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Zumbi, de Antonio Parreiras, 1927. Óleo sobre tela, 113 cm × 86 cm. Museu Antônio Parreiras (RJ). Zumbi foi marido de Dandara, guerreira negra do período colonial que elaborava estratégias de resistência do quilombo. 1. Segundo alguns historiadores, há indícios que, du- rante o período colonial, algumas pessoas escraviza- das trabalhavam em lavouras de plantio diversifica- do, não apenas nas plantation. Essa produção servia tanto para consumo próprio quanto para troca e co- mercialização do excedente. Esse processo foi deno- minado pelos historiadores de “brecha camponesa”. Compare os trechos a seguir e discuta com seus colegas as diferentes interpretações que cada autor fornece em relação a esse fato. [...] O que queremos significar – e cremos que também Lepkowiski, ao criar a expressão – é uma brecha para o escravo, como se diria hoje “um espaço”, situado sem dúvida dentro do sistema, mas abrindo possibilidades inéditas para ativida- des autônomas dos cativos. CARDOSO, Ciro Flamarion. Escravo ou camponês? O protocampesinato negro nas Américas. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 122. [...] a metáfora “brecha” [...] remete a uma “fenda em alguma coisa” (no caso, no “modo de produção escravista colonial”), não a uma “trin- cheira” definida por relações de conflito. SLENES, Robert W. Na senzala, uma flor. Esperanças e recordações na formação da família escrava. 2. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2011. p. 203. Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta atividade.Explorando NÃO ESCREVA NO LIVRO Dica Guerras do Brasil.doc é uma sé- rie documental do diretor Luiz Bolognesi que ajuda a entender a his- tória do país. Com cinco episódios, cada um deles apresenta um conflito fundamental. Entre eles: a “conquista” do território, as Guerras de Palmares, a Guerra do Paraguai, a Revolução de 1930 e os conflitos con temporâneos do tráfico de drogas. Guerras do Brasil.doc. Direção de Luiz Bolognesi. Brasil: Buriti Filmes, 2018 (26 min). comércio dos bandeirantes. Eles partiam principalmente de São Paulo, seguindo o percurso do rio Tietê, mas percorreram territórios que hoje correspondem aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, onde foram encontradas minas de ouro, iniciando a exploração de minérios na colônia. Durante o século XVII, a pecuária foi ocupando o interior, afas- tando-se da região produtora de cana-de-açúcar no litoral. Com o declínio das bandeiras apresadoras, os bandeirantes passaram a ser contratados por fazendeiros e senhores de engenho para prote- ger a posse de suas terras, gado e atacar quilombos. Esse era o ser- tanismo de contrato. Muitos bandeirantes recebiam sesmarias como recompensa, como é o caso de Domingos Jorge Velho (1641- -1705), que participou da destruição do Quilombo dos Palmares, no atual estado de Alagoas, em 1694 e recebeu uma sesmaria na região, estabelecendo-se como fazendeiro de gado. No século XVIII, a dominação colonial sobre a região Centro-Sul era predominante devido à exploração mineral, mas, com a crise da mi- neração do final do mesmo século, houve a revalorização do açúcar e a intensificação de outras frentes agrícolas, como o algodão e o tabaco. Por fim, no século XIX, no Brasil imperial, o café tornou-se o principal produto no Sudeste e, no último quartel daquele século, a borracha, no extremo norte. Assim, pau-brasil, açúcar, drogas do sertão, ouro, gado, algodão, café e borracha foram os principais ciclos econômicos relacionados à “toma- da” do território brasileiro entre os séculos XVI e XIX. Partindo do litoral em direção ao interior, a posse dessas terras nas mãos de poucos proprietários foi estabelecida por meio de favoreci- mentos, com esquemas como os de capitanias hereditárias, sesmarias e sertanismo de contrato, e gerou uma exploração extremamente degra- dante do ponto de vista ambiental. R e p ro d u ç ã o /M u s e u A n tô n io P a rr e ir a s , N it e ro i, R J 117 V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 117V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 117 10/09/2020 11:5210/09/2020 11:52 IBGE. Plataforma Geográfica Interativa. Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil. Disponível em: https://www. ibge.gov.br/apps/biomas. Acesso em: 10 maio de 2020. TEMA 2 Biomas brasileiros: caracterização e descaracterização A palavra bioma deriva do grego bio (vida) e oma (grupo, conjunto, volume, massa). De forma geral, podemos definir um bioma como uma unidade com seus elementos bióticos (conjunto de seres vivos, produtores, macroconsumidores ou microconsumidores) e abióticos (influências que os seres vivos sofrem, como luz, temperatura, pH, regime climático e solo). Para a comunidade científica, a definição é um pouco mais complexa. Um bioma se define por pequenas ou extensas áreas, que podem ocupar mais de um milhão de quilômetros quadrados. Um mesmo tipo de bioma pode aparecer em distintas áreas geográficas ao redor do globo. Cada um deles possui uma coerência de macroclima, de formação vegetal (fitofisionomia), de tipos de fauna e outros organismos vivos associa- dos, além de altitude, tipo de solo e características menos esperadas, como alagamen- tos, fogo natural e salinidade. Isto é, os biomas correspondem a zonas que compreen- dem todo um ecossistema; por isso, a ameaça geral aos biomas pode ser compreendi- da como um problema ainda mais grave do que a extinção de espécies específicas, pois o desaparecimento de um bioma significa o fim de ambientes completos. Biomas e domínios morfoclimáticos no Brasil Há diferentes maneiras de se definir os biomas, dependendo do que está sendo considerado como fator predominante em sua constituição, como a vegetação ou o clima, por exemplo. No Brasil, é mais comum a definição dos domí- nios morfoclimáticos, que associam clima, relevo e vegetação. O geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber (1924-2012) elaborou uma classificação desses domínios: Amazô- nico, Araucárias, Mares de Morros, Caatinga, Cerrado e Pradarias. No entanto, é importante ressaltar que do- mínios morfoclimáticos e biomas não são sinônimos. O bioma representa um tipo de ambiente uniforme em suas características gerais. O domínio é mais hete- rogêneo e pode compreender alguns biomas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística (IBGE), existem seis biomas no Brasil: Ama- zônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, além do Sistema Costeiro-Marinho, incor- porado em 2019. De acordo com o IBGE, no rela- trio Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, um bioma seria definido por um conjunto de tipos O professor de Geogra� a é indicado, prioritariamente, para o trabalho deste segmento. Brasil: biomas e sistema costeiro-marinho Ð 2019 Guiana Francesa (FRA) VENEZUELA COLÔMBIA PERU PARAGUAI BOLÍVIA GUIANA SURINAME CHILE ARGENTINA URUGUAI OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO apricórnio Equador 0° 50° O Trópico de Capricórnio MG ES RJSP MS PR SC RS DF GO MA AP TO BA PI CE PB RN PE AL SE RR AM AC RO PA MT Amazônia Caatinga Biomas Costeiro-Marinho Sistema Cerrado Mata Atlântica Pampa Pantanal Estadual Limites Internacional Mar territorial (12 milhas) 0 590 km E ri c s o n G u ilh e rm e L u c ia n o /A rq u iv o d a e d it o ra Fonte: elaborado com base em IBGE. Biomas e Sistema Costeiro-marinho. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/biomas/. Acesso em: 13 jul. 2020. 118 V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 118V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 118 10/09/2020 11:5210/09/2020 11:52