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Geografia de guerra e conquista
Apresentação
A Geografia é uma ciência que aborda questões e relações ligadas ao espaço geográfico e às 
interações que nele ocorrem.
Durante a história da humanidade e de seu desenvolvimento, houve a necessidade de conquista, 
domínio, demarcação e organização desse espaço, gerando muitas vezes conflitos, disputas e 
guerras. Porém, até para que isso fosse e continuasse sendo possível, foi necessário o 
conhecimento do espaço geográfico, possibilitado por meio da ciência geográfica.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver o uso da Geografia como instrumento de conquista, 
os autores fundamentais para esse conceito e suas ideias, bem como de que maneira a Geografia 
fomentava a guerra e a conquista.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever o uso da Geografia como instrumento de conquista.•
Listar autores fundamentais da Geografia como instrumento de conquista e suas ideias.•
Explicar de que maneira a geografia fomentava a guerra e a conquista.•
Desafio
A Geopolítica é um dos ramos da Geografia mais importantes, pois dimensiona as relações e 
dependências entre os países do mundo, como políticas, econômicas, territoriais, sociais, entre 
outras.
Suponha que você é um professor e pesquisador de Geografia e foi convidado para participar de 
um congresso sobre temas da Geopolítica e as relações entre países e macroeconomia.
Seguindo o planejamento, mencione qual o autor do livro citado e algumas ideias que 
fundamentem a escolha.
Infográfico
Diversas teorias geopolíticas surgiram ao longo da história da humanidade, no que tange ao poder e 
às estratégias de conquista, como o poder naval, que seria o desenvolvimento tecnológico naval e 
seu poderio de forças militares marítimas, e o poder terrestre, que, contrário ao 
naval, seria alavancado, principalmente, pelas mudanças tecnológicas provenientes do 
desenvolvimento do motor à combustão e das grandes ferrovias transcontinentais. 
Neste Infográfico, você conhecerá as principais teorias geopolíticas.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6fb7786b-97f3-4514-8696-a9219efe42da/d4029540-d8c8-4ed6-bdf8-895812c9fba6.jpg
Conteúdo do livro
A Geografia, como ciência, tem diversos objetivos e utilizações, que variam de acordo com a 
necessidade dos homens ao longo da história.
O espaço geográfico é o palco dessas utilizações e atuações, em que existem as relações entre os 
próprios seres humanos e com a natureza, inclusive a necessidade de conquista, demarcação, 
institucionalização do Estado e guerra.
No Capítulo Geografia de guerra e conquista, do livro Cartografia, você vai ver o uso da Geografia 
como instrumento de conquista, os autores fundamentais para esse conceito e suas ideias, bem 
como de que maneira a Geografia fomentava a guerra e a conquista.
Boa leitura.
CARTOGRAFIA
Cristina Marin Ribeiro Gonçalves
Geografia de guerra 
e conquista
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o uso da geografia como instrumento de conquista.
  Listar autores fundamentais para o conceito e suas ideias.
  Explicar de que maneira a geografia fomentava a guerra e a conquista. 
Introdução
Ao longo da história da humanidade, o espaço geográfico vem sendo 
palco do desenvolvimento das sociedades e, como consequência, sofrendo 
inúmeras transformações. Estas ocorrem por intermédio do homem, pela 
realização de suas atividades produtivas, vivências e conquistas. Para tanto, 
foi surgindo a necessidade de demarcação e a posse dos espaços vividos e 
conquistados, que ocorreram inúmeras vezes por meio da guerra.
Neste capítulo, você vai estudar o uso da geografia como instrumento 
de conquista, os autores fundamentais para o conceito, as suas ideias e 
também de que maneira a geografia fomentava a guerra e a conquista.
Geografia como instrumento de conquista
De acordo com Moreira (2007), a geografi a é historicamente defi nida como 
ciência, na qual seu tema tem sido o conhecimento, ocupando-se do problema 
da existência, mas sempre confundindo com o tema sobrevivência.
Em cada época da história existiu uma forma de geografia e um perfil 
próprio de geógrafos. Na Antiguidade, por exemplo, a geografia era baseada 
no registro cartográfico de povos e territórios. Viajantes, comerciantes e Estado 
solicitavam dos geógrafos diversas informações de caráter estratégico que os 
orientavam em seus deslocamentos no interior dos espaços de vida de cada 
povo, como, por exemplo, os povos romanos na Antiguidade.
De acordo com Oliveira e Saraiva (2016), ao iniciar a busca por alimento e 
moradia, a humanidade começou a precisar de senso de localização. O ambiente 
que o cercava era vasto e sua capacidade de guardar informações era restrita. Dessa 
maneira, surgiu a necessidade de registrar e rascunhar seu pensamento e atividades. 
Após a evolução dos símbolos, tornando-se mais padronizados e significativos, os 
seres humanos começaram a localizar seu posicionamento, assim encontrando abrigo 
e mantimentos com mais facilidade, pois tinham noção de seu posicionamento e 
das regiões próximas de onde habitavam. Cerca de 4.000 a.C., com o sedentarismo 
e a criação do Estado, ocorreu a Revolução agrícola, vindo à tona, mais uma vez, a 
necessidade de reconhecer os acidentes do relevo, os limites entre as propriedades 
e localização, surgindo, então, os primeiros procedimentos de demarcação de áreas.
As representações gráficas mais antigas conhecidas pela humanidade foram 
criadas na Mesopotâmia, aproximadamente, em 3.500 a.C., representando as 
regiões entre os rios Tigre e Eufrates, que correspondem, atualmente, ao Iraque.
Oliveira e Saraiva (2016) afirmam que a prática desses métodos de medição 
e representação foi repassada aos gregos, que a chamaram de topografia: 
“topo” significa lugar ou ambiente, e “grafia”, um desenho ou representação 
gráfica, sendo em suma a descrição de um lugar, conforme exemplo da Figura 
1, que traz uma planta topográfica.
Figura 1. Exemplo de uma planta topográfica para a construção de um projeto de estradas.
Fonte: Oliveira e Saraiva (2016, p. 10).
Geografia de guerra e conquista2
Todavia, na Idade Antiga (de 4.000 a.C. a 476 d.C.), as civilizações exerciam 
um controle sobre a água dos rios com a construção de açudes e canais de 
irrigação, como no Egito. Nesse período, existia uma preocupação, não com 
a disposição e o registro do local, mas com a execução de um projeto, isto é, 
a locação de uma obra já planejada. 
O Estado era dominado pelas camadas superiores da sociedade e, para 
garantir essa dominação, reis, imperadores e príncipes organizavam exércitos, 
surgindo, então, as primeiras batalhas pela expansão territorial e apoderamento 
de riquezas, em que, com elas, surgiu a necessidade de confecção de mapas, 
levando, então, a grandes avanços da cartografia.
Na Idade Média, além dos mapas terrestres, outro posicionamento tornou-
-se fundamental ao homem, no qual o termo hidrografia tomou força, pois o 
homem começou a se “lançar” ao mar. O século XVI foi marcado pelas primeiras 
grandes viagens comerciais, culminando com o descobrimento do continente 
americano. No entanto, nos séculos XVII e XVIII, ocorreu um grande avanço 
na cartografia dos povos europeus, como o planisfério de Van der Aa e Jeans 
Cassini, de 1715.
De acordo com Oliveira e Saraiva (2016), para o exercício de uma car-
tografia consistente, a topografia e a geodésia, por meio de levantamentos 
topográficos e geodésicos, também deve ser coerente a coleta dos dados para 
o que se deseja representar. A partir da segunda metade do século XVIII, 
impusionados pelas operações de guerra frequentes das grandes potências 
europeias, pelas necessidade de cartas e pela impossibilidade de execução 
de grandes serviços por meios privados, surgiram os serviçoscartográficos 
nacionais, responsáveis pelos levantamentos topográficos. Então, foi divulgado 
o processo de levantantamento por triangulação como método principal para 
os grandes levantamentos.
A triangulação é um método de levantamento em que as coordenadas são obtidas 
por meio de transporte de coordenadas preestabelecidas, fazendo-se a leitura de 
ângulos horizontais entre duas estações usadas como base para um terceiro ponto 
de vista, e assim por diante.
3Geografia de guerra e conquista
Ainda de acordo com Oliveira e Saraiva (2016), no século XIX, diversos 
avanços ocorreram nos processos e instrumentos topográficos, como a invenção 
do taqueômetro, por volta do ano de 1835, pelo italiano Ignazio Porro. Também 
no século XIX, destaca-se a criação dos princípios da fotogrametria, em 1848, 
por Aimé Laussedat, que, no século seguinte, passou por um grande avanço, 
na perspectiva econômica, de rapidez e precisão no mapeamento.
Todavia, no século XX, os instrumentos topográficos e geodésicos tive-
ram grande modernização, salientando-se o aparecimento e a evolução da 
informática e da eletrônica, em que, a partir da Segunda Guerra Mundial, a 
topografia e a geodésia experimentaram um alto grau de precisão e eficiência.
Autores fundamentais e suas ideias
De acordo com Becker (2012), cada vez mais o espaço é utilizado como forma 
de alternativa de controle social. O modo pelo qual o espaço é apropriado 
e gerido e o conhecimento desse processo constituem, ao mesmo tempo, 
expressão e condição das relações de poder. 
A geografia política proveniente de Friedrich Ratzel, em 1897, na obra 
Politische Geographie (Geografia política), representou um avanço na teoria 
geográfica do Estado, sendo uma das poucas a assumir o valor estratégico 
do espaço e da geografia. 
Podemos considerar a sua obra como o primeiro momento epistemológico 
da geografia, que se ocupou do conhecimento científico, estudo crítico dos 
princípios, das hipóteses e dos resultados, mesmo que sob a influência da rea-
lidade e contexto em que vivia, que foi marcado pela expansão e consolidação 
dos Estados-Nação da Europa, propondo, então, uma concepção unidimensional 
e naturalizada do político, encarado, exclusivamente, pelo Estado como um 
fato dado e fortemente condicionado pelo solo de seu território.
Ainda de acordo com Becker (2012), a legitimidade científica para a prática 
estratégica do Estado, que é crescente e sistematicamente instrumentalizada, 
e o espaço (e o tempo) visando aos objetivos econômicos e de controle social, 
passou a ser dada por uma nova disciplina, a Geopolítica, criada em 1917 a 
partir da apropriação justamente do organicismo contido na obra de Ratzel e 
também das informações descritivas e “apolíticas” produzidas pelos geógrafos. 
As deformações da Geopolítica nazista afetaram, ainda mais, os geógrafos 
dessa reflexão teórica, embora muitos, em sua prática, não deixassem de 
colaborar com o aparelho do Estado no planejamento da guerra e do território.
Geografia de guerra e conquista4
O ato de negar a prática estratégica, das origens da disciplina, seja teorizada 
por Ratzel, seja a da Geopolítica explícita do Estado Maior, ou implícita na 
prática dos geógrafos, é negar a própria Geografia, que foi, assim, prejudicada 
no seu desenvolvimento teórico e na sua função social.
No contexto da Geografia Humana francesa, destaca-se Camille Vallaux, 
que escreveu a obra Geografia social: o solo e o Estado (1910), o primeiro 
estudo completo e sistemático de Geografia Política desde Ratzel, fazendo 
uma análise crítica e ao mesmo tempo detalhada das ideias de Ratzel.
De acordo com Silva (2018), compete a Ratzel ser um dos grandes influenciadores 
da Geopolítica, embora nunca tenha feito uso do termo Geopolítica (ou Geopolitik, 
em alemão), repercutindo de forma decisiva sobre e estudiosos da Geopolítica. Mais 
tarde, ofereceu a Rudolf Kjellén, geógrafo sueco, as bases para criar o único ramo 
que logrou sucesso na sua divisão da política. Ou seja, desde a publicação da obra 
Politische Geographie, a Geografia Política tem sido definida como estudo das 
relações entre Estado e solo, sendo Kjellén um dos primeiros geógrafos a trabalhar 
com a questão do poder das sociedades nas relações com seus espaços.
Podemos destacar duas grandes contribuições: a de Yves Lacoste, que privi-
legia a Geopolítica e o potencial político do espaço, em que sua proposta é mais 
metodológica do que teórica; e a de geógrafos neomarxistas, que privilegiam 
a teoria da Geografia Política baseada no materialismo histórico, reduzindo 
o Estado a poucas derivações do econômico; é o determinismo econômico e 
uma concepção naturalizada e unidimensional do poder.
No entanto, no cenário brasileiro, podemos considerar Everardo Backheu-
ser como precursor dos estudos Geopolíticos, assim como Golbery do Couto 
e Silva, que exerceu diversas funções, sendo reconhecido, principalmente, 
como um dos principais teórico da Doutrina de Segurança Nacional entre os 
anos de 1949 e 1966. Além de ser considerado um dos grandes geopolíticos 
brasileiros, Backheuser foi general, exercendo funções nos governos militares 
e na própria Escola Superior de Guerra.
Becker (2012) afirma que a naturalização do Estado e do espaço, pelo 
determinismo geográfico, e a reação extrema a essa postura cria, assim, um 
impasse para a análise das relações entre o espaço e o político e a sociedade em 
geral. Ora se considera o espaço como determinante da ação humana e o Estado 
como única fonte de poder, ora se nega essa determinação, substituindo-se para 
a econômica, mas sem precisar o papel do espaço e do Estado nessas relações.
A Geopolítica traz como herança ideológica as hipóteses geoestratégicas 
sobre o poder mundial que seguem dois princípios básicos: são concentradas 
no Estado-Nação e atribuem o poder à Geografia concreta dos lugares.
5Geografia de guerra e conquista
Na hipótese de centrar o Estado-Nação e caracterizá-lo como unidade 
exclusiva de poder global, onde o mundo é visto a partir da perspectiva de 
um Estado, pois, na verdade, as potências disputam o poder no cenário inter-
nacional, constituindo o ponto de referência para a organização dos demais. 
A atribuição do poder à configuração das terras e mares e ao contexto dos 
territórios é aderir ao princípio do determinismo geográfico e omitir a res-
ponsabilidade humana na tomada de decisão política, incluindo a dos Estados, 
que modelam a geografia de seus territórios.
O denominado determinismo geográfico, ou determinismo ambiental, coloca o homem 
em uma condição submissa à natureza, em que os aspectos naturais determinam 
a ação humana, sendo, então, as características físicas e psicológicas dos homens 
determinadas pelo meio ambiente físico em que vivem.
A partir das ideias de Friedrich Ratzel, considerado o pai do determinismo geográfico, 
foi criada a primeira escola geográfica, a qual defendia a importância do território 
como fator determinante do poder entre as nações.
Com certeza, o Estado não é a única unidade de poder, apesar de ser uma 
delas, e o poder não sendo determinado pela configuração das terras e mares 
e pela geografia dos lugares, e sim por motivações e razões humanas e pelas 
relações das sociedades.
De acordo com Becker (2012), o espaço sempre foi fonte de recursos e meio 
de vida. Contemporaneamente, sua potencialidade reside, também, no fato 
de ser condição para a reprodução generalizada — como dimensão concreta, 
constituinte das relações sociais; ele é produtor e reprodutor das relações de 
produção e de dominação. Daí o controle crescente do espaço como forma de 
controle social. É, portanto, no contexto da instrumentalização do espaço — e 
do tempo —, bem como do reconhecimento de sua potencialidade, que se 
pode resgatar a dimensão política da Geografia contida no projeto original, 
e posteriormente renegada.
A questão territorial, atualmente, é uma chave, pois abre a perspectiva 
da multidimensionalidade do poder no que diz respeito à práticaespacial 
estratégica de todos os atores sociais e em todos os níveis, escapando da 
concepção totalitária de um poder unidimensional, seja do Estado, do capital 
ou da máquina de guerra.
Geografia de guerra e conquista6
Geografia como fomento à guerra e à conquista
De acordo com Vesentini (1988), a principal resposta que Lacoste fornece ao seu 
questionamento constitui o próprio título do livro: isto — a geografi a — serve, em 
primeiro lugar, (embora não apenas) para fazer a guerra, ou seja, para fi ns político-
-militares sobre (e com) o espaço geográfi co, para produzir e reproduzir esse espaço 
com vistas (e a partir) das lutas de classes, especialmente como exercício do poder. 
Ser ou não ser de fato uma ciência pouco importa, em última análise, argumenta o 
autor. O fundamental, a seu ver, é que, malgrado as aparências mistifi cadoras, os 
conhecimentos geográfi cos sempre foram, e continuam sendo, um saber estraté-
gico, um instrumento de poder intimamente ligado a práticas estatais e militares. 
A geopolítica, dessa forma, não é uma caricatura nem uma pseudogeografi a, ela 
seria, na realidade, o âmago da geografi a, a sua verdade mais profunda e recôndita.
De acordo com Santo Junior (2016), as principais teorias geopolíticas são a de 
Mahan, que defende o poder marítimo; a de Mackinder, que privilegia o poder 
terrestre; e a Geopolitik nazista, que, embora elaborada teoricamente por Haushofer, 
não foi seguida pelo Terceiro Reich. Spykman reelabora a teoria mackinderiana 
no pós-guerra e sustenta a estratégia geopolítica estadunidense desde então.
O grande formulador da Teoria do Poder Marítimo, Alfred Thayer Mahan, 
para entender como a Grã-Bretanha dominou os mares por 300 anos e ao mesmo 
tempo compreender os instrumentos de ação que foram utilizados por ela para 
esse domínio, publicou, em 1980, a sua abra clássica The Influence of Sea Power 
Upon History: 1660–1783, na qual discute a história naval britânica, ainda mais por 
causa de sua visão estratégica, explicou e previu guerras, assim como instabilidades 
globais. Sendo assim, é reconhecido como precursor das teorias geopolíticas sobre 
o poder marítimo na época contemporânea, em que nenhuma pessoa influenciou 
tão direta e profundamente a Teoria do Poder Marítimo como Mahan. Os elementos 
apresentados como os fundamentais das supremacias navais são:
  posição geográfica; 
  formação física;
  extensão territorial;
  tamanho da população;
  caráter do povo; 
  caráter do governo.
De acordo com Silva (2018), devemos ressaltar que o papel da posição 
geográfica está, em primeiro lugar, no que se refere às condições específicas 
que definem o poder marítimo. Além disso, quanto à extensão territorial e à 
7Geografia de guerra e conquista
sua influência no poder marítimo, Mahan considera que, mais que o total de 
quilômetros quadrados de um território, o que conta de fato é a extensão de seu 
litoral e as características de seus portos. Contudo, se não forem considerados 
o tamanho e a distribuição de sua população, tais fatores se tornam inválidos.
Ainda para Silva (2018), outros dois fatores são apresentados pelo teórico: o 
Caráter Nacional e o Caráter de Governo. O primeiro apresenta as direções 
seguidas pelos países com relação às atividades em geral e, especialmente, 
aquelas ligadas ao mar. Nesse caso, Mahan cita exemplos da Espanha e Por-
tugal para mostrar que a exploração baseada simplesmente na “caça à riqueza 
imediata”, como de ouro e prata, é efêmera e ao mesmo tempo de pouco efeito 
quando não articulada a outras atividades econômicas, principalmente a in-
dústria. Todavia, o “Caráter de Governo”, para o poder marítimo, é entendido 
como a combinação do governo e da instituição de um país, concluindo que a 
eficácia é maior nos governos apresentados como democráticos.
A Teoria do Poder Terrestre foi criada por Halford John Mackinder, em 
que a teoria da geopolítica clássica, que se contrapunha à teoria de Mahal, 
considerava que a geografia era a base da história, contribuindo para a cons-
trução de uma teoria que tem na geoestratégia a chave para a hegemonia 
mundial, sendo, então, o poder terrestre, e não o naval.
Então, podemos afirmar que a primeira grande corrente clássica da Geo-
política foi desenvolvida por Mackinder, primeiro, por ter acompanhado de 
perto a situação do seu país e do mundo em quatro períodos muito signifi-
cativos para a história da humanidade e, em particular, para a evolução do 
pensamento geográfico-político, com a transição do século XIX para o XX, 
com as transformações no continente europeu que afetaram o mundo, como 
o fortalecimento do Império Britânico e as disputas interimperialistas que 
culminaram na Primeira Guerra Mundial; e o desdobramento da guerra e suas 
consequências; e o período entre guerras (1919–1939); e, por fim, a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945) e suas consequências ao mundo.
A obra de Karl Haushofer, que foi general do exército alemão, é composta 
por diversas controvérsias, um tanto pela sua extensão e um pouco pelo seu 
alinhamento com o partido Nazista. Haushofer baseou-se tanto na Geografia 
Política de Ratzel quanto nas ideias continentais de Mackinder, o qual influen-
ciou Haushofer na elaboração das estratégias para a Segunda Guerra Mundial.
Proveniente do pensamento de Ratzel, originou-se a concepção organicista 
baseada nos conceitos de espaço vital e de fronteira. Para Haushofer, a disputa 
pelo espaço vital reduziria o mundo a quatro entidades políticas de dimensões 
continentais: as pan-regiões, conforme Figura 2.
Geografia de guerra e conquista8
Figura 2. Pan-regiões.
Fonte: Santos Junior (2016, p. 87).
De acordo com Santo Junior (2016), os Estados Unidos tiveram como 
principal formulador de sua política de segurança no Pós-Guerra o holan-
dês, naturalizado norte-americano, Nicholas John Spykman. Em seu livro 
America’s strategy in word politics: the United States and the balance of power, 
de1942, encontra-se o núcleo doutrinário de suas ideias, também desenvolvidas 
na obra póstuma The geography of Peace, de 1944. Em termos práticos, o 
autor pode ser interpretado como um seguidor das ideias navalistas de Alfred 
Tayer Mahan e um crítico das ideias de Mackinder.
Lacoste (1988) ainda afirma que a geografia serve fundamentalmente para 
fazer a guerra não significa somente, e que se trata de um saber indispensável 
àqueles que dirigem as operações militares. Não se trata unicamente de deslocar 
tropas e seus armamentos; uma vez já desencadeada a guerra: trata-se também 
de prepará-la, tanto nas fronteiras como no interior, de escolher a localização 
das praças fortes e de construir várias linhas de defesa e de organizar as vias 
de circulação. “O território com seu espaço e sua população não é unicamente 
a fonte de toda força militar, mas ele também é parte integrante dos fatores 
que agem sobre a guerra, nem que seja só porque ele constitui o teatro das 
operações...”, escreveu Carl von Clausewitz (1780–1831), sobre o qual Lênin 
pode dizer que era “um dos escritores militares mais profundos... um escritor 
cujas ideias fundamentais se tornaram hoje o bem de todo pensador”. O livro 
de Clausewitz, Da guerra, pode e deve ser lido como um verdadeiro livro de 
“geografia ativa”.
9Geografia de guerra e conquista
A Geografia, ao longo da história, serviu de apoio para a sobrevivência, 
o reconhecimento do local de morada, a exploração dos recursos naturais, a 
demarcação de território, a conquista e a guerra. Esses conhecimentos não 
se limitam aos atributos físicos, mas também às relações entre os homens, 
às sociedades e à natureza, com suas transformações e dinâmicas, sendo a 
Geografia uma ciência de suma importância para as relações sociais, políticas, 
econômicas, ambientais e geopolíticas da contemporaneidade.
BECKER, B. K. A geografia e resgate da geopolítica. Espaço Aberto: Programa de Pós-
-Graduação em Geografia, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 117–150, 2012. 
LACOSTE, Y. A geografia: isso serve em primeirolugar para fazer a guerra. São Paulo, 1988.
MOREIRA, R. Pensar e ser em geografia: ensaios de história, epistemologia e ontologia 
do espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2007.
OLIVEIRA, M. T.; SARAIVA, S. L. C. Fundamentos de geodésia e cartografia. Porto Alegre: 
Bookman, 2016.
SANTOS JUNIOR, W. R. Geografia I: epistemologia, política e meio ambiente. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
SILVA, R. G. Geografia política e geopolítica. Curitiba: InterSaberes, 2018.
VESENTINI, J. W. Apresentação. In: LACOSTE, Y. A geografia: isso serve em primeiro lugar 
para fazer a guerra. São Paulo, 1988.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Geografia de guerra e conquista10
Dica do professor
Friedrich Ratzel é considerado um dos mais importantes pensadores da ciência geográfica, sendo 
muito importante na discussão dos problemas humanos e considerado o pai do determinismo 
geográfico.
Além do mais, é considerado o precursor da Geografia Política e da Geopolítica, privilegiando o 
elemento humano, gerando inúmeras frentes de estudo, incluindo as históricas e espaciais, 
tornando-se então um importante e influente pensador da Geografia.
Nesta Dica do Professor, você vai ver quem foi Ratzel e quais suas contribuições e influências para 
a Geografia.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7217f09b880cc3315d2b3a6b8cc7df14
Exercícios
1) De acordo com Moreira (2007), a geografia é historicamente definada como ciência, sendo 
que seu tema tem sido o conhecimento, se ocupando do problema da existência, mas é 
sempre confundido com o tema sobrevivência. Em cada época da história existiu uma forma 
de Geografia e um próprio perfil de geógrafos. Na Antiguidade, por exemplo, a Geografia era 
baseada no(a):
A) registro cartográfico.
B) foto de satélite.
C) imagem aérea.
D) registro fotográfico.
E) teoria do determinismo.
2) De acordo com Tuler e Saraiva (2016), ao iniciar a busca por alimento e moradia, a 
humanidade começou a precisar de senso de localização.
Observe as seguintes afirmativas e selecione a opção correta:
I – As representações gráficas mais antigas conhecidas pela humanidade foram criadas na 
Mesopotâmia, aproximadamente em 3.500 a.C., representando as regiões entre os rios Tigre 
e Eufrates, onde corresponde atualmente ao Iraque.
II – Cerca de 4000 a.C., com o sedentarismo e a criação do Estado, ocorreu a Revolução 
Agrícola, vindo à tona, mais uma vez, a necessidade de reconhecer os acidentes do relevo e 
os limites entre as propriedades e a localização, surgindo então os primeiros procedimentos 
de demarcação de áreas.
III – O ambiente que cercava a humanidade era vasto e sua capacidade de guardar 
informações era gigantesca. Dessa maneira, a necessidade de registrar e rascunhar o 
pensamento e as atividades não foi prioridade, acontecendo após o século X.
A) I e III.
B) I e II.
C) II e III.
D) Todas as alternativas estão corretas.
E) Somente a I está correta. 
3) Para executar uma cartografia consistente, a topografia e a geodésia têm por objetivo a 
coerência na coleta dos dados do que se deseja representar, para fazer da forma mais fiel 
possível.
A partir da segunda metade do século XVIII, a cartografia foi impulsionada, principalmente, 
pelas:
A) atividades religiosas.
B) produções agrícolas.
C) operações de guerra.
D) estudos científicos.
E) popularização da cartografia.
4) De acordo com Becker (2012), a legitimidade científica para a prática estratégica do Estado, 
que, crescente e sistematicamente instrumentalizada, no espaço (e no tempo), visando 
objetivos econômicos e de controle social, passou a ser dada por uma nova disciplina.
Essa disciplina é o(a):
A) Cartografia.
B) Biogeografia.
C) Geopolítica.
D) Topografia.
E) Geografia Física.
5) A teoria criada por Halford John Mackinder, que se contrapunha à teoria de Mahal, 
considerava que a Geografia era a base da História, contribuindo para a construção de uma 
teoria que tem na geoestratégia a chave para a hegemonia mundial. Nessa teoria, o poder é:
A) aquaviário.
B) marítimo.
C) aéreo.
D) naval.
E) terrestre.
Na prática
O denominado descobrimento da América ocorreu no ano de 1492, pelo navegador Cristóvão 
Colombo, iniciando, então, a colonização europeia do continente americano e diversos 
acontecimentos relacionados a conquistas, disputas territoriais e poder.
 
Acompanhe como uma professora realizou uma atividade lúdica de jogo de tabuleiro para 
representar esses principais acontecimentos Geopolíticos.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
A geopolítica da guerra civil síria e suas implicações para o 
Brasil
Nesta dissertação, você pode conferir um estudo sobre a atual guerra civil na Síria, que vem 
constituindo uma das mais graves crises internacionais no século XXI. Suas causas históricas, seus 
principais atores envolvidos, sua situação atual e suas implicações geopolíticas para o Brasil foram 
analisados. 
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O que a Geografia (política) deve ser. A Geografia Política 
entre a paz e a guerra
Neste artigo, você pode conferir um estudo que resgata autores clássicos da Geografia Política para 
ilustrar as profundas relações entre a história da Geografia Política, a paz e a guerra.
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O retorno da Geopolítica e a atualidade de Ratzel: notas sobre 
um debate brasileiro
Neste artigo, você pode conferir uma análise da realidade do Brasil contemporâneo a partir da 
retomada das ideias principais de Friedrich Ratzel.
http://repositorio.unb.br/handle/10482/31598
https://seer.ufrgs.br/bgg/article/view/86063/49421
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https://periodicos.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/12999