Prévia do material em texto
Tópico 2 – Associação de resistores e medidas elétricas 159 RU R i + – i' i' A Pelo fato de ter uma resistência interna Ri, o ampe- rímetro modifica a intensidade da corrente no resistor, que passa a ter um valor i’ diferente de i e dado por: i’ 5 U R Ri1 Note, então, que o amperímetro registra um va- lor i’, e não o valor i que queríamos medir, ou seja, sua inclusão no circuito acarreta um erro no resulta- do experimental, que precisa ser minimizado. Observe que, na expressão de i’, esse valor tende- rá a i se Ri tender a zero, ou seja, quanto menor for a resistência interna do amperímetro, mais próxima da corrente original estará a sua indicação. Assim, um bom amperímetro deve ter resistência interna baixa, isto é, desprezível em comparação com a re- sistência do circuito em que foi introduzido. Em termos teóricos, podemos falar em amperí- metro ideal: Denomina-se amperímetro ideal um medi- dor hipotético em que Ri é igual a zero. Um am- perímetro com essa característica mediria a in- tensidade de corrente original sem modificá-la. Então, na resolução de exercícios, um amperí- metro ideal pode ser substituído pelo símbolo de um condutor ideal: A ... A ... B A ... ... B Amperímetro ideal. Condutor ideal substituindo o amperímetro: os pontos A e B estão curto-circuitados. Medição de diferença de potencial (ddp) ou tensão elétrica Para medir a diferença de potencial, usamos um instrumento denominado voltímetro. W o o d y L aw to n R ic k A fotografia mostra um voltímetro, cujo valor de fundo Nos esquemas de circuitos elétricos, o voltíme- tro é simbolizado assim: V Para medir a diferença de potencial entre dois pon- tos de um circuito, é necessário que os terminais do voltímetro “sintam” os potenciais desses pontos. Para isso, o voltímetro deve ser ligado em paralelo com o trecho do circuito compreendido entre os dois pontos. U + – B C V 2 V 1 A U AB U CD D mede a ddp entre os pontos A e B, e o voltímetro mede a ddp entre os pontos C e D. W o o d y L aw to n R ic k O voltímetro indica a ddp entre os terminais da lâmpada. Vamos ver agora que a inclusão do voltímetro também acarreta um erro no resultado experimen- tal, ou seja, modifica a ddp entre os dois pontos em que é ligado. Observe, na figura a seguir, uma associação de dois resistores de resistências R e r, submetidos a uma ddp constante U: U + – A U AB B r R i i TF3-142_167_P2T2_5P.indd 159 20/08/12 10:34 Parte II – Eletrodinâmica160 A intensidade i da corrente nesse circuito é dada por: U 5 (R 1 r) i ⇒ i 5 U R r1 Para calcular a ddp entre os pontos A e B, por exemplo, fazemos: UAB 5 R i ⇒ UAB 5 RU R r1 Vamos, agora, medir a ddp entre A e B. Para isso, ligamos o voltímetro, que possui uma resistên- cia interna Ri, em paralelo com o trecho AB: U r + – i’ R B A V R i Fazendo essa ligação, a resistência total do cir- cuito se modifica e, consequentemente, a ddp entre A e B também. Assim, o voltímetro vai medir uma ddp diferente daquela que queríamos medir. O voltímetro só mediria corretamente a ddp ori- ginal UAB se a sua inclusão não modificasse a resis- tência entre os pontos A e B, que, com a presença dele, é dada por: RAB 5 R R R R i i1 Vamos dividir por Ri o numerador e o denomi- nador dessa expressão: RAB 5 R R R R R R R i i i i i 1 ⇒ RAB 5 R R R 1 i 1 Observe, nessa última expressão, que, se Ri for muito maior que R, o quociente R Ri será desprezível e RAB será praticamente igual a R, que é o que quere- mos. Concluímos, então, que um bom voltímetro deve ter resistência interna elevada, isto é, muito maior que a resistência que está em paralelo com ele. Em termos teóricos, podemos falar em voltí- metro ideal. Denomina-se voltímetro ideal um medidor hipotético em que a resistência interna Ri é infinita- mente grande. Esse medidor verifica a tensão origi- nal entre os pontos considerados sem modificá-la. Então, na resolução de exercícios, um voltímetro ideal equivale a um circuito aberto: A B V A B V ... ... ... ... Um voltímetro ideal equivale a um circuito aberto, ou seja, a corrente nele tem intensidade nula porque sua resistência é infinitamente grande. Note que esse voltímetro hipotético é ideal apenas no que se refere à perturbação provocada no circuito. Se existisse, esse instrumento não funcionaria, pois ne- nhuma corrente passaria por ele. E é justamente essa corrente que provoca a deflexão do ponteiro, como ve- remos na Parte III, Eletromagnetismo. Medição de resistência elétrica Observe a montagem a seguir e suponha que os medidores usados sejam bons: em comparação com a resistência R do resistor, a resistência interna do ampe- rímetro é desprezível e a do voltímetro é muito maior. Resistor i 1 > i i 2 > 0 i i U Pilhas Amperímetro Voltímetro Assim, a intensidade i1 da corrente que passa pelo resistor é praticamente igual à intensidade i da corrente no amperímetro. Lendo, então, o valor de i no amperímetro e a ddp U no voltímetro, calculamos R: R 5 U iNota: denominado ohmímetro. Existem, ainda, instrumentos conhecidos por multímetros, que se prestam à medição de corrente, tensão e resistência, bastando posicionar adequa- damente uma chave seletora para o exercício de cada função. Multímetro analógico. W o o d y L aw to n R ic k TF3-142_167_P2T2_5P.indd 160 20/08/12 10:34 Tópico 2 – Associação de resistores e medidas elétricas 161 Ponte de Wheatstone A associação de quatro resistores representada na figura a seguir é denominada ponte de Wheats- tone, e ela é útil na determinação experimental da resistência de um resistor. Recebe esse nome porque foi idealizada pelo físico inglês Charles Wheatstone (1802-1875). Nesta montagem, R1 e R4 são resistências co- nhecidas, R3 é uma resistência variável, porém conhecida, e R2 é uma resistência desconhecida, que queremos determinar. Observe, também, a presença de um galvanômetro G com os terminais ligados nos pontos C e D. A R 2 = ? B U i G = 0G R 1 R 4 R 3 i i i' i' D C –+ Com a intenção de determinar R2, variamos R3 até que o galvanômetro indique zero, ou seja, até que deixe de passar corrente por ele. Quando isso acon- tecer, os potenciais em C e D serão iguais (νC 5 νD) e diremos que a ponte está em equilíbrio. Note que, não havendo corrente no galvanômetro, R1 e R2 são percorridas por uma mesma corrente de intensida de i, enquanto R4 e R3 são percorridas por uma mesma cor- rente de intensidade i’. Então, podemos escrever: UAC 5 R1 i UAD 5 R4 i9 ⇒ νA – νC 5 R1 i νA – νD 5 R4 i9 Como νC 5 νD, temos: R1 i 5 R4 i9 (I) Além disso: UCB 5 R2 i UDB 5 R3 i9 ⇒ νC – νB 5 R2 i νD – νB 5 R3 i9 Lembrando novamente que νC 5 νD, obtemos: R2 i 5 R3 i9 (II) Dividindo membro a membro a expressão (I) pela expressão (II), obtemos: R i R i R i R i 1 2 4 3 5 9 9 ⇒ R1 R3 5 R2 R4 Em uma ponte de Wheatstone em equi- líbrio, os produtos das resistências de ramos opostos são iguais: R1 R3 5 R2 R4 Veja, então, que, conhecendo R1, R3 e R4, pode- mos usar a expressão obtida para calcular R2. Normalmente a ponte de Wheatstone é coloca- da em prática de uma maneira mais simples, substi- tuindo-se dois dos resistores por um fio homogêneo AB, de secção transversal uniforme. Veja isso na fi- gura a seguir, em que os resistores de resistências R3 e R4 foram substituídos pelo fio. A R 2 = ? B U i G = 0G R 1 Fio i i D C Régua Cursori’ i’ + – Nesse circuito, R1 é conhecida, R2 é desconhe- cida, R3 é a resistência do trecho DB do fio e R4 é a resistência do trecho AD. Para determinar R2, deslizamos o cursor (conta- to móvel) ao longo do fio até ser atingido o equilíbrio da ponte: iG 5 0. No equilíbrio, sabemos que: R1 R3 5 R2 R4 Entretanto, pela Segunda Lei de Ohm, as resis- tências R3 e R4 são proporcionais aos comprimentos de fio DB e AD , respectivamente. Então, podemosescrever: R1 DB 5 R2 AD ⇒ R2 5 R DB AD 1 Portanto, conhecendo R1, basta medir DB e AD com uma régua para calcular R2. TF3-142_167_P2T2_5P.indd 161 20/08/12 10:34