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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA INGRED COSTA FRANÇA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UM ESTUDO DA EMPRESA AREZZO S/A FEIRA DE SANTANA 2024 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UMA ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA DA EMPRESA AREZZO S/A Atividade apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Análise das Demonstrações Contábeis, no curso de Pós Graduação Latu Sensu – Contabilidade Gerencial, da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, sob a orientação da Profª. Pós Dra. Celia Sacramento. FEIRA DE SANTANA 2024 1 AREZZO INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A A Arezzo Indústria e Comércio S/A foi fundada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais no ano de 1972 pelos irmãos Anderson e Jefferson Birman. O nome da empresa foi escolhido ao acaso onde os irmãos apontaram para um lugar no mapa da Itália, que era a cidade de Arezzo, na ensolarada região da Toscana. A idéia inicial da boutique era a produção de sapatos masculinos, no entanto, devido a mudança do mercado e a grande demanda, a loja passou a ser direcionada também para o público feminino. Em 1974, a empresa abriu sua primeira loja de sapatos femininos, focada em aspectos como design e estilo. Seu primeiro sucesso foi a sandália anabela revestida de juta, um lançamento de verão, que virou mania nacional em 1977. Na década de 80, consolidou-se como uma fábrica de sapatos com capacidade produtiva de dois milhões de pares por ano. Também nos anos 80, a empresa passou por um processo de verticalização da sua atividade devido à falta de incentivos e suporte à produção industrial em Belo Horizonte, o que possibilitou um maior controle do processo produtivo e, consequentemente, uma maior qualidade do seu produto final. A década de 90 foi marcada pelo foco no varejo. Foi em 1990 que a marca Arezzo abriu sua primeira loja conceito – flagship store – na rua Oscar Freire em São Paulo, que desde a época já era um importante polo comercial de grifes nacionais e internacionais na cidade. A partir deste momento, a entidade mudou seu foco de fabricante de sapatos para administradora de uma grande rede de varejo de sapatos concentrando-se no desenvolvimento de conceitos de marca e moda e nos seus canais de distribuição. Em 2007, a marca Schutz fundada em 1995 foi incorporada ao grupo, trazendo importantes sinergias à gestão e complementaridade ao portfólio de marcas da Companhia, além do seu posicionamento e presença marcante no varejo nacional e internacional, originando o GRUPO AREZZO, e vendeu 25% da nova empresa por R$ 76.3 milhões para a Tarpon, gestora de recursos que administra US$ 1.1 bilhões. Posteriormente, em 2011, a Arezzo&Co abriu seu capital, passando a ter suas ações sendo negociadas na bolsa de valores brasileira, a BM&F BOVESPA, sob o ticker ARZZ3, e dando assim mais um passo em direção à institucionalização. Desde a sua fundação, a Arezzo&Co já vendeu mais de 11,1 milhões de pares de sapatos femininos, 1,1 milhão de bolsas e 363 mil acessórios, o que foi responsável pela Companhia ter arrecadado, até o final do ano de 2015, uma receita operacional líquida consolidada de R$1.239.110,00 milhões, um lucro líquido de R$116,1 milhões e um EBITDA2 de R$177,1 milhões. Em comparação com o ano de 2015, a receita operacional líquida consolidada da Companhia aumentou em 10,6%, em 2016, movimento este contrário ao observado no segmento de varejo do País, principalmente no setor de tecidos, vestuários e calçados, que apresentou uma retração na receita nominal de vendas em 6,2% e uma queda no volume de vendas de 8,8%. Nesses 50 anos de experiência, a Arezzo&Co expandiu uma extensa linha de produtos suficientemente diversificada, com foco em calçados, bolsas e acessórios femininos, tendo como preferência agradar e satisfazer os clientes. Os seus produtos são conhecidos por sua alta qualidade, sobressaindo-se por seu design, inovação e conforto, e estão relacionados a um estilo de vida diferenciado e desejado. Além disso, a Arezzo lança por ano cerca de quinze a dezoito coleções, cujos produtos são gradual e semanalmente disponibilizados nos pontos de venda, o que a permite levar a seus clientes todos os últimos conceitos e novidades da moda ao longo de todo o ano (fast fashion). 2 ANÁLISE E DISCUSSÃO A análise do resultado da empresa foi feita através das demonstrações divulgadas no período de 2019 a 2023. Como consequência da análise das demonstrações acima obtive os seguintes indicadores: A Arezzo findou o período de 2019 experienciando uma redução na rentabilidade em relação ao período anterior. O índice caiu de 23,07% para 21,45%, ou seja, houve redução de 1,61%. Isso implica que a companhia obteve um retorno menor em relação ao seu patrimônio. A princípio, esse resultado é considerável ponto negativo do ponto de vista do investidor, porém, é possível observar que a empresa demonstrou recuperação em se tratando de retorno sobre o capital investido, se compararmos o último trimestre de 2019 e o de 2020 onde a companhia obteve aumento de 2,8%, atingindo o pico de 29,2% e gerando uma excelente perspectiva para 2020. A queda da rentabilidade é consequência da diminuição da lucratividade de 2019 para o período posterior devido a pandemia. Apesar da Arezzo ter obtido maior receita bruta em 2019, o lucro líquido foi de 30 milhões de reais, mais do que o triplo do registrado no mesmo período do ano de 2018. Já o Ebitda (lucro antes de depreciações, juros e impostos) foi de 65 milhões, um salto de 80%. O índice de liquidez corrente é de 1,11%, o que demonstra uma larga folga na capacidade do disponível da empresa para liquidar as obrigações à curto prazo. Em consonância com a liquidez corrente, o índice de liquidez seca demonstra que a companhia mantém essa a alta capacidade de liquidar suas obrigações mesmo que não obtenha bons resultados em relação a saída de estoques. O resultado da liquidez imediata da empresa é satisfatório, apesar de ser consideravelmente menor que a liquidez seca e a corrente. Ter grandes valores neste item não refletiria, necessariamente, uma boa saúde financeira da empresa. Em uma época de transição política como foi no final de 2022, ainda havia incerteza quanto ao futuro da inflação no país - embora houvesse otimismo -, e uma possível alta da inflação poderia representar perda de dinheiro para a entidade que mantivesse muito dinheiro em caixa. Portanto, a liquidez imediata de 3,00 implica que a empresa poderia liquidar imediatamente suas obrigações caso fosse preciso, além de indicar prudência no tratamento das disponibilidades. Em se tratando de longo prazo, a Arezzo também se encontra em boa situação quanto se trata de liquidez. O índice de liquidez geral é de 2,0; indicando que a companhia tem total e plena capacidade de honrar suas obrigações em geral. Analisando os índices de liquidez simultaneamente, o resultado é um indicativo de boa saúde financeira da entidade, tendo altíssima liquidez corrente, seca e geral, além de possuir uma liquidez imediata satisfatória e condizente com o tipo de operação que a entidade realiza. Comparando os índices de 2019 e 2021, fica claro que houve um aumento expressivo na liquidez geral, saltando de 1,03 (2019) para 3,0 (2019); esse aumento é indicativo de melhora da saúde financeira da empresa. Com base nas informações contidas nas demonstrações publicadas pela empresa não foi possível calcular os indicadores de rotação para valores a pagar e valores a receber. Sendo que também não há dados suficientes para cálculo da média anual de estoques utilizado no indicador de rotatividade, tornando como alternativa viável, o uso dos saldos contidos no balanço patrimonial. Os índices encontrados para os anos analisados apontam que os estoques da Arezzo possuem alta rotação. Em termos numéricos, é possível afirmar com clareza que durante o exercício de 2019 o saldo de estoques presente no balanço patrimonial apresentou indicadorde rotatividade de 16,64; isso de certa forma, demonstra que as vendas do ano foram suficientes para renovar o estoque em mais de 16 vezes. Se tratando do mesmo índice em dias, no mesmo ano a empresa apresentou indicador de 21,94; isso demonstra que em média a empresa demora quase 22 dias para renovar seu estoque. Mesmo com rotação considerável a empresa apresentou retrocesso em comparação ao ano anterior tanto em vezes quanto em dias. Se tratando de solvência, a Arezzo apresenta indicadores excelentes tanto para 2019 quanto para os outros anos; isso demonstra que a empresa possui capacidade de arcar com todos os seus compromissos no caso de término de suas atividades. No que se refere o indicador de endividamento, a Arezzo apresentou resultados atraentes para investidores. O nível de endividamento da mesma expressa que a empresa não utiliza de elevados percentuais de capital de terceiros para custear suas atividades, tendo em vista que o índice geral calculado apresentou resultado igual a 34%. Tal resultado aponta que em 2019 cerca de 66% do ativo total da empresa era custeado com capital próprio; isso torna a empresa mais propícia a investidores, uma vez que seu risco de investimento apresenta-se baixo. Outro aspecto positivo a ser destacado foi a redução do endividamento da empresa, destarte revela que foram adotadas medidas para reduzir o percentual de capital de terceiros tendo como resultado a redução de cerca de 8,4% em comparação com o ano anterior. Seguindo a linha do índice de endividamento, o Grau de Garantia de Capitais de terceiros foi outro fator que se mostrou positivo para empresa, pois oferece segurança às dívidas totais. Em 2019 o grau era de 0,93; resultado satisfatório. No período seguinte o grau atingiu 0,97; valor que demonstra saúde financeira da companhia. Essa elevação do índice indica que a Arezzo buscou fazer com que seu ativo fosse mais financiado por capital próprio. No que tange a produtividade do ativo circulante e do ativo total, ambos os casos se mostram positivos para o mercado, contudo é visível que redução do ativo circulante trouxe um aumento de 0,41 para o ano de 2020 em comparação ao ano de 2019. Essa redução, agregada a pequena redução auferida no ativo não circulante, trouxe como consequência um aumento também na produtividade do ativo total de 0,18; com isso fica evidente que mesmo com redução do ativo total da empresa a mesma apresentou uma produtividade geral mais atrativa do que a do ano anterior. 3 CONCLUSÃO Esse trabalho teve como objetivo analisar a maior empresa de calçados, bolsas e acessórios femininos do Brasil: a Arezzo. Esse objetivo pôde ser alcançado através da aferição dos indicadores econômico-financeiros da entidade, como rentabilidade, liquidez, endividamento, além da análise da capacidade da entidade de honrar seus compromissos À curto e longo prazo, e ainda uma exploração dos processos de alavancagem financeira e operacional do período, fazendo breve comparação com o anterior. O período a que a análise corresponde é o de 2019, no qual a empresa estava executando com forte incumbência seu plano de expansão internacional, o que levou a empresa a realizar investimentos visando triplicar sua presença no exterior. Esse processo de investimentos foi notavelmente dispendioso, o que causou uma redução dos resultados da companhia em relação ao período anterior. Em termos de rentabilidade e lucratividade o resultado não é expressivo, mas é satisfatório, visto que foi neste período que o setor varejista de moda começou a ensaiar uma recuperação em relação aos períodos anteriores, que sofreram desvalorização causadas por fatores externos, principalmente políticos. Conclui-se então que, em quadro geral, os índices aferidos implicam forte indicação de saúde financeira, como pode ser observado principalmente pelo baixo endividamento, alto grau de liquidez e excelente capacidade de solvência. Portanto, a empresa se mostra bem estruturada econômico financeiramente, sendo para os investidores e acionistas fonte de confiança quanto ao resultado futuro, por apresentar boa perspectiva de retorno para os períodos seguintes; e para os participantes do mercado, se mostra uma boa possibilidade de investimento.