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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ADJUNTO DA COMARCA DE NOVA PRATA/RS
Processo nº:	5003802-13.2022.8.21.0058
VIA VAREJO S.A., sociedade empresária anônima, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 33.041.260/0652-90, com sede na Cidade de São Caetano do Sul, Estado de São Paulo, na Rua Samuel Klein, 83, Centro, CEP 09510-125, vem, por meio dos seus advogados abaixo assinados, devidamente constituídos mediante procuração e com endereço apontado no cabeçalho, apresentar EMBARGOS À EXECUÇÃO, baseando-a nos seguintes fundamentos:
DO CABIMENTO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
O art. 914 do NCPC determina que o executado poderá opor-se a execução independente de penhora, depósito ou caução, por meio de embargos.
Por essa razão, pugna pelo recebimento dos presentes embargos, aplicando-lhe o efeito suspensivo, cuja razões passa expor a seguir.
DOS FATOS
Nos termos do art. 884 do Código Civil, com o intuito de evitar o enriquecimento sem causa, o réu, com a devida vênia, discorda dos valores apresentados. Nesse mesmo sentido, o art. 917 do CPC, dispõe que a impugnação poderá versar sobre o excesso de execução, o que ocorre de maneira flagrante no presente caso.
Dessa forma, resta demonstrado que o pedido de bloqueio de valores feito pela Exequente, não possui embasamentos fáticos ou jurídicos, não podendo o mesmo ser deferido, pois tal medida iria contra a sentença proferida nos autos da ação movida pela Executada, devendo a mesma ser declarada nula, nos termos do disposto no art. 917, I do CPC.
“Art. 917 - Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: 
I – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação.”
Portanto, diante dos fatos aqui narrados e, considerando-se também a ação de indenização por danos materiais e morais propostos pela Executada, na qual, ressalta-se, já foi proferida sentença, não pode este MM. Juízo autorizar o bloqueio de valores nas contas da Executada, tendo em vista a flagrante ilegalidade de tal medida, ferindo de morte os direitos da ora Executada.
DA MANIFESTA TERATOLOGIA DOS CÁLCULOS AUTORAIS EM SUA PETIÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Somente pela análise dos tópicos já elencados no presente incidente processual é possível concluir pela absoluta falta de credibilidade dos cálculos apresentados pela parte exequente.
Isso porque, i. Magistrado, os cálculos juntados com a exordial não possuem qualquer fundamento que garanta a efetiva apuração do quantum debeatur. 
Evidente que os cálculos apresentados pelo autor estão totalmente divorciados do determinado em sentença, sendo o valor utilizado da condenação pelo autor maiores do que é devido.
DA TENTATIVA DE LOCUPLETAMENTO ILÍCITO DA EXEQUENTE
Verifica-se claramente nos autos a tentativa da Exequente de locupletamento ilícito, pois pleiteia aplicação de um valor totalmente indevido em desfavor do executado com o único intuito de enriquecer ilicitamente.
O Estado, ao compor os litígios, busca um objetivo maior que é a pacificação social, mantendo a ordem jurídica, empenhando-se para que a prestação jurisdicional seja justa e eficaz.
Não obstante ao já alegado, caso V. Exa. entenda pela manutenção da presente execução nos valores em que se encontram, necessário então se faz demonstrar o excesso dos mesmos.
Conforme demonstrado acima resta claro que os valores definidos (atualizado e com juros) configuram claramente o excesso na execução.
QUESTÃO DE ORDEM 
Primeiramente, importante ressaltar que as questões de ordem pública ser reconhecidas de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição. 
O Estado, ao compor os litígios, busca um objetivo maior que é a pacificação social, mantendo a ordem jurídica, empenhando-se para que a prestação jurisdicional seja justa e eficaz.
 Daí a preocupação do legislador ao disciplinar a matéria no digesto processual pátrio, “verbis”:
“Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I – se tornou insuficiente ou excessiva; (...)”
Aduziu o legislador neste sentido para garantir que a finalidade da multa cominatória não seja a de promover o enriquecimento ilícito do credor, nem o ressarcimento por eventuais prejuízos sofridos, mas tão-somente induzir o cumprimento da obrigação.
Porém, a multa requerida, não observa o preceito supracitado, razão pela qual, requer desde já, seja descaracterizada a multa, não sendo possível que seja modificado o valor da multa, sob pena de restar caracterizado enriquecimento ilícito da Impugnada. 
Apenas a titulo de demonstração, é decisão firmada do STJ sobre a questão dos valores de multas fixadas, como pode ser visto na jurisprudência abaixo colacionada.
CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA. MULTA. POSSIBILIDADE. REDUÇÃO, TODAVIA, A PATAMAR RAZOÁVEL PARA EVITAR ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.
I. Consagrou a jurisprudência do STJ a possibilidade de fixação de multa à instituição financeira para compeli-la a retirar o nome do autor de ação revisional do cadastro de inadimplentes, em caso de descumprimento da ordem judicial, porém é de ser arbitrada com comedimento, a fim de evitar enriquecimento sem causa.
II. Redução da multa a patamar razoável.
III. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido.
Nosso ordenamento jurídico veda completamente o enriquecimento desarrazoado, tanto que em casos semelhantes há um limite para a aplicação de multa como o Dec. Lei n. 58/37 e o Decreto n. 22.626/33 que combate a usura, limitando a multa moratória a até 10% (dez por cento) do valor da causa. O próprio Código de Defesa do Consumidor limita a cláusula penal moratória a 2% em contratos sob sua proteção. 
Corroboram este entendimento, apenas a título de exemplo, os seguintes arestos:
“O valor total das astreintes limita-se àquele valor principal, seja da condenação, seja da ação, quando assim for o caso. A meu ver, ao descumprir decisão judicial, passa o desobediente a ter uma obrigação de fazer e, portanto, somente dela estará isento se outra decisão judicial sobrevier em seu lugar. Até lá, a multa ser-lhe-á computada até o limite do valor principal” (Agravo de Instrumento, Processo 2008.047042-1, Relator Edson Ubaldo, Data 04/08/2009, Santa Catarina).
E ainda:
Ementa: processo civil. Astreintes. Possibilidade, pelo juízo da execução, de revisão da multa originária de execução de obrigação de fazer. Artigo 461, § 6º, do código de processo civil. Ofensa à coisa julgada. Inocorrência. Uma vez verificado que a multa não cumpriu com sua função coercitiva, ou que o recebimento da mesma poderá implicar no enriquecimento indevido da parte contrária, o juiz poderá reduzir o crédito resultante da incidência das astreintes, para a quantia de r$ 5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais). Aplicação dos artigos 644 e 461, § 6º, do código de processo civil. A redução da multa não implica em ofensa à coisa julgada, posto que o crédito resultante das astreintes não integra a lide propriamente dita e, portanto, não faz parte das “questões já decididas, relativas à mesma lide”. (artigo 471, cpc). Recurso provido, para reformar a sentença. Sem ônus de sucumbência, por se tratar de recorrente vencedora. 
(segunda turma recursal dos juizados especiais cíveis e criminais de salvador, recurso no 46029-0/2001-2 - turno tarde, embargos à execução, relator: Juiz Baltazar Miranda saraiva recorrente: Maxitel S/A). 
Finalmente, segue transcrição parcial do inteiro teor do acórdão referente ao Recurso nº 46029-0/2001-2, o qual teve como relator o eminente Juiz Baltazar Miranda Saraiva:
“Portanto,tendo o cálculo das astreintes alcançado a exorbitante quantia de R$ 27.800,00 (vinte e sete mil reais e oitocentos reais), vislumbro a incontestável aplicação do dispositivo legal acima transcrito, diante do excessivo valor alcançado, e, visando, precipuamente, evitar o enriquecimento sem causa do Embargado, reduzindo-a para a quantia de R$ 5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais). Diante do exposto, VOTO no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, apenas para reduzir o crédito resultante da incidência das astreintes para a quantia de R$ 5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais), autorizando o levantamento da diferença depositada em favor da Embargante.(fl 94). Sem ônus de sucumbência, por se tratar de recorrente vencedora.” 
Ora, no presente feito, resta demonstrado de forma clara e cristalina que com a manutenção da referida execução, restará caracteriza enriquecimento ilícito a Impugnada.
Assim, para se fazer justiça é necessário à redução do valor cobrado, para um patamar condizente com o caso em tela.
DA IMPOSSIBILIDADE DE ACRÉSCIMO DE JURO MORATÓRIO, CORREÇÃO MONETÁRIA E MULTA EM SE TRATANDO DE ASTREINTES
Cumpre ressaltar ainda que o cálculo apresentado pela parte exequente, encontra-se incorreto pelos seguintes acréscimos:
 
(i)               Juros de Mora;
(ii) 10% (artigo 523 CPC)
 
É consabido que a astreinte possui caráter coercitivo, visando impingir ao devedor a prática ou a abstenção de determinado ato, não servindo, no entanto, para compensar ou indenizar o credor. Desta forma, como o objetivo da multa diária não é recompor, mas possibilitar a efetivação de determinada conduta, não há como incidir sobre o seu valor os juros e a correção monetária, conforme entendimento jurisprudencial consolidado, senão vejamos:
 
”Não cumprida a obrigação de fazer, defiro a pretensão da credora, de execução da multa diária arbitrada à fl. 116, a partir da intimação da executada à fl. 118 até a data da feitura do cálculo. Converto ainda a obrigação em perdas e danos, na forma do art. 52, inciso V da LJE, arbitrando-os no valor de R$ 1.136,64 correspondente aos valores não cancelados pela parte executada (fl.57).Em consequência, ordeno a penhora/bloqueio de ambos os valores, que deverão ser somados na execução, em contas bancárias via BACEN-JUD.Ressalto, contudo, ser incabível a incidência de juros e correção monetária sobre o montante acumulado da astreinte, conquanto não se trate de dívida de valor, mas instrumento de efetividade da decisão judicial, não se admitindo assim a aplicação de fator de recomposição, pois a multa cominada na sentença “(...) tem o objetivo de induzir ao cumprimento da obrigação e não o de ressarcir” (RSTJ- 3ª Turma, Resp 141.559-RJ). Após a penhora ou bloqueio, aguarde-se o prazo para embargos, voltando-me conclusos os autos. Intime-se ainda o reclamado para receber os valores depositados pela exequente (fl. 125) no prazo de cinco dias, sob pena de devolução à mesma. Processo 070.06.013921-8 - Reclamação Cível - Juizado Especial – TJAC – RECLAMANTE: J. S. SANTIAGO – ME (Ivanildes Presente) - RECLAMADA: Vivo S.A. - DESPACHO Á FL. 130:” (Grifo Nosso).
 
PEDIDO
Ex positis, vem o Embargante requerer:
a) sejam julgados procedentes os presentes embargos, declarando o excesso referente ao excesso do valor, bem como da multa executada;
b) outrossim, protesta pela produção de todos os meios de provas admitidas em direito, especialmente a documental e a juntada de documentos supervenientes.
c) SUBSIDIARIAMENTE, CASO NÃO SEJA O ENTEDIMENTO DE VOSSA EXELÊNCIA, QUE OS AUTOS SEJA ENCAMINHADOS AO CONTADOR PARA QUE SEJA APRESENTADO OS CÁLCULOS CORRETOS
Por fim, requerem os réus que todas as intimações e/ou notificações sejam feitas em nome do advogado FRANCISCO ANTONIO FRAGATA JUNIOR - OAB/PR 48.835, OAB/SC 55.916 e OAB/RS 69.584,sob pena de nulidade dos atos processuais.
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
Paraná, 11 de novembro de 2022. 
FRANCISCO ANTONIO FRAGATA JUNIOR 
OAB/PR 48.835, OAB/SC 55.916 e OAB/RS 69.584. 
						
SÃO PAULO RIO DE JANEIRO SALVADOR BELO HORIZONTE CURITIBA PORTO ALEGRE
Av. Vicente Machado, 320 – Ed. Olimpus – 2º Andar - Centro 
CEP 80420-010 - Curitiba – PR
Tel:  55 41 3076 4520 - Fax: 55 41 3076 3420
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