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Estratégia de Operações Estratégia de Operações Daniel Fonseca da Luz Ter um planejamento estratégico deve ser inerente a qualquer orga- nização, seja ela da esfera pública ou privada; evidentemente, cada uma possui as suas peculiaridades e contextualizações. Como sabem, as transformações sociais e econômicas são surpreendentemente rápidas e nos pegam às vezes desprevenidos, porém, com as empresas, independen- temente de seu segmento e tamanho, isso não deve acontecer. Este livro busca ser um primeiro contato de vocês com estratégia dentro do curso, porém, não o único, visto que as disciplinas que virão tratarão do tema de uma forma menos clássica; porém, não menos importante, visto que cada ação que tomamos, seja ela no âmbito da inovação, gestão, projetos, deve ter um foco no futuro, Eliyahu M. Goldratt, o criador da Te- oria das Restrições já dizia que o objetivo de qualquer empresa é “ganhar dinheiro, hoje e no futuro”, mas para isso devemos seguir diretrizes previa- mente estabelecidas e consensuais entre todos os envolvidos. Falar sobre estratégia de operações não é tarefa simples, visto a gran- de variedade de posições dos especialistas referente ao tema, alguns acre- ditando em uma abordagem mais de Visão Baseada em Recursos – VBR, onde a empresa deve se posicionar e tomar decisões devido as suas ha- bilidades internas (recursos), outros pesquisadores com um foco mais de mercado – Visão Baseada em Mercado – VBM, ainda há autores que se manifestam no sentido que as decisões cabíveis na área de produção são meramente táticas e operacionais. Também há divergência quanto à sequ- ência de abordagem dos temas pertinentes à construção de uma estratégia em operações. Este livro está organizado de forma que no primeiro capítulo o aluno tenha uma introdução do que é estratégia de operações, entendendo a sua Apresentação iv Apresentação relação com outras áreas da empresa. No segundo capítulo, se priorizou a apresentação das dimensões estratégicas, as clássicas, custo, qualidade, entrega e flexibilidade, ou seja, onde a empresa vai buscar competir por clientes, levando em conta suas possibilidades de atuação. Já no terceiro capítulo, foi tratado das escolhas estratégicas baseado em um diagnóstico de mercado exercido por meio das cinco forças de Porter. No quarto e último capítulo, com o conhecimento adquirido nos capítulos anteriores, o objetivo é desmembrar para todos os níveis da organização a estratégia pré-concebida. Esta é uma obra que se propõe ser um livro texto para a disciplina de estratégia de operações, sendo assim, desejo que este venha a ser um in- centivador para que vocês leiam autores clássicos, como Penrose, Skinner, Mintzberg, Porter e tantos outros que podem enriquecer ainda mais seus conhecimentos acerca do tema. Boa leitura e bons estudos! 1 Definindo Estratégia de Operações .......................................1 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo o Campo de Competição ........................................................................16 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha ........36 4 Desdobrando a Estratégia – Todos com o Mesmo Objetivo ..51 Sumário Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações ÂÂNeste capítulo, começaremos a ver o que é estratégia e sua importância para a busca da vantagem compe- titiva das organizações. Para todo estudo que iniciamos, é importante ter em mente o conceito inicial e difundido do objeto de estudo, no caso, estratégia de operações, sendo assim, o capítulo tem por objetivo responder: O que é estratégia? Quais as diferenças entre manu- fatura, produção e operações? 1 Mestre em engenharia de produção e sistemas, consultor empresarial, professor e coordenador de curso nas áreas de engenharia de produção e gestão. Daniel Fonseca da Luz1 2 Estratégia de Operações 1.1 Estratégia Em consonância com a afirmação acima, o dicionário Aurélio conceitua estratégia como: “s.f. Militar Arte de planejar operações de guerra. / Arte de combinar a ação das forças militares, políticas, mo- rais, econômicas, implicadas na condução de uma guer- ra ou na preparação da defesa de um Estado. / Arte de dirigir um conjunto de disposições: estratégia política. / Fig. Habilidade, astúcia, esperteza: contornou a dificul- dade com estratégia. / Fig. Ardil, manha, estratagema”. (FERREIRA, 1986) Estratégia é a necessidade que se tem de, por meio de um planejamento, conseguir vantagem competitiva em relação aos concorrentes em determinado momento, sendo a vanta- gem competitiva um diferencial positivo em relação aos con- correntes. Então basicamente o que veremos neste livro e em qualquer livro sobre o assunto é como podemos ser melhores em relação aos outros disputantes no mesmo mercado em que atuamos. Mintzberg (1996) fala de uma estratégia empresarial real que advém de um aprendizado estratégico adquirido, no qual se divide em duas: a estratégia deliberada e a estratégia emer- gente. Estratégia Deliberada: é caracteriza-se como o nascer de um processo formal, ou simplesmente intencional, sendo ela- borada no momento da concepção ou, muitas vezes, por um processo formal de planejamento estratégico. Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 3 Estratégia emergente: advém do fato de que, em boa me- dida, estratégias empresariais não são apenas expressões de planos feitos, mas essencialmente fruto de uma série de deci- sões e contextos do momento, ou adaptativas em resposta às necessidade emergenciais, conforme os eventos acontecem, ou seja, a estratégia deve ser um organismo vivo e adaptativo. 1.2 Operações Operações são atividades que transformam entradas em pro- dutos ou serviços. Uma organização pode processar infor- mações, materiais ou até mesmo os próprios consumidores. Sendo assim, setores dentro das empresas como, compras, vendas, produção, serviços, recursos humanos, logística etc. São operações empresariais. As atividades da administração da produção remontam à origem do ser humano, mas começaram a ter ênfase especial no início da revolução industrial, quando seu estudo e evolu- ção aceleram-se, rapidamente. As técnicas de administrar a produção, que tiveram sua origem nas indústrias, passam paulatinamente a ser aplicadas também em outras formas de organizações, como as comer- ciais e as de prestação de serviço. 4 Estratégia de Operações Entradas Saídas operações Figura 1 Operações. Fonte: LUZ (2013). As empresas podem melhorar suas operações controlando custos, aumentando as receitas, fazendo investimentos mais eficazes e aumentando suas competências ao longo do tem- po2. 1.3 Importância de operações Segundo Slack, as operações: Estão sendo vistas com mais importância, pois, mediante um gerenciamento ótimo, pode fornecer a vantagem competi- tiva para o negócio, ou seja, oferecer algo que os concorren- tes não possuem. Podem ter um impacto estratégico real, visto que não são sempre operacionais, pois pode e deve participar da modela- gem estratégica da organização. Importante a todos os setores da economia, hoje, as lições aprendidas nas operações estão servindo de referencia para 2 Slack, 2008. Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 5 novos padrões de comportamento em diversos setores da so- ciedade, que devem priorizar a excelência. Um país tem sua capacidade de gerar riqueza diretamente ligada a sua eficiên- cia em operações. A eficácia e de interesse de todos os gerentes, está claro até certo ponto que todos os gerentes são gerentes de operações, sendo assim, as práticas do bom gerenciamento servem para todas as práticas de todo o gerente. Seu escopo ampliou, nenhuma operação deve ser geren- ciada de forma isolada, deve ser entendida como integrante de um sistema, focando em uma visão holística/sistemicamen- te da organização e seus reflexos em toda sociedade. 1.4 Diferença entre operações, produção e manufatura Cabe fazer algumas considerações conceituais, pois ainda te-mos uma longa jornada pela frente. Manufatura: são as engenharias identificadas ao ramo in- dustrial. Sendo manufatura restrita às engenharias específicas ao ramo industrial: ex.: a indústria automotiva possui a sua manufatura específica aplicada a áreas como ferramentaria, pintura etc. Quanto à manufatura ampla, refere-se a seg- mentos que são comuns a diversas áreas industriais como, por exemplo, usinagens convencionais, prensas, injeções plásticas etc. 6 Estratégia de Operações Produção: produção se refere à gestão das manufaturas específicas e não específicas da fábrica e ainda gerencia os fluxos de materiais e recursos produtivos (homens/máquinas) da firma. Operações: em um sentido amplo, o termo operações se refere à aplicação de recursos (capital, materiais, tecnologia e as habilidades e os conhecimentos humanos) para a produção de bens e serviços. Quando se trata de operações, estamos fa- lando além das quatro paredes da fábrica, estamos falando de outras áreas como: recursos humanos, marketing, distribuição etc. Sendo operações o Core (atividade principal) da empresa. É comum chamar as operações de ‘core’ da empresa. Gestão de operações (serviços, transportes, varejo, manufatura, etc.) Operações de manufatura Produção (engenharia industrial, projeto de processo/produto, controle da produção, etc.) Figura 2 Diferenças entre operações x manufatura x produção. Fonte: HOPP e SPERMAN (2013). Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 7 Antunes et al. (2008) definem que sistemas de manufatura correspondem à adição direta de valor ao produto por meio de tecnologias intrínsecas referentes a uma determinada em- presa ou setor produtivo. Os autores ainda citam o exemplo da indústria automotiva que, na fabricação de automóveis, uti- liza tecnologias específicas, tais como: usinagem, forjamento, soldagem, pintura etc. Por outro lado, nos sistemas produtivos, são efetivadas as ações no sentido de operacionalização das funções de planejamento e controle do fluxo global de produ- ção. Em relação aos aspectos do sistema produtivo, tem-se: gestão da qualidade, gestão da produção, controle de esto- ques, manutenção, gestão de acidentes de trabalho, gestão ambiental, sincronização do fluxo produtivo, além de todas as ações de melhorias nessas áreas. Outro fator relevante para este trabalho é a diferenciação entre estratégia e controle de produção e manufatura. O controle de produção é baseado apenas na coordenação de atividades de manufatura, visando atender o requisito de entrega do cliente no menor custo possí- vel e com qualidade satisfatória, pelo emprego da capacidade disponível (SELLITTO, 2005). 1.5. Estratégia de operações Eficácia operacional e estratégia são essenciais para um desempenho superior em operações. Eficácia operacio- nal diz respeito a atingir a excelência em atividades indi- viduais e ser melhor do que os concorrentes em fatores de competição. Está relacionada às práticas pelas quais a empresa utiliza recursos e insumos. Já a estratégia 8 Estratégia de Operações trata da combinação de diversas atividades e de sua relação com o ambiente de negócios. Posicionamento estratégico significa escolher e executar ações diferen- tes das praticadas pelos concorrentes, ou desempenhar as mesmas ações, porém de forma diferente. (PORTER, 2001) O trabalho seminal de Wickham Skinner (1969) difundiu o conceito de estratégia de manufatura por meio da proposição de um framework, que destaca a necessidade da considera- ção da função produção no desenvolvimento da estratégia ge- ral da corporação (HAYES et al., 2008). Desde o trabalho de Skinner, uma série de trabalhos que ressaltam a importância das operações para prover vantagem competitiva nas empre- sas vem sendo publicada no meio acadêmico e empresarial3. Skinner (2007) explicitou o que motivou o desenvolvimento de uma estratégia de produção alinhada à estratégia corporativa, era o fato que até então, a observação corrente era a de que cada planta industrial seguia suas próprias aspirações, basea- das em decisões advindas da média gerência. O Quadro 1 exemplifica as necessidades constantes advin- das do mercado que colocam a manufatura como fator essen- cial para a busca da competitividade. 3 HAYES et al., 2008; HAYES; PISANO, 1994. Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 9 Quadro 1 Desafio em operações e suas relações com o mercado Fonte de mudança Tendências do mercado Exigências do cliente Desafios para as operações  Concorrência global  Avanços tecnológicos  Tecnologias mais acessíveis amigáveis  Aumento nas exigências dos clientes  Maior organização do trabalho  Legislação ambiental mais rígida  Redes sociais  Ciclo de vida reduzido de produtos  Comoditização de produtos e serviços  Segmentação dos mercados  Terceirização de mão de obra  Servitização  Diferenciação de produtos advinda do marketing  Encurtamento da cadeia produtiva  Fabricação própria (impressoras 3D)  Produto de qualidade  Variedade de escolha  Entrega rápida e confiável  Customização do produto  Venda de soluções e não de produtos.  Empresas com preocupações sociais / ambientais  Lotes menores de produtos  Alta frequência de mudança nos produtos  Curtos lead times até o consumidor  Incerteza na demanda  Alta competitividade  Necessidade de ser global  Customização em escala Fonte: Autor. O quadro acima trata da relação constante das operações com a estratégia corporativa da organização que esta deve sempre estar calcada nas tendências advindas do mercado, visto que a definição da estratégia objetiva a perpetuação da empresa de forma lucrativa no mercado. 10 Estratégia de Operações Avaliando seu conhecimento 1) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Mintzberg classifica as estratégias como: A) ( ) Deliberadas e emergentes B) ( ) Deliberativas e impostas C) ( ) Pensadas e executadas D) ( ) Certas e erradas E) ( ) Passadas e Futuras 2) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Podemos definir ope- rações como: A) ( ) Tendências que transformam entradas em produtos ou serviços. B) ( ) Atividades que transformam saídas em produtos ou serviços. C) ( ) Atividades que transformam entradas em produtos ou serviços. D) ( ) Tendências que transformam saídas em produtos ou serviços. E) ( ) Atividades de serviços que transformam-se em pro- dutos. Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 11 3) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta ERRADA. Está dentro do contexto de estratégia: A) ( ) Está restrito aos altos executivos da organização. B) ( ) Traçar planos em curto prazo para os diretores. C) ( ) Tomada de decisões quanto às questões de longo prazo da empresa. D) ( ) Define estratégias de sobrevivência, crescimento e eficácia geral. E) ( ) Ser encarada como um organismo vivo. 4) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quando estritamente falamos de produção: A) ( ) É responsável também pelo marketing. B) ( ) São as engenharias específicas de cada setor. C) ( ) É também conhecida como o ‘core’ da corporação. D) ( ) É a gestão das manufaturas específicas e dos fluxos produtivos. E) ( ) Responsável pela formulação da estratégia corpora- tiva. 12 Estratégia de Operações 5) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Podemos afirmar que a manufatura: A) ( ) É responsável também pelos setores de RH e Marke- ting. B) ( ) São as engenharias específicas de cada setor. C) ( ) É também conhecida como o ‘core’ da corporação. D) ( ) É a gestão das manufaturas específicas e dos fluxos produtivos. E) ( ) Responsável pelaformulação da estratégia corpora- tiva. Gabarito 1 – A; 2 – C; 3 – B; 4 – D; 5 – B. Recapitulando Neste capítulo, passamos pela conceituação de estratégia e as diferenciações conceituais entre manufatura, produção e operações. Também foi foco de estudo a necessidade das ope- rações estarem alinhadas com as diferentes áreas da empresa, principalmente às ligadas ao marketing. Capítulo 1 Definindo Estratégia de Operações 13 Amplie SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. BETTS, A. Ge- renciamento de operações e processos. Porto alegre: Book- man, 2008. Autor clássico que aborda neste livro de forma simples e clara a gestão de operações, passando por questões pertinen- tes à estratégia. Referências bibliográficas ANTUNES, J. A. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. HAYES, R. et al. Em Busca da Vantagem Competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2008. HAYES, R.; PISANO, G. Beyond world-class: the new manu- facturing strategy. Harvard Business Review, p.77-86, jan./ feb., 1994. HOPP, W.; SPERMAN, M.; A Ciência da Fábrica. Porto Alegre: Bookman, 2013. LUZ, Daniel Fonseca da. Operações Industriais. Canoas: Edi- tora da ULBRA, 2013. 14 Estratégia de Operações MINTZBERG, H. Five Ps for strategy. In: The strategy process, Prentice-Hall, New Jersey, 1996. PORTER, M.,E. Competitive Positioning: the new learning. Bos- ton, Massachusetts: Harvard Business School, 2001. SELLITTO, M. A. Medição e controle de desempenho estratégi- co em sistemas de manufatura. 2005. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. BETTS, A. Geren- ciamento de operações e processos. Porto alegre: Book- man, 2008. SKINNER, W. Manufacturing – Missing Link in Corporate Stra- tegy. Harvard Business Rewiew, May/Jun. 1969. SKINNER, Wickham. Manufacturing strategy: the story of its evolution. Journal of Operations Management, v. 25, n. 2, p. 328-335, 2007. TUBINO, D. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Alegre: Bookman, 1999. VOSS, C.; TSIKRIKTSIS, N.; FROHLICH, M. Case research in operations management. International Journal of Opera- tions & Production Management, v. 22, n. 2, p.195-219, 2002. WHEELWRIGHT, S. Defining the Missing Link. Strategic Mana- gement Journal, v. 5, p.77-91, 1984. Capítulo 1 Daniel Fonseca da Luz1 Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo o Campo de Competição ÂÂNeste capítulo, o objetivo é começar a entender a con- cepção de uma estratégia de operações, veremos as dimensões competitivas e as visões sobre as mesmas, ten- tando responder às questões abaixo: Onde competirei? Quem será meu cliente? O que ele exige da minha empresa? 1 Mestre em engenharia de produção e sistemas, consultor empresarial, professor e coordenador de curso nas áreas de engenharia de produção e gestão. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 17 2.1 Dimensões competitivas É baseado na dimensão competitiva que escolhemos atuar que nossas diretrizes e decisões devem ser tomadas. Uma empresa que busca ser competitiva deve procurar vantagens competiti- vas no ambiente de disputa empresarial que atua, sendo assim quando está se decide atuar, ou seja, competir por clientes por custo, seu enfoque e estratégia devem ser direcionados para que ela obtenha vantagem reduzindo seus gastos operacio- nais e, por conseguinte reduza seus preços. Esta mesma lógica serve para outras escolhas de ambiente de disputa que esta queira participar, como qualidade, entrega, flexibilidade etc. O conceito de dimensões competitivas foi descrito por di- versos autores, cada um empregando uma terminologia dife- rente, levando a uma confusão na generalização. A literatura de gestão estratégica tende a usar termos genéricos de es- tratégias, vantagens competitivas e prioridades competitivas, enquanto a gestão de operações usa terminologias como ca- pacidades, competências e prioridades2. Prioridades competitivas são os níveis em que a fábrica for- nece custo, qualidade, entrega e flexibilidade. A noção de di- mensões competitivas de manufatura está bem estabelecida na literatura de operações3. Hayes et al. (2008) usam dimensões de desempenho. As prioridades competitivas foram inicialmen- te identificadas por funções da manufatura, conforme Skinner (1969), como: produtividade, serviço, qualidade e retorno so- 2 FLYNN; FLYNN, 2004 3 VICKERY et al., 1997 18 Estratégia de Operações bre o investimento. Hayes e Wheelwright (1984) introduzem o termo prioridades competitivas como preferências estraté- gicas que uma empresa escolhe para competir no mercado alvo, como preço (custo), qualidade, confiabilidade (entrega) e flexibilidade4. Na mesma linha, Ferdows e De Meyer (1990) identificam quatro genéricas capabilidades de manufatura: eficiência de custo, qualidade, confiabilidade e flexibilidade. Tubino (1999) define como critérios competitivos o custo, a qualidade, a flexibilidade e o desempenho de entrega. Vickery et al. (1997) citam qualidade de projeto, velocidade de entre- ga, flexibilidade de volume e baixo custo de manufatura. Neste livro, trataremos das dimensões mais fartamente tratadas na literatura de operações. São elas: 2.1.1 Qualidade Slack et al. (2008) cita que a qualidade representa fazer as coisas certas, fornecendo produtos e serviços sem erros e que sejam adequados ao seu fim. Garvin (1987) afirma que a qua- lidade possui oito dimensões: o desempenho, que engloba as principais características do produto; as características secun- dárias, que complementam as principais; a confiabilidade; a conformidade (padrão); a durabilidade (vida útil); os serviços agregados e sua rapidez e competência; a estética; e a quali- dade percebida. 4 LI et al., 2006 Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 19 Os estudos do autor objetivam alinhar o conceito da quali- dade do produto dentro das diferentes áreas de uma empresa, identificando:  Desempenho: refere às características operacionais básicas de um produto.  Características complementares: relacionada com características secundárias que suplementam o funcio- namento básico do produto. São itens que complemen- tam as características principais de um produto.  Confiabilidade: Reflete a probabilidade de um produto ou serviço apresentar falhas em um determinado perío- do de tempo5.  Durabilidade (vida útil): mede a vida útil de um produ- to com dimensões técnicas e econômicas.  Atendimento (serviço ao cliente): facilidade de pres- tar serviço ao produto quando necessário.  Conformidade (padrão): é o grau em que o projeto e as características operacionais estão de acordo com padrões preestabelecidos dentro de limites de variabili- dade previamente estabelecidos.  Qualidade percebida: refere-se às percepções subje- tivas da qualidade que surgem como resultado da ima- gem da empresa, da publicidade ou da marca no mo- mento da compra. 5 PAIVA et al., 2008 20 Estratégia de Operações  Estética: relacionada com as características sensoriais e aparências externas de um produto. 2.1.2 Confiabilidade de entrega Teixeira e Paiva (2008) afirmam que a confiabilidade de en- trega está relacionada ao quanto se pode confiar que uma entrega será feita no prazo e com a quantidade contratada. Porém, além de trazer benefícios explícitos para os clientes, também nas operações internas da empresa, essa dimensão traz benefícios, como a redução permanente de estoques. 2.1.3 Velocidade de Entrega Vickery et al. (1997) afirmam que velocidade de entrega in- clui a medição do tempo entre o pedido e a entrega para o cliente. Também é chamado6 o mesmo processo de tempo de resposta, pois o sistema produtivo reage a um estímulo interno ou externo, e esses tempostendem a ser cada vez menores em um mercado altamente competitivo, como é a indústria auto- motiva, principalmente em lançamentos de novos produtos. 2.1.4 Flexibilidade Paiva et al. (2008) salientam que a flexibilidade vem assumin- do papel de destaque entre as dimensões que as empresas escolhem para competir, focando na capacidade de responder a variáveis externas e internas. Segundo o autor, as diferentes 6 ANTUNES et al. (2008) Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 21 formas de flexibilidade nos sistemas produtivos são: flexibilida- de de novos produtos, flexibilidade de mix de produtos, flexibi- lidade de volume, flexibilidade de entrega. 2.1.5 Inovatividade Antunes et al. (2008) afirmam que a inovação está diretamente ligada à necessidade crescente de lançamentos de novos pro- dutos no mercado consumidor, exigindo inovações nos pro- cessos, materiais ou na gestão dentro das empresas. Os tipos de inovação são: inovação de produto; inovação de processo; inovação de gestão; inovação de materiais; e inovações de mercado7. 2.1.6 Segurança nas operações Essa dimensão tem especial atenção na indústria por três mo- tivos. Primeiro, pela necessidade de robustos sistemas internos de prevenção de acidentes, visto o alto grau de lesões por esforço repetitivo (LER) e problemas ergonômicos dentro do setor. Segundo, pela vinculação extremamente forte entre pro- duto e fabricante em alguns segmentos, que faz com que todas as ações da área ambiental e social tenham ampla repercus- são na mídia. Terceiro, pela alta competitividade dos setores, que faz com que os lançamentos de novos produtos aticem a curiosidade dos concorrentes, exigindo maiores preocupações na segurança patrimonial. 7 HUMPETER (1961) apud ANTUNES et al. (2008). 22 Estratégia de Operações Das et al. (2008) afirmam, em seu estudo, a relação dire- ta entre segurança das operações e os índices de qualidade verificados nos produtos. Segundo os autores, o papel da se- gurança dos empregados no desempenho da indústria, inex- plicavelmente, foi negligenciado pela literatura de gestão de operações. Com algumas poucas exceções, não há orienta- ções na literatura para que os gestores de operações compre- endam o papel que a segurança do trabalhador tem em seus resultados de qualidade. 2.1.7 Serviços aos clientes A ideia de serviços ao cliente como dimensão competitiva den- tro do ambiente de manufatura justifica-se pela necessidade de julgamento do produto final pela percepção do cliente. Logo, dentro da área fabril, os critérios de avaliação de quali- dade dos produtos devem ser iguais à média do mercado con- sumidor ao qual o produto se destina, além de computar as reclamações advindas dos clientes sobre qualidade/problemas dos produtos, que são objeto de pauta diária das reuniões de liderança fabril. 2.1.8 Custo Agressiva atuação através de baixos custos, sendo atingido pela economia de escala, vigoroso propósito de redução de custos pela experiência acumulada, ênfase em experiência operacional, controle de custos/funcionário e diminuição de investimentos em áreas como desenvolvimento de produtos e serviços. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 23 2.2 Visões sobre as dimensões competitivas As dimensões competitivas são fatos, porém, podemos ter di- ferentes visões de como atuar com elas e de que forma estas dimensões nos guiam para a implementação de nossa estra- tégia corporativa e de operações. Diversos autores possuem variados entendimentos sobre as dimensões competitivas, a seguir cada uma das visões. 2.2.1 Visão de trade-off A primeira visão sobre dimensões competitivas está atrelada a sua criação, sendo dimensões, as empresas devem escolher onde querem atuar e, sendo essa sua escolha (trade-off), dei- xam de competir em outra (conforme Figura 1). Um exemplo, uma empresa que decide competir por custo está abrindo mão de conquistar novos clientes através de qualidade. Dimensão competitiva B Dimensão competitiva A Figura 1 Visão de trade-offs. Fonte: Autor. 24 Estratégia de Operações A escolha de uma dimensão competitiva acarreta em perda de competitividade em outra conforme. Um exemplo de dispu- ta por diferentes dimensões está na indústria de refrigerantes, onde marcas consagradas ditam o valor do produto no merca- do e os novos entrantes devem se adequar tentando conquistar consumidores ávidos por preços baixos. 2.2.2 Visão de ganhadores e qualificadores de pedido Alguns autores argumentam que as empresas trabalham ten- tando atingir mais amplamente possível as dimensões com- petitivas, porém, focam suas maiores atenções naquelas que na visão do cliente serão determinantes na sua escolha de compra. Sendo estas separadas em dimensões ganhadoras e dimensões qualificadoras. Dimensões ganhadoras de pedidos contribuem direta e significativamente para vencer a concor- rência. Dimensões qualificadoras de pedido não são deter- minantes decisivos de sucesso: são aspectos que devem estar acima de um determinado nível para que o produto ou serviço seja considerado pelo cliente como possuindo potencial de compra (SLACK et al., 2008). Dimensões ganhadoras de pedidos contribuem direta e significativamente para vencer a concorrência. Dimensões qualificadoras de pedido não são determinantes decisivos de sucesso: são aspectos que devem estar acima de um deter- Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 25 minado nível para que o produto ou serviço seja considerado pelo cliente como possuindo potencial de compra8. Um bom exemplo de dimensões competitivas ganhadoras e qualificadoras acontece em uma licitação pública, visto que os organismos públicos definem os padrões mínimos de exi- gência para a compra do bem e ou serviço (dimensões qua- lificadoras), porém, o vencedor do pedido é o menor preço (dimensão ganhadora). 2.2.3 Visão de Sand cone Ferdows & De Meyer (1990), por meio de um modelo denomi- nado Sand cone – cone de areia, sugerem que, além de exis- tirem trade-offs entre os objetivos competitivos, existe também uma hierarquia que deve ser considerada para esses objetivos: para se otimizar o gerenciamento da manufatura, deve-se fo- car primeiramente a qualidade; posteriormente, quando os es- forços para a melhoria da qualidade forem esgotados, deve-se focar também a confiabilidade; feito isso, quando os esforços também se esgotarem para as duas anteriores, deve-se focar a velocidade (que o autor considera conjuntamente com a fle- xibilidade); e finalmente, quando todos esses esforços estão completamente esgotados, a atenção pode ser voltada para a eficiência de custo. 8 SLACK et al., 2008. 26 Estratégia de Operações 2.2.4 Visão da não existência de trade-offs Alguns pesquisadores são mais radicais e pregam a inexistên- cia de escolhas de competição em nível de dimensões com- petitivas. Argumentam que, no momento em que técnicas de produção foram sendo desenvolvidas, essas escolhas ficaram incompatíveis com a exigência do mercado, e o Sistema Toyo- ta de Produção pode ser considerado um exemplo de como dimensões consideradas trade-offs podem ser perfeitamente trabalhadas conjuntamente. Os defensores da não existência de trade-offs, argumen- tam que o paradigma foi quebrado no momento em que as técnicas de produção da Toyota foram sendo espalhadas pelo mundo, fazendo que, mesmo reduzindo o custo drasticamente, ainda assim, aumentando-se a qualidade. Na prática Caso: Lasvik Medical. Parte I Empresa Lasvik Medical, quase centenária, com fábricas na Suécia e Brasil, reconhecida por sua capacidade tecno- lógica de fornecer equipamentos medico/hospitalares de alta tecnologia e valor agregado no mercado mundial, no ano de 2013, deparou-se com um problema, seus consumidores no mercado brasileiro (que até então era soberana) começaram a declinar de novos pedidos e barganharem cada vez mais por descontos em suas compras. Sabedores da invasão chinesa no mercado nacional, por meio deimportações, perceberam Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 27 a grande competitividade destes em custos (alto volume de produção) e incrivelmente também em tecnologia embarcada em seus produtos, porém, sem conseguir atingir satisfatoria- mente a assistência técnica, que na Lasvik ainda não é das melhores, visto que a maioria é terceirizada, falta ampliação de sua rede, de peças de reposição por falta de controle e melhor capacitação dos técnicos. A empresa se vê ameaçada e busca um diferencial competitivo em relação aos seus novos concorrentes, logo neste momento em que a empresa buscava maior rentabilidade em suas operações. Questões para discussão: 1. Qual estratégia competitiva de longo prazo a corporação deve adotar? O que as operações (manufatura e serviços) podem fazer para ajudar a empresa a atingir seus objeti- vos estratégicos de longo prazo? 2. Você acredita que os equipamentos chineses quebraram o trade-off custo versus qualidade? Perfil de resposta desejado: 1. A empresa deve buscar seu diferencial competitivo pela dimensão serviços ao cliente, visto que possui fábrica no Brasil e isso possibilita a facilidade de ter um rápido aten- dimento às necessidades de seus consumidores. As opera- ções devem suportar a meta da empresa de fornecer um melhor serviço aos seus clientes, por meio de uma rede de assistências técnicas qualificadas e com peças de reposi- ção sempre à disposição. 28 Estratégia de Operações 2. Se olharmos de forma geral as marcas chinesas ainda es- tão atreladas a produtos de baixa confiabilidade, princi- palmente quando se trata de assistência técnica, porém, a desconfiança do consumidor pode ser alterada como ocor- reu anteriormente com os produtos japoneses, que eram considerados inferiores na década de setenta, e os corea- nos até meados da década de noventa e que hoje são sinônimos de alta qualidade. Avaliando seu conhecimento 1. A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto às dimensões competitivas: A ( ) É baseado na dimensão competitiva que escolhe- mos atuar e que nossas diretrizes e decisões devem ser tomadas. B ( ) É baseado na dimensão competitiva qualidade que teremos competitividade nos mercados. C ( ) É baseado na dimensão competitiva custo que prio- ritariamente teremos competitividade nos mercados. D ( ) É baseado na dimensão competitiva qualidade sob o ponto de vista de Garvin que teremos competitivida- de nos mercados. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 29 E ( ) É baseado nas dimensões competitivas entrega e também flexibilidade que teremos competitividade nos mercados. 2. A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto às dimensões da qualidade de Garvin, podemos afirmar que são: A ( ) Desempenho, Características complementares, Confiabilidade em entrega, Durabilidade (vida útil), Atendimento (serviço ao cliente), Conformidade (pa- drão), Qualidade percebida, Estética. B ( ) Desempenho em custo, Características complemen- tares em flexibilidade, Confiabilidade em entrega, Du- rabilidade (vida útil), Atendimento (serviço ao cliente), Conformidade (padrão), Qualidade percebida, Estéti- ca. C ( ) Desempenho em custo, Características complemen- tares, Confiabilidade, Durabilidade (vida útil), Aten- dimento (serviço ao cliente), Conformidade (padrão), Qualidade percebida, Estética. D ( ) Desempenho em custo, Entrega e flexibilidade, Du- rabilidade (vida útil), Atendimento (serviço ao cliente), Conformidade (padrão), Qualidade percebida, Estéti- ca. E ( ) Desempenho, Características complementares, Confiabilidade, Durabilidade (vida útil), Atendimento (serviço ao cliente), Conformidade (padrão), Qualida- de percebida, Estética. 30 Estratégia de Operações 3. A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto às dimensões ganhadoras e qualificadoras, podemos afirmar que: A. ( ) Dimensões qualificadoras de pedidos contribuem direta e significativamente para vencer a concorrência. Dimensões qualificadoras de pedido não são determi- nantes decisivos de sucesso. B. ( ) Dimensões ganhadoras de pedidos contribuem di- reta e significativamente para vencer a concorrência. Dimensões qualificadoras de pedido não são determi- nantes decisivos de sucesso. C. ( ) Dimensões ganhadoras de pedidos contribuem di- reta e significativamente para vencer a concorrência. Dimensões ganhadoras de pedido não são determi- nantes decisivos de sucesso. D. ( ) Dimensões ganhadoras de pedidos contribuem in- diretamente para vencer a concorrência. Dimensões qualificadoras de pedido não são determinantes deci- sivos de sucesso. E. ( ) Dimensão ganhadora de qualidade é alcançada em detrimento de competitividade em custos, mas sem retirar atributos de flexibilidade que é dimensão quali- ficadora. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 31 4. A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Na visão de Sand Cone: A. ( ) Deve-se focar primeiramente a qualidade; posterior- mente, confiabilidade; depois velocidade; e finalmen- te, quando todos esses esforços estão completamente esgotados, a atenção pode ser voltada para custos. B. ( ) Deve-se focar primeiramente em custo; posterior- mente, confiabilidade; depois velocidade; e finalmen- te, quando todos esses esforços estão completamente esgotados, a atenção pode ser voltada para qualida- de. C. ( ) Deve-se focar primeiramente a confiabilidade; pos- teriormente, qualidade; depois velocidade; e finalmen- te, quando todos esses esforços estão completamente esgotados, a atenção pode ser voltada para custos. D. ( ) Deve-se focar primeiramente a qualidade; posterior- mente velocidade; depois confiabilidade; e finalmente, quando todos esses esforços estão completamente es- gotados, a atenção pode ser voltada para custos. E. ( ) Deve-se saber que o paradigma de trade-offs foi quebrado no momento que as técnicas de Sand cone e Garvin foram sendo espalhadas pelo mundo. 32 Estratégia de Operações 5. A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Alguns autores pre- gam a inexistência de trade-offs: A. ( ) Argumentam que o paradigma não foi quebrado no momento em que as técnicas de produção da Toyota foram sendo espalhadas pelo mundo. B. ( ) Argumentam que o paradigma foi quebrado no mo- mento em que as técnicas de produção da Hyundai foram sendo espalhadas pelo mundo. C. ( ) Argumentam que o paradigma foi quebrado no mo- mento em que as técnicas de Sand cone foram sendo espalhadas pelo mundo. D. ( ) Argumentam que o paradigma foi quebrado no momento em que as técnicas de produção da Toyota foram sendo espalhadas pelo mundo. E. ( ) Argumentam que a dimensão qualidade é alcança- da em detrimento de competitividade em custos, mas sem retirar atributos de flexibilidade. Gabarito 1 – A; 2 – E; 3 – B; 4 – A; 5 – D. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 33 Recapitulando Neste capítulo, vimos as diferentes visões sobre dimensões competitivas e a existência de trade-offs (escolhas) nesse pro- cesso. Basicamente, o que se discute, ao escolher uma dimen- são competitiva para atuar, se está abrindo mão de outra; existem controvérsias, e a opinião é bem particular de cada pesquisador, porém, sabemos que, quando uma empresa opta por ter o melhor produto, é quase impossível que essa mesma empresa possua o melhor preço. E você, depois de ler este capítulo, o que você acha? Amplie Excelente livro que aprofunda as questões relativas à estratégia de produção. HAYES, R. et al. Em Busca da Vantagem Competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2008. Referências bibliográficas ANTUNES, J. A. et al. Sistemas de produção: conceitos e prá- ticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Ale- gre: Bookman, 2008. 34 Estratégiade Operações DAS, A. et al. Toward a theory of the linkages between safety and quality. Journal of Operations Management, v. 26, p. 521–535, 2008. FERDOWS, K.; DE MEYER, A. Lasting improvements in manu- facturing performance: in search of new theory. Journal of operations management, Amsterdam, v.9, n.2, p.168-184, Apr.1990. FLYNN, B.; FLYNN, J. An exploratory study of the nature of cumulative capabilities. Journal of Operations Manage- ment, v. 22, p. 439–457, 2004. GARVIN, D. Competing on the eigth dimensions of quality. Har- vard Business Review, Boston, p. 101-109, nov./dez. 1987. HAYES, R. et al. Em Busca da Vantagem Competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2008. HAYES, R.H WEELWRIGHT, S.C.; Restoring our competitive Edge – Competing Through Manufacturing USA, John Wi- ley & Sons, Inc., 1984. PAIVA, E. L.; ROTH, A.; FENSTERSEIFER, J. E. Organizational knowledge and the manufacturing strategy process: A re- source-based view analysis. Journal of Operations Mana- gement, v. 26, p. 115–132, 2008. ROTH, A. V.; VAN DER VELDE, M. Operations as marketing: a competitive service strategy. Journal of Operations Mana- gement, v. 10, n. 3, p. 303-327, 1991. SKINNER, W. Manufacturing – Missing Link in Corporate Stra- tegy. Harvard Business Rewiew, May/Jun. 1969. Capítulo 2 Dimensões Competitivas – Escolhendo... 35 SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. BETTS, A. Geren- ciamento de operações e processos. Porto alegre: Book- man, 2008. TEIXEIRA, R.; PAIVA, E. Trade-offs em serviços customizados e o ponto de vista do cliente RAC, v.12, n.2, p.457-480, 2008. TUBINO, D. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Alegre: Bookman, 1999. VICKERY, S.; DROGE, C.; MARKLAND, R. Dimensions of ma- nufacturing strength in the furniture industry. Journal of ope- rations management, v.15, p. 317-330, 1997. Daniel Fonseca da Luz1 Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha ÂÂNeste capítulo, o objetivo é começar a operacionalizar uma estratégia de operações, criaremos premissas e contextos para fazermos as escolhas estratégicas: Quais requisitos minha empresa terá? Quais decisões terei que tomar? Quem será meu concorrente? Como derrotá-lo? 1 Mestre em engenharia de produção e sistemas, consultor empresarial, professor e coordenador de curso nas áreas de engenharia de produção e gestão. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 37 3.1 Diagnóstico organizacional e setorial Como o objetivo deste capítulo é entrar nas escolhas estra- tégicas envolvidas na área de operações. É fundamental que tenhamos entendimento do cenário que estamos inseridos, e um excelente método para tal é o modelo criado por Michael Porter. 3.1.1 Cinco forças de Porter As cinco forças de Porter servem como metodologia extrema- mente útil para visualizarmos nossos concorrentes, fornecedo- res e clientes2, sendo importante para prever cenários como também diagnósticos organizacionais e setoriais: A ameaça de surgimento de novos entrantes: a ame- aça do ingresso de novos concorrentes na arena competitiva na qual a empresa se insere é permanente; obviamente, em alguns mercados, tende a ser maior ou menor conforme as barreiras de entrada pré-existentes, como o alto investimento inicial, por exemplo. O poder de barganha dos fornecedores: o seu poder de negociação paira sempre na arena competitiva, nos ca- sos onde dispomos de grande variedade de fornecedores para uma mesma matéria – prima ou componente o poder dos for- necedores tende a ser reduzido, mas, no caso de termos um 2 Porter, 1989. 38 Estratégia de Operações monopólio ou oligopólio no fornecimento, o poder de barga- nha é considerável. O poder de barganha dos clientes: poder de barga- nha dos clientes ou compradores é o determinante maior da arena competitiva, pois quanto maior o número de opções que o consumidor tem a sua disposição maior será a pressão pela redução dos preços e consequentemente menor serão as margens de lucro do negócio, salvo se o produto da em- presa tiver uma vantagem competitiva significativa sobre a concorrência. A ameaça de produtos ou serviços substitutos: a ame- aça de novos produtos ou serviços substituírem, por razões diversas, os atuais; paira constantemente na arena competiti- va, onde, por exemplo, temos uma concorrência significativa entre chás e cafés, onde na alta significativa do primeiro, boa parte dos consumidores poderá migrar para o segundo e vice-versa. A rivalidade entre empresas de um mesmo setor: como centro do modelo se situa a força dessa rivalidade que cada uma das empresas apresenta em relação aos seus concorren- tes, ou seja, a concorrência, dependendo do tamanho do mer- cado e da quantidade de concorrentes, pode ser até mesmo desleal, enquanto que, em oligopólios, tende a acontecer até mesmo em certo clima de camaradagem. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 39 Na Figura 1, são apresentadas as cinco forças: Entrantes Potenciais Fornecedores Rivalidade entre as Empresas Produtos Substitutos Compradores Figura 1 As Cinco Forças competitivas de Porter. Fonte: Baseado em Porter. De acordo com a Figura 1, no centro do modelo de Porter se situa a força da rivalidade que cada uma das empresas, de um determinado mercado, que interagem com as demais for- ças, que são o poder de barganha de fornecedores e compra- dores, a ameaça do surgimento de produtos substitutos e de novos concorrentes (entrantes potenciais). O estudo das cinco forças é fundamental para se ter um entendimento do mercado em que a empresa está inserida, e por conseguinte fazer esco- lhas estratégicas adequadas para suas necessidades. 40 Estratégia de Operações 3.1.2 Modo de gerenciamento das operações O modo como os processos precisam ser gerenciados é in- fluenciado diretamente pelo volume, variedade, variação e visibilidade3. Visto que cada sistema produtivo tem as suas peculiaridades, sendo assim, os modos de gerenciamento em um modelo às vezes não são a melhor maneira de gerenciar um outro modelo. Um bom exemplo são os sistemas enxutos de produção pois, possuem pouca influência em sistemas de fluxo contínuo, visto que estes têm usualmente pouca interação humana em seus processos, que é fundamental para a eficá- cia do Lean Manufacturing. Sendo assim, as características de volume, variedade, variação e visibilidade exercem papel fun- damental na concepção de estratégias. Volume – Em sistemas de grande volume de produção, há um alto grau de repetição de tarefas. Isso possibilita a especiali- zação de trabalhadores, e a sistematização do trabalho (pro- cedimentos-padrões estão estabelecidos em um manual, com instruções de como cada parte do trabalho deve ser feita) e de ferramentas. A implicação mais importante disso é a possibili- dade de custo unitário baixo, pois, no mínimo, os custos fixos não tendem a ser diluídos em um grande número de produtos. Variedade – Produtos ou serviços altamente flexíveis e custo- mizáveis, terá custos e qualidade diferenciados, pois têm va- rias entradas, vários processos e várias saídas. O que é padro- nizado tem custos mais baixos, e pode ter uma taxa de erros menor. 3 Slack, 2008. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 41 Variabilidade (de demanda) – Negócios de alta variação de demanda, que podem ser sazonais. O custo de operações tende a ser maior, e ele deve se adaptar para contratar funcio- nários temporários etc. Visibilidade – Depende do quanto da operação é exposto para os clientes. Operações de alto contato e baixo contato com clientes. Visibilidade baixa tolera prazos de entrega mais longos. Quanto maior o contato com o cliente final, maior a visibilidade e maiores devem ser os cuidados com a reputação da empresa. 3.2 Escolhas estratégicas É esperado da função de produção a implementação de de- cisões estruturais e infraestruturais para incorporação de re- cursos de baixo custo,entrega rápida, projetos flexíveis e de qualidade superior4. Miltenburg (2008), afirma que são decisões que a firma faz nas áreas estruturais e infraestruturas que a compõem. Há qua- tro áreas estruturais e quatro áreas de infraestrutura. Na área estrutural temos a capacidade, as instalações, a tecnologia e a integração vertical/terceirização. Já na área infraestrutural, temos os recursos humanos, a qualidade, o planejamento da produção e a organização, conforme apresenta o Quadro 1. 4 AMOAKO-GYAMPAH; ACQUAAH, 2008. 42 Estratégia de Operações Quadro 1 Decisões estratégicas e suas definições Tipo Decisão Descrição Estruturais Capacidade Esse aspecto é determinado pelos equipamentos e pela planta produtiva da organização. Significa o quanto é possível produzir naquela instalação a partir dos ativos disponibilizados. Integração vertical Refere-se ao quanto a organização é proprietária de ativos para execução de atividades à montante ou à jusante de suas operações. Nessa área estão envolvidas questões como terceirização de atividades produtivas e desenvolvimento de fornecedores. Instalações Refere-se ao tamanho da planta industrial e sua localização. Tecnologia Questões quanto ao tipo de processo, que depende da posição na escala volume-variedade, e o grau de automação dos processos. Infraestruturais Recursos humanos Grau de qualificação demandado do capital intelectual, política de treinamento e contratação dos funcionários, além dos aspectos motivacionais e promocionais. Planejamento e controle da produção Maneira como a empresa se organiza em termos de previsão e programação dos recursos na produção de seus produtos. Estão envolvidas questões de como responder à demanda eficazmente a partir de técnicas de planejamento da produção (MRP, Kanban, ERP etc). Sistemas de qualidade Estabelecimento de políticas de qualidade e às características do sistema de gestão da qualidade. Isso explicita critérios de inspeção de entrada de materiais, reprovações na linha de produção e avaliação de fornecedores. Organização Trata da definição da estrutura organizacional do setor de produção, abordando aspectos de estilo de liderança, nível de centralização e processo de tomada de decisão. Fonte: Adaptado de Hayes et al.(2008); Jabbour e Alves Filhos (2010). Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 43 Essas decisões devem ser tomadas respeitando as caracte- rísticas de cada processo. Womack et al. (1992) categorizam em três grupos de produção: produção artesanal (job shop e batelada), produção em massa (fluxo de linha pelo ritmo do operador, fluxo de linha pelo ritmo do equipamento e fluxo contínuo), e produção enxuta (just-in-time, fabricação flexível). Na prática Caso: Lasvik Medical. Parte II A Lasvik Medical possui uma variedade enorme de pro- dutos, todos de alto valor agregado (mas com baixa esca- la), muitos fabricados no Brasil, e outros importados da matriz europeia, quase que feitos exclusivamente por encomendas, praticamente todos os componentes de seus produtos são fa- bricados por suas subsidiárias espalhadas pelo mundo. Esse posicionamento se deve ao alto nível de inovação e conse- quentemente de segredos industriais que seus produtos e pro- cessos trazem. Questões: 3 – Com as informações que possui, aplique as cinco for- ças de Porter para fazer um diagnóstico setorial da Lasvik. 4 – Quanto às escolhas estratégicas da empresa Lasvik Medical, faça uma conexão de algumas escolhas estratégicas como: Capacidade, Tecnologia, Integração, e Recursos huma- nos com a realidade da Lasvik. 44 Estratégia de Operações Perfil de resposta desejado: 3 – Análise das cinco forças na empresa Lasvik Medical. Fornecedores: baixo poder de barganha, visto que a Lasvik produz grande parte de seus componentes, principalmente os de alta complexidade tecnológica. Clientes: alto poder de barganha, visto que estão com a possibilidade de comprar com menor preço produtos similares vindos da China. Novos entrantes: os chineses, que possuem um diferencial competitivo em preço, porém, pecam principalmente na assis- tência técnica aos seus clientes. Produtos substitutos: esse é um mercado altamente compe- titivo quando se trata de inserção de novos produtos, por isso, uma preocupação recorrente da Lasvik é o de ter o domínio da tecnologia do setor e ser inovadora no desenvolvimento de produtos no segmento hospitalar. Concorrência interna: a concorrência no mercado nacional era praticamente inexistente, fazendo com que a Lasvik fosse soberana em seu segmento (e por consequência desleixada com o seu nível de atendimento ao cliente), até a chegada dos novos entrantes. 4 – Capacidade: quanto às operações de manufatura, o texto não relata nenhum problema. Porém, se tratando dos ser- viços a área de assistência técnica, apresenta problemas de quantidade (número de pontos). Instalações: ampliação dos pontos de atendimento ao cliente no Brasil. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 45 Tecnologia: a empresa atua em segmento em que a tec- nologia de ponta é fundamental, sendo assim faz bem em de- senvolver e trabalhar com esse diferencial em seus produtos e processos. Integração vertical: a manufatura é extremamente vertica- lizada pelo risco que a empresa corre ao terceirizar parte da fabricação de seus componentes que possuem patente e alta tecnologia embarcada. Deve-se verificar a possibilidade de toda rede de assistência técnica voltar a ser de responsabili- dade da empresa (hoje é terceirizada), visto o alto valor dos equipamentos vendidos. Recursos humanos: apresenta problemas de qualidade re- lativos à mão de obra terceirizada das assistências técnicas. Avaliando seu conhecimento 1) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. As decisões estruturais são: A. ( ) Capacidade, Instalações, Tecnologia, Integração. B. ( ) Capacidade, Instalações, Organização, Integração. C. ( ) Força de trabalho, Qualidade, Planejamento da produção, Organização. D. ( ) Força de trabalho, Instalação, Planejamento da pro- dução, Organização. 46 Estratégia de Operações 2) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. As decisões infraestru- turais são: A. ( ) Capacidade, Instalações, Tecnologia, Integração. B. ( ) Capacidade, Instalações, Organização, Integração. C. ( ) Força de trabalho, Qualidade, Planejamento da produção, Organização. D. ( ) Força de trabalho, Instalações, Planejamento da produção, Organização. 3) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto ao RH, pode- mos afirmar: A. ( ) Grau de qualificação demandado do capital inte- lectual, política de treinamento e contratação dos fun- cionários, além dos aspectos motivacionais e promo- cionais. B. ( ) Refere-se ao tamanho da planta industrial e sua localização. C. ( ) Questões quanto ao tipo de processo, que depende da posição na escala volume-variedade, e o grau de automação dos processos. D. ( ) Trata da definição da estrutura organizacional do setor de produção, abordando aspectos de estilo de liderança, nível de centralização e processo de tomada de decisão. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 47 4) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto às decisões relativas à organização, podemos afirmar: A. ( ) Grau de qualificação demandado do capital inte- lectual, política de treinamento e contratação dos fun- cionários, além dos aspectos motivacionais e promo- cionais. B. ( ) Refere-se ao tamanho da planta industrial e sua localização. C. ( ) Questões quanto ao tipo de processo, que depende da posição na escala volume-variedade, e o grau de automação dos processos. D. ( ) Trata da definição da estrutura organizacional do setor de produção, abordandoaspectos de estilo de liderança, nível de centralização e processo de tomada de decisão. 5) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Quanto às decisões relativas a instalações, podemos afirmar: A. ( ) Grau de qualificação demandado do capital inte- lectual, política de treinamento e contratação dos fun- cionários, além dos aspectos motivacionais e promo- cionais. B. ( ) Refere-se ao tamanho da planta industrial e sua localização. 48 Estratégia de Operações C. ( ) Questões quanto ao tipo de processo, que depende da posição na escala volume-variedade, e o grau de automação dos processos. D. ( ) Trata da definição da estrutura organizacional do setor de produção, abordando aspectos de estilo de liderança, nível de centralização e processo de tomada de decisão. Gabarito 1 – A; 2 – C; 3 – A; 4 – D; 5 – B. Recapitulando Este capítulo começou mostrando as variáveis que devem ser avaliadas para se montar uma estratégia, como volume, va- riedade, variabilidade e visibilidade. Depois, foram apresenta- das as cinco forças de Porter, são elas, fornecedores, clientes, novos entrantes, produtos substitutos e concorrência interna, que possuem o propósito de clarearem o cenário em que a empresa está inserida. Após essas considerações, as escolhas estratégicas, divididas entre estruturais e infraestruturais, foram apresentadas, sendo fundamentais para uma estratégia bem- -sucedida. Capítulo 3 Escolhas Estratégicas – Definindo as Armas de Batalha 49 Amplie Livro com foco em estratégia de produção e operações que trata do tema de forma ampla e ao mesmo tempo com sim- plicidade. PAIVA, E. L.; CARVALHO JR. J.; FENSTERSEIFER, J. E. Estra- tégia de produção e operações: conceitos, melhores práticas, visão de futuro – Porto Alegre: Bookman, 2009. Referências bibliográficas AMOAKO-GYAMPAH, K.; ACQUAAH, M. Manufacturing stra- tegy, competitive strategy and firm performance: An empiri- cal study in a developing economy environment. Internatio- nal Journal of Production Economics, v. 111, p. 575–592, 2008. HAYES, R. et al. Em Busca da Vantagem Competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2008. JABBOUR, A; FILHOS, A; Tendências da área de pesquisa em estratégia de produção. Revista Eletrônica Sistemas & Ges- tão, v. 4, n. 3, p. 238-262, 2010. MILTENBURG, J. Setting manufacturing strategy for a factory- -within-a-factory. Int. Journal Production Economics, v. 113, p. 307–323, 2008. PORTER, M. E. The competitive advantage of nations. Amster- dam: Elsevier, 1989. 50 Estratégia de Operações SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. BETTS, A. Geren- ciamento de operações e processos. Porto alegre: Book- man, 2008. WOMACK, J.; JONES, D.; ROOS, D. A máquina que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Daniel Fonseca da Luz1 Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos com o Mesmo Objetivo  No primeiro capítulo, buscamos entendimento acerca das competências envolvidas nas operações e do que era efetivamente uma estratégia de operações. Já no segundo capítulo, o objetivo era de apresentar as dimensões com- petitivas em vistas de um primeiro passo acerca do posicio- namento da empresa em relação ao que o mercado exigia. No terceiro capítulo, o foco era inicialmente continuar com a identificação do cenário em que a empresa está inserida, já decidindo as questões mais palpáveis estrategicamente, como decisões estruturais e infraestruturais. Agora, no quar- to e último capítulo, vamos desdobrar nossa estratégia em todos os níveis de nossa organização. 1 Mestre em engenharia de produção e sistemas, consultor empresarial, professor e coordenador de curso nas áreas de engenharia de produção e gestão. 52 Estratégia de Operações 4.1 Norteadores estratégicos Todos nós já nos deparamos com frases nas mais diversas or- ganizações, que tratavam de Visão, Missão e Valores. Mas o que é isso é como isso reflete a estratégia da empresa nos mais diversos níveis? Norteadores estratégicos mostram para os stakeholders (comunidade, consumidores, parceiros, acionistas...) o que é relevante para a empresa, no que ela se sustenta para conti- nuar existindo, o que ela é, e o que pretende ser. Esses con- ceitos fundamentais para a concepção de uma estratégia são Valores, Missão e Visão, que, independente da posição que o funcionário ocupa dentro da instituição, esses norteadores devem obrigatoriamente balizar suas ações. Segundo Pereira (2010), os norteadores devem seguir essa ordem e esses conceitos: Valores: são os valores que orientam as ações da empresa perante os desafios propostos, algumas empresas chamam de princípios, políticas, filosofia etc. Exemplo: Valores da ULBRA:  A dedicação à educação como compromisso ético a partir do conceito central da Reforma Luterana, a justifi- cação por graça e fé, fundamentado no lema “ A verda- de vos libertará” (João 8.32).  A pessoa humana como centro de sua ação, procuran- do sempre a justiça, a fraternidade, a igualdade no re- Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 53 lacionamento entre as pessoas, no espírito de liberdade com responsabilidade com vistas ao bem comum.  A educação concebida como fator de desenvolvimento integral do homem, agente e sujeito de sua própria tra- jetória histórica.  A educação como instrumento de transformação social e progresso científico e tecnológico com vistas a corrigir desigualdades e promover o bem comum construindo uma sociedade mais justa e fraterna.  A busca pela excelência acadêmica a serviço do outro e da interação responsável com o meio ambiente. Missão: missão deve ser a razão de a empresa existir, esta- belecer uma missão adequada faz com que todos direcionem os esforços em sentido comum, reduz riscos, aumenta a pro- dutividade e foca toda a organização em um objetivo único. Alguns questionamentos devem ser suscitados no momento de sua elaboração, tais como:  Qual o objetivo da organização?  Quem é seu cliente?  Onde produz?  Como produz?  Quais suas responsabilidades sociais e ambientais? Exemplo: Missão do MacDonal`s: 54 Estratégia de Operações Servir comida de qualidade, proporcionando sempre uma experiência extraordinária. Visão: a visão de mostrar de forma clara a todos qual co- minho a empresa quer trilhar e qual seu objetivo macro, o que efetivamente ela quer ser no futuro. Visão da Ford do Brasil: Ser a empresa líder mundial na avaliação do consumidor em produtos e serviços automotivos. 4.2 Níveis de planejamento A primeira relação que devemos mencionar em relação à es- tratégia está vinculada em sua hierarquia em comparação aos níveis de planejamento tático e operacional, conforme Figura 2. ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL Figura 1 Níveis de planejamento. Fonte: Autor. Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 55 Nível estratégico – Está restrito aos altos executivos da or- ganização, responsáveis pela definição dos objetivos e planos da empresa, e tomada de decisões quanto às questões de lon- go prazo da empresa, como: sua sobrevivência, crescimento e eficácia geral. Tático – O planejamento, no nível tático, é utilizado para traduzir os objetivos gerais e as estratégias da alta diretoria em objetivos e atividades mais específicos na organização. Tem como objetivo promover um contato eficaz e permanente entre o nível estratégico e o nível operacional. Operacional – Já no planejamento operacional, o proces- so é de uma menor amplitude, restringindo-se a implementar os planos específicos definidos no planejamento tático da em- presa. 4.3 Níveis estratégicos A manufatura afeta a estratégia corporativa, e a estra- tégia corporativa, por sua vez, também afeta a manu- fatura, em recorrência. A estratégia de manufatura deve alinhar-se à estratégia corporativa de forma a agregar competitividade ao negócio, assim como o negócio deve explorar em sua estratégia as forças que a manufatura pode agregar. (SKINNER,1969) Existemníveis hierárquicos dentro de uma empresa onde se encontram as estratégias de planejamento: estratégia corpora- 56 Estratégia de Operações tiva, estratégias de negócio e, no terceiro nível, as estratégias funcionais (Figura 3). As estratégias de planejamento são: Estratégia corporativa Estratégia de negócio Estratégia de produção Estratégia de RH Estratégia de marketing Estratégia de negócio Figura 2 Desdobramento da estratégia corporativa para o negócio e para as áreas funcionais. Fonte: LUZ (2013). Estratégia corporativa: conforme Tubino (1999), é uma estratégia global, que aponta as áreas de negócio das quais a empresa irá participar e organiza e distribui os recursos. Se- gundo Wheelwright (1984), uma estratégia corporativa espe- cífica as áreas de interesse para a corporação, ou seja, define o negócio do qual a corporação irá participar (e, por omissão, aqueles dos quais ela não participará) adquirindo e alocan- do recursos corporativos e seus compromissos para cada uma dessas transações. Estratégias de negócio: cada unidade de negócio deve ter sua estratégia competitiva, definindo como seu negócio compete no mercado, o seu desempenho e as estratégias que Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 57 deverão ser conduzidas pela área operacional2. Wheelwright (1984) atribui à estratégia de negócios duas tarefas críticas. A primeira tarefa é especificar os objetivos e os limites de cada negócio, de forma a unir operacionalmente a estratégia de ne- gócios à estratégia corporativa. A segunda tarefa é especificar a base em que cada unidade de negócio da corporação irá obter e manter uma vantagem competitiva. Estratégia funcional: Tubino (1999) afirma que é sobre a estratégia funcional que repousam as políticas de operações das diversas áreas funcionais, consolidando a estratégia cor- porativa e competitiva. Segundo Wheelwright (1984), para ser efetiva, cada estratégia funcional deve suportar a vantagem competitiva perseguida pela estratégia de negócios, por meio de um consistente conjunto de decisões e trade-offs (incom- patibilidades) sobre as prioridades competitivas. A estratégia funcional é um componente crítico da manufatura de classe mundial. Competidores de nível mundial têm estratégias e pla- nos claramente definidos e concebidos. Suas estratégias são congruentes com os objetivos e as metas maiores do negócio e suficientemente flexíveis para se adaptarem às mudanças. Entretanto, os verdadeiros vencedores são os melhores na im- plantação da estratégia. De acordo com Voss et al., (2002), estratégias genéricas podem ser consideradas como prioridades que direcionam as escolhas e a gestão da produção. A estratégia competitiva, em cada empresa, deve ser desdobrada em estratégias funcionais, como as de marketing, finanças, tecnologia e de produção. 2 TUBINO, 1999. 58 Estratégia de Operações O argumento é de que a estratégia funcional deverá suportar a estratégia de negócio. Há um significativo relacionamento entre estratégia de produção e a performance da empresa e que a produção pode ser fonte de vantagem competitiva da empresa. 4.4 Alinhando a estratégia Devemos ter em mente que nenhuma estratégia terá êxito até que todos dentro da organização saibam o que devem fazer para atingir os objetivos estratégicos da empresa. Para isso, cada área relativa à empresa deve ter suas metas (indicadores) adequadas às suas responsabilidades e importâncias, nesse sentido, os modelos apresentados a seguir são importantes aliados para disseminação das metas corporativas. “diga-me como me medes e te direi como me compor- tarei, se me medires de forma ilógica não reclame de comportamento ilógico”. (GOLDRATT, 1991, p. 28) 4.4.1 Balanced scorecard Segundo os autores Kaplan e Norton (2006), as organizações em todo o mundo têm buscado colocar a estratégia no centro dos seus modelos de gestão. O propósito é assegurar que a estratégia, como instrumento de comunicação e gestão, che- gue a todos os níveis da organização e seja compartilhada. Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 59 A essa tarefa de assegurar sinergias entre equipes, processos, unidades de negócio e parceiros externos é denominado ‘’ali- nhamento’’. O alinhamento estratégico foi desenvolvido por Kaplan e Norton (2006) e tem como princípios-chave alinhar os siste- mas de avaliação e gestão com a estratégia, fazendo:  Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.  Traduzir a estratégia em termos operacionais.  Alinhar a organização com a estratégia.  Motivar para transformar a estratégia em tarefa de to- dos.  Gerenciar para converter a estratégia em tarefas de to- dos (KAPLAN; NORTON, 2006). A falta de alinhamento das ações podem acarretar pro- blemas, tais como unidades de negócios que desenvolvam atividades conflitantes, envolvendo clientes comuns ou recur- sos compartilhados, ou que percam oportunidades de desem- penho melhor, por não conseguirem coordenar suas ações. Como consequência, o resultado final fica muito aquém do que poderia ser alcançado se trabalhassem juntas3. Luz (2011) também argumenta que, para grandes corporações atingirem vantagem competitiva, é fundamental que todos os funcioná- rios comunguem da mesma filosofia e que se sintam compro- 3 KAPLAN; NORTON, 2006. 60 Estratégia de Operações metidos e responsáveis pelo atendimento das metas propostas pela alta direção da companhia. Essas metas devem ser tangí- veis e de fácil entendimento. Uma forma de desdobramento da estratégia é o BSC – Ba- lanced Scorecard, que busca por meio de indicadores utiliza- dos em áreas como: processos internos, clientes, financeiro e aprendizagem organizacional desdobrar para todos os setores indicadores que levem a melhoria desses nortes.  O BSC é um sistema de avaliação de desempenho em- presarial.  Seu principal diferencial é reconhecer que os indicado- res financeiros sozinhos não são suficientes.  O BSC complementa as medições financeiras com ava- liações sobre o cliente, identifica os processos internos que devem ser aprimorados e analisa as possibilidades de aprendizado e crescimento, assim como os investi- mentos em recursos humanos, sistemas e capacitação que poderão mudar substancialmente todas as ativida- des. Kaplan e Norton (1996). Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 61 Figura 3 Balanced Scorecard. Fonte: Autor, baseado em Kaplan e Norton (1997). 4.4.2 Hoshin Kanri Hoshin Kanri, que se traduz na implantação de políticas de desdobramento e gerenciamento, é um processo de negócio em que toda a organização é gerida por objetivos, como um plano anual de (PDCA). Hoshin Kanri é usado pela maioria das grandes empresas japonesas que operam em mercados internacionais (CAMPOS, 1996; WITCHER et al., 2008). Ini- cialmente, utilizado como ferramenta do TQM – sigla em in- glês para Gerenciamento da Qualidade Total, para conseguir flexibilização nas empresas e um tempo de resposta menor entre a decisão e a ação no ambiente produtivo, pois visa o gerenciamento por meio dos diferentes níveis da empresa. O funcionário tomará decisões observando os objetivos estraté- gicos da organização. 62 Estratégia de Operações Mothersell et al. (2008) apresentam o que chamam de as três essências por trás do sistema Toyota de produção: (i) a atenção às pessoas e aos aspectos intangíveis do sistema de produção; (ii) a abordagem científico-metodológica para manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento Hoshin Kanri, cujos autores ainda afirmam que a dificuldade das empresas ocidentais em serem efetivos na utili- zação do STP está em perceber a importância da implantação dessa estratégia. Sako (2004) afirma que o valor do Hoshin Kanri se encontra em sua capacidade de ligar os processos do chão-de-fábrica com as políticas da alta administração. As TEAs (Top Executive Audits), que se referem especifica- mente à “revisão” dos quadros espalhadospela fábrica de PDCA, são auditorias internas, realizadas pela administração de alto nível na gestão da organização de processos, prin- cipalmente operacionais. No Ocidente, a “auditoria interna” convencional é colocada em operação não só para melhorar a eficiência de gestão, mas principalmente para expor irre- gularidades financeiras e erros, e é geralmente realizada por contadores, auditores ou outros especialistas. O nível superior de gestão da empresa raramente está envolvido com o nível operacional4. O BPD (Business Process Deployment) Desdobramento do Plano de Negócios da General Motors tem características mui- to similares ao Hoshin Kanri. Ele se desenvolve por todos os níveis da organização, é controlado pelo ciclo PDCA e sofre auditorias internas pelos seus próprios membros. Ele está den- 4 WITCHER et al., 2008. Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 63 tro dos processos de melhoria contínua da empresa. As metas são divididas até o nível de responsabilidade cabível a cada função. Nem todas as metas são levadas ao nível de time de trabalho, sendo que a análise da responsabilidade é feita pela diretoria e gerência. Alguns dos pontos essenciais do Hoshin Kanri, segundo Kondo (1998), são: as diretrizes anuais, estabelecimento de diretrizes para a qualidade, converter diretrizes metodológicas em diretrizes objetivas (composta por metas, objetivos e prio- ridades estratégicas) e por último o desdobramento de baixo para cima e de cima para baixo da estratégia, utilizando o PDCA. Na prática Caso: Lasvik Medical. Parte III A Lasvik Medical enfrenta uma crise de rentabilidade em âmbito global, os CEOs mundiais percebem que a estratégia planejada até então retirou o foco da empresa em ser com- petitiva financeiramente e priorizaram liderança em marketing share (participação no mercado). Com uma visão, criada em 2011, que segundo alguns fizeram com que a empresa sofres- se como um gigantismo desnecessário. O conselho de gestão contratou uma consultoria para que, entre outras coisas, re- formulasse os norteadores estratégicos e criasse indicadores sistêmicos para todas as áreas da companhia. 64 Estratégia de Operações Visão atual da empresa: Ser a líder mundial em produtos médicos e correlatos do mundo. Perguntas: 5 – Sabendo que os norteadores estratégicos da empresa são uma forma de comunicar para os stakeholders as priori- dades e valores da empresa, desafio você como consultor a sugerir uma nova visão para a empresa Lasvik. 6 – A outra tarefa que recebeu como consultor é fazer com que efetivamente todos os colaboradores possuam entendi- mento que suas funções desenvolvidas no dia a dia tenham como objetivo atender a visão e a missão da empresa. Crie indicadores/processos baseados no BSC para monitorar e me- lhorar a eficácia das assistências técnicas próprias da Lasvik Medical e por consequência ajude a desdobrar a estratégia da empresa. Perfil de Gabarito: 5 – A adequação da visão se deve ao fato que de alguma forma a empresa priorizou o marketing share em detrimento da rentabilidade. Uma forma de começar um processo de cons- cientização e desdobramento da nova estratégia é criar uma visão que sensibilize a todos das necessidades de lucratividade da companhia para todos envolvidos. Ex.: Ser líder em qualidade, inovação e lucratividade da in- dústria Médica no mundo com foco no desenvolvimento sus- tentável. Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 65 6 – O BSC possui quatro grandes áreas que possuem o foco em Clientes, Financeiro, Aprendizado e crescimento e Pro- cessos internos/negócios. As assistências técnicas devem pos- suir indicadores para cada área do BSC, respeitando seu nível de planejamento operacional. Ex.: Clientes – Indicador de nível de reclamações dos clientes para a companhia. Financeiro – Retorno financeiro de cada assistência técnica em $ por mês/ano. Aprendizado e crescimento – Criação de manuais e chek- -list para todas as atividades de reparo/manutenção e instala- ção, assim criando um conhecimento explícito que faz com que todos possuam um conhecimento nivelado em suas atividades. Processos internos – Manter níveis de estoques adequados para cada unidade, sendo controlados em $. Avaliando seu conhecimento 1) A partir dos estudos desenvolvidos nesste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Podemos classificar as decisões dentro das organizações em três níveis. A. ( ) Estratégico, tático e operacional B. ( ) Estratégico, tático e ambiental 66 Estratégia de Operações C. ( ) Financeiro, tático e ambiental D. ( ) Clientes, financeiro, operacional E. ( ) Longo Prazo, relativo a financeiro, empresarial e operacional 2) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Os quatro desdobra- mentos de medições do Balanced Scorecard ligados à vi- são estratégica da empresa são: A. ( ) Financeiro, clientes, aprendizado e crescimento pro- fissional e processos internos. B. ( ) Financeiro, clientes internos, aprendizado e cresci- mento e processos internos. C. ( ) Financeiro, clientes, aprendizado e crescimento e processos internos. D. ( ) Financeiro, clientes internos, aprendizado e cresci- mento e processos internos. E. ( ) Financeiro, Clientes, Fornecedores e Operacional. 3) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Uma estratégia corpo- rativa pode ser definida como: A. ( ) Cada unidade de negócio deve ter sua estratégia competitiva, definindo como seu negócio compete no mercado, o seu desempenho e as estratégias que deverão ser conduzidas pela área operacional. Re- pousam as políticas de operações das diversas áreas Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 67 funcionais, consolidando a estratégia corporativa e competitiva. B. ( ) É sobre este nível estratégico que repousam as polí- ticas de operações das diversas áreas funcionais, con- solidando a estratégia corporativa e competitiva. C. ( ) Cada unidade de negócio deve ter sua estratégia competitiva, definindo como seu negócio compete no mercado, o seu desempenho e as estratégias que de- verão ser conduzidas pela área operacional. D. ( ) É uma estratégia global, que aponta as áreas de negócio das quais a empresa irá participar e organiza e distribui os recursos. E. ( ) É aquela fundamental para o bom andamento da produção e de questões relativas ao marketing. 4) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. As TEAs (Top Executive Audits), que se referem especificamente: A. ( ) Revisão dos conceitos espalhados pela fábrica de PDCA são auditorias externas, realizadas pela admi- nistração de alto nível na gestão da organização de processos, principalmente operacionais. B. ( ) Revisão dos quadros espalhados pela fábrica de PDCA são auditorias internas, realizadas pela admi- nistração de alto nível na gestão da organização de processos, principalmente operacionais. 68 Estratégia de Operações C. ( ) Revisão dos conceitos espalhados pela fábrica de BSC são auditorias internas, realizadas pela adminis- tração de alto nível na gestão da organização de pro- cessos, principalmente operacionais. D. ( ) Revisão dos quadros espalhados pela fábrica de BSC são auditorias internas, realizadas pela adminis- tração de alto nível na gestão da organização de pro- cessos, principalmente operacionais. E. ( ) Revisão dos quadros espalhados pela corporação são auditorias externas, realizadas pela administração de alto nível na gestão da organização de processos, principalmente estratégicos. 5) A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, mar- que (X) somente na resposta verdadeira. Mothersell et al. (2008) apresentam o que chamam de as três essências por trás do sistema Toyota de produção: A. ( ) (i) Pouca atenção às pessoas e aos aspectos intan- gíveis do sistema de produção; (ii) a abordagem cien- tífico-metodológicapara manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento Hoshin Kanri. B. ( ) (i) A atenção às pessoas e aos aspectos intangíveis do sistema de produção; (ii) a abordagem científico- -metodológica para manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento BSC. C. ( ) (i) A atenção às pessoas e aos aspectos intangíveis do sistema de produção; (ii) a abordagem científico- Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 69 -metodológica para manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento Hoshin Kanri. D. ( ) (i) Pouca atenção às pessoas e aos aspectos intangí- veis do sistema de produção; (ii) a abordagem científi- co-metodológica para manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento BSC. E. ( ) (i) Pouca atenção às pessoas e aos aspectos de cus- tos do sistema de produção; (ii) a abordagem científi- co-metodológica para manter a melhoria contínua do sistema; e (iii) o processo de planejamento estratégico no ambiente fabril através do BSC. Gabarito 1 – A; 2 – C; 3 – D; 4 – B; 5 – C. Recapitulando O objetivo deste capítulo é despertar em você a sensibilidade de perceber a importância do desdobramento da estratégia em todos os níveis, foram apresentados possibilidades através do BSC e Hoshin. O propósito do livro foi dar uma introdução no amplo es- tudo da estratégia empresarial, onde de forma resumida trata- 70 Estratégia de Operações mos de planejamento e de execução da estratégia de uma for- ma externa (com vistas ao mercado) e de forma interna (com uma visão dos recursos da empresa). Espero que este livro desperte o interesse de se aprofundar mais no estudo. Amplie KAPLAN, R.; NORTON, D. Alinhamento. – Utilizando o Balan- ced Scorecard para criar sinergias corporativas. Rio de Janei- ro, 2006. Livro sobre desdobramento de estratégia feito pelos articu- ladores do Balanced Score Card. Outra boa dica é o artigo deste autor na REBRAE – Revista Brasileira de Estratégia que trata de uma forma prática do des- dobramento da estratégia no chão de fábrica na montadora General Motors. LUZ, DANIEL F. Transpondo custos para times de chão de fábrica: um estudo de caso na General Motors. Revista Brasi- leira de estratégia – v. 2 n. 3 Set./Dez. 247 – 256, 2009. Referências bibliográficas CAMPOS, V. F.; Gerenciamento pelas diretrizes. Belo Horizon- te: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1996. Capítulo 4 Desdobrando a Estratégia – Todos... 71 GOLDRATT, E.M. – A Síndrome do Palheiro – Garimpando In- formações num Oceano de Dados. Editora Educador, São Paulo, 1991. LUZ, DANIEL F. Transpondo custos para times de chão de fá- brica: um estudo de caso na General Motors. Revista Bra- sileira de estratégia – v. 2 n. 3 Set./Dez. 247 – 256, 2009. KAPLAN, R.; NORTON, D. A estratégia em ação: balanced scorecard. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KONDO, Y. Hoshin Kanri: a participative way of quality ma- nagement in Japan. The TQM Magazine, v.10, n6, p.425- 431,1998. MOTHERSELL W.; MOORE, M.; REINERTH, M. Hoshin Kanri planning: the system of five alignments behind the Toyota Production System. International Journal of Business Inno- vation and Research, v. 2, n. 4, p. 381-401, 2008. PEREIRA, Maurício F.; Planejamento estratégico: Teorias, mo- delos e processos. São Paulo: Atlas, 2010. SAKO, M. Supplier development at Honda, Nissan and Toyo- ta: comparative case studies of organizational capability enhancement. Industrial and Corporate Change, v. 13, n. 2, p. 281-308, 2004. TUBINO, D. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Alegre: Bookman, 1999. WHEELWRIGHT, S. Defining the Missing Link. Strategic Mana- gement Journal, v. 5, p.77-91, 1984. 72 Estratégia de Operações WITCHER, B.; CHAU, V.; HARDING, P. Dynamic capabilities: top executive audits and hoshin kanri at Nissan South Afri- ca. International Journal of Operations & Production Mana- gement, v. 28, n. 6, p. 540-561, 2008.