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PROFESSOR Me. Silvio César de Castro Administração Orçamentária ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! EXPEDIENTE Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Pereira Santana Projeto Gráfico e Capa André Morais, Arthur Cantareli e Matheus Silva Editoração Juliana Duenha Design Educacional Rossana Costa Giani Curadoria Luana Vanessa Brutscher Revisão Textual Érica Fernanda Ortega Ilustração Eduardo Alves Fotos Shutterstock DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CASTRO, Silvio César de. Administração Orçamentária. Silvio César de Castro. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. Reimpresso em 2024. 196 p. ISBN 978-65-5615-868-6 “Graduação - EaD”. 1. Administração 2. Orçamento 3. Financeiro. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658.15 FICHA CATALOGRÁFICA 02511184 Me. Silvio César de Castro Olá, eu sou o professor Silvio César de Castro e vou apro- veitar este momento antes de iniciarmos os conteúdos para contar um pouco da minha história. Sou neto de espanhóis e italianos e, assim como meus avós, meus pais também eram agricultores. Até os 6 anos de idade, morei em um pequeno sítio na região de Maringá. Aos 6 anos de idade, fui para a cidade iniciar os meus estudos, passando a morar na casa dos meus avós paternos. Mais tarde, meus pais também foram morar na cidade devido à atividade de arrendamento rural. Durante minha vida, morei em várias cidades, sendo a última, antes de vir para Maringá, Cuiabá-MT. Nesta época, meus pais se separa- ram e vim embora para Maringá com minha mãe. Foi um período muito difícil, pois, além da separação dos meus pais, tínhamos problemas financeiros. Confesso a vocês que ia para a escola de manhã sem ter ao menos uma refeição adequada, pois minha mãe não tinha dinheiro para comprar algumas coisas. Foi então que o gerente de um banco, a pedido dos meus tios, que eram amigos dele, me deu a oportunidade de iniciar como mensageiro. Aos 18 anos, iniciei o curso de Ciências Contábeis, fui crescen- do no banco e cheguei ao cargo de gerente. Quando já era gerente, fiz uma pós-graduação em finanças e foi lá que conheci alguns professores e me apaixonei pela área acadêmica, onde de fato eu percebi que consegui apren- der algumas coisas que não eram para aquela disciplina específica ou uma situação específica, mas era um apren- dizado para a vida. E eu coloquei na minha cabeça que, se um dia eu fosse professor, essa seria a minha diretriz: não ensinar conteúdos apenas para você obter uma nota, ou aprender algo muito específico, mas que você apren- da para quase todas as situações de negócios que você vai fazer na sua vida profissional ou pessoal. Até que um dia um desses professores que eu tive na pós-graduação me ligou, dizendo que havia uma vaga para professor e achava que o meu perfil seria o adequado para a turma. Aceitei o desafio de imediato e desde então há mais de 20 anos tenho me dedicado à carreira acadêmica. De- pois disso não parei mais, já estou na quinta graduação e mais uma pós-graduação, além do mestrado e acho que não vou parar de estudar e aprender enquanto respirar. Quer conhecer uma das coisas que faço para relaxar um pouco? Acesse o QR Code e assista o vídeo que preparei para você. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA Se você leu um pouco sobre minha história, percebeu que eu iniciei minha carreira profissional, mesmo antes de me formar na faculdade, em uma instituição bancária. Apesar da quantidade absurda de soluções que estão fora de instituições financeiras, ofertados pelas chamadas fintechs, os bancos sempre foram considerados instituições ou de forma geral entidades modelos de gestão, principalmente relacionados à emis- são, produção, processamento, armazenamento e disseminação de informações, bem como a respeito da previsão dos resultados dos negócios que desenvolvem. Entre tais elementos, podemos dizer que, em termos de nascimento profissional do Professor Sílvio Castro, o seu DNA foi contaminado com essa Cultura. Ou seja, uma cultura de informações, de números, da possibilidade de fazer prognósticos, diagnósti- cos e previsões do resultado dos negócios das organizações. Isso ocorreu antes mesmo de conhecer o que de fato vem a ser um orçamento, ou seja, seu conceito, finalidade, pontos positivos, negativos, como está ligado com a missão e visão da instituição. An- tes de saber que ele está relacionado com as decisões a níveis estratégicos, táticos e operacionais e como ele é, de fato, uma ferramenta que representa numericamente os anseios da organização em relação aos caminhos que ela pretende trilhar no mercado. Foi quando, no quarto ano da faculdade do curso de Ciências Contábeis, na disci- plina de administração orçamentária, percebi de forma muito mais ampla e completa o que os gerentes diretores falavam sobre informações, planejamento, a previsão de resultado e números relacionados aos produtos (conta corrente, seguros, cartão de crédito, cheque especial, financiamento de veículos, título de capitalização, crédito pessoal, entre outros). Lembrando que, assim como para uma fábrica de móveis as mesas, cadeiras e poltronas são produtos, estes que acabei de citar são os produtos de uma instituição financeira, ou seja, os bancos. Sei que você pode ter lido e escutado, inclusive tenho postado algumas coisas a respeito disso em minha rede social, sobre o atual ambiente incerto e como trans- formações no mundo dos negócios e na própria sociedade fazem que as projeções e a construção de orçamentos deixem de fazer sentido. De fato, a sociedade e conse- quentemente o mundo dos negócios tem passado por transformações a cada dia mais rápidas. Contudo, isso também não significa que abandonar projeções seja algo factível de ocorrer no mundo dos negócios. O que precisamos ficar atentos é em relação a essa velocidade das mudanças e como elas impactam na economia. Vejam um exemplo bem simples. Aqui na cidade de Maringá, cerca de 3 anos atrás não tínhamos os aplicativos de transporte, sendo mais conhecido Uber. O que predomi- nava era um serviço de transporte bastante barato e ainda muito utilizado em algumas cidades do Brasil chamado de “moto táxi”. O próprio nome se explica, ou seja, serviço de táxi por meio de motocicleta. Quando o Uber se estabeleceu na cidade, esse serviço praticamente desapareceu. Atualmente, com aumento recorrente, e em curtos perío- dos de tempo, do preço do combustível (Gasolina, Etanol e Diesel) e com a redução do poder aquisitivo de forma geral, o uso de aplicativos como Uber também se tornou algo bastantecaro para a população. E já tenho visto algumas pessoas voltando a utilizar o serviço de “moto táxi” na cidade. E essa mudança ocorreu em um intervalo de 3 anos. Precisamos ficar atentos às transformações. Acomodar-se e achar que está tudo bem é um grande erro, podendo ser fatal. Quanto mais você conhecer sobre o orçamento como ele é constituído, os requisitos de sua implementação, os benefícios que ele pode trazer, maiores serão as chances de sucesso do empreendimento. Isso aliado ao avanço da tecnologia por meio de painéis de monitoramento de indicadores, atuando no controle das peças orçamentárias, vão fazer que você consiga ter mais chances de mitigar aspectos que possam fazer que seu orçamento perca representatividade, enquanto ferramenta de gestão, controle e auxílio na geração de resultados da organização. Se você prestou atenção ao ler um pouco da minha história, percebeu que fiz uma declaração de ensinar coisas para os estudantes que serviriam para quase todos os aspectos de negócio e também para suas vidas, este é um desses momentos. Quero deixar uma marca no seu registro de memória para quando, no seu dia a dia, falar de negócios, ou até mesmo em aspectos orçamentários pessoais e familiares, lembre-se do que aprendeu com essa obra e com essa disciplina. IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versas informações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 3 4 5 DO PLANEJAMENTO AO ORÇAMENTO 11 ORÇAMENTO EMPRESARIAL: CARACTERÍSTICAS, PREMISSAS, METAS, IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLE 41 73 PEÇAS ORÇAMENTÁRIAS 119 TIPOS DE ORÇAMENTOS 147 ESTUDO DE CASO MEDICAL ASPEN 1Do Planejamento ao Orçamento Me. Silvio César de Castro Essa unidade vai fazer que você deite à noite para dormir e fique pensando no que leu e como as informações que absorveu podem influenciar o seu dia a dia. É aquele conhecimento que vai te acompa- nhar por toda a vida, pessoalmente, nas suas relações familiares, nas pessoas que pode influenciar e certamente no ambiente profissional que respira, ou pelo menos deveria respirar, beber e alimentar-se de algo chamado planejamento. E nessa unidade, você vai entender que não existe a menor possibilidade em dialogar sobre orçamento sem antes falar em planejamento. Por isso, vamos produzir alguns insights que vão permitir entender melhor algumas características do planejamento. UNIDADE 1 12 Ao acordar em uma manhã, a primeira autodeliberação cognitiva que você tem é: “vou construir uma casa”. Isso seria possível? Ou, ainda, seria possível essa au- toinfligida determinação sem ter pensado nisso nos últimos meses ou anos, fa- lado com alguém, lido a respeito, assistido a algum vídeo, filme, viajado a algum lugar? Afinal de contas, não é uma decisão do tipo “vou comprar um sorvete agora”! Ou melhor, “vou comprar um sorvete, porque está calor e estou na frente de uma sorveteria com uma grande imagem de pessoas se deliciando com taças de sorvete de vários sabores, coloridas e chamativas”. De forma geral, sem ter tido alguma influência do meio que vive, ou motiva- dores para tomar essa decisão, assim, do nada, isso seria algo considerado exces- sivamente estranho ao comportamento humano esperado. A decisão a respeito de construir uma casa é bem diferente de comprar ou não um sorvete. É quase como aquela anedota popular “você vai casar ou comprar uma bicicleta?” Primeiramente em forma de recursos, construir uma casa é, certamente, mes- mo considerando uma residência dentro de padrões normais para uma família de 4 pessoas e um sorvete que não seja apenas gelo com algum aromatizante e saborizante, muitos milhões de unidades monetárias diferentes. O montante de recursos financeiros empregados em uma casa seguramente corresponderia a mais de uma centena de milhares de unidades de sorvete. Posteriormente no tempo para concluir as ações propostas e, nesse quesito, é certo a dispensa de explicações a respeito, temos ainda a quantidade de pes- soas envolvidas, processos e etapas, em que inclusive algumas só podem ocorrer depois de outras já terem sido concluídas. Para construir a casa, não tem como colocar o telhado sem que as paredes e estrutura para recebê-lo estejam prontas. Instalar a fiação elétrica sem antes os condutores para os fios tiverem sido aco- modados. E muitos outros processos que requerem a dependência de estruturas anteriores concluídas. Para a compra do sorvete, talvez possamos imaginar que existe também uma ordem natural, porém, quase nada. Com base no exemplo da casa e do sorvete, podemos dizer que entre propor uma ação e concluí-la existe um planejamento envolvido. Pode ser que você acor- de de manhã e pense “vou comprar sorvete!” Tudo bem, parece algo insignificante no contexto do dia a dia. Contudo, para que isso se concretize, sua mente vai te levar a ações para que isso ocorra. E para construir uma casa também. No entanto, esse planejamento é mais alongado, e muito possivelmente passou por algumas 13 fases, tais como: Por que? Quais os benefícios esperados? Como? Com quem? Quais os recursos necessários? Qual o tempo previsto? Entre outros. Agora chegou a sua vez. Se você julgasse que chegou o momento de construir uma casa para você morar, quais seriam os motivadores para essa decisão? Quais os primeiros passos que consideraria? Que informações imagina necessárias? Em quanto tempo pretende realizar esse projeto? Pense sobre isso. Perceba que esse desafio é algo interessante para despertar algumas abstra- ções e lhe trazer alguns aspectos que não estava imaginando antes, como, por exemplo, em que bairro vou construir a residência? Qual o tamanho do terreno? Quais os motivadores para escolher esse bairro? Existe alguma regulamentação sobre a construção de casas para esse local específico? Será totalmente térrea ou de andar? Ou seja, você pode, a partir do mapeamento das etapas do processo, identificar riscos e oportunidades, olhar para o que já existe de consolidado no mercado, propor coisas novas e conhecer detalhes que antes não tinha percebido. E quando se fala em organizações, esse ambiente se amplia ainda mais, face a ser um ambiente mais intrincado, dinâmico e multifacetado. Diante do desafio que foi proposto e das reflexões apresentadas, aconselho você a fazer anotações nesse espaço reservado para essa finalidade. Ele é chama- do de Diário de Bordo. E será que você conseguiu imaginar a casa que deseja? E mesmo de forma resumida, o que precisa organizar para construí-la? UNICESUMARUNIDADE 1 14 PLANEJAMENTO NA SUA ESSÊNCIA O que você leu até aqui, certamente com o emprego de uma palavra pode respon- der a muitos questionamentos: planejamento. Mas para isso, é interessante saber um pouco mais sobre ele. De acordo com Silva (2001), o planejamento, parte fundamental da administração, teve suas origens nas mais remotas civilizações, desde o momento em que o homem precisou realizar tarefas e organizar recur- sos disponíveis. Em sua obra Teorias da Administração (2001), o autor descreve diversas civilizações como a civilização Suméria, Egípcia, Babilônica, Chinesa, entre outras, exemplificando tal afirmação. Segundo o autor, os sacerdotes dos templos Sumérios, por meio do imenso sistema tributário, coletavam e administravam grandes somas de bens e valores, incluindo rebanhos, propriedades rurais e rendas. Por outro lado, Hindle (2002) conta que os primeiros conceitos de planeja- mento, embora nem reconhecidos como tais, devem provavelmente ter surgido ainda na pré-história, entre as primitivas “donas-de-casa”, que tinham que, de certa forma, ter alguns conhecimentos de planejamento. O certo é que, somente em meados de 1900, foram desenvolvidos sistemas de administração orçamentária como uma forma rudimentar de planejamento. Para Chiavenato (2015), o planejamento envolve a determinação dos objetivos pes- soais ou organizacionais, a formação de programas e rotas de ação para sua rea- lização, o desenvolvimento de cronogramas e cronogramas de ação e a atribuição de responsabilidades para sua implementação. O planejamento, portanto, precede 15 todos os esforços e ações, pois são os planos e programas que determinam o tipo de decisões e atividades necessárias para o alcance dos objetivos desejados. Nesse sentido, em um primeiro momento, o planejamento é de natureza inte- lectual. É um trabalho mental. É estar olhando para frente e se preparando para o futuro. Em um segundo momento, o planejamento está associado com um conceito de ação executiva que incorpora as habilidades de antecipar, influenciar e controlar a natureza e a direção da mudança. E certamente, as organizações podem ter sucesso na utilização eficaz de seus recursos humanos, financeiros e materiais somente quando sua admi- nistração decide com antecedência seus objetivos e métodos para alcançá-los, ou seja, aplicação do planejamento. Sem isso, o esforço proposital e coorde- nado não é possível, e os resultados seguramente serão o caos, a confusão e o desperdício de recursos. De acordo com Chiavenato (2015), o planejamento, no contexto organizacio- nal, encontra-se na base de todas as outras funções gerenciais, incluindo organi- zação, pessoal, direção e controle. Na ausência de planejamento, será impossível decidir quais atividades são necessárias, como devem ser combinadas em funções e departamentos, quem será responsável por que tipo de decisões e ações e como as várias decisões e atividades devem ser coordenadas. UNICESUMAR UNIDADE 1 16 E, na ausência da coordenação envolvendo as atividades gerenciais citadas ante- riormente, o quadro de funcionários não pode prosseguir e a direção não pode ser exercida. O planejamento também é um pré-requisito essencial para o desem- penho da função de controle, pois fornece critérios de avaliação de desempenho. O planejamento, portanto, precede todas as funções gerenciais. O planejamento é função de todo gestor. Todo gestor planeja, independen- temente do nível em que opera na organização. Do diretor administrativo ao supervisor de primeira linha – todos planejam em uma organização, embora a amplitude e o escopo variem de acordo com o nível da hierarquia. Segundo Chiavenato (2015), planejar, controlar, organizar, prover pessoal e dirigir são funções gerenciais projetadas para realizar os objetivos organizacio- nais. O planejamento, entretanto, precede todas as outras funções. É apenas por meio do planejamento que o gestor decide o que fazer, quando fazer e quem fará. O planejamento e o controle caminham juntos. E não se pode controlar o que não é planejado sem previsibilidade. Entre tais elementos, o planejamento possui algumas características funda- mentais, o qual listamos a seguir: 1. Planejar é olhar para o futuro. 2. O planejamento envolve uma linha de ação predeterminada. 3. O planejamento descobre a melhor alternativa dentre as muitas alterna- tivas disponíveis. 4. O planejamento requer um tempo considerável para implementação. 5. O planejamento é um processo contínuo. 6. O objetivo do planejamento é atingir da melhor forma os objetivos pre- determinados. 7. O planejamento integra várias atividades da organização. 8. O planejamento é feito para um período específico. 9. O planejamento não apenas seleciona os objetivos, mas também desen- volve políticas, programas e procedimentos para alcançá-los. 10. O planejamento é um processo interdependente que coordena as várias atividades empresariais. 11. O planejamento direciona os membros da organização. 12. O crescimento e a prosperidade de qualquer organização dependem do planejamento. 13. O planejamento é necessário em todos os níveis de gestão. 17 Diante desses itens listados, pode-se perceber, ainda que de forma introdutória, os motivos para se utilizar o planejamento nas organizações. Vamos, em seguida, nos aprofundar nos possíveis motivos para utilização do planejamento. PLANEJAMENTO - MOTIVOS PARA SUA UTILIZAÇÃO Quando se fala em planejamento, concomitantemente, estamos falando e olhan- do para o futuro e, de acordo com Lucio Junior (2012), existem alguns motivos primordiais para se planejar, o qual vamos elencar a seguir: 1. Reduz a incerteza. Segundo Oliveira (2002), o exercício sistemático do processo de planejamento contribui para a redução das incertezas exis- tentes no processo decisório e, consequentemente, provoca o aumento da probabilidade do alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidos pela empresa, constituindo, dessa forma, um processo contínuo de pen- samento sobre o futuro e, portanto, envolvendo incertezas. 2. Traz cooperação e coordenação. O planejamento pode trazer coope- ração e coordenação entre várias seções da organização. As rivalidades e conflitos entre departamentos poderiam ser evitados por meio de plane- jamento. Além disso, o planejamento evita duplicação de trabalho. 3. Economia em operação. O planejamento seleciona as melhores alterna- tivas entre as várias alternativas disponíveis. Isso levará à melhor utiliza- ção dos recursos. Os objetivos da organização são alcançados facilmente. UNICESUMAR UNIDADE 1 18 4. Antecipa contingências imprevisíveis. Alguns eventos não puderam ser previstos. Esses eventos são denominados como contingências. Esses eventos podem afetar o bom funcionamento de uma empresa. O plane- jamento fornece uma provisão para atender a tais contingências e enfren- tá-las com sucesso. 5. Alcance dos objetivos predeterminados. As atividades de planejamen- to visam atingir os objetivos do empreendimento. A realização oportuna dos objetivos só é possível por meio de um planejamento eficaz. 6. Reduzir a concorrência. A existência de concorrência permite que a empresa tenha uma chance de crescimento. Ao mesmo tempo, a compe- tição acirrada deve ser evitada. É possível reduzir a competição por meio do planejamento. 7. Evitar a mortalidade organizacional. Segundo Lucio Junior (2012), com o mercado supercompetitivo, independentemente da situação eco- nômica local, nacional ou mundial, as empresas vêm enfrentando sérias dificuldades na manutenção de suas atividades. Muitas vezes, por não perceber as novas perspectivas, elas acabam perdendo o seu espaço no mercado e fechando as portas. E este é um fator importante para a so- brevivência das organizações, pois, segundo Zago (2000), a variabilidade do ambiente e a incerteza econômica promovem um fluxo constante de inovação, flexibilidade e desenvolvimento de produtos. E esse fluxo pode significar uma oportunidade ou uma ameaça. 19 TIPOSDE PLANEJAMENTO Assim como Frezatti (2015), e muitos outros autores da área de negócios, exis- tem níveis de abrangência do planejamento. Alguns autores descrevem em três níveis: estratégico, tático e operacional. Outros autores, como por exemplo Nouri (2020), incluem mais um tipo de planejamento e o consideram descaracterizado de nível, pois pode ocorrer em qualquer um deles: trata-se do planejamento de contingência. Vamos, a seguir, caracterizar cada um deles. a) Planejamento Estratégico Tudo começa no nível mais alto com a definição de uma missão e o lançamento de uma visão. O planejamento estratégico inclui uma visão geral de alto nível de todo o negócio. É a base fundamental da organização e ditará as decisões de longo prazo. O escopo do planejamento estratégico pode ir dos próximos dois anos aos próximos 10 anos. Componentes importantes de um plano estratégico são visão, missão e valores. b) Planejamento Tático O planejamento tático apoia o planejamento estratégico. Inclui táticas que a or- ganização planeja usar para alcançar o que está delineado no plano estratégico. Frequentemente, o escopo é inferior a um ano e divide o plano estratégico em partes viáveis. O planejamento tático é diferente do planejamento operacional, pois os planos táticos fazem perguntas específicas sobre o que precisa acontecer para cumprir uma meta estratégica; os planos operacionais perguntam como a organização geralmente fará algo para cumprir a missão da empresa. c) Planejamento Operacional De acordo com Frezatti (2015), esse tipo de planejamento geralmente descreve o funcionamento do dia a dia da empresa. Os planos operacionais são frequen- temente descritos como planos de uso único ou planos contínuos. Planos de uso único são criados para eventos e atividades com uma única ocorrência (como uma única campanha de marketing). Os planos contínuos incluem políticas para UNICESUMAR UNIDADE 1 20 abordar problemas, regras para regulamentos específicos e procedimentos para um processo passo a passo para atingir objetivos específicos. d) Planejamento de contingência Os planos de contingência são feitos quando algo inesperado acontece ou quan- do algo precisa ser mudado. Os especialistas em negócios às vezes se referem a esses planos como um tipo especial de planejamento. O planejamento de con- tingência pode ser útil em circunstâncias que exigem uma mudança. Embora os gerentes devam antecipar as mudanças quando envolvidos em qualquer um dos tipos principais de planejamento, o planejamento de contingência é essencial nos momentos em que as mudanças não podem ser previstas. À medida que o mundo dos negócios se torna mais complicado, o planejamento de contingência se torna mais importante para se envolver e entender. Segundo Nouri (2020), os planos de contingência devem permanecer nos bastidores em caso de crise ou imprevisto. Os planos de contingência cobrem uma variedade de cenários possí- veis e respostas apropriadas para questões que variam desde o planejamento de pessoal até a preparação avançada para ocorrências externas que podem impactar negativamente os negócios. As empresas podem ter planos de contingência para coisas como responder a um desastre natural, software com defeito ou a saída repentina de um executivo de um ou outro nível na organização. 21 PLANEJAMENTO E SUA RELAÇÃO COM O TEMPO De acordo com Chiavenato (2015) e outros autores, o planejamento não pode ser afastado da perspectiva tempo. Nesse sentido, ele pode ser visualizado em planejamento de longo, médio e curto prazo. A seguir, vamos entender melhor a finalidade de cada um deles. a) Planejamento de longo prazo O planejamento de longo prazo geralmente considera um período de 3 a 5 anos. Ge- ralmente é considerado de 5 anos, mas pode chegar a prever cenários para 10 anos. É certo que, ao decidir fazer um curso superior, você tinha um plano de longo prazo em mente. Você passaria os próximos dois a quatro anos se preparando para se tornar um professor, um empresário, de forma geral um profissional de mercado com o domínio de habilidades e competências necessárias para sua atuação. Seu objetivo de longo prazo seria necessário para garantir que suas atividades diárias o ajudassem a alcançar o resultado desejado. Você poderia simplesmente ter se matriculado em uma Instituição de Ensino Superior e feito poucas aulas, tido poucos conteúdos e realizado provas que não o desafiasse a desenvolver habilidades e competências. Mas então, onde você estaria em dois ou quatro anos? Provavelmente, você não teria tido acesso a conteúdos, meto- dologias e avaliações para se qualificar para o emprego ou de forma geral para a atuação que deseja. Uma organização, especialmente uma empresa, não é tão diferente. Também precisa de um plano de longo prazo para garantir que as ati- vidades diárias de seus funcionários contribuam para a missão e as declarações de valor da organização. Um plano de longo prazo é crucial para o sucesso final da organização. Ele para muitas empresas, como construção, hotelaria ou manufatura, geralmente se estende de quatro a cinco anos no futuro. Para outros setores de mudança mais rápida, especialmente empresas de tecnologia, um plano pode olhar apenas dois ou três anos no futuro. Depois disso, torna-se muito difícil prever o futuro com algum grau de certeza. Objetivos de longo prazo são aqueles que, por sua própria natureza, influen- ciam a direção geral da empresa. Geralmente, a capacidade de atingir metas de UNICESUMAR UNIDADE 1 22 longo prazo é um reflexo genuíno de quão bem os funcionários de nível sênior estão em conformidade com a missão da empresa. Metas de longo prazo são mui- to estratégicas. Elas procuram remediar os problemas de forma permanente para garantir que a empresa possa atingir seu potencial máximo. Há muito planeja- mento envolvido no alcance das metas de longo prazo, pois leva em consideração todos os aspectos da empresa, incluindo fatores sociais, econômicos e políticos. b) Planejamento de curto prazo Os planos de curto prazo geralmente alocam recursos para um ano ou menos. Eles também podem ser chamados de planos operacionais, porque se referem às atividades diárias e às operações comerciais padrão. Assim como os planos de longo prazo, os planos de curto prazo devem ser monitorados e atualizados, e este é o papel da gerência de nível médio e primeiro. Diferentes níveis geren- ciais são responsáveis pela implementação de diferentes tipos de planos de curto prazo. Por exemplo, um gerente de departamento pode se sentir confortável im- plementando um plano operacional para o ano inteiro para seu departamento. Um gerente de marketing pode direcionar um plano de três a quatro meses que envolva a introdução de uma nova linha de produtos. Um líder de equipe só pode se sentir confortável planejando e implementando atividades muito específicas durante o período de um mês. c) Integrando os tempos Os planos de longo prazo são divididos em vários planos de curto prazo para facilitar a implementação. No entanto, eles precisam ser integrados de forma eficaz para alcançar a realização de ambos. Em um processo de planejamento bem-sucedido, os planos de curto prazo são feitos com referência aos planos de longo prazo, porque os planos de curto prazo contribuem para os planos de longo prazo. Como tal, há necessidade de coordenação entre esses dois planos. Ao preparar os planos de curto prazo, os ges- tores devem considerar que desejam contribuir para os objetivos de longo prazo. 23 Mesmo as pessoas em níveis na organização com ocupações mais opera- cionais e menos poder de decisão, também devem ser informadas desse fato. Às vezes, os planos de curto prazo não contribuem para os planos de longo prazo, embora possam contribuir para atingir os objetivos organizacionais imediatos, por exemplo, cortar custos de pesquisa e desenvolvimento para mostrar maior lucratividade. Mas será que isso não pode afetar objetivos de longo prazo rela-cionados à melhoria e desenvolvimento de novos produtos que podem garantir a longevidade da organização? Outra característica é que o planejamento de curto prazo é temporário e flexí- vel. O planejamento de longo prazo, por outro lado, é mais concreto. Por exemplo, você tem um plano de longo prazo para dobrar suas vendas nos próximos cinco anos. Este plano não muda repentinamente, no entanto, os planos de curto prazo que você faz para dar vida à meta de longo prazo podem mudar e provavelmente mudarão várias vezes. Para atingir essa meta de longo prazo, você usará vários métodos, processos etc. Mais ainda, você medirá esses métodos, livrando-se dos que não funcionam e utilizando os que funcionam. Outra diferença notável entre o planejamento de curto e longo prazo é que o último impacta diretamente os rumos da empresa. Digamos que você tenha um plano de longo prazo para aumentar as taxas de satisfação do cliente para 99% nos próximos cinco anos. Certamente essa meta terá um grande impacto em todos os aspectos da empresa. Alguns dos planos de curto prazo que você implementou para atingir esse objetivo não terão efeitos tão duradouros. Na verdade, alguns deles podem ter efeitos negativos, mas é por isso que os planos de curto prazo não são gravados em pedra. Você pode se livrar deles a qualquer momento e substituí-los por planos mais adequados que o ajudem a alcançar seus objetivos de longo prazo de forma mais eficaz e eficiente. d) Existe planejamento de médio prazo? De forma geral, a literatura não aborda essa temporalidade em relação ao plane- jamento. Eles são quase sempre divididos entre longo e curto prazo. No entanto, Markgraf (2019) apresenta argumentos que podem permitir a contemplação do planejamento de médio prazo. Segundo ela, o planejamento de médio prazo UNICESUMAR UNIDADE 1 24 aplica soluções mais permanentes para problemas de curto prazo. Imagina se cursos de treinamento para funcionários podem resolver problemas no curto prazo. Então, as empresas organizam programas de treinamento para o médio prazo. Se houver problemas de qualidade, a resposta de médio prazo é revisar e fortalecer o programa de controle de qualidade da empresa. Quando uma resposta de curto prazo relacionada à falha de certo equipamen- to é o seu conserto, uma solução de médio prazo é providenciar um contrato de serviço de manutenção. O planejamento de médio prazo implementa políticas e procedimentos para garantir que os problemas de curto prazo não voltem a ocorrer. AS 5 ETAPAS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL De acordo com Nouri (2020), o processo de planejamento organizacional inclui cinco fases conforme descrito a seguir. 1. Desenvolva o plano estratégico As etapas nesta fase inicial incluem: revise sua missão, visão e valores. Reúna dados sobre sua empresa, como indicadores de desempenho de métricas de seu departamento de vendas. Faça um balanço dos pontos fortes, fracos, oportuni- dades e ameaças da organização. 2. Traduzir o plano estratégico em etapas táticas Nesse ponto, é hora de criar planos táticos. Traga os gestores de nível médio para ajudar a fazer o seguinte: 25 a) Definir metas de curto prazo – metas trimestrais são comuns – que dão suporte ao plano estratégico de cada departamento, como definir uma cota para a equipe de vendas para que a empresa possa cumprir sua meta estratégica de receita. b) Desenvolva processos para revisar o cumprimento das metas para ga- rantir que as metas estratégicas e táticas estejam sendo cumpridas, como executar um relatório a cada trimestre e enviá-lo ao Diretor de Vendas para verificar se o departamento comercial está atingindo sua cota. c) Desenvolva planos de contingência, como o que fazer em caso de mau funcionamento dos sistemas integrados da equipe de vendas ou violação de dados confidenciais. 3. Planeje as operações diárias Os planos operacionais, ou os processos que determinam como os funcionários individuais passam o dia, são em grande parte responsabilidade dos gerentes de nível médio e dos funcionários subordinados a eles. Por exemplo, o processo que um representante de vendas segue para encontrar, nutrir e converter um prospect (possível cliente) em um cliente é um plano operacional. Cronogramas de traba- lho, fluxos de trabalho de atendimento ao cliente ou políticas de segurança que protegem as informações dos clientes em potencial ajudam um departamento de vendas a atingir sua meta tática – neste caso, uma cota de vendas. Este estágio deve incluir o estabelecimento de metas e objetivos que os funcio- nários individuais devem atingir durante um determinado período. Os gerentes podem optar por definir por conta própria alguns planos, como horário de tra- balho. Por outro lado, as tarefas individuais que compõem um plano de vendas podem exigir a colaboração de toda a equipe. Este estágio também deve incluir o estabelecimento de metas e objetivos que os funcionários individuais devem atingir durante um determinado período. 4. Execute os planos É hora de colocar os planos em ação. Teoricamente, as atividades realizadas no dia a dia (definidas pelo plano operacional) devem ajudar no alcance dos objeti- vos táticos, que, por sua vez, dão suporte ao plano estratégico geral. UNICESUMAR UNIDADE 1 26 5. Monitore o progresso e ajuste os planos Nenhum plano está completo sem períodos de reflexão e ajuste. No final de cada trimestre ou do período de meta de curto prazo, os gerentes de nível médio de- vem revisar se atingiram ou não os benchmarks estabelecidos na etapa dois e, em seguida, enviar relatórios com base em dados para executivos de nível C. Por exemplo, quando o gerente do departamento de vendas executava um rela- tório analisando se um novo processo de gerenciamento do pipeline de vendas ajudou a equipe a atingir sua cota. Uma equipe de marketing, por outro lado, pode analisar se seus esforços para otimizar a publicidade e as páginas de destino foram bem-sucedidos na geração de um determinado número de leads para o departamento de vendas. Dependendo do resultado dessas análises, sua organização pode desejar ajus- tar partes de seus planos estratégicos, táticos ou operacionais. Por exemplo, se a equipe de vendas não atingiu sua cota, seu gerente pode decidir fazer alterações em seu plano operacional de pipeline de vendas. NOVAS DESCOBERTAS Benchmarking é um processo de estudo de concorrência, podendo ser uma análise profunda das melhores práticas usadas por empresas de um mesmo setor que o seu e que podem ser replicadas no seu empreendimento. Entre seus benefícios, estão a redução de custos, aumento na produtividade e am- pliação na margem de lucro. 27 Um panorama geral sintético dessas cinco etapas descritas, pode ser visualizado por meio da Figura 1 a seguir. NOVAS DESCOBERTAS Pipeline: Podemos defini-lo como uma espécie de “mapa” de todas as etapas que compreendem o ciclo de vendas de uma empresa. Alguns negócios pos- suem ciclos de vendas mais curtos, portanto o pipeline de vendas também será mais enxuto. 1 Estratégico 2 Tático 3 O peracional 4 Execução 5 M on ito ra r 1-Desenvolva o plano estratégico. 2-Traduzir o plano estratégico em etapas táticas. 3-Planeje as operações diárias. 4-Execute os planos. 5-Monitore o progresso e ajuste os planos. Processo de planejamento Descrição da Imagem: são cinco setas que se conectam uma à outra formando um círculo que contém escrito em seu centro: «Processo de planejamento». Cada seta possui uma escrita em seu interior. A indicação da seta inicial é representada pelo que está escrito no seu interior: 1 Estratégico e também por uma legenda externa: 1 Desenvolva o plano estratégico. Na segunda seta, está escrito: 2 Tático com uma legenda externa: 2 Traduza o plano estratégico em etapas táticas. A terceira seta tem no seu interior es- crito: 3 Operacional e a legenda externa: 3 Planeje as operações diárias. A quarta seta tem no seu interiorescrito: 4 Execução e uma legenda externa escrito: 4 Execute os planos. E a quinta seta, que volta a se conectar à primeira, tem em seu interior escrito: 5 Monitorar e uma legenda externa escrito: Monitore o progresso e ajuste os planos. Figura 1 - As 5 etapas do processo de planejamento organizacional Fonte: adaptada de Nouri (2020). UNICESUMAR UNIDADE 1 28 Por meio da Figura 1, pode-se perceber que, depois de iniciado o planejamento a nível estratégico, ele passa a se desenvolver em planos, metas, objetivos quan- tificáveis, programas e ações em níveis táticos e operacionais. E os resultados do que foi, então, operacionalizado, passam novamente a servir de base para que as estratégias possam seguir como estão, ou efetuar ajustes, desde os mais extremos, como abandonar uma linha de produção, fechar filiais e subsidiárias em alguma cidade, estado ou país, ou passar por pequenos ajustes de afinamento para uma maior eficiência organizacional. PLANEJAMENTO - ASPECTOS LIMITANTES Existem alguns aspectos na organização, relacionados principalmente ao com- portamento e comprometimento das pessoas, que podem interferir de forma negativa no bom andamento do processo de planejamento nas organizações. Entre eles, podemos destacar: 1. Falta de informações precisas: O planejamento envolve previsões e o futuro é bastante incerto e complexo e per- de seu valor se as informações não forem precisas. O planejamento diz respeito à atividade futura e a qualidade das informações determina a produção básica do planejamento. Às vezes, os gerentes não sabem como usar as informações de 29 forma eficiente; ou simplesmente não as têm. A primeira vez em sistematizar o orçamento é o mais difícil, sem dados históricos da organização. Nesse caso, o planejamento pode causar problemas futuros nas operações. 2. Resistência à Mudança: A resistência à mudança é outro fator que limita o planejamento. A maioria das pessoas resiste à mudança devido ao medo do fracasso e da incerteza. No en- tanto, o planejamento muda a atitude das pessoas para torná-lo mais eficaz. O planejamento dá uma falsa sensação de estabilidade e segurança às pessoas na organização. É preciso ficar atento às mudanças. 3. Inflexibilidade: O planejamento fornece o espectro de todas as atividades e, em geral, o planeja- mento resulta em rigidez no funcionamento interno da organização. Os geren- tes geralmente são impulsionados a seguir os procedimentos rigidamente. As inflexibilidades internas que podem limitar o planejamento estão relacionadas à psicologia humana, às políticas e procedimentos organizacionais e ao investi- mento de capital de longo prazo. Além disso, os gerentes são confrontados com muita inflexibilidade externa e não têm controle sobre as pessoas. Esses fatores são sociais, jurídicos, tecno- lógicos etc. Os gestores devem formular seus planos tendo em vista a demanda desses fatores. 4. Planejamento inadequado: Existem muitas razões pelas quais as pessoas falham no planejamento, tanto no nível de formulação quanto no de implementação. Algumas das desvantagens são a falta de compromisso com o planejamento, objetivo ambíguo, tendência a ignorar as premissas de planejamento, dependência de acontecimentos passados, falta de apoio administrativo, falta de técnicas de controle e resistência à mudança etc. Esses fatores são responsáveis por planejamento inadequado ou planejamen- to incorreto nas organizações envolvidas. UNICESUMAR UNIDADE 1 30 5. Fatores de tempo e custo: Fatores de tempo e custo são considerados limitações reais ao planejamento, podendo gerar prejuízos a este. O tempo é um fator limitante para todos os ge- rentes da organização, pois pode não haver tempo suficiente para realizar todo o processo de planejamento. O planejamento envolve custos por parte da organização. Os custos aumen- tam no planejamento se ele se tornar mais detalhado. Assim, o planejamento não pode ser realizado além de um certo limite, mas deve justificar seus custos. Com relação ao custo, ele não deve ser, em nenhuma situação, superior ao valor do planejamento ou dos benefícios dele derivados. 6. Filosofia Organizacional: Frequentemente, a filosofia de gestão também pode impedir o processo de pla- nejamento. Uma vez que os gerentes se acostumaram a uma filosofia particular mantida por um longo período, ela tende a impor limitações internas de inflexi- bilidade ao planejamento. Os vários fatores analisados anteriormente contribuem para as limitações do planejamento, tornando o planejamento ineficaz ou reduzindo o grau de trabalho planejado. No entanto, deve-se reconhecer e aceitar que o planejamento é essen- cial e que os gestores devem tomar medidas para torná-lo mais eficaz. 31 MISSÃO E VISÃO Foi notório que muito do que foi apresentado até o momento dizia que todo o processo de planejamento organizacional se dava no nível estratégico. Tudo se iniciava com a missão e visão organizacional. Nesse sentido, vamos explorar e entender um pouco mais da relevância desses elementos para a organização. As empresas muitas vezes ignoram estas duas perspectivas por julgarem se- rem elas meramente teóricas, utópicas e distantes da realidade do seu ambiente. Entretanto, não há como ignorar a presença de princípios, cultura, crença e valores incorporados na vida de uma empresa. Estes, por sua vez, são desenvolvidos pela forte relação de líderes que atuam nestas organizações, sejam eles proprietários, administradores, executivos ou gerentes, ressaltando que, na maioria das vezes, estes valores são oriundos dos donos das empresas, haja visto que sua história quase se confunde com a da sua empresa. De acordo com Rodrigues (1984), uma pesquisa realizada constatou que o sucesso de grandes empresas, como Bradesco, IBM Brasil, Ultrafértil, Rede Globo, HP do Brasil, foi obter a adesão dos funcionários aos princípios, cren- ças e valores, este é um desafio para o administrador e uma garantia de bom desempenho para a empresa. Esses princípios, valores e crenças são expressos por meio da definição da Visão e Missão da empresa. Para um melhor entendimento, conceituaremos estas duas perspectivas. Visão Compreende a ideologia da empresa e sua perspectiva de futuro. A visão orienta a organização em uma meta de longo prazo, criando um compromisso consigo próprio no intento de atingir o propósito declarado. Líderes que oferecem uma visão clara, coerente e sustentada têm elevada base de poder para conduzirem os destinos da empresa. Segundo Frezatti (2015), a visão corresponde à formalização de uma reflexão com grau razoável de abstração, em que se expressa o propósito básico da entidade. A visão organizacional, de forma geral, não estratifica o portfólio de produtos e serviços, ou, ainda, não tem a intenção de apresentar fins quantitativos. Ela tem UNICESUMAR UNIDADE 1 32 um caráter de personalidade, identidade e remete ao sentimento que as pessoas têm quando se menciona o nome da empresa. E, nesse sentido, ela trabalha com a percepção que espera ter ao ser lembrada pelas pessoas. A visão organizacional tem como objetivo criar uma filosofia que serve como guia para a empresa, uma aspiração e inspiração. Ela é um acumulado de convicções que norteiam a rota que a empresa vai seguir. Missão Estratégica Compreende a forma que a empresa pretende alcançar a sua visão. A missão é uma declaração ampla e duradoura de propósitos que individualiza a organização e distingue o seu negócio impondo a delimitação de suas atividades dentro do espaço que deseja ocupar em relação às oportunidades de negócios. Ela está delimitada pelo negócio da entidade que proporciona foco à gestão e também a filosofia empresarial que gera condições de entender os valores e as crenças que os proprietários da empresa desejam que sejam observados. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 27), “ A missão estratégica flui a partir da intenção estratégica. Com en- foque externo, a missão estratégica é a declaraçãodo propósito e do alcance únicos da empresa em termos de produto e de mercado, e possibilita as descrições gerais dos produtos que uma empresa dese- ja fabricar e os mercados a que atenderá usando suas competências essenciais internas. A missão deveria responder às seguintes perguntas: 1. Quais os produtos/serviços estariam disponibilizando no mercado? 2. Que atividades a organização se propõe a desenvolver no ambiente? 3. Quem é o seu cliente? 4. Em que mercado atua? 5. Qual o benefício auferido pelo acionista? Drucker (1970, p. 156) nos oferece sua percepção sobre a importância da defi- nição da missão por parte das empresas: “Uma empresa não se define pelo seu 33 nome, estatuto ou produto que faz; ela se define pela sua missão. Somente uma definição clara da missão é razão de existir da organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa”. O quadro a seguir apresenta algumas características da Visão e Missão que nos ajudará a diferenciarmos uma da outra. Logo Informações Missão Visão GPA, nome fantasia da Com- panhia Brasileira de Distribuição, é controlada pelo Grupo Casino, de capital francês. Teve origem com a fundação da doceria Pão de Açúcar, em 1948, por Valentim Diniz, que posteriormen- te se tornou uma rede de supermer- cados. Promover a empregabilidade e empreendedo- rismo por meio de ações sociais, educacionais e cul- turais, voltadas às comunidades de atuação do GPA. Ser reconhecido como agente de transformação para a melhoria do desenvolvimen- to humano nas comunidades de atuação do GPA. Companhia Ener- gética de Minas Gerais S.A. é uma das principais concessionárias de energia elétrica do Brasil, tendo sede na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Atuar no setor de energia com renta- bilidade, qualidade e responsabilidade social. Consolidar-se, nes- ta década, como o maior grupo do setor elétrico nacional em valor de mercado, com presença em gás, líder mundial em sustentabilidade, admirado pelo cliente e reconhe- cido pela solidez e performance. UNICESUMAR UNIDADE 1 34 Logo Informações Missão Visão Sicoob é o maior sistema financeiro cooperativo do país. É composto por cooperativas financeiras e em- presas de apoio, que em conjunto oferecem aos associados servi- ços bancários em geral. Ou seja, tem todos os produtos e serviços bancá- rios, mas não é um banco. É uma coo- perativa financeira, onde os clientes são os donos e por isso os resul- tados financeiros são divididos entre os cooperados. Gerar soluções fi- nanceiras adequa- das e sustentáveis, por meio do cooperativismo, aos associados e às suas comunida- des. Ser reconhecido como a principal instituição finan- ceira propulsora do desenvolvimen- to econômico e social dos associa- dos. 35 Logo Informações Missão Visão Itaú, cujo nome oficial é Itaú Uni- banco S.A. É um banco brasileiro sediado em São Paulo, braço do Itaú Unibanco Hol- ding S.A., voltado ao setor de varejo e múltiplo, que oferece serviços de finanças e seguros a dezenas de milhões de clientes. Fornecer soluções, produtos, serviços financeiros e de seguros de forma ágil e competente, promovendo a mobilidade social, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para um relaciona- mento duradouro com acionistas e clientes. Ser o banco líder em performance sustentável e na satisfação dos clientes. Quadro 1 - Exemplos de missão e visão Fonte: adaptado de sites institucionais das empresas relacionadas. Diálogo da famosa fábula de Lewis Carrol, “Alice no país das maravilhas” – Pode-me dizer o caminho a tomar? – pergunta Alice. – Isto depende do lugar para onde você quer ir – responde o gato. – Não tenho destino certo – informa Alice. – Neste caso, qualquer caminho serve. Uma empresa sem planejamento, encontra-se na mesma situação que Alice. Ou seja, qualquer caminho também pode levar a lugar nenhum. PENSANDO JUNTOS UNICESUMAR UNIDADE 1 36 OLHAR CONCEITUAL Integração da Missão, Visão, Planejamento e Planos. Missão e Visão Planejamento Estratégico Planejamento Tático Planejamento Operacional Plano Contingencial Orçamento e outros planos 1 ano 1 ano 1 - 5 anos 1 - 5 anos 5 - 10 anos 5 - 10 anos Descrição da Imagem: A figura está disposta em forma de camadas, circulares, onde a maior camada abrange a menor e assim sucessivamente. São ao todo 6 camadas, parecidas com as camadas de uma cebola. A maior camada é representada pela missão e visão da organização, demonstrando que é o ponto inicial para todas as demais ações de planejamento. Existe uma linha ligando essa camada a uma tag ao lado dessas camadas dizendo “Missão e Visão”. Existe também uma informação nessa camada dando uma ideia de tempo (longevidade) para a Missão e Visão, nesse caso, 5 a 10 anos. Esse desenho se repete até a última camada. A segunda camada é representada pela tag externa: Planejamento Estratégico e o indicativo na própria camada é de 5 a 10 anos de longevidade em geral. A terceira camada é representada pela tag externa: Planejamento Tático e o indicativo na própria camada é de 1 a 5 anos de longevidade em geral. A quarta camada é representada pela tag externa: Planejamento Operacional e possui o indicativo na própria camada de 1 ano de longevidade em geral. A quinta camada é representada pela tag externa: Planejamento Contingencial e contém o indicativo na própria camada de 1 ano de longevidade em geral. A sexta camada é representada pela tag externa: Orçamento e demais planos e o indicativo na própria camada é de 1 ano de longevidade em geral. 37 Não sei se você percebeu a velocidade com que as coisas têm mudado nas últimas décadas, ou seja, tem aumentado absurdamente. Eu confesso que, apenas refletindo sobre isso, parece não ser algo tão perceptível. Eu descobri isso em uma recente leitura de um livro intitulado Inevitável, de autoria de Kevin Kelly, dizendo que o telefone levou 75 anos para che- gar a 50 milhões de pessoas, o rádio, 38 anos, a televisão, 13, a internet, 4, o Iphone (que completou 10 anos no início de 2017), apenas 3 e o Instagram, 2 anos, o jogo Angry Birds, 35 dias e o jogo Pokémon go, apenas 15 dias. E essa velocidade com que as coisas têm mudado deu origem a um fenômeno chamado de mundo VUCA. VUCA é um acrônimo inglês que em português significa volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade. E esse mundo VUCA pode decretar a morte do planejamento? E, por consequência, dos seus desdobramen- tos como o orçamento empresarial? Se quiser saber mais so- bre isso e essa relação, ouça esse podcast. NOVAS DESCOBERTAS Título: Um sonho de liberdade Ano: 1994 Sinopse: Andy Dufresne (Tim Robbins) é condenado a duas penas consecutivas de prisão perpétua pelos assassinatos de sua esposa e do amante dela. No entanto, só Andy sabe que ele não cometeu os crimes. Enquanto está na prisão, ele faz amizade com Red (Morgan Free- man), vive a brutalidade da vida na prisão, se adapta, ajuda o diretor etc., tudo em 19 anos. Contudo, Andy finalmente consegue fugir depois de um detalhado planejamento que realizou. Comentário: esse é um filme maravilhoso, daqueles que quando você co- menta sobre ele e alguém fala que nunca assistiu, causa uma grande in- dignação. O filme retrata, por meio da vida de Andy Dufresne na prisão, os planos de longo, médio e curto prazo que ele tem que fazer para sobreviver no hostil ambiente daquela prisão, bem como para alcançar seu objetivo maior, a liberdade. UNICESUMAR UNIDADE 1 38 PLANEJAMENTO E O ORÇAMENTO Tudo bem! Você deve estar se perguntando: se esse livro é de administração orçamentária, qual o mo- tivo de estarmos tratando em uma unidade toda sobre planejamento? Vamos voltar na decisão de construir uma casa. Depois que você passa pelo processo do planejamen- to, apresentando motivadores da decisão, detalhes de como deve ser executado, os detalhes, dimensões, ou seja, tudo que imaginou executável,isso gera um ou mais projetos (projeto arquitetônico, hidráulico, elétrico, lógico/automação etc.). E tudo isso, consequentemente, vai gerar uma pergunta: quanto vai custar? Aí que entra o orçamento. O orçamento é um plano representativo da quantificação de recursos (financeiros, estruturas, engenharia, processos, métodos, pessoas) explicitados no planejamento, tanto de curto como de longo prazo. Para a construção da casa, teria o orçamento para compra do terreno, mão de obra do pessoal, parte elétrica, hidráulica, lógica/rede/comuni- cação, janelas e portas, acabamento e pintura. Seriam suborçamentos que juntos globalizariam toda a execução do projeto. Aspectos e o aprofundamento sobre o sistema orçamentário, premissas, peças orçamentárias e tipos de orçamentos serão abordados nas próximas unidades. Ou seja, o orçamento é produto do planejamento e não o próprio planejamento. Enquanto planejamento é mais qualitativo, com a descrição textual e represen- tações gráficas e infográficas dos objetivos a serem alcançados, o orçamento é mais quantitativo, representando numericamente em forma de tabelas, geral- mente divididos mensalmente, os recursos necessários para atingir os objetivos descritos no planejamento. Não é aceitável, em termos de gestão sóbria, falar em orçamento sem antes falar em planejamento e primeiramente ainda fazer uma leitura da missão e visão organizacional. Orçamento é um plano, considerado produto de três matérias-primas: missão, visão e planejamento. Externalizar a intenção de implementação de um orçamento sem mesmo ter clara e declarada para toda a organização a missão e visão do empreendimento é deslize quando se fala em gestão. E se o planejamento tiver falhas, certamente o orçamento também herdará essa característica. Acredito que, nesta unidade, exploramos de forma satisfatória os aspectos rela- cionados ao planejamento: abrangência, tempo, propósito e até alguns aspectos que impedem ou dificultam sua ocorrência. Existem também algumas ferramentas de planejamento, bem como de criação e implementação de projetos. Software inclusive de utilização colaborativa. E de forma geral, eles começam com algumas perguntas básicas e depois das res- postas se mostrarem consistentes é que os planos são colocados em prática. Uma ferramenta interessante é a chamada 5W2H. Essa ferramenta corresponde basicamente em responder: What / O que: deve ser observado aqui a descrição do que é o problema, o pro- pósito do projeto e/ou a meta de melhoria que se propõe alcançar; Who / Quem: quem é o responsável por resolver o problema ou oportunidade de melhoria. A equipe designada para o resolver e quem são os clientes internos ou externos são algumas das formas de responder a esta parte; Where / Onde: neste espaço deve ser registrada a informação do local envolvido pelo problema, ou seja, onde está inserida. Será definido se é um setor específico ou mesmo em que operação ou máquina de produção atua; Why / Porquê: nesta fase é importante definir o motivo pelo qual é importante resolver este problema ou alcançar o objetivo proposto. Discuta sob quais aspec- tos financeiros e qualitativos vale a pena perseguir com a resolução do problema e/ou o alcance da meta; When / Quando: as informações aqui estão vinculadas no tempo, ou seja, de quando o problema ocorre e qual o prazo para resolução, bem como as datas de entrega e cronograma para atendimento ao objetivo do projeto; How / Como: como funciona o processo pelo qual o problema está envolvido é a questão a ser respondida. Quais etapas, atividades e variáveis relevantes podem afetá-lo. Uma dica aqui é usar um fluxograma para melhor representá-lo; How much / Quanto: aqui as informações podem estar atreladas a quantidade e custo, ou seja, quanto esse problema já gerou gastos para a área envolvida e/ ou para toda a empresa. Quanto investimento é necessário para resolvê-lo, bem como quantos processos e produtos ele já afetou. Ok, agora que você já sabe o que é 5W2H, está na hora de lembrar daquela casa que alguém acordou e a primeira autodeliberação cognitiva que teve é: “vou cons- truir uma casa”. Está na hora de você praticar, desenvolvendo de forma imersiva as habilidades e competências que podem se apresentar nesta unidade. Se você já possui uma casa, pense em uma maior, mais bem localizada, dos seus sonhos e coloque isso no papel preenchendo o quadro a seguir. Não tem resposta certa ou errada. Basicamente o errado é pensar em alguma entrega de um produto serviço, novo, melhorado, reformulado sem responder essas questões. A seguir, um quadro para te ajudar nessa prática, que certamente pode te auxiliar no seu trabalho e na sua vida, em como alcançar seus propósitos. Que não precisam ser necessariamente ligados a ganhos financeiros, pode inclusive atender a anseios pessoais, ligados a cultura, emoções, experiências, satisfação pessoal. Quadro 1 - 7 perguntas preliminares para chegar a um propósito / Fonte: o autor. Por que? Onde? Quando? O que vai fazer? Pessoas, equipe envolvida? De que forma? Quanto vai custar? 2Orçamento Empresarial: Características, Premissas, Metas, Implementação e Controle Me. Silvio César de Castro Vamos continuar a nossa jornada do conhecimento sobre o orçamen- to. Por meio da unidade anterior, ficou nítida a relação entre planeja- mento e orçamento, sendo o orçamento um dos produtos do plane- jamento, como se o planejamento fosse a matéria-prima e orçamento o produto finalizado. E nessa unidade, você vai entender algumas ca- racterísticas básicas do orçamento, a importância das premissas para sua composição, benefícios, aspectos relevantes sobre a definição de metas e condições para a sua implementação e o acompanhamento entre o orçado e o realizado por meio de ferramentas e indicadores on-line, também conhecidos como dashboards. UNIDADE 2 42 A Medical Aspen (empresa fictícia) foi idealizada por dois irmãos com visão empreendedora, que moraram mais de 10 anos nos EUA atuando no setor de desenvolvimento/fabricação e venda de produtos na área da saúde. Voltaram para o Brasil com uma forte influência sobre a importância do planejamento e gestão para que as organizações possam prosperar e vasto conhecimento sobre produ- ção e venda de produtos inovadores na área da saúde. A organização, recém-cria- da no Brasil, já trabalha com planejamento anual (curto prazo) e de 05 e 10 anos (longo prazo) e consequentemente com a elaboração do seu orçamento. E como é tudo muito recente, a organização não possui um histórico, apenas projeções a respeito dos números (receitas, despesas, variações, comportamento, dados de produção, tempos de processos, entre outros) de todos os setores e departamen- tos. Atualmente, os aplicativos de gestão integrados (vendas, estoques, logística, CRM, finanças, compras, produção, contabilidade etc.) que a organização utiliza (softwares e serviços de hospedagem de dados), bem como os produtos e maté- rias-primas adquiridas para fabricação e revenda são 80% adquiridos nos EUA. Será que o fato de 80% dos insumos utilizados nas atividades desenvolvidas pela empresa serem importados faz que algum aspecto do orçamento deveria ter mais atenção? Esse seria o único aspecto a ser um destaque na elaboração do orçamento? A cotação do dólar, ou seja, a relação da quantidade de R$(Reais) para se comprar um U$(Dólar) pode ter variações radicais em um único dia. Imagine em um ano. Isso pode determinar que alguns gatilhos fiquem ativos em relação à elaboração do orçamento, visando situações onde essa relação entre R$ e US se torne elevada, ou não prevista. E quanto à não existência de dados históricos, face o empreendimento e a implementação do orçamento serem algo recente, faz que, na prática, a preparação do orçamento possa ficar comprometida, não pelas mudanças externas, mas também pela ausência de informações históricas consistentes. Contudo, se você tiver um conhecimento aprofundado sobre o sis- tema orçamentário, características,premissas, metas, implementação e controle, isso certamente vai te ajudar. Para você experimentar uma minúscula situação sobre previsão de recursos, eu te convido a um desafio. Faça, para o próximo mês, uma relação, pode ser no computador, celular, caderno, utilizando uma planilha do Excel, não importa. O que importa é você realizar a ação de listar os recebimentos que estão previstos para receber (salário, aluguel, lucro, comissões, juros, doações), qualquer recebi- mento, desde que seja recurso financeiro. Bens não contam, como celular, roupas, 43 calçados e até alimentos. Apenas “dinheiro” ou que pode ter acesso sacando em uma Instituição Financeira. Faça o mesmo agora com o que você vai ter que pagar, tudo mesmo (energia elétrica, conta de celular, internet, telefone fixo, conta de água, impostos, gás, combustível para o carro, supermercado, saúde, educação, seguros, pet shop, lazer, assinatura de conteúdos digitais etc.). Depois de passar o mês, compare os valores que fez a previsão de receber com os de fato recebidos. E também os que fez a previsão de pagar com o que de fato pagou. Certamente você vai notar algumas características interessantes e muito parecidas quando se fala desse tipo de orçamento, também chamado de orça- mento pessoal: a) A diversidade de fontes de recebimento geralmente é pouca: salário, alu- guel, lucro, comissões, juros, doações etc. b) A diversidade de fontes de pagamento geralmente é muita: aluguel, com- bustível, impostos, alimentação etc. E então, caro(a) aluno(a), você conseguiu elaborar o orçamento do seu mês? Quantas fontes de entrada de recursos e respectivos valores você conseguiu re- unir? E de saídas? O orçamento que você projetou foi igual às entradas e saídas que realmente ocorreram? Preencha suas reflexões no Diário de Bordo. UNIDADE 2 UNIDADE 2 44 O QUE É UM ORÇAMENTO? Pode-se dizer que o Orçamento é, fundamentalmente, um plano. Ele mostra os re- cursos necessários e a sua forma de utilização. Os recursos empresariais são: pessoal, técnicas específicas, equipamentos, espaço de trabalho e dinheiro. Por meio do orça- mento, é possível comunicar os objetivos e as prioridades para o ano, pois o trabalho não será realizado se os recursos necessários à sua execução não forem orçados. O orçamento prevê o conteúdo dos demonstrativos financeiros da empresa – lucros e perdas, balancete e demonstrativos de fluxo de caixa – durante o ano. Prevê também, detalhadamente, os resultados financeiros pertinentes, como re- ceita e custos de todos os tipos, de todos os elementos organizacionais da empresa. Welsch (1996) associa o orçamento às funções administrativas, abrangendo o planejamento, execução, controle, avaliação, motivação e coordenação. A seguir, são descritos conceitos para que se possa compreender como o orçamento empresarial pode ser considerado uma forte ferramenta de planejamento e gestão empresarial em uma organização. Segundo Brookson (2000 apud LUNKES, 2003, p. 39): “ Orçamento é um plano de atividades futuras. Ele pode assumir diversas formas, mas normalmente reflete os departamentos e o conjunto da empresa em termos financeiros, fornecendo as bases para se aferir o desempenho da organização. O orçamento é uma declaração de planos financeiros para um período que está por vir, normalmente de um ano. 45 Para Lunkes (2003), os orçamentos, além de serem parâmetros para a avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade, de- sempenhando papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade. O orçamento está unipresente no ciclo administrativo, ele pode ser definido em termos amplos, com um enfoque sistemático e formal à execução das responsa- bilidades do planejamento, execução e controle. De acordo com Padoveze (2004), orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo exercício. Segundo Sanvicente e Santos (2000), o orçamento é preparado por uma em- presa para cobrir as operações no período de um ano, e sua finalidade é projetar os resultados das atividades previstas e programadas, além de verificar em que medida o lucro ou prejuízo se comparam aos objetivos de rentabilidade dese- jados pela alta administração ou proprietários. Salienta Atkinson (2000) que o orçamento é uma expressão quantitativa das entradas e saídas de dinheiro para determinar se um plano financeiro atingirá as metas organizacionais. Welsch (1996, p. 27) define orçamento como um plano administrativo que abrange todas as fases das operações para um período futuro definido. É a expres- são formal das políticas, planos, objetivos e metas estabelecidas pela alta adminis- tração para a empresa como um todo, bem como para uma de suas subdivisões. Um orçamento é a expressão de um plano de ação futuro da administra- ção para determinado período. Ele pode abranger aspectos financeiros e não financeiros desses planos e funciona como um projeto para a empresa seguir no período vindouro. Os orçamentos referentes a aspectos financeiros quantificam as expectativas da administração com relação a receitas futuras, fluxo de caixa e posição financeira (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2000). De acordo com Castro e Santos (2016, p. 62), “ [...] pode-se perceber que os orçamentos, além de serem parâmetros para avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade, desempenhando papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade, por isso, o orçamento é de extrema importância na atividade administrativa. Ele pode ser definido também como um enfoque sistemático e formal à execução das responsabilidades do planejamento, execução e controle. UNIDADE 2 UNIDADE 2 46 Desta forma, é possível associarmos o orçamento às funções administrativas, abrangendo o planejamento, execução, controle, avaliação, motivação e coordena- ção. Sendo assim, o objetivo principal é atingir com maior eficiência as diferentes atividades empresariais. Zdanowicz (1983, p. 21-22) destaca que o processo orçamentário deve apre- sentar as seguintes características: “projeção do futuro, flexibilidade na aplicação e participação direta dos responsáveis”. Tung (1994, p. 39) aproveita e comple- menta, apresentando as características básicas do orçamento: “um grau de acerto aceitável, a adaptabilidade ao ciclo operacional da empresa e a capacidade de demonstrar com rapidez pontos problemáticos e indicar decisões corretivas por meio de relatórios emitidos”. Toda empresa possui metas e objetivos a alcançar e decisões para tomar, e o orçamento empresarial oferece informações importantes, evitando tomada de decisão no improviso, e este não deve ser tomado como uma ferramenta inflexível, pois o mercado exige cada vez mais da empresa o seu potencial de reação às mudanças tanto do ambiente interno como externo. As organizações precisam cada vez mais reduzir ou minimizar os riscos de uma eventual amea- ça, se preparar melhor para as oportunidades de negócios, e o orçamento tem grande importância para que os objetivos e metas sejam alcançados com maior segurança e viabilidade. O orçamento empresarial, entretanto, traduz esse planejamento e controle em algo mais estruturado, quantitativo e palpável no processo de administração. A potencialidade do uso do orçamento deve ser entendida de maneira a reconhecer que não se trata de uma técnica separada a ser utilizada independentemente do processo de administração como um todo. Ao contrário, os conceitos aplicados à formulação e execução de um orçamento devem estar integrados aos diversos estágios e técnicas de administração, para gerir uma organização. 47 A montagem final do orçamento empresarial é tentar definir a previsão dos resultados operacionais que são esperados para o período orçado, bem como todos os problemas não previstos a serem resolvidos em cada fase de execução das atividades que foram orçadas para esse mesmoperíodo. Um dos principais objetivos do orçamento é prever os fluxos de caixa, os resultados e o patrimônio da empresa, exercer o controle sobre eles e quantificar as metas previamente definidas no planejamento estratégico. O Orçamento é tanto uma ferramenta de planejamento como de controle no comportamento das organizações e das pessoas, pois tem a capacidade de fixar limites em relação aos gastos para que um objetivo ou meta maior seja atingido. O orçamento é importante no planejamento, pois é a expressão quantitativa do que se pretende atingir, baseado nos objetivos e metas organizacionais. No que se refere ao controle, a sua importância está em permitir a compa- ração dos resultados efetivos com os planejados. A ausência do orçamento no ambiente familiar pode levar facilmente à dívida e dificuldades financeiras, assim como, nas empresas, esta ausência compromete o crescimento, a sustentabilidade e a lucratividade dos negócios. O orçamento expressa o que a empresa planeja fazer durante o ano em termos concretos de pessoal, recursos financeiros, equipamentos, e os resultados espera- dos em termos concretos de pedidos, vendas, lucro e fluxo de caixa. O orçamento prevê o conteúdo dos demonstrativos financeiros da empresa – lucros e perdas, balancete e demonstrativos de fluxo de caixa – durante o ano. Prevê também, detalhadamente, os resultados financeiros pertinentes, como re- ceita e custos de todos os tipos, de todos os elementos organizacionais da empresa. UNIDADE 2 UNIDADE 2 48 OLHAR CONCEITUAL O orçamento é uma condição que favorece e auxilia no planejamento da organização, contribuindo também para o seu bom funcionamento, em que deve ser considerada certa flexibilidade, pois o mercado atual encontra-se em constantes mudanças, as quais devem ser absorvidas pelas empresas, fazendo que o planejamento do orçamento não se torne demasiadamente rígido, pois ele é uma ferramenta essencial a qualquer admi- nistrador. Essas características serão inclusive mais bem exploradas quando tratarmos dos tipos de orçamento, na Unidade 4 deste livro. -Orçamento é, fundamentalmente, um plano. Ele mostra os recursos necessários e a sua forma de utilização. -Os recursos empresariais são: pessoais, técnicas especí�cas, equipamentos, espaço de trabalho, metodologias, recursos �nanceiros. Mediante o orçamento é possível comunicar os objetivos e as prioridades para o ano. -O trabalho não será realizado se os recursos necessários à sua execução não forem orçados. 49 CARACTERÍSTICAS DO ORÇAMENTO O orçamento pode ser caracterizado pelas seguintes premissas básicas, segundo Zdanowicz (2000): a) Projeção para o futuro – deverá especificar o quanto e quando as ativi- dades deverão concretizar-se, considerando, em parte, o presente para projetar o futuro; b) Flexibilidade na aplicação – deverá ter mecanismos que permitam a rá- pida adaptação às mudanças que ocorram no mercado; c) Participação direta dos responsáveis – todos os níveis da empresa deverão participar do processo e comprometer-se com a execução; d) Global – todas as unidades e atividades da empresa deverão participar; e) Prático – a elaboração do orçamento deverá ser em tempo hábil, para que a sua execução possa ocorrer no momento certo; f) Critérios uniformes – é necessária a definição de princípios e padrões para ser possível a avaliação do orçamento; g) Quantificação – expressa em valores físicos e monetários; h) Economicidade – deverá revelar, em termos econômicos, o que se terá de fazer e o que se pretende fazer na empresa no período orçamentário. Sanvicente e Santos (2000) consideram as vantagens do orçamento. Entre as mais significativas, pode-se mencionar: a) A existência e a utilização do sistema para que sejam concretamente fixa- dos objetivos e políticas para a empresa e suas unidades; -Orçamento é, fundamentalmente, um plano. Ele mostra os recursos necessários e a sua forma de utilização. -Os recursos empresariais são: pessoais, técnicas especí�cas, equipamentos, espaço de trabalho, metodologias, recursos �nanceiros. Mediante o orçamento é possível comunicar os objetivos e as prioridades para o ano. -O trabalho não será realizado se os recursos necessários à sua execução não forem orçados. UNIDADE 2 UNIDADE 2 50 b) Por meio de uma investigação de diversos orçamentos parciais em um orçamento global, este sistema de planejamento força todos os membros da administração a fazerem planos de acordo com os planos de outras unidades da empresa, aumentando seu grau de participação e fixação de objetivos; c) Obriga os administradores a quantificarem e datarem as atividades pelas quais serão responsáveis, em lugar de se limitarem a compromissos com metas nos orçamentos; d) Reduz o envolvimento dos altos administradores com as operações diá- rias, por meio da delegação de poderes e de autoridade que se refletem nos orçamentos das diferentes unidades operacionais; e) Identifica os pontos de eficiência ou deficiência no desempenho das uni- dades da empresa e permite acompanhar em que termo está havendo progresso para a consecução dos objetivos gerais e parciais da empresa; f) Finalmente, a preparação de um orçamento para toda a empresa tende a melhorar a utilização dos recursos a ela disponíveis, bem como ajustá-lo às atividades consideradas prioritárias, para que sejam alcançados seus objetivos. 51 SISTEMA ORÇAMENTÁRIO O orçamento empresarial é parte integrante do planejamento estratégico, elabo- rado a partir do planejamento operacional, tendo nesta fase a influência de todos os setores e departamento de uma empresa. O objetivo principal do Orçamento Empresarial, a nível de resultado final, é possibilitar a previsão dos fluxos de caixa, dos resultados e da situação patrimonial de uma organização para um determinado período. Entretanto, o controle dos itens que formam o orçamento é fundamental para que este propósito seja atingido. Assim, é necessário o desenvolvimento de um sistema orçamentário comple- to, onde todas as atividades, tanto operacionais quanto de apoio e retaguarda da empresa, sejam contempladas no planejamento operacional. Para tanto, é impor- tante também a participação de todos os níveis hierárquicos, de forma direta ou indireta, na elaboração dos objetivos da empresa. Antes de abordarmos especificamente o Sistema Orçamentário, é necessário um melhor entendimento sobre a definição de “sistema”. De acordo com Oliveira (1999, p. 23), “Sistema é um conjunto de partes in- teragentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função”. E segundo Catelli et al. (2001), a clara visão de um sistema pode ser contemplada apenas com uma visão integral de suas funcionalidades. Por isso, entendemos que as empresas são vistas como sistemas, compostos por subsistemas, mas que estas também estão inclusas em um sistema maior, chamado de sociedade. Todo sistema empresarial é aberto e dinâmico, tem que desenvolver uma capacidade de adaptação ou de influência no meio em que está inserido para garantir a sua continuidade. É interessante observar que em nenhum momento foi mencionado que, obrigatoriamente, um sistema é formado por máquinas ou, simplesmente, por softwares e hardwares, pois deve ficar claro que o sistema é um conjunto de par- tes interagentes e interdependentes, portanto, como tal, deve ser compreendido como o conjunto de homens e máquinas que interagem visando um objetivo comum: produzir informação. Da mesma forma, o sistema orçamentário não é um software ou qualquer outro aplicativo de gestão, mas sim as partes e processos participantes e agentes no processo de geração e formalização do orçamento empresarial. UNIDADE 2 UNIDADE 2 52 Diante do exposto, observe a interdependência do sistema orçamentário den- tro do ambiente da empresa, sua influência, por meio de seus departamentos, e sua realidade com o meio externo. De acordo com Santos et al. (2008), as principais característicasque devem compor um sistema orçamentário são: ■ Projeção para o futuro. ■ Expressão monetária. ■ Flexibilidade. ■ Comprometimento. ■ Completude. ■ Oportunidade. ■ Uniformidade. ■ Controle. 53 PREMISSAS ORÇAMENTÁRIAS Premissas são orientações básicas, ou pressupostos (suposições antecipadas), para dar início ao processo de elaboração do orçamento empresarial, que será em conformidade com o planejamento estratégico da empresa. As premissas orçamentárias são definidas após a definição das estratégias, políticas internas e metas que vão vigorar durante o período orçado. As premissas iniciam a elabo- ração do orçamento empresarial. Essas premissas são parâmetros para a determinação de fatores que deverão influenciar os números do orçamento como, por exemplo: políticas quantitativas (estoques), remuneração do pessoal, inflação etc. Elas também devem atender aos parâmetros regularmente adotados pela empresa, como moeda e volume (dos itens do estoque, dados regionais etc.). Os diversos departamentos e setores da empresa preparam suas estratégias ope- racionais com base nas políticas e metas com o propósito de atingir o objetivo global definido para suas áreas de acordo com o planejamento estratégico. Ao definir as metas de lucro, consequentemente estamos nos referindo à de- finição de metas de ganhos, despesas e perdas. Esse lucro deve atender à remu- neração do capital de terceiros (financiamentos) e do capital próprio (acionistas). Com base no desempenho histórico da empresa, sua situação atual e as pers- pectivas projetadas para o cenário, são definidas as metas de desempenho, que inclusive possibilitam a identificação de problemas com a finalidade de corrigir eventuais distorções. Ao se trabalhar com projeções, deve-se utilizar um cenário previsto, tendo em vista tanto o aspecto otimista quanto o pessimista, em que devem ser analisados alguns fatores, como os elencados por Santos et al. (2008): NOVAS DESCOBERTAS Falar sobre premissas em relação ao orçamento é basicamente perguntar: “com base em que parâmetros?”. Ou seja, certamente existem aspectos eco- nômicos, outros que para o período orçado a organização deve deixar de lado, ou ainda aspectos que não são admissíveis de se dispensar. Neste qr code você conhecerá alguns exemplos. UNIDADE 2 UNIDADE 2 54 PIB – Produto Interno Bruto: nível de atividade econômica do país. Taxa de inflação: perda do poder aquisitivo da moeda. Taxa de juros: custo de oportunidade de reter o recurso. Para a correta projeção de valores em um cenário futuro, é recomendado utilizar- -se de índices econômicos como poupança, SELIC, CDI, dólar, IGPM etc. Estes devem ser considerados no cadastro orçamentário para que possam corrigir desvios de mensuração de valor observados durante o período orçado. Segundo Frezatti (2007), as premissas podem ser divididas em: 1. Operacionais, que são as atividades efetivas da empresa. Por exemplo: ■ Fatores de consumo de materiais e mão de obra. ■ Hierarquia de produtos para o período futuro. ■ Estrutura organizacional do ponto de partida. ■ Relação dos centros de custos e unidades de negócios a detalhar no plano de contas. ■ Tendência de obtenção de insumos (importados ou nacionais). ■ Pontos de partidas (saldos de balanços, preços dos produtos, preço dos insumos, salários etc.). 2. Estruturais, como: ■ Moeda de decisão utilizada. ■ Período de planejamento (anual, semestral, coincidente com ano civil ou não). 3. Econômico-financeiras, a citar: ■ Inflação. ■ Juros. ■ Variação nos preços dos insumos. ■ Variação cambial. 55 METAS ORÇAMENTÁRIAS Observadas em todas as grandes empresas, e talvez temidas pela maioria dos executivos, as metas orçamentárias têm o propósito de quantificar os objetivos do planejamento estratégico. E nesse momento, as premissas certamente se ma- nifestarão, influenciando as metas. As metas de vendas, de remuneração, de corte de gastos, de contratações, de caixa, ou qualquer que seja têm sua origem no Orçamento Empresarial, por isso, todas elas são metas orçamentárias. São metas ligadas ao desempenho da em- presa que devem basear o modelo orçamentário. Algumas metas de desempenho listadas por Santos et al. (2008) são: ■ Aumento do giro dos ativos. ■ Aumento ou redução do nível de capital de giro. ■ Redução do índice de devolução de vendas. ■ Redução do índice de inadimplência dos clientes. ■ Redução do custo com mão de obra por meio de produtividade. ■ Redução ou aumento do endividamento da empresa. ■ Redução do nível de imobilização do patrimônio líquido. ■ Redução ou aumento do nível de estoques. Esta etapa de estabelecimento de metas pode ocorrer unilateralmente, sem qual- quer troca de informações entre superiores e subordinados, ou pode ocorrer me- diante um processo de negociação em que constantes interações entre superiores e subordinados buscam reduzir as diferenças de visão e informações de mercado existentes até que as metas orçamentárias sejam efetivamente definidas. Anthony e Govindarajan (2002) explicam que, em termos descritivos, no processo de negociação das metas orçamentárias, os gerentes de área, ou depar- UNIDADE 2 UNIDADE 2 56 tamentais, têm a responsabilidade de levantar suas metas, as quais serão avaliadas por seus superiores, que poderão aprová-las ou não de imediato. No caso de não aprovação, alterações nas metas orçamentárias são negociadas até que se alcance a aprovação final. Interessante atentar ainda para as observações de Anthony e Govindarajan (2002), que, segundo eles, a participação dos gerentes na elaboração do orçamento provoca motivação por duas razões: 1. A aceitação das metas orçamentárias e o empenho dos gerentes em cum- pri-las são maiores, pois elas não foram impostas pela alta administração. 2. A participação dos gerentes na elaboração do orçamento promove a troca de informações importantes entre os diversos setores. Quanto à definição de metas, Garrison e Noreen (2001) afirmam que os pro- gramas orçamentários mais bem-sucedidos são os que adotam o método “de baixo para cima”, principalmente se o orçamento for utilizado como base para a avaliação dos gerentes. Shim e Siegel (2005) lembram que apesar do envolvimento dos gerentes de nível inferior, a alta administração ainda deve participar do processo orçamentário para garantir que as metas combinadas dos vários departamentos sejam consistentes com os objetivos de lucratividade da empresa. E de que há desvantagens, visto que é um processo demorado de participação e disseminação das informações e as unidades operacionais podem negligenciar alguns objetivos da empresa. 57 CONDIÇÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PROCESSO DE ORÇAMENTO Assim como uma planta, que precisa de certas condições ao seu redor (tem- peratura, água, nutrientes, oxigênio etc.) para germinar, crescer e se desenvol- ver, o orçamento também precisa de algumas condições ao seu redor para ser implementado. Ou seja, para a implantação de um processo de orçamento em uma empresa, exigem-se as mínimas condições, que, a seguir, são descritas por Zdanowicz (2000): 1. Estrutura organizacional – compatível com os objetivos e as metas pro- postas em seu plano geral de operações; 2. Contabilidade aberta, informatizada e descentralizada – processo auto- gerenciável – lançamento contábil feito na origem pelo próprio usuário; 3. Fixação dos objetivos e das metas da empresa – análise da situação interna e externa; 4. Disciplina e seriedade. Welsch (1983) destaca que o processo orçamentário exige da empresa: a) Um sistema de informação, b) Com dados contábeis, c) Históricos adequados e apropriados. Para Lunkes (2003), a organização deve verificar algumas condições a serem consideradas para a implementação do orçamento, como ter objetivos operacio- nais (taxa interna de retorno, participação no mercado global e maximização do lucro). Recomenda-se que a empresa possua a contabilidade aberta e informati- zada, voltada para o aspecto gerencial, possibilitandoum controle orçamentário. A organização também tem que fazer uma análise dos fatores macroeconômicos, tais como a situação da economia, a evolução do setor em que a empresa atua, evolução da taxa de inflação, tendências dos preços dos produtos e as taxas de juros. A estrutura organizacional deve estar definida, os níveis hierárquicos exis- tentes têm que ser explícitos, deve existir interdependência dos órgãos subordi- nados, possuir linhas de comunicação ascendentes e descendentes e também ter delegação de autoridade e cobranças de responsabilidade. UNIDADE 2 UNIDADE 2 58 Entre as várias condições para implantação do orçamento, podemos ter uma síntese delas na Figura 1 a seguir. Objetivos Operacionais: Taxa interna de retorno; Participação no mercado global; Controle ambiental; Maximização do lucro. Análise dos fatores Macroeconômicos: Situações da economia; Tendência da política governamental; Evolução do setor em que a empresa atua; Evolução da taxa de in�ação; Evolução do real em relação ao dólar; Mercado de trabalho; Tendência dos preços dos produtos; Tendência da MP; Taxa de juros. Contabilidade Aberta e Informatizada: Voltada para o aspecto gerencial; Possibilitar o controle orçamentário; Atender além dos aspectos gerenciais, legais, acionistas. Estrutura Organizacional: Níveis hierárquicos existentes; Interdependência dos órgãos subordinados; Linhas de comunicação ascendentes e descendentes; Delegação de autoridade e cobrança de responsabilidade. Condições para implementação Descrição da Imagem: trata-se de um retângulo onde no meio está escrito: Condições para implementa- ção. Esse retângulo é composto por quatro áreas internas também retangulares. Não existe uma ordem entre esses quatro quadros internos. Um deles está escrito: Objetivos Operacionais (Taxa interna de retorno; Participação no mercado global; Controle ambiental e Maximização do lucro). Em um segundo retângulo, está escrito: Análise dos Fatores Macroeconômicos (Situação da economia; Tendência da política governamental; Evolução do setor em que a empresa atua; Evolução da taxa de inflação; Evolução do real em relação ao dólar; Mercado de trabalho; Tendência dos preços dos produtos, tendência da MP e Taxa de juros). Em um terceiro retângulo, está escrito: Contabilidade Aberta e Informatizada (Voltada para o aspecto gerencial; Possibilitar o controle orçamentário e Atender além dos aspectos gerenciais, legais, acionistas). E no quarto retângulo está escrito: Estrutural Organizacional (Níveis hierárquicos existentes; Interdependência dos órgãos subordinados; Linhas de comunicação ascendentes e descendentes; Dele- gação de autoridade e cobrança de responsabilidade). Figura 1 - Condições para implantação do orçamento / Fonte: Lunkes (2003, p. 45). 59 Fatores críticos devem ser considerados para o sucesso na elaboração, implanta- ção e acompanhamento do processo orçamentário. Torna-se oportuno comentar sobre os fatores críticos para o sucesso na política de gestão orçamentária. E para um melhor entendimento, o Quadro 1 a seguir traz estes fatores resumidos. Fatores Imprescindíveis Abrangência, oportunidade, quali- dades e características do sistema Orçamentário. Envolvimento da alta direção, dos demais executivos e funcionários. Apoio da alta direção Empenho integral e participativo de cada integrante do quadro de fun- cionários da empresa Adaptação organizacional Adequação da estrutura organiza- cional Evitar duplicação ou diluição de esforços e responsabilidades Considerar a cultura da orga- nização Clara definição dos objetivos e dos padrões de desempenho Antes do momento de decisão Padrões comparáveis com resultados Comunicação integral Responsabilidades e objetivos Todos os níveis da estrutura organi- zacional Definição de expectativas realistas Evitar conservadorismo exagerado Evitar otimismo irracional Procurar alcançar alto nível de efi- ciência global Oportunidade Planos de datas Relatórios de desempenho oportu- nos Reconhecimento do esforço individual e do grupo Justo, compreensível e preciso Evitar estereótipos e preconceitos na avaliação da performance UNIDADE 2 UNIDADE 2 60 Fatores Imprescindíveis Abrangência, oportunidade, quali- dades e características do sistema Orçamentário. Acompanhamento Se inferior às metas, adotar ações corretivas de formas construtivas. Se favorável, divulgar para as demais áreas Quadro 1 - Fatores imprescindíveis para o sucesso na implantação do orçamento Fonte: Oliveira, Perez Junior e Silva (2002, p. 125). Apesar das vantagens e contribuições do orçamento, ele pode também apresentar algumas falhas. Os dados contidos nos orçamentos não passam de estimativas, estando, assim, sujeitos aos eventos internos e externos, que podem afetar o pro- cesso de previsão, inviabilizando sua concretização. Entre tais elementos, podemos listar a seguir algumas das principais causas de falhas na implantação de um sistema de orçamento: a) Estrutura organizacional inadequada; b) Sistema ineficaz de registro contábil; c) Falta de um sistema de custos definidos; d) Falta de apoio efetivo da cúpula administrativa; e) Expectativa grande demais em relação ao novo processo de trabalho; f) Implantação muito apressada; g) Supervisão e administração deficientes; h) Expectativa prematura de resultados; i) Falta de cooperação necessária; j) Falta de êxito na análise dos resultados e na apuração das causas das va- riações; k) Falta de dados históricos; l) Papelada excessiva ou detalhes excessivos; m) Período de projeção longo demais; n) Falta de definição do processo de elaboração do orçamento; o) Falta de flexibilidade na reformulação das estimativas; p) Pesquisa de mercado malfeita; q) Falta de decisões globais sobre as políticas de preços, salários, despesas etc. 61 CONTROLE DO ORÇAMENTO O controle também faz parte de uma das funções administrativas, conforme já vimos anteriormente. Sua principal função é assegurar que os resultados pla- nejados, organizados e dirigidos se ajustem aos objetivos estabelecidos, ou seja, verifica se está ou não atingindo os objetivos desejados. Sua presença no dia a dia da empresa é de vital importância, pois sem ele não ocorrerá o que foi planejado e não haverá como o administrador ter êxito na organização e direção da empresa. Segundo Atkinson (2000), o processo de monitoramento, avaliação e melhoria do desempenho operacional da empresa, no propósito de atingir os seus objetivos maiores, ou primários, é denominado de controle organizacional. Este, por sua vez, é o conjunto de métodos e ferramentas que os colaboradores da empresa dis- põem para manter o foco nestes objetivos. Sua essência se embasa na verificação de que a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos propostos. O controle é desmembrado em quatro fases: ■ Estabelecimento de padrões: ou seja, desempenhos desejados, que servem como balizas para definir o que é normal ou desejável. Alguns exemplos: custo-padrão, padrão de qualidade, tempo padrão. UNIDADE 2 UNIDADE 2 62 ■ Observação do desempenho: refere-se ao conhecimento e acompanha- mento das operações e atividades das quais se espera um resultado de acordo com o planejado. ■ Comparação entre o desempenho e o padrão: permite detectar variações, erros ou desvios, observados os limites estabelecidos como normais ou aceitáveis. Esta pode ser feita por meio de estatísticas, gráficos, índices, porcentagens etc. ■ Ação corretiva: tem a finalidade de manter as atividades de acordo com os padrões estabelecidos. É a ação decorrente da identificação dos fatos descri- tos no item anterior. O processo de controle não tem nenhuma importância se a empresa não exercer as correções necessárias nas suas operações. Por fim, o controle pode ter abrangência em todos os tipos de planejamento, seja estratégico, tático ou operacional. Entre tais elementos, o controle orçamentário é a técnica que procurará acompanhar, avaliar e analisar o planejamentofinanceiro em suas várias etapas, verificando as defasagens entre os valores orçados e realizados, para sugerir as medidas saneadoras que deverão ser implementadas na próxima proposta orça- mentária da empresa. Conforme Frezatti (2000, p. 37): “ Controle orçamentário é a forma de realimentar o sistema de pla- nejamento, dependendo do seu grau de sofisticação deste último, ele pode ser estruturado de maneira flexível ou rígida, complexa ou simplificada, centralizada ou participativa. A ideia central de um processo de controle orçamentário é de que não há sentido em fazer planejamento sem um esquema de controle ou vice-versa. Na medida do possível, no entendimento de Sanvicente e Santos (2000), o controle deverá apoiar-se num sistema de informações, cujos produtos serão os relatórios, que forneçam indicações oportunas e rápidas para a tomada de decisões quanto a medidas corretivas ou não, apontando os setores e os responsáveis pelos bons ou maus desempenhos. 63 Cada unidade deve ser responsável pelo controle das suas receitas e de suas despesas, os relatórios de acompanhamento devem conter os itens que o admi- nistrador desse centro pode decidir. Os principais objetivos do relatório de acompanhamento do controle são: a) Confrontar os valores realizados com os orçados; b) Analisar as defasagens positivas e negativas entre os valores realizados e projetados; c) Auxiliar a empresa em sua contínua conquista de retorno sobre o capital investido; d) Sugerir medidas preventivas, corretivas e saneadoras, em tempo hábil, para que a empresa possa alcançar seus objetivos e metas. Uma das formas de se acompanhar o orçamento e as metas é por meio de indica- dores de desempenho. É o processo que objetiva medir a situação real contra um padrão, previamente estabelecido e de consenso entre as partes. Deve servir para avaliar os valores realizados em relação aos projetados. Para Zdanowicz (2000), as características dos indicadores estão relacionadas aos níveis econômicos: mun- dial, nacional, estadual, setorial e interno. a) A nível mundial – principalmente para as empresas que pretendem exportar ou importar produtos: 1. Produto nacional bruto; 2. População economicamente ativa; 3. Distribuição de renda da população; 4. Flutuações da oferta e da demanda de produtos ou serviços no mercado internacional; 5. Informações sobre o comportamento de safras agrícolas etc. b) A nível nacional e estadual: 1. Quantidade e valor da produção por produtos e serviços por ramo de atividade; 2. Quantidade e valor das importações e exportações dos produtos e ser- viços; 3. Principais indicadores de preços; 4. Número de estabelecimentos para cada ramo de atividade. UNIDADE 2 UNIDADE 2 64 c) A nível interno: 1. Nível de vendas de produtos e serviços nos mercados local, regional, es- tadual, nacional e internacional. 2. Nível de compras de matéria-prima no mercado interno e externo; 3. Política de preços de venda e de compra; 4. Níveis de estoques; 5. Políticas salariais; 6. Indicadores econômico-financeiros e patrimoniais da empresa e do setor a que pertence. Ainda, quanto à fixação de padrões, é importante o envolvimento dos indivíduos na sua elaboração, pois eles serão avaliados pela sua performance quanto ao atin- gimento ou não desses padrões. O ideal num sistema de controle orçamentário é que ele forneça informações regulares que consistam em uma comparação entre os valores e níveis planejados e os executados, apontando as diferenças entre os dois valores, ou seja, explici- tando as variações. Avaliando essas variações, a empresa deve considerar se elas são importantes; em caso afirmativo, deve identificar as causas; e caso as causas sejam controláveis, tomar as providências cabíveis. Os dez mandamentos do controle orçamentário, segundo Zdanowicz (2000), são: 1) A direção da empresa deverá considerar o orçamento como essencial; 2) Os executivos responsáveis deverão sentir entusiasmo pelo controle orçamentário; 3) O controle orçamentário será, em grande parte, um problema psicoló- gico, ou seja, ignorar este aspecto é abrir caminho ao fracasso; 4) Uma análise crítica da empresa deverá ser realizada, antecipadamente, pois será essencial à implantação do controle orçamentário, bem como terá de se repetir a intervalos regulares de tempo; 65 5) Deverá haver um gerente responsável para cada orçamento parcial na empresa; 6) A tarefa determinada no orçamento deverá ter uma relação causal com as estimativas da empresa; 7) O controle orçamentário deverá ser integral, isto é, deverá abranger todas as atividades da empresa; 8) O controle orçamentário será essencial quando se quiser proporcionar à direção da empresa uma base para descentralizar a autoridade e a res- ponsabilidade, determinar tarefas, controlá-las e estabelecer os preços; 9) Para complementar o controle orçamentário, será necessária a utilização da estatística; 10) Sozinho, o orçamento será estéril, mas junto com o controle orçamen- tário alcançará sempre o objetivo, ou seja, a administração eficiente, eficaz e efetiva da empresa. Nos últimos anos, as organizações vêm utilizando, cada vez mais, painéis de in- teligência de negócios, muito conhecidos por sua nomenclatura em inglês, busi- ness intelligence dashboards, para efetuar o acompanhamento e o andamento do alcance de seus objetivos, sendo o acompanhamento do orçamento um dos seus principais usos. Pode-se dizer que um painel de BI é uma ferramenta voltada ao apelo visual dos indicadores mais importantes que foram definidos pelo plane- jamento a nível estratégico e traduzidos pelas esferas táticas e operacionais em programas, planos e objetivos a serem alcançados em um determinado período. Os painéis de BI geralmente são integrados com o banco de dados da orga- nização, reagindo, assim, em tempo real com as operações efetuadas, de compra, venda, aquisições, recebimentos, pagamentos, clientes, produtos, tempo de certos processos e muitos outros, de acordo com as características do negócio. Contudo, também podem ser abastecidos de planilhas que são alimentadas manualmente, UNIDADE 2 UNIDADE 2 66 ou de dados que passam por uma equipe de TI para depois ser consumida pelos painéis de BI. Esses painéis combinam variáveis e indicadores, apresentando-os em forma de gráficos, o que se torna muito mais interessante do que analisar relatórios estáticos. Outra vantagem para o usuário de um painel de BI é que ele é perso- nalizável. Ou seja, cada usuário pode configurar o período e até hora das ocor- rências, as informações desejadas e suas possíveis combinações como métricas de desempenho, estatísticas e outras referências. E ainda salvar essa customização sem ter que efetuar uma nova ao realizar uma nova consulta no painel. Isso facilita muito o trabalho do pessoal da controladoria da organização em ter que gerar informações de acordo com a necessidade do usuário. Com o uso de um painel de BI, o próprio usuário gera a informação que lhe interessa. Os usuários podem, apenas clicando nas áreas dos gráficos, gerar filtros, apro- fundar as informações a ponto de poder gerar as tabelas que possibilitaram o gráfico e exportar para o Excel. De acordo com Sutner (2020), existem alguns benefícios e limitações a res- peito do uso dos painéis de BI. Em relação aos benefícios, relaciona: ■ Possibilitar uma tomada de decisão com mais informações estruturadas e relacionada ao planejamento estratégico por parte dos executivos de negócios; ■ Fazer que informações com origem em grande quantidade de dados e métricas de análise de negócios sejam facilmente compreensíveis para usuários que não são analistas qualificados; ■ Pode auxiliar na identificação de tendências de negócios para que a orga- nização possa tomar medidas no sentido de potencializar oportunidades e resolver problemas; ■ Permite que a análise de dados seja mais colaborativa e os processos de tomada de decisão ocorra com maior compartilhamento de informações. Sutner(2020) também relata que os painéis podem representar desafios para equipes de BI e usuários de negócios. As desvantagens potenciais dos painéis de BI não resultam necessariamente do design do software, mas sim de como os painéis são usados e do custo de sua criação, implementação e manutenção. Em muitas empresas, os profissionais de BI e TI ainda projetam e atualizam painéis para usuários e também são responsáveis por documentar painéis e rastrear seu 67 uso. Outros desafios que as organizações enfrentam na construção de painéis eficazes incluem: ■ Design de painel excessivamente chamativo ou desordenado que torna os painéis difíceis de usar; ■ Deixar de fornecer contexto para deixar claro como os indicadores e ou- tros dados são relevantes para os usuários finais; ■ Dificuldade em criar caminhos de detalhamento para aprofundar os da- dos subjacentes às métricas de superfície; e ■ Deturpar dados em painéis ou omitir dados relevantes, levando a análises imprecisas. Sutner (2020) relata algumas possibilidades desses painéis relacionadas às suas áreas de interesse de monitoramento, entre eles: 1. Painéis de vendas e marketing Esses painéis são amplamente usados por executivos, gerentes de negócios e equipes de vendas e marketing. Um painel de vendas inclui dados sobre vendas, incluindo filiais, segmento de produtos, regiões, vendedores, custo das opera- ções de vendas e outros indicadores, permitindo que os usuários acompanhem o progresso em relação às metas de vendas e identifiquem potenciais pontos problemáticos. Da mesma forma, um painel de marketing contém dados sobre custos, taxas de resposta, geração de leads e outras métricas de marketing. 2. Painéis do cliente Um painel do cliente permite que os usuários visualizem e analisem dados sobre a base de clientes de uma organização, incluindo seu tamanho, taxas de rotativi- dade e retenção, receita por cliente, volume de venda, rentabilidade, volume de captação de novos clientes por canal, região ou com base na reação de alguma campanha. E outras métricas do cliente que podem ser usadas para ajudar a planejar campanhas de marketing e esforços de vendas. UNIDADE 2 UNIDADE 2 68 3. Painéis Financeiros Este tipo de painel exibe dados sobre indicadores financeiros para os executivos, gerentes de negócios e equipes do departamento financeiro. As métricas em um painel financeiro variam de receita, despesas operacionais e lucros a liquidez, ativos e passivos, capital de giro, margens de lucro, valores de impostos e tributos e muito mais, como quando recebe, quando paga, tudo para ajudar uma orga- nização a monitorar o desempenho dos negócios e fazer planejamento e análise das finanças da organização. 4. Painéis de Pessoas Um painel de pessoas fornece informações sobre a força de trabalho de uma or- ganização para uso por gerentes de RH e executivos de negócios. Isso inclui dados básicos da força de trabalho, como o número de funcionários, estatísticas de sa- lários e dados demográficos, bem como métricas de contratação e recrutamento, rotatividade, treinamento e indicadores como satisfação do funcionário, custos para auxiliar na gestão de talentos e iniciativas de experiência do funcionário. 5. Painéis de Operações Esses painéis rastreiam o status das operações, processos de negócios e equipa- mentos em uma base contínua para uso diário de monitoramento e gerencia- mento. Geralmente é utilizado pelos executivos, gerentes e equipes de produção, prestação de serviços e suporte aos negócios. Por exemplo, um painel operacional pode mostrar métricas na produção de máquinas de manufatura para ajudar os gerentes de fábrica a garantir que as metas de produção sejam atendidas e iden- tificar problemas potenciais ou gargalos que eles precisam resolver. 69 6. Painéis de TI Os departamentos de TI e as equipes de BI, gerenciamento de dados, armazena- mento de dados e ciência de dados são grandes usuários dos próprios painéis. Os painéis de TI os ajudam a rastrear métricas em vários aspectos das operações de TI, incluindo o uso de redes internas e externas, desempenho dos sistemas, bancos de dados, recursos de TI disponíveis, problemas de desempenho geral, problemas de segurança e custos de tecnologia. 7. Painéis de Gestão de Projetos O painel de gerenciamento de projetos exibe dados sobre o status e o anda- mento dos projetos de negócios. Os gerentes de projeto podem usar um para rastrear tarefas, prazos, custos e outros parâmetros para auxiliar no monitora- mento do trabalho, identificando problemas e mantendo os projetos dentro do cronograma e do orçamento. Esses painéis de negócios não são criados do zero, ou seja, com profissionais de TI escrevendo literalmente os códigos, como se estivesse criando um softwa- re/aplicativo novo. Existem no mercado softwares/aplicativos dedicados a essa tarefa. A maioria deles é comercializada com o seu próprio banco de dados, mas geralmente eles são muito flexíveis e consomem praticamente qualquer tipo e formato de dado, desde que esteja organizado. Para se ter uma noção desse mercado de geração de painéis de BI, vou relatar a seguir os principais fornecedores que vendem por meio de licença de uso os painéis, ferramentas de design e análise de indicadores de negócio: Tableau, Mi- crosoft, Qlik, IBM, MicroStrategy, Oracle, SAP, SAS, Sisense, Tibco e Salesforce. Perceba que são gigantes da TI que estão nesse mercado. E os tipos de licença e banco de dados são muito diversificados. Desde apli- cações que funcionam gratuitamente, claro com muitas limitações, até as que podem ser publicadas na internet ou intranet da organização com configurações por quantidade de usuários e privilégio de informações. As variações e permis- sões de uso são tão diversificadas nos tipos de licença de um único fornecedor citado e entre os fornecedores que um capítulo deste livro não seria suficiente para demonstrar todas elas. UNIDADE 2 UNIDADE 2 70 Por meio da Unidade 1 deste livro, você se aprofundou mais em conhecer o sen- tido da palavra planejamento, como ele pode ser positivo para as organizações e para sua vida pessoal. Em um contexto direcionado para as organizações, tra- tamos dos níveis de planejamento e sua relação com o delineamento de tempo considerado, bem como isso depois se desdobra em programas, projetos, políticas, e planos, em que o orçamento se encaixe e se torna uma ferramenta quantitativa, ou seja, um plano. Nessa Unidade 2, você se aprofundou mais em conhecer os elementos desse plano, o orçamento. Você pode resgatar o caso da empresa fictícia que apresentei no início dessa unidade, a Medical Aspen, e por meio desse relato, perceber que o empreendimento possui características que a fazem levar em consideração algumas premissas orçamentárias, como a relação/cotação entre o Real e o Dólar. Que apesar de não possuir dados históricos, isso não a impede de elaborar um orçamento, o qual podemos, inclusive, fazer um link com um tipo de orçamento NOVAS DESCOBERTAS Se você digitar no YouTube o termo dashboard, ou ainda Power BI (nome da ferramenta de painel de BI da Microsoft), você vai ter uma noção do quanto esse mercado e intensificação desse tipo de ferramenta tem aumentado. Nesse exemplo, um especialista no Power BI (Microsoft) dá uma dimensão do uso da ferramenta por meio de um negócio de vendas no varejo, mais particularmente um supermercado. Vale a pena dar uma conferida. O objetivo desse podcast é levantar alguns pontos impor- tantes sobre a dimensão e diversidade das organizações e sua relação com o planejamento das atividades que desenvolvem no mercado, seja indústria, comércio ou a prestação de serviços. Traz alguns aspectos relacionados ao foco do orçamento, boas práticas para sua implemen- tação e controle. Apresenta, também, algumas reflexões sobre o tempo do orçamento e a relação entre planeja- mento de curto prazo e de longo prazo. 71 apropriado para isso, o orçamento Base Zero, o qual vamos explorarmais na Unidade 4 deste livro. Pode-se ainda perceber que ela possui condições favoráveis à implementação do orçamento, cultura da cúpula administrativa já voltada ao planejamento e elaboração do orçamento, estrutura de dados totalmente infor- matizada entre outros elementos que cooperaram para que elementos impediti- vos do planejamento e orçamento se encontrem minimizados. Fica fácil para você perceber essa maior complexidade relacionada às orga- nizações, quando você olha para a simplicidade que foi quando o desafiei a gerar um orçamento pessoal dos seus recebimentos e pagamentos e verificar que todas as premissas, indicadores, controles, condições para que o desafio fosse executado não importavam. Bastava simplesmente você lembrar os itens de recebimento e pagamentos, com respectivos valores e data de realização. Já nas organizações isso não é assim tão simples, isso não basta, precisa ir muito mais além. E por isso, vamos continuar a explorar novas questões nos próximos capítulos. UNIDADE 2 No contexto do planejamento da Unidade 1 e do que observamos até o momen- to desta unidade, há uma série de fatores dinamicamente inter-relacionados, de tal forma que alterações de um deles, ou em alguns deles simultaneamente, pode refletir sobre os demais. Nesse sentido, desenvolva um mapa mental que evidencie de forma hierárquica, alguns elementos que estudamos na Unidade 1 e nesta unidade. Considere as palavras-chave para iniciar: Missão e Visão - Programas - Políticas - Planos Fonte: o autor. Missão e Visão Planejamento Estratégico Planos Programas Orçamento Condições necessárias Premissas a serem consideradas Como estabelecer as metas com base Como controlar o orçamento A B C 1 2 3 X Y Método A Método B 3Peças Orçamentárias Me. Silvio César de Castro Olá! Nessa unidade do livro, vamos estudar as principais peças or- çamentárias, cuja consolidação nos possibilitará ter as Demonstra- ções Financeira Projetadas. Você verá que cada uma dessas peças está diretamente ligada à peça anterior ou sucessora. Nesse sentido, vamos aprender sobre a elaboração e consolidação do orçamento: Orçamento de vendas, Orçamento de Marketing, Orçamento de pro- dução/fabricação, Orçamento de despesas operacionais, Orçamento de investimentos e Orçamento de financiamentos/caixa. UNIDADE 3 74 Certamente durante sua vida, até esse momento, lendo essas palavras, você teve contato com um jogo chamado quebra-cabeça. Lembrando, trata-se basicamente de um jogo em que, ao juntar as peças, geralmente de papelão, forma-se uma ima- gem (foto, desenho, pintura, personagem etc.). Você já imaginou que o orçamento possui essa mesma característica de ter peças que ao se formarem tornam-se algo, “completo” e compreensível? É isso mesmo, um orçamento completo é como um quebra-cabeça montado, em que o panorama geral é unicamente percebido com todas as peças nos seus devidos lugares. Por isso que se fala em orçamento de vendas, produção, matérias- -primas, estoques de produtos acabados, mão de obra, despesas administrativas, tributárias, de vendas, orçamento de caixa, aplicações, investimentos, marketing, podendo existir ainda outros. Cada uma dessas “peças” orçamentárias tem a mes- ma conotação de uma peça de um quebra-cabeça, em que a reunião meramente de todas essas peças fará sentido. E também, assim como existem jogos de quebra-cabeças com mais e menos peças, existem também orçamentos com mais e menos peças. Principalmente quando falamos em ramos de atuação das organizações, por exemplo, qual peça orçamentária todo tipo de organização vai precisar possuir: Orçamento de ven- das, Orçamento de despesas administrativas, entre outros. No entanto, algumas peças orçamentárias podem ser necessárias. Por exemplo, se a atividade do empreendimento não envolve fabricação. Agora pense e relacione quais as peças orçamentárias, e orçamentos que não fazem sentido em uma organização que não possui processos de fabricação ou mon- tagem de produtos. Uma das diferenças conceituais sobre peças de um quebra-cabeça e as peças orçamentárias é que em relação ao orçamento existe uma peça central e inicial. Já no quebra-cabeça, você pode iniciar por qualquer lado, extremidade ou meio. Inclusive aqueles jogadores que gostam de demonstrar superioridade categórica, montam o quebra-cabeça pelo verso, ou seja, onde se vê apenas a cor do papelão sem ver a imagem que está sendo formada. No orçamento, existe uma peça ini- cial e central que, independentemente do ramo de atividade, qualquer uma da organização será sempre a mesma. Você consegue imaginar qual seria essa peça? 75 ORÇAMENTO DE VENDAS A elaboração das peças orçamentárias e do orçamento como um todo, como um produto do planejamento, vai ocorrer alguns meses antes do início do ano orça- do para que haja tempo suficiente para a conclusão do processo orçamentário que envolverá análise, discussão, aprovação e distribuição entre as pessoas das várias áreas envolvidas. E independentemente da área de atuação da organiza- ção, o orçamento de vendas sempre será a peça central e o pontapé inicial para começar a construção das demais peças orçamentárias. E quando todas as peças estiverem prontas e juntas, igual um quebra-cabeça, formarão o orçamento do período, geralmente de curto prazo. Comumente o orçamento atende o período de um ano, sendo detalhado em meses e trimestres, conforme a necessidade e o nível de informação desejado. Pode, inclusive, com uso integrado de tecnologias da informação e painéis de BI, ser monitorado diariamente. UNICESUMAR UNIDADE 3 76 O orçamento de vendas é a base para todas as outras peças orçamentárias; caso ele não seja preciso, as outras estimativas também serão incertas. Com base nas quantidades vendidas, serão definidas as quantidades a serem produzidas, níveis de estoque desejado, necessidades de matérias-primas e outros materiais, ou seja, as demais peças orçamentárias, como pode ser observado na Figura 1 a seguir, serão diretamente afetadas. Orçamento Empresarial Orçamento de Vendas Orçamento de Produção Níveis de estoques Custo de produção Matéria prima Mão de obra direta Custos indiretos Orçamento de Despesas operacionais De vendas Administrativas Tributárias Orçamento de Investimentos Orçamento de Caixa Capital de Giro Financiamentos Aplicações Financeiras Despesas Financeiras Orçamento de Marketing Descrição da Imagem: de forma geral, a figura é basicamente um organograma composto por camadas hierárquicas de quadros que se relacionam por uma linha. O primeiro quadro desse organograma está escrito: Orçamento Empresarial. Em um nível abaixo está escrito: Orçamento de vendas. Na camada pos- terior, temos cinco quadros, sendo eles da esquerda para a direita: Orçamento de Produção, Orçamento de Despesas Operacionais, Orçamento de Investimentos, Orçamento de Caixa e Orçamento de Marketing. No quadro Orçamento de Produção, tem dois quadros ligados a ele. Em um está descrito Níveis de Esto- ques e no outro Custo de produção, que possui ainda três quadros ligados a ele em um nível posterior: Matéria-prima, Mão de obra direta e Custos indiretos. No quadro de Orçamento de Despesas Operacio- nais, existem três quadros ligados a ele em um nível posterior: De vendas, Administrativas e Tributárias. E no quadro de Orçamento de Caixa, tem 4 quadros ligados a ele em um nível posterior: Capital de giro, Financiamentos, Aplicações financeiras e Despesas financeiras. Figura 1 - Peças orçamentárias / Fonte: o autor. 77 Sanvicente e Santos (2000, p. 43) afirmam que “o orçamento de vendas constitui um plano de vendas futuras da empresa, para determinado período de tempo”. Com o orçamento de vendas, é possível estimar as quantidades de cada produto que a empresa planeja vender e o preço praticado. Santos et al. (2008) afirmam que, de acordo com o setor, porte e modalidade de vendas à qual pertence a empresa, ela pode apresentar: ■ Quantidades físicas e valores devendas por produto, unidades de negócio, regiões e total da empresa. ■ Preço de venda unitário que será praticado em cada região ou unidade de negócio. ■ Modalidades de vendas e suas políticas, no caso de vendas a prazo: cartão de crédito, cheques pré-datados, boletos, e os seus prazos de vencimentos. ■ Formas de distribuição e vendas: venda direta, atacado, varejo, represen- tantes, internet etc. Considerando um período de três meses, e a empresa fictícia que mencionamos na Unidade 2, a Medical Aspen, pode ser observado no Quadro 1 a seguir um exemplo hipotético da projeção da quantidade de produtos, por família e região. Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Rea- ni- ma- dor Ina- lador Ne- bu- liza- dor Sutu- ra Gine- colo- gia Pe- diá- trico Mês 01 Dias Reg.1 500 600 700 380 550 480 3.210 30 Reg.2 400 480 560 379 549 479 2.848 Total Mês 01 900 1.080 1.260 759 1.099 959 6.058 Mês 02 Dias Reg.1 467 560 653 355 513 448 2.996 28 Reg.2 373 448 523 354 513 447 2.658 UNICESUMAR UNIDADE 3 78 Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Rea- ni- ma- dor Ina- lador Ne- bu- liza- dor Sutu- ra Gine- colo- gia Pe- diá- trico Total Mês 02 840 1.008 1.176 709 1.026 895 5.654 Mês 03 Dias Reg.1 517 620 723 393 568 496 3.317 31 Reg.2 413 496 579 392 568 495 2.943 Total Mês 03 930 1.116 1.302 785 1.136 991 6.260 Total do Período 2.670 3.204 3.738 2.252 3.261 2.846 17.971 Quadro 1 – Exemplo Orçamento de Vendas - Quantidade / Fonte: o autor. Poderia, ainda, ter outras informações, como filial, canal de distribuição, entre outros. Em seguida, por meio do Quadro 2, um exemplo com o preço a ser pra- ticado por unidade, família e região no período. Família Oximetria Kit Estojos Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 01 Reg.1 58,30 98,70 114,80 237,50 278,80 312,50 Reg.2 64,13 108,57 126,28 261,25 306,68 343,75 Mês 02 Reg.1 58,30 98,70 114,80 237,50 278,80 312,50 Reg.2 64,13 108,57 126,28 261,25 306,68 343,75 79 Família Oximetria Kit Estojos Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 03 Reg.1 61,22 103,64 120,54 249,38 292,74 328,13 Reg.2 67,34 114,00 132,59 274,31 322,01 360,94 Quadro 2 – Exemplo Orçamento de Vendas – Preço por unidade / Fonte: o autor. O orçamento de vendas determina, também, os valores da receita total que será obtida, com condições básicas dessa venda, à vista ou a prazo, ou seja, a multipli- cação das quantidades pelos respectivos preços unitários. Para a elaboração do planejamento de vendas, é muito importante elaborar uma política de preços. Quando se fala em preço e volume de vendas, é signifi- cativo o destaque de serem tarefas interdependentes, mas são interligadas. Por- tanto, relações entre preço, custo e volume exercem influência substancial sobre a estratégia que deve ser adotada pela empresa. Utilizando como exemplo os dados do Quadro 1 e do Quadro 2, teremos como resultado as receitas de vendas que se podem observar no Quadro 3 a seguir. Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 01 Reg.1 Vista 17.490 35.532 48.216 54.150 92.004 90.000 337.392 Prazo 11.660 23.688 32.144 36.100 61.336 60.000 224.928 Reg.2 Vista 15.391 31.268 42.430 59.440 101.057 98.835 348.421 Prazo 10.261 20.845 28.287 39.626 67.371 65.890 232.281 Total Mês 01 44.541 90.488 122.790 149.690 254.397 248.835 1.143.022 UNICESUMAR UNIDADE 3 80 Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 02 Reg.1 Vista 16.324 33.163 45.002 50.540 85.870 84.000 314.899 Prazo 10.883 22.109 30.001 33.693 57.247 56.000 209.933 Reg.2 Vista 14.365 29.184 39.601 55.477 94.320 92.246 325.193 Prazo 9.577 19.456 26.401 36.985 62.880 61.497 216.795 Total Mês 02 41.572 84.456 114.604 139.710 237.437 232.246 1.066.821 Mês 03 Reg.1 Vista 18.977 38.552 52.314 58.753 99.824 97.650 366.070 Prazo 12.651 25.701 34.876 39.169 66.550 65.100 244.047 Reg.2 Vista 16.699 33.926 46.037 64.492 109.647 107.236 378.037 Prazo 11.133 22.617 30.691 42.995 73.098 71.491 252.025 Total Mês 03 48.327 98.180 133.227 162.413 276.021 269.986 1.240.179 Total do Período 134.440 273.123 370.621 451.813 767.856 751.067 3.450.022 Quadro 3 – Exemplo Orçamento de Vendas – Receitas à vista e a prazo / Fonte: o autor. Essas informações e outras mais vão desencadear a geração de dados que serão utilizados para a elaboração do orçamento de produção e respectivos custos de fabricação e despesas operacionais e as demais peças orçamentárias que vamos abordar nessa unidade. Pode-se perceber, por meio dos exemplos dos Quadros 1, 2 e 3, que a projeção do orçamento de vendas geralmente é mensal, indicando quantidades, preço uni- tário e receita total, ao longo do período a que se refere o orçamento, consideran- do inclusive a quantidade de dias de atividades úteis no mês. Por isso, apresenta o faturamento projetado, podendo (ou devendo) ser dividido por modalidades de vendas (à vista, a prazo, cartão de crédito, cheque pré-datado etc.), ou mesmo por região ou centro de lucros, entre outras métricas que podem ser inclusive customizadas pelos executivos, no caso do uso de um painel de negócios, con- forme mencionado na Unidade 2. 81 Segundo Santos et al. (2008), os objetivos do orçamento de vendas é permitir à empresa visualizar o seu potencial de atuação dentro do mercado consumidor. De acordo com Lunkes (2003), o primeiro passo para estabelecer o orçamento de vendas é definir os fatores limitadores ou restrições. Portanto, torna-se necessário fazer um diagnóstico de seu ambiente interno e externo, visando identificar o que pode interferir nas previsões de vendas da empresa. Os fatores internos podem ser: ■ Capacidade produtiva: localização, número, tamanho e idade dos pro- dutos, equipamentos e infraestrutura, qualidade exigida, capacidade pro- dutiva, disponibilidade de matéria-prima e mão de obra, entre outros; ■ Vendas e marketing: volume de vendas relacionado a estudos de pesqui- sas de mercado, localização e números de pontos de venda e quantidade de pessoas envolvidas, sistema de distribuição, políticas de precificação e promoções, imagem do negócio e divulgação dos produtos, marcas e patentes, capacidade de atendimento, entre outros; ■ Engenharia: qualificação dos recursos humanos, desenvolvimento e manutenção de novos produtos, relação de custos de manutenção com a produção, entre outros; ■ Gestão e finanças: estrutura administrativa, competência e habilidades, cultura e valores, custo e disponibilidade de capital, sistema de planeja- mento e controle, liderança, estratégias, entre outros. Já os fatores externos são: ■ Mercado: potencialidade do mercado, diferenciação do produto, sazo- nalidade, lucratividade do setor, nível de renda dos clientes, entre outros; ■ Competitividade: concorrência, intensidade da competição, barreiras para entrar e sair, fatia do mercado, substitutos disponíveis, entre outros; ■ Economia e governo: condições econômicas setoriais e gerais, inflação, impacto das mudanças externas, nível salarial, disponibilidade de material e mão de obra, legislação e impostos, entre outros; ■ Tecnologia: inovação, maturidade e volatilidade, necessidade de novos produtos e processos, entre outros; ■ Impactos ambientais: código de defesa do consumidor, mudanças de- mográficas, qualidade e mercados internacionais, entre outros. UNICESUMAR UNIDADE 3 82 Dois aspectos são primordiais na elaboração deste orçamento: capacidade pro- dutiva da empresa e nível de estoques mínimo de produtos/mercadorias, defi- nido pela equipe de planejamento orçamentário. Sobre as políticas de estoque, trataremos com mais detalhes quando desenvolvermos os aspectos inerentes ao orçamento de produção. Métodos de Estimação de Vendas Na elaboração do orçamento de vendas,sua base deve se centrar no crescimento histórico e crescimento esperado da empresa, assim como o crescimento espera- do para o setor e a economia como um todo. Fatores internos: -Produção -Vendas / Marketing -Engenharia -Gestão / Finanças Fatores Externos: -Mercados -Competitividade -Economia / Governo -Tecnologia -Impactos ambientais Descrição da Imagem: a figura tem dois quadros. Um quadro com os fatores internos: produção, Ven- das e marketing, Engenharia e Gestão e finanças. O outro quadro tem os fatores externos: Mercado, Competitividade, Economia e governo, Tecnologia e Impactos ambientais. Cada um dos quadros possui uma flecha que aponta para o outro. Sai do primeiro e vai para o segundo. E o segundo, uma seta que vai para o primeiro, representando uma circularização desses fatores, em que um pode influenciar o outro. Figura 2 – Orçamento de vendas - fatores internos e externos / Fonte: adaptada de Frezatti (2000). 83 Segundo Sanvicente e Santos (2000), existem diversos métodos de previsão, e embora nenhum deles seja absolutamente superior aos demais, a escolha de um ou mais de um deles se faz em função das características da empresa. Aliado a isso, a experiência e a intuição dos administradores da área são fundamentais para se assegurar previsões acertadas. Segundo Santos et al. (2008), os métodos de estimativas de vendas podem ser: ■ Com base no crescimento histórico: baseia-se em taxas médias de crescimen- to de vendas passadas, utilizando-se de médias aritméticas ou geométricas. ■ Com base no crescimento esperado da empresa/setor/economia: pressupõe que as vendas irão crescer de acordo com o crescimento projetado para o setor (curto prazo) ou para a economia como um todo (longo prazo). ■ Com base na previsão dos analistas: normalmente oferecem melhores re- sultados do que os modelos mecânicos, pois além de dados históricos, uti- lizam-se também de informações específicas da empresa e privilegiadas so- bre a empresa, informações macroeconômicas, dos concorrentes e públicas. ■ Com base no uso de determinantes de crescimento de vendas: baseiam- -se em determinadas decisões tomadas pela empresa no que se refere ao retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), alavancagem, retorno sobre ativos, margem de lucro e giro de ativo. Os mesmos itens apresentados acima são agrupados de outra maneira, talvez mais objetiva, por Kotler (1974 apud SANVICENTE; SANTOS, 2000), elencando seis métodos de previsão de procura, agrupados em três bases de informação: a) Métodos baseados no que se diz: ■ Levantamento de intenções de compradores. ■ Levantamento de opiniões de vendedores. ■ Levantamento de opiniões de especialistas. b) Métodos baseados no que se faz: ■ Lançamento de um novo produto. ■ Abertura de novas regiões. ■ Trabalhar com um mercado-teste. UNICESUMAR UNIDADE 3 84 c) Método baseado no que se fez: ■ Instrumental matemático e estatístico na determinação de fórmulas que expliquem o comportamento das vendas passadas da empresa, e que pos- sam também ser aplicadas para projeções futuras. Para empresas que trabalham com produtos sazonais e têm grande parte de seu faturamento concentrado em um curto período de tempo, como de um ano, Sanvicente e Santos (2000) mostram algumas alternativas: 1. Produzir proximamente aos picos de vendas, o que resulta em uma grande capacidade de produção ociosa durante o ano. 2. Manter seu ritmo de produção constante, o que requer, inversamente proporcional ao item anterior, menor capacidade produtiva, porém um maior investimento em estoques durante todo o ano. 3. Diversificar a linha de produtos tentando produzir artigos que possuam procura sazonal inversa, aproveitando evidentemente as mesmas insta- lações fabris. Quando possível, buscar, por meio de promoção e preços especiais, deslocar no tempo o período de baixa probabilidade de venda do produto para que sua co- mercialização se torne mais favorável. Ao longo da leitura até o momento, acredito que ficou evidente o motivo do orçamento de vendas ser a primeira e principal peça orçamentária. Após a ela- boração do orçamento de vendas, o próximo passo é a elaboração do orçamento de produção, que tem por objetivo principal determinar as quantidades a serem produzidas durante o período orçado, visando, também, assegurar um nível de produção suficiente para atender à demanda do mercado, bem como a definição do nível desejado de estoques. Segundo Glitz, Maisonnave e Englert (2016, p. 205), “O planejamento quinquenal é peça decorativa: você pode até fazer, mas só para guardar de recordação, pois o mundo dos negócios daqui a cinco anos será completamente diferente do que foi planejado”. Na sua opinião, ainda vale a pena esboçar algo para cinco anos, ou o negócio é se concen- trar no planejamento de curto prazo, contemplando um ano? PENSANDO JUNTOS 85 ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO/FABRICAÇÃO O orçamento de fabricação para Sanvicente e Santos (2000) consiste basicamente em um plano de produção para o período considerado, visando atender às vendas orçadas e aos estoques preestabelecidos, ou seja, as métricas que foram definidas no orçamento de vendas. Apresenta, por períodos de tempo, em consonância com o orçamento de vendas, as quantidades de cada produto a serem fabricadas, quan- tidades a serem mantidas em estoques e seus respectivos custos. O planejamento da produção é uma etapa muito importante, pois se estabelece na base das demais peças orçamentárias subjacentes, em termos operacionais e de investimentos a serem realizados pela empresa. Por meio da Figura 3 a seguir, pode-se verificar quais as peças orçamentárias que compõem o orçamento de produção. UNICESUMAR UNIDADE 3 86 Esta peça orçamentária deve abranger itens como as quantidades a serem produzidas com base no volume de vendas, política de estoques, capacidade operacional e financeira, sazonalidade das vendas, compras de insumos e capacidade de estocagem. Neste prisma, Santos et al. (2008) conceituam o orçamento de produção como a estimativa de quantidade e valor financeiro da produção de produtos da Orçamento Empresarial Orçamento de Vendas Produção Níveis de estoques de produtos e mercadorias Custos de produção Custos indiretos Mão de obra direta Matéria-prima Descrição da Imagem: no primeiro quadro desse organograma, está escrito: Orçamento Empresarial. Em um nível abaixo, está escrito: Orçamento de vendas. Na camada posterior, contém um quadro com a escrita Produção, que possui dois quadros ligados a ele na parte inferior: em um está descrito Níveis de Estoques de produtos e mercadorias e no outro Custos de produção, que possui ainda três quadros ligados a ele em um nível abaixo: Matéria-prima, Mão de obra direta e Custos indiretos. Figura 3 – Orçamento de produção / Fonte: o autor. 87 empresa em determinado período, a partir do orçamento de vendas e do nível de estoque desejado pela empresa. O plano de produção envolve a programação de uso da capacidade instalada, política de estoques (produtos acabados, em elaboração, matérias-primas, entre outros), identificação de necessidades de investimentos para atender ao programa de vendas, projeção de custos variáveis e custos fixos, objetivos de produtividade considerada no orçamento e outros itens necessários. Os principais objetivos do orçamento de produção, de acordo com Santos et al. (2008), são: ■ O estabelecimento dos níveis de estoques. ■ Dar suporte de informações ao orçamento de compras e ao fluxo de caixa projetado. ■ Dar suporte de informações aos saldos projetados de estoques no balanço patrimonial projetado. ■ Dar suporte de informações do custo dos produtos vendidos na demons- tração de resultado projetada. ■ Estabelecer a quantidade e o momento de produzir os produtos da em- presa, com base no orçamento de vendas e no nível desejado de estoques. ■ Possibilitar a redução de custos de maneira racional, sem comprometer o processo produtivo. Sobanski (1995, p. 32) destacaque, para elaborar o orçamento de produção, al- guns requisitos são necessários: a) plano de vendas; b) características relativas à armazenagem dos materiais; c) escala econômica de fabricação; d) capacidade máxima de fabricação; e) duração e etapas do processo industrial; f) lotes econômicos de fabricação; g) utilização de mão de obra direta. Ao elaborar o plano de produção, os executivos de fabricação defrontam-se com a necessidade de equilibrar as vendas, os estoques e a produção para que seja alcançado o mais baixo nível de custos possível. UNICESUMAR UNIDADE 3 88 O orçamento de produção é a base principal do planejamento de necessidades de matérias-primas, mão de obra, investimento em imobilizado, caixa e custos de operação de fábrica. Portanto, o plano de produção é o elemento fundamental da preparação geral de orçamentos para a fábrica. Em resumo, o plano de produção é um importante instrumento de planeja- mento, coordenação e controle. Como instrumento de planejamento, ao expressar o volume do esforço de fabricação, ele estabelece as bases para o planejamento de todos os aspectos das operações da fábrica: necessidade de matérias-primas, de mão de obra de produção e de supervisão, entre outros. Determinação da Programação e Política de estoques Os estoques incluem matéria-prima, produtos em elaboração, produtos acabados, mercadorias adquiridas para revenda, materiais de manutenção, entre outros itens de acordo com a atividade da empresa. De acordo com Sanvicente e Santos (2000), os estoques proporcionam flexibilidade à empresa em suas atividades de compra e venda. Sem esses estoques, haveria a necessidade de adquirir, nos momentos precisos, as quantidades exatas exigidas pela produção, o que impe- diria a otimização de compra, quando se compra um certo volume, baixando o valor pago individualmente. Isso deve ser compensador, quando por outro lado, com um certo volume de estoque, a empresa obteria um custo mais elevado, seja da própria estrutura do estoque, ou do custo financeiro em manter esses ativos armazenados na empresa. E na área de vendas e produção, interessa maiores estoques de produtos para entregar aos clientes e matérias-primas disponíveis para otimizar a produção. Se- ria, por exemplo, possível reduzir os prazos de entrega da mercadoria aos clientes. Em contrapartida, a área financeira tem por objetivo minimizar investimentos em estoques, pois estes investimentos absorvem fatias significativas do ativo total da empresa. E em uma empresa que possui um processo de fabricação, o caminho que inicia com a compra do insumo, até a sua conversão em produto final e ven- da, pode ser demorado, o que gera um custo elevado para a empresa em termos financeiros e de operação desses itens. Por meio da Figura 4 a seguir, pode-se verificar como esse processo pode ser demorado. 89 Compra Pode ser à vista ou a prazo. Entrada Transporte e entrada dos bens/insumos no estoque. + Estoque Produtos, mercadorias, matéria-prima estão no estoque para uso, ou venda. Produção Início do processo de produção. Saídas Movimentação das matérias-primas e insumos para a produção. (-) Estoque Redução dos itens do estoque Produção Utilização das matérias- primas e insumos. Entradas Produtos prontos para serem comercializados. + Estoque Aumento dos itens no estoque. Venda Contratação da venda pelo cliente, pode ser à vista ou a prazo. Saídas Saída e transporte dos produtos do estoque. (-) Estoque Redução dos itens do estoque Descrição da Imagem: a figura representa em forma de uma trilha, o caminho da movimentação dos estoques, em que, por meio de setas, indica a trajetória do processo. O processo é representado por doze quadros, que contêm escrito em seu interior, em sequência, as seguintes etapas: Quadro 1 - “Compra: Pode ser à vista ou a prazo”; Quadro 2 - “Entradas: Transporte e entrada dos bens/insumos no estoque”; Quadro 3 - “+ Estoque: Produtos, mercadorias, matéria-prima estão no estoque para uso, ou venda”; Quadro 4 - “Produção: Início do processo de produção”; Quadro 5 - “Saídas: Movimentação das matérias-primas e insumos para a produção”; Quadro 6 - “- Estoque: Redução dos itens do estoque”; Quadro 7 - “Produção: Utilização das matérias-primas e insumos”; Quadro 8 - “Entradas: Produtos prontos para serem comer- cializados”; Quadro 9 - “+ Estoque: Aumento dos itens no estoque”; Quadro 10 - “Venda: Contratação da venda pelo cliente, pode ser à vista ou a prazo”; Quadro 11 - “Saídas: Saída e transporte dos produtos do estoque”; e Quadro 12 - “- Estoque: Redução dos itens do estoque”. Figura 4 – Movimentação de estoques – Indústria / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 90 Já em uma empresa que compra mercadorias e as revende, sem passar por pro- cessos de modificação, esse caminho é bem menor, veja a Figura 5 a seguir. A estabilidade das vendas de produtos determinará a política de estoques a ser adotada pela empresa. Assim, será importante analisar, previamente, se o consu- mo das mercadorias produzidas e vendidas não sofrerá oscilações, ou seja, não irá apresentar períodos de sazonalidade. A empresa deve manter o estoque mínimo e de equilíbrio, levando em consideração o tempo de produção e certa margem para outros riscos, para que as atividades não sejam interrompidas e ao mesmo tempo, face ao que foi definido no planejamento financeiro, considerá-lo com prudência, com objetivo de não afetar a liquidez e o capital de giro da organização. Compra Pode ser à vista ou a prazo. Entrada Transporte e entrada dos bens/insumos no estoque. + Estoque Produtos, mercadorias, matéria-prima estão no estoque para uso, ou venda. Saídas Saída e transporte dos bens/insumos, mercadorias do estoque (-) Estoque Redução dos itens do estoque Venda Contratação da venda pelo cliente, pode ser à vista ou a prazo. Descrição da Imagem: a figura representa em forma de uma trilha, o caminho da movimentação dos estoques, em que, por meio de setas, indica a trajetória do processo. O processo é representado por seis quadros, que contém escrito em seu interior, em sequência, as seguintes etapas: Quadro 1 - “Compra: Pode ser à vista ou a prazo”; Quadro 2 - “Entradas: Transporte e entrada dos bens/insumos no estoque”; Quadro 3 - “+ Estoque: Produtos, mercadorias, matéria-prima estão no estoque para uso, ou venda”; Quadro 4 “Venda: Contratação da venda pelo cliente, pode ser à vista ou a prazo”; Quadro 5 - “Saídas: Saída e transporte dos bens/insumos, mercadorias do estoque”; e Quadro 6 - “- Estoque: Redução dos itens do estoque. Figura 5 – Movimentação de estoques – comércio / Fonte: o autor. 91 A sazonalidade das vendas é algo comum em muitas organizações, por isso é desejável manter os níveis de atividade estáveis. A programação das atividades é um dos pontos principais da administração da grande maioria das organizações. Outra preocupação é a disponibilidade de mão de obra capacitada para aten- der à demanda de produção, também baseado nas estimativas de vendas do or- çamento de vendas. Nesse sentido, quando se pensa em nível de estoque desejado, é necessário ter em mente os elementos organizados na Figura 6, que segue: Níveis de estoques de produtos e mercadoria Sazonalidade das vendas Tempo de produção Capacidade �nanceira e de crédito Disponibilidade de mão de obra capacitada Descrição da Imagem: a figura representa em forma de organograma os elementos que influenciam o nível de estoques em uma empresa. Logo, o primeiro quadro chama-se Níveis de estoques de produtos e mercadoria, abaixo no segundo nível tem quatro quadros com os seguintes nomes: Sazonalidade das ven- das, Tempo de produção, Capacidade financeira e de crédito e Disponibilidade de mão de obra capacitada. Figura 6 – Determinantes dos níveis de estoques / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 92 Orçamento dos Custos de Produção Para a elaboração do orçamento de produção, é necessária, também, a elaboração do orçamento dos custos de produção.Assim, são preparadas as estimativas de ma- teriais que são exigidos para atender o nível de fabricação planejado. Na sequência, definem-se os custos relacionados à produção: matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação, como você pode observar na Figura 7 a seguir. Após elaborado o orçamento de produção com seus respectivos quadros de matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação, tanto da compra quanto do consumo deles, temos a possibilidade de encontrar o custo dos produtos a serem vendidos que será transferido para a Demonstração de Resultado projetada. O custo dos produtos corresponde à soma dos elementos de custos, conforme pode ser observado na Figura 8 a seguir. Orçamento de Produção Orçamento das matérias-primas Orçamento da mão de obra Orçamento dos custos gerais / indiretos de fabricação Descrição da Imagem: no primeiro quadro desse organograma, está escrito Orçamento de produção que possui ainda três quadros ligados a ele em um nível posterior: Orçamento das matérias-primas, Orçamento da mão de obra e Orçamento dos custos gerais/indiretos de fabricação. Figura 7 - Composição do Orçamento de Produção / Fonte: o autor. 93 Inserimos como forma de materializar as matérias-primas, mão de obra e custos indiretos alguns custos descritos na Figura 8. No entanto, é importante ressal- tar que eles podem ser outros, conforme a atividade do empreendimento. Por exemplo, enquanto na Figura 8 utilizamos como exemplo de matérias-primas: Embalagens, Metais, Plásticos e Madeira, em um empreendimento do agrone- gócio poderia ser: ração, fertilizantes, sementes, entre outros. Ou seja, depende da atividade de cada empreendimento. Produto Marceneiro Costureiro Soldador Operador de Maquinas 01 Mão de obra direta Corresponde ao consumo de recursos com funcionários envolvidos na produção. Embalagens Metais Plásticos Madeira 02 Matéria-prima São os materiais, insumos e componentes utilizados na produção. Aluguel Depreciação Energia elétrica 03 Custos Indiretos Demais custos que não são mão de obra ou materiais-primas. Descrição da Imagem: ao seu redor, há três triângulos conectados ao círculo central. O primeiro triân- gulo contém descrito em seu interior: Marceneiro, Costureiro, Soldador, Operador de Máquinas. E no seu exterior, abaixo da base desse triângulo, está escrito: 01 Mão de obra direta - Corresponde ao consumo de recursos com os funcionários envolvidos na produção. O segundo triângulo contém em seu interior a seguinte escrita: Embalagens, Metais, Plásticos e Madeira. E no seu exterior, abaixo da base desse triân- gulo, está escrito: 02 Matéria-prima - São os materiais, insumos e componentes utilizados na produção. O terceiro triângulo contém em seu interior o seguinte texto: Aluguel, Depreciação, Energia elétrica. E no seu exterior, abaixo da base desse triângulo, está escrito: 03 Custos Indiretos - Demais custos que não são mão de obra ou matérias-primas. Figura 8 - Elementos formadores do custo do produto / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 94 Orçamento de Matéria-Prima (MP) Também chamado de materiais diretos, engloba os custos de aquisição de todos os materiais que farão parte do produto e que podem ser identificados de uma forma economicamente viável. Também são considerados os rótulos, embalagens, manuais, ou seja, todos os insumos que são utilizados na fabricação ou montagem de um produto. Geralmente o levantamento se inicia com a pergunta: quais os materiais necessários para se produzir uma unidade do produto X, Y, Z e assim por diante? Podemos, com base na família de produtos da Medical Aspen, apre- sentar um quadro exemplificando, conforme segue. Famí- lia Oximetria Kit Estojos Produto Produto Ma- téria- -pri- ma Rea- nima- dor Inala- dor Nebu- liza- dor Ma- téria- -pri- ma Sutu- ra Gine- colo- gia Pediá- trico MP1 1 - - MPa 1 - 1 MP2 2 - - MPb 1 - 1 MP3 4 1 3 MPc 2 - 2 MP4 2 2 4 MPd 1 1 - MP5 1 2 7 MPe 1 2 - MP6 2 - 1 MPf 1 1 1 MP7 1 3 3 MPg 1 2 1 MP8 - 5 - MPh 2 1 1 MP9 - 1 2 MPi 1 1 - MP10 2 - 1 MPj 1 1 - MP11 - - 1 MPk - - 1 MP12 - - 2 MPl - - 1 Quadro 4 – Levantamento de matérias-primas por unidade produzida / Fonte: o autor. 95 A área de produção elabora as necessidades de materiais e o setor de compras faz a cotação dos materiais e identifica o valor que será comprometido para aten- der às necessidades do orçamento de venda e então providencia a aquisição das quantidades estimadas. O objetivo é comprar esses materiais no momento certo e ao preço planejado, otimizando os recursos financeiros relativos à gestão dos estoques. Como a taxa de consumo de matéria-prima já é conhecida, o orçamento de consumo de matéria-prima é obtido pela multiplicação dessa taxa pela pro- dução. Ou seja, leva em consideração o lote econômico de produção, tempo de produção, bem como uma margem de possíveis riscos, de forma que a velocidade, ritmo de produção, não seja afetada por ausência de certos materiais. Sobanski (1995) afirma que a elaboração desse orçamento requer o cumpri- mento das seguintes fases: a) Determinação das quantidades de matérias-primas exigidas para o aten- dimento da produção. b) Estabelecimento das políticas de estocagem de matérias-primas. c) Elaboração do programa de suprimentos. d) Determinação do custo estimado das matérias-primas necessárias à pro- dução. As principais finalidades em termos de detalhamento das necessidades de maté- ria-prima, para Welsch (1996), são: a) Fornecer informações sobre quantidades aos departamentos de compras – planejadas e adequadas. b) Fornecer informações em quantidades para permitir a projeção de custos. c) Fornecer dados para o estabelecimento de níveis de estoque. d) Fornecer dados para a determinação das necessidades de caixa. e) Fornecer informações para o controle de consumo de matérias-primas. Lembrando: como as matérias-primas e materiais passam pelo ciclo de estoques, as políticas de estocagem e sazonalidade também são inerentes a elas. UNICESUMAR UNIDADE 3 96 Orçamento de Mão de Obra Direta (MOD) O orçamento de mão de obra direta também é necessário para a elaboração do orçamento de produção, pois projeta valores referentes à remuneração e encargos sociais dos colaboradores que atuam diretamente no processo produtivo dos produtos que foram listados no orçamento de vendas do empreendimento. Segundo Lunkes (2003), o orçamento de mão de obra direta é de responsa- bilidade dos gerentes dos departamentos que compõem a fase de fabricação. São determinadas as horas-padrão necessárias para atender a produção estimada. Onde existem diferentes níveis de complexidade de mão de obra, estes devem ser especificados separadamente no momento da elaboração do orçamento. A elaboração do orçamento de mão de obra direta é fundamental para a maioria das empresas, pois absorve uma considerável parcela dos custos totais de produção. Para Welsch (1996), o planejamento e o controle dos custos de mão de obra envolvem estimativas e decisões do tipo: a) Necessidades de recursos humanos. b) Recrutamento. c) Treinamento. d) Avaliação e especificação de tarefas. e) Avaliação de desempenhos. f) Negociação com sindicatos. g) Administração salarial. Sardinha et al. (2008) também ressaltam a importância deste orçamento no sen- tido de possibilitar: a) A previsão da mão de obra direta necessária ao processo produtivo. b) A estimativa do custo de mão de obra dos produtos fabricados. c) O fornecimento, ao setor de RH, das necessidades de mão de obra para seu planejamento. d) O planejamento do fluxo de caixa. e) A obtenção de padrões de eficiência no uso da mão de obra direta. f) Os estudos relativos à racionalização do emprego da mão de obra nos processos produtivos. 97 Os cálculos que envolvem a apuração do custo da mão de obra direta são ba- seados na força de trabalho necessária para a produção do portfólio previsto no orçamento de vendas. Os custos da mão de obra direta são computados pelamultiplicação da força de trabalho e pela projeção dos níveis salariais que serão praticados durante o período orçamentário. No entanto, não é apenas o salário, todos os gastos relativos ao consumo de recursos com pessoal fazem parte do cômputo dos custos com a mão de obra. Por meio da Figura 9 a seguir, os gastos que compõem os custos com mão de obra podem ser observados. Gasto com pessoal Salário FGTS Férias Comissões 13º salárioSeguros EPI´s Vale Transporte Benefícios Descrição da Imagem: a figura representa os possíveis gastos com o pessoal. No centro, tem um círculo escrito: Gasto com pessoal. E 9 círculos ao redor desse central, ligados por uma linha, onde em cada um está escrito: Salário, FGTS, Férias, Comissões, 13º salário, Seguros, EPI’s, Vale Transporte e Benefícios. Figura 9 – Elementos de custos com mão de obra / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 98 Lembrando que esses elementos não são exclusividade do pessoal da produção. Eles também são considerados para as pessoas que atuam nas vendas e no ad- ministrativo. Ou seja, são inerentes ao cômputo do gasto com pessoas nas orga- nizações. Por uma questão de convenção de termos da área de negócios, mão de obra, são próprios das pessoas que atuam na fabricação e montagem de produtos. E gastos com pessoal são próprios do pessoal de vendas e administrativos. Orçamentos dos Custos indiretos de fabricação (CIF) Sanvicente e Santos (2000) relatam que os custos indiretos de fabricação abran- gem todos os gastos de fabricação que não podem ser classificados como mão de obra direta e matéria-prima, e são incorridos em cada departamento ou em toda a fábrica. São custos como mão de obra indireta, depreciação, material de escritório e assim por diante. Podemos considerar também como custos indiretos de fabricação: seguros, aluguéis, serviços de terceiros, energia elétrica, água, entre outros. Imagine uma fábrica de equipamentos de informática que atua com qua- tro produtos, mas compartilham colaboradores, infraestrutura, equipamentos, entre outros gastos, conforme se observa na Figura 10 a seguir. 99 Perceba que os gastos não podem ser identificados diretamente nos produtos ou departamentos, por isso o próprio nome, indiretos. E dependendo da atividade da organização, eles podem ser significativos e não podem ser ignorados. Os custos indiretos de fabricação correspondem a estruturas da organização que são utilizadas simultaneamente ou não por mais de um departamento, setor ou produtos. Por exemplo, a depreciação de máquinas, equipamentos e prédios que são utilizados de forma compartilhada. Ou ainda sobre os salários de cola- boradores (trabalhadores, gerentes, supervisores etc.) que atuam em mais de um departamento, setor ou produto. Descrição da Imagem: trata-se de um retângulo, dividido em 4 partes iguais. Cada parte representa uma área onde os quatro produtos: smartphones, tablets, notebook e placa de vídeo são fabricados. No meio do retângulo, tem um círculo com a imagem de um prédio semelhante a uma fábrica. Figura 10 – Exemplo custos indiretos de fabricação / Fonte: o autor. A depreciação corresponde à perda de valor, desvalorização dos itens que correspon- dem à infraestrutura da empresa. Contabilmente fala-se dos itens do ativo imobilizado, exemplos: móveis, edificações, máquinas, equipamentos, veículos, equipamentos de informática, entre outros. As causas que podem provocar a depreciação podem ser: o desgaste pelo uso (perdem a capacidade de produção); ação do tempo: (sofrem desgas- te do sol, da chuva e de outros elementos do tempo); obsolescência: (provocada pela evolução tecnológica). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 3 100 Esses gastos precisam ser distribuídos aos produtos por meio de algum pro- cesso de rateio, que é a alocação destes a cada unidade do produto, obedecendo, logicamente, a algum critério como a proporção da utilização de área de fábrica, quantidade produzida, tempo de fabricação etc. ORÇAMENTO DE DESPESAS OPERACIONAIS As despesas operacionais são gastos relacionados, principalmente, aos setores de venda e administrativos, mas envolvem também as despesas de ordem tri- butárias e financeiras. Acredito que chegou o momento de entender a diferença entre custos e des- pesas. Enquanto os gastos da organização que ocorrem no setor produtivo são considerados custos, os gastos da administração e do setor de vendas são des- pesas. Logo, podemos afirmar que os gastos podem ser custos ou despesas. A energia elétrica consumida na produção/fabricação é custo. Contudo, a energia elétrica consumida nas áreas administrativas e vendas é uma despesa. E de for- ma geral, a energia, sem essa classificação, é um gasto. Essa diferenciação é o que chamo de macro departamentalização da organização. Ou seja, antes de separar o departamento A, B, C e assim por diante, existe uma diferenciação entre custos e despesas. Isso pode ser visualizado por meio da Figura 11 a seguir. 101 Esclarecido o que são custos e despesas, podemos afirmar que o orçamento das despesas operacionais corresponde a todas as despesas necessárias ao desenvol- vimento das atividades operacionais da empresa para o período requerido. A Figura 12 ilustra a composição dos itens a entrar neste orçamento. Gastos Despesas Despesas Custos Comercial Vendas Administrativo Indústria Fábrica Descrição da Imagem: a figura que representa a macro departamentalização corresponde a um retângulo azul, contendo escrito na sua parte exterior, tanto em cima quanto embaixo, a palavra “Gastos”. Na parte interior, ele é dividido em três partes com tamanhos diferentes: no lado esquerdo, há duas partes meno- res e no lado direito uma parte maior. Na parte superior do lado esquerdo, correspondendo à primeira divisão da parte esquerda, contém a palavra “despesas” e, abaixo dela, a figura de um boneco com uma representação humana segurando uma pasta, ao lado da figura há um retângulo escrito “Comercial e Vendas”. Na segunda divisão do lado esquerdo, há novamente a palavra despesas e a ilustração de uma figura humana ladeada de um quadro com a escrita “Administrativo” em seu interior. No lado direito, que corresponde à terceira divisão do retângulo, há um boneco com representação humana, ao seu lado está um quadro com as palavras “Indústria” e “Fábrica” em seu interior e acima do boneco há a palavra “Custos”. Figura 11 - Macro departamentalização / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 102 Seu objetivo principal é dar suporte às receitas projetadas no orçamento de ven- das e de produção, para possibilitar seu gerenciamento e focar na minimização dos gastos, bem como fornecer informações à demonstração de resultado proje- tada e ao fluxo de caixa projetado. Os orçamentos de despesas são elaborados por diferentes gerentes. O gerente de vendas, ao elaborar o orçamento de vendas, também participa do orçamento das despesas de vendas. O gerente de administração elabora o orçamento de administração e assim por diante para os demais departamentos. No planejamento dos gastos a serem incorridos pela empresa, os administra- dores devem encarar o planejamento e controle de despesas como um esforço necessário para manter níveis realistas e essenciais de recursos para a consecução de objetivos e a execução de programas. O planejamento e controle de despesas devem focar sua atenção na relação entre as despesas e os benefícios (resultados) delas decorrentes. Os benefícios essenciais devem assumir a forma de objetivos e programas planejados, e recursos suficientes devem ser programados para fornecer o apoio exigido. Para exempli- ficar, algumas empresas que procuram reduzir dispêndios sem planejar adequa- damente os seus benefícios deixam de aplicar recursos (despesas) suficientes para a manutenção de ativos, tais como equipamentos e instalações. O controle de gastos deve ser firmemente associado a programas futuros e operações planejadas (objetivos) e a responsabilidades administrativas. A essên- Orçamentode Despesas Operacionais Orçamento de Despesas com Vendas Orçamento de Despesas Administrativas Orçamento de Despesas Tributárias Orçamento de Despesas Financeiras Descrição da Imagem: no primeiro quadro desse organograma está escrito: Orçamento de Despesas Operacionais. E possui ainda quatro quadros ligados a ele em um nível posterior: Orçamento de Despesas com Vendas, Orçamento de Despesas Administrativas, Orçamento de Despesas Tributárias, Orçamento de Despesas Financeiras. Figura 12 - Composição do Orçamento de Despesas Operacionais / Fonte: o autor. 103 cia do controle de despesas, além da supervisão direta, é o conceito de padrão, ou seja, cada despesa deve estar associada a um dado conjunto de condições (programa de trabalho, produtos, políticas administrativas e variáveis externas). Orçamento de Despesas de Vendas Segundo Castro (2014), as despesas de vendas compreendem todos os gastos necessários para vender os produtos da empresa, como promoção, colocação e distribuição, assim como os riscos relacionados à venda. Abaixo, alguns itens normalmente classificados como despesas de vendas, e ainda agrupados conforme a ordem temporal em relação às vendas: a) Gastos com a remuneração da equipe de vendas. b) Comissões e bonificações para equipe de vendas. c) Impostos sobre a venda. d) Aluguel do ponto de venda. e) Fretes para entrega dos produtos. f) Perdas com devedores duvidosos. g) Cobrança. A elaboração do orçamento de despesas de vendas deve ocorrer concomitante- mente à do orçamento de vendas. Isso se explica porque as despesas de vendas são maiores ou menores em função dos esforços necessários para que as vendas previstas sejam realizadas. A importância da elaboração deste orçamento apoia-se na ideia de que, como essas despesas são indispensáveis à efetivação das vendas, existe uma certa tendência de liberdade em seu controle. Orçamento de Despesas Administrativas As despesas administrativas incluem todas as despesas necessárias para a gestão das operações de uma empresa e também os itens relativos ao pessoal, viagens, telefonemas, material de escritório, depreciação, seguros, energia elétrica, serviços prestados por terceiros, entre outros. UNICESUMAR UNIDADE 3 104 As despesas administrativas estão relacionadas à gestão das atividades, como exemplo: a) Controladoria. b) Secretaria. c) Diretoria. d) Portaria. e) Contabilidade. f) Pessoal. g) Sistemas de Gestão. h) Limpeza e Vigilância. i) Seguros. j) Aluguel. k) Material de expediente. l) Comunicação. m) Despesas judiciais e legais. n) Depreciação de bens da administração. A elaboração e os posteriores controles do orçamento de despesas administra- tivas requerem que seus participantes passem, paulatinamente, a levar em conta o efeito de suas ações em termos monetários e em vista das metas prefixadas. Orçamento de Despesas Tributárias O orçamento de despesas tributárias é o instrumento que procurará relacionar, em sua projeção, todos os tributos que a empresa deverá recolher em nível fe- deral, estadual e municipal. A elaboração do orçamento de despesas tributárias geralmente não é tão simples, considerando o elevado número de tributos que ela terá de considerar e desenvolver no período orçamentário. Nesse sentido, e devido ao sistema tributário brasileiro ser demasiadamente intrincado, onde cada estado da federação, município, grupo de produtos, ramo de atividade (indústria, comércio, serviço), tamanho do empreendimento, composição societária, entre outros aspectos, influencia quais impostos devem ser recolhidos. Logo, seria im- pensável, abordar todas as situações possíveis para determinar quais impostos 105 essa ou aquela empresa teria que recolher e sobre quais bases. Nesse sentido, o adequado é atuar com um profissional qualificado com conhecimentos em im- postos e tributos. Vamos listar os possíveis impostos que os empreendimentos são suscetíveis, mas sem fazer relação entre eles: 1. Despesas tributárias incidentes sobre o faturamento (a venda): a) IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados. b) ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de trans- portes. c) ISS – Imposto Sobre Serviços. d) PIS – Programa de Integração Social. e) COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 2. Despesas tributárias incidentes sobre o resultado (o lucro): a) IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. b) CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. 3. Despesas tributárias incidentes sobre o patrimônio (os bens): a) IPTU – Imposto sobre a Propriedade Territorial e Urbana. b) IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. c) II - Imposto sobre a Importação. 4. Despesas tributárias incidentes sobre a folha de salários: a) CPP – Contribuição Previdenciária Patronal (INSS). b) Contribuição sindical (atualmente facultativo). 5. Despesas tributárias incidentes sobre serviços diversos: a) Taxas de licenças junto a exatorias, prefeituras e órgãos públicos. b) Taxa de água e esgoto. Além destes conhecimentos, é necessário o conhecimento dos regimes tributá- rios, especificamente aquele ao qual a empresa em questão está sujeita. Os principais regimes no Brasil hoje são: ■ Apuração pelo Lucro Real: em que os tributos sobre o faturamento são não cumulativos e o IRPJ e CSLL são calculados sobre o resultado efetivo. UNICESUMAR UNIDADE 3 106 ■ Apuração pelo Lucro Presumido: em que os tributos sobre o fatura- mento são cumulativos (exceto o IPI e ICMS) e o IRPJ e CSLL são calcu- lados sobre uma presunção de resultado pelo faturamento. ■ Simples Nacional: em que todos os tributos incidentes sobre faturamento, resultado e folha de salários são centralizados em uma única alíquota que é aplicada sobre o faturamento (conforme tabelas da legislação em vigor). ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO Outro orçamento a ser considerado para o bom desempenho da organização é o orçamento de investimento. O orçamento de investimentos em imobilizado ex- pressa os planos detalhados da alta administração em relação a acréscimos, melho- ramentos, substituições de ativos, patentes e aos fundos reservados para esses fins. Os aumentos de imobilizado representam a aquisição de ativos cujos custos são alocados a vários exercícios contábeis futuros. Este orçamento não inclui reparos rotineiros que devem ser incorporados aos orçamentos de despesas ou custos. O orçamento de investimentos em imobilizado também pode ser designado pelo nome de orçamento de acréscimo de imobilizado, orçamento de instalações e equipamentos, orçamento de construção, orçamento de despesas de capital, or- çamento de investimento ou orçamento de ampliação da capacidade de produção. O gerenciamento dos investimentos é fundamental para o desenvolvimento e o atingimento das metas orçamentárias. As empresas que querem permanecer competitivas terão que investir montantes cada vez maiores de recursos em seus ativos, sem qualquer certeza de colher resultados positivos. O orçamento de in- vestimentos destina os recursos aos departamentos e estes os aplicam de acordo com os objetivos preestabelecidos. Os investimentos devem reduzir custos e melhorar a eficiência operacional e administrativa. Os investimentos isolados não vão proporcionar crescimento sus- tentado. Sendo assim, a forma mais adequada para se gerenciar e controlar inves- timentos é a administração por projetos. Cada projeto terá um objetivo específico, e para tanto receberá recursos e terá uma pessoa responsável pela execução. Lunkes (2003) traz quatro razões para justificar a administração dos inves- timentos por projetos: 107 ■ Necessidade de abordagem sistemática em investimentos. ■ Integração entre as abordagens estratégica e operacional. ■ Escassez de recursos e poucas e caras fontes de financiamento. ■ Investimentos cada vez mais dispendiosos e de risco. Lunkes (2003) ainda pondera que o orçamento de investimentos deve atender três pontos: 1. O alinhamento do orçamento de investimentos às demais peçasorçamen- tárias: visando maximizar os investimentos aplicando-os em projetos de alto valor de retorno. Devem estar alinhados com a estratégia global da empresa, pois determinam o crescimento futuro dela. 2. A utilização de um sistema dinâmico de avaliação do risco: um investimen- to é avaliado como vantajoso ou não, utilizando-se dos métodos a seguir: ■ Método do payback: isto é, o tempo de retorno do capital investido. ■ Método da taxa média de retorno. ■ Método do valor presente: isto é, a avaliação dos benefícios financeiros que serão gerados no futuro em valores atuais. ■ Método da taxa interna de retorno: isto é, comparar o percentual de possível rentabilidade que o projeto irá gerar e comparar com o custo de oportunidade. 3. A integração dos projetos à cultura empresarial: envolve compromisso, treinamento e remuneração de todo o pessoal envolvido, com a finalidade de valorizar os que agregam valor à empresa. UNICESUMAR UNIDADE 3 108 ORÇAMENTO DE CAIXA Um orçamento de caixa ou disponibilidades é uma projeção de saldos disponível por subperíodos de um prazo maior. Muitas empresas devem preparar projeções de sua posição financeira tanto a longo quanto a curto prazo. A projeção a curto prazo é incluída no plano anual de resultados. O orçamento de disponibilida- des compreende duas partes: as receitas projetadas (entradas); e os desembolsos projetados (saídas). As entradas são provenientes das vendas de produtos, serviços e mercadorias. E as saídas podem ser por necessidades de investimentos, a busca por recursos, geralmente em bancos para financiar esses investimentos que gera o orçamento de investimentos e também das despesas financeiras, incluindo serviços ban- cários de recebimentos e pagamentos; ou ainda no caso de sobra de recursos no caixa, quando a empresa pode fazer investimentos no mercado financeiro buscando obter alguma remuneração em forma de juros recebidos. Em seguida, vamos detalhar um pouco mais essas peças orçamentárias. O orçamento de caixa possibilita ao administrador projetar suas necessidades de caixa a curto prazo. Com o orçamento de caixa, o administrador tem uma visão clara do período em que ocorrerão as entradas e saídas previstas durante um determinado tempo. Esse orçamento consiste na elaboração do planejamento do fluxo de caixa (entradas e saídas) mediante informações obtidas pelos demais orçamentos, nas quais podem ser visualizadas a sobra ou a falta de caixa, que devem ser solucio- nadas para que seja viável a execução dos demais planos. O objetivo desse orçamento está em assegurar recursos monetários suficientes para atender às operações da empresa estabelecidas nas outras peças orçamentárias. O orçamento de caixa está sujeito a improbabilidades e fracassos; é necessário ter uma margem de segurança que permita atender a um ocasional erro da previsão Orçamento de Capital de Giro O capital de giro representa a porção dos recursos investidos nas atividades do dia a dia, ou seja, na condução do negócio. Pode-se conceituar, então, como a parcela de recursos aplicados no ciclo operacional das empresas visando à manutenção do 109 volume de suas operações. São recursos para pagar salários, impostos, fornecedores de matérias-primas, materiais e serviços, aluguel etc. E os recursos recebidos das vendas, sejam à vista, parceladas. Podemos ainda incluir a venda de algum bem da empresa que não está utilizando ou deseja fazer uma atualização para outro equipamento mais moderno. E nessa dinâmica entre recebimento e pagamentos ao longo do tempo, pode ser que exista falta de caixa para pagar os recursos, ou sobra deles. Se a empresa receber mais e mais rápido do que paga, terá provavelmente uma situação de sobra de caixa, mas o contrário quase sempre é a regra. Para entender melhor de onde vem essa necessidade, vamos analisar a Figura 13 a seguir. 0 dia 30 dias 40 dias 45 dias 60 dias 70 dias 160 dias Solicitação de compra Recebimento das compras Pagamento das compras Início da produção Produto em estoque Vendas dos produtos Recebimento da venda Ciclo Econômico Ciclo Financeiro Ciclo Operacional Descrição da Imagem: a figura busca ilustrar o ciclo operacional de uma atividade, nesse caso que possui processo de produção. Esse ciclo ou etapas são nomeados por eventos que ocorrem no tempo, iniciando pelo número zero, ou seja, o primeiro evento. Nessa ilustração, cada evento é representado por um círculo que possui o nome do evento e quanto tempo demorou para ocorrer desde o evento zero. O primeiro círculo com o evento zero chama-se solicitação de compra. A segunda etapa, representada pelo segundo círculo, chama-se recebimento das compras e tem o tempo de 30 dias. Ou seja, ocorreu 30 dias depois do pedido de compra. O terceiro círculo ou etapa chama-se pagamento das compras e tem o tempo de 40 dias. Ou seja, ocorreu em 40 dias desde o pedido da compra. O quarto círculo ou etapa chama-se início da produção e tem o tempo de 45 dias. Ou seja, ocorre a 45 dias do pedido de compra. O quinto círculo ou etapa chama-se produto em estoque e tem o tempo de 60 dias. Isso significa que o produto ficou pronto em 60 dias desde o pedido da compra. O sexto círculo ou etapa chama-se venda e tem o tempo de 70 dias. Significa que o produto leva 70 dias para ser vendido depois que foi efetuada a solicitação de compra. E por fim, o sétimo círculo ou etapa chamado de recebimento da venda tem um prazo de 160 dias. Significa que a empresa vai receber 160 dias depois de ter efetuado o pedido de compra. Entre o pedido de compra e a venda do produto tem uma linha externa indicando tratar-se do ciclo econômico. Entre o pagamento da compra e o recebimento da venda, tem uma linha externa indicando tratar-se do ciclo financeiro. Entre o pedido de compra e o recebimento da venda, tem uma linha externa indicando tratar-se do operacional. Figura 13 - Origem do capital de giro / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 3 110 Nesse exemplo hipotético de um empreendimento, fica evidente que ele precisa pagar os fornecedores com 40 dias. No entanto, vai receber com 160 dias depois de efetuada a compra. Ou seja, nesse exemplo é indiscutível que existe um de- sencaixe financeiro, pois paga-se antes de receber dos clientes em 80 dias. E nesse período, o empreendimento precisa gerenciar de onde virá o dinheiro para o pagamento de suas atividades diárias. Perez Junior, Pestana e Franco (1997, p. 121) citam as principais finalidades do orçamento de caixa: “ a) Revelar a posição financeira provável em um momento futuro, como resultado das operações planejadas. b) Indicar excessos ou insuficiências de saldos. c) Indicar necessidades de empréstimos ou, inversamente, disponi- bilidade de fundos para investimentos temporários. d) Permitir a coordenação dos recursos financeiros em relação ao capital de giro, às vendas, aos investimentos e ao capital de terceiros. e) Estabelecer bases sólidas para a política de crédito. f) Estabelecer bases sólidas para o controle da posição financeira. Orçamento de Financiamentos Verificamos que o orçamento de investimentos é a fase da busca de necessidade de equi- pamentos, aumento de estrutura, de forma geral para atender o orçamento de vendas. O orçamento de financiamentos vai apresentar o planejamento financeiro para fazer frente aos recursos que serão desembolsados nas aquisições, obras, serviços etc. Um dos grandes erros que ocorrem por parte dos gestores é utilizar recursos de capital de giro, que geralmente são mais onerosos, ou seja, mais caros para financiar investimentos. Isso pode gerar um colapso nas atividades operacionais, ou seja, do dia a dia do empreendimento, fazendo que os compromissos não sejam efetuados nas datas previstas, gerando stress com fornecedores, bancos, im- postos e até com o pagamento dos colaboradores. E como geralmente os recursos para aumento de infraestrutura são elevados, isso terá um impacto relevante se 111 não for bem planejado. Nessa fase,caso o empreendimento não possua reservas de caixa, precisa fazer pesquisas de linhas de crédito de longo prazo em ban- cos, analisar valor das parcelas, taxa de juros e identificar a melhor opção. Pode também ocorrer por meio de empréstimos dos sócios, desde que devidamente registrado na contabilidade. Orçamento das Despesas Financeiras Para Zdanowicz (2000), o orçamento de despesas financeiras é o instrumento que irá relacionar futuros desembolsos destinados à manutenção do capital de giro ou do capital fixo necessários à ampliação, expansão, modernização, diversificação e relocalização da empresa no período projetado. Esse orçamento prevê os gastos com juros, descontos financeiros concedidos, variação monetária passiva, tarifas bancárias diversas, imposto sobre operações financeiras (IOF), cobrança bancária etc. O orçamento de despesas deverá contemplar os gastos que irão incorrer na empresa mediante decisões de empréstimos e/ou financiamentos a serem captados pela empresa. O principal objetivo do orçamento das despesas financeiras relacio- na-se à importância que reveste, no momento de sua elaboração, quando a empresa se habilita a captar recursos de terceiros e, em contrapartida, devolve à instituição financeira o valor emprestado mais os encargos financeiros correspondentes. As despesas de financiamento consistem nas aquisições de itens considerados ativos fixos, ou nas operações de reforço de capital de giro de longo prazo, de financiamentos subsidiados e nos contratos firmados de arrendamento, o lea- sing. Outra característica das despesas financeiras de financiamento é que elas corresponderão a obrigações da empresa de longo prazo. Neste grupo, também serão incluídas as receitas financeiras que são ganhos e rendimentos não ligados à atividade principal da empresa oriundos do excesso de recursos financeiros que serão aplicados em bancos ou mesmo nas vendas a prazo. São os juros recebidos, descontos financeiros recebidos, variação mone- tária ativa, rendimento de aplicações financeiras etc. Geralmente, as receitas financeiras são menores que as despesas financeiras e o resultado entre elas, isto é, o que se ganha e o que se paga, é denominado de “des- pesas financeiras líquidas”. Esse orçamento é muito influenciado pelo orçamento de investimentos, uma vez que parte deste é financiado por recursos de terceiros. UNICESUMAR UNIDADE 3 112 ORÇAMENTO DE MARKETING Com o advento de novas tecnologias, grande oferta de produtos, concorrência e formas de comunicação entre as pessoas, a área de Marketing tem ganhado destaque dentro do orçamento empresarial, tornando-se, em muitos empreen- dimentos, mais uma peça orçamentária, deixando de ser apenas um dos itens a serem considerados junto ao orçamento de vendas. Apesar de ainda ser comum empreendedores julgarem que marketing é uma área responsável apenas pela publicidade e propaganda. Por exemplo, o consumidor da Internet é diferente do consumidor convencio- nal. Peruzzo (2015) aponta que o consumidor da Internet é exigente, não aprecia demora, seja para visualizar uma página ou para receber um produto e, quando decide reclamar não poupa palavras, pesquisa muito antes de comprar, enfim, é um consumidor extremamente atento aos seus direitos. Portanto, para estabelecer um relacionamento que atenda as especificidades do perfil deste tipo de consu- midor, dois tipos de investimentos são fundamentais: o primeiro diz respeito a conhecer e satisfazer suas necessidades; o segundo investimento deve buscar a conquista de sua confiança (HART; JOHNSON, 1999). Neste sentido, de acordo com Gordon (1998), a organização pode aprimorar o favorecimento com o qual o cliente vê sua marca ao dar à organização: ■ Personalidade que corresponda à imagem preferida do cliente sobre a organização, em áreas como confiança, profissionalismo, técnica, hones- tidade, sofisticação etc. ■ Atitudes que o cliente veja como simpáticas, aperfeiçoadas, compreensi- vas em relação aos seus interesses pessoais e individuais. ■ Competitividade que demonstre superioridade em relação às ofertas e opções alternativas. No entanto, mais importante do que transferir esta imagem ao cliente é conseguir mantê-la efetivamente em funcionamento. Entre tais elementos, percebe-se que o marketing é uma área que não pode ficar subordinada à área de vendas, mas, sim, atuar conjuntamente para elaboração do orçamento. Sarquis e Ikeda (2003) acreditam que os autores de obras sobre orçamento ainda tratam o orçamento de Marketing de forma limitada, sendo esse orçamento contemplado de forma estratificada em outros orçamentos de receitas e despesas. Esses autores ainda 113 apresentam fatores para essa ocorrência, tais como: o orçamento de Marketing ser geralmente considerado de menor importância dentro do processo de decisão em relação a outros processos decisórios, o não percebimento da importância do processo de planejamento em relação ao orçamento de marketing e suas ferramentas. Em muitos casos, inclusive, tem-se a existência de planos de mar- keting sem uma mera mensuração dos resultados do que está sendo proposto. Esses autores defendem ainda que um planejamento de marketing precisa do seu próprio orçamento, o que vai permitir verificar os gastos do próprio plano e ainda possibilitar a análise do resultado (lucro/prejuízo), retornos e viabilidade do proposto. Os gastos que geralmente compõe o orçamento de marketing são os apresentados no Quadro 5 a seguir: Comunicação • Propaganda (tv, rádio, jornal, placas, outdoor, front light) • Promoção de vendas/merchandising (degustação, in- centivos, feiras, amostra grátis, demonstrações, exposi- tores e displays). • Relações públicas/publicidade, obras de caridade, as- sessoria de imprensa, eventos, patrocínio de atividades comunitárias. • Marketing direto, mala direta, catálogos e telemarke- ting. Pesquisas • Tendências nacionais e internacionais. • Testes de marketing. • Pesquisas evolutivas. • Aquisição de publicações, banco de dados e materiais de pesquisa. Vendas • Comissões sobre vendas. • Pré e pós-vendas. • Recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimen- to de profissionais de vendas. • Convenções e reuniões. • Publicações e materiais específicos de vendas. UNICESUMAR UNIDADE 3 114 Desenvolvimento de produtos • Melhora de produtos atuais. • Desenvolvimento de novos produtos. • Testes funcionais dos produtos. • Desenvolvimento e treinamento de novos fornecedo- res. • Patentes. Serviços aos clientes • Reparo e assistência técnica. • Trocas, devoluções de produtos. • Suporte aos distribuidores e varejistas. • Serviço de atendimento a informações aos consumido- res, reclamações e sugestões. Distribuição • Fretes, transportes, armazenamento e estocagem de produtos. • Centros de distribuição, segurança, falhas e avarias de entrega. Marketing • Pessoal (salários, encargos, benefícios e treinamento). • Materiais de consumo, móveis, equipamentos e softwares. • Viagens, deslocamentos. • Rateio por uso de infraestrutura da organização. Quadro 5 - Gastos com marketing / Fonte: adaptado de Sarquis e Ikeda (2003). NOVAS DESCOBERTAS Título: Orçamento Empresarial Integrado - Metodologia, Elaboração, Controle e Acompanhamento Autor: Pedro Schubert Editora: Freitas Bastos Sinopse: apresenta a elaboração orçamentária de forma diferente das obras até aqui publicadas. Sua concepção sistêmica tem como objetivo a obtenção da demonstração do resultado do exercício, do fluxo de caixa, da geração de caixa e do balanço patrimonial. O texto é objetivo e o exemplo numérico cla- ro; as transferências dos valores de uma peça para outra são indicadas em cada quadro e a sequência de encerramento do orçamento é bem definida. Comentário: interessante leitura que apresenta uma sequência sobre as peças orçamentárias e como elas resultam em informações do resultado es- perado, bem como da relevância do controle do orçamento. 115 Há possibilidade de você julgar que a elaboraçãodo orçamento, por meio de suas peças orçamentárias, pode ser exclusivamente de empresas que já atuam no mer- cado há algum tempo. Se pensou nisso, está enganado! Ele pode e deve fazer parte também de um movimento muito incentivado pela Unicesumar, o empreende- dorismo. Não convém sermos fantasiosos em pregar que todo empreendimento nasce de um planejamento prévio. Existem empreendimentos que nascem de um fenômeno chamado empreendedorismo de necessidade, em que o indivíduo, por uma ausência de empregabilidade, se vê obrigado a iniciar uma atividade para preservar a sua subsistência e de sua família. E existem casos em que o próprio empreendimento é fruto de um planejamento. As cooperativas, por exemplo. Elas nascem por meio da identificação de uma necessidade de uma comunidade, bairro, cidade, grupo de pessoas com atividades parecidas, mesma formação etc., em superar, melhorar, ter acesso a um recurso que não tinham, ou se tinham, era muito oneroso. Logo, esse grupo de pessoas com anseios congêneres, por meio do planejamento de um empreendimento coletivo (a cooperativa), se lança no mercado para oferecer respostas às demandas também coletivas. E imagine um empreendimento que de fato ainda não nasceu, não está em ati- vidade. Contudo, já está em curso para ser aberto. Ele pode, por meio do chamado plano de negócios, efetuar projeções do quanto vai faturar. E com o portfólio de produtos e serviços a oferecer no mercado, identificar os sacrifícios financeiros para efetuar a produção e venda, os investimentos necessários, a projeção de gastos com o marketing, custos de produção, administração do negócio, despesas tributárias etc. Ou seja, entra em ação a projeção das peças orçamentárias. Com esse podcast, você vai passar por algumas provo- cações e poderá ter algumas ideias de indicadores que vão além do montante de vendas. É normal pensarmos que o volume de vendas, quanto maior, mais resultados, ou seja, maior o lucro. E não é errado pensar assim, o natural é que isso de fato se concretize. Contudo, podem ter outros aspectos envolvidos. Por exemplo, quando uma equipe gera muito volume de vendas, no entanto, apresenta baixa rentabilidade por praticar excessivos descontos. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11273 Agora você já sabe que o orçamento de vendas é a primeira e principal peça orçamentária do orçamento da organização. E que existe uma série de fatores que devem ser considerados na elaboração desse orçamento. E que os equívo- cos gerados nesse orçamento serão refletidos nas demais peças orçamentárias. Pensando nesse conjunto de elementos e considerações que o orçamento de vendas precisa deixar no radar, desenvolva um mapa mental que apresente, não necessariamente de forma hierárquica, até pelo fato de que uma hierarquia des- ses elementos não é engessada, os pontos a serem considerados na elaboração dessa peça orçamentária. Considere as palavras-chave para iniciar: Onde vender - Prazos - Quantidades – Políticas de preços – Limitadores internos – Limitadores externos Orçamento de Vendas Onde vender Prazos Políticas de preços Limitadores internos Limitadores Externos Quantidades Onde estão os clientes? O que vender Políticas de vendas a prazo Formas de recebimento Estimar volumes Canais de venda 4Tipos de Orçamentos Me. Silvio César de Castro Caro(a) aluno(a), esta unidade tem a finalidade de pluralizar o tema Orçamento Empresarial, apresentando algumas abordagens que vêm sendo utilizadas pelas empresas em caráter específico, ou setorizado, demonstrando algumas tendências na tentativa de transpor limitações que o orçamento tradicional possa ter. E isso é algo interessante, pois ao decorrer dos anos de utilização do Orçamento Empresarial, outras visões ou ramos de atividades específicas, acabaram por inserir novos conceitos, técnicas, metodologias que fizeram que o tradicional orça- mento pudesse ser flexibilizado e assim atender cada vez melhor as demandas das organizações. Entre tais elementos, vamos apresentar alguns tipos de orçamentos. Primeiramente o Orçamento Estático, em seguida o Orçamento Contínuo, o Orçamento Base Zero, o Orçamento Flexível, o Orçamento por Atividades e, por fim, o Beyond Budgeting. UNIDADE 4 120 Depois de ver as mudanças no mercado, analisar a concorrência, ler sobre os be- nefícios, você chega à conclusão que está na hora de implementar uma plataforma e-commerce no seu negócio. Então, o que você faz? Contrata uma consultoria de projetos para te auxiliar nisso. E logo na primeira entrevista, para definir os objetivos e a partir disso o escopo de trabalho, um dos consultores te pergunta: que tipo de e-commerce você deseja? E você responde para si mesmo: “horas, do tipo que vende pela internet!”. Mas claro que não foi isso que você respondeu, na verdade você pergunta: “pode me explicar um pouco melhor?” E se o objetivo da consultoria fosse para implementar a prática de orçamento no seu negócio, e você também tivesse contratado uma consultoria para te auxiliar, acreditem, ela ainda faria a mesma espécie de pergunta: “que tipo de orçamento quer implementar?” Isso implica em afirmar que nós temos vários tipos de orçamentos? Sim! Entretanto, não são aquelas peças orçamentárias que estudamos na Unidade 3. Estamos falando do orçamento como um todo. Podemos dizer que é a forma de se abordar o orçamento, como utilizar as informações, quando, forma e foco do acompanhamento, revisão, entre outros aspectos. E nesse sentido, existem alguns tipos de orçamentos, nos quais em alguns momentos ou se utiliza um tipo A ou B. E em alguns momentos, um pouco de B com elementos de C. Ou seja, algumas abordagens sobre tipos de orçamento a operacionalizar são contrárias umas das outras. No entanto, algumas abordagens podem se complementar. Pensando nessas perspectivas, vou realizar algumas perguntas. Dependendo da sua resposta, vai conseguir identificar, mais adiante, que tipo de orçamento você gostaria que fosse implementado no empreendimento que atua ou é sócio. 1. O orçamento do próximo ano, depois de aprovado, pode ou não ter algum tipo de alteração? 2. Gostaria de ter um período do ano para discutir o orçamento, ou prefere atuar nas projeções futuras com revisões mensais ou em períodos me- nores que um ano? 121 3. Você acredita que o orçamento deve levar em conta a estrutura de gastos entre fixos e variáveis do empreendimento e possibilitar ajustes ao decor- rer do período orçado ou não? 4. Se a atividade que está desenvolvendo for prestação de serviços, isso pode impactar na escolha do tipo de orçamento? Se sua resposta para a pergunta 1 for que pode ter algum tipo de alteração, o orçamento flexível é mais indicado. Caso contrário, seria estático. Caso sua resposta para a pergunta 2 for atuar uma vez ao ano, seria o estático. Com períodos menores pode ser o flexível, com características do orçamento base zero. Se, porventura, sua resposta para a pergunta 3 for sim, certamente terá que atuar com o orçamento flexível. Na eventualidade da sua resposta para a pergunta 4 ser sim, certamente está inteirado que o orçamento por atividades é uma escolha interessante para em- presas prestadoras de serviços. Percebeu que, dependendo do que deseja, do tipo de empreendimento, entre outras características internas do empreendimento, um ou outro tipo de orça- mento se encaixa melhor? Por isso que é interessante você conhecer cada um desses “tipos” de orçamentos, para que ele se torne ainda mais eficiente na con- tribuição da gestão dos negócios. UNIDADE 4 UNIDADE 4 122 OS MOTIVOS PARA MAIS DE UM TIPO DE ORÇAMENTO O orçamento empresarial teve sua origem na administração pública e foi utili- zado como instrumento de planejamento e controle das operações empresariais pela primeira vez na Du Pont, nos Estados Unidos, em 1919, segundo Lunkes (2003). Para esse autor, o orçamento empresarial ganhou relevância a partir da metade do século XX, mais precisamenteentre os anos de 1950 e 1960, quando grandes empresas passaram a utilizá-lo em suas operações. O orçamento em- presarial como se conhece hoje teve seu apogeu a partir de 1950, quando uma quantidade relevante de obras difundiu o orçamento empresarial pelo mundo. De acordo com Lunkes (2003), com o passar do tempo, a prática orçamentária foi ganhando força, e no Brasil o orçamento passou a ser foco de estudos a partir de 1940, mas nem mesmo na década seguinte ele foi utilizado pelas empresas. O orçamento só teve seu apogeu no Brasil a partir de 1970, quando as empresas pas- saram a adotá-lo com mais frequência em suas atividades. Algumas fases marca- ram a aplicação e o desenvolvimento da prática orçamentária. E como ele passou a ser utilizado com mais abrangência e por uma quantidade de empreendimentos maior, certas características de atividades, que não apenas aquelas tradicionais com características de fabricação de produtos, passaram a ser contempladas nas abordagens orçamentárias. Isso fez que, além do orçamento tradicional, também chamado de estático, novos tipos de orçamentos fossem implementados, o que foi historicamente visto como fases de evolução do orçamento. Ou seja, foram necessárias novas abordagens tendo em vista a diversidade de tipos de negócios que passaram a surgir. Em relação ao orçamento empresarial tradicional, Lunkes (2003) relata que na primeira fase predominou com ênfase na projeção dos resultados e o posterior controle. É um plano projetado para atender a um nível de atividade do próximo período. A segunda fase é descrita por Lunkes (2003) como a fase que privilegiou o orçamento contínuo, que tem como ênfase a revisão contínua, removendo-se os dados do mês recém-concluído e acrescentando-se dados orçados para o mesmo mês do ano seguinte. A aplicação desse método de orçamento está se tornando bastante frequente nas empresas. Segundo esse mesmo autor, o passo seguinte foi o surgimento do orçamento de base zero, com a projeção dos dados como se as operações estivessem come- 123 çando da estaca zero e tivessem necessidade de justificar os gastos. Assim, os gestores estimavam e justificavam os valores orçados como se a empresa estivesse iniciando suas operações. Lunkes (2003) ressalta que na quarta etapa é apresentado o orçamento flexível como destaque com a projeção dos dados das peças orçamentárias em vários níveis de atividade. O orçamento flexível é projetado para cobrir uma gama de atividades; portanto, pode ser usado para estimar custos em qualquer nível de atividade. E, por fim, surgiu o orçamento por atividades como uma extensão do custeio baseado em atividades, com projeção dos recursos nas atividades e o uso de direcionadores para estimar e controlar os resultados. De forma resumida e cronológica, essas abordagens ou tipos de orçamento podem ser observados no Quadro 1 a seguir. 1919 1970 1980 2000 Orçamento Empresarial Orçamento Contínuo Orçamento de Base Zero Orçamento Flexível Orçamento por Ativida- des Beyond Budgeting Projeção dos recursos baseados na estrutura or- ganizacional e acompa- nhamento pelos depar- tamentos. Renovação do período concluído e acréscimo do mesmo período no futuro. Proje- ção dos recursos baseados em pacotes de decisão da estaca zero com justificativa para todos os novos gastos. Projeção dos recursos para vários níveis de atividade. Projeção dos recursos nas atividades por meio de direcio- nadores de custos. Proje- ção dos recursos de forma descen- tralizada e flexível, guiado por um con- junto de princípios. Quadro 1 - Evolução dos processos orçamentários / Fonte: adaptado de Lunkes (2003). Diante do exposto, você pode observar que os tipos de orçamentos vieram da própria diversificação de tipos de atividades, evolução tecnológica, entre outros aspectos que o meio empresarial demandou ao longo dos anos. O próximo passo agora é entender melhor as características desses tipos de orçamentos. Lembran- do que essa evolução não significa necessariamente que os mais atuais tipos de UNIDADE 4 UNIDADE 4 124 orçamentos são melhores que os mais antigos. Mas isso você vai perceber ao longo deste capítulo. ORÇAMENTO ESTÁTICO É o nome dado ao próprio orçamento empresarial tradicional. Elaboram-se todos os orçamentos da empresa a partir da definição de determinados níveis de produção ou vendas, ou seja, basicamente do nível de atividade da empresa. A definição desse nível de atividade, consequentemente, determinará o volume das demais atividades e setores da empresa. O orçamento pode ser chamado de estático desde que a gestão do sistema não tolere alterações nas peças orçamen- tárias. Ou seja, mesmo que o volume de vendas que o período concretizou mude significativamente em relação ao que foi orçado/projetado, os valores desse tipo de orçamento não são alterados. E logicamente, se o volume de vendas aumentar, os custos e despesas variáveis também vão aumentar, devido ao maior consumo de matéria-prima, impostos, comissões de venda. Mas isso não é ruim. Na ver- dade, é excelente, o objetivo é que os volumes de venda sempre sejam maiores. Para que você entenda melhor essa questão de variação, vamos praticamente fazer um parêntese, durante a explicação desse tipo de orçamento. E isso será extremamente importante na hora de entender a proposta de abordagem desse e dos outros tipos de orçamentos que vamos apresentar mais adiante, princi- palmente em relação ao orçamento flexível. Muito bem, em relação aos gastos, 125 existe uma classificação quanto ao seu comportamento financeiro pertinente ao volume de atividades, os quais podem ser fixos ou variáveis. Ou seja, existem gastos que sofrem variação correlacionados diretamente ao nível de atividade. E existem gastos que, independentemente do nível de atividade, não sofrem al- teração em função disso. Podem até ter alguma alteração, mas não pela relação do aumento ou redução do nível de atividade do empreendimento, como, por exemplo, reajuste de preços. Segundo Castro (2019, p. 37, grifo do autor), “Acre- dito que o primeiro aspecto a ficar claro quando se fala em ‘fixo’ é entender que ele em nenhum momento significa obrigatoriamente ser igual. Pode até ser igual ao longo de um período”. Vamos atuar com um exemplo para que fique mais evidente esse aspecto. Por meio do Quadro 2 a seguir, podemos perceber que os custos fixos não sofrem alterações proporcionais às variações no nível de produção da empresa. Mês Quantidade de itens fabricados Custo aluguel da fábrica - R$ Jun. 1.800 3.000,00 Jul. 1.900 3.000,00 Ago. 1.000 3.000,00 Set. 2.500 3.000,00 Out. 1.300 4.000,00 Nov. 1.100 4.000,00 Dez. 1.850 4.000,00 Quadro 2 - Custos fixos – aluguel / Fonte: o autor. Perceba, também, por meio do Quadro 2, que o valor do aluguel alterou de R$ 3.000,00 para R$ 4.000,00 entre setembro e outubro. Contudo, a quantidade pro- duzida reduziu. O que houve foi provavelmente o ajuste do valor do aluguel. Ou seja, não existe relação direta entre volume de atividade e o custo do aluguel, caracterizando o aluguel, nesse caso, como um gasto fixo. Agora vamos ver, por meio do Quadro 3, um exemplo de um gasto variável, mais especificamente, um custo. UNIDADE 4 UNIDADE 4 126 Mês Quantidade de itens fabricados Custo com a matéria-prima A - R$ Jun. 5.000 50.000,00 Jul. 6.000 60.000,00 Ago. 5.600 56.000,00 Set. 4.300 43.000,00 Out. 4.000 40.000,00 Nov. 5.800 58.000,00 Dez. 3.800 38.000,00 Quadro 3 - Custos variáveis – Matéria-prima / Fonte: o autor. É fácil perceber que o custo tem variação direta com o nível de atividade, bem como que o custo com a matéria-prima é de R$10,00 por unidade. Agora que você já sabe que existem recursos que se comportam diferente- mente em relação ao nível de atividade do empreendimento, vamos continuar a tratar do orçamento estático. Agora, imagine uma situação em que o departa- mento de vendasconsegue vender mais que o orçado. Certamente será avaliado positivamente, afinal vender mais é sempre interessante e quase sempre o prin- cipal objetivo de um empreendimento. No entanto, o departamento de custos de produção poderá ser avaliado de forma negativa pelo fato de estar consumindo materiais e mão de obra direta acima do que foi projetado. E o contrário, se as vendas ficarem abaixo do esperado, as equipes de venda podem ser avaliadas ne- gativamente, enquanto o departamento de custos de produção pode ser avaliado positivamente, pois estão sendo consumidos menos materiais. Se a organização no decorrer do período orçado verificar que os volumes que foram projetados não poderão ser atingidos, devido a aspectos incontroláveis, esse orçamento, em parte ou num todo, será desvalorizado tanto em relação à sua utili- zação como ao acompanhamento, análise, controle de metas, simulações, ajuste de variações e ainda como base para o próximo período de construção do orçamento. De acordo com Padoveze (2011), apesar desse orçamento conter um elemento crítico, que é a sua estaticidade e, portanto, inflexibilidade, esse tipo de orçamento 127 ainda é utilizado amplamente por organizações de grande porte, principalmente as que possuem várias filiais ou operam em vários países. Essa utilização por gran- des organizações é justificada pela necessidade de consolidação orçamentária de duas filiais, dispersas geograficamente, em um orçamento mestre e único. Ou seja, esse tipo de orçamento estático é mais útil quando uma empresa tem vendas e despesas altamente previsíveis que não devem mudar muito durante o período orçamentário. Um outro uso para o orçamento estático ocorre em organizações sem fins lucrativos, educacionais e governamentais porque essas instituições nor- malmente recebem uma quantia específica de dinheiro. Já em empreendimentos onde o próprio ambiente de negócios é mais fluido, onde os resultados operacionais podem mudar substancialmente, um orçamen- to estático pode ser um obstáculo, uma vez que os resultados reais podem ser comparados a um orçamento que não é mais relevante. De acordo com Gomes (2007), esse orçamento consolidado é fundamental para que a organização tenha uma visão geral de suas atividades e dos resultados econômicos esperados para o próximo ano ou período, para aprovação de seus dirigentes. Nesse sentido, o orçamento estático é importante, já que eventuais alterações de volume em algumas de suas divisões não necessariamente impac- tarão de forma significativa no total dos orçamentos. Obviamente, quando os impactos de alterações de volumes em todas as unidades da corporação forem significativos, não há motivo para manter um orçamento estático, que não tenha validade para o processo decisório. ORÇAMENTO FLEXÍVEL O orçamento flexível denota a condição de variabilidade que é inerente ao pro- cesso orçamentário, o que exige a flexibilidade para acompanhamento do orça- mento, sendo este um fator marcante. Nesse contexto, Padoveze (2011) afirma que o orçamento flexível tem como objetivo suavizar a inflexibilidade imposta pelo orçamento estático. E ele parte do princípio de que o orçamento de vendas pode sofrer variações e, consequentemente, todas as demais peças orçamentárias que estão diretamente ligadas ao orçamento de vendas e que possuem gastos variáveis também sofram variações. UNIDADE 4 UNIDADE 4 128 De acordo com esse mesmo autor, o ponto central do orçamento flexível está no comportamento dos recursos entre fixos e variáveis. Ou seja, enquanto os recur- sos das vendas e seus respectivos gastos provenientes da produção, impostos e despesas podem variar, os gastos fixos recebem tratamento tradicional, ou seja, como se estivessem sendo tratados no orçamento estático. Por meio do Quadro 4 a seguir, isso pode ser mais bem compreendido. Dados do mês de março/20xx Previsto Variação Realizado Quantidade de unidades produzidas e vendidas 10.000 20% 12.000 Gastos variáveis R$ 40.000,00 R$ 48.000,00 Gastos fixos R$ 100.000,00 0% R$ 100.000,00 Gastos totais R$ 140.000,00 6% R$ 148.000,00 Gasto por unidade vendida no mês R$ 14,00 -12% R$ 12,33 Quadro 4 – Variação do nível de atividade e gastos relacionados / Fonte: o autor. Perceba que uma variação de 20% no volume de vendas alterou os gastos variáveis, mas não os fixos. Esse comportamento dos gastos já trabalhamos quando desenvol- vemos as características do orçamento estático. E outro ponto interessante: perceba 129 que o gasto por unidade reduziu. Talvez agora você entenda melhor, também, o quanto os empresários dão importância ao giro e produtividade. Quanto mais se produz com a mesma infraestrutura, menores são os gastos por unidade produzida. Quer ficar ainda mais deslumbrado? Contemple o Quadro 5 a seguir, ele é uma continuação do Quadro 4. Dados do mês de março/20xx Previsto Realizado Preço de venda por unidade R$ 20,00 R$ 20,00 Receita total do mês de março/20xx R$ 200.000,00 R$ 240.000,00 (-) Gastos totais do mês de março/20xx -R$ 140.000,00 -R$ 148.000,00 Resultado do mês de março/20xx R$ 60.000,00 R$ 92.000,00 Variação no lucro 53,33% Quadro 5 – Variação volume x variação lucro / Fonte: o autor. Olha que bacana! Uma variação de 20% no volume de produção e vendas produ- ziu um aumento de 53% no lucro. Esse é um princípio chamado de alavancagem operacional. E certamente isso quebra alguns paradigmas, demonstrando que a variação no volume de vendas não é o mesmo do resultado (lucro ou prejuízo). O grau de alavancagem operacional é a forma de medir em que proporção o resultado da empresa é afetado quando o volume de suas atividades de produção e vendas tem variações. Isso ocorre face ao comportamento dos gastos. A composição dos gastos dos empreendimentos, independentemente do ramo de atividades, se divide em fixos e variá- veis, isso faz com que o resultado não reaja na mesma proporção das variações do nível de atividade. Esse aspecto se dá pelo fato de os gastos fixos permanecerem inalterados, enquanto os gastos variáveis oscilam proporcionalmente a essa alteração. E cada em- preendimento dependendo dessa proporção entre gastos fixos e variáveis tem um grau de alavancagem diferente. E em um mesmo empreendimento, isso muda toda vez que houver alguma alteração entre essa proporção, o que ao longo do tempo certamente irá ocorrer. Fonte: adaptado de Castro (2019). EXPLORANDO IDEIAS UNIDADE 4 UNIDADE 4 130 Entre tais elementos, o orçamento flexível considera que a empresa deve estar atenta ao nível de atividade e suas possíveis variações. E o que mais interfere e varia nas atividades é a questão do custo. Não há como fixar R$ 1,00 de custo para cada 1 unidade fabricada. O nível de atividade faz variar as estimativas de custos, pois temos os custos fixos e variáveis. Por isso, é necessária uma análise dos custos nas categorias variável e fixa, para prever os gastos em diferentes níveis de atividades. Portanto, algumas variações que geralmente ocorrem em um processo de realização desse tipo de orçamento são: ■ Variação nos gastos reais. ■ Variação nos volumes de produção. ■ Variação nos volumes de vendas. E como o orçamento flexível prevê variações, ele tem como uma de suas finalida- des identificar de onde vem as diferenças e quais foram as suas causas: variações e discrepâncias, em que as primeiras referem-se a diferenças nos planos, como volumes de vendas maiores ou menores que o orçado, e as últimas estão rela- cionadas ao controle individual do gestor ou departamento. Essa capacidade de alterar o orçamento também torna mais fácil identificar responsabilidades e os motivos caso uma receita ou meta de custo for arruinada. Certamente a adoção do orçamento flexível é mais complicado, requer um conhecimento sólido das despesas fixas e variáveis da empresa, no entanto, isso permite maior controle sobre as mudanças que ocorrem ao longo do período orçado, geralmente anual. A seguir, elencamos algumas característicasdo orçamento flexível citadas por Lunkes (2003): ■ Não limita a projeção a um nível de atividades, mas para uma gama de atividades. ■ Os custos incorridos são comparados com os necessários para determi- nado nível de atividade. ■ É ajustado de acordo com as mudanças no nível de atividade real, ou receita e medidas de custo reais. ■ No planejamento, mostra quanto serão os custos em vários níveis de atividade. ■ Possibilita o exame dos resultados financeiros esperados para um número de cenários possíveis. 131 ■ Admite-se uma faixa de nível de atividades, tendenciando os volumes de produção ou venda. ■ Necessário um profundo conhecimento dos padrões de comportamento dos custos de fabricação, especialmente os custos indiretos, que se torna- ram muito representativos nos últimos anos. ■ Depura melhor os insumos, separando-os em custos variáveis ou fixos. ■ Exige o conhecimento do que cada empregado, metro quadrado, máquina ou computador produz. Devido a todas estas características, o orçamento flexível é dinâmico por natureza, permitindo ao gestor observar o nível de atividade atingido durante o período orçado. Dessa forma, este tipo de orçamento exige um melhor desempenho no papel de gerenciamento e controle. De forma geral, como as mudanças sociais têm ocorrido cada vez mais rapidamente, em que previsões de longo prazo se tornam cada vez mais du- vidosas, o orçamento flexível pode ser uma abordagem interessante para os empreendimentos terem uma ferramenta de suporte para o planejamento e controle de suas atividades. ORÇAMENTO CONTÍNUO Como observamos em todo o estudo até o momento, existe uma tendência nas organizações em elaborar orçamentos em ciclos anuais. Entretanto, alguns seg- mentos de negócio têm dificuldade com orçamentos deste prazo, alguns por entender que um ano é muito tempo, e outros por entender que um ano é um período muito curto. Por exemplo, apesar das rápidas mudanças a nível mun- dial, é mais recorrente para empresas do ramo de tecnologia problemas com o planejamento para períodos anualizados, em virtude das velozes evoluções ao qual o setor está inserido. Assim, surge a necessidade do orçamento contínuo, que tem como objetivo central anualizar o orçamento periodicamente, acrescentando ao fim de cada ciclo um novo período. Ele geralmente cobre um período de 12 meses, o que mantém os gestores e colaboradores envolvidos continuamente no processo or- çamentário, incorporando condições variáveis em momentos oportunos. UNIDADE 4 UNIDADE 4 132 Para citar um exemplo, normalmente os orçamentos, como vimos até então, são elaborados para 12 meses: janeiro de 20x1 a dezembro de 20x1. O orçamento contínuo funciona assim: após a realização do orçamento de janeiro do ano 20x1, orça-se já o orçamento de janeiro de 20x2. Assim, o novo período orçamentário vai de fevereiro de 20x1 a janeiro de 20x2. Isso pode ser mais bem compreendido ao se observar o Quadro 6 a seguir. 20x1 20x2 Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Realiza Orça Quadro 6 – Orçamento contínuo – janeiro / Fonte: o autor. Quando finalizar, ou seja, verificar o orçado e o realizado do orçamento de fe- vereiro de 20x1, orça-se o período de fevereiro de 20x2, ficando o período dos próximos 12 meses, de março de 20x1 a fevereiro de 20x2, abrangidos por este orçamento. Isso pode ser observado no Quadro 7 a seguir. 20x1 20x2 Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Fe v Realiza Orça Quadro 7 – Orçamento contínuo – fevereiro / Fonte: o autor. 133 E assim, continuamente esse tipo de orçamento vai gerando um novo período orçamentário. Nesse exemplo que utilizamos, empregando o uso dos Quadros 6 e 7, o período considerado foi de 12 meses. No entanto, não existe um modelo único e nada impede que se utilize períodos menores, de 6 meses ou até 3 meses, não existem regras. Alguns exemplos do uso dos períodos para esse tipo de or- çamento podem ser observados no Quadro 8 a seguir. Período semestral - anual 20x1 20x2 Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Realiza Orça Período trimestral - anual 20x1 20x2 Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Realiza Orça Período trimestral - semestral 20x1 20x2 Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Realiza Orça Período mensal - semestral 20x1 20x2 Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Ju l Ag o Se t O ut N ov D ez Ja n Fe v M ar Ab r M ai Ju n Realiza Orça Quadro 8 – Orçamento contínuo – multiperíodos / Fonte: o autor. Enquanto os orçamentos tradicionais vislumbram o ano fiscal da empresa, o orçamento contínuo transmite a ideia de que planos realistas podem ser feitos em curto prazo, sendo possível replanejar e refazer projeções continuamente UNIDADE 4 UNIDADE 4 134 em virtude de circunstâncias não esperadas. O orçamento, então, de 12 meses é continuamente revisado, removendo-se dados do mês recém-concluído e adicio- nando-se dados orçados para o mesmo mês do ano seguinte. De acordo com Lunkes (2003), este tipo de orçamento deve possuir algumas características importantes, como as abaixo relacionadas: ■ Cultura de entrega de relatórios mensais em tempo hábil. ■ Comportamento proativo. ■ Postura de autocorreção dos problemas orçamentários. ■ Analisar os pontos positivos e negativos durante o período passado para que se possa melhorar o próximo período. ■ Analisar e detalhar a receita e as despesas controláveis e elaborar estima- tivas para o próximo período. ■ Competência e habilidade dos participantes do sistema. Lunkes (2003) também apresenta uma lista de vantagens que são proporcionadas pela utilização do Orçamento Contínuo: ■ Facilidade em orçar períodos menores. ■ Incorporação de novas variáveis. ■ Orçamento mais preciso e detalhado. ■ Fácil implementação. ■ Fácil gerenciamento. ■ Menor tempo de elaboração. ■ Assegura verdadeira responsabilidade. Além disso, o orçamento contínuo pode ser adequado com outros métodos or- çamentários, seja o tradicional, base zero, flexível etc. Isto porque o seu princípio é fazer revisões e adaptações nas previsões no decorrer do período. E isso não inviabiliza a combinação com outros tipos de orçamentos. As desvantagens são de ordem operacional, pois fazer orçamentos mensais sempre exige que quase todo o processo orçamentário seja despertado, o que toma tempo de toda a organização. Vamos também encontrar, no linguajar em- presarial, as expressões rolling forecasting ou rolling budgeting para designar este tipo de orçamento. 135 ORÇAMENTO BASE ZERO Dentre as diversas abordagens de orçamentos, está havendo um destaque para o Orçamento Base Zero, conhecido no meio empresarial pela sigla OBZ. Um dos pro- pósitos do OBZ é solucionar problemas de perpetuação de ineficiências históricas. De acordo com Lunkes (2003), o ponto de partida deste orçamento não é o ano anterior, como ocorre na maioria das abordagens. Isto faz que todas as atividades sejam obrigadas a justificar sua existência para que se possa obter aprovação de recursos pela alta administração. Este procedimento rejeita com- pletamente a ideia intrínseca no orçamento tradicional de incrementar números e percentuais àquilo que foi feito em período passado. A pergunta básica que este modelo se propõe a provocar é: quem garante que o valor gasto no passado não está muito além do que deveria ser gasto? Esta forma de conceito de orçamento age como um modelo de planejamento, no qual cada custo e despesa (gastos) são analisados, revistos e avaliados cons- tantemente. Esse tipo de orçamento evita desperdícios e faz com que as equipes se esmerem sistematicamente em reduzir gastos, identificando possíveis excessos (ou carências). Isto vale desde a compra de insumos até a aquisição de material de escritório,ao contrário do que se rege a tradicional lógica das empresas em inspirar-se no orçamento do ano anterior e aplicar-lhe índices de redução para montar o do ano corrente, sem saber se o valor de cada gasto corresponde à realidade. Com o orçamento OBZ, o ponto de partida para cada gasto é zero, o que apesar de lógico também é controverso por algumas outras abordagens sobre o orçamento. É interessante também relatar que este tipo de orçamento não é tão recente como talvez muitos possam pensar, por isso, apresentamos em curto cronograma o registro da utilização desta forma de orçamento, conforme apresentado por Santos et al. (2008): UNIDADE 4 UNIDADE 4 136 ■ 1911 a 1917 – Tesouro Britânico. ■ 1960 – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. ■ 1969 – Texas Instruments. ■ 1971 – Xerox. ■ 1973 – Estado da Geórgia/USA. ■ 1998 – AMBEV – Brasil. Como já dito, esta forma de orçamento exige que os gestores estimem as ven- das, produção e demais itens do orçamento como se as operações estivessem começando do ponto zero. Isto faz com que todas as solicitações de recursos orçamentários sejam plenamente justificadas ponderando análise de custos, pro- pósitos, cursos alternativos de ação, medida de realizações, benefícios pretendidos e consequências que poderão advir caso a verba não seja concedida. A ideia central do OBZ é consolidar o planejamento (indica o resultado) com o orçamento (indica o que é necessário para a obtenção do resultado). A seguir, apresentamos algumas características e propósitos do OBZ, cita- dos por diversos pesquisadores como Carvalho (2002), Frezatti (2000) e Santos et al. (2008): ■ Exige o exame detalhado dos gastos. ■ Define metas de redução específicas para cada gerência. ■ Propõe desafios compatíveis com o potencial de ganho de cada área. ■ Estabelece uma sistemática eficaz de acompanhamento e controle dos gastos. ■ Requer apoio constante e manifesto de maior autoridade executiva. ■ Exige o envolvimento de todos os níveis de chefias. ■ Elaboração orçamentária e de gestão no sentido “de baixo para cima”. ■ Analisa o custo-benefício de todos os projetos, processos e atividades, partindo de uma base “zero”. ■ Focaliza objetivos e metas das unidades de negócio cujos recursos são consequência do caminho ou direção planejada. ■ Assegura a correta alocação de recursos com base no foco e nos fatores- -chave do negócio. ■ Aprova o nível de gastos após a elaboração com base em critérios previa- mente definidos. ■ Desenvolve-se de forma participativa com intensa comunicação entre as áreas. 137 ■ Fornece subsídios inteligentes para a gestão. ■ Preocupa-se com resultados efetivos. ■ As decisões são baseadas em resultados. Nem tudo, porém, são flores no OBZ. Santos et al. (2008) observam que em seto- res industriais o OBZ se aplica em algumas divisões como a área administrativa, técnica e comercial. Já em relação ao setor fabril, não há uma adaptação direta, visto que este está associado às operações de produção, como material direto e mão de obra direta (exceto os gastos indiretos de fabricação, na sua parcialidade), sendo quase impossível aplicar uma análise de custo/benefício para decidir sobre aumento ou redução de despesas. Neste caso, não é recomendado um planejamento a partir do zero. Outra desvantagem do OBZ é o tempo de elaboração, muito maior do que os orçamentos tradicionais, devido a cada gasto exigir uma justificativa e uma aprovação. Por fim, encerramos este tópico com uma relação de vantagens que o OBZ obtém em detrimento dos demais orçamentos, segundo Lunkes (2003): ■ Força os gestores a refletirem sobre as operações e procurarem oportu- nidades de melhoria. NOVAS DESCOBERTAS Orçamento Base Zero x Orçamento Base Histórico Como podemos observar, ambas as técnicas têm suas vantagens e desvan- tagens, e a questão de qual técnica utilizar vai depender muito do momento da empresa. Caso se esteja querendo reestruturar a empresa ou alguma área, o Orçamento Base Zero pode ser o mais indicado. Do contrário, o Orça- mento Base Histórico proporciona ganhos de velocidade em sua elaboração, além do aprendizado que traz acumulado. Uma estratégia que se pode adotar é utilizar o Orçamento Base Zero a cada três ou quatro anos, e nos demais anos utilizar o orçamento base históri- co para ir medindo a evolução do resultado da empresa. Outra estratégia interessante é partir para um modelo híbrido, ou seja, caso o objetivo seja reestruturar somente uma área da empresa, aplicar o Orçamento Base Zero para esta área e o Orçamento Base Histórico para o restante da empresa. UNIDADE 4 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12592 UNIDADE 4 138 ■ Fornece informações detalhadas relativas a recursos necessários para realizar os fins desejados. ■ Evidencia os excessos e duplicidade entre as atividades ou departamentos. ■ Concentra-se nas reais necessidades e não nas variações do ano anterior. ■ Proporciona melhor acompanhamento do planejamento x realizado. ■ Cria uma atitude interrogativa em lugar de assumir práticas decorrentes do passado. ■ Focaliza atenção na produtividade e não somente nos gastos. ■ Aplicável em qualquer entidade, com ou sem fins lucrativos, industrial, comercial ou de serviços. ORÇAMENTO POR ATIVIDADES Ainda pouco utilizado pelas empresas, o Orçamento por Atividades é oriundo de uma nova técnica de custeio denominada de Custeio Baseado em Atividades ou Custeio ABC (Activity Based Costing), em que, na forma de orçamento, inverte-se o histórico pelo previsto, e é chamado pela sigla em inglês ABB – Activity Based Budgeting. 139 Empresas que já utilizam o custeio ABC entenderam a necessidade de um conjunto de atividades específicas para atender a um cliente ou produzir um bem ou serviço, obtendo, assim, melhor detalhamento dos respectivos custos e uma visão mais clara dos seus processos. E se o empreendimento utiliza calcular seus custos por meio do custeio ABC, ele também precisa que o orçamento seja por atividades. Esse tipo de custeio e, respectivamente, orçamento é mais indicado para empresas prestadoras de serviços, onde muitos processos envolvem pessoas e o produto final não é a entrega de um tangível, ou seja, produto ou mercadoria. Imagine um hospital, a quantidade de processos envolvidos e ao final não existe a entrega de um produto, mesmo que durante os atendimentos muitos materiais e medicamentos tenham sido empregados. Segundo Lunkes (2003), o orçamento por atividades permite identificar os recursos alocados para cada atividade e como estas estão contribuindo para maximizar as oportunidades de seus produtos e clientes. A atividade descreve o modo como a empresa emprega o seu tempo e seus recursos para alcançar os objetivos empresariais que podem ser de produção, venda e atendimento. A principal função da atividade é converter os recursos (material, mão de obra e tecnologia) em produtos e serviços, assim, determina o seu custo e desempenho em termos de tempo e qualidade. Dentre as vantagens que o orçamento por atividade contribui, elencamos os pontos de Horngren, Foster e Datar (1997), citados por Lukes (2003): ■ Capacidade de elaborar orçamentos mais realistas. ■ Melhor identificação dos recursos necessários. ■ Associação dos custos à produção. ■ Vinculação mais clara dos custos com as responsabilidades do quadro funcional. ■ Identificação de folgas orçamentárias. NOVAS DESCOBERTAS Aluno(a), assista a esse vídeo interessante que demonstra na prática e de forma simples o uso do custeio por atividades. UNIDADE 4 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12593 UNIDADE 4 140 O orçamento por atividades permite à empresa uma visão sistêmica sobre o con- sumo de recursos que permitirá aos gestores identificar e lidar com a falta ou excesso de capacidade. Em relação à implantação do ABB, o próprio procedimento permite que a empresa vislumbre áreas importantes e possa determinar políticas de maximi- zação de recursos e atividades, conformea seguir: ■ Eliminação de atividades supérfluas. ■ Redução de tempo ou dos recursos empenhados no cumprimento das atividades. ■ Seleção das atividades em um custo mais baixo. ■ Multiplica a utilização de atividades. ■ Desenvolve uma descrição de caso. ■ Define prioridades. ■ Oferece justificativa de custo. ■ Monitora os benefícios. ■ Avalia o desempenho para melhoria contínua. É oportuno mencionar que o orçamento por atividades não exclui completamente o orçamento tradicional, visto que ele começa estimando a necessidade de equi- pamentos e funcionários para atender à demanda projetada de forma tradicional. BEYOND BUDGETING A tradução para Beyond Budgeting (BB) é ir além do orçamento. A premissa do BB é abandonar os processos orçamentários que são considerados tradicionais, como os que vimos até então, com o objetivo de ter a possibilidade de aprimorar o controle e gestão do empreendimento. E a implementação dessa metodologia leva ao afastamento dos processos orçamentários tradicionais, direcionando o empreendimento a estabelecer um sistema organizacional altamente descentra- lizado e um conjunto adaptativo de processos de gestão. Pode ser verdade que existam justificativas para que o BB seja levado em consideração. Os processos orçamentários tradicionais podem apresentar uma série de imperfeições, como, por exemplo: ■ O desenvolvimento do orçamento é demorado e caro. 141 ■ Os orçamentos raramente estão focados na estratégia da empresa. ■ Os orçamentos geralmente não estimulam a criação de valor. ■ Orçamentos podem criar obstáculos para mudanças. ■ Os orçamentos aumentam a centralização do poder dentro de uma or- ganização. De acordo com o Quadro 1, pode-se perceber que a ideia sobre BB ainda é rela- tivamente nova. Suas discussões e aplicações se iniciaram nos últimos 20 anos. E sua ascensão está associada à mudança de um modelo organizacional burocrático tradicional para uma estrutura de mais negócios ágeis. Essencialmente, a estrutura BB é baseada na ideia de agilidade de negócios. Inicialmente, as empresas ágeis predominavam principalmente entre as empresas de desenvolvimento de software. Essas empresas estabeleceram técnicas ágeis de negócios para se ajustar e se adaptar rapidamente às metas e requisitos em cons- tante mudança em um ambiente extremamente competitivo. Hoje em dia, empre- sas em diferentes setores implementam ativamente técnicas ágeis para cumprir megatendências exigentes, como digitalização, globalização e mobilidade. O Beyond Budgeting Institute (2016) é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve e promove o BB e afirma que sua estrutura é baseada em 12 princípios. No entanto, de acordo com o instituto, os princípios não são uma receita nem um checklist para a gestão. Os princípios servem apenas como um guia para empresas e gerentes que desejam adotar a estrutura. Os respectivos princípios estão dispostos no Quadro 9 a seguir. UNIDADE 4 UNIDADE 4 142 Fundamentos de liderança Processos Gerenciais Objetivo: Os líderes engajam e inspiram as pessoas em torno de causas ousadas e nobres, não em torno de objetivos financeiros de curto prazo. Ritmo: Os processos de gestão organizam-se de forma dinâmica em torno não só do calendário e dos exercícios fiscais, mas também dos ritmos e atividades empresariais. Valores: Os líderes lideram por meio de valores compartilhados e julgamentos sólidos, não por meio de regras e regulamentos rígidos. Metas: os líderes optam por metas direcionais, ambiciosas e relativas, em vez de objetivos fixos e em cas- cata. Transparência: os líderes tornam as informações facilmente acessíveis para autorregulação, criatividade, aprendizado e controle. Planejamento e previsão: Líderes planejando e prevendo processos limpos e imparciais, não exercícios rígidos e políticos. Organização: os líderes estabe- lecem um forte senso de pertenci- mento e promovem equipes res- ponsáveis para se livrar do controle hierárquico e da burocracia. Alocação de recursos: os líderes impulsionam uma mentalidade de conscientização sobre os custos e disponibilizam os recursos conforme a demanda; não por meio de aloca- ções orçamentárias anuais concre- tas. Autonomia: os líderes confiam nas pessoas com liberdade de ação. Avaliação de desempenho: o de- sempenho é avaliado de forma holís- tica e com feedback dos pares para aprendizagem e desenvolvimento; não com base apenas em medição e não apenas para recompensas. Clientes: os líderes garantem que cada ação esteja ligada às necessi- dades do cliente e que conflitos de interesse sejam evitados. Recompensas: os líderes recom- pensam os sucessos compartilhados contra a concorrência, não contra metas de desempenho fixas. Quadro 9 - 12 princípios do BB / Fonte: adaptado de Beyond Budgeting Institute (2016). 143 A abolição completa dos processos orçamentários tradicionais requer a imple- mentação de novas técnicas que irão substituí-los. A estrutura do BB não especi- fica as técnicas exatas aplicáveis a todas as empresas. No entanto, existem algumas técnicas que podem ser eficazes: ■ As previsões contínuas são criadas mensalmente ou trimestralmente, em vez de anualmente. ■ As metas da empresa são baseadas em indicadores-chave de desempe- nho (KPIs). ■ O desempenho dos gestores da empresa é avaliado com base em ben- chmarks externos, e não em seu desempenho anterior. ■ Os gerentes operacionais têm autonomia para reagir às mudanças no ambiente de negócios e podem coordenar dinamicamente suas ações. O BB é adequado para setores com um ritmo acelerado de mudança. Esse am- biente de negócios naturalmente exigiria uma abordagem de gerenciamento mais dinâmica e responsiva. Organizações recém-estabelecidas ou aquelas que estão passando por transformações radicais acharão os métodos orçamentários tradi- cionais difíceis de implementar devido à falta de dados históricos. Viu como foi interessante discorrer sobre os “tipos” de orçamento?! Talvez você não tenha percebido, mas cada um dos “tipos” orçamentários apresentados são, na verdade, variâncias do orçamento tradicional. O que muda são focos e concepções. Se for utilizar algum software para organizar o sistema e as peças orçamentárias, certamente ele não foi escolhido de um ou outro fornecedor face aos tipos de orçamento que foram definidos. O software, se tivesse uma consciên- cia, certamente não saberia se os dados ali armazenados e tratados são de um ou outro tipo de orçamento. Veja, por exemplo, o OBZ em relação ao tradicional é uma forma diferente de se apurar valores relacionados aos custos e despesas, mais especificamente. Ele rejeita a visão tradicional do orçamento, principalmente, a ideia do orçamento incremental, que leva em consideração os dados do ano passado mais um adicional. Em vez disso, o orçamento de base zero projeta todas as peças como se estivessem sendo compiladas pela primeira vez. Isso nada in- terfere no software ou dashboards de acompanhamento do orçamento. Quando inseridos em um software, seria mais um dado relacionado a um gasto ou receita. Já no orçamento flexível, em vez de um único número determinado de volume de fabricação ou vendas, a empresa admite uma faixa de nível de atividades, em UNIDADE 4 UNIDADE 4 144 que tendencialmente irão situar-se tais volumes de produção ou venda, face a existirem gastos fixos e variáveis; e continuamente em relação aos tipos de orça- mento apresentados. Entre tais elementos, minha intenção foi demonstrar a você que existem perspectivas da administração, tanto acadêmica quanto prática de mercado, que são frutos da necessidade e da experiência de cada empresa, ou setor, forma de comprar, produzir, vender, remunerar etc. Não existe uma receita certa, mesmo para empreendimentos que são quase idênticos, tanto em produtos, forma de comercialização e tamanho, abrangência de atuação, entre outras características. Cada empreendimento terá suas peculiaridades, particularidades, queas tornarão únicas, e isso vai fazer com que os gestores sejam impulsionados a lançar mão de conhecimentos, técnicas e métodos que lhes atendam e consequentemente à organização de uma forma mais eficiente. E nada melhor do que ser possível conhecer vários “tipos” disso, não é mesmo? Nesse podcast, vamos apresentar as principais formas de construção do orçamento em relação ao engajamento das pessoas das organizações. De forma geral, existem três abordagens em relação a como as pessoas nas organizações têm esse envolvimento. Um deles é quase nenhum, restrito aos executivos do alto escalão que sim- plesmente ditam as metas a serem alcançadas. Temos uma forma intermediária, em que existem negociações entre os níveis hierárquicos e, por fim, o participativo, em que todos constroem o orçamento de forma participativa. NOVAS DESCOBERTAS Título: Orçamento Empresarial Autor: Clóvis Padoveze Editora: Biblioteca Universitária Pearson Prentice Hall Sinopse: esse livro traz tópicos como análise das variações, plano or- çamentário e integração com os instrumentos de gestão – que, dependendo da abordagem, podem parecer complicados – que são apresentados de um ponto de vista inusitado que, ao mostrar como as coisas funcionam na prá- tica, possibilita ao leitor um processo intensivo (e real) de aprendizagem. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11274 Durante o estudo desta unidade, você percebeu que cada um dos tipos de or- çamentos trabalhados possui algumas características distintivas. Nesse sentido, desenvolva um mapa mental que apresente 4 características de cada um deles. Considere as palavras-chave para iniciar com os tipos de orçamentos trabalha- dos: Orçamento Estático, Contínuo Base Zero, Flexível, Atividades e, por fim, o Beyond Budgeting. Fonte: o autor. Tipos de orçamentos Estático 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características Flexível Contínuo Base Zero Atividades Beyond 5Estudo de Caso Medical Aspen Me. Silvio César de Castro Por meio da observação de uma empresa fictícia, já mencionada neste livro, a Medical Aspen, vamos propor algo que não seja complexo e pro- cure trabalhar com vários itens abordados nas unidades anteriores, como orçamento de vendas, produção, despesas operacionais, marke- ting, investimento, caixa e a projeção demonstrativo de resultados e o fluxo de caixa, entre outros. Por uma questão de preservação estética do próprio material didático, diferentemente de uma planilha ou um software específico de orçamento que pode ser visualizado em telas de computadores, procurei trazer um conteúdo para ser observado de forma impressa. Por isso vamos trabalhar com uma projeção de três meses. UNIDADE 5 148 Você já deve ter escutado um ditado que diz: “uma imagem vale por mil palavras” Ou ainda, quem não gosta de boas histórias e causos? Ou até mesmo uma crônica, que tem características de narrar observações de coisas do cotidiano e às vezes até mesmo sem personagens. Mas será que observar um fenômeno, sua dinâmica e como ele ocorre na prática pode ajudar a entender melhor sobre um assunto e ajudar a desenvolver novas habilidades e competências? Ou ainda uma narrativa em forma de história que conecta de forma sensata os acontecimentos? Pois bem, isso ajuda em muito! Nas áreas pedagógicas e de negócios, o nome dado é Storytelling, em que são empregados elementos que procuram gerar identificação, despertar emoções e seduzir o leitor. Nem sempre no estudo de questões de formação acadêmica todas essas características podem ser empre- gadas. No entanto, uma das formas que pode unir a observação e uma história narrativa é por meio do chamado estudo de caso. A utilização do estudo de caso como método de aprendizado vem colaborar com a compreensão de um deter- minado conjunto de eventos práticos e suas conexões com o conjunto de orien- tações e teorias que envolvem o assunto. E isso ocorrendo ao longo do tempo, acaba por gerar uma narrativa. Nesse sentido, age como um poderoso catalisador entre questões teóricas e práticas. Mesmo que, na maioria das vezes, o evento estudado não permita que as observações se generalizem a todos os eventos da mesma natureza, é importante para o acadêmico ou de forma geral o estudante de um assunto ou evento compreender como um fenômeno ocorre. Descrevemos, mesmo que brevemente, sobre a capacidade que uma história e observações de fatos possuem no auxílio do entendimento e conexão de fenôme- nos que nos cercam ou que temos interesse em descobrir. Quero te propor uma atividade interessante. Assistir um pequeno vídeo, com 3 minutos, e te desafiar a perceber como uma simples história pode te prender. Olha o spoiler! Então, quer saber como um vestido azul, uma professora e os políticos se relacionam? Então acesse esse QR Code: Viu?! Escutando e vendo as imagens, ou simplesmente escutando a história, perceba como ela te prende. Você consegue ver um início, meio e fim. Fica curioso com o que vai acontecer, gera expectativas. Claro, nem sempre isso é possível em tudo que vamos aprender. Principal- mente em questões mais técnicas ligadas a números, modelos matemáticos, entre outros. Entretanto, sempre que possível, os autores deveriam experimentar. E o que vamos fazer nesta unidade é apresentar um estudo de caso, limitado a um https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12603 149 período de três meses, por meio de um empreendimento que você já leu sobre ele neste livro, a Medical Aspen. O ESTUDO DE CASO A Medical Aspen (empresa fictícia) foi idealizada por dois irmãos com visão empreendedora, que moraram mais de 10 anos nos EUA atuando no setor de desenvolvimento/fabricação e venda de produtos na área da saúde. Voltaram para o Brasil com uma forte influência sobre a importância do planejamento e gestão para que as organizações possam prosperar e vasto conhecimento sobre produ- ção e venda de produtos inovadores na área da saúde. A organização, recém-cria- da no Brasil, já trabalha com planejamento anual (curto prazo) e de 05 e 10 anos (longo prazo) e consequentemente com a elaboração do seu orçamento. E como é tudo muito recente, a organização não possui um histórico, apenas projeções a respeito dos números (receitas, despesas, variações, comportamento, dados de produção, tempos de processos, entre outros) de todos os setores e departamen- tos. Atualmente, os aplicativos de gestão integrados (vendas, estoques, logística, CRM, finanças, compras, produção, contabilidade etc.) que a organização utiliza (softwares e serviços de hospedagem de dados), bem como os produtos e maté- rias-primas adquiridas para fabricação e revenda são 80% adquiridos nos EUA. UNICESUMAR UNIDADE 5 150 Após o conhecimento dos conceitos, características e objetivos de cada peça orçamentária, vamos elaborar cada um destes orçamentos, em um único exercício prático que culminará no levantamento do Fluxo de Caixa Projetado/Orçado e da Demonstração de Resultados Projetada. Pode-se ainda projetar outros demons- trativos contábeis e financeiros, porém, vamos nos resumir a esses dois relatórios. Um ponto importante, os quadros apresentados ao longo desta unidade estão ocultando os valores em centavos, quase na sua totalidade, apresentados apenas quando necessário (quando atuamos com valores unitários que serão multipli- cados muitas vezes). O objetivo é que você tenha uma visualização mais “limpa” dos quadros, bem como poder focar no principal ponto: o desenvolvimento das peças orçamentárias, como estão conectadas e como podem ser apresentadas. A Medical Aspen atua com os produtos descritos no Quadro 1 a seguir. Família Oximetria Kit Estojos Produto Reanima- dor Inalador Nebuliza- dor Sutura Ginecolo- gia Pediátrico Quadro 1 – Família e produtos Medical Aspen / Fonte: o autor. ORÇAMENTO DE VENDAS Tendo em vista a ausência de histórico da empresa, ela optou em fazer um or- çamento para os próximos três meses, divididos porfamília de produtos, mês e região de atuação, nesse caso, região 1 e região 2, conforme pode-se observar no Quadro 2 a seguir. 151 Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Reani- mador Inala- dor Nebu- lizador Sutura Gine- colo- gia Pediá- trico Mês 01 Dias Reg.1 500 600 700 380 550 480 3.210 30 Reg.2 400 480 560 379 549 479 2.848 Total Mês 01 900 1.080 1.260 759 1.099 959 6.058 Mês 02 Dias Reg.1 467 560 653 355 513 448 2.996 28 Reg.2 373 448 523 354 513 447 2.658 Total Mês 02 840 1.008 1.176 709 1.026 895 5.654 Mês 03 Dias Reg.1 517 620 723 393 568 496 3.317 31 Reg.2 413 496 579 392 568 495 2.943 Total Mês 03 930 1.116 1.302 785 1.136 991 6.260 Total do Período 2.670 3.204 3.738 2.252 3.261 2.846 17.971 Quadro 2 – Orçamento de quantidades vendidas / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 5 152 Uma informação interessante é a quantidade de dias que os meses possuem. Eles podem influenciar nas receitas e gastos variáveis desse período. O próximo passo é fazer o planejamento do preço de venda de cada unidade vendida. E isso foi efetuado e pode ser visualizado no Quadro 3 a seguir. Família Oximetria Kit Estojos Produto Reanima- dor Inalador Nebuliza- dor Sutura Ginecolo- gia Pediátri- co Mês 01 Reg.1 58,30 98,70 114,80 237,50 278,80 312,50 Reg.2 64,13 108,57 126,28 261,25 306,68 343,75 Mês 02 Reg.1 58,30 98,70 114,80 237,50 278,80 312,50 Reg.2 64,13 108,57 126,28 261,25 306,68 343,75 Mês 03 Reg.1 61,22 103,64 120,54 249,38 292,74 328,13 Reg.2 67,34 114,00 132,59 274,31 322,01 360,94 Quadro 3 – Orçamento do preço de venda / Fonte: o autor. E ao multiplicarmos as quantidades pelos preços unitários, automaticamente será gerado uma informação bem importante: o montante de receitas, ou faturamento; e ainda, por família, produto e região. Essa informação pode ser observada por meio do Quadro 4 a seguir. 153 Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 01 R eg .1 V is ta 17.490 35.532 48.216 54.150 92.004 90.000 337.392 P ra zo 11.660 23.688 32.144 36.100 61.336 60.000 224.928 R eg .2 V is ta 15.391 31.268 42.430 59.440 101.057 98.835 348.421 P ra zo 10.261 20.845 28.287 39.626 67.371 65.890 232.281 Total Mês 01 54.802 111.334 151.077 189.316 321.769 314.725 1.143.022 Mês 02 R eg .1 V is ta 16.324 33.163 45.002 50.540 85.870 84.000 314.899 P ra zo 10.883 22.109 30.001 33.693 57.247 56.000 209.933 R eg .2 V is ta 14.365 29.184 39.601 55.477 94.320 92.246 325.193 P ra zo 9.577 19.456 26.401 36.985 62.880 61.497 216.795 Total Mês 02 51.149 103.911 141.005 176.695 300.317 293.743 1.066.821 UNICESUMAR UNIDADE 5 154 Família Oximetria Kit Estojos Total Produto Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 03 R eg .1 V is ta 18.977 38.552 52.314 58.753 99.824 97.650 366.070 P ra zo 12.651 25.701 34.876 39.169 66.550 65.100 244.047 R eg .2 V is ta 16.699 33.926 46.037 64.492 109.647 107.236 378.037 P ra zo 11.133 22.617 30.691 42.995 73.098 71.491 252.025 Total Mês 03 59.460 120.797 163.918 205.408 349.119 341.477 1.240.179 Total do Período 165.411 336.042 456.000 571.419 971.205 949.945 3.450.022 Quadro 4 – Orçamento de receitas / Fonte: o autor. Outro dado interessante que pode ser observado neste quadro é o quanto da venda será recebido à vista e o quanto a prazo. Ou seja, aqui foi estabelecido um dos elementos do orçamento de vendas, as políticas de recebimento. POLÍTICAS DE RECEBIMENTO Para esse estudo de caso, as políticas de prazo de recebimento das vendas foram as descritas no Quadro 5 a seguir. Política de prazos de recebimento: À vista 30 dias 60 dias 60% 20% 20% Quadro 5 – Política de prazos de recebimento das vendas / Fonte: o autor. 155 Mais adiante, quando falarmos de custos e despesas, teremos também as políticas de prazo para pagamento. Isso vai ser necessário para gerar o orçamento de caixa. Como já temos os volumes vendidos, e o faturamento previsto, já podemos prever, também, o quanto vai entrar no caixa nesses três meses. Vamos fazer esse exercício já e depois somente transportar para o orçamento de caixa. Faremos isso levando em consideração que não tinha faturamento anterior e nos ater aos três meses de planeja- mento. O Quadro 6 apresenta essa projeção, ou seja, de quanto vendeu, de quanto vai receber à vista, depois em 30 dias e em 60 dias. Quando se fala à vista, como estamos atuando com períodos mensais, significa dentro do próprio mês. Fluxo de caixa das vendas Mês 01 Mês 02 Mês 03 Mês 04 Mês 05 Vendido 1.143.022 1.066.821 1.240.179 - - Pagamen- to à vista 60% 685.813 640.092 744.107 - - Pagamen- to 30 dias 20% - 228.604 213.364 248.036 Pagamen- to 60 dias 20% - - 228.604 213.364 248.036 Recebido 685.813 868.697 1.186.076 461.400 248.036 Aumento/redução com clientes a receber 457.209 198.124 54.103 -461.400 -248.036 Conta Clientes Balanço Patrimonial 457.209 655.333 709.436 248.036 - Quadro 6 – Projeção de recebimentos / Fonte: o autor. Veja que o Quadro 6, apesar de estarmos falando de 3 meses, apresenta informa- ções até o mês 05, face aos recebimentos de 30 e 60 dias, em que o valor a receber é finalmente zerado, ou seja, levando em consideração que não houve ainda a projeção de faturamento a partir do mês 4. Por isso que a coluna do mês 04 na linha de “Aumento/redução com clientes a receber” passa a ficar negativa. UNICESUMAR UNIDADE 5 156 Tendo finalizado a parte de projeção de vendas, em quantidade e posterior- mente em valores de faturamento, por família, produto, região e prazo de recebi- mento, o próximo passo será de projetar os gastos. ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO Lembre-se que esse orçamento tem como base o orçamento de vendas e reúne uma grande quantidade de informações e de outros orçamentos secundários, como matérias-primas, orçamento de mão de obra direta e custos indiretos de fabricação e políticas dos estoques. Tem que se pensar, ainda, nas quantidades mínimas de estoques a serem mantidas, sazonalidade de algum período se houver, tempos de produção, investimentos a serem efetuados. Ou seja, para chegar ao or- çamento de produção de fato, muitas outras etapas ocorrem. Vamos, nesse estudo de caso, fazer os processos com uma lógica que facilite a sua compreensão. a) a) Políticas de estoques Tendo em vista uma margem de segurança com possíveis problemas aduaneiros e logísticos, foram estabelecidos que seriam necessários manter os seguintes níveis de estoques para as famílias de produtos (Oximetria e Kit Estojos) que a Medical Aspen está atuando. Para isso foi levado em consideração os materiais/compo- nentes que podem ou não serem compartilhados em cada uma das famílias de produtos, conforme se pode observar no Quadro 7 a seguir. 157 Família de produtos Mínimo de estoques a serem mantidos Oximetria 35% Kit Estojos 20% Quadro 7 – Níveis mínimos de estoques / Fonte: o autor. A Medical Aspen tinha pronto em seus estoques as seguintes quantidades de produtos. Estoques anteriores às previsões de vendas: Reanimador 500 Inalador 700 Nebulizador 600 Sutura 500 Ginecologia 300 Pediátrico 100 Quadro 8 – Estoques anteriores ao planejamento de vendas / Fonte: o autor. Muito bem, já sabemos a política de manutenção dos estoques. Com base na junção da quantidade a ser vendida (orçamento de vendas, Quadro 2) e as infor- mações do Quadro 7 e 8, podemos elaborar um mapa da quantidade de fato a ser produzida para atender as vendas e manter a margem de segurança dos estoques. E isso está demonstrado no Quadro 9 a seguir. Família Oximetria Kit Estojos Produto Reani- mador Inala- dor Nebu- liza- dor Sutu- ra Gine- colo- gia Pediá- trico % Estoque final a ser mantido no mês 35% 20% UNICESUMAR UNIDADE 5 158 Família Oximetria Kit Estojos Produto Reani- madorInala- dor Nebu- liza- dor Sutu- ra Gine- colo- gia Pediá- trico Mês 01 Previsão de vendas (Reg. 1 + Reg. 2) 900 1.080 1.260 759 1.099 959 (+) Estoque final a ser mantido 315 378 441 152 220 192 (-) Estoque inicial (final do mês anterior) 500 700 600 500 300 100 (=) Quantida- de mensal a ser produzida 715 758 1.101 411 1.019 1.051 Mês 02 Previsão de vendas (Reg. 1 + Reg. 2) 840 1.008 1.176 709 1.026 895 (+) Estoque final a ser mantido 294 353 412 142 205 179 (-) Estoque inicial (final do mês anterior) 315 378 441 152 220 192 (=) Quantida- de mensal a ser produzida 819 983 1.147 698 1.011 882 159 Família Oximetria Kit Estojos Produto Reani- mador Inala- dor Nebu- liza- dor Sutu- ra Gine- colo- gia Pediá- trico Mês 03 Previsão de vendas (Reg. 1 + Reg. 2) 930 1.116 1.302 785 1.136 991 (+) Estoque final a ser mantido 326 391 456 157 227 198 (-) Estoque inicial (final do mês anterior) 294 353 412 142 205 179 (=) Quantida- de mensal a ser produzida 962 1.154 1.346 800 1.158 1.010 Quadro 9 – Quantidades a serem produzidas / Fonte: o autor. b) Orçamento de matérias-primas A partir de agora, vamos precisar identificar quanto vai consumir de recursos do empreendimento produzir essas quantidades em termos de matérias-primas/ materiais/componentes. E um dos orçamentos a ser elaborado é o das matérias- -primas. Isso é efetuado por meio da lista de componentes (materiais) que são consumidos em cada unidade produzida. É comum que essa lista de consumo de cada unidade produzida seja chamada de ficha técnica do produto. Como estamos atuando com 6 produtos, para não termos uma quantidade mais que necessária de quadros, vamos efetuar um resumo da quantidade de componentes para cada produto fabricado, conforme Quadro 10 a seguir. UNICESUMAR UNIDADE 5 160 Oximetria Kit Estojos Produto Produto Maté- ria-pri- ma Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Maté- ria-pri- ma Sutura Gineco- logia Pediá- trico MP1 1,00 - - MPa 1,00 - 1,00 MP2 2,00 - - MPb 1,00 - 1,00 MP3 4,00 1,00 3,00 MPc 2,00 - 2,00 MP4 2,00 2,00 4,00 MPd 1,00 1,00 - MP5 1,00 2,00 7,00 MPe 1,00 2,00 - MP6 2,00 - 1,00 MPf 1,00 1,00 1,00 MP7 1,00 3,00 3,00 MPg 1,00 2,00 1,00 MP8 - 5,00 - MPh 2,00 1,00 1,00 MP9 - 1,00 2,00 MPi 1,00 1,00 - MP10 2,00 - 1,00 MPj 1,00 1,00 - MP11 - - 1,00 MPk - - 1,00 MP12 - - 2,00 MPl - - 1,00 Quadro 10 – Quantidades de componentes por unidade / Fonte: o autor. Perceba que até o momento estamos atuando com quantidades. Agora vamos precificar esses itens, ou seja, quanto está planejado pagar para cada um desses componentes. Isso pode ser identificado a seguir por meio do Quadro 11. 161 Matéria-prima Valor unitário R$ Matéria-prima Valor unitário R$ MP1 1,02 MPa 2,01 MP2 1,45 MPb 0,89 MP3 1,85 MPc 0,52 MP4 1,65 MPd 0,42 MP5 1,30 MPe 1,12 MP6 1,00 MPf 1,85 MP7 0,95 MPg 1,75 MP8 1,65 MPh 1,47 MP9 1,03 MPi 1,65 MP10 1,28 MPj 0,89 MP11 1,85 MPk 1,54 MP12 1,11 MPl 0,32 Quadro 11 – Custo dos componentes por unidade / Fonte: o autor. Perceba que, neste momento, não precisamos relacionar ainda com a quantidade a ser utilizada em cada unidade. Contudo, esse é o próximo passo, ou seja, agora que temos a quantidade de componentes para cada unidade produzida e o valor unitário dos componentes, já podemos identificar multiplicando a quantidade de componentes com seus custos e assim identificar qual o custo com matérias- -primas para produzir uma unidade de cada produto, conforme se observa no Quadro 12 a seguir. UNICESUMAR UNIDADE 5 162 Família Oximetria Kit Estojos Maté- ria-pri- ma Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Maté- ria-pri- ma Sutura Gineco- logia Pediá- trico MP1 1,02 - - MPa 2,01 - 2,01 MP2 2,90 - - MPb 0,89 - 0,89 MP3 7,40 1,85 5,55 MPc 1,04 - 1,04 MP4 3,30 3,30 6,60 MPd 0,42 0,42 - MP5 1,30 2,60 9,10 MPe 1,12 2,24 - MP6 2,00 - 1,00 MPf 1,85 1,85 1,85 MP7 0,95 2,85 2,85 MPg 1,75 3,50 1,75 MP8 - 8,25 - MPh 2,94 1,47 1,47 MP9 - 1,03 2,06 MPi 1,65 1,65 - MP10 2,56 - 1,28 MPj 0,89 0,89 - MP11 - - 1,85 MPk - - 1,54 MP12 - - 2,22 MPl - - 0,32 Total 21,43 19,88 32,51 Total 14,56 12,02 10,87 Quadro 12 – Custo das matérias-primas por unidade produzida / Fonte: o autor. Chegamos, então, à seguinte informação: o valor projetado de custo com maté- rias-primas/componentes foi de R$ 21,43 para o produto Reanimador, R$ 19,88 para o Inalador, e R$ 32,51 o Nebulizador, já para os kits, R$ 14,56 o de Sutura, R$ 12,02 o de Ginecologia e R$ 10,87 o Pediátrico. Lembrando que esse mon- tante é o projetado para cada unidade produzida. Ou seja, o resultado da multiplicação dos dados do Quadro 10 pelos dados do Quadro 11. 163 No entanto, saber o quanto vai ser o custo com as matérias-primas/compo- nentes de cada unidade não é suficiente. É necessário saber o valor projetado que será gasto ao levar em consideração as quantidades produzidas em cada mês, ou seja, vamos relacionar a quantidade do Quadro 9 com o Quadro 12. Ou seja, multiplicando o custo unitário com matéria-prima e a quantidade projetada, temos o resultado a seguir no Quadro 13. Quantidade a ser produzida x custo com matéria-prima de cada unidade Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuliza- dor Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 01 15.322 15.070 35.796 5.985 12.249 11.425 95.846 Mês 02 17.551 19.539 37.278 10.170 12.155 9.592 106.286 Mês 03 20.605 22.939 43.764 11.643 13.917 10.983 123.851 Total 53.479 57.548 116.838 27.798 38.321 32.000 325.983 Quadro 13 – Orçamento de matérias-primas / Fonte: o autor. Dessa forma, sabemos quanto será gasto com matéria-prima em cada um dos produtos, meses e total do período. Isso poderia, ainda, ser mais estratificado, detalhando um total por região, família e vendas à vista ou a prazo. No entanto, acreditamos que essa informação já é suficiente para concluir o orçamento com matérias-primas/componentes. O próximo passo é gerar o orçamento com a mão de obra direta. c) Orçamento de Mão de Obra Direta O orçamento de mão de obra leva em consideração os colaboradores que atua- ram diretamente nos produtos. Lembrando que o custo com essa mão de obra vai além da remuneração mensal, leva em consideração também os encargos UNICESUMAR UNIDADE 5 164 sociais, o 13º salário, férias e benefícios, caso o empreendimento forneça para o quadro de colaboradores. Entre tais elementos, a Medical Aspen emprega três cargos ou níveis de colaboradores com conhecimento e formação diferenciados que atuam na produção. São eles: técnicos A, técnicos B e técnicos C. No Quadro 14, a seguir, pode-se observar como o gasto com o pessoal que atua diretamente na produção é calculado, desde a remuneração base (salário) mais uma parte do 13º salário, férias, encargos sociais e benefícios. Cargos Técni- cos A Técnicos B Técnicos C Total Remuneração mensal 2.500 2.200 1.800 6.500 1/12 13º Salário 208 183 150 542 1/12 Adicional Férias 69 61 50 181 Subtotal 2.778 2.444 2.000 7.222 Enc. Soc. 972 856 700 2.528 Benefícios mensais 1.000 1.000 1.000 3.000 Total Mensal 4.750 4.300 3.700 12.750 Horas disponíveis mensalmen- te 220 220 220 Custo por hora 21,59 19,55 16,82 Quantidade de funcionários 20 50 60 130 Gasto mensal com o cargo 95.000 215.000 222.000 532.000 Quadro 14 – Cálculo custos mão de obra direta / Fonte: o autor. Algumas informações muito importantes também foram geradas no Quadro 14: o custo por hora disponível, quanto é gasto mensalmente com cada cargo, o gasto mensal, considerando os três cargos (R$ 532.000,00), bem como o montante para os três meses. E a quantidade de pessoas a atuarem em cada um dos produtos faz com que possamos, inclusive, determinar qual o custo com mão de obra para cada família 165 de produto e o próprio produto. Claro que os 20 técnicos A, os 50 técnicos B e os 60 técnicos C forampensados na sua atuação em cada um dos produtos, como pode ser visualizado a seguir no Quadro 15. Quantidade de colaboradores por produto Família Oximetria Kit Estojos TotalMão de obra direta Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Técni- cos A 6 4 7 1 1 1 20 Técni- cos B 7 10 8 8 8 9 50 Técni- cos C 10 15 12 5 8 10 60 Quadro 15 – Distribuição de mão de obra direta por produto / Fonte: o autor. E como temos o custo com cada um dos técnicos (Quadro 14), os técnicos A R$ 4.750,00, técnicos B R$ 4.300,00 e técnicos C 3.700,00, basta multiplicar pela quan- tidade de colaboradores do Quadro 15 para saber qual será o custo com mão de obra para cada produto mensalmente. Isso vai proporcionar identificar o custo de cada produto mais adiante. O resultado dessa multiplicação, ou seja, a quantidade de colaboradores pelo custo com cada um, pode ser observado no Quadro 16 a seguir Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- tos Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Técnicos A 28.500 19.000 33.250 4.750 4.750 4.750 95.000 Técnicos B 30.100 43.000 34.400 34.400 34.400 38.700 215.000 UNICESUMAR UNIDADE 5 166 Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- tos Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Técnicos C 37.000 55.500 44.400 18.500 29.600 37.000 222.000 Total 95.600 117.500 112.050 57.650 68.750 80.450 532.000 Quadro 16 – Custo com mão de obra direta por produto / Fonte: o autor. Assim encerramos o orçamento com a mão de obra direta, o próximo passo é atuar nas demais informações/orçamentos para enfim consolidar o orçamento de produção. d) Orçamento dos Custos Indiretos de Fabricação Consideremos que são pagos no mesmo mês em que ocorrem (observando que não há desembolso de depreciação), os valores previstos foram os descritos a seguir no Quadro 17. Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Mão de obra indireta 13.000 13.000 13.000 Encargos sociais 4.550 4.550 4.550 Benefícios 1.593 1.593 1.593 Energia 12.000 12.000 12.000 Manutenção 6.000 6.000 6.000 Depreciação 3.000 3.000 3.000 Imposto predial 500 500 500 167 Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Seguros 1.500 1.500 1.500 Total 42.143 42.143 42.143 Quadro 17 – Custos indiretos de fabricação / Fonte: o autor. Lembrando que os custos indiretos são aqueles que são utilizados de forma com- partilhada pelos departamentos/famílias de produtos e os próprios produtos. Uma observação importante: tendo em vista que não temos de que forma esses custos indiretos seriam distribuídos entre as famílias dos produtos, vamos alocar eles sem esse rateio/divisão. Definidas as políticas de estoques e quantidades a serem produzidas levando em consideração as quantidades mínimas a serem mantidas, a quantidade e valor da mão de obra, a quantidade de pessoas e respectivos custos e os custos indiretos de fabricação, podemos, então, consolidar os custos de produção, o qual fizemos no Quadro 18 que segue. e) Consolidação do Orçamento de produção Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 01 Mão de obra direta 95.600 117.500 112.050 57.650 68.750 80.450 532.000 Matéria- -prima 15.322 15.070 35.796 5.985 12.249 11.425 95.846 Quan- tidade a ser produ- zida 715 758 1.101 411 1.019 1.051 5.055 UNICESUMAR UNIDADE 5 168 Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Custo direto por uni- dade 155,14 174,89 134,28 154,81 79,49 87,41 Custos Indiretos 42.143 Total custos de produção do mês 669.989 Mês 02 Mão de obra direta 95.600 117.500 112.050 57.650 68.750 80.450 532.000 Matéria- -prima 17.551 19.539 37.278 10.170 12.155 9.592 106.286 Quan- tidade a ser produ- zida 819 983 1.147 698 1.011 882 5.541 Custo direto por uni- dade 138,16 139,44 130,24 97,10 80,00 102,04 Custos Indiretos 42.143 Total custos de produção do mês 680.428 169 Família Oximetria Kit Estojos Total Produ- to Reani- mador Inala- dor Nebuli- zador Sutura Gineco- logia Pediá- trico Mês 03 Mão de obra direta 95.600 117.500 112.050 57.650 68.750 80.450 532.000 Matéria- -prima 20.605 22.939 43.764 11.643 13.917 10.983 123.851 Quan- tidade a ser produ- zida 962 1.154 1.346 800 1.158 1.010 6.429 Custo direto por uni- dade 120,86 121,72 115,75 86,65 71,40 90,50 Custos Indiretos 42.143 Total custos de produção do mês 697.994 Orçamento de Produção do Período 2.048.411 Quadro 18 – Orçamento de produção consolidado / Fonte: o autor. Veja que ele apresenta um resumo dos quadros anteriores em relação aos custos de produção e a quantidade a ser produzida. Isso proporciona, inclusive, o conhe- cimento sobre o custo direto por unidade produzida. Perceba, como comentado anteriormente, que os custos indiretos não possuem distribuição/divisão/rateio por produto, tendo em vista que atendem a todos os produtos e não sabemos quais critérios de divisão, o que não é relevante nesse momento. Contudo, este rateio poderia ser em uma parcela igual para cada um dos 6 produtos, pela quan- tidade, custo com mão de obra ou matéria-prima. UNICESUMAR UNIDADE 5 170 ORÇAMENTO DAS DESPESAS OPERACIONAIS De forma análoga ao orçamento de produção, o orçamento das despesas opera- cionais é composto por outros orçamentos, como de despesas administrativas, de vendas, financeiras, entre outros. Vamos apresentar alguns que a Medical Aspen projetou para esses três meses que estamos atuando nesse estudo de caso. a) Orçamento das Despesas Administrativas A seguir, no Quadro 19 você verá o quadro com as despesas administrativas da em- presa que estamos analisando. O desembolso ocorre conforme o mês de ocorrência. Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Suprimentos 700 700 700 Remuneração e encargos do pessoal administrativo 3.000 3.000 3.000 Salário de diretores 12.000 12.000 12.000 Benefícios 9.000 9.000 9.000 Pró-labore 7.000 7.000 7.000 Vigilância 2.000 2.000 2.000 Telefone 300 300 300 Depreciação 1.000 1.000 1.000 Total 35.000 35.000 35.000 Quadro 19 – Orçamento de despesas administrativas / Fonte: o autor. Assim como existe uma parte de infraestrutura administrativa, existe um grupo de despesas que estão ligadas diretamente à força de vendas, trata-se do orça- mento das despesas de vendas, o qual foi efetuado com a seguinte projeção para os três meses orçados. 171 b) Orçamento das Despesas de Vendas Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Treinamento de revendedores 1.500 1.500 1.500 Publicidade 500 500 500 Reparo e assistência técnica 3.000 3.000 3.000 Remuneração e encargos sociais de vendedores 18.000 18.000 18.000 Benefícios 8.000 8.000 8.000 Despesas de viagens 400 400 400 Comissões de vendas 5% 57.151 53.341 62.009 Total 88.551 84.741 93.409 Quadro 20 – Orçamento de despesas de vendas / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 5 172 ORÇAMENTO DE MARKETING Não podemos nos esquecer de incluir as despesas de marketing em nossos cál- culos. A seguir, no Quadro 21 você verá o quadro de projeção das despesas com o orçamento de marketing de nossa empresa para o período. Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Pesquisa de marketing 2.000 2.500 3.000 Comunicação com clientes 1.500 2.000 2.000 Manutenção CRM 3.000 3.000 3.000 Remuneração e encargos sociais de analistas de Marketing 25.000 25.000 25.000 Total 31.500 32.500 33.000 Quadro 21 – Orçamento de marketing / Fonte: o autor. Cabe lembrar que, às vezes, esse orçamento é incluído no orçamento de vendas, mas no caso da Medical Aspen, ela tem este orçamento à parte. A seguir, vamos apresentar outras peças orçamentárias também importantes. ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS Observe agora no Quadro 22 o orçamento de investimentos para o período, lem- brando que esse orçamentoleva em consideração o alinhamento com o planeja- mento do empreendimento, principalmente missão e visão. Orçamento de Investimentos Valor R$ Ampliação da linha de produção 360.000 Aquisição de 1 caminhão de entrega 158.000 173 Orçamento de Investimentos Valor R$ Aquisição de uma empacotadora automatizada 76.000 Total de investimento 594.000 Taxa de juros anual dos financiamentos dos investimentos 6,80% Quantidade de parcelas mensais 36 Valor mensal das parcelas 17.925 Valor principal 16.500 Valor dos juros 1.425 Quadro 22 – Orçamento de marketing / Fonte: o autor. Perceba que se trata de um valor considerável, e geralmente, para não compro- meter o fluxo de caixa do empreendimento, a aquisição é efetuada por meio de algum tipo de financiamento nas instituições financeiras. Foi o que ocorreu na Medical Aspen, a empresa fez um investimento de R$ 594.000,00, parcelando em 36 parcelas mensais. Automaticamente ele acaba gerando o valor das parcelas em que uma parte é o principal, ou seja, o valor de aquisição parcelada, e outra dos juros. Nesses casos, o valor da parcela que corresponde a R$ 17.925 é desembol- sável, ou seja, pago, sai da conta do banco, mas apenas o valor dos juros R$ 1.425 que é uma despesa. O valor de R$ 16.500,00 corresponde ao valor parcelado do bem que está contabilizado no ativo imobilizado. E esse financiamento acabou por gerar o orçamento das despesas finan- ceiras, ou seja, o valor dos juros: R$ 1.425. ORÇAMENTO DE IMPOSTOS E TRIBUTOS Aqui, retratamos apenas o impacto tributário referente às vendas para simplifi- car e reduzir ao máximo a quantidade de quadros que estamos utilizando neste estudo de caso, mas sem perder a essência dessa prática. UNICESUMAR UNIDADE 5 174 Mês 01 Mês 02 Mês 03 % Impostos sobre as vendas 5% 5% 5% Projeção das vendas 1.143.022 1.066.821 1.240.179 Valor previsto de Impostos a Pagar 57.151 53.341 62.009 Quadro 23 – Orçamento de impostos e tributos / Fonte: o autor. POLÍTICAS DE PAGAMENTOS Praticamente finalizamos a construção dos quadros das peças orçamentárias. Lembra que no orçamento de vendas tinha uma política de recebimentos (Qua- dros 5 e 6)? Se não, volte um pouco no material para resgatar essa informação. Bom, temos também as políticas para os gastos (custos e despesas), sobre os quais efetuamos um resumo por meio do Quadro 24 a seguir. Prazos de pagamento À vista 30 dias 60 dias Orçamento de Matérias-primas 20% 30% 50% Orçamento de Mão de Obra Direta 100% - - Orçamento dos Custos Indiretos de Fabri- cação 100% - - Orçamento das Despesas Administrativas 100% - - Orçamento das Despesas de Vendas 100% - - Orçamento de Marketing 100% - - Orçamento de Investimentos 100% - - Orçamento Tributário 100% - - Quadro 24 – Políticas para os pagamentos / Fonte: o autor. 175 Para facilitar, apenas as matérias-primas são pagas com algum prazo. Já os demais gastos serão pagos 100% à vista, isso significa no mês de ocorrência. Assim como para o recebimento das vendas, efetuamos um resumo, por meio do Quadro 25, demonstrando como ficam os valores parcelados da matéria-pri- ma a serem pagos. Isso vai facilitar você identificar de onde vieram os valores do orçamento de caixa. Fluxo de saídas caixa projetado com matéria-pri- ma Mês 01 Mês 02 Mês 03 Mês 04 Mês 05 Comprado 95.846 106.286 123.851 - - Paga- mento à vista 20% 19.169 21.257 24.770 - - Paga- mento 30 dias 30% - 28.754 31.886 37.155 Paga- mento 60 dias 50% - - 47.923 53.143 61.926 Pago 115.016 156.297 228.430 90.298 61.926 Aumento/redução com fornecedores 76.677 56.275 19.272 - 90.298 - 61.926 Conta Fornecedo- res Balanço Patri- monial 76.677 132.952 152.224 61.926 - Quadro 25 – Cronograma dos pagamentos das matérias-primas / Fonte: o autor. UNICESUMAR UNIDADE 5 176 FLUXO DE CAIXA PROJETADO OU ORÇAMENTO DE CAIXA Com base nas informações obtidas até então, podemos iniciar a projeção dos de- monstrativos contábeis e do fluxo de caixa orçado. Em relação ao demonstrativo contábil, vamos elaborar o Demonstrativo do Resultado do Exercício. Entenda que exercício é o termo utilizado na contabilidade para representar o período. Inicialmente, precisamos verificar como se darão as entradas de caixa, lem- brando-se da política de parcelamento para as vendas e respectivos valores que estão nos Quadros 5 e 6. Além de sabermos o valor que ainda temos para receber, calculamos quanto temos que pagar e como. Isso foi efetuado por meio dos Quadros 24 e 25. Com base nessas informações, podemos elaborar o orçamento de caixa para o período, conforme Quadro 26 a seguir. Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Saldo inicial de caixa 500.000 365.374 389.409 (+) Recebimentos 685.813 868.697 1.186.076 Caixa Disponível 1.185.813 1.234.070 1.575.485 (-) Desembolsos Mês 01 Mês 02 Mês 03 Matérias-Primas 19.169 50.011 104.579 Mão de Obra Direta 532.000 532.000 532.000 Custos indiretos de fabricação 42.143 42.143 42.143 (-) Depreciação (3.000) (3.000) (3.000) Despesas Administrativas 35.000 35.000 35.000 Despesas com Vendas 88.551 84.741 93.409 Despesas com Marketing 31.500 32.500 33.000 Investimentos 16.500 16.500 16.500 177 Descrição Mês 01 Mês 02 Mês 03 Despesas Financeiras 1.426 1.426 1.426 Impostos e Tributos 57.151 53.341 62.009 Total de Desembolsos 820.440 844.661 917.065 Caixa Disponível - Desembolsos 365.374 389.409 658.420 Quadro 26 – Fluxo de caixa projetado / Fonte: o autor. Lembrando que as depreciações são gastos que não representam saída financeira, sendo uma dedução do patrimônio pelo uso, desgaste e obsolescência dos itens do imobilizado. Assim, são excluídas das saídas de caixa. Uma observação! Perceba que a Medical Aspen inicia o primeiro mês com um saldo de caixa de R$ 500 mil e termina com um saldo de R$ 365 mil. Ou seja, isso ocorre face aos recebimentos a prazo e apenas a matéria-prima ser adquirida com prazo, os demais gastos são todos pagos dentro do mês. Depreciação: os itens que sofrem depreciação são bens tangíveis de propriedade da enti- dade. A depreciação dos bens do Ativo Imobilizado corresponde à diminuição parcelada do valor dos elementos ali classificáveis resultantes do desgaste pelo uso, da ação da na- tureza ou de obsolescência normal. Ou seja, é o método adequado e aceito pelos órgãos fiscais para contabilizar a redução do patrimônio dos empreendimentos. Fonte: adaptado de Castro (2019). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 5 178 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PROJETADO A demonstração do resultado projetado permite a análise da formação do re- sultado econômico da empresa, ou seja, o confronto da previsão das vendas e as respectivas deduções como os impostos, custos e despesas. É composta pelos mesmos itens que constam na demonstração tradicional, normatizada pelos or- ganismos contábeis. Sua importância nas tomadas de decisão é devido ao seu caráter econômico e seus reflexos financeiros e patrimoniais. Cabe destacar que esta demonstração não se atém ao fato de ter recebido as receitas ou pago os seus custos/despesa/impostos, mas, sim, ao fato gerador que motivou os direitos e obrigações assumidas nesses compromissos. Entradas e saídas de dinheiro estão registradas no Fluxo de Caixa. Os principais objetivos da demonstração de resultados, enumerados por San- tos et al. (2008), são: “ Avaliar a situação econômica projetada da empresa com base nas premissas orçamentárias de resultado. Analisar as principais variações entre a situação realizada em ter- mos de receitas, custos e despesas operacionais da empresa e situa- ção prevista. Utilização como instrumento de planejamento da situação econô- mica da empresa, bem como seu controle. Possibilitar a verificação da margem bruta da empresa, seu resultado operacional e lucro líquido do exercício separadamente. A principal característica da demonstração de resultados do exercício projetado é a permissão da comparação dos resultados projetados e realizados,o que é um instrumento de controle para a gestão, o que colabora na verificação da eficiência e eficácia das operações da empresa. A seguir, apresentamos a Demonstração de Resultados projetada referente ao estudo de caso. 179 Demonstrativo de Resultado Projetado Total Mês 01 Mês 02 Mês 03 RECEITAS BRUTAS 1.143.022 1.066.821 1.240.179 3.450.022 (-) Impostos s/ Vendas (57.151) (53.341) (62.009) (172.501) RECEITAS LÍQUI- DAS 1.085.871 1.013.480 1.178.170 3.277.520 (-) CUSTO DOS PRODUTOS VEN- DIDOS (669.989) (680.428) (697.994) (2.048.411) (=) LUCRO BRUTO 415.882 333.051 480.176 1.229.110 (-) DESPESAS AD- MINISTRATIVAS (35.000) (35.000) (35.000) (105.000) Suprimentos (700) (700) (700) (2.100) Remuneração e encargos do pessoal administrativo (3.000) (3.000) (3.000) (9.000) Salário de diretores (12.000) (12.000) (12.000) (36.000) Benefícios (9.000) (9.000) (9.000) (27.000) Pró-labore (7.000) (7.000) (7.000) (21.000) Vigilância (2.000) (2.000) (2.000) (6.000) Telefone (300) (300) (300) (900) Depreciação (1.000) (1.000) (1.000) (3.000) DESPESAS COM VENDAS E MARKE- TING (120.051) (117.241) (126.409) (363.701) Treinamento de revendedores (1.500) (1.500) (1.500) (4.500) UNICESUMAR UNIDADE 5 180 Demonstrativo de Resultado Projetado Total Mês 01 Mês 02 Mês 03 Publicidade (500) (500) (500) (1.500) Reparo e assistência técnica (3.000) (3.000) (3.000) (9.000) Remuneração e encargos sociais de vendedores (18.000) (18.000) (18.000) (54.000) Benefícios (8.000) (8.000) (8.000) (24.000) Despesas de viagens (400) (400) (400) (1.200) Comissões de ven- das 5% (57.151) (53.341) (62.009) (172.501) Pesquisa de marke- ting (2.000) (2.500) (3.000) (7.500) Comunicação com clientes (1.500) (2.000) (2.000) (5.500) Manutenção CRM (3.000) (3.000) (3.000) (9.000) Remuneração e encargos sociais de analistas de Marke- ting (25.000) (25.000) (25.000) (75.000) RESULTADO FI- NANCEIRO (1.426) (1.426) (1.426) (4.277) Despesas Financei- ras (1.426) (1.426) (1.426) (4.277) Receitas Financeiras - - - - (=) RESULTADO DO PERÍODO 259.405 179.385 317.342 756.132 Quadro 27 – Demonstrativo do Resultado Projetado / Fonte: o autor. 181 Perceba que, neste demonstrativo, a data/período de entrada e saída de dinheiro no caixa não são levados em consideração. São considerados os fatos geradores. Geralmente composto com documentos fiscais, contratos etc. Um exemplo: quando você vai a uma loja comprar uma calça ou peça de roupa qualquer, ao fazê-lo e pagar parcelado, perceba: o valor da nota fiscal é do total da peça de roupa, mesmo que você faça a compra com várias parcelas no cartão de crédito. Essa é a lógica, uma coisa é você ter levado a mercadoria e ela sair do estoque, outra coisa é que você vai pagar parcelado. Se as pessoas ou empreendimentos não concedessem crédito para outras pessoas e empreendi- mentos, o Fluxo de Caixa seria igual ao Demonstrativo do Resultado do Exercício. Não teríamos dois relatórios. Quando iniciamos e pensamos no orçamento, várias planilhas e tabelas nos vêm à mente de imediato, não tem como ser diferente. Datas, produtos, valores, orçado x real- izado, percentuais, gráficos etc. E logo pensamos em uma planilha eletrônica, como o Excel da Microsoft. Mas será que é indicada para elaborar o orçamento? Nesse podcast, você vai descobrir isso e ainda as principais diferenças e semelhanças entre um arquivo de planilha eletrônica e um banco de dados. Um “player de mercado” é como os executivos chamam os empreendimentos que geral- mente são de grande porte, de forma a serem capazes de mudar perspectivas e aspectos do próprio ramo que atuam, tanto em pequena quanto em grande escala territorial. Ou seja, causam grandes impactos em outros empreendimentos direta e indiretamente rela- cionados e em atividades que resolvam investir. EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11275 UNIDADE 5 182 Ufa! Quantos números e quantos quadros! Você achou cansativo? Pois é, lem- bre-se que o orçamento empresarial é o planejamento expresso em números. É a materialização do planejamento. Por isso, dificilmente você verá uma literatura que trata exclusivamente de orçamento empresarial sem ter uma parte da obra que desenvolva temas relacionados a planejamento e planejamento estratégico. Não tem outro caminho. Aqui entram os profissionais contadores, administrado- res, economistas, engenheiros, financeiros, entre outros, que se propõem a montar o Orçamento propriamente dito. Entretanto, quadros isolados não levam para muito longe. E apesar da apre- sentação prática dessa unidade, pode-se perceber que nem todas as informações são meramente financeiras. Temos percentuais de variação das políticas de rece- bimento e pagamentos, correspondendo aos prazos e percentuais predominan- temente utilizados nas suas vendas a prazo e os gastos relacionados. Quantidades físicas, horas. Existem informações que são transportadas para outras peças or- çamentárias onde são consolidadas em demonstrativos contábeis gerados, fluxo de caixa e demonstrativo de resultados. Ou seja, a possibilidade de consolidação das demonstrações contábeis projetadas surge como um produto do Orçamento Empresarial. Costumo dizer que o orçamento é a Contabilidade Projetada. É contabilidade ao inverso. Ao invés de iniciar o processo pela montagem da es- trutura, elaboração do produto e sua venda, o orçamento apresenta o que precisa ser elaborado e qual a estrutura necessária. Qualquer material de orçamento empresarial passa pela simulação prática de um orçamento e não pude fugir a esta convenção. Portanto, o entendimento da montagem das fases orçamentárias é de fundamental importância para a compreensão e gestão orçamentária. NOVAS DESCOBERTAS Olá! O fluxo de caixa, apesar de não representar de fato o quanto o em- preendimento está gerando de riquezas, é muito importante. Principalmen- te em relação à sua capacidade para não gerar atrasos no pagamento. Isso pode ser muito prejudicial ao empreendimento, gerando multas, condições menos favoráveis com fornecedores e colaboradores. Por isso, entenda um pouco mais sobre o fluxo de caixa acessando o qr code ao lado. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12606 Pelo que você estudou nesta unidade, pode perceber que os dados que foram utilizados, datas, períodos, quantidades, valores etc., foram obtidos não por meio do orçamento, mas, sim, por um levantamento prévio. E para consolidar esses dois movimentos, desenvolva um mapa mental que evidencie quais informações foram necessárias para produzir as peças orçamentárias utilizadas neste estudo de caso. Considere as palavras-chave para iniciar: Orçamento de vendas: quantidade, pre- ços, políticas de recebimento. Orçamento Medical Aspen Vendas Produção Despesas Operacionais Marketing Investimentos Despesas Financeiras Impostos e Tributos Políticas de pagamentos Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? 185 UNIDADE 1 CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. Disponível em: Minha Biblio- teca. Barueri: Manole, 2015. DRUCKER, P. F. Pratica de administração de empresas. 4. ed. [S. l.]: Fundo de Cultura, 1970. Disponível em: https://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=cat07568a&AN=s- bu.2321&lang=pt-br&site=eds-live. Acesso em: 19 jan. 2022. FREZATTI, F. Orçamento Empresarial - Planejamento e Controle Gerencial. 6. ed. Disponível em: Minha Biblioteca. Barueri: Grupo GEN, 2015. HINDLE, T. Tudo sobre administração. São Paulo: Nobel, 2002. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração Estratégica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. LUCIO JUNIOR, N. Ebook Planejamento Estratégico: Pequenas e Médias Empresas. 2012. Dis- ponível em: http://pt.slideshare.net/desenvolveti/ebook-planejamentoestrategico. Acesso em: 17 jan. 2022. MARKGRAF, B. 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A. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. CASTRO, S. C. de.; SANTOS, R. P. Administração Orçamentária. Maringá: Unicesumar, 2016. 186 CATELLI, A. et al. Controladoria – Uma Abordagem da Gestão Econômica – GECON. 2. ed. São Paulo: Editoras Atlas, 2001. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo; Atlas, 2007. GARRISON, R. L.; NOREEN, E. W. Contabilidade Gerencial. Tradução de José Luiz Paravato. Rio de Janeiro: LTC, 2001. HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. SANVICENTE, A. Z.; SANTOS, C. da C. Orçamento na administração de empresas: planeja- mento e controle. São Paulo: Atlas, 2000. SANTOS, J. L. dos et al. Fundamentos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. OLIVEIRA, D. P. R. de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 1999. OLIVEIRA, L. M. de; PEREZ JUNIOR, J. H.; SILVA, C. A. dos S. Controladoria estratégica. São Paulo: Atlas, 2002. PADOVEZE, C. L. Controladoria básica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SHIM, J. K; SIEGEL, J. G. Budgeting Basics and Beyond. 2. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, 2005. SUTNER, S. Business Intelligence Dashboard. Newton, MA: TechTarget, 2020. TUNG, N. H. Orçamento empresarial e custo-padrão. 4. ed. São Paulo: Edições Universidade – Empresa, 1994. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1983. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996. ZDANOWICZ, J. E. Orçamento operacional. Porto Alegre: Sagra, 1983. ZDANOWICZ, J. E. Planejamento Financeiro e Orçamento. 3. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2000. 187 UNIDADE 3 CASTRO, S. C. Contabilidade Gerencial. Maringá: Cesumar - Centro Universitário de Maringá, 2014. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. GLITZ, E.; MAISONNAVE, M.; ENGLERT, P. Empreendedores. São Paulo: Gente, 2016. GORDON, I. Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para conquis- tar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura, 1998. HART, C. W.; JOHNSON, M. D. Marketing management. [S. l.]: American Marketing Association, 1999. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. PEREZ JUNIOR, J. H.; PESTANA, A. O.; FRANCO, S. P. C. Controladoria de Gestão: teoria e práti- ca. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. PERUZZO, C. M. K. Community Communication and Education for Citizenship. Critical Studies in Media Communication, v. 32, n. 3, p. 143–157, ago. 2015. Disponível em: http://www.tand- fonline.com/toc/rcsm20/32/3. Acesso em: 22 fev. 2022. SARDINHA, J. C.; ALMEIDA, J. M. B. de; DINOÁ, L. L.; FERREIRA, W. L. Orçamento e Controle. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008. SARQUIS, A. B; IKEDA, A. A. Orçamento de despesas de marketing: uma proposição de modelo aplicável a pequena empresa. Revista Alcance Univali, v. 9, n. 1, p. 63-112, jan./abr. 2003. SANTOS, J. L. dos et al. Fundamentos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. SANVICENTE, A. Z.; SANTOS, C. da C. Orçamento na administração de empresas: planeja- mento e controle. São Paulo: Atlas, 2000. SOBANSKI, J. G. Pratica de orçamento empresarial: um exercício programado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996. ZDANOWICZ, J. E. Planejamento Financeiro e Orçamento. 3. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2000. 188 UNIDADE 4 BEYOND BUDGETING INSTITUTE. The Beyond Budgeting principles. London, mar. 2016. Dis- ponível em: https://bbrt.org/the-beyond-budgeting-principles. Acesso em: 04 mar. 2022. CARVALHO, J. R. S. Orçamento Base Zero na Eletrolux. São Paulo: IBC-Internacional Business Communications, 2002. CASTRO, S. C. de. Gestão de Custos e Formação do Preço de Venda. Maringá: Unicesumar, 2019. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. GOMES, A. dos S. Orçamento Empresarial. 2007. 38 f. (Monografia em Finanças e Gestão Cor- porativa) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2007. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, C. L. Orçamento Empresarial. São Paulo: Prentice Hall, 2011. SANTOS, J. L. dos et al. Fundamentos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. UNIDADE 5 CASTRO, S. C. Contabilidade no Agronegócio. Maringá: Unicesumar, 2019. SANTOS, J. L. dos et al. Fundamentos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. 189 UNIDADE 1 Vamos lá! Não necessariamente precisa existir uma ordem rígida para as respostas. O que vai fazer já sabe: construir uma casa. Ou ainda, pode iniciar com o porquê? Quais os motivos para construir uma casa? Pode ser e certamente serão, diferentes as motivações que justifiquem o motivo entre uma e outra pessoa. Pode ser para se livrar do aluguel, mesmo que contrate um financiamento. Pode ser por uma locali- zação específica. Ou ainda uma particularidade de design e projeto relacionado a uma atividade que realiza, um hobbie, por exemplo. Ou para ter liberdade para fazer modificações no imóvel de forma que um aluguel nunca permitirá. Esses são alguns exemplos, podem existir tantos motivos quanto a população global, ou seja, cada pessoa com os seus. Depois, o local onde vai construir, quando vai iniciar e encerrar. Qual a quantidade de profissionais envolvidos (engenheiros, mestres de obra, ele- tricistas, azulejistas, vidraceiros etc.). Quanto deve custar a obra e de que forma vai fazer (você vai administrar? Vai contratar um engenheiro que vai efetuar a construção sem sua participação, ou seja, entrega do projeto executado por um preço fechado? Contratação com sua participação na obra? Contratar uma construtora?) Sem contar ainda com várias metodologias de construção que podem ser ou não contratadas. 190 UNIDADE 2 O estudante deve se embasar na hierarquia a respeito do planejamento e estabelecer uma hierarquia com aspectos a serem considerados na elaboração do orçamento. O estudante poderá desenhar livremente ou também utilizar da ferramenta disponível para um mapa conceitual: www.goconqr.com. Independentemente de como for rea- lizado, a orientação de resposta deve vir semelhante a este mapa mental: Fonte: o autor. Missão e Visão Planejamento Estratégico Planos Programas Orçamento Condições necessárias Premissas a serem consideradas Como estabelecer as metas com base Como controlar o orçamento Políticas Planejamento Tático Planejamento Operacional Contabilidade informatizada De�nição de expectativas realistas Comunicação integral PIB Preço insumos Variação combial Capital de Giro Giro Estoques Estabelecer padrões Painel de BI http://www.goconqr.com 191 UNIDADE 3O estudante deve se embasar nos elementos necessários para elaboração do orça- mento de vendas que foram estudados nessa unidade. Poderá ser desenhado livre- mente ou também utilizar da ferramenta disponível para um mapa conceitual: www. goconqr.com. Independentemente de como for realizado, a orientação de resposta deve vir semelhante a este mapa mental: Orçamento de Vendas Onde vender Prazos Políticas de preços Limitadores internos Limitadores Externos Quantidades Onde estão os clientes? O que vender Políticas de vendas a prazo Formas de recebimento Estimar volumes Canais de venda Produto A Produto B Produto C Cartão Pix Títulos/boletos Boletos Distribuidores Internet Atacado Varejo Concorrente Margem Volumes Fatia mercado Capacidade produção Vendas e Marketing Engenharia Gestão e Finanças Mercado Competitividade Economia e Estado Tecnologia Impactos ambientais http://www.goconqr.com/ http://www.goconqr.com/ 192 UNIDADE 4 O estudante deve se embasar nas principais características dos tipos de orçamentos estudados nessa unidade. Poderá ser desenhado livremente ou também utilizar da fer- ramenta disponível para um mapa conceitual: www.goconqr.com. Independentemente de como for realizado, a orientação de resposta deve vir semelhante a este mapa mental: Fonte: o autor. Tipos de orçamentos Estático 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características 4 Características Flexível Contínuo Base Zero Atividades Beyond In�exível Utilizado em multinacionais Útil para empresas com receitas e despesas altamente previsíveis Bom para ser usado em organizações governamentais Suavisa a in�exiblidade do orçamento estático Sensível a gastos �xos e variáveis Se ajusta aos níveis de atividade Facilidade em identi�car responsabilidades Quebra paradigma de orçamento anual Indicado para empresas de tecnologia De forma geral a revisão é mensal Pode ter período de revisão customizado Não considera dados históricos Todo gasto precisa ser justi�cado Análise de custo benefício Decisões baseadas em resultados Decorrente do custeio ABC Indicado para prestadoras de serviço Reduz imprecisão do rateio de custos indiretos Estima um valor para cada processo executado Abandonar processos tradicionais Guiado por mercado mais dinâmico Procura deixar a gestão e controle mais ágil Metas guiadas por indicadores http://www.goconqr.com/ 193 UNIDADE 5 O estudante deve se embasar no que foi utilizado, em termos de informações e peças orçamentárias, no estudo de caso da Medical Aspen e desenhar livremente ou por meio da ferramenta disponível para um mapa conceitual: www.goconqr.com. Inde- pendentemente de como for realizado, a orientação de resposta deve vir semelhante a este mapa mental: Orçamento Medical Aspen Vendas Produção Despesas Operacionais Marketing Investimentos Despesas Financeiras Impostos e Tributos Políticas de pagamentos Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Do que preciso? Quantidade a ser vendida Preço de cada unidade Políticas de Recebimento Mão de obra direta Matéria-prima Custos indiretos Políticas de estoques Despesas Administrativas Despesas com Vendas Projeção dos gastos Valor Parcelado ou à vista Valor das parcelas Juros e principal Valor pago de juros Impostos sobre as vendas Como serão pagos os gastos http://www.goconqr.com Do Planejamento ao Orçamento Orçamento Empresarial: Características, Premissas, Metas, Implementação e Controle Peças Orçamentárias Tipos de Orçamentos Estudo de Caso Medical Aspen _5dwef7efx2q5 _pabfb9jonzcv _j2r0qghmkko0 _ngdyd4wubui0 _vkg1y15bepa9 _ce137fisthyj _qfmj9jrt27lq _33t0q1xafkf _la2fec3qpzb6 _9v26uvw2fzsy _63586dxivvfw _4mdxqkx3p40q _dun0zzspcyek _p731i72lej5u _nya2yxuvy3ny _lqq6w9inkmkd _ecuvzoqpnvnw _o5z6a3zahtcl _yyd4wflu1px9 _qv3htb1yrxgm _rlmb6hht6m29 _7zacy9nz7c7k _v35971s5nxe9 _21p86428s973 _ldanngym8sgm _mcejud960zfm _4p5e5jh7gisb _guwb75oc86id _yoqh4xy5vwao _bsp4uqy0fvwe _nq1gbbgvt6sr _a57n0hww2s9 _vsge717ewbj3 _kqtxxg309na3 _rlni6z5f59ky _ngxs0588ujv _la9r5ddjruj _5t4euna53han _y56lk5ygri0h _wi6pcv4fdfs9 _9bjvj8ur957m _GoBack _gjdgxs Button 14: Button 25: Button 15: Página 8: Botão 24: Botão 21: Botão 22: Botão 23: