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ACLS — Suporte Avançado de Vida em Cardiologia QUINTA EDIÇÃO Barbara Aehlert, MSEd, BSPA, RN Sumário Capa Folha de rosto Copyright Revisão Científica e Tradução Prefácio da Quinta Edição Agradecimentos Revisores da Quinta Edição Sobre a Autora Capítulo 1: Assistência Cardiovascular de Emergência Introdução Morte súbita cardíaca Corrente de sobrevivência Ressuscitação cardiopulmonar Avaliação do paciente Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Respostas ao questionário do capítulo Capítulo 2: Abordagem da Via Aérea Introdução Revisão anatômica O paciente com comprometimento respiratório Dispositivos de fornecimento de oxigênio Manobras manuais da via aérea Aspiração Adjuvantes da via aérea Ventilação por pressão positiva Vias aéreas avançadas Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Estudo de caso 2-1 Respostas ao questionário do capítulo Respostas ao estudo de caso 2-1 Capítulo 3: Anatomia e Eletrofisiologia Cardíacas Introdução Artérias coronárias Células cardíacas Potencial de ação cardíaco Sistema de condução O eletrocardiograma Síndromes coronarianas agudas Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Respostas ao questionário do capítulo Capítulo 4: Ritmos de Parada Cardíaca Introdução Ritmos de parada cardíaca Desfibrilação Equipe de ressuscitação Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Estudo de caso 4-1 Estudo de caso 4-2 Respostas ao questionário do capítulo Respostas ao estudo de caso 4-1 Respostas ao estudo de caso 4-2 Capítulo 5: Taquicardias Introdução Taquicardias com QRS Estreito Taquicardias com QRS Alargado Taquicardias Irregulares Cardioversão Sincronizada Integração de Todos os Elementos Questionário do Capítulo Estudo de caso 5-1 Estudo de caso 5-2 Respostas ao Questionário do Capítulo Respostas ao estudo de caso 5-1 Respostas ao estudo de caso 5-2 Capítulo 6: Bradicardias Introdução Bradicardia Sinusal Ritmo Juncional de Escape Ritmo de Escape Ventricular Bloqueios Atrioventriculares Marca-passo Transcutâneo Integração de Todos os Elementos Questionário do Capítulo Estudo de Caso 6-1 Estudo de Caso 6-2 Respostas ao Questionário do Capítulo Respostas ao estudo de caso 6-1 Respostas ao estudo de caso 6-2 Capítulo 7: Síndromes Coronarianas Agudas Introdução Fisiopatologia das Síndromes Coronarianas Agudas Isquemia, Lesão e Infarto do Miocárdio Avaliação do Paciente Conduta Inicial nas Síndromes Coronarianas Agudas Integração de Todos os Elementos Questionário do Capítulo Estudo de Caso 7-1 Respostas ao Questionário do Capítulo Respostas ao Estudo de Caso 7-1 Capítulo 8: Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo Introdução Definição de Acidente Vascular Cerebral Revisão da Anatomia Tipos de Acidente Vascular Cerebral Sistemas de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral Integração de Todos os Elementos Questionário do Capítulo Estudo de Caso 8-1 Respostas ao Questionário do Capítulo Respostas ao Estudo de Caso 8-1 Capítulo 9: Pós-teste Respostas do pós-teste Glossário Índice Copyright © 2018 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978-85-352-8859-9 ISBN versão eletrônica: 978-85-352-8923-7 ACLS STUDY GUIDE, FIFTH EDITION Copyright © 2017, Elsevier Inc. All rights reserved Previous editions copyrighted 2012, 2007, 2002. This translation of ACLS Study Guide, Fifth Edition, by Barbara Aehlert was undertaken by Elsevier Editora Ltda and is published by arrangement with Elsevier Inc. Esta tradução de ACLS Study Guide, Fifth Edition, de Barbara Aehlert foi produzida por Elsevier Editora Ltda e publicada em conjunto com Elsevier Inc. ISBN: 978-0-323-40114-2 Capa Studio Creamcrackers Editoração Eletrônica Thomson Digital Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua da Assembleia, n° 100 – 6° andar – Sala 601 20011-904 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Rua Quintana, n° 753 – 8° andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 atendimento1@elsevier.com Consulte nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br Nota Esta tradução foi produzida por Elsevier Brasil Ltda. sob sua exclusiva responsabilidade. Médicos e pesquisadores devem sempre fundamentar-se em sua experiência e no próprio conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos nesta publicação. Devido ao rápido avanço nas ciências médicas, particularmente, os diagnósticos e a posologia de medicamentos precisam ser verificados de maneira independente. Para todos os efeitos legais, a Editora, os autores, os editores ou colaboradores relacionados a esta tradução não assumem responsabilidade por qualquer dano/ou prejuízo causado a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade pelo produto, negligência ou outros, ou advindos de qualquer uso ou aplicação de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no conteúdo aqui publicado. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ A191a 5. ed. Aehlert, Barbara ACLS : suporte avançado de vida em cardiologia / Barbara Aehlert. - 5. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. il. ; 28 cm. mailto:atendimento1@elsevier.com http://www.elsevier.com.br Tradução de: ACLS study guide, fifth edition Inclui índice Inclui Glossário ISBN 978-85-352-8859-9 1. Emergências cardíacas - Exames - Guias de estudo. 2. Sistema cardiovascular - Doenças. 3. Ressuscitação cardíaca - Exames - Guias de estudo. I. Título. 17-44056 CDD: 616.12 CDU: 616.12 Revisão Científica e Tradução Revisão científica Marina Politi Okoshi (Cardiologia-Fisiopatologia) Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí. Residência Médica em Clínica Médica Geral na Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (FMB/UNESP). Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica, Área de Concentração em Cardiologia, da FMB/UNESP. Professora Adjunta da Disciplina de Clínica Médica Geral do Departamento de Clínica Médica da FMB/UNESP. Professora do Curso de Pós-graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica da FMB/UNESP. Joaquim Procopio de Araujo Filho (Fisiologia-Biofísica-Med. Geral) Graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Associado do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Post-doutoral fellow na Cornell University Medical College, EUA. Tradução Grupo GEA Prefácio da Quinta Edição Tal como Stiggins observou, “Muitos de nós cresceram em salas de aula em que os professores acreditavam que o modo de maximizar sua aprendizagem seria maximizando a ansiedade. A avaliação sempre foi o fator intimidador. Muitos dos nossos professores acreditavam que, se um pouco de intimidação não funciona, aumente a intensidade — experimente muita intimidação. É por isso que a maioria dos adultos atualmente sente que ser avaliado é uma missão claramente perigosa. Sempre nos deixou sentindo vulneráveis” (Stiggins, 2005, p. 18*). Fiz meu primeiro curso de Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) há muitos anos. Eu me senti apavorada e perdida durante todo o curso. Apesar de ter estudado durante semanas antes de o curso começar, o material agora me parecia ter sido escrito em outro idioma. Não encontrava recursos para “traduzir” a informação para algo que fosse útil para mim. O curso consistia empalestras muito longas, ministradas por instrutores que liam os slides e ofereciam poucas perspectivas úteis. A parte mais memorável do curso foi a estação “Tratamento do Paciente”, na qual cada participante do curso era avaliado individualmente por um instrutor. (Os mais veteranos provavelmente têm memórias dessa época.) Eu jamais me esquecerei dessa experiência. Apesar da minha preparação, no momento em que a porta se fechou atrás de mim, eu estava uma ruína mental. O instrutor prosseguiu retirando sistematicamente qualquer possível autoconfiança que eu pudesse ter para tratar pacientes em emergências cardíacas. Consegui responder às questões que me foram feitas até o momento em que fui apresentada a um paciente com bradicardia sintomática. A atropina não funcionou (o marca-passo transcutâneo não estava prontamente disponível na época) e o fármaco seguinte recomendado naquele tempo era o isoproterenol. Eu sabia disso. O que eu não conseguia lembrar era se o isoproterenol era administrado em mcg/min (correto) ou mg/min. Tinha 50% de chance de acertar e respondi mg/min. Como essa foi a escolha errada, disseram-me que eu estava reprovada no curso e que precisaria frequentar outro curso de dois dias. Antes de dirigir para casa, sentei-me do lado de fora por alguns minutos refletindo sobre o que tinha acontecido e o que poderia ter feito para mudar o desfecho. Naquele momento, e lá mesmo, prometi a mim mesma que um dia seria uma instrutora de ACLS e que descobriria uma forma mais amistosa de passar essa informação ao usuário. Prometi que iria ministrar cursos que fossem úteis à prática dos profissionais da saúde, apresentados num ambiente em que os participantes se entusiasmassem com as aulas — em vez de as odiarem. Com o passar dos anos, tornei-me instrutora de ACLS e adorei fazer isso. No final de cada curso, os participantes muitas vezes escreviam em seus questionários de avaliação que um guia de estudo teria sido útil durante a preparação para as aulas. Estas sugestões culminaram comigo escrevendo algumas páginas com as informações que, por fim, tornar-se-iam um livro — este livro. O ACLS (Suporte Avançado de Vida em Cardiologia) é uma ferramenta de preparação desenhada para estudantes paramédicos, de enfermagem e de medicina, técnicos de monitoramento de ECG, enfermeiros e outros profissionais relacionados com a área da saúde que trabalham em departamentos de emergência, unidades de terapia intensiva, unidades de recuperação pós- anestésica, centros cirúrgicos e unidades de telemetria. A quinta edição deste livro tem por base os seguintes princípios científicos, recomendações de tratamento e diretrizes: • As Diretrizes de 2015 da American Heart Association (AHA) para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE). • O Consenso Internacional de 2015 sobre a Ciência da RCP e do ACE com Recomendações de Tratamento. • Outras recomendações de tratamento ou fontes baseadas em evidência citadas na seção das referências dos capítulos relevantes. Este livro foi elaborado para ser utilizado em conjunto com o Curso de ACLS do American Safety and Health Institute (ASHI). Também pode ser usado como material suplementar pelos participantes dos cursos de ACLS oferecidos por outras organizações. Empreguei todos os esforços para fornecer informação consistente com a literatura atual, incluindo as últimas diretrizes sobre ressuscitação; no entanto, a medicina é uma área dinâmica e as diretrizes de ressuscitação são alteradas, novos fármacos e tecnologias vão sendo desenvolvidos e a investigação médica está em constante atualização. É importante, então, que você aprenda e siga os protocolos locais conforme definido por seus instrutores médicos. A autora e a editora não assumem qualquer responsabilidade ou obrigação por perdas ou danos que resultem do uso da informação aqui contida. Eu genuinamente espero que o conteúdo deste livro seja útil para você e lhe desejo sucesso no curso de ACLS e na prática clínica. Atenciosamente, Barbara Aehlert * Stiggins, R. J. (2005). An introduction to student-involved assessment for learning (5th ed.). Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall. Agradecimentos Os meus sinceros agradecimentos a Melissa Kinsey pela sua orientação durante todo o desenvolvimento deste texto. Um agradecimento especial aos revisores do manuscrito que forneceram comentários e sugestões criteriosas. Um agradecimento especial aos seguintes instrutores, que compartilham a minha filosofia de ensinar ACLS: Robert Aiken, CEP; Andrew Baird, CEP; Eileen Blackstone, CEP; Lynn Browne-Wagner, RN; Randy Budd, CEP; Joanna Burgan, CEP; Thomas Cole, CEP; Mike Connor, CEP; Paul Honeywell, CEP; James Johnson, CEP; Stephen Knox, CEP; Bill Loughran, RN; Terence Mason, RN; Kevin McColm, CEP; Sean Newton, CEP; Anthony Pino, RN; Jan Post, RN; Gary Smith, MD; Ed Tirone, CEP; e Maryalice Witzel, RN. Revisores da Quinta Edição N.K. Alexander EMT-P, Instructor/Chief Operating Officer Wilton Emergency Squad, Inc Saratoga Springs, New York B. Cetanyan RN, Eastern Iowa Community College Davenport, Iowa F.O. Garcia EMT-P, President Professional EMS Education, LLC Grand Junction, Colorado C. Horsfield BA, Paramedic Teaching Fellow School of Health Sciences University of Surrey Guildford, Surrey, UK J.A. Nelson DO, MS, FACOEP, FACEP, State EMS Medical Director Florida Department of Health Tallahassee, Florida S.L. Pinski MD, Head, Section of Cardiac Pacing and Electrophysiology Robert and Suzanne Tomsich Department of Cardiology Cleveland Clinic Florida Weston, Florida B.R. Shade EMT-P, EMS-I, AAS, AHA Program Instructor, Adjunct Faculty, Firefighter Paramedic, retired Assistant Safety Director Cleveland Clinic, Cuyahoga Community College, Willoughby Fire Department, City of Cleveland Cleveland, Ohio Sobre a Autora Barbara Aehlert, MSEd, BSPA, RN, é enfermeira licenciada há mais de 40 anos, com experiência clínica em enfermagem médico-cirúrgica, enfermagem em cuidados críticos, educação pré-hospitalar e educação em enfermagem. Barbara é instrutora ativa de RCP e ACLS com um interesse especial em ensinar conceitos básicos de reconhecimento de arritmias e ACLS a enfermeiros e paramédicos. CAPÍTULO 1 Assistência Cardiovascular de Emergência Introdução A doença cardíaca é um termo amplo que se refere a um conjunto de condições que afetam o coração, e é uma das principais causas de morte em homens e mulheres nos Estados Unidos da América. Dado que um indivíduo nos Estados Unidos apresenta um evento coronário a cada 25 segundos, a probabilidade de depararmos com um paciente que necessite de suporte básico de vida (SBV) ou suporte avançado de vida em cardilogia (ACLS, advanced cardiac life support) é alta (Roger et al., 2012). Assim como o SBV constitui uma forma sistemática de prestar cuidados a vítima de asfixia, ou a alguém que precisa de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), o ACLS constitui abordagem ordenada para prestar cuidados de emergência avançada a um paciente que apresenta um problema cardíaco. Este capítulo analisa os fatores de risco para a doença arterial coronariana (DAC), a morte súbita cardíaca (MSC), a Corrente de Sobrevivência e a abordagem sistemática para a avaliação do paciente. Resultados desejados OBJETIVO Perante a situação do paciente, e trabalhando em contexto de equipe, direcionar ou realizar avaliação inicial do paciente, identificar barreiras comuns a RCP eficaz e identificar as ações que podem ser tomadas para superá-las. Objetivos de aprendizagem Após completar este capítulo, você deverá ser capaz de: 1. Definir colapso cardiovascular, paradacardíaca, morte súbita cardíaca e parada cardíaca súbita. 2. Descrever as fases da parada cardíaca. 3. Abordar os fatores pré-parada que influenciam a sobrevivência na parada cardíaca extra- -hospitalar (PCEH). 4. Identificar os ritmos cardíacos iniciais que ocorrem de forma típica na PCEH. 5. Abordar os fatores pré-parada que influenciam a sobrevivência na parada cardíaca intra- -hospitalar (PCIH). 6. Identificar os ritmos cardíacos iniciais que ocorrem de forma típica na PCIH. 7. Descrever os elos da Corrente de Sobrevivência. 8. Abordar os requisitos para a realização de RCP de alta qualidade. 9. Analisar as barreiras frequentes a RCP e as ações possíveis que podem ser realizadas para superá-las. 10. Explorar o uso de instrumentos de feedback durante a RCP. 11. Abordar o uso da monitorização contínua do dióxido de carbono no final da expiração (EtCO2, end-tidal carbon dioxide) durante as manobras de ressuscitação. 12. Abordar o uso de instrumentos de compressão torácica mecânica durante as manobras de ressuscitação. 13. Definir três áreas de avaliação quando da formação da impressão geral do paciente. 14. Distinguir os objetivos e os componentes das cadeias primária e secundária. 15. Apresentar abordagem sistemática para a assistência de emergência inicial de um paciente não reativo. Plano de aprendizagem • Quer esteja se preparando para o primeiro curso de ACLS ou para o décimo, programe tempo para estudar e rever a matéria antes do curso. O estudo efetuado por períodos de meia hora com pausas de 10 minutos permite tempo razoável tanto para a aprendizagem como para o descanso. • Leia este capítulo antes de frequentar a aula. Aproveite o tempo para realçar conceitos importantes enquanto lê. • Desenvolva e use cartões didáticos (flashcards), fluxogramas e mnemônicos para ajudar a melhorar a retenção das informações apresentadas. • Complete o questionário do capítulo e reveja as respostas que são fornecidas. Palavras-chave Desfibrilador externo automático (DEA) Máquina com sofisticado sistema computadorizado que analisa o ritmo cardíaco do paciente usando algoritmo para distinguir ritmos chocáveis de ritmos não chocáveis, e fornece instruções visuais e auditivas ao socorrista para efetuar choque elétrico se houver critérios para isso. Parada cardiorrespiratória (cardíaca) Ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirmada pela ausência de pulso detectável, paciente não reativo e apneia ou respiração agônica e ofegante. Colapso cardiovascular Perda súbita de fluxo sanguíneo eficaz, que é causada por fatores cardíacos e/ou vasculares periféricos que podem reverter espontaneamente (p. ex., síncope) ou apenas com intervenções (p. ex., parada cardíaca). Doença cardiovascular (DCV) Conjunto de condições que envolvem o sistema circulatório, que afetam o coração (cárdio) e os vasos sanguíneos (vascular), incluindo as doenças cardiovasculares congênitas. Corrente de Sobrevivência Elementos essenciais de um sistema de assistência médica que são necessários para assegurar a sobrevivência da vítima de parada cardíaca súbita. Doença arterial coronariana (DAC) Doença que envolve as artérias que irrigam o miocárdio. Doença cardíaca coronariana (DCC) Doença das artérias coronárias e das complicações resultantes, tais como angina de peito e infarto agudo do miocárdio. Doença cardíaca Termo genérico que se refere às condições que afetam o coração. Fatores de risco Características e hábitos de vida que podem aumentar a probabilidade de um indivíduo desenvolver uma doença. Morte súbita cardíaca (MSC) Morte natural de causa cardíaca que é precedida por perda abrupta de consciência no espaço de 1 hora após o início de mudança aguda no estado cardiovascular; parada cardíaca súbita é uma expressão, frequentemente, aplicada a tal evento quando o paciente sobrevive. Morte súbita cardíaca [Objetivos 1, 2] A Doença Cardiovascular (DCV) constitui um conjunto de condições que envolvem o sistema circulatório, que afetam o coração (cárdio) e os vasos sanguíneos (vascular), incluindo a DCV congênita. Mais de um em cada três adultos americanos tem um ou mais tipos de doença cardiovascular (Roger et al., 2012). A prevenção da DCV exige a gestão de fatores de risco. Fatores de risco são características e hábitos de vida que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma doença. Alguns fatores de risco podem ser modificados por meio de medidas específicas, são evitáveis. Os fatores de risco que não podem ser modificados são chamados fatores de risco não modificáveis ou fixos. Julga-se que os fatores de risco contributivos levam a risco aumentado de doença cardíaca, mas o seu papel exato ainda não foi definido (Tabela 1.1). Tabela 1.1 Fatores de Risco para Doença Cardiovascular Fatores Não Modificáveis (Fixos) Fatores Modificáveis Fatores Contributivos • Idade • História familiar de doença cardiovascular • Gênero • Raça • Diabetes mellitus • Níveis séricos de colesterol elevados • Hipertensão • Síndrome metabólica • Obesidade • Inatividade física • Exposição ao fumo • Hábitos alimentares não saudáveis • Consumo de álcool • Marcadores inflamatórios • Fatores psicossociais • Apneia do sono • Estresse A Doença Cardíaca Coronariana (DCC) refere-se à doença das artérias coronárias e das complicações resultantes, tais como angina de peito e infarto agudo do miocárdio. Aproximadamente, uma em cada seis mortes nos Estados Unidos foi causada por DCC em 2008 (Roger et al., 2012). A Doença Arterial Coronariana (DAC) afeta as artérias que fornecem sangue ao coração. Mais de 90% dos eventos de DAC ocorrem em indivíduos que têm pelo menos um fator de risco (Mack e Gopal, 2014). As relações entre a DAC e suas principais sequelas estão patentes na Figura 1.1. FIGURA 1.1 As relações entre a doença arterial coronariana e suas principais sequelas. (De Kumar V, Abbas AK, Aster JC: Robbins basic pathology, ed 9, Philadelphia, 2013, Saunders.) Colapso Cardiovascular é a perda súbita de fluxo sanguíneo eficaz, causada por fatores cardíacos, fatores vasculares periféricos, ou ambos, que pode reverter espontaneamente (p. ex., na síncope) ou apenas com intervenções (p. ex., na parada cardíaca) (Myerburg e Castellanos, 2012). A Parada Cardiorrespiratória (cardíaca) é a ausência de atividade mecânica cardíaca, o que é confirmado pela ausência de pulso detectável, paciente não reativo e apneia ou respiração agônica e ofegante. A respiração agônica (gasping) é um tipo de respiração anormal, sendo comum durante os primeiros minutos da parada cardíaca primária, e é um sinal de fluxo sanguíneo adequado para o tronco encefálico (Ewy, 2012). Os esforços respiratórios podem persistir durante um período igual ou superior a 1 minuto após o início da parada cardíaca (Myerburg e Castellanos, 2012). A Morte Súbita Cardíaca (MSC) é morte natural de causa cardíaca que é precedida por perda abrupta de consciência no espaço de 1 hora após o início de uma mudança aguda do estado cardiovascular (Myerburg e Castellanos, 2012). A MSC é, muitas vezes, o primeiro e único sintoma de doença cardíaca do paciente (O’Connor et al., 2010). Em relação a outros pacientes, os sinais de alerta podem estar presentes até 1 hora antes do episódio da parada. A parada cardíaca súbita é expressão, frequentemente, aplicada a tal evento quando o paciente sobrevive (Taniguchi et al., 2012). Foram descritas quatro fases relativas à parada cardíaca, cada uma com fisiologia e estratégias de tratamento únicas (Topjian et al., 2013) (Tabela 1.2). Tabela 1.2 Fases da Parada Cardíaca Fase Intervalo Enfoque nos Cuidados Pré-parada Período prévio à parada Identificar, antecipar e manejar fatores que podem levar a parada cardíaca (p. ex., uso de equipes de resposta rápida para reconhecer e tratar pacientes em risco de deterioração). Sem fluxo Parada cardíaca não tratada Inícioimediato do suporte básico de vida após o reconhecimento da parada por indivíduo que se encontre próximo do paciente ou por profissional de saúde. Fluxo lento Início da ressuscitação cardiopulmonar Realização de compressões torácicas de elevada qualidade para otimizar a perfusão do miocárdio e do cérebro. Pós- ressuscitação Recuperação de circulação espontânea Identificar e tratar a causa da parada, preservar as funções neurológicas, a perfusão e a função de órgãos-alvo. Os ritmos cardíacos que podem ser observados na parada cardíaca incluem os seguintes: 1. Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP), em que o eletrocardiograma (ECG) exibe complexo QRS alargado e regular, a velocidade superior a 120 batimentos por minuto (batimentos/min). 2. A fibrilação ventricular (FV), na qual as deflexões caóticas irregulares, que variam em forma e altura, são observadas no ECG, mas não há contração ventricular coordenada. 3. Assistolia, na qual não está presente atividade elétrica. 4. Atividade elétrica sem pulso (AESP), na qual é visível atividade elétrica no ECG, mas os pulsos centrais estão ausentes. 5. A TVSP e FV são ritmos chocáveis. Isto significa que a aplicação de um choque no coração por meio de esfibrilador pode resultar na cessação desse ritmo. A assistolia e AESP são ritmos não chocáveis. Parada Cardíaca Extra-hospitalar [Objetivos 3, 4] A maioria das PCEHs não traumáticas nos Estados Unidos resulta de parada cardíaca primária, em vez de ser secundária à parada respiratória (Ewy e Bobrow, 2016). Parada cardíaca primária é o colapso inesperado testemunhado (i. e., visto ou ouvido) em um indivíduo não reativo (Ewy, 2012). Setenta por cento das PCEHs não traumáticas ocorrem em casa (Centers for Disease Control and Prevention, 2014). Destes eventos de parada, 50,3% não são testemunhados, 37,7% são testemunhados por um indivíduo e 12,1% são testemunhados por um profissional dos serviços de emergência (Centers for Disease Control and Prevention, 2014). Fatores pré-parada que influenciam a sobrevivência na PCEH incluem os seguintes (Boyd e Perina, 2012; Martinez, 2012): • Desempenho do profissional de RCP. • Tipo de parada (i. e., respiratória versus cardíaca). • Parada presenciada. • Idade (avançada relacionada com menor probabilidade de sobrevivência). • Ritmo inicial de apresentação em FV. • Tempos de resposta curtos na desfibrilação. • Localização da parada (probabilidade de sobrevivência três a quatro vezes superior, se a parada ocorrer em espaço público; probabilidade de sobrevivência seis vezes superior se a parada ocorrer no local de trabalho do paciente). • Momento do dia (o pico de incidência ocorre entre as 8 e as 10 horas da manhã; a sobrevivência após a alta hospitalar é mais baixa no que diz respeito às paradas que ocorrem entre a meia-noite e as 6 horas da madrugada). Quando ocorre uma PCEH, o ritmo inicial registrado pelos profissionais de emergência é, geralmente, considerado o mecanismo elétrico de parada (Myerburg e Castellanos, 2012). Esta informação é importante porque afeta o prognóstico do paciente. Os pacientes que se encontram em TV sustentada no momento do contato inicial têm o melhor prognóstico, enquanto aqueles que apresentam bradiarritmia ou assistolia no contato inicial têm pior prognóstico (Myerburg e Castellanos, 2012). Quando o ritmo inicial documentado é em FV, o prognóstico do paciente é intermediário entre os prognósticos associados à TV sustentada e os da bradiarritmia e assistolia (Myerburg e Castellanos, 2012). Os dados de PCEHs não traumáticas em 2014 indicam que a assistolia foi o ritmo cardíaco de parada cardíaca mais frequente (45,6%), seguido por um ritmo idioventricular/AESP (21,4%), FV/TVSP/ritmo desconhecido chocável (20,4%) e ritmo desconhecido não chocável (12,5%) — Centers for Disease Control and Prevention, 2014. A sobrevida global de PCEHs não traumáticas quando da admissão hospitalar foi de 28,3% e no momento da alta hospitalar foi de 10,8% (Centers for Disease Control and Prevention, 2014). Parada Cardíaca Intra-hospitalar [Objetivos 5, 6] As causas mais comuns de PCIH incluem arritmia cardíaca, insuficiência respiratória aguda e hipotensão (Morrison et al., 2013) com deterioração previsível antes do evento — p. ex., taquipneia, taquicardia — (Kronick et al., 2015). Os fatores pré-parada que influenciam a sobrevivência na PCIH são os seguintes (Martinez, 2012): • Ritmo de apresentação inicial em FV. • Tempo decorrido até a RCP e desfibrilação (a sobrevivência é de 33% quando a RCP for iniciada no espaço de 1 minuto após a parada versus 14% se aquele intervalo de tempo for superior 1 um minuto; a sobrevivência é de 38% em caso de parada em TVSP/FV quando a desfibrilação for realizada no espaço de 3 minutos versus 21% se aquele intervalo de tempo for superior a 3 minutos). • Localização — a sobrevivência é mais elevada se a parada ocorrer em unidade de terapia intensiva (UTI); parada monitorada e testemunhada, com suporte avançado de vida (SAV) imediatamente disponível, melhora das taxas de sobrevivência nas enfermarias onde ocorrem mais de cinco paradas cardíacas por ano. • Momento do dia (pacientes com paradas ocorridas durante a noite nas enfermarias de hospitais gerais têm metade da probabilidade de sobrevivência). • Uso de DEA. Com relação à PCIH no adulto, a assistolia e a AESP são mais comuns do que a FV ou TVSP como ritmo inicial (Morrison et al., 2013). Em um grande estudo de pacientes adultos em PCIH, apenas 23% se apresentaram com ritmos chocáveis (Wallace et al., 2013). Uma análise multicêntrica de PCIHs, publicada em 2010, documentou que o início da PCIH foi testemunhado em 79,2% dos casos e, aproximadamente, 32% das PCIHs ocorreram durante as primeiras 24 horas de admissão, 34% ocorreram durante a primeira semana de admissão e 23% uma semana após a admissão (Larkin et al., 2010). Geralmente, a PCIH possui prognóstico melhor do que a PCEH, com sobrevida de 22,3% a 25,5% dos pacientes adultos no momento da alta (Kleinman et al., 2015). Os termos código e código azul são, com frequência, usados em ambiente hospitalar quando um paciente apresenta parada respiratória, parada cardíaca ou disritmia cardíaca associada a paciente não reativo. Quando o código azul é acionado, em geral por meio de sistema de chamada integrado, uma equipe predefinida de profissionais de saúde desloca-se para a cabeceira do paciente para instituir medidas salva-vidas. A configuração da equipe de ressuscitação e as responsabilidades de cada membro da equipe são discutidas no Capítulo 4. Corrente de sobrevivência [Objetivo 7] A Corrente de Sobrevivência representa os elementos essenciais do sistema de assistência, que são necessários para correlacionar a vítima de parada cardíaca súbita à sobrevivência. Embora as ligações da Corrente se mantenham em uso há quase 25 anos, para descrever as etapas inter-relacionadas necessárias relativas à parada cardíaca em adultos, quer em contexto intra-hospitalar ou extra- hospitalar, as diretrizes de ressuscitação de 2015 retratam duas cadeias separadas porque existem diferenças nesses sistemas de assistência. O tempo é crítico quando se trata de vítima de parada cardíaca súbita; um elo fraco ou em falta em qualquer Corrente de Sobrevivência pode reduzir a probabilidade de desfecho positivo. Corrente de Sobrevivência Extra-hospitalar [Objetivo 7] As ligações na Corrente de Sobrevivência extra-hospitalar para adultos, incluem o reconhecimento e ativação precoces, RCP precoce, desfibrilação rápida, SAV eficaz e cuidados integrados pós-parada cardíaca. Reconhecimento e Ativação Precoces O primeiro elo da Corrente de Sobrevivência extra-hospitalar é o reconhecimento e ativação precoce do sistema de serviços de emergência médica(SSEM). Quando uma emergência cardíaca ocorre, o paciente (ou um membro da família ou testemunha) deve identificar os seus sinais e sintomas, reconhecer que eles estão relacionados com condição cardíaca e procurar assistência médica na esperança de prevenir a parada cardíaca. A demora na procura de assistência e o atraso na chegada da assistência acabam por afetar, em última análise, o prognóstico do paciente. Os técnicos operadores de emergência, que estão localizados em pontos de acesso do serviço público, são a ligação entre o pedido de ajuda e a chegada da assistência médica (Kronick et al., 2015). Os operadores são treinados para reconhecer a descrição transmitida pelo indivíduo que efetuou a chamada de emergência, de um possível ataque cardíaco ou parada cardíaca, e para fornecer instruções de RCP em tempo real pelo telefone, se necessário, procedendo ao envio, de forma rápida, de pessoal do serviço de emergência médica (SEM), adequadamente treinado e equipado, para o local do evento. Alguns protocolos do sistema de emergência médica incluem instruções telefônicas para orientar um socorrista inexperiente na realização de manobras de RCP, que tem como recurso, apenas, as compressões torácicas. Em algumas áreas, os operadores de emergência usaram os meios de comunicação social para convocar socorristas voluntários para assegurarem a RCP até a chegada dos profissionais do SEM (Kronick et al., 2015). Ressuscitação Cardiopulmonar Precoce Depois de reconhecer a existência da emergência, o local em questão deve ser avaliado para garantir que seja seguro entrar nele. Se o local for seguro, o paciente deve ser, rapidamente, avaliado em relação a situações que causem risco de vida e dever-se-á determinar a natureza da emergência. A RCP é parte do SBV. O SBV inclui o reconhecimento de sinais de parada cardíaca, de infarto do miocárdio, de acidente vascular cerebral e de obstrução da via aérea por corpo estranho (OVAC); inclui a resolução da OVAC; da RCP; e desfibrilação com DEA. Dever-se-á efetuar o SBV até a chegada de ajuda médica avançada, e esta, assumir a responsabilidade pelos cuidados prestados ao paciente. Os cuidados necessários poderão incluir os seguintes: • Posição do paciente. • RCP para as vítimas de parada cardíaca. • Desfibrilação com DEA. • Ventilação de resgate para vítimas de parada respiratória. • Reconhecimento e resolução da OVAC. Se a RCP for necessária, as compressões em adultos, vítimas de parada cardíaca, devem ser realizadas a uma frequência de 100 a 120 compressões/min, com profundidade de compressão de, pelo menos, 5 cm mas não mais de 6 cm (Kleinman et al., 2015). Desfibrilação Rápida Quando um indivíduo sofre parada cardíaca, a probabilidade de ressuscitação bem-sucedida é afetada pela rapidez com que a RCP e a desfibrilação são iniciadas. O objetivo é que o primeiro choque após a parada cardíaca súbita, resultante de FV ou TVSP, seja efetuado no espaço de 3 minutos após o colapso (Link et al., 2010). A American Heart Association tem promovido o desenvolvimento de programas de uso de DEA desde 1995 para melhorar a sobrevivência após a parada cardíaca súbita. O desfibrilador externo automático (DEA) é uma máquina com sofisticado sistema de computador que analisa o ritmo cardíaco do paciente (Figs. 1.2 a 1.4). O DEA usa um algoritmo para distinguir ritmos chocáveis de ritmos não chocáveis. Se o DEA detectar ritmo chocável, ele fornecerá instruções visuais e auditivas para o indivíduo socorrista, de modo a efetuar um choque elétrico. A desfibrilação realizada por cidadãos (tais como tripulantes de cabine, agentes de segurança de cassinos, funcionários de clubes de atletismo ou de golfe e assistentes de eventos esportivos) no local da parada cardíaca é denominada desfibrilação de acesso público. FIGURA 1.2 DEA Philips HeartStart FR3. (Cortesia de Philips Healthcare. Todos os direitos reservados.). FIGURA 1.3 Desfibrilador automático externo Cardiac Science Powerheart G3 Plus. (Cortesia de Cardiac Science Corporation, Waukesha, WI.). FIGURA 1.4 Desfibrilador LIFEPAK® 1000. (Cortesia de Physio-Control, Inc., Redmond, WA.). Alguns DEAs: • Possuem pás de RCP que estão equipadas com sensor que detecta a frequência e a profundidade das compressões torácicas. Se a frequência ou profundidade das compressões for inadequada, a máquina fornecerá avisos de voz ao socorrista. • Fornecem instruções de voz durante a RCP, quer de adultos quer de bebês/crianças, de acordo com a escolha do utilizador socorrista. Uma função de metrônomo incentiva os socorristas a realizar compressões torácicas com a frequência recomendada por minuto. • Estão programados para detectar movimentos espontâneos efetuados pelo paciente ou outros movimentos. • Possuem adaptadores disponíveis para os desfibriladores manuais convencionais, permitindo que as pás do DEA permaneçam em contato com o paciente durante todas as fases de assistência. • Podem ser configurados para permitir que o pessoal socorrista do SAV mude para o modo manual, permitindo maior controle da tomada de decisão durante as manobras. • Estão equipados com uma pequena tela que permite que o socorrista visualize o ritmo cardíaco do paciente, auxiliando na identificação de ritmos chocáveis versus ritmos não chocáveis. • Podem detectar a resistência transtorácica do paciente por meio de pás adesivas aplicadas ao tórax do paciente. O DEA ajusta, automaticamente, a tensão e o comprimento do choque elétrico, assegurando a adequação da forma como a energia é aplicada a esse paciente. • Estão equipados com atenuador pediátrico (i. e., sistema ou chave de pá- cabo). Quando o atenuador está ligado ao DEA, a máquina reconhece a ligação do cabo pediátrico e ajusta a sua energia de desfibrilação de forma automática. A desfibrilação é debatida em maior detalhe no Capítulo 4. Suporte Avançado de Vida Eficaz Fora do ambiente hospitalar, os primeiros cuidados avançados são prestados por paramédicos (e/ou enfermeiros) que chegam ao local. Os profissionais pré- hospitalares trabalham de forma rápida para estabilizar o paciente, fornecendo suporte ventilatório, colocando acessos vasculares e administrando medicamentos de emergência, entre outras intervenções. Integração dos Cuidados Pós-parada Cardíaca Os profissionais pré-hospitalares efetuam o transporte e, em seguida, transferem o paciente para o serviço de urgência (SU) mais próximo ou diretamente para um centro médico especializado em parada cardíaca, onde cuidados médicos definitivos podem ser efetuados. Corrente de Sobrevivência Intra-hospitalar [Objetivo 7] As ligações na Corrente de Sobrevivência intra-hospitalar para adultos incluem vigilância e prevenção da parada cardíaca, notificação e resposta imediatas quando ocorre parada cardíaca, desempenho de RCP de alta qualidade, desfibrilação imediata e assistência efetuada durante a parada e pós-parada cardíaca (Kronick et al., 2015). Vigilância e Prevenção A parada cardíaca que ocorre no adulto hospitalizado é, muitas vezes, precedida por sinais e sintomas de alerta que sugerem deterioração fisiológica, como taquipneia, taquicardia e hipotensão (Tibballs e van der Jagt, 2008). O reconhecimento de que a detecção e o tratamento precoces do paciente que demonstra sinais de deterioração clínica podem prevenir a parada cardíaca e melhorar o resultado do paciente, levou ao aparecimento do conceito de Sistema de Resposta Rápida (SRR). O SRR é mobilizado por outros funcionários do hospital com base em critérios predeterminados para a ativação da equipe. Os Joint Commission National Patient Safety Goals exigem que os hospitais implementem sistemas que permitamque os profissionais de saúde solicitem, diretamente, assistência adicional de indivíduos especialmente treinados quando a condição do paciente parece estar se degradando (Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations, 2007). Existem vários tipos de equipes de emergência, e os grandes hospitais podem exigir a existência de mais de uma delas. Foi sugerido que o termo equipe de emergência médica (EEM) seja usado para equipes que são, geralmente, lideradas por médicos e têm a capacidade de: (1) prescrever a terapia; (2) colocar acessos vasculares centrais; (3) iniciar cuidados ao nível de UTI na enfermaria; e (4) efetuar abordagem avançada da via aérea (Devita et al., 2006; McCurdy e Wood, 2012). Recomenda-se que o termo equipe de resposta rápida (ERR) seja usado para descrever a equipe que não possui todas aquelas quatro características, que efetua avaliação preliminar do paciente e solicita ajuda adicional ou facilita a transferência do paciente para um nível de cuidados mais diferenciado, se necessário (McCurdy e Wood, 2012). As ERRs, normalmente, consistem em um conjunto de membros multidisciplinares, como um médico (p. ex., especialista em cuidados intensivos ou internista), uma enfermeira de cuidados intensivos e um terapeuta respiratório, que respondem a emergências, identificam e avaliam, de forma pró-ativa, os pacientes em risco de descompensação, promovem a formação e agem como ponto de ligação para os profissionais das enfermarias, e promovem o acompanhamento dos pacientes que receberam alta da UTI. Além do seu papel na identificação das condições pré-parada, vários estudos demonstraram que os serviços de EEM e ERR também contribuíram para a detecção e abordagem de erros médicos, da morbidade cirúrgica pós-operatória e do esclarecimento da decisão de não reanimar (Tibballs e van der Jagt, 2008). Existem vários sistemas de pontuação para detectar sinais de alerta de deterioração do paciente, e estes são utilizados como ferramentas para ajudar a determinar quando a ERR deve ser ativada. Por exemplo, com um tipo de sistema de pontuação, a ERR é ativada quando um único sinal vital ou anormalidade clínica se encontra fora de um intervalo predeterminado (Quadro 1.1). Com a Pontuação de Aviso Prévio Modificado (MEWS), os pontos são atribuídos com base no grau de perturbação da frequência ventilatória, da frequência cardíaca, da pressão arterial (PA) sistólica, do estado mental, da temperatura e do valor de diurese horária. Independentemente do tipo de sistema de pontuação utilizado, a decisão de ativar a ERR com base numa pontuação é, em última instância, da responsabilidade do médico assistente (McCurdy e Wood, 2012). Quadro 1.1 Critérios de Chamada do Sistema de Resposta Rápida • Sintomas respiratórios anormais ou em agravamento. • Alterações agudas do estado de consciência. • Dor ou desconforto torácico que não alivia com a administração de nitroglicerina. • Frequência cardíaca superior a 140 batimentos/min ou inferior a 40 batimentos/min. • Valor de saturação de oxigênio inferior a 90%, apesar da suplementação de oxigênio. • Letargia progressiva. • Preocupação dos profissionais com o estado de saúde do paciente. • Pressão arterial sistólica superior a 180 mmHg ou inferior a 90 mmHg. • Via aérea em risco. • Diurese inferior a 50 mL no espaço de 4 horas. • Frequência respiratória superior a 28 ciclos/min ou inferior a 8 ciclos/min. A adoção da ERR implica a necessidade de formação e capacitação dos profissionais, porque, geralmente, “envolve a substituição de uma resposta tradicional reservada para a parada cardíaca ou respiratória (p. ex., código azul) por um sistema que responde ao início precoce de sinais e sintomas que podem levar a essas condições” (Tibballs e van der Jagt, 2008). Foram identificadas barreiras à ativação da ERR pelos enfermeiros, entre as quais se incluem as seguintes (McCurdy e Wood, 2012): • O enfermeiro pode não saber quem deve contatar quando ocorre degradação da condição do paciente. • O enfermeiro pode recear ser responsabilizado se a ativação da ERR for considerada, posteriormente, desnecessária. • Os enfermeiros observam, com frequência, pacientes que exibem sinais vitais anormais transitórios que normalizam de modo espontâneo. Mesmo quando existe uma equipe de resposta dedicada a isso dentro da instituição, essas equipes, em geral, não estão disponíveis imediatamente e a maioria das emergências médicas deve ser administrada por equipes de caráter provisório (Monteleone e Lin, 2012). As paradas cardíacas que acontecem fora do horário de trabalho (p. ex., durante a noite e fim de semana) estão associadas ao dobro da mortalidade das paradas ocorridas no horário de trabalho, levando a crer que tais resultados dependem tanto da disponibilidade quanto da experiência dos profissionais (Herlitz et al., 2002, Monteleone e Lin, 2012). Estudos mostram variação considerável no desfecho dos pacientes no que diz respeito ao uso de ERR. Em adultos, alguns estudos demonstram reduções na PCIH e na mortalidade, outros demonstram reduções na PCIH sem mudança significativa na mortalidade, e outros ainda, não mostraram diferenças significativas na PCIH ou na mortalidade (McCurdy e Wood, 2012). As diretrizes de ressuscitação de 2015 observam que, para pacientes adultos, as ERRs, ou os sistemas EEM, podem ser eficazes na redução da incidência da parada cardíaca, particularmente, em enfermarias de cuidados gerais; os sistemas pediátricos de EEM/ERR podem ser considerados em instalações de saúde onde são atendidas crianças com doenças de alto risco em unidades de internação gerais; e o uso de sistemas de sinais de alerta precoce pode ser considerado para adultos e crianças (Kronick et al., 2015). Notificação e Resposta Cada membro da equipe do hospital deve saber como reconhecer uma parada cardíaca e solicitar ajuda quando tal evento ocorre. A notificação imediata e a ativação da equipe de código azul podem incluir pressionar o “botão de emergência” na cabeceira do paciente, ligar para uma extensão de telefone específica ou usar o “botão de ligação rápida” localizado em telefones dentro do hospital. Após o contato com o operador, dever-se-á fornecer informação sobre o tipo de emergência e sua localização. Assim que o operador for notificado da emergência, os membros da equipe de código azul serão, normalmente, ativados por meio de celulares e/ou por sistemas de alto-falantes em todo o hospital. Ressuscitação Cardiopulmonar Embora as paradas cardíacas e a realização de manobras de RCP sejam, relativamente, raras em ambientes hospitalares (Kronick et al., 2015), é essencial que a equipe do hospital possa realizar RCPs de alta qualidade. Como o treino pode não ser adequado para garantir o desempenho ideal, algumas estratégias, tais como acesso oportuno ao equipamento, lembretes visuais, testes regulares e feedback dos pontos de atendimento foram sugeridos como métodos que ajudam a transformar as diretrizes de ressuscitação em prática durante uma parada cardíaca (Morrison et al., 2013). Desfibrilação Rápida Estima-se que cerca de metade de todas as PCIHs ocorram fora da UTI (Morrison et al., 2013). Uma vez que pode levar vários minutos até que os membros da equipe de código azul cheguem com um desfibrilador, a implantação estratégica de DEA, em todo o hospital, pode auxiliar na realização da desfibrilação imediata, com o objetivo de efetuar o primeiro choque no espaço de 3 minutos após o colapso (Link et al., 2010). Cuidados Durante e Após a Parada Cardíaca Durante a parada cardíaca, e sob a direção de umlíder da equipe, a equipe de código azul trabalha para estabilizar o paciente, continuando a efetuar manobras de RCP de alta qualidade, efetuando desfibrilação em caso de TVSP/FV, obtendo acessos vasculares e administrando medicamentos, realizando procedimentos avançados de controle da via aérea e suporte ventilatório, entre outras intervenções. Se houver recuperação da circulação espontânea (RCE), os cuidados pós-parada cardíaca, incluindo a monitorização avançada e o manejo da temperatura alvo, serão assegurados por equipe multidisciplinar na UTI. Os cuidados pós-parada cardíaca são debatidos em maior detalhe no Capítulo 4. Após a ressuscitação, recomenda-se que se realize uma reunião da equipe de ressuscitação para discutir vários assuntos, tais como problemas de capacidades psicomotoras, dificuldades cognitivas, questões da equipe, questões emocionais da família e problemas emocionais da equipe profissional (Kronick et al., 2015). Ressuscitação cardiopulmonar [Objetivo 8] Quando um adulto se apresenta em FV e, de repente, sofre um colapso, seus pulmões, veias pulmonares, coração esquerdo, aorta e artérias contêm sangue oxigenado (Ewy, 2005; Meursing et al., 2005). Depois de reconhecer que existe indicação para RCP, as compressões torácicas devem ser a ação inicial realizada (em vez de abordar a via aérea ou efetuar ventilações) ao iniciar RCP em vítimas de parada cardíaca súbita. A realização de compressões torácicas antes das ventilações permite melhor liberação do oxigênio, já presente nos pulmões e na circulação arterial, para o coração e o cérebro (Kern e Mostafizi, 2009). Fisiologia das Compressões Torácicas [Objetivo 8] Durante a RCP, o fluxo sanguíneo miocárdico está dependente da pressão de perfusão coronariana, que é gerada ao se efetuarem compressões torácicas. A pressão de perfusão coronariana é determinante-chave do sucesso da ressuscitação, e as pressões adequadas de perfusão cerebral e coronariana são críticas para a sobrevivência neurológica normal (Ewy, 2005). Durante a fase de baixo fluxo da parada cardíaca, a única fonte de pressão de perfusão coronariana e cerebral é proveniente da PA gerada pelas compressões torácicas de alta qualidade (Berg et al., 2010). As compressões torácicas de alta qualidade requerem a compressão do tórax em frequência e profundidade adequadas, permitindo a retração total do tórax após cada compressão (permitindo que o coração se reabasteça com sangue), minimizando as interrupções nas compressões torácicas e evitando a ventilação excessiva (Kleinman et al. 2015). O débito cardíaco é o produto do volume sistólico pela frequência cardíaca. Durante a RCP, a força das compressões é um dos principais determinantes do volume sistólico, e a frequência das compressões é a determinante da frequência cardíaca (Berg et al., 2010). As diretrizes atuais de ressuscitação recomendam frequência de compressão para adultos de 100 a 120 por minuto (Kleinman et al., 2015). Uma vez que o volume sistólico também depende da pré-carga, é necessário volume de sangue adequado para perfusão adequada. Uma pressão de perfusão adequada não poderá ser alcançada se o volume de sangue do paciente for baixo, como no caso de perda de sangue ou dilatação venosa significativa (p. ex., choque hipovolêmico, choque séptico). Esses pacientes poderão necessitar de fluidoterapia intravascular adicional para gerar volume sistólico adequado com a realização de compressões torácicas (Berg et al., 2010). Durante a fase de compressão (sistólica) da compressão torácica, é essencial que as compressões efetuadas sejam de profundidade suficiente para fornecer volume sistólico e pressão de perfusão cerebral adequados (Benner et al., 2011). As diretrizes atuais de ressuscitação recomendam profundidade de compressão para adultos de, pelo menos, 5 cm, não excedendo 6 cm (Kleinman et al., 2015). Durante a fase de relaxamento (diastólica) da compressão torácica, a pressão intratorácica é baixa. Este fato ajuda a aumentar o retorno do sangue venoso para o tórax. Se a pressão intratorácica for excessivamente elevada, o retorno venoso é inibido. Dica ACLS A hiperventilação é causa comum de pressão intratorácica excessiva durante a RCP. É importante ventilar o paciente em parada cardíaca com frequência apropriada para a idade e apenas com o volume suficiente para ver o tórax subir de forma suave. Ventilar um paciente em parada cardíaca muito rápido, ou com muito volume, resulta em pressão intratorácica excessiva, o que leva a diminuição do retorno venoso torácico, diminuição das pressões de perfusão coronariana e cerebral, diminuição do débito cardíaco e diminuição da taxa de sobrevivência. Barreiras à Ressuscitação Cardiopulmonar Eficaz [Objetivo 9] Numerosos estudos têm demonstrado que a qualidade da RCP durante a ressuscitação real, muitas vezes, fica aquém das diretrizes de ressuscitação estabelecidas, tanto em ambientes intra-hospitalares quanto em extra- hospitalares. Os possíveis fatores que influenciam essas deficiências incluem treino pouco frequente, falta de consciência da qualidade da RCP durante a ressuscitação e liderança inadequada da equipe durante os esforços de ressuscitação (Abella et al., 2014). A fadiga do socorrista tem sido identificada como importante potencial contribuinte para a RCP de qualidade deficiente (Brooks et al., 2014). A fadiga do socorrista contribui para profundidade inadequada de compressões, compromete a pressão de perfusão coronariana e também leva a retração torácica inadequada (Reynolds et al., 2012). Os estudos mostraram que a profundidade das compressões fica comprometida 1 minuto após o início das manobras de RCP (Hightower et al., 1995; Zhang et al., 2013) e os socorristas tendem a não reconhecer a própria fadiga até depois de cerca de 5 minutos do início das manobras de RCP (Reynolds et al., 2012). Para minimizar a fadiga, os socorristas que realizam compressões torácicas devem trocar entre si a cada 2 minutos. De modo ideal, a interrupção deste processo deve ser feita em menos de 5 segundos e deve ser realizada enquanto outra intervenção está sendo realizada (p. ex., desfibrilação). O cérebro e o coração são sensíveis à lesão isquêmica. Dado que leva tempo para atingir pressões de perfusão cerebrais e coronarianas, mesmo pausas curtas (4 a 5 segundos) nas compressões torácicas resultaram em queda drástica nas pressões de perfusão cerebral e coronariana, reduzindo assim, o fluxo sanguíneo para o cérebro e para o coração (Ewy, 2005; Wik et al., 2005). Quando as compressões torácicas são interrompidas durante a parada cardíaca, não é gerado fluxo sanguíneo. Mesmo após o reinício das compressões, são necessárias várias compressões torácicas para restaurar a pressão de perfusão coronariana. Dica ACLS Ao cuidar de paciente em parada cardíaca, é essencial minimizar as interrupções nas compressões torácicas para proceder à análise do ritmo cardíaco, obtenção de acesso vascular, abordagem da via aérea e outras intervenções. Por exemplo, carregar o desfibrilador antes do fim de um ciclo de compressão, em antecipação à aplicação de um choque, é técnica, frequentemente, utilizada para minimizar as interrupções nas manobras de compressão. É importante permitir que a parede torácica regresse à sua posição normal após cada compressão. O relaxamento incompleto da parede torácica é comum quando se realizam manobras de RCP, em particular quando os socorristas estão fatigados, e pode ocorrer quando um socorrista se inclina sobre o peito do paciente (Meaney et al., 2013). O relaxamentoincompleto resulta em maior pressão intratorácica, diminuição da pressão coronariana de perfusão, diminuição do fluxo sanguíneo miocárdico, diminuição da perfusão cerebral e diminuição do débito cardíaco (Rajab et al., 2011; Reynolds et al., 2012). Feedback durante a Ressuscitação Cardiopulmonar [Objetivos 10, 11] Os dispositivos de feedback fornecem dicas verbais ou visuais sobre a qualidade da RCP, essas são medidas e relatadas por um desfibrilador, um dispositivo portátil ou uma tecnologia alternativa (Morrison et al., 2013). Por exemplo, o metrônomo pode ser usado para guiar a frequência e o ritmo das compressões torácicas utilizando alerta auditivo ou visual a intervalos regulares. Indicadores luminosos podem ser usados para solicitar ou cronometrar as ventilações. Alguns dispositivos de feedback permitem que as informações sobre a qualidade das manobras de RCP (p. ex., frequência da compressão torácica, profundidade, recuo da parede torácica) sejam reportadas ao socorrista, usando detector de força esternal ou acelerômetro (ou ambos) por meio de dispositivo externo colocado entre as mãos do socorrista e o esterno do paciente (Sutton et al., 2012). Em alguns desfibriladores equipados com sistema de feedback, são acionados avisos verbais e mensagens visuais na tela do monitor quando as compressões, ou ventilações de tórax, medidas são interrompidas ou quando se desviam dos parâmetros de orientação de ressuscitação pré-programados (Fig. 1.5). É importante que o socorrista responsável pelas compressões do tórax tenha visão desobstruída da tela do monitor durante o esforço de ressuscitação, a fim de aumentar a eficácia do feedback audiovisual (Bobrow et al., 2013). Alguns desfibriladores também possuem tecnologia que filtra artefatos durante a RCP, permitindo que o socorrista analise o ritmo cardíaco do paciente sem interromper a RCP (Fig. 1.6). Embora os estudos até esta data não tenham demonstrado que o uso de dispositivos de feedback da RCP gerem melhora significativa no resultado neurológico favorável ou na sobrevivência no momento da alta hospitalar durante eventos reais de parada cardíaca, as diretrizes atuais de ressuscitação refletem que pode ser razoável usar dispositivos de feedback audiovisual durante a RCP para otimização em tempo real do desempenho das manobras de RCP (Kleinman et al., 2015). FIGURA 1.5 Vários desfibriladores, como o MRx-QCPR®, aqui mostrado, estão equipados com almofada de compressão torácica que permite monitorar a qualidade das compressões torácicas e fornece feedback de correção aos socorristas. (Cortesia de Philips Healthcare. Todos os direitos reservados.) FIGURA 1.6 Este desfibrilador Zoll R Series® Monitor filtra os artefatos produzidos pelas manobras de ressuscitação cardiopulmonar, permitindo ao socorrista analisar o ritmo cardíaco do paciente sem interromper as compressões torácicas. (Cortesia de Zoll Medical Corporation, Chelmsford, MA.) Em pacientes entubados, a monitorização contínua de EtCO2 deve ser utilizada para acompanhar a qualidade das compressões durante as manobras de ressuscitação. Quando a ventilação é constante, o EtCO2 reflete a perfusão pulmonar e, como tal, o débito cardíaco (McGlinch e White, 2009). O EtCO2 cai de forma acentuada com o início da parada cardíaca, aumenta quando a RCP é realizada de forma eficaz (geralmente 10 a 20 milímetros de mercúrio [mmHg]) e regressa a níveis fisiológicos (35 a 40 mmHg) com a RCE (Abella et al., 2014). Os baixos valores de EtCO2 (i. e., menos de 10 mmHg) durante as manobras de ressuscitação indicam a necessidade de explorar fatores que dificultem a realização de RCP eficaz (p. ex., fadiga do socorrista, tamponamento cardíaco, pneumotórax, broncoespasmo, obstrução do tubo endotraqueal (TET) com muco, dobra [kinking] do TET, fluido alveolar no TET, via aérea com fuga de ar, hiperventilação) (Kodali e Urman, 2014; Link et al., 2015). À medida que o socorrista que realiza compressões torácicas começar a apresentar fadiga, poder-se-á observar diminuição gradual na altura da forma de onda na tela do monitor, indicando a necessidade de mudar as posições do socorrista. O aumento repentino sustentado de EtCO2 durante a RCP é indicador de RCE. Além de melhorar a qualidade da RCP efetuada, a monitorização com EtCO2 permite que os médicos executem compressões torácicas sem fazer pausas para verificações de pulso, a menos que seja observado o aumento súbito de EtCO2, momento que poderá traduzir RCE (Cunningham et al., 2012). Quando for viável, outros parâmetros fisiológicos adicionais poderão ser utilizados para monitorar e otimizar a qualidade das manobras de RCP, guiar a terapia vasopressora e detectar RCE, os quais incluem pressão arterial diastólica de relaxamento, monitorização da pressão arterial e saturação venosa central de oxigênio (Link et al., 2015). Dispositivos Mecânicos de Compressão Torácica [Objetivo 12] O uso de dispositivos mecânicos de compressão torácica foi proposto como alternativa às compressões manuais para melhorar a profundidade, a frequência e a consistência da compressão. Quando os dispositivos mecânicos são usados, dever-se-á assegurar o treino com eles para reduzir o tempo necessário para a implantação do dispositivo (Brooks et al., 2014). O treino também deve enfatizar a importância de minimizar as interrupções nas compressões torácicas enquanto o dispositivo está sendo utilizado (Morrison et al., 2013). Estão disponíveis vários dispositivos mecânicos de compressão torácica. O AutoPulse® (Zoll Medical Corporation, Chelmsford, MA) utiliza faixa de distribuição de carga que é anexada a um painel e um motor a bateria (Fig. 1.7). A faixa circunda o peito do paciente e encurta-se de forma mecânica e rítmica, e alonga-se para comprimir o tórax a frequência e profundidade consistentes com as diretrizes de ressuscitação. FIGURA 1.7 O AutoPulse® utiliza faixa de distribuição da carga para comprimir o tórax com frequência e profundidade de acordo com as diretrizes de ressuscitação. (Cortesia de Zoll Medical Corporation, Chelmsford, MA.) O Sistema de Compressão Torácica LUCAS® (Physio-Control, Jolife AB, Redmond, WA) utiliza uma placa traseira que se posiciona debaixo do paciente como suporte e êmbolo/ventosa para comprimir a face anterior do tórax. O LUCAS® 1 é alimentado por ar comprimido, proveniente de uma tomada de parede ou cilindro (Fig. 1.8). O LUCAS® 2 é alimentado eletricamente (Fig. 1.9). Um estudo britânico investigou em que medida a introdução do dispositivo LUCAS® 2 em veículos de resposta de emergência da linha de frente melhoraria a sobrevivência da PCEH (Perkins et al., 2015). Os resultados não mostraram nenhuma evidência de melhora na sobrevida em 30 dias com o LUCAS® 2 em comparação ao uso de compressões manuais. O Life-Stat®, anteriormente denominado Thumper® (Michigan Instruments, Grand Rapids, MI), é um dispositivo de pistão a gás, equipado com ventilador de transporte automático (Fig. 1.10). FIGURA 1.8 O Sistema de Compressão Torácica LUCAS® 1 é alimentado por ar comprimido proveniente de tomada de parede ou cilindro. (Cortesia de Physio-Control, Inc., Redmond, WA; Jolife AB, Lund, Sweden.). FIGURA 1.9 O Sistema de Compressão Torácica LUCAS® 2 funciona com eletricidade. (Cortesia de Physio-Control, Inc., Redmond, WA; Jolife AB, Lund, Sweden.). FIGURA 1.10 O Life-Stat é um dispositivo de pistão movido a gás, que está equipado com ventilador de transporte automático. (Cortesia de Michigan Instruments, Grand Rapids, MI.) As diretrizes atuais de ressuscitação afirmam que, embora as compressões torácicas manuais constituam o tratamento-padrão para a parada cardíaca,o uso de dispositivos mecânicos de compressão torácica pode ser uma alternativa razoável para uso por indivíduos devidamente treinados e “pode ser considerado em locais específicos onde a realização de compressões manuais de alta qualidade pode ser um desafio ou perigosa para o socorrista (p. ex., número limitado de socorristas disponíveis, RCP prolongada, durante parada cardíaca hipotérmica, numa ambulância em movimento, na sala de angiografia, durante a preparação para RCP extracorporal), desde que os socorristas limitem as interrupções na RCP durante a implantação e a remoção dos dispositivos” (Brooks et al., 2015). Avaliação do paciente [Objetivo 13] A avaliação do paciente é um método sistemático para avaliar a condição dele e constitui a base da assistência médica. As informações obtidas pelo médico ao realizar essa avaliação ajudam a orientar as decisões de tratamento. O reconhecimento do momento em que o paciente se torna instável requer boa capacidade de avaliação e é essencial para melhorar os resultados do paciente. Antes de se aproximar do paciente, certifique-se de que o local seja seguro. Observe quaisquer perigos ou potenciais perigos e qualquer mecanismo visível de lesão ou doença. Utilize sempre equipamentos de proteção individual adequados. Assim que chegar perto do paciente, comece imediatamente a formar uma impressão geral, que é a avaliação observacional “inicial” ou “a curta distância”, da gravidade da condição. Sua impressão geral deve se concentrar em três áreas principais que podem ser lembradas pelo mnemônico ABC: Aparência, esforço de Respiração (Breathing, em inglês) e Circulação. Quando terminar de formar a impressão geral, você terá boa ideia se o indivíduo em questão está, de fato, doente (instável) ou não (estável). • Aparência – A aparência do paciente reflete a adequação da oxigenação, da ventilação e da função do sistema nervoso central. Ao formar a impressão geral, os achados normais incluem: paciente consciente da abordagem efetuada pelo profissional de saúde, tônus muscular normal e movimentos iguais em todas as extremidades. • Respiração – A respiração reflete a adequação da oxigenação e da ventilação do paciente. Os achados normais incluem: respiração sem esforço excessivo do músculo respiratório, que é silenciosa e regular, com expansão e relaxamento do tórax iguais. Achados anormais incluem uso de músculos acessórios para respirar, presença de retrações e sons respiratórios audíveis que podem ser ouvidos sem estetoscópio, tais como estridor, respiração ofegante (gasping), pieira, roncos ou som de borbulhar. • Circulação – A circulação reflete a adequação do débito cardíaco e da perfusão dos órgãos vitais. Ao formar a impressão geral, a circulação refere- se à cor da pele. A cor da pele normalmente é de tom rosa. Mesmo os pacientes que possuem pigmentação forte, têm cor rosa subjacente à pele. Achados anormais incluem palidez, manchas e cianose. Um achado anormal observado ao avaliar qualquer uma destas áreas sugere que o indivíduo em questão está, de fato, doente (instável); avance de forma rápida e prossiga, imediatamente, para a avaliação primária. Se a condição do paciente não parecer urgente, realize de forma sistemática a avaliação primária e, em seguida, a avaliação secundária. Avaliação Primária [Objetivo 14] A avaliação primária é a avaliação do paciente realizada de forma rápida e prática, que se concentra em intervenções e manejo do suporte básico de vida. Os objetivos da avaliação primária são: detectar a presença de problemas que ameaçam a vida e corrigi-los imediatamente. Durante esta fase de avaliação do paciente, avaliação e abordagem ocorrem ao mesmo tempo. A sequência ABCDE da avaliação primária é ensinada aos médicos, enfermeiros e pessoal pré-hospitalar em muitos tipos de cursos educacionais. Em programas que não sejam cursos relacionados ao coração, a sequência de avaliação primária é Via aérea, Respiração (Breathing, em inglês), Circulação, Déficit Neurológico (referindo-se a breve exame neurológico) e Exposição. Em cursos relacionados ao coração, o “D” também significa Desfibrilação. Repetir a avaliação primária: • Com qualquer mudança súbita na condição do paciente. • Quando as intervenções não parecerem funcionar. • Quando os sinais vitais estão instáveis. • Antes de qualquer procedimento ser executado. • Quando alteração no ritmo é observada no monitor cardíaco. Comece a avaliação primária avaliando a capacidade de resposta do paciente. Comece perguntando: “Você está bem?” ou “Você está me ouvindo?” Se não houver resposta, toque delicadamente na vítima, ou aperte seu ombro, enquanto repete sinais verbais. Observe o tórax durante 5 a 10 segundos para detectar movimento. Solicite ajuda e peça a alguém para arranjar um DEA ou desfibrilador. Dica ACLS Use o acrônimo AVPU quando da avaliação do grau de reatividade: • A = Alerta. • V = Responde a estímulos verbais. • P = Responde a estímulos dolorosos (painful, em inglês). • U = Não reativo (unresponsive, em inglês). Paciente Reativo Questione o paciente para determinar o nível dele de reatividade e a adequação da via aérea e da respiração. Via Aérea Se a via aérea não estiver permeável, desobstrua-a por meio de sucção ou do posicionamento do paciente, conforme necessário. Se a via aérea estiver permeável, avance e avalie a respiração do paciente. Respiração Via aérea permeável não garante respiração adequada. Avalie a profundidade (volume corrente) e a simetria do movimento a cada respiração. A expansão torácica deve ser adequada, com volume corrente suficiente para elevar o tórax, e igual, sem uso excessivo de músculos acessórios durante a inspiração ou expiração. Avalie a respiração do paciente em relação à frequência, à qualidade e à regularidade. O paciente que possui dificuldade respiratória, muitas vezes, apresenta frequência respiratória fora dos limites normais para a idade. A qualidade das ventilações pode ser descrita como normal, ruidosa, em esforço ou superficial. Observe se a respiração é silenciosa, ausente ou ruidosa (p. ex., estridor, ofegante, pieira, ronco, som de borbulhar). Existe dificuldade respiratória quando o paciente está fazendo esforço para respirar. Isso é, com frequência, evidenciado pelo uso de músculos acessórios para respirar, pela respiração com lábios franzidos, por retrações, pela posição de inclinação para frente a fim de inalar ou pela incapacidade do paciente em proferir frases completas sem parar para respirar. A respiração superficial pode resultar na entrega ineficaz de oxigênio aos tecidos do corpo e na eliminação ineficaz do dióxido de carbono, mesmo quando a frequência ventilatória é normal. O dispositivo de máscara com saco (DMS) é muitas vezes usado para assegurar ventilação assistida ao paciente que possui frequência ou profundidade respiratória inadequadas (Cap. 2). Se a respiração do paciente for adequada, dever-se-á passar para a avaliação da circulação. Circulação Estime, rapidamente, a frequência cardíaca do paciente e determine a qualidade do pulso (i. e., rápido ou lento, regular ou irregular, fraco ou forte). Avalie a temperatura, cor e umidade da pele dele para avaliar a perfusão. Disfunção Neurológica/Desfibrilação Efetue avaliação neurológica breve (i. e., determine o escore da Escala de Coma de Glasgow) e avalie a necessidade de utilizar desfibrilador. Exposição Exponha o paciente para avaliação mais detalhada. Paciente Não Reativo [Objetivo 15] Se a avaliação da reatividade indicou que o paciente não responde, solicite ajuda e peça a alguém para obter um DEA oudesfibrilador. Observe o tórax para detectar movimento enquanto tenta palpar, em simultâneo, pulso carotídeo por período não superior a 10 segundos. Dica ACLS Se o paciente não estiver reativo, mas possuir respiração normal, não é necessário proceder com RCP. Efetue avaliação primária da mesma forma que lidaria com paciente reativo. Se houver pulso, abra a via aérea e comece a ventilação de resgate, fornecendo ventilação a cada 5 a 6 segundos, ou cerca de 10 a 12 ventilações/min (Kleinman et al., 2015). Verifique novamente o pulso a cada 2 minutos, em períodos não superiores a 10 segundos. Se não houver pulso, ou se você não tiver a certeza de que há pulso, e o paciente for adulto, comece as compressões torácicas tendo o cuidado de permitir que a parede torácica relaxe após cada compressão. Minimize as interrupções das compressões torácicas. Promova a rotação dos socorristas em intervalos de 2 minutos (idealmente em menos de 5 segundos) para evitar o cansaço. Se se suspeitar de superdosagem de opioides, deverá ser administrada naloxona se estiver disponível (verifique o protocolo da sua agência). Se não houver pulso, verifique se há ritmo chocável usando um monitor desfibrilador ou DEA. Proceda à realização de choques conforme indicado. Consulte as instruções de operação específicas do modelo DEA que estiver utilizando, pois os modelos podem variar. Após cada choque, deverá retomar, imediatamente, as manobras de RCP começando com compressões torácicas durante 2 minutos. Após 30 compressões, abra a via aérea por meio da inclinação da cabeça- elevação do queixo (Cap. 2). Se houver suspeita de traumatismo da cabeça ou do pescoço, abra a via aérea promovendo a elevação e tração da mandíbula sem efetuar a manobra de extensão do pescoço. Em seguida, use uma máscara de bolso ou DMS e efetue duas ventilações, garantindo que a realização de cada ventilação dure cerca de 1 segundo. Certifique-se de que as ventilações sejam eficazes (o tórax sobe). Se isso não acontecer, reposicione a cabeça, otimize a veda entre a face e a máscara e tente novamente. Evite ventilação excessiva (i. e., número elevado de ventilações, volume corrente muito elevado). Avaliação Secundária [Objetivo 14] A finalidade do exame físico durante a avaliação secundária é detectar condições, potencialmente, fatais e tratá-las (Quadro 1.2). A avaliação secundária centra-se em intervenções e na abordagem baseadas no suporte avançado de vida. Se o paciente estiver reativo, deverá obter os sinais vitais dele; proceder à monitorização do paciente com oxímetro de pulso, ECG e monitor PA; e obter história clínica orientada. A história clínica é muitas vezes obtida durante a realização do exame físico e a prestação dos cuidados de emergência. Quadro 1.2 Componentes da Avaliação Secundária • Via aérea. • Respiração. • Circulação. • Diagnóstico diferencial e procedimentos diagnósticos. • Avaliar as intervenções e o manejo da dor. • Permitir a presença da família durante a realização de procedimentos invasivos e de ressuscitação. Reavalie a eficácia das manobras e das intervenções iniciais sobre a via aérea. Se necessário, prossiga para via aérea avançada. Em caso de recurso da via aérea avançada, confirme a colocação adequada do dispositivo de ventilação utilizando a avaliação clínica e a capnografia sob a forma de onda. Certifique-se de que o tubo está, adequadamente, seguro. Obtenha radiografia de tórax para confirmar a colocação adequada. Se a ventilação efetuada por máscara com saco for adequada, a inserção avançada da via aérea pode ser adiada até a recuperação da circulação espontânea ou se o paciente não responder aos esforços iniciais de ressuscitação. Reavalie a adequação da oxigenação (usando oximetria de pulso) e da ventilação (usando capnografia). Reavalie a expansão do tórax. Se a oxigenação for inadequada, dever-se-á administrar oxigênio suplementar para alcançar saturação de oxigênio igual ou superior a 94%. Se a respiração for inadequada, deverá auxiliar as ventilações com DMS com frequência respiratória adequada à idade do paciente. Se o paciente tiver pulso, verifique constantemente a frequência e a qualidade. Se ainda não estiver feito, aplique os eletrodos do ECG e conecte o paciente ao monitor de ECG. A monitorização de ECG permite a gravação contínua e a reavaliação do ritmo cardíaco. Obtenha o ECG de 12 derivações, se apropriado. Realize desfibrilação ou cardioversão conforme indicado. Estabeleça acesso vascular e administre fármacos adequados ao ritmo cardíaco/situação clínica. O acesso vascular é, em geral, estabelecido via IV periférica; entretanto, o acesso intraósseo (IO) na parada cardíaca é seguro, eficaz e apropriado para pacientes de todas as idades. Considere limitar as tentativas de cateterização IV periférica a não mais de duas tentativas sem êxito antes de recorrer ao acesso IO. Durante a parada cardíaca, o estabelecimento de acesso vascular é importante, mas não deve interferir na realização da RCP e na aplicação de choques. Cada fármaco administrado durante a parada cardíaca deve ser seguido de um bólus de 20 mL de líquido IV e elevação da respectiva extremidade. Estas técnicas ajudam a aumentar a velocidade de entrega do fármaco à circulação central. Durante parada cardíaca, os fármacos devem ser administrados sem interromper a RCP. Procure, detecte e trate causas reversíveis da parada cardíaca, do ritmo ou da situação clínica. Reavalie a eficácia dos cuidados prestados até o momento e solucione os problemas conforme necessário. Se o paciente estiver reativo e se queixar de desconforto, inicie o tratamento adequado da dor se a PA e os outros sinais vitais o permitirem. Permita a presença da família durante a realização de procedimentos invasivos e de ressuscitação. Explique o que estiver sendo feito no paciente aos membros da família que estiverem presentes. Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Múltipla Escolha Identifique a melhor opção que completa a afirmação ou responde à pergunta. ____ 1. Qual dos seguintes auxiliares de memória pode ser usado para avaliar o nível de reatividade de um paciente? A. CAB. B. AVPU. C. ABCDE. D. OPQRST. ____ 2. Ao encontrar um paciente adulto não reativo, você solicitou ajuda e pediu que alguém procurasse obter um DEA ou desfibrilador. Sua próxima ação deve ser: A. Iniciar compressões torácicas. B. Reposicionar a cabeça do paciente. C. Abrir a via aérea e iniciar a ventilação de resgate. D. Procurar, simultaneamente, por sinais de respiração e palpar o pulso. ____ 3. Durante que fase da parada cardíaca se realiza a RCP? A. Fase sem fluxo. B. Fase pré-parada. C. Fase de baixo fluxo. D. Fase pós-ressuscitação. ____ 4. O objetivo da avaliação primária é: A. Realizar exame físico detalhado, da cabeça aos pés. B. Determinar o número de pessoal necessário para prestar assistência ao paciente. C. Concentrar-se na queixa/razão principal que levou o paciente a procurar assistência médica. D. Detectar a presença de problemas que constituem ameaça à vida, que requerem intervenção rápida. ____ 5. Os ritmos de parada cardíaca chocáveis incluem: A. Assistolia e AESP. B. TVSP e assistolia. C. AESP e FV. D. FV e TVSP. ____ 6. Qual (quais) dos seguintes ritmos cardíacos é (são) observado(s) de forma regular em parada cardíaca extra-hospitalar? A. Assistolia. B. Ritmo idioventricular, AESP. C. FV, TVSP. D. TVSP, AESP. ____ 7. Durante a avaliação primária, ao longo de quanto tempo dever- se-á pesquisar a presença de pulso? A. Pesquisar o pulso por período não superior a 3 segundos. B. Pesquisaro pulso por período não superior a 5 segundos. C. Pesquisar o pulso por, pelo menos, 5 segundos, mas não mais de 10 segundos. D. Pesquisar o pulso por, pelo menos, 10 segundos, mas não mais de 30 segundos. ____ 8. Qual dos seguintes é causa comum de pressão intratorácica excessiva durante as manobras de RCP? A. Hiperventilação. B. Incapacidade de abrir a via aérea da vítima. C. Frequência inadequada de compressões torácicas. D. Interrupções frequentes para verificação de ritmo/pulso. Correlacionando Faça corresponder os componentes da avaliação do paciente com as suas descrições. A. Impressão geral B. Avaliação primária C. Avaliação secundária ____ 9. Estabelecer acesso endovenoso. ____ 10. À distância, avaliar se o paciente possui dificuldade respiratória. ____ 11. Avançar para via aérea avançada, se necessário. ____ 12. Abrir a via aérea se o paciente não estiver reativo. ____ 13. À distância, avaliar a coloração cutânea. ____ 14. Realizar um ECG de 12 derivações, se apropriado. ____ 15. Aplicar as pás no tórax do paciente e efetuar desfibrilação, se indicado. ____ 16. Registrar os sinais vitais; colocar oxímetro de pulso, monitorar a frequência cardíaca e a PA. Respostas ao questionário do capítulo Múltipla Escolha 1. B. O acrônimo AVPU é utilizado para avaliar, de forma rápida, o nível de reatividade do paciente. AVPU – Alerta, responde a estímulos verbais, responde a estímulos dolorosos, não reativos. ABCDE é acrônimo que reflete os componentes da avaliação primária. OPQRST é o acrônimo utilizado para avaliar as queixas dolorosas de um paciente. CAB é acrônimo que enfatiza a importância da realização de compressões torácicas em primeiro lugar, seguido da abertura das vias aéreas e avaliação da respiração, em vítimas de parada cardíaca. OBJ: Distinguir entre os objetivos e componentes das avaliações primária e secundária. 2. D. Se encontrar um paciente não reativo, solicite ajuda e peça a alguém para tentar obter um DEA ou desfibrilador. Observe o tórax à procura de movimento, ao mesmo tempo, que tenta sentir o pulso carotídeo durante até 10 segundos. Se estiver presente respiração agônica (gasping), será um tipo de respiração anormal e não deve ser interpretado como sinal de respiração eficaz. Se o paciente não tem pulso, comece as compressões torácicas. Se o paciente estiver respirando normalmente, deverá continuar a monitorá-lo até a chegada de ajuda adicional. Se o paciente não estiver respirando normalmente, mas tiver pulso presente, dever-se-á assegurar ventilação de resgate e voltar a pesquisar a presença de pulso a cada 2 minutos. OBJ: Avaliar a abordagem sistemática à assistência médica de emergência inicial a um paciente não reativo. 3. C. Foram descritas quatro fases da parada cardíaca: (1) a fase pré-parada, (2) a fase sem fluxo, (3) a fase de baixo fluxo e (4) a fase pós-ressuscitação (Berg et al., 2010). A fase pré-parada é o período que precede a parada cardíaca. A fase sem fluxo reflete a parada cardíaca não tratada. A fase de baixo fluxo ocorre com o início da RCP. Durante esta fase da parada cardíaca, a única fonte das pressões de perfusão coronariana e cerebral é proveniente da PA gerada pelas compressões torácicas de elevada qualidade. A fase pós-ressuscitação inicia-se com a RCE. OBJ: Avaliar as fases de uma parada cardíaca. 4. D. A avaliação primária é a avaliação prática e rápida para detectar a presença de problemas que colocam a vida em risco e proceder, imediatamente, à correção deles. OBJ: Diferenciar entre os objetivos e os componentes das avaliações primária e secundária. 5. D. Os quatro ritmos de parada cardíaca são TVSP, FV, assistolia e AESP. A TVSP e a FV são ritmos chocáveis. Desfibrilação não está indicada na assistolia ou AESP. OBJ: Diferenciar entre ritmos de parada cardíaca chocáveis e não chocáveis. 6. A. Dados de PCEHs não traumáticas em 2014 indicam que a assistolia foi o ritmo inicial de parada cardíaca mais comum (45,6%), seguida pelo ritmo idioventricular/AESP (21,4%), FV/TVSP/ritmo chocável desconhecido (20,4%) e ritmo não chocável desconhecido (12,5%) (Centers for Disease Control and Prevention, 2014). OBJ: Reconhecer os ritmos cardíacos iniciais que são, normalmente, registrados durante uma PCEH. 7. C. Verifique se existe pulso durante pelo menos 5 segundos, mas não mais de 10 segundos. Se o paciente não tiver pulso, comece as compressões torácicas. OBJ: Diferenciar entre os objetivos e os componentes das avaliações primária e secundária. 8. A. A hiperventilação é causa comum de pressão intratorácica excessiva durante a RCP. É importante ventilar o paciente durante a parada cardíaca com frequência apropriada à idade e apenas com o volume suficiente para observar o tórax subir suavemente. Ventilar o paciente em parada cardíaca de forma muito rápida, ou com volume excessivo, produz pressão intratorácica excessiva, o que resulta em diminuição do retorno venoso para o tórax, diminuição das pressões de perfusão coronariana e cerebral, diminuição do débito cardíaco e diminuição das taxas de sobrevivência. OBJ: Analisar as barreiras comuns a RCP eficaz e as possíveis ações que podem ser tomadas para superá-las. Correlacionando 9. C 10. A 11. C 12. B 13. A 14. C 15. B 16. C Referências Abella BS, Gonzalez MR, Becker LB. Artificial perfusion during cardiac arrest. In: Roberts JR, Custalow CB, Thomsen TW, Hedges JR, eds. Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine. 6th ed Philadelphia: Saunders; 2014:319–324. Benner JP, Morris S, Brady WJ. A phased approach to cardiac arrest resuscitation involving ventricular fibrillation and pulseless ventricular tachycardia. Emerg Med Clin North Am. 2011;29(4):711–719. Berg MD, Nadkarni VM, Gausche-Hill M, Kaji AH, Berg RA. Pediatric resuscitation. In: Marx JA, Hockberger RS, Walls RM, eds. Rosen’s emergency medicine: Concepts and clinical practice. 7th ed Philadelphia: Saunders; 2010:64–76. Bobrow BJ, Vadeboncoeur TF, Stolz U, Silver AE, Tobin JM, Crawford SA, et al. The influence of scenario- based training and real-time audiovisual feedback on out-of-hospital cardiopulmonary resuscitation quality and survival from out-of-hospital cardiac arrest. Ann Emerg Med. 2013;62(1):47–56. Boyd TS, Perina DG. 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Resultados desejados OBJETIVO Perante determinada situação clínica, e trabalhando em equipe, orientar com competência o atendimento inicial de emergência do paciente que sofre parada respiratória. Objetivos de aprendizagem Após completar este capítulo, você deverá ser capaz de: 1. Diferenciar entre dificuldade respiratória, insuficiência respiratória e parada respiratória e implementar um plano de tratamento com base na gravidade do comprometimento respiratório do paciente. 2. Discutir a avaliação da oxigenação e ventilação com o uso da oximetria de pulso e capnografia. 3. Descrever as vantagens, desvantagens, o fluxo de oxigênio em litros por minuto e a porcentagem de oxigênio estimada fornecida com cada um dos seguintes dispositivos: cânula nasal, máscara facial simples, máscara de reinalação parcial e máscara não reinalante. 4. Descrever e demonstrar as etapas necessárias para a realização das manobras de inclinação da cabeça, elevação doqueixo, elevação e tração da mandíbula, e elevação e tração da mandíbula sem inclinação da cabeça, bem como relacionar os mecanismos de lesão na abertura das vias aéreas. 5. Descrever e demonstrar o procedimento de aspiração da via aérea superior e discutir possíveis complicações associadas a este procedimento. 6. Discutir as indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens das cânulas orofaríngea e nasofaríngea, e demonstrar como escolher o tamanho correto e inserir cada um destes adjuvantes de via aérea. 7. Descrever os métodos existentes para o uso de ventilação com pressão positiva. 8. Distinguir entre pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) e pressão positiva das vias aéreas em dois níveis (BiPAP). 9. Descrever o fluxo de oxigênio em litros por minuto, e a concentração estimada de oxigênio inspirado fornecido por máscara de bolso e por dispositivo bolsa-válvula-máscara (DBM). 10. Descrever e demonstrar o método de ventilação com DBM e dois socorristas. 11. Reconhecer sinais de ventilação por bolsa-válvula-máscara (VBM) adequada e inadequada. 12. Distinguir entre dispositivos de via aérea extraglóticos e intraglóticos. 13. Descrever os métodos utilizados na confirmação da colocação correta de tubo endotraqueal (TET). Plano de aprendizagem • Leia este capítulo antes da aula. Aproveite o tempo para realçar conceitos importantes enquanto lê. • Treine o domínio das seguintes medicações: O2. • Treine o domínio das seguintes competências: • Assegurar as condições de segurança do local e o uso de equipamento de proteção pessoal. • Assumir funções de membro da equipe ou atuar como membro da equipe em situação de paciente simulado. • Orientar ou realizar avaliação inicial do paciente. • Reconhecer sinais e sintomas de comprometimento respiratório. • Desenvolver e implementar plano de tratamento com base na gravidade do comprometimento respiratório do paciente, história, exame físico e resultados dos testes diagnósticos. • Obter sinais vitais, colocar acessos vasculares, proceder à monitorização com oxímetro de pulso e monitor cardíaco e de pressão arterial e fornecer O2 suplementar, se indicado. • Demonstrar métodos manuais para abrir a via aérea. • Demonstrar o procedimento para aspiração da via aérea superior. • Demonstrar como escolher o tamanho adequado e inserir cânula orofaríngea e nasofaríngea. • Realizar VBM com dois socorristas quando indicado. • Demonstrar como solucionar problemas de VBM inadequada. • Demonstrar como confirmar o posicionamento correto de um TET. • Analisar o seu desempenho como líder de equipe ou membro dela durante a reunião dos socorristas (debriefing) após o evento. • Desenvolva e use cartões didáticos (flashcards), fluxogramas e mnemônicos para ajudar a reter melhor as informações apresentadas. • Complete o questionário do capítulo e reveja as respostas do questionário fornecidas. • Leia o estudo de caso no final deste capítulo e responda a cada pergunta que segue. Compare as suas respostas com as respostas fornecidas no final do estudo de caso. Palavras-chave Capnografia Análise contínua e registro das concentrações de dióxido de carbono nos gases respiratórios. Carina Local onde a traqueia se divide em brônquios primário esquerdo e direito. Membrana cricotireóidea Membrana fibrosa localizada entre as cartilagens cricoide e tireoide. Epiglote Pequeno pedaço de cartilagem localizado na parte superior da laringe que impede a entrada de material estranho na traqueia durante a deglutição. Glote Cordas vocais verdadeiras e o espaço existente entre elas. Palato duro Porção óssea do teto da boca que forma o assoalho da cavidade nasal. Cânula nasal Pedaço de tubulação de plástico com dois pinos macios que se projetam da tubulação; usada para administrar oxigênio suplementar a pacientes que respiram espontaneamente. Oxigenação Processo de obtenção de oxigênio para o corpo e para os seus tecidos para o metabolismo. Oxímetro de pulso Pequeno instrumento com sensor de luz que calcula rapidamente a porcentagem de hemoglobina saturada com oxigênio em leito capilar pulsante. Respiração Troca de oxigênio e dióxido de carbono durante o metabolismo celular. Máscara facial simples Dispositivo de administração de oxigênio que consiste em um reservatório de plástico que se encaixa sobre o nariz e a boca do paciente e um tubo de pequeno diâmetro ligado à base da máscara por meio da qual o oxigênio é fornecido; também chamada máscara- padrão. Palato mole A parte de trás do teto da boca que é composta por membrana mucosa, fibras musculares e glândulas mucosas. Úvula Tecido carnudo que se projeta para baixo do palato mole e para a porção posterior da cavidade oral. Valécula O espaço ou “bolsa” entre a base da língua e a epiglote. Ventilação Movimento mecânico do gás ou ar para dentro e para fora dos pulmões. Revisão anatômica Vias Aéreas Superiores A via aérea superior estende-se da boca e do nariz até a traqueia superior. A via aérea superior funciona como passagem para o fluxo de gás; para filtragem, aquecimento e umidificação do ar; e para proteger as superfícies do trato respiratório inferior (Fig. 2.1). A via aérea superior também está envolvida na fonação e nos sentidos do olfato e do paladar. FIGURA 2.1 Estruturas da via aérea superior. (De Applegate: The anatomy and physiology learning system, ed 4, 2011, Saunders.) A cavidade nasal e a boca encontram-se na faringe (i. e., na garganta). A faringe estende-se das cavidades nasais até a laringe e inclui três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe ou hipofaringe. A faringe é uma passagem comum aos sistemas respiratório e digestivo. A separação dos tratos respiratório e digestivo ocorre imediatamente abaixo da laringofaringe. A nasofaringe está localizada na extremidade posterior da cavidade nasal, estendendo-se até a ponta da úvula. O revestimento mucoso da nasofaringe filtra, aquece e umidifica o ar. A nasofaringe contém duas tonsilas faríngeas (também chamadas adenoides) e as aberturas do tubo de Eustáquio. Os tecidos da nasofaringe são, extremamente, delicados e vascularizados. A colocação inadequada, ou excessivamente agressiva, de tubos endotraqueais ou de dispositivos da via aérea pode resultar em hemorragia significativa. A orofaringe começa na úvula, que constitui um tecido carnudo que se projeta para baixo do palato mole e para a porção posterior da cavidade oral. A porção posterior da cavidade oral abre-se para a orofaringe. A orofaringe estende-se até a borda superior da epiglote. A epiglote é um pequeno pedaço de cartilagem localizado na parte superior da laringe que impede a entrada de material estranho na traqueia durante a deglutição. A orofaringe está envolvida na respiração e na digestão. A orofaringe anterior abre-se para a cavidade oral, que compreende os lábios, bochechas, dentes, língua e palatos duro e mole (Fig. 2.2). O teto anterior da cavidade oral é formado pelo osso maxilar e é chamado palato duro. A porção posterior do teto da boca é chamada palato mole porque é composta de membrana mucosa, fibras musculares e glândulas mucosas. As bochechas formam as paredes, e a língua domina o chão da cavidade oral. Localizado nas paredes laterais da orofaringe está um par de tonsilas palatinas que pode causar obstrução parcial das vias aéreas se ficar, excessivamente, aumentado. O espaço (ou “bolso”) entre a base da língua e a epiglote é chamado valécula. Ao se efetuar intubação orotraqueal, a epiglote é levantada para fora do caminho para visualizar a área durante a passagem do tubo traqueal entre as cordas vocais. A valécula constitui um marco anatômico importante, que deverá ser identificado durante a intubação de um paciente com o uso de lâmina de laringoscópio curvo. FIGURA 2.2 Vista frontal da boca aberta mostrando as estruturas principais. (De Patton K, Thibodeau G: Anatomy & physiology,ed 7, St. Louis, 2013, Mosby.) A laringofaringe estende-se da borda superior da epiglote à glote, que engloba as cordas vocais verdadeiras e o espaço entre elas (i. e., abertura glótica). A glote é a parte mais estreita da laringe no indivíduo adulto. A laringofaringe está ligada ao esôfago e está envolvida na respiração e na digestão. Dica ACLS No paciente não reativo, pode ocorrer obstrução parcial ou completa das vias aéreas quando os músculos da língua e da laringofaringe relaxam, permitindo assim que a língua e outros tecidos moles bloqueiem a abertura da laringofaringe. A laringe (i. e., caixa de voz) liga a faringe à traqueia ao nível das vértebras cervicais. Ela conduz o ar entre a faringe e os pulmões; impede que alimentos e substâncias estranhas entrem na traqueia; e aloja as cordas vocais, que estão envolvidas na produção da fala. A laringe é uma estrutura tubular composta por músculos, ligamentos e nove cartilagens (Fig. 2.1). A cartilagem tireoide (i. e., maçã de Adão) é a maior cartilagem da laringe e em posição mais superior. É mais pronunciada em homens adultos do que em mulheres adultas. A glândula tireoide fica sobre a superfície externa da cartilagem da tireoide. As cartilagens aritenoides em forma de pirâmide da laringe servem como ponto de ligação para as cordas vocais. As cartilagens aritenoides muitas vezes servem como ponto de referência importante durante a intubação. A cartilagem cricoide localiza-se inferiormente à cartilagem tireoide. É considerada como o primeiro anel traqueal, e é o único anel completo de cartilagem na laringe. As outras cartilagens da laringe são anéis incompletos, em forma de C, na superfície posterior. Os anéis em forma de C estão abertos para permitir que o esôfago, que se encontra por trás da traqueia, possa se projetar para a frente à medida que os alimentos progridem para o estômago. O diâmetro mais estreito da via aérea em lactentes e crianças menores de 10 anos está na cartilagem cricoide. A membrana cricotireóidea é membrana fibrosa que está localizada entre as cartilagens cricoide e tireoide. Este local pode ser usado para abordagem alternativa da via aérea e para colocação cirúrgica de dispositivos de via aérea. Dica ACLS A estimulação da laringe por lâmina de laringoscópio, tubo traqueal ou cateter de aspiração pode resultar em bradicardia, hipotensão e diminuição da frequência ventilatória, porque a laringe é inervada com terminações nervosas dos nervos vagos. Caso estes efeitos ocorram, vigie o paciente com cuidado e interrompa o tratamento responsável pela sua ocorrência. Vias Aéreas Inferiores As vias aéreas inferiores estendem-se desde a traqueia inferior até os alvéolos e estão envolvidas na troca de oxigênio e dióxido de carbono. O ar move-se da laringe por meio da abertura glótica para a traqueia. A traqueia adulta tem cerca de 12 cm de comprimento e tem diâmetro interno de cerca de 2 cm. Ela se divide ou bifurca em dois tubos separados chamados brônquios primários esquerdo e direito (Fig. 2.3). O ponto em que a traqueia se divide nos brônquios primários direito e esquerdo é chamado carina. O brônquio direito desemboca em três lobos do pulmão e o brônquio esquerdo em dois. O brônquio primário direito é mais curto, mais largo e mais reto ou menos angulado que o esquerdo, porque o coração ocupa espaço na cavidade torácica esquerda. Portanto, quando um tubo traqueal é inserido muito profundamente, ou ocorre aspiração de material estranho, é mais provável que entrem no brônquio primário direito do que no esquerdo. FIGURA 2.3 Traqueia de criança e adulto mostrando os ângulos diferentes da bifurcação dos brônquios primários. (De Kacmarek R, Stoller J, Heuer A: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 11, Elsevier, 2017.) As paredes da traqueia são suportadas e mantidas abertas por uma série de 16 a 20 anéis cartilaginosos em forma de C. A área entre as cartilagens traqueais é composta por tecido conjuntivo e músculo liso, que permite alterações no diâmetro da traqueia. O músculo liso traqueal é inervado pela divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo. Internamente, a traqueia é revestida por membrana mucosa que contém cílios, bem como células produtoras de muco. Os cílios varrem os materiais estranhos para fora da via aérea e o muco também pode capturar material particulado, que é então expulso durante a tosse. A obstrução da traqueia resultará em morte se não for corrigida em poucos minutos. Os brônquios primários ramificam-se para estreitar ao nível dos brônquios secundário e terciário, que então se ramificam em bronquíolos. À medida que os brônquios continuam a se dividir no tecido pulmonar e se tornam passagens menores, eles passam a denominar-se bronquíolos. Estes são compostos, inteiramente, por músculo liso que é suportado pelo tecido conjuntivo. Os bronquíolos são responsáveis pela regulação do fluxo de ar para os alvéolos. A estimulação dos receptores beta2 nos bronquíolos resulta no relaxamento do músculo liso brônquico. Após múltiplas subdivisões, os bronquíolos dividem-se em minúsculos tubos chamados ductos alveolares, onde a troca gasosa se torna possível pela primeira vez. Esses ductos terminam em alvéolos, que são minúsculos sacos de ar. Cada pulmão de adulto médio contém cerca de 300 milhões de alvéolos, e cada alvéolo é rodeado por capilar pulmonar. O oxigênio difunde-se por meio das finas paredes dos alvéolos até os capilares, e o dióxido de carbono difunde-se dos capilares para os alvéolos. O paciente com comprometimento respiratório [Objetivo 1] As queixas respiratórias são comuns em pacientes de todas as idades. Dificuldade respiratória, insuficiência respiratória e parada respiratória refletem níveis crescentes de gravidade do comprometimento respiratório. Os sinais de ventilação adequada incluem: a capacidade de respirar em frequência regular e dentro dos limites normais para a idade do paciente, a elevação e a retração equivalentes do tórax com cada respiração, profundidade de respiração adequada (i. e., o volume corrente) e a capacidade de proferir frases completas sem fazer pausas. Os sinais de ventilação inadequada incluem os seguintes: • Frequência respiratória muito rápida ou lenta para a idade do paciente. • Sons respiratórios anormais (estridor, sibilância, crepitações, silêncio respiratório, não simétricos). • Esforço respiratório anormal (retrações, uso dos músculos acessórios, sudorese, posição de tripé, narinas dilatadas, lábios franzidos). • Padrão respiratório irregular. • Ansiedade, concentração no esforço respiratório. • Confusão, inquietação. • Profundidade anormal da respiração, sendo muito profunda ou muito superficial. • Incapacidade de proferir frases completas. • Movimento inadequado da parede torácica (paradoxal, restrito, assimétrico). • Dor aos movimentos respiratórios. Os sinais de desconforto respiratório refletem tentativa de compensar a hipóxia e podem incluir mudanças no estado mental (p. ex., ansiedade, agitação, diminuição da capacidade de concentração), dilatação das narinas, palidez ou manchas, retrações, estridor, taquipneia, sibilos e uso dos músculos acessórios da respiração. Uma vez que as causas de dificuldade respiratória são várias, as possíveis intervenções terapêuticas incluem: permissão ao paciente para assumir posição de conforto, administração de oxigênio suplementar, se indicado, e terapia farmacológica (p. ex., broncodilatadores). Dificuldade respiratória não corrigida pode levar a insuficiência respiratória. A insuficiência respiratória aguda desenvolve-se quando a troca de oxigênio e dióxido de carbono nos pulmões é inadequada. Insuficiência respiratória hipoxêmica refere-se à insuficiência respiratória associadaà falha na oxigenação, enquanto insuficiência respiratória hipercápnica está associada à falha na ventilação (Casserly e Rounds, 2010). Os sinais de insuficiência respiratória iminente incluem: agitação, irritabilidade, confusão, letargia, uso de músculos acessórios, dilatação das narinas, respiração com lábios franzidos, retrações torácicas, taquipneia e palidez, manchas ou cianose, apesar da instituição de oxigenoterapia. Embora a taquicardia seja, muitas vezes, vista na insuficiência respiratória precoce, o paciente pode se tornar bradicárdico com parada respiratória iminente. Dependendo da causa e da gravidade, as possíveis intervenções terapêuticas na insuficiência respiratória podem incluir aspiração, administração de oxigênio suplementar, ventilação não invasiva com pressão positiva (VNPP), VBM e tratamento de fatores contributivos ou causadores específicos. Com a parada respiratória, o paciente fica não reativo, sem expansão visível do tórax, sem esforço ventilatório e com tônus muscular fraco. As intervenções terapêuticas incluem: o uso de manobras manuais para abrir as vias aéreas, remoção de corpo estranho, se for o caso, inserção de dispositivo orofaríngeo ou nasofaríngeo, aspiração, VBM com oxigênio suplementar, possível inserção de via aérea avançada por clínico adequadamente treinado e tratamento de fatores contribuintes ou causais específicos. Avaliação do Paciente [Objetivo 2] Ao aproximar-se do paciente com queixas respiratórias, forme impressão geral para determinar se o paciente está doente (i. e., instável) ou não (i. e., estável) e para determinar a urgência da avaliação e de cuidados adicionais. Ao formar a impressão geral, a presença de estado mental alterado, incapacidade de manter o esforço ventilatório e/ou a presença de manchas ou cianose constituem um sinalizador vermelho que sugere parada respiratória iminente e justifica intervenção imediata (McEvoy, 2013). Narinas dilatadas e uso de músculos acessórios são sinais que sugerem que o paciente está lutando para respirar. Observar a posição do paciente pode ser útil para determinar a gravidade do problema respiratório. Por exemplo, um paciente que está sentado na posição vertical com os cotovelos apoiados em uma mesa ou com as mãos nos joelhos e cotovelos para fora enquanto se inclina para a frente está assumindo a posição em tripé. Se achados anormais estiverem presentes, seja rápido e prossiga, imediatamente, para a avaliação primária e comece os cuidados de emergência. Se a condição do paciente não parecer urgente, trabalhe em ritmo razoável e proceda de forma sistemática à avaliação do paciente. Como a condição do paciente pode mudar rapidamente, é importante reavaliá-lo com frequência. Se o paciente estiver reativo, faça-lhe perguntas para determinar o nível de reatividade e a adequação das vias aéreas e da respiração. Observe se o paciente está agitado, confuso, inquieto ou combativo, sinais que podem ser o resultado de hipóxia. Observe também, se o paciente é capaz de proferir frases antes de parar para respirar ou se existem queixas de dispneia depois de proferir apenas algumas palavras. Se o paciente não responder, podem ser necessárias manobras manuais para abrir as vias aéreas. As manobras manuais para abertura das vias aéreas são discutidas mais adiante neste capítulo. A avaliação da respiração do paciente deve incluir avaliação do volume corrente (i. e., a profundidade da respiração), a frequência da ventilação e a simetria do movimento em cada respiração. A ventilação (que é, muitas vezes, denominada erroneamente como respiração) é o movimento mecânico do ar para dentro e para fora dos pulmões. A respiração é a troca de oxigênio e dióxido de carbono durante o metabolismo celular. Durante a respiração normal e silenciosa, um homem adulto movimenta cerca de 500 mL (5 a 7 mL/kg) de ar para dentro e para fora do trato respiratório a cada respiração (Douce, 2009); essa quantidade é chamada volume corrente. A expansão do tórax deve ser adequada ao volume corrente suficiente para fazer o tórax expandir de forma igual, sem uso excessivo de músculos acessórios durante a inspiração ou a expiração. Pesquise sinais de aumento do trabalho da respiração, como, a respiração com lábios franzidos, o uso de músculos acessórios, inclinação do paciente para a frente para respirar ou retrações torácicas. Proceda, com frequência, à ausculta dos sons respiratórios para detectar diminuição da ventilação, crepitação, sibilos ou roncos. Se a respiração for inadequada, deve-se fornecer oxigênio suplementar, se indicado e, se necessário, fornecer ventilação por pressão positiva. Os dispositivos de entrega de oxigênio e as técnicas de ventilação por pressão positiva são discutidos mais adiante neste capítulo. Avalie a frequência cardíaca, a qualidade do pulso, a temperatura, a cor e a umidade da pele do paciente. Calcule o escore da Escala de Coma de Glasgow, avalie a necessidade de utilizar desfibrilador e exponha áreas pertinentes do paciente para exame posterior, conforme necessário. Obtenha os sinais vitais, monitore-o com oxímetro de pulso, monitor cardíaco e monitor de pressão arterial, e obtenha uma história clínica focada. Oximetria de Pulso [Objetivo 2] Oxigenação é o processo de obtenção de oxigênio para o corpo, para os tecidos e para o metabolismo. Oxímetro de pulso, comumente chamado ox pulso, é um pequeno instrumento com sensor de luz que calcula, rapidamente, a porcentagem de hemoglobina que é saturada com oxigênio em leito capilar pulsante. Este cálculo é chamado saturação de oxigênio periférico ou SpO2. O oxímetro exibe esse valor como porcentagem, e a frequência de pulso do paciente, no seu monitor. O sensor do oxímetro é, normalmente, colocado em um dedo da mão (Fig. 2.4), mas a testa, o lóbulo da orelha ou o dedão do pé também podem ser usados com a seleção de sensor apropriado para o local escolhido. Por exemplo, o sensor adesivo ou em forma de clipe pode ser usado para um dedo, mas o sensor de testa é geralmente adesivo. FIGURA 2.4 Aplicação no dedo de sensor de oximetria de pulso. (De Bonewit-West K: Clinical procedures for medical assistants, ed 9, St. Louis, 2015, Saunders.) Os sensores de oximetria de pulso podem ser descartáveis ou reutilizáveis. Ao usar sensor descartável, avalie o local a cada 2 a 4 horas e substitua o sensor a cada 24 horas (Schutz, 2011). Avalie o local para a diminuição da temperatura, diminuição do pulso periférico, cianose e integridade do tecido. Os sensores de clipe reutilizáveis são, geralmente, utilizados para a verificação rápida dos valores de oximetria de pulso, monitorização de forma contínua por menos de dez minutos e monitorização de pacientes imóveis. Quando estiver em uso sensor reutilizável, avalie o local a cada 2 horas e mude o local a cada 4 horas (Schutz, 2011). Algumas indicações possíveis para a monitorização por oximetria de pulso contínua incluem as seguintes: • Paciente com via aérea crítica ou instável. • Paciente que necessita de terapia com oxigênio. • Durante a transferência intra e inter-hospitalar de paciente crítico. • Durante hemodiálise. • Paciente que tenha condição instável, ou durante procedimento que altere a saturação de oxigênio, ou que tenha história que sugira risco de dessaturação significativa. A oximetria de pulso pode ter baixa precisão em situações que envolvam fluxo sanguíneo capilar deficiente, concentração anormal de hemoglobina ou forma anormal da molécula de hemoglobina. Exemplos de condições que podem dar resultados enganadores estão listados no Quadro2.1. Quadro 2.1 Fatores que Afetam a Precisão das Leituras do Oxímetro de Pulso • Anemia (evidência contraditória). • Unhas artificiais de acrílico (evidência contraditória). • Luzes de ambiente claras, tais como luz do sol, ou lâmpadas cirúrgicas, fluorescentes ou de aquecimento (evidência contraditória). • Intoxicação por monóxido de carbono ou cianeto ou presença de outras moléculas que se ligam à hemoglobina. • Esmalte escuro ou metálico (evidência contraditória). • Pigmentação cutânea escura. • Medicações (p. ex., vasoconstritores). • Artefatos de movimento. • Má perfusão periférica como resultado de parada cardíaca, choque, hipotensão ou hipotermia. Dica ACLS O oxímetro de pulso é complemento — não substituição — da avaliação do paciente vigil. Você deve correlacionar seus achados de avaliação com as leituras do oxímetro de pulso para determinar intervenções apropriadas para o paciente. Monitorização do Dióxido de Carbono [Objetivo 2] O dióxido de carbono é produzido durante o metabolismo celular, transportado para os pulmões pelo sistema circulatório e excretado pelos pulmões durante a ventilação. A capnografia é a análise e o registro contínuo das concentrações de CO2 nos gases respiratórios. A capnografia fornece aos profissionais de saúde informações do paciente respiração a respiração, permitindo assim, o reconhecimento precoce de hipoventilação, apneia ou obstrução das vias aéreas e, portanto, prevenindo episódios hipóxicos. A monitorização do dióxido de carbono exalado com capnometria ou capnografia pode detectar alterações no metabolismo, na circulação, na respiração, nas vias aéreas ou no sistema respiratório. Os dispositivos de detecção do dióxido de carbono exalado são usados em conjunto com a história e avaliação clínica do paciente, que pode incluir: estado mental, sons pulmonares, pulso e cor da pele. Exemplos de situações em que a monitorização do CO2 exalado é utilizada com frequência incluem: • Avaliação da adequação da ventilação em pacientes com estado mental alterado, broncoespasmo, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), anafilaxia, insuficiência cardíaca, overdose de drogas, acidente vascular cerebral, choque ou comprometimento circulatório. • Confirmação da colocação correta do tubo traqueal (a capnografia não deve ser usada como o único meio para avaliar a colocação do tubo traqueal) e monitorização contínua da posição do tubo traqueal (inclusive durante o transporte do paciente). • Avaliação da eficácia das compressões torácicas durante os esforços de ressuscitação e detecção do retorno subsequente da circulação espontânea (RSCE). • Monitorização dos níveis de CO2 exalado em pacientes com suspeita de aumento da pressão intracraniana. • Procedimentos de sedação e de analgesia. Os valores de CO2 alveolar e CO2 arterial (PaCO2) estão estreitamente relacionados em pacientes com função cardiopulmonar normal, e geralmente variam entre 35 e 45 mmHg. Em pacientes com função pulmonar e cardíaca normais, os valores normais para o dióxido de carbono no ar expirado (EtCO2) variam entre 33 mmHg e 43 mmHg. Isto depende de ventilação e perfusão adequadas: alteração em qualquer dos fatores aumentará ou diminuirá a quantidade de CO2 exalado. Os capnômetros digitais usam tecnologia infravermelha para analisar o gás expirado. Estes dispositivos fornecem medida quantitativa do CO2 exalado, ou seja, fornecem a quantidade exata de CO2 exalado (Fig. 2.5). Isso é benéfico, uma vez que as tendências dos níveis de CO2 podem ser monitoradas e a eficácia do tratamento pode ser documentada. Em conjunto com a avaliação clínica, a capnografia contínua, sob a forma de onda, é o método preferido para confirmar a colocação do tubo traqueal, para a monitorização contínua da posição do tubo traqueal (inclusive durante o transporte do paciente) e para a avaliação das compressões torácicas durante os esforços de ressuscitação e detecção do RSCE. FIGURA 2.5 Combinação portátil de capnografia e oximetria de pulso. (Copyright ©2016 Medtronic. Todos os direitos reservados. Utilizado com a permissão de Medtronic.) Dica ACLS A interpretação de capnogramas deve ser feita por meio de abordagem sistemática que inclua a avaliação da altura, do contorno, da linha de base, da frequência e do ritmo. A interpretação de capnogramas está além do âmbito deste texto e do curso de Suporte Avançado de Vida Cardiovascular. O capnômetro colorimétrico funciona por meio de mudança de pH que ocorre com a respiração do paciente. A respiração causa reação química no papel de tornassol sensível ao pH alojado no detector. O capnômetro é colocado entre o tubo traqueal, ou dispositivo avançado da via aérea, e o dispositivo de ventilação (Fig. 2.6). A presença de CO2, que é evidenciada pela mudança de cor no dispositivo colorimétrico, sugere a localização do tubo na traqueia. O capnômetro colorimétrico é qualitativo à medida que, simplesmente, mostra a presença de CO2. Ele não tem capacidade para fornecer leitura de CO2 real ou para indicar a presença de hipercapnia, e não é capaz de fornecer monitorização contínua de forma a garantir que o tubo permanece na traqueia. A ausência de CO2 (i. e., nenhuma mudança de cor) sugere localização do tubo no esôfago, particularmente em pacientes com ritmo cardíaco compatível com perfusão (i. e., paciente sem parada cardíaca). Alguns fabricantes de capnômetros colorimétricos recomendam ventilar o paciente pelo menos seis vezes antes de tentar usar o detector de CO2 exalado para avaliar a colocação do tubo traqueal. O raciocínio para esta ação é eliminar rapidamente qualquer CO2 retido no estômago ou esôfago como resultado da VBM. Pode-se presumir que qualquer CO2 que seja detectado após seis ventilações com pressão positiva provém dos pulmões (Ornato et al., 1992; Sum Ping et al., 1992). Os capnômetros colorimétricos são suscetíveis a resultados pouco precisos em consequência da idade do papel e exposição do papel ao ambiente. O capnômetro colorimétrico poderá não mudar de cor se o papel estiver contaminado com secreções do paciente (p. ex., vômito) ou fármacos ácidos (p. ex., epinefrina administrada por via traqueal) (Cantineau et al., 1994). Quando o CO2 não é detectado, um método alternativo deve ser usado para confirmar a colocação do tubo traqueal, como a visualização direta ou o uso de dispositivo detector esofágico (DDE). FIGURA 2.6 Detector colorimétrico de dióxido de carbono exalado. (Copyright ©2016 Medtronic. Todos os direitos reservados. Utilizado com a permissão de Medtronic.) Dica ACLS A oximetria de pulso fornece informações importantes sobre a oxigenação, mas não fornece informações sobre a eficácia da ventilação do paciente. A capnografia fornece informações sobre a eficácia da ventilação, mas não mede a oxigenação. Dispositivos de fornecimento de oxigênio A fração de gás inspirado que é oxigênio é abreviada como FiO2 e é, frequentemente, expressa em porcentagem. A pesquisa mostrou que o uso rotineiro de oxigênio suplementar em pacientes cardíacos pode ter efeitos indesejáveis, incluindo o aumento da resistência vascular coronária, redução do fluxo sanguíneo coronário e aumento do risco de mortalidade (Amsterdam et al., 2014). As indicações para a administração suplementar de oxigênio incluem hipoxemia clinicamente significativa (i. e., saturação de oxigênio inferior a 90%), insuficiência cardíaca, dispneia, cianose ou quando estão presentes outras características de alto risco de hipoxemia (Amsterdam et al., 2014; O’Gara et al., 2013). Cânula Nasal [Objetivo 3] Cânula nasal é um pedaço de tubulação de plástico com dois pinos plásticos que se projetam a partir da tubulação.As pontas são inseridas nas narinas do paciente, e a tubulação é então presa à face deste (Fig. 2.7). O oxigênio flui da cânula para a nasofaringe, que atua como reservatório anatômico. Os fatores que influenciam a FiO2 entregue por cânula nasal incluem: o fluxo de oxigênio, a frequência ventilatória e o volume corrente, bem como a anatomia e a geometria da cavidade nasal, da nasofaringe e da orofaringe do paciente (Ward, 2013). FIGURA 2.7 Cânula nasal de baixo fluxo. (De Potter PA & Perry AG: Fundamentals of nursing: Concepts, process, and practice, ed 8, St. Louis, 2013, Mosby.) Durante muitos anos pensou-se que para cada aumento de litro por minuto (L/min) no fluxo de oxigênio quando se utiliza cânula nasal, a FiO2 efetiva aumentava cerca de 4 pontos percentuais. Por exemplo, o fornecimento de O2 suplementar a 1 L/min por cânula aumentaria a FiO2 para cerca de 24%, 2 L/min elevaria a 28% e até 6 L/min elevaria a 44% (Markovitz et al., 2010). A pesquisa mostrou que estas estimativas do desempenho da cânula são, excessivamente, otimistas (Ward, 2013). Em um estudo de 2010, os níveis de FiO2 produzidos na traqueia com taxas de fluxo de oxigênio de 1, 3 e 5 L/min foram medidos enquanto os indivíduos respiravam com frequência e padrão normais. Os pesquisadores descobriram que a FiO2 administrada era de cerca de 23% a 1 L/min, cerca de 28% a 3 L/min e cerca de 32% a 5 L/min (Markovitz et al., 2010). A FiO2 administrada diminui de forma considerável durante as condições associadas à dispneia (Ward, 2013). As vantagens e desvantagens da utilização da cânula nasal são mostradas no Quadro 2.2. Quadro 2.2 Cânula Nasal de Fluxo Baixo —Vantagens e Desvantagens Vantagens Desvantagens • Confortável e bem tolerada pela maioria dos pacientes. • Não interfere na avaliação do paciente nem impede a comunicação deste com o pessoal de saúde. • Permite a comunicação e a ingestão de alimentos. • Sem reinalação de ar expirado. • Pode ser usada em pacientes que respiram pela boca. • Útil para pacientes com predisposição para reter dióxido de carbono. • Pode ser usada em pacientes que necessitam de oxigênio, mas que não toleram máscara não reinalante. • Só pode ser usada em pacientes respirando espontaneamente. • Sai facilmente do local. • As narinas têm de estar abertas. • Causa ressecamento das mucosas; pode causar dor nos seios nasais. • A cânula pode causar lesão ou irritação cutânea. • A existência de desvio do septo nasal ou respiração pela boca podem reduzir o FiO2. • Fluxos de oxigênio superiores a 6 L/min não aumentam a concentração de oxigênio fornecido. Os sistemas de cânula nasal de alto fluxo (CNAF) estão sendo usados com frequência crescente em alguns pacientes críticos. Os componentes necessários para fornecer oxigênio por CNAF incluem cânula nasal que pode conter alto fluxo de entrada, medidor de fluxo de oxigênio de alto fluxo e umidificador (Ward, 2013). Os sistemas de CNAF por umidificação, comercialmente disponíveis, utilizam taxas de fluxo de 5 a 40 L/min e proporcionam FiO2 próxima de 100% (Reardon et al., 2014a). Máscara Facial Simples [Objetivo 3] A máscara facial simples, também chamada máscara-padrão, é um reservatório de plástico que foi projetado para se adaptar ao nariz e à boca do paciente sob ventilação espontânea. Fixa-se a máscara ao paciente por meio de um fio elástico ao redor da cabeça. A capacidade interna da máscara produz efeito reservatório. Pequenos orifícios em cada lado da máscara permitem a passagem do ar inspirado e expirado. O oxigênio suplementar é fornecido por meio de um tubo de pequeno diâmetro ligado à base da máscara (Fig. 2.8). FIGURA 2.8 Máscara facial simples. (De Kacmarek, Stoller, Heuer: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 10, St. Louis, 2013, Mosby.) Quando se utiliza a máscara facial simples, o aporte de oxigênio deve ser superior a 5 L/min para eliminar o acúmulo de dióxido de carbono exalado na máscara do paciente. Com 5 a 10 L/min, a máscara facial simples pode fornecer concentração inspirada de oxigênio de, aproximadamente, 35% a 60%. A concentração real de oxigênio do paciente pode variar, visto a quantidade de ar que se mistura com o oxigênio suplementar depender da taxa de fluxo inspiratório do paciente. As vantagens e desvantagens do uso da máscara facial simples são mostradas no Quadro 2.3. Quadro 2.3 Máscara Facial Simples — Vantagens e Desvantagens Vantagens Desvantagens • Concentração de oxigênio fornecida é superior à fornecida por cânula nasal. • Só pode ser usada em pacientes sob respiração espontânea. • Não é bem tolerada por pacientes com dispneia grave. • Pode ser desconfortável. • Difícil de ouvir as palavras do paciente quando o dispositivo está sendo usado. • Tem de ser removida durante as refeições. • Necessita de selagem facial apertada para impedir a fuga de oxigênio. • Os buracos laterais da máscara permitem a inalação de ar ambiente. • Fluxos de oxigênio superiores a 10 L/min não aumentam a concentração do oxigênio fornecido. Máscara de Reinalação Parcial [Objetivo 3] A máscara de reinalação parcial é similar à máscara facial simples, mas tem um dispositivo de reserva de oxigênio anexado (i. e., reservatório) na base e que é preenchido antes do uso (Fig. 2.9A). Quando o paciente inspira, o oxigênio a 100% é puxado para dentro da máscara do reservatório (saco). Quando o paciente expira, o oxigênio entra na bolsa vindo da fonte de oxigênio e parte do ar expirado do paciente entra na bolsa (i. e., uma quantidade que é, aproximadamente, igual ao volume do espaço morto anatômico do paciente). A quantidade de CO2 reinalada é desprezível desde que o fluxo de oxigênio evite que o saco colapse mais de cerca de um terço durante a inalação (Heuer, 2013). FIGURA 2.9 A. Máscara de reinalação parcial. B. Máscara não reinalante. (De Kacmarek, Stoller, Heuer: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 10, St. Louis, 2013, Mosby.) A concentração de oxigênio no ar expirado do paciente, em combinação com o fornecimento de oxigênio a 100%, permite o uso de fluxos de oxigênio menores do que os necessários para a máscara não reinalante. Dependendo do padrão de respiração do paciente, do ajuste da máscara e da configuração do medidor de fluxo de oxigênio, podem ser administradas concentrações de oxigênio de 35% a 60% quando se utiliza fluxo de oxigênio que impede que o saco do reservatório fique completamente colapsado na inspiração (i. e. normalmente de 6 a 10 L/min). As vantagens e desvantagens de usar a máscara de reinalação parcial são mostradas no Quadro 2.4. Quadro 2.4 Máscara de Reinalação Parcial — Vantagens e Desvantagens Vantagens Desvantagens • Concentração de oxigênio fornecida é superior à fornecida por cânula nasal. • Só pode ser usada em paciente sob respiração espontânea. • Não é bem tolerada em pacientes com dispneia grave. • Pode ser desconfortável. • Difícil de ouvir as palavras proferidas pelo paciente quando o dispositivo está sendo usado. • Tem de ser removido durante as refeições. • Necessita de selagem facial apertada para impedir a fuga de oxigênio. • Pode causar irritação cutânea. • Não possui válvula inspiratória; desta forma, o ar exalado mistura-se com o ar inspirado. Máscara Não Reinalante [Objetivo 3] A máscara não reinalante, também chamada máscara de não reinalação, é semelhante à máscara de reinalação parcial, mas não permite a mistura do ar expirado do paciente com 100% de oxigênio. A válvula unidirecional entre a máscara e o saco reservatório, e a aba sobre uma das saídas de exalação nas laterais da máscara, previnem a inalação do ar ambiente (Fig. 2.9B). Quando o paciente inspira, o oxigênio é puxado para dentro da máscaravindo do reservatório (i. e., saco) por meio da válvula unidirecional que separa o saco da máscara. Quando o paciente expira, o ar expirado sai por meio da porta lateral aberta na máscara. A válvula unidirecional evita que o ar expirado pelo paciente volte ao saco do reservatório (daí o nome não reinalante). Isso garante um aporte de oxigênio 100% para o paciente, com diluição mínima por ar ambiente. A máscara não reinalante é o dispositivo de administração de escolha quando são necessárias concentrações elevadas de oxigênio para o paciente sob ventilação espontânea. Dependendo do padrão de respiração do paciente, do ajuste da máscara e do ajuste do medidor de fluxo de oxigênio, podem ser administradas concentrações de oxigênio de 60% a 80% quando é utilizada taxa de fluxo de oxigênio (normalmente um mínimo de 10 L/min) que impede o colapso total do saco reservatório na inspiração (Heuer, 2013). O saco do reservatório deve ser insuflado com oxigênio antes de se colocar a máscara não reinalante no paciente. As vantagens e desvantagens de se usar a máscara não reinalante são mostradas no Quadro 2.5. Um resumo das porcentagens de oxigênio disponibilizadas por cada dispositivo é apresentado na Tabela 2.1. Quadro 2.5 Máscara Não Reinalante — Vantagens e Desvantagens Vantagens Desvantagens • Concentração de oxigênio fornecida é superior à fornecida por cânula nasal, máscara facial simples e máscara de reinalação parcial. • O oxigênio inspirado não se mistura com o ar • Só pode ser usada em paciente sob respiração espontânea. • Não é bem tolerada em pacientes com dispneia grave. • Pode ser desconfortável. ambiente. • Difícil de ouvir as palavras proferidas pelo paciente quando o dispositivo está sendo usado. • Tem de ser removida durante as refeições. • A máscara deve encaixar, confortavelmente, na face do paciente para evitar que o ar ambiente se misture com o oxigênio inalado do saco reservatório. • Pode causar irritação cutânea. Tabela 2.1 Porcentagem de Oxigênio Distribuída por cada Dispositivo Dispositivo Concentração Aproximada de Oxigênio Inspirado Fluxo (Litros/Min) Cânula nasal 23% a 32% 1 a 5 Máscara facial simples 35% a 60% 5 a 10 Máscara de reinalação parcial 35% a 60% Normalmente, 6 a 10 para evitar o colapso da bolsa durante a inspiração. Máscara não reinalante 60% a 80% Normalmente, mínimo de 10 para evitar o colapso da bolsa durante a inspiração. Dica ACLS Ao usar a máscara de reinalação parcial ou a máscara não reinalante, certifique-se de que o saco não colapsa quando o paciente inspira. Se o saco colapsar, o fluxo de oxigênio fornecido deverá ser aumentado em incrementos de 2 L até que o saco permaneça insuflado durante a inalação. O saco do reservatório deve permanecer cheio, com pelo menos dois terços da capacidade, de modo que esteja disponível suficiente oxigênio suplementar para cada respiração. Manobras manuais da via aérea A causa mais comum de obstrução parcial das vias aéreas no paciente não reativo é a perda de tônus muscular, o que faz com que a língua caia para trás, para a faringe, e bloqueie o fluxo de ar. Várias manobras manuais das vias aéreas são realizadas para levantar a língua para fora da parte posterior da garganta e permeabilizar a via aérea. Se o paciente não reativo estiver respirando, a existência de roncos é sinal de obstrução das vias aéreas pelo deslocamento da língua. Se o paciente não estiver respirando, a obstrução das vias aéreas pela língua pode passar despercebida até que se tente realizar ventilação por pressão positiva. Ventilar um paciente que não respira e com obstrução das vias aéreas é difícil. Se a obstrução for causada pela língua, o reposicionamento da cabeça e mandíbula do paciente podem ser as únicas manobras necessárias para abrir a via aérea. Inclinação da Cabeça — Elevação do Queixo [Objetivo 4] A inclinação da cabeça-elevação do queixo é a técnica preferida para abrir a via aérea do paciente não reativo, sem suspeita de lesão da coluna cervical (Kleinman et al., 2015). Siga estes passos para executar a inclinação da cabeça- elevação do queixo: 1. Coloque o paciente em posição supina. 2. Coloque uma mão na testa do paciente e aplique pressão para baixo com a palma da mão para inclinar suavemente a cabeça do paciente para trás (Fig. 2.10). 3. Coloque as pontas dos dedos da outra mão sob a parte óssea do queixo do paciente, e levante de modo suave, depois puxe a mandíbula para a frente. É importante colocar os dedos sob a parte óssea do queixo do paciente porque a compressão dos tecidos moles sob o queixo pode obstruir a via aérea. 4. Se necessário, abra a boca do paciente, puxando para baixo o lábio inferior usando o polegar da mesma mão usada para levantar o queixo. FIGURA 2.10 Abertura da via aérea com a manobra inclinação da cabeça-elevação do queixo. (De Kacmarek, Stoller, Heuer: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 10, St. Louis, 2013, Mosby.) Tração da Mandíbula [Objetivo 4] A manobra de tração da mandíbula pode ser realizada com ou sem inclinação da cabeça. Para os pacientes não reativos, sem qualquer risco de lesão medular, execute a seguinte técnica: 1. Com o paciente na posição supina, posicione-se acima da cabeça do paciente ou ao seu lado, olhando para o rosto. 2. Coloque os dedos em cada lado da mandíbula inferior no ângulo da mandíbula, perto da parte inferior das orelhas do paciente. 3. Levante a mandíbula para a frente em direção ao rosto do paciente e abra a boca suavemente. 4. Incline devagar a cabeça do paciente enquanto mantém o deslocamento da mandíbula inferior. A tração da mandíbula sem a manobra de extensão do pescoço (também chamada tração da mandíbula modificada) é a técnica recomendada para abrir a via aérea quando se suspeita de lesão da coluna cervical. Execute os seguintes passos para efetuar a tração da mandíbula sem a manobra de extensão do pescoço: 1. Assegure-se de que o paciente se encontra em posição supina. 2. Enquanto mantém a estabilização da cabeça do paciente em posição neutra, segure os ângulos da mandíbula inferior com as pontas dos dedos (Fig. 2.11). 3. Projete a mandíbula inferior para a frente. A manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço é difícil para uma pessoa executar sozinha. Na maioria dos casos, é necessário um socorrista para deslocar a mandíbula inferior do paciente para a frente enquanto o segundo socorrista ventila o paciente. Os profissionais de saúde devem usar a manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo para abrir a via aérea se o uso da manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço não for eficaz (Kleinman et al., 2015). As manobras manuais das vias aéreas estão resumidas na Tabela 2.2. FIGURA 2.11 A manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço é usada para abrir a via aérea quando há suspeita de lesão da coluna cervical. (De Kacmarek, Stoller, Heuer: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 10, St. Louis, 2013, Mosby.) Tabela 2.2 Manobras Manuais da Via Aérea Considerações Inclinação da Cabeça-Elevação do Queixo Tração da Mandíbula sem Extensão do Pescoço Indicações • Paciente não reativo sem evidências de lesão da coluna cervical. • Paciente reativo com possibilidade de ter lesão da coluna cervical. Vantagens • Procedimento simples de realizar. • Sem necessidade de equipamento. • Não invasiva. • Sem necessidade de equipamento. • Não invasiva. Desvantagens • Não protege a via aérea inferior de aspiração. • Pode causar movimento da coluna. • Manobra difícil de manter. • Necessário segundo socorrista para ventilação bolsa-máscara. • Não protege a via aérea inferior de aspiração. • Pode causar movimento da coluna. Aspiração [Objetivo 5] A aspiração é realizada pelas seguintes razões: • Para remover vômito, saliva, sangue ou material estranho da via aérea.• Para manter a patência de uma via aérea artificial (p. ex., TET, tubo de traqueostomia). • Para melhorar as trocas de gás, permitindo que o ar passe por meio das vias aéreas inferiores. • Para obter secreções para diagnóstico. Os cateteres de aspiração rígidos, também denominados cateteres de Yankauer, são feitos de plástico rígido e angulado para ajudar na remoção de secreções da boca e da garganta (Fig. 2.12). Devido ao seu tamanho, o cateter de aspiração rígido não é usado para aspirar as narinas, exceto externamente. O cateter tem, na maior parte das vezes, um orifício grande e vários pequenos na extremidade distal por meio dos quais as partículas podem ser aspiradas. A ponta de sucção HI-D Big Stick® (SSCOR, Inc., Sun Valley, CA) tem grande diâmetro, que é eficaz na remoção de vômito e secreções das vias aéreas superiores (Fig. 2.13). FIGURA 2.12 O cateter de aspiração rígido é usado para remover secreções provenientes da boca e da garganta. (De Perry, Potter: Clinical nursing skills & techniques, ed 8, St. Louis, 2013, Mosby.) FIGURA 2.13 O aspirador HI-D Big Stick® é eficaz na aspiração de vômito e secreções provenientes da via aérea superior. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Os cateteres de aspiração macios também são chamados cateteres flexíveis ou French. Constituem pedaços de plástico longos, estreitos e flexíveis, que são usados para aspirar sangue ou muco da orofaringe ou da nasofaringe, do TET ou do tubo de traqueostomia (Fig. 2.14). Quando se procede à aspiração da via aérea inferior, o diâmetro externo do cateter de aspiração não deve ser superior à metade do diâmetro interno do tubo traqueal, ou de traqueostomia, para minimizar o risco de atelectasia e hipoxemia quando se realiza a aspiração (Tiffin et al., 1990). FIGURA 2.14 O cateter de aspiração macio é usado para remover secreções da via aérea inferior. (De Perry, Potter: Clinical nursing skills & techniques, ed 8, St. Louis, 2013, Mosby.) O cateter de aspiração é inserido sem aplicar sucção. A aspiração é aplicada à medida que o cateter é retirado e não deve ser realizada por mais de 10 segundos, para evitar hipóxia. Após a aspiração, reavalie a permeabilidade das vias aéreas e ausculte os sons pulmonares. Documente a quantidade, cor e consistência de quaisquer secreções que forem recolhidas. As possíveis complicações da aspiração são mostradas no Quadro 2.6. Quadro 2.6 Aspiração — Complicações Possíveis • Arritmias. • Bradicardia e hipotensão causadas por estimulação vagal. • Broncoespasmo. • Hemorragia. • Hipertensão. • Hipóxia. • Aumento da pressão intracraniana. • Edema local. • Taquicardia. • Infecção traqueal. • Traumatismo traqueal. Dica ACLS Embora os micro-organismos estejam presentes em toda a via aérea, a boca e a garganta são consideradas áreas “limpas” e a porção da via aérea abaixo da glote é considerada “estéril” porque a via aérea superior contém mais micro- organismos do que as vias aéreas inferiores. Quando o paciente necessitar de aspiração superior e inferior das vias aéreas, mude os cateteres após a aspiração da via aérea superior, antes de aspirar a via aérea inferior. Em alternativa, o mesmo cateter de aspiração pode ser utilizado ao se efetuar a aspiração inferior das vias aéreas antes da aspiração das vias aéreas superiores. A aspiração das vias aéreas inferiores em primeiro lugar conduz a menor potencial de transmissão de micro-organismos para os pulmões. Adjuvantes da via aérea As manobras manuais facilitam a abertura da via aérea. Os adjuvantes das vias aéreas, tais como dispositivos faríngeos, ajudam a manter a via aérea aberta, mantendo a língua afastada da parede posterior da faringe. Cânula Oral [Objetivo 6] A cânula oral, também chamada cânula orofaríngea, é um dispositivo de plástico em forma de J, usado para criar uma passagem de ar entre a boca e a parede posterior da faringe. Uma vez que a inserção oral desses dispositivos pode provocar vômitos e, assim, aumentar o risco de aspiração em pacientes com reflexo faríngeo intacto, as indicações para sua inserção incluem pacientes não reativos e sem reflexo faríngeo. A cânula oral pode ser usada como bloqueador de mordedura após a inserção de tubo traqueal ou tubo orogástrico. Estão disponíveis cânulas orais em diferentes tamanhos, que variam de 0 para neonatos até 6 para adultos grandes. O tamanho da cânula oral é baseado na distância, em milímetros, da borda à ponta distal. Existem dois principais formatos de cânulas orais. A cânula de Guedel tem desenho tubular com um único canal central que permite a ventilação e a passagem de um cateter de aspiração (Fig. 2.15A). A cânula de Berman tem dois canais de via aérea ao longo de cada lado do dispositivo, por meio dos quais um cateter de aspiração pode ser passado para remover secreções da parte de trás da garganta (Fig. 2.15B). Quando posicionada corretamente, a borda do dispositivo repousa sobre os lábios ou sobre os dentes do paciente. A ponta distal situa-se entre a base da língua e a parte posterior da garganta, impedindo assim que a língua bloqueie a via aérea (Fig. 2.15C). O ar passa ao redor e por meio do dispositivo. FIGURA 2.15 A. Tubo de Guedel oral. B. Tubo de Berman oral. C. Cânula orofaríngea inserida. (De Kacmarek, Stoller, Heuer: Egan’s fundamentals of respiratory care, ed 10, St. Louis, 2013, Mosby.) O tamanho adequado da cânula oral é determinado colocando-se o dispositivo ao lado da face do paciente e selecionando uma cânula que se estenda do canto da boca até a ponta do lóbulo da orelha ou ao ângulo da mandíbula (Fig. 2.16). Para evitar medições imprecisas em pacientes que experimentam alteração facial após acidente vascular cerebral, alguns especialistas recomendam a medição do primeiro incisivo ou do centro dos lábios até a ponta do lóbulo da orelha ou até o ângulo da mandíbula. Se a cânula oral for muito longa, ela pode pressionar a epiglote contra a entrada da laringe, o que pode resultar em obstrução completa da via aérea (Fig. 2.17). Se a cânula for muito curta, não deslocará a língua e poderá sair da boca (Fig. 2.18). FIGURA 2.16 Selecione uma cânula orofaríngea de tamanho adequado. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) FIGURA 2.17 Uma cânula oral muito comprida pode pressionar a epiglote contra a entrada da laringe, resultando em completa obstrução das vias aéreas. (De McSwain N, Paturas J: The basic EMT, ed 2, 2003, Mosby.) FIGURA 2.18 Uma cânula oral muito curta não irá deslocar a língua, e pode sair da boca. (De McSwain N, Paturas J: The basic EMT, ed 2, 2003, Mosby.) Ao inserir a cânula oral na boca do paciente, segure o dispositivo na extremidade da borda e insira-o com a ponta apontada para o teto da boca (Fig. 2.19). À medida que a extremidade distal se aproxima da parte posterior da garganta, gire a cânula 180 graus de modo que ela seja posicionada sobre a língua. Como alternativa, a cânula pode ser inserida lateralmente e girada 90 graus para a posição final. Quando a cânula oral é inserida de forma correta, sua borda deve descansar, confortavelmente, nos lábios ou nos dentes do paciente. A colocação adequada do dispositivo é confirmada pela ventilação do paciente. Se a cânula for colocada corretamente, a elevação do tórax deve ser visível e os sons da respiração devem estar presentes na ausculta dos pulmões durante a ventilação. Se o paciente não estiver respirando ou se a respiração for inadequada, inicie ventilação por pressão positiva. FIGURA 2.19 Abra a bocado paciente e insira a cânula oral com a ponta apontando para o teto da boca. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Outro método de inserção da cânula oral requer o uso de uma lâmina para comprimir a língua. Se esse método for usado, a cânula é inserida com a ponta voltada para o chão da boca do paciente (i. e., com o lado curvo para baixo). Com o uso da lâmina para comprimir a língua, avança-se suavemente a cânula ao longo da língua até o local adequado. Se o reflexo faríngeo for recuperado ou se o paciente tentar espontaneamente deslocar a cânula oral, remova-a para minimizar o risco de aspiração. Cânula Nasal [Objetivo 6] A cânula nasal (também chamada cânula nasofaríngea) é um tubo macio, sem balões, feito de polímeros de borracha ou de plástico, utilizado para manter a língua longe da parte de trás da garganta. As indicações para o uso da cânula nasal incluem pacientes não reativos, ou com nível alterado de consciência, que continuam com o reflexo orofaríngeo intacto, mas que necessitam de assistência para a manutenção de via aérea aberta. A cânula nasal não deve ser usada em pacientes que sofreram traumatismo na área nasal ou quando existem lesões que ocupam espaço ou haja objetos estranhos bloqueando as vias nasais (Barnes, 2013). As cânulas nasais estão disponíveis em diferentes tamanhos, que variam em comprimento e diâmetro interno (Fig. 2.20). O tamanho adequado da cânula é determinado colocando-se o dispositivo ao lado da face do paciente e selecionando uma cânula que se estende desde a ponta do nariz até o ângulo da mandíbula, ou até o lóbulo da orelha (Fig. 2.21). Uma cânula nasal muito longa pode estimular o reflexo de mordedura; uma cânula muito curta não pode ser inserida o suficiente para manter a língua longe da parte de trás da garganta. FIGURA 2.20 Cânulas nasais. (De Harkreader, Hogan, Thobaben: Fundamentals of nursing: caring and clinical judgment, ed 3, St. Louis, 2007, Saunders.) FIGURA 2.21 A cânula nasal de tamanho adequado estende-se desde a ponta do nariz do paciente até o ângulo da mandíbula ou o lóbulo da orelha. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Antes de inserir a cânula nasal, lubrifique a ponta distal do dispositivo, abundantemente, com lubrificante solúvel em água para minimizar a resistência e diminuir a irritação por meio da passagem nasal. Segure a cânula nasal na extremidade da borda como um lápis e a insira, lentamente, na maior narina do paciente, com a concavidade voltada para o septo nasal (Fig. 2.22). Durante a inserção, não force a cânula, porque esta pode cortar ou raspar a mucosa nasal; isso pode resultar em sangramento significativo, o que aumenta o risco de aspiração. O sangramento pode ocorrer em até 30% dos pacientes após inserção nasal (Link et al., 2015). Se for encontrada resistência, uma suave rotação do dispositivo para a frente e para trás pode facilitar a inserção. Se a resistência persistir, retire a cânula, reaplique o lubrificante e tente inserir na outra narina do paciente. FIGURA 2.22 Inserção de cânula nasal. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Avance a cânula ao longo do assoalho da narina, seguindo a curvatura natural da passagem nasal até que a borda fique alinhada com a narina. Se ocorrer branqueamento da narina após a colocação, o diâmetro da cânula nasal é muito grande. Nesta situação, deve-se remover a cânula nasal e inserir outra com tamanho menor. A colocação adequada do dispositivo é confirmada pela ventilação do paciente. Se a cânula nasal estiver colocada corretamente, a elevação do tórax deve ser visível e os sons respiratórios devem estar presentes na ausculta dos pulmões durante a ventilação. Se o paciente não estiver respirando ou se a respiração for inadequada, inicie ventilação por pressão positiva. As indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens das cânulas orais e nasais são mostradas na Tabela 2.3. Tabela 2.3 Cânulas Orofaríngea e Nasofaríngea Considerações Cânula Orofaríngea Cânula Nasofaríngea Indicações • Ajuda a manter a via aérea aberta no paciente não reativo sem reflexo faríngeo, que não está intubado. • Ajuda a manter a via aérea aberta no paciente não reativo sem reflexo faríngeo, que está sendo ventilado com bolsa-máscara ou outro dispositivo por pressão positiva. • Pode ser usada como bloqueador de mordedura após a inserção de tubo traqueal ou orogástrico. • Para auxiliar na manutenção de via aérea quando o uso de cânula orofaríngea for contraindicado ou difícil de colocar, como quando a mandíbula do paciente está cerrada durante convulsão ou perante traumatismo oral. Contraindicações • Paciente reativo com reflexo faríngeo intacto. • Trauma craniofacial grave. • Intolerância do paciente. Determinação do Tamanho • Desde o canto da boca até a ponta do lóbulo da orelha ou o ângulo da mandíbula. • Desde a ponta do nariz até o ângulo da mandíbula ou o lóbulo da orelha. Vantagens • Posiciona a língua para frente, distanciando-se da parte de trás da garganta. • Fácil colocação. • Promove via aérea patente. • Tolerada por pacientes reativos. • Não necessita que a boca esteja aberta. Desvantagens • Não protege a via aérea inferior de aspiração. • Pode causar vômitos se for usada em pacientes reativos ou semirreativos com reflexo faríngeo. • Não protege a via aérea inferior de aspiração. • Técnica inadequada pode causar hemorragia grave; epistaxe resultante pode ser difícil de controlar. • Difícil realizar aspiração por meio do dispositivo. • Apesar de tolerada pela maioria dos pacientes reativos e semirreativos, pode estimular o reflexo faríngeo em pacientes sensíveis, precipitar vômito, engasgamento ou laringoespasmo. Precauções • O uso do dispositivo não elimina a necessidade de manter a cabeça em posição adequada. • O uso do dispositivo não elimina a necessidade de manter a cabeça em posição adequada. Ventilação por pressão positiva [Objetivo 7] A oxigenação adequada requer via aérea aberta e troca de ar adequada. Após a abertura da via aérea, determine se a respiração do paciente é adequada ou inadequada. Se os esforços ventilatórios forem inadequados, a respiração do paciente poderá ser assistida por meio da entrega forçada de ar para dentro dos pulmões (i. e., fornecer ventilações com pressão positiva). A VNPP, ventilação boca a máscara e VBM são exemplos de métodos que podem ser usados para fornecer ventilação por pressão positiva. Ventilação Não Invasiva por Pressão Positiva [Objetivos 7, 8] A VNPP, também chamada ventilação não invasiva (VNI), é o fornecimento de suporte ventilatório ao paciente que respira espontaneamente, sem usar via aérea artificial invasiva (p. ex., TET, tubo de traqueostomia). A VNPP tem sido eficazmente utilizada para evitar ou diminuir as taxas de intubação endotraqueal e melhorar os resultados (p. ex., reduzir as taxas de mortalidade, diminuir a duração da hospitalização) em pacientes com exacerbações graves de DPOC ou edema pulmonar cardiogênico agudo, em pacientes imunossuprimidos com patologia respiratória aguda ou insuficiência respiratória, e como adjuvante do desmame precoce da ventilação mecânica em pacientes com DPOC (Keenan et al., 2011). Em geral, os melhores candidatos para VNPP são pacientes colaborativos, capazes de proteger a sua via aérea e que se encontram, hemodinamicamente, estáveis (Liesching et al., 2003). Embora existam várias interfaces disponíveis, o paciente, normalmente, usa máscara nasal, máscara oronasal ou máscara facial completa,equipada com tiras para manter a máscara firme no lugar. O suporte ventilatório é fornecido por meio de ventilador-padrão ou portátil. O termo ventilação não invasiva por pressão positiva engloba vários modos de ventilação com pressão positiva, incluindo CPAP e BiPAP, mas estes modos de VNPP são nitidamente diferentes. Com CPAP não invasiva, é fornecida pressão contínua maior que a pressão atmosférica ao longo do ciclo respiratório. A CPAP proporciona suporte das vias aéreas ao abrir a via aérea superior, aumentando o volume pulmonar e aumentando a pressão intratorácica, mas não diminui a carga de trabalho dos músculos inspiratórios do paciente durante a respiração (Hess, 2013). Como a CPAP é útil na melhora da oxigenação alveolar, é mais eficaz em condições hipoxêmicas (p. ex., insuficiência cardíaca) do que em estados hipercápnicos. Quando a BiPAP é administrada, são aplicados dois níveis de pressão; pressão mais elevada é usada durante a inspiração (i. e., pressão inspiratória positiva nas vias aéreas) e pressão mais baixa é utilizada durante a expiração (pressão expiratória positiva nas vias aéreas), diminuindo assim, a carga muscular inspiratória do paciente. A BiPAP é útil na insuficiência hipercápnica (p. ex., exacerbações da DPOC), bem como na insuficiência mista hipóxica e hipercápnica. As contraindicações para VNPP são mostradas no Quadro 2.7. Quadro 2.7 Ventilação Não Invasiva por Pressão Positiva — Contraindicações • Parada cardíaca. • Obstrução completa da via aérea superior. • Secreções excessivas. • Traumatismo ou deformidade facial. • Instabilidade hemodinâmica. • Risco elevado de aspiração. • Incapacidade de adaptação da máscara. • Incapacidade para proteger a via aérea. • Recente cirurgia facial, esofágica ou gástrica. • Parada respiratória. • Vômitos incontroláveis. • Paciente não colaborante. Dica ACLS Dado que a BiPAP é o modo mais usado na VNPP, alguns médicos usam os termos BiPAP e VNPP como sinônimos. Ventilação Boca a Máscara [Objetivos 7, 9] O dispositivo utilizado para ventilação boca a máscara é, muitas vezes, chamado máscara de bolso, máscara facial de bolso, máscara facial de ventilação ou máscara de ressuscitação. A máscara facial de bolso é transparente e semirrígida, permitindo a selagem ao redor da boca e nariz do paciente (Fig. 2.23). As máscaras utilizadas para a ventilação devem ser feitas de material transparente para permitir a avaliação da cor dos lábios do paciente e a detecção de vômito, secreções ou outras substâncias e devem estar equipadas com entrada de oxigênio e conector-padrão que permita a ligação a dispositivo de máscara de saco (ou outra ventilação). FIGURA 2.23 Máscara de bolso. (Cortesia de Laerdal Medical.) Ao ventilar o paciente com máscara de bolso, conecte uma válvula unidirecional à entrada da ventilação na máscara. Se houver entrada de oxigênio na máscara e oxigênio disponível, conecte a tubulação de oxigênio à entrada e defina a taxa de fluxo entre 10 e 12 L/min. Posicione-se à cabeceira ou ao lado do paciente. Posicionar-se, diretamente, acima da cabeça do paciente permite observar o tórax durante a ventilação. Essa posição é utilizada se o paciente estiver em parada respiratória (mas não parada cardíaca) ou quando for realizada ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com dois socorristas. Se estiver sozinho, posicionar-se ao lado do paciente permite que você mantenha a mesma posição tanto para realizar a respiração de resgate como para realizar as compressões torácicas. Abra a via aérea do paciente. Se necessário, limpe as vias respiratórias de secreções ou vômito. Se o paciente não estiver reativo e não tiver reflexo orofaríngeo, insira a cânula oral. Selecione a máscara de tamanho apropriado e coloque-a no rosto do paciente. A máscara de tamanho correto deve se estender desde as asas do nariz até o sulco entre o lábio inferior e o queixo. Se a máscara não estiver devidamente posicionada e se não mantiver um selo apertado, o ar vazará entre a máscara e a face do paciente, resultando, desse modo, no fornecimento de menos volume corrente para o paciente. Menos volume corrente resulta em menos insuflação pulmonar, o que significa menos oxigenação. A técnica E-C clamp, também chamada selagem E-C, pode ser usada para criar boa selagem entre a face e a máscara e fornecer ventilação eficaz (Fig. 2.24). Aplique a parte estreita (i. e., o ápice) da máscara sobre o dorso do nariz do paciente e estabilize-a no lugar com os polegares. Abaixe a máscara sobre o rosto e a boca do paciente. Use os dedos indicadores para estabilizar a extremidade larga (i. e., a base) da máscara sobre o sulco entre o lábio inferior e o queixo. Quando posicionados corretamente, o polegar e o indicador criarão um “C”. Empurre a máscara de forma suave para estabelecer selagem adequada. Posicione os dedos restantes ao longo do ângulo da mandíbula para formar um “E”. Use esses dedos para levantar a mandíbula e puxar o queixo do paciente para a máscara. Ventile os pulmões por meio da válvula unidirecional no topo da máscara à frequência de uma respiração a cada 5 a 6 segundos, ou cerca de 10 a 12 respirações/min. Efetue cada respiração durante 1 segundo e pare a ventilação quando observar elevação suave do tórax. FIGURA 2.24 Técnica E-C clamp para ventilação boca a máscara ou VBM. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Dica ACLS Distensão gástrica é uma complicação da ventilação por pressão positiva que pode levar a vômito e subsequente aspiração. A distensão gástrica também restringe o movimento do diafragma, impedindo a ventilação, e diminui a eficácia da RCP se o paciente estiver em parada cardíaca. Outro método utilizado na ventilação é a técnica da eminência tenar (ET), também chamada selagem TE. Quando o método ET é usado, as ETs de ambas as mãos são usadas para manter a máscara no lugar (Fig. 2.25). Os dedos do socorrista estão posicionados sob o ângulo da mandíbula do paciente para realizar a elevação da mandíbula (Fig. 2.26). Pesquisas mostraram que o uso da técnica ET é mais fácil para socorristas inexperientes e leva a melhora da ventilação em comparação com a técnica E-C clamp (Gerstein et al., 2013). As indicações, vantagens e desvantagens da ventilação boca a máscara são mostradas na Tabela 2.4. FIGURA 2.25 As eminências tenares de ambas as mãos do socorrista mantêm firmemente a máscara facial no local adequado. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) FIGURA 2.26 Os dedos do socorrista posicionam-se debaixo do ângulo da mandíbula do paciente para efetuar a elevação da mandíbula. (De Roberts J: Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Tabela 2.4 Ventilação Boca a Máscara Concentração de Oxigênio Inspirado • Sem oxigênio suplementar atinge entre 16% a 17% (ar exalado). • Ventilação boca a máscara combinada com oxigênio suplementar com fluxo mínimo de 10 L/min atinge cerca de 50%. Vantagens • Mais aceitável em termos estéticos do que a ventilação boca a boca. • Fácil de ensinar e de aprender. • Barreira física entre o socorrista e o nariz, a boca e as secreções do paciente. • Reduz (mas não previne) o risco de exposição a doenças infecciosas. • O uso de válvula unidirecional na extremidade da ventilação diminui a exposição ao ar exalado do paciente. • Se o paciente voltar a respirar de forma espontânea, a máscara pode ser usada como máscara facial simples para fornecer 40% a 60% de oxigênio por meio da administração de oxigênio suplementar pela entrada na máscara (se esta estiver equipada). • Pode fornecervolume corrente superior quando comparada com DBM. • O socorrista pode sentir a complacência dos pulmões do paciente (a complacência refere-se à resistência do tecido pulmonar à ventilação). Desvantagens • Fadiga do socorrista. • Possibilidade de distensão gástrica. Ventilação Bolsa-Válvula-Máscara [Objetivo 7] O DBM é um saco autoinsuflável com mecanismo de válvula não respiratório (Fig. 2.27). O DBM também pode ser denominado como bolsa-máscara, dispositivo de bolsa-válvula-máscara ou ressuscitador de bolsa-máscara (quando a máscara é usada), ou como dispositivo de bolsa-válvula (quando a máscara não é usada — i. e., quando a ventilação do paciente é efetuada por meio de tubo traqueal ou tubo de traqueostomia). O DBM deve estar equipado com máscara plástica transparente descartável com cuff de alto volume e baixa pressão; acessórios-padrão para permitir a ligação do dispositivo à máscara- padrão, à via aérea avançada ou a outro dispositivo de ventilação; e dispositivo de coleta de oxigênio (i. e., reservatório) para permitir o fornecimento de altas concentrações de oxigênio. FIGURA 2.27 Dispositivos de bolsa-máscara. (Cortesia de Laerdal Medical.) Fornecimento de Oxigênio [Objetivo 9] Quando se utiliza o DBM, a quantidade de oxigênio administrada depende da frequência ventilatória, do volume fornecido durante cada respiração, do fluxo de O2 no saco de ventilação, do tempo de enchimento do saco reservatório e do tipo de reservatório utilizado (Reardon et al., 2014a). Os volumes correntes fornecidos variam de acordo com o tipo de reservatório, o tamanho da mão do socorrista e as características corporais do paciente (Rouse e Frakes, 2010). Um DBM que é usado sem oxigênio suplementar fornecerá 21% de oxigênio (i. e., ar ambiente) para o paciente. O DBM deve ser conectado a uma fonte de oxigênio. Para isso, ligue uma extremidade à fonte de oxigênio, conectando a tubulação à entrada de oxigênio no DBM e a outra extremidade ao regulador de oxigênio. O DBM que é utilizado com oxigênio suplementar com fluxo de 10 a 15 L/min proporciona, aproximadamente, 40% a 60% de oxigênio ao paciente quando utilizado sem reservatório. De modo ideal, um reservatório de oxigênio deve ser ligado à bolsa-máscara para fornecer elevadas concentrações de oxigênio. O reservatório recolhe volume com 100% de oxigênio, que é igual à capacidade do saco. Depois de apertar a bolsa, ela se reexpande e extrai oxigênio a 100% do reservatório para o saco. O DBM que é utilizado com oxigênio suplementar a um fluxo de 10 a 15 L/min e com reservatório ligado fornece, aproximadamente, 90% a 100% de oxigênio ao paciente. As vantagens e desvantagens da VBM estão patentes no Quadro 2.8. Quadro 2.8 Ventilação Bolsa-Máscara Vantagens • Constitui um meio de fornecimento de mistura enriquecida de oxigênio ao paciente. • Pode ser usada tanto no paciente sob respiração espontânea quanto no paciente sem respiração espontânea. • Permite ao socorrista que realiza ventilação por DBM ter noção da complacência dos pulmões do paciente. • Fornece meio de suporte ventilatório imediato. Desvantage ns • Requer experiência para ser usado de forma eficaz. • Fornecimento de volumes correntes inadequados. • Causa fadiga no socorrista. • Pode levar a distensão gástrica. Ventilação com Dispositivo Bolsa-Máscara [Objetivos 7, 10] A realização de ventilação com pressão positiva com DBM pode ser difícil. Várias razões contribuem para isso, mas nenhuma é tão importante como a incapacidade de criar boa selagem com a máscara, ao mesmo tempo que se gera volume corrente adequado por meio do aperto da bolsa. A VBM é uma operação que requer dois socorristas. A um é atribuída a responsabilidade de abrir e manter a via aérea, criando boa selagem com a máscara. Este fato libera o segundo para apertar a bolsa. Para ventilar com DBM, posicione-se na cabeceira do paciente, este em posição supina, e abra a via aérea. Se necessário, limpe as vias respiratórias de secreções ou de vômito. Se o paciente não estiver reativo, insira uma cânula oral. Em seguida, selecione um saco e máscara de tamanho apropriado para o paciente. Conecte o saco à máscara se isso ainda não tiver sido feito. Conecte o saco ao oxigênio a um fluxo de 15 L/min e adapte um reservatório. Coloque a máscara no rosto do paciente. Crie boa selagem face-máscara, com a máscara posicionada sobre a boca e o nariz do paciente. Embora a VBM com apenas um socorrista não seja recomendada durante a RCP (Link et al., 2015), se você se encontrar nesta situação, pressione a máscara firmemente contra a face do paciente com uma mão usando a técnica E-C clamp descrita anteriormente (e, em simultâneo, utilize-a para manter a posição adequada da cabeça) e, em seguida, aperte o saco com a outra mão (Fig. 2.28). Se um segundo socorrista estiver presente, pode-se usar a técnica E-C clamp ou a técnica ET. FIGURA 2.28 Ventilação bolsa-máscara com um socorrista por meio da técnica E-C clamp. (De Sole ML, Klein DG, Moseley MJ: Introduction to critical care nursing, ed 6, St Louis, 2013, Saunders.) Se houver disponibilidade de um assistente, peça-lhe que aperte a bolsa até que o tórax expanda enquanto pressiona a máscara firmemente contra o rosto do paciente com ambas as mãos e, ao mesmo tempo, mantém a posição correta da cabeça (Fig. 2.26). Observe a elevação e queda do tórax em cada ventilação. Forneça cada respiração durante 1 segundo e pare a ventilação quando observar a elevação suave do tórax. Ventile o paciente adulto com a frequência de uma respiração por cada 5 a 6 segundos, ou cerca de 10 a 12 respirações/min. Dica ACLS A avaliação da elevação do tórax, sons respiratórios, saturação de oxigênio e capnografia deve ser utilizada para avaliar a eficácia da oxigenação e ventilação (Reardon et al., 2014a). Um indicador fidedigno de ventilação adequada é a elevação e queda da parede torácica do paciente em cada ventilação com frequência respiratória adequada à idade. Outra indicação de que o paciente está sendo bem ventilado é a melhora da condição dele, o que pode ser evidenciado por melhora na cor, leituras de oxímetro de pulso, frequência cardíaca e capacidade de resposta. Durante a VBM, evite ventilação excessiva (quer por frequência quer por volume) e permita que haja tempo adequado para a expiração ocorrer. A ventilação excessiva diminui a pressão de perfusão coronariana e pode diminuir a probabilidade de retorno subsequente da circulação espontânea em pacientes em parada cardiorrespiratória (Aufderheide et al., 2004). Além disso, procure perceber a complacência ao ventilar os pulmões do paciente. A complacência pulmonar refere-se à resistência do tecido pulmonar do paciente à ventilação. Os pulmões são, normalmente, maleáveis e expandem-se facilmente. Se os pulmões se comportarem como rígidos ou inflexíveis, pode-se dizer que a complacência é baixa. Obstrução das vias aéreas superiores, obstrução das vias aéreas inferiores, broncoespasmo grave e pneumotórax de tensão são exemplos de condições que podem causar complacência pulmonar deficiente e incapacidade de ventilação. Se a qualquer momento você perceber que a complacência pulmonar é baixa, reavalie o paciente para garantir que a via aérea permaneça desobstruída e que os sons pulmonares sejam limpos e simétricos. Resolução de Problemas por Ventilação Bolsa-Máscara [Objetivo 11] Os problemas mais frequentes com a VBM são: incapacidade de fornecer volumes ventilatórios adequados e insuflação gástrica (Reardon et al., 2014a). O fornecimento de volume ventilatório inadequado pode ser o resultado da dificuldade de proporcionar selagem estanque à face do paciente enquanto, simultaneamente,se mantém a via aérea aberta, compressão incompleta do saco, ou ambos. Pode ocorrer insuflação gástrica se se utilizarem força e volume excessivos durante a ventilação. Se o tórax não subir e descer com a VBM, reavalie o paciente da seguinte forma: • Comece por reavaliar a posição da cabeça do paciente. Reposicione a via aérea e tente ventilar novamente. • O fornecimento inadequado de volume corrente pode ser o resultado de selagem inadequada da máscara ou de compressão incompleta do saco. Se o ar escapar sob a máscara, reposicione os dedos e a máscara, e reavalie a eficácia da compressão do saco. • Verifique se há obstrução da via aérea. Levante a mandíbula e proceda à aspiração da via aérea, conforme necessário. Se o tórax, ainda assim, não subir, selecione método alternativo de ventilação por pressão positiva. Vias aéreas avançadas [Objetivo 12] Os dispositivos extraglóticos das vias aéreas, anteriormente chamados vias aéreas supraglóticas, são vias aéreas avançadas que são inseridas às cegas. Podem ser utilizados em locais onde a intubação traqueal não é permitida, ou em comunidades nas quais os profissionais de saúde têm pouca oportunidade de obter experiência com a técnica de intubação orotraqueal por terem poucos pacientes. Eles também podem ser usados por anestesiologistas para procedimentos rápidos e de baixo risco. As vias aéreas extraglóticas estão disponíveis em vários tamanhos e podem ser colocadas durante a RCP, minimizando assim, as interrupções das compressões torácicas (Anders et al., 2014). Exemplos de dispositivos de via aérea extraglótica incluem: o Combitube esôfago-traqueal (Nellcor, Pleasanton, CA), a máscara laríngea clássica (ML) — Laryngeal Mask Company, Singapura — (Fig. 2.29), a máscara laríngea air-Q (Cookgas, St. Louis, MO), a máscara laríngea i-gel (Intersurgical LTD, Wokingham, Berkshire, UK), o tubo laríngeo (King Airway-LTS-D, King Systems, Noblesville, IN) e o EasyTube da Rüsch (Teleflex Medical, Limerick, PA). FIGURA 2.29 O dispositivo máscara laríngea é um exemplo de dispositivo de via aérea extraglótica. (De Rothrock: Alexander’s care of the patient in surgery, ed 15, St. Louis, 2015.) A intubação endotraqueal é um exemplo de procedimento via intraglótica em que um tubo é colocado diretamente na traqueia (Fig. 2.30). Este procedimento demanda treino, equipamento e requerimentos especiais e pode ser efetuado por várias razões, entre as quais: assegurar a manutenção de anestesia, auxiliar a respiração do paciente com ventilação por pressão positiva e proteger a via aérea de aspiração. FIGURA 2.30 A intubação endotraqueal é um exemplo de procedimento de via aérea intraglótica. (De Pfenninger JL, Fowler GC: Pfenninger and Fowler’s Procedures for Primary Care, ed 3, Philadelphia, 2011, Saunders.) Dica ACLS A inserção de vias aéreas avançadas requer alto grau de habilidade e conhecimento, bem como prática regular para manter a proficiência. A prática regular, programas de educação continuada e programa eficaz de manejo da qualidade para monitorar o desempenho das competências são essenciais para todos os profissionais de saúde que realizam essa manobra. As diretrizes atuais de ressuscitação mostram que não há evidência que demonstre diferença na sobrevivência ou no desfecho neurológico favorável com o uso da VBM em comparação com a intubação endotraqueal ou outros dispositivos das vias aéreas avançadas; além disso, o momento ideal de colocação das vias aéreas avançadas para maximizar o resultado não foi estudado de forma adequada (Link et al., 2015). Portanto, DBM, ou via aérea avançada, podem ser usadas para assegurar a oxigenação e ventilação durante a RCP, tanto em ambiente hospitalar como fora dele (Link et al., 2015). Para os profissionais de saúde que têm experiência com o seu uso, a via aérea extraglótica ou o TET podem ser usados como a via aérea avançada inicial durante a RCP (Link et al., 2015). Em situações de parada cardíaca, os membros da equipe de ressuscitação podem optar por adiar a inserção de via aérea avançada até vários minutos depois do início da parada cardíaca ou até que haja retorno da circulação espontânea. Se a via aérea avançada não for inserida, o paciente deve ser ventilado à frequência de 10 a 12 respirações por minuto. Se se decidir inserir a via aérea avançada durante as manobras de ressuscitação, para efetuar a ventilação, não há necessidade de interromper (ou mesmo pausar) as compressões torácicas uma vez que a via aérea avançada esteja no lugar — a menos que a ventilação seja inadequada quando as compressões não forem interrompidas (Link et al., 2015). Após a inserção de via aérea avançada, o paciente deve ser ventilado à frequência respiratória de uma respiração a cada 6 segundos (10 respirações/min) (Link et al., 2015). Evite fornecer quantidade ou volume de ventilações em excesso. Dica ACLS Lembre-se de que ventilar o paciente em parada cardíaca de forma muito rápida ou com muito volume resulta em pressão intratorácica excessiva, o que causa diminuição do retorno venoso no tórax, das pressões de perfusão coronariana e cerebral, do débito cardíaco e das taxas de sobrevivência. Confirmação da Colocação do Tubo Endotraqueal [Objetivo 13] Os seguintes métodos são usados para verificar a colocação adequada do TET: • Visualização da passagem do tubo traqueal entre as cordas vocais. • Ausculta da presença de sons respiratórios bilaterais. • Confirmação da ausência de sons sobre o epigástrio durante a ventilação. • Observação de expansão adequada do tórax com cada ventilação. • Determinação da ausência de sons vocais após a colocação do tubo traqueal. • Medição do nível de EtCO2 (capnografia sob a forma de onda contínua é a preferida). • Verificação da colocação do tubo com o uso de DDE. • Obtenção de radiografia de tórax. Além desses métodos, algumas instituições usam imagens de ultrassom como adjuvante para monitorar a posição adequada do TET. Não confie exclusivamente em um método ou dispositivo para detectar e monitorar uma intubação esofágica inadvertida. As diretrizes atuais de ressuscitação recomendam o uso de capnografia contínua em forma de onda, além da avaliação clínica, como método mais confiável de confirmação e monitorização da colocação correta do TET (Link et al., 2015). Detector de CO2 sem forma de onda, DDE ou ultrassom utilizados por operador experiente são alternativas razoáveis se capnometria sob a forma de onda contínua não estiver disponível (Link et al., 2015). Dica ACLS A via aérea avançada que é mal colocada ou que se desloca do local correto pode ser fatal. Crie uma rotina para voltar a verificar a colocação da via aérea avançada imediatamente após a sua inserção, após a fixação do tubo, durante o transporte intra ou inter-hospitalar e sempre que se proceder à mobilização do paciente. Certifique-se de documentar a posição em centímetros do tubo ao nível dos dentes/lábios do paciente. A capnografia pode ser usada para alertá- lo, imediatamente, sobre a má colocação ou deslocação do tubo. Dispositivos de Detecção Esofágica [Objetivo 13] Os DDEs, também chamados detectores de intubação esofágica, são usados para ajudar a determinar se o tubo traqueal está na traqueia ou no esôfago. Existem dois tipos de detectores esofágicos: seringas e lâmpadas. O dispositivo de seringa é ligado ao tubo traqueal com o êmbolo completamente inserido no cano da seringa. Se o tubo estiver na traqueia, o êmbolo pode ser, facilmente, retirado do corpo da seringa. Se o tubo traqueal estiver no esôfago, a resistência será sentida quando o êmbolo for retirado, uma vez que as paredesdo esôfago irão colapsar quando a pressão negativa for aplicada à seringa. O DDE deve ser verificado quanto à existência de fugas de ar antes de ser utilizado. Se alguma ligação estiver solta, a fuga pode permitir que a seringa seja facilmente retirada, imitando assim a localização traqueal do tubo (Reardon et al., 2014b). O dispositivo de bulbo é comprimido antes de ser ligado ao tubo traqueal (Fig. 2.31). Gera-se vácuo à medida que a pressão sobre o bulbo é liberada. Se o tubo estiver na traqueia, a lâmpada vai recarregar, facilmente, quando a pressão for liberada, indicando assim a colocação adequada do tubo. Se o tubo traqueal estiver no esôfago, o bulbo permanecerá colapsado, o que indica colocação inadequada. Condições em que a traqueia tende a colapsar podem conduzir a conclusões enganadoras. Exemplos dessas condições incluem: obesidade mórbida, gravidez tardia, estado asmático e presença de secreções traqueais profusas. FIGURA 2.31 Dispositivo detector esofágico do tipo bulbo. (De Sandberg, Urman, Ehrenfeld: The MGH textbook of anesthetic equipment, Philadelphia, 2011, Saunders.) Se o DDE for usado para confirmar a colocação do tubo, aplique o dispositivo no tubo antes da insuflação do cuff distal. A insuflação do cuff move a extremidade distal do tubo traqueal para longe das paredes do esôfago. Se o tubo tiver sido, inadvertidamente, inserido no esôfago, este movimento fará com que haja reexpansão do bulbo do detector, o que sugere, de forma errada, que o tubo está na traqueia. Integração de todos os elementos O questionário do capítulo e o estudo de caso que se seguem são fornecidos para ajudá-lo a integrar as informações apresentadas neste capítulo. Enquanto você trabalha com o estudo de caso, lembre-se de que pode haver ações alternativas que são totalmente aceitáveis, mas que não foram apresentadas no estudo de caso. Questionário do capítulo Múltipla Escolha Identifique a melhor opção que completa a afirmação ou responde à pergunta. ____ 1. Se não houver suspeita de traumatismo de cabeça ou pescoço, quais das seguintes técnicas os profissionais de saúde devem usar para abrir as vias aéreas? A. Elevação da língua-mandíbula. B. Inclinação da cabeça-elevação do queixo. C. Inclinação da cabeça-elevação do pescoço. D. Tração da mandíbula sem extensão do pescoço. ____ 2. Um dispositivo orofaríngeo: A. Pode resultar em obstrução da via aérea se for inserido incorretamente. B. É, geralmente, bem tolerado no paciente reativo ou semirreativo. C. Deve ser lubrificado com lubrificante à base de petróleo antes da inserção. D. Pode, inadvertidamente, entrar na abóbada craniana, se for usado em paciente com lesão craniofacial. ____ 3. Qual dos seguintes dispositivos pode ser usado para realizar ventilação por pressão positiva? A. Cânula nasal. B. Máscara facial de bolso. C. Máscara facial simples. D. Máscara não reinalante. ____ 4. Qual das seguintes afirmações é verdadeira no que diz respeito a dispositivos nasofaríngeos? A. Uma cânula nasal pode ser colocada em cada narina para ajudar a manter a via aérea aberta. B. A cânula nasal só deve ser usada em pacientes que não respondem e que não têm reflexo faríngeo. C. A cânula nasal de tamanho correto estende-se desde o canto da boca do paciente até a ponta do lóbulo da orelha. D. Quando posicionada adequadamente, a ponta distal da cânula nasal repousa na traqueia do paciente. ____ 5. A complacência pulmonar refere-se a: A. Resistência do tecido pulmonar do paciente à ventilação. B. A quantidade de gás inalado ou exalado durante a respiração normal. C. Intercâmbio de oxigênio e dióxido de carbono durante o metabolismo celular. D. A quantidade de ar que entrou e saiu do trato respiratório em 1 minuto. ____ 6. Você e um colega de trabalho chegam e encontram uma mulher de 78 anos não reativa na cama. Ela não respira, mas tem pulso. Você tem uma máscara facial de bolso na mão que está equipada com entrada de oxigênio. Depois de conectar rapidamente a tubulação de oxigênio à entrada na máscara, você deve ajustar o fluxo de oxigênio para: A. 1 a 2 L/min. B. 4 a 6 L/min. C. 8 a 10 L/min. D. 10 a 12 L/min. ____ 7. Qual dos seguintes fornecerá a concentração de oxigênio mais elevada? A. Cânula nasal com fluxo de oxigênio de 4 L/min. B. Máscara de bolso com fluxo de oxigênio de 10 L/min. C. Máscara facial simples com fluxo de oxigênio de 8 L/min. D. Máscara não reinalante com fluxo de oxigênio de 10 L/min. ____ 8. Sinais de ventilação adequada por meio de ventilação com DBM incluem: A. A presença de sons de borbulhar durante a ventilação. B. A elevação e queda da parede torácica do paciente em cada ventilação. C. O colapso do reservatório de oxigênio no DBM em cada ventilação. D. O DBM torna-se, progressivamente, mais difícil de comprimir em cada ventilação. ____ 9. Qual dos seguintes não é exemplo de dispositivo das vias aéreas extraglóticas? A. Tubo laríngeo. B. TET. C. ML clássica. D. Combitube esôfago-traqueal. ____ 10. Um homem de 19 anos não responde e não respira. Está presente pulso lento e fraco. O melhor curso de ação é: A. Iniciar compressões torácicas. B. Inserir via aérea avançada. C. Administrar oxigênio por cânula nasal. D. Inserir dispositivo orofaríngeo e iniciar VBM. ____ 11. A intubação traqueal: A. Está contraindicada em pacientes que não respondem. B. Elimina o risco de aspiração de conteúdo gástrico. C. Deve ser precedida por esforços para ventilar por outro método. D. Quando tentada, deve ser executada em menos de 60 segundos. ____ 12. Ao ventilar um paciente por meio de DBM, os socorristas podem fornecer com sucesso cerca de __ de oxigênio sem o uso de oxigênio suplementar. A. 16%. B. 21%. C. 50%. D. 80%. Estudo de caso 2-1 Sua paciente é uma mulher de 85 anos que apresenta dificuldade em respirar. Ela tem longa história de DPOC e tem sentido aumento de dispneia desde ontem. Você tem pessoal suficiente de suporte de vida avançado disponível para ajudá-la e executar as suas instruções. Possui equipamentos de emergência disponíveis. 1. À medida que se aproxima da paciente, você observa que ela está em uma maca na posição supina. Os olhos estão fechados, os lábios estão azuis e a pele está pálida. Você não vê sinais de respiração. O que deve ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 2. A paciente encontra-se não reativa. O que deverá ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3. A paciente não respira, mas tem pulso carotídeo. A frequência cardíaca é lenta, fraca e regular. O que deverá ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 4. Como irá abrir a via aérea da paciente? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Quantidade significativa de muco é observada na boca da paciente. Como poderá resolver esse problema? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 6. A via aérea da paciente está livre. Você pediu a um membro da equipe para inserir uma cânula orofaríngea. Como se determina o tamanho adequado da cânula orofaríngea? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 7. Em que situações está contraindicado o uso de cânula orofaríngea? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 8. Inseriu-se cânula orofaríngea. A paciente ainda não respira. O que deverá ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 9. Distinga entre a técnica E-C clamp e a técnica ET para a realização de VBM. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 10. Quais são os problemas mais frequentemente associados ao uso da VBM? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 11. O tórax não se eleva apesar das tentativas de ventilar a paciente com DBM. Qual é a primeira coisa que você deve fazer para resolver este problema? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 12. Com o início da VBM constata-se subida simétrica do tórax. A ausculta pulmonar revela sons respiratórios limpos nos lobos pulmonares superiores e sons diminuídos nos lobos inferiores bilateralmente. A pressão arterial da paciente é de 108/74 mmHg. Procederam à monitorização cardíaca da paciente, que revela o ritmo cardíaco apresentado. Qual é o ritmo no monitor? O que deve ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ (De Aehlert: ECGs made easy, ed 4, St. Louis, 2011, Mosby.) 13. Foi colocado acesso vascular com soro fisiológico. A paciente foi intubada com TET, e o cuff insuflado. Como deverá proceder para confirmar a colocação correta do TET? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 14. A capnografia sob a forma de onda confirmou a presença de CO2. Procedeu- se à fixação do TET. O que deverá ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Respostas ao questionário do capítulo 1. B. A inclinação da cabeça-elevação do queixo é a técnica preferida para a abertura da via aérea do paciente não reativo, sem suspeita de lesão da coluna cervical. Se houver suspeita de traumatismo, deve-se utilizar a tração da mandíbula sem a manobra de extensão do pescoço. Os profissionais de saúde devem usar a manobra de elevação do queixo para abrir a via aérea se o uso da manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço não for eficaz. OBJ: Descrever e demonstrar as etapas necessárias para executar a manobra de inclinação da cabeça--elevação do queixo e tração da mandíbula sem extensão do pescoço e relacionar o mecanismo de lesão à abertura da via aérea. 2. A. A cânula oral só deve ser usada em pacientes não reativos e que não têm tosse ou reflexo faríngeo, porque pode estimular o vômito ou laringoespasmo em pacientes reativos ou semirreativos. Se a cânula for muito comprida, pode pressionar a epiglote contra a entrada da laringe, resultando em obstrução completa da via aérea. Se a cânula for muito curta, não deslocará a língua e o dispositivo poderá sair da boca. Lubrificante à base de petróleo nunca deve ser usado porque pode danificar o dispositivo de via aérea e causar inflamação do tecido. A cânula nasal (não a cânula oral) pode, inadvertidamente, entrar na abóbada craniana se for inserida no nariz de um paciente que sofreu lesão craniofacial. OBJ: Discutir as indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens das cânulas oral e nasal, e demonstrar como escolher os tamanhos de forma correta e inserir cada um desses adjuvantes na via aérea. 3. B. VNPP, ventilação boca a máscara e VBM são exemplos de métodos que podem ser usados para fornecer ventilação por pressão positiva. Os outros dispositivos listados (cânula nasal, máscara facial simples e máscara não reinalante) não fornecem volume corrente; são dispositivos de liberação de oxigênio e requerem que o paciente respire espontaneamente. OBJ: Descrever os métodos pelos quais a ventilação por pressão positiva é realizada. 4. A. A cânula nasal pode ser usada no paciente não reativo e pode ser útil em pacientes semirreativos que têm reflexo faríngeo. O dispositivo pode ser colocado em qualquer narina para ajudar a manter a via aérea aberta. Para selecionar uma cânula nasal de tamanho adequado, segure o dispositivo ao lado da face do paciente. Selecione a cânula que se estenda desde a ponta do nariz do paciente até o ângulo da mandíbula ou o lóbulo da orelha. Quando a cânula nasal do tamanho adequado estiver posicionada corretamente, a ponta dela repousará na parte de trás da garganta. OBJ: Discutir as indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens dos dispositivos de vias aéreas oral e nasal, e demonstre como escolher o tamanho correto e inserir cada um desses adjuvantes de via aérea. 5. A. A complacência pulmonar refere-se à resistência do tecido pulmonar do paciente à ventilação. Os pulmões são, normalmente maleáveis e expandem-se facilmente. Se os pulmões se tornarem rígidos ou inflexíveis durante a ventilação por pressão positiva, significa quea complacência pulmonar é baixa. Obstrução das vias aéreas superiores, obstrução das vias aéreas inferiores, broncoespasmo grave e pneumotórax hipertensivo são exemplos de condições que podem causar diminuição da complacência pulmonar e incapacidade de ventilação. Se a qualquer momento você perceber redução da complacência, reavalie o paciente para garantir que a via aérea permanece desobstruída e que os sons do pulmão são limpos e simétricos. O volume corrente é a quantidade de gás inalado ou exalado durante a respiração normal. A respiração é a troca de oxigênio e dióxido de carbono durante o metabolismo celular. A quantidade de ar que se move para dentro e para fora do trato respiratório em 1 minuto denomina-se volume por minuto. OBJ: Reconhecer os sinais de VBM adequada e não adequada. 6. D. Caso ainda não esteja conectada, conecte uma válvula unidirecional à extremidade de ventilação na máscara facial de bolso e conecte a tubulação de oxigênio à entrada de oxigênio na máscara. Ajuste a taxa de fluxo de oxigênio em 10 a 12 L/min. OBJ: Descrever o fluxo de oxigênio em litros por minuto e a concentração estimada de oxigênio inspirado fornecidos com máscara facial de bolso e DBM. 7. D. Dos dispositivos de administração de oxigênio listados, a máscara não reinalante com fluxo de oxigênio de 10 L/min fornecerá a concentração de oxigênio mais elevada. OBJ: Descrever as vantagens, desvantagens, fluxo de oxigênio em litros por minuto e porcentagem estimada de oxigênio administrado com cada um dos seguintes dispositivos: cânula nasal, máscara facial simples, máscara de reinalação parcial e máscara não reinalante. 8. B. Um indicador fidedigno da adequação da ventilação é a elevação e queda da parede torácica do paciente. Os sons de borbulhar são anormais e indicam necessidade de aspiração. Se o reservatório de oxigênio no DBM colapsar com cada ventilação, pode indicar que o fluxo de oxigênio é muito baixo ou a frequência de ventilação é muito rápida. Se o DBM se tornar, progressivamente, mais difícil de apertar ao ventilar o paciente, avalie a necessidade de aspiração, garanta que os procedimentos adequados de abertura das vias aéreas estejam em uso, suspeite de que pode haver excesso de ar no estômago (antecipar o vômito) e suspeite de possível pneumotórax. OBJ: Reconhecer os sinais de VBM adequada e não adequada. 9. B. O TET é um dispositivo de via aérea intraglótica colocado diretamente na traqueia. Os dispositivos extraglóticos das vias aéreas, anteriormente chamados vias aéreas supraglóticas, são vias aéreas avançadas inseridas às cegas. Exemplos de dispositivos de via aérea extraglótica incluem o Combitube esôfago--traqueal, ML clássica, máscara laríngea air-Q, máscara laríngea i-gel, tubo laríngeo e EasyTube da Rüsch. OBJ: Distinguir entre dispostivos de vias aéreas extraglóticas e intraglóticas. 10. D. O paciente sofreu parada respiratória. A melhor conduta será inserir uma cânula oral e começar a ventilação por pressão positiva com DBM. Não há indicação para realizar compressões torácicas porque o paciente tem pulso. Embora a inserção de dispositivo de via aérea avançada seja apropriada, ela deve ser precedida por outra forma de ventilação (tal como a VBM) enquanto se fazem os preparativos para inserir o dispostivo. O uso de cânula nasal é inadequado, dado só poder ser usado no paciente que respira de forma espontânea. OBJ: Distinguir entre dificuldade respiratória, insuficiência respiratória e parada respiratória e iniciar o plano de tratamento baseado na gravidade do comprometimento respiratório do paciente. 11. C. A intubação traqueal deve ser precedida por tentativas de ventilação por outro método. A intubação traqueal é indicada em situações em que o paciente é incapaz de proteger sua própria via aérea. A intubação traqueal reduz (mas não elimina) o risco de aspiração do conteúdo gástrico e, quando tentada, deve ser realizada em menos de 30 segundos. OBJ: Descrever os métodos utilizados para confirmar a colocação correta do TET. 12. B. O DBM que é usado sem oxigênio suplementar fornecerá 21% de oxigênio (i. e., ar ambiente, não ar expirado) para o paciente. O DBM que é utilizado com oxigênio suplementar com fluxo de 10 a 15 L/min fornece, aproximadamente, 40% a 60% de oxigênio ao paciente quando não é utilizado reservatório. O DBM que é utilizado com oxigênio suplementar com fluxo de 10 a 15 L/min, e com reservatório ligado, fornece, aproximadamente, 90% a 100% de oxigênio. OBJ: Descrever o fluxo de oxigênio em litros por minuto e a concentração estimada de oxigênio inspirado fornecido por máscara facial de bolso e DBM. Respostas ao estudo de caso 2-1 1. Sua impressão geral deve se concentrar em três áreas principais que podem ser lembradas pelo mnemônico ABC: Aparência, Respiração (Breathing, em inglês) e Circulação. Quando terminar de formar a sua impressão geral, você terá boa ideia sobre se a paciente está doente (i. e., instável) ou não (i. e., estável). Comece a pesquisa primária avaliando a capacidade de resposta. Comece perguntando: “Você está bem?” Ou “Você consegue me ouvir?” Se não houver resposta, toque no ombro da paciente ou aperte-o suavemente enquanto repete sinais verbais. OBJ: Descrever uma abordagem sistemática dos cuidados de emergência iniciais perante o paciente não reativo. 2. Solicite ajuda e peça a alguém para obter um desfibrilador externo automatizado (DEA) ou desfibrilador. Olhe para o tórax para detectar movimento enquanto, em simultâneo, pesquisa o pulso durante 5 a 10 segundos. OBJ: Descrever uma abordagem sistemática dos cuidados de emergência iniciais perante o paciente não reativo. 3. Se a paciente não tem pulso, você deve dirigir a equipe no sentido de iniciar compressões torácicas e monitorar o paciente com DEA. Nesta situação, as compressões torácicas não são indicadas porque existe pulso. Abra a via aérea da paciente e comece a respiração de resgate. OBJ: Descrever uma abordagem sistemática dos cuidados de emergência iniciais perante paciente não reativo. 4. Como não há evidência de traumatismo, abra a via aérea do paciente usando a inclinação da cabeça--elevação do queixo. Se houvesse alguma coisa que sugerisse traumatismo nessa situação, você iria abrir a via aérea com a manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço. Procure pela existência de sangue, dentes quebrados ou próteses soltas, conteúdo gástrico e objetos estranhos na boca da paciente. OBJ: Descrever e demonstrar os passos necessários para realizar a manobra de inclinação da cabeça- -elevação do queixo e a manobra de tração da mandíbula sem extensão do pescoço e relacione o mecanismo de lesão à abertura da via aérea. 5. Peça a um membro da equipe para aspirar a via aérea superior da paciente. A sucção deve ser aplicada à medida que o cateter é retirado e não deve ser aplicada por mais de 10 segundos, para evitar hipóxia. OBJ: Descrever e demonstrar o procedimento para aspiração da via aérea superior e discutir as possíveis complicações associadas a este procedimento. 6. O tamanho adequado da cânula oral é determinado segurando o dispositivo ao lado da face da paciente e selecionando aquele que se estenda do canto da boca até a ponta do lóbulo da orelha ou o ângulo da mandíbula. Para evitar medições imprecisas nos pacientes que experimentam alterações faciais após acidente vascular cerebral, alguns especialistas recomendam a medição desde o primeiro incisivo ou do centro dos lábios até a ponta do lóbulo da orelha ou o ângulo da mandíbula. OBJ: Discutir as indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens das cânulas oral e nasal, e demonstrar como escolher o tamanho correto e inserir cada um destes adjuvantes da via aérea. 7. O uso de cânula oral está contraindicado em pacientes reativos que têm reflexo faríngeo intacto. A cânula oral só deve ser usada em pacientes não reativos e que não têm reflexo faríngeo, uma vez que pode estimular o vômito ou laringoespasmo em pacientes reativos ou semirreativos. OBJ: Discutir as indicações, contraindicações, vantagense desvantagens das cânulas oral e nasal, e demonstrar como escolher o tamanho correto e inserir cada um destes adjuvantes da via aérea. 8. Inicie ventilação por pressão positiva com DBM conectado a 100% de oxigênio. Idealmente, dois membros da equipe devem realizar esta tarefa. Peça a um membro da equipe para abrir e manter a via aérea, criando boa selagem com a máscara. Peça a outro membro da equipe para apertar o saco com frequência respiratória adequada à idade. Peça a um membro da equipe para avaliar os sons respiratórios enquanto o paciente está sendo ventilado. OBJ: Descrever e demonstrar como se ventila o paciente com DBM e dois socorristas. 9. A técnica E-C clamp pode ser usada quando se executa ventilação boca a máscara ou VBM. O polegar e o dedo indicador do socorrista formam um “C” ao redor da máscara e os dedos restantes formam um “E” na porção inferior da mandíbula do paciente. Se o socorrista estiver sozinho, uma mão é usada para formar o E-C clamp enquanto a outra é usada para apertar o saco. Se um segundo socorrista estiver presente, o primeiro socorrista utilizará ambas as mãos para formar o E-C clamp enquanto o segundo socorrista apertará o saco. Quando se utiliza o método ET para ventilar, as ETs de ambas as mãos são utilizadas para manter a máscara no lugar e os dedos do socorrista são posicionados sob o ângulo da mandíbula do paciente para puxar a mandíbula para cima em direção à máscara. Um segundo socorrista é necessário para apertar o DBM. OBJ: Descrever e demonstrar como se ventila o paciente com DBM e dois socorristas. 10. Os problemas mais frequentes com a VBM são: incapacidade de fornecer volumes ventilatórios adequados e insuflação gástrica. O fornecimento de volume ventilatório inadequado pode ser o resultado da dificuldade de proporcionar selagem estanque à face enquanto, simultaneamente, se mantém a via aérea aberta, compressão incompleta do saco, ou ambos. Pode ocorrer insuflação gástrica se for utilizada força ou volume excessivos durante a ventilação. OBJ: Reconhecer sinais de VBM adequada e inadequada. 11. Se o tórax não subir e descer com a VBM, sua primeira ação deve ser reposicionar a cabeça do paciente e tentar ventilar novamente. OBJ: Reconhecer os sinais de VBM adequada a inadequada. 12. O ritmo é bradicardia sinusal. Peça a um membro qualificado da equipe para se preparar para intubar o paciente. Peça a outro membro da equipe para iniciar infusão venosa com soro fisiológico. Requisite eletrocardiograma de 12 derivações (ECG) e radiografia de tórax portátil e realize exame físico focalizado. Resista à tentação de tratar a bradicardia com atropina. A causa mais provável da bradicardia é hipóxia. Certifique-se de que a paciente está, adequadamente, oxigenada e ventilada antes de considerar outras possíveis causas de parada respiratória ou o uso de atropina. OBJ: Distinguir entre dificuldade respiratória, insuficiência respiratória e parada respiratória e implementar um plano de tratamento baseado na gravidade do comprometimento respiratório do paciente. 13. Conecte um dispositivo de ventilação ao TET e ventile a paciente. Confirme a colocação adequada do tubo, visualizando a passagem do tubo traqueal entre as cordas vocais. Em seguida, ausculte sobre o epigástrio (deve ser silencioso) e, em seguida, na linha axilar média e linha torácica anterior direita e esquerda do paciente. Observe o tórax da paciente no sentido de visualizar seu aumento adequado com a ventilação. Depois de confirmar a posição apropriada do tubo com o uso de capnografia, observe as marcas em centímetros no tubo traqueal e, em seguida, fixe o tubo no lugar com suporte de tubo comercial ou fita adesiva. Capnografia sob a forma de onda é recomendada para a monitorização contínua da colocação adequada do tubo. Depois de fixar o tubo, verifique novamente e registre a profundidade dele ao nível dos dentes do paciente. Este valor encontra-se, normalmente, entre as marcas 19 cm e 23 cm no tubo nos dentes da frente. A profundidade média do tubo nos homens é de 23 cm nos lábios, 22 cm nos dentes; a profundidade média do tubo nas mulheres é de 22 cm nos lábios, 21 cm nos dentes. OBJ: Descrever os métodos que podem ser usados para confirmar a colocação correta do TET. 14. Repita a avaliação primária e obtenha novo conjunto de sinais vitais. Peça estudo analítico, avalie os resultados do ECG de 12 derivações e da radiografia de tórax e tente determinar possíveis causas da parada respiratória da paciente. Proceda à transferência da paciente para continuidade da monitorização e dos cuidados. OBJ: Distinguir entre dificuldade respiratória, insuficiência respiratória e parada respiratória e implementar um plano de tratamento baseado na gravidade do comprometimento respiratório do paciente. Referências Amsterdam EA, Wenger NK, Brindis RG, Casey S et Jr DE, Ganiats TG, Holmes Jr DR, et al. 2014 AHA/ ACC guideline for the management of patients with non-ST-elevation acute coronary syndromes. J Am Coll Cardiol. 2014;64(24):e139–e228. Anders J, Brown K, Simpson J, Gausche-Hill M. Evidence and controversies in pediatric prehospital airway management. Clin Pediatr Emerg Med. 2014;15(1):28–37. Aufderheide TP, Sigurdsson G, Pirrallo RG, Yannopoulos D, McKnite S, von Briesen C, et al. Hyperventilation- induced hypotension during cardiopulmonary resuscitation. Circulation. 2004;109(16):1960–1965. Barnes TA. Emergency cardiovascular life support. In: Kacmarek RM, Stoller JK, Heuer AJ, eds. Egan’s fundamentals of respiratory care. 10th ed St. Louis: Mosby; 2013:787–817. Cantineau JP, Merckx P, Lambert Y, Sorkine M, Bertrand C, Duvaldestin P. Effect of epinephrine on end- tidal carbon dioxide pressure during prehospital cardiopulmonary resuscitation. 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Normalmente, o coração bate com frequência e ritmo muito regulares. Um ritmo cardíaco anormal pode ocorrer se este padrão for interrompido. Embora o termo arritmia signifique, tecnicamente, “ausência de ritmo”, e disritmia signifique “ritmo cardíaco anormal”, esses termos são usados, alternadamente, pelos profissionais de saúde para designar distúrbios do ritmo cardíaco. Para ajudá-lo a compreender e reconhecer as disritmias cardíacas, este capítulo vai rever o suprimento sanguíneo e as vias de condução do coração; as formas de onda e intervalos normais; sistemas de derivações; e alterações no ECG associadas à isquemia, à lesão e ao infarto. Resultados desejados OBJETIVO – Dada uma situação em um paciente, correlacionar eventos cardíacos eletrofisiológicos, fisiológicos e fisiopatológicos com a apresentação do paciente; direcionar ou realizar a colocação acurada das derivações de monitorização e ECG padrão de 12 derivações; e associar o fluxo arterial sanguíneo coronário com áreas de isquemia, de lesão ede infarto miocárdico. Objetivos de aprendizagem Após completar este capítulo, você deverá ser capaz de: 1. Nomear os principais ramos e áreas do coração irrigados pelas artérias coronárias direita e esquerda. 2. Definir os eventos do potencial de ação cardíaco e correlacioná-los com as formas de onda produzidas pelo ECG. 3. Definir os períodos supernormais, refratários absoluto, efetivo e relativo e respectivas localizações no ciclo cardíaco. 4. Descrever a sequência normal de condução elétrica pelo coração. 5. Descrever a localização, função e, quando apropriado, a frequência intrínseca das seguintes estruturas: nó sinoatrial (SA), feixe atrioventricular (AV) e fibras de Purkinje. 6. Diferenciar entre as derivações do plano frontal e horizontal. 7. Relacionar as áreas ou superfícies cardíacas representadas pelas derivações do ECG. 8. Definir e descrever o significado de cada um dos seguintes, que se relacionam com a atividade elétrica cardíaca: a onda P, o complexo QRS, a onda T, a onda U, o segmento PR, o segmento TP, o segmento ST, o intervalo PR, a duração do QRS e o intervalo QT. 9. Reconhecer alterações no ECG que possam refletir evidência de isquemia, de lesão ou de infarto do miocárdio. Plano de aprendizagem • Ler este capítulo antes da aula. • Dominar as seguintes habilidades: • Aplicação dos eletrodos de monitorização do ECG. • Reconhecimento de isquemia, de lesão e de infarto do miocárdio em um ECG. • Completar o questionário do capítulo e rever as respostas fornecidas. Palavras-chave Período refratário absoluto (PRA) Corresponde ao início do complexo QRS até aproximadamente o pico da onda T no ECG; as células cardíacas não podem ser estimuladas para conduzir um impulso elétrico, não importa quão intenso seja o estímulo. Via acessória Feixe extra de tecido miocárdico operacional que forma conexão entre os átrios e ventrículos fora do sistema de condução normal. Potencial de ação Ciclo de cinco fases, que reflete a diferença na concentração de partículas carregadas pela membrana celular, em qualquer momento. Síndromes coronarianas agudas (SCAs) Grupo de condições que são causadas por redução abrupta no fluxo sanguíneo da artéria coronária; as SCAs consistem em três síndromes principais: angina instável, infarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMSEST) e infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCEST). Junção atrioventricular (AV) Nó AV e feixe de His. Nó AV Células especializadas localizadas na porção inferior do átrio direito; retarda o impulso elétrico a fim de permitir que os átrios contraiam e completem o enchimento dos ventrículos. Feixe de His Fibras localizadas na porção superior do septo interventricular que conduzem um impulso elétrico pelo do coração. Sistema de condução Sistema de vias no coração composto por células elétricas especializadas (i. e., marca-passo). Despolarização Movimento de íons por meio de uma membrana celular, fazendo com que o interior da célula se torne mais positivo; evento elétrico cujo resultado esperado é a contração. Período refratário efetivo (PRE) Período do potencial de ação cardíaca que inclui o PRA e a primeira metade do período refratário relativo. Eletrocardiograma (ECG) Registro da atividade elétrica do coração, a partir da superfície corporal, que aparece no papel do ECG como ondas e complexos específicos. Eletrodo Pá adesiva que contém gel condutor e é aplicada em ponto específico na parede torácica ou nas extremidades do paciente, sendo conectada por cabos a um aparelho de ECG. Sistema His-Purkinje Porção do sistema de condução que consiste no feixe de His, ramos do feixe e fibras de Purkinje. Intervalo No ECG, uma onda e um segmento. Derivação Registro (i. e., traçado) da atividade elétrica entre dois eletrodos. Células miocárdicas Células ativas do miocárdio que contêm filamentos contráteis e que formam a camada muscular das paredes atriais e a camada muscular mais espessa das paredes ventriculares. Células marca-passo Células especializadas do sistema de condução elétrica do coração capazes de gerar, espontaneamente, e conduzir impulsos elétricos. Refratariedade Termo usado para descrever o período de recuperação de que as células precisam após terem sido descarregadas, antes de serem capazes de responder a um estímulo. Período refratário relativo (PRR) Corresponde à curva descendente da onda T no ECG; as células cardíacas podem ser estimuladas para despolarizar se o estímulo for suficientemente forte. Repolarização Movimento de íons através damembrana celular, no qual a carga negativa no interior da célula é restaurada. Segmento No ECG, uma linha entre ondas que é designada pela onda que a precede ou que a segue. Período supranormal (PSN) Período durante o ciclo cardíaco em que um estímulo mais fraco do que o normal pode levar as células cardíacas a se despolarizem. Artérias coronárias [Objetivo 1] A artéria coronária direita (ACD) tem origem no lado direito da aorta. Passa pelo sulco entre o átrio direito e o ventrículo direito (Fig. 3.1). A obstrução da ACD pode resultar em infarto do miocárdio (IM) da parede inferior, distúrbios na condução AV ou ambos. FIGURA 3.1 Principais artérias coronárias e alguns de seus ramos. (De Benjamin I, Griggs RC, Wing EJ, Fitz JG, Andreoli TE: Andreoli and Carpenter’s Cecil essentials of medicine, ed 8, Philadelphia, 2011, Saunders.) A artéria coronária esquerda (ACE) tem origem no lado esquerdo da aorta. O primeiro segmento da ACE é chamado artéria coronária principal esquerda (ACPE). A ACPE fornece sangue oxigenado aos seus dois ramos primários: a artéria descendente anterior esquerda (DAE), também designada como artéria interventricular anterior, e a artéria circunflexa (CX). A obstrução da artéria coronária DAE proximal foi designada como fazedora de viúvas, devido à sua associação a uma parada cardíaca súbita quando da sua oclusão. Os principais ramos da DAE são: as artérias septal e diagonal. O bloqueio do ramo septal da DAE pode resultar em IM septal. O bloqueio do ramo diagonal da DAE pode causar IM da parede anterior. O bloqueio da DAE também pode resultar em falência de bomba, retardos na condução intraventricular ou ambos. A artéria coronária CX contorna o lado esquerdo do coração. O bloqueio da artéria CX pode resultar em IM da parede lateral. Em alguns pacientes, a artéria CX pode, ainda, suprir a porção inferior do ventrículo esquerdo. Um IM da parede posterior pode ocorrer devido à obstrução da ACD ou da artéria CX. Dica ACLS Uma causa comum de IM é uma artéria coronária obstruída. Ao analisar o ECG de 12 derivações do paciente, a compreensão da anatomia arterial coronariana torna possível predizer qual a artéria coronária bloqueada. Células cardíacas Em geral, as células cardíacas apresentam ou função mecânica (i. e., contrátil) ou elétrica (i. e., marca-passo). As células miocárdicas, também são designadas células operacionais ou células mecânicas, e contêm filamentos contráteis. Quando essas células são estimuladas eletricamente, esses filamentos deslizam juntos e provocam a contração da célula miocárdica. Essas células miocárdicas formam a fina camada muscular das paredes atriais e a espessa camada muscular das paredes ventriculares (i. e., o miocárdio). Normalmente, essas células não geram impulsos elétricos e dependem das células marca-passo para esta função. As células marca-passo são células especializadas do sistema de condução elétrica. Podem também ser designadas como células de condução ou células automáticas. Elas são responsáveis pela geração espontânea e condução de impulsos elétricos. As células marca-passo do coração conseguem gerar impulso elétrico sem serem estimuladas por um nervo. A capacidade das células marca- passo em gerar impulso elétrico sem serem estimuladas por outra fonte é designada como automaticidade. Concentrações sanguíneas aumentadas de cálcio (Ca++) aumentam a automaticidade. Concentrações sanguíneas diminuídas de potássio (K+) diminuem a automaticidade. O marca-passo normal do coração (i. e., o nó SA) geralmente impede que outras áreas do coração assumam essa função, porque as suas células despolarizam mais rapidamente que outras células marca-passo. Potencial de ação cardíaco [Objetivo 2] Os fluidos do corpo humano contêm eletrólitos, que são elementos ou compostos que se decompõem em partículas carregadas (i. e., íons) quando dissolvidos em água ou outro solvente. As membranas celulares contêm poros, ou canais, por meio dos quais eletrólitos específicos e outras pequenas moléculas hidrossolúveis podem atravessar a membrana celular de fora para dentro (Fig. 3.2). Uma pequena diferença nas concentrações das partículas carregadas por meio das membranas celulares é normal. A energia potencial (i. e., voltagem) existe devido ao desequilíbrio das partículas carregadas. Esse desequilíbrio torna as células excitáveis. A energia gasta pelas células para mover eletrólitos através das membranas das células gera um fluxo de corrente. Esse fluxo de corrente é medido em volts ou milivolts (mV). A voltagem aparece no ECG como espículas ou formas de onda. FIGURA 3.2 As membranas celulares contêm canais de membrana. Esses canais são poros por meio dos quais íons específicos ou outras pequenas moléculas hidrossolúveis podem cruzar a membrana celular de fora para dentro. (De Patton KT, Thibodeau GA: Anatomy & physiology, ed 8, St. Louis, 2017, Mosby.) Dica ACLS Diferenças na composição de íons entre os fluidos do compartimento intracelular e extracelular são importantes para a função normal. Os principais eletrólitos que afetam a função do coração são: Na+, K+, Ca++ e cloreto (Cl−). Despolarização [Objetivo 2] Quando uma célula é estimulada, a membrana celular se altera e se torna permeável ao sódio (Na+) e K+, permitindo a passagem de eletrólitos uma vez aberta. O Na+ entra na célula por meio de canais de Na+. Isso leva o interior da célula a se tornar mais positivo em relação ao meio exterior. É então registrada no ECG uma espícula (i. e., forma de onda). O estímulo que altera a carga elétrica através da membrana celular pode ser elétrico, mecânico ou químico. Quando cargas opostas se unem, ocorre liberação de energia. Um impulso é gerado quando o movimento dos eletrólitos altera a carga elétrica do interior da célula de negativa para positiva. O impulso promove a abertura dos canais na membrana celular seguinte e depois na subsequente. O movimento de partículas carregadas por meio da membrana celular, que leva o interior da célula a se tornar positivo, é chamado despolarização. A despolarização, que é um evento elétrico, tem de ocorrer antes que o coração possa contrair e bombear o sangue, que é um evento mecânico. Um impulso, normalmente, se inicia nas células marca-passo encontradas no nó SA do coração. Uma reação em cadeia ocorre de uma célula para a outra no sistema de condução elétrica do coração, até que todas as células tenham sido estimuladas e despolarizadas. Esta reação em cadeia trata-se da onda de despolarização que procede da camada mais interna do coração (i. e., endocárdio) para a camada mais externa (i. e., epicárdio). Eventualmente, o impulso é disseminado das células marca-passo às células miocárdicas operacionais, que contraem quando estimuladas. Quando os átrios são estimulados, uma onda P é registrada no ECG. Dessa forma, a onda P representa a despolarização atrial. Quando os ventrículos são estimulados, um complexo QRS é registrado no ECG. Assim, o complexo QRS representa a despolarização ventricular. Dica ACLS Despolarização não é o mesmo que contração. A despolarização é evento elétrico que se espera resultar em contração, a qual é evento mecânico. É possível observar atividade elétrica organizada no monitor cardíaco, mesmo quando a avaliação do paciente revela não haver pulso palpável. Essa situação clínica é chamada atividade elétrica sem pulso (AESP). Repolarização [Objetivo 2] Depois de despolarizar, a célula começa rapidamente a recuperar e a restaurar as suas cargas elétricas normais. O movimento de partículas carregadas por meio da membrana celular, na qual o interior da célula é restaurado à sua carga negativa, é designado repolarização. A membranacelular interrompe o fluxo de Na+ para dentro da célula e permite a saída de K+. Partículas carregadas negativamente são deixadas no interior da célula. Assim, a célula retorna ao seu estado de repouso. Isto leva a que as proteínas contráteis nas células miocárdicas operacionais se separem (i. e., relaxem). A célula pode ser estimulada novamente se outro impulso elétrico chegar à membrana celular. A repolarização procede do epicárdio para o endocárdio. No ECG, o segmento ST e a onda T representam a repolarização ventricular. Fases do Potencial de Ação Cardíaco [Objetivo 2] O potencial de ação de uma célula cardíaca reflete a sequência rápida de alterações da voltagem que ocorre através da membrana celular durante o ciclo elétrico cardíaco. A configuração do potencial de ação varia dependendo da localização, do tamanho e da função da célula cardíaca (Fig. 3.3). FIGURA 3.3 Potenciais de ação cardíacos no ventrículo, no átrio e no nó sinoatrial (SA). Os números correspondem às fases dos potenciais de ação. A, Ventrículo. B, Átrio. C, Nó SA. (De Costanzo LS: Physiology, ed 5, Philadelphia, 2014, Saunders.) No coração, existem dois tipos principais de potenciais de ação. O primeiro tipo, o potencial de ação de resposta rápida, ocorre em células miocárdicas atriais e ventriculares normais e nas fibras de Purkinje, que são fibras condutoras especializadas encontradas em ambos os ventrículos e que conduzem impulso elétrico por meio do coração. O segundo tipo de potencial de ação cardíaco, o potencial de ação de resposta lenta, ocorre no marca-passo normal do coração (i. e., o nó SA) e no nó AV, que é o tecido condutor especializado que carrega um impulso elétrico dos átrios para os ventrículos. Dica ACLS Embora não exista um esquema de classificação aceito universalmente para os agentes antiarrítmicos, um sistema comumente utilizado é classificar os medicamentos pelos seus efeitos no potencial de ação cardíaco. Por exemplo, os medicamentos antiarrítmicos de classe I, tais como a procainamida e a lidocaína, bloqueiam os canais de sódio interferindo na fase 0 da despolarização. Os antiarrítmicos de classe IV (i. e., bloqueadores dos canais de Ca++), tais como o verapamil e o diltiazem, lentificam a frequência à qual o cálcio passa pelas células, interferindo na fase 2 nas células dos átrios, ventrículos e fibras de Purkinje. Períodos Refratários [Objetivo 3] Refratariedade é um termo usado para descrever o período de recuperação de que as células necessitam depois de serem descarregadas, antes de serem capazes de responder a novo estímulo. Durante o período refratário absoluto (PRA) ventricular, a célula não vai responder a estimulação adicional dentro dela mesma (Fig. 3.4). Isso quer dizer que as células miocárdicas operacionais não podem contrair e que as células marca-passo não podem conduzir impulso elétrico, por mais forte que seja o estímulo elétrico interno. FIGURA 3.4 Períodos refratários do potencial de ação ventricular. O período refratário efetivo (PRE) inclui o período refratário absoluto (PRA) e a primeira metade do período refratário relativo (PRR). O PRR começa quando o PRA termina e inclui a última parte do PRE. O período supranormal (PSN) começa quando o PRR termina. (De Costanzo LS: Physiology, ed 5, Philadelphia, 2014, Saunders.) O período refratário efetivo (PRE) inclui o PRA e a primeira metade do PRR (Fig. 3.4). “A distinção entre os períodos refratários absoluto e efetivo é que, absoluto significa: absolutamente nenhum estímulo é grande o suficiente para gerar outro potencial de ação; efetivo significa: que um potencial de ação conduzido não pode ser gerado (i. e., não existe corrente de entrada suficiente para conduzir ao próximo local)” (Costanzo, 2014, p. 135). O período refratário relativo (PRR) começa no final do PRA e termina quando a membrana celular é quase totalmente repolarizada. Durante o PRR, algumas células cardíacas repolarizaram até o seu potencial limiar e, portanto, podem ser estimuladas a responder (i. e., despolarizar) a estímulo mais forte do que o normal. Depois do PRR, há o período supranormal (PSN). Uma vez que durante esse período a célula é mais excitável do que o normal, o estímulo mais fraco do que o normal pode causar a despolarização das células cardíacas e provocar o desenvolvimento de disritmias (Fig. 3.4). Sistema de condução As células marca-passo cardíacas são organizadas em um sistema de vias interconectadas designado sistema de condução. O sistema de condução assegura que as câmaras do coração se contraiam de forma coordenada. Nó Sinoatrial [Objetivos 4, 5] O batimento cardíaco normal resulta de impulso elétrico (i. e., potencial de ação) que se inicia no nó SA. O nó SA é normalmente o marca-passo primário do coração, porque apresenta a frequência de disparo mais rápida de todas as áreas marca-passo normais do coração (Fig. 3.5). A frequência incorporada (i. e., intrínseca) do nó SA é de 60 a 100 batimentos por minuto (batimentos/min). FIGURA 3.5 Vias de condução por meio do coração normal. (De Costanzo LS: Physiology, ed 5, Philadelphia, 2014, Saunders.) O nó SA é ricamente suprido por fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas. Embora o nó SA dispare, normalmente, a frequência de 60 a 100 batimentos/min, essa frequência pode aumentar para cerca de 180 batimentos/min, primariamente através da estimulação simpática. Frequências cardíacas mais rápidas que 150 batimentos/min podem ser problemáticas, dado que: (1) a duração da diástole diminui com o aumento da frequência cardíaca, reduzindo o tempo de enchimento ventricular e, potencialmente, o volume de ejeção; e (2) a carga de trabalho e as necessidades de oxigênio cardíaco são aumentadas, mas o tempo para o enchimento arterial coronário, que ocorre durante a diástole, é diminuído (DeBeasi, 2003). Em circunstâncias especiais, outras áreas do coração que não o nó SA podem iniciar batimentos e assumir a responsabilidade de marca-passo. O termo ectópico, que significa fora de lugar, ou latente é usado para descrever impulso que se origina de outra fonte que não o nó SA. Áreas marca-passo ectópicas incluem as células do feixe AV e fibras de Purkinje, embora suas frequências intrínsecas sejam mais lentas do que as do nó SA. Dica ACLS Embora a presença de marca-passos ectópicos forneça mecanismo de backup ou mecanismo de segurança em caso de falha do nó SA, as áreas marca-passo ectópicas podem ser problemáticas se dispararem enquanto o nó SA ainda estiver funcionando. Por exemplo, áreas ectópicas podem causar batimentos precoces (i. e., prematuros) ou distúrbios mantidos do ritmo. Nó e Feixe Atrioventricular [Objetivos 4, 5] A condução através do nó AV começa antes de a despolarização atrial estar completa. O nó AV é suprido por fibras nervosas tanto simpáticas quanto parassimpáticas. O feixe de His, também designado feixe comum ou feixe AV, está localizado na porção superior do septo interventricular e liga o nó AV aos ramos do feixe. Quando o nó e o feixe AV são contornados por uma via anormal, essa via é designada via acessória. O feixe AV tem células marca-passo que apresentam frequência intrínseca de 40 a 60 batimentos/min. O nó AV e o feixe AV são chamados junção AV. O termo sistema His-Purkinje ou rede His-Purkinje se refere ao feixe de His, ramos do feixe e fibras de Purkinje. Dica ACLS Ritmos cardíacos anormais que se desenvolvem perto ou dentro do nó AV são designados disritmias juncionais. Aquelas que se desenvolvem acima do feixe de His ou que ativam os ventrículos através de via acessória são designadas disritmiassupraventriculares. Disritmias que se desenvolvem inferiormente ao feixe de His são chamadas disritmias ventriculares. Ramos Direito e Esquerdo do Feixe [Objetivo 4] O ramo direito do feixe inerva o ventrículo direito. O ramo esquerdo do feixe dissemina o impulso elétrico ao septo interventricular e ao ventrículo esquerdo. O ramo esquerdo do feixe divide-se em fascículos, que são pequenos feixes de fibras nervosas que possibilitam a inervação elétrica do ventrículo esquerdo, maior e com mais massa muscular. Fibras de Purkinje [Objetivos 4, 5] Os ramos direito e esquerdo do feixe se dividem em ramos cada vez menores e depois em uma rede especial de fibras designadas fibras de Purkinje. As fibras de Purkinje têm células marca-passo que apresentam frequência intrínseca de 20 a 40 batimentos/min. O impulso elétrico se dissemina rapidamente pelos ramos direito e esquerdo e pelas fibras de Purkinje para chegar ao músculo ventricular. O impulso elétrico se dissemina do endocárdio para o miocárdio, chegando finalmente à superfície epicárdica. O sistema de condução está sumarizado na Tabela 3.1. Tabela 3.1 Resumo do Sistema de Condução Estrutura Função Frequência Marca- passo Intrínseca (batimentos/min) Nó sinoatrial (SA) Marca-passo primário; inicia o impulso que, normalmente, é conduzido através dos átrios esquerdo e direito. 60 a 100 Nó atrioventricular (AV) Recebe impulso do nó SA e o retransmite com atraso ao feixe de His, permitindo tempo para o átrio esvaziar seu conteúdo nos ventrículos antes do início da contração ventricular. Feixe de His (feixe AV) Recebe impulso do nó AV e entrega-o para os ramos direito e esquerdo do feixe. 40 a 60 Ramos direito e esquerdo do feixe Recebe impulso do feixe de His e entrega-o para as fibras de Purkinje. Fibras de Purkinje Recebe o impulso pelos ramos do feixe e o retransmite para o miocárdio ventricular. 20 a 40 O eletrocardiograma O eletrocardiograma (ECG) é a exposição gráfica da atividade elétrica cardíaca. Quando os eletrodos são aplicados nos membros, ou no peito, do paciente e ligados por cabos ao aparelho de ECG, esse aparelho funciona como voltímetro, detectando e registrando as alterações de voltagem (i. e., potenciais de ação) geradas pela despolarização e repolarização das células cardíacas. As alterações de voltagem são exibidas como formas de onda e complexos específicos (Fig. 3.6). Os padrões de prática para o monitoramento por ECG são exibidos no Quadro 3.1. FIGURA 3.6 Desenho esquemático do sistema de condução do coração. Um impulso, normalmente, é gerado no nó SA e viaja por meio dos átrios para o nó atrioventricular (AV), descendo pelo feixe de His e fibras de Purkinje e para o miocárdio ventricular. O registro das correntes de despolarização e repolarização no coração com eletrodos na superfície do coração produz formas de onda características. (De Copstead-Kirkhorn LE, Banasik JL: Pathophysiology, ed 5, St Louis, 2013, Saunders.) Quadro 3.1 Padrões de Prática para o Monitoramento Cardíaco A monitorização cardíaca está indicada na maioria, se não em todos, dos seguintes: • Pacientes ressuscitados de morte súbita cardíaca. • Pacientes em fase inicial de SCAs. • Pacientes com síndromes coronárias instáveis e lesões coronárias de alto risco recém-diagnosticadas. • Adultos e crianças que foram submetidos a cirurgia cardíaca. • Pacientes que foram submetidos a intervenções coronarianas percutâneas não urgentes com complicações. • Pacientes que foram submetidos a implantação de desfibrilador automático ou marca-passo e que são considerados dependentes de marca-passo. • Pacientes com marca-passo temporário ou pás marca-passo transcutâneas. • Pacientes com bloqueio AV. • Pacientes com arritmias e síndrome de Wolff-Parkinson-White. • Pacientes com síndrome do QT longo e arritmias. • Pacientes com bombas balão intra--aórticas. • Pacientes com insuficiência cardíaca aguda. • Pacientes com indicações para cuidados intensivos. • Pacientes submetidos a sedação consciente. • Pacientes com arritmias instáveis. • Pacientes pediátricos com sintomas de arritmia. (Drew, et al., 2004). Eletrodos O eletrodo se refere à pá adesiva que contém substância condutora no centro, que é aplicada à pele do paciente (Fig. 3.7). O meio condutor do eletrodo conduz as alterações de voltagem na superfície da pele, por meio dos fios, para o monitor cardíaco (i. e., eletrocardiógrafo). Os eletrodos são aplicados em pontos específicos do peito e nas extremidades do paciente para a atividade elétrica cardíaca ser observada por diferentes ângulos e planos. FIGURA 3.7 Eletrodos são pás adesivas aplicadas em pontos específicos no peito e nos membros do paciente. (Cortesia Bruce R. Shade, EMT-P, EMS-I, AAS.) Uma extremidade do cabo de monitorização, que também é designado como fio de derivação, é fixada ao eletrodo e a outra ao aparelho de ECG. Os cabos conduzem a corrente de volta ao monitor cardíaco. Sistemas com três derivações são, muitas vezes, usados em desfibriladores monitores portáteis. Sistemas com cinco derivações permitem visualizar as seis derivações dos membros (i. e., I, II, III, aVR, aVL e aVF) e uma derivação do peito. Derivações [Objetivo 6] Uma derivação é um registro (i. e., traçado) da atividade elétrica entre dois eletrodos. Cada derivação registra o fluxo de corrente médio num momento específico, em uma parte do coração. O ECG de 12 derivações proporciona perspectiva do coração tanto no plano frontal quanto no horizontal e visualiza as superfícies do ventrículo esquerdo de 12 ângulos diferentes. Com base nisto, podem ser identificadas isquemias, lesões e infartos afetando qualquer área do coração. O ECG de 12 derivações é parte essencial da avaliação diagnóstica dos pacientes com suspeita de SCA. Derivações do Plano Frontal [Objetivos 6, 7] Seis derivações visualizam o coração no plano frontal. As derivações I, II e III são designadas derivações-padrão dos membros. As derivações aVR, aVL e aVF são designadas derivações aumentadas dos membros. Derivação bipolar é derivação do ECG que apresenta um eletrodo positivo e negativo. Cada derivação registra a diferença no potencial elétrico (i. e., voltagem) entre dois eletrodos selecionados. Embora todas as derivações do ECG sejam tecnicamente bipolares, as derivações I, II e III utilizam dois eletrodos distintos, um dos quais é ligado à entrada positiva no aparelho de ECG e o outro à entrada negativa (Wagner et al., 2009). As derivações I, II e III constituem as derivações-padrão dos membros. Três derivações são formadas ao aplicar um eletrodo no braço direito, um no braço esquerdo e um na perna esquerda (Fig. 3.8). Na derivação I, o eletrodo positivo é localizado no pulso esquerdo, enquanto ambas as derivações II e III apresentam o eletrodo positivo localizado no pé esquerdo. A diferença no potencial elétrico entre o polo positivo e seu polo negativo correspondente é medida para cada derivação. FIGURA 3.8 Vista das derivações-padrão dos membros e derivações aumentadas. BE, braço esquerdo; PE, perna esquerda; BD, braço direito. (De Boron WF: Medical physiology, ed 2 updated edition, Philadelphia, 2011, Saunders.) As derivações aVR, aVL e aVF são derivações dos membros que registram medidas em um eletrodo específico, em relação a um eletrodo de referência (Fig. 3.8). O “a” em aVR, aVL e aVF refere-se a aumentada. O “V” refere-se a voltagem, e a última letra designa a posição do eletrodo positivo. O “R” refere- se a braço direito, o “L” a braço esquerdo e o “F” ao pé (i. e., perna) esquerdo. Resumo das derivações aparece na Tabela 3.2. Tabela 3.2 Derivações dos Membros Derivação Posição do Eletrodo Positivo Posição do Eletrodo Negativo Superfície Cardíaca Visualizada I Braço esquerdo Braço direito Lateral II Perna esquerda Braço direito InferiorIII Perna esquerda Braço esquerdo Inferior aVR Braço direito Eletrodo de referência Nenhuma aVL Braço esquerdo Eletrodo de referência Lateral aVF Pé esquerdo (i. e., perna) Eletrodo de referência Inferior Derivações no Plano Horizontal [Objetivos 6, 7] Seis derivações torácicas (i. e., precordiais ou “V”) visualizam o coração no plano horizontal. Isto possibilita perspectiva frontal e do lado esquerdo do coração. As derivações precordiais são identificadas como V1, V2, V3, V4, V5 e V6. Cada eletrodo colocado na posição “V” é positivo (Fig. 3.9). O resumo das derivações precordiais pode ser encontrado na Tabela 3.3. FIGURA 3.9 Derivações torácicas (i. e., precordiais) V1 a V6. (De Copstead- Kirkhorn LE, Banasik JL: Pathophysiology, ed 5, St Louis, 2013, Saunders.) Tabela 3.3 Derivações Torácicas Derivação Posição do Eletrodo Positivo Área Cardíaca Visualizada V1 Lado direito do esterno, quarto espaço intercostal. Septo interventricular V2 Lado esquerdo do esterno, quarto espaço intercostal. Septo interventricular V3 Ponto médio entre V2 e V4. Superfície anterior V4 Linha hemiclavicular esquerda, quinto espaço intercostal. Superfície anterior V5 Linha axilar anterior esquerda; mesmo nível que V4. Superfície lateral V6 Linha axilar média esquerda, quinto espaço intercostal. Superfície lateral Dica ACLS A derivação V1 é particularmente útil para analisar disritmias que apresentam complexo QRS alargado (p. ex., bloqueios de ramo, ritmos marca-passo ventriculares, taquicardias de QRS alargados). As derivações precordiais direitas são usadas para avaliar o ventrículo direito (Fig. 3.10). O posicionamento das derivações precordiais direitas é idêntico ao posicionamento das derivações torácicas-padrão, exceto por ser realizado no lado direito do tórax. Se o tempo não permitir a obtenção de todas as derivações torácicas direitas, a derivação de escolha é a V4R. O resumo das derivações torácicas direitas pode ser encontrado na Tabela 3.4. FIGURA 3.10 Localizações dos eletrodos para registro de eletrocardiograma (ECG) torácico direito. Derivações torácicas direitas não fazem parte de ECG-padrão de 12 derivações, mas são usadas quando se suspeita de infarto ventricular direito. (De Drew BJ, Ide B: Right ventricular infarction, Prog Cardiovascular Nurs 10:46, 1195.) Tabela 3.4 Derivações Torácicas Direitas e Seu Posicionamento Derivação Posicionamento V1R Lado esquerdo do esterno, quarto espaço intercostal. V2R Lado direito do esterno, quarto espaço intercostal. V3R Ponto médio entre V2R e V4R. V4R Linha clavicular média direita, quinto espaço intercostal. V5R Linha axilar anterior direita; mesmo nível que V4R. V6R Linha axilar média direita, quinto espaço intercostal. As derivações V7, V8 e V9 permitem a visualização da superfície posterior do coração (Fig. 3.11). Todas as derivações são posicionadas na mesma linha horizontal que V4 a V6. A derivação V7 é colocada na linha axilar posterior. A derivação V8 é colocada no ângulo da escápula (i. e., a linha escapular posterior) e a derivação V9 é colocada sobre a borda esquerda da coluna vertebral. FIGURA 3.11 Posicionamento das derivações torácicas posteriores. (De Drew BJ, Ide B: Right ventricular infarction, Prog Cardiovascular Nurs 10:46, 1195.) Dica ACLS ECGs com múltiplas derivações são usados para ajudar a detectar infartos do ventrículo direito e da parede posterior do ventrículo esquerdo. O ECG de 15 derivações usa todas as derivações do ECG-padrão de 12 derivações, mais V4R, V8 e V9 ou 12 derivações-padrão mais as derivações posteriores V7, V8 e V9. Um aparelho de ECG de 16 derivações permite o registro de 12 derivações-padrão, mais V3R, V4R, V5R e V6R. O ECG de 18 derivações usa todas as derivações do ECG-padrão de 12 derivações mais V4R, V5R, V6R, V7, V8 e V9. Papel de Eletrocardiografia O papel de ECG é um papel gráfico constituído de quadrados pequenos e grandes, medidos em milímetros (mm). Os quadrados menores têm 1 mm de largura e 1 mm de altura (Fig. 3.12). O eixo horizontal do papel corresponde ao tempo, que é mensurado em segundos. Normalmente, o papel de ECG faz o registro em velocidade constante de 25 mm/s. Assim, cada quadrado horizontal de 1 mm representa 0,04 segundo (25 mm/s × 0,04 s = 1 mm). As linhas a cada cinco quadrados pequenos no papel são mais grossas. As linhas mais grossas indicam um quadrado maior, que representa 0,20 segundo. FIGURA 3.12 Traçado de ECG mostrando as marcações para medir a amplitude e a duração das formas de onda, usando velocidade-padrão de registro de 25 mm/s. (De Copstead-Kirkhorn LE, Banasik JL: Pathophysiology, ed 5, St Louis, 2013, Saunders.) O eixo vertical do papel gráfico representa a voltagem ou amplitude das formas de onda ou deflexões do ECG. A voltagem é medida em mV. A amplitude é medida em mm. Quando calibrado adequadamente, um quadrado pequeno de 1 mm de altura (i. e., 0,1 mV) e um quadrado grande, que equivale a cinco quadrados pequenos, tem 5 mm de altura (i. e., 0,5 mV). Formas de Onda e Complexos [Objetivo 8] Uma forma de onda do ECG (i. e., deflação) é um movimento de afastamento da linha de base (i. e., linha isoelétrica) em direção quer positiva (para cima) quer negativa (para baixo). As formas de onda são designadas alfabeticamente, começando com P, QRS e T (Fig. 3.13). FIGURA 3.13 Componentes do registro do ECG. AV, atrioventricular; SA, sinoatrial. (De Boron WF: Medical physiology, ed 2 updated edition, Philadelphia, 2011, Saunders.) A onda P é a primeira forma de onda no ciclo cardíaco e representa a despolarização atrial e a propagação de impulsos elétricos por toda a extensão dos átrios direito e esquerdo. A onda P é normalmente positiva (i. e., ascendente) nas derivações-padrão e precede cada complexo QRS. O complexo QRS consiste na onda Q, na onda R e na onda S. Ele representa a propagação do impulso elétrico pelos ventrículos (i. e., despolarização ventricular). Um complexo QRS se segue, normalmente, a cada onda P. Em adultos, a duração normal do complexo QRS é de 0,11 segundo ou menos (Surawicz et al., 2009). Quando visualizadas as derivações torácicas em coração normal, a onda R torna-se mais alta (i. e., aumenta em amplitude) e a onda S torna-se menor à medida que o eletrodo é movido da direita para a esquerda. Esse padrão é designado progressão da onda R. A zona de transição é a área na qual a amplitude da onda R começa a exceder a amplitude da onda S (Ganz, 2012). Isto normalmente ocorre na área das derivações V3 e V4. Uma progressão pobre da onda R, é a frase usada para descrever ondas R que diminuem de tamanho de V1 a V4. Possíveis causas incluem hipertrofia ventricular direita ou esquerda e bloqueio de ramo esquerdo, entre outras causas. Uma progressão de onda R pobre pode também ser indicadora inespecífica de infarto da parede anterior. O posicionamento do eletrodo no espaço intercostal correto é fundamental ao se avaliar a progressão da onda R. A repolarização ventricular é representada no ECG pelo segmento ST (discutido adiante) e pela onda T. A direção da onda T é normalmente a mesma que o complexo QRS que a precede. A onda U é uma pequena forma de onda que, quando observada, se segue à onda T. Acredita-se que a onda U represente a repolarização das fibras de Purkinje no músculo papilar do miocárdio ventricular. Segmentos e Intervalos [Objetivos 8, 9] Segmento é uma linha entre formas de onda. Ele é designado pela forma de onda que o precede ou o sucede. Um intervalo é constituído por uma forma de onda e um segmento. O segmento PR é a linha horizontal entre o final da onda P e o início do complexo QRS. A soma da onda P com o segmento PR é igual ao intervalo PR. Normalmente, o intervaloPR mede 0,12 a 0,20 segundo em adultos. O segmento TP é a parte do traçado ECG entre o final da onda T e o início da onda P seguinte, durante a qual não existe atividade elétrica (Fig. 3.14). Quando a frequência cardíaca se encontra dentro dos limites normais, o segmento TP é normalmente isoelétrico, sendo usado como ponto de referência para estimar a posição da linha isoelétrica e determinar o deslocamento do segmento ST. A frequências cardíacas rápidas, o segmento TP, muitas vezes, não é reconhecível porque a onda P se sobrepõe à onda T precedente. Quando o segmento TP é irreconhecível, o segmento PR é usado como ponto de referência a partir do qual se estima a posição da linha isoelétrica. FIGURA 3.14 O segmento TP é usado como ponto de referência para a linha isoelétrica. (De Aehlert B: ECGs made easy, ed 3, St. Louis, 2006, Mosby.) A parte do traçado ECG entre o complexo QRS e a onda T é o segmento ST (Fig. 3.13). O segmento ST representa a parte inicial da repolarização dos ventrículos direito e esquerdo. Nas derivações dos membros, o segmento ST normal é isoelétrico (i. e., plano), mas pode, normalmente, ser um pouco elevado ou deprimido. O ponto em que o complexo QRS e o segmento ST se encontram é designado junção ST ou ponto J. O segmento ST é considerado elevado se o segmento é desviado acima da linha de base e é considerado deprimido se o segmento se desvia inferiormente a ela. Várias condições podem causar o deslocamento do segmento ST, a partir da linha isoelétrica, em uma direção positiva ou negativa. Algum deslocamento do segmento ST em relação à linha isoelétrica é normal e depende da idade e do sexo do paciente, e da derivação ECG. Quando visualizar elevação ou depressão do segmento ST, primeiro localize o ponto J. Em seguida, use o segmento TP para estimar a posição da linha isoelétrica. Depois, compare o nível do segmento ST àquele da linha isoelétrica. O desvio é medido como o número de milímetros de deslocamento vertical do segmento ST desde a linha isoelétrica ou a partir da linha de base do paciente no ponto J (Thygesen et al., 2012). A calibração adequada do aparelho é crítica quando se analisa os segmentos ST. Os critérios do segmento ST aqui descritos aplicam-se apenas quando o monitor é ajustado à calibração-padrão. O intervalo QT é o período desde o início do complexo QRS até o fim da onda T (Fig. 3.13). Ele representa a atividade ventricular total; esse é o tempo decorrido da despolarização ventricular (i. e., ativação) à repolarização (i. e., recuperação). O intervalo QT é medido desde o início do complexo QRS até o final da onda T. Na ausência de onda Q, o intervalo QT é medido desde o início da onda R até o final da onda T. O termo intervalo QT é usado independentemente de o complexo QRS começar por uma onda Q ou uma onda R. A duração do intervalo QT varia de acordo com a idade, o sexo e a frequência cardíaca do paciente. À medida que a frequência cardíaca aumenta, o intervalo QT encurta (i. e., diminui). Com a diminuição da frequência cardíaca, o intervalo QT alonga (i. e., aumenta). Devido à variabilidade do intervalo QT com a frequência cardíaca, ele pode ser medido com mais precisão se for corrigido (i. e., ajustado) de acordo com a frequência cardíaca do paciente. O intervalo QT corrigido é anotado como QTc. O intervalo QT é considerado curto se tiver 0,39 segundo ou menos, ou prolongado se tiver 0,46 segundo ou mais em mulheres ou 0,45 segundo ou mais em homens (Rautaharju et al., 2009). Intervalo QT prolongado pode ser congênito ou adquirido e indica PRR mais longo. QTc superior a 0,50 segundo em qualquer dos sexos tem sido correlacionado a risco mais alto de disritmias ameaçadoras da vida (p. ex., torsades de pointes [TdP]). Uma abordagem sistemática para a análise do ritmo é exibida no Quadro 3.2. Quadro 3.2 Interpretação Sistemática do Ritmo 1. Avaliar a regularidade (atrial e ventricular). 2. Avaliar a frequência (atrial e ventricular). 3. Identificar e examinar as formas de onda. 4. Avaliar intervalos (p. ex., PR, QRS, QT) e examinar os segmentos ST. 5. Interpretar o ritmo e avaliar seu significado clínico. Síndromes coronarianas agudas Síndromes coronarianas agudas (SCAs) são um grupo de condições que são causadas pela redução abrupta no fluxo sanguíneo arterial coronariano (Amsterdam et al., 2014). Isquemia, lesão e infarto do miocárdio estão entre as causas de desvio do segmento ST. Quando ocorrem alterações no ECG por isquemia, por lesão ou por infarto do miocárdio, elas não são encontradas em todas as derivações do ECG. Alterações indicativas são achados no ECG observados em derivações que olham diretamente para a área perfundida pelo vaso obstruído. Alterações recíprocas, também designadas alterações em imagem de espelho, são achados no ECG observados em derivações opostas à área afetada. As alterações indicativas são significativas quando observadas em duas derivações anatomicamente contíguas. Duas derivações são contíguas se observam a mesma área cardíaca ou áreas adjacentes, ou se são derivações torácicas numericamente consecutivas. Depressão do segmento ST de 0,5 mm ou mais no paciente que está experienciando SCA é sugestiva de isquemia miocárdica quando observada em duas ou mais derivações anatomicamente contíguas (Amsterdam et al., 2014). Evidência de lesão miocárdica pode ser observada no ECG como elevação do segmento ST (Cap. 7). Dica ACLS A ACPE perfunde grande área da parede anterior do coração. A investigação demonstrou que a elevação do segmento ST na derivação aVR pode predizer oclusão da ACPE (Lawner et al., 2012). Integração de todos os elementos Questionário do capítulo Múltipla Escolha Identifique a melhor opção que completa a afirmação ou responde à pergunta. ____ 1. No sistema de condução cardíaco, ___ recebe(m) um impulso elétrico dos ramos direito e esquerdo do feixe e o transfere(m) para o miocárdio ventricular. A. Fibras de Purkinje. B. Nó SA. C. Nó AV. D. Células marca-passo atriais. ____ 2. Quando a frequência cardíaca está dentro dos limites normais, qual dos seguintes é usado como ponto de referência para estimar a posição da linha isoelétrica e determinar o deslocamento do segmento ST? A. Segmento PR. B. Segmento TP. C. Intervalo QT. D. Complexo QRS. ____ 3. Qual dos seguintes representa a repolarização ventricular no ECG? A. Onda P e intervalo PR. B. Segmento ST e onda T. C. Intervalo PR e segmento ST. D. Complexo QRS e segmento ST. ____ 4. O período durante o ciclo cardíaco em que as células não conseguem responder a um estímulo, por mais forte que seja, é designado como: A. Período supranormal. B. Período despolarizado. C. Período refratário relativo. D. Período refratário absoluto. ____ 5. Quais dos seguintes são os principais ramos da artéria coronária esquerda? A. Artérias marginal e oblíqua. B. Artérias CX e marginal. C. Artérias anterior descendente e oblíqua. D. Artérias CX e descendente anterior. ____ 6. Quais das seguintes derivações observam o coração no plano frontal? A. I, II, III, V1, V2 e V3. B. V1, V2, V3, V4, V5 e V6. C. I, II, III, aVR, aVL e aVF. D. aVR, aVL, aVF, V4, V5 e V6. ____ 7. O que representa o complexo QRS? A. Despolarização atrial. B. Contração ventricular. C. Despolarização ventricular. D. Repolarização ventricular. Correlacionando Correlacione cada descrição à resposta correspondente. A. Segmento TP E. Onda P B. Segmento PR F. Intervalo C. Intervalo QT G. Complexo QRS D. Segmento ST H. Intervalo PR ____ 8. Representa a despolarização atrial. ____ 9. Uma forma de onda e um segmento. ____ 10. Normalmente mede 0,11 segundoou menos em adultos. ____ 11. Linha horizontal entre o final da onda P e o início do complexo QRS. ____ 12. Parte do traçado ECG entre o final da onda T e o início da onda P seguinte. ____ 13. Normalmente mede 0,12 a 0,20 segundo em adultos. ____ 14. Parte do traçado ECG entre o complexo QRS e a onda T. ____ 15. Representa a atividade ventricular total: o tempo desde a despolarização ventricular (i. e., estimulação) à repolarização (i. e., recuperação). Respostas ao questionário do capítulo Múltipla Escolha 1. A. Os ramos direito e esquerdo do feixe se dividem em ramos cada vez menores e depois em uma rede especial de fibras designadas como fibras de Purkinje. Essas fibras se disseminam do septo interventricular para os músculos papilares. Elas continuam inferiormente até o ápice do coração, gerando elaborada rede que penetra cerca de um terço do caminho na massa muscular ventricular. Depois, as fibras tornam-se contínuas com as células musculares dos ventrículos direito e esquerdo. As fibras de Purkinje têm células marca-passo que apresentam frequência intrínseca de 20 a 40 batimentos/min. OBJ: Descrever a sequência normal de condução elétrica por meio do coração. 2. B. Quando a frequência cardíaca se encontra dentro dos limites normais, o segmento TP é normalmente isoelétrico, sendo usado como ponto de referência para estimar a posição da linha isoelétrica e determinar o deslocamento do segmento ST. A frequências cardíacas rápidas, o segmento TP, muitas vezes, não é reconhecível porque a onda P se sobrepõe à onda T precedente. Quando o segmento TP é irreconhecível, o segmento PR é usado como ponto de referência a partir do qual se estima a posição da linha isoelétrica. OBJ: Definir e descrever o significado de cada um dos seguintes, que se relacionam com a atividade elétrica cardíaca: a onda P, o complexo QRS, a onda T, a onda U, o segmento PR, o segmento TP, o segmento ST, o intervalo PR, a duração do QRS e o intervalo QT. 3. B. No ECG, o segmento ST e a onda T representam a repolarização ventricular. OBJ: Definir e descrever o significado de cada um dos seguintes, que se relacionam com a atividade elétrica cardíaca: a onda P, o complexo QRS, a onda T, a onda U, o segmento PR, o segmento TP, o segmento ST, o intervalo PR, a duração do QRS e o intervalo QT. 4. D. Durante o PRA, a célula não vai responder a estimulação adicional dentro dela própria. Isso quer dizer que as células miocárdicas operacionais não podem contrair e que as células do sistema de condução elétrica não podem conduzir impulso elétrico, por mais forte que seja o estímulo elétrico interno. Em resultado, não podem ser provocadas contrações tetânicas (i. e., sustentadas) no músculo cardíaco. OBJ: Definir os períodos supranormal, refratário absoluto, efetivo e relativo e suas respectivas localizações no ciclo cardíaco. 5. D. As artérias CX e descendente anterior são os principais ramos da ACE. OBJ: Nomear os principais ramos e áreas do coração supridos pelas artérias coronárias direita e esquerda. 6. C. Derivações do plano frontal observam o coração pela frente do corpo, como se o corpo fosse plano. As direções no plano frontal são superior, inferior, direita e esquerda. Seis derivações visualizam o coração no plano frontal. As derivações I, II e III são designadas derivações-padrão dos membros. As derivações aVR, aVL e aVF são designadas derivações aumentadas dos membros. Seis derivações torácicas (i. e., precordiais ou “V”) visualizam o coração no plano horizontal. As derivações precordiais são identificadas como V1, V2, V3, V4, V5 e V6. OBJ: Diferenciar entre as derivações do plano frontal e horizontal. 7. C. Quando os ventrículos são estimulados, um complexo QRS é registrado no ECG. Assim, o complexo QRS representa a despolarização ventricular. OBJ: Definir e descrever o significado de cada um dos seguintes, que se relacionam com a atividade elétrica cardíaca: a onda P, o complexo QRS, a onda T, a onda U, o segmento PR, o segmento TP, o segmento ST, o intervalo PR, a duração do QRS e o intervalo QT. Correlacionando 8. E 9. F 10. G 11. B 12. A 13. H 14. D 15. C Referências Amsterdam EA, Wenger NK, Brindis RG, Casey DE, Ganiats TG, Holmes DR, et al. 2014 AHA/ACC guideline for the management of patients with non-ST-elevation acute coronary syndromes. J Am Coll Cardiol. 2014:1–150. Costanzo LS. Cardiovascular physiology. Physiology. 5th ed Philadelphia: Saunders; 2014:113–184. DeBeasi LC. Physiology of the cardiovascular system. In: Price SA, Wilson LM, eds. Pathophysiology: Clinical concepts of disease processes. 6th ed St. Louis: Mosby; 2003:416–428. Drew BJ, Califf RM, Funk M, Kaufman ES, Krucoff MW, Laks MM, et al. Practice standards for electrocardiographic monitoring in hospital settings: An American Heart Association scientific statement from the Councils on Cardiovascular Nursing, Clinical Cardiology, and Cardiovascular Disease in the Young. Circulation. 2004;110:2721–2746. Ganz L. Electrocardiography. In: Goldman L, Schafer AI, eds. Goldman’s Cecil medicine. 24th ed Philadelphia: Saunders; 2012:272–278. Lawner BJ, Nable JV, Mattu A. Novel patterns of ischemia and STEMI equivalents. Cardiol Clin. 2012;30(4):591–599. Surawicz B, Childers R, Deal BJ, Gettes LS. AHA/ACCF/HRS recommendations for the standardization and interpretation of the electrocardiogram: Part III: Intraventricular conduction disturbances: A scientific statement from the American Heart Association Electrocardiography and Arrhythmias Committee. J Am Coll Cardiol. 2009;53(11):976–981. Thygesen K, Alpert JS, Jaffe AS, Simoons ML, Chaitman BR, White HD. Third universal definition of myocardial infarction. Circulation. 2012;126(16):2020–2035. Wagner GS, Macfarlane P, Wellens H, Josephson M, Gorgels A, Mirvis DM, et al. AHA/ACCF/HRS recommendations for the standardization and interpretation of the electrocardiogram: Part VI: Acute ischemia/infarction: A scientific statement from the American Heart Association Electrocardiography and Arrhythmias Committee. J Am Coll Cardiol. 2009;53:1003–1011. CAPÍTULO 4 Ritmos de Parada Cardíaca Introdução A avaliação da sua capacidade para tratar um paciente que está sofrendo parada cardíaca e da sua capacidade de coordenar a equipe que irá ajudá-lo na prestação de cuidados ao paciente faz parte do curso Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS). Este capítulo discute os ritmos de parada cardíaca e seu tratamento; desfibrilação; e as tarefas e responsabilidades de cada membro da equipe de ressuscitação. Resultados desejados OBJETIVO Considerando uma dada situação do paciente, e trabalhando em contexto de equipe, orientar com competência o atendimento inicial de emergência (incluindo as terapias mecânica, farmacológica e elétrica, quando aplicáveis) de um paciente sofrendo parada cardíaca. Objetivos de Aprendizagem Após completar este capítulo, você deverá ser capaz de: 1. Identificar quatro ritmos cardíacos associados a parada cardíaca. 2. Diferenciar entre ritmos de parada cardíaca chocáveis e não chocáveis. 3. Dada a situação do paciente, descrever as características do eletrocardiograma (ECG) e o atendimento inicial de emergência para ritmos de parada cardíaca, incluindo as terapias mecânica, farmacológica (i. e., indicações, contraindicações, doses e vias de administração dos fármacos aplicáveis) e elétrica, quando aplicáveis. 4. Explicar a desfibrilação, suas indicações, o posicionamento correto das pás, as precauções relevantes e as etapas necessárias para realizar este procedimento com desfibrilador manual e desfibrilador externo automático (DEA). 5. Diferenciar entre desfibrilação monofásica e bifásica. 6. Identificar os níveis de energia que são atualmente recomendados e indicar se o choque administrado deve ser um contrachoque sincronizado ou não sincronizado, para taquicardia ventricular (TV) monomórfica sem pulso, TV polimórfica (TVPM) e fibrilação ventricular (FV).7. Descrever o papel de cada membro da equipe de ressuscitação. 8. Discutir os eventos de um esforço de ressuscitação típico. 9. Discutir os cuidados imediatos pós-parada cardíaca após o retorno subsequente da circulação espontânea (RSCE). 10. Reconhecer as oportunidades proporcionadas quando se realiza uma reunião pós-evento. 11. Discutir a utilização do protocolo SPIKES quando se transmitem más notícias. Plano de Aprendizagem • Ler este capítulo antes da aula. • Dominar a identificação dos seguintes ritmos: FV, TV monomórfica, TVPM, assistolia e atividade elétrica sem pulso (AESP). • Dominar os seguintes fármacos: O2, epinefrina, amiodarona e lidocaína. • Dominar as seguintes capacidades: • Garantir a segurança no local e o uso de equipamento de proteção individual. • Atribuir as tarefas aos membros da equipe ou atuar como membro da equipe em situação de simulação de paciente. • Orientar ou realizar avaliação inicial do paciente. • Reconhecer rapidamente uma parada cardiorrespiratória. • Demonstrar familiaridade com o algoritmo de parada cardíaca. • Garantir a realização de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade quando indicada. • Demonstrar a utilização segura de um desfibrilador manual e DEA quando a terapia elétrica está indicada. • Demonstrar a compreensão das ações, indicações, dosagens, efeitos adversos e contraindicações dos fármacos usados no tratamento da parada cardíaca. • Considerar as possíveis causas reversíveis de uma emergência cardíaca. • Orientar a realização adequada do manejo das vias aéreas durante o esforço de ressuscitação. • Reconhecer o RSCE e orientar a prestação de cuidados imediatos pós- parada cardíaca. • Rever seu desempenho como líder de equipe ou membro da equipe durante uma reunião pós-evento. • Desenvolver e utilizar cartões de memorização, fluxogramas e mnemônicos para ajudar a aumentar a retenção da informação apresentada. • Completar o questionário do capítulo e rever as respostas fornecidas. • Ler os estudos de caso no final deste capítulo e comparar as suas respostas com as respostas fornecidas. Palavras-chave Desfibrilação externa automática Colocação das pás ou almofadas no tórax do paciente e interpretação do ritmo cardíaco do paciente pelo sistema de análise computadorizada do desfibrilador. Dependendo do tipo de DEA usado, a máquina irá administrar um choque (se for detectado ritmo chocável) ou instruir o operador para administrá-lo. Desfibrilação Fornecimento de corrente elétrica através do músculo cardíaco durante um período de tempo muito curto para interromper um ritmo cardíaco anormal; também denominada contrachoque não sincronizado ou contrachoque assíncrono, porque a entrega de corrente não tem relação com o ciclo cardíaco. Desfibrilador Dispositivo usado para administrar um choque elétrico com um nível de energia predefinido para interromper uma disritmia cardíaca. Desfibrilação manual Processo de colocação das pás ou almofadas no tórax do paciente, interpretação do ritmo cardíaco do paciente por um profissional de saúde treinado e a decisão do profissional de saúde para administrar um choque (se indicado). Impedância transtorácica (resistência) Resistência da parede torácica à passagem da corrente. Ritmos de parada cardíaca [Objetivos 1, 2] Os ritmos iniciais que podem ser observados em uma parada cardíaca incluem os seguintes: 1. TV sem pulso (TVSP), na qual o ECG exibe um complexo QRS alargado, regular, com uma frequência superior a 120 batimentos por min (bpm). 2. FV, na qual são observadas no ECG deflexões irregulares caóticas com forma e altura variáveis, mas não existe contração ventricular coordenada. 3. Assistolia, na qual não existe atividade elétrica cardíaca. 4. AESP, na qual a atividade elétrica é visível no ECG mas os pulsos centrais estão ausentes. A FV e TVSP são ritmos chocáveis. Isto significa que a administração de um choque ao coração por meio de desfibrilador pode resultar na interrupção do ritmo. A assistolia e a AESP são ritmos não chocáveis. A sobrevivência do paciente quando este apresenta ritmo chocável é até seis vezes mais elevada do que quando apresenta ritmo não chocável (Herlitz et al., 2002; Martinez, 2012). Taquicardia Ventricular A TV existe quando ocorrem três ou mais complexos ventriculares em sucessão imediata com uma frequência superior a 100 bpm. TV pode ocorrer com ou sem pulso, e o paciente pode estar estável ou instável com este ritmo. Quando os complexos QRS da TV são da mesma forma e amplitude, o ritmo é denominado TV monomórfica (Tabela 4.1, Fig. 4.1). Quando os complexos QRS da TV variam em forma e amplitude de batimento para batimento, o ritmo é denominado TV polimórfica (TVPM). Na TVPM, os complexos QRS parecem estar torcidos de uma posição vertical para negativa ou de negativa para vertical, e de volta. TVPM é uma disritmia de gravidade intermediária entre TV monomórfica e FV. Se estiver presente TV monomórfica ou TVPM sem pulso, o ritmo é tratado como FV (discutido adiante). A TV monomórfica é tratada com mais detalhe no Capítulo 5, juntamente com as taquicardias com QRS alargado. A TVPM é abordada no Capítulo 5 em conjunto com as taquicardias irregulares. Tabela 4.1 Características da Taquicardia Ventricular Monomórfica Ritmo Ritmo ventricular essencialmente regular Frequência 101 a 250 bpm (121 a 250 bpm, segundo alguns cardiologistas) Ondas P Geralmente não se observam; se estiverem presentes, não têm nenhuma relação definida com os complexos QRS que aparecem entre elas com uma frequência diferente da TV Intervalo PR Nenhum Duração do QRS 0,12 s ou superior; frequentemente difícil de diferenciar entre QRS e onda T FIGURA 4.1 Quando os complexos QRS da taquicardia ventricular (TV) têm a mesma forma e amplitude, o ritmo é denominado TV monomórfica. (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Fibrilação Ventricular [Objetivo 3] FV é um ritmo caótico que começa nos ventrículos (Tabela 4.2). Na FV não existe despolarização organizada dos ventrículos. O músculo ventricular estremece e, como resultado, não existe contração miocárdica eficaz e não existe pulso. O ritmo resultante parece caótico, com deflexões que variam em forma e amplitude; não são visíveis ondas com aparência normal. A amplitude das ondas da FV diminui ao longo do tempo, à medida que o fluxo sanguíneo miocárdico e o metabolismo energético diminuem (Li e Tang, 2012). A FV com ondas de amplitude igual ou superior a 3 milímetros (mm) é denominada FV grosseira. A FV com ondas de baixa amplitude (i. e., inferior a 3 mm) é denominada FV fina. A sobrevivência para alta hospitalar aumenta com ondas de FV de 3 a 4 mm e é melhor para FV igual ou superior a 5 mm (Li e Tang, 2012). A Figura 4.2 ilustra a comparação das disritmias ventriculares. Tabela 4.2 Características da Fibrilação Ventricular Ritmo Rápido e caótico, sem padrão ou regularidade Frequência Não pode ser determinada porque não existem ondas ou complexos identificáveis para a medição Ondas P Não identificável Intervalo PR Não identificável Duração do QRS Não identificável FIGURA 4.2 Taquiarritmias ventriculares. A. Traçado de ritmo mostrando TV monomórfica. B. Exemplo de TV polimórfica (TVPM). C. Exemplo de fibrilação ventricular (FV). Todos os traçados são da derivação V1. (De Goldman L, Ausiello DA, Arend W et al.: Cecil medicine, ed 23, Philadelphia, 2007, Saunders.) Os fatores que aumentam a suscetibilidade do miocárdio para fibrilar incluem os seguintes: • Síndromes coronarianas agudas. • Disritmias. • Desequilíbrio eletrolítico. • Fatores ambientais (p. ex., eletrocussão). • Hipertrofia. • Aumento da atividade do sistema nervoso simpático. • Efeito pró-arrítmico de antiarrítmicos e outros fármacos. • Insuficiência cardíaca grave. • Estimulação vagal. O paciente com FV é irresponsivo, apneico e sem pulso. As prioridades do atendimento à parada cardíaca devido a TVSP ou FV são RCP de alta qualidade e desfibrilação.Quando TVSP ou FV persistem ou recidivam após um ou mais choques, denominam-se TVSP/FV refratárias (Link et al., 2015). Use os acrônimos “PATCH-4-MD” e “Cinco Hs e Cinco Ts” para lembrar as possíveis causas reversíveis de emergências cardíacas (Quadros 4.1, 4.2). Quadro 4.1 “PATCH-4-MD” Pulmonar, embolia — anticoagulantes? Fibrinolíticos? Cirurgia? Acidose — ventilação, corrigir distúrbios ácido-base Tensão, pneumotórax de — descompressão por agulha Cardíaco, tamponamento — pericardiocentese Hipovolemia — reposição do volume intravascular Hipóxia — assegurar oxigenação e ventilação adequadas Hipertermia/hipotermia — métodos de resfriamento/aquecimento Hipocalemia/hipercalemia (e outros eletrólitos) — monitoração cuidadosa dos níveis séricos de glicose juntamente com a correção dos distúrbios dos eletrólitos Miocárdico, infarto — terapia de reperfusão Drogas, overdose/acidental — antídotos/terapia específica Quadro 4.2 Cinco Hs e Cinco Ts Hipovolemia Tamponamento cardíaco Hipóxia Tensão no tórax (pneumotórax hipertensivo) Hipotermia Trombose: pulmões (i. e., embolia pulmonar maciça) Hipocalemia/Hipercalemia Trombose: coração (i. e., síndromes coronarianas agudas) Hidrogênio, íon (acidose) Comprimidos (Tablets)/Toxinas: overdose de drogas Os fármacos que podem ser utilizados no tratamento da TVSP/FV incluem epinefrina (Tabela 4.3) e amiodarona. A epinefrina é um vasopressor. Um vasopressor é administrado durante uma parada cardíaca para aumentar a pressão de perfusão do (1) miocárdio, para aumentar a probabilidade de RSCE; e (2) cérebro, para aumentar a probabilidade de sobrevivência neurologicamente intacta (Sunde e Steen, 2012). A epinefrina é um fármaco potente que estimula ambos os receptores adrenérgicos alfa e beta. Deve ser administrada por via intravenosa (IV) ou intraóssea (IO) na parada cardíaca. Como os efeitos da epinefrina não duram muito tempo, esta deve ser repetida a cada 3 a 5 minutos, enquanto o paciente estiver em parada cardíaca. Embora a epinefrina seja usada no tratamento da parada cardíaca há mais de 40 anos, existe alguma preocupação de que a administração de epinefrina durante a parada cardíaca possa afetar negativamente os desfechos do paciente. Em um estudo que comparou os pacientes tratados com epinefrina versus sem epinefrina, os investigadores concluíram que, embora os pacientes que receberam epinefrina tenham tido RSCE com mais frequência e tenham tido uma melhora estatisticamente significativa da sobrevivência na admissão hospitalar, o desfecho final não foi afetado de forma significativa (Herlitz et al., 1995). Um estudo mais recente descobriu que, apesar de a taxa de RSCE aumentar com epinefrina, não existe diferença estatisticamente significativa na taxa de alta hospitalar (Jacobs et al., 2011). Após a administração, a epinefrina pode ter efeitos indesejados, incluindo o aumento do consumo de oxigênio do miocárdio e disritmias ventriculares pós- desfibrilação. (Attaran e Ewy, 2010). Tendo em conta que o valor e a segurança dos seus efeitos beta-adrenérgicos são controversos, uma vez que podem aumentar o trabalho miocárdico e reduzir a perfusão subendocárdica, as diretrizes atuais de ressuscitação refletem que a epinefrina em dose-padrão (i. e., 1 mg a cada 3 a 5 min) pode ser razoável para pacientes em parada cardíaca (Link et al., 2015). Quanto ao momento da administração da epinefrina durante uma parada cardíaca, as diretrizes atuais afirmam que pode ser razoável administrá-la logo que possível após o início de uma parada cardíaca associada a ritmo inicial não chocável (Link et al., 2015). No entanto, como o momento ideal pode variar com base em fatores do paciente e condições de ressuscitação, não existem evidências suficientes para fazer uma recomendação sobre o melhor momento para se administrar a epinefrina, particularmente com relação à desfibrilação, quando a parada cardíaca está associada a ritmo chocável (Link et al., 2015). Tabela 4.3 Epinefrina (Adrenalina) Classe Catecolamina natural; simpaticomimética; agonista adrenérgica Mecanismo de ação Liga-se aos receptores adrenérgicos alfa e beta, aumentando a frequência cardíaca e a força de contração, causando vasoconstrição e relaxando o músculo liso brônquico Indicações • Parada cardíaca: FV, TVSP, assistolia, AESP • Bradicardia sintomática • Hipotensão Dosagem Parada cardíaca • IV/IO: 1 mg (10 mL) de solução 1:10.000 em bólus IV, seguido de infusão de 20 mL de fluido; pode repetir a dose de 1 mg a cada 3 a 5 min (Link et al., 2015) • Traqueal: 2 a 2,5 mg diluídos em 5 a 10 mL de água esterilizada ou solução salina Cuidados pós-parada cardíaca: infusão IV contínua de 0,1 a 0,5 mcg/kg/min (Callaway et al., 2015) Bradicardia sintomática ou hipotensão: infusão contínua de 2 a 10 mcg/min (Link et al., 2015) Considerações • A epinefrina está disponível em diferentes concentrações e em diferentes embalagens. Leia o rótulo cuidadosamente antes da administração de epinefrina para garantir que a dose e a concentração do fármaco estejam corretas. • Aumenta a demanda miocárdica de oxigênio; pode causar disfunção miocárdica pós- -ressuscitação e disritmias ventriculares (Attaran e Ewy, 2010). • Administre uma infusão de epinefrina por meio uma bomba de infusão. • Observe o acesso IV frequentemente para pesquisar evidência de dano tecidual. • Não deve ser administrada pelo mesmo acesso IV das soluções alcalinas: estas inativam a epinefrina. • De acordo com o Institute for Safe Medication Practices, as expressões de razões já não aparecem nos produtos de fármacos de entidade única desde 1° de maio de 2016. A epinefrina 1:1.000 é apresentada como 1 mg/mL e a epinefrina 1:10.000 é apresentada como 0,1 mg/mL. ECG, eletrocardiograma; IO, intraósseo; IV, intravenoso; AESP, atividade elétrica sem pulso; TVSP, taquicardia ventricular sem pulso; FV, fibrilação ventricular Dica ACLS Um agonista é um fármaco ou substância que produz uma resposta previsível (i. e., estimula a ação). Um antagonista é um agente que exerce uma ação oposta à outra (i. e., bloqueia a ação). Um cronótropo é uma substância que afeta a frequência cardíaca: cronótropo positivo = ↑ frequência cardíaca; cronótropo negativo = ↓ frequência cardíaca. Um dromótropo é uma substância que afeta a velocidade de condução AV: dromótropo positivo = ↑ velocidade de condução AV; dromótropo negativo = ↓ velocidade de condução AV. Um inótropo é uma substância que afeta a contratilidade miocárdica: inótropo positivo = ↑ força de contração; inótropo negativo = ↓ força de contração. Dica ACLS Os receptores simpáticos (i. e., adrenérgicos) estão localizados em diferentes órgãos e têm diferentes ações fisiológicas quando estimulados. Os receptores adrenérgicos foram categorizados em cinco tipos principais: alfa1, alfa2, beta1, beta2 e beta3. Os receptores alfa1 são encontrados nos olhos, pequenas artérias e arteríolas periféricas, bexiga, esfíncteres gastrointestinais e órgãos reprodutores masculinos. A estimulação dos sítios de receptores alfa1 provoca principalmente constrição do músculo liso vascular. Os sítios de receptores alfa2 são encontrados em plaquetas, vasos sanguíneos e em neurônios no cérebro, pré-sinapticamente e pós-sinapticamente (Wecker et al., 2010). A estimulação resulta na supressão da liberação adicional de norepinefrina. Os receptores alfa1 e alfa2 são encontrados no miocárdio, mas sua função fisiológica está mais bem definida nos vasos sanguíneos periféricos do que no coração (Opie e Hasenfuss, 2012). Os sítios de receptores beta são divididos em beta1, beta2 e beta3. Os receptores beta1 são encontrados no coração e rins. No coração, a estimulação dos sítios de receptores beta1 resulta em aumento da frequência cardíaca(i. e., cronotropismo positivo), aumento da força de contração cardíaca (i. e., inotropismo positivo) e, por fim, irritabilidade das células cardíacas. Os sítios de receptores beta2 são encontrados em vários locais do corpo. Nos pulmões, a estimulação desses receptores provoca broncodilatação. Os receptores beta2 também são encontrados no coração e constituem cerca de 20% dos receptores beta do ventrículo esquerdo e aproximadamente 40% das aurículas (Opie e Hasenfuss, 2012). Os receptores beta3 estão localizados nas células adiposas. Considere a administração de um antiarrítmico se a TVSP/FV continuar apesar de RCP, desfibrilação e administração de vasopressor. Embora alguns antiarrítmicos tenham sido associados ao aumento das taxas de RSCE e admissão hospitalar, nenhum provou aumentar a sobrevivência a longo prazo ou a sobrevivência com bom desfecho neurológico (Link et al., 2015). Além disso, a sequência e o momento ideal de administração do antiarrítmico durante a parada cardíaca, com relação à administração de choques, não são conhecidos (Link et al,. 2015). A amiodarona é um antiarrítmico que bloqueia os canais de sódio, inibe a estimulação simpática e bloqueia os canais de potássio, assim como os canais de cálcio (Tabela 4.4). A administração de lidocaína pode ser considerada uma alternativa à amiodarona para TVSP/FV que não responde a RCP, desfibrilação e terapia com vasopressor (Link et al., 2015). A lidocaína é um antiarrítmico da classe 1B que inibe o influxo de sódio pelos canais rápidos da membrana da célula miocárdica e diminui a condução em tecido cardíaco isquêmico sem afetar de forma adversa a condução normal (Tabela 4.5). Embora o uso rotineiro de lidocaína após parada cardíaca não seja suportado pelas atuais diretrizes de ressuscitação, a iniciação ou a continuação da lidocaína pode ser considerada imediatamente após o RSCE de uma parada cardíaca associada a TVSP/FV (Link et al., 2015). Tabela 4.4 Amiodarona (Cordarone®) Classe Antiarrítmico de classe III Mecanismo de • Deprime diretamente a automaticidade de nós SA e AV ação • Lentifica a condução pelo nó AV e na via acessória de pacientes com padrão de pré- -excitação Wolff-Parkinson-White • Inibe os receptores alfa e beta-adrenérgicos • Possui tanto propriedades vagolíticas quanto bloqueadoras dos canais de cálcio • Vasodilatador coronário e periférico • Discreta diminuição na contratilidade miocárdica; contudo, o débito cardíaco pode aumentar devido à diminuição da pós-carga Indicações • TVSP/FV (após RCP, desfibrilação e um vasopressor) • Taquicardias estáveis com QRS estreito se o ritmo persistir apesar de manobras vagais ou adenosina, ou a taquicardia é recorrente • Controle da frequência ventricular na fibrilação atrial • Controle da frequência ventricular nas disritmias atriais pré-excitadas com condução por uma via acessória • TV monomórfica estável • TVPM com intervalo QT normal Dosagem • TVSP/FV: bólus inicial de 300 mg IV/IO; pode ser seguido por 1 dose de 150 mg (Link et al., 2015). Se RSCE, pode considerar infusão IV contínua (infusão de 1 mg/min por 6 horas e seguidamente uma infusão de manutenção de 0,5 mg/min durante 18 horas). Dose máxima diária 2,2 g IV por 24 horas. • Outras indicações: dose de ataque de 150 mg IV durante 10 min. Pode repetir a cada 10 min, se necessário. Após conversão, prossiga com uma infusão de 1 mg/min por 6 horas e seguidamente com uma infusão de manutenção de 0,5 mg/min durante 18 horas. Dose máxima cumulativa 2,2 g IV em 24 horas (Link et al., 2015). Considerações • Nos Estados Unidos, a amiodarona está disponível em duas formulações. Uma formulação contém polissorbato 80, que é um solvente vasoativo que pode produzir hipotensão. O outro contém ciclodextrina (Captisol®), que não possui efeitos vasoativos (Link et al., 2015). • Hipotensão arterial, bradicardia e bloqueio AV são efeitos adversos da administração de amiodarona. Diminua a velocidade da infusão ou suspenda se observados. • Prolonga os intervalos PR, QRS e QT e tem um efeito aditivo com outros fármacos que prolongam o intervalo QT (p. ex., procainamida, fenotiazinas, alguns antidepressivos tricíclicos, diuréticos tiazídicos, sotalol). Apesar de o prolongamento do intervalo QT e da duração do QRS serem benéficos em alguns pacientes, pode aumentar também o risco de TdP. AV, atrioventricular; RCP, ressuscitação cardiopulmonar; IV, intravenoso; TVPM, taquicardia ventricular polimórfica; TVSP, taquicardia ventricular sem pulso; RSCE, retorno subsequente da circulação espontânea; SA, sinoatrial; TdP, torsades de pointes; FV, fibrilação ventricular; TV, taquicardia ventricular Tabela 4.5 Lidocaína (Xilocaína®) Classe Antiarrítmico de classe 1B Mecanismo de ação Diminui a condução no tecido cardíaco isquêmico sem afetar adversamente a condução normal Indicações • TV monomórfica estável • Pode ser considerada como alternativa à amiodarona para TVSP/FV que não responde a RCP, desfibrilação e terapia vasopressora (Link et al., 2015) Dosagem • Dose inicial: 1 a 1,5 mg/kg em bólus IV/IO; considere repetir a dose (0,5 a 0,75 mg/kg) em intervalos de 5 a 10 min • A dose cumulativa em bólus IV/IO não deve exceder 3 mg/kg • Infusão de manutenção: 1 a 4 mg/min • Dose traqueal: 2 a 3 mg/kg (2 a 2,5 vezes a dose IV) Considerações • A lidocaína pode ser letal para um paciente com uma bradicardia com um ritmo de escape ventricular. • A iniciação ou continuação da lidocaína pode ser considerada imediatamente após um RSCE de parada cardíaca associada a TVSP ou FV (Link et al., 2015). IO, intraósseo; IV, intravenoso; TVSP, taquicardia ventricular sem pulso; RSCE, retorno subsequente da circulação espontânea; FV, fibrilação ventricular; TV, taquicardia ventricular Assistolia [Objetivo 3] A assistolia, também denominada assistolia ventricular, consiste na ausência total de atividade elétrica ventricular (Tabela 4.6, Fig. 4.3). Não existe nenhum ritmo ou frequência ventriculares, pulso ou débito cardíaco. Alguma atividade elétrica atrial pode estar presente. Se for este o caso, o ritmo é denominado assistolia “com ondas P” ou parada ventricular (Fig. 4.4). Tabela 4.6 Características da Assistolia Ritmo Ventricular não identificável; atrial pode ser identificável Frequência Ventricular não identificável mas atividade atrial (i. e., assistolia “com onda P”) pode ser observada Ondas P Geralmente não identificável Intervalo PR Não mensurável Duração do QRS Ausente FIGURA 4.3 Assistolia. (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) FIGURA 4.4 Assistolia “com ondas P”. (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Os acrônimos “PATCH-4-MD” e “Cinco Hs e Cinco Ts” podem ser usados para lembrar as possíveis causas reversíveis de assistolia. Além disso, a assistolia ventricular pode ocorrer temporariamente após a interrupção de uma taquicardia com fármacos, desfibrilação ou cardioversão sincronizada. Quando observar assistolia em um monitor cardíaco, confirme se o paciente está irresponsivo e não tem pulso e, em seguida, inicie RCP de alta qualidade. Os cuidados adicionais incluem obtenção de acesso vascular, consideração sobre possíveis causas reversíveis da parada, administração de epinefrina e, possivelmente, inserção de via aérea avançada. Para pacientes intubados, faça monitoração contínua do dióxido de carbono no final da expiração (EtCO2) para avaliar a qualidade das compressões durante o esforço de ressuscitação e para monitorar o RSCE. Atividade Elétrica sem Pulso [Objetivo 3] A AESP é uma situação clínica, não uma disritmia específica. A AESP existe quando se observa no monitor cardíaco atividade elétrica organizada (exceto TV), mas o paciente está irresponsivo, não está respirando e não se sente pulso (Fig.4.5). Anteriormente, a AESP era denominada dissociação eletromecânica. O termo foi alterado porque a investigação com utilização de ultrassonografia e cateteres de pressão permanentes revelou que a atividade elétrica observada em algumas dessas situações está, na verdade, associada a contrações mecânicas; no entanto, as contrações são muito fracas para produzir um pulso palpável ou pressão arterial mensurável. FIGURA 4.5 Atividade elétrica sem pulso (AESP) requer a ausência de atividade mecânica detectável no coração (i. e., ausência de pulso) com alguma forma de atividade elétrica organizada no coração (i. e., um ritmo). As disritmias mais típicas observadas em pacientes com AESP incluem os ritmos com complexos QRS estreitos e alargados. A. Bradicardia sinusal. B. Ritmo juncional. C. Fibrilação atrial com resposta ventricular lenta. D. Bloqueio AV de terceiro grau. E. Bradicardia idioventricular. F. Ritmo idioventricular. G. Ritmo idioventricular acelerado. H. Ritmo idioventricular acelerado. I. Taquicardia atrial. J. Taquicardia sinusal com morfologia de bloqueio de ramo. (De Adams JG: Emergency Medicine, ed 2, Philadelphia, 2013, Saunders.) A AESP tem mau prognóstico, a menos que a causa subjacente possa ser rapidamente identificada e tratada de modo adequado. O atendimento de emergência inclui RCP de alta qualidade, obtenção de acesso vascular, busca agressiva de possíveis causas reversíveis para a parada, administração de epinefrina e consideração sobre a inserção de via aérea avançada. A ultrassonografia à beira do leito (UBL) pode ser útil na identificação de causas mecânicas de AESP. O algoritmo de parada cardíaca é apresentado na Figura 4.6. FIGURA 4.6 Algoritmo de parada cardíaca. (Reproduzido com permissão. 2015 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care—Part 7: Adult Advanced Cardiovascular Life Support. ECCguidelines.heart.org. © 2015 American Heart Association, Inc.) Dica ACLS Embora os auxiliares de memória possam ser usados para lembrar as possíveis http://ECCguidelines.heart.org causas reversíveis de AESP, foi sugerida uma abordagem que incide sobre a diferenciação entre complexos com QRS estreito ou alargado no monitor cardíaco (Littmann et al., 2014). Essa abordagem requer estudo e não é aplicável a cenários de trauma. A AESP com QRS estreito resulta frequentemente de um problema mecânico, causado por uma obstrução ao fluxo de entrada ou saída do ventrículo direito (p. ex., tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, hiperinsuflação mecânica, embolia pulmonar). A presença de AESP com QRS alargado sugere problema metabólico (i. e., ventrículo esquerdo), tal como hipercalemia grave com ou sem acidose metabólica, ou toxicidade por bloqueador dos canais de sódio. Quando usada em conjunto com UBL, esta abordagem poderá ajudar a orientar as decisões sobre o tratamento inicial da AESP. Desfibrilação [Objetivo 4] Desfibrilação é a administração de uma corrente elétrica através do músculo cardíaco durante um período muito breve para interromper um ritmo cardíaco anormal. A desfibrilação também é denominada contrachoque não sincronizado ou contrachoque assíncrono, pois a administração da corrente não tem relação com o ciclo cardíaco. As indicações para desfibrilação incluem TV monomórfica sem pulso, TVPM sustentada e FV. Lembre-se de que o objetivo para administração do primeiro choque numa parada cardíaca súbita resultante de FV ou TVSP é nos primeiros 3 minutos após o colapso do paciente (Link et al., 2010). Desfibrilação manual refere-se ao seguinte: colocação das pás ou eletrodos no tórax do paciente, interpretação do ritmo cardíaco por um profissional de saúde treinado e decisão do profissional de saúde para administrar um choque, se indicado. A desfibrilação externa automática refere-se ao seguinte: colocação dos eletrodos no tórax do paciente e interpretação do ritmo cardíaco pelo sistema de análise computadorizada do desfibrilador. Dependendo do tipo de DEA usado, a máquina irá administrar um choque (se for detectado ritmo chocável) ou instruir o operador para administrar um choque. Os DEAs são discutidos com mais detalhe posteriormente neste capítulo. Em contexto hospitalar, é recomendável que os desfibriladores manuais ou DEAs estejam prontamente acessíveis em qualquer área utilizada por pacientes, e que todo o pessoal conheça a localização desse equipamento e como usá-lo (Morrison et al., 2013). A desfibrilação não faz o coração “dar a partida”. O choque é uma tentativa de aplicar uma corrente elétrica uniforme com intensidade suficiente para despolarizar as células miocárdicas (incluindo as células que estão fibrilando) ao mesmo tempo, deixando assim o coração “atordoado” por um breve momento. Isso proporciona uma oportunidade para que as células marca-passo naturais do coração retomem a atividade normal. Quando as células repolarizam, as células marca-passo com o maior grau de automaticidade devem assumir a responsabilidade de fornecer o ritmo cardíaco. O desfibrilador é um dispositivo usado para administrar um choque com a finalidade de eliminar o ritmo cardíaco anormal (Fig. 4.7). O desfibrilador é composto por: • Capacitor que armazena energia (i. e., elétrons) com uma voltagem específica: imagine a voltagem como uma tensão elétrica que direciona determinado fluxo de elétrons (i. e., corrente) por meio de um circuito desfibrilador (p. ex., o tórax). • Botão ou seletor de energia: os choques usados para desfibrilação e cardioversão são expressos em joules (J) de energia. • Botão de carga que permite que o capacitor seja carregado. • Botões de descarga que permitem que o capacitor seja descarregado. • Pás seguradas pela mão que requerem o uso de meio condutor ou eletrodos pelos quais a corrente é transmitida do desfibrilador para o paciente. As almofadas combinadas são compostas por um “remo” flexível de metal, uma camada de gel condutor e um anel adesivo que as fixa no tórax do paciente. São descartáveis e possuem múltiplas funções. As almofadas combinadas são aplicadas no peito desnudo do paciente para monitoração por ECG e, posteriormente, usadas para desfibrilação, cardioversão sincronizada e, em alguns casos, marca-passo. As almofadas combinadas separam fisicamente o operador do paciente. Em vez de se inclinar sobre o paciente quando utiliza as pás manuais, o operador administra o choque por meio do botão de descarga localizado no cabo remoto, no adaptador ou no próprio desfibrilador. FIGURA 4.7 Um desfibrilador é utilizado para administrar um choque elétrico para terminar um ritmo cardíaco anormal. (Cortesia de Physio-Control, Redmond, WA.) Dica ACLS As almofadas combinadas possuem múltiplas denominações, incluindo conjunto de almofadas, eletrodos de múltiplos usos, eletrodos multifunções, combinação de eletrodos, eletrodos de uso terapêutico e almofadas autoadesivas de monitoração/desfibrilação. Nem todas as almofadas combinadas são iguais. Algumas almofadas podem ser usadas para desfibrilação, cardioversão sincronizada, monitoração do ECG e marca-passo. Outras podem ser usadas para desfibrilação, cardioversão sincronizada e monitoração do ECG, mas não para marca-passo. Algumas almofadas têm um sensor incorporado que fornece retroinformação sobre a frequência e profundidade adequadas das compressões durante a RCP. Certifique-se de que está familiarizado com as capacidades das almofadas que está usando. Quando o botão de carga do desfibrilador é acionado, o capacitor carrega a energia. Uma vez que o capacitor está carregado e o botão de choque é pressionado, a voltagem impulsiona um fluxo de elétrons (i. e., corrente)para o paciente por intermédio das pás manuais ou das almofadas. A corrente passa pelo coração em “forma de ondas” que transitam de uma pá/eletrodo, através do tórax, até a outra pá/eletrodo, durante um breve período de tempo. Desfibrilação Monofásica versus Bifásica [Objetivo 5] Existem diferentes tipos de formas de ondas de desfibrilação. As formas de ondas são classificadas conforme o fluxo da corrente é liberado em uma, duas ou múltiplas direções. Quando é utilizada uma onda monofásica, a corrente passa pelo coração em uma (mono) direção (Fig. 4.8). Apesar de serem fabricados atualmente poucos desfibriladores com onda monofásica, muitos ainda estão em uso. Com relação às ondas bifásicas, a energia é administrada em duas (bi)fases. A corrente flui em uma direção por um período específico, cessa e, então, passa pelo coração uma segunda vez em direção oposta durante um período muito curto de tempo (milissegundos) (Fig. 4.9). Os DEAs e os desfibriladores manuais atuais utilizam onda bifásica exponencial truncada (BET), onda bifásica retilínea (BR) ou onda bifásica pulsada. Estas formas de onda administram diferentes picos de corrente usando a mesma programação de energia e conseguem ajustar a energia administrada conforme a impedância do paciente (discutida adiante) de várias formas (Link et al., 2015). FIGURA 4.8 Quando é usada uma onda monofásica, a corrente passa através do coração em uma direção. FIGURA 4.9 Com a onda bifásica, a energia é administrada em duas fases. A corrente se move em uma direção por um período específico, para, e em seguida passa através do coração uma segunda vez na direção oposta. Os desfibriladores que usam ondas bifásicas (i. e., BET ou BR) são preferíveis aos desfibriladores monofásicos para o tratamento de disritmias atriais e ventriculares, uma vez que apresentam mais sucesso na terminação da disritmia (Link et al., 2015). Estão disponíveis desfibriladores tanto de onda bifásica escalonada (i. e., níveis crescentes de energia) quanto não escalonada (i. e., sem aumento no nível de energia). Quando se prepara para usar terapia elétrica em um paciente, é essencial o conhecimento do tipo de dispositivo que está usando (i. e., monofásico versus bifásico) e dos níveis de energia recomendados pelo fabricante para a disritmia que está tratando. Impedância Transtorácica Embora a energia selecionada para a desfibrilação ou cardioversão seja expressa em J, é a corrente que libera a energia para o paciente e despolariza o miocárdio. A impedância transtorácica (resistência) refere-se à resistência da parede torácica ao fluxo da corrente na interface entre a parede torácica do paciente e as pás combinadas ou palhetas de desfibrilação. Se a resistência transtorácica for elevada, a quantidade de corrente que é verdadeiramente administrada ao miocárdio pode estar comprometida, resultando em choques sem sucesso. A impedância transtorácica varia muito entre os indivíduos. Alguns dos fatores conhecidos que afetam a impedância transtorácica são discutidos adiante. Dica ACLS Quando se utiliza o desfibrilador bifásico, a impedância transtorácica do paciente é medida pelas palhetas ou almofadas combinadas em contato com o tórax do paciente. O desfibrilador bifásico compensa a impedância transtorácica antes de administrar o choque, permitindo que o desfibrilador entregue a quantidade real de energia selecionada pelo médico. Pelos no Tórax Os pelos no tórax podem causar aumento significativo de resistência transtorácica (Sado et al., 2004). Pode ser difícil garantir um bom contato do eletrodo com a pele em pacientes com muitos pelos no peito. No entanto, se o bom contato não for garantido, a impedância transtorácica será elevada e a efetividade dos choques administrados será reduzida (Bissing e Kerber, 2000; Sado et al., 2004). Existe maior risco de queimaduras decorrentes dos arcos elétricos (i. e., faíscas) formados entre o eletrodo e a pele e entre os próprios eletrodos; a identificação e a análise do ECG também podem ficar inibidas. Dica ACLS Se a quantidade de pelos no peito for muito grande e se o tempo o permitir, apare ou raspe-os rapidamente nas áreas de colocação do eletrodo para garantir uma aderência adequada. Se isso não for possível (ou se uma lâmina não estiver disponível), verifique se existem eletrodos de reserva. Se existirem, coloque um conjunto de eletrodos no tórax do paciente e remova-o rapidamente. Isso deve remover alguns pelos e melhorar o contato do eletrodo à pele quando aplicar o segundo conjunto de eletrodos. Tamanho das Palhetas/Almofadas Os estudos têm mostrado que as palhetas ou almofadas de adultos devem ser usadas em pacientes com peso acima de 10 kg (i. e., geralmente com idade superior a 1 ano) (de Caen et al., 2015). Evite usar eletrodos pediátricos para desfibrilação em adultos porque pode ocorrer lesão miocárdica (Dahl et al., 1974). Como os tamanhos ideais dos eletrodos para desfibrilação e marca-passo com base no peso e na idade do paciente variam entre fabricantes, é importante seguir cuidadosamente todas as instruções dos mesmos. Quando aplicar as pás ou almofadas, remova as roupas do paciente e exponha o seu peito. Quando estiver preparando a pele para a colocação das pás ou almofadas, não utilize álcool, tintura de benjoim ou antitranspirante. Inspecione o tórax do paciente e procure adesivos ou discos transdérmicos que podem ser usados para a administração de fármacos, como nitroglicerina, nicotina, analgésicos, hormônios ou anti-hipertensivos. Não aplique as pás ou almofadas diretamente sobre os adesivos ou discos transdérmicos, pois adesivos podem prejudicar o contato adequado do eletrodo, dificultando a entrega de energia da pá ou almofada de desfibrilação para o coração (Wrenn, 1990). A má aderência pode provocar a formação de arcos elétricos e causar queimaduras cutâneas (Panacek et al., 1992). Se existir um adesivo, disco ou pomada farmacológica no local de fixação da pá ou almofada ou próximo, remova-o e limpe o local (não use álcool ou produtos à base de álcool) antes de aplicar as pás ou almofadas de desfibrilação (Wrenn, 1990). Como alguns pacientes usam joias em várias localizações do corpo, após expor o tórax do paciente, verifique cuidadosamente se existem piercings de metal. Embora a presença desses materiais não seja contraindicada para a desfibrilação, é possível que sua presença desvie a corrente de desfibrilação do miocárdio e reduza sua efetividade. Se possível, e se o tempo permitir, o objeto de metal deve ser removido para minimizar o potencial de queimaduras no tórax. Posição das Pás/Almofadas As pás manuais ou as almofadas combinadas devem ser colocadas no peito desnudo do paciente de acordo com as instruções do fabricante. As palhetas ou almofadas podem ser identificadas de acordo com a sua posição desejada no peito (p. ex., esterno/ápice, frente/atrás) ou de acordo com a sua polaridade (p. ex., positivo, negativo). A posição típica das pás ou almofadas usada durante a ressuscitação é a posição esterno-ápice, também denominada posição anterolateral ou ápice- anterior. Essa posição é muitas vezes usada pelo fato de o acesso ao tórax anterior normalmente ser mais fácil e a colocação das pás ou eletrodos nesta posição aproximar o posicionamento do eletrodo do ECG da derivação II. Posicione a pá ou almofada do esterno lateralmente ao lado direito do esterno do paciente, logo abaixo da clavícula. Coloque o centro da pá ou almofada esquerda (i. e., do ápice) na linha média axilar, lateralmente ao mamilo esquerdo do paciente (Fig. 4.10). Se o paciente for mulher, elevea mama esquerda e coloque a pá ou almofada do ápice lateralmente ou abaixo da mama. A colocação de pás ou almofadas de desfibrilação diretamente no tecido mamário resulta em maior impedância transtorácica, reduzindo o fluxo da corrente (Pagan-Carlo et al., 1996). FIGURA 4.10 Almofadas combinadas e pás-padrão na posição esterno- ápice. Outra posição comumente utilizada para a colocação das pás ou almofadas é a posição anteroposterior. Nessa posição, uma pá ou almofada é colocada sobre o lado esquerdo do tórax do paciente, com a porção superior da almofada abaixo do mamilo. A outra é colocada nas costas, logo abaixo da sua escápula esquerda (Fig. 4.11). Podem ser consideradas outras posições alternativas (p. ex., infraescapular anterior-esquerda, infraescapular anterior-direita) de acordo com as características individuais do paciente (Link et al., 2015). FIGURA 4.11 Almofadas combinadas na posição anteroposterior. Uso de Material Condutor Quando se utilizam pás manuais, o uso de géis, pastas ou eletrodos de desfibrilação pré-gelificados auxilia na passagem da corrente na interface entre as pás/eletrodos do desfibrilador e a superfície corporal (Fig. 4.12). Falha na utilização do material condutor resulta em aumento da impedância transtorácica, perda da penetração da corrente e queimaduras na superfície da pele. As almofadas combinadas são pré-gelificadas, dispensando a aplicação de gel adicional no tórax do paciente. FIGURA 4.12 O uso de material condutor é essencial ao se realizar desfibrilação ou cardioversão para reduzir a impedância ao fluxo da corrente na interface eletrodo-tórax. A. Se forem usadas pás padronizadas, o gel dos eletrodos deve ser aplicado antes do procedimento. B. Os eletrodos autoadesivos têm material condutor incorporado no adesivo. O uso de gel com esses eletrodos é desnecessário. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Ao aplicar os eletrodos adesivos no peito desnudo do paciente, pressione uma borda do eletrodo e percorra toda a sua superfície para remover todo o ar e evitar o desenvolvimento de bolsas de ar. Um cabo de desfibrilação é utilizado para ligar os eletrodos ao monitor/desfibrilador, dispensando o contato das mãos. Quando utilizar almofadas pré-gelificadas com pás manuais, garanta que os eletrodos cobrem toda a superfície das pás para evitar a formação de arcos elétricos e potenciais queimaduras. Não use gaze impregnada com solução salina ou álcool para a desfibrilação. O excesso de solução salina no tórax pode formar arcos elétricos e provocar queimaduras. Os eletrodos impregnados com álcool podem pegar fogo. Não utilize géis ou pastas que não sejam especificamente fabricados para desfibrilação (p. ex., gel de ultrassom). O uso de pastas, cremes, géis ou eletrodos impróprios pode causar queimaduras ou faíscas, com risco de incêndio em ambiente enriquecido com oxigênio (Hummel III et al., 1988). Se for usado muito gel, o material pode espalhar-se pela parede torácica durante a ressuscitação. Isso pode levar à formação de arco elétrico entre os eletrodos e afastar a corrente do coração, podendo produzir também faíscas ou queimaduras potencialmente perigosas. Pressão das Palhetas Quando utilizar palhetas para a desfibrilação de indivíduos adultos, aplique uma pressão firme (i. e., cerca de 11 quilos) em cada uma. Isso reduz a impedância transtorácica, melhorando o contato entre a superfície da pele e as palhetas, reduzindo a quantidade de ar nos pulmões. Quando se utilizam almofadas combinadas, não é preciso aplicar nenhuma pressão. Energia Selecionada Quando a terapia elétrica é usada para tratar um ritmo cardíaco anormal, é importante selecionar o nível de energia adequado (i. e., quantidade correta em J). Se o nível de energia selecionado e a corrente aplicada forem muito baixos, o choque não irá interromper o ritmo anormal. Durante a parada cardíaca de indivíduos adultos, utilize 360 J para todos os choques quando utilizar o desfibrilador monofásico (Link et al., 2015). Quando usar desfibrilador bifásico, use o nível de energia recomendado pelo fabricante para o choque inicial (p. ex., 120 a 200 J). Se você não souber qual é o nível de energia recomendado, considere a desfibrilação com a dose máxima (Link et al., 2015). A segunda dose de energia e as subsequentes devem ser equivalentes, podendo ser consideradas doses mais elevadas (Link et al., 2015). Procedimento de Desfibrilação [Objetivos 4, 6] O procedimento descrito em seguida pressupõe que o paciente seja adulto e esteja comprovadamente irresponsivo, apneico e sem pulso. Também pressupõe que o ritmo cardíaco do paciente seja TVSP ou FV e que os membros da equipe estejam disponíveis para realizar os procedimentos durante a tentativa de ressuscitação. Certifique-se de que a RCP de alta qualidade seja mantida enquanto o desfibrilador é preparado para a utilização (Fig. 4.13). Enquanto a RCP continua, instrua um membro da equipe para expor o tórax do paciente e remover quaisquer adesivos transdérmicos ou pomadas farmacológicas, se estiverem presentes. Se forem usadas pás manuais, aplique material condutor (p. ex., gel) nas pás do desfibrilador ou aplique almofadas descartáveis pré-gelificadas no peito desnudo do paciente. Se forem utilizadas almofadas combinadas, remova- as de sua embalagem selada. Avalie as almofadas quanto à presença adequada de gel. Ligue as almofadas ao cabo do desfibrilador e então aplique as almofadas combinadas no tórax do paciente, na posição recomendada pelo fabricante (Fig. 4.14). FIGURA 4.13 Continue a RCP enquanto o desfibrilador está sendo preparado para uso. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) FIGURA 4.14 Coloque almofadas combinadas no tórax do paciente. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Ligue o monitor/desfibrilador e verifique a presença de ritmo chocável (Fig. 4.15). Selecione um nível adequado de energia (Fig. 4.16). Carregue o desfibrilador (Fig. 4.17). Se forem usadas pás manuais, pressione o botão de carga no equipamento ou o botão localizado na pá do ápice. Se forem usadas palhetas manuais, pressione o botão “Carga” no equipamento, ou o botão localizado na palheta do ápice. Se forem usadas almofadas combinadas, aperte o botão “Carga” na máquina. FIGURA 4.15 Verifique a presença de ritmo chocável no monitor cardíaco. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) FIGURA 4.16 Selecione um nível de energia apropriado usando a dose de energia recomendada pelo fabricante. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) FIGURA 4.17 Carregue o desfibrilador e afaste todos do paciente. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Dica ACLS Quando um ritmo chocável estiver presente em uma parada cardíaca, administre um choque e reinicie a RCP imediatamente, começando pelas compressões torácicas. A razão para isso é que as longas interrupções das compressões torácicas estão associadas à menor probabilidade de conversão de um ritmo chocável em ritmo de perfusão. Reiniciar a RCP imediatamente após o choque aumenta a probabilidade de esta ser benéfica, em lugar de se administrar outro choque. Todos os membros da equipe, com exceção do compressor do tórax, devem afastar-se imediatamente do paciente enquanto o equipamento estiver carregando. Ouça o equipamento carregando a energia. O som normalmente altera quando alcançasua carga máxima. Para ajudar a minimizar as interrupções nas compressões torácicas, a pessoa que as estiver realizando deve manter as compressões enquanto o equipamento está carregando. Quando o desfibrilador estiver carregado, o compressor torácico deverá se afastar do paciente de imediato. Se o ritmo chocável ainda estiver presente, diga “Afastem-se!” Observe ao seu redor (360 graus) para garantir que todos — incluindo você — estejam afastados do paciente, da cama e de qualquer equipamento conectado ao paciente. Garanta que o oxigênio não esteja fluindo sobre o tórax do paciente. Dica ACLS Remova as fontes de oxigênio suplementar existentes na zona da cama do paciente antes da realização das tentativas de desfibrilação e afaste-as pelo menos 1 a 1,5 metro do tórax do paciente. Os exemplos de fontes de oxigênio suplementar incluem máscaras, cânulas nasais, bolsas de ressuscitação e tubos do ventilador. Pressione o botão “Choque” para desfibrilar o paciente (Fig. 4.18). Libere o botão de choque após o choque ter sido administrado. Instrua a equipe a reiniciar imediatamente as compressões torácicas, sem fazer uma pausa para a verificação do ritmo ou do pulso. FIGURA 4.18 Depois de garantir que todos estejam afastados do paciente, pressione o botão “Choque” para desfibrilar. (De Roberts and Hedges’ clinical procedures in emergency medicine, ed 6, Philadelphia, 2014, Saunders.) Dica ACLS Quando realizar desfibrilação ou cardioversão no paciente com marca-passo permanente ou cardiodesfibrilador implantável (CDI), tenha o cuidado de não colocar as pás ou eletrodos diretamente sobre o gerador (existirá uma protuberância sob a pele do paciente). A colocação das pás ou almofadas na posição anteroposterior e anterolateral é considerada aceitável nesses pacientes. Dependendo do fabricante, o CDI pode administrar um máximo de seis choques para FV. Quando o CDI descarrega o choque internamente, é administrado um choque de cerca de 2 J na superfície corporal. Os profissionais que estão em contato com o paciente podem sentir uma sensação de formigamento quando o CDI administra o choque. Embora a energia seja suficiente para ser sentida pelo profissional de saúde, não é suficiente para causar danos fisiológicos. Como uma parte da corrente de desfibrilação flui pelos eletrodos do marca-passo, um paciente com marca-passo permanente ou CDI deve passar pela avaliação do dispositivo a fim de garantir um funcionamento apropriado após a desfibrilação. Desfibrilação Externa Automática DEA é um desfibrilador externo que tem um sistema computadorizado de análise do ritmo cardíaco. Os DEAs são fáceis de usar. Comandos de voz e indicadores visuais guiam o operador através de uma série de etapas que podem incluir a desfibrilação. Quando os eletrodos adesivos são colocados no tórax do paciente, o DEA examina o ritmo cardíaco e o analisa. Alguns DEAs necessitam que o operador pressione o botão de “Análise” para iniciar a análise do ritmo, enquanto outros iniciam automaticamente a análise do ritmo cardíaco do paciente assim que os eletrodos são colocados no tórax. Os filtros de segurança avaliam os falsos sinais (p. ex., transmissões de rádio, mau contato dos eletrodos, interferência de 60 ciclos, eletrodos soltos). Quando o DEA analisa o ritmo cardíaco do paciente, ele “observa” múltiplas características do ritmo, incluindo a largura, a frequência e a amplitude do QRS. Se o DEA detectar ritmo chocável, ele carrega seus capacitores. Se o equipamento for um DEA totalmente automático e for detectado ritmo chocável, ele vai sinalizar para que todos permaneçam afastados do paciente e administrará um choque por meio das almofadas adesivas que foram colocadas no tórax do paciente. Se o equipamento for um DEA semiautomático e for detectado ritmo chocável, ele vai instruir o operador do DEA (mediante comandos de voz e indicadores visuais) a pressionar o botão “Choque” e administrar um choque. Use um DEA padronizado para um paciente irresponsivo, apneico, sem pulso e com idade igual ou superior a 8 anos. Se o paciente tiver entre 1 e 8 anos e não estiver disponível um atenuador pediátrico para o DEA, use um DEA padronizado (Atkins et al., 2015). Para lactentes, a desfibrilação com desfibrilador manual é preferível (Atkins et al., 2015). Se um desfibrilador manual não estiver disponível, é desejável um DEA equipado com atenuador pediátrico. Se nenhum estiver disponível, use um DEA padronizado. Operação [Objetivo 4] • Avalie a responsividade. Se o paciente estiver irresponsivo, avalie rapidamente a respiração enquanto, em simultâneo, avalia o pulso durante não mais do que 10 segundos. Se o pulso estiver ausente ou se você não tiver certeza de que o pulso está presente, inicie as compressões torácicas. • Ligue o DEA. Dependendo da marca, isso é feito ao se pressionar o botão “Ligar” ou levantando a tela ou a tampa do monitor. • Abra o pacote contendo as almofadas adesivas. Se o gel dos eletrodos estiver seco, use um novo conjunto de almofadas. Conecte os eletrodos aos cabos do DEA (se não estiverem pré-conectados) e seguidamente aplique as almofadas no tórax do paciente nas localizações especificadas pelo fabricante do DEA. A maioria dos modelos necessita que o cabo do DEA seja conectado ao mesmo antes da utilização. • Analise o ritmo do ECG. Se diversas “análises” confirmarem a presença de ritmo chocável, o DEA irá sinalizar que está indicada a administração de um choque. Escute os comandos de voz. Os responsáveis pelas compressões torácicas e pelas ventilações deverão trocar de posições durante a análise do ritmo. • Afaste todos da área que circunda o paciente. Certifique-se de olhar ao seu redor. Garanta que todos estejam afastados do paciente, da cama e de qualquer equipamento conectado ao paciente. Garanta que o oxigênio não esteja fluindo sobre o tórax do paciente. • Se a área estiver segura e o DEA aconselhar um choque, certifique-se de que todos os membros da equipe estejam afastados e então pressione o botão de choque para administrar a energia ao paciente quando o DEA o indicar. Após a administração do choque, reinicie imediatamente a RCP, começando com as compressões torácicas. Após cerca de 2 minutos de RCP, reanalise o ritmo. Continue a prestar cuidados, tal como indicado pelos comandos de voz e tela do DEA. Cardioversores-Desfibriladores Externos Automáticos Os cardioversores-desfibriladores externos automáticos (CDEAs), tais como o Powerheart® Cardiac Rhythm Module (CRM) (Cardiac Science Inc., Irvine, CA), são diferentes dos DEAs. Os CDEAs estão sendo usados com cada vez mais frequência em hospitais para reduzir o intervalo entre o aparecimento de TVSP/FV sustentada e a primeira desfibrilação. O Powerheart® CRM combina a tecnologia de desfibrilação bifásica, marca- passo externo não invasivo e tecnologia de monitoração do ECG. Os critérios de detecção de disritmias e os protocolos de terapia são programados e personalizados para pacientes individuais pelo pessoal do hospital. Uma vez programado e fixado ao paciente pelas almofadas adesivas descartáveis, o CRM pode monitorar continuamente o ritmo cardíaco do paciente, detectar o aparecimento de disritmias fatais usando o software de análise de ritmo e aconselhar ou administrar automaticamente a terapia de desfibrilação em pacientes após a detecção de ritmo chocável. O CRM também pode ser usado como desfibrilador manual ou cardioversor. Possíveis Complicações As possíveis complicações da terapia elétrica incluem as seguintes: • Lesão do operador ou outros membros da equipe se for utilizada técnica inapropriada. • Risco de incêndio, pela combinação de fontes elétricas e oxigênio. • Dano ou disfunção miocárdica. • Episódios embólicos.• Disritmias, incluindo assistolia, bloqueio atrioventricular (AV), bradicardia ou FV após cardioversão. • Queimaduras na pele do paciente, como resultado da falta de material condutor ou da formação “de uma ponte” de gel entre as pás manuais (i. e., o gel forma uma “ponte” sobre a pele). Equipe de ressuscitação [Objetivo 7] Durante o esforço de ressuscitação, a equipe interdisciplinar trabalha em conjunto para prestar cuidados coordenados ao paciente. O trabalho em equipe ajuda a garantir que as várias necessidades do paciente sejam atendidas ao longo do esforço de ressuscitação. Independentemente do local onde ocorre a parada cardíaca, os principais objetivos da ressuscitação são restaurar a circulação espontânea, recuperação neurológica significativa e preservar a função dos órgãos vitais. O tamanho de uma equipe de ressuscitação, também denominada equipe de código, e as capacidades de cada membro da equipe são variáveis. As tarefas essenciais que devem ser coordenadas durante o esforço de ressuscitação incluem compressões torácicas, monitoração do ECG e desfibrilação, manejo das vias aéreas, administração de medicação e acesso vascular e documentação dos eventos do código. O American College of Critical Care Medicine recomenda que a pessoa que dá apoio à família seja um membro reconhecido da equipe de código (Davidson et al., 2007). No ambiente pré-hospitalar, os técnicos em emergência médica (TEMs) e os paramédicos geralmente trabalham em equipes de dois a quatro. Este número varia dependendo do ambiente em que os TEMs ou paramédicos trabalham. Por exemplo, em uma equipe de bombeiros que atende uma chamada de emergência, pode haver dois TEMs e dois paramédicos no veículo. Embora a equipe possa variar, uma ambulância que chega a um cenário geralmente tem dois TEMs, um TEM e um paramédico, ou um TEM e uma enfermeira registrada. A tripulação de um helicóptero normalmente é composta por uma enfermeira registrada e um paramédico. No ambiente hospitalar, uma equipe de ressuscitação predefinida deve estar disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Estima-se que 77% dos hospitais dos Estados Unidos tenham uma equipe de ressuscitação predefinida, mas quase um quarto dos hospitais não tem (Kronick et al., 2015). É essencial que as instituições de saúde tenham políticas e procedimentos estabelecidos para a ativação da equipe de código. Tal como é importante saber previamente como usar um equipamento em caso de emergência, você deve conhecer os procedimentos da instituição para a ativação da equipe. É importante saber, aprender e praticar o procedimento de código da sua instituição e aprender o que é esperado de você como membro da equipe de ressuscitação. A prática frequente (p. ex., mensal), utilizando métodos como os códigos de fantasia baseados em simulações, é necessária para minimizar os erros, manter as capacidades e otimizar o desfecho do paciente (Morrison et al., 2013). Dica ACLS O conhecimento dos algoritmos é essencial para completar com sucesso o curso de ACLS. Durante o curso de ACLS, seu conhecimento sobre os algoritmos é avaliado na simulação de cenários e no pós-teste. As simulações (também chamadas casos) são avaliadas por um instrutor ACLS. Os algoritmos de parada cardíaca são avaliados na estação de Tratamento da Parada Cardíaca (também chamada Mega Code). Nesta estação você trabalha em equipes de quatro ou cinco pessoas. Cada pessoa se reveza como líder da equipe e como membro individual da equipe de ressuscitação, realizando cada uma das tarefas fundamentais de ressuscitação. O líder da equipe é avaliado quanto ao seu conhecimento dos algoritmos de ACLS, capacidade de coordenação da equipe de ressuscitação e suas decisões acerca do tratamento do paciente. Embora o líder da equipe seja responsável pela coordenação das ações gerais da mesma, as manobras de ressuscitação requerem trabalho de equipe. Cada membro deve conhecer suas responsabilidades e ser capaz de antecipar as instruções do líder. Isso é válido tanto na vida real quanto nas simulações. Responsabilidades do Líder da Equipe [Objetivo 7] Em todos os esforços de ressuscitação deve haver alguém que assuma a responsabilidade pela supervisão das ações da equipe de código. Se mais de uma pessoa tentar tomar decisões acerca do atendimento do paciente, gera-se confusão e é mais provável resultar em caos. O indivíduo responsável pelo esforço de ressuscitação geralmente é denominado diretor de código ou líder da equipe. No ambiente pré-hospitalar, os esforços de ressuscitação em geral são liderados por um paramédico ou enfermeiro que opera de acordo com as ordens médicas, protocolos locais em vigor ou ambos. No ambiente hospitalar, o líder da equipe normalmente é um médico com experiência no tratamento de parada cardíaca. Na maioria das instituições, o ACLS é considerado o padrão de tratamento em situações de parada cardíaca e, na ausência de um médico, o atendimento de emergência pode ser iniciado por enfermeiros adequadamente treinados, conforme a política institucional. Idealmente, o líder da equipe orienta os membros da equipe de código e possui raciocínio rápido e dinâmico, considerando várias questões ao mesmo tempo. Dado que a investigação mostrou que os líderes de equipe que efetivamente executam tarefas em caso de emergência têm menos probabilidade de ser eficientes, o líder da equipe deve ter uma posição mais distanciada para observar e guiar o esforço de ressuscitação (Hunziker et al., 2011). É provável que qualquer pessoa que tenha participado de ou, simplesmente, observado um esforço de ressuscitação consiga se lembrar de pelo menos um evento caótico, em que o líder gritou com todos e os membros da equipe ficaram nervosos, sem saber o que antecipar em seguida. Como líder da equipe, é essencial que suas ações, atitudes, palavras e capacidades sejam profissionais durante todo o esforço de ressuscitação. Durante um código, é necessário um estilo de liderança autocrática modificada que permita os comentários da equipe e a partilha de conhecimento. É melhor falar em tom calmo e confiante com os membros da sua equipe, usando termos que são conhecidos e compartilhados por todos. De modo geral, falar num tom normal e composto tem efeito calmante sobre os presentes. Um bom líder valoriza os membros da sua equipe, promove um ambiente no qual todos se sentem confortáveis para falar e encoraja a troca respeitosa de ideias. Durante o esforço de ressuscitação, o líder da equipe: • Encarrega um membro a realizar as observações primária e secundária e comunicá-lo de suas conclusões. • Recolhe uma história concisa do evento e do atendimento prestado, quando aplicável. Por exemplo, o primeiro atendedor transmite as informações aos paramédicos que estão chegando. Os paramédicos retransmitem as informações ao enfermeiro ou médico do departamento de emergência. No hospital, o enfermeiro que estava prestando atendimento retransmite a informação importante ao líder da equipe. • Encarrega a equipe de realizar compressões torácicas de alta qualidade e avalia a qualidade das compressões torácicas, incluindo a posição das mãos, a profundidade das compressões cardíacas, a frequência e a proporção de compressões para ventilações. • Orienta a equipe para administrar oxigenoterapia adequada ao paciente ao longo do esforço de ressuscitação. • Instrui a equipe em realizar desfibrilação, quando indicada, e garante que seja realizada com segurança e de forma correta. • Instrui a equipe em estabelecer acesso vascular (IV ou IO). • Ordena a administração dos fármacos corretos, bem como as doses e a via de administração,para a disritmia. • Considera a colocação de via aérea avançada; se a decisão tomada for a inserção de via aérea avançada, nomeia um membro qualificado da equipe para inseri-la e instrui a equipe a confirmar o posicionamento adequado do dispositivo. • Considera os resultados laboratoriais basais e outros dados relevantes, se necessário. • Ordena a reavaliação da resposta do paciente às intervenções. • Monitora o desempenho dos membros da equipe. • Garante a notificação da família sobre os eventos da ressuscitação. • Resolve problemas (incluindo a avaliação das possíveis causas de parada e o reconhecimento do mau funcionamento de equipamentos e deslocamento ou mau posicionamento dos tubos ou acessos). • Considera protocolos especiais de ressuscitação (p. ex., asma, anafilaxia, gravidez, ingestão de tóxicos, trauma, hipotermia acidental, incidente de submersão, choque elétrico ou relâmpago), quando apropriado. • Orienta os cuidados pós-parada cardíaca, quando existe RSCE. • Decide quando interromper os esforços de ressuscitação (consultando os membros da equipe), quando não existe resposta aos esforços de ressuscitação após um período razoável de tempo. • Proporciona a oportunidade para os membros da equipe participarem de uma reunião ou reflexão de equipe sobre os esforços de ressuscitação após o evento. Lembre-se de que, durante uma parada cardíaca, as prioridades são a RCP de alta qualidade e, se estiver presente ritmo chocável, a desfibrilação. A obtenção de acesso vascular, a administração de fármacos e a inserção de via aérea avançada são de importância secundária. O ritmo identificado no monitor cardíaco orienta a sequência de procedimentos a serem realizados a seguir. Por exemplo, se o paciente está em parada cardíaca e o monitor cardíaco mostra ausência de atividade elétrica, o ritmo é uma assistolia. Caso o monitor mostre ritmo organizado apesar da ausência de pulso central durante a avaliação do paciente, o ritmo é AESP. A desfibrilação não é indicada na assistolia ou na AESP. Se o monitor mostrar FV ou TVSP, a desfibrilação está indicada. Durante o esforço de ressuscitação, tenha em mente que a alteração do ritmo cardíaco ou do pulso do paciente (i. e., ausência de pulso para presença de pulso) em geral altera a sequência terapêutica recomendada (i. e., o algoritmo). Por exemplo, se a desfibrilação da TVSP/FV resultar em ritmo organizado no monitor, deve-se avaliar o pulso (Link et al., 2015). Se o paciente tiver pulso, o algoritmo altera, dada a alteração de ritmo e a presença de pulso. Se o ritmo organizado do monitor não gerar pulso, existe AESP e o tratamento continua no algoritmo de parada cardíaca; no entanto, a sequência terapêutica é alterada do segmento do algoritmo dedicado aos ritmos chocáveis para o segmento dos ritmos não chocáveis. Caso o ritmo organizado do monitor gere pulso, devem ser instituídas medidas de suporte para a manutenção do ritmo de perfusão. Esta prática é denominada cuidados pós-ressuscitação ou atendimento pós-parada cardíaca. Avalie os sinais vitais do paciente após o retorno do pulso. Caso a desfibrilação da TVSP resulte em FV (ou vice-versa), não há alteração do algoritmo porque a TVSP e a FV são tratadas da mesma maneira. Responsabilidades dos Membros da Equipe [Objetivo 7] Cada membro da equipe de ressuscitação deve ter funções e responsabilidades claras, conhecer suas limitações, estar bem informado sobre os algoritmos de ressuscitação atuais, ter prática nas capacidades de ressuscitação e estar preparado para questionar outros membros da equipe caso ocorra uma ação que possa ser inadequada. Os enfermeiros que respondem à parada cardíaca devem estar familiarizados com a organização do carro de código, também denominado carro de parada, e a localização de todos os itens ali contidos. No ambiente pré- hospitalar, os paramédicos devem estar familiarizados com a localização de todos os fármacos e dos equipamentos de ressuscitação em suas bolsas e veículos de emergência, se aplicável. O membro da equipe responsável pela RCP deve ser capaz de realizar RCP corretamente e de administrar compressões torácicas com a frequência, a força e a profundidade adequadas, na localização correta. O membro da equipe responsável pela monitoração do ECG e pela desfibrilação deve saber: • Operar um DEA e um desfibrilador manual. • Colocar adequadamente as pás manuais e as almofadas combinadas do desfibrilador. • Considerar as precauções de segurança necessárias durante a realização da terapia elétrica. • Resolver problemas relacionados com falhas do equipamento. O membro da equipe responsável pelo manejo das vias aéreas deve saber: • Realizar a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo ou de elevação da mandíbula sem a manobra de extensão do pescoço. • Estimar corretamente o tamanho e inserir vias aéreas orais e nasais. • Aplicar corretamente e entender as indicações, contraindicações, vantagens, desvantagens, complicações, taxas de fluxo em litros e concentrações de oxigênio dispensado dos dispositivos de administração de oxigênio, incluindo a cânula nasal, a máscara facial simples, a máscara de bolso, a máscara não reinalante e o dispositivo bolsa-válvula-máscara (DBM). • Aspirar as vias aéreas superiores selecionando o dispositivo e o cateter de aspiração adequados utilizando a técnica correta. • As indicações, contraindicações, vantagens, desvantagens, complicações, equipamentos e técnicas de inserção de via aérea avançada, se esta for uma técnica condizente com sua prática profissional. • Confirmar a colocação de via aérea avançada. • Usar o capnógrafo, o detector de dióxido de carbono exalado e o detector esofágico. • Fixar adequadamente a via aérea avançada. Dica ACLS No hospital, um médico ou enfermeiro anestesista geralmente assume a responsabilidade pela oxigenação e ventilação do paciente e é auxiliado pelo terapeuta respiratório, que faz a aspiração, a programação dos equipamentos e a ventilação manual do paciente. Em algumas instituições, o terapeuta respiratório realiza a intubação traqueal. O membro da equipe responsável pelo acesso vascular e administração de fármacos deve estar familiarizado com a localização dos fármacos de emergência, fluidos IV e outros suprimentos que possam ser usados durante os esforços de ressuscitação. Este membro da equipe prepara e rotula os fármacos e fluidos IV utilizados durante o código, conforme indicado pelo líder da equipe. Durante o colapso circulatório ou parada cardíaca, o local preferido para a punção de um acesso vascular é a veia mais acessível e de maior calibre que não necessite de interrupção dos esforços de ressuscitação. Em caso de ausência de acesso IV antes da parada, obtenha acesso IV em uma veia periférica — preferencialmente a veia antecubital ou jugular externa. A solução salina normal é o fluido IV preferido, porque expande o volume intravascular melhor do que a dextrose. Durante a parada cardíaca, administre os fármacos IV rapidamente por injeção em bólus. Após cada fármaco, administre 20 mL de fluido em bólus IV e eleve brevemente o membro durante e após a administração do fármaco para auxiliar a chegada do(s) fármaco(s) à circulação central (Link et al., 2015). Em caso de impossibilidade de obtenção do acesso IV periférico durante a parada cardíaca, considere a infusão IO antes da obtenção do acesso venoso central. Para aumentar a taxa de fluxo durante uma infusão IO, pode ser necessário o uso de uma bolsa pressurizada ou bomba de infusão. As diretrizes atuais de ressuscitação referem que um profissional devidamente qualificado pode considerar a colocação do acesso venoso central na jugular interna ou subclávia durante a parada cardíaca, a menos queexistam contraindicações (Link et al., 2015). O membro da equipe responsável pelo acesso vascular e administração de fármacos deve saber: • Que a fossa antecubital é o local de escolha para punção do acesso vascular em caso de ausência de cateter IV no momento da parada cardíaca. • O procedimento para a obtenção de acesso IO em pacientes adultos. • A importância da administração de um bólus IV de 20 mL de fluido e da elevação breve do membro após a administração de cada fármaco durante a parada cardíaca. • As vias de administração e doses corretas dos fármacos de ressuscitação para administração IV, IO e traqueal. Dica ACLS A administração de fármacos via traqueal não é a preferida, já que diversos estudos demonstraram que a administração de fármacos por esta via (p. ex., lidocaína, epinefrina, atropina, naloxona, vasopressina) resulta em concentrações sanguíneas menores que as obtidas com a administração das mesmas doses por via IV (Link et al., 2015). A administração IV de fármacos proporciona uma distribuição e efeitos farmacológicos mais previsíveis (Link et al., 2015). A dose recomendada de alguns fármacos que podem ser administrados por via traqueal, em geral, é de 2 a 2,5 vezes maior do que a dose IV, embora a dose ideal da maioria dos fármacos a ser administrada por via traqueal seja desconhecida. Funções de Apoio [Objetivo 7] Existem muitas funções de apoio em um esforço de ressuscitação. No hospital, um supervisor de enfermagem muitas vezes assume a responsabilidade de entrar em contato com o médico assistente do paciente, limitando o número de pessoas presentes apenas àquelas necessárias (i. e., controle dos espectadores), garantindo que esteja disponível uma cama de cuidados críticos e coordenando a transferência do paciente para a unidade de terapia intensiva (UTI). Outro enfermeiro normalmente assume a responsabilidade de trazer a papeleta do paciente para a beira do leito ou consultar a papeleta eletrônica para a obtenção de informações pertinentes (p. ex., estado do código, alergias, resultados laboratoriais mais recentes) e transmitir essa informação ao líder da equipe. Os funcionários de apoio são necessários para remover o excesso de mobiliário ou equipamentos da sala (p. ex., mesa de cabeceira, cadeira de rodas), para auxiliar o companheiro de quarto do paciente (se aplicável) e para a continuação da prestação de cuidados aos outros pacientes da enfermaria. A assistência pastoral, os assistentes sociais ou outros enfermeiros são necessários para o apoio à família. A utilização de um intérprete da linguagem profissional pode ser necessária para explicar a situação do paciente aos familiares. Esforços de Ressuscitação [Objetivo 8] É importante que os esforços de ressuscitação sejam realizados com o paciente sobre uma superfície firme. No ambiente extra-hospitalar, o atendimento deve ser iniciado no local em que o paciente foi encontrado, a não ser que a equipe não tenha espaço suficiente para ressuscitar o paciente ou na presença de condições que possam ser perigosas para os profissionais ou para o paciente. No hospital, um membro da equipe deve garantir que seja colocada uma prancha rígida sob o paciente. Muitos leitos hospitalares têm dispositivos de código que rapidamente colocam o leito na horizontal e desinflam os dispositivos de amortecimento ao mesmo tempo. Estudos de simulação demonstraram que, mesmo com o uso de uma prancha rígida, a compressão do colchão pode amortecer até 40% da profundidade das compressões medida em pacientes com parada cardíaca intra-hospitalar (PCIH); assim, podem ser necessárias compressões torácicas mais profundas em ambiente de PCIH para compensar o movimento do colchão, caso este não possa ser neutralizado com o uso de uma prancha rígida (Morrison et al., 2013). Dica ACLS Embora nem sempre disponíveis, devem ser obtidas informações relacionadas com a parada, incluindo as seguintes: • Quando e onde ocorreu a parada? • A parada foi testemunhada? • Realizou-se RCP? Se sim, por quanto tempo o paciente ficou sem atendimento até o início da RCP? • Qual o ritmo cardíaco inicial do paciente? Em caso de FV ou TVSP, quando o primeiro choque foi administrado? • Existem circunstâncias especiais a serem consideradas, como hipotermia, trauma, overdose de drogas ou ordem de não ressuscitar (DNAR) (do-not- attempt-resussitation)? • Qual o tratamento administrado? • Quais as informações existentes sobre o histórico médico do paciente? A RCP deve ser continuada pelos cuidadores que identificaram a parada do paciente. O líder da equipe atribui as funções a cada membro à medida que estes se reúnem, caso as funções não estejam predefinidas. Várias tarefas são executadas em simultâneo enquanto os membros da equipe convergem e se posicionam em torno do paciente para iniciar ou prosseguir os esforços de ressuscitação. Por exemplo, o carro de parada é posicionado na cabeceira do paciente para facilitar o acesso a desfibrilador, oxigênio, equipamento de aspiração, fármacos e suprimentos, bem como para se conseguir visualizar o monitor de ECG. O paciente é controlado com um monitor cardíaco e outro contínuo de EtCO2 (se disponível), as almofadas combinadas são aplicadas no peito desnudo do paciente, uma fonte de oxigênio é conectada a um dispositivo de máscara com saco (DMS) e o equipamento de aspiração é preparado. Informações pertinentes sobre o paciente devem ser rapidamente obtidas junto do cuidador, tais como idade, peso (o que permite a previsão das doses de fármacos dependentes do peso), tempo estimado da parada, circunstâncias relacionadas com a parada e existência do documento de DNAR. Dica ACLS Originalmente desenvolvido como uma técnica de comunicação pela Marinha dos EUA, SBAR é o acrônimo para Situação, contexto (Background), Avaliação e Recomendação que é frequentemente utilizado por profissionais de saúde como ferramenta para garantir uma comunicação rápida e eficaz ao transferir o atendimento do paciente. O sistema RSVP, motivo (Reason), histórico (Story), sinais Vitais, Plano, é outra ferramenta de comunicação usada para transmitir informações do paciente. Comunicação em Circuito Fechado É importante que o líder e os membros da equipe e o responsável pelos registros do evento comuniquem-se de forma clara ao longo de todo o esforço de ressuscitação. Como muitas vezes existe um grande número de pessoas presentes durante um código, conversas paralelas entre os membros da equipe que possam distrair os outros devem ser evitadas. Para evitar a sobrecarga de informações e ajudar a garantir que o que é verbalizado pelo líder da equipe é o mesmo que é ouvido pelos membros, o líder deve declarar as suas instruções uma de cada vez, usando termos que são conhecidos e partilhados por todos os membros. Deve-se utilizar o nome dos membros da equipe, caso este seja conhecido. Por exemplo, “Aubree, por favor, carregue o desfibrilador para 150 joules” ou “Andrew, por favor, insira uma via aérea oral”. Para evitar a necessidade de instruções repetitivas, os membros da equipe devem informar claramente quando os procedimentos e a administração de fármacos estão concluídos. Por exemplo, se um membro foi orientado para obter o acesso IV ou administrar um fármaco, deve responder dizendo algo como: “Estabelecido acesso IV na veia antecubital esquerda” ou “Administrado 1 mg de solução de epinefrina 1:10.000 IV”, quando a tarefa estiver concluída. Para os indivíduos que estiverem emitindo e recebendo mensagens, esta prática proporciona uma oportunidade para reconhecer e corrigir possíveis erros, além de ajudar a garantir a acurácia do registro das intervençõesrealizadas, do momento em que estas são realizadas e da resposta do paciente pelo responsável dos registros do evento. Como uma prática segura inclui a verificação de ordens, é importante que os membros da equipe solicitem esclarecimentos de quaisquer ordens que não sejam claras. Os membros também devem verbalizar qualquer alteração no estado do pulso, no ritmo cardíaco, na oxigenação ou na ventilação do paciente ao líder da equipe. Por exemplo, “Dr. __, o ritmo no monitor alterou” ou “Dr. __, a ventilação bolsa-máscara está cada vez mais complicada”. Dica ACLS Independentemente das suas funções no esforço de ressuscitação ou de seu nível de certificação ou licenciatura, é importante verbalizar suas preocupações de forma respeitosa e questionar uma intervenção, caso saiba que um erro está sendo cometido ou que está prestes a ocorrer. Ritmos Chocáveis [Objetivos 2, 7, 8] Quando TVSP/FV está presente, a desfibrilação está indicada. Certifique-se de que o membro da equipe responsável pela RCP continua as compressões torácicas enquanto o desfibrilador está sendo preparado para uso. O membro responsável pelas vias aéreas deve coordenar as ventilações com o responsável pela RCP até que uma via aérea avançada esteja colocada e sua posição confirmada. Enquanto a RCP de alta qualidade continua, instrua o membro da equipe responsável pela desfibrilação para expor o tórax do paciente e colocar as almofadas combinadas, se isso ainda não tiver sido realizado. Verifique a presença de ritmo chocável no monitor e selecione o nível de energia adequado. Enquanto o desfibrilador está sendo preparado, instrua o membro responsável pelo acesso IV/fármacos para preparar os fármacos que serão usados inicialmente e para estabelecer acesso vascular após o primeiro choque ser administrado. No momento de administrar um choque, instrua todos os membros da equipe, com exceção da pessoa que está realizando compressões, a se afastarem imediatamente do paciente. O membro responsável pelas vias aéreas deve se certificar de que o oxigênio não está fluindo sobre o tórax do paciente. Uma vez que o desfibrilador esteja carregado, o indivíduo compressor deve se afastar do paciente. Dessa maneira, as compressões torácicas são interrompidas pelo menor tempo possível durante o esforço de ressuscitação. Observe em redor para garantir que todos estão afastados e, em seguida, instrua o membro responsável pela desfibrilação para desfibrilar o paciente. Após o choque ter sido administrado, instrua a equipe para retomar as compressões torácicas imediatamente sem fazer pausa para a verificação do ritmo ou pulso. Instrua o membro responsável pelas vias aéreas para coordenar as ventilações com o compressor do peito. Assumindo que foi obtido acesso vascular, instrua o responsável pelo acesso IV/fármacos para administrar ao paciente um vasopressor durante a RCP. Após cinco ciclos de RCP (aproximadamente 2 minutos), verifique novamente o ritmo. As pausas das compressões torácicas para a verificação do ritmo não devem exceder 10 segundos. Se o ritmo chocável estiver presente, carregue o desfibrilador e depois diga “Afastem-se!”. Observe ao redor para garantir que todos estejam afastados e em seguida desfibrile. Retome as compressões torácicas de imediato. Enquanto continua com a RCP, considere a administração de um antiarrítmico (p. ex., amiodarona). Considere a colocação de via aérea avançada. Após a intubação, inicie a capnografia para determinar a eficácia da RCP. Utilize o acrônimo PATCH-4- MD ou cinco Hs e cinco Ts para ajudar a identificar as possíveis causas reversíveis de parada ou os fatores que podem estar complicando os esforços de ressuscitação. Dica ACLS As diretrizes de ressuscitação atuais afirmam que, embora não haja evidências suficientes para recomendar o uso de RCP extracorpórea (RCPE) para pacientes com parada cardíaca, em contextos em que esta possa ser rapidamente implementada, a RCPE pode ser considerada para determinados pacientes em parada cardíaca cuja causa suspeita para a parada é potencialmente reversível. Os exemplos fornecidos incluem oclusão aguda da artéria coronária, embolia pulmonar, FV refratária, hipotermia profunda, lesão cardíaca, miocardite, cardiomiopatia, insuficiência cardíaca e intoxicação por drogas. A RCPE pode servir como uma ponte para a implantação de dispositivo de assistência do ventrículo esquerdo ou transplante cardíaco durante um período limitado de suporte cardiorrespiratório mecânico (Link et al., 2015). Se a desfibrilação restaurar um ritmo organizado, verifique o pulso (Link et al., 2015). Se não tiver a certeza se o pulso está presente, retome a RCP. Se o pulso estiver presente, repita a avaliação primária, peça a um membro da equipe para obter os sinais vitais do paciente e inicie os cuidados pós-parada cardíaca. Se o pulso espontâneo retornou, os esforços da equipe do código deverão concentrar-se no seguinte: • Repetir as avaliações primária e secundária. • Antecipar alterações do estado do paciente (e prevenir deterioração). • Estabilizar os sinais vitais. • Fixar tubos e acessos vasculares. • Solucionar problemas de qualquer área. • Preparar o paciente para o transporte ou transferência. • Documentar com precisão os eventos ocorridos durante os esforços de ressuscitação. • Obter sangue para testes laboratoriais e tratar o paciente conforme necessário com base nos resultados. Se a desfibrilação interrompeu com sucesso a TVSP/FV mas houve recorrência desse ritmo, inicie a desfibrilação no último nível de energia usado que resultou em desfibrilação bem-sucedida. Ritmos Não Chocáveis [Objetivos 2, 7, 8] Se uma verificação de ritmo revelar ritmo não chocável, continue a RCP de alta qualidade. Estabeleça acesso vascular e administre epinefrina a cada 3 a 5 minutos. Considere a colocação de via aérea avançada e o uso de capnografia após intubação. Como a hipoxemia é uma possível causa reversível de parada cardíaca, a colocação da via aérea avançada teoricamente é mais importante durante uma parada cardíaca associada a AESP ou assistolia do que aquela associada a TVSP/FV e pode ser necessária para atingir a oxigenação ou a ventilação adequadas (Link et al., 2015). Reavalie o ritmo cardíaco do paciente. Se estiver presente um ritmo organizado, verifique o pulso. Se estiver presente um pulso, inicie os cuidados pós-parada cardíaca. Se o ritmo não chocável persistir, retome a RCP de alta qualidade. Pesquise e trate as causas reversíveis da parada ou os fatores que possam complicar os esforços de ressuscitação durante cada período de 2 minutos de RCP (Link et al., 2015). Se AESP estiver presente e se um equipamento de ultrassom e um ultrassonografista qualificado estiverem disponíveis, esta tecnologia pode ser útil na identificação de potenciais causas tratáveis de parada cardíaca e na orientação das decisões terapêuticas do paciente. Por exemplo, a ultrassonografia pode ser usada para reconhecer tamponamento cardíaco e pneumotórax, para identificar a presença de tumores ou coágulos, para avaliar a contratilidade miocárdica durante a RCP e para avaliar o volume ventricular. O uso da ultrassonografia cardíaca ou não cardíaca não deve interferir nos protocolos-padrão de tratamento da parada cardíaca (Link et al., 2015). Continue com a RCP durante 2 minutos antes de realizar outra verificação do ritmo. Lembre-se de alternar os responsáveis pelas compressões torácicas a cada 2 minutos para evitar a fadiga do profissional. Se não houver resposta às intervençõesadequadamente realizadas após um período razoável, considere a cessação dos esforços após consulta dos membros da equipe de ressuscitação. Os exemplos de fatores que são considerados ao decidir terminar os esforços de ressuscitação intra-hospitalares incluem os seguintes: • Tempo decorrido entre o colapso do paciente e a RCP. • Ritmo cardíaco inicial do paciente no momento da parada. • Tempo decorrido entre o colapso e a primeira tentativa de desfibrilação (se estava presente ritmo chocável). • Existência de circunstâncias especiais (p. ex., lesão traumática, asma, gravidez, intoxicação, hipotermia, lesão de submersão, lesão elétrica/relâmpago). • Presença de doença comórbida. • Resposta do paciente às medidas de ressuscitação, incluindo parâmetros fisiológicos como capnografia quantitativa com forma de onda, pressão diastólica de relaxamento arterial, monitoração da pressão arterial e saturação venosa central de oxigênio (Link et al., 2015). Dica ACLS Para pacientes intubados, a monitoração contínua de EtCO2 deve ser usada para avaliar a qualidade das compressões durante os esforços de ressuscitação. A incapacidade de alcançar EtCO2 superior a 10 mmHg imediatamente após a intubação e após 20 minutos de RCP está associada a probabilidades muito baixas de RSCE e sobrevivência (Link et al., 2015). Essa constatação, combinada com outros fatores, pode ser considerada ao decidir o momento de terminar a ressuscitação (Link et al., 2015). Situações Especiais de Ressuscitação Algumas situações exigem alterações no suporte básico de vida (SBV) ou no suporte avançado de vida durante os esforços de ressuscitação. A parada cardíaca em pacientes com overdose de opioides, conhecida ou suspeitada, e a parada cardíaca na gravidez são discutidas adiante. Overdose de Opioides Conhecida ou Suspeitada Reconhecendo que a overdose de opioides se tornou a principal causa de morte por dano não intencional em indivíduos com idades entre 25 e 60 anos nos Estados Unidos em 2012 (Lavonas et al., 2015), as diretrizes de ressuscitação de 2015 abordam as paradas cardíaca ou respiratória associadas a overdose de opioides, conhecida ou suspeitada. É razoável que os socorristas leigos devidamente treinados e os executantes de SBV administrem naloxona intramuscular (IM) ou intranasal (IN), juntamente com os cuidados-padrão de SBV, ao paciente irresponsivo, que não está respirando normalmente ou está apenas arquejante, que tem um pulso claramente palpável e que é suspeito de sofrer uma overdose de opioides (Lavonas et al., 2015). A naloxona deve ser administrada assim que estiver disponível e pode ser repetida após 4 minutos. O paciente irresponsivo que não está respirando e que não tem pulso pode estar em parada cardíaca ou pode ter um pulso fraco ou lento demais para ser detectado (Lavonas et al., 2015). As medidas de ressuscitação padronizadas, incluindo RCP de alta qualidade, devem ser usadas no tratamento desses pacientes. A administração de naloxona pode ser considerada depois de a RCP ter sido iniciada se houver suspeita de overdose de opioides (Kleinman et al., 2015). Parada Cardíaca e Gravidez As causas comuns de parada cardíaca materna incluem hemorragia, doenças cardiovasculares, embolia amniótica, sepse, pneumonia de aspiração, embolia pulmonar e eclâmpsia (Lavonas et al., 2015). Na segunda metade da gravidez, a cesárea pode ser considerada como parte da ressuscitação materna, independentemente da viabilidade do feto (Lavonas et al., 2015). Nas 20 semanas de gestação, a altura do fundo uterino está normalmente no nível do umbigo. O peso do útero gravídico sobre a veia cava inferior e a aorta pode dificultar o retorno venoso e o débito cardíaco quando a paciente está na posição supina. Durante a parada cardíaca, o útero deve ser manualmente deslocado para a esquerda quando a altura do fundo uterino estiver no nível do umbigo ou acima deste, para desviar o peso do útero para fora destes vasos sanguíneos e melhorar o débito cardíaco. A RCP de alta qualidade deve ser realizada com a paciente nesta posição. Se o deslocamento uterino manual não for bem-sucedido e uma cunha firme estiver disponível neste exato momento, considere a possibilidade de colocar a paciente numa inclinação lateral esquerda de 27 a 30 graus, usando a cunha para apoiar o tórax e a pelve da paciente (Lavonas et al., 2015). A cesárea deve ser considerada 4 minutos após o início da parada cardíaca materna ou dos esforços de ressuscitação (na parada não testemunhada) se não houver qualquer RSCE (Lavonas et al., 2015). Os fatores a considerar acerca da decisão de realizar uma cesárea incluem disponibilidade de profissionais adequadamente treinados, idade gestacional, etiologia da parada e disponibilidade de equipamentos e recursos (Lavonas et al., 2015). Transferência do Paciente A responsabilidade da equipe de ressuscitação pelo paciente continua até que o atendimento seja transferido para uma equipe de cuidados de saúde com competência igual ou superior. Transfira o paciente com oxigênio, monitoração de ECG e equipamento de ressuscitação e certifique-se de que profissionais treinados o acompanham. Quando transferir o atendimento, forneça informação bem organizada, concisa e completa. Assegure-se de que a família foi atualizada sobre os eventos. Cuidados Pós-Parada Cardíaca [Objetivo 9] Os cuidados do paciente com RSCE após uma parada cardíaca têm forte impacto sobre a morbidade e a mortalidade do paciente (Boutsikaris e Winters, 2012). As melhores práticas incluem uma abordagem de equipe multidisciplinar que abarca profissionais de cardiologia, cardiologia intervencionista, eletrofisiologia cardíaca, cuidados intensivos e neurologia (Morrison et al., 2013). Os componentes da síndrome pós-parada cardíaca são apresentados na Tabela 4.7. O algoritmo pós-parada cardíaca é apresentado na Figura 4.19. Tabela 4.7 Componentes da Síndrome Pós-Parada Cardíaca Componente Manifestações Clínicas Possíveis Intervenções Lesão cerebral Coma Convulsões Mioclonia CDT Controle das convulsões Diferentes graus de disfunção neurocognitiva (variando desde déficits de memória a um estado vegetativo persistente) Acidente vascular cerebral Morte cerebral Disfunção miocárdica Colapso circulatório Disritmias Hipotensão arterial Reperfusão coronariana Suporte hemodinâmico Suporte mecânico (p. ex., dispositivo de assistência ao ventrículo esquerdo, balão intra-aórtico) Resposta sistêmica de isquemia/reperfusão Colapso circulatório Hipotensão arterial Hipovolemia Disfunção multiorgânica Suporte hemodinâmico Controle de temperatura Persistência do fator desencadeante Específicas da causa (p. ex., síndrome coronariana aguda, asma, hemorragia, hipovolemia, overdose, embolia pulmonar, sepse, acidente vascular cerebral) Intervenções específicas da doença CDT, controle direcionado de temperatura FIGURA 4.19 Algoritmo pós-parada cardíaca. (Reproduzido com permissão. 2015 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care—Part 8: Post–Cardiac Arrest Care. ECCguidelines. heart.org. © 2015 American Heart Association, Inc.) Oxigenação e Ventilação Imediatamente após o RSCE, repita a avaliação primária e em seguida realize um exame físico completo e avalie os sinais vitais. Reavalie a eficácia das manobras e intervenções iniciais das vias aéreas. Aplique oxímetro de pulso e avalie a saturação de oxigênio. Para evitar hipóxia durante o período imediatamente após o RSCE, pode ser usada a maior concentração de oxigênio disponível até que a saturação da oxi-hemoglobina arterial ou a pressão parcial de oxigênio arterial possa ser medida(Callaway et al., 2015). Quando estiverem disponíveis recursos para dosear a fração de gás inspirado que corresponde ao oxigênio (FiO2) e para monitorar a saturação de http://heart.org oxi-hemoglobina, é razoável diminuir o FiO2 quando a saturação da oxi- hemoglobina for 100%, desde que se possa manter um nível de saturação periférica de oxigênio (SpO2) igual ou superior a 94% (Callaway et al., 2015). Avalie e monitore a eficácia das ventilações com capnografia. A ventilação mecânica pode ser necessária quando a respiração espontânea está ausente ou é inadequada e para minimizar a lesão pulmonar aguda e a potencial toxicidade do oxigênio (Callaway et al., 2015). Evite a hiperventilação, que aumenta a pressão intratorácica e pode potencialmente agravar a instabilidade hemodinâmica (Boutsikaris e Winters, 2012). Evite a hipoventilação, que pode contribuir para hipóxia e hipercapnia. As diretrizes de ressuscitação de 2015 afirmam que é razoável manter a pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) dentro de uma margem fisiológica normal, tendo em conta qualquer correção da temperatura, a menos que existam fatores relativos aos pacientes que exijam tratamento mais individualizado (Callaway et al., 2015). Se tolerado, eleve a cabeceira do leito a 30 graus para reduzir a incidência de edema cerebral, aspiração e pneumonia associada ao ventilador (Peberdy et al., 2010). Obtenha uma radiografia de tórax para confirmar a posição da via aérea avançada e identifique potenciais causas respiratórias ou complicações da ressuscitação, tais como pneumotórax, fraturas de costela, fraturas esternais, pneumonite, pneumonia ou edema pulmonar (Callaway et al., 2015). A administração de fibrinolíticos pode ser considerada para o paciente pós-parada cardíaca com parada resultante de embolia pulmonar conhecida ou presumida (Callaway et al., 2015). Cuidados Cardiovasculares A frequência cardíaca e a pressão arterial são extremamente variáveis logo após o RSCE. Após o RSCE, todos os pacientes devem receber monitoração contínua do ECG e deve ser obtido um ECG de 12 derivações logo que possível para determinar se uma elevação aguda do segmento ST está presente (Callaway et al., 2015). A angiografia coronária de emergência está recomendada para pacientes com parada cardíaca extra-hospitalar (PCEH) com uma presumível causa cardíaca para a parada e com elevação do segmento ST (Callaway et al., 2015). A angiografia coronária de emergência é considerada razoável para pacientes hemodinâmica ou eletricamente instáveis, que estão em coma após PCEH de presumível origem cardíaca mas sem elevação do segmento ST (Callaway et al., 2015). A angiografia coronária é razoável em pacientes pós-parada cardíaca, para quem a angiografia coronária está indicada independentemente de o paciente estar em coma ou vigilante (Callaway et al., 2015). Estabeleça acesso IV com solução salina ou solução de Ringer lactato, caso isso não tenha ainda sido feito. Os fluidos hipotônicos devem ser evitados porque podem aumentar o edema, incluindo edema cerebral (Peberdy et al., 2010). Caso tenha sido usado acesso IO durante a parada, estabeleça acesso IV para o substituir, quando o tempo o permitir. Insira uma sonda nasogástrica e um cateter urinário para monitorar o balanço hídrico. As disritmias que ocorrem durante o período pós-parada cardíaca devem ser tratadas da mesma forma que para um paciente que não teve parada cardíaca (Boutsikaris e Winters, 2012). As diretrizes atuais consideram razoável evitar e corrigir imediatamente a hipotensão (i. e., pressão sistólica inferior a 90 mmHg, pressão arterial média inferior a 65 mmHg) durante os cuidados pós-parada cardíaca (Callaway et al., 2015). A administração de fluidos em bólus IV/IO, cerca de 1 a 2 litros de solução salina normal ou solução de Ringer lactato, pode ser necessária para restaurar o volume intravascular, bem como a administração de fármacos vasoativos pode ser necessária para manter a perfusão se a hipotensão persistir (Callaway et al., 2015). Por exemplo, os agentes cronótropos podem ser necessários para melhorar a frequência cardíaca, os agentes inótropos podem ser necessários para aumentar a contratilidade miocárdica, os fármacos vasoconstritores podem ser necessários para aumentar a pressão arterial ou os vasodilatadores podem ser necessários para reduzir a pós-carga (Callaway et al., 2015). Cuidados Neurológicos O controle direcionado de temperatura (CDT), anteriormente conhecido como hipotermia terapêutica, é recomendado para pacientes adultos que não têm uma resposta significativa aos comandos verbais após RSCE (Callaway et al., 2015). Recomenda-se selecionar e manter uma temperatura constante entre 32 °C e 36 °C e é razoável manter o CDT durante pelo menos 24 horas após uma parada cardíaca, depois de alcançar a temperatura-alvo (Callaway, et al., 2015). O resfriamento rotineiro dos pacientes após o RSCE em ambiente pré-hospitalar com infusão rápida de fluidos intravasculares frios não está recomendado (Callaway et al., 2015). As manifestações clínicas de lesão cerebral pós-parada cardíaca incluem coma, convulsões, mioclonias, graus variados de disfunção neurocognitiva (variando desde déficits de memória a estado vegetativo persistente) e morte cerebral (Callaway et al., 2015). Como as convulsões após uma parada cardíaca podem ser causadas pela lesão cerebral pós-parada cardíaca, bem como podem agravar essa mesma lesão cerebral, um eletroencefalograma deve ser imediatamente realizado e interpretado e, em seguida, deve ser monitorado com frequência ou de modo contínuo em sobreviventes comatosos de parada cardíaca (Callaway et al., 2015). A evidência atual não suporta a administração rotineira de fármacos anticonvulsivantes em pacientes sem atividade convulsiva após a parada cardíaca. Se estiverem presentes convulsões, os mesmos regimes anticonvulsivantes usados no tratamento do estado epiléptico associado a outras etiologias podem ser considerados (Callaway et al., 2015). Discussão em Grupo [Objetivo 10] Independentemente do desfecho do esforço de ressuscitação ou da sua duração, o líder da equipe é responsável por garantir que ocorra uma reunião pós-evento. Os dados do desfibrilador, da folha de código, dos dispositivos de retroinformação e de outras fontes que capturaram dados durante o esforço de ressuscitação devem ser recolhidos e disponibilizados para informação da equipe de código. Durante a reunião, cada membro da equipe de código tem a oportunidade de participar em um diálogo honesto para compreender e identificar as informações aprendidas em um ambiente não punitivo. Idealmente, o indivíduo que lidera a reflexão deve ter formação e experiência como facilitador. Uma reunião proporciona o seguinte: • A oportunidade de cada membro da equipe refletir sobre o que fizeram, quando fizeram, como fizeram, por que fizeram e como podem melhorar (Phrampus e O’Donnell, 2013). • A oportunidade de identificar e solucionar falhas no desempenho (i. e., diferença entre o desempenho desejado e o real) e falhas de percepção (i. e., diferença entre a percepção do membro da equipe sobre o seu desempenho e seu desempenho real definido por medidas objetivas) (Phrampus e O’Donnell, 2013). • A oportunidade de rever as decisões clínicas e ações executadas durante o evento e compará-las com os algoritmos atuais de ressuscitação, padrões profissionais, políticas institucionais e protocolos locais. • A oportunidade de abordar as respostas emocionais relacionadas com o evento. • A oportunidade de autorreflexão, que pode ser traduzida em conhecimento para orientar futuras decisões e ações e, em última instância, melhoraro atendimento ao paciente. • A oportunidade de identificar e discutir os elementos da ressuscitação que decorreram bem, as áreas que poderiam ser melhoradas e recomendações para esforços de ressuscitação futuros. Embora existam múltiplas técnicas de reflexão, o modelo de reflexão estruturado e suportado é um método comumente usado em cursos de suporte avançado de vida. Esse modelo consiste nas seguintes fases (Phrampus e O’Donnell, 2013): 1. Fase de reunião. Esta fase é usada para aferição da reação da equipe ao evento, esclarecimento dos fatos, descrição dos acontecimentos e criação de um ambiente para aprendizagem reflexiva. Durante esta fase de reflexão, o líder da equipe é solicitado a fornecer um resumo dos acontecimentos, bem como informações suplementares requisitadas pelos membros da equipe. Usando perguntas abertas, o facilitador escuta os membros da equipe, que descrevem a própria percepção dos seus comportamentos. 2. Fase de análise. Durante esta fase, os registros do evento (p. ex., folha de código, dados de dispositivos) são revisados e as observações dos membros da equipe são relatadas. O facilitador elabora questões para promover a autorreflexão e a análise sobre as ações de cada membro, as alterações no estado do paciente que possam ter ocorrido durante o evento e sobre de que forma as ações individuais e da equipe podem ter influenciado o desfecho. As ações da equipe podem ser comparadas com os algoritmos atuais de ressuscitação, padrões profissionais, políticas institucionais, melhor evidência e protocolos locais para melhorar a compreensão. 3. Fase de resumo. A reunião termina com a revisão das informações aprendidas e o resumo das principais mensagens a serem tidas em conta, bem como das melhorias de desempenho necessárias. Notificação dos Familiares Várias pesquisas revelaram que a maioria dos familiares de pacientes submetidos a RCP gostaria de ter a possibilidade de estar presente durante a tentativa de ressuscitação. De acordo com pesquisas de acompanhamento com familiares que testemunharam um esforço de ressuscitação, a maioria sentiu que a sua aceitação da morte ou luto foi facilitada por ter testemunhado a ressuscitação e que o fato de estar presente foi benéfico para o membro da família à beira da morte. Caso os familiares não estejam presentes durante os esforços de ressuscitação, estes devem ser informados de que os esforços foram iniciados e devem ser periodicamente atualizados. O resultado do esforço de ressuscitação, bem ou malsucedido, deve ser prontamente transmitido à família, com honestidade e compaixão. Ao falar com a família, fale pausadamente e com voz baixa e calma. Use palavras simples, em vez de termos médicos. Faça pausas após curtos períodos para perguntar se compreendem o que está sendo transmitido. Você pode precisar repetir as informações várias vezes. Em geral, você deve manter contato visual com os familiares, com exceção dos casos em que existem diferenças culturais. Recorra à ajuda de um assistente social, entidade religiosa ou profissional de apoio ao luto, conforme necessário. Comunicar Más Notícias [Objetivo 11] Os profissionais de saúde podem não receber treinamento suficiente sobre como a morte de um ente querido deve ser comunicada aos sobreviventes. Os familiares geralmente não se recordam do que lhes foi dito quando recebem uma notícia de morte, mas sim da atitude e empatia da pessoa que deu a notícia (Schmid et al., 2005). SPIKES é o acrônimo para um protocolo de seis etapas que é usado para transmitir informações angustiantes aos pacientes e familiares (Quadro 4.3) (Baile et al., 2000). Utilizar o protocolo SPIKES pode ajudar a aliviar a angústia sentida pelo paciente ou familiar que recebe a notícia e pelo profissional de saúde que transmite a notícia (Kaplan, 2010). 1. Setting (Cenário). Organize seus pensamentos acerca da informação que necessita transmitir e antecipe as questões que os familiares irão formular. Selecione um local que proporcione privacidade, com todas as pessoas adequadas presentes. Sente-se, olhe para os familiares e minimize as interrupções, colocando seu bip em silêncio e o celular no modo “vibrar”. Se o idioma for uma barreira, procure que um tradutor esteja presente e seja parte da discussão. 2. Perception (Percepção). Antes de comunicar a informação, utilize questões abertas para perceber que informações a família já recebeu. Questionar “O que lhes foi dito até agora?” ou “Qual é seu entendimento do que aconteceu?” proporciona uma oportunidade para avaliar como a família percepciona a situação atual — em que consiste e qual sua gravidade (Baile et al., 2000). Também proporciona uma oportunidade para corrigir informações erradas. 3. Invitation (Convite). Pergunte à família como preferem receber as informações que você precisa comunicar e se querem receber essas informações. Por exemplo, “Gostariam que vos contasse mais sobre o que aconteceu?” Tenha em mente que os valores étnicos e culturais desempenham um papel significativo na necessidade de informações. Embora as famílias muitas vezes sejam claras sobre quanta informação estão prontas a receber, é possível que estejam emocionalmente muito perturbadas ou transtornadas para ouvir e compreender as informações que você está prestes a transmitir. 4. Knowledge (Conhecimento). Iniciar com uma declaração avisando que se seguem notícias desfavoráveis pode diminuir o choque que por vezes acompanha a transmissão de más notícias (Baile et al., 2000). Diga algo como “Eu lamento dizer-lhe que…” ou “Eu tenho más notícias para lhe transmitir” e em seguida faça uma pausa. Isso permite que a família tenha tempo para compreender o que foi dito. Falando lentamente, prossiga transmitindo a notícia em pequenas parcelas e de forma simples. Para reduzir o potencial de mal-entendidos, utilize palavras que a família compreenderá facilmente. Evite o uso de jargão médico e evite a franqueza excessiva. Não faça suposições sobre como as notícias irão ser recebidas. Se o esforço de ressuscitação foi malsucedido, dê tempo para que o choque seja absorvido e disponibilize o tempo necessário para questões e discussão. Reconheça que o choque inicial experienciado pelos familiares pode impedir que saibam que questões querem fazer. Pode ser necessário repetir as respostas ou explicações para garantir que são compreendidas. 5. Emotions (Emoções). Dê tempo à família para responder. Seja sensível e respeitoso para com as diferenças culturais. A reação da família pode consistir em raiva, choque, isolamento, descrença, agitação extrema, culpa ou tristeza. Uma morte esperada pode suscitar uma resposta de aceitação e alívio. Os esforços de ressuscitação podem ter dado tempo à família para aceitar o desfecho terminal. Em alguns casos, pode não haver nenhuma resposta observável ou a resposta pode parecer inapropriada. Uma afirmação como “Você tem minha (nossa) simpatia sincera” pode ser usada para expressar os seus sentimentos. No entanto, existem momentos em que o silêncio é apropriado. O silêncio respeita os sentimentos da família, permitindo-lhes recuperar a compostura em seu próprio ritmo. 6. Summarize (Resumir). Ofereça-se para entrar em contato com o médico do paciente e disponibilize-se se houver mais perguntas. Providencie acompanhamento e apoio continuado durante o período de luto. Proporcione à família a oportunidade de ver o seu familiar. Em casos que envolvam parada cardíaca resultante de trauma grave, isto pode não ser aconselhável. Se os equipamentos ainda estiverem conectados ao paciente, prepare a família para o que irão ver. O paciente deve ser limpo antes de a família ver o corpo. Acompanhe-a se necessário. Alguns cuidadores podem preferir não ver o corpo. Se esta for sua preferência, não tente forçá-los a fazê-lo. Quadro 4.3 Protocolo SPIKES S — Setting, Cenário P — Perception, Percepção do que o paciente/famíliacompreende sobre a situação I — Invitation, Convite para o paciente/família dar informações K — Knowledge, Conhecimento (i. e., comunicar os fatos médicos) E — Emotions, Emoções (i. e., utilização de respostas empáticas) S — Summary, Sumário Auxílio aos Cuidadores Um esforço de ressuscitação sem sucesso é difícil para a família, bem como para os profissionais de saúde envolvidos na ressuscitação. Embora cada profissional de saúde possa lidar com o estresse de maneira diferente, reações sugestivas de necessidade de auxílio incluem sentimentos persistentes de raiva, dúvida, tristeza, depressão ou desejo de isolamento. É importante reconhecer os sinais de alerta de estresse em você mesmo e nos outros e saber como lidar com eles. As estratégias para lidar com estresse incluem a realização de exercício físico, a prática de técnicas de relaxamento, conversas com familiares ou amigos ou consultas com um profissional de saúde mental qualificado. Integração de todos os elementos O questionário do capítulo e os estudos de caso apresentados nas páginas seguintes são fornecidos para ajudá--lo a integrar as informações apresentadas neste capítulo. À medida que você for trabalhando nos estudos de caso, lembre- se de que podem existir ações alternativas perfeitamente aceitáveis, ainda que não apresentadas no estudo de caso. Questionário do capítulo Verdadeiro/Falso Indique se a afirmação é verdadeira ou falsa. ____ 1. A impedância transtorácica está significativamente aumentada quando a desfibrilação é realizada sem o uso de material condutor. ____ 2. A vasopressina pode ser substituída pela primeira ou segunda dose de epinefrina na parada cardíaca. ____ 3. As diretrizes de ressuscitação atuais recomendam o uso rotineiro de lidocaína após a parada cardíaca. ____ 4. Em pacientes intubados, a impossibilidade de alcançar EtCO2 superior a 10 mmHg após 20 minutos de RCP está associada a probabilidades extremamente reduzidas de RSCE e sobrevivência. ____ 5. Quando é usado um desfibrilador monofásico para ritmos chocáveis de parada cardíaca, a dose de energia inicial recomendada é de 120 a 150 J; para todos os choques subsequentes recomendam-se 360 J. ____ 6. Os pacientes em parada cardíaca associada a AESP ou assistolia devem ser tratados com epinefrina precocemente durante o esforço de ressuscitação. Múltipla Escolha Identifique a melhor opção que completa a afirmação ou responde à pergunta. ____ 7. O que significa o termo AESP? A. AESP refere-se a um traçado plano no monitor cardíaco. B. AESP refere-se a um ritmo lento com complexo QRS alargado. C. AESP refere-se a um ritmo caótico que provavelmente degenera em parada cardíaca. D. AESP refere-se a um ritmo organizado observado no monitor cardíaco (que não TV), não existindo presença de pulso. ____ 8. A desfibrilação está indicada no tratamento de: A. FV e assistolia. B. AESP e assistolia. C. TVSP e FV. D. TVSP e AESP. ____ 9. Um paciente está em parada cardíaca. A RCP está sendo realizada. Duas tentativas de obtenção de acesso IV periférico não tiveram sucesso. Para administrar fármacos a esse paciente, a melhor ação nesta situação será: A. Prosseguir com a inserção de um cateter venoso central. B. Continuar as tentativas de obtenção do acesso IV periférico. C. Intubar o paciente e administrar os fármacos por via endotraqueal. D. Estabelecer acesso vascular por meio de infusão IO. ____ 10. Em quais das seguintes situações estaria indicado um bólus IV de epinefrina? A. Ritmo juncional, TVSP e assistolia. B. Bradicardia sinusal, ritmo juncional e ritmo de escape ventricular. C. AESP, TVSP e assistolia. D. AESP, FV e ritmo de escape ventricular. ____ 11. Estabelecer acesso vascular faz parte de: A. “A” na avaliação primária. B. “B” na avaliação secundária. C. “C” na avaliação secundária. D. “D” na avaliação primária. ____ 12. O primeiro fármaco utilizado no tratamento da AESP é: A. Lidocaína. B. Epinefrina. C. Amiodarona. D. Atropina ou epinefrina. ____ 13. Qual das seguintes afirmações sobre a dosagem de lidocaína durante uma parada cardíaca está correta? A. A lidocaína é administrada por infusão IV contínua de 2 a 10 mcg/min. B. A lidocaína é administrada por infusão IV contínua de 10 a 20 mcg/kg/min. C. A dose inicial corresponde a uma dose de ataque de 1 mg IV, que pode ser repetida duas vezes até uma dose máxima de 3 mg. D. A dose inicial é uma dose de ataque de 1 a 1,5 mg/kg IV; podem ser administradas doses repetidas de 0,5 a 0,75 mg/kg em bólus IV, em intervalos de 5 a 10 minutos, até uma dose máxima de 3 mg/kg. ____ 14. Um homem de 49 anos de idade é encontrado irresponsivo, sem respiração e sem pulso. O monitor cardíaco revela TV monomórfica. As ações mais importantes no tratamento desse paciente são: A. RCP e desfibrilação. B. Desfibrilação e fármacos de ressuscitação. C. RCP e inserção imediata de via aérea avançada. D. Cardioversão sincronizada e fármacos de ressuscitação. ____ 15. Um homem de 75 anos de idade está no andar de telemetria se recuperando de um infarto da parede inferior do miocárdio. A equipe de enfermagem chega ao quarto do paciente em resposta a um alarme do seu monitor cardíaco, que revela bradicardia sinusal de 40 bpm. O paciente está irresponsivo, sem pulso e apneico. O acesso IV já foi estabelecido. Agora você deve: A. Desfibrilar imediatamente. B. Iniciar marca-passo transcutâneo. C. Iniciar RCP, ventilar com um dispositivo bolsa-máscara e administrar epinefrina IV. D. Iniciar RCP, inserir via aérea avançada e administrar atropina IV. Completar Complete cada afirmação. 16. Identifique o seguinte ritmo (derivação II): (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Identificação:________________________________ 17. Identifique o seguinte ritmo (derivação II): (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Identificação:________________________________ 18. Identifique o seguinte ritmo (derivação II): (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Identificação:________________________________ 19. Identifique o seguinte ritmo (derivação II): (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Identificação:________________________________ Correlacionando Correlacione os ritmos cardíacos com suas descrições, colocando a letra da resposta correta no devido espaço. A. FV. B. TV monomórfica. C. TVPM. D. Assistolia. ____ 20. Ausência total de atividade elétrica ventricular. ____ 21. Ritmo caótico sem ondas identificáveis, complexos, padrão ou regularidade. ____ 22. Ritmo rápido no qual o complexo QRS é alargado e geralmente regular; os complexos QRS têm a mesma forma e amplitude. ____ 23. Ritmo rápido no qual os complexos QRS são alargados e parecem estar torcidos da vertical para negativo ou de negativo para a vertical, e para trás. Resposta Curta 24. Qual é o objetivo da desfibrilação? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Estudo de caso 4-1 Sua paciente é uma mulher de 52 anos de idade que foi encontrada irresponsiva no chão da cozinha por um vizinho. Você tem um número suficiente de profissionais de suporte avançado de vida disponível para ajudá--lo e executar as suas instruções. O equipamento de emergência está disponível, incluindo um DEA bifásico. 1. Quando se aproxima da paciente, você observa que ela está em posição supina numa maca. Seus olhos estão fechados, os lábios estão azuis e sua pele está pálida. Você não observa sinais de respiração. O que deve ser feito em seguida? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 2. A paciente está irresponsiva. Como gostaria de proceder em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3. A paciente não está respirando e não se sente o pulso. Sua pele está fria, pálida e seca. Como deve proceder? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 4. Como irá garantir a realização de compressões torácicas de alta qualidade ao longo de todo o esforço de ressuscitação? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 5. Qual é a diferença entre a desfibrilação manual e a desfibrilação externa automática? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 6. Os eletrodos do DEA estão colocados sobre o tórax da paciente e a análise de ritmo está completa. O DEA recomenda a administração de um choque. O que deve ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 7. A paciente foi desfibrilada e a RCP de alta qualidade está sendo realizada. Como irá abrir a via aérea da paciente? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 8. A via aérea da paciente está desobstruída. O que deve ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 9. As compressões torácicas estão sendo realizadas. Foi colocada uma via aérea oral. A paciente está sendo ventilada com um DBM. Você percebe uma leve elevação do tórax com a ventilação. Foi estabelecido um acesso vascular. O que deve ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 10. Após 2 minutos de RCP, o membro da equipe responsável pela desfibrilação reanalisa o ritmo da paciente com o DEA, que indica “choque não recomendado”. Como gostaria de proceder em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 11. Está presente pulso carotídeo. A paciente está respirando com FR de cerca de 8 rpm mas permanece irresponsiva. O que deve ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 12. Cinco Hs e cinco Ts são auxiliares de memória usados para lembrar as possíveis causas reversíveis de emergências cardíacas. Explique o significado de cada um dos cinco Hs e cinco Ts. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 13. A frequência cardíaca da paciente está forte e regular. Sua pressão arterial é 98/60 mmHg. A paciente foi colocada no monitor cardíaco, que mostra uma taquicardia sinusal de 118 bpm. As ventilações estão sendo assistidas com um DBM. Obtiveram-se as seguintes informações: Sinais/sintomas Encontrada irresponsiva pelo vizinho Alergias Desconhecido Medicamentos Azitromicina (Zithromax®), alendronato (Fosamax®), ácido acetilsalicílico História médica Prévia Osteoporose, infarto há 3 meses Última (Last) ingesta oral Desconhecido Eventos anteriores Encontrada irresponsiva no chão da cozinha por um vizinho que tinha falado com a paciente cerca de 25 minutos antes O que gostaria de fazer em seguida? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Estudo de caso 4-2 Seu paciente é um homem de 40 anos que foi encontrado irresponsivo na rua. Os paramédicos colocaram o paciente em uma maca rígida com estabilização da coluna cervical. Um acesso IV está infundindo solução salina quando o paciente chega ao departamento de emergência. Você tem um número suficiente de profissionais de suporte avançado de vida disponível para ajudá-lo e executar suas instruções. O equipamento de emergência está disponível, incluindo um desfibrilador bifásico manual. 1. Quando se aproxima do paciente, você observa que ele está em posição supina sobre a maca. Seus olhos estão fechados e sua pele está pálida. Você observa sangue escorrendo do ouvido direito do paciente. O que deve ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 2. O paciente tem respirações ofegantes (gasping) ocasionais, que ocorrem a uma frequência de 4 rpm. Não há nenhum pulso. Sua pele está quente, pálida e úmida. O que deve ser feito agora? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3. Quando se expõe o tórax do paciente para aplicar almofadas combinadas, você observa escoriações múltiplas, uma laceração parcial na área do mamilo direito e o que parecem ser marcas de pés no tórax e abdome do paciente. O que deve ser feito em seguida? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 4. O monitor revela o seguinte ritmo: (De Aehlert B: ECG study cards, St. Louis, 2004, Mosby.) Identificação:________________________________ 5. Obtiveram-se informações dos paramédicos e os achados de seu exame físico estão anotados. Sinais/sintomas: Possível agressão por pessoas desconhecidas com armas desconhecidas Alergias Desconhecido Medicamentos Desconhecido História médica Prévia Desconhecido Última (Last) ingesta oral Desconhecido Eventos anteriores Encontrado irresponsivo na rua Exame Físico Dirigido Cabeça/face: Sangue escorrendo do ouvido direito, hematoma da órbita esquerda, contusão do osso frontal, contusão da região temporal esquerda; ambas as pupilas