASES NEUROBIOLÓGICAS DE CÁLCULO E LÓGICA ............................ 13 2.1 DSM-V .......................................................................................................... 16 3 BASES NEUROBIOLÓGICAS DA ATENÇÃO E MEMÓRIA ........................ 17 3.1 Bases Estruturais.......................................................................................... 19 3.2 Lesões Cerebrais.......................................................................................... 21 3.3 Avaliação neuropsicológica e instrumentos de avaliação ............................. 22 3.4 Testes para avaliação da atenção ................................................................ 24 4 MEMÓRIA .................................................................................................... 26 4.1 MEMÓRIA DE CURTA E LONGA DURAÇÃO ............................................. 28 5 A APRENDIZAGEM E ALGUMAS TEORIAS CORRELATAS ...................... 29 5.1 Teorias .......................................................................................................... 31 5.2 Transtorno de aprendizagem ........................................................................ 34 6 FUNÇÕES EXECUTIVAS ............................................................................ 38 6.1 Funções executivas: neurobiologia e ciclo vital ............................................ 42 6.2 Funções executivas e metacognição ............................................................ 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 46 4 1 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO Segundo Rueda (2010), os cientistas do desenvolvimento investigam três principais áreas ou aspectos do eu: físico, cognitivo e psicossocial. O desenvolvimento físico envolve o crescimento do corpo e do cérebro, bem como as capacidades sensoriais, habilidades motoras e saúde. O desenvolvimento cognitivo abrange a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. Já o desenvolvimento psicossocial se refere às emoções, personalidade e relações sociais. • Desenvolvimento físico: engloba o crescimento corporal e cerebral, incluindo mudanças nas capacidades sensoriais, habilidades motoras e saúde. • Desenvolvimento cognitivo: envolve mudanças nas habilidades mentais, como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. • Desenvolvimento psicossocial: abarca as mudanças nas emoções, personalidade e relações sociais. Embora nesta aula abordemos separadamente o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, esses domínios estão profundamente interligados. No entanto, para compreender sua complexidade, precisamos definir limites. Assim, dividimos essas esferas de influência. Mesmo assim, é crucial lembrar que cada aspecto do desenvolvimento influencia os outros. O desenvolvimento infantil é uma rede complexa e entrelaçada de múltiplas influências, e entendê-las exige uma reflexão cuidadosa sobre suas interações. Assim como uma mosca presa a um fio da teia reverbera por toda a estrutura, o desenvolvimento em uma área impacta todas as outras. Por exemplo, o desenvolvimento físico influencia o cognitivo e o psicossocial. Uma criança com infecções frequentes no ouvido pode desenvolver a linguagem mais lentamente do que outra sem esse problema físico. Durante a puberdade, mudanças físicas e hormonais dramáticas afetam o desenvolvimento do senso de 5 identidade. Alterações físicas no cérebro de alguns adultos idosos podem levar à deterioração intelectual e da personalidade. Figura 1 – Crianças empenhadas nos três estágios do desenvolvimento humano Fonte: Adaptado de Rueda (2010). Para Rueda (2010), avanços e declínios cognitivos estão relacionados a fatores físicos e psicossociais. Uma criança com desenvolvimento precoce na linguagem pode provocar reações positivas nos outros, aumentando assim seu autovalor. O desenvolvimento da memória reflete ganhos ou perdas nas conexões físicas do cérebro. Um adulto com dificuldade para lembrar os nomes das pessoas pode sentir-se tímido em situações sociais. Além disso, o desenvolvimento psicossocial pode impactar o funcionamento cognitivo e físico. Sem relações sociais significativas, a saúde física e mental tende a sofrer. A motivação e a autoconfiança são essenciais para o sucesso escolar, enquanto emoções negativas, como a ansiedade, podem prejudicar o desempenho. Pesquisadores identificaram possíveis ligações entre uma personalidade conscienciosa e a longevidade. 6 1.1 Período do ciclo de vida De acordo com Cypel (2007), a divisão do ciclo de vida em períodos é uma construção social, ou seja, um conceito ou prática inventada por uma determinada cultura ou sociedade. Não há um momento objetivamente definível em que uma criança se torna adulta ou um jovem se torna idoso. Como o conceito de infância é uma construção social, sua forma varia entre as culturas. Diferente da relativa liberdade que as crianças têm hoje nos Estados Unidos, esperava-se que as crianças pequenas no período colonial realizassem tarefas adultas, como tricotar meias e fiar lã. Pais inuit no Ártico canadense acreditam que crianças pequenas não são capazes de pensar e raciocinar plenamente, sendo por isso tolerantes quando seus filhos choram ou ficam zangados. Já os pais da ilha de Tonga, no Pacífico, costumam bater em crianças de 3 a 5 anos, atribuindo seu choro à teimosia. De maneira semelhante, a adolescência é uma construção social recente que surgiu com a industrialização. Nos Estados Unidos, até o início do século XX, os jovens eram considerados crianças até deixarem a escola, casarem ou conseguirem um emprego, ingressando então na vida adulta. Na década de 1920, com a criação de escolas de ensino médio para atender às necessidades de uma economia em crescimento e com mais famílias podendo sustentar uma educação formal prolongada para seus filhos, a adolescência tornou-se um período distinto do desenvolvimento. Em algumas sociedades pré-industriais, como a dos índios Chippewa, o conceito de adolescência não existe. Para eles a infância é dividida em dois períodos: do nascimento até a criança começar a andar e daí até a puberdade. O que chamamos de adolescência é considerado parte da vida adulta. Segundo Cypel (2007),apesar das diferenças individuais na forma como as pessoas lidam com eventos e questões típicas de cada período, os cientistas do desenvolvimento sugerem que certas necessidades básicas devem ser satisfeitas e certas tarefas devem ser dominadas para um desenvolvimento normal. Por exemplo, bebês dependem dos adultos para alimentação, vestuário e abrigo, além de contato humano e afeição. Eles formam vínculos com os pais e cuidadores, que também se apegam a eles. Com o desenvolvimento da fala e da locomoção autônoma, os 7 bebês tornam-se mais autoconfiantes; eles precisam afirmar sua autonomia, mas também necessitam da ajuda dos pais para estabelecer limites ao seu comportamento. Na segunda infância, as crianças desenvolvem mais autocontrole e um maior interesse por outras crianças. Na terceira infância, o controle sobre o comportamento gradualmente se desloca dos pais para os filhos, e os colegas tornam-se cada vez mais importantes. A tarefa central da adolescência é a busca da identidade – pessoal, sexual e ocupacional. À medida que os adolescentes amadurecem fisicamente, enfrentam necessidades e emoções conflitantes enquanto se preparam para deixar o ninho parental. Durante a adultez emergente, um período exploratório que vai do início aos meados dos 20 anos, muitas pessoas ainda não estão prontas para se dedicar às tarefas típicas de jovens adultos: estabelecer estilos de vida independentes, ocupações e famílias. Por volta dos 30 anos, a maioria dos adultos já cumpriu com sucesso essas tarefas. Na vida adulta intermediária, pode ocorrer algum declínio nas capacidades físicas. Ao mesmo tempo, muitos indivíduos de meia-idade encontram entusiasmo e desafios nas mudanças de vida – uma nova carreira ou filhos adultos –, enquanto outros enfrentam a necessidade de cuidar de pais idosos. Na vida adulta tardia, as pessoas precisam lidar com a perda de suas faculdades, de entes queridos e preparar-se para a morte. Se se aposentarem, terão que enfrentar a perda de relacionamentos relacionados ao trabalho, mas poderão encontrar satisfação nas amizades, na família, no trabalho voluntário e na oportunidade de explorar interesses antes negligenciados. Muitas pessoas idosas tornam-se mais introspectivas, buscando significado para suas vidas. Influências no desenvolvimento Cypel (2007), faz o seguinte questionamento: o que torna cada pessoa única? Embora os estudiosos do desenvolvimento se interessem pelos processos universais de desenvolvimento vivenciados por todos os seres humanos normais, eles também investigam as diferenças individuais nas características, influências e resultados do desenvolvimento. As pessoas variam em gênero, altura, peso e 8 constituição física; em saúde e nível de energia; em inteligência; e em temperamento, personalidade e reações emocionais. Os contextos de suas vidas também diferem: os lares, as comunidades e sociedades onde vivem, seus relacionamentos, as escolas que frequentam (ou se de fato vão à escola), o trabalho que realizam e como passam seu tempo livre. Cada pessoa segue uma trajetória de desenvolvimento única, um caminho individual a percorrer. Um dos desafios da psicologia do desenvolvimento é identificar as influências universais sobre o desenvolvimento e aplicá-las para compreender as diferenças individuais nas trajetórias de desenvolvimento. Hereditariedade, ambiente e maturação Conforme mencionado por Cypel (2007), as influências sobre o desenvolvimento podem ser descritas de duas formas principais. Algumas são internas e motivadas pela hereditariedade e por processos biológicos. A hereditariedade pode ser vista como uma jogada de dados genética, consistindo em traços e características inatas fornecidas pelos pais biológicos da criança. Outras influências vêm do ambiente externo ao corpo, começando na concepção, com o ambiente pré-natal no útero, e continuando ao longo da vida. A influência relativa da natureza (hereditariedade e processos biológicos) e da experiência (influências ambientais) é um tema de intensos debates, com teóricos discordando sobre a importância de cada fator. Atualmente, os cientistas conseguiram medir com mais precisão, em uma determinada população, o papel da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento de traços específicos. No entanto, ao considerar uma pessoa específica, a pesquisa mostra que quase todas as suas características resultam de uma combinação de hereditariedade e experiência. Assim, embora a inteligência seja fortemente influenciada pela hereditariedade, fatores como a estimulação parental, a educação, a influência dos amigos e outras variáveis também desempenham um papel importante. Teóricos e pesquisadores contemporâneos estão mais interessados em descobrir como a genética e o ambiente operam juntos do que em argumentar sobre qual fator é mais importante. 9 De acordo com Cypel (2007), muitas mudanças típicas da primeira e da segunda infância, como a capacidade de andar e falar, estão ligadas à maturação do corpo e do cérebro – o desdobramento de uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento. À medida que as crianças se tornam adolescentes e depois adultos, as diferenças individuais nas características inatas e na experiência de vida tornam-se mais significativas. Durante toda a vida, a maturação continua influenciando certos processos biológicos, como o desenvolvimento do cérebro. Mesmo nos processos que afetam todas as pessoas, os ritmos e os momentos do desenvolvimento variam. Ao longo deste livro, discutimos as idades médias para a ocorrência de certos eventos: a primeira palavra, o primeiro passo, a primeira menstruação, a emissão noturna, o desenvolvimento do pensamento lógico e a menopausa. Mas essas idades são apenas médias, e há grande variação entre as pessoas. Somente quando o desvio da média é extremo devemos considerar o desenvolvimento excepcionalmente adiantado ou atrasado. Para entender o desenvolvimento humano, portanto, precisamos considerar as características herdadas que dão a cada pessoa um ponto de partida único na vida. Também precisamos levar em conta os muitos fatores ambientais que afetam o desenvolvimento, especialmente contextos importantes como família, vizinhança, nível socioeconômico, raça/etnia e cultura. Precisamos considerar como a hereditariedade e o ambiente interagem. É essencial entender quais processos de desenvolvimento são principalmente maturacionais e quais não são. Devemos observar as influências que afetam muitas ou a maioria das pessoas em determinada idade ou momento histórico, e também aquelas que afetam apenas certos indivíduos. Por último, precisamos examinar como o momento da ocorrência pode influenciar o impacto de certas influências. 1.2 Contextos do desenvolvimento Segundo Cypel (2007), os seres humanos são inerentemente sociais. Desde o nascimento, desenvolvem-se dentro de um contexto social e histórico. Para um bebê, o contexto imediato geralmente é a família, que por sua vez é influenciada por 10 fatores mais amplos e em constante mudança, como a vizinhança, a comunidade e a sociedade. A família nuclear é uma unidade que consiste em pai e mãe, ou apenas um deles, e seus filhos, sejam eles biológicos, adotados ou enteados. Historicamente, a família nuclear composta por pai e mãe foi a norma nas sociedades ocidentais. Em 1960, 73% das crianças viviam em famílias com dois pais casados em seu primeiro casamento, e 37% dos lares eram compostos por famílias nucleares. Em 2014, apenas 69% das crianças e 16% dos lares podiam ser descritos da mesma forma. Em vez de grandes famílias rurais, onde pais e filhos trabalhavam juntos na propriedade da família, vemos hoje famílias urbanas menores, onde ambos os pais trabalham fora de casa e os filhos passam grande parte do tempo na escola ou na creche. A Figura2 mostra um exemplo típico de família. Figura 2 – O lar de uma família extensa pode incluir avós, tias e primos Fonte: Adaptado de Cypel (2007). O aumento do número de divórcios também impactou a família nuclear. Filhos de pais divorciados podem morar com a mãe ou o pai, ou alternar entre ambos. Esse lar pode incluir um padrasto ou madrasta e meios-irmãos, ou o companheiro ou a companheira do pai ou da mãe. Além disso, há um número crescente de adultos solteiros sem filhos, pais não casados, lares de gays e lésbicas, e lares inter-raciais. Não há mais um modelo dominante de família. A melhor forma de descrever as famílias contemporâneas é reconhecer sua diversidade. 11 Em muitas sociedades da Ásia, África e América Latina, e entre algumas famílias norte-americanas com raízes nesses continentes, a família extensa – uma rede multigeracional que inclui avós, pais, tios, primos e outros parentes – é a forma tradicional de família. Muitas pessoas vivem em lares extensos, onde mantêm contato diário com os familiares. Os adultos geralmente compartilham o sustento da família e as responsabilidades pela criação dos filhos, e os filhos mais velhos cuidam dos irmãos mais novos. Conforme explica Cypel (2007), os lares extensos estão se tornando ligeiramente menos comuns em muitos países em desenvolvimento, em parte devido à industrialização e à migração para os centros urbanos. Nos Estados Unidos, pressões econômicas, escassez de moradias e crianças geradas fora do casamento têm contribuído para um aumento de lares com três e até quatro gerações. Em 2016, 20% da população dos Estados Unidos, totalizando 64 milhões de pessoas, viviam em famílias multigeracionais, um recorde. Esse número tem crescido continuamente desde o início da década de 1980. Lares multigeracionais tornaram-se mais comuns por várias razões. Primeiramente, porque tanto homens quanto mulheres estão se casando mais tarde, continuando a morar com os pais por mais tempo. Isso se torna mais comum durante recessões econômicas. Em segundo lugar, o influxo de populações imigrantes desde 1970 tem contribuído para essa tendência. Esses imigrantes são mais propensos do que as famílias nativas a viver em lares multigeracionais, tanto por questões de praticidade quanto por preferência. De fato, mesmo entre os não imigrantes, raça e etnia influenciam essa tendência. Latinos, afro-americanos e asiáticos são mais propensos a viver em famílias multigeracionais do que os brancos. Por fim, as pessoas estão vivendo mais, e pais idosos às vezes se beneficiam de morar com seus filhos. Influências normativas e não normativas Para Rueda (2009), entender as semelhanças e diferenças no desenvolvimento, é necessário considerar dois tipos de influências normativas: eventos biológicos ou ambientais que afetam muitas pessoas ou a maioria delas em uma sociedade, e eventos que impactam apenas certos indivíduos. 12 Influências normativas associadas à idade são bastante similares para pessoas de uma determinada faixa etária. A ocorrência de eventos biológicos é previsível dentro de uma faixa normal. Por exemplo, ninguém passa pela puberdade aos 35 anos ou pela menopausa aos 12. Influências normativas associadas à história são eventos significativos (como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial) que moldam o comportamento e as atitudes de uma geração histórica: um grupo de pessoas que vive um evento em um momento formativo de suas vidas. Por exemplo, as gerações que cresceram durante a Depressão e a Segunda Guerra tendem a ter um forte senso de interdependência e confiança social, que diminuiu entre as gerações mais recentes. Dependendo do tempo e lugar em que vivem, gerações inteiras podem sentir o impacto da escassez de alimentos, explosões nucleares ou ataques terroristas. Segundo Rueda (2009), nos países ocidentais, os avanços na medicina, bem como melhorias na nutrição e saneamento, reduziram drasticamente a mortalidade infantil. Hoje, as crianças são influenciadas por computadores, televisão digital, internet e outras inovações tecnológicas. Mudanças sociais, como o aumento da presença de mães no mercado de trabalho e o crescimento de lares monoparentais, alteraram significativamente a vida familiar. Uma geração histórica não é o mesmo que uma coorte etária – um grupo de pessoas nascido aproximadamente na mesma época. Uma geração histórica pode conter várias coortes, mas as coortes fazem parte de uma geração histórica apenas se vivenciarem eventos históricos importantes em um momento formativo de suas vidas. Influências não normativas são eventos incomuns que causam grande impacto na vida dos indivíduos ao perturbarem a sequência esperada do ciclo de vida. Podem ser eventos típicos que ocorrem em um momento atípico (como a morte de um dos pais na infância) ou eventos atípicos (como sobreviver a um acidente aéreo). Algumas dessas influências estão além do controle da pessoa e podem apresentar raras oportunidades ou grandes desafios, percebidos como momentos decisivos na vida. Por outro lado, as pessoas às vezes criam seus próprios eventos não normativos – como decidir ter um bebê ou praticar hobbies perigosos como skydiving – participando ativamente de seu próprio desenvolvimento. 13 Esses três tipos de influência – normativa associada à idade, normativa associada à história e não normativa – contribuem para a complexidade do desenvolvimento humano, bem como para os desafios que as pessoas enfrentam ao tentar construir suas vidas. 2 BASES NEUROBIOLÓGICAS DE CÁLCULO E LÓGICA Segundo Rueda (2010), a cognição numérica refere-se à base neurocognitiva das representações semânticas dos números e suas quantidades. Inicialmente, essa capacidade é pré-simbólica e relacionada à percepção de grandezas (como volume, área, comprimento e intensidade luminosa) e quantidades (como coleções de objetos). No entanto, essa capacidade é limitada em extensão e precisão. Em relação à extensão, estudos mostram que bebês de 6 meses conseguem discriminar grandes quantidades ou tamanhos desde que a relação seja aproximadamente duas (por exemplo, 18 e 9) ou três vezes (por exemplo, 18 e 6); ao longo do desenvolvimento, há um aumento na capacidade de discriminar diferentes ordens de grandeza. Quanto à precisão, para pequenas coleções com até quatro elementos, há uma capacidade de exatidão (subitizing), mas para coleções maiores, as avaliações são sempre aproximadas. A cognição numérica é uma capacidade em desenvolvimento durante a infância. O Modelo de Desenvolvimento da Cognição Numérica proposto por von Aster e Shalev descreve quatro passos nesse desenvolvimento. O primeiro passo, cardinal, envolve um sistema central de representação numérica inata e funções adjacentes (subitizing e aproximação), permitindo um entendimento básico dos números na infância. O segundo passo, verbal, é caracterizado pela associação de números a palavras ouvidas e escritas. O terceiro passo, arábico, ocorre no ensino fundamental, quando as crianças aprendem a associar algarismos arábicos às palavras que representam quantidades. O quarto passo, ordinal, é marcado pela aquisição de um sistema mental capaz de organizar quantidades em um continuum, ocorrendo ao longo da escolarização e na vida adulta. O "senso numérico" é o sistema mais estudado na academia nas últimas décadas e refere-se à nossa capacidade de entender, calcular e manipular quantidades numéricas. Esse sistema é abstrato, intuitivo, analógico, aproximado e 14 espacialmente orientado. Estudos sobre o senso numérico, compreensão numérica, produção numérica e cálculo têm sido conduzidos com base em dois modelos cognitivos e neurais influentes: o sistema numérico aproximado e o modelo do triplo código. O Sistema numérico aproximado Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), enfatiza que, a competênciamatemática individual pode ser influenciada pela arquitetura neural, que pode sustentar o desempenho na resolução de problemas simples de aritmética. A fluência aritmética, que se refere à rapidez e eficiência em chegar a soluções corretas para cálculos numéricos, é fundamental para o desenvolvimento de habilidades matemáticas mais avançadas. Inicialmente, os alunos podem depender de estratégias processuais, como contar em voz alta, contar nos dedos ou decompor números para resolver cálculos. Essas estratégias são gradualmente substituídas por estratégias mais eficazes, como a recuperação de fatos aritméticos da memória. Essa transição para o cálculo baseado na memória é um marco no desenvolvimento aritmético. Crianças com dificuldades de aprendizagem matemática muitas vezes apresentam estratégias processuais imaturas e dificuldade em lembrar fatos aritméticos. Habilidades complexas, como a capacidade de cálculo, parecem depender de sistemas de representação mental que emergem precocemente na vida humana. O sistema numérico aproximado (SNA) é responsável por destacar semelhanças e diferenças entre grandezas discretas e contínuas, como números, numerosidade, tempo e tamanho físico. Essas magnitudes são representadas na mesma região do cérebro, o lobo parietal. Os números são considerados magnitudes especiais, pois são discretos, contáveis e têm rótulos verbais. Já os tamanhos físicos são incontáveis e representam magnitudes contínuas que só podem ser estimadas. O SNA é visto como a base biológica para o desenvolvimento da matemática formal na infância e ao longo da vida. Ele se desenvolve continuamente e pode ser avaliado por meio de tarefas de estimativa, comparação e cálculo aproximado, que 15 demonstram uma evolução na precisão das respostas com a idade. Esses estudos sugerem que a educação matemática formal aprimora as representações numéricas aproximadas. O modelo do triplo código Para Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), os Estudos de neuroimagem indicam que o lobo parietal é a principal região do cérebro associada ao Sistema Numérico Aproximado (SNA), e o Modelo do Triplo Código (MTC) oferece uma explicação abrangente sobre como esse sistema se relaciona com outras operações envolvendo números. O MTC é considerado o modelo mais influente da cognição numérica devido à sua capacidade única de integrar aspectos comportamentais e neurofuncionais. Ele sugere que diferentes aspectos da informação numérica, como magnitude, fatos e paridade, são processados em diferentes códigos dentro de regiões específicas do cérebro. O MTC propõe três códigos de representação distintos para o processamento de informações numéricas. Primeiramente, há uma representação analógica de magnitudes numéricas, que é considerada como uma linha numérica mental. Esta representação é processada pelo sulco interparietal bilateral (SIPb) e outras áreas do lobo parietal para manipular quantidades numéricas em tarefas como comparação de magnitude. Em segundo lugar, há uma representação verbal dos números, ativada em operações linguísticas como a nomeação de números e em tarefas de contagem. Fatos aritméticos, como tabelas de multiplicação, são armazenados na memória verbal de longo prazo e são recuperados para resolver problemas aritméticos. Essa representação verbal está associada a áreas de linguagem perisilvianas no hemisfério esquerdo. Em terceiro lugar, o MTC propõe uma representação visual dos números em tarefas de reconhecimento de dígitos arábicos, localizada em regiões do giro fusiforme e lingual bilateralmente. Segundo Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), o processamento de representações não simbólicas está relacionado à atividade do SIPb, que é ativado quando o conteúdo semântico de magnitude precisa ser acessado. Os fatos aritméticos são armazenados separadamente de outras informações numéricas, 16 como conceitos ou procedimentos aritméticos, como sugerem observações neuropsicológicas. No entanto, em tarefas mais complexas, como a aritmética mental com multidígitos, diferentes representações numéricas podem precisar trabalhar de forma mais integrada. Os problemas aritméticos complexos podem ser divididos em unidades mais simples para facilitar a recuperação de fatos aritméticos. Dessa forma, o processamento de tarefas complexas envolve a interação das diferentes representações numéricas propostas pelo MTC. A distinção entre as diferentes operações não é determinada pela pergunta do problema, mas sim pelo grau e envolvimento de transições flexíveis entre as representações numéricas. Tarefas que envolvem problemas aritméticos mentais complexos requerem a complementação de outras funções neuropsicológicas, como atenção, memória operacional e linguagem. O córtex pré-frontal dorsolateral e áreas pré-motoras também desempenham papéis importantes em funções cognitivas relacionadas à matemática. 2.1 DSM-V Segundo Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), o DSM-5, é considerado um guia fundamental para a definição de doenças psíquicas e é amplamente utilizado como referência na prática clínica. Seus autores afirmam que o manual contém informações úteis para diversos profissionais da área da saúde mental, como psiquiatras, médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, entre outros. O título do manual levanta questões sobre como aceitar um manual de diagnóstico, como usar a estatística para legitimar comportamentos humanos, e como manter o dualismo corpo-mente ao utilizar o termo "transtorno mental", mesmo que na prática os psiquiatras considerem isso como "doença mental". O DSM-5 define um transtorno mental como uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou comportamento de um indivíduo, refletindo disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. 17 Para Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), o manual enfatiza a relação entre a psiquiatria e a estatística, destacando a importância de testes de campo para demonstrar confiabilidade de forma empírica. A evolução dos sistemas de classificação psiquiátrica ao longo dos anos, desde uma única categoria diagnóstica em 1840 até 300 categorias no DSM-5, reflete a crescente atenção dada à saúde mental e o desenvolvimento de novos tratamentos, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. O DSM-5 também está relacionado à expansão da psicofarmacologia, com a descoberta e disseminação de medicamentos para tratamento de doenças mentais nas décadas de 1950 e 1960. A introdução desses medicamentos representou uma mudança significativa nos métodos de tratamento psiquiátrico, afetando a prática clínica e reduzindo a necessidade de internação hospitalar. No entanto, o alinhamento entre os interesses da indústria farmacêutica e os diagnósticos do DSM-5 levanta preocupações sobre o uso excessivo ou inadequado de medicamentos psiquiátricos. Apesar das críticas, o DSM-5 continua a ser uma ferramenta importante para a coleta de estatísticas de saúde pública sobre transtornos mentais, embora alguns questionem sua abordagem classificatória taxionômica. 3 BASES NEUROBIOLÓGICAS DA ATENÇÃO E MEMÓRIA O conceito de atenção em psicologia está relacionado ao caráter direcional e à seletividade dos processos mentais, base sobre a qual se organizam. A atenção é o fator responsável pela escolha dos elementos essenciais para a atividade mental, ou o processo que mantém vigilância sobre o curso preciso e organizado da seletividade mental. Os fatos pertinentes à atenção foram descritos sem alterações consideráveis ao longo de toda a história da psicologia, a qual começa com a clássica publicação de Titchener de1908, em seu livro sobre a atenção, até o período de Luria, sendo possível constatar as opiniões conflitantes, expressas pelospsicólogos, a respeito da natureza da atenção. Muitas foram as divergências ao longo da história da psicologia. Enquanto alguns defendiam o ponto de vista no qual a seletividade e a direção da atenção se 18 davam por meio da percepção do campo visual (como na psicologia do gestaltismo, que assumia a posição da inexistência da atenção), os seguidores do idealismo extremo mantinham posição oposta, diferenciando percepção direta e a atenção como um fator mental e específico. Em função de tantas divergências, tanto conceitual quanto dos mecanismos cerebrais da atenção, foi possível um estudo amplo que dá sentido para tal função complexa com aspecto voluntário e involuntário. Luria (1981), trouxe grande contribuição a partir de sua ótica que inclui o fator social e cultural. Luria (1981), define a teoria sócio-histórica, define as funções como: • Funções elementares relacionadas ao desenvolvimento biológico; • Funções superiores como sendo funções de origem psicológica. Ambos compartilhavam a ideia de que a função da atenção resultava da interação entre fatores biológicos e culturais. A atenção voluntária não é de origem biológica, e sim um ato social o qual depende das mediações e interação com o meio, não tendo relação com a maturação do organismo. Um exemplo da atenção voluntária mediada pelo social ocorre quando o adulto nomeia ou aponta um objeto e a criança direciona a sua atenção. Quando a criança é capaz de direcionar sua atenção voluntária por meio da comunicação social que ocorre com as palavras ou gestos, confirma-se a importância do ato social para mediar a atenção. Ressaltamos a importância de entender que as formas superiores de atenção voluntária se desenvolvem gradativamente, e a criança só adquire uma atenção eficiente e estável, socialmente organizada, pouco antes de frequentar a escola. O filósofo e psicólogo Wiliam em1890, um dos fundadores da psicologia moderna e autor do livro Princípios da Psicologia, traz o conceito de atenção acerca da consciência, da vontade, da emoção e da atenção, entre outros. Dentro desse conceito, evidencia-se a atenção como uma função cognitiva essencial, ordenada nas quatro principais dimensões: • Funções receptivas, que envolvem as habilidades para selecionar, adquirir, classificar e integrar a informação. 19 • Memória e aprendizagem, que integram as habilidades de armazenamento e recuperação da informação. • Pensamento, que engloba o sistema complexo de organização mental à reorganização da informação. • Funções expressivas e linguagem, em que a informação processada pelo cérebro é comunicada ou veiculada enquanto ato em si. Uma das características da atenção é a dependência do interesse e da necessidade em relação a tarefa em questão. Tarefas que ativam centros encefálicos relacionados ao prazer são mais fáceis de se manter o foco. 3.1 Bases Estruturais Segundo Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), na atenção involuntária, o tônus está relacionado ao grau de alerta; a receptividade compreende a motivação do organismo voltada para o interesse que a informação tem para a sobrevivência. Na atenção voluntária a seletividade relaciona-se com a prioridade da informação, discriminando os estímulos relevantes e irrelevantes; a concentração refere-se à manutenção dessa seletividade durante períodos de tempo mais prolongados; a simultaneidade refere-se à discriminação de informações simultâneas sejam elas provenientes de fontes sensoriais semelhantes ou diferentes; a flexibilidade é compreendida como o ajuste das respostas e da seleção de estímulos de acordo com as diferentes demandas cognitivas. As principais funções do sistema da atenção são: o mecanismo de alerta, que está relacionado às estruturas subcorticais do tronco encefálico (formação reticular), que tem próxima conexão com os órgãos sensoriais e com o sistema límbico, associado com a modulação das emoções. Nesse sistema temos a atuação do hipocampo. A formação reticular do tronco cerebral, que é um poderoso mecanismo para manter o tônus cortical e regular o estado funcional do cérebro, fator determinante do nível de vigília. A formação reticular possui partes ativadoras e inibidoras. O segundo componente da atenção é a orientação, que consiste em um processo involuntário o qual dispõe o indivíduo a se desligar ou se prender a um determinado estímulo de forma contínua, e no qual o desligamento e o agregamento 20 envolvem diferentes áreas cerebrais funcionais. O córtex parietal posterior relaciona- se à função de separar os estímulos irrelevantes, enquanto o córtex frontoparietal e os gânglios da base, relacionam-se às funções de juntar os novos estímulos. O terceiro componente da atenção relaciona-se à detecção de novidade (estímulos) e recompensa. O sistema de detecção de novidade acessa estímulos não familiares, enquanto o sistema de recompensa relaciona sensações de prazer com a atribuição emocional às informações. As estruturas localizadas internamente ao sistema límbico estão intimamente relacionadas à detecção de novidade, enquanto uma pequena área localizada na profundidade do encéfalo, conhecida como núcleo acumbente, parece ser o sítio principal da vinculação das emoções prazerosas. Essa área possui alta concentração do neurotransmissor dopamina, serotonina e das endorfinas, envolvidas nas sensações de satisfação, recompensa e motivação O quarto componente, chamado de organização executiva, associa-se à atividade planejada e autorregulada, e organiza nossa ação em relação aos objetivos a curto e longo prazo. As áreas anteriores do cérebro, em especial as áreas pré-frontais e orbito frontais, desempenham um importante papel nessa função (atenção). Figura 3 – Cérebro em corte sagital Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). 21 3.2 Lesões Cerebrais É necessário ampliar o conceito de localização, que ao longo do tempo tem sido revisado, pois a atividade mental é um sistema funcional complexo, como descrito por Luria (1981), que envolve estruturas cerebrais trabalhando em conjunto. Diante disso, é crucial compreender a inter-relação das funções do ponto de vista neurobiológico e anatômico em contraposição às alterações. As lesões cerebrais correspondem a áreas no cérebro que sofreram danos. Quando ocorre uma lesão em áreas posteriores, é comum observar dificuldade de atenção simultânea. Essa dificuldade ocorre na síndrome de Balint, na qual a pessoa não consegue prestar atenção em vários estímulos ao mesmo tempo, prejudicando sua atenção dividida Lesões na área orbito frontal podem levar a uma perda de controle dos impulsos e uma maior atenção a estímulos externos, conhecida como "dependência do ambiente social", o que pode impactar diretamente na atenção concentrada. A região do giro do cíngulo anterior está relacionada à organização executiva, que pode modular seus próprios níveis de dopamina. Uma lesão nessa região pode comprometer todo o processo atencional devido à escassez de dopamina. Outra área relacionada à motivação é a amígdala cerebral, que, antes que o estímulo chegue aos lobos frontais, determina se o conteúdo emocional é ameaçador ou prazeroso. Lesões nessa região podem comprometer a atenção seletiva. Alterações na atenção podem ocorrer devido a questões neurobiológicas, como no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. De acordo com alguns estudos, quando o processo de sinapse não ocorre conforme o esperado, a comunicação entre os neurotransmissores pode ser alterada, resultando em desatenção e possivelmente impulsividade. É fundamental ter conhecimento conceitual e neurobiológico da atenção para identificar os processos esperados no desenvolvimento e os déficits causados por lesões ou doenças que comprometam a função. O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil é necessário paraidentificar possíveis alterações. Ruff e Rothbart (1996), observou que, aos 4 anos, 40% das crianças têm problemas de atenção suficientemente graves para chamar a atenção de pais e 22 professores. Quadros clínicos como epilepsias, defeitos cardíacos congênitos, hipotireoidismo, baixo peso ao nascer, perda auditiva e exposição fetal a teratógenos (álcool, drogas) estão associados a problemas de atenção na primeira e segunda infância. Os transtornos do neurodesenvolvimento e genéticos associados aos problemas de atenção incluem transtorno de déficit de atenção, paralisia cerebral, síndromes de Turner, Williams e X frágil, fenilcetonúria, neurofibromatose. Os sistemas atencionais estão associados a neurotransmissores de catecolaminas em regiões pré-frontal, estriatal e subcorticais, que apresentam rápida maturação nos anos de bebê e pré-escolares. Ruff e Rothbart (1996), demonstraram que dois sistemas atencionais se desenvolvem nos primeiros cinco anos de vida: O primeiro sistema é orientador e investigador, ativado no primeiro ano de vida, no qual a atenção é governada por novidade. O segundo sistema de controles superiores é dependente de input social e se torna gradativamente dominante, permitindo que a criança use a atenção em situações com demandas mais complexas. O desenvolvimento associado à visão está ligado à área parietal, que se desenvolve entre os 3 e 4 anos. Antes desse período, a criança pode ser enganada pela percepção, pois a área visual não está totalmente desenvolvida. É importante entender que o cérebro se comunica por meio de redes cerebrais integradas do ponto de vista neurobiológico. Estudos realizados por fisiologistas franceses já em 1974 antecipavam o que hoje é conhecido como plasticidade cerebral, a capacidade do cérebro de se reorganizar e desempenhar funções prejudicadas com a ajuda de áreas cerebrais remanescentes. 3.3 Avaliação neuropsicológica e instrumentos de avaliação A avaliação neuropsicológica é conduzida por meio de entrevistas, aplicação de testes e escalas. É essencial investigar fatores que possam interferir nos testes e escalas para evitar que situações irrelevantes comprometam os dados quantitativos. Os dados qualitativos buscam uma compreensão funcional, sendo relevante considerar as queixas e observar o comportamento em diferentes momentos da avaliação. 23 O uso de substâncias psicoativas, álcool, estados depressivos, ansiedade, estresse, sonolência e outros podem influenciar nos resultados dos testes de atenção e na avaliação como um todo, uma vez que a função atencional é fundamental para os processos cognitivos. A atenção pode ser vista como a habilidade que possibilita a ocorrência de outras funções mais complexas. Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013) descreve a atenção como uma função complexa associada às habilidades perceptivas (visuais, táteis, etc.), memória, afeto e níveis de consciência. Essas funções estão interligadas, e por meio da avaliação, é possível evidenciar aspectos secundários que podem impactar no desempenho da tarefa da atenção, não sendo possível separar uma função da outra. Os níveis de atenção variam durante o dia e podem ser afetados por um evento isolado, mesmo sem haver um déficit na habilidade avaliada. É importante conduzir uma entrevista para obter informações que possam ajudar a compreender a queixa relatada pelo familiar ou pelo próprio paciente. Quando a avaliação é solicitada pela escola ou por outros profissionais, é fundamental compreender o motivo. Tipos e níveis de atenção a serem avaliadas e seus instrumentos: • Atenção involuntária: assume um caráter mais primitivo, no qual o indivíduo parece ter menos atuação sobre a escolha de sua atenção, sendo uma função elementar, ou seja, de caráter biológico; • Atenção voluntária: sustentada, seletiva; alternada e dividida; • Atenção sustentada: capacidade de manter o foco da atenção ao longo do tempo, durante uma atividade contínua e repetitiva. Alguns autores a consideram como atenção concentrada; • Atenção seletiva: capacidade de responder a estímulos específicos e inibir as respostas aos estímulos distratores ou competitivos. Esse nível de atenção é multimodal: atenção seletiva auditiva e atenção seletiva visual; • Atenção alternada: capacidade de mudar o foco de atenção entre tarefas com demandas cognitivas diferentes, controlando qual informação prestará atenção em um dado momento; 24 • Atenção dividida: A capacidade de lidar simultaneamente com as demandas de várias tarefas. Isso envolve manter a atenção em mais de uma atividade ao mesmo tempo. Há divergências entre alguns autores, alguns dos quais sugerem que a atenção dividida seja simplesmente uma rápida modificação do foco da atenção, com a mesma função da alternância de atividades. Outros autores sugerem que, de fato, é possível dividir o foco da atenção entre mais de um estímulo, conforme indicado por alguns estudos. 3.4 Testes para avaliação da atenção Segundo Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), os testes são realizados utilizando uma caneta e o formulário de avaliação. O avaliado é instruído a fazer um traço (cancelar) sobre um ou mais estímulos, de acordo com o teste e o tipo de atenção a ser avaliada. Existem vários distratores, e o tempo é limitado de 1 a 5 minutos por folha. Além de contar o número de acertos, a avaliação do desempenho inclui a identificação do número de erros e omissões. Um aumento nos erros nos estágios finais do teste pode ser atribuído à fadiga, e uma maior omissão em um lado das folhas pode indicar sinais de perda de campo visual ou hemiplegia. • TEACO: teste de atenção concentrada (tempo de duração de 4 minutos); • TEADI: teste de atenção dividida (tempo de duração de 5 minutos); • TEALT: teste de atenção alternada (tempo de duração de 2 minutos e 30 segundos). 25 Figura 4 – Teste de atenção Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). Esse teste foi normatizado para a faixa etária de 18 até 61 anos. Pode ser aplicado em pessoas de ambos os sexos. Pode ser aplicado individualmente ou coletivamente. As instruções da aplicação e correção devem ser seguidas de forma rigorosa, de acordo com as normas descritas no manual de aplicação e correção. • Teste de STROOP: Teste para avaliar atenção seletiva e controle inibitório. Deve ser aplicado individualmente. A aplicação é feita por meio de três cartões que são apresentados. No primeiro cartão de cores, o sujeito deve falar as cores o mais rápido possível. O tempo que o sujeito leva para realizar a atividade deve ser registrado por cartão, assim como os erros e omissões devem ser registrados. No segundo cartão, o sujeito deve falar as cores que as palavras estão impressas o mais rápido possível, inibindo a leitura (falar) das palavras que estão escritas. No terceiro cartão apresentado o sujeito deve falar as cores impressas o mais rápido possível, inibindo a leitura (falar) da cor que está escrita; • Teste de desempenho contínuo – CPT (Contínuos Performance Test): Teste de atenção visual contínua que envolve as letras do alfabeto, tendo o estímulo alvo o X. Pode ser aplicado a partir de 6 anos. Para a idade de 26 4 e 5 anos, existe a adaptação com desenhos (sendo a bola o estímulo alvo). A tarefa consiste em teclar barra de espaços do computador o mais rápido possível a cada aparecimento de uma letra, exceto o X (ou a bola). Existe uma variação de tempo de exposição dos estímulos, sendo mais rápida ou mais lenta, o tempo é de 14 minutos para a faixa etária de 6 anos em diante. Para a idade de 4 e 5 anos, o tempo é de 6 minutos. 4 MEMÓRIA Para Gil (2002), um conceito claro e simples de memória é a habilidade de adquirir, armazenar e evocar informações. Essa definição foi descrita por uma autora que se dedica aos estudoscontemporâneos da memória e às possibilidades de intervenção para a reabilitação. A memória não é uma habilidade única; existe uma tipografia que diferencia seus processos. Pesquisas e estudos indicam que indivíduos com amnésia podem ter a capacidade de memória imediata preservada. Inicialmente, os processos mentais eram explorados pela filosofia. Gradualmente, esse campo passou a ser estudado por psicólogos experimentais, que começaram a analisar o funcionamento da mente de forma mais complexa, submetendo os fenômenos mentais a análises experimentais e quantitativas. Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013) destacam um estudo de memória conduzido em laboratório na década de 1880, onde se aplicava testes padronizados e homogêneos de memorização. A partir de experimentos, foi descoberto que as memórias têm diferentes durações: algumas duram pouco e são retidas por poucos minutos, enquanto outras persistem por dias ou meses. 27 Figura 5 – Hermann Ebbinghaus Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). Bueno (2015), fez uma distinção clara entre os conceitos de memória de curta e longa duração, afirmando que a memória de curta duração dura de segundos a minutos, enquanto a memória de longa duração pode persistir por meses, anos e até mesmo pela vida toda. Ao longo dos anos, houve avanços significativos na compreensão do funcionamento da memória e da perda de memória. Muitos estudos foram realizados sobre a perda de memória em pacientes amnésicos por várias causas, com a neuropsicologia contribuindo significativamente para esses avanços. Pesquisadores e estudiosos da memória concluem que ela envolve processos complexos pelos quais o indivíduo codifica, armazena e recupera informações. Durante a codificação, a informação a ser armazenada é processada. De acordo com os dados dos estudos do autor, a conservação é o processo que envolve o fortalecimento das representações enquanto estão sendo registradas, e a recuperação da informação pode envolver uma busca consciente ou inconsciente. 28 4.1 MEMÓRIA DE CURTA E LONGA DURAÇÃO Memória explícita ou declarativa Para Cypel (2007), a memória episódica está relacionada às experiências pessoais, com um contexto espacial e temporal, ou com conhecimentos autobiográficos. Por exemplo, lembrar onde estava no último aniversário ou recordar uma viagem passada. A memória semântica envolve o armazenamento de informações gerais, como fatos e significados de palavras. Esse tipo de memória é usado para saber a cor de uma fruta ou a capital da Itália, sem envolver um contexto espacial e temporal das informações. Memória implícita ou não declarativa Está associada ao armazenamento das habilidades que adquirimos. É uma memória de natureza reflexa sem exigir uma reflexão, é uma memória não declarativa, não precisa de conteúdos conscientes para o processo de aprendizagem acontecer, assim como a memória procedural que também é inconsciente e apresenta um funcionamento automático, como andar de bicicleta, escovar os dentes e pentear os cabelos. Memória de curta duração A memória operacional ou de trabalho refere-se às informações relevantes para a execução de uma tarefa específica, que são mantidas na mente apenas pelo tempo necessário e depois descartadas. Um exemplo comum é memorizar um número de telefone ou um documento. A memória de trabalho permite a retenção e manipulação simultânea da informação. A memória retrospectiva é a capacidade de recordar eventos passados. A memória prospectiva envolve a capacidade de lembrar de realizar algo após um certo período, como passar um recado ou lembrar de uma consulta médica. A memória de curta duração está relacionada à recuperação de informações em um curto período, geralmente limitado a até um minuto. A ciência tem prestado crescente atenção à memória emocional. Eventos com componentes afetivos geralmente têm um impacto maior em nossas memórias. A 29 amígdala, uma estrutura no lobo temporal medial, está associada à memória emocional. Estudos de neuroimagem confirmam o envolvimento da amígdala na modulação da memória emocional, especialmente durante a fase de codificação. 5 A APRENDIZAGEM E ALGUMAS TEORIAS CORRELATAS Para Luria (1981), o conceito de aprendizagem é variado, refletindo uma complexidade multifatorial. Devemos levar em conta fatores fisiológicos, emocionais, socioeconômicos e culturais. Aprender é uma das funções mais importantes para os seres humanos. Essa função se realiza através de um processamento neurológico que envolve tanto o ambiente quanto a pessoa que está aprendendo. O indivíduo aprende experimentando o mundo de acordo com os recursos disponíveis e suas próprias capacidades. O desenvolvimento ocorre nas seguintes etapas: • Desenvolvimento físico: com mudanças pertinentes ao crescimento do corpo físico da gestação até o fim da vida; • Desenvolvimento neurológico: depende da integridade do sistema nervoso central, da maturidade do cérebro e aspectos da alimentação e psicossociais; • Desenvolvimento psicossocial: é a relação com o meio nas esferas cognitiva e social; • Desenvolvimento psicomotor: sinalizado pela aprendizagem de atividades motoras difíceis. Malloy-Diniz et al. (2013), introduzem o conceito de processamento da informação, onde a informação é recebida sensorialmente e envolve fatores relacionados à compreensão, identificação, tomada de decisão e processos dependentes da complexidade das atividades integradas. Nesse contexto, o processamento da informação e a aprendizagem resultam em mudanças comportamentais baseadas na experiência. Inicialmente, as informações sensoriais, chamadas de funções de entrada (inputs), são recebidas do ambiente externo. O córtex cerebral é ativado para receber essas informações, ocorrendo a assimilação sensorial. Primeiro, a informação é armazenada na memória de curto 30 prazo. Para evocar essa informação, dados importantes são selecionados e dados irrelevantes são descartados. Após esse processo, ocorre a execução da resposta e a consolidação da aprendizagem (output). Quando as informações sensoriais são perdidas, ocorre a perda de informação devido a danos. Se a informação não é armazenada a curto prazo, há uma perda causada pela ineficácia do controle. Quando a informação não é repetida ou utilizada, há perda por enfraquecimento, impedindo a aprendizagem. A investigação cognitiva busca identificar as diferentes operações mentais necessárias para realizar tarefas envolvendo várias funções como memória, linguagem, atenção e funções executivas. Rueda (2010), sugere que possuímos uma estrutura biológica, anatômica e fisiológica, e um cérebro que se desenvolve através da aquisição de conhecimentos. Pode-se pensar em uma anatomia da aprendizagem, que implica na análise e compreensão da relação entre cognição e os elementos neurais responsáveis pelas funções nervosas superiores, permitindo a conexão entre o sistema nervoso central e o processo de aprender, sendo o processo de sinapse o elo dessa associação. Para que o processo de aprendizagem ocorra plenamente e para compreender a neurociência do ensino, é essencial conhecer a anatomia da aprendizagem e como as regiões do cérebro são estimuladas e processam as informações. A década de 1990 ficou conhecida como a "década do cérebro" devido aos avanços tecnológicos na neuroimagem e na neurobiologia molecular. Com esses recursos, a neurociência avançou em pesquisas, inicialmente com estudos sobre lesões encefálicas e no diálogo com outras áreas do conhecimento, incluindo a educação como uma disciplina transdisciplinar, visando melhorar as práticas educacionais. Atualmente, investe-se na neuroeducação, uma vez que a aprendizagem é caracterizada pela formação e consolidação de sinapses. Ao aprender algo novo, ocorre uma mudança estruturalno sistema nervoso cerebral. Com esse entendimento, educadores buscam a neurociência, além de outras teorias, para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem. 31 5.1 Teorias Segundo Rueda (2010), entre as décadas de 1950 e 1970, a aprendizagem passou a ser analisada com um enfoque acadêmico. As pesquisas realizadas nesse período introduziram inúmeros conceitos para tentar explicar como esse processo ocorre. As teorias da aprendizagem são modelos científicos desenvolvidos para entender os processos de ensino e aprendizagem. Ao longo da história da psicologia e do desenvolvimento, buscou-se responder às questões e inquietações das escolas. Nesse desenvolvimento teórico, é comum que uma teoria se posicione em oposição a outra, com algumas surgindo simultaneamente, mas seguindo caminhos distintos. O behaviorismo é um modelo teórico que considera a aprendizagem como uma mudança de comportamento, baseada em reforços positivos e negativos. Os principais teóricos dessa abordagem são Skinner, Pavlov, Watson e Thorndike. Já a teoria cognitiva investiga processos mentais centrais nos indivíduos, como o processamento de informações, estilos de pensamento e organização mental. Conforme mencionado por Rueda (2010), os teóricos de destaque nessa abordagem incluem Ausubel, que acreditava que a aprendizagem ocorre por recepção, descoberta e repetição e introduziu o conceito de aprendizagem significativa; Bruner, que associou a aprendizagem à motivação e analisou a importância da estrutura e consequência; e Piaget, que trouxe a ideia do ensino pelo reforço e abordou aspectos epistemológicos, genéticos e de tomada de consciência. Os teóricos humanistas consideram o professor como um facilitador da aprendizagem. Carl Rogers, por exemplo, defendeu que o conhecimento é construído por meio da interação entre experiência pessoal e subjetiva, desconsiderando exames e testes. Neil, por sua vez, enfatizou a singularidade de cada aluno, acreditando que a educação deve ser tanto intelectual quanto emocional, e rejeitando o uso de recursos audiovisuais como meros reprodutores de informação. A teoria sócio-histórica, por sua vez, destaca os aspectos sociopolíticos e culturais. Vygotsky introduziu a teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), que valida a mediação com o "outro" como base para o processo de aprendizagem. 32 Paulo Freire também sublinhou a importância do contexto e das experiências prévias do aluno, defendendo mudanças no ensino tradicional. Outra teoria emergente, ainda não totalmente consolidada, é o conectivismo, que postula que a aprendizagem ocorre em redes. Entre as teorias que mais se destacaram estão as de Piaget e Vygotsky. Piaget, em sua teoria do desenvolvimento mental, evidenciou que a aprendizagem ocorre por meio de processos de adaptação, assimilação e acomodação. A assimilação se refere à incorporação de novas informações em esquemas preexistentes, enquanto a acomodação envolve a modificação desses esquemas para integrar novas informações ou experiências. Portanto, as contribuições de Piaget e Vygotsky são fundamentais, com Piaget focando no desenvolvimento mental e na adaptação, e Vygotsky enfatizando a mediação social como essencial para a aprendizagem. Figura 6 – Piaget Fonte: Adaptado de Rueda (2010). A teoria sócio-histórica enfatiza os fatores sociopolíticos e culturais. Vygotsky introduziu sua teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que destacava a importância da mediação com o "outro" como fundamental para o processo de aprendizagem. 33 Figura 7 – Vygotsky Fonte: Adaptado de Rueda (2010). A memória desempenha um papel crucial no processo de aprendizagem, pois é por meio dela que consolidamos nossos conhecimentos. Em condições neurodegenerativas, como nas demências, há um agravamento das dificuldades de aprendizagem. O indivíduo começa a enfrentar problemas para captar, armazenar e recuperar novas informações. De acordo com Rueda (2010), sob a perspectiva da neurociência, a aprendizagem está ligada a mudanças no sistema nervoso e, consequentemente, em nosso comportamento. As experiências que vivenciamos geram registros, ou novas memórias, que são facilitadas pela neuroplasticidade através de alterações químicas, morfológicas e anatômicas. Atualmente, pesquisas demonstram que a interrupção do processo eletroquímico das sinapses pode causar mutações em genes essenciais para o armazenamento e decodificação das informações. Quando ocorre um bloqueio na transmissão das proteínas responsáveis pela formação da memória, e consequentemente pela aprendizagem, é esperado o surgimento de transtornos do desenvolvimento. Se o bloqueio das proteínas acontecer durante o processo de sinapse na região do hipocampo, a formação de memórias explícitas será prejudicada. Doenças 34 como a neurofibromatose podem comprometer as funções cognitivas. Outras síndromes também podem se manifestar se houver bloqueio das proteínas na sinapse no hipocampo. Em casos de encefalopatia, é comum que o indivíduo apresente problemas de memória e, por consequência, na capacidade de aprender. Conforme descrito na literatura, a pessoa passa a viver de acordo com a lei de Ribout, vivendo no passado e incapaz de formar novas memórias, perdendo gradualmente as mais recentes. No filme "Como se fosse a primeira vez", a personagem sofre um acidente de carro que resulta em um Traumatismo Crânio Encefálico (TCE). Após o acidente, ela perde a capacidade de aprender novas informações e esquece eventos ocorridos pouco antes do acidente, necessitando ser constantemente lembrada de partes de sua vida, pois sua capacidade de retenção de novas informações foi perdida. Os laboratórios estão cada vez mais investindo na descoberta de mutações em genes que codificam elementos envolvidos no processo de sinapse, pois as pesquisas indicam que essas mutações são fatores determinantes em doenças que prejudicam o desenvolvimento mental, resultando em atraso mental nos indivíduos afetados. Por outro lado, a exacerbação dessa via poderia levar o indivíduo a aprender de forma exaustiva. 5.2 Transtorno de aprendizagem Para Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), o transtorno específico da aprendizagem é um distúrbio do neurodesenvolvimento com uma base biológica que causa anormalidades no nível cognitivo, as quais se manifestam em comportamentos específicos. Essa base biológica resulta da interação entre fatores genéticos e ambientais que afetam a capacidade do cérebro de perceber ou processar informações verbais e não verbais de forma competente e precisa. A causa exata do transtorno de aprendizagem não é conhecida, existindo apenas hipóteses sobre sua origem. A etiologia dos transtornos de aprendizagem não é definitivamente conhecida, mas sugere a presença de componentes biológicos associados a outros fatores. Ambos os manuais citados descrevem três tipos específicos de transtornos. A seguir, apresentamos os critérios de diagnóstico: 35 Transtorno com prejuízo na leitura: • Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço. A criança tende a inventar ou adivinhar as palavras, lê fragmentando de forma isolada e lenta; • Dificuldade para entender o sentido do que é lido. Pode conseguir verbalizar o texto, mas não consegue realizar o processo de compreensão. Transtorno da expressão escrita: • Dificuldades para ortografia. A criança pode omitir ou incluir letras, trocar as vogais por consoantes; • Dificuldades com a expressão escrita. A criança tem dificuldade na pontuação e na gramática com organização desajustada dos parágrafos e frases confusas. A dislexia é de causa neurobiológica, a qual consiste na dificuldade na fluência de leitura pela dificuldade de decodificação dos sons e letras. Figura 6 – Dislexia Fonte:Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). 36 Transtorno da matemática Dificuldades em dominar símbolos numéricos, cálculos ou fatos numéricos. Esse transtorno prejudica o manuseio de números e compromete o raciocínio necessário para solucionar problemas. Figura 7 – Discalculia Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). Avaliação, teste e tratamento A avaliação dos transtornos geralmente é realizada por uma equipe multidisciplinar. Os profissionais envolvidos costumam incluir o professor, neuropediatra, psiquiatra, psicólogo, neuropsicólogo e terapeuta ocupacional. Essa avaliação é conduzida por meio de observações dos professores, avaliação neuropsicológica e dados clínicos, entre outros. • Teste de Aprendizagem Auditivo – Verbal de Rey (RAVLT): Esse teste avalia o processo de aprendizagem através da memória por repetição. É comumente utilizado para examinar a curva de aprendizagem. Na versão brasileira, o teste apresenta uma lista de 15 palavras. Ele é composto por uma lista de repetição, incluindo uma lista de 15 palavras de interferência e uma lista de palavras para reconhecimento. O teste é dividido da seguinte forma: 37 • Tentativa e repetição (A1) - (A2) – (A3) – (A4) – (A5); • Interferência (A6) e reconhecimento; • Memória (7) aplicada após 20 minutos. Figura 8 – Manual Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). Diagnóstico O diagnóstico dos transtornos de aprendizagem é complexo e requer um trabalho interdisciplinar. Os profissionais mais indicados para compor essa equipe são neuropediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e terapeutas ocupacionais. A avaliação deve ser realizada por meio de uma série de testes e com informações dos outros profissionais. É essencial coletar dados para entender como a criança aprende e suas dificuldades, a fim de traçar um perfil cognitivo. É importante destacar que exames clínicos, como ressonância magnética, eletroencefalograma e tomografia, podem apresentar resultados normais, mesmo 38 que a pessoa tenha um distúrbio de aprendizagem. Um bom relato dos professores e da família também é fundamental. O tratamento dos transtornos de aprendizagem é realizado nas seguintes áreas: • Psicopedagogia; • Psicologia; • Fonoaudiologia; • Terapeuta ocupacional. Os tratamentos têm como objetivo fornecer estratégias para minimizar o impacto no processo de aprendizagem. É essencial trabalhar em equipe, oferecendo orientações para pais e professores. Atualmente, os profissionais enfatizam a importância de ler um texto e paráfraseá-lo conforme a necessidade da criança, além de oferecer sinônimos e explicações sobre o significado das palavras. Também é útil fornecer materiais que despertem o interesse da criança, buscando sempre incentivá-la. É necessário permitir que a criança leia, mesmo que isso envolva substituição de palavras, narrativa e ilustrações. 6 FUNÇÕES EXECUTIVAS Imagine como seria se você não fosse capaz de planejar, monitorar e controlar os seus processos de aprendizagem e as suas atividades do cotidiano. E, ainda, se você não pudesse corrigir as suas ações durante a realização de uma atividade, porque não tem consciência exata do que está fazendo. Com certeza, a sua vida acadêmica e cotidiana seria muito desorganizada e você perderia muito mais tempo para realizar as atividades do seu dia a dia. Nós podemos agir de forma planejada e consciente, porque temos a ajuda das funções cerebrais executivas, que nos dão a capacidade de ter a consciência de nossos atos e pensamentos e de monitorar e autorregular os nossos comportamentos. Elas são compostas por áreas cerebrais e pela utilização de recursos cognitivos, cujo papel principal é iniciar e desenvolver atividades mentais para o alcance de objetivos específicos (CYPEL, 2007). 39 As funções cerebrais executivas respondem pela organização das capacidades de percepção, memória e atividades do cotidiano. Assim, auxiliam na busca do melhor caminho para se alcançar um objetivo; são responsáveis pela decisão de se iniciar uma proposta de trabalho; planejam, executam e monitoram as etapas de um projeto, alterando o modelo original quando necessário; além de avaliarem o resultado de acordo com o objetivo inicial estabelecido. Figura 9 – Funções executivas na elaboração de ações Fonte: Adaptado de Cypel (2007). De acordo com Malloy-Diniz et al. (2013), as funções executivas são um conjunto de habilidades que operam de forma integrada, permitindo-nos direcionar nossos comportamentos em relação a metas, avaliar a eficiência e adequação dessas ações e abandonar estratégias ineficazes em favor de outras mais eficientes para resolver problemas imediatos, de médio e longo prazo. Elas são acionadas quando precisamos elaborar planos de ação e selecionar adequadamente as respostas para realizar tarefas cotidianas com sucesso. Utilizando essas funções, o indivíduo é capaz de identificar claramente o objetivo final a ser alcançado e elaborar um planejamento hierárquico de metas para facilitar o alcance de seus resultados. Em seguida, ele executa as etapas planejadas, avaliando constantemente o sucesso alcançado em cada uma delas, 40 corrigindo as que não foram bem-sucedidas e escolhendo novas estratégias, se necessário. Durante a execução, o indivíduo mantém a atenção na atividade que está realizando, monitorando as etapas concluídas, as que estão em andamento e as que ainda serão realizadas. Para isso, ele precisa armazenar temporariamente as informações usadas ao longo da tarefa, protegendo a memória dos efeitos de estímulos distratores. A organização dos procedimentos para a realização das atividades, proporcionada pelas funções executivas, garante um melhor desempenho nas tarefas do dia a dia, especialmente as mais complexas, que exigem maior seleção de etapas hierarquizadas e administração de várias informações, bem como atividades inéditas, ou seja, aquelas que o indivíduo realiza pela primeira vez. Assim, falhas nas funções executivas transformam a realização de atividades cotidianas em desafios para pessoas com comprometimentos cerebrais adquiridos ou com desenvolvimento anormal do sistema nervoso. Inicialmente, o termo “funções executivas” era utilizado de forma restrita para definir objetivos, iniciar, inibir, planejar, alternar e monitorar ações. Estudos recentes incorporaram ao domínio dessas funções a cognição social, a teoria da mente, os processos estratégicos da memória episódica, o insight e a metacognição. As funções executivas são responsáveis pelo controle cognitivo necessário para alcançar um objetivo específico e são essenciais para um comportamento independente, criativo e socialmente construtivo. Elas são agrupadas em dois tipos de componentes: • Componentes “frios”: ocorrem quando os processos das funções executivas não envolvem muita excitação emocional e são baseados no raciocínio lógico ou mais mecanicista; • Componentes “quentes”: quando os processos das funções executivas envolvem emoções, crenças e desejos, como no caso de experiências de recompensa e punição, na regulação do comportamento social e na tomada de decisão que envolve a interpretação emocional e de aspectos pessoais. As funções executivas envolvem o uso das seguintes capacidades: 41 • Memória operacional ou de trabalho: é o sistema de capacidade limitada de representação transitória de informações relevantes para a realização de uma determinada tarefa; • Atenção seletiva: é a seleção das informações relevantes para a execução de uma determinada tarefa em um dado momento; • Controle inibitório: é a habilidade de inibir a atenção a estímulos irrelevantes ou distratores e a respostas a esses estímulos; • Flexibilidade cognitiva: é a capacidade de mudar ocurso de ações ou cognições em andamento, alternando o foco da atenção entre duas ou mais tarefas; • Planejamento: é a identificação de objetivos e subobjetivos e a delimitação da sequência de passos para alcançá-los; • Automonitoramento: são a regulação e a correção do curso do comportamento e da cognição a fim de atingir metas. Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), classificam as funções executivas em três habilidades essenciais: 1. Atualização: são o constante monitoramento e a rápida transmissão de conteúdo da memória operacional ou de trabalho, que corresponde à capacidade do cérebro de assimilar as informações à medida que se realiza uma determinada tarefa. 2. Alternância: é a flexibilidade de revezamento entre as tarefas ou os conjuntos de processos mentais envolvidos nas tarefas. 3. Inibição: é a capacidade de inibir ou frear as respostas que são mais habituais em uma determinada situação para que não ocorram de modo automático. Esses autores acreditam que outras habilidades das funções executivas, como o planejamento das atividades, estão incluídas nas três habilidades principais e que essas habilidades podem ser decompostas em subprocessos, como monitoramento, adição, manutenção ativa e atualização. Dessa forma, tarefas apropriadas são úteis para identificar as diferenças individuais no uso desses subprocessos. 42 6.1 Funções executivas: neurobiologia e ciclo vital Conforme lecionado por Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013), o desenvolvimento das funções executivas nas espécies animais, ou seja, na evolução filogenética, essas funções atingiram seu ápice na espécie humana. Assim, o desenvolvimento das funções executivas é um marco adaptativo significativo da espécie humana, associado a comportamentos típicos da nossa natureza, como altruísmo, formação de coalizões e capacidade de imitação e de aprendizagem, aprendidos por meio da observação do comportamento dos nossos semelhantes. Além disso, temos a capacidade de usar ferramentas cognitivas para resolver problemas, habilidades comunicativas e a aptidão para lidar com grupos, ainda que nos protegendo de suas influências e manipulações. No entanto, em comparação com o desenvolvimento individual da espécie humana, ou seja, a evolução ontogenética, as funções executivas atingem seu ápice mais tardiamente em relação às outras funções cognitivas. Elas se desenvolvem intensamente entre os 6 e 8 anos de idade, continuando a se desenvolver até o final da adolescência e início da idade adulta. Mesmo que a maturação ocorra mais tarde, o desenvolvimento dessas funções começa no primeiro ano de vida e seus comprometimentos podem ser identificados em bebês a partir de 9 meses. O desenvolvimento inicial dessas funções é crucial para a adaptação social e ocupacional e para a saúde mental em fases posteriores da vida, pois, embora não sejam usadas para diferenciar síndromes neuropsiquiátricas, são essenciais para determinar o risco de surgimento de transtornos infantis. Apesar das disfunções executivas não serem condições necessárias ou suficientes para o surgimento de psicopatologias como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o autismo, acredita-se que a presença inicial de uma disfunção executiva aumentaria o risco desses transtornos e a gravidade deles, já que essas disfunções reduzem a capacidade de reorganização dos sistemas neurais compensatórios e de lidar com adversidades cotidianas. Estudos realizados com populações não clínicas mostraram que o desenvolvimento inicial de algumas funções executivas está diretamente relacionado ao sucesso em várias atividades e áreas da vida. 43 Em um estudo clássico na Psicologia do Desenvolvimento, o psicólogo Walter Mischel avaliou um grupo de crianças de 4 anos quanto à capacidade de adiar uma gratificação imediata, utilizando a famosa tarefa dos marshmallows. Nesse teste, a criança recebia um marshmallow e um sino e era informada que, se esperasse um tempo, ganharia um segundo marshmallow; ou, se preferisse, poderia comer o marshmallow imediatamente e não ganharia o segundo. Durante o período de espera, ela poderia tocar o sino a qualquer momento para sinalizar sua desistência do segundo marshmallow. As crianças que participaram da pesquisa foram acompanhadas por vários anos, e diversos estudos foram derivados dessa pesquisa inicial, demonstrando que aquelas que conseguiram adiar a gratificação aos 4 anos tiveram melhor desempenho em cognição social, enfrentamento de adversidades e desempenho acadêmico na adolescência. Figura 10 – Lobo pré-frontal Fonte: Adaptado de Malloy-Diniz; Camargo; Consenza (2013). A capacidade de adiar a gratificação aos 4 anos também previu o desempenho em tarefas de inibição de respostas aos 18 anos. Um estudo de Casey e colaboradores encontrou diferenças entre aqueles que adiaram a gratificação aos 4 anos e os que não o fizeram, agora com 40 anos, verificando que, do final da adolescência até a maturidade, as funções executivas passaram por um período de relativa estabilidade, mas tendem a diminuir naturalmente ao longo do 44 envelhecimento. Assim, o desenvolvimento das funções executivas ao longo da vida apresenta um formato de "U" invertido. 6.2 Funções executivas e metacognição Os processos proporcionados pelas funções executivas se manifestam em diversas habilidades além das cognitivas, como na tomada de decisões pessoais e nas interações sociais, por exemplo, no planejamento de uma viagem ou na compra de um imóvel. Entretanto, como as atividades escolares requerem autonomia e o uso de recursos de atenção e organização mental, as funções executivas cerebrais precisam ser ativadas para um planejamento, execução e controle mais eficazes dessas atividades (CYPEL, 2007). Os estudos sobre a aprendizagem têm relacionado o processo de aprender às capacidades de planejamento e regulação das próprias atividades em função de objetivos específicos, conhecido como metacognição. Metacognição é o “pensar sobre o próprio pensamento”, mas este processo pode abranger qualquer aspecto psicológico, como emoções ou motivações. Quando ouvimos comentários de alunos como “se eu tivesse prestado atenção na sala de aula, agora lembraria a matéria” ou “se não estivesse nervoso no vestibular, teria lembrado a maioria das respostas”, está evidente um conhecimento adquirido pela experiência sobre o próprio funcionamento cognitivo e afetivo. Os indivíduos metacognitivamente hábeis conseguem apreender e aplicar diversos conhecimentos para melhorar seu desempenho acadêmico, tornando-se aprendizes eficientes. Para Bueno (2015), as pessoas com boas capacidades metacognitivas estão conscientes do que sabem e de como, porque, onde e quando usar esse conhecimento. Portanto, de modo geral, a aprendizagem envolve processos metacognitivos, pois transforma informações adquiridas em conhecimento. É importante destacar que os processos metacognitivos também são processos cognitivos, tornando difícil delimitar as fronteiras entre o que é cognitivo e metacognitivo. Em um ambiente de aprendizagem adequado em termos de espaço, é possível encontrar atividades e recursos que os alunos podem usar como 45 ferramentas para interpretar informações resultantes da interação com outras pessoas. Assim, eles podem explorar suas estratégias e metas de aprendizagem com autonomia e responsabilidade pela construção de seu próprio conhecimento, realizando atividades em grupo, trocando aprendizados entre si e com o ambiente. O uso da metacognição permite o armazenamento de elementos de informação ou a representação de fatos, incorporando novas informações às já armazenadas. Apesar de o desenvolvimento da metacognição ser um dos objetivos da educação escolar, ou seja, permitir que os alunos planejem ações futuras com base nos conhecimentos adquiridose sejam capazes de identificar e procurar métodos mais eficazes para superar dificuldades, nem sempre é ensinado nas salas de aula. Existem pessoas com capacidades metacognitivas, mas essas capacidades precisam ser desenvolvidas e aprimoradas pela escola para que todos os alunos sejam capazes de usá-las. Os alunos, em geral, dependem muito das correções de provas e das notas atribuídas pelos professores, mais do que de suas próprias avaliações internas, ou seja, do seu automonitoramento. Assim, o professor deve incentivá-los a planejar seus próprios métodos de estudo, a se autoavaliar e a buscar formas de superar dificuldades. Ele deve capacitá-los a desenvolver a habilidade de refletir sobre a melhor forma de aprender e trabalhar com a metacognição. Isso não significa que os professores devem parar de ensinar, esperando que as crianças aprendam sozinhas, nem que devem deixar de avaliar seus alunos. Pelo contrário, eles devem organizar e apresentar os conteúdos escolares e avaliar tanto os alunos quanto seus próprios métodos de ensino. As funções cerebrais executivas ajudam a “executar” as atividades de aprendizagem, auxiliando no planejamento e monitoramento dos processos acadêmicos. No que tange à metacognição, o conhecimento metacognitivo refere-se ao conhecimento adquirido pelo indivíduo sobre todo o aparato cognitivo (mente e características psicológicas) e às experiências metacognitivas (consciência das experiências cognitivas e afetivas que acompanham cada empreendimento cognitivo). Assim, escolas que estimulam e promovem o raciocínio e orientam a tomada de decisões acertadas ensinam os alunos a controlar melhor a impulsividade, aumentando a capacidade de reflexão e planejamento. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, O. F. A. Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2015. CYPEL, S. Déficit de atenção e hiperatividade e as funções executivas: atualização para pais, professores e profissionais da saúde. 3. ed. São Paulo: Lemos Editorial, 2007.l GIL, R. Neuropsicologia: Lobo pré-frontal e atenção. São Paulo: Livraria Santos, 2002. LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia das funções executivas e da atenção. Porto Alegre: Artmed, 2013. MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P.; CONSENZA, R. M. Neuropsicologia. Porto Alegre: Artmed, 2013. MISCHEL, W. Psicologia do Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2016. RUEDA, F. J. M. Teste de Atenção Concentrada: TEACO-FF. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. RUEDA, F. J. M. Teste de Atenção Dividida: TEADI e Teste de Atenção Alternada – TEALT: manual. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. RUFF, H. A.; ROTHBART, M. K. Attention in early development: themes and variations. Nova York: Oxford University Press, 1996. TITCHENER, E. B. Lectures on the elementary psychology of feeling and attention. Nova Iorque: MacMillan Co, 1908. VYGOTSKY, L. S. (1926). A educação estética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.