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INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS – CAPOS SALINAS BACHARELADO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA EM LABORATÓRIO: DETERMINAÇÃO DO TEOR DE SACAROSE E GÁS CARBONICO EM REFRIGERANTES SALINAS 2022 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA EM LABORATÓRIO IDENTIFICAÇÃO Título: Determinação do teor de sacarose e gás carbônico em refrigerantes. (Aula 6) Discente(s): Docente: Unidade Curricular: Química orgânica Curso: Bacharelado em engenharia de alimentos – 3° período Data: 20-09-2022 RESUMO: Neste experimento realizou-se o teste para determinação do teor se sacarose e gás carbônico (CO2) contidos em refrigerantes, utilizando a Coca Cola original e a Coca Cola zero açúcar. Com a realização de todas as etapas do experimento, foi possível identificar o devido teor de sacarose contido no refrigerante original e quantidade de CO2 presente em sua formulação. 1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO A indústria de refrigerante surgiu em 1871 nos Estados Unidos após o inglês Joseph Priestley desenvolver uma experiência para gaseificar água mineral. No Brasil, os primeiros registros remetem a 1906, mas somente na década de 1920 é que o refrigerante entrou definitivamente no cotidiano dos brasileiros (ABIR, 2007), sendo o Brasil hoje, considerado o terceiro produtor mundial de refrigerantes depois dos Estados Unidos e México. 1.2 COMPOSIÇÃO DO REFRIGERANTE Refrigerantes podem-se definir quimicamente como uma bebida fabricada industrialmente, não alcóolica, carbonatada e não fermentada. Sua composição mais abundante é a água, e em segundo lugar, nos refrigerantes tradicionais, a sacarose. Formula estrutural da sacarose Está presente em sua fórmula básica o acompanhamento de gás carbônico, que realça o sabor e confere ação refrescante que está associada à solubilidade dos gases em líquidos e a bacteriostática, havendo também a presença de cloretos, sulfatos, fenóis e o cloro que provoca oxidação da bebida, mas para que seja evitada essa reação, são adicionados agentes antioxidantes. Nas versões diet de refrigerantes não há presença de sacarose, sendo assim, acrescentados edulcorantes para proporcionar sabor doce. A sacarina e o aspartame são exemplos desse tipo de açúcar. Formula estrutural da sacarina Formula estrutural do aspartame Os refrigerantes também possuem pH ácido a fim de inibir a proliferação de microrganismos, esse pH é alcançado devido a presença de compostos como, por exemplo, ácido fosfórico ou ácido cítrico. 1.3 SUA COMPOSIÇÃO EM MAIS DETALHES Os ingredientes que compõem a formulação do refrigerante têm finalidades específicas e devem se enquadrar nos padrões estabelecidos. Sendo eles: − Água: Constituindo cerca de 88% m/m do produto final, e preenchendo certos requisitos para ser empregada na manufatura de refrigerante. Baixa alcalinidade: Carbonatos e bicarbonatos que se interagem com ácidos orgânicos, como ascórbico e cítrico, presentes na formulação, alterando o sabor do refrigerante, uma vez que reduzem sua acidez e provocam perda de aroma; − Sulfatos e cloretos: Auxiliam na definição do sabor, entretanto o excesso é prejudicial, pois o gosto ficará demasiado acentuado; − Cloro e fenóis: O cloro dá um sabor característico de remédio e provoca reações de oxidação e despigmentação, alterando a cor original do refrigerante. Já os fenóis transferem seu sabor típico, principalmente quando combinado com o cloro (clorofenóis); − Metais: Ferro, cobre e manganês aceleram reações de oxidação, degradando o refrigerante; − Padrões microbiológicos: É de estrema necessidade um plano de higienização e controle criterioso na unidade industrial, que garantam à água todas as características desejadas, como: límpida, inodora e livre de microrganismos. − Açúcar: É o segundo ingrediente em quantidade contendo a cerca de 11% m/m. Ele confere o sabor adocicado, “encorpa” o produto, juntamente com o acidulante, fixa e realça o paladar e fornece energia. A sacarose é o açúcar frequentemente usado (açúcar cristal). − Concentrados: Conferem o sabor característico à bebida sendo compostos por extratos, óleos essenciais e destilados de frutas e vegetais (Palha, 2005). − Acidulante: controla o sabor doce do açúcar, acentua o paladar e diminui o pH impedindo a proliferação de microrganismos na bebida. Acidez é uma característica de todos os refrigerantes, podendo esse pH variar de 2,7 a 3,5. O ácido cítrico é transformado a partir da glicose através do microrganismo Aspergillus niger. Nos refrigerantes sabor limão esse ácido já está naturalmente presente. O ácido fosfórico é utilizado principalmente nos refrigerantes do tipo cola e possui a acidez mais elevada dentre todos aqueles utilizados em bebidas. Nos refrigerantes sabor uva é utilizado o ácido tartárico por ser um dos seus componentes naturais. − Antioxidante: Previne a influência negativa do oxigênio na bebida, os aldeídos, ésteres e outros componentes são susceptíveis a oxidações pelo oxigênio do ar durante a estocagem. Portanto, são adicionados antioxidantes pois previnem essa influência negativa do oxigênio na bebida. Os ácidos ascórbicos e isoascórbico são frequentemente utilizados para esse fim. O ácido ascórbico é utilizado para servir somente como antioxidante e não com o objetivo de adicionar vitamina C ao refrigerante. Luz solar e calor aceleram as oxidações, por isso os refrigerantes nunca devem ser expostos ao sol. − Conservante: Leveduras, bactérias e mofos podem deteriorar a bebida causando alterações no odor e sabor e também turvações. Sendo assim, para inibir a proliferação desses microrganismos são adicionados conservantes. O ácido benzoico atua contra grande quantidade de espécies de microrganismos. Tem melhor atuação em pH = 3. É utilizado na forma de benzoato de sódio por ser pouco solúvel em água. A quantidade máxima permitida no Brasil é de 500 mg/100mL de refrigerante. O ácido sórbico é usado como sorbato de potássio e atua principalmente sobre leveduras e bolores. Em pH=6 tem sua ação máxima. 30 mg/100mL é seu teor máximo tolerado no país. − Edulcorante: É um açúcar utilizado para substituir a sacarose nas bebidas. É encontrado em bebidas tipo diet que possuem teor calórico reduzido. − Dióxido de carbono: É o responsável pelas bolhas de gás na bebida realçando o paladar, esse gás confere a aparência e a ação refrescante característica dos refrigerantes. Isso se dá pela solubilidade dos gases em líquidos, que decresce com o aumento da temperatura e ao ser ingerido –geralmente gelado- o líquido aumenta sua temperatura e o gás é eliminado, também devido ao meio ácido do estômago. Ao se expandir, o CO2 resulta na sensação de frescor pois esse processo é endotérmico. 1.4 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS REFRIGERANTES O processo de fabricação é feito sem qualquer contato manual e sobre rigoroso controle de qualidade durante todas as etapas. Para que seja produzido um refrigerante de qualidade, deve-se garantir que os materiais utilizados no processo passem por um tratamento rigoroso e adequado, de modo a garantir a pureza do produto final. Para o preparo do xarope simples, são utilizados água tratada e açúcar ou edulcorantes no caso de refrigerantes diets. A água utilizada deve conter padrões microbiológicos adequados, baixa alcalinidade e controle efetivo de ferro, sulfatos, cloretos, cobre e manganês. Já o açúcar ou o edulcorante participa da mistura por conferir a característica marcante dos refrigerantes,sendo o seu sabor adocicado. O xarope é cozido entre 82-100 °C para que sejam retiradas as impurezas que podem causar problemas sensoriais ao produto. Esta mistura é clarificada com carvão ativado em pó e, em seguida, filtrada no intuito de removê-lo. Após esta etapa do procedimento, o xarope é resfriado até 20 °C em um trocador de calor e armazenado em tanques de aço inoxidável. Em seguida, o xarope simples é agitado em um tanque enquanto são adicionados aditivos que conferem cor, sabor, odor e as propriedades químicas dos refrigerantes. Os principais aditivos adicionados a mistura são sucos de frutas, extratos vegetais, flavorizantes, estabilizantes, conservantes, corantes e antioxidantes. Antes da etapa de carbonatação, o xarope composto é diluído com água tratada. Posteriormente, o xarope diluído é passado por um equipamento de carbonatação chamado de Carbo Cooler, no qual o CO2 é adicionado ao refrigerante. Esta etapa é de suma importante, dado que é a carbonatação que intensifica os aromas do refrigerante e gera a sensação de frescor, além de garantir a aparência gaseificada da bebida. Equipamento Carbo Cooler Após o processo de carbonatação é realizado o envase, sendo a etapa final da produção. A finalidade do envasamento é embalar o produto final e evitar que ocorram perdas de CO2. As embalagens mais utilizadas neste processo são as latas de alumínio, as garrafas de vidro e as garrafas PET, com capacidades entre 200 mL e 3L. Todas as embalagens devem ser minuciosamente inspecionadas antes de serem cheias, para que sejam retiradas aquelas que estiverem fora do padrão de qualidade para uso, como garrafas trincadas, quebradas ou sujas. Logo após a seleção, as garrafas são colocadas na esteira de transporte e entram nas lavadoras para que então participem do envase. Posteriormente, as bebidas podem ser comercializadas e apreciadas por seus consumidores. Durante a produção são realizados diversos controles que garantem a qualidade do produto final, como a realização do controle de pH dos refrigerantes a partir da adição de acidulantes. 1.5 DIFERENÇAS ENTRE REFRIGERANTE LIGHT E DIET O refrigerante light é uma boa opção para quem quer ou recisa diminuir a ingestão de açúcar, esse tipo de refrigerante tem uma redução mínima de 25% do nutriente em sua composição, ou seja, ainda possui o açúcar, mas em menor quantidade. Enquanto os refrigerantes zero açúcar e diet tem isenção total de açúcares em sua composição. 2. OBJETIVO • Determinar o teor de sacarose e gás carbônico contidos em refrigerantes. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS a-) Reagentes • Bala mentos b-) Substratos • Coca Cola original 200 mL • Coca Cola zero açúcar 200 mL c-) Vidrarias • Proveta • Béquer • Bastão de vidro d-) Equipamentos • Balança analítica 3.1 METODOLOGIA 3.1.1 Teor de sacarose − Em uma proveta colocou-se 20 mL do refrigerante Coca Cola original e sem gás, levando-o à pesagem. − Repetiu-se o processo utilizando 20 mL do refrigerante Coca Cola zero açúcar e sem gás. − Anotou-se a diferença de peso entre eles e calculou-se a massa de sacarose presente em 20 mL do refrigerante Coca Cola original. 3.1.2 Estimativa de CO2 − Pesou-se o sistema fechado do refrigerante Coca Cola original, juntamente com um béquer de 600 mL e uma bala mentos. − Transferiu-se todo o refrigerante contido na embalagem de 200 mL ao béquer adicionando a bala, dissolvendo-a com auxílio de um bastão de vidro. − Pesou-se todo o sistema contido no béquer juntamente com a sua embalagem e calculou-se a diferença de peso entre as duas pesagens. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Teor de sacarose Refrigerantes Quantidade mL Peso Coca Cola original 20 mL 19,95 g Coca Cola zero açúcar 20 mL 19,09 g Ao calcular a diferença entre o peso de 20 mL do refrigerante original e do refrigerante zero açúcar foi obtido o valor de 0,86 g. Com o valor obtido foi possível calcular o teor de sacarose contida no refrigerante Coca Cola original, como mostrado a seguir. Dados: • Densidade da sacarose: 1,59 g/mL • Densidade da H2O carbonatada: 0,98 g/mL • Temperatura: 30°C Cálculos: Primeiramente, é preciso considerar a definição de densidade que é a massa pelo volume. Sendo assim, os cálculos foram realizados nos quais d é a densidade, V o volume e m a massa. 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 = 𝑑𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 × 𝑉𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 − 𝑑𝐻2𝑂 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑎𝑑𝑎 × 𝑉𝐻2𝑂 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑎𝑑𝑎 0,86 𝑔 = 1,59 𝑔 𝑚𝐿 × 𝑉𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 − 0,98𝑔 𝑚𝐿 × 𝑉𝐻2𝑂 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑎𝑑𝑜⁄⁄ 0,86 𝑔 = 1,59𝑥 − 0,98𝑥 0,86 𝑔 = 0,61𝑥 𝑥 = 0,86 0,61 → 𝑥 = 1,41 𝑚𝐿 𝑚𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 = 𝑑𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 × 𝑉𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 𝑚 = 1,59 𝑔 𝑚𝐿 × 1,41 𝑚𝐿⁄ 𝑚 = 2,24 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 A garrafa de refrigerante utilizada no experimento possui 200 mL de conteúdo, foi calculado a presença de 2,24 g de sacarose em 20 mL, ou seja, segundo os cálculos, há 22,4 g de sacarose no produto. Esse valor se aproxima do informado na embalagem que é 21 g. 4.2 Estimativa de CO2 Para a realização deste experimento foi preciso realizar uma reação entre o refrigerante e a bala Mentos onde o CO2 é liberado. Refrigerante Coca Cola original Peso Sistema fechado 434,63 g Sistema aberto 432,74 g Ao calcular a diferença entre o sistema fechado do refrigerante original e o sistema aberto, pode-se obter a quantidade de gás carbônico (CO2) contido em 200 mL de refrigerante, sendo ela 1,89 g. 5. CONCLUSÃO Com a realização de todas as etapas do experimento descritas anteriormente, foi possível identificar o teor de sacarose contido no refrigerante Coca Cola original e a quantidade de CO2 presente em sua formulação. 6. REFERÊNCIAS DIET, light e zero: aprenda as diferenças entre eles - Webrun | Corrida, saúde, qualidade de vida. 25 jan. 2012. Disponível em: https://www.webrun.com.br/diet-light- e-zero-aprenda-as-diferencas-entre-eles/. Acesso em: 5 out. 2022. LIMA, Ana Carla da Silva; AFONSO, Júlio Carlos. A química do refrigerante. Química nova na escola. São Paulo: Publicações da Sociedade Brasileira de Química, 2009. PRODUÇÃO de Refrigerantes. 12 out. 2019. Disponível em: https://www.saeqaufsc.com/post/produção-de-refrigerantes. Acesso em: 6 out. 2022. https://www.webrun.com.br/diet-light-e-zero-aprenda-as-diferencas-entre-eles/ https://www.webrun.com.br/diet-light-e-zero-aprenda-as-diferencas-entre-eles/ https://www.saeqaufsc.com/post/produ%C3%A7%C3%A3o-de-refrigerantes