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Ergonomia 
 Engenharia de Produção 
30 
 
2 CARGAS E CUSTOS HUMANOS NO TRABALHO 
 
 
2.1 Conceituando carga de trabalho 
 
A aplicação do conceito de carga de trabalho requer análise integrada entre os 
condicionantes externos da atividade (objetivos, exigências e meios) e os 
condicionantes internos (condições internas de resposta à situação). Neste sentido, carga 
de trabalho é a relação entre a demanda de desempenho configurada na situação de 
trabalho (meio externo) e a demanda de energia humana necessária ao desempenho 
(meio interno) (ECHTERNACHT, 2004). Portanto, a carga de trabalho é singular 
embora se configure mediante condições coletivas. 
 
Para Laville (1977), a carga de trabalho depende da relação entre o conteúdo da tarefa e 
o limite de tempo para sua execução. O aspecto qualitativo é relevante contribuindo 
para a determinação do surgimento da fadiga. Rio & Pires (1999) relacionam a carga de 
trabalho à quantidade de exigências impostas ao trabalhador para realização das tarefas. 
 
Carga de trabalho é a relação entre constrangimentos impostos pela tarefa, pela 
interface, pelos instrumentos e pelo ambiente, em conjugação com as atividades 
desempenhadas e a capacidade de trabalho do operador. Estas mesmas condições, além 
de determinarem a carga de trabalho, influenciam a performance do sistema - o 
rendimento do trabalho, a produtividade e a qualidade. Logo, para aumentar a 
produtividade e a qualidade devem-se melhorar as condições de trabalho (MORAES & 
MONT’ALVÃO, 2000). 
 
Teiger et al. (1973) definem carga de trabalho como “a intensidade do esforço exercido 
pelo trabalhador, para responder às exigências da tarefa, em relação ao seu estado e aos 
diversos mecanismos colocados em jogo no trabalho”. 
 
A partir da proposição da Comissão de Medicina do Trabalho da Organização 
Holandesa de Saúde em 1965, Kalsbeek categoriza carga de trabalho a partir da carga 
externa (determinada pela combinação dos fatores que são inerentes à situação de 
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trabalho e que causam reações no homem: ambiências física, operacional e 
organizacional), da carga funcional (significa a combinação dos fenômenos implicados 
na carga externa, com as exigências e constrangimentos da tarefa e com o desempenho 
das atividades) e da capacidade de trabalho (significa a maior energia possível que o 
homem é capaz de despender de um dado modo de trabalho durante um certo período de 
tempo). Neste sentido, carga de trabalho é a relação entre carga funcional e a capacidade 
de trabalho, conforme ilustrado na Figura 2. 
 
Figura 2 - Fatores influentes na carga de trabalho 
 
 Fonte: Adaptado de KALSBEEK, 1972. 
 
A noção de carga de trabalho pode ser interpretada, também, a partir da compreensão da 
margem de manobra da qual dispõe um operador num dado momento para elaborar 
modos operatórios tendo em vista atingir os objetivos exigidos, sem efeitos 
desfavoráveis sobre seu próprio estado. Neste sentido, o aumento da carga de trabalho 
se traduz por uma diminuição do número de modos operatórios possíveis (GUÉRIN, 
2001), isto é, menos possibilidades de alternar maneiras de trabalhar para cumprir os 
objetivos da produção. 
 
 
 
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2.2 Dimensões da carga de trabalho 
 
O aspecto multidimensional da carga de trabalho aponta, segundo Wisner (1990), para 
distinção das dimensões física, cognitiva e psíquica, conforme ilustrado na Figura 3. 
 
Figura 3 - Aspecto multidimensional da carga de trabalho 
 
 Adaptado de WISNER, 1990. 
 
A dimensão física relaciona-se aos gestos, às posturas e aos deslocamentos do 
trabalhador necessários à execução da tarefa. A quantidade e qualidade do esforço físico 
dispendido por cada trabalhador na realização da tarefa, expressa a carga física da 
jornada de trabalho. A sobrecarga física leva à queda no rendimento e diminuição da 
capacidade máxima de trabalho. Fatores físicos como ruído, calor, umidade, ventilação 
e iluminação, podem atuar sobre o corpo e tornar-se processo intracorporais complexos 
provocando mudanças em alguns processos fisiológicos. 
 
A dimensão cognitiva diz respeito às funções perceptivas e mentais exigidas para a 
realização do trabalho, tais como: memória, atenção, pensamento, decisão, audição, 
visão. O trabalhador submetido à sobrecarga cognitiva apresenta alterações de caráter, 
agressividade, irritabilidade, perturbações do sono, hipersensibilidade ao barulho, à luz 
e perturbações da atividade mental como dificuldades de manter a atenção por muito 
tempo (LAVILLE, 1977). 
 
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A dimensão psíquica está relacionada ao significado que o conteúdo, natureza e 
organização do trabalho assume para cada trabalhador, determinando o seu grau de 
realização existencial ou de sofrimento psíquico. A carga psíquica do trabalho é 
expressa pelos componentes psicológicos como desejo, medo, angústia, afetividade, 
motivação e outros presentes nas situações de trabalho. 
 
2.3 Custos humanos do trabalho 
 
As atividades de trabalho exercem sobre o trabalhador certo número de 
constrangimentos, exigindo-lhe gastos de naturezas diversas: física, mental, emocional, 
afetivo, e acarretando, portanto, desgastes e custos para o indivíduo. De acordo com 
Wisner (1987), os principais aspectos do custo humano do trabalho são as doenças 
profissionais (aquelas para as quais existe referência na legislação), as doenças 
ocupacionais, os acidentes, o desgaste e a fadiga, o sofrimento, o desinteresse. 
 
Trabalhadores submetidos à exigência de ritmo de trabalho e ao alto padrão de produção 
têm sido vítimas de grande incidência das patologias ditas “doenças da modernidade”, 
resultando em dor, fadiga, queda do desempenho no trabalho, incapacidade temporária 
e, em situações extremas, a perda da capacidade laboral (MACHADO, 1999). 
 
Conforme Laurell & Noriega (1989) deve-se buscar ressaltar na análise do processo do 
trabalho os elementos deste que interagem dinamicamente entre si e com o corpo do 
trabalhador, gerando aqueles processos de adaptação que se traduzem em desgaste, 
entendido como perda da capacidade potencial e / ou efetiva biológica e psíquica. 
 
A complexidade das situações de trabalho faz com que haja dificuldades para 
correlacionar o desgaste, direta e linearmente, às condições de trabalho, sobretudo 
porque em sua maior parte este é inespecífico e não se expressa com clareza em 
elementos facilmente observáveis ou mensuráveis (LAURELL e NORIEGA, 1989). 
 
 
 
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2.3.1 O trabalho como elemento propiciador de desgaste2 
 
“A fúria não é de modo nenhum uma reação automática diante da miséria e 
do sofrimento em si mesmos. Ninguém se enfurece com uma doença 
incurável ou um tremor de terra, ou com condições sociais que pareçam 
impossíveis de modificar. A fúria irrompe somente quando há boas razões 
para crer que tais condições poderiam ser mudadas e não o são...” (HANNAH 
ARENDT apud DEJOURS, 2000, p.79). 
 
O local de trabalho é um espaço no qual processos organizativos são conduzidos 
visando alcançar a determinados fins. Pessoas, procedimentos técnicos, máquinas e 
equipamentos, valores, ideologia, cultura, regras, interesses, estruturas de poder e 
mecanismos de controle alimentam esses processos. Sobre isso, Sato (2002) em seu 
texto saúde e controle no trabalho, ressalta que as pessoas criam vínculos e regras 
próprias, dão forma e conteúdo aos processos organizativos a partir de práticas de 
trabalho onde nem tudo é dito porque a densidade e a textualidade do cotidianoprescindem de nomeações dos atos e dos acontecimentos. 
 
De acordo com a autora, são regras tácitas, que definem as práticas e não são objetos de 
estranhamento. A autora acrescenta que a subjetividade se expressa através de diversas 
formas – instituições criadas (formas de relação, códigos, ritos, regras, valores, etc) e as 
praticas – sendo a verbalização apenas um dos canais de expressão. Para a autora, essa 
subjetividade não se restringe ao que as pessoas “pensam ou conhecem”, mas ao que 
“faz sentido” para elas. Thompson apud Sato (2000), trata a questão dessas “regras 
próprias” como, uma segunda natureza, incorporada em hábitos, como um 
comportamento inercial, induzido e habitual entranhando, portanto, no terreno do 
inefável, pois, embora “estabelecido e cristalizado, não está formulado em lugar 
nenhum” (MALINOWSKI, 1986, apud Sato, 2000). 
 
Entretanto, o que leva ao desgaste no trabalho? Respondendo a essa pergunta, Sato 
(2000), ressalta que o problema não está nas regras e limitações, pois estas sempre 
existirão em qualquer organização e em qualquer conformação social, entretanto, o 
problema se encontra na impossibilidade de negociá-las, de modificá-las e reconstruí-las 
a partir não apenas de uma lógica instrumental, pautada no mundo das coisas, mas 
também numa lógica dialogada, pautada no mundo vivido. 
 
2 Texto retirado de: As várias faces do trabalho, PUC – RJ / Certificação digital nº 0510331 / CA. 
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Dejours (1994), corrobora, afirmando que o trabalho se torna perigoso para o aparelho 
psíquico quando ele se opõe à sua livre atividade. Segundo o autor: O bem-estar, em 
matéria de carga psíquica, não advém só da ausência de funcionamento, mas pelo 
contrário, de um livre funcionamento, articulado dialeticamente com o conteúdo da 
tarefa, expresso, por sua vez, na própria tarefa e revigorado por ela. Neste sentido, o 
desejo do trabalhador à realidade do trabalho coloca, face a face, o projeto espontâneo 
do trabalhador e a organização do trabalho, que limita a realização desse projeto e 
prescreve um modo operatório preciso. 
 
Segundo o autor, quando o rearranjo da organização do trabalho não é mais possível, 
quando a relação do trabalhador com a organização do trabalho é bloqueada, o 
sofrimento começa: a energia pulsional que não acha descarga no exercício do trabalho 
se acumula no aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e tensão. 
Adverte o autor que essa energia não pode permanecer muito tempo no aparelho 
psíquico, e quando as capacidades de contenção são transbordadas, a energia recua para 
o corpo, e sob essa ótica, a fadiga é uma somatização de uma carga mental excessiva. 
 
Moraes e Mont'Alvão (2002) ressaltam que se tem constatado freqüentemente que os 
trabalhadores que desempenham tarefas com carga mental predominante queixam-se de 
perturbações físicas, tais como dores nas costas e no pescoço e perturbações visuais 
(pruridos e sensações de queimaduras oculares, etc.). Tais perturbações estão 
relacionadas com o alto grau de imobilidade exigido pela tarefa aliado a uma forte 
concentração mental. 
 
Para Wisner (1987), em qualquer atividade, os aspectos físico, cognitivo e psíquico 
podem determinar uma sobrecarga ou sofrimento. O autor acrescenta ainda que pelo 
fato dos aspectos mencionados estarem inter-relacionados, a sobrecarga de um deles é 
acompanhada de uma carga muito elevada nos dois outros campos.

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