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Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MEDICINA ANATOMIA DE SISTEMAS SISTEMA RESPIRATÓRIO Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA NARIZ O nariz é a parte do sistema respiratório situada acima do palato duro, contendo o órgão periférico do olfato. Inclui a parte externa do nariz e a cavidade nasal, que é dividida em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal. As funções do nariz são olfato, respiração, filtração de poeira, umidificação do ar inspirado, além de recepção e eliminação de secreções dos seios paranasais e ductos lacrimonasais. Parte externa do nariz A parte externa do nariz é a parte visível que se projeta da face; seu esqueleto é principalmente cartilagíneo. O tamanho e o formato dos narizes variam muito, principalmente por causa das diferenças nessas cartilagens. O dorso do nariz estende-se da raiz até o ápice (ponta) do nariz. A face inferior do nariz é perfurada por duas aberturas piriformes (em forma de pera), as narinas (aberturas nasais anteriores), que são limitadas lateralmente pelas asas do nariz. A parte óssea superior do nariz, inclusive sua raiz, é coberta por pele fina. A pele sobre a parte cartilagínea do nariz é coberta por pele mais espessa, que contém muitas glândulas sebáceas. A pele estende-se até o vestíbulo do nariz, onde tem um número variável de pelos rígidos (vibrissas). Como geralmente estão úmidos, esses pelos filtram partículas de poeira do ar que entra na cavidade nasal. A junção da pele e da túnica mucosa está além da área que tem pelos. ESQUELETO DO NARIZ O esqueleto de sustentação do nariz é formado por osso e cartilagem hialina. A parte óssea do nariz consiste em ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do frontal e sua espinha nasal, e partes ósseas do septo nasal. A parte cartilagínea do nariz é formada por cinco cartilagens principais: duas cartilagens laterais, duas cartilagens alares e uma cartilagem do septo. As cartilagens alares, em forma de U, são livres e móveis; dilatam ou estreitam as narinas quando há contração dos músculos que atuam sobre o nariz. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA SEPTO NASAL O septo nasal divide a câmara do nariz em duas cavidades nasais. O septo tem uma parte óssea e uma parte cartilagínea móvel flexível. Os principais componentes do septo nasal são a lâmina perpendicular do etmoide, o vômer e a cartilagem do septo. A fina lâmina perpendicular do etmoide, que forma a parte superior do septo nasal, desce a partir da lâmina cribriforme e continua superiormente a essa lâmina como a crista etmoidal. O vômer, um osso fino e plano, forma a parte posteroinferior do septo nasal, com alguma contribuição das cristas nasais da maxila e do palatino. A cartilagem do septo tem uma articulação do tipo macho e fêmea com as margens do septo ósseo. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cavidades nasais O termo cavidade nasal refere-se a toda a cavidade ou à metade direita ou esquerda, dependendo do contexto. A entrada da cavidade nasal é anterior, através das narinas. Abre-se posteriormente na parte nasal da faringe através dos cóanos. É revestida por túnica mucosa, com exceção do vestíbulo nasal, que é revestido por pele. A túnica mucosa do nariz está firmemente unida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens que sustentam o nariz. A túnica mucosa é contínua com o revestimento de todas as câmaras com as quais as cavidades nasais se comunicam: a parte nasal da faringe na parte posterior, os seios paranasais nas partes superior e lateral, e o saco lacrimal e a túnica conjuntiva na parte superior. Os dois terços inferiores da túnica mucosa do nariz correspondem à área respiratória e o terço superior é a área olfatória. O ar que passa sobre a área respiratória é aquecido e umedecido antes de atravessar o restante das vias respiratórias superiores até os pulmões A área olfatória contém o órgão periférico do olfato; a aspiração leva ar até essa área. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Parede lateral da cavidade nasal da metade direita da cabeça. A. As conchas nasais inferior e média, que se curvam em sentido medial e inferior a partir da parede lateral, dividem a parede em três partes quase iguais e cobrem os meatos nasais inferior e médio, respectivamente. A concha nasal superior é pequena e anterior ao seio esfenoidal e a concha nasal média tem margem inferior angulada e termina abaixo do seio esfenoidal. A concha nasal inferior tem margem inferior ligeiramente curva e termina abaixo da concha nasal média, cerca de 1 cm anterior ao óstio da tuba auditiva (a largura aproximada da lâmina medial do processo pterigoide). B. Esta dissecção da parede lateral da cavidade nasal mostra as comunicações através da parede lateral da cavidade nasal. As partes das conchas nasais superior, média e inferior são seccionadas. O seio esfenoidal ocupa o corpo do esfenoide; seu óstio, superior à região média da parede anterior, abre-se no recesso esfenoetmoidal. Os óstios das células etmoidais posteriores, médias e anteriores abrem-se no meato superior, meato médio e hiato semilunar, respectivamente. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA LIMITES DAS CAVIDADES NASAIS As cavidades nasais têm teto, assoalho e paredes medial e lateral. O teto das cavidades nasais é curvo e estreito, com exceção da extremidade posterior, onde o corpo do esfenoide, que é oco, forma o teto. É dividido em três partes (frontonasal, etmoidal e esfenoidal), nomeadas de acordo com os ossos que formam cada parte. O assoalho das cavidades nasais é mais largo do que o teto e é formado pelos processos palatinos da maxila e pelas lâminas horizontais do palatino. A parede medial das cavidades nasais é formada pelo septo nasal. As paredes laterais das cavidades nasais são irregulares em razão de três lâminas ósseas, as conchas nasais, que se projetam inferiormente, como persianas. CARACTERÍSTICAS DAS CAVIDADES NASAIS As conchas nasais (superior, média e inferior) curvam-se em sentido inferomedial, pendendo da parede lateral como persianas ou cortinas curtas. Em humanos AS conchas nasais simples têm um recesso ou meato nasal (passagem na cavidade nasal) sob cada formação óssea. Assim, a cavidade nasal é dividida em cinco passagens: Um recesso esfenoetmoidal posterossuperior, três meatos nasais laterais (superior, médio e inferior) e um meato nasal comum medial, no qual se abrem as quatro passagens laterais. A concha nasal inferior é a mais longa e mais larga das conchas, sendo formada por um osso independente (de mesmo nome, concha nasal inferior) coberto por uma túnica mucosa que contém grandes espaços vasculares que aumentam e controlam o calibre da cavidade nasal. As conchas nasais média e superior são processos mediais do etmoide. O recesso esfenoetmoidal, situado superoposteriormente à concha nasal superior, recebe a abertura do seio esfenoidal, uma cavidade cheia de ar no corpo do esfenoide. O meato nasal superior é uma passagem estreita entre as conchas nasais superior e média, no qual se abrem os seios etmoidais posteriores por meio de um ou mais orifícios. O meato nasal médio é mais longo e mais profundo do que o superior. A parte anterossuperior dessa passagem leva a uma abertura afunilada, o infundíbulo etmoidal, através do qual se comunica com o seio frontal. A passagem que segue inferiormente de cada seio frontal até o infundíbulo é o ducto frontonasal. O hiato semilunar é um sulco semicircular no qual se abre o seio frontal. A bolha etmoidal, uma elevação arredondada superior ao hiato, é visível quando a concha média é removida. A bolha é formada por células etmoidais médias que formam os seios etmoidais. O meato nasal inferior é uma passagemhorizontal situada em posição inferolateral à concha nasal inferior. O ducto lacrimonasal, que drena lágrimas do saco lacrimal, abre-se na parte anterior desse meato. O meato nasal comum é a parte medial da cavidade nasal entre as conchas e o septo nasal, no qual se abrem os recessos laterais e o meato. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Corte coronal da metade direita da cabeça. A. O desenho de orientação ilustra o plano do corte. Observe a relação da órbita, cavidade nasal e seios paranasais. O conteúdo da órbita, aí incluídos os quatro músculos retos e a fáscia que os une, forma um círculo (um cone quando visto em três dimensões) ao redor da parte posterior (fundo) do bulbo do olho. B. Radiografia do crânio mostrando a cavidade nasal e os seios paranasais. As letras referem-se às estruturas identificadas na parte A. Vasculatura e inervação do nariz A irrigação arterial das paredes medial e lateral da cavidade nasal tem cinco procedências: Artéria etmoidal anterior (da artéria oftálmica) Artéria etmoidal posterior (da artéria oftálmica) Artéria esfenopalatina (da artéria maxilar) Artéria palatina maior (da artéria maxilar) Ramo septal da artéria labial superior (da artéria facial). As três primeiras artérias dividem-se em ramos lateral e medial (septal). A artéria palatina maior chega ao septo via canal incisivo através da região anterior do palato duro. A parte anterior do septo nasal é a sede de um plexo arterial anastomótico do qual participam todas as cinco artérias que vascularizam o septo (área de Kiesselbach). O nariz também recebe sangue da primeira e quinta artérias citadas anteriormente, além de ramos nasais da artéria infraorbital e ramos nasais laterais da artéria facial. Um rico plexo venoso submucoso situado profundamente à túnica mucosa do nariz proporciona drenagem venosa do nariz por meio das veias esfenopalatina, facial e oftálmica. O plexo venoso é uma parte importante do sistema termorregulador do corpo, trocando calor e aquecendo o ar antes de entrar nos pulmões. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA O sangue venoso do nariz drena principalmente para a veia facial através das veias angular e nasal lateral Entretanto, lembre-se de que ele está localizado no “triângulo perigoso” da face em razão das comunicações com o seio cavernoso (venoso da dura-máter) Em relação à inervação do nariz, a túnica mucosa do nariz pode ser dividida em partes posteroinferior e anterossuperior por uma linha oblíqua que atravessa aproximadamente a espinha nasal anterior e o recesso esfenoetmoidal. A inervação da região posteroinferior da túnica mucosa do nariz é feita principalmente pelo nervo maxilar, através do nervo nasopalatino para o septo nasal, e os ramos nasal lateral superior posterior e nasal lateral inferior do nervo palatino maior até a parede lateral. A inervação da porção anterossuperior provém do nervo oftálmico (NC V1) através dos nervos etmoidais anterior e posterior, ramos do nervo nasociliar. A maior parte do nariz (dorso e ápice) também é suprida pelo NC V1 (via nervo infratroclear e ramo nasal externo do nervo etmoidal anterior), mas as asas são supridas pelos ramos nasais do nervo infraorbital (NC V2). Os nervos olfatórios, associados ao olfato, originam-se de células no epitélio olfatório na parte superior das paredes lateral e septal da cavidade nasal. Os processos centrais dessas células (que formam o nervo olfatório) atravessam a lâmina cribriforme e terminam no bulbo olfatório, a expansão rostral do trato olfatório. FIGURA Irrigação arterial da cavidade nasal. Vista em livro aberto das paredes lateral e medial do lado direito da cavidade nasal. A “página” esquerda mostra a parede lateral da cavidade nasal. A artéria esfenopalatina (um ramo da artéria maxilar) e a artéria etmoidal anterior (um ramo da artéria oftálmica) são as artérias mais importantes da cavidade nasal. A “página” direita mostra o septo nasal. Há anastomose de quatro a cinco artérias nomeadas que irrigam o septo na parte anteroinferior do septo nasal (área de Kiesselbach, laranja), uma área comumente relacionada com a epistaxe crônica. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Inervação da cavidade nasal. Vista em livro aberto das paredes lateral e medial (septal) do lado direito da cavidade nasal. Uma linha tracejada extrapolada aproximadamente a partir do recesso esfenoetmoidal até o ápice do nariz demarca os territórios dos nervos oftálmico (NC V1) e maxilar (NC V2) para suprir a sensibilidade geral da parede lateral e do septo nasal. O nervo olfatório (NC I) é distribuído para a túnica mucosa olfatória superiormente no nível da concha nasal superior na parede lateral e no septo nasal. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Seios paranasais Os seios paranasais são extensões, cheias de ar, da parte respiratória da cavidade nasal para os seguintes ossos do crânio: frontal, etmoide, esfenoide e maxila. São nomeados de acordo com os ossos nos quais estão localizados. SEIOS FRONTAIS Os seios frontais direito e esquerdo estão entre as lâminas externa e interna do frontal, posteriormente aos arcos superciliares e à raiz do nariz. Em geral, os seios frontais são detectáveis em crianças até os 7 anos. Cada seio drena através de um ducto frontonasal para o infundíbulo etmoidal, que se abre no hiato semilunar do meato nasal médio. Os seios frontais são inervados por ramos dos nervos supraorbitais (NC V1). Os seios frontais direito e esquerdo raramente têm tamanhos iguais. Os seios frontais variam em tamanho de cerca de 5 mm a grandes espaços que se estendem lateralmente até as asas maiores do esfenoide. Muitas vezes um seio frontal tem duas partes: uma parte vertical na escama frontal e uma parte horizontal na parte orbital do frontal. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA CÉLULAS ETMOIDAIS As células etmoidais são pequenas invaginações da túnica mucosa dos meatos nasais médio e superior para o etmoide entre a cavidade nasal e a órbita. Em geral, as células etmoidais não são visíveis em radiografias simples antes de 2 anos de idade, mas são reconhecíveis em imagens de TC. As células etmoidais anteriores drenam direta ou indiretamente para o meato nasal médio através do infundíbulo etmoidal. As células etmoidais médias abrem-se diretamente no meato médio e às vezes são denominadas “células bolhosas” porque formam a bolha etmoidal, uma saliência na margem superior do hiato semilunar. As células etmoidais posteriores abrem-se diretamente no meato superior. As células etmoidais são supridas pelos ramos etmoidais anterior e posterior dos nervos nasociliares (NC V1). FIGURA Seios paranasais. A. Os seios paranasais do lado direito foram abertos por via nasal e identificados por cores. Uma célula etmoidal anterior (rosa) está invadindo a díploe do frontal para se tornar um seio frontal. Um ramo (seta tracejada) invade a lâmina orbital do frontal. O seio esfenoidal nesta amostra é amplo, estendendo-se (1) posteriormente, inferiormente à hipófise, até o clivo; (2) lateralmente, abaixo do nervo óptico (NC II), até o processo clinoide anterior; e (3) inferiormente ao processo pterigoide, mas deixando o canal pterigóideo e elevando- se como uma crista sobre o assoalho do seio. O seio maxilar é piramidal. B. Radiografia do crânio mostra densidades aéreas (áreas escuras) associadas aos seios paranasais, cavidade nasal, cavidade oral e faringe. As letras são definidas na parte A. SEIOS ESFENOIDAIS Os seios esfenoidais estão localizados no corpo do esfenoide, mas podem estender-se até as asas deste osso.São divididos de modo desigual e separados por um septo ósseo. Em razão dessa substancial pneumatização Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA (formação de células aéreas), o corpo do esfenoide é frágil. Apenas lâminas finas de osso separam os seios de várias estruturas importantes: os nervos ópticos e o quiasma óptico, a hipófise, as artérias carótidas internas e os seios cavernosos. Os seios esfenoidais são derivados de uma célula etmoidal posterior que começa a invadir o esfenoide por volta dos 2 anos de idade. Em algumas pessoas, algumas células etmoidais posteriores invadem o esfenoide, dando origem a vários seios esfenoidais que se abrem separadamente no recesso esfenoetmoidal. As artérias etmoidais posteriores e os nervos etmoidais posteriores que acompanham as artérias suprem os seios esfenoidais. SEIOS MAXILARES Os seios maxilares são os maiores seios paranasais. Ocupam os corpos das maxilas e se comunicam com o meato nasal médio. O ápice do seio maxilar estende-se em direção ao zigomático e muitas vezes chega até ele. A base do seio maxilar forma a parte inferior da parede lateral da cavidade nasal. O teto do seio maxilar é formado pelo assoalho da órbita. O assoalho do seio maxilar é formado pela parte alveolar da maxila. Muitas vezes as raízes dos dentes maxilares, sobretudo dos dois primeiros molares, produzem elevações cônicas no assoalho do seio. Cada seio maxilar drena através de uma ou mais aberturas, o óstio maxilar, para o meato nasal médio da cavidade nasal por meio do hiato semilunar. A irrigação arterial do seio maxilar procede principalmente de ramos alveolares superiores da artéria maxilar; entretanto, ramos das artérias palatinas descendente e maior irrigam o assoalho do seio. A inervação do seio maxilar é feita pelos nervos alveolares superiores anterior, médio e posterior, que são ramos do nervo maxilar. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Seios paranasais II. O desenho de orientação mostra o plano do corte apresentado nas duas partes. A. O etmoide ocupa uma posição central, com seu componente horizontal formando a parte central da fossa anterior do crânio superiormente e o teto da cavidade nasal inferiormente. As células etmoidais permitem a fixação às conchas nasais superior e média e formam parte da parede medial da órbita; a lâmina perpendicular do etmoide forma parte do septo nasal. O seio maxilar forma a parte inferior da parede lateral do nariz e tem uma parede em comum com a órbita. A concha nasal média abriga o hiato semilunar no qual se abre o óstio maxilar (seta). B. A imagem de TC mostra cavidades cheias de ar apresentadas no corte anatômico na parte A. (Cortesia do Dr. D. Armstrong, Associate Professor of Medical Imaging, University of Toronto, Toronto, Ontario, Canada.) Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FARINGE É a parte expandida superior do sistema digestório, posterior às cavidades nasal e oral, que se estende inferiormente além da laringe. 1. Localização - A faringe estende-se da base do crânio até a margem inferior da cartilagem cricóidea anteriormente e a margem inferior da vértebra C VI posteriormente. 2. Comunicações A faringe é mais larga (cerca de 5 cm) defronte ao hioide e mais estreita (cerca de 1,5 cm) em sua extremidade inferior, onde é contínua com o esôfago. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Parede anterior da faringe. Nesta dissecção, a parede posterior foi incisada ao longo da linha mediana e aberta. As aberturas na parede anterior comunicam-se com as cavidades nasal, oral e laríngea. A cada lado do ádito da laringe, separada dele pela prega ariepiglótica, a invaginação da laringe para a parede anterior da parte laríngea da faringe forma um recesso piriforme Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Face interna da parede lateral da faringe. A. Vias respiratórias superiores e canal alimentar na metade direita de cabeça e pescoço divididos ao meio. O retângulo indica a localização do corte mostrado na parte B. B. Uma vista mais de perto da parte nasal da faringe e da parte oral da faringe, que são separadas anteriormente pelo palato mole. A margem posterior do palato mole forma a margem anterior do istmo da faringe através do qual os dois espaços comunicam-se posteriormente. 3. Cavidade da faringe a. parte nasal da faringe Nasofaringe: posterior ao nariz e superior ao palato mole A parte nasal da faringe tem função respiratória; é a extensão posterior das cavidades nasais. O nariz abre-se para a parte nasal da faringe através de dois cóanos (aberturas pares entre a cavidade nasal e a parte nasal da faringe). O tecido linfoide abundante na faringe forma um anel tonsilar incompleto ao redor da parte superior da faringe. O tecido linfoide é agregado em algumas regiões para formar massas denominadas tonsilas. A tonsila faríngea (comumente chamada de adenoide quando aumentada) está situada na túnica mucosa do teto e parede posterior da parte nasal da faringe. Uma prega vertical de mucosa, a prega salpingofaríngea, estende-se inferiormente a partir da extremidade medial da tuba auditiva. Ela cobre o músculo salpingofaríngeo, que abre o óstio faríngeo da tuba auditiva durante a deglutição. A coleção de tecido linfoide na tela submucosa da faringe perto do óstio faríngeo da tuba auditiva é a tonsila tubária. Posteriormente ao toro tubário e à prega salpingofaríngea há uma projeção lateral da faringe, semelhante a uma fenda, o recesso faríngeo, que se estende lateral e posteriormente. b. parte oral da faringe Orofaringe: posterior à boca Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Tem função digestória. Os limites são: Superior, palato mole; Inferior, base da língua; Laterais, arcos palatoglosso e palatofaríngeo. Estende-se do palato mole até a margem superior da epiglote. As tonsilas palatinas são coleções de tecido linfoide de cada lado da parte oral da faringe no intervalo entre os arcos palatinos. A tonsila não ocupa toda a fossa tonsilar entre os arcos palatoglosso e palatofaríngeo em adultos. c. Parte laríngea da faringe Laringofaringe: posterior à laringe. Situa-se posteriormente à laringe, estendendo-se da margem superior da epiglote e das pregas faringoepiglóticas até a margem inferior da cartilagem cricóidea, onde se estreita e se torna contínua com o esôfago. Posteriormente, a parte laríngea da faringe mantém relação com os corpos das vértebras C IV a C VI. As paredes posterior e lateral são formadas pelos músculos constritores médio e inferior da faringe. Internamente a parede é formada pelos músculos palatofaríngeo e estilofaríngeo. A parte laríngea da faringe comunica-se com a laringe através do ádito da laringe em sua parede anterior. O recesso piriforme é uma pequena depressão da parte laríngea da faringe de cada lado do ádito da laringe. Esse recesso revestido por túnica mucosa é separado do ádito da laringe pela prega ariepiglótica. Lateralmente, o recesso piriforme é limitado pelas faces mediais da cartilagem tireóidea e pela membrana tíreo-hióidea. Os ramos dos nervos laríngeo interno e laríngeo recorrente situam-se profundamente à túnica mucosa do recesso piriforme. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Faringe e nervos cranianos. A. Esta dissecção mostra a face posterior da faringe e as estruturas associadas. A fáscia bucofaríngea foi removida. Dos três músculos constritores da faringe, o músculo inferior superpõe-se ao médio, e o médio 1. superpõe-se ao superior. Todos os três músculos formam uma rafeda faringe mediana comum posteriormente. Faringe e nervos cranianos. B. A parte mais estreita e menos distensível do sistema digestório é a junção faringoesofágica, onde termina a parte laríngea da faringe e começa o esôfago. 4. Músculos da faringe A parede da faringe é excepcional para o trato alimentar, tem uma lâmina muscular formada apenas por músculo voluntário disposto em uma camada interna de músculo longitudinal e uma camada circular externa. A maior parte do trato alimentar é composta de músculo liso, com uma camada de músculo longitudinal externa e uma camada circular interna. a. rafe da faringe A camada circular externa de músculos faríngeos consiste em três constritores da faringe que contrai as paredes da faringe durante a deglutição, são eles: m. constritor superior da faringe: parte pterigofaríngea parte bucofaríngea (identifique a rafe pterigomandibular) parte milofaríngea parte glossofaríngea Inervado pelo Ramo faríngeo do N. vago (NC X) e plexofarígeo m. constritor médio da faringe: parte condrofaríngea(corno menor do hióide) parte ceratofaríngea (corno maior do hióide) d. m. constritor inferior da faringe: parte tireofaríngea parte cricofaríngea (porção oblíqua e porção transversa) Inervados pelo Ramo faríngeo do N. vago (NC X) e plexo faríngeo, mais ramos dos Nn. laríngeos externo e recorrente do N. vago A contração dos músculos constritores da faringe é involuntária, de modo que a contração ocorre de modo sequencial da extremidade superior para a extremidade inferior da faringe, impulsionando o alimento para o esôfago. Os três músculos constritores são supridos pelo plexo nervoso faríngeo formado por ramos faríngeos dos nervos vago e glossofaríngeo e por ramos simpáticos do gânglio cervical superior. O plexo faríngeo situa-se na parede lateral da faringe, principalmente sobre o músculo constritor médio. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Os músculos longitudinais internos atuam elevando (encurta e alarga) a faringe e a laringe durante a deglutição e a fala, são: m. estilofaríngeo m. salpingofaríngeo Inervados pelo Ramo faríngeo do N. vago (NC X) e plexo faríngeo. m. palatofarígeo Inervado pelo N. glossofaríngeo (NC IX). Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA 5. Vascularização e inervação Vasos da faringe. Um ramo da artéria facial, a artéria tonsilar, atravessa o músculo constritor superior da faringe e entra no polo inferior da tonsila palatina. A grande veia palatina externa (veia paratonsilar) desce do palato mole e passa perto da face lateral da tonsila antes de entrar no plexo venoso faríngeo. Os vasos linfáticos tonsilares seguem em sentido lateral e inferior até os linfonodos perto do ângulo da mandíbula e o linfonodo jugulodigástrico, denominado linfonodo tonsilar em razão de seu frequente aumento quando a tonsila está inflamada (tonsilite). As tonsilas palatinas, linguais e faríngeas formam o anel linfático (tonsilar) da faringe, uma faixa circular incompleta de tecido linfoide ao redor da parte superior da faringe. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Tecido linfoide na língua e na faringe. O anel linfático da faringe (tonsilar) (rosa) ao redor da parte superior da faringe é formado pelas tonsilas faríngeas, tubárias, palatinas e linguais. Nervos faríngeos A inervação da faringe (motora e a maior parte da sensitiva) deriva do plexo nervoso faríngeo. As fibras motoras no plexo são derivadas do nervo vago (NC X) através de seu ramo ou ramos faríngeos. Elas suprem todos os músculos da faringe e do palato mole, com exceção dos músculos estilofaríngeo (suprido pelo NC IX) e tensor do véu palatino (suprido pelo NC V3 ). O músculo constritor inferior da faringe também recebe algumas fibras motoras dos ramos laríngeos externo e recorrente do nervo vago. As fibras sensitivas no plexo são derivadas do nervo glossofaríngeo. FIGURA Drenagem linfática da cabeça e do pescoço. A e B. Vias das drenagens linfáticas superficial e profunda, respectivamente. C. Linfonodos, troncos linfáticos e ducto torácico. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA LARINGE A laringe, o complexo órgão de produção da voz, é formada por nove cartilagens unidas por membranas e ligamentos e contém as pregas vocais. A laringe está situada na região anterior do pescoço no nível dos corpos das vértebras C III a C VI. Une a parte inferior da faringe (parte laríngea da faringe) à traqueia. Embora seja conhecida mais frequentemente por seu papel como o mecanismo fonador para produção de voz, sua função mais importante é proteger as vias respiratórias, sobretudo durante a deglutição, quando serve como “esfíncter” ou “válvula” do sistema respiratório inferior, mantendo, assim, a perviedade da via respiratória. FIGURA RM mediana da cabeça e pescoço. Como as vias respiratórias e o sistema digestório compartilham a parte oral da faringe, é essencial que haja separação do alimento e do ar, que seguem pela traqueia (anterior) e pelo esôfago (posterior). (Cortesia do Dr. W. Kucharczyk, University Health Network, Toronto, Ontario, Canada.) Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Esqueleto da laringe. O esqueleto da laringe é formado por nove cartilagens: Três são ímpares (tireóidea, cricóidea e epiglótica) e três são pares (aritenóidea, corniculada e cuneiforme). 1. A cartilagem tireóidea é a maior das cartilagens; sua margem superior situa-se oposta à vértebra C IV. Os dois terços inferiores de suas duas lâminas fundem-se anteriormente no plano mediano para formar a proeminência laríngea. Essa projeção (“pomo de Adão”) é bem definida em homens, mas raramente é visível em mulheres. Acima dessa proeminência, as lâminas divergem para formar uma incisura tireóidea superior em forma de V. A incisura tireóidea inferior, bem menos definida, é um entalhe pouco profundo no meio da margem inferior da cartilagem. A margem posterior de cada lâmina projeta-se em sentido superior, como o corno superior, e inferior, como o corno inferior. A margem superior e os cornos superiores fixam-se ao hioide pela membrana tíreo-hióidea. A parte mediana espessa dessa membrana é o ligamento tíreo-hióideo mediano; suas partes laterais são os ligamentos tíreo-hióideos laterais. Os cornos inferiores articulam-se com as faces laterais da cartilagem cricóidea nas articulações cricotireóideas. Os principais movimentos nessas articulações são rotação e deslizamento da cartilagem tireóidea, que modificam o comprimento das pregas vocais. 2. A cartilagem cricóidea tem o formato de um anel de sinete com o aro voltado anteriormente. Essa abertura anular da cartilagem permite a passagem de um dedo médio. A parte posterior (sinete) da cartilagem cricóidea é a lâmina, e a parte anterior (anel) é o arco. Embora seja muito menor do que a cartilagem tireóidea, a cartilagem cricóidea é mais espessa e mais forte, e é o único anel de cartilagem completo a circundar qualquer parte da via respiratória. Fixa-se à margem inferior da cartilagem tireóidea pelo ligamento cricotireóideo mediano e ao primeiro anel traqueal pelo ligamento cricotraqueal. No local onde a laringe está mais próxima da pele e mais acessível, o ligamento cricotireóideo mediano pode ser percebido como um ponto mole durante a palpação inferior à cartilagem tireóidea. 3. As cartilagens aritenóideas são cartilagens piramidais pares, com três lados, que se articulam com as partes laterais da margem superior da lâmina da cartilagem cricóidea. Cada cartilagem tem um ápice superior, um processo vocal anterior e um grande processo muscular que se projeta lateralmente a partir de sua base. O ápice tem a cartilagem corniculada e se fixa à prega ariepiglótica.Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA O processo vocal permite a fixação posterior do ligamento vocal, e o processo muscular atua como alavanca à qual estão fixados os músculos cricoaritenóideos posterior e lateral. As articulações cricoaritenóideas, localizadas entre as bases das cartilagens aritenóideas e as faces superolaterais da lâmina da cartilagem cricóidea, permitem que as cartilagens aritenóideas deslizem, aproximando-se ou afastando-se umas das outras, inclinem-se anterior e posteriormente, e girem. Esses movimentos são importantes na aproximação, tensionamento e relaxamento das pregas vocais. Os ligamentos vocais elásticos estendem-se da junção das lâminas da cartilagem tireóidea anteriormente até o processo vocal da cartilagem aritenóidea posteriormente. Os ligamentos vocais formam o esqueleto submucoso das pregas vocais. Esses ligamentos são a margem superior livre espessada do cone elástico ou membrana cricovocal. As partes da membrana que se estendem lateralmente entre as pregas vocais e a margem superior da cartilagem cricóidea são os ligamentos cricotireóideos laterais. O cone elástico, fibroelástico, funde-se anteriormente com o ligamento cricotireóideo mediano. O cone elástico e a túnica mucosa sobrejacente fecham a abertura da traqueia, com exceção da rima da glote central (abertura entre as pregas vocais). 4. A cartilagem epiglótica, formada por cartilagem elástica, confere flexibilidade à epiglote, uma cartilagem em forma de coração coberta por túnica mucosa. A cartilagem epiglótica, situada posteriormente à raiz da língua e ao hioide, e anteriormente ao ádito da laringe, forma a parte superior da parede anterior e a margem superior da entrada. Sua extremidade superior larga é livre. A extremidade inferior afilada, o pecíolo epiglótico, está fixada pelo ligamento tireoepiglótico ao ângulo formado pelas lâminas da cartilagem tireóidea. O ligamento hioepiglótico fixa a face anterior da cartilagem epiglótica ao hioide. A membrana quadrangular é uma lâmina submucosa fina de tecido conjuntivo que se estende entre as faces laterais das cartilagens aritenóidea e epiglótica. A margem inferior livre constitui o ligamento vestibular, que é coberto frouxamente por mucosa para formar a prega vestibular. Essa prega situa-se acima da prega vocal e estende-se da cartilagem tireóidea até a cartilagem aritenóidea. A margem superior livre da membrana quadrangular forma o ligamento ariepiglótico, que é coberto por túnica mucosa para formar a prega ariepiglótica. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Esqueleto da laringe. A. Embora esteja firmemente unido à laringe, o hioide não faz parte dela. A laringe estendesse verticalmente da ponta da epiglote em forma de coração até a margem inferior da cartilagem cricóidea. B. A cartilagem tireóidea protege as cartilagens menores da laringe, e o hioide protege a parte superior da cartilagem epiglótica. C. Três vistas de uma cartilagem aritenóidea. 1 = Cartilagem corniculada; 2 = ápice da cartilagem aritenóidea; 3 = face anterolateral; 4 = processo vocal (projeta-se anteriormente, é o local de fixação do ligamento vocal); 5 = processo muscular (projeta-se lateralmente, para fixação dos músculos cricoaritenóideos posterior e lateral); 6 = fóvea oblonga (para fixação do músculo tireoaritenóideo); 7 = base; 8 = face medial; 9 = face articular; 10 = face posterior. D. Cartilagem tireóidea e músculo cricotireóideo. Este músculo movimenta a articulação cricotireóidea. E. A cartilagem epiglótica tem depressões para glândulas mucosas, e seu pecíolo está fixado pelo ligamento tireoepiglótico ao ângulo da cartilagem tireóidea superiormente aos ligamentos vocais. O ligamento vocal, que forma o esqueleto da prega vocal, estende-se do processo vocal da cartilagem aritenóidea até o “ângulo” da cartilagem tireóidea, e aí se une ao par contralateral inferiormente ao ligamento tireoepiglótico. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA 5. As cartilagens corniculada e cuneiforme apresentam-se como pequenos nódulos na parte posterior das pregas ariepiglóticas As cartilagens corniculadas fixam-se aos ápices das cartilagens aritenóideas; as cartilagens cuneiformes NÃO se fixam diretamente em outras cartilagens. A membrana quadrangular e o cone elástico são as partes superior e inferior da membrana fibroelástica da laringe, que está localizada na tela submucosa. Interior da laringe. A cavidade da laringe estende-se do ádito da laringe, através do qual se comunica com a parte laríngea da faringe, até o nível da margem inferior da cartilagem cricóidea. Aqui a cavidade da laringe é contínua com a cavidade da traqueia. A cavidade da laringe inclui: Vestíbulo da laringe: entre o ádito da laringe e as pregas vestibulares Parte média da cavidade da laringe: a cavidade central (via respiratória) entre as pregas vestibulares e vocais Ventrículo da laringe: recessos que se estendem lateralmente da parte média da cavidade da laringe entre as pregas vestibulares e vocais. O sáculo da laringe é uma bolsa cega que se abre para cada ventrículo revestida por glândulas mucosas Cavidade infraglótica: a cavidade inferior da laringe entre as pregas vocais e a margem inferior da cartilagem cricóidea, onde é contínua com o lúmen da traqueia. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA As pregas vocais controlam a produção do som. O ápice de cada prega cuneiforme projeta-se medialmente para a cavidade da laringe. Cada prega vocal contém um: Ligamento vocal, formado por tecido elástico espessado que é a margem livre medial do cone elástico. Músculo vocal, formado por fibras musculares muito finas que ocupam posição imediatamente lateral aos ligamentos vocais e terminam irregularmente em relação ao comprimento desses ligamentos. As pregas vocais são pregas salientes de túnica mucosa que estão situadas sobre os ligamentos vocais e os músculos tireoaritenóideos e incorporam essas estruturas. Elas são a origem dos sons (tons) que provêm da laringe. Essas pregas produzem vibrações audíveis quando suas margens livres estão justapostas (mas não comprimidas) durante a fonação, e o ar é expirado intermitentemente com força. As pregas vocais também são o principal esfíncter inspiratório da laringe quando estão fechadas com firmeza. A adução completa das pregas forma um esfíncter eficaz que impede a entrada de ar. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA A glote (o aparelho vocal da laringe) é formada pelas pregas e processos vocais, juntamente com a rima da glote, a abertura entre as pregas vocais. O formato da rima varia de acordo com a posição das pregas vocais. Durante a respiração comum, a rima é estreita e cuneiforme; durante a expiração forçada é larga e trapezoide. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA A rima da glote é semelhante a uma fenda quando as pregas vocais estão bem aproximadas durante a fonação. A variação na tensão e no comprimento das pregas vocais, na largura da rima da glote e na intensidade do esforço expiratório produz alterações na altura da voz. A menor amplitude de altura da voz de homens pós-púberes resulta do maior comprimento das pregas vocais. As pregas vestibulares, que se estendem entre a cartilagem tireóidea e as cartilagens aritenóideas, desempenham pequeno ou nenhum papel na produção da voz; sua função é protetora. Consistem em duas pregas espessas de túnica mucosa que encerram os ligamentos vestibulares. O espaço entre esses ligamentos é a rima do vestíbulo. Os recessos laterais entre as pregas vocais e vestibulares são os ventrículos da laringe. Músculos da laringe. Os músculos da laringe são divididos em extrínsecos e intrínsecos. Os músculos extrínsecos da laringe movem a laringe como um todo. Os músculos infrahióideos abaixam o hioide e a laringe, enquanto os músculos supra-hióideos(e o estilofaríngeo, um músculo da faringe) são elevadores do hioide e da laringe Os músculos intrínsecos da laringe movem os componentes da laringe, alterando o comprimento e a tensão das pregas vocais e o tamanho e formato da rima da glote. Todos, são supridos pelo nervo laríngeo recorrente, um ramo do NC X, com exceção do músculo cricotireóideo é suprido pelo nervo laríngeo externo, um dos dois ramos terminais do nervo laríngeo superior. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA É mais fácil compreender as ações dos músculos intrínsecos da laringe quando estes são considerados como grupos funcionais: Adutores e abdutores, esfíncteres, e tensores e relaxadores. Adutores e abdutores: Esses músculos movimentam as pregas vocais para abrir e fechar a rima da glote. Os principais adutores são os músculos cricoaritenóideos laterais, que tracionam os processos musculares anteriormente, girando as cartilagens aritenóideas e causando a oscilação medial de seus processos vocais. Quando esta ação é associada à dos músculos aritenóideos transverso e oblíquo, que tracionam as cartilagens aritenóideas juntas, o ar empurrado através da rima da glote causa vibrações dos ligamentos vocais (fonação). Quando os ligamentos vocais são aduzidos, mas os músculos aritenóideos transversos não atuam, as cartilagens aritenóideas permanecem afastadas e o ar pode passar ao largo dos ligamentos. Essa é a posição do sussuro, quando a respiração é transformada em voz na ausência de tom. Os únicos abdutores são os músculos cricoaritenóideos posteriores, que tracionam os processos musculares posteriormente, girando os processos vocais lateralmente e assim alargando a rima da glote. Esfíncteres: As ações combinadas da maioria dos músculos do ádito da laringe resultam em ação esfincteriana que fecha o ádito da laringe como mecanismo de proteção durante a deglutição. A contração dos músculos cricoaritenóideos laterais, aritenóideos transversos e oblíquos e ariepiglóticos aproxima as pregas ariepiglóticas e traciona as cartilagens aritenóideas em direção à epiglote. Esta ação é um reflexo ao líquido ou a partículas que se aproximam ou entram no vestíbulo da laringe. Talvez seja nosso reflexo mais forte, diminuindo só depois da perda de consciência, como no afogamento. Tensores: Os principais tensores são os músculos cricotireóideos, que inclinam ou tracionam a proeminência ou ângulo da cartilagem tireóidea anterior e inferiormente em direção ao arco da cartilagem cricóidea. Isso aumenta a distância entre a proeminência tireóidea e as cartilagens aritenóideas. Como as extremidades anteriores dos ligamentos vocais se fixam na face posterior da proeminência, os ligamentos vocais são alongados e tensionados, elevando a altura da voz. Relaxadores: Os principais músculos neste grupo são os músculos tireoaritenóideos, que tracionam as cartilagens aritenóideas anteriormente, em direção ao ângulo (proeminência) da cartilagem tireóidea, relaxando, assim, os ligamentos vocais para reduzir a altura da voz. Os músculos vocais situam-se medialmente aos músculos tireoaritenóideos e lateralmente aos ligamentos vocais nas pregas vocais. Os músculos vocais fazem pequenos ajustes dos ligamentos vocais, mediante tensão e relaxamento seletivo das partes anterior e posterior, respectivamente, das pregas vocais durante a fala e o canto enérgicos. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Artérias da laringe. As artérias laríngeas, ramos das artérias tireóideas superior e inferior, irrigam a laringe. A artéria laríngea superior acompanha o ramo interno do nervo laríngeo superior através da membrana tíreo-hióidea e ramos para suprir a face interna da laringe. A artéria cricotireóidea, um pequeno ramo da artéria tireóidea superior, supre o músculo cricotireóideo. A artéria laríngea inferior, um ramo da artéria tireóidea inferior, acompanha o nervo laríngeo inferior (parte terminal do nervo laríngeo recorrente) e supre a túnica mucosa e os músculos na parte inferior da laringe. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Veias da laringe. As veias laríngeas acompanham as artérias laríngeas. A veia laríngea superior geralmente se une à veia tireóidea superior e através dela drena para a VJI. A veia laríngea inferior une-se à veia tireóidea inferior ou ao plexo venoso sobre a face anterior da traqueia, que drena para a veia braquiocefálica esquerda. Vasos linfáticos da laringe. Os vasos linfáticos da laringe superiores às pregas vocais acompanham a artéria laríngea superior através da membrana tíreo-hióidea e drenam para os linfonodos cervicais profundos superiores. Os vasos linfáticos inferiores às pregas vocais drenam para os linfonodos pré-traqueais ou paratraqueais, que drenam para os linfonodos cervicais profundos inferiores. Nervos da laringe. Os nervos da laringe são os ramos laríngeos superior e inferior dos nervos vagos (NC X). O nervo laríngeo superior origina-se do gânglio vagal inferior na extremidade superior do trígono carótico. O nervo divide-se em dois ramos terminais na bainha carótica: o nervo laríngeo interno (sensitivo e autônomo) e o nervo laríngeo externo (motor). O nervo laríngeo interno, envia fibras sensitivas para a túnica mucosa laríngea do vestíbulo da laringe e cavidade média da laringe, inclusive a face superior das pregas vocais. O nervo laríngeo externo, o ramo terminal menor do nervo laríngeo superior, supri o músculo cricotireóideo. O nervo laríngeo inferior, divide-se em ramos anterior e posterior. O ramo anterior supre os músculos cricotireóideo lateral, tireoaritenóideo, vocal, ariepiglótico e tireoepiglótico. O ramo posterior supre os músculos cricoaritenóideo posterior e aritenóideos transverso e oblíquo. Como supre todos os músculos intrínsecos, com exceção do cricotireóideo. O nervo laríngeo inferior é o nervo motor primário da laringe. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA TRAQUEIA A traqueia desce anteriormente ao esôfago e entra no mediastino superior, inclinando-se um pouco para a direita do plano mediano, ela se estende da laringe até o tórax. A face posterior da traqueia é plana no local onde está em contato com o esôfago. A traqueia transporta o ar que entra e sai dos pulmões, e seu epitélio impulsiona o muco com resíduos em direção à faringe para expulsão pela boca. A traqueia é um tubo fibrocartilagíneo, sustentado por cartilagens (anéis) traqueais incompletas, que ocupa uma posição mediana no pescoço. As cartilagens traqueais mantêm a traqueia pérvia; são deficientes na parte posterior onde a traqueia é adjacente ao esôfago. A abertura posterior nos anéis traqueais é transposta pelo músculo traqueal, músculo liso involuntário que une as extremidades dos anéis. Portanto, a parede posterior da traqueia é plana. Nos adultos, a traqueia tem cerca de 2,5 cm de diâmetro, enquanto nos lactentes tem o diâmetro de um lápis. A traqueia estende-se a partir da extremidade inferior da laringe no nível da vértebra C VI. Termina no nível do ângulo esternal entre T IV e T V, acima do nível do coração e não é um componente do mediastino posterior, ela então divide-se nos brônquios principais direito e esquerdo. Lateralmente à traqueia estão as artérias carótidas comuns e os lobos da glândula tireoide. Inferiormente ao istmo da glândula tireoide estão o arco venoso jugular e as veias tireóideas inferiores. O tronco braquiocefálico mantém relação com o lado direito da traqueia na raiz do pescoço. O desvio da traqueia da linha mediana, visível na superfície ou em radiografias, costuma indicar a presença de um processo patológico. Muitas vezes o traumatismoda traqueia afeta o esôfago, que está bem aderido a ela. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA PLEURAS Cada pulmão é revestido e envolvido por um saco pleural seroso formado por duas membranas contínuas: a pleura visceral, que reveste toda a superfície pulmonar, formando sua face externa brilhante, e a pleura parietal, que reveste as cavidades pulmonares. A cavidade pleural — o espaço virtual entre as camadas de pleura — contém uma camada capilar de líquido pleural seroso, que lubrifica as superfícies pleurais e permite que as camadas de pleura deslizem suavemente uma sobre a outra, durante a respiração. A tensão superficial do líquido pleural também propicia a coesão que mantém a superfície pulmonar em contato com a parede torácica; assim, o pulmão se expande e se enche de ar quando o tórax expande, ainda permitindo o deslizamento, de forma muito semelhante a uma película de água entre duas placas de vidro. A pleura visceral (pleura pulmonar) está aposta ao pulmão e aderida a todas as suas superfícies, inclusive as fissuras horizontal e oblíqua. Ela torna a superfície do pulmão lisa e escorregadia, permitindo o livre movimento sobre a pleura parietal. A pleura visceral é contínua com a pleura parietal no hilo do pulmão, onde estruturas que formam a raiz do pulmão (p. ex., o brônquio e os vasos pulmonares) entram e saem. A pleura parietal reveste as cavidades pulmonares, aderindo, assim, à parede torácica, ao mediastino e ao diafragma. É mais espessa do que a pleura visceral, e durante cirurgias e dissecções de cadáver, pode ser separada das superfícies que reveste. A pleura parietal tem três partes — costal, mediastinal e diafragmática — e a cúpula da pleura (pleura cervical). A parte costal da pleura parietal (pleura costovertebral ou costal) cobre as faces internas da parede torácica. Está separada da face interna da parede torácica (esterno, costelas e cartilagens costais, músculos e membranas intercostais e faces laterais das vértebras torácicas) pela fáscia endotorácica. Essa camada extrapleural fina de tecido conectivo frouxo forma um plano de clivagem natural para a separação cirúrgica da pleura costal da parede torácica. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA A parte mediastinal da pleura parietal (pleura mediastinal) cobre as faces laterais do mediastino, a divisória de tecidos e órgãos que separam as cavidades pulmonares e seus sacos pleurais. Continua superiormente até a raiz do pescoço na forma de cúpula da pleura. É contínua com a pleura costal anterior e posteriormente e com a pleura diafragmática na parte inferior. Superiormente à raiz do pulmão, a parte mediastinal é uma lâmina contínua em sentido anteroposterior entre o esterno e a coluna vertebral. No hilo do pulmão, é a parte mediastinal que se reflete lateralmente sobre a raiz do pulmão e torna-se contínua com a pleura visceral. A parte diafragmática da pleura parietal (pleura diafragmática) cobre a face superior (torácica) do diafragma de cada lado do mediastino, exceto ao longo de suas fixações (origens) costais e no local onde o diafragma está fundido ao pericárdio, a membrana fibrosserosa que envolve o coração. Uma camada fina, mais elástica de fáscia endotorácica, a fáscia frenicopleural, une a parte diafragmática da pleura às fibras musculares do diafragma. A cúpula da pleura cobre o ápice do pulmão (a parte do pulmão que se estende superiormente através da abertura superior do tórax até a raiz do pescoço. É uma continuação superior das partes costal e mediastinal da pleura parietal. A cúpula da pleura forma uma abóboda sobre o ápice, cuja parte mais alta situa-se 2 a 3 cm superiormente ao terço medial da clavícula, no nível do colo da costela I. A cúpula da pleura é reforçada por uma extensão fibrosa da fáscia endotorácica, a membrana suprapleural (fáscia de Sibson). A membrana fixa-se à margem interna da costela I e ao processo transverso da vértebra C VII. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Os pulmões não ocupam por completo as cavidades pulmonares durante a expiração; assim, a pleura diafragmática periférica está em contato com as partes mais inferiores da parte costal. Os espaços pleurais virtuais aqui são os recessos costodiafragmáticos, “fossas” revestidas por pleura, que circundam a convexidade superior do diafragma dentro da parede torácica. Recessos pleurais semelhantes, porém menores, estão localizados posteriormente ao esterno, onde a parte costal está em contato com a parte mediastinal. Os espaços pleurais virtuais são os recessos costomediastinais. O recesso esquerdo é maior (menos ocupado) porque a incisura cardíaca do pulmão esquerdo é mais acentuada do que a impressão correspondente no saco pleural. As margens inferiores dos pulmões aproximam-se dos recessos pleurais durante a inspiração profunda e afastam-se deles durante a expiração. PULMÕES Os pulmões são os órgãos vitais da respiração. Sua principal função é oxigenar o sangue colocando o ar inspirado bem próximo do sangue venoso nos capilares pulmonares. Os pulmões saudáveis em pessoas vivas são normalmente leves, macios e esponjosos, e ocupam totalmente as cavidades pulmonares. Também são elásticos e retraem-se a aproximadamente um terço do tamanho original quando a cavidade torácica é aberta. Os pulmões são separados um do outro pelo mediastino. Cada pulmão tem: Um ápice, a extremidade superior arredondada do pulmão que ascende acima do nível da costela I até a raiz do pescoço; o ápice recoberto pela cúpula da pleura. Uma base, a face inferior côncava do pulmão, oposta ao ápice, que acomoda a cúpula ipsilateral do diafragma e se apoia nela. Dois ou três lobos, criados por uma ou duas fissuras. Três faces (costal, mediastinal e diafragmática). Três margens (anterior, inferior e posterior). Pulmão Direito O pulmão direito apresenta fissuras oblíqua direita e horizontal, que o dividem em três lobos direitos: superior, médio e inferior. O pulmão direito é maior e mais pesado do que o esquerdo, porém é mais curto e mais largo, porque a cúpula direita do diafragma é mais alta e o coração e o pericárdio estão mais voltados para a esquerda. A margem anterior do pulmão direito é relativamente reta. Pulmão Esquerdo O pulmão esquerdo tem uma única fissura oblíqua esquerda, que o divide em dois lobos esquerdos, superior e inferior. A margem anterior do pulmão esquerdo tem uma incisura cardíaca profunda, uma Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA impressão deixada pelo desvio do ápice do coração para o lado esquerdo. Essa impressão situa-se principalmente na face anteroinferior do lobo superior e costuma moldar a parte mais inferior e anterior do lobo superior, transformando-a em um processo estreito e linguiforme, a língula, que se estende abaixo da incisura cardíaca e desliza para dentro e para fora do recesso costomediastinal durante a inspiração e a expiração. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Os pulmões de um cadáver fixado, geralmente firmes ao toque, têm impressões que são deixadas pelas estruturas adjacentes a eles, como as costelas, o coração e os grandes vasos. Essas impressões fornecem indicações sobre as relações dos pulmões; entretanto, apenas as impressões cardíacas são visíveis durante a cirurgia ou em peças frescas de cadáver ou post mortem. A face costal do pulmão é grande, lisa e convexa. Está relacionada à parte costal da pleura, que a separa das costelas, cartilagens costais e dos músculos intercostais íntimos. A parte posterior da face costal está relacionada aos corpos das vértebras torácicas e às vezes é denominada parte vertebral da face costal. A face mediastinaldo pulmão é côncava porque está relacionada com o mediastino médio, que contém o pericárdio e o coração. A face mediastinal compreende o hilo, que recebe a raiz do pulmão. No cadáver fixado, há um sulco do esôfago e uma impressão cardíaca na face mediastinal do pulmão direito. Como dois terços do coração estão à esquerda da linha mediana, a impressão cardíaca na face mediastinal do pulmão esquerdo é muito maior. Essa face do pulmão esquerdo também tem um sulco contínuo e proeminente para o arco da aorta e a parte descendente da aorta, além de uma área menor para o esôfago. A face diafragmática do pulmão, que também é côncava, forma a base do pulmão, apoiada sobre a cúpula do diafragma. A concavidade é mais profunda no pulmão direito em vista da posição mais alta da cúpula direita do diafragma, que fica sobre o fígado. Nas partes lateral e posterior, a face diafragmática é limitada por uma margem fina e aguda (margem inferior) que se projeta para o recesso costodiafragmático da pleura. A margem anterior do pulmão é o ponto de encontro anterior entre as faces costal e mediastinal, que recobrem o coração. A incisura cardíaca deixa uma impressão nessa margem do pulmão esquerdo. A margem inferior do pulmão circunscreve a face diafragmática do pulmão, separando-a das faces costal e mediastinal. A margem posterior do pulmão é o ponto de encontro posterior das faces costal e mediastinal; é larga e arredondada e situa-se na cavidade ao lado da parte torácica da coluna vertebral. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Os pulmões estão fixados ao mediastino pelas raízes dos pulmões — isto é, os brônquios (e vasos brônquicos associados), artérias pulmonares, veias pulmonares superior e inferior, plexos pulmonares de nervos (fibras aferentes simpáticas, parassimpáticas e viscerais) e vasos linfáticos, sua configuração geral é: Artéria pulmonar: no extremo superior à esquerda (o brônquio lobar superior ou “epiarterial” pode estar localizado no extremo superior à direita) Veias pulmonares superior e inferior: nas extremidades anterior e inferior, respectivamente Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Brônquio principal: aproximadamente no meio do limite posterior, e os vasos brônquicos seguem em sua face externa (geralmente na face posterior nesse ponto). O hilo do pulmão é uma área cuneiforme na face mediastinal de cada pulmão através da qual entram ou saem do pulmão as estruturas que formam sua raiz. Medialmente ao hilo, a raiz está encerrada na área de continuidade entre as lâminas parietal e visceral de pleura — a bainha pleural (mesopneumônio). Inferiormente à raiz do pulmão, essa continuidade entre pleura parietal e visceral forma o ligamento pulmonar, que se estende entre o pulmão e o mediastino, imediatamente anterior ao esôfago. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA ÁRVORE TRAQUEOBRONQUIAL A partir da laringe, as paredes das vias respiratórias são sustentadas por anéis de cartilagem hialina em formato de ferradura ou em C. As vias respiratórias sublaríngeas formam a árvore traqueobronquial. A traquei, situada no mediastino superior, é o tronco da árvore. Ela se bifurca no nível do plano transverso do tórax (ou ângulo do esterno) em brônquios principais, um para cada pulmão, que seguem em sentido inferolateral e entram nos hilos dos pulmões. O brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais vertical do que o brônquio principal esquerdo porque entra diretamente no hilo do pulmão O brônquio principal esquerdo segue inferolateralmente, inferiormente ao arco da aorta e anteriormente ao esôfago e à parte torácica da aorta, para chegar ao hilo do pulmão. Nos pulmões, os brônquios ramificam-se de modo constante e dão origem à árvore traqueobronquial. Os ramos da árvore traqueobronquial são componentes da raiz de cada pulmão (formada pelos ramos da artéria e das veias pulmonares, além dos brônquios). Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cada brônquio principal (primário) divide-se em brônquios lobares secundários, dois à esquerda e três à direita, e cada um deles supre um lobo do pulmão. Cada brônquio lobar divide-se em vários brônquios segmentares terciários, que suprem os segmentos broncopulmonares. Os segmentos broncopulmonares são: As maiores subdivisões de um lobo. Segmentos piramidais do pulmão, com seus ápices voltados para a raiz do pulmão e suas bases na superfície pleural. Separados dos segmentos adjacentes por septos de tecido conectivo. Supridos independentemente por um brônquio segmentar e um ramo arterial pulmonar terciário. Nominados de acordo com o brônquio segmentar que os supre. Drenados por partes intersegmentares das veias pulmonares que estão situadas no tecido conectivo interposto e drenam segmentos adjacentes. Geralmente, 18 a 20 (10 no pulmão direito; 8 a 10 no pulmão esquerdo, dependendo da associação de segmentos) Cirurgicamente ressecáveis. Além dos brônquios segmentares terciários, há 20 a 25 gerações de bronquíolos condutores ramificados que terminam como bronquíolos terminais, os menores bronquíolos condutores. A parede dos bronquíolos NÃO TEM CARTILAGEM. Os bronquíolos condutores transportam ar, mas não têm glândulas nem alvéolos. Cada bronquíolo terminal dá origem a diversas gerações de bronquíolos respiratórios, caracterizados por bolsas (alvéolos) de paredes finas e dispersos, que se originam de suas luzes. O alvéolo pulmonar é a unidade estrutural básica de troca gasosa no pulmão. Graças à presença dos alvéolos, os bronquíolos respiratórios participam tanto do transporte de ar quanto da troca gasosa. Cada bronquíolo respiratório dá origem a 2 a 11 ductos alveolares, e cada um deles dá origem a 5 a 6 sacos alveolares. Os ductos alveolares são vias respiratórias alongadas, densamente revestidas por alvéolos, que levam a espaços comuns, os sacos alveolares, nos quais se abrem grupos de alvéolos. Novos alvéolos continuam a se desenvolver até cerca de 8 anos de idade, período em que há aproximadamente 300 milhões de alvéolos. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA FIGURA Árvore traqueobronquial e segmentos broncopulmonares. A–D. Os segmentos broncopulmonares são mostrados após a injeção de látex de diferentes cores em cada brônquio segmentar terciário, como mostrado em E. O brônquio principal direito dá origem ao brônquio lobar superior direito antes de entrar no hilo do pulmão. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA OBS: COMO FAZER A CORRETA NOMENCLATURA: EXEMPLOS: B1 = BRÔNQUIO SEGMENTAR APICAL DO LOBO SUPERIOR DO PULMÃO DIREITO B9 = BRÔNQUIO SEGMENTAR BASAL ANTERIOR DO LOBO INFERIOR DO PULMÃO DIREITO. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA VASCULATURA DOS PULMÕES E DAS PL EURAS Cada pulmão tem uma grande artéria pulmonar para irrigação e duas veias pulmonares que drenam seu sangue. As artérias pulmonares direita e esquerda originam-se do tronco pulmonar no nível do ângulo do esterno e conduzem sangue pouco oxigenado (“venoso”) aos pulmões para oxigenação. Nas ilustrações anatômicas, geralmente são coloridas de azul, como as veias. Cada artéria pulmonar torna-se parte da raiz do pulmão correspondente e divide-se em artérias lobares secundárias As artérias lobares superiores direita e esquerda, que irrigam os lobos superiores, surgem primeiro, antes da entrada no hilo. Entrando no pulmão, a artéria desce posterolateralmente ao brônquio principal, como a artéria lobar inferior do pulmão esquerdo e como uma artéria intermediária, que se divide em artérias lobares média e inferior do pulmão direito. As artériaslobares dividem-se em artérias segmentares terciárias. As artérias e os brônquios formam pares no pulmão, com ramificações simultâneas e trajetos paralelos. Consequentemente, cada lobo é servido por um par formado pela artéria lobar e brônquio secundários, e cada segmento broncopulmonar é suprido por uma artéria segmentar e brônquio terciários. As artérias bronquiais levam sangue para a nutrição das estruturas que formam a raiz dos pulmões, os tecidos de sustentação dos pulmões e a pleura visceral. As duas artérias bronquiais esquerdas geralmente originam-se diretamente da parte torácica da aorta. A artéria bronquial direita, única, pode originar-se diretamente da aorta; contudo, geralmente a origem é indireta, seja através da parte proximal de uma das artérias intercostais posteriores superiores (geralmente a 3a artéria intercostal posterior direita) ou de um tronco comum com a artéria bronquial superior esquerda. As pequenas artérias bronquiais emitem ramos para a parte superior do esôfago. Depois, costumam seguir ao longo das faces posteriores dos brônquios principais, suprindo estes e seus ramos distalmente até os bronquíolos respiratórios. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Os ramos mais distais das artérias bronquiais anastomosam-se com ramos das artérias pulmonares nas paredes dos bronquíolos e na pleura visceral. A pleura parietal é irrigada por artérias que suprem a parede torácica. Duas veias pulmonares de cada lado, uma veia pulmonar superior e uma veia pulmonar inferior, conduzem sangue rico em oxigênio (“arterial”) dos lobos correspondentes de cada pulmão para o átrio esquerdo do coração. Nas ilustrações anatômicas, as veias pulmonares geralmente são coloridas de vermelho, como as artérias, ou de roxo. A veia do lobo médio é uma tributária da veia pulmonar direita superior. O trajeto das veias pulmonares é independente do trajeto das artérias e brônquios no pulmão, elas seguem entre segmentos broncopulmonares adjacentes e recebem sangue no trajeto em direção ao hilo. Exceto na região central, peri-hilar do pulmão, as veias da pleura visceral e da circulação venosa bronquial drenam para as veias pulmonares e o volume relativamente pequeno de sangue pobre em oxigênio se junta ao grande volume de sangue rico em oxigênio que retorna ao coração. As veias da pleura parietal unem-se às veias sistêmicas em partes adjacentes da parede torácica. As veias bronquiais drenam apenas parte do sangue levado aos pulmões pelas artérias bronquiais, principalmente o sangue distribuído para a parte mais proximal das raízes dos pulmões ou para a região próxima O restante do sangue é drenado pelas veias pulmonares, especificamente aquele que retorna da pleura visceral, das regiões mais periféricas do pulmão e dos componentes distais da raiz do pulmão. A veia bronquial direita drena para a veia ázigo, e a veia bronquial esquerda drena para a veia hemiázigo acessória ou a veia intercostal superior esquerda. As veias bronquiais também recebem sangue das veias esofágicas. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA DRENAGEM LINFÁTICA DOS PULMÕES Os plexos linfáticos pulmonares comunicam-se livremente. O plexo linfático superficial/subpleural situa-se profundamente à pleura visceral e drena o parênquima (tecido) pulmonar e a pleura visceral. Os vasos linfáticos desse plexo superficial drenam para os linfonodos broncopulmonares no hilo do pulmão. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA O plexo linfático profundo está localizado na submucosa dos brônquios e no tecido conectivo peribrônquico. Sua principal função é a drenagem das estruturas que formam a raiz do pulmão. Os vasos linfáticos desse plexo profundo drenam inicialmente para os linfonodos pulmonares intrínsecos, localizados ao longo dos brônquios lobares. Os vasos linfáticos que saem desses linfonodos continuam a seguir os brônquios e vasos pulmonares até o hilo do pulmão, onde também drenam para os linfonodos broncopulmonares. A partir daí, a linfa dos plexos linfáticos superficial e profundo drena para os linfonodos traqueobronquiais superiores e inferiores, superiores e inferiores à bifurcação da traqueia e brônquios principais, respectivamente. Muitos, mas não todos os vasos linfáticos do lobo inferior do pulmão esquerdo drenam para os linfonodos traqueobronquiais superiores direitos; a linfa, então, continua a seguir a via do lado direito. A linfa dos linfonodos tranqueobronquiais segue para os troncos linfáticos broncomediastinais direito e esquerdo, os principais condutos linfáticos de drenagem das vísceras torácicas. Esses troncos geralmente terminam de cada lado nos ângulos venosos (junções das veias subclávia e jugular interna). O tronco broncomediastinal direito pode primeiro unir-se a outros troncos linfáticos, convergindo para formar o ducto linfático direito curto. O tronco broncomediastinal esquerdo pode terminar no ducto torácico. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA A linfa proveniente da pleura parietal drena para os linfonodos da parede torácica (intercostais, paraesternais, mediastinais e frênicos). Alguns vasos linfáticos da cúpula da pleura parietal drenam para os linfonodos axilares. NERVOS DOS PULMÕES E DAS PLEURAS Os nervos dos pulmões e da pleura visceral são derivados dos plexos pulmonares anteriores e (principalmente) posteriores às raízes dos pulmões. Essas redes de nervos contêm fibras aferentes parassimpáticas, simpáticas e vicerais. As fibras parassimpáticas conduzidas até o plexo pulmonar são fibras pré-ganglionares do nervo vago (NC X). Elas fazem sinapse com as células ganglionares parassimpáticas (corpos celulares de neurônios pós- ganglionares) nos plexos pulmonares e ao longo dos ramos da árvore bronquial. As fibras parassimpáticas Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA são motoras para o músculo liso da árvore bronquial (broncoconstritoras), inibidoras para os vasos pulmonares (vasodilatadoras) e secretoras para as glândulas da árvore bronquial (secretomotoras). As fibras simpáticas dos plexos pulmonares são fibras pós-ganglionares. Seus corpos celulares (células ganglionares simpáticas) estão situados nos gânglios simpáticos paravertebrais dos troncos simpáticos. As fibras simpáticas são inibitórias para o músculo brônquico (broncodilatadoras), motoras para os vasos pulmonares (vasoconstritoras) e inibitórias para as glândulas alveolares da árvore bronquial — células epiteliais secretoras do tipo II dos alvéolos. As fibras aferentes viscerais dos plexos pulmonares são reflexas (conduzem sensações subconscientes associadas aos reflexos que controlam a função) ou nociceptivas (conduzem impulsos álgicos gerados em resposta a estímulos dolorosos ou prejudiciais, como irritantes químicos, isquemia ou estiramento excessivo). Fibras aferentes viscerais reflexas com corpos celulares no gânglio sensitivo do nervo vago (NC X) acompanham as fibras parassimpáticas, conduzindo em direção central os impulsos de terminações nervosas relacionadas com: A mucosa dos brônquios, provavelmente em associação à sensibilidade tátil para reflexos da tosse. Os músculos dos brônquios, possivelmente associados à percepção do estiramento. O tecido conectivo interalveolar, em associação aos reflexos de Hering-Breuer (um mecanismo que tende a limitar as excursões respiratórias). As artérias pulmonares, que servem aos receptores pressores (receptores sensíveis à pressão arterial). As veias pulmonares, que servem aos quimiorreceptores (receptores sensíveis aos níveis sanguíneos de gases). Fibras aferentes nociceptivas da pleura visceral e dos brônquios acompanham as fibras simpáticas através do tronco simpático até os gânglios sensitivos dos nervos espinais torácicos superiores. As fibras da traqueia acompanhamas fibras parassimpáticas até o gânglio sensitivo do nervo vago (NC X). Os nervos da pleura parietal provêm dos nervos intercostais e frênicos. A parte costal e a área periférica da parte diafragmática são supridas pelos nervos intercostais. Eles medeiam a sensibilidade tátil e álgica. A área central da parte diafragmática da pleura e a parte mediastinal são supridas pelos nervos frênicos. Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA Cristhiany Fernandes – FAMEB/ UFBA REFERÊNCIAS: Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica / Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur; tradução Claudia Lucia Caetano de Araujo. - 7. ed. - Rio de Janeiro: Koogan, 2014. Netter - Atlas de Anatomia Humana 6ª Edição, de Frank H. Netter.